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DICA, n.4, ano 3 ESTUDO DO PROCESSO DE FORMAÇÃO DO MENOR APRENDIZ NAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS E SUA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO Jovita Mercedes Hojas Baenas - Faculdade de Agudos - FAAG Regina Paula Baena - Faculdade de Agudos - FAAG RESUMO O presente trabalho relata a problemática existente quanto à inserção do menor aprendiz no mercado de trabalho. Procura mostrar o papel das instituições sociais no desenvolvimento de aptidões para eles possam enfrentar o mercado de trabalho, oportunizando o crescimento profissional desses jovens. Através de uma pesquisa descritiva exploratória na cidade de Bauru (SP), foi possível evidenciar como é tratado o assunto no âmbito empresarial. Embora exista todo esforço das entidades sociais para alocar os menores no lugar certo, na hora certa e na empresa certa, muitas empresas ao receberem os menores não os qualificam como indivíduos capazes de desempenhar determinadas funções. Delega funções-meio, de pouca relevância, o que desfavorece o crescimento e motivação do aprendiz. Com o trabalho pode-se evidenciar que muitas organizações tratam o jovem aprendiz apenas como um estudante que poderá ser substituído, no próximo semestre. PALAVRAS CHAVE: aprendiz; trabalho; aprendizagem; organização. ABSTRACT This paper describes the existing problem with the insertion of the apprentice in the labor market. Seeks to show the role of social institutions in developing skills to meet the labor market, providing opportunities for professional growth of these young people. Through descriptive exploratory survey in the city of Bauru (SP), we show how the subject is treated by the labor market. Although there is every effort of the social entities to allocate the lowest in the right place at the right time and the right company, many companies to receive payment does not quality them as individuals capable of performing certain functions. Delegates way function, of little relevance which discourages the growth and learning of the subject. With the work may become clear that many organizations treat the young apprentice just like a student who may be replaced in the next semester. KEYWORDS: apprentice; work; learning; organization

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DICA, n.4, ano 3

ESTUDO DO PROCESSO DE FORMAÇÃO DO MENOR APRENDIZ NAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS E SUA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO

Jovita Mercedes Hojas Baenas - Faculdade de Agudos - FAAG

Regina Paula Baena - Faculdade de Agudos - FAAG

RESUMO

O presente trabalho relata a problemática existente quanto à inserção do menor aprendiz no mercado de trabalho. Procura mostrar o papel das instituições sociais no desenvolvimento de aptidões para eles possam enfrentar o mercado de trabalho, oportunizando o crescimento profissional desses jovens. Através de uma pesquisa descritiva exploratória na cidade de Bauru (SP), foi possível evidenciar como é tratado o assunto no âmbito empresarial. Embora exista todo esforço das entidades sociais para alocar os menores no lugar certo, na hora certa e na empresa certa, muitas empresas ao receberem os menores não os qualificam como indivíduos capazes de desempenhar determinadas funções. Delega funções-meio, de pouca relevância, o que desfavorece o crescimento e motivação do aprendiz. Com o trabalho pode-se evidenciar que muitas organizações tratam o jovem aprendiz apenas como um estudante que poderá ser substituído, no próximo semestre.

PALAVRAS CHAVE: aprendiz; trabalho; aprendizagem; organização.

ABSTRACT

This paper describes the existing problem with the insertion of the apprentice in the labor market. Seeks to show the role of social institutions in developing skills to meet the labor market, providing opportunities for professional growth of these young people. Through descriptive exploratory survey in the city of Bauru (SP), we show how the subject is treated by the labor market. Although there is every effort of the social entities to allocate the lowest in the right place at the right time and the right company, many companies to receive payment does not quality them as individuals capable of performing certain functions. Delegates way function, of little relevance which discourages the growth and learning of the subject. With the work may become clear that many organizations treat the young apprentice just like a student who may be replaced in the next semester.

KEYWORDS: apprentice; work; learning; organization

DICA, n.4, ano 3

1 INTRODUÇÃO

As palavras organização

empresarial, tem dois sentidos estritos:

entidade social, conjunto de pessoas que

tem um objetivo único voltado a

interações interpessoais e outra como

sociedade organizacional onde estão

estabelecidas todas as

operacionalidades do processo

administrativo.

As premissas organizacionais

tem sentido distinto, conforme o

direcionamento de negócios, baseando-

se nessa premissa enfocou-se neste

trabalho o estudo das duas vertentes

organizacionais: como entidade social,

vinculada às interações sociais e no

ramo empresarial como fonte gestora do

lucro.

Na era da globalização, as

organizações se difundiram em várias

formas: modo de produção capitalista é o

resultado da somatória da evolução de

um processo histórico que se encontra

em ascensão desde os tempos da

Grécia antiga. Entende-se que a

globalização como processo evolutivo

das civilizações, sofreu diferentes

transformações conforme a realidade

social, política e econômica,

ultrapassando as margens do tempo,

chegando com ênfase na nossa

realidade.

A globalização do modo de

produção capitalista, assim como o

socialista, procurou atingir todos os

lugares do planeta. Nesse contexto

globalizado e competitivo da atualidade,

torna-se imperativo a necessidade de

inovar, buscando por melhores práticas

organizacionais e de aprendizado a fim

de gerir o conhecimento.

Assim, o conhecimento adquirido

é interagido na organização visando uma

conduta satisfatória para fortalecer a

cultura organizacional. A disseminação e

acumulação desse conhecimento torna-

se mais flexível com o desenvolvimento

de novas tecnologias.

A aprendizagem organizacional

tem sido cada vez mais discutida,

analisada e estudada, por meio dela

aprimora-se o desempenho das

organizações. Os programas de

aprendizagens são hoje umas das

principais ferramentas utilizadas pelas

empresas para absorção e

desenvolvimento de novos talentos.

Neste contexto, a instituição

busca retratar o estado de satisfação dos

aprendizes em relação a diversos itens,

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dentre os quais se podem mencionar:

seu trabalho, a empresa; a ele mesmo;

aos colegas de trabalho, às condições de

trabalho; à sua chefia/gerência, etc., bem

como visualizar e identificar o grau de

alinhamento entre a cultura definida pela

organização e as ações realizadas no

dia-a-dia.

Pretende-se com este trabalho

comprovar se a aprendizagem

desenvolvida nas instituições sociais, na

formação do menor aprendiz, é utilizada

pelas as organizações, sendo que o

problema de pesquisa consiste em

verificar se as organizações oportunizam

aos aprendizes o uso dos conhecimentos

recebidos nas instituições sociais.

Utilizou-se de uma pesquisa

exploratória para a constatação do

problema de pesquisa.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 O TRABALHO E AS ORGANIZAÇÕES

Para Cartes (2006), o trabalho é

uma necessidade natural e eterna da

raça humana, sem a qual o homem não

pode existir. Diferente dos animais

irracionais, que se adaptam

passivamente ao meio ambiente, o

homem atua sobre ele ativamente,

obtendo os bens materiais necessários

para sua existência com seu trabalho,

que inclui o isso e a fabricação de

instrumentos especiais. A sociedade não

escolhe estes instrumentos ao seu

arbítrio; cada nova geração recebe os

instrumentos de produção que foram

criados por gerações anteriores e que

ela usa, modifica e melhora.

Desde a fase do homem da pré-

história, passou-se a denominar formas

elementares de execução de atividades

laborais. Sucessivamente, com a

revolução industrial o que era um

trabalho manual começou a ser praticado

pelas máquinas nas manufaturas e

fábricas, tornando-se um fator de

produção ocasionando a expansão do

capitalismo.

O desenvolvimento da produção conduziu divisão do trabalho, daí, à apropriação privada da terra. A apropriação privada da terra, então o principal meio de produção, gerou a divisão dos homens em classes. Configuram-se, em conseqüência, duas classes sociais fundamentais: a classe dos proprietários e a dos não proprietários. Esse acontecimento é de suma importância na história da humanidade, tendo claros efeitos na própria compreensão ontológica do homem. O trabalho que define a essência humana. Isso significa que não é possível ao homem viver sem trabalhar. Já que o homem não tem sua existência garantida

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pela natureza, sem agir sobre ela, transformando-a e adequando-a as suas necessidades, o homem perece (BERGSON, 1979).

A mentalidade, a cultura e todos

os setores da vida são atingidos e

transformados, surgindo uma nova gama

de trabalhos, as profissões liberais são

transformadas e o setor de serviços

cresce.

Segundo Chiavenato (2000), a

organização é um sistema de atividades

conscientemente coordenadas de duas

ou mais pessoas. A cooperação entre

elas é essencial para a existência da

organização.

A organização como agente

empregador de mão de obra, somente

existe quando:

1. Há pessoas capazes

de se comunicarem;

2. Estão dispostas a

contribuir com ação

conjunta;

3. Buscam alcançarem

um objetivo comum.

Para Green (1999), organização

é um conjunto integrado de papéis,

baseados em conhecimento, tecnologia,

pessoas, estrutura, processos, clientes e

mercados buscando atingir objetivos

econômicos e sociais.

Portanto, a qualificação torna-se

necessária para o desenvolvimento

desses papéis ligado à produção e

reprodução da força do trabalho tendo

um papel fundamental na possibilidade

dos indivíduos adentrarem,

permanecerem ou serem excluídos do

processo produtivo.

2.2 A APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES

Para Piaget (1976) apud Bock e

Teixeira (1999), a aprendizagem é uma

aquisição humana que resulta da

organização de um aspecto interior

(assimilação-percepção) com um aspecto

exterior (acomodação-movimento-

aprendizagem).

O complexo processo da vivência

humana requer do homem constantes

mudanças, necessitando de novas

formas de aprendizagem, tornando-se

pessoas mais íntegras, mais capazes,

isso é o que dá o verdadeiro sentido à

vida.

As empresas apostam na gestão

do conhecimento, como forma de

conquista do mercado atuante,

promovendo uma amplitude do

DICA, n.4, ano 3

conhecimento através da aprendizagem

dos colaboradores, proporcionando a

qualidade de seus produtos e processos.

A gestão do conhecimento se aplica a todas as áreas do conhecimento da humanidade, sem distinção de importância para este ou aquele segmento, pois, de modo geral, elas são inter-relacionadas, seja em um espectro favorável, ou mesmo, às vezes frontalmente contra. O conhecimento é dinâmico, não para e, quando para, é somente para aqueles que morrem, para quem fica vivo, ele continua e se encontra em constante mudança (MORIN, 2001 apud CAVA,2006).

A aprendizagem organizacional

tem sido cada vez mais discutida,

analisada e estudada, por meio dela

aprimora-se o desempenho das

organizações. Sendo a aprendizagem um

processo contínuo e dinâmico, entende-

se que todos os ramos e essência da

organização estão diretamente ligados ao

processo de aprendizagem.

Com a aplicação dos

treinamentos os processos de educação

constituídos por um determinado número

de etapas levam as mudanças de

comportamento. Essas mudanças não

acontecem por acaso, são resultados de

um trabalho contínuo e persistente.

De modo que se mostra

importante identificar a carência dos

indivíduos e do grupo para a execução

das tarefas contribuindo com o

crescimento global da empresa e com o

desenvolvimento individual de cada

profissional.

Traçar o perfil dos principais

problemas, elaborando um diagnóstico

com proposta de intervenção e

identificando a fonte geradora de

treinamento. Favorecer a tomada de

decisão e direção dos programas de

treinamento focados em resultados.

De acordo com Macian (1987), o

levantamento de necessidades de

treinamento e desenvolvimento (LNTD)

faz um diagnostico da empresa de uma

forma geral e completa. É considerado

um instrumento de grande importância

por ser eficaz e conseguir educar o

profissional da organização, prevenindo

erros, mas para atingir esse resultado, é

preciso conhecer a organização (política

da empresa); os indivíduos (capacitação

profissional e o interesse) e o ambiente

(empresa na visão da população).

2.3 O MENOR APRENDIZ

Conforme o Estatuto da criança e

adolescente, perante a Lei n. 8.069 de 13

de julho de 1990, que é uma legislação

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voltada à proteção especial dos menores.

O art. 2º dessa norma considera criança

a pessoa que tem: de 0 a 12 anos

incompletos e adolescentes, de 12 a 18

anos de idade.

Os principais fundamentos da

proteção do trabalho da criança e do

adolescente são:

De ordem cultural; o menor deve

poder estudar e receber

instruções;

De ordem moral; o menor deve ser

proibido de trabalhar em locais

que prejudiquem sua moralidade;

De ordem fisiológica; o menor não

deve trabalhar em local insalubre,

penoso, perigoso, à noite, para

que possa se desenvolver de

maneira normal;

De ordem de segurança; o menor

deve ser resguardado com normas

de proteção, para que se evitem

acedentes de trabalho.

A Lei 10.097, define o Menor

Aprendiz como a os menores entre 14 e

18 anos incompletos, assegurando aos

jovens o direito de capacitar para o

ingresso no mercado de trabalho. Esta

legislação surgiu da necessidade de se

criar oportunidades de trabalho, uma vez

que o mercado está cada vez mais

seletivo, exigindo qualificação e

profissionalização de quem busca o

primeiro emprego.

A CLT – Consolidação das Leis do Trabalho em seu artigo 80 considera-se aprendizagem o contrato individual de trabalho realizado entre um empregador e um trabalhador maior de 14 anos e menor de 18 anos de idade, segundo o qual o menor, sob a dependência econômica do empregador e mediante salário, adquire o direito de ser submetido à formação profissional metódica de ofício ou ocupação, assumindo o compromisso de seguir o respectivo regime de aprendizagem (CARRION, 1998).

No que tange ao menor aprendiz, o estatuto da criança e adolescente em seu

artigo 68, estabelece que:

O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada. § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.

Conforme Carrion (1998), o artigo 428 da CLT estabelece sobre o contrato de trabalho, dos menores aprendizes, as seguintes condições:

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Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de quatorze e menor de dezoito anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação." ( Lei 11.180). "§ 1

o A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de

Trabalho e Previdência Social, matrícula e freqüência do aprendiz à escola, caso não haja concluído o ensino fundamental, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob a orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica." "§ 2

o Ao menor aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário

mínimo hora." "§ 3

o O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de dois

anos." "§ 4

o A formação técnico-profissional a que se refere o caput deste artigo

caracteriza-se por atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho.

A Lei 10.097, de 19 de dezembro

de 2000, consolida as disposições da

Constituição Brasileira, do Estatuto da

Criança e do Adolescente - ECA e altera

a Consolidação das Leis Trabalhistas -

CLT, de 1943, dando nova

regulamentação à aprendizagem. Essa

lei obriga todas as empresas de médio e

grande porte a contratar aprendizes em

número equivalente a 5% no mínimo e

15% no máximo do seu quadro de

funcionários, em funções que demandem

formação profissional.

Facilitar o ingresso do

adolescente no mundo do trabalho, como

meio de transformar a sua realidade

pessoal e social, é um dos grandes

desafios do nosso tempo. Mas não se

trata apenas de gerar empregos. Trata-se

de permitir a formação profissional do

adolescente, sem comprometer os seus

estudos e o seu desenvolvimento como

pessoa. Trata-se de permitir a geração

de renda, sem comprometer a

empregabilidade futura e os ganhos de

amanhã.

Atualmente, há 3,2 milhões de

adolescentes entre 15 e 17 anos atuando

no mercado informal de trabalho ou fora

do mercado. E segundo estimativa do

Ministério do Trabalho e Emprego, a Lei

de Aprendizagem pode beneficiar entre

650 mil e 2 milhões de jovens em todo o

Brasil. (IBGE - PNAD 2001).

3. A PESQUISA

A pesquisa foi realizada nos

meses de novembro e dezembro de

2010, na cidade de Bauru. A cidade está

localizada na região centro-oeste do

estado de São Paulo, a 325 km da

capital. É uma cidade de médio porte,

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com uma população de 350 habitantes

(IBGE 2000).

Para maior compreensão sobre o

assunto, buscou-se identificar os

problemas existentes em três instituições

sociais, as quais serão designadas como

instituição A, B e C. A pesquisa

estendeu-se a 10 organizações de

diferentes nichos de mercado, para

verificar as práticas adotadas pelas

organizações frente ao menor aprendiz.

Entidade Social A - organização não

governamental (ONG) sem fins

lucrativos, fundada em 1960 cujo órgão

co- gestor é a Prefeitura Municipal.

Desenvolve trabalho sócio-educativo com

crianças e adolescentes oriundos das

classes populares e na faixa etária de 5

anos e 5 meses aos 17 anos e 11 meses.

No programa infanto-juvenil a

média anual de crianças atendidas é de

350. Declara parceria com

aproximadamente 200 empresas da

cidade de Bauru/SP.

Para a instituição A, toda criança

ou jovem são portadores de talento que

aflora e se desenvolve quando convivem

num ambiente saudável. O programa de

aprendizagem profissional é estabelecido

conforme a faixa etária de 14 a 18 anos

incompletos.

O menor antes de ser inscrito na

instituição passa por avaliação sócio –

econômico, de maneira que o jovem

precisa estar matriculado na rede pública

de ensino e a renda familiar não pode

ultrapassar três salários mínimos

vigentes.

Os jovens selecionados serão

capacitação antes de ser indicado a

concorrer a vaga de emprego nas

organizações. A capacitação conta com

habilidades para a vida, esporte, noções

administrativas, informática, reforço em

Matemática e Português, totalizando 495

horas.

Entidade Social B - localizada em Bauru,

assisti adolescentes do sexo masculino

de 14 a 17 anos e 11 meses. Possui

finalidade estatutária: proteger, amparar

e educar social e profissionalmente o

jovem carente sem distinção de raça, cor,

condição social e credo religioso ou

político através do Programa de

Promoção Humana e Qualificação

Profissional. Atualmente atende 800

adolescentes.

O objetivo é que a aprendizagem

profissional, definida legalmente no nível

de formação inicial e continuada de

trabalhadores, possibilite novas formas

de inserção produtiva, com a devida

certificação.

Entidade Social C - Fundada em 27 de

abril de 1972 pelo Lions Clube Bauru

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norte e Lions clube Bauru sul a instituição

atende adolescentes do sexo feminino

provenientes do contexto sócios culturais

com baixo poder aquisitivo.

Finalidade estatutária: planejar e

executar programas voltados à educação

social e profissional das adolescentes

Formação: informática básica,

Wockshop das profissões, secretariado,

desenvolvimento pessoal, jovem

Empreendedor (SEBRAE). Oferecem

também lazer e cultura, passeios,

palestras informativas. As jovens passam

doze meses sendo preparadas para o

primeiro emprego, após o termino dos

cursos, serão indicadas para participarem

dos processos de seleções das

empresas parceiras, onde acontece a

inserção no mercado de trabalho.

Quanto às organizações, foram

enviados questionários para

organizações localizadas também na

cidade de Bauru, estado de São Paulo.

As organizações serão apresentadas por

X, Y e Z. Os nomes das instituições não

serão apresentados neste trabalho a

pedido das mesmas, para não gerar

problemas de ordem comportamental.

Essas organizações são do setor de

serviços e são parceiras das instituições

sociais. Após a integração dos jovens

nas organizações esses continuam

vinculados à instituição social, de modo

que os mesmos têm por responsabilidade

a continuação e assiduidade nos cursos

de qualificação profissional.

3.1 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

As instituições declaram que os

adolescentes chegam à instituição por

encaminhamento de outros órgãos ou por

livre iniciativa. Quando os adolescentes

chegam à instituição não são

considerados “menores aprendizes”,

apenas alunos. Só se torna “adolescente

aprendiz” quando ingressa no mercado

de trabalho através da Lei Nº

10.097/2000.

O quadro 1 mostra as técnicas e

formas de recrutar e selecionar os

adolescentes para o ingresso nas

instituições.

Instituição A Instituição B Instituição C

Recrutamento Não recruta nenhum adolescente. Esses procuram o órgão, acompanhados dos seus responsáveis para realizar sua inscrição, baseia

Utiliza de Anúncio no

SEBES – CRAS, meios de comunicação da cidade (rádio, jornal).

Utilizam-se cartazes internos, aviso aos que já participam da instituição; com aviso em sala de

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– se nos critérios básicos, sócio-econômico da familiar.

aula e meios de comunicação expostos na mídia.

Seleção Método utilizado de acordo com a Lei da Aprendizagem, sendo que é avaliado o perfil solicitado pela empresa (Considerando também (distância da residência do adolescente (bairro) em relação à localização da empresa solicitante, nível de escolaridade e período em que estuda na escola pública.

Os métodos utilizados para selecionar os aprendizes para inseri-los no sistema de aprendizagem são: teste objetivo de conhecimento prova de aptidão, entrevista e teste prático no local a contratar

Métodos utilizados para selecionar os aprendizes são: métodos combinados tais como estudo sócio – econômico avaliação comportamental, assiduidade.

Quadro 1: Técnicas utilizadas pelas instituições para recrutar e selecionar o menor aprendiz

As instituições sociais levam em

média 01 (um) ano para desenvolver as

habilidades essenciais para o trabalho

nos aprendizes, sendo que 70% desses

menores são inseridos no mercado de

trabalho.

As instituições enfatizam o

desenvolvimento das atitudes

comportamentais, como postura, ética e

comunicação, pois entendem que essas

competências serão de relevância no

desempenho das funções nos futuros

empregos que estarão locados. As

instituições informaram da grande

preocupação de desenvolver nos

menores os conceitos da

Interpessoalidade na minimização dos

conflitos existentes nas empresas.

As organizações participantes da

pesquisa, são do ramo de serviços,

possuem em média 500 funcionários e

são consideradas como grande porte.

Recebem os menores aprendizes na

maioria das vezes por indicação,

principalmente pelas instituições sociais e

outros órgãos.

Para selecionar um jovem

aprendiz as organizações utilizam de

métodos combinados. Os métodos

combinados são: entrevista, testes

objetivos, provas. Também participam

das escolas preparatórias para aprender

procedimentos de cobrança e regras da

empresa. No sistema de aprendizagem

continuo são desenvolvidas habilidades

essenciais para que o jovem aprendiz

possa estar inserido na organização. As

habilidades desenvolvidas estão

representadas no gráfico 1.

DICA, n.4, ano 3

Gráfico 1: Habilidades desenvolvidas nos menores aprendizes

O gráfico 1 demonstra que 45%

das organizações procuram desenvolver

todas as habilidades nos menores,

quanto a técnica e o comportamento,

11% se preocupam com capacitação

funcional, 22% com o conhecimento

organizacional, 11% não quiseram

responder a pergunta e nenhuma

respondeu a alternativa de higiene e

segurança, mostrando que as empresas

estudadas, dão pouco importância para a

área de higiene e segurança. Contratam

os menores principalmente por incentivos

fiscais, mas também acreditam

relevantes as oportunidades dadas a

esses indivíduos.

O maior problema encontrado

nas organizações está em capacitar

esses menores, visto que a formação

recebida nas instituições não condiz à

realidade encontrada nas empresas.

Tanto para as instituições e

organizações entendem que os

problemas que esses jovens enfrentam

no mercado de trabalho estão

representados no quadro 2:

Aprendiz no mercado de trabalho

Discriminação do aprendiz na execução de tarefas organizacionais

Falta de tempo dos colaboradores para promover treinamento

Falta de informação dos gestores empresariais quanto às

limitações de cada aprendiz

Dificuldade de encontrar profissionais capacitados de acordo com

as exigências e os pré-requisitos das vagas (escolaridade,

experiência, curso de qualificação).

Fiscalização precária por parte da instituição

Quadro 2: Problemas enfrentados pelo menor- aprendiz no mercado de trabalho.

DICA, n.4, ano 3

As organizações e instituições só

recebem os menores aprendizes quando

atendem aos seguintes requisitos:

Estão estudando na escola

publica;

Capacidade de desenvolvimento

das habilidades e atitudes

comportamentais;

Atendem ao requisito legal,

conforme a Lei 10097;

Entendem que há uma

necessidade de reformulação do

processo de aprendizagem e de inserção

desses menores, há necessidade de

reformulação do processo de

aprendizagem; mudanças no processo

de desenvolvimento habilidades, quando

sempre um feedback mais expressivo no

desenvolvimento de novas técnicas para

o trabalho.

4 CONCLUSÕES

O trabalho procurou atender aos

objetivos propostos, concluindo que

existe uma problemática quanto à

questão de inserção do menor aprendiz.

As organizações têm visões distintas das

instituições sociais, o que torna

dificultoso o entendimento da forma de

contratação do menor aprendiz, pois são

valores e visões distintas desses

agentes.

Por um lado as instituições

desejam a inserção dos menores no

mercado de trabalho, porém não os

capacitam adequadamente para atender

as necessidades organizacionais. Por

outro lado as organizações, não dão a

atenção adequada ao processo de

aprendizagem e não buscam um

entendimento de que são indivíduos não

habilitados para o trabalho, à empresa é

fonte primordial do processo de

aprendizagem. Quem realmente sofre

todos os traumas e incompreensões são

os menores aprendizes, maiores

interessados dessa relação.

Vale destacar que poucas são as

empresas que encaram esses indivíduos

com capacidade, necessitando apenas o

desenvolvimento de seus talentos. Com a

pesquisa pode-se constatar a existência

de um processo discriminatório, sendo

que os que não atendem aos requisitos

impostos são descriminados pelo

sistema, não existindo a oportunidade de

igualdade a todos, descrita na

constituição federal do Brasil, no que

tange a inserção de menores no primeiro

emprego.

DICA, n.4, ano 3

Há necessidade de mudança no

comportamento das empresas e

instituições, a fim de reter estes jovens

talentos que tanto tem para contribuir,

com idéias inovadoras, potencial para

tecnologia moderna, entusiasmo em

aprender e dividir conhecimento e

participar efetivamente dos resultados da

organização.

Pressupõe-se que os elementos

que mantém contato direto com os

aprendizes devam conhecê-los e

entender suas expectativas. Um

ambiente favorável se cria a partir do

momento em que todos aqueles que

formam a empresa se comprometem

numa ação marcada por valores de

cooperação rumo ao objetivo final.

Notou-se a carência, quanto ao

feedback aos jovens aprendizes,

necessitando uma pesquisa que

confronte essa realidade vivenciadas nas

organizações e instituições sociais.

Permanece aberta a discussão entre

empregar ou desenvolver o futuro

profissional. A questão encontra-se em

evolução, proporcionando espaço para

futuros trabalhos.

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