excelentÍssimo(a) senhor(a) doutor(a) juiz(Íza) federal … · juizado especial federal de sÃo...
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AITH, BADARI e LUCHIN
SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Avenida Dom Pedro II, 288, 7° e 8° andar, Ed. Cempre, Jardim, Santo André/SP CEP: 09080-110
(11) 4509-4697
www.abladvogados.com
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA __ VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE SÃO BERNARDO DO CAMPO - SP
Prioridade de tramitação: 71 anos
XXX, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por
seus advogados e procuradores que esta subscrevem (mandato anexo), Dr. Murilo Gurjão Silveira Aith,
brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB/SP sob o n.º 251.190/SP e Dr. João Osvaldo Badari Zinsly
Rodrigues, brasileiro, solteiro, advogado, inscrito na OAB/SP sob n° 279.999 e Dr. Thiago José Luchin
Diniz Silva, brasileiro, solteiro, advogado inscrito na OAB/SP sob n° 320.491, integrantes da AITH,
BADARI E LUCHIN SOCIEDADE DE ADVOGADOS, inscrita no CNPJ/MF sob n° 11.840.073/0001-08 e
inscrita na OAB/SP sob n° 12.331, estabelecida na Avenida Dom Pedro II, 288, 7º e 8º andar, Ed. Cempre,
Bairro Jardim, Santo André - SP, CEP 09080-110, e-mail [email protected], onde recebe
intimações e notificações, propor a presente:
AÇÃO ORDINARIA PARA TRANSFORMAÇÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO, E ATO CONTINUO CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE URBANA
(NÃO SE CONFUNDE COM DESAPOSENTAÇÃO)
Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, pelos motivos de fato e de direito a
seguir expostos:
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PRELIMINARMENTE
I – DA JUSTIÇA GRATUITA
Antes de se adentrar no mérito da presente lide, o requerente requer
lhes sejam deferidos os benefícios da Justiça Gratuita, por não poder arcar com os ônus financeiros da
presente ação, sem que com isso sacrifique o seu próprio sustento e o de sua família, conforme declaração
que segue em anexo.
lI – DO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO
É assegurado o atendimento prioritário ao idoso com idade igual ou
superior a 60 anos na tramitação dos processos e procedimento e na execução dos atos e diligências
judiciais em qualquer instância. O autor preenche as condições e requer este benefício, conforme artigo
71, § 1° da Lei 10.741/2003, e artigo 1.048, l do Código de Processo Civil, que teve sua redação alterada
pela Lei 13.105/2015.
III – DA AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS ANEXADOS À
PEÇA
Os advogados que subscrevem a presente peça declaram
autênticas as cópias reprográficas dos documentos anexados à peça prefacial, nos moldes do artigo 425,
inciso IV, do Código de Processo Civil de 2015.
IV – O PRESENTE PEDIDO NÃO SE TRATA DE
DESAPOSENTAÇÃO!
Importante destacar que o presente pedido não se trata de
desaposentação. A desaposentação consiste em retratação do ato anterior de aposentadoria, por uma
nova que envolva os dois períodos de contribuição (somatória da anterior com a nova a ser concedida) e
a presente ação de transformação se trata de renúncia em seu sentido mais amplo, pois se requer a
desconsideração integral dos pagamentos anteriores, pois os recolhimentos posteriores já lhe garantem
direito a uma nova e diferente aposentadoria, conforme abaixo passamos a expor nosso raciocínio tendo
como base o livro “O Instituto da Transformação de Benefícios Previdenciários do RGPS” (Ed. Conceito)
do brilhante Professor Hermes Arrais Alencar e decisões recentes da justiça Federal de São Paulo –
Capital e do Tribunal Regional Federal da 3ª Região :
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TRANSFORMAÇÃO DE APOSENTADORIA
Em 26/10/2016 o Supremo Tribunal Federal por 7 votos a 4 julgou
improcedente a possibilidade do aposentado incluir em sua aposentadoria as contribuições vertidas ao
INSS após sua aposentação. A decisão contraria frontalmente o caráter contributivo-retributivo do sistema
da reciprocidade, onde uma contribuição deve reverter em retribuição, e também as decisões do Superior
Tribunal de Justiça e dos Tribunais Regionais Federais do Brasil, favoráveis ao direito.
Porém existem aposentados que após sua aposentadoria
contribuíram e possuem direito a uma nova aposentadoria, diferente da atual, não se tratando de
acumulação e sim renúncia da atual com a concessão de uma nova de espécie diferente, chamamos este
instituto de “transformação de aposentadoria”, tese tratada pelo Doutrinador Hermes Arrais Alencar em
sua brilhante obra “O Instituto da Transformação de Benefícios Previdenciários do RGPS” (Ed. Conceito).
O julgamento do STF é aplicado para os aposentados que
contribuíram após sua aposentadoria e buscam “juntar” os dois benefícios para obter maior tempo de
contribuição e com isso seu recálculo. A desaposentação nada mais era do que a oportunidade de
incorporar o tempo pago posteriormente na aposentadoria atual, COMPLETAMENTE diferente da
transformação.
Na “transformação de aposentadoria” o aposentado não requer a
somatória dos tempos de contribuição e sim que desconsidere em sua aposentadoria o período anterior
pago ao INSS, completamente diferente da desaposentação. Ele atingiu os requisitos para uma
aposentadoria diferente da atual e não a contagem concomitante dos períodos como é na desaposentação.
Cito um exemplo para melhor compreensão do tema: Um homem
com 35 anos de contribuição e 65 de idade, aposentado por tempo de contribuição, que contribuiu mais
10 anos após sua aposentadoria requer que em seu benefício sejam somados os anos pagos após
aposentar-se, com um total de 45 anos de contribuição e um fator previdenciário superior a 1,00 (em razão
da idade e tempo de contribuição). Neste caso estamos requerendo sua desaposentação, pois o pedido
se faz com o aproveitamento do tempo total contribuído para gerar sua nova aposentadoria. Neste mesmo
caso, se o segurado tivesse contribuído ao invés de 10 por 15 anos, apenas com o período contribuído
após sua aposentadoria ele já preencheria os requisitos de uma nova aposentadoria por idade (mais de
65 anos de idade e 180 contribuições), sem qualquer vínculo com a anterior. Como não poderia acumular
aposentadorias ele irá renunciar a sua anterior e requerer a nova.
Podemos citar também no exemplo anterior o aposentado que após
10 anos de contribuição após aposentar-se se torna totalmente inválido para o trabalho e necessita de
cuidador permanentemente, o que lhe impede de renunciar a aposentadoria atual para obter o benefício
de aposentadoria por invalidez com a majoração de 25%? Todos os requisitos legais para a concessão da
aposentadoria por invalidez estão preenchidos após sua aposentação, sem considerar a anterior
aposentadoria a ser renunciada.
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É assunto pacificado no Superior Tribunal de Justiça a possibilidade
de renunciar sua aposentadoria, por ser um direito patrimonial disponível, podendo o aposentado requerer
judicialmente a renúncia do benefício atual e em ato contínuo o requerimento de seu novo benefício, que
não possui qualquer vínculo com o anterior. Vale destacar que nesta nova ação encontramos advogados
que preferem utilizar-se do termo “retratação” e não “renúncia”, onde o ato de desfazer-se do benefício
atual significa a retirada ou supressão da declaração feita, que o indivíduo faz por sua livre e espontânea
vontade.
Ressalto que em razão de entender os efeitos como “ex nunc” (não
retroagem), o caráter alimentar do benefício, direito adquirido aos recebimentos e boa-fé do segurado o
Superior Tribunal de Justiça também é contrário à devolução de valores recebidos pelo aposentado em
casos de renúncia. O aposentado pode dispor de seu benefício e obter um novo, diferente do atual, sem
devolver qualquer valor recebido ao INSS.
Na transformação de aposentadoria o segurado se tornará um ex-
aposentado e no mesmo ato após sua renúncia, como já custeou e atingiu os requisitos legais para
concessão, possa desfrutar do direito a obter sua nova aposentadoria, diferente da anterior e sem qualquer
utilização de tempo contribuído na mesma.
A desaposentação em sua maior parte dos casos buscava a troca
de benefício proporcional em integral, seja pelo coeficiente (aposentadorias concedidas de forma
proporcional pelo tempo de contribuição) ou em razão do fator previdenciário inferior a 1,00. Na
transformação existe a desconsideração total da aposentadoria anterior, sem qualquer utilização da
mesma, onde a renúncia se dá não apenas do benefício como também de seus requisitos legais para a
concessão.
De forma muito prática, na desaposentação você pede que: “some
na minha atual aposentadoria o período e as contribuições que fiz após a concessão, gerando com isso
um novo cálculo e um benefício maior que o atual”, alguns até mesmo entendiam erroneamente o instituto
como revisão. Na transformação o pedido é “não quero mais nada da atual aposentadoria, nem os
recebimentos e nem o custeio realizado, e quero um novo benefício de modalidade diferente do atual,
onde nenhuma das minhas contribuições foram utilizadas na concessão da aposentadoria que estou
renunciando”.
A própria Autarquia previdenciária aplica de forma administrativa a
transformação de benefício, como nos casos de auxílio-doença que se transformam em aposentadoria por
invalidez, aposentadorias por invalidez que se transformam em aposentadorias por idade quando satisfeito
o requisito etário e carência. A própria modificação administrativa do auxílio-doença em auxílio-acidente é
caso de transformação.
Concluímos que a transformação de benefício se difere
completamente da desaposentação, pois na primeira existe a renúncia da atual e com isso a posterior
concessão de um novo benefício sem qualquer utilização do anterior, pois o período pós-aposentadoria
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por si só já preenche os requisitos legais para sua concessão. Na desaposentação existe o pedido de
retratação da atual, porém com a utilização da mesma para a concessão de um novo benefício, que some
a atual com a posterior.
Recentemente ajuizamos ação de transformação para uma
segurada com mais 90 anos, onde o período contribuído após sua aposentadoria foi superior a 180
contribuições, onde estes pagamentos por si só já lhe garantiam a concessão de uma aposentadoria por
idade, desconsiderando completamente os pagamentos da aposentadoria anterior, ou seja, ela já havia
custeado e preenchido os requisitos legais para a concessão de duas aposentadorias distintas (porém não
poderia acumular as duas). A ação teve procedência na Justiça Federal da Capital – SP e mantida pelo
Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Segue abaixo a justa decisão de 1ª instância, mantida pelo TRF3
no processo 0007104-11.2014.4.03.6183:
“Vistos em sentença. XXX, devidamente qualificado, ajuizou
a presente ação contra INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pretendendo a
RENUNCIA do seu benefício previdenciário NB 42/XXX DIB/DIP 27/11/1969, posterior averbação
de períodos laborados após 27/11/1969, e concessão de nova aposentadoria por idade.
Requer, ainda, o pagamento dos atrasados com juros e
correção monetária. A inicial foi instruída com os documentos de fls. 10-49. Observa-se que,
inicialmente, houve o declínio de competência em razão do lugar. Contudo, o Tribunal Regional
Federal desta 3ª Região, deu provimento ao agravante para determinar o prosseguimento do feito
nesta Vara Previdenciária (fls. 50-64). Em decisão às fls. 65-67/verso, foi deferida antecipação dos
efeitos da tutela, o que foi cumprida pelo INSS com a implantação do benefício NB 41/XXXXX.
Citado o INSS apresentou contestação às fls. 77-108, sustentando a improcedência do pedido.
Réplica às fls. 115-123. Vieram os autos conclusos para julgamento nos termo do art. 330, I, CPC.
É o relatório. FUNDAMENTO E DECIDO. Primeiramente,
algumas considerações merecem. O pedido inicial, não se cuida exatamente de uma
desaposentação nos moldes quem tem invadido as diversas instâncias judiciárias. Ou seja, não se
trata aqui de um pedido renúncia ao ato administrativo já constituído e consolidado; mas de uma
novo pedido de aposentadoria a partir da averbação tão somente, destaque-se, dos períodos
laborados posteriormente à concessão daquele primeiro benefício. Ou seja, independentemente do
tempo de contribuição que compôs a CTC da concessão daquele benefício anterior, aqui o que se
pretende e a contagem da contribuição posterior para, possivelmente, cumprir os requisitos de um
novo benefício. A renúncia aqui será à cobertura previdenciária concedida, com a obtenção de outra,
mais vantajosa e totalmente distinta da anterior. Não há, nesse caso, uma soma entre as
contribuições anteriores e posteriores à primeira aposentaria.
Conforme raciocínio delineado na decisão de antecipação da
tutela "perfeitamente possível a concessão do benefício de aposentadoria por idade, com renúncia
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à aposentadoria por tempo de contribuição, caso o segurado cumpra os requisitos para a concessão
da aposentadoria por idade com as contribuições vertidas no período posterior à concessão da
primeira aposentadoria. Isso porque não se caracterizaria como desaposentação, para cômputo do
mesmo período contributivo, mas de outro que se formou em data posterior, caracterizando o direito
ao benefício mais benéfico ao segurado". (grifei)
Nesse sentido tem decido o TRF desta 3ª Região, que ora
repito: APELAÇÃO CÍVEL Nº 0010909-45.2009.4.03.6183/SP (2009.61.83.010909-6/SP)
RELATORA: Desembargadora Federal MARISA SANTOS - D. O. E. 12/4/2012. EMENTA:
PREVIDENCIÁRIO- DESAPOSENTAÇÃO- PEDIDOS ALTERNATIVOS- JULGAMENTO NA
FORMA DO ART. 285-A DO CPC- POSSIBILIDADE- ART. 18, 2º, DA LEI N. 8.213/91 - ALEGAÇÃO
DE CONSTITUCIONALIDADE REJEITADA- APROVETIAMENTO DO PERÍODO CONTRIBUTIVO
POSTERIOR À APOSENTADORIA PARA ELEVAR O VALOR DO BENEFÍCIO-
IMPOSSIBILIDADE- RENÚNCIA Á APOSENTADORIA PROPORCIONAL- APROVEITAMENTO
APENAS DO PERÍODO CONTRIBUTIVO POSTERIOR À APOSENTADORIA PROPORCIONAL
PARA FINS DE APOSENTADORIA POR IDADE- CARÊNCIA CUMPRIDA- APOSENTADORIA
POR IDADE CONCEDIDA.
1- Embora o pedido inicial seja parcialmente diferente dos
que comumente requerem a desaposentação, a sentença foi assentada no fundamento da
impossibilidade de desaposentação nas hipóteses em que não se cogita de contagem recíproca de
tempo de contribuição. Possível o julgamento na forma do art, 285-A do CPC.2-O autor juntou à
inicial a simulação do cálculo do benefício considerando os pedidos alternativos, o que torna
dispensável a produção de outras provas.3- Os arts. 194 e 195 da Constituição, desde sua redação
original, comprovam a opção constitucional por um regime de previdência baseado na solidariedade,
onde as contribuições são destinadas à composição de fundo de custeio geral do sistema, e não a
compor fundo privado com contas individuais.4- O art. 18 da Lei 8213/91, mesmo nas redações
anteriores, sempre proibiu a concessão de qualquer outro benefício que não aqueles que
expressamente relaciona. O 2º proíbe a concessão de benefício ao aposentado que permanecer
em atividade sujeita ao RGPS ou a ele retornar, exceto salário-família e reabilitação profissional,
quando empregado. Impossibilidade de utilização do período posterior à aposentadoria para elevar
o valor da cobertura previdenciária já concedida.5- As contribuições pagas após a aposentação não
se destinam a compor um fundo próprio e exclusivo do segurado, mas todo o sistema, sendo
impróprio falar em desaposentação e aproveitamento de tais contribuições para obter benefício mais
vantajoso.6- No primeiro pedido, o autor não pretende renunciar ao benefício que recebe, mas, sim,
quer aproveitar o período contributivo posterior à concessão da aposentadoria proporcional para
elevar o valor da renda mensal, o que fere o disposto no art. 18, 2º, da Lei 8213/91. Não se trata,
nessa hipótese, de renúncia, mas, sim, de revisão do valor de benefício já concedido.7- No segundo
pedido, o autor pretende renunciar à cobertura previdenciária que recebe por ter completado o
tempo de serviço necessário à aposentadoria proporcional. E requer nova aposentadoria, desta vez
por ter completado a idade e a carência, considerando apenas o tempo de contribuição posterior à
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primeira aposentação. O pedido, agora, não é de revisão, uma vez que nada se aproveitará do
tempo de serviço/contribuição utilizado para a concessão e cálculo da aposentadoria proporcional.
Agora sim, trata-se de renúncia à cobertura previdenciária concedida, com a obtenção de outra,
mais vantajosa e totalmente distinta da anterior. Não há, nesse pedido alternativo, violação a
nenhum dos princípios constitucionais e legais que fundamentam o indeferimento do primeiro.8- O
segurado recebeu a proteção previdenciária a que tinha direito quando lhe foi concedida a
aposentadoria proporcional, porque cumprira a carência e o tempo de serviço necessários à
concessão do benefício. Não pretende, agora, apenas a modificação do que já recebe, mas, sim, a
concessão de outra cobertura previdenciária mais vantajosa, para a qual contribuiu depois de
aposentado, tendo cumprido os requisitos de idade e carência.9- Trata-se de contingências
geradoras de coberturas previdenciárias diversas - aposentadoria por tempo de serviço/contribuição
e aposentadoria por idade -, com base em períodos de carência e de contribuição totalmente
diversos, onde os cálculos do novo benefício nada aproveitarão do benefício antigo, de modo que o
regime previdenciário nenhum prejuízo sofrerá.10- A proibição de renúncia contida no art. 181-B do
Decreto 3048/99 parte do pressuposto de que a aposentadoria é a proteção previdenciária máxima
dada ao segurado, garantidora de sua subsistência com dignidade quando já não mais pode
trabalhar, que poderia ser comprometida com a renúncia ao recebimento do benefício.11- Proteção
previdenciária é direito social e, por isso, irrenunciável. O que não se admite é que o segurado
renuncie e fique totalmente à mercê da sorte.12- No segundo pedido, o autor não pretende renunciar
a toda e qualquer proteção previdenciária. Pretende obter outra que lhe é mais vantajosa, para a
qual contribuiu depois de aposentado, chegando a cumprir os requisitos de carência e idade.13-
Renúncia à aposentadoria atual admitida, para obtenção de aposentadoria por idade, uma vez que
a carência e a idade foram cumpridas em período posterior à primeira aposentação.14- O autor
completou 65 anos em 2005.15- Até a propositura da ação, o autor conta com 19 anos, 9 meses e
20 dias de tempo de contribuição, restando cumprida a carência para a aposentadoria por idade.16-
Termo inicial fixado na data da citação (14.09.2010).17- A correção monetária das parcelas vencidas
incide na forma das Súmulas 08 deste Tribunal, e 148 do STJ, bem como da Lei 6.899/81 e da
legislação superveniente, descontando-se eventuais valores já pagos.18- Os juros moratórios são
fixados em 0,5% ao mês, contados da citação, na forma dos arts. 1.062 do antigo CC e 219 do CPC,
até o dia anterior à vigência do novo CC (11.01.2003); em 1% ao mês a partir da vigência do novo
CC, nos termos de seu art. 406 e do art. 161, 1º, do CTN; e, a partir da vigência da Lei 11.960/09
(29.06.2009), na mesma taxa aplicada aos depósitos da caderneta de poupança, conforme seu art.
5º, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/97. As parcelas vencidas serão acrescidas de
juros moratórios a partir da citação. As parcelas vencidas a partir da citação serão acrescidas de
juros moratórios a partir dos respectivos vencimentos.19- Honorários advocatícios fixados em 10%
das parcelas vencidas até a sentença, conforme Súmula 111 do STJ.20- INSS isento de custas.21-
Preliminares rejeitadas. Apelação parcialmente provida. Isto posto, perfeitamente cabível que,
analisando o caso concreto, seja possível a substituição de benefício já concedido por outro
diferente e/ou mais vantajoso.
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No caso concreto, conforme contagem de tempo em anexo,
a autora permaneceu laborando na empresa XXXX de 01/12/1969 a 28/01/2013, completando um
total de 518 contribuições e 90 anos de idade. Portanto, cumulando o número de contribuições
superiores à necessária à concessão de aposentadoria por idade. Verificada a possibilidade de
concessão do benefício pleiteado na inicial (aposentadoria por idade), de rigor seja confirmada a
tutela antecipada, nos termos da decisão às fls. 65-67.
Dispositivo. Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido
formulado, extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos do artigo 269, inciso I, do
Código de Processo Civil, ratificando a antecipação da tutela concedida nestes autos e CONDENO
o INSS conceder o benefício de aposentadoria por idade à autora (AUTOR:XXX). CONDENO a
parte ré ao pagamento do débito referente às parcelas em atraso do benefício aposentadoria por
idade referentes ao período de 14/09/2010 (DIB) a 13/01/2015(DDB), a ser apurado em liquidação
de sentença. O valor apurado deverá ser atualizado desde a propositura da ação até a data do
efetivo pagamento, acrescido de correção monetária e juros nos termos do art. 454 do Provimento
64 da Corregedoria-Regional da Justiça Federal, aplicando-se os critérios do Manual de Cálculos
da Justiça Federal, do Conselho da Justiça Federal, vigente na data do cálculo, respeitada a
prescrição quinquenal. Tendo em vista óbito verificado no PLENUS/CNIS, intime-se com urgência
os herdeiros da autora para regularização e habilitação nestes autos. Pela sucumbência, o réu
pagará os honorários advocatícios, que fixo em 10% sobre o montante da condenação, com
incidência até a data da prolação desta sentença (Súmula nº 111 do STJ). Sem custas ex legis. Não
havendo recurso, subam os autos para reexame necessário. PRI.”
Decisão do TRF3 manteve a sentença em decisão monocrática,
após o agravo interno do INSS a manteve em decisão unânime e posteriormente também foi
unânime em negar os embargos de declaração do INSS.
Desta forma mostra-se completamente aceitável e justo o instituto
da transformação de aposentadoria, sem qualquer vinculação com a desaposentação, data venia,
injustamente negada pelo Supremo Tribunal Federal.
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V – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
A parte autora declara não haver interesse na realização da
audiência de conciliação ou de mediação, conforme artigo 319, inciso VII, CPC, tendo em vista o fato do
INSS não reconhecer o pedido de renúncia do benefício. Assim, uma vez que não haverá interesse da
autarquia pela conciliação, a parte autora não tem interesse na audiência.
VI – DAS PUBLICAÇÕES
Requer que as intimações/notificações sejam publicadas em nome
do Dr. Murilo Gurjão Silveira Aith, OAB/SP 251.190, sob pena de nulidade.
DOS FATOS
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Consta que o autor requereu sua aposentadoria em 14/10/1991, na
modalidade aposentadoria por tempo de serviço, código 42, sendo certo que a partir de então passou a
receber o benefício de númeroXXX, o qual corresponde hoje ao valor de R$ 2.423,71 (dois mil
quatrocentos e vinte e três reais e setenta e um centavos) no total.
Assim, o autor vem recebendo o supramencionado benefício
previdenciário, de forma legal, até a presente data.
Ocorre que, mesmo tendo se aposentado, não obteve a renda
desejada, e acabou por fim tendo de continuar no mercado de trabalho.
Continuou desta forma o Requerente, a recolher contribuições ao
INSS em decorrência de ser contribuinte obrigatório da Previdência na forma do artigo 11, I, “a” da Lei
8.213/91.
Analisando as contribuições do demandante, verifica-se que este
trabalhou e continuou a recolher nos seguintes períodos, e deseja aproveitar estas contribuições para fazer
jus à uma nova aposentadoria com Renda Mensal Inicial com valor mais compatível com suas
contribuições e com os padrões monetários e econômicos vistos nos dias de hoje.
Por essa razão, pleiteia o autor a renúncia da atual aposentadoria,
uma vez que se trata de direito patrimonial disponível, e, em ato contínuo, a concessão de uma nova
aposentadoria por idade, sem a utilização do tempo de serviço e de contribuições que fundamentou a
prestação previdenciária originária.
Sendo assim, o requerente busca a tutela jurisdicional do Estado,
para que tenha sua pretensão acolhida de ter reconhecido o direito a uma nova aposentadoria.
DO DIREITO
DA TRANSFORMAÇÃO DA APOSENTADORIA
No caso específico, o requerente deseja optar pela concessão do
novo benefício, o qual leva em consideração a idade e o novo tempo contributivo após sua aposentação.
Isto porque esta nova prestação previdenciária, conforme se demonstrará no decorrer desta exordial,
certamente lhe é mais vantajosa. Importante destacar, que no cálculo da nova aposentadoria será
utilizado somente às contribuições posteriores a concessão do primeiro benefício ou ao levantamento do
pecúlio.
Conforme veremos mais à frente não cabe dizer que o pleito
confunde-se com o instituto previdenciário conhecido como DESAPOSENTAÇÃO, pois, não haverá a
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utilização do tempo de serviço/contribuição que fundamentou a prestação previdenciária originária para a
obtenção de benefício mais vantajoso.
Cabe apenas a discussão da renúncia do benefício de
aposentadoria por tratar-se de um direito disponível de natureza patrimonial, que não encontra qualquer
vedação no nosso ordenamento jurídico, sendo legítimo, assim como a concessão da nova aposentadoria,
pois, a autora preenche todos os requisitos para sua concessão, como idade, tempo de contribuição e
vontade do agente.
Entretanto, é sabido que para a concessão do novo benefício, o
autor deverá RENUNCIAR à prestação de aposentadoria já concedida (por conta da proibição legal do
percebimento cumulativo de suas aposentadorias).
Ainda com relação às contribuições vertidas pelo autor após a
concessão de sua aposentadoria, nota-se que o artigo 195, § 5º, da CF, determina que não pode haver
benefício ou serviço sem a respectiva fonte de custeio; havendo, por outro lado, novas contribuições
vertidas após a aposentadoria, deve ser concedida uma nova aposentação mais benéfica ao indivíduo
(regra da contrapartida).
Se assim não fosse, estaríamos diante de uma evidente ofensa ao
artigo 150, inciso IV, CF, pois, o não reflexo das contribuições previdenciárias vertidas pelo aposentado
na nova aposentadoria caracteriza confisco tributário.
Neste sentido, o segurado aposentado pode optar pela nova
aposentadoria. Assim, desejando o segurado reconsiderar sua manifestação volitiva, para não mais
continuar aposentado, o binômio constitutivo necessário para concessão da aposentadoria ficará
novamente incompleto, posto que embora exista o preenchimento dos elementos legais (idade, tempo de
contribuição e etc.), inexistirá o elemento vontade do agente; sendo assim, forçoso concluir que a
Administração não poderá continuar a conceder o benefício, eis que o binômio constitutivo não mais existe.
Desta feita, podemos facilmente concluir que muito embora o direito
aos proventos não exista mais no mundo fenomênico pela ausência de vontade do agente, o mesmo
(agente/segurado) continua sendo titular do direito, podendo exercê-lo a qualquer tempo, posto que o
tempo de contribuição por ele realizado está consolidado ao seu patrimônio jurídico.
Inegável o entendimento doutrinário de que o titular de um direito
pode dele dispor mediante renúncia firmado por J. M. DE CARVALHO SANTOS (Repertório Enciclopédico
do Direito Brasileiro, Ed. Borsoi, vol. 17, pág. 351), MEYER (citado por VICENTE RÁO em Direito e a Vida
dos Direitos, São Paulo: Ed. Max Limond, 2º vol. Tomo II, 2ª edição), BERNARDINO CARNEIRO,
mencionado por CARLOS MAXIMILIANO (Hermenêutica e Aplicação do Direito, 5ª Ed., pág. 288) e
CLOVIS BEVILAQUA (Teoria Geral de Direito Civil, 6ª ed., pág. 363).
12
No mais, ao realizar um estudo um pouco mais aprofundado da
matéria de direito abordada no caso em tela, conclui-se que o sistema previdenciário brasileiro se insere
no grupo dos denominados direitos sociais, que possui previsão constitucional, existindo tão somente em
razão de seus destinatários – beneficiários.
Nesta linha de raciocínio, os limites de sua disponibilidade são
balizados pela sua própria natureza, sendo certo que como se trata de proteção patrimonial ao trabalhador,
cuida-se de interesse material, cabendo, em regra, ao titular do direito correspondente sopesar suas
vantagens ou desvantagens.
Neste sentido, quantos aos direitos com substrato patrimonial,
constitui exceção sua irrenunciabilidade, que como já dito, deve sempre ser prevista expressamente
pelo legislador, não devendo prevalecer desta forma, qualquer alegação da Autarquia-Ré no que condiz a
não previsão legal expressa para o exercício de tal direito ou até mesmo à violação de ato jurídico perfeito
ou direito adquirido.
Como acima demonstrado, já se pacificou no âmbito do Superior
Tribunal de Justiça que o segurado pode renunciar à aposentadoria porque se trata de um direito
personalíssimo, um ato de vontade própria do segurado.
APOSENTADORIA – RENÚNCIA UNILATERAL DO PARTICULAR AO
RECEBIMENTO DOS PROVENTOS RESPECTIVOS – Desnecessidade do
consentimento da administração e de lei a regular a matéria. Incabível a
condenação ao pagamento de honorários advocatícios, em seara mandamental.
Súmula nº 105, do STJ. Sentença Confirmada, em reexame necessário. (TJMG – AC
000.176.343-2/00 – 3ª C.Cív. – Rel. Des. Isalino Lisbôa – J. 29.06.2000)” (grifo nosso).
PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO QUE
POSTERGOU O EXAME DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. DIREITO DE
RENÚNCIA. CABIMENTO. CONTAGEM RECÍPROCA. DEVOLUÇÃO DAS
PARCELAS RECEBIDAS I - Ao Magistrado é dada discricionariedade de postergar a
análise do pedido de provimento liminar para após a juntada de outras informações
visando, com isto, melhor se apropriar da matéria abordada e angariar outros
elementos para seu juízo de convicção, convencendo-se do direito postulado. II - No
caso em tela, os documentos apresentados pela parte agravante são consistentes e
suficientes para apreciação do pedido de antecipação de tutela, sendo a decisão que
postergou sua análise suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação.
III - Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, ao segurado é
conferida a possibilidade de renúncia à aposentadoria recebida, haja vista
tratar-se de um interesse disponível, de natureza patrimonial. IV - A hipótese de
renúncia à aposentadoria não encontra qualquer vedação no ordenamento
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jurídico brasileiro, sendo legítimo, (...). V - Não há que se falar em devolução dos
proventos recebidos em razão da aposentadoria renunciada, pois os
pagamentos de tais valores eram devidos à época da percepção do benefício. VI
- Agravo regimental a que se dá provimento. ( AI – Agravo de Instrumento – 363913,
2009.03.00.005888-0, SP, Sétima Turma, 30/03/2009, DJF3 data:15/04/2009, página:
422, Desembargador Federal Walter do Amaral )
Ainda, o Superior Tribunal de Justiça, no ano de 2013, em um
julgamento histórico e unânime rebateu todas as contestações e indagações do INSS como se verifica da
ementa no REsp 1.334.488/SC. Ainda que o processo julgado pelo STJ se trate de Desaposentação, a
pretensão da autora, aqui, é demonstrar que o STJ foi claro ao defender o direito do segurado à renunciar
sua aposentadoria por se tratar de um direito disponível. Segue abaixo a ementa do julgado:
RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E
RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.
DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA.
CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE
VALORES. DESNECESSIDADE. 1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por
parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoria e, por parte
do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que
pretende abdicar. 2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria
concedida para computar período contributivo utilizado, conjuntamente com os
salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a
concessão de posterior e nova aposentação. 3. Os benefícios previdenciários são
direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos
seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria
a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento.
Precedentes do STJ. 4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à
necessidade de devolução dos valores para a reaposentação, conforme votos
vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsp
1.321.667/PR, 1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR,
1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg no AREsp 103.509/PE. 5. No
caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à Desaposentação, mas
condicionou posterior aposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do
benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposição de devolução. 6.
Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido.
Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.
(STJ, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 08/05/2013, S1 -
PRIMEIRA SEÇÃO) (grifo nosso).
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Dessa maneira, demonstrou com fundamento jurisprudencial e
consequente fundamento legal, tudo que possa respaldar o direito de renúncia à aposentadoria.
DA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR IDADE
O Direito a concessão de aposentadoria por idade está exposto em
nossa Carta Magna no artigo 201 inciso I, além de ser regulado na Lei 8.213/91, em seu artigo 48 e
seguintes e no Decreto 3.048/99, nos artigos 51 a 55.
Em 1991, o autor teve concedida a aposentadoria por tempo de
contribuição, com início em 14/10/1991. Contudo, conforme já informado, o autor continuou trabalhando e
com a volta ao trabalho continuou contribuindo para o INSS.
No ano de 2010 completou 65 anos, e passou a fazer jus à
aposentadoria por idade. Para a nova aposentadoria, agora por idade, após a renúncia da atual, necessário
se faz que seja levado em consideração apenas as contribuições posteriores a concessão do benefício.
A carência exigida para o segurado que estava filiado à Previdência
Social antes de 24/07/1991, está estabelecida na tabela constante do art. 142 da Lei 8.213/91, levando-se
em conta o ano em que o segurado implementou todas as condições necessárias à obtenção do benefício,
senão vejamos:
ANO DE IMPLEMENTAÇÃO MESE DE CONTRIB. DAS CONDIÇÕES EXIGIDOS
1991 60 MESES
1992 60 MESES
1993 66 MESES
1994 72 MESES
1995 78 MESES
1996 90 MESES
1997 96 MESES
1998 102 MESES
1999 108 MESES
2000 114 MESES
2001 120 MESES
2002 126 MESES
2003 132 MESES
2004 138 MESES
2005 144 MESES
2006 150 MESES
2007 156 MESES
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2008 162 MESES
2009 168 MESES
2010 174 MESES
2011 180 MESES
Desta forma, temos que no exato ano em que o segurado atingir a
idade mínima, o número de contribuições necessárias, não mais aumentará.
Assim, nota-se – sem maiores esforços – que o requerente,
somando-se o seu tempo de serviço/contribuição posteriores a concessão da aposentadoria ou
levantamento do pecúlio, já possui tempo de contribuição que certamente lhe confere o direito de
aposentar-se por idade.
Por fim, diante de todos os motivos já expostos, conclui-se que
o Requerente preenche todos os requisitos necessários para ter a concessão de uma
aposentadoria por idade urbana no valor de R$ 4.399,82 (quatro mil trezentos e noventa e nove
reais e oitenta e dois centavos), como aqui demonstrado, o que certamente a beneficiará com uma
prestação previdenciária muito mais favorável que a atual de R$ 2.423,71 (dois mil quatrocentos e
vinte e três reais e setenta e um centavos).
DO PREQUESTIONAMENTO
A fim de proporcionar que a presente discussão chegue até as mais
elevadas Cortes do Judiciário, desde já se prequestiona os seguintes dispositivos constitucionais e legais,
sob pena de nulidade da decisão e ofensa ao artigo 5º, incisos LIV, LV e ao artigo 93, inciso IX, ambos da
Constituição Federal, bem como aos artigos 371 e 489 do Código de Processo Civil.
a) Artigo 5º, caput, incisos II e XXXVI da Constituição Federal:
Princípio da isonomia, princípio da legalidade e correta interpretação do instituto ato jurídico perfeito;
b) Artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal: Eventual
improcedência do pedido inicial, sob o argumento de que sua concessão não afrontaria o disposto no
princípio da isonomia, tendo em vista aquele segurado que optou por se aposentar mais tarde e receber
benefício melhor, ofende o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, haja vista que o direito do
Autor não pode ser negado em função de um outro segurado não ter tido a mesma atitude que este;
c) Artigo 7º, caput, da Constituição Federal: Direito fundamental ao
trabalho;
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d) Artigo 201, caput e parágrafo 11, da Constituição Federal:
Aplicação do princípio do caráter contributivo e necessário reflexo das contribuições no benefício;
e) Artigo 195, parágrafo 5º, da Constituição Federal: Regra de
contrapartida;
f) Artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal: Vedação ao
confisco tributário;
g) Artigo 105, inciso III, alínea c, da Constituição Federal: Função
uniformizadora do STJ quanto à aplicação da lei federal;
h) Artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal: Desnecessidade de
devolução dos valores já recebidos, tendo em vista o princípio da dignidade da pessoa humana e a
irrepetibilidade dos alimentos;
i) Artigo 84, inciso IV, da Constituição Federal:
Inconstitucionalidade do artigo 181-B, do RPS;
j) Artigo 6º, parágrafo 1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro: correta interpretação do instituto do ato jurídico perfeito;
k) Lei 8.213/91: Ilegalidade do artigo 181-B, do Decreto 3.048/99;
l) Artigo 18, parágrafo 2º, da Lei 8.213/91: Correta interpretação da
norma, que trata da acumulação de benefícios com aposentadoria.
DA TUTELA ANTECIPADA “INAUDITA ALTERA PARS”
O Código de Processo Civil de 2015, em seu art. 300, trata da tutela
antecipada, nos seguintes termos:
“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Desta forma, na presente exordial, o autor demonstrou e apontou
de forma clara, fundamenta, direta e com documentos, que possui ordinariamente tempo suficiente para
ser concedida a nova aposentadoria, possuindo assim, o direito a Concessão da Aposentadoria por Idade
Urbana.
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Portanto inexiste óbice na pretensa concessão da tutela antecipada
mesmo porque, repita-se, o direito no presente caso é de fácil percepção quando se analisa a Lei e os
documentos anexos.
Note-se que, se tal provimento somente for concedido em sede de
decisão final transitada em julgado, implicará em denegação de justiça em face do retardamento na
prestação da tutela jurisdicional, até mesmo porque o Superior Tribunal de Justiça reconheceu o direito à
aposentadoria no caso de idêntica situação.
Quanto aos requisitos legais para a concessão da antecipação da
tutela, estão presentes: o “fumus bonis iuris”, que decorre da relevância da LIMINAR e da viabilidade do
direito material ora discutido; o “periculum in mora”, pois inconteste a idade avançada – 71 anos – do autor,
o que, por si só já revela a impossibilidade latente de não desfrutar dos valores, se tiver que aguardar
trâmites processuais normais, sem a concessão da liminar, permanecendo com valor de aposentadoria de
R$ 2.423,71 (dois mil quatrocentos e vinte e três reais e setenta e um centavos).
O autor, além dos gastos fixos que possui, como IPTU, água, luz,
naturalmente tem gastos com remédios, devido ao avanço da idade, além de gastos no mercado para a
alimentação e higiene pessoal.
Assim, sendo esta liminar, o único remédio adequado e eficaz a dar
a proteção jurídica ao Postulante, não sendo a mesma concedida posteriormente, deixará desprovida de
recursos, inclusive de cunho alimentar, ensejando a falta de remuneração mensal respectiva.
DANO IRREPARÁVEL: este decorrerá da impossibilidade da
Autora desfrutar de uma vida mais digna e condizente com o direito que deve lhe ser garantido, se tiver
que esperar até a decisão final do processo, causando danos irreparáveis, profissionais e funcionais; além
do que manter a situação como está é “dar validade a uma situação injusta, abusiva e arbitrária, caso não
seja deferida a liminar de imediato” (J.J. Calmon de Passos – RP, 33/67).
Assim, presentes os pressupostos ensejadores da sua efetividade,
e previstos no artigo 300 do Estatuto Processual vigente, há necessidade de imediata concessão desse
provimento de mérito – RENUNCIA À APOSENTADORIA E CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR
IDADE URBANA MAIS VANTAJOSA – pois somente assim, estará satisfeita a tempo esta pretensão
deduzida em Juízo.
Ao final, requer a manutenção do provimento para se determinar a
Concessão da Aposentadoria na forma e através do direito aqui exaustivamente demonstrado e
comprovado com os documentos anexos.
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No caso de descumprimento do provimento jurisdicional, requer
seja aplicada multa diária – astreintes -, na forma do art. 537 do CPC, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais),
por se tratar de obrigação de fazer.
Evidenciou-se a presença do “fumus bonis iuris” decorrente da
relevância da LIMINAR, pois somente assim estará satisfeita a tempo a pretensão deduzida em Juízo e,
da viabilidade do direito material ora discutido e do “periculum in mora”, a qual o deixará desprovido de
recursos, inclusive de cunho alimentar, ocasionando-lhe DANO IRREPARÁVEL se tiver que aguardar a
decisão final.
Por fim, caso o douto Magistrado não conceda a pretensão
deduzida em sede de tutela de evidência conforme anteriormente requerido, requer seja concedida em
sede de sentença a tutela específica disciplinada pelo artigo 497, caput, do Código de Processo Civil, para
que seja revisada a aposentadoria considerando todas as contribuições vertidas e assim tenha uma
melhora financeira.
DAS PROVAS DOS FATOS
Os fatos já estão provados com os inclusos documentos e decorrem
das disposições legais e constitucionais aqui abordadas.
DOS PEDIDOS
Em face do exposto, o requerente requer a este respeitável Juízo:
a- Seja concedido o disposto no art. 300 do CPC, com relação à
antecipação dos efeitos da tutela pretendida;
b- Deferida a tutela antecipada, seja expedido com urgência, oficio
ao Instituto Nacional do Seguro Social e citando o requerido;
c- No caso de descumprimento da tutela antecipada pelo INSS, que
seja aplicada multa diária de R$ 1.000,00 e, que seja oficiada a
autoridade policial competente para apuração do crime de
desobediência (art.330, do Código Penal);
d- Que, em caso de indeferimento do pedido de tutela antecipada,
seja concedida, em sede de sentença, a tutela específica
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disciplinada pelo artigo 497 do CPC julgando procedente a presente
ação;
e- Citação do requerido;
f- Atendimento Prioritário, nos termos do artigo 71, § 1º da Lei
10.741/2003 (Estatuto do Idoso) e artigo 1.048 do Código de
Processo Civil que teve sua redação alterada pela Lei
13.105/2015;
g- Que após os tramites normais, seja a presente ação julgada
procedente, para confirmá-la e torná-la definitiva;
h- A condenação do INSS para promover a renúncia do benefício
de aposentadoria atual e em ato continuo também seja averbado
por este juízo, o tempo de serviço laborado e contribuído
posteriormente a concessão do primeiro benefício ou ao
levantamento do pecúlio, e seja julgada procedente a presente
ação para condenar o INSS a promover a CONCESSÂO DE
APOSENTADORIA POR IDADE URBANA para a Requerente
nos moldes da Legislação vigente, deixando claro que a
transformação SOMENTE deve ocorrer SE O VALOR DO
NOVO BENEFICIO FOR MAIS FAVORÁVEL QUE O ATUAL,
não podendo ser concedido de forma diversa, ou seja, com valor
menor do que recebe no momento da sentença;
i- Que seja condenada a Autarquia ao pagamento do requerido
benefício previdenciário desde a data da distribuição da presente
ação bem como o pagamento das parcelas vincendas;
j- Juros e correções legais;
k- Honorários advocatícios de 20% sobre 12 (doze) prestações
vincendas;
l- Requer que as intimações/notificações sejam publicadas em
nome do Dr. Murilo Gurjão Silveira Aith, OAB/SP 251.190, sob
pena de nulidade.
Requer, ainda, o deferimento do pedido dos benefícios da JUSTIÇA
GRATUITA.
Requer, finalmente, deferida a utilização de todos os meios de
provas em direito admitidos, especialmente a juntada dos documentos que acompanham a inicial, oitiva
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de testemunhas e do representante legal do Requerido sob pena de confissão, perícias e vistorias, e
juntada de documentos novos.
Dá-se à presente causa o valor de R$ 52.797,84 (cinquenta e dois
mil setecentos e noventa e sete reais e oitenta e quatro centavos), nos moldes do disposto no artigo 292,
parágrafos 1º e 2º do CPC.
Termos em que
Pede deferimento.
Santo André, 13 de março de 2018.
__________________________________ MURILO GURJÃO SILVEIRA AITH
OAB/SP 251.190