estudo sobre os benefÍcios do cenÁrio de nova

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ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS NEGÓCIOS Luis Fernando da Costa Lopes Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Armando Clemente Rio de Janeiro Agosto de 2014

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Page 1: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA REVOLUÇÃO

INDUSTRIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS NEGÓCIOS

Luis Fernando da Costa Lopes

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia de Produção da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Armando Clemente

Rio de Janeiro

Agosto de 2014

Page 2: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA REVOLUÇÃO

INDUSTRIAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS NEGÓCIOS

Luis Fernando da Costa Lopes

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

______________________________________________

Prof. Armando Augusto Clemente, Ms. Sc.

______________________________________________

Prof.ª Maria Alice Ferruccio Rainho, D. Sc.

______________________________________________

Jaime Beer Frenkel, Ms. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2014

Page 3: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

Lopes, Luis Fernando da Costa;

Estudo sobre os benefícios do cenário de Nova Revolução

Industrial no processo de desenvolvimento de novos negócios

/ Lopes, Luis Fernando da Costa. – Rio de Janeiro: UFRJ /

Escola Politécnica, 2014.

XI, 60 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Armando Clemente

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia de Produção, 2014.

Referências Bibliográficas: p.60.

1. Nova Revolução Industrial. 2. Movimento Makers.

3. Empreendedorismo. 4. Inovação. I. Clemente, Armando.

II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Curso de

Engenharia de Produção. III. Estudo sobre os benefícios do

cenário de Nova Revolução Industrial no processo de

desenvolvimento de novos negócios.

Page 4: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

4

Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à minha família por todo o apoio que

me deu, não só na faculdade, mas durante toda a minha vida.

Gostaria de agradecer também a todos os meus amigos que sempre me apoiaram

e acreditaram em mim, mesmo quando eu estive afastado.

Por fim, gostaria de agradecer ao Armando Clemente e ao Rafael Clemente por

orientarem e tornarem este trabalho possível e, em especial, ao Jaime Frenkel por ter me

mentorado durante a elaboração deste trabalho e por ter me despertado o interesse em

estudar inovação.

Page 5: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

5

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

Estudo sobre os benefícios do cenário de Nova Revolução Industrial no processo de

desenvolvimento de novos negócios

Luis Fernando da Costa Lopes

Agosto/2014

Orientador: Armando Clemente

Curso: Engenharia de Produção

A democratização de novas ferramentas de produção, como as impressoras 3D,

juntamente com a vasta rede de conhecimento acessível formada na internet, estão

mudando a forma como as coisas são produzidas. Pessoas agora, com o auxílio do

conhecimento disponível na internet e das novas tecnologias de produção, podem

modelar, compartilhar e fabricar seus próprios produtos, potencializando a capacidade

humana de gerar inovação. Esse cenário é defendido por alguns como o início de uma

Nova Revolução Industrial, em que grandes fábricas de produção em massa passarão a

dividir o mercado com micro fábricas de produtos altamente customizados e sob

demanda. Diante deste cenário, o Movimento Makers surge como uma tendência social

e tecnológica em que pessoas, com o auxílio das novas ferramentas de produção e de

informações disponíveis em comunidades online, se veem engajadas a construírem seus

produtos com as suas próprias mãos. Dito isso, o trabalho tem como objetivo entender

os principais aspectos do cenário de Nova Revolução Industrial que beneficiam o

processo de desenvolvimento de novos negócios, a partir de pesquisas bibliográficas e

um estudo de caso de uma empresa característica desse cenário.

Palavras-chave: Nova Revolução Industrial, Movimento Makers, Empreendedorismo,

Inovação.

Page 6: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

6

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

Study of the benefits of the New Industrial Revolution scenario in the development

process of new business

Luis Fernando da Costa Lopes

August/2014

Advisor: Armando Clemente

Course: Industrial Engineering

The democratization of new production tools, such as 3D printers, along with the big

knowledge network available on the internet, are changing the way that things are

produced. People now, with the aid of knowledge available on the internet, can model,

share and manufacture their own products, enhancing human capacity to generate

innovation. This scenario is seen as the beginning of a New Industrial Revolution, in

which large mass production factories will start to share the market with micro factories

that produces highly customized products on demand. In this scenario, the Makers

Movement emerged as a social and technological trend in which people, with the aid of

new production tools and information available in online communities, find themselves

engaged to build their products with their own hands. That said, the study aims to

understand the main aspects of the New Industrial Revolution scenario that benefit the

process of developing new business, from library research and a case study of a startup

feature of this scenario.

Keywords: New Industrial Revolution, Makers Moviment, Entrepreneurship,

Innovation.

Page 7: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

7

Sumário de Figuras

Figura 1 – Estrutura do Trabalho .................................................................................... 12

Figura 2 – Princípio de Pareto nos Negócios ................................................................. 17

Figura 3 – Modelo Cauda Longa .................................................................................... 18

Figura 4 – The Sims ....................................................................................................... 19

Figura 5 – Banco de Modelos 3D ................................................................................... 21

Figura 6 – Venda de impressoras 3D nos EUA .............................................................. 22

Figura 7 – Movimento Makers ....................................................................................... 23

Figura 8 – Plataforma de Crowdfunding ........................................................................ 25

Figura 9 – Hackerspace .................................................................................................. 26

Figura 10 - Arma feita por impressora 3D ..................................................................... 30

Figura 11 – Componentes da Impressora 3D ................................................................. 31

Figura 12 – Ferramenta Digital de Modelagem 3D ........................................................ 32

Figura 13 - Padrões de Preenchimento ........................................................................... 33

Figura 14 - Estrutura de Sustentação .............................................................................. 33

Figura 15 - Processo de Impressão 3D ........................................................................... 34

Figura 16 - Dot Matrix ................................................................................................... 34

Figura 17 - Auto Escaneamento ..................................................................................... 36

Figura 18 - Plataforma de Prototipagem Eletrônica ....................................................... 37

Figura 19 – Startup em transição para uma empresa consolidada ................................. 40

Figura 20 – Customer Development ............................................................................... 42

Figura 21 – Construir, Medir e Aprender ....................................................................... 43

Figura 22 – Aprendizado, Recursos e Incerteza ............................................................. 44

Figura 23 - Modelo de Negócio 3D Robotics................................................................. 51

Figura 24 - Trajetória da 3D Robotics ............................................................................ 55

Page 8: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

8

Sumário

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10

Contextualização do Trabalho .................................................................................... 10

Objetivos ..................................................................................................................... 10

Metodologia ................................................................................................................ 11

Estrutura do Trabalho ................................................................................................. 12

1. NOVA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL .................................................................. 14

1.1 O que é a Revolução Industrial? ...................................................................... 14

1.1.1 A Terceira Revolução Industrial Existiu? ................................................ 15

1.2 A Nova Revolução Industrial .......................................................................... 16

1.2.1 Cauda Longa ............................................................................................. 16

1.2.2 Do digital para o mundo físico, a Cauda Longa das coisas ...................... 19

1.2.3 Movimento Makers .................................................................................. 22

1.2.4 Impactos na sociedade e na indústria ....................................................... 26

1.2.5 Lado negativo da revolução ...................................................................... 29

2. FERRAMENTAS DA REVOLUÇÃO .................................................................. 31

2.1 Impressora 3D .................................................................................................. 31

2.2 Scanner 3D ....................................................................................................... 35

2.3 Plataformas de Prototipagem Eletrônica .......................................................... 36

3. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE STARTUPS NO CENÁRIO DE

NOVA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL .......................................................................... 39

3.1 O conceito de Startup ....................................................................................... 39

3.2 Experimentação: atividade crítica no processo de desenvolvimento ............... 41

3.2.1 Metodologia Lean Startup ........................................................................ 41

3.3 Desenvolvimento de novos negócios no cenário de Nova Revolução Industrial

44

4. ESTUDO DE CASO: 3D ROBOTICS ................................................................... 49

Page 9: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

9

4.1 Histórico ........................................................................................................... 49

4.2 Modelo de Negócio .......................................................................................... 51

4.3 Evidências da Nova Revolução Industrial e o Movimento Makers no

desenvolvimento da 3D Robotics ............................................................................... 54

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 60

Page 10: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

10

INTRODUÇÃO

Contextualização do Trabalho

O mundo está entrando em uma Nova Revolução Industrial. A democratização

das novas ferramentas de produção, como as impressoras 3D, com auxílio da vasta rede

de conhecimento disponível na internet, permite que pessoas fabriquem seus próprios

produtos de uma maneira que antes não era possível. Indivíduos com as competências e

ferramentas certas agora podem projetar e fabricar produtos físicos, complexos e de

baixo custo, o que antes era uma realidade apenas para as grandes organizações. Dessa

forma, à medida que essas ferramentas são aprimoradas e se tornam mais acessíveis à

sociedade, mais produtos poderão ser fabricados a partir delas, acarretando em uma

mudança na forma como as indústrias se organizam.

Essa revolução é suportada por um movimento tecnológico e cultural que vem se

estabelecendo na sociedade. O Movimento Makers é uma tendência em que as pessoas

usam o conhecimento disponível na internet e as novas ferramentas de produção a fim

de fabricarem seus produtos com as próprias mãos. Diante desse cenário,

empreendedores estão criando novos negócios aproveitando as informações disponíveis

na internet, juntamente com o acesso às novas ferramentas de produção.

Com isso, o cenário de Nova Revolução Industrial tem se mostrado propício

para o desenvolvimento enxuto de novos negócios, o que antes era mais comum apenas

para modelos de negócios voltados para o ramo digital.

Objetivos

O objetivo central deste trabalho é criar um entendimento de como o cenário de

Nova Revolução Industrial beneficia o processo de desenvolvimento de novos negócios.

Para se chegar a esse entendimento, o trabalho terá como objetivos secundários os

seguintes pontos:

Estudar o conceito de Revolução Industrial;

Entender os fundamentos da Nova Revolução Industrial;

Page 11: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

11

Entender o Movimento Makers e os pilares que o sustentam;

Estudar as ferramentas de produção que sustentam a Nova Revolução

Industrial;

Compreender o que significa desenvolver um novo negócio e estudar

metodologias atualmente aplicadas ao desenvolvimento de negócios

inovadores;

Fazer um paralelo entre as práticas de desenvolvimento de um novo

modelo de negócio com as características do cenário de Nova Revolução

Industrial;

Elaborar um estudo de caso de uma startup1 que se desenvolveu em meio

ao cenário de Nova Revolução Industrial de forma a realizar um paralelo

de características no seu processo de desenvolvimento com o tema de

Nova Revolução Industrial e Movimento Makers.

Metodologia

Para se alcançar os objetivos propostos, o trabalho foi feito com base em

pesquisas bibliográficas em livros, bases de conhecimento e sites na internet, tendo

como tema central a Nova Revolução Industrial e o Movimento Makers, conceituado

por Chris Anderson (2011).

Com isso, primeiramente, a pesquisa focou em gerar conhecimento a respeito da

Nova Revolução Industrial e os pilares que a sustentam. A partir disso, a pesquisa

incluiu o tema desenvolvimento de startups, de forma a criar um paralelo entre métodos

de desenvolvimento de novos negócios com o cenário que a Nova Revolução Industrial

propicia aos empreendedores.

Por fim, a pesquisa inclui um estudo de caso de uma startup desenvolvida nesse

cenário de Nova Revolução Industrial, a fim de evidenciar os principais pontos do que

foi pesquisado na bibliografia com características do seu processo de desenvolvimento.

1 Startup é o nome dado a um modelo de negócio em processo de desenvolvimento. Seu conceito será

detalhado no capítulo 4

Page 12: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

12

Algumas empresas foram pesquisadas e se mostraram interessantes para o estudo de

caso, mas a empresa escolhida foi a 3D Robotics, que foi fundada pelo próprio Chris

Anderson e possuía uma disponibilidade maior de informações na internet.

É válido ressaltar que a pesquisa do presente trabalho possui algumas limitações.

O tema de Nova Revolução Industrial e o Movimento Makers ainda é muito recente e

possui poucos autores abordando o assunto. Por isso, apesar da pesquisa englobar

diversas fontes diferentes, o trabalho tem uma grande influência da visão de Chris

Anderson (2011) sobre o que é de fato a Nova Revolução Industrial e o Movimento

Makers.

Estrutura do Trabalho

O trabalho está dividido em quatro partes que serão detalhadas logo a seguir:

Figura 1 – Estrutura do Trabalho

Fonte: Elaboração Própria

O segundo capítulo tem como objetivo explicitar o que é a Nova Revolução

Industrial, bem como os fatores que a sustentam. Primeiramente será feita uma revisão

do tema Revolução Industrial e, em seguida, será exposta a ideia por trás da Nova

Revolução Industrial e do Movimento Makers.

O terceiro capítulo fará um estudo geral das principais ferramentas que

sustentam a Nova Revolução Industrial e o Movimento Makers.

O quarto capítulo fará uma revisão geral sobre a literatura a respeito de

desenvolvimento de novos negócios e, em seguida, apresentará uma visão de como o

cenário de Nova Revolução Industrial ajuda no processo de desenvolvimento de novos

negócios.

O quinto capítulo fará um estudo de caso de uma empresa inserida no contexto

de Nova Revolução Industrial, de forma a realizar uma análise, através dos conceitos

Page 13: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

13

expostos nos capítulos anteriores, de como esse cenário impactou no desenvolvimento

do negócio da empresa estudada.

Page 14: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

14

1. NOVA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Para Chris Anderson (2011), da mesma forma que a internet acabou com o

monopólio das mídias de massa, a Nova Revolução Industrial acabará com o monopólio

das fábricas de produção em massa. Atualmente, pessoas em geral e empreendedores

estão usando informação aberta e máquinas próprias de produção, como as impressoras

3D, para criarem seus próprios produtos e até mesmo transformar suas invenções em

modelos próprios de negócio. A partir disso, um movimento apelidado de Movimento

Makers vem cada vez mais tomando forma e mostrando indícios de uma revolução que

mudará a forma de se produzir coisas e inovar.

O presente capítulo abordará os principais aspectos relacionados às revoluções

industriais e as tendências dos dias atuais que permeiam essa nova revolução capaz de

mudar a forma que as indústrias se organizam e, principalmente, a maneira que ideias se

transformam em produtos.

1.1 O que é a Revolução Industrial?

A primeira Revolução Industrial, com início em meados do século XVIII, na

Inglaterra, foi o começo da transição do sistema de produção baseado em artesanato

para o sistema de produção industrial. Essa revolução ficou caracterizada por uma

descoberta importante que impactou os setores de produção e de transportes: a ciência

descobriu a utilidade do carvão como meio de fonte energética, abrindo as portas para o

desenvolvimento das máquinas de produção movidas a vapor e as locomotivas.

Com isso, através das máquinas e de um sistema de transporte mais dinâmico, as

indústrias passaram a crescer em ritmo acelerado e criar oportunidades de emprego. A

partir daí, milhares de pessoas começaram a migrar do campo em direção às cidades.

O acelerado êxodo rural provocou expressivo crescimento dos centros urbanos em

grande parte das nações europeias que integravam a revolução, aumentando em três

vezes, em meio século, a população de algumas cidades, sendo a principal delas a

cidade de Manchester, na Inglaterra.

Assim sendo, fica evidente como a Primeira Revolução Industrial afetou a

produtividade humana e a forma como as sociedades vivem. Além do aumento de

Page 15: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

15

acesso da população a produtos industrializados diversos e meios de transporte mais

eficientes, a época foi marcada pelo surgimento de novas tendências sociais. O aumento

de forma não planejada da concentração de habitantes, bem como as péssimas

condições de trabalho, causaram um aumento da marginalidade nas cidades e a redução

da qualidade de vida dos operários, respectivamente.

Já a Segunda Revolução Industrial, que teve início nos Estados Unidos, no início

do século XIX, além de ter inovações importantes em áreas de produção, energia e

transporte, passou a ser um marco para os avanços na área de telecomunicações. Essa

revolução foi alavancada basicamente pela criação de novos processos de produção de

aço, utilização de gás natural, petróleo e energia elétrica como fontes de energia.

Com isso, através dessas novas tecnologias, a humanidade deu um salto

extraordinário em termos de qualidade de vida. Produtos como, lâmpada elétrica,

automóvel, telégrafo, refrigerador, além de diversos avanços na área química e

medicinal passaram a ser acessíveis e altamente demandados, dando início a uma

sociedade com novos padrões de consumo.

Sendo assim, segundo Chris Anderson (2011), como podemos ver no caso da

Primeira e Segunda Revolução Industrial, uma Revolução Industrial é definida por uma

série de novas tecnologias capazes de amplificar drasticamente a produtividade humana,

impactando em diversas características de uma sociedade, tais como saúde, qualidade de

vida, concentração populacional e outras.

1.1.1 A Terceira Revolução Industrial Existiu?

Muitos autores defendem a existência de uma Terceira Revolução Industrial

impulsionada pela Era da Informação, mas segundo Chris Anderson (2011), o advento

dos computadores e da internet não foi o suficiente para causar uma revolução na

indústria. Chris Anderson (2011) defende que apesar do uso da computação e da

internet ter afetado drasticamente a produtividade e a cultura humana, a maneira com

que as indústrias fabricam as coisas não foi revolucionada.

Em suma, o começo da Era da Informação, por volta dos anos 50, o surgimento

dos computadores pessoais, no final da década de 70 e a popularização da internet, na

Page 16: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

16

década de 90, representam de fato uma revolução. No entanto, essa revolução só seria

industrial se a mesma pudesse impactar na amplificação e democratização da

manufatura, assim como aconteceu com a informação. Essa democratização dos meios

de produção e a revolução na maneira de se construir coisas estão começando só agora,

como será visto no tópico a seguir.

1.2 A Nova Revolução Industrial

Segundo Chris Anderson (2011), estamos entrando em uma Nova Revolução

Industrial. A grande disseminação de informação causa pela internet, juntamente com

novas tecnologias de produção, estão mudando a forma com que as coisas são

produzidas. Sendo assim, o presente tópico tem como objetivo explicitar o que é essa

tendência e como ela impactará a sociedade. Antes de expor as características que

sustentam a Nova Revolução Industrial, é válido falarmos sobre o conceito de Cauda

Longa.

1.2.1 Cauda Longa

O conceito de Cauda Longa, popularizado por Chris Anderson (2006), explica a

forma como a venda infrequente de produtos bem segmentados pode gerar tanta ou mais

receita quanto à venda de produtos de massa.

Page 17: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

17

Figura 2 – Princípio de Pareto nos Negócios

Fonte: Elaboração própria

Antigamente, como na Figura 2, a maior parte dos negócios tinha receita

baseada no Princípio de Pareto, que afirma que para muitos fenômenos, 80% das

consequências advêm de 20% das causas. Em outras palavras, considerando o contexto

de negócios, isso significa que teoricamente uma pequena parte dos produtos do

portfólio de uma empresa é responsável por gerar a maior parte da sua receita. Isso

acontece pois uma empresa com canais de venda no mundo físico precisa desembolsar

gastos com estocagem e distribuição dos seus produtos, o que limita o tamanho do seu

portfólio disponível para venda. Sendo assim, com variedade relativamente pequena de

produtos disponíveis, grande parte da receita da empresa é gerada através da venda dos

produtos mais cobiçados pelos clientes.

No entanto, Chris Anderson (2006) defende que três estímulos econômicos

foram vitais para a mudança desse cenário:

Democratização das ferramentas digitais de produção: a queda nos

custos da tecnologia possibilitou aos indivíduos maior acesso às

ferramentas necessárias para produção de conteúdo, que antes

necessitavam um investimento muito alto. Dessa forma, um número

exorbitante de amadores pôde produzir e ofertar conteúdo como,

softwares, músicas, filmes, livros e outros, com qualidade praticamente

profissional;

Democratização da informação: a internet transformou a distribuição

de conteúdo digital em commodity, além de reduzir drasticamente os

custos de inventário, comunicação e transação nas empresas, o que abriu

espaço para a exploração de novos mercados;

Queda nos custos de conexão entre oferta e demanda: o maior

desafio na venda de produtos muito segmentados é encontrar o potencial

interessado. No entanto, o surgimento de poderosas ferramentas de

busca e recomendação, baseadas, por exemplo, no histórico de pesquisas

Page 18: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

18

do Google, ou padrão de “curtidas” no Facebook, ajudam a filtrar a

enorme quantidade de conteúdo ofertado e encurtar a distância entre o

vendedor e o comprador.

Dessa forma, uma enorme quantidade de negócios passou a se basear no modelo

de Cauda Longa para gerar receita. Empresas cujo canal de distribuição é online,

principalmente aquelas que vendem produtos digitais, possuem um custo reduzido de

estocagem e distribuição dos seus produtos, o que as permitem criar um portfólio muito

mais diversificado. Sendo assim, a receita gerada pelas inúmeras vendas de produtos de

nicho e com menos procura por parte do público passa a ser uma fatia expressiva da

receita do negócio. No ponto de vista matemático, se pensarmos em uma empresa

hipotética, com um vasto portfólio de produtos e um preço médio P por produto, temos

que a área da cauda destinada aos produtos menos populares pode chegar a ser igual ou

até maior do que área dos produtos de sucesso, como pode ser visto na figura a seguir:

Figura 3 – Modelo Cauda Longa

Fonte: Elaboração própria

Em suma, modelos de negócio baseado em Cauda Longa costumam ser, na

maioria das vezes, de empresas que ofertam produtos digitais, mídias ou makertplaces

digitais, como é o caso do Mercado Livre, que é formado por uma plataforma

Page 19: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

19

multilateral. Essa plataforma possui demandantes e ofertantes que interagem entre si,

formando uma rede com um portfólio imenso de produtos disponíveis.

1.2.2 Do digital para o mundo físico, a Cauda Longa das coisas

Para ilustrar de forma mais clara o conceito de Cauda Longa aplicado ao mundo

físico, Chris Anderson (2011) usa um jogo chamado The Sims. The Sims é uma série

de jogo eletrônico de simulação de vida, cujo objetivo e criar personagens virtuais e

comandar suas ações dentro de um mundo virtual. Uma funcionalidade bem interessante

do jogo é que o jogador tem a liberdade de montar uma casa virtual com as diferentes

opções de paredes, móveis, eletrodomésticos e vários outros objetos passíveis de se

encontrar em uma moradia. Além disso, fora do escopo da equipe de desenvolvimento

do jogo, foram criadas comunidades de usuários que criam seus próprios objetos e os

compartilham na internet para que outros jogadores possam desfrutá-los. Com isso, o

jogador possui uma imensa quantidade de opções para que um jogador possa montar a

sua casa nos mínimos detalhes e da maneira que bem entender. A Figura 4 ilustra uma

tela do jogo.

Figura 4 – The Sims

Fonte: www.7games7.com, consultado em maio de 2014

Page 20: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

20

Agora, vamos olhar a brincadeira no ponto de vista de uma criança no mundo

físico. Assim como no The Sims, as casinhas de boneca e os bonecos que vivem nela

são uma forma de simulação da vida real. No entanto, a mesma experiência de

customização da casinha que uma criança possui no The Sims não pode ser replicada de

forma simples no mundo real. Onde encontrar uma loja que tenha um portfólio extenso

de peças à venda que sirvam exatamente ao gosto e a necessidade da criança?

Provavelmente, as peças que existem disponíveis à venda para a específica casinha de

boneca em questão não são tão simples de se obter, comparada à facilidade de se obter

um objeto novo no jogo virtual. Fora a compra de novas peças, existe também a opção

de se construir com as próprias mãos a peça desejada, no entanto, a grande maioria das

pessoas não tem tempo e nem habilidade para realizar tal tarefa.

Esse é um exemplo claro de como o conceito de Cauda Longa pode ser aplicado

de maneira muito mais fácil ao mundo digital. Há alguns anos, de fato não haveria outra

solução para a criança, a não ser esperar até que alguém oferte uma peça que encaixe

com suas necessidades e o seu gosto. Entretanto, hoje em dia, com ascensão das

impressoras 3D caseiras, a situação já está começando a mudar. Da mesma forma que é

feita no jogo eletrônico, a criança pode acessar um site que contenha um banco de

modelos tridimensionais de peças de casinha de brinquedo, escolher entre as mais

variadas opções, fazer o download, realizar pequenos ajustes e imprimir em 3D

diretamente da escrivaninha do seu quarto.

Page 21: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

21

Figura 5 – Banco de Modelos 3D

Fonte: www.thingiverse.com/thing:13391, consultado em maio de 2014

Essa solução evidencia como o conceito de Cauda Longa vem sendo aplicado

cada vez mais ao mundo físico. A integração de informações presentes no ambiente

online com máquinas de fabricação cada vez mais acessíveis e mais capazes de criarem

produtos diferentes permitirá que, no limite, qualquer produto seja produzido just in

time. Tal fato permite que a Cauda Longa, que antes era uma realidade apenas para o

meio digital, agora seja aplicada ao mundo físico. Em outras palavras, voltando ao

exemplo da casa de boneca, montar uma casinha física a partir de um portfólio

praticamente ilimitado de peças será tão possível quanto é no jogo The Sims. É

justamente disso que se trata a Nova Revolução Industrial. Pessoas poderão usar as

novas ferramentas de produção para fabricarem objetos complexos, customizados, sob

demanda e sem necessidade de produção em lotes.

Segundo Chris Anderson (2011), a maior transformação não será dada pela

maneira com que as coisas estão sendo produzidas, mas, sim, por quem estão sendo

produzidas. Não somente as fábricas, mas pessoas em geral, com auxílio da internet e

das novas ferramentas de produção, agora podem produzir em lotes unitários coisas

específicas às suas necessidades, diminuindo a dependência dos produtos da indústria

de massa. Essa tendência de democratização dos meios de produção causará uma grande

mudança nas formas que as indústrias se organizam atualmente, além de impactar

Page 22: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

22

diretamente na cultura das pessoas. Em termos gerais, a produção em pequena escala, de

nicho e específica à necessidade de cada pessoa, competirá com a indústria de produção

em massa. A figura a seguir mostra uma evolução do crescimento da venda de

impressoras 3D de custo abaixo de cinco mil dólares nos Estados Unidos, evidenciando

a tendência de democratização de meios de produção.

Figura 6 – Venda de impressoras 3D nos EUA

Fonte: www.graphics.wsj.com/3Dprinting/, consultado em maio de 2014

Além disso, o acesso democrático à informação e a facilidade de uso dessas

novas ferramentas de produção será um fator chave para engajar as pessoas a

construírem suas próprias coisas. Essa tendência, chamada de Movimento Makers, os

fatores que a sustentam e os impactos gerados na indústria e na sociedade serão

discutidos logo a seguir.

1.2.3 Movimento Makers

Inspirado na tendência Do it Yourself (DIY), que significa “faça você mesmo”, o

Movimento Makers é um movimento tecnológico e cultural que vem tomando força nos

últimos tempos. Esse movimento é caracterizado pela tendência das pessoas, com

auxílio das ferramentas digitais, usarem novas formas de fabricação para desenvolverem

e construírem seus próprios produtos, tanto por necessidade, quanto pela diversão,

autorrealização ou pela vontade de criar um novo negócio. Em outras palavras, o

Movimento Makers é a essência da Nova Revolução Industrial. O fato dos meios de

Page 23: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

23

produção serem democratizados não provoca uma revolução em si. A revolução é

causada a partir do momento em que as pessoas usam essas ferramentas para fabricarem

seus próprios produtos.

Sendo assim, Chris Anderson (2011) defende que, em suma, o Movimento

Makers e sustentado por três características principais:

Figura 7 – Movimento Makers

Fonte: Elaboração própria

O Movimento Makers, como foi visto na figura acima, é sustentado por três

pilares interligados que formam um clico virtuoso, o que faz essa tendência ser cada vez

mais expressiva no mundo. Esse ciclo pode ser pensado da seguinte forma:

Desenvolvimento de ideias através de novas ferramentas digitais

Em um cenário de tanta inovação tecnológica, as pessoas estão constantemente

tendo novas ideias e usando ferramentas digitais para desenvolverem novos projetos,

Page 24: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

24

produtos e soluções diversas para seus problemas. À medida que o poder de

processamento dos computadores aumenta e suas aplicações se tornam mais completas

e intuitivas, pessoas, através de ferramentas digitais, conseguem desenvolver melhor

suas ideias e reproduzi-las de forma mais fiel em um ambiente digital. Softwares de

modelagem tridimensional, por exemplo, estão cada vez mais intuitivos e com

funcionalidades mais completas que servem para as mais diversas áreas de atuação, que

vão desde o design de circuitos elétricos até o design de edifícios inteiros.

Informação e recursos acessíveis em comunidades online

Chris Anderson (2011) defende que nesse cenário de Nova Revolução Industrial

se estabeleceu uma cultura de que as pessoas devem compartilhas seus designs e

soluções de forma a colaborar com outras pessoas e assim, sustentar o crescimento das

comunidades online. Essas comunidades estão sendo geradas na internet com o objetivo

de criar espaços de desenvolvimento compartilhado e troca de informações. Com isso,

pessoas em geral podem buscar nessas comunidades conhecimento relativo às suas

ideias, de forma a torná-las mais tangíveis e com uma necessidade menor de esforço e

tempo para desenvolvê-las.

Fora as comunidades engajadas em produzir e compartilhar conteúdo, existem

também comunidades voltadas para o compartilhamento de recursos. As plataformas de

financiamento colaborativo, também conhecidas como plataforma de crowdfunding,

consistem em espaços digitais onde usuários podem cadastrar seus projetos, a fim de

viabilizá-los a partir do aporte financeiro de diferentes pessoas interessadas na

iniciativa. Basicamente, qualquer pessoa pode cadastrar seu projeto. Basta fazer uma

descrição detalhada com algumas fotos e vídeos e estabelecer uma meta de

investimentos. Em troca do investimento, os inventores dos projetos costumam oferecer

recompensas de acordo com a quantidade investida. As recompensas vão desde brindes

até a disponibilização de um exemplar do produto investido quando esse estiver pronto,

se for o caso do projeto. Se os investimentos feitos pelos usuários forem suficientes

para alcançar a meta, o inventor recebe o dinheiro e repassa uma porcentagem do valor

arrecadado para o operador da plataforma. Caso os investimentos não sejam suficientes

para alcançar a meta, o inventor não ganha nada e a quantia investida é devolvida a seus

respectivos investidores.

Page 25: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

25

Figura 8 – Plataforma de Crowdfunding

Fonte: www.kickstarter.com, consultado em maio de 2014

Democratização de ferramentas de produção

A Nova Revolução Industrial não é marcada pela invenção dessas novas

ferramentas de produção, como a impressora 3D. As impressoras 3D, por exemplo, já

existiam desde a década de 80. O que de fato marcou o início dessa revolução foi a

democratização dessas ferramentas para o público em geral. Essa democratização é

claro, ainda não está bem consolidada, uma vez que as ferramentas ainda não são de

fato acessíveis para grande maioria da população. No entanto, só o fato dessas

ferramentas já serem acessíveis às pessoas com poder aquisitivo relativamente baixo,

quando comparado ao das grandes empresas que usavam essas ferramentas quando

foram inventadas, demonstra que esses meios de produção estão aos poucos sendo

democratizados.

Até mesmo quando o investimento em uma dessas ferramentas de produção é

inviável, existem formas de uma pessoa conseguir desenvolver seus projetos nesse

cenário do Movimento Makers. Os chamados hackerspaces, por exemplo, são espaços

comunitários em formato de oficina, onde pessoas com interesses em comum,

normalmente voltados para arte, tecnologia e design, podem socializar e usar diversas

ferramentas para o desenvolvimento de seus próprios projetos. Equipados com

computadores, impressoras 3D, scanners 3D, plataformas de prototipagem eletrônica,

além de várias outras ferramentas, esses laboratórios se sustentam através de taxas

pagas pelos usuários, ou até mesmo, patrocínio de empresas. Sendo assim, essas

oficinas são ótimas saídas para inventores pouparem seus recursos e, através das

Page 26: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

26

ferramentas certas e o compartilhamento de experiências, desenvolverem suas ideias da

forma mais ágil e barata.

Figura 9 – Hackerspace

Fonte: www.gigaom.com/2014/02/03/inside-nyc-resistor-a-close-knit-hackerspace-

where-crazy-projects-come-to-life/, consultado em maio de 2014

Por fim, Chris Anderson (2011) defende que o mercado adotou padrões de

arquivos de design, o que permite que qualquer pessoa, se desejar, possa mandar seus

arquivos para um fabricante produzir na quantidade desejada de certo modelo, tão fácil

como construir esse mesmo modelo através das suas próprias ferramentas de fabricação.

Com isso, mesmo que uma pessoa não tenha recursos para comprar suas próprias

ferramentas de produção, ela tem a possibilidade de encomendar seus produtos a partir

de um design desenvolvido por ela mesmo. Apesar de não possuir as próprias

ferramentas, o fato de uma pessoa poder encomendar um produto aderente às

especificidades do design desenvolvido também representa a democratização dos meios

de produção, uma vez que isso possibilita que uma pessoa fabrique o produto que

quiser, é claro, dentro dos limites da tecnologia atual.

1.2.4 Impactos na sociedade e na indústria

Um dos grandes benefícios causados por esse cenário de Movimento Makers é o

aumento da inovação de tecnologias, de produtos e, até mesmo, de modelos de negócios

presentes na sociedade. Na lógica do efeito de rede, à medida que as pessoas têm mais

Page 27: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

27

ideias e desenvolvem mais projetos e soluções inovadoras, mais informação pode ser

compartilhada nas comunidades, o que permite que mais pessoas usem essas

informações para transformarem suas ideias em produtos finais. Da mesma forma, à

medida que mais pessoas usam as novas ferramentas de produção para criar seus

produtos, aprendizado é gerado e, em seguida, compartilhado com as comunidades, o

que permite a geração de novos projetos e soluções em cima do conteúdo já gerado.

Segundo Chris Anderson (2011), esse ciclo virtuoso é um fator determinante para a

geração de inovação, uma vez que, com tanta troca de informações e experiências, a

inovação será gerada de forma compartilhada entre as pessoas.

Seguindo essa lógica de que a inovação será gerada de forma compartilhada

entre comunidades de pessoas, uma tendência que tomou força no cenário de

Movimento Makers é o desenvolvimento de modelos de negócio open-source. Modelos

de negócio open-source são basicamente modelos em que empresas compartilham parte

dos seus códigos, ferramentas ou conhecimento, de forma a obterem, em troca, uma

rede engajada de usuários disposta a contribuir no desenvolvimento do negócio. Essa

comunidade de usuários pode contribuir dando feedbacks, corrigindo erros, propondo

melhorias e até mesmo criando novos produtos complementares ao negócio. Dois casos

de startups de modelo aberto bem sucedidas em meio ao Movimento Makers são o

Arduino e a Makerbot. O Arduino é a empresa mais famosa no ramo de fabricação e

distribuição de plataformas de prototipagem eletrônica da atualidade, já a Makerbot é

uma das empresas mais promissoras no ramo de fabricação de impressoras 3D caseiras.

Por fim, é válido ressaltar que não é necessário que uma empresa seja integralmente

aberta aos usuários para que ela seja considerada open-source, basta ter algum nível de

abertura.

Dessa forma, muitas startups, até mesmo grandes empresas, estão nascendo ou

se tornando open-source para que comunidades de usuários contribuam para o

desenvolvimento dos seus negócios. As comunidades são basicamente redes sociais

criadas pela própria empresa, ou pelos seus clientes, de maneira a servir como um

ambiente de interação, compartilhamento de conhecimento, além de desenvolvimento

colaborativo de conteúdo. Grande parte das informações de design, software, hardware

e de outros elementos relativos a um produto são compartilhados online de forma que os

usuários formem uma rede de interação, corrigindo erros nos códigos, dando feedbacks,

Page 28: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

28

gerando inovações e divulgando a marca. A partir disso, é formado um ambiente de

confiança, onde os usuários se sentem motivados a participar de algo que acreditam

servir suas necessidades e se comprometem a propagar novos conhecimentos e

experiências. Com isso, a criação de uma comunidade é um poderoso meio de empresas

conseguirem engajar seus clientes a colaborarem com o seu desenvolvimento.

Outro grande impacto causado por esse cenário é o aumento de iniciativas

empreendedoras. Não suficiente o fato de a tendência engajar as pessoas a criarem seus

próprios produtos, o movimento “faça você mesmo” tem sido um fator motivador para

inovadores transformarem suas invenções em novos negócios. Com o auxílio da vasta

base de informações presente nas comunidades e a novas ferramentas de produção,

como as impressoras 3D, empreendedores agora podem desenvolver novos negócios

com menor dependência de grandes investimentos iniciais. Antigamente, para que certa

ideia fosse desenvolvida e levada para o mercado, o empreendedor deveria passar por

diversas etapas que poderiam até levar anos. Uma grande quantidade de recursos

deveria ser alocada em pesquisa e desenvolvimento, adoção de maquinário apropriado,

além de vários outros investimentos, o que torna o processo caro e altamente arriscado.

No entanto, nesse cenário do Movimento Makers, os recursos necessários para o

desenvolvimento de novos negócios podem ser radicalmente enxugados. Os recursos

gastos com pesquisa e desenvolvimento podem ser muito menores, uma vez que a

internet possui comunidades compartilhando conteúdo das mais diversas áreas do

conhecimento. Além disso, com o advento de novas ferramentas de fabricação,

empreendedores não precisam, em um primeiro momento, gastar grandes recursos com

maquinário pesado, o que diminui bastante a barreira de entrada de certos negócios.

Outro pouto importante, segundo Chris Anderson (2011), é aumento do número

de empregos gerados pela Nova Revolução Industrial. Mesmo que a capacidade de

produção industrial humana esteja aumentando nas últimas décadas, o número de

empregados na indústria caiu cerca de 30%. No entanto, nesse novo cenário, por mais

que as novas ferramentas de produção sigam essa mesma tendência de substituição de

operários por máquinas automáticas, existe um grande número de empregos sendo

gerados por novos empreendimentos. Segundo Chris Anderson (2011), o que de fato

gera empregos são os pequenos negócios que dão certo e se tornam grandes. A partir

disso isso, ele defende que mesmo que a maioria das startups falhem nos seus primeiros

Page 29: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

29

anos de vida, uma pequena fatia delas dá certo e se torna grandes empresas. Sendo

assim, pelo fato desse cenário motivar o desenvolvimento de iniciativas

empreendedoras, as chances de surgirem startups de sucesso aumentam. O Google e o

Facebook são exemplos de startup digitais que se consolidaram e se transformaram em

empresas grandes, empregando milhares de trabalhadores e valendo bilhões de dólares.

Da mesma forma, o cenário de Nova Revolução Industrial pode ser um ambiente

propício de geração de empregos através do desenvolvimento de startups de sucesso, só

que agora se limita menos às empresas do ramo digital e contempla também empresas

de caráter manufatureiro.

Por fim, Chris Anderson (2011) defende que esse cenário mudará a forma como

as indústrias se organizam. Devido ao surgimento de novas ferramentas de produção e a

democratização das mesmas, micro fábricas passarão a produzir produtos de nicho sob

demanda e competir com grandes indústrias de massa. Apesar dessas micro fábricas não

terem as mesma capacidade de produção de uma grande indústria, elas serão muitas e

estarão localizadas perto da demanda, o que as tornam extremamente competitivas se

tratando de certos produtos. Essa novo formato das indústrias ainda não é uma realidade

clara, mas aos poucos se concretizará. Atualmente, já é possível que, a partir de modelos

digitais, pessoas imprimam pequenas peças de plástico com uma impressora 3D própria.

Em um futuro próximo, as impressoras 3D caseiras estarão acessíveis a uma grande

parte da população do mundo e poderão imprimir, ao mesmo tempo, peças de diferentes

materiais. Com isso, essas ferramentas caseiras de produção passarão a substituir a

produção das indústrias de massa à medida que a tecnologia permitir que essas

ferramentas fabriquem produtos do mesmo grau de qualidade e complexidade dessas

grandes indústrias.

1.2.5 Lado negativo da revolução

Assim como as revoluções anteriores trouxeram impactos negativos à sociedade,

como o crescimento desordenado das cidades e o aumento da poluição, a Nova

Revolução Industrial também terá os seus. Em suma, o fator mais preocupante é o fato

dos produtos gerados pela população, através das suas novas ferramentas de produção,

não possuírem uma forma de fiscalização adequada.

Page 30: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

30

Por ser uma Revolução Industrial que democratiza os meios de fabricação, na

mesma lógica da revolução causada pela Era da Informação, pessoas agora podem

copiar, fabricar e replicar ilegalmente uma grande variedade de produtos, assim como

vem sendo feito há algum tempo com as mídias digitais. Por mais que as empresas

criem cada vez mais mecanismos de proteção, é basicamente impossível evitar que uma

mídia seja copiada e replicada.

Um exemplo claro de que isso já está ocorrendo é a fabricação de armas através

de impressoras 3D. Qualquer usuário tem livre acesso para realizar o download do

modelo e imprimi-lo com suas próprias ferramentas de fabricação. Os modelos de armas

disponíveis ainda necessitam da adição de algumas peças não impressas para se

tornarem letais, no entanto, já podem ser facilmente construídas por qualquer pessoa

que tenha o modelo tridimensional e uma impressora 3D.

Figura 10 - Arma feita por impressora 3D

Fonte: Imagem adaptada do site www.metacentricities.com/2013/05/because-we-can/,

consultado em maio de 2014

Page 31: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

31

2. FERRAMENTAS DA REVOLUÇÃO

Como foi visto anteriormente, a Nova Revolução Industrial e o Movimento

Makers são sustentados por uma série de novas ferramentas que permitem que pessoas

inovem e fabriquem seus próprios produtos. Muitas dessas ferramentas já existiam bem

antes da Nova Revolução Industrial dar seus primeiros sinais de chegada, sendo assim,

o que definiu o “divisor de águas” não foi o momento em que essas ferramentas foram

inventadas, mas, sim, o momento em que elas se tornaram mais acessíveis às pessoas. A

seguir serão detalhadas três das principais ferramentas responsáveis por essa revolução:

2.1 Impressora 3D

Uma das principais ferramentas que sustentam a Nova Revolução Industrial é a

impressora 3D. A impressora 3D é uma forma de tecnologia de fabricação aditiva em

que um modelo tridimensional é criado a partir da impressão de sucessivas camadas de

material. Generalizando, a máquina funciona de forma parecida a uma impressora

convencional, porém tem a capacidade de se deslocar em três dimensões e imprimir

usando filamentos que se solidificam ao final da impressão.

Figura 11 – Componentes da Impressora 3D

Fonte: Elaboração Própria

Page 32: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

32

Criada aproximadamente na década de 80, apenas atualmente a máquina se

tornou acessível ao consumidor. Dado o enorme potencial desse tipo de tecnologia, cada

vez mais empresas estão entrando no mercado de impressão 3D e oferecendo

impressoras mais rápidas e baratas. Não suficiente, seguindo a lógica da tendência DIY,

existe uma enorme comunidade online desenvolvendo e compartilhando soluções de

impressão 3D. A RepRap é uma comunidade feita com o propósito de desenvolver e

compartilhar projetos de máquinas auto replicáveis. Em outras palavras, um usuário

pode acessar a comunidade e obter todas as informações para criar a sua própria

impressora 3D e, até mesmo, usá-la para construir outras impressoras 3D.

Em suma, o processo de fabricação de um objeto através de uma impressora 3D

é composto basicamente por três etapas:

Modelagem: Primeiramente, o objeto a ser impresso deverá ser modelado

tridimensionalmente com o auxílio de uma ferramenta digital de modelagem 3D ou com

o auxílio de scanner 3D de objetos, que será detalhado mais a frente.

Figura 12 – Ferramenta Digital de Modelagem 3D

Fonte: www.solidsmack.com/design/3d-scanning-solidworks-medical-prosthetics/,

consultado em maio de 2014

Tradução e Ajuste: Após a modelagem, é necessário o uso de um software para

dividir o modelo em camadas milimétricas e traduzi-las em coordenadas para que a

impressora realize um caminho de impressão. Além disso, outros ajustes também

podem ser feitos, como diminuição da porcentagem de preenchimento de um objeto

para economizar matéria-prima, mudança no padrão de preenchimento, ou até mesmo a

Page 33: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

33

adição de estruturas tridimensionais que ajudam a fixação da peça durante a impressão,

sendo o último caso específico apenas a alguns tipos de impressora 3D.

Figura 13 - Padrões de Preenchimento

Fonte: www.makerbot.com/blog/2013/06/26/makerware-2-2-0-more-features/,

consultado em maio de 2014

Figura 14 - Estrutura de Sustentação

Fonte: www.makerbot.com/blog/2013/06/26/makerware-2-2-0-more-features/,

consultado em maio de 2014

Impressão: Após os ajustes e a tradução dos dados em coordenadas para a

impressora, a impressão é feita de camada em camada. O bico extrusor, então, aplica

uma fina camada de matéria-prima derretida sobre uma plataforma e percorre um

caminho de impressão. Em seguida, a plataforma ou o extrusor se movem na vertical de

Page 34: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

34

forma a repetir o processo, agora em uma nova camada. Uma vez que todas as camadas

estejam impressas, o material está pronto para ser retirado da impressora.

Figura 15 - Processo de Impressão 3D

Fonte: www.youtube.com/watch?v=8_vloWVgf0o, consultado em maio de 2014.

Chris Anderson (2011) defende que o nível de tecnologia atual das impressoras

3D é equivalente ao nível de tecnologia de quando as impressoras 2D convencionais se

limitavam ao Dot Matrix, de apenas uma cor e baixa resolução. Há muito a ser

desenvolvido. Atualmente, as impressoras 3D ainda são bastante limitadas a poucos

tipos de filamento e os extrusores ainda são específicos a um tipo de material, o que não

permite a impressão de objetos híbridos, com partes metálicas, plásticas ou de madeira.

Figura 16 - Dot Matrix

Fonte: www.pt.ffonts.net/Dot-Matrix-Normal.font, consultado em maio de 2014

Page 35: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

35

Sendo assim, o uso da tecnologia de fabricação aditiva ainda percorrerá um

longo caminho de desenvolvimento até chegar a seu potencial pleno de utilização.

Atualmente as impressoras já são usadas por empresas e pessoas para simplificar o

processo de fabricação de peças muito complexas ou para a prototipação rápida de

objetos. Em um futuro bem próximo, os materiais serão tão variados e a resolução

chegará a níveis tão microscópicos que a impressora será capaz de produzir desde partes

do corpo humano até casas inteiras, como já vem sendo testado na China.

2.2 Scanner 3D

Os Scanners 3D são ferramentas capazes de capturar a realidade e traduzi-la em

forma de um arquivo digital. Em outras palavras, um scanner 3D serve para copiar

objetos do mundo real para o digital, tirando a necessidade do objeto ser desenhado do

zero em um programa de modelagem 3D. O dispositivo funciona basicamente através

de câmeras e lasers que, quando apontadas de diferentes perspectivas, conseguem

modelar objetos tridimensionalmente.

A resolução dos scanners ainda é bem limitada, porém o seu potencial é imenso.

Devido ao rápido processo de apontar e capturar, a ferramenta se torna uma poderosa

forma de dinamizar o processo de fabricação das impressoras 3D, diminuindo, em

certos casos, a dependência de profissionais e ferramentas de modelagem

tridimensional. As formas de aplicação serão ilimitadas. Em futuro bem próximo uma

pessoa poderá se escanear em alta resolução e criar seus próprios produtos, podendo ir

desde roupas, próteses até partes do corpo humano dimensionadas perfeitamente de

acordo com as especificidades do usuário. A Figura 17 a seguir evidencia como essa

realidade, apesar de ainda imatura, já está acessível para muitos. A figura mostra um

auto escaneamento do autor do presente trabalho.

Page 36: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

36

Figura 17 - Auto Escaneamento

Fonte: Elaboração Própria

2.3 Plataformas de Prototipagem Eletrônica

As plataformas de prototipagem são dispositivos eletrônicos projetados para ler

sinais de entrada, processá-los e gerar sinais de saída. Em outras palavras, a plataforma

possui um microprocessador que é capaz de ler dados e transformá-los em ações, da

forma que foi exemplificado na Figura 18. Dispositivos como esse já vem sendo usados

há muito tempo por grandes empresas e profissionais de eletrônica, no entanto, apenas

agora essas plataformas se tornaram acessíveis a um usuário leigo, tanto em termos de

custo, quanto em termos de facilidade de uso. Como o nome mesmo já diz, as

plataformas foram criadas como uma alternativa barata de prototipagem de soluções

eletrônicas. No entanto, elas se tornaram tão acessíveis e fáceis de usar que acabaram se

tornando, até mesmo, componentes em produtos finais.

Page 37: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

37

Figura 18 - Plataforma de Prototipagem Eletrônica

Fonte: Elaboração Própria

Assim como está acontecendo com as comunidades voltadas ao

desenvolvimento e compartilhamento de soluções de impressão 3D, as plataformas de

prototipagem eletrônica estão formando imensas comunidades, engajadas em

compartilhar pelo mundo o que há de mais novo em desenvolvimento de hardware e

popularizar a tendência DIY. Qualquer usuário interessado em montar seus próprios

projetos tem em seu alcance inúmeros fóruns de discussão, tutorias de uso da

plataforma e até mesmo milhares de projetos disponibilizados de graça.

Sendo assim, a popularização dessas plataformas é um fator importante na

sustentação do Movimento Makers. Além das plataformas serem uma poderosa

ferramenta para experimentação de novos negócios, elas permitem que as pessoas

construam suas soluções de produto de acordo com suas mais específicas necessidades.

A diversidade de soluções eletrônicas que essas ferramentas podem criar é imensa e

podem ir desde a criação de pequenos robôs, drones a casas inteligentes inteiramente

integráveis com smartphones e tablets dos moradores, basta criatividade.

É claro, essas ferramentas, por mais que estejam acessíveis a qualquer pessoa,

ainda requerem conhecimentos muito específicos em programação e eletrônica para que

um projeto, de fato, seja construído. No entanto, assim como vem acontecendo com os

frameworks de programação e as ferramentas de modelagem tridimensional, as

Page 38: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

38

plataformas de prototipagem eletrônica ficarão cada vez mais simples e intuitivas de

serem usadas, chegando a um ponto em que até as crianças poderão construir seus

próprios brinquedos eletrônicos.

Page 39: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

39

3. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE STARTUPS

NO CENÁRIO DE NOVA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

O presente capítulo terá como objetivo realizar um estudo a respeito do impacto

causado pelo cenário de Nova Revolução Industrial no desenvolvimento de startups.

Para isso, a seguir, será abordada uma visão geral sobre o desenvolvimento de startups

e, por fim, será feito um paralelo da prática de experimentação de startups com as

características presentes no cenário de Nova Revolução Industrial e do Movimento

Makers.

3.1 O conceito de Startup

Steve Blank (2012) define o conceito de startup como uma organização

temporária formada para buscar um modelo de negócio reprodutível, escalável e

lucrativo. Dito isso, para Osterwalder e Pigneur (2011), um modelo de negócios

descreve a lógica de criação, entrega e captura de valor por parte de uma organização.

Em suma, um bom modelo de negócio deveria responder às perguntas “Quem é o

cliente e o que ele valoriza?”, “Como a empresa fará dinheiro?” e “De que forma o

valor é entregue ao cliente dentro de um custo razoável?”.

Diante disso, o termo startup é usado para organizações em processo de

aprendizagem a respeito de um novo modelo negócio, que serve tanto para fazer

referência a empresas nascentes, quanto a novos produtos ou áreas de negócios dentro

de uma organização. Por exemplo, o Google antes de se consolidar como empresa era

uma startup, pois ainda era uma organização passando por um processo de

desenvolvimento de um modelo de negócio viável. Da mesma forma, apesar de não

formar uma nova empresa em si, a equipe do Google Glass também pode ser

considerada uma startup, pois ainda passa por um processo de desenvolvimento e

aprendizado antes de se concretizar como uma nova unidade de negócio do Google.

Page 40: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

40

Figura 19 – Startup em transição para uma empresa consolidada

Fonte: Elaboração Própria

Durante o processo de desenvolvimento de um novo modelo de negócio, o

empreendedor, na maioria das vezes, se depara com questões de altíssima incerteza, o

que o levar considerar certas premissas que nem sempre são realistas. Para exemplificar,

vamos imaginar dois cenários: um primeiro cenário em que existe um empreendedor no

processo de desenvolvimento de uma startup que fabrica um produto inovador e um

segundo cenário em que existe um empreendedor querendo abrir uma franquia de fast

food. No primeiro cenário, o empreendedor possui uma série de incertezas que precisam

ser investigadas para que o negócio seja viável. Quais são os clientes para o produto que

está sendo desenvolvido? O produto de fato resolve o problema dos clientes? Quanto

eles aceitariam pagar? Quanto custará minha operação? Essas perguntas exemplificam

uma das várias questões críticas que devem ser respondidas quando se cria um novo

modelo de negócio. Já para o segundo cenário, também existem perguntas a serem

respondidas, no entanto, não são tão críticas quanto às do primeiro, uma vez que a

franquia não é um modelo de negócio inovador. O modelo de negócio da franquia já foi

testado, validado e implementado por outros empreendedores, o que torna a incerteza do

negócio muito menor.

Com base nisso, Steve Blank (2004) afirma que nenhum plano de negócio resiste

ao primeiro contato com o mercado. Com isso, um modelo de negócio inovador precisa

ser constantemente testado para que as premissas e hipóteses que foram tomadas como

verdades sejam validadas ou refutadas, gerando um novo modelo mais coerente com o

Page 41: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

41

mercado e de menor incerteza. Com base nisso, a seguir será feita uma abordagem geral

a respeito do conceito de experimentação de modelos de negócios e da metodologia

Lean Startup.

3.2 Experimentação: atividade crítica no processo de

desenvolvimento

De acordo com MacGrath (2009), os modelos de negócio existem dentro de

determinadas restrições sujeitas a alterações causadas por mudanças no contexto de

negócio, como evoluções tecnológicas, mudanças regulatórias, etc. Embora muitas

dessas mudanças contextuais até possam ser previstas com antecedência, é muito raro

que se possa dizer a priori quais as alterações no modelo de negócio trarão maior

proveito à organização. Por outro lado, a experimentação permite à empresa testar

diferentes alternativas para o seu modelo de negócio dentro da nova situação, fazendo-o

evoluir em conjunto com o contexto externo. Por esse motivo, a experimentação assume

um papel central na evolução do modelo de negócio de uma startup.

Para colocar em prática essa experimentação, MacGrath (2009) apresenta uma

abordagem na qual os empreendedores identificam as principais suposições por trás do

modelo de negócio a ser desenvolvido. A partir daí, as atividades para o

desenvolvimento do modelo são sequenciadas em um plano divido em diversos check-

points. O próximo passo é a identificação das suposições a serem testadas em cada

check-point e os custos esperados para cada atividade. Essas atividades são então

organizadas em um plano que se inicia com as atividades mais baratas e evolui para

atividades mais caras na medida em que o conhecimento adquirido passa a justificar

maiores somas de investimento. Logicamente, após cada check-point o plano precisa ser

revisto frente aos resultados obtidos. O resultado desse planejamento é o aprendizado

rápido e barato na direção de um modelo de negócio bem sucedido ou a descoberta de

falhas que inviabilizem o modelo de negócio, antes de serem gastas grandes somas de

recursos.

3.2.1 Metodologia Lean Startup

Diante do cenário dinâmico em que as startups são inseridas, uma nova

metodologia de desenvolvimento de novos negócios tomou forma entre

empreendedores. Inicialmente o conceito Customer Development, Steve Blank (2004),

Page 42: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

42

surgiu como uma metodologia que defende que, para se alcançar sucesso, novas

empresas devem encontrar seu Product/Market Fit com o menor custo possível antes de

escalarem o negócio.

Figura 20 – Customer Development

Fonte: Traduzido do livro The Four Steps to Epiphany, E. Blank, 2004

Dessa forma, o a metodologia defende que um novo negócio deve passar por um

ciclo iterativo de descobrimento do “problema a ser resolvido” e validação dos

consumidores a respeito da necessidade de resolução desse problema. A frase “Get out

of the building!” (Steve Blank, 2004), que significa basicamente “Saia do escritório!”,

ficou popular entre o meio empreendedor e mostra a essência do que é o método,

empreendedores em negócios nascentes precisam alocar os esforços no aprendizado

sobre o problema a ser atacado e o cliente.

A partir do Customer Development, Erick Ries (2011) desenvolveu o conceito

de Lean Startup, que vem sendo muito usado no desenvolvimento de startups do meio

digital. O conceito foi inspirado no Sistema Toyota de Produção, que em termos gerais,

defende que a produção deve ser enxuta e focada no cliente. Sendo assim, a

metodologia explica, em suma, que o empreendedor deve desenvolver o seu negócio da

forma mais enxuta possível, de forma a oferecer a sua proposta de valor em pequenas e

seguidas entregas, gerando um Mínimo Produto Viável (MVP), a fim de aumentar a

taxa de feedbacks dos clientes, tornando o aprendizado a respeito do negócio maior e

seus riscos e incertezas menores. O ciclo de iteração deve evitar qualquer tipo de

desperdício de recursos ou esforços que não sejam para gerar mais aprendizado, o que

torna o processo mais barato e rápido. O processo de iteração foi representado na figura

a seguir:

Page 43: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

43

Figura 21 – Construir, Medir e Aprender

Fonte: Adaptado do The Lean Startup, E. Ries (2011)

Além disso, a metodologia é fortemente baseada em metas e métricas. O uso

dessas é vital para que uma startup possa monitorar o crescimento e aprendizado de

forma a testar e desenvolver um modelo de negócios de sucesso.

Por fim, a metodologia se repete até que o aprendizado marginal seja baixo em

relação à quantidade de recurso disponível para a continuação de experimentos. Nesse

ponto, o empreendedor, com acúmulo de aprendizado e diminuição da incerteza, poderá

buscar o crescimento escalável do negócio, ou, com falta de recursos e pouco

aprendizado, decidir mudar de estratégia ou abandonar o seu modelo de negócio. É

válido ressaltar que uma empresa deve estar sempre testando o seu modelo de negócios,

mesmo que ela já esteja com um modelo consolidado, afinal, o cenário em que ela se

encontra está sempre mudando. No entanto, a metodologia é extremamente importante

para startups em busca de um modelo viável, uma vez que ela diminui os riscos de

insucesso nos primeiros anos de vida através da experimentação e validação de

hipóteses.

Page 44: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

44

Figura 22 – Aprendizado, Recursos e Incerteza

Fonte: Framework de Startups Elogroup

3.3 Desenvolvimento de novos negócios no cenário de Nova

Revolução Industrial

Foi visto nos tópicos anteriores que a experimentação de um modelo de negócio

é um processo fundamental para que uma startup consiga alcançar um modelo viável.

Ela permite que as hipóteses a respeito dos pontos mais críticos do negócio sejam

testadas e validadas, de forma a criar um modelo mais coerente com a realidade e com

menor risco de insucesso. Com base nisso, o cenário de Nova Revolução Industrial se

mostra bastante propício para o desenvolvimento de novas startups, uma vez que o

mesmo facilita o processo de experimentação e diminui a necessidade de investimentos

em recursos.

Com isso, fazendo então um paralelo do que foi visto sobre Nova Revolução

Industrial e o Movimento Makers com o que foi visto sobre desenvolvimento de

startups, a seguir serão detalhados os três principais fatores que tornam o cenário

propício para o desenvolvimento de startups.

Prototipagem rápida com as novas ferramentas de produção

Um ponto questionável da metodologia Lean Startup é que ela possui uma

facilidade maior de implementação em startups do meio digital, por ter uma lógica

muito semelhante ao de desenvolvimento ágil de software e se enquadrar menos no

Page 45: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

45

processo de desenvolvimento de startups voltadas para manufatura. O processo de

experimentação entre startups com produtos do meio digital e startups com produtos do

meio físico são bem diferentes. Startups do meio digital lidam exclusivamente com

softwares, que são programados, distribuídos e testados no próprio ambiente digital.

Com isso, a entrega de um MVP se torna muito mais barato e ágil. Por outro lado, o

processo de experimentação de uma startup cujo produto é físico é bem mais complexo.

No caso, a criação de um MVP toma muito mais tempo e recursos, além de depender de

investimentos em matéria-prima, estocagem, distribuição, etc.

No entanto esse cenário vem mudando cada vez mais. O uso das novas

ferramentas de fabricação para prototipagem é um ponto marcante no contexto da Nova

Revolução Industrial. Através delas é possível transformar ideias em produtos de uma

forma muito mais fácil do que era antigamente. Com isso, o processo de

desenvolvimento do produto da startup se torna mais enxuto, uma vez que seu produto

pode ser prototipado, testado e remodelado de forma mais ágil e barata.

Além disso, em muitos casos, startups com menos recursos para comprarem

suas próprias ferramentas podem recorrer aos hackerspaces para prototiparem suas

soluções, o que torna o cenário ainda mais motivador para as pessoas que buscam

inovar e criar seus próprios negócios.

Comunidades impulsionando negócios

O uso das comunidades em prol da inovação e desenvolvimento de novos

negócios também é algo bem característico do cenário do Movimento Makers. O fácil

acesso e compartilhamento de informação permitem que as pessoas possam desenvolver

colaborativamente estudos das mais diversas áreas do conhecimento, diminuindo, em

muitos casos, a necessidade de investimento de tempo e recursos em pesquisa e

desenvolvimento de um negócio.

Fora o uso das diferentes comunidades espalhadas pela internet como fonte de

informação e discussão para empreendedores, Chris Anderson (2011) fez referência à

criação de comunidades como forma de uma empresa sustentar a competitividade do

seu modelo de negócio, principalmente aqueles que são open-source. Segundo ele, uma

startup com modelo open-source pode ser desenvolvida de maneira mais rápida, melhor

Page 46: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

46

e de forma mais barata do que ela seria se fosse desenvolvida em segredo, uma vez que

a comunidade serve como um laboratório de baixo custo de experimentação e inovação.

Chris Anderson (2011) defende que o gerenciamento dessas comunidades deve

ser tratado como um canal de marketing e que aos poucos pode se tornar autônomo.

Para se formar a comunidade, é preciso, é claro, que a empresa faça um trabalho de

construção de uma base inicial de conteúdo. No entanto, como o passar do tempo e o

aumento do número de usuários, a comunidade passa a ser alimentada com conteúdo

dos próprios usuários. Com isso, a empresa tem a possibilidade de, através de uma

política de recompensas, fazer com que os usuários sejam promovidos à, por exemplo,

moderadores de conteúdo e usá-los para trabalhar a favor do desenvolvimento do

negócio.

Além disso, Chris Anderson (2011) defende que startups protegem a marca com

o valor gerado pela rede formada pelas suas próprias comunidades. Segundo ele, mesmo

que uma startup chinesa faça uma cópia de um produto e o venda mais barato, ela não

terá uma cópia de um negócio. Isso acontece porque o valor gerado pela marca e a

comunidade do produto original é difícil de ser copiado ou transferido. As comunidades

costumam ser fiéis à marca original e se recusam a colaborar no desenvolvimento de

produtos copiados. Um exemplo claro disso é a competição entre o Arduino e outras

plataformas eletrônicas de prototipação. Apesar de mais baratas, as plataformas chinesas

inspiradas no Arduino não alcançaram um engajamento de suas comunidades tão grande

quanto à do Arduino, que continua tendo uma comunidade maior, além de uma fatia

expressivamente maior do mercado.

Chris Anderson (2011) ainda afirma que a rede formada por outras empresas e

startups que baseiam seus produtos no modelo de negócio da empresa detentora de uma

comunidade pode se tornar uma grande vantagem competitiva. Um grande exemplo

disso é o Android, sistema operacional para celulares. O sistema possui boa parte do seu

código aberto para o público. No entanto, o fato de outras empresas poderem usar isso

para produzir uma cópia do Android não se torna uma ameaça, uma vez que a

plataforma possui um imenso valor concretizado através da sua vasta rede de aplicativos

e utilitários que vem sendo criados para ela.

Page 47: ESTUDO SOBRE OS BENEFÍCIOS DO CENÁRIO DE NOVA

47

É válido ressaltar que não necessariamente uma comunidade deve estar

associada diretamente a uma única empresa. A comunidade RepRap, por exemplo,

voltada para o desenvolvimento de conteúdo e projetos de máquinas auto replicáveis,

em outras palavras, impressoras 3D que constroem outras impressoras 3D, tem sido

base para dezenas de negócios relacionados a impressoras 3D, não sendo

necessariamente ligada a uma única empresa. Pelo contrário, a comunidade é uma

iniciativa de pessoas engajadas em promover inovação. Os produtos das startups

surgidas baseadas nessa comunidade são frutos do conteúdo desenvolvido pela própria

comunidade adicionado às inovações e peculiaridades desenvolvidas por cada

empreendedor.

Experimentação de modelos de negócios

Por fim, uma grande caraterística da Nova Revolução Industrial e o Movimento

Makers no desenvolvimento de uma startup é o ambiente propício para experimentação

de negócios. Mais além do que fornecer ferramentas de prototipagem rápida, o cenário

se mostra propício para a prototipação de modelos de negócio como um todo. As novas

ferramentas de produção, bem como uso das comunidades como fonte de informação e

como o canal de uma empresa, permitem que uma startup possa entregar um MVP de

forma mais ágil e barata, o que antigamente era mais fácil apenas para startups do meio

digital. Com isso, startups conseguem diminuir a incerteza a respeito dos seus modelos

de negócios e desenvolver modelos que os clientes realmente queiram.

Além disso, as comunidades de crowdfunding, cada vez mais presentes nesse

cenário, além de diminuírem a necessidade dos empreendedores recorrerem a grandes

empréstimos ou investimento, são uma ótima forma de empreendedores

experimentarem novas formas de modelos de negócios de uma forma enxuta. Afinal, se

um projeto não consegue alcançar uma meta de investimento, significa que o produto

ainda não está aderente às necessidades dos clientes e precisa ser repensado. Por outro

lado, se o produto for aceito, o empreendedor recebe o investimento. Esse investimento

é um recurso essencial para que o empreendedor possa chegar ao estágio de testes da

operação do seu modelo de negócio, um ponto crítico que também requer um processo

longo de experimentação e aprendizado.

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48

Sendo assim, a partir dos pontos anteriormente citados, vemos que o cenário de

Nova Revolução Industrial pode impactar positivamente no processo de criação de

novas startups. O processo de experimentação ágil, que antes era viável apenas para

startups do meio digital, bem como a cultura de compartilhamento e cooperação no

desenvolvimento de projetos nas comunidades aumentam o aprendizado e diminuem a

quantidade de recursos necessários para o desenvolvimento de uma startup. Com isso,

startups reduzem seus riscos e aumenta as chances de se transformarem em empresas

consolidadas.

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4. ESTUDO DE CASO: 3D ROBOTICS

O presente capítulo realizará um estudo de caso de uma startup característica do

cenário de Nova Revolução Industrial e Movimento Makers, que foi descrito no tópico

anterior. Esse capítulo tem como objetivo fazer um paralelo do que foi estudado nos

capítulos anteriores com o que de fato ocorreu na prática durante o processo de

desenvolvimento da startup estudada. A empresa escolhida foi a 3D Robotics, uma

startup que surgiu de um hobby e se tornou uma empresa pioneira no desenvolvimento,

fabricação e venda de drones, veículos aéreos não tripulados. Seu detalhamento será

feito logo a seguir.

4.1 Histórico

Tudo começou em 2007, quando Chris Anderson quis fazer um programa

divertido com seus filhos e comprou dois brinquedos para entretê-los: um robô

programável de Lego e um aeromodelo controlado por rádio controle. Apesar da

tentativa, as crianças não ficaram muito satisfeitas. O primeiro brinquedo, apesar de

possuir diversas funcionalidades programáveis, ficou muito abaixo das expectativas, já

que o robô fazia apenas alguns movimentos básicos, o que fez com que as crianças

rapidamente enjoassem dele. A experiência com o segundo também não deu muito

certo, já que o aeromodelo foi parar em uma árvore em pouco tempo de brincadeira.

Depois desse programa fracassado, Chris Anderson ficou intrigado com a situação e

tentou pensar em uma maneira de aproveitar melhor aqueles dois brinquedos. Foi daí

que ele tirou a ideia de construir um piloto automático para o aeromodelo através dos

componentes usados no robô programável de Lego. Apesar de a ideia ter funcionado, os

componentes de Lego se mostraram claramente inapropriados para a função que

estavam sendo usados. Com isso, após muito pesquisar na internet sobre informações de

como construir de forma eficiente o seu aeromodelo com piloto automático, Chris

Anderson enxergou uma oportunidade de construir uma comunidade focada em debater

e compartilhar informações a respeito da construção de drones caseiros. O site, chamado

de DIYDrones, que se refere ao termo “faça você mesmo”, foi criado e rapidamente

conquistou uma grande quantidade de adeptos interessados no hobby.

A comunidade foi criada em uma plataforma online de forma que os integrantes

tivessem ferramentas que permitissem que todos pudessem colaborar para o

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50

desenvolvimento da mesma, tirando a dependência de desenvolvimento de conteúdo e

moderação por parte do criador. No começo as pessoas se limitavam apenas a reportar

seus resultados e ideias relativos aos seus próprios projetos e pesquisas, no entanto, com

o passar do tempo, o site foi aprimorado e, com isso, os membros da comunidade

passaram a usar a plataforma de forma muito mais intensa, compartilhando e

armazenando arquivos, formando times para novos projetos, além de várias outras

funcionalidades disponíveis. Após perceber o valor que estava sendo criado na

comunidade, Chris Anderson, tomou a decisão de transformar o hobby em um negócio.

A partir daí, em 2009, Chris Anderson passou a montar em sua própria mesa de

jantar drones a serem vendidos pela internet. Buscou na internet fornecedores para as

peças que precisava e montou e testou com as próprias mãos os kits de drones, também

com a ajuda dos filhos. Com o passar do tempo, a demanda aumentou e ele se viu

obrigado a passar a responsabilidade de montagem de certos componentes para

empresas especializadas nisso. O engajamento da comunidade chegou a um ponto tão

intenso que as inovações criadas pelos seus integrantes já estavam acontecendo em um

ritmo mais ágil do que a capacidade dos fornecedores em fabricar os componentes

específicos que estavam sendo demandados. Com isso, Chris Anderson, em parceria

com Jordi Munoz, um jovem talentoso que conheceu pela própria comunidade, optou

por começar um processo próprio de fabricação de alguns dos componentes a serem

usados nas montagens dos drones. De uma garagem alugada, passaram a operar

atualmente em duas fábricas, uma em San Diego e outra em Tijuana, ambas de mais de

3000 metros quadrados, equipadas com maquinas como robôs de montagem,

impressoras 3D, máquinas de controle numérico computadorizado, além de um time de

operários e engenheiros responsáveis pela operação e desenvolvimento de novos

produtos.

No primeiro ano, a empresa faturou aproximadamente US$ 250.000; em 2011,

terceiro ano de operação, alcançou um faturamento de US$ 3.000.000 e vem crescendo

75% a cada ano que passa. Uma startup que nasceu de um hobby se transformou em

uma das empresas pioneiras do mundo no ramo dos drones de baixo custo e já

conseguiu mais de US$ 35.000.000 em investimentos.

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51

4.2 Modelo de Negócio

A seguir, com o auxílio do framework Business Model Canvas, Osterwalder

(2011), será detalhado o modelo de negócio da 3D Robotics.

Figura 23 - Modelo de Negócio 3D Robotics

Fonte: Elaboração Própria

Segmento de Clientes

O Segmento de Clientes pode ser generalizado em basicamente dois grandes

grupos. O primeiro, pessoas que gostam do hobby, engloba todos os adeptos de

tecnologia aeromodelismo que são potenciais consumidores de produtos da 3D

Robotics. Já o segundo, pessoas que buscam soluções inovadoras no uso de drones,

engloba todas as pessoas em potencial que possam usar os drones como uma ferramenta

inovadora de resolução de problemas. Exemplos bem claros de soluções inovadoras

buscadas pelo segundo grupo são os drones usados para realizar filmagens e fotografias,

ou reconhecimento de regiões extensas ou de difícil acesso.

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52

Proposta de Valor

A Proposta de Valor da 3D Robotics é basicamente desenvolver e oferecer

soluções inovadoras em veículos aéreos não tripulados. Os produtos oferecidos são

separados em três categorias: Kits com drones Ready-to-Fly, que já contêm todos os

componentes necessários para se usar o drone, componentes de hardware necessários

para uma pessoa construir o próprio drone e, por fim, softwares de código aberto que

ampliam a experiência de uso desses drones.

Canais

Os Canais usados pela 3D Robotics para interface com o cliente são os três

principais canais do meio digital: a web, os smartphones e os tablets. A venda de

produtos e a interação com a empresa é feita totalmente online. Apesar dos smartphones

e tablets poderem acessar o canal da web, por serem dispositivos móveis, suas funções

são voltadas para a distribuição e uso de aplicativos relacionados ao controle e

monitoramento dos drones. Por fim, o serviço de correio é o canal responsável pelo

envio dos produtos aos clientes.

Relacionamento com Clientes

O principal aspecto da parte de Relacionamento com Clientes da empresa é o

uso da comunidade DIYDrones.com como uma forma de interação e engajamento. A

comunidade é o principal canal de interação com o cliente. Assim como pode ser um

ótimo canal para promoção da empresa, serve também como um canal de feedback por

parte dos clientes. Além disso, independentemente da participação da 3D Robotics, os

membros da comunidade interagem entre si e compartilham suas ideias e projetos,

formando um ambiente fértil de pesquisa e desenvolvimento, o que engaja os usuários e

atrai novos clientes à 3D Robotics.

Fontes de Receita

A empresa gera receita a parir de duas categorias de produtos. A venda de Kits

completos com drones já prontos para serem usados e a venda de hardwares específicos

para usuários construírem seus drones com as próprias mãos. A primeira representa

maior parte da receita da empresa, uma vez que, segundo Chris Anderson, a maioria dos

clientes ainda prefere comprar a solução pronta e com garantia de qualidade do que

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53

tentar fazer com as próprias mãos. Os softwares são disponibilizados totalmente de

graça e por isso não geram receita diretamente para empresa. De forma indireta esses

softwares motivam a compra dos hardwares oferecidos pela 3D Robotics.

Recursos Principais

Os Recursos Principais identificados na 3D Robotics são os seus colaboradores

para o funcionamento da empresa e sua estrutura de produção. Os colaboradores tem um

papel vital na sustentabilidade do negócio, principalmente aqueles envolvidos no

desenvolvimento dos hardwares e softwares. Jordi Munoz, co-fundador da 3D

Robotics, por exemplo, impressionou Chris Anderson com sua habilidade de criar com

as próprias mão soluções inovadoras para os seus drones, o que foi um ponto decisivo

para Chris Anderson o escolher como sócio da empresa. Assim como Chris Anderson e

Jordi Munoz, a empresa conta com vários outros colaboradores extremamente

capacitados. Além disso, os próprios trabalhadores, os membros da comunidade

também fazem parte dos Recursos Principais da empresa. Fora a ajuda na correção de

erros e o feedback a respeito dos produtos, grande parte das inovações geradas pela 3D

Robotics advêm de conteúdo gerado pela sua comunidade. Por fim, a estrutura de

produção também é considerada um dos Recursos Principais. Com suas duas fábricas, a

empresa realiza a produção e montagem de certos componentes, o que a torna mais

flexível e capaz de implementar nos seus produtos, de forma muito mais rápida, as

inovações desenvolvidas pela empresa e pela comunidade.

Atividades Chave

As Atividades Chave são generalizadas em três grandes atividades: produção,

vendas e distribuição e desenvolvimento. A produção representa as atividades de

fabricação e montagem dos componentes que formam os drones. A atividade de vendas

e distribuição representa todos os processos de manutenção da estrutura online de venda

e despache dos produtos comprados online. Por fim, a atividade de desenvolvimento

representa todos os processos de desenvolvimento e atualização de software, além do

desenvolvimento de melhorias ou novos hardwares.

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Parcerias Principais

Generalizando, a 3D Robotics possui três Parcerias Principais. A primeira e

principal parceira da empresa são os membros da comunidade DIYDrones que, além de

moderarem conteúdo e ajudarem na manutenção da comunidade, são os principais

responsáveis por levar conhecimento e inovação para a empresa. Em segundo, estão as

empresas fornecedoras de insumos para a produção, como os maquinários e peças

usados na construção dos componentes dos produtos vendidos. Enfim, em terceiro,

estão os investidores da empresa, que já investiram mais de 35 milhões de dólares na

3D Robotics e alavancaram o crescimento da empresa.

Estrutura de Custos

A Estrutura de Custo é dividida em quatro grupos principais. O primeiro está

relacionado a todos os custos referentes à manutenção das instalações industriais que

suportam a fabricação e montagem dos produtos. O segundo é o custo alocado para

pagamento dos salários dos colaboradores que fazem o negócio acontecer. O terceiro é

referente aos custos das peças e matérias-primas dos produtos vendidos. Por fim, o

quarto grupo se refere a todos os custos relativos à manutenção das plataformas digitais,

como aluguel de servidores, domínio do site, desenvolvimento e manutenção dos

aplicativos para plataformas mobile, entre outros.

4.3 Evidências da Nova Revolução Industrial e o Movimento

Makers no desenvolvimento da 3D Robotics

O presente tópico tem como objetivo realizar uma revisão geral da trajetória da

3D Robotics desde a ideia até o negócio atual, de forma a identificar os principais

pontos característicos da Nova Revolução Industrial e do Movimento Makers que

impactaram positivamente no seu desenvolvimento. A trajetória da empresa foi

resumida em seis etapas, como ilustra a abaixo:

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Figura 24 - Trajetória da 3D Robotics

Fonte: Elaboração Própria

Um fato bem interessante no desenvolvimento dessa empresa é que ela se

originou em um ponto em que o Chris Anderson não possuía nem o conhecimento

necessário para desenvolver seu próprio drone e hoje em dia ela representa uma das

empresas mais promissoras no ramo de desenvolvimento e fabricação de drones. Para

adquirir o conhecimento necessário para o desenvolvimento do negócio, Chris

Anderson recorreu às comunidades online.

Depois de procurar e não achar uma comunidade que atendesse às suas

necessidades, Chris Anderson viu a oportunidade de criar a sua própria. A partir disso, a

estrutura oferecida pela DIYDrones foi suficiente para que os usuários se engajassem a

desenvolver e compartilhar a tecnologia que ele procurava. Segundo ele, diversos

grupos de desenvolvedores e engenheiros altamente capacitados se reuniram para

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56

desenvolver e compartilhar seus projetos na comunidade, sem custar um centavo à

comunidade DIYDrones.

Com isso, fica evidente como o uso da comunidade foi um fator fundamental

para que o Chris Anderson aprendesse sobre a tecnologia pro trás do seu futuro negócio.

Assim como o Arduino fez com a comunidade Arduino Playground e a Makerbot fez

com a comunidade Thingiverse, a 3D Robotics usou a sua comunidade DIYDrones para

se desenvolver e expandir o seu valor.

Além disso, outro ponto marcante no caso da 3D Robotics foi que o uso do

Arduino como plataforma de prototipagem eletrônica e outras ferramentas como,

impressora 3D e cortadores a laser, permitiu que o Chris Anderson pudesse fabricar de

forma rápida e barata seus primeiros protótipos. A partir dos arquivos digitais

disponibilizados na comunidade, Chris Anderson conseguiu montar os primeiros

protótipos com os próprios insumos e ferramentas que possuía em casa, com exceção de

certos componentes que ainda são muito complexos para serem produzidos com as

próprias mãos de forma eficiente, como é o caso dos motores elétricos. Com isso, fica

evidente como a democratização das ferramentas de produção contribuiu para o

desenvolvimento da 3D Robotics. Sem essas ferramentas, Chris Anderson levaria muito

mais tempo e necessitaria de muito mais recursos para prototipar seu produto.

Por fim, na 3D Robotics, Chris Anderson usou a sua própria comunidade como

local de experimentação e validação de hipóteses do modelo de negócio como um todo.

Além disso, no início da startup, Chris Anderson projetou e encomendou sob demanda

algumas peças que ele precisava para construir os seus drones, o que o permitiu testar

com os clientes seu produto e a viabilidade do negócio, sem ter que depender de uma

estrutura própria de produção. Sendo assim, o uso da comunidade como um canal de

experimentação e acesso à informação e a adoção de fornecedores para a produção e

montagem de algumas das peças contribuíram para que a 3D Robotics pudesse

experimentar e validar as principais hipóteses relacionadas ao negócio. Uma vez

validadas as hipóteses mais críticas referentes ao modelo de negócio, Chris Anderson

encontrou o Product/Market Fit do negócio e pôde, enfim, criar uma estrutura para

escalar o seu negócio de maneira menos arriscada.

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5. CONCLUSÃO

Foi visto que a Nova Revolução Industrial é baseada na democratização dos

meios de produção. Uma grande variedade de conteúdo das mais diversas áreas do

conhecimento exposta de forma acessível na internet, somada ao acesso às novas

ferramentas de produção, como as impressoras 3D e as plataformas de prototipagem

eletrônica, permitem que pessoas tenham micro fábricas e produzam seus próprios

objetos, remodelando a forma como a indústria é organizada.

Diante disso, o Movimento Makers surgiu como uma tendência social e

tecnológica que suporta a Nova Revolução Industrial, em que pessoas, com auxílio do

conhecimento e conteúdo exposto na internet, usam as novas ferramentas caseiras de

produção para construírem seus próprios produtos de acordo com suas necessidades. A

partir disso, empreendedores estão aproveitando o acesso facilitado à informação e às

ferramentas para desenvolverem startups. O Movimento Makers é sustentado pelo

cenário de: intensa geração de ideias e produção de conteúdo em ferramentas digitais,

disponibilização de informações e recursos em comunidades online e democratização de

ferramentas de produção.

Com relação ao processo de desenvolvimento de novos negócios, viu-se que

empresas nascentes, em alguns casos denominadas startups, precisam manter uma

rotina de experimentação, monitoramento e validação das hipóteses dos seus modelos

de negócio. Dessa forma, essas organizações nascentes conseguem gerar aprendizado e

desenvolver o seus negócios de forma mais enxuta, o que diminui os riscos de fracasso.

Sendo assim, o que foi visto na literatura e o estudo de caso mostram como

cenário de Nova Revolução Industrial e Movimento Makers podem impactar

positivamente no processo de desenvolvimento de novos negócios. Esse cenário possui

uma série de fatores que permitem que o empreendedor consiga agilizar o processo de

desenvolvimento de uma startup, bem como facilitar a rotina de experimentação e

validação das hipóteses relativas ao modelo de negócio. Esses fatores, que foram

levantados através das pesquisas bibliográficas e validados pelo estudo de caso, são:

Prototipagem rápida através das novas ferramentas de produção: a

acessibilidade às novas ferramentas de produção, como impressoras 3D e

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plataformas de prototipagem eletrônica, permite uma pessoa construir de

forma ágil e barata os seus próprios objetos e produtos. Tal fato facilita o

processo de prototipagem e experimentação dos produtos de uma startup,

acelerando o aprendizado e diminuindo as incertezas relacionadas ao

produto/cliente;

Comunidades engajadas impulsionando negócios: as comunidades de

pessoas engajadas em desenvolver e compartilhar conteúdo são ótimas

fontes de conhecimento, que podem poupar gastos com pesquisa e

desenvolvimento. Além disso, através das comunidades, empresas

podem experimentar e validar seus modelos de negócio, bem como

absorver inovações desenvolvidas pelos próprios membros. Tornando o

processo de desenvolvimento mais ágil e barato;

Cenário propício para experimentação de novos modelos de

negócios: Além das comunidades voltadas para desenvolvimento e

compartilhamento de conteúdo, existem comunidades engajadas em

viabilizar financeiramente o projeto de terceiros. As plataformas de

crowdfunding, além de funcionarem como uma fonte de investimento de

baixo risco, servem como uma forma de experimentar e validar um

produto. Quando um projeto alcança a cota de investimento é um sinal de

que existe uma validação do produto por parte dos investidores/clientes.

Fora isso, o uso de hackerspaces, espaços comunitários para

desenvolvimento de produtos inovadores, bem como o aumento de

fornecedores capazes de fabricar e imprimir peças customizadas sob

demanda, são formas de startups tecnológicas testarem seus produtos e a

viabilidade do modelo de negócio de forma menos arriscada.

Por fim, podemos pensar que com tanta acessibilidade à informação e às

ferramentas de produção, novos negócios estão sujeitos a uma competição maior, uma

vez que esse cenário de Nova Revolução Industrial e Movimento Makers diminui as

barreiras de entrada para certos tipos de negócio. Fora isso, assim como aconteceu com

as mídias digitais, diante desse cenário, produtos e serviços estão mais sujeitos a cópias,

o que pode impactar negativamente a sustentabilidade de um negócio. Logo, fica como

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oportunidade de pesquisas futuras o estudo aprofundado de como empresas e startups

mantêm a competitividade diante desse cenário com muitas empresas entrantes e com

produtos e serviços sendo copiados e compartilhados de graça na internet.

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