estudo de impacto de vizinhança
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Linha de Trasmissão 345 kV CDDomênico Rangoni – Seccionamento Tijuco – Preto Baixada Santista
e Subestação Domênico Rangoni
Guarujá/SP
Setembro/2015
ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA - EIV
Setembro/2015 Direitos Autorais Lei nº 9610/98, art. 7°
Estudo de Impacto de Vizinhança i
EIV/RIV LT 345 kV CD – Domênico Rangoni –
Seccionamento Tijuco Preto – Baixada Santista e SE Domênico Rangoni
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 2
2. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR ....................................................................................................... 3
3. IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO EIV ....................................... 3
4. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO.............................................................................................. 4
5. METODOLOGIA .............................................................................................................................................. 5
5.1. Contextualização do Município e Diagnóstico da Vizinhança do Empreendimento ................................... 5
5.1.1. Fontes de informação .............................................................................................................................. 5
5.1.2. Observação de campo ............................................................................................................................. 5
5.1.3. Revisão bibliográfica ................................................................................................................................ 6
5.2. Avaliação dos Impactos à Vizinhança ......................................................................................................... 6
6. DEFINIÇÃO DA ÁREA DE VIZINHANÇA ....................................................................................................... 8
7. CONTEXTUALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO ......................................................................................................... 9
7.1. Histórico Socioeconômico do Município ...................................................................................................... 9
7.2. Dados Gerais do Município ....................................................................................................................... 10
8. DIAGNÓSTICO DA VIZINHANÇA DO EMPREENDIMENTO ....................................................................... 12
8.1. Caracterização do Meio Físico .................................................................................................................. 12
8.1.1. Hidrografia ............................................................................................................................................. 12
8.1.2. Geologia e geomorfologia ...................................................................................................................... 13
8.2. Caracterização da Cobertura Vegetal ....................................................................................................... 13
8.3. Caracterização Socioeconômica da Vizinhança ....................................................................................... 14
8.3.1. Uso e ocupação do solo na vizinhança ................................................................................................. 14
8.3.2. Infraestrutura urbana na vizinhança ...................................................................................................... 20
8.3.2.1. Equipamentos comunitários .............................................................................................................. 22
8.3.2.2. Sistema de circulação e transporte ................................................................................................... 22
8.3.2.2.1. Acesso ao empreendimento .............................................................................................................. 22
8.3.2.2.2. Transporte público ............................................................................................................................. 25
8.4. Áreas de Interesse Histórico, Cultural, Paisagístico e Ambiental ............................................................. 25
9. DESCRIÇÃO DOS IMPACTOS À VIZINHANÇA DO EMPREENDIMENTO E PROPOSTA DE MEDIDAS
MITIGADORAS ...................................................................................................................................................... 26
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9.1. Adensamento Populacional ....................................................................................................................... 27
9.1.1. Impactos ambientais .............................................................................................................................. 27
9.1.2. Proposta de medidas mitigadoras ......................................................................................................... 29
9.2. Uso e Ocupação do Solo ........................................................................................................................... 30
9.2.1. Impactos ambientais .............................................................................................................................. 30
9.2.2. Proposta de medidas mitigadoras ......................................................................................................... 30
9.3. Desvalorização Imobiliária ......................................................................................................................... 31
9.3.1. Impactos ambientais .............................................................................................................................. 31
9.3.2. Proposta de medidas mitigadoras ......................................................................................................... 34
9.4. Impactos na Paisagem Urbana e no Patrimônio Natural e Cultural .......................................................... 35
9.4.1. Impactos ambientais .............................................................................................................................. 35
9.4.2. Proposta de medidas mitigadoras ......................................................................................................... 35
9.5. Equipamentos Urbanos e Comunitários .................................................................................................... 39
9.5.1. Impactos ambientais .............................................................................................................................. 39
9.5.2. Proposta de medidas mitigadoras ......................................................................................................... 39
9.6. Sistemas de Circulação e Transporte ....................................................................................................... 40
9.6.1. Impactos ambientais .............................................................................................................................. 40
9.6.2. Proposta de medidas mitigadoras ......................................................................................................... 40
9.7. Poluição Sonora, Atmosférica e Hídrica .................................................................................................... 42
9.7.1. Impactos ambientais .............................................................................................................................. 42
9.7.2. Proposta de medidas mitigadoras ......................................................................................................... 43
Subprograma de controle de emissões atmosféricas ................................................................................... 43
Subprograma de controle de ruídos .............................................................................................................. 44
9.8. Vibração ..................................................................................................................................................... 45
9.8.1. Impactos ambientais .............................................................................................................................. 45
9.8.2. Proposta de medidas mitigadoras ......................................................................................................... 45
9.9. Periculosidade ........................................................................................................................................... 45
9.9.1. Impactos ambientais .............................................................................................................................. 45
9.9.2. Proposta de medidas mitigadoras ......................................................................................................... 46
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9.10. Geração de Resíduos Sólidos ............................................................................................................... 46
9.10.1. Impactos ambientais .............................................................................................................................. 46
9.10.2. Proposta de medidas mitigadoras ......................................................................................................... 47
9.11. Riscos Ambientais ................................................................................................................................. 48
9.11.1. Impactos ambientais .............................................................................................................................. 48
9.11.2. Proposta de medidas mitigadoras ......................................................................................................... 49
9.12. Impactos Socioeconômicos na População Residente ou Atuante no Entorno ..................................... 49
9.12.1. Impactos ambientais .............................................................................................................................. 49
9.12.2. Proposta de medidas mitigadoras ......................................................................................................... 50
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................... 54
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 55
12. EQUIPE TÉCNICA .................................................................................................................................... 56
13. ANEXOS .................................................................................................................................................... 57
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Lista de Figuras
Figura 1. Vista geral daZona Retroportuária Industrial – ZRI, com cobertura vegetal nativa, torre e linha de
transmissão de anergia (seta verde) e terminais retroportuários (seta laranja). No canto direito vê-se a Rodovia
Cônego Domênico Rangoni. ................................................................................................................................. 17
Figura 2. Vista da Subestação de energia elétrica Vicente de Carvalho. ............................................................. 18
Figura 3. Subestação de tratamento de efluentes da SABESP. ........................................................................... 18
Figura 4. Empreendimentos localizados na ZRI ás margens da Rodovia Cônego Domenico Rangoni. .............. 18
Figura 5. Área com características rurais localizada na ás margens da Rodovia Cônego Domenico Rangoni. . 18
Figura 6. Vista da Avenida Antenor Pimentel com presença de estabelecimentos comerciais e unidades
residenciais. ........................................................................................................................................................... 19
Figura 7. Vista da porção final da Avenida Antenor Pimentel, de quem olha da área de transbordo para o
bairroMorrinhos. ..................................................................................................................................................... 21
Figura 8. Vista da Rodovia Cônego Domenico Rangoni. ...................................................................................... 24
Figura 9. Vista da Avenida Vereador Lydio Martins Correa. ................................................................................. 24
Figura 10. Cotinuação da Avenida Vereador Lydio Martins Correa. ..................................................................... 24
Figura 11. Vista da Av. Antenor Pimentel. ............................................................................................................. 24
Figura 12. Histograma do quantitativo de mão de obra previsto para os meses de implantação do
empreendimento. Fonte: ELTE (2015). ................................................................................................................. 28
Figura 13. Representação da largura da faixa de servidão da linha de transmissão 345 kV. Fonte: ENGEPRO
(2014)..................................................................................................................................................................... 32
Figura 14. Representação da largura da faixa de servidão das linhas de transmissão 138 kV. Fonte: ENGEPRO
(2014)..................................................................................................................................................................... 32
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Lista de Tabelas
Tabela 1. Linhas de ônibus ................................................................................................................................... 25
Tabela 2. Cronograma de implantação do empreendimento. ............................................................................... 28
Tabela 3. Propriedades com faixa de servidão. .................................................................................................... 33
Tabela 4. Matriz de Impactos relacionados à implantação da Linha de Transmissão ......................................... 52
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Lista de Anexos
ANEXO 1 MAPA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO .................................................................. 58
ANEXO 2 MAPA COBERTURA E USO DO SOLO .............................................................................................. 59
ANEXO 3 MAPA ORDENAMENTO DO USO DO SOLO ...................................................................................... 60
ANEXO 4 ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA (ART) ................................................................... 61
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Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV)& Relatório de Impacto
de Vizinhança (RIV) – LT 345 kV CD – Domênico Rangoni –
Seccionamento Tijuco Preto – Baixada Santista e Subestação
Domênico Rangoni
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1. INTRODUÇÃO
Com a emergência dos problemas socioambientais contemporâneos, a sustentabilidade das
cidades torna-se cada vez mais comprometida devido à dificuldade em se associar o desenvolvimento do
ambiente urbano com os aspectos ecológicos do meio ambiente. Assim, cada vez mais são necessárias
medidas preventivas quando da inserção de novos elementos na paisagem urbana.
Para auxiliar as administrações municipais na adoção dessa postura, a Constituição Federal de
1988 trouxe diretrizes para o desenvolvimento das cidades, especialmente no tocante à habitação, saneamento
ambiental e transportes públicos. Nos seus artigos 182 e 183, a CF traz a Política de Desenvolvimento Urbano,
voltada para o Poder Público Municipal, com o intuito de organizar e incentivar um desenvolvimento pleno da
cidade e de seus componentes sociais.
De forma a regulamentar as premissas trazidas pela CF e estabelecer diretrizes gerais da política
urbana, a Lei 10.257/2001, denominada Estatuto da Cidade, estabeleceu o Estudo Prévio de Impacto de
Vizinhança (EIV) como um dos instrumentos de política urbana para obtenção das licenças ou autorizações de
construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público Municipal. O EIV surge então como
ferramenta para identificação, avaliação e análise dos impactos ocorridos no meio urbano devido às novas
propostas de ocupação urbana, proporcionando ao poder público a possibilidade de analisar o
empreendimento em questão, discutir seu licenciamento e as medidas mitigadoras e compensatórias
aplicáveis.
No que tange ao município de Guarujá, a elaboração de EIV está disciplinada na Lei
Complementar nº 156/2013, que institui o Plano Diretor do município de Guarujá e dá outras providências.
Nesse viés, o presente trabalho constitui o Relatório de Impacto de Vizinhança – RIV, produto do
Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV referente à instalação e operação da Linha de Transmissão de 345 kV
CD – Domênico Rangoni – Seccionamento Tijuco Preto – Baixada Santista, no trecho compreendido no
município de Guarujá – SP, a Subestação Domênico Rangoni e duas LTs 138 kV que derivam da SE Domênico
Rangoni correndo paralelas até o seccionamento em Bertioga II C1 e C2, ainda no município de Guarujá, cuja
concessão foi outorgada a Empresa Litorânea de Transmissão de Energia S.A. – ELTE.
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Para tanto, o trabalho apresentará em seus capítulos a caracterização do empreendedor e do
empreendimento, a metodologia adotada para a análise, o diagnóstico da vizinhança do empreendimento, os
impactos positivos e negativos sobre os aspectos determinados pela legislação vigente, contemplando as
medidas mitigadoras propostas e, por fim, considerações finais.
2. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR
Razão social: EMPRESA LITORÂNEA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA S.A. – ELTE
CNPJ: 20.626.892/0001-48
Endereço: Rua Gomes de Carvalho, 1996, conj. 161, sala E, Vila Olímpia – CEP 04547-006 – São Paulo/SP
Telefone: (11) 4571-2400
Contato: Eduardo D’Aurea Bordignon
Celular: (11) 96317-9212
Endereço eletrônico: [email protected]
3. IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO EIV
Razão social: CARUSO JR. ESTUDOS AMBIENTAIS & ENGENHARIA LTDA.
CNPJ: 02.550.302/0001-69
Endereço: Rua Dom Jaime Câmara, 170, sala 1201, Centro – CEP 88015-120 – Florianópolis/SC
Telefone: (48) 3223-4620
Endereço eletrônico: [email protected]
Site: http://www.carusojrea.com.br
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4. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
A implantação do empreendimento LT 345 kV CD – Domênico Rangoni – Seccionamento Tijuco
Preto – Baixada Santista e Subestação Domênico Rangoni faz parte da proposta de ampliação do sistema
elétrico da Baixada Santista, plano que tem a finalidade de atender as previsões de expansão para o setor
industrial, portuário, comercial e urbanístico na região. Considerando que a vinda desses novos investimentos
para a região ocasionará o aumento da demanda energética, a adequação dos equipamentos básicos de
infraestrutura torna-se necessária.
O empreendimento é composto pelo trecho de linha de transmissão em 345 kV, pela nova
subestação Domênico Rangoni e pelo trecho duplo de linha de transmissão em 138 kV. A LT 345 kV apresenta
uma extensão de aproximadamente 23 km, interligando o seccionamento na região de Cubatão, de onde será
derivada a LT, à SE Domênico Rangoni. No município de Guarujá, foco deste estudo, é prevista a implantação
de cerca de 7,09 km de linhas. O trecho duplo de 138 kV conta com uma linha de 864 m e outra com 833 m de
extensão, derivando da SE Domênico Rangoni para o seccionamento em Bertioga II C1 e C2.
A nova subestação Domênico Rangoni, a ser implantada com área de corresponde a 46.405,13
m2, será operada por dois setores: 345 kV e 138 kV, os quais possuirão arranjo de disjuntor e meio e arranjo
de barras duplas a quatro chaves, respectivamente. O arranjo de setores com voltagens diferentes se justifica
pela entrada da LT 345 kV CD –Domênico Rangoni – Seccionamento Tijuco Preto – Baixada Santista e
derivação das LTs 138 kV Vicente de Carvalho – Bertioga II C1 e C2. O layout da LT 345 kV, da SE Domênico
Rangoni e das LTs 138 kV pode ser visto no Mapa Área de Influência do Empreendimento (ANEXO 1).
Cabe ressaltar que a implantação dessas estruturas contará com praças de trabalho dispostas ao
longo do trecho de implantação das torres e um canteiro de obras central locado nas proximidades da SE
Domênico Rangoni constituído por uma área de 10.000 m² que conterá um setor administrativo, almoxarifado,
oficinas, depósitos de produtos inflamáveis e de resíduos, enfermaria, restaurante, refeitório, vestiários, e
sistema de tratamento de efluentes, próximo a estas áreas também será adotada uma área de 7.000 m² como
pátio para estruturas metálicas e bobinas das LTs.
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5. METODOLOGIA
5.1. Contextualização do município e diagnóstico da vizinhança do empreendimento
A contextualização do município foco do presente estudo e o diagnóstico específico da vizinhança
do empreendimento foram elaborados por meio de uma pesquisa exploratória (GIL, 2007) e descritiva
(CHURCHILL,1987; TRIVIÑOS, 1987), elaborada com base nas seguintes ferramentas metodológicas:
consulta a fontes de informação (órgãos públicos, empresas privadas e concessionárias); observações de
campo; e revisão bibliográfica.
5.1.1. Fontes de informação
Para a obtenção de determinadas informações, foram contatadas fontes oficiais variadas de
informação, a saber:
Públicas municipais: órgãos da Prefeitura Municipal de Guarujá, como as Secretarias de Obras, Meio
Ambiente, Transporte e Cidadania e Ação Social;
Públicas estaduais e federais: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);Fundação Sistema
Estadual de Análise de Dados (SEADE); Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM);
Privadas, prestadoras de serviço no município: Translitoral - Concessionária de transporte púbico do
município; Elektro, Sabesp, entre outras.
5.1.2. Observação de campo
A equipe responsável por esta etapa foi a campo no dia 22 de maio de 2015 objetivando a
produção de diagnóstico dos aspectos físicos, bióticos e socioeconômicos da área de influência do
empreendimento, com enfoque principal para a área de vizinhança. Para a obtenção de informações precisas,
optou-se pela observação sistemática de determinadas características,das quais se destacam: equipamentos
urbanos, vias de acesso, condições de segurança, sinalização de trânsito, movimentação de pedestres e
veículos, cobertura e uso do solo e destinação dos resíduos sólidos gerados nas áreas ocupadas. As situações
observadas foram registras por meio de máquina fotográfica digital.
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5.1.3. Revisão bibliográfica
Com o intuito de complementar a caracterização dos meios físico, biótico e socioeconômico da
região, foi realizada revisão bibliográfica com base em material já publicado. A literatura técnico-científica
utilizada é citada ao longo do texto e listada ao final do trabalho.
5.2. Avaliação dos impactos à vizinhança
De acordo com o artigo 227 do Plano Diretor de Guarujá, o presente Estudo de Impacto de
Vizinhança - EIV contemplou a avaliação dos impactos positivos e negativos, bem como a proposição de
soluções, para as seguintes questões:
I - adensamento populacional resultante;
II - uso e ocupação do solo permitido pela legislação e previsto no projeto;
III - valorização e desvalorização imobiliária;
IV - impactos na paisagem urbana e no patrimônio natural e cultural;
V - capacidade da infraestrutura urbana, incluindo abastecimento de água e de energia elétrica,
bem como geração e destinação de resíduos sólidos, líquidos e efluentes;
VI - equipamentos comunitários, como os de saúde e educação;
VII - sistema de circulação e transportes, incluindo, entre outros, tráfego gerado, acessibilidade,
estacionamento, carga e descarga, embarque e desembarque;
VIII - poluição sonora, atmosférica e hídrica;
IX - vibração;
X - periculosidade;
XI - geração de resíduos sólidos;
XII - riscos ambientais;
XIII - impacto socioeconômico na população residente ou atuante no entorno.
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Para a avaliação dos impactos ocasionados pela implantação do empreendimento, utilizou-se uma
adaptação da técnica de matriz de impactos para Estudos de Impacto de Vizinhança por LULLO&RÖHM (2005).
Os impactos à vizinhança avaliados na matriz foram classificados quanto à natureza, ordem, magnitude e
duração, conforme se descreve a seguir:
Natureza:
Positivos (benéficos);
Negativos (maléficos).
Ordem:
Diretos (possuem causa claramente relacionada às ações do empreendimento);
Indiretos (causa não exclusivamente relacionada às intervenções do empreendimento).
Magnitude:
Alta (alteração que descaracteriza o componente ambiental);
Média (alteração de porte que compromete a função do componente ambiental afetado, sem
descaracterizá-lo).
Baixa (alteração pouco significativa, pouco intensa ou pouco complexa, no componente
considerado).
Duração:
Permanente (quando a intervenção não apresenta prazo para terminar ou quando não há
previsão de tecnologia para controle ou recuperação do impacto);
Temporário (situação em que existe prazo previsto para término da intervenção, por execução
dos trabalhos ou pela disponibilidade de tecnologia de controle).
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6. DEFINIÇÃO DA ÁREA DE VIZINHANÇA
Não existe menção sobre a definição da abrangência territorial do Estudo de Impacto à Vizinhança
– EIV no Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/01) ou no Plano Diretor do município de Guarujá (Lei
Complementar nº 156/2013).
Segundo SAMPAIO (2005), a área conceituada como “vizinhança” é facilmente definida em
projetos de pequena extensão territorial, geralmente restrita às vias e quarteirões lindeiros, com atenção aos
entroncamentos de tráfego mais próximos e outros polos geradores de fluxo nas redondezas. Segundo este
autor, no caso de terrenos maiores tal abordagem é ilógica, pois depende das características da malha urbana
em que o terreno se insere e das atividades pretendidas, sendo imperativo que o conceito de vizinhança se
estenda geograficamente de forma diretamente proporcional aos impactos causados.
Com base na experiência acumulada por MOREIRA (1999), a vizinhança pode, simplificadamente,
ser reduzida a três diferentes áreas:
a. A extensão das vias públicas que circunscrevem o empreendimento considerado, para
avaliação de impactos sobre as redes de serviços públicos;
b. A extensão das vias públicas que circunscrevem o empreendimento considerado e a extensão
das vias de acesso até os “nós“ de tráfego mais próximos, para avaliação de impactos sobre os
sistemas viário e de transportes públicos;
c. A quadra do empreendimento, mais as vias públicas lindeiras, mais os imóveis lindeiros a estas
vias públicas, para avaliação de impactos sobre paisagem, sobre atividades humanas
instaladas, e sobre os recursos naturais.
Considerando a natureza linear do empreendimento, as peculiaridades técnicas de sua instalação
e operação, as características da região em que serão instaladas a LTs e a SE, bem como os aspectos que a
legislação exige serem analisados no EIV (art. 227 da Lei Complementar nº 156/2013), a vizinhança do
empreendimento foi definida como um raio de 300 m (trezentos metros) a partir do limite da faixa de servidão
das linhas de transmissão em questão, conforme Mapa Área de Influência do Empreendimento (ANEXO 1).
Essa área compreende parte dos bairros Retroporto, Vargem Grande, Santo Amaro, Saco do Funil, Jardim
Progresso, Cidade Atlântica e Enseada.
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Contudo, em relação aos impactos sobre o sistema viário e o transporte público, foram também
analisadas neste EIV vias localizadas fora da vizinhança estabelecida (raio de 300 m a partir da faixa de
servidão da LT), são elas:
1. Rodovia SP-248/55 (Cônego Domênico Rangoni), em toda a sua extensão dentro do
município de Guarujá;
2. Av. Vereador Lydio Martins Correa, do seu entroncamento com a Rod. Cônego Domênico
Rangoni até o cruzamento com a Av. Tancredo Neves;
3. Av. Tancredo Neves, do seu entroncamento com a Rod. Cônego Domênico Rangoni até
seu cruzamento com a Av. Vereador Lydio Martins Correa;
4. Av. Antenor Pimentel, que a partir da Av. Vereador Lydio Martins Correa, dá acesso ao
bairro Morrinhos e à área prevista para implantação da Subestação.
Ocorre, todavia, que os impactos sobre o sistema viário e o transporte público serão exercidos
exclusivamente durante a fase de implantação do empreendimento, uma vez que as supracitadas vias de
circulação constituem os principais acessos de trabalhadores, materiais e equipamentos às praças de
montagem das torres e ao canteiro de obras. Concluída a instalação do empreendimento, entretanto, referidas
vias não mais sofrerão impacto algum, sendo este o motivo de não terem sido contemplados na área de
influência do empreendimento (vizinhança) os bairros Vila Zilda e Morrinhos.
7. CONTEXTUALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
7.1. Histórico socioeconômico do município
Os primeiros habitantes da região foram os homens dos sambaquis, povos que viveram a cerca de
6.000 anos em todo litoral sul/sudeste do Brasil. Depois deste período, a Ilha de Santo Amaro passou a ser
visitada por grupos Tupi, que a denominaram Guaibê (lugar de caranguejos) e também Guaru-ya (passagem
estreita). Os Tupis não habitaram a ilha, permanecendo no entorno da Serra do Mar e no Planalto Paulistano,
mas utilizavam a ilha para a colheita de sal e pesca (GUARUJÁ, 2015).
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Após o “descobrimento” do Brasil por Pedro Álvares Cabral, a Ilha de Santo Amaro foi visitada
pelos exploradores portugueses André Gonçalves e Américo Vespúcio em 22 de Janeiro de 1502, na região
conhecida atualmente como Praia Santa Cruz dos Navegantes. Contudo, devido à topografia, hostilidade
indígena e áreas pantanosas a cidade ficou por mais de 300 anos abandonada. Tendo apenas a extração de
óleo de baleia, pesca e poucos engenhos de açúcar como atividade econômica (GUARUJÁ, 2015).
Com o passar do tempo as pessoas que viviam dessa economia foram formando um pequeno
povoado, que passou a condição de Vila depois de um decreto imperial de 1832. Em 1893 Guarujá foi
promovida a Vila Balneária de Guarujá. Para isso, foram encomendados dos Estados Unidos um hotel, uma
igreja, um cassino e 46 chalés residenciais desmontáveis. Além de receber serviços de água, esgoto e luz
elétrica. Em 30 de junho de 1934 a cidade recebeu o título de Estância Balneária e em 1947 passou a ser
considerada município devido ao seu crescimento contínuo(GUARUJÁ, 2015).
Atualmente, a principal atividade econômica do município é o turismo, e uma parcela elevada no
setor de serviços. No distrito de Vicente de Carvalho concentra-se a população operária que exerce atividades
na área portuária de Santos e no Parque Industrial de Cubatão. O PIB – Produto Interno Bruto da cidade está
assim distribuído em mil reais: Agropecuária 18.623; Indústria 583.184; Serviço 1.658.383; Impostos 325.290 e
PIB a preço de mercado corrente 2.585.481 (IBGE, 2010).
7.2. Dados gerais do município
O município de Guarujá se localiza na Ilha de Santo Amaro, no litoral do Estado de São Paulo.
Separada do continente pelo Canal de Bertioga e da Ilha de São Vicente pelo Estuário de Santos, limita-se ao
norte com área continental de Santos e com o município de Bertioga, a sul e a leste pelo Oceano Atlântico, a
oeste com a Ilha de São Vicente (Município de Santos) (GUARUJÁ, 2015).
Com área de 143,577 km², possuía uma população de 290.752 habitantes em 2010, sendo
estimada em 308.989 habitantes em 2014, apresentando densidade demográfica de 2.026,80 hab/km²,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010).
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Os acessos rodoviários ao município ocorrem pelo Sistema Anchieta - Imigrantes (SP-150 e SP-
160); através da Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055)(antiga Rod. Piaçaguera Guarujá), a partir do
entrocamento da Via Anchieta, em Cubatão; do litoral Sul, através da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-
055); e do litoral Norte, por meio da Rodovia Dr. Manuel Hyppolito Rêgo (RioSantos - BR-101).
No que tange às características físicas da área do município, destaca-se que de acordo com o
Mapa Geológico de São Paulo (CPRM, 2006), a área de estudo está inserida na Província Mantiqueira,
abrangendo principalmente o Complexo Costeiro, e em áreas correspondentes à Depósitos Cenozoicos. A
geomorfologia da região é bastante heterogênea, característica típica da província geomorfológica na qual a
Baixada Santista está inserida (Província Costeira), abrangendo desde relevos bastante acidentados de serra,
englobando escarpas de alta declividade, como a Serra de Santo Amaro, até a região de planície costeira,
composta por depósitos flúvio-marinhos (ALMEIDA, 1964).
De acordo com o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São
Paulo – SigRH, o município do Guarujá insere-se na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos –
UGRHI 07 ou Bacia Hidrográfica da Baixada Santista e, mais especificamente, na Sub-Bacia Hidrográfica da
Ilha de Santo Amaro.
De maneira geral, pode-se caracterizar a cobertura vegetal com base no Mapa de Vegetação do
Brasil (IBGE, 2004), onde aponta que o município de Guarujá, assim como as demais regiões da Baixada
Santista, está inserido na região de abrangência da Floresta Ombrófila Densa. Da mesma forma classifica o
Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo (IF, 2009). Esta fisionomia vegetal integra o
Bioma Mata Atlântica, protegido pela Lei n° 11.428/06, regulamentada pelo Decreto nº 6.660/08.
As formações vegetais naturais que compõem a cobertura vegetal da região são classificadas em
cinco categorias principais, de acordo com o levantamento da cobertura vegetal nativa da Mata Atlântica (IF,
2009), as quais são: I – Floresta Ombrófila Densa Montana, II – Floresta Ombrófila Densa Submontana, III –
Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas, IV – Floresta Ombrófila Densa Aluvial e V – Manguezais. Além
destas, os levantamentos do estudo ambiental indicaram a presença de Floresta Alta de Restinga sobre as
planícies, em meio às áreas de ocupação antrópica.
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A partir das definições gerais do Município de Guarujá e com base nos demais levantamentos
realizados, pode-se detalhar as características específicas da vizinhança do empreendimento, conforme
detalhado a seguir.
8. DIAGNÓSTICO DA VIZINHANÇA DO EMPREENDIMENTO
Com base nas informações referentes ao empreendimento e na contextualização do município,
bem como no diagnóstico do entorno efetuado a partir dos dados primários e secundários coletados, pôde-se
contemplar os aspectos positivos e negativos da atividade proposta sobre a qualidade de vida da população
residente ou usuária da área em questão e seu entorno.
8.1. Caracterização do meio físico
8.1.1. Hidrografia
Com base na análise dos levantamentos aerofotogramétricos do Instituto Geográfico e
Cartográfico do Estado de São Paulo – IGC e da Agência Metropolitana da Baixada Santista – AGEM, foram
detectados corpos d’água naturais na vizinhança do empreendimento no Município de Guarujá. Dentre os
principais, citam-se os rios Maratanuá, Crumaú e o Canal de Bertioga.
De forma geral, a vizinhança do empreendimento compreende uma quantidade pouco
representativa de cursos d’água, sendo o mais expressivo o Canal de Bertioga, transposto pelo traçado da LT
345 kV. Dadas as características da vizinhança do empreendimento, compreendida em sua maior parte como
planície costeira, com predominância de manguezal e vegetação de transição manguezal/restinga, nota-se a
ocorrência de alguns braços do Canal de Bertioga na área, além de cursos d’água de baixa extensão. Alguns
dos rios identificados encontram-se ainda retilinizados devido à atividade antrópica.
Ao cruzar a formação da Serra de Santo Amaro nas proximidades da comunidade Morrinhos,
próximo ao local proposto para a implantação da SE Domênico Rangoni, o curso d’água mais relevante é o rio
proveniente da Represa do Saco do Funil, que é transposto pelo trecho duplo de 138 kV.
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8.1.2. Geologia e geomorfologia
A linha de transmissão LT 345 kV corta de norte a sul o município do Guarujá, desde o canal de
Bertioga até a Serra de Santo Amaro (onde se situará a SE Domênico Rangoni). De acordo com o Mapa de
Geológico de São Paulo (CPRM, 2006), a área da vizinhança do empreendimento abrange dentro da Província
Mantiqueira o Complexo Costeiro na região que transpõe as formações da Serra de Santo Amaro,
compreendendo a unidade geológica denominada unidade gnaisses peraluminosos (NPccgp). Já as unidades
geológicas dos Depósitos Cenozóicos interceptadas pela vizinhança nas demais áreas de planície são no geral
Coberturas Dentríticas Indiferenciadas (Qdi): areia, silte, argila e cascalho inconsolidados, e Depósitos
Litorâneos Indiferenciados (Qli): areia, silte e argila.
A maior porção da vizinhança do empreendimento encontra-se em área de planície costeira, na
unidade de Bacias Sedimentares Cenozoicas, compreendendo relevos variando entre planície intertidal, nas
regiões de manguezal, mais próximas ao canal de Bertioga, e planície marinha. A formação geológica da
planície costeira corresponde a sedimentos quaternários marinhos depositados sobre rochas pré-cambrianas.
Trata-se de ambientes sedimentares relacionados principalmente as fases de progradação costeira holocênica
(IPT, 1988). O regime fluvial, as ações marinhas e o comportamento tectônico foram os fatores fundamentais
que influenciaram nessa deposição (BRASIL, 1983).
Apesar das formações geomorfológicas predominantemente de planície costeira, nas
proximidades do local de implantação da SE Domênico Rangoni o empreendimento intercepta a Serra de
Santo Amaro, de forma que a vizinhança nesse trecho passa a contemplar também relevo de escarpas e
cristas, pertencentes à unidade morfoestrutural denominada Cinturão Orogênico do Atlântico.
8.2. Caracterização da cobertura vegetal
Na maior porção da vizinhança do empreendimento no município de Guarujá, que compreende as
regiões de planície, ocorre uma considerável faixa de manguezal e vegetação de transição manguezal-
restinga, ambas consideradas áreas de preservação permanente, além da floresta alta de restinga, fisionomias
essas que compõem a cobertura vegetal do local, sendo pouco expressiva a contribuição da floresta ombrófila
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densa nesse trecho. No entanto, esta fitofisionomia é bastante representativa na porção da vizinhança que
compreende os morros da Serra de Santo Amaro, interceptados pelo trecho final do empreendimento. Na
planície ainda ocorrem outras classes de uso do solo, como áreas de cultivo e pastagens, conforme
apresentado adiante no presente documento.
8.3. Caracterização socioeconômica da vizinhança
8.3.1. Uso e ocupação do solo na vizinhança
O uso e ocupação do solo é a representação da distribuição espacial das formações naturais e da
apropriação do espaço, decorrente de processos e ações antrópicas nos meios físico e biótico. Essa
representação espacial gerou um mapeamento do território estudado, com a definição dos diferentes tipos de
uso e ocupação identificados atualmente ocorrentes, conforme Mapa de Cobertura e Uso do Solo (ANEXO 2).
Como se depreende do mapa supracitado, a maior parte da vizinhança do empreendimento
corresponde a porções recobertas por vegetação natural (caracterizadas anteriormente), seguida de trechos de
solo com uso rural e, por fim, nas proximidades da área prevista para implantação da subestação existe um
transbordo de resíduos domiciliares. Assim, não foram identificados núcleos populacionais na vizinhança do
empreendimento.
O ordenamento do uso e ocupação do território no município é definido pela Lei Complementar nº
156, de 17 de dezembro de 2013, na qual o território do Guarujá é dividido em duas macrozonas: a Macrozona
Urbana e a Macrozona de Proteção Ambiental. A vizinhança do empreendimento está inserida na Macrozona
de Proteção Ambiental.
Cada macrozona é subdividida em diversos setores, com diferentes características e restrições.
Quanto a esta setorização, a vizinhança do empreendimento está compreendida nos setores de Preservação
Ambiental e de Desenvolvimento Compatível, sendo ambas classificações definidas a seguir:
Setor de Preservação Ambiental: caracteriza-se por apresentar áreas de alta restrição à
ocupação devido às características geomorfológicas, topográficas e/ou por apresentarem
aspectos geológicos, biológicos, hidrológicos ou paisagísticos de interesse ambiental,
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atendendo aos seguintes objetivos: I - garantir a preservação dos recursos naturais e da
paisagem; II - garantir a manutenção da qualidade do ar, das águas e do solo; III - dar
sustentabilidade ao ecoturismo, à preservação do patrimônio histórico e paisagístico e à
pesca artesanal; IV - controlar a ocupação e impedir atividades que comprometam a
conservação dos ecossistemas; V - incentivar a criação de reservas públicas e privadas e
atividades compatíveis com a conservação dos recursos naturais, incluindo ações ou
medidas de compensação ambiental de empreendimentos; VI – permitir as atividades de
agricultura, avicultura, pecuária e pesca, em áreas já ocupadas com essas atividades.
Setor de Desenvolvimento Compatível: caracteriza-se por apresentar baixa ocupação
antrópica, ecossistemas e paisagem pouco alterados e potencial para novas atividades
urbanas e/ou econômicas compatíveis com a conservação da paisagem e dos recursos
naturais, atendendo aos seguintes objetivos: I - garantir a ocupação de baixa densidade
e/ou atividades econômicas compatíveis com a conservação dos recursos naturais e da
paisagem; II - promover a manutenção da qualidade ambiental; III - incentivar a criação de
Reservas Particulares do Patrimônio Naturais – RPPNs e outras formas de preservação
de áreas naturais.
Além do macrozoneamento e da setorização, a planificação do espaço do território do Guarujá é
detalhada em seu zoneamento. Este instrumento de planejamento urbano define de forma detalhada o uso e
ocupação das atividades rurais e urbanas, a ser realizada em cada porção do território do município. Dessa
forma, o zoneamento procura manter um equilíbrio entre o uso e ocupação e a capacidade do espaço do
município em suportar estas atividades por meio das estruturas viárias, equipamentos públicos, dentre outras.
O zoneamento municipal da área na abrangência deste estudo (vizinhança do empreendimento)engloba três
categorias de uso e ocupação do solo, conforme representado no Mapa Ordenamento do Uso e Ocupação
do Solo (Anexo 3).
A primeira delas é a Zona Retroportuária e Industrial – ZRI, situada na margem direita da
Rodovia Cônego Domênico Rangoni, no sentido Guarujá – São Paulo. Apesar de estar compreendida na
Macrozona de Proteção Ambiental, a ZRI faz parte do Setor de Desenvolvimento Compatível, sendo ali
permitidas atividades operacionais e de apoio ao porto, com depósitos de mercadorias e contêineres,
parqueamento de veículos de carga e apoio aos caminhoneiros, indústrias não poluidoras e serviços de grande
porte, além de comércio, serviços e usos institucionais de apoio às referidas atividades, principalmente centros
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de pesquisa, desenvolvimento e ensino tecnológico (Lei Complementar 156/2013, art. 128). Entende-se assim
que a descrição contemplada no zoneamento municipal não corresponde a uma incompatibilidade de
ordenamento territorial para com a implantação da LT.
Contudo, destaca-se aqui que o traçado atual do empreendimento no trecho enquadrado como
ZRI foi proposto em virtude de uma solicitação direta da Prefeitura Municipal de Guarujá, que apontou a
existência de um projeto para a implantação de atividades retroportuárias no local inicialmente transposto pelo
traçado original do trecho de LT em 345 kV do empreendimento. Ainda, o Decreto nº 9952/2012 declara como
de utilidade pública o polígono detalhado da ZRI que abrange a área transposta pelo traçado originalmente
proposto para a LT, considerando que para o local há o referido projeto visando o desenvolvimento econômico
do Município. Dessa forma, o traçado atual desvia da porção da ZRI destinada ao referido projeto do retroporto.
O trecho da ZRI ainda compreendido na vizinhança do traçado atual do empreendimento não
apresenta ocupação, sendo recoberta principalmente por vegetação natural (Anexo 2 – Mapa Cobertura e
Uso do Solo e Anexo 3 – Mapa Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo). Todavia, fora do raio de 300
metros estabelecido como vizinhança no presente EIV, às margens da rodovia, observam-se alguns terminais
retroportuários, Subestação de Energia Vicente de Carvalho da ISA – CTEEP e torres e linha de transmissão
que derivam até a referida subestação, além da existência do projeto para o retroporto, conforme indicado pela
Prefeitura Municipal de Guarujá. As Figuras 1 a 4 ilustram os usos do solo na Zona Retroportuária e Industrial
– ZRI, dentro e fora da vizinhança do empreendimento em estudo.
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Figura 1. Vista geral daZona Retroportuária Industrial – ZRI, com cobertura vegetal nativa, torre e linha de transmissão de anergia (seta verde) e terminais retroportuários (seta laranja). No canto direito vê-se a Rodovia Cônego Domênico Rangoni.
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Figura 2. Vista da Subestação de energia elétrica Vicente de Carvalho.
Figura 3. Subestação de tratamento de efluentes da SABESP.
Figura 4. Empreendimentos localizados na ZRI ás margens da Rodovia Cônego Domenico Rangoni.
Figura 5. Área com características rurais localizada na ás margens da Rodovia Cônego Domenico Rangoni.
Além da Zona Retroportuária, a área de abrangência do estudo está situada em outras duas
zonas, que segundo o plano diretor são chamadas de zonas de tratamento especial. Em seu artigo 74, o Plano
Diretor estipula zonas de tratamento especial citando:
“As Zonas Especiais compreendem a áreas do território que exigem tratamento especial na definição de parâmetros reguladores e uso e ocupação do solo, sobrepondo-se ao zoneamento e sendo classificadas em: I – Zonas especiais de Interesse Social; II – Zonas Especiais de Interesse Publico; III Zonas Especiais de Interesse Turistico; e Zonas Especiais de Proteção do Patrimônio.”
A primeira é a Zona Especial de Interesse Público – ZEIP. Segundo o Art. 78 do Plano Diretor,
as ZEIP são áreas do território municipal com normas próprias de uso e ocupação do solo, destinadas
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primordialmente à implantação de projetos estratégicos de grande impacto no desenvolvimento urbano e
econômico do município, incluindo-se equipamentos públicos, privados ou em regime público-privada com
parâmetros de uso e ocupação do solo diferenciados”.
Na cidade de Guarujá existem oito áreas enquadradas na categoria ZEIP, sendo uma delas
abrangendo a vizinhança do empreendimento, correspondendo à área entre o morro onde será implantada a
SE Domênico Rangoni, no Saco do Funil, e a Rodovia Cônego Domênico Rangoni. Hoje esta área é utilizada
como transbordo pela empresa Terracom, servindo de estação intermediária entre a coleta de lixo urbana e sua
destinação final. Seu acesso é realizado pela Avenida Antenor Pimentel (Figura 6) no bairro de Morrinhos,
situado na Macrozona Urbana, parte em Zona de Baixa Densidade e parte em Zona de Média Densidade.
Ambas essas zonas, todavia, estão fora da área de vizinhança estabelecida para o empreendimento no
presente estudo.
Figura 6. Vista da Avenida Antenor Pimentel com presença de estabelecimentos comerciais e unidades residenciais.
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Além da Zona Especial de Interesse Público, parte da área de abrangência da linha de
transmissão e a subestação a ser construída também estão inseridas na Zona Especial de Interesse
Turístico – ZEIT. Segundo o Artigo 81 da Lei Complementar 156/2013, estas zonas são “áreas destinadas a
dinamização da atividade turística do município, nas quais desde que respeitadas as limitações legais, poderão
ser implantados equipamentos públicos, privados ou em regime de parceria público-privada, com parâmetros
de uso e ocupação de solo diferenciados”. Por sua vez, o artigo 93, dispõe que os projetos para
aproveitamento dessa zona deverão ser aprovados pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e
Habitacional – CMDUH e os respectivos planos de ação para sua implantação deverão ser aprovados por
Decreto Municipal. Entre as zonas classificadas como ZEIT no município, está a área correspondente ao sopé
da Serra de Santo Amaro, no bairro denominado Saco do Funil, onde se pretende alocar a subestação
Domenico Rangoni.
Por fim, há que se ressaltar que o empreendimento constitui atividade de Utilidade Pública
conforme Lei nº 8.987/95, Decreto-Lei nº3.365/41, Decreto nº 41.019/57, Decreto nº 24.643/34 e Lei nº
12.651/12, de forma que o ordenamento de uso e ocupação do solo não constitui óbice para a implantação do
empreendimento.
8.3.2. Infraestrutura urbana na vizinhança
De acordo com a Lei Federal nº 6766/79, artigo 2º, parágrafo 5º, a infraestrutura básica dos
parcelamentos do solo é constituída pelos equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais,
iluminação pública, esgotamento sanitário, abastecimento de água potável, energia elétrica pública e domiciliar
e vias de circulação. São considerados urbanos os equipamentos públicos de abastecimento de água, serviços
de esgotos, energia elétrica, coletas de águas pluviais, rede telefônica e gás canalizado (art. 5º, parágrafo
único, Lei Federal nº 6766/79).
Como apresentado no Mapa de Cobertura e Uso do Solo (Anexo 2), a vizinhança está inserida
predominantemente em porções do território do município de Guarujá cobertas por vegetação natural e,
portanto, não urbanizadas.
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A área ocupada mais próxima ao local onde será implantada a subestação é a área de transbordo
do município de Guarujá, propriedade esta que está sendo negociada com os atuais proprietários. O acesso a
ela é feito pela Avenida Antenor Pimentel, cuja porção final é apresentada na Figura 7.
Figura 7. Vista da porção final da Avenida Antenor Pimentel, de quem olha da área de transbordo para o bairroMorrinhos.
No final desta avenida é possível verificar a existência depostes de luz e transformadores, os
quais indicam que a área é atendida por rede de energia elétrica. Conforme entrevista feita com um dos
trabalhadores do transbordo, a ELEKTRO é responsável pela distribuição de energia ao empreendimento.
Além do acesso à energia elétrica, a área também é atendida pelo sistema público de abastecimento de água e
coleta de esgoto sob responsabilidade da concessionária SABESP.
Como já relatado em tópicos anteriores, a linha de transmissão em questão percorrerá áreas
cobertas por vegetação e não ocupadas, onde equipamentos urbanos são inexistentes. As propriedades
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agrícolas identificadas nas proximidades da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, com exceção de energia
elétrica, também são desprovidas de equipamentos urbanos.
8.3.2.1. Equipamentos comunitários
De acordo com o Art. 4º, parágrafo 2º, da Lei Federal 6.766/1979 (alterada pela Lei 9.785/99), que
dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências, são considerados os equipamentos
comunitários os de educação, cultura, saúde, lazer e similares.
Para COUTO (1981), os equipamentos comunitários desempenham importante função para o
equilíbrio social, político, cultural e psicológico de uma população, pois funcionam como fator de escape das
tensões geradas pela vida contemporânea em comunidade.
Dentro deste contexto, ROMANINI&GELPI (2007), argumentam que as áreas de uso comum do
povo proporcionam qualidade de vida não só à população local, mas também aos residentes nos bairros
vizinhos, principalmente a comunidade carente, cujas necessidades básicas são supridas pelos equipamentos
comunitários localizados próximos as suas residências, além de praticar seu lazer nas áreas públicas da
mesma, como as praças, parques, áreas verdes e espaços afins.
Contudo, como se depreende da análise do Mapa de Cobertura e Uso do Solo (Anexo 2), não
existem equipamentos comunitários na vizinhança do empreendimento, uma vez que a sua área de influência
não se sobrepõe a nenhum núcleo populacional.
8.3.2.2. Sistema de circulação e transporte
8.3.2.2.1. Acesso ao empreendimento
Apesar de situados predominantemente fora da vizinhança estabelecida para o traçado das LTs
(raio de 300 m), o sistema viário e os acessos às praças de montagem das torres e ao canteiro de
obras/subestação de energia, foram devidamente analisados no presente EIV, conforme descrito a seguir:
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A Rodovia SP-248/55 é a denominação dada a um trecho, de aproximadamente 8 km de
extensão, da antiga Rodovia Piaçaguera-Guarujá, que liga a Rodovia Cônego Domênico
Rangoni (SP-55), desde o trevo do bairro Monte Cabrão (antigo trevo da Rodovia Rio-
Santos - BR-101), na área continental do município de Santos, até a entrada do município
de Guarujá. Esta rodovia possui duas pistas – Leste (sentido São Paulo – Guarujá) e
Oeste (sentido Guarujá – São Paulo), e é mantida pela Concessionária Ecovias dos
Imigrantes S/A. Trata-se do único acesso rodoviário ao município de Guarujá, dividindo a
Macrozona Urbana da Macrozona de Proteção Ambiental do município, recebendo
classificação do plano diretor como Via Estrutural Consolidada;
A Av. Vereador Lydio Martins Correa é uma estrada sob administração municipal situada a
sul/sudoeste do traçado do empreendimento em estudo. Possui dois sentidos, sendo que
cada sentido possui duas faixas. Tem início na pista leste da Rodovia SP-248/55, no
bairro retroporto, e segue em direção ao nordeste até o limite com o bairro Morrinhos,
onde faz uma deflexão no sentido sudeste até o bairro Vila Zilda. No que tange ao plano
diretor municipal, é classificada parte como Via Estrutural Consolidada e parte como
Diretriz de Via Estrutural;
A Av. Tancredo Neves atravessa todo o bairro da Cachoeira, promovendo a ligação da Via
Ver. Lydio Martins Correa à Rodovia SP-248/55, na altura da entrada do município de
Guarujá. Insere-se totalmente na área urbana do município e constitui a principal via de
acesso às ocupações irregulares à beira do rio Santo Amaro;
A Av. Antenor Pimentel é uma avenida de mão dupla simples que vai da Av. Vereador
Lydio Martins Correa e segue em direção nordeste até a Serra Santo Amaro. Constitui a
principal via de acesso à futura subestação de eletricidade. Seu trecho inicial é
classificado pelo plano diretor como Via Estrutural, enquanto sua parte final é classificada
como Via Coletora.
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Além do sistema viário retro citado, outros acessos precisarão ser abertos em meio à vegetação
para a construção das torres da linha de transmissão. Pretende-se utilizar, sobretudo, estradas já existentes,
minimizando assim a necessidade de supressão de vegetação. Porém, quando não houver alternativas viáveis,
será necessária a abertura de estradas com 5 metros de largura. Ressalta-se que as definições do traçado
definitivo dos acessos a serem implantados contam impreterivelmente com a participação dos proprietários dos
imóveis impactados. Todos os acessos e vias de circulação descritos neste item são apresentados no Mapa
Área de Influência do Empreendimento (ANEXO 1).
Figura 8. Vista da Rodovia Cônego Domenico Rangoni.
Figura 9. Vista da Avenida Vereador Lydio Martins Correa.
Figura 10. Cotinuação da Avenida Vereador Lydio Martins
Correa.
Figura 11. Vista da Av. Antenor Pimentel.
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8.3.2.2.2. Transporte público
No que tange ao transporte público, cabe destacar que a localização do empreendimento implica a
inexistência de vias de circulação dentro de sua vizinhança, conforme detalhado no item anterior.
Contudo, dada a estimativa de utilização das vias das comunidades mais próximas como acessos
ao empreendimento, verificou-se que existem oito linhas que servem as redondezas da futura subestação.
Setedelas circulam dentro do município de Guarujá e uma entre os municípios de Guarujá e Cubatão, conforme
a tabela a seguir.
Tabela 1. Linhas de ônibus
Linha Origem Destino
38 Morrinhos Ferryboat
51 Morrinhos Vicente de Carvalho
91 Morrinhos Vicente de Carvalho
21 Morrinhos Vila Áurea - Vicente de Carvalho
37 Morrinhos Sobre as Ondas
53 Morrinhos Sobre as Ondas
26 Morrinhos Guaiuba - Ferryboat
909 Ferryboat Jardim Casqueiro
Fonte: TRANSLITORAL, 2015.
8.4. Áreas de interesse histórico, cultural, paisagístico e ambiental
O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Artístico e Turístico
(CONDEPHAAT) é responsável pela preservação dos bens culturais considerados patrimônio cultural no
âmbito estadual. Criado por meio da Lei nº 10.247/68 ele tem como objetivo proteger, através de instrumentos
legais e mecanismos de preservação, os bens culturais tombados ou registrados pelo estado; acolher e
analisar solicitações de tombamento ou registro; aprovar reformas ou restaurações em bens tombados; aprovar
planos de salvaguarda para bens registrados; divulgar os bens reconhecidos como patrimônio cultural e
acompanhar a implementação do Plano de Preservação do Patrimônio Cultural.O município de Guarujá possui
oito bens tombados como patrimônio cultural, contudo, nenhum deles situa-se na vizinhança do
empreendimento.
Por sua vez, o plano diretor estabelece zonas de interesse especial. Como mencionadoem tópico
anterior, a subestação será implantada em uma Zona Especial de Interesse Turístico no bairro Saco do Funil,
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localizada no sopé da Serra Santo Amaro, “destinada a dinamização da atividade turística do município, nas
quais desde que respeitadas as limitações legais, poderão ser implantados equipamentos públicos, privados ou
em regime de parceria público-privada, com parâmetros de uso e ocupação de solo diferenciados”.
No que tange às Áreas de Preservação Permanente (APP), definidas pela Lei Federal n°
12651/2012, podemos citar para o entorno, as margens do Rio Maratanauá, Rio Crumaú, e do Canal de
Bertioga. Também se destacam as regiões de manguezal e de transição manguezal-restingas (conforme citado
no item de cobertura vegetal), entorno de nascentes e encostas (ou parte destas) com declividade superior à
45º que ocorrem ao longo da região.Tais áreas poderão ser afetadas na implantação do empreendimento,
através da abertura de picadas para implantação da faixa de servidão ou para acessos à linha de transmissão.
Assim, qualquer intervenção nessas áreas deverá ser precedida de autorização emitida pelo órgão ambiental
competente.
9. DESCRIÇÃO DOS IMPACTOS À VIZINHANÇA DO EMPREENDIMENTO E PROPOSTA DE MEDIDAS
MITIGADORAS
Os impactos negativos e positivos sobre os componentes da vizinhança elencados no artigo 227
da Lei Complementar Municipal nº 156/2013 são descritos e discutidos nos itens a seguir e compilados na
Tabela 4, que os ordena segundo efeito/consequência, abrangência de ocorrência, intensidade e
temporalidade.
Assim, é possível identificar os efeitos sobre a vizinhança com a implantação do empreendimento
e relacionar cada impacto negativo com as medidas mitigadoras propostas como contrapartida do
empreendedor. De acordo com SANCHEZ (2006), medidas mitigadoras podem ser definidas como ações
propostas com a finalidade reduzir a magnitude ou a importância dos impactos adversos.
Todas as medidas mitigadoras a seguir descritas tiveram como referência os programas propostos
no EIA/RIMA elaborado para implantação da Linha de Transmissão.
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9.1. Adensamento populacional
9.1.1. Impactos ambientais
As características da dinâmica populacional de um município refletem em seu adensamento
populacional, visto que a demanda por espaços para edificações, equipamentos públicos e áreas verdes
pressionam os espaços livres.
Um dos comportamentos do processo de adensamento são as verticalizações das edificações,
que combinadas com um aumento da densidade populacional podem deteriorar os serviços públicos, modificar
a paisagem e sobrecarregar as infraestruturas da cidade. Além do processo de verticalização, outro fenômeno
recorrente nas cidades brasileiras são os bolsões e os loteamentos irregulares, normalmente ocupados por
populações de baixa renda que residem em habitações precárias.
Ocorre, todavia, que o empreendimento em questão não possui por natureza a característica de
atração populacional. Ao contrário do que ocorre com outros empreendimentos lineares como a abertura de
estradas, a construção de rodovias e ferrovias, que favorecem o estabelecimento humano irregular ao longo da
sua faixa de domínio, a implantação e operação da LTem questão é naturalmente inibidora de ocupações
humanas, dados os riscos inerentes à transmissão de energia elétrica em alta tensão.
No Guarujá, a área de influência da subestação e LT não se sobrepõem a qualquer bairro
residencial. Entretanto, algumas propriedades rurais são abrangidas tanto pela faixa de servidão quanto pela
vizinhança do empreendimento, conforme apresentado no Mapa Área de Influência do
Empreendimento(Anexo 1).
No que tange à possibilidade de atração de pessoas como mão de obra do empreendimento, há
que ressaltar que a fase de implantação da LT 345 kV durará 21 meses, conforme cronograma apresentado na
Tabela 2. Inicialmente o empreendimento contará com cerca de 20 profissionais, chegando ao contingente
máximo de 208 funcionários no décimo primeiro mês da obra, sendo posteriormente reduzido até oito
trabalhadores no vigésimo primeiro mês, conforme histograma quantitativo de mão de obra apresentado na
Figura 12.
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Tabela 2. Cronograma de implantação do empreendimento.
Evento Ano 1 Ano 2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Supressão Vegetal
Terraplanagem
Estaqueamento
Fundações
Casa de Comando
Montagem da Subestação
Acessos para Torres
Fundações das Torres
Montagem das Torres
Lançamento de Cabos
Comissionamento
Energização
Fonte: ELTE, 2015.
Após implantação haverá uma base de operação fixa da linha de transmissão sediada na
Subestação Domênico Rangoni. Contudo, o efetivo necessário à operação da SE e à manutenção da LT será
reduzido.
Figura 12. Histograma do quantitativo de mão de obra previsto para os meses de implantação do empreendimento. Fonte: ELTE (2015).
Diante do exposto, depreende-se que a instalação da linha de transmissão requer um número
considerável de funcionários, ainda que se trate de uma etapa temporária, o que pode afetar o adensamento
populacional do município. Contudo, depois da instalação, o número de funcionários noGuarujá será reduzido
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àqueles necessários à operação da subestação, o que não possui capacidade de afetar a dinâmica
populacional do entorno.
9.1.2. Proposta de medidas mitigadoras
Programa de mobilização e desmobilização de mão de obra
A principal medida proposta para este impacto é a contratação preferencial de mão de obra local,
descrita no Programa de Mobilização e Desmobilização de Mão de Obra, que faz parte do Plano de Gestão
Ambiental da Obra, no sentido de evitar a vinda de pessoas de outras localidades do estado de São Paulo e do
Brasil. Assim, além de evitar a possibilidade de alteração da dinâmica populacional, o empreendimento
também contribui para o desenvolvimento econômico e social dos moradores de suas áreas de influência.
Para tanto, cria-se a necessidade de mobilizar e providenciar o treinamento adequado para que os
trabalhadores possam desenvolver adequadamente as atividades relacionadas ao processo construtivo da LT.
Além disso, existe a necessidade de auxiliar na reintegração dessa mão de obra no mercado de trabalho, uma
vez que estes empregos são temporários.
Prevê-se também o estabelecimento de parcerias com o Poder Público Municipal e outras
instituições atuantes na região, e criar condições para favorecer a reinserção dos trabalhadores temporários
em outras atividades. Após a finalização das obras, haverá o cadastro dos trabalhadores para caso da
necessidade de recontratação desses para a realização de outras atividades do mesmo
empreendimento/empreendedor ou por outras empresas que venham a desenvolver atividades construtivas na
Região Metropolitana da Baixada Santista.
Coibição de ocupações irregulares na faixa de servidão
A instituição da faixa de servidão da LT implica obrigatoriamente em restrições de atividades
aplicáveis àquela área, as quais incluem, além de diversas outras atividades, a construção de benfeitorias.
Mesmo que o empreendimento em questão não apresente condições ideais ao estabelecimento de ocupações
irregulares ao longo da faixa de servidão da LT, após o início da operação da linha serão realizadas inspeções
periódicas ao longo das faixas de servidão para a verificação do atendimento às restrições aplicáveis.
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9.2. Uso e ocupação do solo
9.2.1. Impactos ambientais
Diante do diagnóstico realizado e do caráter de Utilidade Pública da atividade em questão, conclui-
se que a implantação do empreendimento está de acordo com o ordenamento de uso e ocupação do solo
municipal. Sendo a maior parte do traçado da LT coberta por vegetação natural com um mínimo de ocupações
humanas, pouca ou nenhuma interferência causará a implantação do empreendimento sobre as formas de
usos do solo e as atividades exercidas na vizinhança.
Um impacto a ser analisado é a impermeabilização do solo em virtude da implantação de um
empreendimento. Se tratando da linha de transmissão inserida no trecho do município de Guarujá, tal impacto
não será significativo. Entretanto, ao considerarmos a construção de um canteiro de obras temporário e uma
subestação de energia elétrica permanente, esta impermeabilização deverá ser mitigada. Tal fato ocorre, pois a
impermeabilização do solo pode afetar a dinâmica da infiltração e escoamento de água, alteração do volume
de corpos d´água próximos, bem como provocar deslizamentos de terra e alteração na temperatura ambiente.
9.2.2. Proposta de medidas mitigadoras
Programa de controle da erosão, assoreamento e estabilidade de encosta/taludes
Toda a diversidade de processos e atividades que ocasionam a alteração do relevo, como corte e
aterro, escavações e exposição do solo, poderá favorecer a ocorrência de processos erosivos. Estes
processos, caso ocorram, prejudicam a qualidade dos solos e, quando próximos aos corpos d’água, podem
acarretar o carreamento de sólidos, desencadeando processos de assoreamento e consequentemente o
aumento da turbidez, podendo prejudicar o ecossistema aquático.
Este programa irá identificar e monitorar os focos erosivos existentes. Serão aplicadas as técnicas
de prevenção, controle e remediação de feições erosivas nos focos registrados e, posteriormente, serão
inspecionadas e acompanhadas as atividades de corte, aterros, escavações e as que deixam o solo exposto,
para verificar se estão sendo realizadas de maneira correta. Cabe destacar que este Programa dará uma
atenção especial para a área da Subestação Domênico Rangoni, onde nesta ocorrerão atividades
potencialmente impactantes, como a compensação de corte e aterro.
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Sistema de drenagem de águas pluviais
De forma a mitigar os impactos que podem ser causados pela impermeabilização do solo
referentesà implantação da subestaçãode energia elétrica, serãoconstruídas estruturas de escoamento de
águas pluviais, bem como um projeto que contemple a manutenção de áreas permeáveis com vegetação para
que as águas possam ser adsorvidas e os aquíferos subterrâneos possam ser reabastecidos.
9.3. Desvalorização Imobiliária
9.3.1. Impactos ambientais
De acordo com a alínea “c” do artigo 151 do Código de Águas (Decreto-Lei nº 24.643/1934), o
concessionário tem o direito de estabelecer as servidões permanentes ou temporárias exigidas para o
transporte e distribuição da energia elétrica. A faixa de servidão é instituída em favor do concessionário através
de processo de servidão administrativa, conforme regulamenta o Decreto nº 35.851/1954.
Acerca da servidão administrativa, ensina Celso Antônio Bandeira de Melo:
"Servidão administrativa é o direito real que sujeita um bem a suportar uma utilidade pública, por força da qual ficam afetados parcialmente os poderes do proprietário quanto ao seu uso e gozo. São exemplos de servidão administrativa: a passagem de fios elétricos sobre imóveis particulares, a passagem de aquedutos, o trânsito sobre bens privados, o tombamento de bens em favor do Patrimônio Histórico etc." (Celso Antônio Bandeira de Melo, in Curso de Direito Administrativo, 19ª edição, Ed. Malheiros, 2005, pág. 840). (grifo nosso)
A instituição da servidão compreende o exercício de alguns direitos por parte do concessionário,
dentre eles, o direito de praticar, na área abrangida pela servidão, todos os atos de construção, manutenção,
conservação e inspeção das linhas de transmissão de energia elétrica, além de acesso à área da servidão,
através do prédio serviente, desde que não haja outra via praticável (Decreto nº 35.851/54, Art. 2º, § 2º), bem
como o direito de mandar podar ou cortar árvores que, dentro da área de servidão ou da faixa paralela à
mesma, ameacem as linhas de transmissão ou distribuição (op. cit., Art. 3º, § 2º).
Por sua vez, ao proprietário ou possuidor do imóvel incumbe arcar com o ônus de limitar o uso do
gozo do mesmo ao que for compatível com a existência da servidão, abstendo-se, em consequência, de
praticar, dentro delas, quaisquer atos que a embaçarem ou lhe causem dano, incluídos entre os de erguerem
construções ou fazerem plantações de elevado porte (op. cit., Art. 3º, caput).
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Nesse aspecto, as linhas de transmissão em questão apresentarão duas larguras de faixa de
servidão, quais sejam, 46,00 (quarenta e seis) metros para o trecho de 345 kVe 54,00(cinquenta e quatro)
metros para o trecho duplo de 138 kV, conforme ilustrado naFigura 13 e na Figura 14.
Figura 13. Representação da largura da faixa de servidão da linha de transmissão 345 kV. Fonte: ENGEPRO (2014).
Figura 14. Representação da largura da faixa de servidão das linhas de transmissão 138 kV. Fonte: ENGEPRO (2014).
Portanto, para instituição da faixa de servidão e instalação das LTs, de modo a permitir a
execução das obras e posterior operação da linha, será necessária a liberação fundiária das propriedades
interceptadas. Para isso, é necessário que sejam realizadas negociações com os proprietários das áreas
afetadas evitando os conflitos de interesse entre proprietários e o empreendedor.
Assim, com a finalidade de apurar as propriedades e benfeitorias afetadas pela intervenção em
questão, durante a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental – EIA do empreendimento foi realizado
levantamento cadastral dos imóveis interceptados pelas faixas de servidão. Com base nas informações do
levantamento cadastral foram identificadas as necessidades de desapropriações, realocações e indenizações,
tendo sua aplicação variando conforme cada caso.
Com base no referido levantamento, foram identificadas14 (quatorze) propriedades interceptadas
pela faixa de servidão das LTs no município de Guarujá. Destas,a grande maioria não apresenta benfeitorias e
não realiza quaisquer atividades nos limites da faixa de servidão. Dentre os imóveis cadastrados, apenas cinco
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são habitados, dos quais somente três desenvolvem alguma atividade na faixa de servidão, conforme indicado
na
Tabela 3e apresentado no Mapa Área de Influência do Empreendimento(Anexo 1).
Tabela 3. Propriedades com faixa de servidão.
Nº Nome do
Proprietário Qualificação
Dados da Faixa de Servidão Ha e Km
Moradores no Local
Situação Dominial
Atividade Desenvolvida
na Faixa
Área Atingida
(ha)
Área Cadastrada
(ha)
% Ocupação
da Área (ha)
Área Atingida
Km
1
CIDADE NAUTICA IMOVEIS S/C LTDA
Pessoa Jurídica
5,8167 83,4308 6,97% 1,2657 2 Pessoas Registro Agropecuária
2 FAMILIA CONDE Pessoa física 0,0055 110,8802 0,00% 0,0000 Nenhuma Registro Não possui
3 FAMILIA CONDE Pessoa física 1,8558 74,5580 2,49% 0,4034 Nenhuma Registro Não possui
4 ROBERTO CAMARNEIRO
Pessoa física 4,7650 104,0456 4,58% 1,0361 Nenhuma Registro Não possui
5
GILDO DE CASTRO FERRAZ E OUTROS
Pessoa física 3,5665 96,3354 3,70% 0,7751 Nenhuma Registro Não possui
6 LIBRA TERMINAIS
Pessoa Jurídica
6,1659 - - 1,3427 Nenhuma Registro Não possui
7 RIO MARATUA Institucional 0,2679 - - 0,0591 - - -
8 ROBERTO DOS REIS
Pessoa física 0,0967 9,5140 1,02% 0,0166 Nenhuma Posse Não possui
9 ANTONIO CICERO
Pessoa física 0,3150 8,3682 3,76% 0,0698 2 Pessoas Posse Não possui
10 ROBERTO DOS REIS
Pessoa física 0,6304 9,5140 6,63% 0,1376 Nenhuma Posse Não possui
11 ANTONIO CICERO
Pessoa física 1,4915 8,3682 17,82% 0,3237 2 Pessoas Posse Não possui
12 JULIO CEZAR DE CARVALHO
Pessoa física 2,0182 29,9622 6,74% 0,4426 - - Não
identificado
13 JESSE SILOS DE FREITAS
Pessoa física 0,3890 149,5530 0,26% 0,0807 1 pessoa Registro Agropecuária
14 JESSE SILOS DE FREITAS
Pessoa física 4,3967 149,5530 2,94% 0,8121
1 pessoa Registro Agropecuária 0,8422
Além das propriedades particulares, outra classe de atividades na qual é verificada interferência
pelo empreendimento são os processos minerários cadastrados junto ao Departamento Nacional de Produção
Mineral – DNPM, aos quais cabem medidas específicas para as tratativas caso a caso.
Em que pesem as restrições de ocupação do solo impostas nas faixas de servidão, no geral, a
servidão administrativa não implica em transferência do domínio para o Poder Público, mas apenas limitação
ao uso pleno da propriedade. Contudo, é unânime a compreensão de que o ônus real de uso imposto pela
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faixa de servidão acarretará como impacto negativo a desvalorização imobiliária e a redução do
aproveitamento econômico das propriedades interceptadas pelas linhas de transmissão. Cabe destacar que
não serão realizadas desapropriações ou realocações no município de Guarujá, sendo pertinente unicamente o
pagamento de indenização em correspondência com o prejuízo ocasionado ao imóvel, nos termos artigo 5º do
Decreto nº 35.851/1954.
9.3.2. Proposta de medidas mitigadoras
Programa de indenização e realocação de terras e benfeitorias
De todos os imóveis identificados no levantamento cadastral, somente três propriedades exercem
atividadesagropecuárias (
Tabela 3). Nenhuma dessas situações, entretanto, apresenta necessidade de realocação. Sendo
assim, será adotada a metodologia de indenização em moeda corrente de terrenos e benfeitorias, nos termos
artigo 5º do Decreto nº 35.851/1954.
O valor da indenização será apurado em laudo de avaliação elaborado por profissional habilitado
com base em procedimentos de avaliação de imóveis estabelecidos pela ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas. Nesse sistema, fica sob responsabilidade do indenizado a aquisição de nova área ou
utilização do valor como melhor lhe convier.
Os procedimentos de indenização devem primar sempre pela transparência e diálogo com a
população atingida na busca por resoluções que satisfaçam às partes interessadas. Com isso, o
estabelecimento da faixa de servidão terá como foco a minimização das interferências à população atingida,
adotando normas e critérios justos e transparentes, considerando os impactos do empreendimento sobre
atividades produtivas, benfeitorias e residências.
Programa de acompanhamento dos processos minerários
A instalação da LT também restringe, por medida de segurança na faixa de servidão, atividades de
extração mineral. Assim, todos os processos que estão em atividade na área de servidão deverão ser alvo de
solicitação de bloqueio minerário junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM nas fases
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posteriores do licenciamento. A partir desta solicitação deverão ser acompanhadas as tratativas com os
responsáveis pelos processos caso-a-caso, a fim de definir as ações aplicáveis a cada processo, como
indenizações por exemplo.
9.4. Impactos na paisagem urbana e no patrimônio natural e cultural
9.4.1. Impactos ambientais
Considerando o diagnóstico realizado na área de influência do empreendimento, depreende-se
que a subestação de energia elétrica e o traçado da LT em questão interceptarão áreas especialmente
protegidas conforme o plano diretor, bem como áreas de preservação permanente, provocando sobre elas
impactos adversos, principalmente aqueles relacionados à supressão de vegetação para abertura de acessos,
dos pátios de montagem das torres e dos corredores para implantação da linha de transmissão.
Contudo, tratando-se a transmissão de energia elétrica de atividade de utilidade pública, a
implantação do empreendimento é passível de autorização por parte dos órgãos competentes.
Além de considerar os impactos ligados à supressão de vegetação, o impacto cênico ou estético
também deve ser levado em consideração. Tal impacto é de certa complexidade, pois inclui muitas variáveis e,
acima de tudo depende de apreciações subjetivas.
Apesar disso, o traçado definido para a LT no município de Guarujá não contribui para a
degradação da paisagem local, haja vista restringir-se a porções relativamente pouco ocupadas do município,
distante dos núcleos populacionais mais próximos, sem interceptar qualquer patrimônio histórico ou cultural.
Além disso, já se relatou a existência de outra linha de transmissão que margeia a Rodovia Cônego Domenico
Rangoni a partir da Subestação de Energia Vicente de Carvalho da ISA – CTEEP. Desse modo, o impacto
cênico da nova LT não será significativo, uma vez que já existe uma estrutura similar nas suas proximidades.
9.4.2. Proposta de medidas mitigadoras
Licenciamento ambiental e anuência dos órgãos competentes
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O presente item não corresponde verdadeiramente a uma medida mitigadora, uma vez que o
licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento ou atividade
potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente. O mesmo pode-se dizer da anuência do Conselho
Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional – CMDUH domunicípio quanto à implantação do
empreendimento em Zona Especial de Interesse Turístico. Contudo, dentro do licenciamento ambiental e da
análise de cada um dos órgãos competentes estarão embutidas medidas mitigadoras e compensatórias
específicas que respaldarão a análise e manifestação do Poder Público Municipal complementarmente ao
presente EIV. Assim, após obtenção das licenças, autorizações, pareceres e anuências de cada um dos órgãos
envolvidos, cópia desses documentos serão prontamente encaminhadas à Prefeitura Municipal local.
Programa de controle da supressão vegetal
Com a necessidade de retirada da vegetação, há que se garantir que a atividade de supressão
tenha total segurança, atenda à legislação e normas vigentes, que não se desmatem as áreas desnecessárias
e que o material lenhoso resultante seja quantificado e destinado de forma ambientalmente correta.
Nesse viés, todas as atividades de supressão atenderão as normas brasileiras e somente se
darão após emissão de Autorização para Supressão de Vegetação (ASV) emitida pelo órgão ambiental
competente. Antes do início do corte, haverá uma etapa de planejamento e atividades pré-supressão, depois
serão executados os procedimentos gerais preliminares, verificada a segurança do trabalho e finalmente
ocorrerá a retirada e destinação/utilização da madeira.
Programa de recuperação de áreas degradadas
A instalação da LT acontecerá por meio de uma série de etapas que resultam na modificação da
paisagem, com destaque para a abertura de novos acessos, abertura das praças de montagem das torres e
lançamento dos cabos, as quais implicarão, em algumas situações, a remoção da vegetação e movimentação
de solo. Dessa forma, serão estabelecidos procedimentos a serem adotados nos ambientes degradados ou
alterados pelas obras, por meio de técnicas de drenagem, de contenção do solo, plantio de árvores e outras
espécies vegetais, dentre outras técnicas – que atuarão isolada ou conjuntamente (a depender da condição da
área a ser recuperada).
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Programa de reposição florestal
Em compensação das áreas que sofrerão supressão de vegetação será efetuado o plantio de
espécies vegetais da região, mediante assinatura de termo de compromisso com o órgão ambiental licenciador.
A reposição florestal pode ser feita por duas maneiras, sendo a primeira a reposição através de
recursos próprios, com a aprovação do projeto de recomposição pela secretaria do meio ambiente, de forma a
permitir o plantio em novas áreas, em terras próprias ou pertencentes a terceiros, e a segunda o pagamento de
um valor-árvore a uma associação de reposição florestal credenciada na Secretaria de Meio Ambiente.
O cálculo da reposição será feito sobre o volume dos produtos e subprodutos florestais
suprimidos, em quantidade nunca inferior à da supressão efetuada, de acordo com as características de cada
caso, a serem estabelecidas, através de portaria, pelo órgão responsável da Secretaria do Meio Ambiente,
conforme Artigo 2º, da Lei 10.780/2001. A vegetação suprimida ou autorizada será avaliada considerando a
área da supressão e não o número de indivíduos cortados (Resolução SMA nº 70/2014).
Programa de coleta de germoplasma e resgate de epífitas
Germoplasma são partes de plantas que conservam as características genéticas, que podem ser
utilizadas no futuro para reproduzi-las, sendo o mais comum a semente, mas também mudas, raízes, caules e
bulbos. Por sua vez, epífitas são plantas que vivem sobre outras plantas, e nem sempre são parasitas.
O Programa de coleta de germoplasma e resgate de epífitas objetiva mitigar a perda da
diversidade da flora e o impacto sobre as espécies constantes em algum status de ameaça em decorrência da
supressão florestal necessária à instalação da LT. Além de compensá-la por meio da coleta de germoplasma
das espécies arbóreas e arbustivas de interesse para conservação, também ocorrerá o resgate das plantas
epífitas, sobretudo bromélias, orquídeas e cactáceas.
Adicionalmente, este programa é de fundamental importância para o Programa de Recuperação
de Áreas Degradadas e/ou Alteradas e de Reposição Florestal, uma vez que a coleta ou resgate de
germoplasma representa uma importante etapa na produção de mudas florestais.
Programa de afugentamento e resgate de fauna
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As Linhas de Transmissão são empreendimentos lineares cuja construção poderá envolver a
retirada da vegetação, locais estes que servem de abrigo para os animais. Nesta fase, devido à intensa
movimentação de pessoas e maquinários, os animais, em alguns casos, saem destas áreas em busca de
outras. Nesses deslocamentos podem ocorrer atropelamentos e a caça.
Para assegurar a integridade da fauna local durante a fase de obras, todas as atividades serão
acompanhadas de perto por biólogos e especialistas que irão direcionar a fuga dos animais para áreas
seguras. Em casos onde a integridade física dos animais esteja ameaçada ocorrerá a captura, por meio de
técnicas específicas, e posterior soltura deste em área preservada – o mesmo ocorrerá quando o animal
apresentar algum risco às pessoas. Animais que por ventura sofram algum ferimento pelas atividades das
obras serão atendidos pela equipe em campo ou clinica veterinária, para posterior soltura em área similar a de
origem.
Programa de monitoramento, resgate e guarda do patrimônio histórico e arqueológico
Após as atividades de prospecção, que buscam a identificação dos sítios arqueológicos na área
de estudo, e eventual resgate do patrimônio arqueológico evidenciado nas áreas de intervenção do
empreendimento, o referido programa contempla as medidas de prevenção para a conservação deste
patrimônio, na forma da execução de duas frentes principais de atuação: Monitoramento Arqueológico e
Educação Patrimonial.
O Monitoramento Arqueológico será desenvolvido nos locais onde é inviável a adoção de medidas
preventivas, como locais inundados, uma vez que não é possível a observação da superfície do terreno nem o
acesso às camadas de solo eventualmente preservadas.
Concomitantemente, propõe-se desenvolver ações educativas com foco na pesquisa arqueológica
e no patrimônio arqueológico identificado durante as atividades de prospecção arqueológica visando difundir a
importância da herança cultural local e sensibilizar os funcionários envolvidos, contribuindo na formação de
agentes corresponsáveis na preservação do patrimônio cultural.
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9.5. Equipamentos urbanos e comunitários
9.5.1. Impactos ambientais
Conforme diagnóstico apresentado, a vizinhança do empreendimento é predominantemente
coberta por vegetação natural ou propriedades de uso rural. Tratando-se de área não urbanizada, não existem
equipamentos urbanos e comunitários na área de influência do empreendimento.
Mesmo se considerarmos os equipamentos urbanos e comunitários dos bairros mais próximos, a
temporalidade da fase de implantação do empreendimento e a contratação de mão de obra local, pressupõem
pouca capacidade de sobrecarga desses equipamentos.
Ainda assim, coma finalidade de minimizar possíveis impactos aos equipamentos públicos de
saúde, são propostas as medidas a seguir:
9.5.2. Proposta de medidas mitigadoras
Instalação e manutenção de enfermaria no canteiro de obras
O canteiro de obras instalado no município de Guarujá contará com enfermaria própria,
contemplando técnicos em enfermagem em sua equipe de profissionais, além de apoio de ambulância para
atendimentos básicos, resgate e transporte de necessitados, objetivando mitigar os impactos nos
equipamentos públicos de saúde nas comunidades próximas à LT. Esta proposta é de suma importância, tendo
em vista que em certo período da implantação haverá um número considerável de colaboradores e a ausência
de tal medida poderia ocasionar uma sobrecarga sobre o sistema de serviço de saúde próximo à região.
Programa de educação ambiental e segurança para os trabalhadores da obra
A proposta do Programa é desenvolver atividades que contribuam para que os trabalhadores
tenham capacidade de avaliar as implicações de suas atitudes e procedimentos em termos de possíveis danos
e riscos ambientais e tecnológicos sobre os meios físico, biológico e social considerando nesta última
perspectiva as questões de saúde, segurança e os aspectos socioculturais.
As primeiras atividades de capacitação em educação ambiental e segurança do trabalho serão
realizadas no treinamento/integração na fase de contratação e se tornarão contínuas. Os temas das oficinas
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estarão associados aos trabalhos em execução e com as equipes envolvidas nessas atividades, executando-se
as palestras alinhadas ao cotidiano de trabalho da mão de obra mobilizada. Desta forma serão realizadas
oficinas de qualificação que deverão contemplar a caracterização do meio ambiente físico, biótico e antrópico
local, a apresentação dos impactos e as formas de minimizá-los.
As oficinas referentes às informações de segurança ocorrerão separadamente, com temas
específicos, tais como uso de Equipamento de Proteção Individual (EPIs), risco de acidentes de trabalho, entre
outros.
9.6. Sistemas de circulação e transporte
9.6.1. Impactos ambientais
Considerando a necessidade de deslocamento de material e mão de obra para as praças de
montagem ao longo do traçado da LT e no ponto onde será construída a subestação, crê-se que o sistema de
circulação e transporte local sofrerá impactos adversos durante a fase de implantação do empreendimento.
Dentre os impactos mais significativos destaca-se o aumento do tráfego de veículos leves e pesados na
Rodovia Cônego Domênico Rangoni e nas vias de acesso próximo ao bairro de Morrinhos, o aumento do risco
de acidentes e a deterioração do sistema rodoviário local. Há que se ressaltar, contudo, que esse incremento
no tráfego é temporário, cessando completamente após a instalação da subestação e linha de transmissão.
Por fim, o impacto sobre o sistema público de transporte será pouco significativo, considerando a
contratação de mão de obra local e a proposta de transporte privado para os trabalhadores até a obra.
9.6.2. Proposta de medidas mitigadoras
Transporte privado dos trabalhadores até a obra
Para o deslocamento dos funcionários até a frente de obra, minimizando assim uma eventual
saturação dos transportes públicos municipais e intermunicipais, o empreendedor disponibilizará veículos para
transporte, quais sejam:
Ônibus (02 unidades);
Caminhonete (06 unidades);
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Toyota com capacidade para 10 pessoas (08 unidades);
Caminhões com cabines especiais (04 unidades).
Para o transporte dos materiais necessários para as atividades de implantação do
empreendimento está prevista a utilização de caminhões com carroceria aberta e basculantes, caminhões
betoneira e caminhões com guindauto, realizando em média duas viagens diárias para as áreas de
implantação. Os veículos utilizados para o transporte dos equipamentos serão utilizados nas seguintes
quantidades:
Caminhões de carroceria aberta (04 unidades);
Caminhões basculantes (04 unidades);
Caminhões betoneiras (04 unidades);
Caminhões guindauto (03 unidades).
Com base neste quantitativo de veículos apresentado, estima-se a realização de
aproximadamente 35 (trinta e cinco) viagens de ida e volta diariamente.
Programa de controle de tráfego
Este programa tem por objetivo regulamentar a movimentação de veículos e transporte de cargas
na área de influência da LT, tendo em vista a intensificação desta movimentação e a necessidade de garantir a
segurança da população residente no entorno.
Para todas as vias de acesso utilizadas pelo empreendimento, haverá uma equipe técnica que
vistoriará as condições das mesmas. Todas as vias serão periodicamente monitoradas e serão verificadas as
não conformidades e os locais de riscos de acidentes, assim, medidas preventivas serão tomadas sempre que
necessário. As vias serão ainda sinalizadas com a finalidade de minimizar as interrupções de trânsito, facilitar a
localização das estruturas durante a construção da LT, facilitar a identificação de acessos, bem como alertar
sobre a segurança, sempre atendendo aos padrões do Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN.
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9.7. Poluição Sonora, Atmosférica e Hídrica
9.7.1. Impactos ambientais
Pode-se entender por poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que
direta ou indiretamente resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a
mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. A Lei Federal n° 6.938/81 define, em seu art. 3,
inciso III dispõe:
“poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”.
Segundo o Art. 4° do Decreto Estadual n°. 39.551 de 1994:
“São consideradas fontes de poluição todas as obras, atividades, instalações, empreendimentos, processos, dispositivos, móveis ou imóveis, ou meios de transportes que, direta ou indiretamente, causem ou possa causar poluição ao meio ambiente.”
Desta forma, foram estabelecidos como fontes poluidoras durante a fase de implantação e
operação, todos automóveis e maquinários movidos a combustível.
No que tange aos poluentes atmosféricos, os principais compostos que poderão concentrar-se na
atmosfera são: o gás Dióxido de Carbono (CO); o Óxido de Nitrogênio (NO); e o Dióxido de Enxofre (SO2).
Outro fator a ser consideradoé a suspensão de material particulado oriundo principalmente da movimentação
de automóveis nas vias de circulação não pavimentadas.
Contudo, considerando que a maior parte do empreendimento será instalado em áreas não
ocupadas, e que o maior esforço construtivo dar-se-á pontualmente nas áreas das torres e na área da
subestação, depreende-se que a qualidade do ar não será alterada de forma significativa a ponto de provocar
incômodo nos núcleos populacionais mais próximos ao empreendimento, como no bairro de Morrinhos. Assim,
considerando a magnitude e temporalidade desses impactos, a implantação do empreendimento não alterará
expressivamente a qualidade do ar atmosférico em virtude da baixa intensidade de poluentes que será emitido,
contribuindo somente com a concentração destes na atmosfera de maneira difusa.
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No que tange à poluição sonora, prevê-se que a etapa de maior perturbação também será a fase
de instalação do empreendimento. As fontes de ruídos se restringirão a maquinários pesados, sendo esses:
escavadeira, tratores, caminhões, entre outros e maquinários leves, tais como: furadeiras, betoneiras,
britadeiras, etc. Destaca-se ainda que os ruídos provenientes do Efeito Corona na linha de transmissão são
considerados pouco representativos, uma vez que se restringem ao limite das faixas de servidão. Mais uma
vez se destaca que a maior parte do traçado da LT passa a grandes distâncias dos núcleos populacionais mais
próximos, o que direciona a questão da poluição sonora muito mais aos trabalhadores da obra do que à
população residente no entorno.
Quanto à poluição hídrica, o plano diretor a define como “descarte de efluentes líquidos que
alterem a qualidade da rede hidrográfica ou a integridade do sistema coletor de esgotos ou poluição do lençol
freático”.
A geração de efluentes líquidos provenientes das atividades das frentes e canteiros de obras bem
como da operação da subestação, as quais possuem grande potencial poluidor para o meio ambiente, devem
receber tratamento e destinação adequada. O correto gerenciamento dos esgotos, tanto domésticos quanto os
que apresentam características industriais, se faz necessário para evitar que sejam contaminados os solos e as
águas que se encontram inseridos nas áreas de influência da LT.
9.7.2. Proposta de medidas mitigadoras
Programa de controle da poluição
O presente programa tem por objetivo criar procedimentos para impedir e/ou minimizar atividades
potencialmente poluidoras relacionadas às obras de instalação da LT. Dentre os subprogramas abrangidos
pelo Programa de Controle da Poluição, destacam-se para o impacto de poluição sonora, atmosférica e hídrica:
Subprograma de controle de emissões atmosféricas
Para evitar esse tipo de poluição e a formação de poeira, as vias de acesso não pavimentadas
serão umectadas periodicamente. Também será feita a regulagem dos motores de veículos para evitar a
emissão de poluentes pelos escapamentos, bem como monitoramento da emissão de gases através da Escala
de Ringelmann para controle de fumaça preta. Os parâmetros dispostos no Decreto Estadual 59.113/13 que
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“estabelece novos padrões de qualidade do ar e dá providências correlatas” serão utilizados como referência
de qualidade.
Essas ações serão preventivas e, sempre que for detectada a ocorrência de não conformidade,
serão iniciados procedimentos para sua minimização.
Subprograma de controle de ruídos
Na fase de operação do empreendimento, as fontes de emissão de nível sonoro serão restringidas
aos automóveis e veículos de carga. Os níveis de ruído deverão seguir a tabela 1 do Nível de Critério de
Avaliação da NBR 10.151, sendo considerados prejudiciais à saúde, à segurança e ao sossego do público,
aqueles níveis de ruído que excedam tal parâmetro. Para tal, será realizada manutenção preventiva de
veículos e equipamentos e os trabalhos que emitem ruído serão restritos entre às 8h00 e 18h00. Para o seu
controle serão estabelecidos pontos de medição, que deverão verificar se os ruídos estão dentro dos limites
estabelecidos pela norma e, ao se detectar níveis acima do permitido, providências de redução deverão ser
aplicadas.
Considerando que os problemas dos níveis excessivos de ruído estão incluídos entre os sujeitos
ao controle da poluição do meio ambiente e considerando a saúde e o bem estar dos funcionários da obra e
dos moradores da vizinhança, além de buscar a conformidade com a legislação vigente, prevista pelo Conselho
Nacional de Trânsito, para os funcionários da obra será fornecido e monitorado o uso de equipamento de
proteção individual (EPI).
Subprograma de Gerenciamento de Efluentes
Para o correto gerenciamento dos efluentes líquidos, serão instaladas fossas sépticas, filtros
anaeróbios e sumidouros nos canteiros de obras. Os locais onde são realizadas as manutenções e lavagem de
veículos e equipamentos serão impermeabilizados, com canaletas de contenção e caixas separadoras de
água/óleo. O manuseio e tratamento do cimento e aditivos do concreto serão tratados em estações específicas.
As frentes de obra contarão com banheiros químicos cujo efluente armazenado será destinado de forma
ambientalmente adequada.
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9.8. Vibração
9.8.1. Impactos ambientais
Ar, solo e água são condutores naturais de vibrações originadas por máquinas utilizadas pelas
atividades humanas, as quais podem interferir no conforto humano e estabilidade das construções já
consolidadas. As vibrações usualmente estão associadas às maquinas rotativas, aos propulsores e aos
escoamentos. Podem-se citar como exemplo, os geradores de energia, compressores de ar, bombas rotativas,
sistemas de refrigeração e meios de transporte em geral. Tais equipamentos, mesmo que munidos de
suspensões adequadas ou caixas envoltórias, sempre apresentam alguma vibração (mesmo que residual)
originada pela operação normal que pode ser amplificada ao longo da vida útil.
9.8.2. Proposta de medidas mitigadoras
Na ausência de impactos negativos significativos sobre a vizinhança, nenhuma medida mitigadora
será necessária. Contudo, a empresa deve atender as normas técnicas brasileiras vigentes, como exemplo a
NR-15, de forma resguardar a integridade física dos trabalhadores da obra.
9.9. Periculosidade
9.9.1. Impactos ambientais
De acordo com a Lei 6.514 de 22 de dezembro de 1977, art. 193 “São consideradas atividades ou
operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua
natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em
condições de risco acentuado [...]”.
Para o empreendimento em questão foram observadas atividades com grau de periculosidade
somente durante a fase de implantação, onde haverá equipes de soldagem e depósitos de produtos
inflamáveis.
Cabe ressaltar que embora a eletricidade não seja considerada como um fator de periculosidade,
a mesma apresenta riscos que podem ser agravados pela falta de informação e pelo despreparo. Em toda
extensão da área haverá torres de transmissão de energia de alta voltagem com cabeamentos aéreos e ao
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final será implantada uma subestação de energia elétrica de abastecimento contendo componentes como
transformadores de potência, transformadores de correntes, para raios, disjuntores, seccionadoras, painéis de
comandos, reles, protetores de surtos, contatores, cubículos de neutros, cubículos de médias, barramentos,
cabos entre outros componentes. Tais áreas e equipamentos deverão obedecer a todas as diretrizes de
segurança e controle a emergências disposta em legislação especifica.
Norteando-se pelas informações prestadas pelo empreendedor sobre suas atividades e
comparativos às legislações pertinentes, concluímos que o empreendimento apresenta pequeno nível de
periculosidade somente em sua fase inicial, porém, devem ser tomadas todas as medidas cabíveis ao controle
e/ou eliminação total dos riscos.
9.9.2. Proposta de medidas mitigadoras
Programa de treinamento em segurança para os trabalhadores da obra
Como medidas mitigadoras para possíveis acidentes, serão realizadas atividades de capacitação
e treinamento na fase de contratação dos colaboradores. As atividades devem abordar temas como o uso de
Equipamento de Proteção Individual (EPI´s), risco de acidentes de trabalho, procedimentos em emergência,
entre outros. Além de tais atividades, deverá haver profissionais especializados durante a implantação obra
para assegurar o correto procedimento de trabalho dos colaboradores.
9.10. Geração de Resíduos Sólidos
9.10.1. Impactos ambientais
Durante a fase de implantação do empreendimento serão gerados resíduos sólidos, dentre os
quais se destacam o material proveniente das atividades cotidianas dos trabalhadores, necessidades
fisiológicas, resíduos da construção civil, restos de materiais e embalagens utilizados na obra. Estes resíduos
poderão ser gerados durante as atividades de transporte e movimentação de equipamentos e veículos, bem
como na implantação e operação do canteiro de obra e frentes de trabalho.
A realização das atividades sem o correto gerenciamento dos resíduos sólidos representa um
risco para o ambiente onde ocorrerá a obra. A natureza do resíduo sólido também influencia neste impacto.
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Seguindo as diretrizes da norma ABNT NBR 10.004:2004, entende-se que para a degradação da qualidade
das águas, superficiais e subterrâneas, assim como a qualidade do solo, os resíduos da classe I (perigosos)
são os que apresentam maior relevância devido ao seu elevado potencial para a geração de impactos
negativos quando não gerenciados corretamente. No entanto, os resíduos da classe II (não perigosos), tanto
na categoria “a” (não inertes) quanto “b” (inertes) devem ser gerenciados com igual importância, pois mesmo
tendo seu potencial de degradação significativamente menor, são usualmente gerados em grandes
quantidades, representando um risco para a qualidade dos corpos hídricos e do solo.
Já ao que se refere do período de operação da subestação a geração dos resíduos será
proveniente de duas fontes principais: a primeira diz respeito às atividades de manutenção dos equipamentos
utilizados e a segunda referente a serviços administrativos e de apoio, tais como limpeza, alimentação da força
de trabalho e manutenção predial. Da mesma forma que para a implantação, os resíduos gerados na fase de
operação deverão ser geridos de forma a eliminar os possíveis impactos ambientais associados.
9.10.2. Proposta de medidas mitigadoras
Subprograma de gerenciamento de resíduos sólidos
Este subprograma é parte integrante do Programa de Controle da Poluição, indicado
anteriormente no presente documento. Através deste subprograma, os resíduos sólidos serão armazenados
em locais, contêineres ou recipientes adequados para cada tipologia.
O gerenciamento dos resíduos sólidos deve ser diferenciado para cada classe distinta, adotando
como parâmetros para a classificação dos mesmos a norma ABNT NBR 10.004:04, para os resíduos comuns e
perigosos, Resolução CONAMA no 307/2002 (considerando as legislações complementares), para os resíduos
da construção civil (em especial para a fase de implantação), e a norma ABNT NBR 12.808:93, para os
resíduos de serviço de saúde. Todas as ações tomadas no âmbito dos resíduos sólidos devem considerar as
disposições da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei no 12.305/2010, bem como as
legislações estaduais e municipais aplicáveis.
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9.11. Riscos Ambientais
9.11.1. Impactos ambientais
Todo e qualquer processo de implantação e funcionamento de uma subestação e das linhas de
transmissão produz impactos positivos e/ou negativos em seu entorno, os quais variam de acordo com as
atividades, os aspectos analisados e as características do meio.
Os riscos ambientais são capazes de causar danos à saúde e à integridade física do trabalhador
devido a sua natureza, concentração, intensidade, suscetibilidade e tempo de exposição. Os riscos ambientais
ou profissionais estão divididos em cinco gruposprincipais:
A. Riscos Físicos
Os riscos físicos são efeitos gerados por máquinas, equipamentos e condições físicas
características do local de trabalho, que podem causar prejuízos à saúde do trabalhador.
B. Riscos Químicos
Estes riscos são representados pelas substâncias químicas que se encontram nas formas líquida,
sólida e gasosa. Quando absorvidos pelo organismo, podem produzir reações tóxicas e danos à saúde. Há três
vias de penetração no organismo:
- Via respiratória: inalação pelas vias aéreas
- Via cutânea: absorção pela pele
- Via digestiva: ingestão.
C. Riscos Biológicos
Os riscos biológicos são causados por microrganismos invisíveis a olho nu, como bactérias,
fungos, vírus, bacilos e outros, sendo capazes de desencadear doenças devido à contaminação e pela própria
natureza do trabalho.
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D. Riscos Ergonômicos
Estes riscos são contrários às técnicas de ergonomia, que propõem que os ambientes de trabalho
se adaptem ao homem, propiciando bem estar físico e psicológico. Os riscos ergonômicos estão ligados
também a fatores externos – do ambiente – e a fatores internos – do plano emocional. Em síntese: ocorrem
quando há disfunção entre o indivíduo, seu posto de trabalho e seus equipamentos.
E. Riscos de Acidentes
Riscos de acidentes ocorrem em função das condições físicas – de ambiente físico e do processo
de trabalho – e tecnológicas impróprias, capazes de provocar lesões à integridade física do trabalhador.
Diante do exposto, ainda que tais riscos possam afetar os trabalhadores durante a fase de
implantação ou operação do empreendimento, conclui-se queo mesmo não deverá gerar impactos negativos à
vizinhança devido à sua natureza e distância dos núcleos habitacionais.
9.11.2. Proposta de medidas mitigadoras
Na ausência de impactos negativos significativos sobre a vizinhança, nenhuma medida mitigadora
será necessária. Contudo, a empresa deve atender as normas técnicas brasileiras vigentes, bem como os
procedimentos de segurança de trabalho, de forma resguardar a integridade física dos trabalhadores da obra.
9.12. Impactos socioeconômicos na população residente ou atuante no entorno
9.12.1. Impactos ambientais
Com base no cadastramento das propriedades interceptadas pela LT, depreende-se que na maior
parte dos imóveis afetados diretamente pelo empreendimento não são exercidas atividades econômicas.
Contudo, já se destacou as restrições de usos do solo decorrentes do estabelecimento da faixa de servidão e
sua provável desvalorização imobiliária, impactos que serão adequadamente mitigados por meio do Programa
de Indenização e Relocação de Terras e Benfeitorias.
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Com relação atividade retroportuária – atividade atualmenteexistente fora da área de vizinhança,
porém próxima do empreendimento – não serão percebidos impactos significativos, dada a distância e a
inexistência de relação direta entre o empreendimento e essa atividade. Cabe mencionar novamente a
realização da alteração do traçado, conforme solicitação da Prefeitura Municipal de Guarujá, buscando a
compatibilização do empreendimento com o projeto de desenvolvimento econômico do município previsto para
o trecho da zona retroportuária e industrial (ZRI – Lei Complementar nº 156, de 17 de dezembro de 2013)
anteriormente transposto pelo traçado inicial.
De todo o exposto, conclui-se que a implantação e a operação do empreendimento em questão
não causarão impactos socioeconômicos negativos significativos sobre a população na vizinhança do
empreendimento.
Com relação aos impactos positivos da instalação do empreendimento, ressalta-se que haverá
geração de novos empregos, ainda que temporários (com exceção dos operadores da SE Domênico Rangoni),
uma vez que a mão de obra será recrutada predominantemente nos municípios afetados pela linha de
transmissão.
Outro impacto positivo se relaciona à possibilidade de acolhimento de novos investimentos para o
litoral paulista, possibilitados pela ampliação do fornecimento de energia elétrica na região. Tais investimentos,
como por exemplo, a exploração de petróleo e gás da bacia de Santos, a expansão portuária de Santos e São
Sebastião, o desenvolvimento da indústria naval e a ampliação e modernização do polo industrial de Cubatão,
assim como os novos investimentos associados à vocação turística que vêm gerando crescimento urbano e o
surgimento da expansão de diversas atividades no setor de serviços, com destaque para as áreas de
alimentação e de hospedagem, se beneficiarão diretamente com a instalação da LT 345 kV CD – Domênico
Rangoni – Seccionamento Tijuco Preto – Baixada Santista e Subestação Domênico Rangoni.
9.12.2. Proposta de medidas mitigadoras
Programa de comunicação e interação social
As ações de comunicação e interação social deste programa têm como base as diretrizes da
responsabilidade socioambiental do empreendedor com as comunidades localizadas nas áreas de influência
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das LTs. Seu objetivo é estabelecer um canal de comunicação contínuo entre o empreendedor e a população
envolvida no processo, de forma a facilitar o diálogo entre as partes, esclarecendo sobre os impactos diretos
sentidos pelas comunidades, bem como motivar e possibilitar a participação da sociedade nas fases de
instalação e operação da LT.
Serão estabelecidas estratégias que facilitem o contato entre a população e o empreendedor,
onde serão realizadas reuniões com lideranças em todas as comunidades afetadas na vizinhança, elaboração
e distribuição de materiais de divulgação com informações sobre o empreendimento e as atividades
desenvolvidas nas obras, entre outras. O Programa também prevê a disponibilização e divulgação de telefones
da Ouvidoria, seja para reclamar ou para tirar dúvidas.
Nesse aspecto, os procedimentos de indenização primarão sempre pela transparência e diálogo
com a população atingida na busca por resoluções que satisfaçam às partes interessadas. Com isso, o
estabelecimento da faixa de servidão terá como foco a minimização das interferências à população atingida,
adotando normas e critérios justos e transparentes, considerando os impactos do empreendimento sobre
atividades produtivas, benfeitorias e residências.
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Tabela 4. Matriz de Impactos relacionados à implantação da Linha de Transmissão
COMPONENTES AMBIENTAIS AVALIADOS
IMPACTOS AVALIADOS
Natureza Ordem Magnitude Duração
Po
sit
ivo
Neg
ati
vo
Não
ex
pre
ss
ivo
Dir
eta
Ind
ireta
Alt
a
Baix
a
Mé
dia
Pe
rma
ne
nte
Te
mp
orá
rio
ADENSAMENTO POPULACIONAL
Adensamento gerado/induzido
X
Deslocamento populacional X
Alteração da densidade populacional do entorno imediato X
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
Compatibilidade com usos do entorno X X X X
Impermeabilização dos solos X
X X X
Compatibilidade com o zoneamento urbano do município X X X X
Induzimento a ocupações irregulares
X
DESVALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA Restrições ao uso da propriedade X X X X
Desvalorização imobiliária X X X
X
ÁREAS DE INTERESSE HISTÓRICO, CULTURAL PAISAGÍSTICO E AMBIETAL
Supressão de vegetação em áreas protegidas X X X X
Afugentamento da fauna X X X X
Instalação de estruturas em área protegida X
EQUIPAMENTOS URBANOS Sobrecarga dos equipamentos urbanos X
X X X
EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS Sobrecarga dos equipamentos comunitários X
X X X
SISTEMA DE CIRCULAÇÃO E TRANSPORTE
Degradação das condições das vias X
X
X
X
Aumento do tráfego de veículos X
X
X
X
Sobrecarga do transporte público
X
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EIV/RIV LT 345 kV CD – Domênico Rangoni – Seccionamento Tijuco
Preto – Baixada Santista e Subestação Domênico Rangoni
COMPONENTES AMBIENTAIS AVALIADOS
IMPACTOS AVALIADOS
Natureza Ordem Magnitude Duração
Po
sit
ivo
Neg
ati
vo
Não
ex
pre
ss
ivo
Dir
eta
Ind
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Alt
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Baix
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Mé
dia
Pe
rma
ne
nte
Te
mp
orá
rio
POLUIÇÃO SONORA E ATMOSFÉRICA
Geração de ruído X X X X
Contaminação do ar X X X X
VIBRAÇÂO Desconforto Humano
X
PERICULOSIDADE Acidentes de trabalho
X
X
X
X
GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS Contaminação do solo X X X X
Contaminação da água X X X X
RISCOS AMBIENTAIS Riscos de acidentes à vizinhança
X
X
X
X
IMPACTO SOCIOECONÔMICO NA POPULAÇÃO RESIDENTE OU
ATUANTE NO ENTORNO
Interferência nas atividades econômicas no entorno X
Estímulos a novos investimentos X X X X
Arrecadação tributária X X X X
Geração de empregos X X X X
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10. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De todo o exposto no presente Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV, depreende-se que a
instalação e operação do empreendimento Linha de Transmissão 345 kV CD – Domênico Rangoni –
Seccionamento Tijuco Preto – Baixada Santista e Subestação Domênico Rangoni no trecho previsto para o
município de Guarujá não resultará em impactos negativos significativos sobre sua vizinhança, na medida que
não interceptará grandes centros populacionais, restringindo-se a passar sobretudo por propriedades de
características rurais, fora da malha urbana do município, e estes podem ser mitigados/atenuados com a
execução das medidas acima propostas.
Conclui-se, por fim, que o empreendimento trará benefícios não somente ao município, mas à
região, e será instalado em área mais adequada às suas características, o que se consubstancia no seu
caráter de atividade de utilidade pública.
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11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1987.
MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa. Brasília: Editora Universidade de Brasília. 1999.
ROMANINI, A.; GELPI, A.; KALIL, R. M. L. Exclusão sócio-espacial e articulação comunitária. In: ENCONTRO
NACIONAL DA ANPUR, 12, 2007, Belém. Anais... Belém: ANPUR, 2007.
SAMPAIO, L. Estudo de impacto de vizinhança: sua pertinência e delimitação de sua abrangência em face de
outros estudos ambientais. Brasília: monografia de especialização em Direito Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável da Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável, 2005.
SANCHEZ, L.. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2006.
TONETTI, Emerson Luis. Potencialidades de adensamento populacional por verticalização das edificações e
qualidade ambiental urbana no município de Paranaguá, Paraná, Brasil. Tese de doutorado em Geografia.
Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2011.
TRIVINÕS, Augusto N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação: 1.ed.
São Paulo: Atlas, 1987.
CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELO. Curso de Direito Administrativo, 19ª edição, Ed. Malheiros, 2005,
pág. 840.
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12. EQUIPE TÉCNICA
Função Nome Formação Registro ART
Supervisão Aline Schaefer Korbes Geógrafa, Ms. CREA/SC 86834-9
92221220151280897
Responsável Técnico
IvanilsonLescio Engo. Ambiental 5062461922/D 92221220150802655
Colaboradores
Bruno G. O. Siqueira Biólogo 056304/01-D -
Bruno de M. Almoinha Biólogo 097429/01-D -
Eduardo Pereira Maes Engº. Ambiental CREA/SC 127943-9
-
Gabriela Novais Rocha Biólogo 093015/04-D -
Marco Aurélio Pisciottano Biólogo 79701/01-D -
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13. ANEXOS
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ANEXO 1 MAPA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO
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ANEXO 2 MAPA COBERTURA E USO DO SOLO
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ANEXO 3 MAPA ORDENAMENTO DO USO DO SOLO
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ANEXO 4 ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA (ART)