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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA _____
VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ..................................
.........................................................., brasileiro,
estado civil, Auditor Fiscal da Receita Federal, matrícula SIPE ...................,
matrícula SIAPE ...................., lotado na Delegacia da Receita Federal
em ............../......, RG sob o nº ............... e C.P.F. sob o
nº ................................., domiciliado na Rua ................................., nº ...... –
bairro - ................. – ....... – CEP ....................., por seus advogados infra-
assinados, vem, respeitosamente, com fundamento no artigo 5º, incisos II e
LXIX e artigo 37 da Constituição Federal, bem como na Lei 1.533, de 31 de
dezembro de 1951, impetrar o presente
MANDADO DE SEGURANÇA
(com pedido de LIMINAR)
contra ato praticado pelo Superintendente da Secretaria da Receita Federal
da ...ª Região Fiscal, cargo atualmente exercido pela Sra. ..............................,
autoridade localizada nesta Capital da República – Esplanada dos Ministérios
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– Edifício do Ministério da Fazenda, que fere direito líquido e certo do ora
Impetrante, pelos motivos seguintes:
DOS FATOS
1. O Impetrante é Auditor Fiscal da Receita
Federal, desde ......... . Entrou em exercício em .... de ........ de ........ na
Delegacia da Receita Federal de ................/......, (doc. anexo) localizado
na ....................................(departamento), e neste local se encontra até a
presente data.
2. Em 2001 o Impetrante participou do
Concurso de Remoção interno instituído pela Portaria SRF nº 490 de 15 de
maio (doc. anexo) deste ano, visando obter sua remoção da cidade
de ............... para a cidade de ........................ .
3. Antes da efetiva inscrição no Concurso de
Remoção de 2001 o Impetrante procedeu a sua inscrição no Sistema de
Classificação Permanente – CLASSPER - condição obrigatória para a
Participação no referido certame. Desta forma, todas as exigências da
Administração para a regular participação no Concurso de Remoção restaram
cumpridas pelo Impetrante.
4. A Portaria SRF nº 490, de 15 de maio de
2001, provocou verdadeiro alvoroço entre os Auditores Fiscais da Receita
Federal, posto que trouxe em seu corpo condições e impedimentos de
participação daqueles que tinham interesse no concurso. Alguns Auditores
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Fiscais da Receita Federal entenderam-se prejudicados e buscaram no
Judiciário guarida às sua pretensões.
5. Por força de liminares que foram
concedidas no sentido de assegurar a participação dos Auditores Fiscais da
Receita Federal, impedidos por dispositivos contidos na Portaria nº 490,
referido Concurso, atualmente, encontra-se suspenso sem previsão para seu
regular prosseguimento.
6. De fato, com tal posicionamento da
Administração, todos aqueles que têm esperanças e reais possibilidades de
lograrem êxito no referido certame, como é o caso do Impetrante, acumulam
frustrações e diversos prejuízos resultantes da demora e da total falta de
perspectiva de sua definição.
7. A exemplo dos prejuízos sofridos pelo
Impetrante, é o caso da renovação de seu contrato de locação (doc. anexo),
que venceu e foi prorrogado automaticamente em ...../....../......... . É certo, que
tendo alugado o imóvel em conjunto com um colega, Sr. .............................,
também Auditor Fiscal da Receita Federal, assumiu a responsabilidade de
divisão do aluguel mensal de R$ ................. por mais um ano.
8. Também iniciou tratamento médico com
bom resultado, na localidade onde se encontra. O Impetrante sofre de uma
doença na ............, denominada .........................., e ainda ..............................,
no momento, com as doenças controladas (doc. anexo), seria prejudicial ao
tratamento sua mudança de localidade. Para este item não concorreu a
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suspensão do Concurso de Remoção/2001, mas o resultado do tratamento só
pôde ser conhecido pela demora na definição deste certame, já que permitiu a
continuidade do tratamento.
9. E ainda, com a intenção de voltar a estudar
o Impetrante inscreveu-se no Concurso de Vestibular/......... (doc. anexo), na
localidade onde se encontra, no intuito de não ver adiado mais uma vez sua
pretensão de cursar ................................ .
10. Portanto, diante da situação que
inesperadamente se apresentou ao Impetrante, e tendo que resolver questões
práticas do dia-a-dia da qual dependia muitas vezes uma definição da
Administração, quanto a região de seu local de trabalho, protocolizou pedido
administrativo (doc. anexo), junto a Coordenação-Geral de Programação e
Logística, na data de ... de ............ de ......, visando sua exclusão do Concurso
de Remoção de 2001, nos seguintes termos:
“.......................................”(transcrever requerimento, caso houver)
11. Diante do exposto a Administração
Pública através da Sra. ......................................, Chefe da DIPOL/SRRF-...ª
RF, manifestou-se no seguinte sentido:
“Trata o presente processo de pedido de cancelamento de
participação no Concurso de Remoção – AFRF/2001, do
servidor ..............................., matrícula SIAPECAD nº .........., pelos motivos
expostos no requerimento constante à fl. .... .
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O art. 11 da Portaria SRF nº 470, de 15.05.01, assim dispõe:
“Art. 11. A inscrição implica aceitação, pelo candidato, tanto da
remoção como de sua localização na área em que se deu o seu treinamento,
por ocasião da Segunda etapa do concurso público, quando este
compreender a divisão por área de especialização e em atividades definidas
pela Administração.
§ 1º A pedido do interessado, a inscrição poderá ser
desconsiderada, desde que formulada por escrito e postada até o último dia
do prazo estabelecido para as inscrições.
§ 2º Ressalvada a hipótese prevista no parágrafo anterior, o
candidato inscrito no Concurso de Remoção não poderá manifestar sua
desistência na participação do certame e será removido, voluntariamente ou
compulsoriamente, para a unidade que vier a ser classificado.”
Tendo em vista essas disposições, conclui-se que o pleito do
servidor não encontra amparo legal.”
12. Entendimento este, ratificado pela
Sra. ......................, Superintendente da ...ª Região Fiscal da Receita Federal.
DA AUTORIDADE COATORA
13. Desse modo, competiu a apreciação do
pedido, após encaminhamento e processamento, à Chefe da
DIPOL/SRRF-...ªRF, Sra. ................................ que elaborando despacho no
sentido de ser negado o pedido do ora Impetrante, encaminhou o
procedimento a Sra. ..............................., Superintendente da ....ª Região
Fiscal, que ratificou todo o posicionamento levado a efeito.
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14. Vê-se com clareza, portanto, que o ato
ilegal e abusivo, passível de impetração, decorreu do posicionamento final
assentado pela Sra. SUPERINTENDENTE DA .....ª REGIÃO FISCAL DA
RECEITA FEDERAL no procedimento administrativo do ora Impetrante.
Merece destaque, ainda, o entendimento pacificado de nossos Tribunais no
sentido de que:
“Não é autoridade coatora a que não pode corrigir o ato
inquinado de ilegal (STJ-Corte Especial, RSTJ 77/22, 110/85,
RTFR 146/339, RT 508/74, RJTJESP 99/166)”.
(THEOTÔNIO NEGRÃO, ob. cit., pág. 1.580, nota 47 ao artigo
1o., da Lei 1.533, de 31.12.51)
15. Portanto, mostra-se pertinente a
impetração do mandamus em face da Sra.......................................,
SUPERINTENDENTE DA ....ª RF, esta a autoridade COATORA.
DA ILEGALIDADE DA PORTARIA
16. A Portaria SRF nº 490, de 15 de maio de
2001, instituiu novo concurso de remoção para o ano de 2001, destinado aos
Auditores Fiscais da Receita Federal. Referida Portaria dispõe textualmente
que:
“ O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da
atribuição que lhe confere o inciso III do art. 190 do Regimento
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Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela
Portaria MF nº 227, de 3 de setembro de 1998, e tendo em vista
o disposto na Portaria SRF nº 470, de 10 de maio de 2001,
resolve:
Art. 1º. Fica instituído o Concurso de Remoção – AFRF 2001,
para atendimento de remoções, a pedido, de Auditores Fiscais
da Receita Federal, em efetivo exercício, observado para esse
efeito, o dispositivo na Portaria SRF nº 470, de 2001, e as
normas constantes deste ano”. (g.n.)
17. A mesma Portaria, em seu anexo VI, que
dispõe sobre o Cronograma de Execução do Concurso de Remoção de 2001,
trouxe em seu corpo o prazo a que estariam sujeitos os participantes do
referido certame, como abaixo se pode ver:
ANEXO VICRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
CONCURSO DE REMOÇÃO AFRF/2001
ETAPAS DATA/PERÍODOInscrições 21 de maio a 1 de junho de 2001Classificação preliminar Até 8 de junho de 2001Prazo para recurso 11 a 12 de junho de 2001Julgamento de recurso 13 de junho a 26 de junho de 2001Classificação Definitiva 28.6.2001Homologação e publicação do Resultado do Concurso de Remoção.
29.6.2001
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18. Os prazos supracitados, por motivos já
expostos não restaram atendidos, pois até o presente momento nem mesmo a
“Classificação Preliminar” foi definida, tornando insustentável a situação do
Impetrante.
19. O indeferimento do pedido Administrativo
baseou-se no art. 11, parágrafo 2º da Portaria SRF nº 470 (doc. anexo), de
10.05.2001, aqui mais uma vez reproduzido:
“Art. 11. A inscrição implica aceitação, pelo candidato, tanto da
remoção como de sua localização na área em que se deu o seu treinamento,
por ocasião da Segunda etapa do concurso público, quando este
compreender a divisão por área de especialização e em atividades definidas
pela Administração.
§ 1º A pedido do interessado, a inscrição poderá ser
desconsiderada, desde que formulada por escrito e postada até o último dia
do prazo estabelecido para as inscrições.
§ 2º Ressalvada a hipótese prevista no parágrafo anterior, o
candidato inscrito no Concurso de Remoção não poderá manifestar sua
desistência na participação do certame e será removido, voluntariamente ou
compulsoriamente, para a unidade que vier a ser classificado”
20 – Ora Excelência, a panorâmica do Concurso
de Remoção 2001 foi toda alterada, e é certo que o Impetrante não corroborou
para a atual situação do Concurso. Aliás, necessário se faz esclarecer que a
responsabilidade da atual situação do Concurso é exclusivamente da
Administração Pública, que publicou Portaria mal elaborada, em desacordo
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com princípios básicos de direito, dando margem para as medidas judiciais
tomadas.
21 – NÃO É JUSTO, porém, que o Impetrante
sofra conseqüências para as quais não concorreu, é necessário que o Judiciário
rechaça, a interpretação dada pela Administração Pública ao caso concreto. Há
que se interpretar o caso a luz da legalidade, do bom senso, do razoável. Não
se pode permitir que o disposto em simples Portaria fira o direito de escolha
do Impetrante de não mais participar de referido certame.
22. Prova de que nenhuma implicação haveria
na exclusão do Impetrante do Concurso em andamento, é o fato de que nova
portaria, agora, visando instituir Concurso de Seleção Interna para
preenchimento de .... vagas na Delegacia Especial de Instituições Financeiras
no ................... – DEINF/....., foi publicada em 11 de outubro de 2001, aqui
reproduzida nos exatos termos que interessam:
“Portaria SRF nº 2754, de 11 de outubro de 2001.
Dispõe sobre a seleção de
servidores, ocupantes do cargo
efetivo de Auditor-Fiscal da
Receita Federal, para
preenchimento de vagas na
Delegacia Especial de Instituições
Financeiras no Rio de Janeiro.
................................
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Art. 1º Fica instituído concurso de seleção interna para
preenchimento de 5 vagas na Delegacia Especial de Instituições
Financeiras no Rio de Janeiro, mediante remoção de ofício, nos
termos do inciso I do art. 2º, da Portaria nº 470, de 2001,
observadas as normas constantes deste ato.
.................................
Art. 8º A participação do candidato no concurso observará o
disposto no § 2º do art. 11 da Portaria nº 470, de 2001.
Parágrafo único. Os candidatos que vierem a ser removidos em
virtude do procedimento instituído por esta Portaria serão
excluídos:
I – do concurso de remoção de que trata a Portaria SRF nº 490, de
15 de maio de 2001.” (g.n.)
Ou seja, se a Administração Pública publicou
Portaria visando novo concurso interno, vislumbrando a possibilidade de
exclusão de qualquer candidato do Concurso de Remoção/2001, o que estaria
obstaculizando a exclusão do Impetrante do Concurso de Remoção/2001, a
seu pedido? Absolutamente nada, além do posicionamento firme e inflexível
da Administração Pública em não atender nenhum pedido de seus
Administrados.
DA FUNDAMENTAÇÃO
23 - A ILEGALIDADE do previsto na referida
Portaria é manifesta. Não há qualquer justificativa, dentro dos limites do
lógico e razoável (sem perquirir o jurídico!), que possa fazer subsistir a idéia
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de vedação à exclusão em concurso de remoção apenas consubstanciando a
idéia de que a portaria não o permite, principalmente considerando que a
portaria não restou atendida, pelos motivos já expostos, pela própria
Administração Pública, trazendo diversos prejuízos ao Impetrante.
24. Destarte, importante transcrever princípio
que norteia os atos daqueles que vivem sob a égide de um Estado de Direito,
legalmente constituído, contido no artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei;
25. O PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL,
intrínseco no Princípio da Legalidade, obriga a Administração Pública a
observar os ditames legais, impedindo que este Órgão vincule quem quer que
seja a atos que não estejam devidamente regulamentados, ou em conformidade
com o ordenamento jurídico vigente. Neste diapasão, Celso Antônio Bandeira
de Mello, in Curso de Direito Administrativo, Editora Malheiros, 8ª edição,
página 59, traça brilhantes linhas acerca do assunto:
“Nos termos do art. 5º, II, “ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Aí não se
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diz “em virtude de” decreto, regulamento, resolução, portaria
ou quejandos. Diz-se “em virtude de lei”. Logo , a
Administração não poderá proibir ou impor comportamento
algum a terceiro, salve se estiver previamente embasada em
determinada lei que lhe faculte proibir ou impor algo a quem
quer que seja. Vale dizer, não lhe é possível espedir
regulamento, instrução, resolução, portaria ou seja lá que ato
for para coartar a liberdade dos administrados, salvo se, em lei ,
já existir delineada a contenção ou imposição que o ato
administrado venha a minudenciar.” (g.n.)
26. Não se pode, portanto, ignorar o fato de que
a Administração pretendeu aplicar o contido em simples Portaria, ao direito
fundamentado e justificado do Impetrante, incorrendo em GRAVE
ILEGALIDADE. Ainda por que, a própria Administração Pública não ficou
adstrita ao convencionado em referida Portaria. É justo, então, que a Portaria
seja aplicada unilateralmente? Ou seja, válida apenas ao Administrado?
27. Não é justo. É absurdo e compete ao
Judiciário afastar tal entendimento. Ainda neste sentido, o princípio da
razoabilidade é peça da tese para combate da ilegalidade apontada, no caso
exposto, fundamentando-se nos mesmos preceitos constitucionais que servem
de alicerce para os princípios da legalidade e finalidade.
28. No caso apresentado, o princípio da
razoabilidade vem complementar, o já explorado princípio da reserva legal,
pois, além de a Administração Pública ter extrapolado seu poder, qual seja o
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de ADMINISTRAR e não de LEGISLAR, deixou de se socorrer ao bom
senso, ao razoável, para analisar o requerido em sede Administrativa.
Como nem mesmo o Órgão responsável pelo Concurso pode atender todas as
condições impostas ao seu regular processamento, por que não permitir que
um agente deste órgão, prejudicado pelo mal andamento do certame, tenha
sua inscrição de participação excluída do Concurso?
29. Ora Excelência, prova de que em nada
implicaria a exclusão do Impetrante no Concurso em andamento, é o fato de
que nova Portaria, agora visando instituir Concurso de Seleção Interna para
preenchimento de ..... vagas na Delegacia Especial de Instituições Financeiras
no ..................... – DEINF/....., foi publicada, reproduzido abaixo, os exatos
termos que nos interessam:
30. A doutrina traz diversas lições referentes a
este princípio, que se aplicam bem ao caso comentado. Maria Paula Dallari
Bucci, in Processo Administrativo de Sérgio Ferraz e Adilson Abreu Dallari, -
Malheiros Editores, página 61, definiu didaticamente o princípio da
razoabilidade:
“O princípio da razoabilidade, na origem, mais que um princípio
jurídico, é uma diretriz de senso comum ou, mais exatamente, de
bom senso, aplicada ao Direito. Esse ‘bom-senso jurídico’ se faz
necessário à medida que as exigências formais que decorrem do
princípio da legalidade tendem a reforçar mais o texto das
normas, a palavra da lei, que o seu espírito. A razoabilidade
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formulada como princípio jurídico, ou como diretriz de
interpretação das leis e atos da Administração, é uma orientação
que se contrapõe ao formalismo vazio, à mera observância dos
aspectos exteriores da lei, formalismo esse que descaracteriza o
sentido finalístico do Direito” (“O princípio da razoabilidade em
apoio à legalidade”, Cadernos de Direito Constitucional e Ciência
Política 16/173).
31. Celso Antonio Bandeira de Mello, mais uma
vez, colabora com a tese apresentada acerca do princípio da razoabilidade,
ressaltando sua enorme utilidade prática para o controle judicial da
discricionariedade, in Curso de Direito Administrativo:
“Enuncia-se com este princípio que a Administração, ao atuar no
exercício de discrição, terá de obedecer a critérios aceitáveis do
ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de
pessoas equilibradas e respeitosas das finalidades que presidiam a
outorga da competência exercida. Vale dizer: pretense-se colocar
em claro que não serão apenas inconvenientes, mas também
ilegítimas – e, portanto, jurisdicionalmente invalidáveis -, as
condutas desarrazoadas, bizarras, incoerentes ou praticadas com
desconsideração às situações e circunstâncias que seriam
atendidas por quem tivesse atributos normais de prudência,
sensatez e disposição de acatamento às finalidades da lei
atributiva da discrição manejada” (p.79)
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32. Impõe-se, também, invocar os ensinamentos
doutrinários de LÚCIA VALLE FIGUEIREDO, in “Curso de Direito
Administrativo”, Malheiros, 4a. Edição, página 47. A razoabilidade impõe o
afastamento de “standarts” pessoais como bem definiu a ilustre professora:
“É por meio da razoabilidade das decisões tomadas que se
poderá contrastar atos administrativo e verificar se estão dentro da
moldura comportada pelo Direito. Ver-se-á, mais adiante, que não
lícito ao administrador, quando tiver de valorar situaçães
concretas, depois de interpretação, valorá-las a lume de seus
standarts pessoais, a lume da sua ideologia, a lume do que entende
por ser bom, certo, adequado no momento, mas a lume de
princípios gerais, a lume da razoabilidade, do que, em Direito
Civil, se denomina valores do homem médio.”
33. E ainda, WEIDA ZANCANER, in
“Razoabilidade e Moralidade, Direito Administrativo e Constitucional –
Estudos em Homenagem a Geraldo Ataliba”, Malheiros Editores, página 623
e 624, assim discorre sobre o princípio da razoabilidade:
“... determina a coerência do sistema em que a falta de coerência,
da racionalidade de qualquer lei, ato administrativo ou decisão
jurisdicional gera vício de legalidade, pois o Direito é feito por
seres e para seres racionais, para ser aplicado em um determinado
espaço e em uma determinada época... O princípio da
razoabilidade compreende... a verificação de se estes atos foram
ou não editados com reverência a todos os princípios e normas
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componentes do sistema jurídico a que pertencem, isto é, se esses
atos obedecem ao esquema de prioridades adotado pelo próprio
sistema.”
34. O evidente equívoco da Administração na
prática de ato abusivo e imotivado em razoável e legal fundamento,
ATINGIU DIREITO LÍQUIDO E CERTO DO IMPETRANTE! A
ILEGALIDADE é TÃO MANIFESTA nos atos da Administração na hipótese
abarcada, que causa até estranheza e perplexidade, não podendo merecer
guarida do Judiciário!
35. A atividade da Administração não é
LEGISLATIVA, tampouco passível de modificar o conteúdo de Lei ou
interpretá-la abusivamente. Sua função é administrativa do Estado.
CARLOS ARI SUNDFELD, em seu “Direito Administrativo Ordenador”,
11a Edição, págs. 20 e 21 deixa assentado com singular propriedade que:
“... como a própria terminologia revela, atuação administrativa do
Estado ... difere da ordenação legislativa, porquanto administrar é
aplicar – e não produzir – a lei ...”.
36. A postura da Administração revela, na
verdade, intenção de não produzir o ato que interessa ao administrado,
prejudicando-o. Não pode legislar, mas entende que possa se valer de
mecanismos internos, sem consonância com o regramento, através de
motivação ilógica e fora da realidade da Receita Federal atualmente – COM O
CONCURSO DE REMOÇÃO SUSPENSO – SEM PREVISÃO DE
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NORMALIZAÇÃO - afastando do administrado, ora Impetrante, o DIREITO
à exclusão de sua inscrição.
DO CABIMENTO DO “MANDAMUS”
37. O texto constitucional, ao tratar do mandado
de segurança, assim como o faz a Lei 1.533/51, deixa assentado que esta ação
se destina à proteção de um DIREITO, ou seja, a garantia assegurada
constitucionalmente e regulada por Lei é para a defesa de direito subjetivo
próprio de seu titular. Esse direito somente poderá ser vindicado por seu
titular, se for líquido e certo.
38. A liquidez e certeza, para amparar pedido
formulado em mandado de segurança, significam a expressa previsão do
direito invocado em norma legal, bem como, no dizer de HELY LOPES
MEIRELLES, “...trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação
ao Impetrante”. Em outras palavras, analisa finalmente este Mestre, que:
“...direito líquido e certo é direito comprovado de plano” (in, “Mandado de
Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção e Habeas
Data”, 12ª ed., ed. RT, págs. 12/13).
39. Não resta dúvida que a situação e os fatos
mencionados pelo Impetrante – todos comprovados pela documentação
acostada – ensejam o direito à impetração e à necessidade de concessão da
segurança pretendida, a fim de coibir atos da natureza dos proferidos em sede
administrativa, obstaculizando a exclusão do ora Impetrante do concurso de
remoção.
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DO PEDIDO DE LIMINAR – DOS
REQUISITOS DO PERICULUM IN MORA
E DO FUMUS BONI JURIS
40. Diante de tudo quanto foi exposto,
considerando todos os elementos trazidos aos autos, a relevância na
fundamentação do pedido, que ampara o DIREITO inquestionável do
Impetrante, não merecendo subsistir o indeferimento de sua exclusão no
Concurso de Remoção/2001, pleiteia o ora Impetrante a concessão de
LIMINAR, da qual DEPENDE A IMEDIATA EXCLUSÃO DE SUA
PARTICIPAÇÃO NO REFERIDO CONCURSO DE REMOÇÃO. A eventual
não concessão da liminar ora pleiteada DIMINUI, demasiadamente as chances
do Impetrante de ter sua inscrição no Concurso de Remoção excluída, ainda
na fase em que se encontra o Concurso, qual seja – SUSPENSO – posto que
desta maneira nenhum prejuízo restaria a Administração Pública.
41. Na hipótese improvável de não ser
concedida a medida liminar, caso o Impetrante tenha a segurança concedida
posteriormente, o dano já se terá consumado, uma vez que a Administração
poderá ter procedido a remoção do servidor, ora Impetrante, e consumada a
ofensa a direito legítimo previsto nos princípios constitucionais – DA
RESERVA LEGAL e da DA RAZOABILIDADE – que preserva o direito
do indivíduo de fazer ou deixar de fazer apenas e tão somente aquilo previsto
em LEI, e ainda a exigência da Administração da aplicação do ‘bom senso’,
do razoável, ao caso concreto – e não simples Portaria estabelecer
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impedimento a exclusão de participação de candidato a concurso de remoção,
não podendo, sob o auspício de atender a um suposto interesse da
Administração afrontar o princípio da PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL e
da RAZOABILIDADE atingir o direito do Impetrante.
42. Assim, não restando dúvida que a situação
de fato, vem causando gravames de ordem pessoal, funcional e até emocional
do Impetrante, mostrando-se presentes todos os elementos que justificam o
deferimento, de plano, da LIMINAR requerida no presente writ, tendente a
afastar o contido no artigo 11, Parágrafo 2º, da portaria SRF 470, de 15 de
maio de 2001, tudo isso considerando a URGÊNCIA da matéria bem como
ofensa a DIREITO LÍQUIDO E CERTO do ora Impetrante, sobejamente
demonstrados, sobretudo o PERICULUM IN MORA, consubstanciado na
iminente normalização do concurso de remoção, e via de conseqüência a
própria remoção do Impetrante.
43. Precípua, nessa fase, a atividade do
Magistrado, tendente a resguardar plenamente o direito do Impetrante. Não se
pode negar que o Estado, como devedor da obrigação jurisdicional, já que
vedada a auto-tutela, deve utilizar todos os princípios e normas estabelecidas,
em benefício do esclarecimento da verdade e do correto desate dos litígios,
explorando ao máximo a potencialidade do processo. Essa, aliás, a moderna
função social do processo que fez desaparecer a imagem de um Juiz
observador distante e impassível. Por certo essa atividade não se traduz em
uma simples operação de lógica. Ela é o reflexo da personalidade, vontade e
consciência do Juiz, consubstanciando seu convencimento e, sobretudo, a
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realização da JUSTIÇA no caso in concreto, refletindo o verdadeiro sentido e
escopo do legislador.
DO PEDIDO
44. Diante de tudo quanto foi exposto,
considerando todos os elementos trazidos aos autos, que amparam o DIREITO
líquido e certo do Impetrante, considerando, sobretudo, a ilegalidade do ato
praticado pela autoridade coatora, consubstanciado na Portaria SRF 470, de 15
de maio p.p., em seu artigo 11, Parágrafo 2º, e sobretudo a NECESSIDADE
DE UMA MANIFESTAÇÃO URGENTE DESTE JUÍZO a fim de que o
Impetrante possa efetivamente ver excluída sua inscrição no Concurso de
Remoção/2001, PEDE:
Seja liminarmente e inaudita altera parte deferida a
LIMINAR pleiteada, para excluir a inscrição efetuada junto ao sistema
integrado da Receita Federal, reconhecendo a ilegalidade do artigo 11º,
Parágrafo 2º, da Portaria SRF nº 470, de 15 de maio de 2001, nada
justificando o óbice criado, infundadamente pela Administração. Tal
providência se justifica diante da iminência da normalização do Concurso
de Remoção.
Seja esta ação mandamental, após regular processamento,
julgada pelo mérito, com a concessão da segurança, tornando, se for o
caso, definitiva a liminar inicialmente deferida nos autos, permitindo
que o Impetrante possa ter excluída sua inscrição de participação no
concurso de remoção AFRF/2001, na ausência de justificativa legal que
20
ampare a ilegalidade e arbitrariedade do posicionamento firmado no
âmbito da Portaria mencionada (art. 11, § 2º – Portaria SRF 470/01),
estando o pedido fulcrado no PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL e
RAZOABILIDADE, flagrantemente ultrajado pela Portaria em
questão, o que não pode subsistir.
45. Pleiteia o Impetrante, ainda, a notificação da
autoridade coatora, para que preste as informações que entender necessárias.
46. Finalmente, desde já o Impetrante
PREQUESTIONA discussão a respeito da matéria dos autos, sobretudo o
contido nos artigo 5º, incisos II e LXIX, e artigo 37 da Carta Constitucional
inclusive para a eventual interposição de recursos extremos.
47. Valor atribuído à causa R$ 100,00.
Termos em que,
P. deferimento
Local, data.
ADVOGADO
OAB/..... ..............
21