excelentÍssima senhora doutora juÍza de direito … · no ano de 2006 a agência goiana de...
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS89ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ____ VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA/GO
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESTADO DE GOIÁS, por sua representante em exercício na 89ª Promotoria de Justiça, vem,
perante V. Exa., no uso de suas atribuições legais e com base nos artigos 127, 129,
III e 37, caput e incisos II, III e IV da Constituição Federal, artigos 117, III e 92 da
Constituição Estadual, art. 25, IV, “a” e “b” da Lei n.º 8.625/93, art. 46, VI, “b”, da Lei
Complementar n.º 25/98 e na Lei n.º 7.347/85, propor
ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público interno,
representado judicialmente por seu Procurador Geral do
Estado, Norival de Castro Santomé, domiciliado na Praça Dr.
Ludovico Teixeira nº. 26 Centro – Goiânia – GO, CEP nº.
74003 - 010.
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Goiânia/GO, telefones:(62) 3243 8208
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AÇÃO CIVIL PÚBLICA
COM PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR
URGENTE
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS89ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público
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pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:
No ano de 2006 a Agência Goiana de Administração e
Negócios Públicos – AGANP – realizou Concurso Público para provimento de vagas
de seu quadro de pessoal, em conformidade com o artigo 37, II, da Constituição
Federal e com a Lei Estadual n.º 15.543, de 16 de janeiro de 2006 , mediante os
Editais n.ºs 01, 02 e 03, todos de 25 de janeiro de 2006, publicados no Diário Oficial
do Estado de 26.01.2006.
O Edital n.º 01 destinou-se ao preenchimento de 291 vagas de
Gestor Governamental (graduação completa), sendo 65 para o cargo de Gestor de
Finanças e Controle, 106 para Gestor Jurídico e 120 para Gestor de Tecnologia da
Informação.
Por sua vez, o Edital n.º 02 visava ao provimento de 2.100
cargos de Assistente de Gestão Administrativa (nível médio), com previsão de 50
vagas para técnico em segurança do trabalho, 200 para a área de informática e
1.850 para “área de atuação geral”.
O Edital n.º 03 regulou o preenchimento de 242 cargos de
Analista de Gestão Administrativa, com a seguinte distribuição e áreas de atuação:
a) 12 para engenharia de segurança do trabalho; b) 15 para medicina do trabalho; c)
5 para medicina pericial – clínica geral; d) 2 para medicina pericial – ortopedia; e) 2
para medicina pericial – oncologia; f) 1 para medicina pericial – psiquiatria; g) 25
para psicologia; h) 180 para “geral” (educação superior em qualquer área do
conhecimento).
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FATOS
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Assim, o total de vagas oferecidas pelos editais em referência
chegou ao número de 2.633 (dois mil seiscentos e trinta e três).
Houve previsão de reserva técnica para todos os grupos,
sendo 291 para Gestor Governamental, 2.100 para Assistente de Gestão
Administrativa e 315 para Analista de Gestão Administrativa.
As provas foram aplicadas durante o mês de março de 2006 e
os resultados finais dos concursos públicos homologados pela Presidência da
AGANP em 18.04.2006, com publicação no Diário Oficial do Estado n.º 19.872, de
24 de abril de 2006.
Sem sombra de dúvida, foi o maior concurso público já
realizado no Estado de Goiás, com cerca de 100.000 (cem mil) inscritos, gerando
uma arrecadação próxima de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) para os
cofres do Governo Estadual.
Conforme se pôde acompanhar pela imprensa, após a
divulgação e homologação dos resultados, seguiu-se uma verdadeira batalha pela
nomeação dos aprovados e exoneração dos servidores comissionados e
temporários.
Com a iminência do prazo de validade do concurso público
expirar, o Ministério Público do Estado de Goiás ajuizou Ação Civil Pública com
pedido de liminar que foi distribuída à 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual (Fls.
178 às 182).Na concessão da liminar, a Magistrada Monocrática entendeu que os
aprovados no concurso público teriam direito subjetivo à nomeação, sendo assim,
concedeu o pedido, tendo em vista a existência de cargos vagos para os quais
foram regularmente criados; por entender que a realização de certames indica a
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necessidade da contratação de servidores e os editais dos concursos preverem a
possibilidade de mais um ano de prorrogação. Sendo assim, o prazo de validade do
concurso foi prorrogado até 24/04/2008.
Nesta Promotoria de Justiça foi instaurado Inquérito Civil
Público (fls. 02) que teve inicio com uma representação noticiando possíveis
irregularidades na contratação de pessoal terceirizado pela AGANP – Agência
Goiana de Negócios Públicos, em detrimento de aprovados em concurso público na área de informática.
De acordo com a representação, a AGANP renovaria o
contrato com a empresa POLITEC a partir do mês de fevereiro de 2007, fato que,
em tese, prejudicaria a nomeação dos aprovados no concurso para o cargo de
Gestor de Tecnologia da Informação, bem como os que estão na reserva técnica.
A representação noticiou ainda, que, a AGANP colocaria
funcionários terceirizados de empresas particulares, como a Politec, a Evoluti, que
exercem a função de Gestor de T.I. Para vários órgão, tais como IPASGO, SEPLAN,
SEFAZ, Secretaria da Saúde, DETRAN, dentre outras.
Diante as alegações, foram requisitas informações ao
Presidente da Agência Goiana de Administração e Negócios Públicos – AGANP, o
Sr. Manoel Xavier Ferreira Filho, acerca dos fatos alegados na representação, bem
como aos Secretário da Fazenda, o Sr. Oton Nascimento Júnior; ao Secretário de
Planejamento, o Sr. José Carlos Siqueira; ao Presidente do DETRAN, o Sr, Bráulio
Afonso de Morais e ao Presidente do IPASGO, o Sr. Nelson Siqueira de Araújo (fls.
12 às 21).
As informações foram devidamente prestadas, e, em apertada
síntese, justificou-se que as contratações temporárias de profissionais de informática _______________________________________________________________________________________Edifício Sede do Ministério Público - Rua 23, esq. c/Av.B, qd.06, lt. 15/24, 1º andar, gabinete 141, Jardim Goiás
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foram motivadas pela insuficiência de mão de obra especializada nos quadros da
administração pública. Alegou-se ainda que tais serviços são de natureza
indispensável, inexistindo qualquer irregularidades nos contratos firmados para
prestação de serviços técnicos de informática.
Diante das informações prestadas foram requisitadas ao
Presidente da AGANP cópia dos contratos e dos termos aditivos firmados entre a
AGANP e as empresas de informática mencionadas na representação.
Às fls. (149 às 177) do procedimento administrativo foram
anexados os contratos e NOVE termos aditivos firmados entre a empresa de
informática Politec e a AGANP, contrato este, datado de 06 de fevereiro de 2002
com termos aditivos prorrogando-os até junho de 2007.
Posteriormente foram requisitadas (fls. 183) ao Presidente do
IPASGO, cópias do Contrato e dos Termos Aditivos firmados entre as empresas
ACTIVE S/A e EVOLUTI TECNOLOGIA E SERVIÇOS LTDA e o IPASGO ( fls.184
às 326), dentre estes contratos, a título de exemplo, verifica-se o contrato celebrado
entre o IPASGO e a empresa de informática EVOLUTI que tem prazo de validade 23 DE MAIO DE 2008 com possibilidade de prorrogação.
Diante dos indícios de ilegalidades dos contratos referidos, este
Órgão Ministerial requisitou e anexou ao procedimento a relação nominal dos
funcionários da empresa EVOLUTI (fls. 323 às 341), colocados a disposição dos
órgãos da Administração Pública do Estado de Goiás, bem como a lotação, cargo e
a função desempenhada por cada um deles em razão do contrato de prestação de
serviços celebrado com o Estado.
Após a diligência supramencionada foi anexado ao
procedimento o DÉCIMO TERMO ADITIVO ao contrato 003/2002 entre a AGANP e
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a empresa POLITEC LTDA, com o objeto de prestação de serviços na área de informática com validade até 06 de fevereiro de 2008 (fls. 393 à 394).
Às fls. 473 às 543, encontra-se anexado ao procedimento um
contrato com seus seis termos aditivos entre a POLITEC e a Secretaria da Fazenda
do Estado de Goiás, cujo o objeto do referido contrato e a prestação de serviços na
área de informática com o prazo de validade previsto até junho de 2008.
Foram colhidos termos de declarações de vários funcionários
terceirizados que prestavam serviços na área de informática de acordo com os
contratos requisitados e que estavam lotados em diversos órgãos públicos da
Administração Pública. O objetivo de tal diligência era realmente saber se estes
funcionários precários estariam desempenhando as mesmas funções previstas no
edital dos aprovados na reserva técnica para as áreas de informática, o que ficou
cabalmente comprovado, bastando verificar as atividades previstas para Gestores
de Tecnologia da Informação e Assistente de Tecnologia de Informação no edital do
concurso, (fls.84 às 115) e as atividades diárias dos terceirizados nos termos de
declarações (fls. 403 às 427).
Diante das ilegalidades das contratações temporárias que
serão posteriormente analisadas e comprovadas e, da existência de funcionários
terceirizados ocupando o lugar de aprovados na reserva técnica na área de
informática, em ultima ratio, foi encaminhada ao Presidente da AGANP uma
proposta de Termo de Ajustamento de Conduta (fls.458 às 465), sendo aguardada
uma contra-minuta formulada pela Administração, visto que, o intuito seria o de
formular um acordo extra-judicial para a nomeação da reserva técnica dos quadros
de Gestores e Assistentes da Tecnologia de informação.
O Procurador Geral do Estado, informou que o objeto da ação
estaria sendo discutido na reforma administrativa do Estado e após o parecer da
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Procuradoria Administrativa do Estado iria se manifestar sobre a possibilidade ou
não de firmar um ajustamento de conduta.
O prazo de validade do concurso está na iminência de expirar-
se e diante do direito subjetivo dos aprovados no concurso público e do perigo de
demora em esperar o Estado de Goiás celebrar um ajuste de conduta, a única
solução para dirimir este conflito de interesse é a via judicial, realizando um juízo
sobre o direito subjetivo dos concursados da reserva técnica de Gestores e
Assistentes de Tecnologia de Informação à nomeação.
I - DA LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
A proteção do patrimônio público e social enquadra-se entre as
funções institucionais do MINISTÉRIO PÚBLICO, emanada da própria Constituição
Federal, que conferiu ao Parquet a defesa de vários interesses e direitos que afetam
a sociedade de forma relevante.
A legitimidade do MINISTÉRIO PÚBLICO para promover a
defesa do patrimônio público e social encontra-se estampada nos artigos 127 e 129,
III, da Constituição Federal, art. 117, III, da Constituição do Estado de Goiás, art. 1º,
IV, e 5º da Lei n.º 7.347/85 e art. 25, IV, “a” e “b”, da Lei n.º 8.625/93.
Sem delongar no trato de ponto pacífico, vale trazer aos autos
dois precedentes do Egrégio SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA que não deixam
margem para dúvidas quanto à legitimidade do Ministério Público no presente caso:
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FUNDAMENTOS JURÍDICOS
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“RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE. INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS. CONCURSO PÚBLICO.1. A legitimação do Ministério Público para propositura da ação civil pública está na dependência de que haja interesses transindividuais a serem defendidos, sejam eles coletivos, difusos ou, ainda, os tidos por direitos ou interesses individuais homogêneos tratados coletivamente. 2. Em se tratando de concurso público cuja realização, em tese, fugiu aos princípios da legalidade, impessoalidade (acessibilidade) e moralidade, ocorre o interesse do Ministério Público na propositura de ação civil pública tendente a decretar a nulidade do certame.3. Propugnando-se, na ação civil pública, a anulação de concurso público ante a inobservância de princípios atinentes à administração pública, o interesse em tutela é metaindividual difuso. Em sentido inverso, houvesse a intenção de assegurar eventuais direitos dos candidatos inscritos no certame, presente estariam interesses individuais homogêneos. 4. Recurso especial conhecido e provido.” (STJ, 2ª Turma, REsp 191.751/MG, rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, v. u., DJ 06.06.2005 p. 240)
“Ação civil pública. Concurso para professor universitário. Legitimidade do Ministério Público. 1. O Ministério Público é parte legítima para ajuizar ação civil pública em defesa dos princípios que devem reger o acesso aos cargos públicos por meio de concurso, configurado o interesse social relevante.2. Embargos de divergência conhecidos e providos.” (STJ, Corte Especial, EREsp 547.704/RN, rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, v. u., DJ 17.04.2006 p. 160)
II- DA INEXISTÊNCIA DE LITISPENDÊNCIA
A ação que liminarmente prorrogou o prazo de validade do
Concurso da AGANP possui a causa de pedir e os pedido totalmente diversos do da
presente Ação, a anterior tinha como pedido a prorrogação do prazo de validade do
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concurso da AGANP, sendo como fundamento o direito subjetivo à nomeação dos
aprovados no concurso público diante da inércia do Estado em realizar as
nomeações dos aprovados.
A presente ação tem como pedido principal a nomeação dos
aprovados na reserva técnica dos cargos de Gestor de Tecnologia de Informática e
de Analista de Tecnologia de Informática, razão pela qual, sequer deve pairar dúvida
sobre a existência de litispendência, visto que, embora sejam partes iguais a causa
de pedir e o pedido são totalmente distintos.
III – DO DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO DOS APROVADOS
O direito subjetivo à nomeação dos aprovados na reserva
técnica de Gestores e Assistentes de Tecnologia de Informação no concurso da
AGANP é público e notório, tendo em vista a existência de cargos vagos para os
quais foram nomeados contratados a título precário, como exaustivamente
demonstrado na presente ação.
O ato unilateral do Estado em realizar contratações precárias
representa não só a existência de recursos financeiros para efetivamente realizar
contratações, bem como a necessidade de preenchimento dos referidos cargos.
Durante as investigações em sede de Inquérito Civil Público
nesta Promotoria de Justiça, foram requisitados contratos temporários realizados
pelo Estado na área de informática e juntamente com tais contratos, existe ainda
uma listagem de servidores contratados a título precário, fato que comprova a
inércia do Estado em nomear os aprovados na reserva técnica.
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Os contratados temporariamente pelo Estado encontram-se
desempenhando as mesmas funções que os aprovados para reserva técnica de
Gestores e Assistentes de Tecnologia de Informação, e mesmo assim, o Estado
prefere manter os referidos contratos a nomear os aprovados no certame, razão pela
qual surge não mera expectativa, mas sim o direito subjetivo à nomeação dos
aprovados para os referidos cargos.
Infelizmente, as contratações precárias que vem ocorrendo no
Estado possuem natureza essencialmente política, e a omissão em não nomear os
aprovados na reserva técnica de Gestores e Assistentes de Tecnologia de
Informação representa uma afronta aos mínimos preceitos estabelecidos pelo
Estado de Direito que vivemos, pois não somente a moralidade, como a
razoabilidade, a legalidade, a indisponibilidade e a supremacia do interesse público
ficam feridas diante desta conduta omissiva.
IV – DA ILEGALIDADE DOS CONTRATOS TEMPORÁRIOS ESTADUAIS NA ÁREA DE INFORMÁTICA:
No caso em tela, o objeto da discussão é o excessivo número
de Contratos Temporários que vem ocorrendo no Estado e o direito subjetivo a
nomeação do Cadastro de Reserva dos cargos de Gestor de Tecnologia de
Informática e de Analista de Tecnologia de Informática.
Após uma busca incansável pela verdade dos fatos ficou
devidamente comprovado no Inquérito Civil Público, anexo aos autos, que o Estado
de Goiás está realizando contratos temporários com empresas de informática, sendo
que existem aprovados na reserva técnica do último concurso público, realizado pela
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AGANP, na área de informática: Gestor de Tecnologia de Informática e de Analista
de Tecnologia de Informática.
O prazo de validade do referido concurso público foi
prorrogado judicialmente, mas mesmo assim, o Estado de Goiás ignora os padrões
de legalidade, do interesse público e da moralidade administrativa, pois ao invés de
nomear o cadastro de reserva, vem contratando temporariamente servidores não
aprovados em concurso público.
A Constituição Federal pátria, estabelece os preceitos
fundamentais e indispensáveis num Estado Democrático e de Direito, no que tange
a organização da Administração Pública, em seu artigo 37 disciplina a estrutura de
princípios que o Administrador deve ter em suas condutas.
“Artigo 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência,”
ALEXANDRE DE MORAES, em sua obra “Direito
Constitucional”, 13ª edição, 2003, ed. Atlas , São Paulo – SP, pg. 311, assim
conceitua legalidade:
“O tradicional princípio da legalidade, previsto no artigo 5º, II, da
Constituição Federal e anteriormente estudado, aplica-se
normalmente na Administração Pública, porém de forma mais
rigorosa e especial. Pois o administrador público somente
poderá fazer o que a lei autoriza, diferentemente da esfera
particular, onde será permitido a realização de tudo que a lei
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não proíba. Esse princípio coaduna-se com a própria função
administrativa, de executor do direito, que atua sem finalidade
própria, mas sim em respeito à finalidade imposta pela lei, e
com a necessidade de preservar-se a ordem jurídica.”
A Constituição Federal em seu artigo 37, IX, dispõe sobre a
contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público, norma repetida pela Constituição do Estado de Goiás em seu artigo 92,
X.
Art. 37- IX- C.F. – a lei estabelecerá os casos de contratação
por tempo determinado para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público.”
Desta forma, três são os requisitos a serem observados pela
Administração nas contratações por tempo determinado, sob pena de
inconstitucionalidade: o interesse público, a temporalidade da contratação e
hipóteses previstas em lei.
Por excepcional interesse público deve-se entender como
aquele revelador de uma situação de exceção, de excepcionalidade, que pode ou
não estar ligado à imperiosidade de um atendimento urgente.
A lei 13.664/00, lei estadual, é taxativa em relação à referida
contratação temporária, especificando literalmente as atividades e situações em que
o administrador pode realizar, não fazendo menção em momento algum à área de
informática, logo, a não observância ao conteúdo legal representa uma explícita
violação ao princípio constitucional da legalidade.
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Eis o conceito de necessidade temporária, segundo a lei
estadual 13.664/00,:
Art. 2º - Considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público aquela que comprometa a prestação contínua e eficiente dos serviços próprios da administração pública, nos seguintes casos:
I – assistência a situações de calamidade pública;
II–combate a surtos endêmicos;
III–admissão de professor substituto e professor visitante;
IV – admissão de professor e pesquisador visitante estrangeiro;V – admissão de profissional de saúde substituto, bem como de outros recursos humanos na área de saúde, também em regime de substituição, necessários ao desenvolvimento de atividades de convênios e contratos firmados com a União, os Estados, Municípios, suas autarquias e fundações e com organismos internacionais.
VI – censo para implementação de políticas sociais;VII – campanhas preventivas de vacinação contra doenças;
VIII – atendimento urgente a exigências do serviço, em decorrência
da falta de pessoal concursado e para evitar o colapso nas
atividades afetas aos setores de:
a) transporte, obras públicas, educação, segurança pública, assistência
previdenciária, comunicação e outras negociais de captação de
recursos destinados, preponderantemente, aos Programas da Rede de
Proteção Social do Estado de Goiás;
b) segurança educacional e de educação e orientação social, no âmbito
da Secretaria de Cidadania, para suprir necessidades de unidade
socioeducativa de atendimento a adolescentes em situação de conflito
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com a lei.
IX – vigilância e inspeção, relacionadas com a defesa agropecuária,
no âmbito da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e de
suas jurisdicionadas, para atendimento de situações emergenciais
ligadas ao comércio estadual ou interestadual de produtos de origem
animal ou vegetal ou de iminente risco à saúde animal, vegetal ou
humana.
Depreende-se da leitura que o traço marcante do excepcional
interesse público é o caráter eventual e emergencial da contratação por tempo
determinado.
Nesse sentido, não há de se conceber contratação por tempo
determinado para o atendimento de atividades permanentes, rotineiras, para o
provimento de cargos típicos de carreiras, como os serviços inerentes à informática.
Junto aos autos existem cópias dos principais contratos
celebrados entre o Estado de Goiás (Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás,
AGANP, IPASGO, Secretaria Estadual da Educação) e algumas empresas de
informática (POLITEC, EVOLUTI, DTA, ACTIVE), contratos estes que encontram -se
em plena vigência e que provam cabalmente as afirmações acima sustentadas.
Às fls. ( 393 às 394 ) temos décimo termo aditivo ao contrato
celebrado entre a Agência Goiana de Administração e Negócios Públicos – AGANP
e a empresa POLITEC de informática, o objeto do referido contrato consiste na
contratação de profissionais para prestação de serviços na área de informática e
tem prazo de validade até Fevereiro de 2008.
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Às fls. ( 473 às 543 ) temos o contrato celebrado entre a
Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás e a empresa POLITEC de informática, o
objeto do referido contrato consiste na contratação de profissionais na área de
informática para a realização de atividades ligadas à área de informática com prazo de validade ate junho de 2008.
Às fls. ( 320 às 326 ) temos o contrato celebrado entre o
IPASGO e a empresa EVOLUTI de informática, o objeto do referido contrato
consiste na contratação de profissionais na área de informática e tem prazo de validade até 25 DE MAIO DE 2008.
Os contratos supra mencionados estão em vigência e possuem
como objeto a prestação de serviços exclusivamente na área de informática,
preterindo assim o direito subjetivo à nomeação dos aprovados na reserva técnica
de Gestores de Tecnologia da Informação e Assistente de Tecnologia de
Informação, visto que, são cargos que tem como atividade o desempenho de
funções eminentemente ligadas à área de informática
Junto aos autos, precisamente às (fls. 403 às 427), foram
anexados alguns termos de declarações colhidos nesta Promotoria de Justiça, que
reforçam a tese aqui defendida:
1- “Que a declarante é terceirizada na AGANP, laborando no referido órgão desde 2002, percebendo remuneração em torno de R$ 2430,00 reais.Que a declarante tem a carga horária de 8 (oito) horas diárias de segunda a sexta- feira.Que a declarante exerce funções equiparadas a de Analista de Sistema,
especificamente como programadora de sistemas.”
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2- “Que a declarante é terceirizada no IPASGO, laborando no referido órgão desde dezembro de 1996, percebendo remuneração em torno de R$ 700,00 reais.
Que a declarante tem a carga horária de 8 (oito) horas diárias de segunda a sexta- feira.
Que a declarante exerce funções de Técnico de Informática, que antes
era denominada Operador de Micro.”
Todos os termos de declarações colhidos nesta Promotoria de
Justiça foram devidamente assinados pelos declarantes. Como se percebe nos
exemplos expostos os servidores terceirizados no Estado desempenham as
mesmas funções previstas no edital para os cargos de Gestor de Tecnologia de
Informática e de Analista de Tecnologia de Informática, outra prova da existência de
temporários no lugar de concursados.
Conclui-se que o Estado de Goiás, seja pelos seus Órgãos da
Administração Direta ou da Administração Indireta, vem sobrecarregando
financeiramente os cofres públicos com contratações onerosas para a prestação de
serviços de informática, serviços estes, que tem por natureza caráter permanente,
maior prova disto é a lei 13.664/00 não elencar em seu texto a previsão de
temporalidade para serviços de informática.
Outra ilegalidade estampada nos contratos anexados aos
autos, refere-se à exigência de processo seletivo simplificado para realizar as
contratações temporárias, contrariando expressamente os ditames previstos no
artigo 3º §3º da Lei 13.664/00:
“Art. 3º - O recrutamento de pessoal a ser contratado, nos termos desta lei, será feito mediante processo seletivo
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simplificado, dentro de critérios estipulados pelo órgão interessado no ajuste e sujeito a ampla e prévia divulgação.(...)§ 3º - A contratação a que se refere este artigo somente será possível se restar comprovada a impossibilidade de suprir a necessidade temporária com o pessoal do próprio quadro e desde que não reste candidato aprovado em concurso público aguardando nomeação.”
Diante dos fatos narrados é clarividente que o Estado de Goiás
não respeita as regras impostas pela Lei n.º 13.664/00, pois, além do requisito da
necessidade temporária de excepcional interesse público, é mister a realização de
processo seletivo simplificado com ampla e prévia divulgação.
A jurisprudência brasileira é unânime ao censurar situações
análogas a aqui exposta, onde existem temporários em lugar de aprovados em
concurso público com o prazo de validade aberto, sendo assim :
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina, tem o seguinte
posicionamento:
Acórdão: Apelação Cível em Mandado de Segurança 2004.010332-8Relator: Luiz Cézar MedeirosData da Decisão: 31/08/2004EMENTA: ADMINISTRATIVO - CONCURSO PÚBLICO - CANDITATO APROVADO - PRETERIÇÃO - CONTRATAÇÃO DE TERCEIROS A TÍTULO PRECÁRIO - EXISTÊNCIA DE VAGAS - DIREITO LÍQUIDO E CERTO À NOMEAÇÃO É certo que a aprovação em concurso público gera apenas expectativa de direito à nomeação; todavia, "a mera expectativa se convola em direito líquido e certo a partir do momento em que, dentro do prazo de validade do concurso, há contratação de pessoal, de forma precária, para o preenchimento de vagas existentes, em flagrante preterição àqueles que, aprovados em concurso ainda válido, estariam aptos a ocupar o mesmo cargo ou função" (REsp n. 476.234/SC, Min. Felix Fischer).
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O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, assim orienta:
Nº do Acórdão: 18343 Órgão Julgador: 5ª Câmara Cível Tipo de Documento: Acórdão Comarca: Matinhos Processo: 0381096-0 Recurso: Apelação Cível Relator: Rosene Arão de Cristo Pereira Revisor: Leonel Cunha Julgamento: 19/06/2007 18:06 Ramo de Direito: Civel Decisão: Por maioria Dados da Publicação: DJ: 7441 Ementa: DECISÃO: ACORDAM os Desembargadores do Tribunal de Justiça
do Estado do Paraná, por maioria de votos, em dar provimento à
apelação. EMENTA: ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL.
CONTRATAÇÃO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE A
TÍTULO PRECÁRIO POR ASSOCIAÇÃO CONVENIADA COM O
ENTE PÚBLICO. PRETERIÇÃO DE CANDIDATOS
REMANESCENTES APROVADOS EM CONCURSO. DIREITO
SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. A aprovação em concurso público
gera mera expectativa de direito a nomeação. Contudo, a existência
de vagas, aliada a demonstração inequívoca da necessidade de
preenchê-las, por meio da contratação de convênio para tanto,
convolou aquela mera expectativa, em direito subjetivo das apeladas
em serem nomeadas. Apelação provida. Maioria.
Não se diferenciando dos demais Tribunais de Justiça, o
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás assim define:
Concurso. ”Duplo grau de jurisdição”. Mandado de
segurança.Nomeação de candidatas aprovadas em concurso.
É consabido que os candidatos não possuem direito subjetivo a
nomeação, mas apenas expectativa. De outro giro, existirá
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direito subjetivo a nomeação, caso tenha havido contratação a título precário para o preenchimento de vaga existente, em detrimento de candidato aprovado em certame ainda válido, o que revela inequivocadamente a necessidade de servidores, como ocorre no caso vertente.
Remessa conhecida e improvida.” DGJ 15668-0/195
(200703446295). Mineiros. Relator: Des. Nelma Branco
Ferreira Perillo. DJe 18/12/07.
DIANTE O EXPOSTO, restou demonstrado que os aprovados
no cadastro de reserva para Gestores e Assistentes de Tecnologia de Informação
tem o direito subjetivo à nomeação, visto que, O PRAZO DE VALIDADE DO
CONCURSO NÃO EXPIROU; e como exaustivamente comprovado, o Estado vem
celebrando contratos temporários com empresas de informática há vários anos,
preterindo o direito constitucional dos aprovados à nomeação.
A Lei n.º 7.347/85 prevê expressamente no seu art. 12 a
possibilidade de concessão de liminar com ou sem justificação prévia para evitar
dano irreparável ou de difícil reparação, presentes, claro, os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora.
Para a concretização da providência jurisdicional pedida -
a nomeação dos aprovados na reserva técnica para os cargos de Gestor de Tecnologia de Informática e de Analista de Tecnologia de Informática -
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LIMINAR
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imperiosa a concessão de medida liminar no sentido de nomear os aprovados, sob
pena de perecimento do direito subjetivo dos concursados à nomeação.
Acerca do tema da liminar em Ação Civil Pública, leciona
Rodolfo de Camargo MANCUSO:
Em dois dispositivos trata a Lei nº 7.347/85 sobre a tutela cautelar dos interesses difusos. Dá-lhes ação cautelar, propriamente dita, no art. 4.º e prevê a possibilidade de concessão de mandado liminar, “com ou sem justificação prévia”, no artigo 12.... Cabe ressaltar, desde logo, que o art. 4.º contém uma particularidade: a cautela não apenas preventiva, como seria curial, mas pode conter um comando, uma determinação para um non facere, ou mesmo para um facere, tudo em ordem a “evitar o dano ao meio ambiente, ao consumidor...” etc...Conjugando-se os arts. 4.º e 12.º da Lei nº 7.347/85, tem-se que essa tutela de urgência há de ser obtida através de liminar que, tanto pode ser pleiteada na ação cautelar (factível antes ou no curso da ação civil pública) ou no bojo da própria ação civil pública, normalmente em tópico destacado da petição inicial. Muitas vezes, mais prática será a segunda alternativa, já que se obtém a segurança exigida pela situação de emergência, sem a necessidade de ação cautelar propriamente dita (in Ação Civil Pública, 6.ª edição, Editora Revista dos Tribunais, 1999).
E ainda:
“Não há necessidade de ajuizar-se ação cautelar, antecedente de ação principal, para pleitear, com evidente desperdício de tempo e atividade jurisdicional. O pedido de concessão de liminar pode ser cumulado na petição inicial de ACP de conhecimento cautelar ou de execução” (JTJSP 113/312).
Explica José dos Santos CARVALHO FILHO, in Ação
Civil Pública, 6ª ed., Ed. Lumen Juris: Rio de Janeiro, 2007, pp. 344-345:
"Podemos, portanto, entender que o mandado liminar, a que se refere a lei, tem o sentido de ato judicial de natureza cautelar, concedido logo ao início do processo e
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documentado através de mandado, que tem por fim prevenir a ocorrência de danos aos interesses difusos ou coletivos cuja proteção é perseguida na ação civil. [...]. O mandado que expressa a concessão da medida liminar pode ser emitido dentro da ação cautelar ou da ação civil pública principal. [...]. Muitas controvérsias foram levantadas a respeito do cabimento de medidas liminares contra atos do Poder Público, todas elas fundadas no confronto entre dois princípios: o da salvaguarda aos direitos subjetivos individuais ou coletivos, de um lado, e o da continuidade regular dos atos do Poder Público, de outro. Sem dúvida, a questão da concessão de liminares nesse caso só pode ser resolvida com um perfeito balanceamento entre esses postulados. Nem se deve permitir que direitos continuem sendo atingidos por atos públicos, sem que seus titulares tenham meio rápido para fazer cessar a ofensa, sob pena de tornar-se irreversível o dano, nem se deve admitir que, a todo momento, seja paralisada a atividade do Estado, criando sérios gravames à coletividade. O assunto deve ser tratado como se houvesse uma balança, a fim de que nela pudesse ser perseguido um perfeito equilíbrio entre os interesses em jogo."
A concessão da medida liminar consistente na nomeação dos aprovados na reserva técnica no concurso público realizado pela AGANP para os cargos de Gestor de Tecnologia de Informática e de Analista de Tecnologia de Informática, faz-se necessária, no presente caso, para impedir,
imediatamente, o perecimento do direito dos aprovados à nomeação, conforme
amplamente demonstrado na fundamentação. Caso contrário, quando da sentença, não será possível a posse, eis que expirado o prazo de validade do
certame.
No presente caso, mostra-se patente o fumus boni juris e o
periculum in mora.
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O primeiro requisito das medidas cautelares está no direito subjetivo à nomeação do pessoal da reserva técnica diante do surgimento de
vagas durante o prazo de validade do concurso e dentro do número de cargos
oferecidos no edital, evidenciado, pois, pelas desistências dos cargos realizadas
pelos candidatos classificados dentro do número de vagas. Isso também fica patente
ao se verificar que vários candidatos foram aprovados para mais de um cargo e,
face à impossibilidade de acumulação dos mesmos, em razão da proibição contida
no artigo 37, XVI, da Lei Fundamental, é óbvia a existência de cargos vagos apta à
convocação dos próximos classificados. Ademais, a contratação exagerada de
temporários e em afronta aos artigos 2º, VIII e 3º, § 3º, da Lei Estadual n.º 13.664, de 27 de julho de 2000, assegura a fumaça do bom direito necessária à concessão
da liminar.
Sobre o tema tem-se: “o fumus boni juris não é um prognóstico
de resultado favorável no processo principal, nem uma antecipação do julgamento,
mas simplesmente, um juízo de probabilidade, perspectiva essa que basta para
justificar o asseguramento do direito.” (GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual
Civil Brasileiro. Ed. Saraiva, 1986, v. 3, p. 154 e 158).
De outra sorte, o interesse que justifica o pedido cautelar
consiste “no estado de perigo no qual se encontra o pedido principal, possibilidade
ou a certeza de que a atuação normal do direito chegaria tarde. Portanto, ‘o perigo
na demora’ – periculum in mora – é que apresenta a nota característica das medidas
cautelares, prescindindo de uma indagação profunda do primeiro pressuposto, ou
seja, admitindo apenas a probabilidade da existência do direito acautelado,
bastando, pois, a ‘fumaça do bom direito’ (fumus boni juris)”.1.
1 BARROS, Romeu Pires de Campos. Do processo cautelar no CPC de 1973. Revista do Processo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1976, n.º 1, p. 138._______________________________________________________________________________________Edifício Sede do Ministério Público - Rua 23, esq. c/Av.B, qd.06, lt. 15/24, 1º andar, gabinete 141, Jardim Goiás
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Note-se que mesmo diante da proximidade do término do prazo de validade dos concursos públicos em epígrafe, 24 de abril de 2007, o ESTADO DE GOIÁS não se manifestou sobre a convocação do pessoal aprovado
na reserva, quedando-se inerte.
O Ministério Público e o Poder Judiciário não podem tolerar a
omissão da Administração Pública em não nomear o pessoal regularmente aprovado
para os cargos supracitados e, muito menos, ignorar a prática ilegal e reiterada do
Estado em contratar temporariamente servidores para prestação de serviços de
natureza permanente, em flagrante desrespeito ao princípio constitucional da
legalidade – que deve nortear todas as condutas do agente público.
Bem por isso, tendo em conta a proximidade do final do
prazo de validade do concurso público - 24.04.2008 -, a medida liminar
consistente na nomeação dos aprovados no cadastro de reserva para os cargos de Gestor de Tecnologia de Informática e de Analista de Tecnologia de Informática há que ser deferida inaudita altera pars, sob pena de ser ineficaz e
frustrar o direito subjetivo dos aprovados aqui defendido pelo Ministério Público.
Satisfeitos os requisitos autorizadores da concessão de medida
liminar em sede de Ação Civil Pública, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO a
concessão de medida liminar inaudita altera pars determinando-se ao ESTADO DE GOIÁS que nomeie os aprovados no cadastro de reserva para os cargos de Gestor de Tecnologia de Informática e de Analista de Tecnologia de Informática regidos pelo Edital n.º02 de 25 de janeiro de 2006, e com homologação
publicada no Diário Oficial do Estado n.º 19.872, de 24 de abril de 2006.
Estes argumentos importam, ainda, se rejeitada a liminar
prevista na Lei da Ação Civil Pública, na aceitação dos requisitos descritos no art.
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273, do Código de Processo Civil, relacionados com a antecipação de tutela,
igualmente possível neste caso.
Em face de todo o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS requer a Vossa Excelência:
1. O recebimento da presente ação, sua autuação e processamento na forma e rito
ordinários, juntando, para tanto, os documentos anexos;
2. A concessão de medida liminar inaudita altera pars determinando-se ao ESTADO DE GOIÁS que proceda à imediata nomeação dos aprovados na reserva técnica dos cargos de Gestor de Tecnologia de Informática e de Analista de Tecnologia de Informática regidos pelo Edital n.º02 de 25 de janeiro de 2006, e com homologação publicada no Diário Oficial do Estado n.º 19.872, de 24 de abril de 2006., sob o pena de multa diária de R$ 1.000,00 ( um mil reais).
3. A citação da ESTADO DE GOIÁS, na pessoa de seu Procurador Geral do Estado,
Norival de Castro Santomé, domiciliado na Praça Dr. Ludovico Teixeira nº. 26 Centro
– Goiânia – GO, CEP nº. 74003 - 010, para, querendo, contestar o feito no prazo
legal, sob pena de confissão quanto à matéria de fato e sob os efeitos da revelia;
facultando ao cumpridor do mandado a permissão estampada no artigo 172, § 2º, do
Código de Processo Civil;
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PEDIDOS
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS89ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público
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4. A comunicação pessoal dos atos processuais a este representante do Ministério
Público, nos termos do art. 236, § 2º, do Código de Processo Civil, e do art. 41, IV,
da Lei n.º 8.625/93;
5. Ao final seja JULGADO PROCEDENTE O PEDIDO para confirmar a liminar
pleiteada e declarar o direito subjetivo à nomeação dos aprovados na reserva
técnica dos cargos de Gestor de Tecnologia de Informática e de Analista de
Tecnologia de Informática regidos pelo Edital n.º03/2006-AGANP, com a
conseqüente determinação ao ESTADO DE GOIÁS de proceder à nomeação dos
candidatos aprovados para os cargos oferecidos no edital.
6. A fixação, na sentença, de multa diária, nos termos do art. 11, da Lei n.º 7.347/85,
no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), sendo solidariamente responsável o
Governador do Estado de Goiás, o Senhor Alcides Rodrigues Filho por ser
responsável pelo ato de nomeação dos aprovados.
7. A condenação do réu ao pagamento das custas, emolumentos processuais e
ônus de sucumbência;
8. A produção de todas as provas legalmente admitidas, inclusive testemunhais,
periciais e especialmente documentais.
Dá-se à presente causa o valor de R$ 1000,00 (um mil reais),
para efeitos legais.
Pede deferimento.
Goiânia, 19 de fevereiro de 2008.
GLAUBER ROCHA SOARESPromotor de Justiça
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Índice
1.0 – Às fls. (84 às 114) – edital do concurso público.
2.0 - Às fls. ( 393 às 394 ) DÉCIMO TERMO ADITIVO ao contrato celebrado
entre a AGANP e a empresa POLITEC de informática.
3.0 - Às fls. ( 473 às 543 ) contrato celebrado entre a Secretaria da Fazenda do
Estado de Goiás e a empresa POLITEC de informática.
4.0 - Às fls. ( 320 às 326 ) contrato celebrado entre o IPASGO e a empresa
EVOLUTI de informática.
5.0 -Ás fls. (417 às 422) relação nominal dos funcionários contratados
temporariamente pelo Estado junto à empresa POLITEC.
6.0- Às fls. (331às 341) relação nominal dos funcionários contratados
temporariamente pelo Estado junto à empresa EVOLUTI .
7.0 - Às (403 às 413) – Termos de declarações colhidos nesta Promotoria de
funcionários terceirizados na área de informática.
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