excelentÍssima senhora doutora juÍza de direito … · diretoria e também pelo presidente do...
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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA
COMARCA DE PALMAS/PR.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por intermédio de seus
órgãos de execução (Promotorias de Justiça da Comarca de Palmas/PR), com
fundamento nos artigos 127 e 129, III da Constituição da República, Lei n.
7.347/85, Código Civil e Processual Civil, vem, à presença de Vossa Excelência,
com apoio em documentos apresentados, propor a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA objetivando impor obrigação de fazer e não fazer (com
pedido de tutela de urgência inibitória) em tutela de interesse difuso de defesa do
patrimônio público (concurso público) em face de
1) MUNICÍPIO DE CORONEL DOMINGOS SOARES/PR, pessoa jurídica de
direito público, inscrito no CNPJ n. 01614415000118, com sede na Avenida
Araucária, 3120, no Centro Administrativo Adão Reis, no Município de
Coronel Domingos Soares/PR, representado pelo Prefeito Municipal
MAURO CORREA DE ALMEIDA ou quem lhe substituir e suceder no cargo;
2) FUNDAÇÃO DE APOIO À EDUCAÇÃO, PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA
FEDERAL DO PARANÁ – FUNTEF/PR, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ n. 02032297000607, com sede na Via do Conhecimento,
km 01, Fraron, no Município de Pato Branco/PR, representando por sua
Diretoria e também pelo Presidente do Núcleo de Concursos de Pato
Branco/PR1;
1 Maiores informações dos representantes e canais de contato para fim de intimação e citação podem ser obtidas pelo exame do “contrato de prestação de serviços” que instrui a presente demanda.
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DOS FATOS E DO DIREITO
1. Conforme planejamento estratégico do Ministério Público de Palmas/PR,
acompanhar e fiscalizar todas as etapas da organização e realização de
concurso público para cumprir com o disposto no artigo 37, II, da
Constituição constitui diretriz e prioridade.
2. Sendo o concurso público a “porta da frente” para entrada no serviço
público, sendo o concurso público a forma regular de investidura e aquisição
de patrimônio humano responsável pela execução dos serviços essenciais e
políticas públicas, evidente que o Ministério Público está preocupado não
apenas no que diz respeito à sua forma, mas também no que diz respeito ao
conteúdo e a qualidade de qualquer concurso público a ser realizado no
âmbito desta Comarca (Municípios de Palmas/PR e Coronel Domingos
Soares/PR), o que se justifica não só pela relevância e importância deste tipo
de procedimento, bem como considerando histórico de irregularidades e
problemas anteriores no tocante à referida temática e o gravíssimo e
permanente prejuízo à sociedade que decorre deste tipo de ilicitude.
3. Mais do que cobrar a mera e simbólica realização de concurso público sob
o ponto de vista formal, preocupa cada vez mais ao Ministério Público bem
exercer a função de fiscalizar de modo substancial e qualitativo todo o
procedimento envolvendo a realização de um concurso público, com especial
atenção para o critério de escolha e a forma de contratação da entidade
responsável pela elaboração do certame, providência decisiva para garantir
a segurança, idoneidade, lisura e qualidade do certame, sem prejuízo de que,
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além deste parâmetro, exame prévio do edital seja medida imprescindível e
relevante para que este tipo de controle tenha efetividade.
4. Entende o Ministério Público que há interesse difuso e coletivo de defesa
do patrimônio público e do interesse público consistente na realização de
concurso público mediante processo seguro, idôneo, livre de fraudes, sem
terceirização de atividade-fim, bem como a partir de metodologia adequada
à seleção isonômica e impessoal dos candidatos mais aptos, capacitados e
vocacionados para investidura nas carreiras públicas.
5. Buscando atuar de modo preventivo, por conta desta preocupação, desde o
início do ano de 2011 e o presente momento, ao longo de todos esses meses,
tratou o Ministério Público, por intermédio da Promotoria de Defesa do
Patrimônio Público, de entabular diversas reuniões com o Município de
CORONEL DOMINGOS SOARES/PR, objetivando alertar para a necessidade de
observância de determinados critérios mínimos para a realização de
concurso público, dentre os quais a contratação de entidade idônea de ensino
superior ou a ela indiretamente vinculada, preferencialmente de caráter
público, para a organização de concurso público, o que se justifica por
diversos motivos, especialmente o fato de se presumir que entidades que se
enquadrem neste perfil não só possuem maior presunção de idoneidade e
credibilidade, mas, sobretudo, possuem acervo técnico humano e material
próprio para realização de certame com a devida segurança, o que reduz
possibilidade de fraudes e risco de desorganização ou elaboração inadequada
de edital, conteúdo programático ou mesmo exame de provas e títulos
propriamente dito. Em todas essas reuniões, como fica claro e evidente nos
registros de documentação desta Promotoria de Justiça, deixou o Ministério
Público claro que haveria acompanhamento gradual, etapa a etapa, das
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Promotorias de Justiça em relação ao certame, preocupação que abrangia
não só a natureza e a condição e idoneidade da entidade a ser contratada,
mas diversos aspectos, dentre os quais verificação e identificação de cargos a
serem providos e abertos para concurso, o conteúdo do edital, a previsão de
taxas proporcionais à remuneração dos cargos, possibilidade de dispensa de
taxa de inscrição aos que comprovadamente demonstrassem insuficiência de
condições, observância da legislação os pré-requisitos para disputa, respeito
aos direitos e reserva de vagas aos portadores de necessidades especiais,
critérios para elaboração do conteúdo programático, atualização da
remuneração dos cargos, metodologia das provas a serem aplicadas, ampla
publicidade e divulgação do certame perante conselhos regionais das classes
profissionais, resguardo para garantir novo concurso público para cargos em
relação aos quais não haveriam inscritos, dentre diversas outras questões.
6. É dentro deste contexto que, em 19 de janeiro de 2011, de parte da
Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Palmas/PR, a
partir da verificação pelo acompanhamento de publicações oficiais de que o
Município estava abrindo procedimento licitatório na modalidade de tomada
de preço para contratação de empresa fora dos critérios e parâmetros de
segurança definidos por este Órgão Ministerial, houve abertura de Inquérito
Civil n. 11.014-4, tendo como objeto “monitorar e adotar providências
preventivas e repressivas para controle da legalidade e conformidade de
CONCURSO PÚBLICO a ser realizado no Município de Coronel Domingos Soares,
conforme TOMADA DE PREÇO N. 02/2011”.
7. Para tanto, objetivando reduzir risco de problemas e vícios capazes de
prejudicar a credibilidade, a segurança e a qualidade dos concursos públicos
cuja realização futura desde então se previa, muito antes de o Município
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Coronel Domingos Soares cogitar de lançar edital de abertura do certame, de
modo resolutivo e verdadeiramente preventivo, deixou o Ministério
Público clara a intenção de celebrar Termo de Ajustamento de Conduta
posteriormente ao ato administrativo de busca de orçamento e seleção
prévia de entidades que se enquadrassem dentro do parâmetro essencial
fundamentadamente apresentado, instrumento que daria segurança e
nortearia todo o processo, ocasião em que todas as orientações e exigências
relacionadas às preocupações do Ministério Público seriam entabuladas e
ajustadas com o Município de Coronel Domingos Soares e com a entidade
contratada, o que se entendia pertinente para a segurança de todo o
processo, inclusive para evitar risco de reedição de atos ou reformulação de
documentos relacionados ao atendimento da demanda de cumprimento do
disposto no artigo 37, II, da Constituição. Pretendia-se, de toda a forma,
evitar prejuízos ao erário municipal ou à sociedade envolvida, abrangendo
tanto candidatos aos cargos em disputa, seja no tocante aos futuros e
potenciais beneficiários dos serviços públicos a serem executados por esses
agentes selecionados.
8. Por conta da complexidade da situação e do grau de prioridade e atenção
dado pelo Ministério Público de Palmas/PR no tocante ao planejamento e
organização de concurso público a ser realizado pelo Município de Coronel
Domingos Soares/PR, ficou claro desde o princípio, por diversas reuniões
realizadas na Promotoria de Justiça, as quais contaram ou diretamente com a
participação do Prefeito Municipal ou com a sua representação pela sua
assessoria jurídica, todas devidamente registradas, que antes da elaboração
de edital e sua respectiva publicação pelo Município, seria, mais do que
recomendável, verdadeiramente necessário, permitir que tivesse o
Ministério Público ciência prévia da minuta do edital de concurso, inclusive
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para que houvesse espaço democrático para autotutela e correção da
administrativa da sua postura de modo a atender posicionamentos
fundamentados e relacionados às atribuições constitucionais do Ministério
Público.
9. Não por acaso, frise-se, além da abertura de inquérito civil, foram
realizadas inúmeras reuniões entre Ministério Público e Município de
Coronel Domingos Soares/PR para que a posição fundamentada desde Órgão
Ministerial restasse explícita.
10. Não obstante este contexto, de modo incompreensível, para surpresa do
Ministério Público, quebrando expectativa e dever lateral de conduta
relacionado ao princípio da boa-fé objetiva que se acredita também deva
viger no relacionamento entre instituições e órgãos públicos, resolveu o
Município de Coronel Domingos Soares/PR, por decisão do Prefeito e,
aparentemente, de sua Assessoria Jurídica, realizar contratação direta de
entidade (FUNTEF-PR) por R$ 143.583,25 (cento e quarenta e três mil,
quinhentos e oitenta e três reais e vinte e cinco centavos) para realização
onerosa e dispendiosa de serviço sem respaldo em termo de ajustamento de
conduta que buscasse estabelecer deveres e obrigações relevantes para que o
certame cumprisse com a finalidade e qualidade diferenciada na seleção de
modo a assegurar respeito ao teor dos parâmetros apontados pelo Ministério
Público.
11. Em 03 de junho de 2011, não só contratou o Município de Coronel
Domingos Soares pessoa jurídica de direito privado para organização e
preparação de concurso público, como, ao que tudo indica, o fez sem
regularidade administrativa (formalização de procedimento de
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inexigibilidade ou dispensa de licitação), com antecipação de pagamento (R$
95.593,25 teriam sido pagos até o término das inscrições), sem o devido
lastro em contrato administrativo numerado, muito menos detalhamento de
justificativa do procedimento adotado e comprovação de publicidade.
12. Para além das irregularidades e dos vícios de legalidade e motivação de
ato administrativo já na fase administrativa de seleção e, sobretudo, de
contratação da entidade que seria responsável pela organização e realização
do certame, eis que o Município de Coronel Domingos Soares/PR resolveu,
três dias depois da contratação realizada, em 06 de junho de 2011, publicar
Editais n. 01/2011 e 02/2011 de abertura de Concurso Público sem prévio
comunicado ao Ministério Público que possibilitasse a retificação dos seus
termos, inclusive mediante termo de ajustamento de conduta que buscasse
estabelecer deveres e obrigações relevantes para que o certame cumprisse
com a finalidade e qualidade na seleção de modo a garantir patamar
diferenciado da contratação por regime de preço diferenciado.
13. Tão logo identificadas as irregularidades acima mencionadas na seleção e
contratação, antevendo problemas insanáveis de forma e de conteúdo no
âmbito dos referidos editais, ainda buscando atuar de modo resolutivo e
preventivo, tratou o Ministério Público de encaminhar Recomendações
Administrativas n. 09/2011 (27 de junho de 2011) e n. 10/2011 (06 de
julho de 2011), respectivamente ao Município de Coronel Domingos Soares e
entidade contratada (FUNTEF/PR), ocasião em que foi recomendada a
imediata suspensão e paralisação do concurso em andamento para
regularização das irregularidades então apontadas.
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14. Nesse contexto, além da emissão formal das referidas Recomendações,
houve realização de reuniões presenciais separadas tanto com
representantes do Município de Coronel Domingos Soares/PR (01 de julho
de 2011), como também envolvendo dirigentes da entidade contratada, no
caso, FUNTEF/PR (06 de julho de 2011), ocasião em que os motivos do
posicionamento do Ministério Público foram antecipados e esclarecidos de
modo detalhado, facultado contraditório e posição das partes.
15. Por conta disso, houve anuência e concordância inicial tanto do
Município de Coronel Domingos Soares/PR como da entidade contratada
(FUNTEF-PR – Núcleo de Concursos de Pato Branco/PR), conforme
comprovado na documentação, de modo que, na prática, foi informado
cumprimento das Recomendações Administrativas expedidas, o que gerou
adiamento do concurso público agendado, cujas provas iniciais pretendia-se
que fossem realizadas nos dias
16. Segundo comunicado oficial da entidade organizadora do concurso, a
FUNTEF-PR, realizado por intermédio do Ofício n. 015/2011-NCE, foi dito o
seguinte: “Servimo-nos do presente para informar à Vossa Excelência que o
Núcleo de Concursos Externos da Fundação de Apoio à Educação, Pesquisa e
Desenvolvimento Científico e Tecnológico da UTFPR, NCE, acolheu a
recomendação recebida e suspendeu os procedimentos relativos aos concursos
públicos do Município de Coronel Domingos Soares, como pode-se observar no
documento que segue anexo. Aproveitamos a oportunidade para informar,
também, que o Comunicado será publicado no site oficial dos concursos e em
jornal de circulação local no Município de Coronel Domingos Soares/PR.
Concomitantemente, no referido periódico (Folha do Sudoeste – edição de 09
de julho), restou esclarecida à sociedade não somente a suspensão do
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certame, como ainda a circunstância de que a medida visava atender ao
posicionamento ministerial, o que se fez nos termos seguintes: “tão logo haja
resolução para os itens a serem apontado pelo Ministério Público, os
interessados serão comunicados das providências adotadas” [detalhe:
diversos aspectos e problemas já tinham sido indicados, como se depreende
das próprias Recomendações Administrativas e expedientes anteriores;
outros seriam depois que a documentação completa solicitada fosse
remetida, o que não ocorreu, como será explicado logo adiante].
17. Em relação à Recomendação Administrativa n. 10/2011 encaminhada à
FUNTEF-PR, quando do encaminhamento do expediente, em 06 de julho de
2011, cobrou-se “remessa de todos os documentos relacionados ao certame
(incluindo dados completos da contratação, critério e composição de custo,
relatório esclarecendo a forma de organização de editais em relação a cada um
dos cargos, apresentação dos padrões e sugestões da entidade relativamente a
este certame”.
18. Não tendo havido remessa da documentação, por Ofício n. 182/2011, em
12 de julho de 2011, tornou o Ministério Público a solicitar o
encaminhamento da documentação pretendida para devido
encaminhamento à situação, tendo a referida entidade, em 15 de julho de
2011, negado fornecimento, alegando que a análise da legalidade dos editais
caberia ao Município e afirmando que a entidade somente atenderia a
solicitações do Município por ter sido por ele contratada. Na ocasião, foi
mencionada existência de “parecer” do Prefeito Municipal de Coronel
Domingos Soares/PR, documento que até o momento esta Promotoria
desconhece, não constando que sobre ele tenha havido qualquer publicação
oficial.
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19. Após isso, de modo irracional, novamente sem justificativa e fundamento,
eis que o Município de Coronel Domingos Soares/PR e a entidade contratada
(FUNTEF/PR), mais uma vez quebrando expectativa e padrão de conduta,
tornaram a publicar, em 23 de julho de 2011, Editais n. 05/2011 e 06/2011
retomando o andamento dos concursos públicos e determinando a sua
realização “provável” nos dias 07 de agosto e 14 de agosto de 2011 [apesar
de constar a data como “provável”, presume-se que isso se deva à
desorganização que se tornou o certame, já que informações de candidatos e
contatos realizados dão como certa, “em princípio”, a realização do concurso,
consoante informado ao Ministério Público].
20. Posteriormente a isso, em 26 de julho de 2011, foi encaminhado Ofício n.
64/2011 ao Município de Coronel Domingos Soares/PR cobrando
esclarecimento quanto ao ocorrido,ocasião em que plurais irregularidades
foram sinalizadas, oportunidade em que foi cobrada justificativa sobre a
mudança de postura adotada pelo Município, expediente que não foi
respondido, caracterizando omissão e evidente violação de dever de ofício do
Prefeito Municipal, o que será apurado em expediente separado.
21. Também em 26 de julho de 2011, por intermédio do Ofício n. 65/2011,
foram cobrados esclarecimentos da entidade FUNTEF/PR, tendo esta
informado que teria sido “parecer do Exmo. Prefeito Municipal de Coronel
Domingos Soares em relação aos editais que tratam dos concursos públicos
n. 01/2011 e n. 02/2011 afirmando não haver ilegalidade, problema de
procedimento ou outros” o motivo para a retomada das atividades inerentes
à execução dos certames, ocasião em que houve nova negativa de
apresentação de documentos relativos ao certame ao Ministério Público.
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22. Como se vê, foram inúmeras as tentativas de o Ministério Público realizar
reuniões e ouvir tanto os representantes do Município de Coronel Domingos
Soares/PR como da FUNTEF/PR, os quais se eximiram e abstiveram do
compromisso de apresentar esclarecimentos ao Ministério Público e, ao
mesmo tempo, aos candidatos e à própria sociedade, o que impediu
possibilidade de resolução extrajudicial e administrativa do problema
(evidenciando o interesse de agir na busca da tutela jurisdicional), prova
disso reside no fato de que o Prefeito Municipal de Coronel Domingos
Soares/PR, por duas vezes notificado a comparecer nesta Promotoria de
Justiça, uma no âmbito do inquérito civil instaurado para acompanhar o
certame, outra no que diz respeito ao inquérito civil instaurado para apurar
improbidade administrativa em relação aos fatos, deixou de comparecer no
Ministério Público sob justificativa de outros compromissos. Da mesma
forma, a própria entidade FUNTEF/PR, que já havia comparecido em reunião
anterior na Promotoria, apresentou estranha manifestação por advogado
terceirizado alegando que a sua sede seria em Curitiba/PR e que somente lá
estaria seu corpo jurídico para prestar esclarecimentos.
20. Por força de todo o contexto, não restou outra alternativa ao Ministério
Público senão buscar a presente tutela jurisdicional objetivando, na
essencialidade, impor obrigação de fazer e não fazer tanto ao Município
quanto à FUNTEF, o que se faz, inclusive, com pedido de tutela de urgência
para suspensão de concurso público, conforme abaixo justificado e
postulado.
21. Delimitado o contexto dos acontecimentos fáticos envolvendo a atuação e
fiscalização do Ministério Público no tocante à realização de concurso
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público, demonstrada e explicitada a evolução oficial dos acontecimentos
abrangendo as reuniões realizadas e as providências extrajudiciais adotadas,
resta esclarecer que o Inquérito Civil n. 11.014-4, que dá suporte à presente
demanda, objetiva acompanhar dois Editais de Concursos Públicos em
andamento no Município de Coronel Domingos Soares/PR, no caso, o Edital
n. 01/2011 (provimento de 23 cargos, no caso, agente administrativo,
agente administrativo de saúde, agende de endemias, analista administrativo,
assistente social, auxiliar de odontologia, dentista (dentista normal e dentista
ESF), desenhista, enfermeiro, engenheiro florestal, farmacêutico bioquímico,
fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico (clínico geral, médico ESF, médico
pediatra), nutricionista, procurador, professor (sede, Chopim, Lavrama, De
Pauli, Chico André, Iratim, Iraras e Pedregulho, educação física para sede e
educação infantil), psicólogo, supervisor de serviços urbanos, técnico
agrícola, técnico em enfermagem, técnico em higiene dental e veterinário) e
o Edital n. 02/2011 (provimento de 13 cargos, no caso, agente comunitário
de saúde (Pinhal Grande Bela Vista, Colônia Soares, Vila Rural Induza
Cacumbangue, Nova Iguaçu-Barra do Iratim, Tristão e Marcon, André,
Tramazu, Serra Branca, Iratim, Engenho Velho e Passo da Lage, Zugman
Itiberê, 27 de outubro, Pintado, Biquina e Os 30, Terra Boa, Sincol e Alegria,
Estrela do Meio, Barracamento e Ferronato, Bom Retiro, Sede), auxiliar
administrativo, auxiliar de serviços gerais, carpinteiro, gari, guardião, mãe
social, mecânico, motorista, operador de máquinas, operário, pedreiro e
telefonista).
22. Apresentado este panorama, como já sinalizado pelo Ministério Público,
não obstante as irregularidades na forma de contratação da entidade
prestadora do certame, o que inclui a aparente falta de
dispensa/inexigibilidade de licitação, falta de cautela para evitar que esta
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terceirize total ou em parte a sua atividade-fim (o que o Ministério Público
deixou claro que não seria permitido no âmbito do concurso sob fiscalização
desta unidade!), existem patentes e crassas ilegalidades que viciam o
procedimento de ambos concursos públicos, senão total, pelo menos
parcialmente, são elas:
22.1) CARGO DE MOTORISTA: Há ilegalidade no fato de o Município,
posteriormente à publicação do Edital n. 02/2011 de abertura do concurso
público (fato ocorrido em 06 de junho de 2011), ter realizado, por intermédio
do Edital n. 03/2011 (fato ocorrido em 20 de junho de 2011), alteração dos
requisitos de acesso ao cargo, especificamente em relação ao grau de
escolaridade exigido (de nível fundamental completo para nível fundamental
incompleto), o que foi feito sem nenhuma justificativa ou ato fundamentado
que, ainda que fosse o caso, ensejaria no recomeço e total reabertura das
inscrições. Frontal a violação do princípio da legalidade no fato de ter sido
feita alteração do número de vagas e do requisito de acesso a um
determinado cargo, máxime considerando o princípio da anterioridade,
levando-se em conta que o “edital” é, inegavelmente, a lei que rege o
concurso. Houve, portanto, ilegal alteração das “regras do jogo”quando já
havia sido publicado o edital, quando já estava aberto o prazo para
inscrições, o que é verdadeiramente inadmissível, ainda que tenha sido
prorrogado o prazo das inscrições. É casuísmo inaceitável que tenha sido
alterada, pela via legislativa, os requisitos de acesso ao referido cargo,
situação que causa perplexidade e, inclusive, foi objeto de questionamento
expresso que pode ser bem contextualizada por pedido de providência e
reclamação formulada por Vereador Municipal no âmbito do Ministério
Público. Não obstante isso, nota-se confusão e divergência quanto ao fato de
constar no Anexo 3 a exigência de carteira de habilitação tipo “C”, quando o
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Edital n. 02/2011 ao qual está vinculado faz exigência de carteira de
habilitação tipo “D” para motorista, o que não se admite, já que a categoria
“C” é para condutores de caminhões e veículos utilizados em transporte de
carga com peso acima de 3,5 toneladas e “D” para condutores de ônibus e
veículos utilizados no transporte de passageiros. O mais estranho de tudo é
que foi justamente uma Lei Municipal n. 520/2011, de 07 de abril de 2011,
que estabeleceu pré-requisito de nível de escolaridade ensino fundamental
completo para o cargo de motorista, situação que restou alterada
posteriormente e quando já deflagrado estava o edital do concurso;
22.2) CARGO DE OPERADOR DE MÁQUINAS: Da mesma forma em relação
ao ocorrido em relação ao cargo de motorista, aqui também o Município
realizou alteração dos requisitos de acesso ao cargo, mudando o grau de
escolaridade exigido como pré-requisito (de ensino fundamental completo
para incompleto) no curso de vigência e posteriormente à deflagração de
edital, o que foi feito sem nenhuma justificativa ou ato fundamentado que,
ainda que fosse o caso, ensejaria na recomeço de todo o processo, com o
devido esclarecimento. Frontal a violação do princípio da legalidade no fato
de ter sido feita alteração do requisito de acesso a um determinado cargo,
máxime considerando o princípio da anterioridade, levando-se em conta que
o “edital” é, inegavelmente, a lei que rege o concurso. Chama-se atenção
para o fato da ausência de qualquer motivação ou fundamento para justificar
a edição do ato administrativo, o que, a rigor, justifica o seu enquadramento
como nulo, a partir do que não podem ser produzidos efeitos.
22.3) CARGO DE AGENTE ADMINISTRATIVO: Percebe-se que houve
divergência entre o número de vagas divulgado no Edital inaugural (de 06 de
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junho de 2011), que previa 02 (duas) vagas, situação modificada numa
publicação posterior sem embasamento em Edital, mencionando a existência
de 10 (dez) vagas (fato ocorrido em 18 de junho de 2011), quando já estava
em curso o prazo para realização de inscrições, situação que não tem o
menor cabimento, pois interfere na informação divulgada aos candidatos,
inclusive na expectativa quanto a inscrição ou não do certame, tal como nas
situações dos cargos anteriores; note-se que não houve nenhum
esclarecimento ou justificativa nesse sentido, muito menos retificação do
erro por publicação de novo edital;
22.4) CARGO DE PROFESSOR: Em desrespeito frontal à Lei de Diretrizes e
Bases (Lei 9.394/96) que no seu artigo 87, institui a Década da Educação,
tem-se que a previsão de realização de concurso público para provimento de
vários cargos de professor para exercício no âmbito da educação infantil e
ensino fundamental sem previsão no edital da exigência de professores
habilitados em nível superior ou com perspectiva da obtenção desta situação
por treinamento em serviço, caracteriza primeira ilegalidade que deve ser
reparada. O fato de o edital ter prevista possibilidade de acesso ao cargo de
Professor para candidatos que ostentem apenas “ensino médio completo
(Magistério ou Normal” não é aceito pelo Ministério Público como parâmetro
válido para o ano de 2011, posição esta que tem respaldo institucional na
interpretação sistemática da legislação feita pelo Centro de Apoio das
Promotorias de Proteção à Educação (órgão auxiliar sediado em
Curitiba/PR)2, especialmente considerando toda a política de valorização e
2 PARECER N. 02/2009 – CAOPEDUC “Porém, não podem mais ser aceitos profissionais com formação somente de nível médio na modalidade normal, pois já venceu o prazo de 10 anos estabelecido através da Década da Educação, constante na própria LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) em seu artigo 87. Tal instituto estabeleceu regras a serem cumpridas no prazo de 10 anos (prazo esse que se encerrou em 20 de dezembro de 2007), dentre elas há expressamente a menção à exigência de ensino superior a todos os professores (...)”.
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busca da qualidade na educação pública, o que inclui incremento de
valorização e remuneração salarial, questões que dizem respeito a princípios
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. A segunda ilegalidade consiste no
fato absurdo do edital do concurso desrespeitar previsão expressa da
Constituição Estadual, dando conta que a metodologia de avaliação para
provimento de cargos de magistério/professor no âmbito de concurso
público deve prever a realização de “prova didática”, conforme previsto pelo
artigo 27 e parágrafo onze, da Constituição Estadual, dispositivo inserido
justamente no âmbito da observância dos princípios da Administração
Pública. Inadmissível que um certame remunerado a custo elevado e
diferenciado tenha previsão de prova prática para mecânico, motorista e
operador de máquina e não estabeleça exigência de “prova didática”, ou seja
a avaliação “prática” da atividade do Professor! [por conta de situações como
essa é que a busca de qualidade na educação, princípio da matéria, ainda é
uma meta distante]. Tanto tinha o Município conhecimento e dúvida quanto
o critério a ser adotado que houve encaminhamento de email da assessoria
jurídica do Município questionando a necessidade da exigência de formação
superior para cargos de magistério, demanda sobre a qual o Município
sequer esperou ouvir o posicionamento conjunto e institucional do
Ministério Público. A conseqüência disso é que no edital do certame inexiste
qualquer previsão em relação à referida etapa.
22.5) CARGO/EMPREGO DE AGENTES COMUNITÁRIAS DE SAÚDE: Em
relação a escolha dos agentes comunitários de saúde, entende o Ministério
Público que a ilegalidade consiste no fato de o edital de concurso não ter feito
previsão adequada de pré-requisitos necessários para acesso ao cargo,
dentre os quais avaliação de perfil/entrevista para desempenho de atividade
que tem como função trabalhar na “linha de frente” da Estratégia de Saúde
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da Família (ESF), aspecto fundamental e decisivo para resolutividade
adequada da Estratégia de Saúde da Família. Tanto assim poderia ter sido
feito que no tocante à seleção de “menor aprendiz” houve observação no
tocante à questão, como se depreende do “contrato de prestação de serviços”
celebrado. Chama atenção, também, que a exigência de residência junto a
determinada localidade não tenha sido exigida a partir de critério objetivo de
antecedência, permitindo que alguém se mude ou se mova para uma
determinada comunidade com a qual não possui vinculo simplesmente para
a aquisição de uma função pública para a qual pode não estar vocacionado ou
minimamente preparado. Mais do que isso, de se acrescentar que a
remuneração mensal apresentada como sendo relativa ao cargo não
contempla adicional de insalubridade legalmente exigido e devido,
informação relevante que deveria ter constado no edital, inclusive porque a
“remuneração mensal” é uma das informações decisivas para despertar
interesse ou não de determinado candidato na realização do certame,
especialmente para área e função tão relevante. Além disso, houve
retificação do Edital, ocasião em que foi retirada vaga prevista para uma
localidade e incluída vaga para outra (retirou-se a previsão de seleção para
Comunidades de Pinhal Grande e Bela Vista para incluir a Comunidade de
Pedregulho), bem como houve diversos erros na identificação das
comunidades, as quais foram transcritas de modo irregular tanto no Edital n.
02/2011 quanto na retificação contida no Edital n. 03/2011 (por exemplo, a
Comunidade “Chico André” foi referida como André, a Comunidade “Remasa”
constou como “Tramazu”).
22.6) FALTA DE METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO ADEQUADA EM
RELAÇÃO A SELEÇÃO DE OUTROS CARGOS DE MAIOR COMPLEXIDADE
(MÉDICO, DENTISTA, ENFERMEIRO, TÉCNICO DE ENFERMAGEM,
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TÉCNICO AGRÍCOLA, ENGENHEIRO FLORESTAL, FARMACÊUTICO,
FISIOTERAPEUTA, FONOAUDIÓLOGO, NUTRICIONISTA, PROCURADOR,
PSICÓLOGO, VETERINÁRIO e ANALISTA ADMINISTRATIVO): Em relação a
esses cargos, percebe o Ministério Público que o edital é absolutamente falho,
tanto no que diz respeito ao deficiente conteúdo programático dos
conhecimentos mínimos a serem exigidos, como também no que tange à
metodologia da seleção se dar por avaliação pautada em formato insuficiente
para avaliação adequada dos conhecimentos de modo a permitir a escolha
dos melhores candidatos ou daqueles mais capacitados. Seja para cargos da
área de saúde (médico, dentista, farmacêutico, enfermeiro, técnico de
enfermagem, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo,
veterinário), seja para cargos técnicos relevantes como Procurador do
Município, Analista Administrativo, Técnico Agrícola ou Engenheiro
Florestal. Neste sentido, basta examinar superficialmente o edital para
perceber que, contrariando previsão do artigo 37, II, da Constituição da
República, não adotou o Município as cautelas mínimas e adequadas para
resguardar que a investidura em cargo ou emprego público dependa de
concurso público de provas e provas e títulos “de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego”, situação que, na ótica do Ministério
Público, desautoriza e torna ineficiente e propriamente ilegal a realização de
concurso público nos termos indicados. Evidente é o Edital nesse sentido,
que apenas fala em conhecimentos compatíveis com o “grau de escolaridade
exigido” para o cardo e de acordo com o “conteúdo programático” (item 5.2).
Os exemplos são gritantes e abrangem tanto cargos com escolaridade de
ensino fundamental (ex: agente comunitário de saúde), nível médio (ex:
técnico de enfermagem), como cargos para os quais se exige habilitação em
ensino superior (ex: psicólogo, assistente social, etc). Alguns exemplos são
evidentes: não é aceitável que um agente comunitário de saúde seja
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escolhido pela resposta a 28 (vinte e oito) questões, das quais quase metade
delas diz respeito à língua portuguesa e conhecimento gerais, restando falta
de questionamentos suficientes sobre “conhecimentos específicos” do
complexo Sistema Único de Saúde. Da mesma forma, não se imagina que uma
técnica de enfermagem ou mesmo um técnico agrícola possam ser escolhidos
quando metade das 32 questões que dizem respeito a suas atividades
referem-se a conhecimentos gerais e língua portuguesa, e não a
conhecimentos específicos das suas funções; o que dizer então da seleção de
um psicólogo, de uma assistente social ou mesmo de um engenheiro florestal
pela resposta de apenas 32 questões e uma redação que, a rigor, não tem
garantia alguma de vinculação com teste e avaliação de conhecimento
específico. O problema, como se vê, está não só em aspectos estruturais
anteriores, mas também na metodologia de avaliação e seleção de
candidatos, aspecto crucial para escolha dos melhores candidatos e para que
o concurso público cumpra com a sua finalidade, em último grau, para que o
patrimônio humano do Município seja preenchido e ocupado pelos melhores,
pelos mais aptos, pelos mais vocacionados, máxime considerando que
muitos anos poderão decorrer até que haja novo concurso. Ainda que sobre o
tema haja certa discricionariedade do Município, esta é limitada e regulada
pelos princípios constitucionais, pelos parâmetros constitucionais e por
justificativas administrativas pertinentes, as quais, no caso, não obstante as
diversas oportunidades propiciadas, não foram apresentadas, tanto que,
inexplicavelmente, não obstante diversas reuniões e orientações, acabou o
Município (como a entidade contratada) encaminhando a realização do
certame de modo diverso daquele que havia sido previamente combinado,
contrariando parâmetros objetivos apresentados pelo Ministério Público. A
própria postura irresponsável de “fuga” dos demandados da chamada deste
Órgão Ministerial para esclarecimentos bem evidencia o equívoco na postura
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adotada, demonstrando que esta não tem a menor subsistência e
consistência, do contrário, outra certamente seria a postura. Não se está aqui
dizendo que as provas não possam ser objetivas, mas o que se afirma, isso
sim, é que para determinados cargos é imprescindível que a avaliação do
candidato a partir de prova objetiva inclua conteúdo programático e volume
de questões pertinente para que o seu conhecimento seja suficientemente
testado, com prioridade para avaliação de conhecimentos específicos. Repita-
se, não é outra a finalidade o horizonte de sentido na realização de um
concurso público.
22.7) OUTROS PROBLEMAS E IRREGULARIDADES RELACIONADOS AOS
CERTAMES (CONCURSOS PÚBLICOS N. 01/2011 e 02/2011)
Sem prejuízo de todo o exposto, há inúmeras outras questões e
irregularidades que, no entendimento do Ministério Público, trazem risco
concreto de que a realização do certame, ao que tudo indica, não cumprirá
com a finalidade ou restar eivada de máculas e vícios que irão propiciar
chance de inúmeras demandas individuais questionando a legalidade, a
organização e a própria regularidade do certame, dentre elas:
22.7.1) POSSÍVEL NULIDADE DO CONTRATO DO MUNICÍPIO COM A
ENTIDADE PELA CONTRATAÇÃO DIRETA, INDEVIDA E DESPROVIDA DAS
FORMALIDADES E CAUTELAS LEGAIS, SITUAÇÃO QUE HOJE ESTÁ SENDO
APURADA NO PLANO DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA; (sendo de se
considerar que a atuação do Ministério Público no plano da improbidade
administrativa poderá buscar reconhecimento judicial da nulidade do
contrato firmado por entender que este desrespeitou os parâmetros formais
e materiais legalmente exigíveis, dentre os quais a prática de atos
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administrativos fundamentados para escolha administrativa realizada, a falta
de formalização adequada da contratação, incluindo critério de preço e
previsão orçamentária, a falta de inclusão de cláusulas adequadas para
resguardar interesse do Município e renovação do certame posteriormente
sem risco de se pagar duas vezes pelo mesmo serviço, dentre outros
problemas).
22.7.2) FALTA DE INCLUSÃO DE CARGOS PÚBLICOS NECESSÁRIOS PARA
ESTRUTURAÇÃO DAS ATIVIDADES e POLÍTICAS PÚBLICAS MUNICIPAIS
ESSENCIAIS, NOTADAMENTE NAS ÁREAS DE SAÚDE, EDUCAÇÃO,
ASSISTÊNCIA SOCIAL E MEIO AMBIENTE (realização de um grande
concurso sem precedentes para viger por até 04 anos no Município sem
incluir a necessidade de provimento de cargos essenciais para
desenvolvimento das políticas públicas do Município (ex: biólogo, fiscais
ambientais, cargos auxiliares da educação, responsáveis técnicos para
fiscalização de questões específicas como transporte escolar, merenda, etc),
tanto nas áreas de educação, saúde, como também em setores técnicos,
situação que permite a manutenção indevida de contratações temporárias,
cargos comissionados e estagiários em desacordo com as exigências legais;
pior de tudo é entender que o Município está fazendo uso de recursos
orçamentários vultosos para realização de um “grande” concurso público
incapaz de atender a demanda já existente, o que certamente fará que a
carência e a falta desses profissionais prejudique o desempenho das
atividade, podendo inclusive caracterizar improbidade por ineficiência);
22.7.3) RISCO DE TERCEIRIZAÇÃO DE ATIVIDADE-FIM DE PARTE DA
ENTIDADE CONTRATADA; (o que gera risco de fraude e quebra de
ineditismo para segurança de todo o processo, situação admitida como
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possível pela própria entidade contratada, conforme consta do “contrato de
prestação de serviços” (que na verdade deveria ser um contrato
administrativo com oficialidade, numeração e publicação nos órgãos oficiais)
celebrado, bem como na própria divulgação de serviços da entidade
contratada)
22.7.4) ABSURDA PUBLICAÇÃO DE EDITAIS SEM DEFINIÇÃO DE
CRONOGRAMA E COM INDICAÇÃO DE DATA “PROVÁVEL” PARA A
REALIZAÇÃO DAS PROVAS EM RELAÇÃO AOS CONCURSOS (situação que
vige até o dia de hoje, menos de 48 horas em relação a uma das datas
previstas para realização do concurso)
22.7.5) FALTA DE CRITÉRIO E DEMONSTRAÇÃO DE FUNÇÃO EFETIVA DA
COMISSÃO ORGANIZADORA (caso em que o Município, sem ato
fundamentado, designou Comissão Organizadora sem indicar os parâmetros,
os critérios e funções, colegiado que, segundo consta, não estaria exercendo
as funções de modo adequado e efetivo);
22.7.6) DESORGANIZAÇÃO NO CERTAME/OUTROS PROBLEMAS E
INCONVENIENTES RELACIONADOS À REALIZAÇÃO DO CONCURSO
PÚBLICO NOS TERMOS ATUAIS: Falta de credibilidade objetiva e mínima
organização e esclarecimento da organização do certame, incluindo abrupto
corte de etapas e supressão de publicidade e comunicado ao Ministério
Público (e candidatos) por mais de uma vez, elaboração de editais sem dado
fundamentado ou critérios objetivos definidos demonstrando os critérios
adotados, comprovando respeito à legislação vigente em relação a cada um
dos cargos/empregos/funções, alteração de editais e retificações sem
justificativa para falhas ocorridas, etc). Prova do disparate e do absurdo
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passa pela “nota de esclarecimento” divulgada pelo Município no tocante ao
Edital n. 03/2011 (de 20 de junho de 2011) ter apenas previsto que
“cancelamento de inscrição e devolução do valor pago” a candidatos
supostamente prejudicados, o que de certa forma implica no reconhecimento
do equívoco praticado, mesmo procedimento que não foi adotado em relação
a outras situações de erros cometidos.
De se notar que há um grande contrassenso e uma contradição entre a
postura do Município de Coronel Domingos Soares/PR e a FUNTEF-PR, o
primeiro alegando que contratou a segunda e que seria sua a
responsabilidade por erros e defeitos nos editais, e a segunda alegando que é
o Município que determina o conteúdo dos editais, sendo deste a palavra
final quanto a continuidade ou não do certame: verdadeiro jogo de
“empurra”. Há de se ponderar, mais uma vez, que o Município de Coronel
Domingos Soares/PR está investindo quantia de recursos públicos
equivalentes para realização de um certame que deve(ria) atender não só as
exigências postuladas pelo Ministério Público, mas também atender a
necessidade de uma qualidade diferenciada e que justifique o ônus da
contratação, o que não se tem pelo presente formato e da forma como o
procedimento foi adotado até o presente momento.
23. Inúmeras outras questões poderiam ser apresentadas, mas, por ora, para
o fim da presente demanda, fundamental que o Juízo compreenda que não só
o papel fiscalizatório do Ministério Público foi indevida e injustificadamente
cerceado, mas, sobretudo, a consideração de que a preocupação com a
regularidade e legalidade do concurso público é não só de forma como,
especialmente, de conteúdo!
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24. Por conta desses fatos e pelos fundamentos já apresentados, buscando
bem cumprir com sua missão constitucional de defesa e zelo pelo patrimônio
público (artigo 129, III, da Constituição), que inclui fiscalização de concursos
públicos a serem realizados, entendendo que há necessidade de inibir
perpetuação de ilícito com risco concreto e iminente de ofensa aos
princípios constitucionais da Administração Pública (artigo 37 da CR), bem
como ao disposto no artigo 37, II, da Constituição, inclusive a titulo de tutela
de urgência inibitória, esgotadas as tentativas de ajustamento extrajudicial
da conduta equivocada adotada pelo Município de Coronel Domingos
Soares/PR e pela entidade contratada, não restou outra alternativa ao
Ministério Público a não ser buscar determinação judicial (artigo 5o, XXXV, da
CR) que permita a suspensão do concurso público, seguida de prazo para
adequação/reedição e renovação de atos necessários para que os concursos
públicos a serem realizados sejam feitos dentro dos parâmetros de
legalidade e de conveniência para incremento dos serviços públicos.
25. Considerando que foi informado que há “data provável” para realização
das provas do referido concurso público nos dias 07 de agosto de 2011
(próximo Domingo) e 14 de agosto de 2011, entende o Ministério Público
que os pressupostos de tutela de urgência encontram-se preenchidos pela
próxima exposição dos fundamentos e do histórico que cercou o
acompanhamento feito no caso concreto, bem como pela proximidade da
realização das provas que, se forem feitas fora dos padrões mínimos
necessários, caracterizarão situação de grande prejuízo não só aos cofres
públicos, mas também em relação à credibilidade do próprio certame,
provavelmente protelando e abrindo discussões plurais sobre a invalidade
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do certame, frustrando a possibilidade de regularização de uma situação que
precisa ser resolvida em regime de prioridade3.
26. Considerando que o Município de Coronel Domingos Soares/PR, com
população aproximada de 8.000 habitantes, com população
predominantemente rural, apresenta inúmeras carências de políticas
públicas, tendo em vista que estas passam pela contratação regular de
servidores via regularização de concurso público, considerando que os
candidatos a serem selecionados nestes 02 (dois) grandes concursos
públicos constituirão patrimônio humano constituirão expressão
significativa dos recursos humanos à disposição da população por toda uma
carreira, ou seja, dezenas de anos, não há sentido que se permita a
continuidade dos certames que apresentam inúmeras desconformidades com
o padrão de qualidade exigível.
27. Por mais que o Ministério Público saiba da necessidade de concurso
público, tudo o que não se quer é criar novos problemas para resolver uma
demanda antiga, que precisa sim ser resolvida, mas não de qualquer jeito,
não de qualquer forma, não com desrespeito ao papel fiscalizatório do
Ministério Público, não com injustificada queima de etapas de modo a violar
3 “O periculum in mora (perigo da demora) é a probabilidade de dano a uma das partes de futura ou atual ação principal, resultante da demora do ajuizamento ou processamento e julgamento desta e até que seja possível a medida definitiva, e o fumus boni iuris (fumaça do bom direito) é a probabilidade ou possibilidade da existência do direito invocado pelo autor da ação cautelar e que justifica sua proteção, ainda que em caráter hipotético. Este pressuposto tem por fim evitar a concessão de medidas quando nenhuma é a probabilidade ou possibilidade de sucesso e, portanto, inútil a proteção cautelar. Para a aferição dessa probabilidade não se examina o conflito de interesses em profundidade, mas em cognição superficial e sumária, em razão mesmo da provisoridade da medida. O fumus boni iuris não é um prognóstico de resultado favorável no processo principal, nem uma antecipação do julgamento, mas simplesmente um juízo de probabilidade, perspectiva essa que basta para justificar o asseguramento do direito” (GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro, 3º v., 12ª ed., 1997, Editora Saraiva, p. 153/154).
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princípios constitucionais da Administração Pública e, em último grau, o
próprio sentido de qualquer realização de concurso público (artigo 37, II, da
CR).
28. O que é curioso é que o Município de Coronel Domingos Soares/PR e a
própria FUNTEF/PR adotem posturas inoficiosas e de omissão de
providências mínimas de esclarecimento e fornecimento de documentos e
informações relacionadas à organização do concurso público, omitindo
comparecimento e frustrando esclarecimentos ao Ministério Público numa
situação em que os problemas objetivos e pontuais foram apontados.
29. A presente demanda na qual se busca tutela coletiva pretende, portanto,
a título de tutela de urgência, não só paralisar e suspender a prova em
relação aos concursos públicos mencionados, seja parcialmente em relação a
determinados cargos apontados nos itens anteriores, seja totalmente a
critério e entendimento do Juízo considerando todo o contexto de ilicitude,
bem como impor obrigação de fazer/não fazer consistente no fato de que os
requeridos forneçam acesso ao Ministério Público a todos os documentos e
dados, bem como não dêem continuidade à realização de concurso público
até que Comissão de Concurso, Município e entidade (FUNTEF/PR) observem
e apresentem proposta para regularização, atendimento e adequação de
todos os problemas relacionados ao CONCURSO PÚBLICO n. 01/2011 e
CONCURSO PÚBLICO n. 02/2011.
30. Trata-se, aqui, não de invadir discricionariedade administrativa do
Município, mas sim de exercer excepcional controle formal e material efetivo
da legalidade de concurso público como procedimento da Administração
Pública que exige realização de atos administrativos fundamentados e
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coerentes com os princípios que regem o serviço público. Demonstrando a
relevância do controle a ser realizado, sabe-se que o problema de fraude e de
irregularidades e falta de adequação de editais em concursos públicos
constitui situação recorrente na realidade do país e do Estado. De qualquer
forma, chama-se atenção para o fato de que, especificamente no tocante à
realidade desta Comarca, além de ações judiciais em trâmite neste Juízo
questionando irregularidade de concursos públicos realizados por entes
públicos (ex: Ação Civil Pública n. 450/2007 envolvendo Concurso Público
para a Câmara Municipal de Vereadores de Palmas/PR), há pendência e
investigação do Ministério Público objetivando apurar histórico de
irregularidade no último concurso público realizado no âmbito do Município
de Coronel Domingos Soares/PR (Inquérito Civil n. 10.05-3), o que por si só
deveria ensejar postura diversa de parte do seu Gestor. Some-se isso a
reclamações e pedidos de providências que chegaram ao conhecimento desta
Promotoria de Justiça e ter-se-á o contexto formado para justificar a adoção
de iniciativa e de providências de parte do Ministério Público.
31. ANTE O EXPOSTO, requer o Ministério Público:
31.1) Seja a presente ação civil pública recebida e processada de modo
prioritário (o que se justifica pela natureza coletiva da pretensão, em atenção
ao disposto no artigo 5o, parágrafo segundo, da Constituição, bem como pela
aplicação analógica da Lei de Ação Popular), seguida de autuação e conclusão
imediata e em regime de plantão ao Juízo para que delibere sobre a tutela de
urgência pleiteada nos termos do item 31.2;
31.2) Seja concedida, liminarmente, independente de oitiva da parte
contrária, provimento judicial inibitório determinando imediata
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SUSPENSÃO/PARALISAÇÃO dos Concursos Públicos n. 01/2011 e 02/2011,
com adoção das medidas necessárias e equivalentes para que esta
providência se efetive, incluindo cancelamento das provas indicadas como
“prováveis” para as datas de 07 de agosto e 14 de agosto de 2011 no
Município de Coronel Domingos Soares/PR com obrigação de comunicado e
esclarecimento oficial aos candidatos e aos meios de comunicação (jornais de
circulação regional, local e emissoras de rádio, além das publicações oficiais e
divulgação no “sitio” eletrônico de cada um dos réus), comando jurisdicional
que se pretende seja dirigido tanto ao Município réu, como no representante
da entidade ré, inclusive com previsão de “astreinte”, o qual se requer seja
previsto e fixado a pessoa de seus representantes em patamar a ser
estipulado pelo Juízo de modo a evitar risco de inadimplemento e
descumprimento, medida que desde já se requer, tudo na forma do artigo
461, parágrafos terceiro e quarto do CPC); alternativamente, em caráter
subsidiário, e somente na hipótese de não deferimento do item anterior, o
que não se espera, máxime considerando todo o contexto (situação
envolvendo a contratação e risco de sua nulidade posterior), que na pior das
hipóteses se conceda e determine, nos mesmos termos anteriores, a
suspensão parcial do concurso para os cargos de MOTORISTA, OPERADOR
DE MÁQUINA, AGENTE ADMINISTRATIVO, AGENTE COMUNITÁRIA DE
SAÚDE, PROFESSOR, MÉDICO, DENTISTA, ENFERMEIRO, TÉCNICO DE
ENFERMAGEM, TÉCNICO AGRÍCOLA, ENGENHEIRO FLORESTAL,
FARMACÊUTICO, FISIOTERAPEUTA, FONOAUDIÓLOGO, NUTRICIONISTA,
PROCURADOR, PSICÓLOGO, VETERINÁRIO e ANALISTA ADMINISTRATIVO;
32.3) após a citação dos réus, se não for caso de julgamento antecipado da
lide, sejam produzidos todos os meios de prova em direito admitidos ao
Ministério Público, notadamente depoimento pessoal, prova testemunhal e
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prova pericial, até regular processamento e julgamento da pretensão de
imposição de dever jurídico deduzida;
32.4) seja emitido comando judicial condenatório-mandamental
consistente na determinação dos réus NÃO REALIZAREM E NÃO FAZEREM
qualquer ato de realização de prova e andamento dos Concursos Públicos n.
01/2011 e n. 02/2011 enquanto viger a liminar concedida e até que seja
celebrado acordo judicial ou extrajudicial para compor e atender à demanda
e aos problemas específicos apontados pelo Ministério Público ou que se
resolva a presente demanda por decisão de órgão colegiado com trânsito em
julgado, conforme fundamentação já exposta no item 22 da presente petição.
32.5) seja emitido comando judicial condenatório-mandamental
consistente na determinação do réu MUNICÍPIO DE CORONEL DOMINGOS
SOARES/PR observar OBRIGAÇÃO DE FAZER e adotar todos os meios
necessários para atenderem a regularização do concurso público em questão,
abrangendo as seguintes providências: 32.5.1) revisão de todos os atos
administrativos praticados desde a abertura dos certames; 32.5.2)
apresentação da motivação e da fundamentação relacionados aos parâmetros
relacionados à elaboração de cada um dos editais, incluindo atribuições dos
cargos, parâmetros para critérios e pré-requisitos em relação aos cargos,
conteúdo programático/bibliografia, legislação pertinente a cada um dos
cargos/empregos/funções em disputa e critérios de pontuação dos títulos;
32.5.3) assegurar que a realização dos concursos públicos somente se dê a
partir de entidade de ensino superior de caráter público estadual ou federal
ou fundação a esta direta ou indiretamente vinculada, assegurado acervo
técnico e impossibilidade de terceirização da realização das provas para
corpo técnico terceirizado ou contratado, observadas todas as formalidades
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legais e ouvido todas as esferas do Ministério Público envolvidas no episódio
(Estadual, Trabalho e de Contas; 32.5.4) assegurar que todos os cargos vagos
e que precisam ser providos constem do edital de concurso público, o que
precisa ser feito a partir de manifestação do Gestor da área e do Conselho
Social fiscalizatório respectivo concordando com a demanda apresentada,
salvo impedimentos financeiros e orçamentários devidamente comprovados,
o que não exclui necessidade de planejamento e apresentação de plano para
resolução do problema mediante posterior acordo nos autos ou termo de
ajustamento de conduta; 32.5.5) comunicar o Ministério Público de todos os
atos relacionados ao andamento do concurso público; 32.5.6) cumprir outras
providências ou determinações relacionadas compatíveis com a finalidade do
pedido e a causa de pedir como elementos identificadores da presente
demanda;
32.6) emitido comando judicial condenatório-mandamental consistente na
determinação da ré FUNTEF/PR: 32.5.1) disponibilizar ao Ministério Público
a exibição de todos os dados, documentos e informações existentes no
tocante ao concurso público em questão (incluindo contratação, preparação
de edital e atos posteriores), exceção feita única e exclusivamente ao
conteúdo da prova a ser aplicada que somente será do conhecimento dos
responsáveis pela sua elaboração por evidente questão de segurança e sigilo;
32.5.2) apresentar proposta de adequação e regularização do concurso a
partir dos parâmetros expostos no item 22 da presente petição, tendo em
vista já ter sido contratada pelo Município e, inclusive, ter recebido recursos
públicos para cumprir tal finalidade, salvo se restar anulada a realização do
contrato por determinação judicial; 32.5.3) assegurar que a elaboração das
provas a serem aplicadas não será terceirizada a prestador de serviço ou
parceiro que não seja integrante e conste do acervo técnico permanente da
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própria entidade há pelo menos um ano; 32.5.4) cumprir outras providências
ou determinações relacionadas compatíveis com a finalidade do pedido e a
causa de pedir como elementos identificadores da presente demanda;
32.7) requer-se a intimação do Ministério Público do Trabalho, do
Ministério Público Federal, bem como do Ministério Público de Contas, para
que estes manifestem interessem em participar do presente processo em
litisconsórcio.
32.8) requer-se extração de cópia da presente inicial e dos documentos que
lhe instruem seguida de remessa à Controladoria-Geral da União, ao Tribunal
de Contas da União e à Corregedoria-Geral e Presidência do Tribunal de
Contas do Estado do Paraná para que os referidos órgãos de controle e
fiscalização adotem as providências que entenderem cabíveis a partir dos
fatos narrados e mencionados no presente expediente.
32.9) em sendo procedente a demanda, que seja os réus condenados ao
pagamento dos encargos devidos e honorários de sucumbência ao Ministério
Público nos termos da legislação vigente e em patamar a ser definido pelo
Juízo;
Dá-se à causa o valor simbólico de R$ 1.000,00 (hum mil reais) para fim
meramente formal de cumprimento do disposto no artigo 282, V, c/c 258 do
CPC, tendo em vista tratar-se de pretensão envolvendo defesa do patrimônio
público de valor inestimável.
Palmas, 05 de agosto de 2011 (sexta-feira).
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MÁRCIO SOARES BERCLAZ ALEXEY CHOI CARUNCHO
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