excelentÍssimo(a) senhor(a) doutor(a) juiz(a) … · contrato (se for calouro) ou para o...

31
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA _____ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARÁ Ref: Procedimento Preparatório nº 1.23.000.000458/2015-01 O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por sua Procuradora da República signatário, com fulcro no art. 129, incs. II e III, da Constituição Federal, no art. 5º, V, “a”, da Lei Complementar n° 75/93, no art. 5º, I, da Lei n. 7.347/85, c/c art. 82, I, CDC, vem respeitosamente à presença de V.Exª ajuizar a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA C/C PEDIDO LIMINAR em face de FACULDADE METROPOLITANA DA AMAZÔNIA - FAMAZ, pessoa jurídica de direito privado, inscita no CNPJ sob o n° 37.174.034/0001-02 a ser citada na pessoa de seu representante legal, com domicílio na Av. Visconde de Souza Franco, nº 72 – Reduto, CEP 66.453-000, Belém/PA; pelos fatos a seguir narrados. 91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.br Tv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 1

Upload: hamien

Post on 18-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA _____

VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARÁ

Ref: Procedimento Preparatório nº 1.23.000.000458/2015-01

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por sua Procuradora da República

signatário, com fulcro no art. 129, incs. II e III, da Constituição Federal, no art. 5º, V, “a”, da

Lei Complementar n° 75/93, no art. 5º, I, da Lei n. 7.347/85, c/c art. 82, I, CDC, vem

respeitosamente à presença de V.Exª ajuizar a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA C/C PEDIDO LIMINAR

em face de

FACULDADE METROPOLITANA DA AMAZÔNIA - FAMAZ, pessoa

jurídica de direito privado, inscita no CNPJ sob o n° 37.174.034/0001-02 a ser

citada na pessoa de seu representante legal, com domicílio na Av. Visconde de

Souza Franco, nº 72 – Reduto, CEP 66.453-000, Belém/PA;

pelos fatos a seguir narrados.

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 1

I. DOS FATOS

Tramitou nesta Procuradoria da República o Procedimento Preparatório nº

1.23.000.000458/2015-01, anexo, instaurado a partir da Manifestação nº 20150010822, pela qual

a estudante NAYANA MELAZO MENDONÇA MACHADO denunciou omissão por parte da

FACULDADE METROPOLITANA DA AMAZÔNIA - FAMAZ no tocante ao processo de

inscrição ou aditamento dos contratos do FIES junto ao FNDE, por estar, a referida Instituição de

Ensino Superior, condicionando a efetivação da matrícula destes alunos para o período 2015.1 ao

pagamento da diferença entre o reajuste nas mensalidades autorizado pelo Governo Federal

(6,4%) e o reajuste praticado pela instituição (10,1%), gerando, ao aluno, obrigação direta de

pagamento de 3,61% de reajuste, sob pena de desligamento e cessação da oferta dos serviços

educacionais.

Em anexo, a referida estudante acostou lista com os alunos da instituição que

estariam na mesma situação, bem como cópia do Termo de Compromisso, imposto pela

Instituição para que haja a continuidade dos serviços educacionais. Neste último, inclusive, é

importante frisar a seguinte passagem, verbis: “...O(A) DISCENTE, para a assinatura do

contrato (se for calouro) ou para o aditamento no FIES (se for veterano), deverá o(a)

COMPROMISSÁRIO(A) arcar com a importância referente ao percentual de reajuste de

3,61% (três vírgula sessenta e um por cento) do valor de seu Curso, resultado da diferença da

correção aplicada pelo FIES com a da FAMAZ...” (Grifo à parte).

Ou seja, os alunos da parte Ré, mesmo no gozo de Programa Federal que dá

direito ao financiamento INTEGRAL das mensalidades do curso, estão sendo

OBRIGADOS a firmar compromisso de pagamento do valor que excede o percentual de

reajuste autorizado pelo Governo Federal, em clara afronta, desproporcional, diga-se, ao

direito de pleno acesso à educação em todos os seus níveis.

Excelência, por serem alunos que gozam de prerrogativa de financiamento,

presume-se que não possuam condições financeiras atuais para solver quaisquer tipo de

dívidas referentes ao custeio das mensalidades decorrentes de seus cursos respectivos, caso

contrário não seriam beneficiários, eis que o dito Programa se pauta em limite máximo de renda

bruta familiar.

Sendo assim, quaisquer cobranças a estes estudantes podem ter o condão de

inviabilizar o próprio exercício do direito à educação, visto que a renda familiar, in casu, já se

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 2 2

encontra totalmente comprometida com despesas essenciais e indispensáveis ao próprio sustento

e, portanto, vida com dignidade dos afetados.

Ressalte-se que a FACULDADE METROPOLITANA DE BELÉM, instada a

se manifestar, conforme via recebida do Ofício PR/PA/GAB11 Nº 1201/2015 (recebido em

13/03/2015), quedou-se inerte, eis que, provavelmente, nada tinha a dizer ante a cópia do

Termo de Compromisso remetida em anexo

Portanto, a presente Ação Civil Pública, em defesa do interesse da coletividade

afetada, qual seja, o grupo de alunos da FAMAZ beneficiários do Fundo de Financiamento

Estudantil - FiES, visa a garantia do direito de pleno acesso à educação, por meio de ordem

judicial inibitória, de modo a gerar obrigação de não fazer à parte Ré, com fins de que essa

última se abstenha de realizar quaisquer cobranças extraordinárias aos estudantes beneficiários

do FIES e que deixe de condicionar o aditamento ou inscrição de alunos no referido Programa à

assinatura do dito compromisso de pagamento da diferença de reajuste.

II. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

1. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

A legitimidade do Ministério Público para ajuizamento da presente Ação Civil

Pública encontra-se amparada no art. 81, II, CDC, considerando tratar-se de direito coletivo de

todos os alunos prejudicados pela arbitrariedade da demandada no tocante à realização do

aditamento dos contratos de financiamento e inscrição de novos pedidos.

Outrossim, ainda que enxergada a pretensão sob a ótica do interesse individual de

cada aluno prejudicado, conclui-se pela configuração de interesses individuais homogêneos, eis

que de origem comum, de grande relevância social, na forma do art. 81, III, CDC, a saber:

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas

poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

(…)

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste

código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 3 3

grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte

contrária por uma relação jurídica base;

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os

decorrentes de origem comum.

É oportuno destacar, outrossim, que a jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça é uníssona em reconhecer legitimidade da atuação do Ministério Público para proteção de

interesses individuais com relevância social, tal como o direito à educação, senão vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO INEXISTENTE. AÇÃO CIVIL

PÚBLICA. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. AUSÊNCIA E

INSUFICIÊNCIA DE PROCEDIMENTOS E EQUIPAMENTOS PARA

PREVENÇÃO A INCÊNDIOS POR PARTE DE CONDOMÍNIO

RESIDENCIAL. RELEVANTE INTERESSE SOCIAL. PROTEÇÃO À

VIDA. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE E INTERESSE DE

AGIR. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. AGRAVO CONHECIDO.

RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (..) 3. O Superior Tribunal de Justiça

reconhece a legitimidade ad causam do Ministério Público, seja para a

tutela de direitos e interesses difusos e coletivos, seja para a proteção

dos chamados direitos individuais homogêneos, sempre que

caracterizado relevante interesse social. 4. In casu, tanto a dimensão do

dano e suas características, como a relevância do bem jurídico a ser

protegido justificam o interesse no feito por parte do Ministério Público.

Agravo regimental provido. (STJ, AgRg no AREsp 562857, Rel. Min.

Humberto Martins, p. 17/11/2014)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO.

DIREITO INDIVIDUAL INDISPONÍVEL. LEGITIMIDADE ATIVA DO

MINISTÉRIO PÚBLICO NA DEFESA DE INTERESSES OU DIREITOS

INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. CONFIGURAÇÃO. PRECEDENTE

DO STJ. 1. O Ministério Público possui legitimidade ad causam para

propor Ação Civil Pública visando à defesa de direitos individuais

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 4 4

homogêneos, ainda que disponíveis e divisíveis, quando a presença de

relevância social objetiva do bem jurídico tutelado a dignidade da

pessoa humana, a qualidade ambiental, a saúde, a educação . 2.

Recurso especial provido. (STJ, Resp 945785, Rel. Min. Eliana Calmon,

p. 11/06/13)

(grifo à parte)

Ademais, dentre os legitimados para mover a ação civil pública para defesa dos

direitos do consumidor está arrolado o Ministério Público, nos termos do art. 82, I do CDC1,

assim como do art. 1º, I c/c art. 5º da Lei nº 7.347/852.

Desta forma, não há como negar a legitimidade ativa do Ministério Público

Federal para propor ação civil pública para defesa de interesses individuais homogêneos, de

relevante interesse público-social, a teor do disposto no art. 6º, inciso VII, "b", da Lei

Complementar nº. 75/93, viabilizando a sua defesa em sede de ação coletiva. Assim nos ensina a

doutrina de Mazzili3:

[...] quando a constituição comete ao Ministério Público a defesa de “interesses sociais e individuais indisponíveis”, não lhe está tolhendo, em tese, a possibilidade de zelar por interesses individuais homogêneos. Com a norma do caput do art. 127, a Lei Maior quer que o Ministério Público defenda os interesses sociais todos, e os individuais só quando indisponíveis; assim quando individuais homogêneos, ainda que não indisponíveis, tenham suficiente abrangência ou relevância, sua defesa coletiva assumirá inegável caráter social, inserindo-se, pois, nas atribuições constitucionais do Ministério Público.

Assim sendo, não há como contestar a legitimidade do Ministério Público Federal

para ajuizar a presente demanda, como, aliás, tem sido firmado na jurisprudência dos tribunais

pátrios:

1Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. […]Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:

I - o Ministério Público; […]2Art. 1º. Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: [...]

II– ao consumidor.Art. 5º. A ação principal e a cautelar poderão ser propostas pelo Ministério Público [...]

3MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 172.

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 5 5

ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO. DIPLOMA CONFERIDO POR IES PRIVADA. REGISTRO. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA - UFRR. COBRANÇA DE TAXA. IMPOSSIBILIDADE. ATO COMPLEXO. LEI Nº 9.394/96 E PORTARIA NORMATIVA DO MEC. 1. "O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública, em defesa de direitos individuais homogêneos, visando afastar a cobrança de taxa para a expedição ou registro de diploma, consoante a atribuição que lhe foi dada pela Constituição Federal e as disposições constantes do CDC (art. 81), uma vez caracterizada a relação de consumo na contratação da prestação de serviços educacionais." (AC 2008.41.00.006200-4/RO, Rel. conv. Rodrigo Navarro de Oliveira, 6ª Turma, e-DJF de 08/09/2009, p. 170). [...] 3. Os atos de expedição e registro de certificado de conclusão de nível superior consubstanciam ato administrativo complexo decorrente "da conclusão do serviço prestado pela IES e, portanto, não podem ser cobrados, sendo consequência natural a que se obriga a IES por ocasião da finalização da atividade educacional por ela prestada (Lei 9.394/96 c/c art. 32, § 4º Portaria Normativa 40/2007/MEC)" (TRF 2ª Região, AC 2007.50.01.0142437/RJ, Rel. Desembargador Federal Guilherme Calmon Nogueira da Gama, 6ª Turma Especializada, E-DJF2R de 03/08/2010, p. 105/106). 4. Apelação e remessa oficial improvidas.4

CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO, DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSO CIVIL. MPF. LEGITIMIDADE ATIVA PARA A CAUSA. ENSINO SUPERIOR. DIPLOMA. TAXA DE EXPEDIÇÃO. COBRANÇA. ILEGALIDADE. RESTITUIÇÃO DOS VALORES COBRADOS INDEVIDAMENTE. CABIMENTO. JUROS DE MORA. PERÍODO ANTERIOR AO CC/02. REDUÇÃO. 1. Os interesses jurídicos defendidos pelo MPF nesta ação civil pública são de natureza individual homogênea e de relevância social evidente, por vinculados ao direito à educação (art. 205 da CF/88) e aos direitos do consumidor (art. 5.º, inciso XXXII, da CF/88), bem como por dizerem respeito à fiscalização do respeito dos poderes públicos e serviços de relevância pública aos direitos assegurados constitucionalmente (art. 129, inciso II, da CF/88), sendo tais razões, independentemente de quaisquer outros questionamentos quanto ao fato de que apenas alunos da instituição de ensino Apelante estariam tendo seus interesses tutelados judicialmente, fundamentos suficientes para embasar a sua legitimidade ativa para a causa, a qual, ainda, encontra amparo na aplicação analógica da Súmula n.º 643 do STF. [...]5

2. DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

4BRASIL. Tribunal Regional Federal da 1ª Região. AC 200842000001540. Órgão Julgador: Quinta Turma, Relator(a): Desembargadora Federal Selene Maria de Almeida, 22/10/2010.5 BRASIL. Tribunal Regional Federal da 5ª Região. AC - Apelação Civel – 433509 (Processo AC 200683000093582). Órgão julgador: Primeira Turma, Relator(a): Desembargador Federal Emiliano Zapata Leitão, julgado em 14/01/2010, publicado no DJE de 28/01/2010.

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 6 6

A competência da Justiça Federal vem disciplinada no artigo 109 da Constituição

da República Federativa do Brasil:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:I – as causas em que a União, entidade ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes, exceto as de falência, as de acidente de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

Primeiramente, a Justiça Federal é competente pela presença, no polo ativo da

relação processual, do Ministério Público Federal, órgão constitucionalmente autônomo da

União (art. 128, I, “a” da CF/88), que enfeixa uma parcela do poder estatal outorgado pela

Constituição à pessoa jurídica de cuja intimidade estrutural participa.

O ajuizamento de ação pelo Ministério Público Federal ativa a competência da

Justiça Federal, mas não a autoriza, diretamente, a apreciar o mérito da pretensão exposta. Para

tanto, é necessário que a matéria em discussão ostente interesse federal.

Caracterizado o direito à educação como direito eminentemente social, para

atingir a amplitude necessária ao alcance dos seus fins, a Constituição Federal admitiu que o

ensino fosse livre à iniciativa privada, desde que atendido o cumprimento das normas gerais da

educação nacional e a autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público, consoante

preconiza o art. 209 da CF/88.:

Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Observe-se que a instituição de ensino superior deve se sujeitar às regras

impostas pela União, a quem cabe também fiscalizar e supervisionar os comandos normativos

que instituiu (art. 209, I da CF/88).

Coube, então, à Lei 9.394/96 disciplinar a quem compete fiscalizar estas normas

gerais. Desse modo, nos termos do art. 16 da referida lei, a União é responsável pela fiscalização

das instituições de ensino superior, integrantes do sistema federal de ensino:

Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 7 7

I - as instituições de ensino mantidas pela União;II - as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa privada;III - os órgãos federais de educação

Logo, uma vez que a Faculdade Metropolitana de Belém, instituição de educação

superior da iniciativa privada, integrante do sistema federal de ensino, tem agido em dissonância

com o ordenamento jurídico, inequívoco este do interesse federal.

3. DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA DEMANDADA

No tocante à legitimidade passiva, é de se ressaltar que o FiES, Programa de

Financiamento ao Estudante do Ensino Superior, é um fundo instituído pelo Governo Federal

destinado à concessão de financiamento a estudantes regularmente matriculados em cursos

superiores não gratuitos e com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo Ministério da

Educação, na forma da Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001 e da Portaria Normativa nº 1, de 22

de janeiro 2010, sendo que, conforme esta última, a entidade que adere ao Programa passa a ter a

obrigação, de acordo com o art. 226, de “...constituir uma Comissão Permanente de Supervisão

e Acompanhamento do FIES (CPSA)” e, por sua vez, à esta última cabe o dever, conforme o

artigo 24, inciso VII7 do referido ato administrativo normativo do Ministério da Educação, de

“zelar pelo cumprimento da legislação e normas do FIES, em especial do disposto no art. 6º e

no art. 16 da Portaria Normativa MEC nº 2, de 2008”

Assim, a legitimidade passiva da FACULDADE METROPOLITANA DE

BELÉM - FAMAZ é justificada pelo seu dever legal de, em razão de ter aderido voluntariamente

ao Programa FiES, cumprir com todas as regras impostas, abstendo-se de adotar condutas

arbitrárias, tal como é o direcionamento da cobrança da diferença entre o índice reajuste

aplicado e o autorizado AO ALUNO e não ao Governo, como seria o correto.

4. DO DIREITO À EDUCAÇÃO, DA CONFIGURAÇÃO DO FUNDO DE

FINANCIAMENTO ESTUDANTIL COMO AÇÃO AFIRMATIVA DO

6Art. 22 Cada local de oferta de cursos da instituição de ensino, por meio de seu representante, deverá constituir uma Comissão Permanente de Supervisão e Acompanhamento do FIES (CPSA).7Art. 24 São atribuições da CPSA: (…) VII - zelar pelo cumprimento da legislação e normas do FIES, em especial do disposto no art. 6º e no art. 16 da Portaria Normativa MEC nº 2, de 2008. (Redação dada pela Portaria Normativa nº 21, de 26 de dezembro de 2014).

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 8 8

GOVERNO FEDERAL E DA APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA

VEDAÇÃO AO RETROCESSO EM MATÉRIA DE DIREITOS HUMANOS

A demanda em tela lida diretamente com direito de indiscutível importância: o

direito à educação, consagrado no art. 205, da Constituição Federal:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,

será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando

ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Da mesma forma, o direito à educação encontra-se resguardado em inúmeros

diplomas internacionais, merecendo destaque o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,

Sociais e Culturais de 1996 (incorporado ao ordenamento Pátrio por meio do Decreto nº 591, de

06 de Julho de 1992) e a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 (assinado pelo

Brasil no momento de sua proclamação):

Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

ARTIGO 13

1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda

pessoa à educação. Concordam em que a educação deverá visar ao

pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua

dignidade e fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades

fundamentais. Concordam ainda em que a educação deverá capacitar

todas as pessoas a participar efetivamente de uma sociedade livre,

favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações

e entre todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos e promover as

atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

2. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que, com o objetivo

de assegurar o pleno exercício desse direito:

a) A educação primaria deverá ser obrigatória e acessível gratuitamente

a todos;

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 9 9

b) A educação secundária em suas diferentes formas, inclusive a

educação secundária técnica e profissional, deverá ser generalizada e

torna-se acessível a todos, por todos os meios apropriados e,

principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito;

c) A educação de nível superior deverá igualmente torna-se acessível a

todos, com base na capacidade de cada um, por todos os meios

apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do

ensino gratuito;

d) Dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação

de base para aquelas pessoas que não receberam educação primaria ou

não concluíram o ciclo completo de educação primária;

e) Será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de uma rede

escolar em todos os níveis de ensino, implementar-se um sistema

adequado de bolsas de estudo e melhorar continuamente as condições

materiais do corpo docente.

Declaração Universal dos Direitos Humanos

A ASSEMBLÉIA GERAL

proclama

A PRESENTE DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS

HUMANOS

como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações,

com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo

sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da

educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela

adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional,

por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e

efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto

entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

(Grifo à parte)

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 10 10

Ab initio, é importante ressaltar que ambos os diplomas, como já dito alhures,

foram devidamente recepcionados pelo sistema jurídico brasileiro e, por se tratarem de lei de

caráter supralegal8, gozam de hierarquia proeminente em relação a todo o rol legislativo

infraconstitucional comum. Dito isso e já analisando o conteúdo, constata-se que trazem em seus

textos a essência do princípio da vedação ao retrocesso em relação aos direitos humanos

fundamentais, eis que mencionam, expressamente, que os direitos elencados deverão ser

ofertados de modo progressivo, adotando-se, claramente, o chamado efeito cliquet , pelo qual

não se é possível retroceder, mas, sim, apenas, subir.

Assim, sendo a educação um direito fundamental inerente ao ser humano, não é

permitido à nação signatária dos tratados acima elencados a promoção de sua oferta de modo

precário e nem regressivo, reduzindo-se o acesso pela população.

Seguindo o raciocínio, é claro que a oferta do FiES, como programa de

financiamento estudantil a alunos que não possuem condições econômicas para custear

mensalidades em instituições privadas, trata-se de evidente ação afirmativa do Estado,

concebida com o único propósito de corrigir distorções e falhas do sistema educacional

brasileiro, as quais, por sua vez, deixam a categoria de pretensos beneficiários em veemente

desvantagem em relação à uma minoria de estudantes detentora de efetivo poder financeiro para,

independentemente de inércia governamental, adimplir ensino de qualidade. Assim, tal como

ocorre com o ProUNI9, essa política desiguala os desiguais, em direto cumprimento do princípio

da igualdade material, mais conhecido como isonomia.

Desse modo, portanto, serve, o dito projeto de financiamento, como verdadeira

compensação à baixa oferta de vagas no ensino público e à latente precariedade do ensino

básico ofertado, no Brasil, pelo Estado. Em sendo dessa forma, entende-se que enquanto não

houver o saneamento do problema a ser contrapesado pela dita ação afirmativa, mas, sim,

pelo contrário, o seu agravamento, diante dos notórios baixos percentuais do IDEB, é

obrigatória a manutenção regular e eficiente do Programa de Financiamento Do ensino de

nível superior a estudantes de baixa renda, sob pena de RETROCESSO SOCIAL e afronta

direta à Carta Magna Pátria e, também, aos tratados dos quais o Brasil é signatário, o que, por

sua vez, daria ensejo, inclusive, à aplicabilidade de penalidades internacionais, como,

8 Entendimento do C.STF no Recurso Extraordinário 466.343-1/SP9 LEI N o 11.096, DE 13 DE JANEIRO DE 2005 . Art. 1o Fica instituído, sob a gestão do Ministério da Educação, o Programa Universidade para Todos - PROUNI, destinado à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciais de 50% (cinqüenta por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento) para estudantes de cursos de graduação e seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos.

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 11 11

infelizmente, ocorreu no Caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”) vs. Brasil10, no

qual a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) impôs ao país uma série de obrigações

por clara ofensa a direitos humanos.

Inclusive, a aplicabilidade do princípio da vedação ao retrocesso ao direito à

educação já é tema pacífico no Colendo Supremo Tribunal Federal, o qual decidiu da seguinte

forma:

EMENTA: CRIANÇA DE ATÉ CINCO ANOS DE IDADE -

ATENDIMENTO EM CRECHE E EM PRÉ-ESCOLA - SENTENÇA QUE

OBRIGA O MUNICÍPIO DE SÃO PAULO A MATRICULAR CRIANÇAS

EM UNIDADES DE ENSINO INFANTIL PRÓXIMAS DE SUA

RESIDÊNCIA OU DO ENDEREÇO DE TRABALHO DE SEUS

RESPONSÁVEIS LEGAIS, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA POR

CRIANÇA NÃO ATENDIDA - LEGITIMIDADE JURÍDICA DA

UTILIZAÇÃO DAS “ASTREINTES” CONTRA O PODER PÚBLICO -

DOUTRINA - JURISPRUDÊNCIA - OBRIGAÇÃO ESTATAL DE

RESPEITAR OS DIREITOS DAS CRIANÇAS - EDUCAÇÃO INFANTIL -

DIREITO ASSEGURADO PELO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL

(CF, ART. 208, IV, NA REDAÇÃO DADA PELA EC Nº 53/2006) -

COMPREENSÃO GLOBAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL À

EDUCAÇÃO - DEVER JURÍDICO CUJA EXECUÇÃO SE IMPÕE AO

PODER PÚBLICO, NOTADAMENTE AO MUNICÍPIO (CF, ART. 211, §

2º) - LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DA INTERVENÇÃO DO

PODER JUDICIÁRIO EM CASO DE OMISSÃO ESTATAL NA

IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PREVISTAS NA

CONSTITUIÇÃO - INOCORRÊNCIA DE TRANSGRESSÃO AO

POSTULADO DA SEPARAÇÃO DE PODERES - PROTEÇÃO

JUDICIAL DE DIREITOS SOCIAIS, ESCASSEZ DE RECURSOS E A

QUESTÃO DAS “ESCOLHAS TRÁGICAS” - RESERVA DO POSSÍVEL,

MÍNIMO EXISTENCIAL, DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E

VEDAÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL - PRETENDIDA

EXONERAÇÃO DO ENCARGO CONSTITUCIONAL POR EFEITO DE 10 http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CB4QFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.corteidh.or.cr%2Fdocs%2Fcasos%2Farticulos%2Fseriec_219_por.pdf&ei=qDQIVfSnDqe1sATkrILwBQ&usg=AFQjCNFNElHrAZBGmnPAp8banplCXnWSFA&sig2=JOH-qP9Jav8rg5TN8h4bmg&bvm=bv.88198703,d.cWc

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 12 12

SUPERVENIÊNCIA DE NOVA REALIDADE FÁTICA - QUESTÃO QUE

SEQUER FOI SUSCITADA NAS RAZÕES DE RECURSO

EXTRAORDINÁRIO - PRINCÍPIO “JURA NOVIT CURIA” -

INVOCAÇÃO EM SEDE DE APELO EXTREMO - IMPOSSIBILIDADE -

RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. POLÍTICAS PÚBLICAS,

OMISSÃO ESTATAL INJUSTIFICÁVEL E INTERVENÇÃO

CONCRETIZADORA DO PODER JUDICIÁRIO EM TEMA DE

EDUCAÇÃO INFANTIL: POSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL. - A

educação infantil representa prerrogativa constitucional indisponível,

que, deferida às crianças, a estas assegura, para efeito de seu

desenvolvimento integral, e como primeira etapa do processo de

educação básica, o atendimento em creche e o acesso à pré-escola (CF,

art. 208, IV). - Essa prerrogativa jurídica, em conseqüência, impõe, ao

Estado, por efeito da alta significação social de que se reveste a

educação infantil, a obrigação constitucional de criar condições

objetivas que possibilitem, de maneira concreta, em favor das “crianças

até 5 (cinco) anos de idade” (CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e

atendimento em creches e unidades de pré-escola, sob pena de

configurar-se inaceitável omissão governamental, apta a frustrar,

injustamente, por inércia, o integral adimplemento, pelo Poder Público,

de prestação estatal que lhe impôs o próprio texto da Constituição

Federal. - A educação infantil, por qualificar-se como direito

fundamental de toda criança, não se expõe, em seu processo de

concretização, a avaliações meramente discricionárias da Administração

Pública nem se subordina a razões de puro pragmatismo governamental.

- Os Municípios - que atuarão, prioritariamente, no ensino fundamental

e na educação infantil (CF, art. 211, § 2º) - não poderão demitir-se do

mandato constitucional, juridicamente vinculante, que lhes foi outorgado

pelo art. 208, IV, da Lei Fundamental da República, e que representa

fator de limitação da discricionariedade político-administrativa dos

entes municipais, cujas opções, tratando-se do atendimento das crianças

em creche (CF, art. 208, IV), não podem ser exercidas de modo a

comprometer, com apoio em juízo de simples conveniência ou de mera

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 13 13

oportunidade, a eficácia desse direito básico de índole social. - Embora

inquestionável que resida, primariamente, nos Poderes Legislativo e

Executivo, a prerrogativa de formular e executar políticas públicas,

revela-se possível, no entanto, ao Poder Judiciário, ainda que em bases

excepcionais, determinar, especialmente nas hipóteses de políticas

públicas definidas pela própria Constituição, sejam estas

implementadas, sempre que os órgãos estatais competentes, por

descumprirem os encargos político- -jurídicos que sobre eles incidem em

caráter impositivo, vierem a comprometer, com a sua omissão, a

eficácia e a integridade de direitos sociais e culturais impregnados de

estatura constitucional. DESCUMPRIMENTO DE POLÍTICAS

PÚBLICAS DEFINIDAS EM SEDE CONSTITUCIONAL: HIPÓTESE

LEGITIMADORA DE INTERVENÇÃO JURISDICIONAL. - O Poder

Público - quando se abstém de cumprir, total ou parcialmente, o dever de

implementar políticas públicas definidas no próprio texto constitucional

- transgride, com esse comportamento negativo, a própria integridade da

Lei Fundamental, estimulando, no âmbito do Estado, o preocupante

fenômeno da erosão da consciência constitucional. Precedentes: ADI

1.484/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.. - A inércia estatal em

adimplir as imposições constitucionais traduz inaceitável gesto de

desprezo pela autoridade da Constituição e configura, por isso mesmo,

comportamento que deve ser evitado. É que nada se revela mais nocivo,

perigoso e ilegítimo do que elaborar uma Constituição, sem a vontade

de fazê-la cumprir integralmente, ou, então, de apenas executá-la com o

propósito subalterno de torná-la aplicável somente nos pontos que se

mostrarem ajustados à conveniência e aos desígnios dos governantes, em

detrimento dos interesses maiores dos cidadãos. - A intervenção do

Poder Judiciário, em tema de implementação de políticas

governamentais previstas e determinadas no texto constitucional,

notadamente na área da educação infantil (RTJ 199/1219-1220),

objetiva neutralizar os efeitos lesivos e perversos, que, provocados pela

omissão estatal, nada mais traduzem senão inaceitável insulto a direitos

básicos que a própria Constituição da República assegura à

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 14 14

generalidade das pessoas. Precedentes. A CONTROVÉRSIA

PERTINENTE À “RESERVA DO POSSÍVEL” E A INTANGIBILIDADE

DO MÍNIMO EXISTENCIAL: A QUESTÃO DAS “ESCOLHAS

TRÁGICAS”. - A destinação de recursos públicos, sempre tão

dramaticamente escassos, faz instaurar situações de conflito, quer com a

execução de políticas públicas definidas no texto constitucional, quer,

também, com a própria implementação de direitos sociais assegurados

pela Constituição da República, daí resultando contextos de

antagonismo que impõem, ao Estado, o encargo de superá-los mediante

opções por determinados valores, em detrimento de outros igualmente

relevantes, compelindo, o Poder Público, em face dessa relação

dilemática, causada pela insuficiência de disponibilidade financeira e

orçamentária, a proceder a verdadeiras “escolhas trágicas”, em decisão

governamental cujo parâmetro, fundado na dignidade da pessoa

humana, deverá ter em perspectiva a intangibilidade do mínimo

existencial, em ordem a conferir real efetividade às normas

programáticas positivadas na própria Lei Fundamental. Magistério da

doutrina. - A cláusula da reserva do possível - que não pode ser

invocada, pelo Poder Público, com o propósito de fraudar, de frustrar e

de inviabilizar a implementação de políticas públicas definidas na

própria Constituição - encontra insuperável limitação na garantia

constitucional do mínimo existencial, que representa, no contexto de

nosso ordenamento positivo, emanação direta do postulado da

essencial dignidade da pessoa humana. Doutrina. Precedentes. - A

noção de “mínimo existencial”, que resulta, por implicitude, de

determinados preceitos constitucionais (CF, art. 1º, III, e art. 3º, III),

compreende um complexo de prerrogativas cuja concretização revela-se

capaz de garantir condições adequadas de existência digna, em ordem a

assegurar, à pessoa, acesso efetivo ao direito geral de liberdade e,

também, a prestações positivas originárias do Estado, viabilizadoras da

plena fruição de direitos sociais básicos, tais como o direito à educação,

o direito à proteção integral da criança e do adolescente, o direito à

saúde, o direito à assistência social, o direito à moradia, o direito à

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 15 15

alimentação e o direito à segurança. Declaração Universal dos Direitos

da Pessoa Humana, de 1948 (Artigo XXV). A PROIBIÇÃO DO

RETROCESSO SOCIAL COMO OBSTÁCULO CONSTITUCIONAL

À FRUSTRAÇÃO E AO INADIMPLEMENTO, PELO PODER

PÚBLICO, DE DIREITOS PRESTACIONAIS. - O princípio da

proibição do retrocesso impede, em tema de direitos fundamentais de

caráter social, que sejam desconstituídas as conquistas já alcançadas

pelo cidadão ou pela formação social em que ele vive. - A cláusula que

veda o retrocesso em matéria de direitos a prestações positivas do

Estado (como o direito à educação, o direito à saúde ou o direito à

segurança pública, v.g.) traduz, no processo de efetivação desses direitos

fundamentais individuais ou coletivos, obstáculo a que os níveis de

concretização de tais prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser

ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado. Doutrina. Em

conseqüência desse princípio, o Estado, após haver reconhecido os

direitos prestacionais, assume o dever não só de torná-los efetivos, mas,

também, se obriga, sob pena de transgressão ao texto constitucional, a

preservá-los, abstendo-se de frustrar - mediante supressão total ou

parcial - os direitos sociais já concretizados. LEGITIMIDADE

JURÍDICA DA IMPOSIÇÃO, AO PODER PÚBLICO, DAS

“ASTREINTES”. - Inexiste obstáculo jurídico-processual à utilização,

contra entidades de direito público, da multa cominatória prevista no §

5º do art. 461 do CPC. A “astreinte” - que se reveste de função

coercitiva - tem por finalidade específica compelir, legitimamente, o

devedor, mesmo que se cuide do Poder Público, a cumprir o preceito, tal

como definido no ato sentencial. Doutrina. Jurisprudência.

(ARE 639337 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda

Turma, julgado em 23/08/2011, DJe-177 DIVULG 14-09-2011 PUBLIC

15-09-2011 EMENT VOL-02587-01 PP-00125) – Grifo à parte

Cumpre salientar, ainda, que o acesso ao ensino superior sempre restou limitado

às classes sociais mais abastadas, seja porque possuíam uma melhor qualificação para lograr

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 16 16

êxito nos vestibulares das instituições públicas, seja porque as classes mais humildes não tinham

condições de custear as mensalidades das instituições privadas.

A proposta da política pública inclusiva do FIES é, como dito, justamente a de

permitir que os alunos pobres, não detentores de condições para o custeio da universidade

particular, possam cursá-la mediante financiamento do Poder Público, e, somente após dezoito

meses da conclusão da graduação, passem a pagar as parcelas deste financiamento, em

verdadeira efetivação do pleno acesso à educação.

De fato, assim dispõe o art. 1º, da Lei n. 10.260/2001:

Art. 1o É instituído, nos termos desta Lei, o Fundo de Financiamento

Estudantil (Fies), de natureza contábil, destinado à concessão de

financiamento a estudantes regularmente matriculados em cursos

superiores não gratuitos e com avaliação positiva nos processos

conduzidos pelo Ministério da Educação, de acordo com regulamentação

própria.

Mais adiante, a citada norma regulamenta o prazo de carência e a possibilidade de

financiamento total do curso:

Art. 4o São passíveis de financiamento pelo Fies até 100% (cem por

cento) dos encargos educacionais cobrados dos estudantes por parte das

instituições de ensino devidamente cadastradas para esse fim pelo

Ministério da Educação, em contraprestação aos cursos referidos no art.

1O em que estejam regularmente matriculados.

Art. 5º Os financiamentos concedidos com recursos do FIES deverão

observar o seguinte:

(...)

IV – carência: de 18 (dezoito) meses contados a partir do mês

imediatamente subsequente ao da conclusão do curso, mantido o

pagamento dos juros nos termos do § 1o deste artigo.

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 17 17

Salta aos olhos, pois, que os estudantes que fazem uso do FIES são pessoas de

baixa renda, que não têm condições de custear as mensalidades de um curso universitário

particular.

Nessa linha de raciocínio, a exigência, imposta para fins de aditamento ou

inscrição no Programa FiES, de assunção de dívida por parte do aluno que, nos dias atuais, não

possui condições de pagamento, constitui-se em verdadeira NEGATIVA ao direito

fundamental de pleno acesso à educação, em clara violação à garantia inerente à condição de

pessoa humana, podendo-se considerar como conduta cruel e desprovida de qualquer teor de

razoabilidade.

4. DOS ATOS ILÍCITOS IMPUTADOS À PARTE DEMANDADA

Excelência, diante de cópia do Termo de Compromisso juntado, de autoria da

Instituição de Ensino Superior Ré, constata-se, de plano, que se está condicionando a

permanência do aluno que pretende inscrição/aditamento no FiES à submissão formal deste

último à promessa de pagamento, diretamente à Faculdade, do percentual que excede o limite de

reajuste fixado pelo Governo (6,4%), gerando ao estudante uma COBRANÇA INDEVIDA de

3,61%.

Note-se que, conforme regulamento do Fundo de Financiamento Estudantil,

emanado pelo Ministério da Educação no exercício de seu Poder Regulamentar, temos o que

segue:

PORTARIA NORMATIVA Nº 1, DE 22 DE JANEIRO DE 2010

(...)

Seção II

Da política de oferta de financiamento

Art. 6º São passíveis de financiamento pelo Fundo até cem por cento dos

encargos educacionais cobrados dos estudantes pelas instituições de

ensino mantidas pelas entidades mantenedoras com adesão ao FIES,

ressalvado o disposto no § 2º do art. 25 desta Portaria. (Redação dada

pela Portaria Normativa nº 21, de 26 de dezembro de 2014).

§ 1º Para efeitos desta Portaria, são considerados encargos

educacionais a parcela das mensalidades, semestralidades ou

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 18 18

anuidades, fixadas com base na Lei nº 9.870, de 23 de novembro de

1999, paga à instituição de ensino e não abrangida pelas bolsas parciais

do Programa Universidade para Todos - ProUni, vedada a cobrança de

qualquer taxa adicional. (Redação dada pela Portaria Normativa nº 15,

de 1º de julho de 2014).

Assim, de acordo com o que está regulamentado, É VEDADA a cobrança de

qualquer taxa adicional, sendo que o financiamento abrange as PARCELAS DAS

MENSALIDADES cobradas como contrapartida à oferta dos serviços educacionais.

Nestes termos, em aplicação de mero silogismo e subsunção do fato à norma, se a

Instituição está impondo a cobrança de PARTE da mensalidade ao aluno que SERÁ

beneficiado com o FiES, adota conduta contrária ao mandamus normativo , o qual, diga-se, é

expresso e CLARO quanto a esse ponto.

Note-se que, mesmo se tratando de um compromisso de pagamento futuro, NÃO

PERDE, por isso, sua carga de ilicitude, visto que o mero temor de um inevitável

inadimplemento já tem o poder bastante a promover a desistência, por parte do discente, do

sonho da conquista do diploma de graduação em nível superior, constituindo-se em autêntica

NEGATIVA ao direito humano fundamental à educação, importando, nesse rumo,

verdadeiro RETROCESSO SOCIAL quanto a oferta do ensino no país.

É de se ressaltar que a grande maioria desses estudantes, por ser pleiteante de

benefício de postergação de pagamento integral, não possui condições financeiras para,

inclusive, pagar a tarifa integral das passagens de condução pública decorrentes da ida e da

volta ao local de estudo. Nestes termo, considerando a situação econômica precária de muitos

desses estudantes, a imposição de taxa extraordinária aos mesmos constitui em evidente

VEDAÇÃO de oferta ao ensino e, também, de exercício de um MUNUS PÚBLICO de modo

arbitrário e conforme a conveniência particular, o que, diga-se, é completamente

incompatível com o regime a que está sujeita a prestação de serviços educacionais no país.

Excelência, não se está, aqui, discutindo a possibilidade ou a justiça do reajuste

das mensalidades por parte das Instituições de Ensino Superior acima do limite fixado pelo

Governo, que é de 6,4%, mas, sim, tentando-se impedir que a cobrança de uma eventual

diferença seja feita diretamente ao aluno, que é a parte vulnerável dentre os envolvidos e,

ressalte-se, é beneficiário (ou pretenso) de financiamento INTEGRAL dos custos gerados por

seus estudos.

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 19 19

Dessa forma, se, porventura, considerar-se que há razoabilidade no reajuste acima

do valor do teto governamental fixado, as Instituições devem, em vez de cobrar do aluno,

parte vulnerável, cobrar do GOVERNO, que é o responsável contratual e legal pelo

pagamento das parcelas devidas, em razão do Programa FiES. E assim já vem sendo feito por

algumas Faculdades11, que, no exercício do direito de ação, vêm adotando meios judiciais para

que o Poder Judiciário emita ordem, em desfavor do Governo Federal, permitindo o reajuste das

mensalidades em valor acima do pré-fixado, devendo, a cobrança de parcela a maior, ser

direcionada ao Poder Executivo e NÃO ao aluno, que, na maioria dos casos, luta para prover

suas necessidades elementares.

E, como já dito, resta comprovada, conforme a documentação anexada, a prática

de conduta ilícita por parte da demandada, eis que está IMPONDO, aos alunos beneficiários do

FiES, como CONDIÇÃO para inscrição e/ou aditamento no Programa Federal, a assinatura de

TERMO DE COMPROMISSO, pelo qual o discente se obriga a pagar valor pelo qual NÃO É

RESPONSÁVEL, por, justamente, gozar de prerrogativas inerentes à própria ação afirmativa

implantada e, portanto, isento.

A persistência da adoção da conduta ilícita desenhada representa verdadeira

concessão ILEGÍTIMA do poder regulamentar, típico do Governo Federal, às Instituições

de Ensino Superior, eis que as possibilitaria CRIAR condições não previstas em Portaria

regulamentar para a concessão, ao aluno, do financiamento estudantil.

E veja, Excelência, que a situação é mais alarmante do que parece. No caso

concreto narrado, os alunos já foram devidamente matriculados por parte da Instituição, a qual,

APÓS A ADMISSÃO DO DISCENTE, está impondo, como condição à permanência do

estudante na Faculdade, a assinatura de TERMO DE COMPROMISSO, o qual, por sua vez, fez-

se na modalidade por ADESÃO, sem chance de qualquer modificação substancial por parte do

signatário.

Isso implica em dizer que a Instituição Ré está, acima de qualquer garantia

humana fundamental presente na situação, resguardando seus interesses meramente

patrimoniais, eis que matricula os alunos, criando, aos mesmos, verdadeiro DIREITO

SUBJETIVO ao recebimento da educação, para, SOMENTE DEPOIS DO INGRESSO

REGULAR E DA EXPECTATIVA NATURALMENTE ALIMENTADA, impor verdadeira

RENÚNCIA PRÉVIA ao direito de financiamento do matriculado ou pré-matriculado, que, in

casu, se dá por meio da assinatura do Termo de Compromisso citado.11 http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/justica-de-rondonia-autoriza-instituicao-privada-reajustar-mensalidade-do-fies-acima-do-teto-15501740

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 20 20

Inclusive, não obstante aos direitos constitucionais e fundamentais envolvidos, é

válido ressaltar, já na seara do direito contratual, que o sistema jurídico pátrio impõe a nulidade

das cláusulas que importem em renúncia prévia de direitos em contratos na modalidade por

adesão, como no caso narrado por na presente ação, senão vejamos:

Código Civil de 2002

Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem

a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do

negócio

Código de Defesa do Consumidor

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais

relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do

fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou

impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo

entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá

ser limitada, em situações justificáveis;

(Grifo à parte)

5. DA REGULAMENTAÇÃO ADMINISTRATIVA DO FIES, DOS

PROBLEMAS OPERACIONAIS PARA INSCRIÇÃO/ADITAMENTO E DA

IMPOSSIBILIDADE DE PENALIZAÇÃO DO ALUNO EM RAZÃO DE

FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO

É nacionalmente sabido que o FiES está em foco, porém negativamente, ao

contrário do que se espera do Poder Público no exercício de sua tarefa típica.

De acordo com o que tem sido noticiado de modo uníssono por grandes grandes

veículos da imprensa121314 e conforme diversas denúncias recebidas por este Ministério Público

12 http://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2015/03/estudantes-da-regiao-tem-problemas-para-fazer-cadastro-no-fies.html13 http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/vida-na-universidade/vestibular/problemas-no-sistema-impedem-inscricoes-para-o-fies-d2vgd099hveypvgvtxhfshg0e14 http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2015-03-11/estudantes-relatam-problemas-para-se-inscrever-no-fies.html

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 21 21

Federal (tendo-se realizado, inclusive, na sede deste órgão ministerial, audiência pública, em

12/03/2015, com a presença de muitos estudantes no afã de debater a situação – ressalte-se que,

em protesto, os alunos chegaram a bloquear o trânsito de veículos da Travessa Dom Romualdo

de Seixas), o SiSFiES, que é o sistema pelo qual é feita a inscrição/aditamento no Programa, tem

apresentado problemas operacionais e, em razão disso, a maioria dos alunos não tem

conseguido concretizar sua inscrição ou aditamento.

Diante de tal quadro, chega-se ao entendimento de que se está ante a um impasse

gerado em razão de problemas no sítio eletrônico do FiES, pelo que, isentos de qualquer culpa,

os alunos não tem conseguido efetuar tentativa legítima de inscrição/aditamento no Programa,

eis que o próprio site impede que o procedimento seja concretizado, desconfigurando, portanto,

hipótese de investida válida por parte do estudante.

Sendo assim, mesmo diante dessa situação, os alunos seguem matriculados ou

pré-matriculados, aguardando uma definição.

Nestes termos, enquanto estiverem aguardando a definição para

inscrição/aditamento, os estudantes NÃO PODEM ser, de forma alguma, taxados, a título

de mensalidades, visto que, sendo o aluno um pleiteante ao FiES e não havendo, ainda, a

solução dos problemas operacionais do site em que são feitos os procedimentos de

inscrição/aditamento, não pode, o discente, ser apenado com cobranças indevidas e/ou

quaisquer outras formas de discriminação ou arbitrariedade.

Ainda, há que se ressaltar que, nos termos do artigo 1º da PORTARIA

NORMATIVA Nº 02, de 20 de fevereiro de 2015, do Ministério da Educação, a qual dispõe sobre

o prazo de inscrição ao Fundo de Financiamento Estudantil – Fies referente ao primeiro

semestre de 2015, “a inscrição no Fies para o primeiro semestre de 2015 será efetuada

exclusivamente pela internet, no período de 23 de fevereiro a 30 de abril de 2015, por meio do

Sistema Informatizado do Fies (Sisfies), disponível nas páginas eletrônicas do Ministério da

Educação e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE”. (Grifo à parte)

Portanto, tem-se que, de acordo com regulamentação do próprio MEC, o aluno

terá até o dia 30 do mês de ABRIL para a efetivação de sua inscrição no FiES/2015,

importando, nestes termos, em conduta abusiva a imposição, por parte das IES, de

qualquer cobrança, a título de mensalidades, aos alunos que se matricularam com a

intenção declarada de gozo das prerrogativas inerentes ao Programa de Financiamento

estudantil.

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 22 22

Ademais, conforme o art. 2º-A, §1º da PORTARIA NORMATIVA nº 01, de 22 de

janeiro de 2010, do Ministério da Educação, “caso o contrato de financiamento pelo FIES não

seja formalizado , o estudante deverá realizar o pagamento da matrícula e das parcelas das

semestralidades, ficando isento do pagamento de juros e multa”. (Grifo à parte)

Assim sendo, é expressa a regulamentação de que SOMENTE poderá haver

cobranças dos alunos no caso do contrato com o FiES NÃO SER formalizado. Nestes

termos e em lógica conclusão, NÃO HÁ como se realizar alguma taxação ANTES de

escoado do prazo dado pelo próprio Ministério da Educação, qual seja, 30 DE ABRIL DE

2015, e SOMENTE se o SiSFiES já tiver corrigido suas falhas e permitido aos discentes a

efetuação de tentativas de inscrição válidas. Qualquer taxação antes dessa data deve ser

considerada sumariamente abusiva e, por consequência, sustada até que haja uma

definição temporal e técnica.

A própria PORTARIA NORMATIVA Nº 1, DE 22 DE JANEIRO DE 2010, do

Ministério da Educação narra o seguinte:

Art. 3º As mantenedoras de instituições de ensino que aderirem ao FIES

participarão do risco do financiamento, como devedoras solidárias, nas

condições e percentuais definidos nas alíneas "b" e "c" do Inciso VI do

art. 5º da Lei nº 10.260/2001 e nas demais normas que regulamentam o

FIES. (Redação dada pela Portaria Normativa nº 21, de 20 de outubro

de 2010).

(…)

§ 3º O risco sobre a parcela do financiamento não garantida pelo

FGEDUC será coberto pelo FIES e pela mantenedora, nas condições

definidas nas alíneas "b" e "c", do inciso VI, do art. 5º da Lei nº

10.260/2001. Redação dada pela Portaria Normativa nº 14, de 28 de

junho de 2012).

(Grifo à parte)

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 23 23

Desse modo, observa-se que a Instituição de Ensino, ao aderir ao Programa de

Financiamento Estudantil, aceita um encargo público, ficando, consequentemente, responsável,

em solidariedade legal com o Governo Federal, pelos riscos do financiamento.

Sendo assim, não se pode admitir que o aluno pretendente à inscrição no FiES

seja cobrado como um aluno normal ANTES de, cumulativamente:

1) Escoado o prazo fatal dado pelo Ministério da Educação;

2) Ter tido a possibilidade de efetuar tentativa de inscrição legítima e

válida, ante às notórias falhas atuais apresentadas pelo SiSFiES.

Se as Instituições procederem de outra forma, estarão, além de descumprir

diretamente a legislação aplicável, como já demonstrado alhures, tratando o aluno com

verdadeira res , a qual, quando se torna inservível, é descartada sem que sejam dadas

quaisquer explicações ou garantidos quaisquer direitos. Fala-se isso, pois no momento de

matricular/pré-matricular o aluno aspirante ao FiES, a Instituição não impôs quaisquer óbices,

acolhendo-o, porém, ao tempo em que se percebe que o discente não está conseguindo, mesmo

que isento de culpa, a sua inscrição/aditamento no referido Programa, a Faculdade ignora o

direito à educação e repassa seu prejuízo à parte mais vulnerável, como se fosse esta última

quem deveria arcar com as perdas.

Releva consignar, ademais, que a própria regulamentação interna do Ministério da

Educação, especificamente o art. 25, da Portaria Normativa n. 01/2010, do Ministério da

Educação, prevê a possibilidade de prorrogação do prazo para solicitação dos aditamentos:

Art. 25. Em caso de erros ou da existência de óbices operacionais por

parte da instituição de ensino, da Comissão Permanente de Supervisão e

Acompanhamento - CPSA, do agente financeiro e dos gestores do Fies,

que resulte na perda de prazo para validação da inscrição, contratação e

aditamento do financiamento, como também para adesão e renovação da

adesão ao Fies, o agente operador, após o recebimento e avaliação das

justificativas apresentadas pela parte interessada, deverá adotar as

providências necessárias à prorrogação dos respectivos prazos ,

observada a disponibilidade orçamentária do Fundo e a disponibilidade

financeira na respectiva entidade mantenedora, quando for o caso.

(Redação dada pela Portaria Normativa nº 15, de 1º de julho de 2014).

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 24 24

§ 1º O disposto no caput deste artigo se aplica quando o agente

operador receber a justificativa do interessado em até 180 (cento e

oitenta) dias contados da data de sua ocorrência. (Incluído pela Portaria

Normativa nº 12, de 06 de junho de 2011)

É dizer: A própria regulamentação normativa da matéria, ao passo em que admite

a possibilidade da existência de erros e óbices operacionais à realização dos aditamentos, admite

a prorrogação do prazo originariamente estipulado, a fim de não prejudicar os alunos

financiados, desde que estes não tenham dado causa à não-realização.

Ademais, quando a Instituição de Ensino Superior, entidade privada que é, faz

ADESÃO, voluntariamente, a um convênio com o Poder Público para a prestação, mediante o

pagamento de VERBAS ORIUNDAS DO ERÁRIO, de serviços TÍPICOS do Estado, a dizer, a

oferta de educação em nível superior, passa a ter a OBRIGAÇÃO de seguir princípios inerentes à

Administração Pública, como, por exemplo, o postulado da continuidade dos serviços públicos.

Desse modo, não pode, a Faculdade, ignorar seu munus público e impor verdadeira barreira ao

exercício do direito à educação de seus alunos. Vale ressaltar que o discente, ao fazer opção pela

matrícula na IES ré, atendeu a chamado da própria Faculdade, deixando de se matricular

em outra prestadora.

No anúncio, a Faculdade ré, conforme consta em seu site15, noticia o seguinte:

21 de janeiro de 2015, 18:25 - Por Vidas

FAMAZ inscreve para vestibular agendado 2015

Comece o ano de 2015 com o pé direito e inscreva-se no Vestibular

Agendado 2015/1 da Faculdade Metropolitana da Amazônia (FAMAZ)

que ainda está com as inscrições abertas até o dia 21 de fevereiro. As

vagas são distribuídas pelos seguintes cursos: Administração,

Biomedicina, Ciências Contábeis, Educação Física (bacharelado),

Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Serviço

Social, CST em Gestão Ambiental, CST em Gestão Hospitalar, CST em

Marketing, CST em Recursos Humanos e CST em Radiologia.

Este processo seletivo tem uma novidade. O Candidato poderá aderir ao

Financiamento Estudantil, sem pagar a matrícula. Para ter acesso ao

benefício, é necessário se inscrever no processo seletivo agendado da

15 http://www.famaz.edu.br/portal/2015/01/famaz-inscreve-para-vestibular-agendado-2015/

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 25 25

FAMAZ, e se for aprovado basta procurar a Central de Atendimento

FAMAZ para o agendamento da entrevista do Fies. Para o Diretor

Administrativo Financeiro da FAMAZ, professor Carlos Fecury, está

fácil e sem burocracias aderir ao Fies. “Estamos trabalhando de todas

as formas para colaborar com o ingresso do aluno ao ensino superior.

Agora com esta facilidade é possível o candidato estudar em uma

instituição séria e com um ensino de qualidade como a FAMAZ e assim

realizar o sonho de cursar um ensino superior”, revelou .

Inscrições – As inscrições podem ser feitas até o final de janeiro de 2015,

no horário de 9h às 20h, na sede da FAMAZ (Avenida Visconde de Souza

Franco Nº 72, bairro do Reduto – Doca), ou através do site:

www.famaz.edu.br. A taxa de inscrição é de R$ 55,00 e pode ser paga em

qualquer correspondente bancário. A prova de seleção é composta de

uma redação e mais 50 questões de múltipla escolha.

Candidato escolhe o dia

Nesta opção de processo seletivo o candidato pode escolher o dia da

semana que deseja fazer a prova, de segunda a sexta, no horário de 8h

às 12, 14h às 17h e 19h às 22h ou aos sábados de 9h às 12h e 14 às 17h.

Percebe-se, portanto, que a Instituição veiculou anúncio, atraindo o

estudante à inscrição em seu processo seletivo de ingresso, sob a expressa PROMESSA de

tomada, por parte da própria Faculdade, das providências cabíveis para registro do

discente, já matriculado, no FiES. Ou seja, primeiro se matricula o aluno para, após,

regularizar sua situação junto ao Programa de Financiamento do Governo Federal. Ao agir

assim, a parte RÉ chama para si a responsabilidade e ASSUME O RISCO de eventual

insucesso no intento do aluno no SiSFiES. Assim se conclui em razão da Instituição ter,

notória e espontaneamente, CRIADO o direito subjetivo do estudante ao recebimento dos

serviços educacionais prometidos. Portanto, caso não haja sucesso na inclusão do discente

no já referido Fundo de Financiamento, que seja ofertado, ao menos, O SEMESTRE

LETIVO para o qual houve a matrícula, com fins de que o estudante possa ter, no mínimo,

os créditos referentes às matérias cursadas. Veja, Excelência, que a Instituição ASSUME

esse risco ao aderir ao FiES e, na hipótese de prejuízos, pode, no exercício do direito de

ação e diante da garantia constitucional à inafastabilidade do Judiciário, intentar AÇÃO

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 26 26

DE DANOS em desfavor do próprio Poder Público, na qual seriam discutidas as eventuais

perdas tidas e, ainda, quem seria o responsável por arcar com as mesmas.

Por fim, vale dar atenção ao fato de que, na presente Ação Civil Pública, NÃO SE

ESTÁ discutindo a responsabilidade do Poder Público pelas falhas operacionais no SiSFiES que

tenham gerado prejuízos aos discentes, em razão da impossibilidade de aditamento/inscrição no

Programa. Por meio desta, o Ministério Público Federal visa tratar, no momento, tão

somente da questão referente à COBRANÇA INDEVIDA que vem sendo

comprovadamente imposta pela parte Ré aos seus alunos, o que não exclui a possibilidade de,

após análise dos fatos, este Parquet Federal intentar, no exercício de suas prerrogativas legais e

em defesa de direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos, pleito judicial em desfavor

do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, gestor do Programa FiES, por

deficiência dos serviços prestados, eis que já há apuração em curso nesse sentido.

III. DO PEDIDO LIMINAR DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

Na esteira do que dispõe o artigo 273 do CPC, temos que:

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou

parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde

que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da

alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;

A verossimilhança do direito está consubstanciada na comprovação de a

Faculdade Metropolitana da Amazônia, conforme faz prova a cópia de Termo de Compromisso

juntada, está IMPONDO aos alunos que pretendem inscrição/aditamento no FiES, como

EXPRESSA CONDIÇÃO para o gozo das prerrogativas do referido Programa, a subscrição de

pacto prévio, por meio do qual o signatário se compromete a pagar, diretamente à Instituição

privada e ANTES do previsto pela regulamentação aplicável, a diferença entre o reajuste nas

mensalidades autorizado pelo Governo Federal (6,4%) e o reajuste aplicado pela IES (10,1%).

De outro giro, a FACULDADE METROPOLITANA DE BELÉM, instada a

se manifestar, conforme via recebida do Ofício PR/PA/GAB11 Nº 1201/2015 (recebido em

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 27 27

13/03/2015), quedou-se inerte, eis que, provavelmente, nada tinha a dizer ante a cópia do

Termo de Compromisso remetida em anexo.

Noutra banda, o risco de ineficácia da medida é gritante, haja vista que, em face

de tal imposição, muitos alunos estão DESISTINDO da vaga, por impossibilidade de

assunção de qualquer compromisso de pagamento adicional, gerando-se, portanto, verdadeira

VEDAÇÃO ARBITRÁRIA ao exercício do direito humano fundamental à educação.

Tal exigência, associada à circunstância de tratar-se de estudantes de baixa renda,

que necessitam do financiamento para frequentar um curso universitário particular, cria

obstáculo intransponível à permanência no curso e, por conseguinte, a conclusão da graduação.

Vale ressaltar que, quanto ao TEMPO do pagamento, por parte do aluno, do valor

financiado, a Lei n. 10.260/2001, que dispõe sobre o Fundo de Financiamento ao estudante do

Ensino Superior e dá outras providências, prevê o seguinte:

Art. 5º Os financiamentos concedidos com recursos do FIES deverão

observar o seguinte:

(...)

IV – carência: de 18 (dezoito) meses contados a partir do mês

imediatamente subsequente ao da conclusão do curso, mantido o

pagamento dos juros nos termos do § 1odeste artigo.

Assim, a legislação pertinente determina que ANTES da decorrência do prazo

carencial de 18 (DEZOITO) meses, a contar do mês imediatamente subsequente ao da conclusão

do curso, NADA é devido pelo aluno, em razão deste último NÃO TER, até a configuração

deste prazo fatal, condições financeiras aptas a qualquer adimplemento.

Conclui-se, portanto, que a ratio do Programa Governamental é a de permitir que

o estudante SOMENTE comece a pagar o financiamento solicitado A PARTIR de data em que se

pode presumir sua estabilização no mercado de trabalho. Inclusive, é de se ressaltar que a própria

norma instituidora do FiES deixou claro que a cobrança não se dará no mês subsequente ao da

colação do estudante, justamente pelo fato da formatura não implicar, necessariamente, em

mudança da situação econômica do colando. Pelo contrário, é fato que o estudante recém-

formado demora um certo período para conquistar seu lugar e começar a galgar ganhos com sua

profissão. Tanto assim o é que tal situação fora juridicamente reconhecida pelo sistema.

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 28 28

Assim, se nem mesmo a formatura tem o condão de propiciar ao estudante

condições para pagamento do valor do financiamento, como achar que o aluno as terá durante

o lapso estudantil? Exigir do discente, portanto, qualquer cobrança indevida é obstar a

continuidade de seus estudos.

Ademais, a tutela específica da obrigação de fazer ou de não fazer tem previsão no

art. 461, CPC, no art. 84, CDC, e no art. 11, da Lei da Ação Civil Pública, senão vejamos:

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de

fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou,

se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o

resultado prático equivalente ao do adimplemento.

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de

fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou

determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente

ao do adimplemento.

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de

fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da

atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de

execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for

suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.

Sendo assim, presentes os requisitos legais necessários à obtenção de medida

liminar de antecipação dos efeitos práticos da tutela, o Ministério Público Federal requer sua

concessão por este MM. Juízo.

Por derradeiro, importa frisar que a medida liminar, se deferida, não é, sem a

menor margem de dúvida, irreversível, eis que, na eventual hipótese de reconhecimento da

razoabilidade da cobrança, esta última poderá ser efetuada a qualquer tempo.

IV. PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS

Ante o exposto, o Ministério Público Federal requer:

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 29 29

a) que seja recebida, autuada e processada a presente Ação Civil Pública;

b) que seja deferida, inaudita altera pars, medida liminar, no sentido de antecipar

os efeitos da tutela e determinar à FACULDADE METROPOLITANA DA

AMAZÔNIA - FAMAZ que:

b.1) ABSTENHA-SE de cobrar DO ESTUDANTE, dentre aqueles

matriculados/pré-matriculados e que declaradamente aguardam

inscrição/aditamento no FiES, qualquer valor a título de mensalidade e/ou

matrícula pela prestação de serviços educacionais, antes de,

cumulativamente, e scoado o prazo fatal dado pelo Ministério da

Educação (30/04/2015) E ter, o discente, tido a possibilidade de efetuar

tentativa de inscrição legítima e válida, ante às notórias falhas atuais

apresentadas pelo SiSFiES, nos termos do que narram art. 6º, §1º e art.

25 da Portaria Normativa nº 1, de 22 de Janeiro de 2010, DEVENDO,

AINDA, SUSPENDER OS TERMOS DE COMPROMISSO

FIRMADOS E DEVOLVER OS VALORES JÁ RECEBIDOS EM

DECORRÊNCIA DESTES ÚLTIMOS, sob pena de pagamento de

multa de R$5.000,00 (cinco mil reais) por cada caso em que houver

descumprimento;

b.2) Dê a devida DIVULGAÇÃO, mediante publicação, de modo

destacado, do inteiro teor da decisão in limine exarada em seu sítio

eletrônico (http://www.famaz.edu.br/portal/), bem como a afixação de

cópias da mesma em, pelo menos, 10 (DEZ) pontos visíveis de seu prédio-

sede, incluindo-se a entrada principal;

c) após, seja CITADA a demanda, na forma da Lei;

d) quanto ao MÉRITO, requer a confirmação da medida liminar, julgando

procedente a demanda e condenando a demandada às obrigações postuladas nos

itens “b.1” e “b.2”, assegurando aos estudantes aspirantes ao FiES o efetivo

exercício do direito ao não pagamento à Faculdade de mensalidades e taxas de

matrícula a título da prestação natural de atividades educacionais;

Protesta, ademais, pela produção de todas as provas admissíveis em Direito, notadamente

a juntada de novos documentos, prova pericial, depoimento pessoal e oitiva de testemunhas.

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 30 30

Dá-se à causa o valor fiscal de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Belém, 18 de março de 2015.

MELINA ALVES TOSTESProcuradora da República

Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão

91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.brTv. Dom Romualdo de Seixas, 1476, 1º Andar, Umarizal - CEP 66055-200 – Belém/PA 31 31