excelentÍssimo senhor doutor juiz de …...2019/02/01 · este documento é cópia do original,...
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL DA CAPITAL
Rua Riachuelo nº 115 - 7º andar - Centro - CEP 01007-904 +55 11 3119-9539 | FAX: +55 11 3119 9948
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___
VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA CAPITAL – SP
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO
PAULO, representado pelo 8º Promotor de Justiça do Patrimônio
Público e Social da Capital de São Paulo, vem à presença de Vossa
Excelência, com fundamento no artigo 37 e artigo 129, inciso III,
ambos da Constituição Federal; artigos 1º, inciso IV, 5º e 21, todos
da Lei n° 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública); artigo 25, IV, alínea
"a", da Lei nº 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público);
artigo 103, inciso VIII, da Lei Complementar nº 734/1993 (Lei
Orgânica do Ministério Público do Estado de São Paulo) e nos artigos
10, 11 e 12 da Lei nº 8.429/1992, e com base nos dados probatórios
coligidos nos autos do Inquérito Civil nº 14.0695.0000997/2018-4,
propor a presente AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS
DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, cumulada com DANOS
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL DA CAPITAL
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MORAIS DIFUSOS E COLETIVOS e pedido de medida liminar
inaudita altera parte, em face de BRUNO COVAS LOPES,
brasileiro, Prefeito do Município de São Paulo, portador do RG nº
26.364.379-7, CPF nº 220.375.848-14, com endereço no Viaduto do
Chá nº 15, 6º Andar – Edifício Matarazzo, Bairro Centro, CEP
01.002-020, São Paulo/SP, MARCOS RODRIGUES PENIDO,
brasileiro, casado, portador do RG nº 10941864 , CPF nº
056.485.798-02, residente e domiciliado a Rua Camandulas nº 112,
Apto 141, Vila Leopoldina, CEP 05.303-030, São Paulo, VITOR
LEVY CASTEX ALY, brasileiro, casado, Secretario de Infraestrutura
Urbana e Obras, portador do RG nº 13.005.116, CPF nº
083.460.018-86, com endereço na Avenida São João nº 473, 22º
Andar, Bairro Centro, CEP 01.036-000, São Paulo/SP, RAPHAEL
DO AMARAL CAMPOS JUNIOR, brasileiro, engenheiro civil,
portador do RG n º 4.541.124, CPF nº 006.968.028-05, residente e
domiciliado à Rua Girassol nº 464, Apto 33, CEP 05.433-001, São
Paulo/SP, JZ ENGENHARIA E COMÉRCIO LTDA, pessoa jurídica
de direito privado, inscrita no CNPJ nº 58.004.714/0001-58, com
sede na Avenida Marquês de São Vicente nº 1619, 20º andar,
Conjunto 2019, Barra Funda, CEP 01.139-003, São Paulo/SP, pelos
motivos de fato e de direito a seguir expostos:
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1. HISTÓRICO DO INQUÉRITO CIVIL
A cidade de São Paulo, na madrugada do dia 15
de novembro de 2018, foi surpreendida com a notícia de que um
viaduto ruiu junto a Marginal Pinheiros.
Tem-se que parte da estrutura do viaduto "sem
denominação", localizado na Marginal Pinheiros, cedeu
aproximadamente dois metros e a população pode sentir as
consequências da omissão administrativa decorrente da ausência de
manutenção das obras de arte do município.
Uma das pessoas que trafegavam no viaduto no
momento do colapso descreveu a situação como um “armagedom”:
"Rapaz, foi uma cena de cinema, foi literalmente um
'armagedom'. A gente estava passando e carro foi
caindo, caindo, um por um...", disse o analista de
sistemas Ronaldo Andrade.
(https://g1.globo.com/sp/sao-
paulo/noticia/2018/11/15/senti-o-carro-voar-diz-
motorista-que-passava-por-viaduto-que-cedeu-na-
marginal-pinheiros.ghtml)
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O trágico episódio desencadeou o procedimento
investigatório, Inquérito Civil nº 14.0695.000997/2018 (em anexo),
para apurar ineficiência administrativa em decorrência da não
aplicação de verbas para manutenção de pontes e viadutos da cidade
de São Paulo.
Ao longo das investigações buscou-se
informações sobre os procedimentos adotados pela Gestão Municipal
acerca da manutenção e fiscalização do estado dos viadutos e pontes
do Município.
Ao que se conseguiu apurar no ano de 2018
existia previsão orçamentaria de R$ 44.702.000,00 para manutenção
de viadutos e pontes, contudo foi efetivamente empregado apenas R$
7.723.930,00.
A quantia dispendida é evidentemente ínfima
perto do que deveria ser empregado evidenciando o total descaso da
administração pública.
Além do que nenhum centavo foi destinado ao
viaduto que desabou, mesmo sendo do conhecimento dos
demandados que existia risco iminente de queda.
Já para o ano em curso a previsão orçamentária
é de R$ 31.400.800,00. A quantia prevista é menor do que a dos anos
anteriores, demonstrando que a cada ano Municipalidade tem se
preocupado cada vez menos com a manutenção das obras de arte.
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No curso das investigações esses fatos foram
confirmados, especialmente pelo depoimento prestado pelo Sr. Vitor
Aly, Secretário de obras, que afirmou categoricamente que não existia
qualquer plano ou diretriz para fiscalização e manutenção das obras
de arte.
Ainda, o secretário municipal afirmou que não
eram realizadas vistorias periódicas, apenas quando solicitado,
destacando a negligência administrativa. Evidenciando, não só à
afronta a legislação, bem como as normas técnicas previstas pela
ABNT NBR 9452 que em seu item 4.2 afirma: “Inspeção de
acompanhamento periódico visual, com ou sem utilização de recursos
especiais para análise ou acesso, realizado em prazo não superior
a um ano...”.
A lei e as normas técnicas determinam a
realização de inspeções periódicas anuais que foram solenemente
ignoradas pela administração e pelos demandados.
A desídia da gestão pública fica ainda mais
explicita quando se analisa a situação do viaduto que cedeu.
Do viaduto
O viaduto foi construído em 1978, pelas
empresas PROENGE ENGENHARIA LTDA e FIRPAVI CONSTRUTORA
E PAVIMENTADORA S/A.
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A obra de arte de propriedade do DER passou a
ser objeto de serviços de zeladoria prestados pelo Município de São
Paulo.
Ainda, a Administração Pública Municipal
instalou radares para fiscalização de velocidade, aplicando multa aos
infratores, cujos valores são revertidos aos cofres públicos
municipais.
Nesse contexto a municipalidade e o DER
iniciaram o processo para transferência da propriedade do viaduto.
No curso do processo administrativo 2012-
0.0112.898-2, tanto o DER quanto o Município identificaram
problemas estruturais, sendo isto apontado em diversos ofícios
trocados entre os órgãos públicos.
Fundamental apontar que em 19 de abril de
2012, um engenheiro integrante da Secretaria Municipal de
Infraestrutura e Obras, Fábio Sampaio Pupo Nogueira, em relatório
de vistoria visual identificou diversos problemas na estrutura do
viaduto que “colocaria tal viaduto em risco de ruína”.
Para tanto, transcrevemos parte dele:
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Foi inclusive apontado que seria necessária a
troca dos mecanismos de apoio do viaduto, com um custo
aproximado de R$1.500.000,00 e que poderia ser feito por meio de
ata de registro de preços.
Enquanto discutiam a responsabilidade pela
manutenção do viaduto, a segurança e a vida de milhares de pessoas
que trafegavam naquele viaduto eram colocadas em risco.
Tal situação de empurra-empurra perdurou até
o fatídico episódio do colapso da obra de arte.
Importante salientar que sempre foi do
conhecimento desta administração como do DER que o viaduto
estava em iminente perigo de ruir.
Causas do desabamento
Ao longo da investigação foi possível a realização
de três perícias visuais sobre o estado e as causas do desabamento.
O INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA DO
ESTADO – Polícia Científica destacou em seu trabalho as patologias
identificadas pela Prefeitura do Município de São Paulo no ano de
2012:
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Referido órgão constatou o rompimento do
concreto por compressão do terço inferior da viga transversina de
apoio do tabuleiro, o que coincide com que foi assinalado pela
Prefeitura que poderia acontecer. Vejamos:
E concluiu pela ausência de serviços de
manutenção do viaduto cedeu, conforme trecho abaixo transcrito:
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“A ausência nítida dos trabalhos de manutenção
na referida obra, principalmente nas juntas de
dilatação, pilares tabuleiro, vigas caixão e vigas
transversinas, quanto a prevenção a infiltração
de águas pluviais causando deterioração e
corrosão das armaduras”.
O Centro de Apoio à Execução - CAEx, órgão de
apoio do Ministério Público, também efetuou vistoria no local do
colapso e em seu Parecer Técnico concluiu que:
“Diante das anomalias verificadas na vistoria
observa-se que o referido colapso foi decorrente
da deficiência de serviços de
manutenção/conservação na construção. ”
Também, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas
- IPT vistoriou o viaduto e concluiu:
“As anomalias observadas, no geral, são
decorrentes de não conformidades construtivas e
deficiências na realização de manutenção
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12
periódicas. (...) Convém lembrar que a
manutenção preventiva, em estados inicias de
deterioração, além de garantir uma maior vida
útil da obra, apresenta custos significativamente
inferiores se comparados aos custos de
manutenção de período muito dilatado”.
Digno Magistrado as investigações do Ministério
Público provam que o desabamento do viaduto ocorreu por ausência
de manutenção.
Esse fato, ausência de manutenção, era do
conhecimento dos demandados, bem como o risco de desabamento
da obra de arte.
A ciência dos problemas estruturais pelos
demandados é perceptível pela simples leitura dos inúmeros ofícios
trocados pela Municipalidade e o DER.
Da contratação de emergência
Diante do desabamento do viaduto, a
Municipalidade inferiu assumir a responsabilidade da recuperação
da obra de arte, efetuando a contratação por dispensa de licitação da
empresa JZ Engenharia e Comércio Ltda.
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O processo teve como fundamento jurídico a
dispensa de licitação em razão da urgência, conforme disposto no
artigo 24, inciso IV da Lei nº 8.666/93.
Cumpre observar que a dispensa de licitação
nas situações de emergência real ou calamidade pública exigem dos
administradores, portanto, a demonstração de potencialidade real de
dano e que a contratação é a via adequada e efetiva para eliminar o
risco.
Cumpre ainda apontar que dois aspectos devem
ser analisados com profundidade que são a) a previsibilidade da
necessidade de contratação e b) a imprescindibilidade do serviço.
Conforme se depreende da documentação
acostada nos autos do Inquérito Civil, o demandado BRUNO COVAS,
Prefeito do Município de São Paulo, tinha conhecimento da situação
de risco do viaduto.
A necessidade de manutenção e recuperação
dos viadutos do município era amplamente debatido entre os órgãos
de fiscalização.
A desídia do gestor municipal foi de tamanha
proporção que o Tribunal de Contas do Município de São Paulo
oficiou a Administração Municipal acerca da urgência a ser
dispensada aos projetos de recuperação das obras de arte:
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No entanto, mesmo ciente, o demandado nada
fez para evitar o acontecimento demonstrando de maneira clara que
o evento nada teve imprevisível.
No mesmo sentido, os demandados VITOR ALY
– Secretário de Infraestrutura Urbana e Obras, MARCOS PENIDO –
Ex-secretário de Infraestrutura Urbana e Obras, e RAPHAEL DO
AMARAL CAMPOS JUNIOR – Superintende do DER, posto que
conheciam perfeitamente a situação e nada fizeram deixando que o
desastre ocorresse.
Assim, restou demonstrado pela investigação
perpetrada pelo Ministério Público que já existiam evidentes sinais
de que o viaduto estava sob iminente risco de queda e que todos os
demandados/agentes públicos tinham conhecimento prévio do
problema do viaduto e como gestores nada fizeram.
Conclui-se, sem esforço algum, que a queda do
viaduto era situação perfeitamente previsível e como consequência a
contratação de empresa para recuperação do viaduto tornou-se
“urgente” por omissão administrativa.
Outrossim, o procedimento de dispensa de
licitação encaminhando pela municipalidade carece de itens básicos
de contratação. Não foram apresentados pesquisa de preço, projeto
básico, projeto executivo, cronogramas físicos e financeiros ou
qualquer diagnostico técnico do que deveria ser feito para
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recuperação do viaduto, também são obscuras as razões para a
contratação da empresa JZ Engenharia.
No Processo nº 2018-0115.692-8 foi justificada
a contratação da empresa “em razão de estar capacitada em obras
desta natureza, bem como pela disponibilidade de equipamentos e
pessoal para início imediato dos serviços”.
Ocorre que referida empresa fez inúmeras
subcontratações para execução dos serviços, exatamente por não
possuir capacidade técnica e equipamentos para a obra.
Tal fato ocorreu, como inferiu o Sr. Secretário de
Infraestrutura e Obras em coletiva de imprensa, porque a empresa
não tem especialidade nesse tipo de obra complexa, citando o caso
do macaqueamento (mídia de fls. 124 – Vol. 1 do IC):
“A empresa é a mesma, só que acontece o
seguinte ela não tem especialidade por exemplo
no macaqueamento. Ela não tem os macacos, ela
não tem aquela estrutura, ela subcontrata dentro
do contrato dela. Como também a projetista...”
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Tudo evidenciando que a contratação foi feita a
cegas sem qualquer parâmetro de serviço a ser executado. Corrobora
com tal constatação as informações prestadas pelo Secretário de
Infraestrutura ao ser questionado de como era feito o
acompanhamento do serviço prestado (fls. 210 – Vol. 2 do IC).
Vejamos:
"Com o aparecimento dos problemas as soluções
são adotadas, sendo que tudo é atestado,
fiscalizado e controlado pela SP Obras”.
Aliás, em oitiva realizada em 31/01/2019, o Sr.
Vitor Aly inferiu que não havia sido assinado qualquer contrato
administrativo com a empresa JZ Engenharia e Comércio Ltda.
Tem-se, então, que a empresa está realizando
serviços que a Municipalidade não pode afirmar necessários, e ainda
mais grave, sem qualquer dimensão de custos.
A contratação foi feita sem projeto, sem
estipulação de gastos com a recuperação, dessa forma os gestores
assinaram um cheque em branco possibilitando que a empresa cobre
o preço que quiser pela obra.
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O outro aspecto duvidoso é o da
imprescindibilidade do serviço, no caso, a obra de recuperação do
viaduto.
Os demandados, não apresentaram qualquer
estudo ou análise de que a melhor solução para o problema causado
é o que está sendo feito.
Não existe qualquer indicativo, estudos,
levantamentos técnicos, por exemplo, que indiquem que o melhor e
mais barato, para os cofres públicos, é a recuperação do viaduto.
Objetivamente não se sabe se o melhor era
recuperar ou construir um novo, posto que, repita-se não existe
qualquer estudo ou análise por técnicos de custo, sendo que o forma
com que os gestores estão conduzindo é praticamente um tiro no
escuro.
2. DO OBJETO DA AÇÃO
Depreende-se de todo o investigado que os
gestores públicos, se omitiram dolosamente em diligenciar medidas
efetivas para manutenção das obras de artes do município, deixaram
de empregar verbas previstas no orçamento público.
Ainda, tinham conhecimento dos problemas
estruturais do viaduto que cedeu e não adotaram nenhuma medida
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para recuperação. Agindo assim, colocaram em risco a vida de
milhares de pessoas que trafegavam na via diariamente.
Com efeito, a conduta os agentes públicos
acarretaram no colapso do viaduto, fabricando a emergência que
levou na contratação da empresa JZ Engenharia e Comércio Ltda.
Verificou-se, também, irregularidades do
processo de dispensa de licitação e no consequente contrato
administrativo.
Os demandados praticaram atos de
improbidade que importaram prejuízo ao erário e ofensa aos
princípios administrativos, configurando a infração descrita no artigo
10º, inciso VII, e artigo 11, caput, da Lei nº 8.429/92.
3. DO DIREITO
3.1. DA EMERGÊNCIA FABRICADA
As aquisições e contratações públicas seguem,
em regra, o princípio do dever de licitar, previsto no artigo 37, inciso
XXI da Constituição. Porém, o comando constitucional já enuncia
que a lei poderá estabelecer exceções à regra geral, com a expressão
“ressalvados os casos especificados na legislação”.
De acordo com Lei n.º 8.666/93, a licitação é
dispensada (ou dispensável) no caso de alienação de bens móveis e
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imóveis, conforme disposto no art. 17, e também nas hipóteses
descritas no art. 24.
As hipóteses previstas no art. 24 são taxativas,
de forma que, caso o gestor contrate diretamente fora dos parâmetros
e requisitos nele definidos, poderá configurar crime previsto na
própria Lei n.º 8.666/93, art. 89, “dispensar licitação fora das
hipóteses previstas em lei.
Sendo a licitação a regra nas contratações do
Poder Público e a sua dispensa exceções previstas em rol de
“numerus clausus”, a dispensa só poderá ser respaldada pela
legalidade quando houver estrita compatibilidade com as exceções
legais.
A situação que se colocou pressupõe o
enquadramento no art. 24, inciso IV da Lei nº 8.666/93 que
considera dispensável a licitação:
IV - nos casos de emergência ou de calamidade
pública, quando caracterizada urgência de
atendimento de situação que possa ocasionar
prejuízo ou comprometer a segurança de
pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros
bens, públicos ou particulares, e somente para
os bens necessários ao atendimento da situação
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emergencial ou calamitosa e para as parcelas de
obras e serviços que possam ser concluídas no
prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias
consecutivos e ininterruptos, contados da
ocorrência da emergência ou calamidade,
vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
A partir do comando expresso do inciso IV, para
que justifique a dispensa de licitação por situação emergencial, foram
estabelecidas as seguintes condições, cumulativamente:
i. Ocorrência de situação de emergência ou
calamidade pública;
ii. Necessidade de urgência no atendimento da
situação;
iii. Existência de risco a segurança de pessoas,
obras, serviços, equipamentos e outros bens,
públicos ou particulares;
iv. Limitação da contratação emergencial à
parcela necessária ao atendimento da situação
emergencial ou calamitosa.
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O referido inciso exige a manifestação de uma
situação de emergência, cujo conceito pode ser facilmente extraído
da experiência comum e da simples leitura do texto legal.
A situação emergencial, por óbvio, é algo
estranho à conduta do bom administrador público que se vê
surpreendido por fator imprevisto ou inevitável, criando situação que
o obriga a agir de maneira improvisada para evitar prejuízo à
administração e aos administrados. O exemplo típico, citado pelo
próprio inciso é a situação de calamidade pública.
Muito diferente, porém, é a situação de urgência
gerada pela própria negligência do administrador público, que diante
de situação perfeitamente previsível e evitável, acaba deixando de
tomar as providências devidas e acarretando situação de urgência
que precisa ser remediada.
Diógenes Gasparini, com grande propriedade,
esclareceu a matéria:
Portanto, não é de emergência real a situação
que deve ser resolvida de imediato (compra de
distintivos, hoje, para com eles serem
agraciados amanhã os funcionários que
completaram 20 anos de serviço público),
quando dela já se tinha conhecimento muito
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23
tempo antes. Nessa hipótese, diz-se que a
emergência é ficta,' ou fabricada. Em tais casos,
há negligência, não urgência. Apesar disso,
contrata-se, e pela negligência responderá a
autoridade omissa, depois de devidamente
apurados todos os fatos" 1
Com efeito, os problemas estruturais não foram
inéditos para Administração Municipal, já que desde 2012 tramitava
o Processo 2012-0.112.898-2, cujo o assunto era “contratação de
obras para recuperação estrutural”.
1 Direito Administrativo, 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 523.
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24
A causa lógica de um pedido de contratação
empresa para execução de obras de recuperação estrutural é a
preexistência de problemas estruturais conhecidos pelas
Administração.
Assim, os problemas estruturais eram
conhecidos tanto pelo DER como pela Prefeitura.
Destaca que no âmbito do mesmo processo
administrativo, 2012-0.112.898-2, em 11/06/2018, foi solicitada
nova vistoria para atualizar o estado do Viaduto, a fim de subsidiar
a elaboração de termo de referência para contratação de empresa
para troca das juntas de dilatação. Vejamos:
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25
Em oficio encartado no mesmo processo
administrativo, datado de 01/08/2018, o SUPERINTENDE do DER
informou a Prefeitura que foi realizada nova inspeção visual e
contatou anomalias e considerou que era necessária a intervenção
na referida obra de arte.
A Prefeitura por sua vez, com certo tom de
indiferença, relatou que o viaduto estava “aparentemente nas
mesmas condições da vistoria anterior”.
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Tal informação apenas comprova que ambos
órgãos públicos tinham conhecimento dos problemas estruturais e
nada fizeram para repará-lo.
Em 06/09/2018, antes do desabamento, a
Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, no bojo
referido processo, informou que não havia projeto para recuperação
estrutural do viaduto:
Nota-se que toda essa troca de informações
sobre o viaduto antecedem o colapso.
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A Corte de Contas do Município também
demonstrou preocupação com a incúria da Administração Municipal
na adoção de providencias para reforma de estrutura de pontes.
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Portanto, a emergência, caracterizada pelo
desabamento da estrutura do viaduto, foi fabricada pelos gestores
públicos, uma vez que possuíam informações sobre as anomalias a
vários anos.
Importante destacar o laudo elaborado em
2012, onde o Engenheiro do Município relata que “este deslocamento
reduziu a área de contato entre a viga e pilar, aumentando a tensão
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aplicada em aproximadamente 25%, podendo causar o
esmagamento do concreto tanto na borda do pilar, quanto da
viga, causando o rompimento de uma delas”.
A Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras,
em informações encaminhadas a Promotoria, inferiu que em vistoria
após o colapso, foi constatado o “esmagamento da viga de apoio do
terceiro tabuleiro sobre o pilar” (fls. 55 – Vol 1 do IC).
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Ainda em oitiva, o Secretario da pasta atestou
que uma das causas do colapso foi a ausência de manutenção do
viaduto (fls. 209 – Vol 2 do IC).
De igual maneira, as análises periciais
apontaram como causa do colapso a ausência de manutenção da
estrutura da obra de arte.
O Centro de Apoio à Execução – CAEx destacou
que a “pelo estado das anamalias existentes nas estruturas verifica-
se que são manifestações que evoluíram ao longo do tempo em
decorrência da ausência de manutenção”. Ainda, o órgão de apoio ao
Ministério Público ressaltou que houve “um ‘grande estalo’ (...) cerca
de 3 meses antes do evento, provavelmente sinalizando o início do
evento”.
A ausência de manutenção também foi
constatada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT que relatou
várias anomalias na estrutura do viaduto e destacou que “essas
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anomalias interferem no bom funcionamento estrutural, ou seja,
impossibilitam a adequada movimentação do tabuleiro, além de
concentrar tensões no concreto das faces dos pilares”.
A justificativa apresentada, por certo, não pode
ser aceita como geradora da situação emergencial.
O colapso estrutural, decorrente do
esmagamento da viga de apoio, que resultou na interdição da via, era
conhecida, aliás a possibilidade do desabamento é relatada desde
2012.
Assim, a municipalidade teve mais do que prazo
suficiente para a realização do procedimento licitatório, ela contou
com mais de 6 anos para realizar a contratação de empresa para
recuperação estrutural.
Em 2012, a estimativa de gastos para
recuperação do viaduto era de R$ 1.500.000,00, conforme pedido de
solicitação de contratação de empresa expedida pela Secretaria
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Hoje, estima-se que os gastos totais com a
recuperação do viaduto se aproximem da monta de R$
30.000.000,00 (trinta milhões de reais).
A justificativa de estar se discutindo a
propriedade do viaduto não pode ser aceita, sob pena de se
institucionalizar a ineficiência. O DER e o Município sabiam que era
necessário a realização de obras no viaduto, contudo utilizavam de
subterfugio para inexecução a transferência da propriedade.
Em verdade, faziam um jogo de empurra-
empurra da responsabilidade, enquanto a segurança de milhares de
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pessoas era colocando em risco com a iminência do colapso acontecer
a qualquer momento.
A bem da verdade, a muitos anos o Município é
o proprietário fático do viaduto pois executava serviços de zeladoria
no viaduto, além de instalar radares para fiscalização de velocidade,
cujo valor arrecadado é transferido para os cofres públicos. O mesmo
recurso que a Prefeitura pretende usar para custear a obra de
recuperação.
Portanto, o colapso da estrutura do viaduto
aconteceu única e exclusivamente por desídia dos agentes públicos.
3.2. DA NULIDADE DA DISPENSA E DO
CONTRATO
Não obstante a existência de emergência
fabricada, ou seja, descaracterizando as hipóteses de
enquadramento dos fatos a hipótese legal de dispensa por
emergência, o procedimento para a contratação também apresentada
irregularidades formais.
Pois bem, situações emergenciais impõem a
adoção imediata de medidas para contratação, que devem ser
realizados na forma legal, tais como um levantamento para se
averiguar os contratos existentes e vigentes que poderão, de
imediato, serem utilizados, e, também, o que deverá ser contratado
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mediante processo de licitação ou procedimento de dispensa de
licitação.
O objeto a ser contratado deve ser
indispensável, adequado e suficiente para a situação de
excepcionalidade.
Ademais, a dispensa de licitação não significa
ausência de procedimento para contratação, além do enquadramento
na situação emergencial descrita no artigo 24, inciso IV, o gestor
público deve observar as disposições do artigo 26 do mesmo diploma
legal, vejamos:
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do
art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as
situações de inexigibilidade referidas no art. 25,
necessariamente justificadas, e o retardamento
previsto no final do parágrafo único do art.
8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro de
3 (três) dias, à autoridade superior, para
ratificação e publicação na imprensa oficial, no
prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a
eficácia dos atos.
Parágrafo único. O processo de dispensa, de
inexigibilidade ou de retardamento, previsto
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35
neste artigo, será instruído, no que couber,
com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial,
calamitosa ou de grave e iminente risco à
segurança pública que justifique a dispensa,
quando for o caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou
executante;
III - justificativa do preço.
IV - documento de aprovação dos projetos de
pesquisa aos quais os bens serão alocados.
Portanto, elementos básicos devem estar
presentes na dispensa de licitação, tais como:
(i) definição clara do objeto a ser contratado;
(ii) projeto básico aprovado pela autoridade
competente, que só pode ser dispensado
em caso de existência de laudo técnico com
anotação de ART;
(iii) orçamento, que pode ser dispensado em
casos de urgência mediante estimativa de
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36
preço acompanhado em qualquer caso de
justificativa;
(iv) declaração de existência de dotação
orçamentária;
(v) propostas das empresas e documentação
de habilitação;
(vi) razões da escolha do executante da obra –
artigo 26, § único, II da Lei nº 8.666/93;
(vii) publicação – artigo 26, caput, da Lei nº
8.666/93.
(viii) Empenho
(ix) Assinatura do contrato
O projeto básico é documento primordial na
contratação de obras e que nele devem estar definidos todos os
elementos necessários e suficientes à plena identificação da obra ou
serviço. Já o orçamento detalhado, consistente e fidedigno é
fundamental para que a Administração realize obras, adquira
produtos ou contrate serviços a preços de mercado e, portanto, de
forma econômica, eficiente e vantajosa.
Não se pode olvidar a exigência de que, além da
caracterização da emergência, é preciso que seja comprovada a
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compatibilidade dos preços com os preços praticados no mercado,
conforme alertou o TCU no Acórdão 2.019/2010 Plenário:
“9.2. alertar à Companhia Energética do Piauí -
Cepisa que, quando da realização de dispensa
de licitação nos termos do art. 24, inciso IV, da
Lei nº 8666/1993, além da caracterização da
situação emergencial ou calamitosa que
justifique a dispensa, deve-se trazer elementos
aos autos do processo que demonstrem a
compatibilidade dos preços contratados com
aqueles vigentes no mercado ou com os
fixados por órgão oficial competente, ou,
ainda, com os que constam em sistemas de
registro de preços, bem como que foi
consultado o maior número possível de
fornecedores ou executantes, em atenção aos
incisos II e III do parágrafo único do art. 26
dessa lei”. (Acórdão 2.019/2010 Plenário)
É inaceitável o argumento de que se tratava de
“emergência” para justificar à ausência de pesquisas de preços que
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demonstre a compatibilidade dos valores contratados com os de
mercado, não ficando comprovada a economicidade da contratação.
De igual modo, é sabido que a contratação só
produzirá efeitos jurídicos após a publicação do ato de contratação,
nos termos do artigo 26, caput, da Lei nº 8.666/93.
No presente caso, não existe publicação do ato
de contratação e mesmo que se faça ele será extemporâneo, uma vez
que os serviços de engenharia já estão sendo executados.
Também, é imperioso ressaltar o caráter
provisório da contratação emergencial. O objeto contratual deve
ocorrer apenas para evitar o perecimento do interesse jurídico
protegido, com a finalidade de conceder prazo à Administração para
concluir um regular procedimento licitatório.
Com efeito, somente podem ser objeto da
contratação emergencial os bens ou serviços necessários para
atender a situação de emergência ou de calamidade. No
procedimento administrativo não está comprovado que a
recuperação do viaduto era mais vantajosa que a demolição, bem
como não era possível a contratação apenas do serviço para
escoramento e posteriormente a realização de processo licitatório
para recuperação/construção do viaduto.
É possível concluir, por todo o investigado, que
os gestores públicos estão aproveitando o procedimento para
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contratar diretamente a reforma estrutural de toda a obra de arte,
sem que haja projeto executivo que certifique a confiabilidade e
necessidade dos serviços, sem estimativa de custos que garantam a
economicidade dos serviços.
Restando demonstrado que as contratações se
deram ao arrepio da lei, o contrato celebrado entre a Administração
Pública e a pessoa jurídica demandada é nulo de pleno direito por
força do disposto nos arts. 49 e 59 da Lei nº 8.666/93. E da nulidade
dos contratos decorre a obrigação de desconstituição de seus efeitos,
inclusive e principalmente a restituição dos valores pagos.
3.3. DOS ATOS DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA
3.3.1 – Atos de improbidade que importam
prejuízo ao erário
A Lei 8.429/92, nos preceitos aplicáveis à
espécie, dispõe:
Art. 10. Constitui ato de improbidade
administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,
que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação
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dos bens ou haveres das entidades referidas no
artigo 1° desta lei, e notadamente:
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório
ou dispensá-lo indevidamente;
Uma vez que a emergência foi fabricada pelos
gestores públicos, conforme explicação nos tópicos acima, a
contratação por dispensa de licitação da empresa demandada, não
encontra amparo legal em nenhuma outra hipótese legal do artigo 24
da Lei nº 8.666/93.
Nessa linha de raciocínio, a ausência de
licitação, quando seria devida, gera por si só a conclusão de que a
Administração Pública poderia obter contratação mais vantajosa,
adequada e eficiente se instalada o processo licitatório, sendo
suficiente para a caracterização do ato de improbidade
administrativa.
Portanto, a questão é bastante simples, e a
prova está acostada aos autos. Os gestores públicos demandados
tinham conhecimento da necessidade de reforma do viaduto desde o
ano de 2012 quando foi apontado diversas anomalias estruturais.
Desde então, surgiu para os demandados a obrigatoriedade de
realização de procedimento licitatório para contratação de empresa
especializada para os serviços de recuperação de obra de arte.
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Contudo, nada fizeram, ao contrário, fabricaram uma “emergência”,
dispensando indevidamente a licitação.
A empresa demandada beneficiou-se da pratica
do ato de improbidade, devendo ser igualmente responsabilizados na
forma do artigo 3º da Lei nº 8.429/92.
3.3.2. Dos atos que atentam contra os
princípios administrativos – Subsidiário
Ao estruturar a Lei 8.429/92, buscou o
legislador abranger toda uma gama de condutas capazes de guardar
plena identificação com o conceito de improbidade administrativa,
extraído do texto constitucional.
No caso sub examine, se por ventura não fosse
possível provar a prática dos atos de improbidade que importaram
prejuízo ao erário, estariam as condutas dos demandados, de
qualquer forma, submetidas às sanções da improbidade pela violação
dos princípios da legalidade, moralidade administrativa, eficiência e
do dever de lealdade às instituições, conforme dispõe o enunciado do
artigo 11, “caput” da Lei 8.429/92, in verbis:
“Art. 11. Constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios
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da administração pública qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às
instituições, e notadamente; ”
Com efeito, a Constituição Federal, em seu art.
37, determinou que a Administração Pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, deve observar os princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, das quais não
se pode afastar o agente público.
Aludidos princípios constitucionais são
imperativos, vinculantes e coercitivos tanto para os Poderes Públicos
e seus Agentes, quanto para toda a coletividade.
Diante desse panorama normativo, delineado
pela Constituição Federal e pela Lei 8429/92, conclui-se, como já
anunciado, que as condutas das requeridas afrontaram em demasia
a ordem jurídica global, contrariando diretamente os vetores da
moralidade.
Vale observar que são punidos também pela Lei
de Improbidade Administrativa os terceiros que, não se
qualificando como agentes públicos, concorrem e/ou se
beneficiam direta ou indiretamente com os atos de improbidade
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43
administrativa praticados por agente público, nos termos do
artigo 3o da Lei 8.429/92.
A) Infração ao princípio da legalidade
O princípio da legalidade, na lição de Hely Lopes
Meirelles, tem o seguinte significado:
“A legalidade, como princípio da
administração (CF, art. 37, caput),
significa que o administrador público está
em toda a sua atividade funcional, sujeito
aos mandamentos da lei e às exigências
do bem comum, e deles não se pode
afastar ou desviar, sob pena de praticar
ato inválido e expor-se a
responsabilidade disciplinar, civil e
criminal, conforme o caso. (...) Na
Administração Pública não há
liberdade nem vontade pessoal.
Enquanto na administração particular
é lícito fazer tudo que a lei não proíbe,
na Administração Pública só é
permitido fazer o que a lei autoriza. A
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lei para o particular significa ‘pode fazer assim’; para o administrador público significa ‘deve fazer assim ’”
Assim, o respeito ao princípio da legalidade é
um poder dever do agente público, somente sendo permitido a ele
atuar nos estritos limites da lei.
No ordenamento jurídico brasileiro está
sedimentada a regra que impõe a obrigatoriedade de licitação
pública, indispensável para garantir a supremacia do interesse
público, a moralidade administrativa e o cumprimento do princípio
da igualdade, in verbis:
“Art. 37 (...).
XXI - ressalvados os casos especificados na
legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as
condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de
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qualificação técnica e econômica indispensáveis
à garantia do cumprimento das obrigações”
(g.n.).
A Lei n° 8.666/93, ao regulamentar o dispositivo
constitucional citado, institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública, impondo o procedimento licitatório2,
consubstanciado nos princípios constitucionais que norteiam os atos
a serem praticados pela Administração, como exigência formal a ser
observada na contratação pelo Poder Público.
Destarte, atuando no exercício de suas
prerrogativas públicas, os demandados devem obediência ao direito
público e, consequentemente, têm a obrigação de contratar a
realização de obras e serviços mediante prévio e honesto processo
licitatório.
Assim, os réus BRUNO COVAS e VITOR ALY,
dispensaram indevidamente o processo licitatório que resultaram na
contratação da empresa demanda, violando o princípio da legalidade,
estabelecido no artigo 37, caput, da Constituição Federal.
2 Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.
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B) Infração ao princípio da moralidade
administrativa
O princípio da moralidade prevê a atuação ética
dos agentes da administração pública.
Sobre o princípio da moralidade Marcelo
Lemos3 ensina:
“(...) pode-se afirmar que o legislador
pátrio buscou trazer para dentro do
sistema valores éticos da sociedade,
normas de boa conduta, para dar colorido
na prática dos atos administrativos, não
sendo suficiente, para sua validade, que
se observem apenas a estrita legalidade,
mas também, os deveres deontológicos de
honestidade, imparcialidade e lealdade,
que vem a ser a aplicação do princípio da
moralidade administrativa. (...) O
princípio da moralidade administrativa
tem suas origens na teoria do desvio de
poder, criada para traçar limites ao
3 VIEIRA, Marcelo Lemos. O princípio da moralidade administrativa e seu controle pela Lei de Improbidade, In Improbidade Administrativa: responsabil idade social na prevenção e controle. Vitória: MPES, CEAF, 2005, p. 353 -354.
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poder discricionário, notadamente
quando se trata da finalidade do ato que
constitui a direção do agir
administrativo, tão importante quanto
às demais bases do Estado de Direito.
Sua criação traçou os limites
necessários à liberdade de escolha e o
juízo de oportunidade do
administrador”.
No mesmo sentido é a definição de Maria Sylvia
Zanella Di Pietro4 sobre o princípio da moralidade administrativa.
Segundo aquela professora, "não é preciso penetrar na intenção do
agente, porque do próprio objeto resulta a imoralidade. Isto ocorre
quando o conteúdo de determinado ato contrariar o senso
comum de honestidade, retidão, equilíbrio, justiça, respeito à
dignidade do ser humano, à boa fé, ao trabalho, à ética das
instituições. A moralidade exige proporcionalidade entre os meios e os
fins a atingir; entre os sacrifícios impostos à coletividade e os
benefícios por ela auferidos; entre as vantagens usufruídas pelas
autoridades públicas e os encargos impostos à maioria dos cidadãos"
(g.n.).
4 Discricionariedade Administrativa na Constituição de 1988, São Paulo, Atlas, 1991, p. 111.
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Não há dúvidas de que deixar de adotar,
tempestivamente, as providências necessárias à realização da
licitação, para remediar a ruina do viaduto que era previsível, por
parte dos demandados BRUNO COVAS, VITOR ALY, MARCOS
PENIDO e RAPHAEL ofende a moralidade administrativa.
C) Infração ao princípio da impessoalidade
Por sua vez, o princípio da impessoalidade,
consagrado expressamente na Constituição Federal no artigo 37,
caput, é consubstanciado na ideia de que o agente público deve agir
livre de qualquer emoção pessoal, utilizando-se da administração
pública apenas para alcançar fins relacionados ao interesse público.
Cabe ao agente público atuar de forma abstrata, buscando a plena
satisfação do interesse social.
Conforme ensina Odete Medauar5, “com o
princípio da impessoalidade a Constituição visa a obstaculizar
atuações geradas por antipatias, simpatias, objetivos de vingança,
represálias, nepotismo, favorecimentos diversos, muito comuns em
licitações, concursos públicos, exercício do poder de polícia. Busca,
desse modo, que predomine o sentido de função, isto é, a ideia de que
os poderes atribuídos finalizam-se ao interesse de toda a coletividade,
portanto a desconectados de razões pessoais. Em situações que dizem
5 Direito Administrativo Moderno, São Paulo, RT, 3a ed., p.141.
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respeito a interesses coletivos ou difusos, a impessoalidade significa
a exigência de ponderação equilibrada de todos os interesses
envolvidos, para que não se editem decisões movidas por preconceitos
ou radicalismos de qualquer tipo”.
Conforme exposto, a dispensa de licitação violou
o princípio da impessoalidade, pois beneficiou a empresa demanda,
que foi contrata sem qualquer justificativa técnica ou jurídica para
sua escolha.
D) Infração ao princípio da supremacia do
interesse público sobre o particular e da indisponibilidade do
interesse público
Ainda, os demandados violaram o princípio da
supremacia do interesse público sobre o particular.
Trata-se de princípio constitucional que
estabelece que “toda atuação do Estado seja pautada pelo interesse
público, cuja determinação deve ser extraída da Constituição e das
leis, manifestações da vontade geral”6. Assim, os interesses privados
encontram-se subordinados à atuação estatal.
De igual forma, violaram os demandados o
princípio da indisponibilidade do interesse público, outro pilar do
6 Direito Administrativo Descomplicado / Marcelo Alexandrino, Vicente Paulo. – 19 ed. rev. e atual. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2011, pág. 184.
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Direito Administrativo. Tal princípio proíbe que o administrador
pratique atos que impliquem renuncia a direitos ou que
injustificadamente onere a Administração.
Essas restrições são geradas devido ao fato da
administração pública não ser proprietária de bens, mas sim mera
gestora deles e dos interesses do povo.
Os demandados em momento algum
preocuparam-se com o atendimento do interesse público ou
respeitaram a sua indisponibilidade. Negligenciaram na aplicação de
verbas públicas destinadas a manutenção das pontes e viadutos do
município, bem como colocaram em risco a segurança.
E) Infração a princípio da competitividade
Por fim, houve afronta ao princípio da
competitividade. Referido princípio exige que a Poder Público sempre
verifique a possibilidade de se ter mais de um interessado que nos
possa atender/fornecer o objeto licitado.
A competição é a razão determinante da
realização do procedimento licitatório, pois é ela que possibilitará a
busca pela melhor proposta.
A dispensa indevida da licitação e a ausência de
projeto de recuperação, para basilar a elaboração de propostas pelas
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empresas, impossibilitou a busca da melhor proposta, atenta
frontalmente a este princípio.
3.4. DO PREJUIZO AO ERÁRIO
A conduta ímproba de dispensar indevidamente
procedimento licitatório, enseja aos responsáveis o dever solidário de
reparação do prejuízo ao erário no valor equivalente ao prejuízo
sofrido.
Conforme já inferido a empresa JZ Engenharia
e Comércio Ltda está executando serviços de engenharia por ter sido
contratada através do processo de dispensa de licitação.
Contudo, até a data de 31/01/2019, a
municipalidade não possuía contrato administrativo formalizado
com a empresa e muito menos o valor que seria gasto com a obra.
Tais informação foram confirmados pelo
demando Vitor Aly em oitiva, conforme trechos transcritos:
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Na tentativa de quantificar qual valor do dano
ao erário, foi apurado que os gastos com os serviços, até
31/01/2019, alcançaram a monta de R$ 8.367.327,62, conforme
informações prestadas pela empresa demanda.
Com efeito, o prejuízo exato é incerto uma vez
que a municipalidade não apresentou o contrato administrativo ou
qualquer estimativa de gasto, de maneira que o valor deverá ser
retificado no momento em que for apresentado o contrato.
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3.4.1. Do ressarcimento ao erário -
Solidariedade
Dentre as sanções previstas no artigo 12 da Lei
8.429/92, há a previsão de ressarcimento dos danos causados ao
patrimônio público.
Na espécie, o Município de São Paulo está sendo
lesado em decorrência da contratação por dispensa de licitação para
obra de recuperação do viaduto que cedeu em decorrência de
emergência fabricada pelos agentes públicos que foram omissos em
relação aos problemas estruturais da obra de arte.
No caso dos autos, os demandados, agentes
públicos, em conjunto com a empresa são responsáveis pelos danos
ao patrimônio municipal, e, por isso, a obrigação pela recomposição
do patrimônio lesado é solidária, consoante dicção dos artigos 275c/c
942, caput, 2ª parte, do Código Civil7 c/c artigo 5º da Lei 8.429/928.
No mesmo sentido caminha a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça:
7 Lei 10.406/02) “Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. [...] Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. 8 (Lei 8.429/92) “Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
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ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LEI N.
8.429/92. ATO DE IMPROBIDADE.
REPARAÇÃO DE DANOS. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA. (…) 3. Na hipótese em que sejam
vários os agentes, cada um agindo em
determinado campo de atuação, mas de cujos
atos resultem o dano à Administração Pública,
correta a condenação solidária de todos na
restituição do patrimônio público e indenização
pelos danos causados. (STJ, REsp
678.599/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em
24/10/2006, DJ 15/05/2007, p. 260).
Assim, a condenação dos réus, pessoas físicas e
jurídicas, à reparação dos danos causados ao Município de São Paulo
deverá ser SOLIDÁRIA em decorrência dos atos acima narrados, por
força dos artigos 275 c/c 942, caput, 2ª parte, do Código Civil c/c
artigo 5o da Lei 8.429/92.
3.5. DA INDIVIDUALIZAÇÃO DAS CONDUTAS
E DAS SANÇÕES
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55
Os demandados deverão responder nos termos
do art. 12, II e III, da Lei 8.429/1992, pelos seguintes motivos:
A) BRUNO COVAS deve se submeter às
cominações previstas no art. 12, II ou III, da Lei 8.429/1992 porque
no exercício do cargo eletivo de Prefeito Municipal deixou de aplicar
recursos públicos em serviços imprescindíveis de manutenção e
conservação de viadutos e pontes do Município, bem como teve
conhecimento dos problemas estruturais do viaduto que cedeu e não
adotou nenhuma medida para contratação, por licitação, de empresa
especializada para realização de obras de recuperação, de modo que
fabricou a emergência que resultou na contratação da empresa
demanda, praticando atos de improbidade administrativa que
importaram em prejuízo ao erário e ofensa aos princípios da
administração, com aplicação das seguintes sanções: i) perda da
função pública; ii) ressarcimento integral do dano; iii) suspensão dos
direitos políticos de cinco a oito anos; iv) pagamento de multa civil de
duas vezes o valor do dano; e v) proibição de contratar com o Poder
Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica
da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos.
B) VITOR LEVY CASTEX ALY deve se submeter
às cominações previstas no art. 12, II ou III, da Lei 8.429/1992
porque no exercício da função de Secretário Municipal de
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Infraestrutura Urbana e Obras teve conhecimento dos problemas
estruturais do viaduto que cedeu e não adotou nenhuma medida
para contratação, por licitação, de empresa especializada para
realização de obras de recuperação, de modo que fabricou a
emergência que resultou na contratação da empresa demanda,
praticando atos de improbidade administrativa que importaram
em prejuízo ao erário e ofensa aos princípios da administração,
com aplicação das seguintes sanções: i) perda da função pública; ii)
ressarcimento integral do dano; iii) suspensão dos direitos políticos
de cinco a oito anos; iv) pagamento de multa civil de duas vezes o
valor do dano; e v) proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
C) MARCOS RODRIGUES PENIDO deve se
submeter às cominações previstas no art. 12, II ou III, da Lei
8.429/1992 porque no exercício da função de Secretário Municipal
de Infraestrutura Urbana e Obras teve conhecimento dos problemas
estruturais do viaduto que cedeu e não adotou nenhuma medida
para contratação, por licitação, de empresa especializada para
realização de obras de recuperação, de modo que fabricou a
emergência que resultou na contratação da empresa demanda,
praticando atos de improbidade administrativa que importaram
em prejuízo ao erário e ofensa aos princípios da administração,
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com aplicação das seguintes sanções: i) ressarcimento integral do
dano; ii) suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos; iii)
pagamento de multa civil de duas vezes o valor do dano; e iv)
proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo de cinco anos;
D) RAPHAEL DO AMARAL CAMPOS JÚNIOR
deve se submeter às cominações previstas no art. 12, II ou III, da Lei
8.429/1992 porque no exercício da função de Superintendente do
DER teve conhecimento dos problemas estruturais do viaduto que
cedeu e não adotou nenhuma medida para contratação, por licitação,
de empresa especializada para realização de obras de recuperação,
de modo que fabricou a emergência que resultou na contratação da
empresa demanda, praticando atos de improbidade
administrativa que importaram em prejuízo ao erário e ofensa
aos princípios da administração, com aplicação das seguintes
sanções: i) ressarcimento integral do dano; ii) suspensão dos direitos
políticos de cinco a oito anos; iii) pagamento de multa civil de duas
vezes o valor do dano; e iv) proibição de contratar com o Poder Público
ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
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E) JZ ENGENHARIA E COMÉRCIO LTDA
aplica-se as sanções da Lei de Improbidade, na forma prevista no art.
3º da Lei 8.429/92, posto que beneficiou dos atos de improbidade
descritos nos artigos 10, inciso VIII, e artigo 11, caput, da Lei nº
8.429/92, uma vez que foi contratada por dispensa de licitação
decorrente de emergência fabricada através de processo repleto de
vícios formais, devendo se submeter às mesmas cominações do art.
12, II ou III, da Lei 8.429/1992, especificadamente: i) ressarcimento
ao erário; ii) pagamento de multa civil de duas vezes o valor do
acréscimo patrimonial; e iv) proibição de contratar com o Poder
Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica
da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos.
3.6. DANO MORAL
Uma das funções do dano moral coletivo é
garantir a efetividade dos princípios da prevenção e precaução, com
intuito de propiciar um a tutela mais efetiva aos direitos difusos e
coletivos, como no presente caso.
Consagrada na atual Constituição da República
(art. 5º, incisos V e X), a reparação dos danos morais é hoje aceita
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sem reservas9, sendo também isenta de dúvidas sua cumulatividade
com a indenização por danos patrimoniais10.
O Código de Defesa do Consumidor estabeleceu,
de maneira expressa, a ressarcibilidade de danos morais causados à
coletividade em seu artigo 6º.
Na mesma linha, a Lei da Ação Pública, que
pode tutelar qualquer interesse difuso ou coletivo, também é apta
para obter a responsabilização por danos morais (artigo1º, caput,
inciso IV).
Com efeito, dos fatos narrados é possível
verificar, também, um dano difuso, abstrato, correspondente à grave
ofensa à moralidade da Administração Pública e à dignidade do povo
de São Paulo.
A atuação ineficiente da Administração
Municipal quanto à manutenção e fiscalização dos viadutos do
município afetou a vida de milhares de pessoas.
9 V., novamente, SÉRGIO SEVERO, ob. cit., págs. 103/117, onde estão relacionadas somente decisões proferidas sob a vigência da atual Constituição, sempre favoráveis à reparação dos danos morais. 10 Súmula 37 do STJ: “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”. Vale trazer à baila a lição de CAIO MÁRIO: “ Não cabe, por outro lado, considerar que são incompatíveis os pedidos de reparação patrimonial e indenização por dano moral.”. O fato gerador pode ser o mesmo, porém o efeito pode ser múltiplo” (“Responsabilidade Civil”, cit., pág. 56)
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Destaca-se a importância de tais obras de artes
na mobilidade urbana, uma vez que integram o sistema viário da
capital.
A interdição da obra de arte, em decorrência do
colapso, afetou e ainda afeta a rotina de toda a população utiliza a
via, bem como aqueles que utilizam o trem da CPTM que passa na
localidade, conforme foi amplamente divulgado na impressa.
Vejamos:
Registra-se que logo que ocorreu o incidente foi
necessário a interrupção dos serviços da Linha 9 pela CPTM, e a
adoção da operação PAESE, gerando mais um gasto desnecessário
para os cofres públicos.
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Conforme relata a CPTM a Linha 9 está
operando em velocidade reduzida no trecho afetado e que tal situação
gera “maior desconforto aos usuários”.
Em uma cidade como São Paulo, onde o sistema
viário e de transporte público são insatisfatórios, qualquer situação
causa um enorme impacto na vida da população.
As consequências não param por aí. Os
motoristas que trafegam pelas rotas alternativas e nas proximidades
também foram vítimas de assaltos por ladrões que aproveitam o
congestionamos causado pela interdição do viaduto, conforme
matéria jornalística intitulado “Vídeo mostra assalto a motorista
durante engarrafamento em SP” (https://g1.globo.com/sp/sao-
paulo/noticia/2019/01/22/ladroes-aproveitam-transito-causado-
por-queda-de-viaduto-para-fazer-assaltos-em-sp.ghtml). Destaca-se
o seguinte trecho:
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Esses relatos já seriam suficientes para a
configuração do dano moral coletivo. Todavia, imprescindível
destacar que a conduta omissa dos gestores públicos é de extrema
gravidade uma vez que colocou em risco a vida de milhares de
pessoas que trafegavam no local.
Os problemas estruturais do viaduto, como já
inferido em demasia, eram conhecidos desde 2012 e o risco de ruina
era iminente. Contudo, os gestores da Prefeitura e do DER não
providenciaram sequer a interdição da via, apenas “fecharam os
olhos” e assumiram o risco de a estrutura desabar e causar danos
patrimoniais e ao bem jurídico supremo que é a vida.
Tais riscos são perfeitamente demonstrados
pelos danos sofridos pelos motoristas que presenciaram o colapso,
consoante o apurado pela Policia Cientifica em seu laudo pericial.
Vejamos:
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É perceptível que a potencialidade de lesão a
integridade física dos milhares de pessoas que trafegam na via em
decorrência do desabamento do viaduto era gigantesca, pois se
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tivesse ocorrido a ruina total ou parcial, em horário de maior
movimento, estaríamos relatando mais do que danos patrimoniais.
Houve, portanto, a criação do risco social que
deve ser contrabalançada através de uma compensação financeira,
que repare os danos morais causados (a insegurança, o sentimento
de impotência e revolta frente ao descumprimento de norma cogente
e a criação de risco ilícito) e puna os ofensores exemplarmente.
A jurisprudência pátria, por sua vez, também
tem reconhecido a possibilidade de condenação por dano moral
coletivo por atos de improbidade administrativa. Vejamos:
ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. DANO AO ERÁRIO. MULTA
CIVIL. DANO MORAL. POSSIBILIDADE.
PRESCRIÇÃO. (…) 3. Não há vedação legal ao
entendimento de que cabem danos morais em
ações que discutam improbidade administrativa
seja pela frustração trazida pelo ato ímprobo na
comunidade, seja pelo desprestígio efetivo
causado à entidade pública que dificulte a ação
estatal. (…) (STJ, REsp 960.926/MG, Rel.
Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA,
julgado em 18/03/2008, DJe 01/04/2008)
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CONSTITUCIONAL. CIVIL. PROCESSUAL
CIVIL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
PERITO JUDICIAL. JUSTIÇA DO TRABALHO.
PRESCRIÇÃO. DANOS MORAIS.
INOCORRÊNCIA. (…) 9. As doutrinas mais
abalizadas, bem como a jurisprudência,
admitem o ressarcimento de dano moral
causado por ato de improbidade do agente
público. Entretanto, não é todo e qualquer ato
de improbidade que causa dano moral à
coletividade. A identificação do dano moral
demanda análise do conjunto probatório
constante dos autos, devendo ser consideradas
as circunstâncias que envolvem cada caso
concreto. 10. Não basta somente a ocorrência do
suposto ato ímprobo, faz-se necessário que tal
ato cause evidente e significativa repercussão
no meio social, não sendo suficientes meras
presunções ou mesmo a simples insatisfação da
coletividade com a atividade administrativa. (...)
(TRF 3ª Região, Sexta Turma, Apelreex
0006786-54.2003.4.03.6105, Rel.
Desembargadora Federal Consuelo Yoshida,
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julgado em 06.06.2013, e-DJF3 Judicial 1
Data:14.06.2013).
Assim, devem os réus serem condenados a
ressarcir da forma mais ampla possível a população, pela criação do
risco social decorrente da omissão na manutenção das obras de arte
e pela prática de ato de improbidade administrativa.
4. DA TUTELA DE URGÊNCIA
4.1. Da exibição de documento
Conforme já inferido a empresa JZ Engenharia
e Comércio Ltda está executando serviços de engenharia por ter sido
contratada através do processo de dispensa de licitação.
Contudo, até a data de 31/01/2019, a
municipalidade não possuía contrato administrativo formalizado
com a empresa e muito menos o valor que seria gasto com a obra.
Tem-se, então, que o valor do dano ao erário e
consequentemente do valor da causa é incerto pois a Administração
Municipal não forneceu cópia do contrato administrativo.
Assim, visando ulterior liquidação do prejuízo
ao erário municipal causado, tratando-se de informação que depende
de esclarecimentos da Municipalidade (artigo 324, § 1°, inciso III, do
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Código de Processo Civil), requer determine-se à Municipalidade que,
em até 30 dias, apresente – sob as penas decorrentes de eventual
omissão – apresente o contrato administrativo assinado junto a
empresa JZ Engenharia e Comércio Ltda; sob pena de, não o fazendo,
pagar multa diária de R$ 5.000,00.
4.2. Da suspensão do contrato
O contrato derivado da dispensa de licitação,
Processo nº 2018-0.115.692-8, relativa à “contratação de obra de
recuperação estrutural ‘Viaduto sobre a CPTM’ Marginal
Pinheiros/Leste Via Expressa” deve ser imediatamente suspenso, sob
pena de grave prejuízo ao erário.
Restou comprovado nos autos que a emergência
que justificou a contratação foi fabricada pelos demandados que
mesmo tendo conhecimento das patologias da obra de arte que cedeu
se mantiveram inertes.
A empresa contratada, JZ ENGENHARIA E
COMÉRCIO LTDA, carece de especialidade neste tipo de obra, como
inferiu o próprio Secretário de Infraestrutura Urbana e Obras.
Ainda, a contratação ocorreu sem projeto
executivo que indicasse quais serviços deveriam ser executados.
Portanto, os serviços até então realizados não estão subsidiados em
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projeto especifico de recuperação, de modo que não é possível atestar
que tais serviços são necessários e suficientes.
Também não existe qualquer prova que a
recuperação da estrutura configure a medida mais adequada,
eficiente e principalmente segura para a população que utilizará a
via.
Desse modo, sem ter a certeza de que a
recuperação é a medida mais adequada, o que ocorreria se houvesse
projeto de recuperação especifico, não é prudente permitir que as
execuções dos serviços continuem.
Com efeito, destaca-se o voto do ministro-relator
do Acórdão nº 27/2016 do Tribunal de Contas da União no seguinte
sentido:
“Uma situação emergencial justificadora da
dispensa de licitação só se caracteriza se
restar demonstrado que a contratação direta
é o único meio adequado, necessário e
efetivo de eliminar iminente risco de dano ou
o comprometimento de segurança”.
Corrobora com a necessidade de suspensão do
contrato as inúmeras recomendações para recuperação da obra de
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arte indicadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, no
Relatório Técnico nº 155.255-205-9/11, vejamos:
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Concluiu o IPT que “as intervenções no viaduto
devem ser precedidas pela elaboração de projeto de recuperação
específico executado por empresa especializada”.
Ademais, o Tribunal de Contas da União ao
analisar questão atinente à contratação emergencial decidiu:
“É irregular a contratação emergencial por
dispensa de licitação (art. 24, inciso IV, da Lei
8.666/93) quando a interdição do acesso à
edificação com problema estrutural for
suficiente para a eliminação do risco e,
consequentemente, da situação emergencial”
(Acórdão nº 27/2016 do Plenário, sob a relatoria
do ministro Raimundo Carreiro).
Embora seja certo que a população necessite da
via, também é evidente que não se deve permitir que o dinheiro
público seja gasto indevidamente por irresponsabilidade dos
gestores. Também deve ser garantindo que os serviços executados
sejam adequados e proporcionem a maior segurança para a
população que fará o uso diário do viaduto.
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4.3. Da tutela de evidência – Indisponibilidade de bens
Contempla o art. 37, § 4º, da Constituição, entre
as medidas aplicáveis aos autores de atos de improbidade, a
decretação de indisponibilidade de seus bens. Cuida-se de medida de
natureza cautelar tão importante que expressamente mencionada no
texto constitucional.
Conferindo efetividade à previsão
constitucional, disciplina o art. 7º, parágrafo único, da Lei nº
8.429/1992:
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar
lesão ao patrimônio público ou ensejar
enriquecimento ilícito, caberá à autoridade
administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a
indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se
refere o caput deste artigo recairá sobre bens
que assegurem o integral ressarcimento do
dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilícito.
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Portanto, para restaurar a moralidade
administrativa lesada pela má conduta dos requeridos, imperioso o
deferimento da medida cautelar, que conta com amplo apoio em
nossa jurisprudência11.
Com efeito, havendo veementes indícios da
prática de ato de improbidade pelos réus (fumus boni iuris), a
legislação impõe o deferimento da medida, sendo presumido o
periculum in mora na própria conduta desonesta dos agentes, bem
como na ação deletéria do tempo na efetividade do provimento
judicial final da ação de improbidade.
Na mesma linha de raciocínio, não se há de
exigir, por impossível, a prova da intenção dos demandados de
dilapidarem seus patrimônios. Sinalizando tal orientação, assim
decidiu o TRF da 1ª Região: “O desvio ou venda é ato instantâneo,
sem prévio aviso ou sinais exteriores, bem como a comprovação do
elemento subjetivo (animus de dilapidar) é prova impossível. Dessa
11 O Superior Tribunal de Justiça no REsp. 929.483/BA, de Relatoria do Ministro Luiz Fux, julgado em 02/12/2008, assinala: “É lícita a concessão de liminar inaudita altera pars (art. 804 do CPC) em sede de medida cautelar preparatória ou incidental, antes do recebimento da Ação Civil Pública, para a decretação de indisponibilidade (art. 7º da Lei 8.429/92) e de sequestro de bens, incluído o bloqueio de ativos do agente público ou de terceiro beneficiado pelo ato de improbidade (art. 16 da lei 8.429/92), porquanto medidas assecuratórias do resultado útil da tutela jurisdicional, qual seja, reparação do dano ao erário ou de restituição de bens e valores havidos ilicitamente por ato de improbidade. Precedentes do STJ: REsp 821.720/DF, DJ 30.11.2007; REsp 206.222/SP, DJ 13.02.2006 e REsp 293.797/AC, DJ 11.06.2001”. A mesma corte também admite a medida na própria ação principal: REsp 469.366/PR, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 13/05/2003, DJ 02/06/2003 p. 285 e no REsp 439.918/SP, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 03/11/2005, DJ 12/12/2005 p. 270.
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forma, demonstrada a gravidade dos fatos e a situação periclitante,
o bloqueio é à medida que se impõe. ”
Neste passo, colhe-se a lição de EMERSON
GARCIA e ROGÉRIO PACHECO ALVES12:
“Por tratar-se de medida cautelar, torna-se
necessária a demonstração do fumus boni iuris,
não fazendo sentido, data vênia, a imposição de
tão grave medida senão quando o sucesso do
autor na demanda se apresentar provável.
Fumus boni iuris não significa, por certo, prova
exauriente, vertical, mas é requisito inafastável.
Quanto ao periculum in mora, parte da doutrina
se inclina no sentido de sua implicitude, de sua
presunção pelo art. 7º da Lei de Improbidade, o
que dispensa o autor de demonstrar a intenção
de o agente dilapidar ou desviar i seu patrimônio
com vistas a afastar a reparação do dano. Nesse
sentido, argumenta Fábio Osório Medina que ‘o
periculum in mora emerge, via de regra, dos
próprios termos da inicial, da gravidade dos
fatos, do montante, em tese, dos prejuízos
12 Improbidade administrativa. 7ª edição. Editora Saraiva: São Paulo. 2014. pp. 1.019-20.
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causados ao erário’, sustentando, que ‘a
indisponibilidade patrimonial é medida
obrigatória, pois traduz consequência jurídica
do processamento da ação, forte no art. 37, § 4º,
da Constituição Federal’. De fato, exigir a prova,
mesmo que indiciária, da intenção do agente de
furtar-se à efetividade da condenação
representaria, do ponto de vista prático, o
irremediável esvaziamento da indisponibilidade
perseguida no âmbito constitucional e legal.
Como muito bem percebido por José Roberto
dos Santos Bedaque, a indisponibilidade
prevista na Lei de Improbidade é uma daquelas
hipóteses nas quais o próprio legislador
dispensa a demonstração do perigo de dano.
Desse modo, em vista da redação imperativa
adotada pela Constituição Federal (art. 37, § 4º)
e pela própria Lei de Improbidade (art. 7º),
cremos acertada tal orientação, que se vê
confirmada pela melhor jurisprudência. ”
Acórdão do STJ ampara esse entendimento:
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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MEDIDA
CAUTELAR DE INDISPONIBILIDADE DE BENS.
PREVISÃO CONSTITUCIONAL (ART. 37, § 4º)
PERICULUM IN MORA PRESUMIDO. FUMUS
BONI IURIS: INDISPENSABILIDADE. 1. A
indisponibilidade de bens é medida que, por
força do art. 37, § 4º da Constituição, decorre
automaticamente do ato de improbidade. Daí o
acertado entendimento do STJ no sentido de
que, para a decretação de tal medida, nos
termos do art. 7º da Lei 8.429/92, dispensa-se
a demonstração do risco de dano (periculum in
mora), que é presumido pela norma, bastando
ao demandante deixar evidenciada a relevância
do direito (fumus boni iuris) relativamente à
configuração do ato de improbidade e à sua
autoria (…) (STJ, REsp 1315092/RJ, Rel. p/
Acórdão Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 05.06.2012, DJe
14/06/2012).
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Com efeito, existem provas inequívocas que os
agentes públicos, cientes dos problemas estruturais de viadutos e
pontes do município, deixaram de empregar o valor previsto para
manutenção e conservação das obras de arte previstos no orçamento
do ente, dessa forma, fabricaram a situação emergencial que resultou
na contratação da empresa JZ Engenharia e Comércio Ltda.
No caso, restam presentes ambos os requisitos.
O fumus boni juris salta aos olhos mediante simples e perfunctória
análise do acervo probatório que instrui a inicial do processo
principal, na forma narrada mais acima. O segundo requisito
(periculum in mora) emerge da imperativa necessidade de acautelar
o êxito da futura execução em desfavor dos demandados, para
ressarcimento do dano ao erário e pelo pagamento da multa civil. Não
se pode perder de vista, na aferição da necessidade da medida, a
gravidade dos fatos e os elevados valores envolvidos.
Desse modo, a indisponibilidade incide sobre
tantos bens quantos forem necessários para o ressarcimento integral
do dano e, conforme jurisprudência reiterativa do STJ, para o
pagamento de multa civil, recomendando-se que o autor da ação
indique os respectivos valores, mas sem a necessidade de
individualizar os bens; aliás, é precisamente esta característica
salutar que distingue a medida de indisponibilidade (art. 7º) do
sequestro previsto no art. 16 da LIA.
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Mostra-se pertinente, pois, para garantir a
satisfação do interesse público aqui tutelado, a decretação da
indisponibilidade dos bens dos requeridos até o montante abaixo
especificado, a fim de possibilitar futura execução em caso de êxito
nesta demanda. Saliente-se que a cautelar incidental em questão,
para assegurar o efeito prático a que se destina, há de ser deferida
inaudita altera pars. Trata-se de situação de contraditório diferido,
peculiaridade ínsita às medidas cautelares, sendo de todo oportuno
ressaltar que a indisponibilidade não tem caráter punitivo, mas
meramente assecuratório do provimento final.
4.3.1. Da quantificação da indisponibilidade
de bens
Como visto, o prejuízo ao erário, por ora,
alcançou a expressão monetária de R$ 8.367.327,62 (oito milhões,
trezentos e sessenta e sete mil, trezentos e vinte e sete reais e
sessenta e dois centavos).
Consistindo a medida de indisponibilidade em
salvaguarda necessária para assegurar a execução de condenação ao
ressarcimento ao erário (R$ 8.367.327,62) e ao pagamento de multa
civil de duas vezes o valor do dano, demonstra-se abaixo o valor total
a ser indisponibilizado, o que fica desde logo requerido.
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Ressarcimento
integral do dano
Multa Civil de até
duas vezes
Total a ser
indisponibilizado,
sem correção
monetária
R$ 8.367.327,62 R$16.734.655,24 R$25.101.982,86
5. DO PEDIDO
Em face do exposto, distribuída e autuada com
os documentos que a instruem, na forma do artigo 320 do Código de
Processo Civil e artigo 109 da Lei Complementar Estadual n° 734/93,
requer o Ministério Público:
5.1. Seja concedida inaudita altera pars a
medida liminar requerida nos itens 4.1, determinando a
apresentação do contrato administrativo decorrente da dispensa de
licitação, Processo nº 2018-0.115.692-0;
5.2. Seja concedida inaudita altera pars a
medida liminar requerida nos itens 4.2, determinando a suspensão
do contrato administrativo decorrente da dispensa de licitação,
Processo nº 2018-0.115.692-0;
5.3. Seja concedida inaudita altera pars a
medida liminar requerida no item 4.3, decretando-se a
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indisponibilidade dos bens dos demandados conforme apontado de
forma individualizada, valor este a ser atualizado monetariamente,
promovendo-se as seguintes medidas, sem prejuízo de outras
posteriormente indicadas caso estas se mostrem insuficientes:
a) expedição de ofício à Central de
Indisponibilidade de Bens, na forma estabelecida pelo Provimento n°
013/2012 da CGJ do TJSP, comunicando a indisponibilidade dos
bens imóveis dos demandados e solicitando as averbações
necessárias;
b) bloqueio de todos os veículos licenciados em
nome dos demandados, por intermédio do Sistema RENAJUD;
c) bloqueio de todas as contas correntes e
aplicações financeiras dos demandados, por intermédio do Sistema
BACENJUD;
d) sejam bloqueados todos os bens imóveis
registrados em nome dos demandados, via Sistema ARISP.
5.4. Seja determinada a notificação para
apresentação de manifestação por escrito e, após o recebimento da
inicial, a citação de BRUNO COVAS, MARCOS RODRIGUES
PENIDO, VITOR LEVY CASTEX ALY, RAPHAEL DO AMARAL
CAMPOS JUNIOR e JZ ENGENHARIA E COMÉRCIO LTDA, para
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responderem, caso queiram, aos termos da presente ação, sob pena
de revelia e confissão;
5.5. Seja determinada a prévia intimação da
Fazenda Pública do Município de São Paulo e do Departamento de
Estradas de Rodagem - DER para integrarem a lide, caso assim
entenda, na forma do artigo 17, § 3º da Lei n° 8.429/92;
5.6 - Seja julgada procedente a presente ação
para condenar BRUNO COVAS e VITOR LEVY CASTEX ALY como
incursos nos artigos 10, inciso VIII e 11, caput, todos da Lei Federal
nº 8.429/92, aplicando-se as sanções dispostas no artigo 12, II, da
Lei 8.429/1992, Subsidiariamente, aquelas previstas no artigo 12,
inciso III, do mesmo diploma legal, especificadamente: i) perda da
função pública; ii) ressarcimento integral do dano; iii) suspensão dos
direitos políticos de cinco a oito anos; iv) pagamento de multa civil de
duas vezes o valor do dano; e v) proibição de contratar com o Poder
Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica
da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
5.7. Seja julgada procedente a presente ação
para condenar MARCOS RODRIGUES PENIDO e RAPHAEL DO
AMARAL CAMPOS JÚNIOR como incursos nos artigos 10, inciso VIII
e 11, caput, todos da Lei Federal nº 8.429/92, aplicando-se as
sanções dispostas no artigo 12, I, da Lei 8.429/1992,
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subsidiariamente, aquelas previstas no artigo 12, inciso III, do
mesmo diploma legal: i) ressarcimento integral do dano; ii) suspensão
dos direitos políticos de cinco a oito anos; iii) pagamento de multa
civil de duas vezes o valor do dano; e iv) proibição de contratar com
o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco
anos;
5.8. Seja julgada procedente a presente ação
para condenar JZ ENGENHARIA E COMÉRCIO LTDA , como
incursos nos artigos 10, inciso VIII e 11, caput, c/c artigo 3º, todos
da Lei Federal nº 8.429/92, aplicando-se as sanções dispostas no
artigo art. 12, II ou III, da Lei 8.429/1992, especificadamente:
i) ressarcimento ao erário; ii) pagamento de multa civil de duas vezes
o valor do acréscimo patrimonial; e iv) proibição de contratar com o
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco
anos.
5.8. Seja julgada procedente a presente ação
para condenar todos os demandados ao pagamento de dano moral
coletivo nos termos do item 3.6 desta petição, correspondente a 30%
do valor do dano ao erário, totalizando a quantia de R$ 2.510.198,29,
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corrigidos e acrescidos de juros;5.9. Seja autorizado ao sr. Oficial de
Justiça os benefícios do artigo 212 do Código de Processo Civil para
a realização dos atos processuais;
5.10. Sejam as demandadas condenadas ao
pagamento de quaisquer custas processuais;
5.11. Seja permitida a produção de todo o tipo
de prova admissível no ordenamento jurídico (depoimento pessoal,
testemunhal, documental, pericial, vistoria, inspeção judicial, etc.);
5.12. Não seja realizada a audiência de
conciliação ou de mediação, ante a vedação prevista no artigo 841 do
Código Civil;
5.13. Seja o demandante dispensado do
pagamento de custas, emolumentos e outros encargos (artigo 18 da
Lei n° 7.347/85 e artigo 87 do Código de Defesa do Consumidor);
5.14. Seja determinada a intimação pessoal do
Órgão Ministerial de todos os atos e termos processuais, com fulcro
no artigo 180, caput c/c 183, § 1º, do CPC e artigo 224, inciso XI da
Lei Complementar Estadual n° 734/93.
5.15. Seja autorizada a protocolização física das
cópias das mídias contendo arquivos, nos termos do artigo 1.259 das
Normas do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Provimento
nº 50/1989 e 30/2013), caso necessário.
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO E SOCIAL DA CAPITAL
Rua Riachuelo nº 115 - 7º andar - Centro - CEP 01007-904 +55 11 3119-9539 | FAX: +55 11 3119 9948
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84
Dá à causa o valor de R$ 27.612.181,15 (vinte
e sete milhões, seiscentos e doze mil, cento e oitenta e um, e quinze
centavos).
São Paulo, 25 de fevereiro de 2019.
MARCELO CAMARGO MILANI
8ª Promotor de Justiça do Patrimônio Público e Social da
Capital
Ana Beatriz de Souza Slobodticov
Analista Jurídica do Ministério Público
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