exegese de mc 2. 1 - 12 final

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IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL SÍNODO NORTE FLUMINENSE PRESBITÉRIO DE CAMPOS EXEGESE NO EVANGELHO DE MARCOS 2: 1 - 12 ERICK RAMOS DE CASTRO CAMPOS DOS GOYTACAZES

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Page 1: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

IGREJA PRESBITERIANA DO BRASILSÍNODO NORTE FLUMINENSE

PRESBITÉRIO DE CAMPOS

EXEGESE NO EVANGELHO DE MARCOS 2: 1 - 12

ERICK RAMOS DE CASTRO

CAMPOS DOS GOYTACAZES2009

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ERICK RAMOS DE CASTRO

EXEGESE NO EVANGELHO DE MARCOS 2: 1 - 12

Exegese apresentada aoPresbitério de Campos – PCMPem cumprimento às exigênciasdo artigo 120, alínea b da CIPB.

Tutor: Rev. Roberto Cachoeira

CAMPOS DOS GOYTACAZES

2009

ii

Page 3: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que através do Espírito Santo ilumina e instrui a sua Igreja

por sua Palavra.

Agradeço a Deus pela sua infinita Graça e misericórdia, pela capacitação e

provisão.

À minha linda maravilhosa esposa Karina pelas orações, pelo

companheirismo, altruísmo e pelo incentivo.

Aos meu pais pela formação e incentivo quanto aos estudos.

Aos pastores Marcos, Roberto Cachoeira e Benedito Carlos Cherene pelo

acompanhamento, conselhos e incentivos.

Aos Presbíteros do Conselho da Igreja Presbiteriana de Campos.

Às Igrejas Presbiterianas do Jardim América/BH e Central de Campos pelo

apoio incansável e pelas orações.

Às Congregações Presbiterianas do Carvão e do Jaqueline/BH pelo apoio e

pelas orações.

Ao presbitério de Campos dos Goytacazes pelo envio ao STPRDNE tendo em

vista meu preparo acadêmico-teológico.

Aos professores e funcionários do Seminário Denoel Nicodemos Eller e do

Seminário Teológico Batista Fluminense pelo ensino e por proporcionar tal ambiente.

Aos amigos que Deus colocou em minha vida. Aos seminaristas de ambos os

seminários.

iii

Page 4: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

Dedico a Deus, a Igreja Presbiteriana de Campos,

à minha esposa e filhos, aos meus pais,

familiares, amigos e todo aquele que ama o

estudo da Palavra de Deus.

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Page 5: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

RESUMO

CASTRO, Érick R. Tese em Exegese nos Evangelhos;Orientador: Roberto CachoeiraCampos: STBF, 2009, 46 fls, Tese em Exegese de Conclusão de Curso.

Esta Exegese nos mostra a atenção de Jesus em cumprir seu

propósito de pregar, exortar e ensinar a respeito do Reino de Deus. As

ações que se seguem na narrativa do evangelho de Marcos 2: 1–12 são

usadas de modo ilustrativo por Jesus para demonstrar na prática o

conteúdo dos seus ensios. Será possível também perceber nesta perícope,

o esforço do autor em ressaltar o ensino messiânico, a autoridade

messiânica e a glorificação messiânica. Esta passagem nos mostra muitos

princípios hoje deixados para trás, que servem como princípios norteadores e que

precisam ser aplicadas à igreja.

Palavras-chaves:

anunciava-lhes a palavra; doente; coração; levanta-te; Filho do homem; autoridade;

perdoar; pecados; se admirarem; glória a Deus

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Page 6: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

ÍNDICE

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................07

ANÁLISE MORFOLÓGICA E TRADUÇÃO...............................................................12

1. Texto grego de Marcos 2.1-12..................................................................12

2. Morfologia.................................................................................................12

3. Tradução literal ou idiomáica....................................................................12

4. Tradução pessoal.....................................................................................21

GÊNERO LITERÁRIO ..............................................................................................23

CONTEXTO HISTÓRICO .........................................................................................25

1. Autoria......................................................................................................25

2. Local/Data.................................................................................................26

3. Destinatário...............................................................................................27

4. Objetivo/Propósito......................................................................................28

5. Conteúdo/Estruturação.............................................................................28

ESTRUTURAÇÃO DE CONTEXTOS .......................................................................30

1. Contexto Anterior – Atos 12.20-25............................................................30

2. Contexto Posterior – Atos 13.4-12............................................................30

PALAVRA E EXPRESSÕES CHAVES......................................................................31

TRAÇOS GRAMATICAIS DA PASSAGEM ..............................................................32

ESTRUTURAÇÃO DA PASSAGEM .........................................................................33

ALINHAMENTO DAS COLUNAS .............................................................................34

INTERPRETAÇÃO DA PASSAGEM ........................................................................36

1. O ensino messiânico.................................................................................36

2. A autoridade messiânica...........................................................................37

3. A glorificação messiânica.........................................................................38

TEOLOGIA DA PASSAGEM .....................................................................................39

CONTRIBUIÇÃO DA PASSAGEM ...........................................................................46

1. Fé..............................................................................................................40

2. Conclusão.................................................................................................41

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................44

BIBLIOGRAFIA .........................................................................................................45

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Page 7: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

INTRODUÇÃO

A língua grega foi escolhida por Deus e usada pelos homens a fim de

comunicar as verdades espirituais do próprio Deus, naquilo que se conhece por

Novo Testamento.

A linguagem é o meio de comunicação entre duas ou mais pessoas. Os

autores bíblicos usaram as palavras para comunicar a revelação de Deus para todo

ser humano em todas as épocas. Diante disso, pode-se encontrar o primeiro desafio

para uma boa interpretação bíblica, a saber, o entendimento do verdadeiro sentido

das palavras usadas pelo autor bíblico.

Algumas palavras ganham sentido próprio com o passar do tempo, ou até

mesmo são modificadas. Por isso, para entender o que o autor bíblico quer dizer,

procurar-se-á conhecer o significado das palavras e, para tal, usar-se-á os léxicos e

as gramáticas. A fim de facilitar a visualização dos sentidos de cada palavra do texto

bíblico utilizado, faz-se o uso de tabelas, colocando os vocábulos da língua grega e

os seus respectivos significados na língua portuguesa. Assim, evita-se a propensão

de trair o real sentido do texto sagrado. Mais adiante, na interpretação, usam-se

algumas palavras dentro de sua sintaxe para, na harmonia da sentença, serem

extraídas as riquezas do conteúdo bíblico.

Todos os livros das Sagradas Escrituras possuem um gênero literário. Pode-

se dizer que gênero literário é o tipo de literatura usada com a finalidade a que se

propõe o literato. Dentre os gêneros literários contidos nas Escrituras pode-se

destacar a prosa, a poesia, a narrativa, a epistolar e a apocalíptica. Para que haja

uma interpretação fidedigna é necessário observar e respeitar as características

próprias de cada livro dentro do seu estilo literário. Destarte, verificar-se o gênero

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Page 8: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

literário do livro em que o texto foi escolhido, a fim de que se entenda melhor as

palavras do autor bíblico.

A estrutura de contextos é a parte da exegese em que o texto interpretado

não pode ser visto e analisado de forma isolada. Diante disso, deve ser feito um

estudo dos contextos imediatos, observando o contexto anterior e posterior,

separando-os em duas perícopes1 para se fazer colunas dos contextos que

auxiliarão na amarração dos contextos com o texto e na interpretação da passagem.

Assim sendo, não se usa o texto isolado a fim de interpretar o que se quer, ou o que

se acha, mas usa-se o texto dentro de seu contexto com o intuito de manter a

unidade de pensamento do autor.

O contexto histórico possibilita a entrada do leitor na época em que o autor

bíblico escreveu o seu livro, em que se verifica a autoria. Tudo isso tem por objetivo

posicionar o intérprete histórica e contextualmente, para que esse examine a época

do autor à luz dos acontecimentos históricos, proporcionando uma melhor

compreensão da sua perspectiva e da sua mensagem.

Ainda dentro do contexto histórico, encontra-se a datação, que é a busca da

data em que o livro bíblico foi escrito. Isso possibilita ao exegeta correlacionar a

mensagem do autor com os acontecimentos da época em que o livro foi escrito.

Além disso, outra questão importante são os destinatários, isto é, aqueles que

originalmente receberam a mensagem do autor bíblico. Quando se sabe quem, e

com quem se está falando, a mensagem torna-se mais compreensível, pois se pode

fazer um estudo detalhado da vida dos quais a mensagem estava sendo dirigida.

Por fim, apresenta-se o propósito do livro sagrado. Toda essa parte do contexto

histórico tem a finalidade de levar o intérprete a construir uma ponte entre ele e os

dias do autor daquele determinado texto sagrado.

1 Perícope é a delimitação da idéia do texto em um bloco de parágrafos.

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Page 9: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

O conteúdo é a parte da exegese que por meio de um resumo detalhado do

livro em que o texto foi escolhido, encontra-se o cordão que liga as várias partes do

texto em um só, ou seja, existe uma linha lógica e racional de toda a mensagem do

texto bíblico que é percebida por meio de sua correlação mútua. E o exegeta usará o

conteúdo dessa mensagem para se balizar com o intento de, na hora da sua

interpretação, não ser discordante com a mensagem holística do autor.

O levantamento de palavras-chaves possibilita ao exegeta enxergar a idéia

central do texto. Os traços gramaticais, ou tendência da passagem, são os

levantamentos da quantidade dos verbos no seu tempo, modo e voz, com o objetivo

de mostrar aquele que mais se repete no texto, para que na hora da interpretação

fique claro que o autor estava falando de um fato que ainda iria ocorrer, ou se estava

ocorrendo, ou se já ocorrera. Logo, são somadas essas características com tantas

outras variações dos verbos gregos, o que auxilia no momento de situar o fato

escrito com o fato histórico.

A perícope selecionada para o estudo exegético adquire colunas que facilitam

na ocasião da amarração do texto com os contextos e na da interpretação. Essas

colunas são delimitações de idéias no texto, separados pelos versos em tópicos

frasais. Ainda, procede a amarração das colunas do texto com os contextos

imediatos. O conceito amarração dos contextos são paráfrases do texto com os

contextos que mostram a conectividade das perícopes e o pensamento linear e

progressivo do autor bíblico.

A interpretação é a parte em que o exegeta responde as seguintes perguntas:

O que o autor quis dizer ao escrever esse texto? Qual a mensagem que ele queria

passar para os destinatários primários? Nessa parte da exegese, é visto que o texto

bíblico possui um único sentido. O trabalho de interpretação busca esse sentido por

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Page 10: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

meio da pesquisa científica. Nesse trabalho, utiliza-se o método histórico-gramatical

de interpretação, além de se valer de vários comentários críticos e exegéticos de

autores reformados que outrora trabalharam com o texto bíblico, na tentativa de se

manter fiel à passagem bíblica, ou seja, a mensagem pretendida pelo autor bíblico.

Outra contribuição desta exegese é promover um melhor entendimento

bíblico, levantando os tópicos teológicos dentro da passagem, pois na dissecação

dos mesmos pode-se avistar a unidade das Escrituras Sagradas em seus temas e a

sublime contribuição que o texto analisado oferece para a dogmática cristã.

Depois de trabalhar com o texto nas formas supracitadas, cabe ao exegeta

aplicar a mensagem dos dias do autor à época presente. Enquanto a interpretação é

a mensagem para os dias do autor, a aplicação é a mensagem para os dias do

leitor. Enquanto que na interpretação as perguntas feitas são: O que o autor quis

dizer ao escrever esse texto? Qual a mensagem que ele queria passar para os

destinatários primários? Na aplicação, as perguntas são: O que esse texto tem haver

com a vida do cristão pessoal? O que esse texto tem haver com os grandes

desafios da atualidade? Por isso, deve-se salientar que toda exegese deve culminar

na praticidade da mensagem bíblica, ou seja, todo trabalho no estudo exegético do

texto sagrado deve desembocar no contexto da igreja atual.

Ainda, enquanto a interpretação possui um só sentido, a aplicação pode se

dar em múltiplas formas. O trabalho exegético é feito para que os líderes

eclesiásticos preguem uma mensagem fiel às Escrituras. Por isso, é importante

entender que uma mensagem em que só há aplicações sem uma boa interpretação,

é tão ruim para a igreja quanto uma boa interpretação sem aplicações. Uma coisa

não deve andar sem a outra, logo, essa parte da exegese é tão importante quanto

às outras.

x

Page 11: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

Diante da abordagem realizada, esse trabalho visa encontrar o real sentido

proposto pelo autor bíblico no texto de Marcos 2: 1 - 12. Para tal, será adotada a

metodologia ensinada e exigida pelo Seminário Teológico Presbiteriano Rev. Denoel

Nicodemos Eller, conforme as aulas de Metodologia Exegética, juntamente com as

de Exegese nos Evangelhos, Exegese de Atos dos Apóstolos, Exegese nas Cartas

Paulinas e Exegese nas Cartas Gerais, que está em conformidade com a norma

culta exigida e plenamente submissa ao Manual do Candidato - ANEXO V –

METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE TESE E EXEGESE. Antes de dar início

ao trabalho propriamente dito, é válido salientar que os passos supracitados são os

exegéticos e que antes de tomá-los, deve-se adotar um cuidado imprescindível, a

saber, a oração na dependência do Espírito Santo para se trabalhar com texto

sagrado. Por isso o desejo do autor desse trabalho é que Deus o ilumine, para que a

exposição de Sua Palavra se dê de forma fiel, clara e relevante.

ANÁLISE MORFOLÓGICA E TRADUÇÃO

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Page 12: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

Marcos 2: 1 – 12 (Texto Grego)

2.1 Kai\ ei)selqw\n pa/lin ei)j Kafarnaou\m di' h(merw=n h)kou/sqh o(/ti e)n oi)/k% e)sti/n. 2.2 kai\ sunh/xqhsan polloi\ w(/ste mhke/ti xwrei=n mhde\ ta\ pro\j th\n qu/ran, kai\ e)la/lei au)toi=j to\n lo/gon. 2.3 kai\ e)/rxontai fe/rontej pro\j au)to\n paralutiko\n ai)ro/menon u(po\ tessa/rwn. 2.4 kai\ mh\ duna/menoi prosene/gkai au)t%= dia\ to\n o)/xlon a)peste/gasan th\n ste/ghn o(/pou h)=n, kai\ e)coru/cantej xalw=si to\n kra/batton o(/pou o( paralutiko\j kate/keito. 2.5 kai\ i)dw\n o( )Ihsou=j th\n pi/stin au)tw=n le/gei t%= paralutik%=, Te/knon, a)fi/entai/ sou ai( a(marti/ai. 2.6 h)=san de/ tinej tw=n grammate/wn e)kei= kaqh/menoi kai\ dialogizo/menoi e)n tai=j kardi/aij au)tw=n, 2.7 Ti/ ou(=toj ou(/twj lalei=; blasfhmei=: ti/j du/natai a)fie/nai a(marti/aj ei) mh\ ei(=j o( qeo/j; 2.8 kai\ eu)qu\j e)pignou\j o( )Ihsou=j t%= pneu/mati au)tou= o(/ti ou(/twj dialogi/zontai e)n e(autoi=j le/gei au)toi=j, Ti/ tau=ta dialogi/zesqe e)n tai=j kardi/aij u(mw=n; 2.9 ti/ e)stin eu)kopw/teron, ei)pei=n t%= paralutik%=, )Afi/entai/ sou ai( a(marti/ai, h)\ ei)pei=n, )/Egeire kai\ a)=ron to\n kra/batto/n sou kai\ peripa/tei; 2.10 i(/na de\ ei)dh=te o(/ti e)cousi/an e)/xei o( ui(o\j tou= a)nqrw/pou a)fie/nai a(marti/aj e)pi\ th=j gh=j le/gei t%= paralutik%=, 2.11 Soi\ le/gw, e)/geire a)=ron to\n kra/batto/n sou kai\ u(/page ei)j to\n oi)=ko/n sou. 2.12 kai\ h)ge/rqh kai\ eu)qu\j a)/raj to\n kra/batton e)ch=lqen e)/mprosqen pa/ntwn, w(/ste e)ci/stasqai pa/ntaj kai\ doca/zein to\n qeo\n le/gontaj o(/ti Ou(/twj ou)de/pote ei)/domen.

2.1 Kai\ ei)selqw\n pa/lin ei)j Kafarnaou\m di' h(merw=n h)kou/sqh o(/ti e)n oi)/k% e)sti/n. Kai\ - conjunção (e, também)

ei)selqw\n - (ei)s + e)/rxomai = para + ir, ou vir, passar) Verbo no particípio aoristo

ativo nominativo masculino singular (entrar)

pa/lin – advérbio (novamente, de novo, mais uma vez)

ei)j – preposição (em, na, dentro, para)

Kafarnaou\m – substantivo próprio feminino sing. Acusativo (cafarnaum)

di - preposição com genitivo (por, através)

h(merw=n – substantivo comum feminino plural genitivo (dias)

h)kou/sqh – (foi ouvido) Verbo no ind. Aoristo pass. 3ª p. do sing. ou pronome

apassivador (ouvi-se)

o(/ti – conjunção (que, por causa, de modo que, de tal modo, assim)

e)n – preposição (em)

xii

Page 13: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

oi)/k% - subst. Comum masculino sing. Dativo (casa, habitação)

e)sti/n – (estar) Verbo no ind. Presente ativo 3 p. do sing.

Tradução Literal

E entrou de novo dentro de Cafarnaum depois de dias, desta forma, foi ouvido em

casa.

2.2 kai\ sunh/xqhsan polloi\ w(/ste mhke/ti xwrei=n mhde\ ta\ pro\j th\n qu/ran, kai\ e)la/lei au)toi=j to\n lo/gon. kai\ - preposição (e, também)

sunh/xqhsan – (foram ajuntados) Verbo no ind. Aoristo passivo 3 p. plural

polloi\ - adjetivo nominativo masculino plural (muitos, numerosos)

w(/ste – conjunção subordinativa (de sorte que, de modo que)

mhke/ti – advérbio (não mais)

xwrei=n – (cabiam) Verbo no infinitivo presente ativo

mhde\ - partícula negativa (nem mesmo, mas não)

ta\ - artigo definido neutro plural acusativo

pro\j – preposição (junto à, perto dá, próximo à)

th\n – artigo definido feminino singular acusativo

qu/ran – substantivo comum singular feminino acusativo (porta)

kai\ - preposição (e, também)

e)la/lei – (falava) Verbo no ind. Imperf. Ativo 3ª p. do sing

au)toi=j – pronome pessoal masculino plural dativo (a eles)

to\n - artigo definido masculino singular acusativo

lo/gon - substantivo comum singular masculino acusativo (palavra)

Tradução Literal

E foram ajuntados muitos, de modo que não mais cabiam na porta, e falava a eles a

palavra.

2.3 kai\ e)/rxontai fe/rontej pro\j au)to\n paralutiko\n ai)ro/menon

u(po\ tessa/rwn.

kai\ - preposição (e, também)

e)/rxontai – (foram) Verbo no presente indicativo médio depoente 3ª p. plural

xiii

Page 14: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

fe/rontej – (levando, carregando) Verbo no part. Pres. Ativo masc. Plural

nominativo

pro\j - preposição (para)

au)to\n - pronome pessoal masculino singular acusativo (a ele)

paralutiko\n - adjetivo masculino singular acusativo (paralítico)

ai)ro/menon – (sendo erguido) Verbo no part. presente passivo masc. Sing. acusat.

U(po\ - preposição (através de, por)

tessa/rwn – numeral cardinal masculino plural genitivo (quatro)

Tradução Literal

E também foram levando para Ele, paralítico sendo erguido por quatro.

2.4 kai\ mh\ duna/menoi prosene/gkai au)t%= dia\ to\n o)/xlon a)peste/gasan th\n ste/ghn o(/pou h)=n, kai\ e)coru/cantej xalw=si to\n kra/batton o(/pou o( paralutiko\j kate/keito. kai\ - preposição (e, também)

mh\ - partícula negativa (não)

duna/menoi – (podendo) Verbo no part. presente médio masc. plural nominativo

prosene/gkai – (ter soltado, passado) Verbo no inf. aoristo ativo

au)t%= - pronome pessoal masculino singular dativo (a ele)

dia\ - preposição no genitivo (por, através)

to\n - artigo definido masculino singular acusativo

o)/xlon – substantivo comum masculino singular acusativo (multidão)

a)peste/gasan – (destelharam) Verbo no ind. aoristo ativo 3ª p. plural

th\n - artigo definido feminino singular acusativo

ste/ghn – substantivo comum feminino singular acusativo (telhado)

o(/pou – advérbio relativo de lugar (onde, aonde, no lugar)

h)=n – (estava) Verbo no inperf. ind. ativo 3ª p. sing

kai\ - preposição (e, também)

e)coru/cantej – (os tendo aberto) Verbo no part. aoristo ativo masc. pl. nominativo

xalw=si – (baixaram) Verbo no pres. Ind. ativo 3ª p. plural

to\n - artigo definido masculino singular acusativo (o)

kra/batton – substantivo comum masculino singular acusativo (cama, leito,

colchão)

xiv

Page 15: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

o(/pou – advérbio relativo de lugar (onde, aonde, no lugar)

o( - artigo definido masculino singular nominativo (o)

paralutiko\j - adjetivo masculino singular nominativo (paralítico)

kate/keito – (ele estava sendo inclinado) Verbo no imperf. ind. pass. 3ª p do sing.

Tradução Literal

E não podendo ter passado com ele pela multidão, destelharam o telhado onde

estava e tendo aberto, baixaram a cama no lugar, inclinando o paralítico.

2.5 kai\ i)dw\n o( )Ihsou=j th\n pi/stin au)tw=n le/gei t%= paralutik%=, Te/knon, a)fi/entai/ sou ai( a(marti/ai. kai\ - preposição (e, também)

i)dw\n – (o tendo visto) Verbo no part. aoristo ativo masc. sing. nominativo

o( - artigo definido masculino singular nominativo (o)

)Ihsou=j – substantivo próprio (nome) masculino singular nominativo (Jesus)

th\n – artigo definido fem. Sing. acusativo (a)

pi/stin – substantivo feminino sing. acusativo (fé, crença)

au)tw=n - pronome pessoal masculino plural genitivo (deles)

le/gei – (fala) Verbo no presente do ind. ativo 3ª p. singular

t%= - artigo definido masculino singular dativo (ao)

paralutik%= - adjetivo masculino singular dativo (paralítico)

Te/knon – subst. Comum neutro sing. vocativo (filho, criança, menino)

a)fi/entai/ - (estão perdoados) Verbo no presente ind. passivo 3ª p. plural

sou – pronome possessivo ou pronome pessoal sing. no genitivo (teu, de ti)

ai( - artigo definido feminino plural nominativo dativo (as)

a(marti/ai - subst. comum fem. plural. nominativo (ofensas)

Tradução Literal

E tendo visto Jesus a fé dele, fala ao paralítivco: “Estão perdoadas as tuas ofensas.”

2.6 h)=san de/ tinej tw=n grammate/wn e)kei= kaqh/menoi kai\ dialogizo/menoi e)n tai=j kardi/aij au)tw=n, h)=san – (estavam) Verbo no imperfeito ind. ativo 3ª p. plural

de/ - conjunção (mas, e)

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Page 16: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

tinej – pronome indefinido masculino plural nominativo (alguns)

tw=n - artigo definido masculino plural genitivo (dos)

grammate/wn - substantivo comum masculino plural genitivo (escribas)

e)kei= - advérbio de lugar (ali)

kaqh/menoi – (sentados, assentados) Verbo no part. presente médio masculino

plural nominativo

kai\ - preposição (e, também)

dialogizo/menoi - (arrasoando) Verbo no part. pres. médio masc. plural nominativo

e)n – preposição (em)

tai=j - artigo definido feminino plural dativo (às)

kardi/aij – substantivo comum feminino plural dativo (corações)

au)tw=n - pronome pessoal masculino plural genitivo (deles)

Tradução Litaral

Mas estavam alguns dos escribas assentados alí e arrazoando em seus corações:

2.7 Ti/ ou(=toj ou(/twj lalei=; blasfhmei=: ti/j du/natai a)fie/nai a(marti/aj ei) mh\ ei(=j o( qeo/j; Ti/ - pronome interrogativo (quem, o que, qual)

ou(=toj – pronome demonstrativo masc. sing. nominativo (este)

ou(/twj – advérbio (assim, como)

lalei= - (fala, falando) Verbo no pres ind. ativo 3ª p. singular

blasfhmei= - (blasfema, blasfemando) Verbo no pres ind. ativo 3ª p. singular

ti/j - pronome interrogativo (quem, o que, qual)

du/natai – (pode)Verbo no pres ind. médio 3ª p. singular

a)fie/nai – (perdoar) Verbo no infinitivo presente ativo

a(marti/aj - subst. comum fem. plural. acusativo (ofensas)

ei) – conjunção subordinativa (se)

mh\ - partícula negativa (não)

ei(=j – preposição (em, na, dentro, para)

o( - artigo definido masculino singular nominativo (o)

qeo/j – substantivo próprio masculino singular nominativo (Deus)

Tradução Literal

xvi

Page 17: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

“Quem é este que fala blasfêmia assim, quem pode perdoar ofensas se não um, o

Deus.”

2.8 kai\ eu)qu\j e)pignou\j o( )Ihsou=j t%= pneu/mati au)tou= o(/ti ou(/twj dialogi/zontai e)n e(autoi=j le/gei au)toi=j, Ti/ tau=ta dialogi/zesqe e)n tai=j kardi/aij u(mw=n; kai\ - preposição (e, também)

eu)qu\j – advérbio (imediatamente)

e)pignou\j – (tendo conhecido, conhecendo) Part. Aor. Ativo Masc. Sing. Nom.

o( - artigo definido masculino singular nominativo (o)

)Ihsou=j - substantivo próprio (nome) masculino singular nominativo (Jesus)

t%= - artigo definido masculino singular dativo (ao)

pneu/mati – substantivo comum neutro singular dativo (espírito)

au)tou= - pronome possessivo masculino 3ª p. sing. genitivo singular (seu)

o(/ti - conjunção (que, por causa, de modo que, de tal modo, assim)

ou(/twj - advérbio (assim, como)

dialogi/zontai – (arrasoavam, debatiam para si) Pres. ind. medio 3ª p. plural

e)n - preposição (em)

e(autoi=j – pronome reflexivo masculino plural dativo (eles mesmos, si mesmos)

le/gei – (fala, diz) Verbo no presente ind. ativo 3ª p. singular

au)toi=j - pronome pessoal masculino plural dativo (a eles)

Ti/ - pronome interrogativo (quem, o que, qual)

tau=ta – pronome demonstrativo plural neutro acusativo (estes/estas/isto)

dialogi/zesqe – (arrazoai, debatei para vós) Verbo no pres. Ind. médio 2ª p. plural

e)n - preposição (em)

tai=j – artigo definido feminino plural dativo (às)

kardi/aij – substantivo comum feminino plural dativo (corações)

u(mw=n – pronome possessivo 2ª p. plural genitivo (vossos)

Tradução Literal

E imediatamente, tendo conhecido Jesus em seu espírito o que eles debatiam

dentrode si mesmos, diz a eles: “o que arrazoai para vós isto em vossos corações?”

xvii

Page 18: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

2.9 ti/ e)stin eu)kopw/teron, ei)pei=n t%= paralutik%=, )Afi/entai/ sou ai( a(marti/ai, h)\ ei)pei=n, )/Egeire kai\ a)=ron to\n kra/batto/n sou kai\ peripa/tei; ti/ - pronome interrogativo (quem, o que, qual)

e)stin – (ser) Verbo no pres. Ind. ativo 3ª p. singular

eu)kopw/teron – adjetivo ou advérbio (mais fácil)

ei)pei=n – (dizer, ter dito) Verbo no aoristo infinitivo ativo

t%= - artigo definido masculino singular dativo (ao)

paralutik%= - adjetivo masculino singular dativo (paralítico)

)Afi/entai/ - (perdoados) Verbo no perf. Ind. passivo 3ª p. plural

sou – Pronome possessivo masculino singular genitivo (teu)

ai( - artigo definido feminino plural nominativo (a)

a(marti/ai – substantivo comum feminino plural nominativo (ofensas, pecados)

h)\ - conjunção coordenativa (ou)

ei)pei=n - (dizer, ter dito) Verbo no aoristo infinitivo ativo

)/Egeire – (levanta) Verbo no imp. pres. ativo 2ª p. singular

kai\ - preposição (e, também)

a)=ron – (pega) Verbo no imp. pres. ativo 2ª p. singular

to\n - artigo definido masculino singular acusativo (o)

kra/batto/n - substantivo comum masculino singular acusativo (cama, leito,

colchão)

sou - Pronome possessivo masculino singular genitivo (teu)

kai\ - preposição (e, também)

peripa/tei - (anda) Verbo no imp. pres. ativo 2ª p. singular

Tradução Literal

“Qual é mais fácil? Perdoados estão teus pecados ou; dizer: levanta e pega tua

cama e anda?”

2.10 i(/na de\ ei)dh=te o(/ti e)cousi/an e)/xei o( ui(o\j tou= a)nqrw/pou a)fie/nai a(marti/aj e)pi\ th=j gh=j le/gei t%= paralutik%=, i(/na – conjunção subordinativa (para que)

de\ - conjunção coordenativa (e, mas)

ei)dh=te – (saibais) Verbo no pres. subj. ativo 2ª p. pl.

xviii

Page 19: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

o(/ti – conjunção (para que, a fim de que, de modo que, por causa de)

e)cousi/an – (autoridade) subst. comum feminino sing. acusativo

e)/xei – (tem) Verbo no pres. ind. ativo 3ª p. sing.

o( - artigo definido masculino singular nominativo (o)

ui(o\j – subst. comum masculino singular nominativo (filho)

tou= - artigo definido masculino singular genitivo (do)

a)nqrw/pou - subst. comum masculino singular genitivo (homem)

a)fie/nai – (perdoar) Verbo no inf. presente ativo

a(marti/aj – subst. comum feminino plural acusativo (pecados)

e)pi\ - preposição (sobre)

th=j – artigo definido feminino singular genitivo (a)

gh=j – subst. comum feminino singular genitivo (terra)

le/gei – (diz) Verbo no pres. ind. ativo 3ª p. sing

t%= - artigo definido masculino singular dativo (ao)

paralutik%= - adjetivo masculino singular dativo (paralítico)

Tradução Literal

“E para que saibais, que autoridade, tem o filho do homem para perdoar pecados

sobre a terra.”, ao paralítico:

2.11 Soi\ le/gw, e)/geire a)=ron to\n kra/batto/n sou kai\ u(/page

ei)j to\n oi)=ko/n sou.

Soi\ - pronome pessoal singular dativo (ti)

le/gw (- (digo, falo) Verbo no pres. ind. ativo 1ª p. sing.

e)/geire – (levanta, erga) Verbo no imp. pres. ativo 2ª p. singular

a)=ron – (toma, apanha, pega) Verbo no imp. aor. ativo 2ª p. singular

to\n - artigo definido masculino singular acusativo (o)

kra/batto/n - substantivo comum masculino singular acusativo (cama, leito,

colchão)

sou - Pronome possessivo masculino singular genitivo (teu)

kai\ - preposição (e, também)

u(/page – (vá, parta, siga) Verbo no imp. pres. ativo 2ª p. singular

ei)j – preposição (em direção a)

to\n - artigo definido masculino singular acusativo (o)

xix

Page 20: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

oi)=ko/n – subst. comum masculino singular acusativo (casa)

sou - Pronome possessivo masculino singular genitivo (teu)

Tradução Literal

“ te digo levanta, toma o teu leito e vá em direção a tua casa.”

2.12 kai\ h)ge/rqh kai\ eu)qu\j a)/raj to\n kra/batton e)ch=lqen e)/mprosqen pa/ntwn, w(/ste e)ci/stasqai pa/ntaj kai\ doca/zein to\n qeo\n le/gontaj o(/ti Ou(/twj ou)de/pote ei)/domen. kai\ - preposição (e, também)

h)ge/rqh - (ele foi levantado) Verbo no aoristo ind. passivo 3ª p. sing.

kai\ - preposição (e, também)

eu)qu\j – advérbio (imediatamente)

a)/raj – (tomando, apanhando, pegando) part. aoristo ativo

to\n - artigo definido masculino singular acusativo (o)

kra/batton - substantivo comum masculino singular acusativo (cama, leito, colchão)

e)ch=lqen – (saiu) aoristo ind. ativo 3ª p. singular

e)/mprosqen – preposição (diante, perante)

pa/ntwn – adjetivo indefinido genitivo (todos)

w(/ste – conjunção (de modo que, a fim de que de maneira que, para que)

e)ci/stasqai – (se admiravam, assombravam) inf. pres. médio

pa/ntaj - adjetivo indefinido acusativo (todos)

kai\ - preposição (e, também)

doca/zein – (glorificavam) infinitivo preseste ativo

to\n - artigo definido masculino singular acusativo (o)

qeo\n - substantivo comum masculino singular acusativo (Deus)

le/gontaj – (falando, dizendo) particípio presente ativo

o(/ti - conjunção (para que, a fim de que, de modo que, por causa de)

Ou(/twj – advérbio (deste modo, desta maneira)

ou)de/pote – advérbio de negação (nunca, jamais)

ei)/domen – (vimos) aoristo indicativo ativo

Tradução Literal

xx

Page 21: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

E ele foi erguido, e imediatamente, tomando a cama, saiu de diante de todos, de

modo que todos se admiravam e glorificavam a Deus dizendo: jamais vimos desta

maneira.

Tradução Pessoal

1 - E entrou novamente em Cafarnaum, depois de dias, assim, foi ouvido que estava

em casa.

2 - E muitas pessoas estavam reunidas, de modo que não havia mais espaço,

mesmo junto à porta, e ele estava falando a palavra a eles.

3 - E eles vieram, trazendo-lhe um paralítico, carregado por quatro homens.

4 - E não sendo possível passar com ele pela multidão, removeram o teto acima

dele, e quando eles cavaram uma abertura, desceram o leito em que o paralítico

estava deitado.

5 - E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: "Meu filho, teus pecados estão

perdoados."

6 - Mas havia alguns dos escribas ali sentados e confabulavam em seus corações:

7 - Por que esse homem fala assim? Ele está blasfemando; Quem pode perdoar

pecados se não Deus?"

8 - E logo Jesus, consciente em seu espírito sobre o que eles pensavam, disse-lhes:

"Por que você raciocinam sobre estas coisas em vossos corações?”

9 - “O que é mais fácil dizer ao paralítico: Os teus pecados estão perdoados, ou

dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?”

10 - "Mas, para que vocês saibam que o Filho do Homem tem na terra autoridade

para perdoar pecados, ao paralítico eu digo”

11 - “levanta, toma o teu leito e vai para casa".

12 - E ele levantou-se e imediatamente tomou o leito e saiu à vista de todos, de

modo que todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: "Nunca vimos nada

como isso".

xxi

Page 22: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

GÊNERO LITERÁRIO

Marcos é conhecido como um dos evangelhos sinóticos. O termo sinótico vem

de duas palavras gregas, cujo significado é “ver conjuntamente”2. Dessa maneira,

Mateus, Marcos e Lucas tratam basicamente dos mesmos aspectos da vida e

ministério de Jesus. Dos evangélhos sinóticos, Marcos é o mais breve.

De forma geral, Marcos é considerado o primeiro evangelho escrito3. J.

Vernon McGee sustenta que Marcos foi escrito em torno do ano 63 da era crstã4.

Aos olhos de Willian Barclay, este é o livro mais importante do mundo, visto que

serviu de fonte para os outros evangelhos e é o primeiro relato da vida de Cristo que

a humanidade conheceu5.

Os pais da Igreja, unanimemente aceitam a autoria de Marcos deste

evangelho. Papias, um dos pais da Igreja do começo do século II, afirma que o

evangelho de Marcos é a compilação do testemunho pessoal de pedro acerca da

vida e ministério de Cristo. Marcos não foi discípulo de Jesus, mas de Pedro. De

acordo com Papias, Marcos foi “intérprete” de Pedro. Willian Hendriksen diz que não

temos nenhuma razão para rejeitar a tradição de que Marcos foi o “intérprete” de

Pedro, pois o conteúdo do livro confirma essa conclusão6. Esse relato de Papias, 2 BARCLAY, Willian, Marcos. Editora La Aurora, Buenos Aires. 1974, p 11.3 BOCK, Darrel L., Jesus segundo as Escrituras. Shedd Publicações, São Paulo, SP. 2006, p 28.4 MACGEE,J. Vernon, Mark. Thomas Nelson Publishers. Nashville, Atlanta. 1991, p 7.5 BARCLAY, Willian, Marcos. Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2003. 6 Hendriksen, Willian, Marcos. Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2003. p 24.

xxii

Page 23: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

que aparece em uma obra de Eusébio, Bispo de Cesaréia, autor da primeira grande

História da Igreja, no séc. IV,é o mais antigo registro da autoridade de Marcos7.

Há um entendimento generalizado entre os estudiosos, de que Marcos foi

escrito de Roma para os cristãos que viviam em Roma. Segundo Hendriksen,

Marcos foi escrito para satisfazer o pedido urgente do povo de Roma por um resumo

dos ensinos de Pedro8. Para isso, ele cria um gênero literário “Evangelho”, com que

dá aos crentes oriundos do paganismo a boa notícia de que “Jesus Cristo é Filho de

Deus”. Desta forma, Marcos enfatiza mais as obras de Cristo que os seus ensinos. A

ênfase nesse Evangelho está na atividade. Os Romanos estavam mais interessados

em ações que em palavras por isso Marcos descreve mais os milagre de Jesus do

que seus ensinos. O termo que liga como elo os acontecimentos é a palavra

imediatamente. Jesus está sempre se movendo de uma ação para outra. Ele está

curando os segos, limpando os leprosos, levantando os paralíticos, libertando os

possessos, acalmando a tempestade, levantando os mortos. As coisas acontecem

logo ou imediatamente, expressões favoritas de Marcos.

Marcos usa um estilo vivo. Evangelho não é mera história, como hoje se

entende este conceito. Antes, é uma boa notícia.

Em Marcos, não vamos encontrar uma história de Jesus, no sentido técnico

da palavra, mas sim um ‘evangelho’, isto é, uma ‘boa notícia’. Trata-se de um gênero

literário criado por Marcos para dar testemunho e interpretar autenticamente a figura

de Jesus de Nazaré, morto e ressuscitado, mestre único e definitivo da comunidade

à qual o autor dedica a sua obra9.

Assim, Chamamos "Evangelho" a um género literário de escritos do Novo

Testamento que tem apenas quatro exemplares na literatura universal: os

Evangelhos segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. Seu foco narrativo e a forma

como organiza o evangelho em blocos narrativos e discursivos tem como fonte

principal, o evangelho de Marcos. Este gênero de escritos apareceu depois das

cartas autênticas de Paulo e propôs-se transmitir fatos e palavras da vida de Jesus

de Nazaré, que as cartas não tinham ainda referido. Os Evangelhos transmitem-nos

fatos históricos, mas não de maneira "fria" e "isenta", à maneira da historiografia

moderna; os fatos e as palavras de Jesus são coloridos pela experiência das

comunidades da primeira geração cristã, que vai dos anos 30 a 70.

7 POHL, Adolf, Evangelho de Marcos. Ed Evengélica Esperança. Curitiba, 1998, p019.8 Hendriksen, Willian, Marcos. Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2003. p 28 e 29.9 ALEGRE, X. Marcos ou a correção de uma ideologia triunfalista. p.4.

xxiii

Page 24: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

Pensa-se que, quando Marcos escreveu o seu Evangelho, o de Mateus só

haveria uma coleção de palavras de Jesus, sem enquadramento narrativo e sem

milagres.

CONTEXTO HISTÓRICO

I - Autoria

Segundo a tradição e inúmeros escritos, embora não haja no livro nenhuma

prova intrínseca e inequívoca de autoria, a igreja primitiva foi unânime em atestar o

nome de Marcos como escritor deste evangelho. O nome completo na verdade é

João Marcos, sendo João o seu nome hebraico e Marcos seu nome no contexto do

mundo romano de fala grega.

A comprovação mais significativa provém de Papias (140 d. C.), que cita

fontes ainda mais antigas, segundo a qual Marcos foi cooperador de confiança de

Pedro, de quem recebeu informações acerca de tudo que fora dito e realizado pelo

Senhor. Essas informações não chegaram a Marcos num relato organizado e

sequencial da vida do Senhor, mas sob a forma de pregação de pedro, pregação

que visava atender às necessidades das primeiras comunidades cristãs. Marcos

conservou esses dados com grande exatidão. A conclusão extraída desta tradição é

que o evengelho de Marcos consiste, em grande medida, na pregação de Pedro

ordenada e modelada por João Marcos10.

Outros pais da Igreja, incluindo Justino, o mártir, Tertuliano, Clemente de

Alexandria, Orígenes e Eusébio, confirmam Marcos como o autor desse evangelho.

Também associam o evangelho de Marcos com o testemunho do apóstolo Pedro.

Irineu, outro pai da Igreja, afirma: “Depois da morte de Pedro e Paulo, também

10 Bíblia de Estudos NVI p. 1671

xxiv

Page 25: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

Marcos, discípulo e intérprete de Pedro, nos legou por escrito as coisas que foram

pregadas por Pedro”. 11

Marcos é o mais aramaico dos evangelhos, o que evidencia ser um relato da

palavra falada de pedro. O esboço desse evangelho, ainda está afinado com o

conteúdo do evengelho pregado por Pedro na casa de Cornélio (At 10)12.

Marcos era filho de Maria, que não era Maria a mãe de jesus, nem Maria

Madalena, nem Maria de Betânia ou a Maria a mãe de Tiago. Esta Maria era uma

cristã que hospedava cristãos em sua casa (At 12.12) e era uma mulher de recursos

e muito generosa e devotada à causa de Cristo, sempre disposta a abrir sua casa

todas as vezes em que a comunidade cristã precisava usá-la13. O que nos leva a

conclusão de que Marcos tinha familiaridade com a igreja, desde sua juventude14.

Este Marcos era primo de Barnabé (Cl 4.10), e o mesmo que participou da

primeira viagem messionária de Paulo e Barnabé, desistiu no meio do caminho e foi

rejeitado por Paulo na segunda viagem missionária (At 12.25 – 13.13 – 15.37 a 40)15.

II - Data e local

Para alguns, que sustentam que Mateus e Lucas empregaram Marcos como

principal fonte documentária, acreditam que Marcos pode ter sido escrito na década

de 50 ou no começo da década de 60. Há também quem entenda que o conteúdo do

evagelho e as declarações feitas pelos pais da igreja primitiva acerca de Marcos

mostram que o livro foi escrito pouco antes da destruição de Jerusalém, em 70

d.C.16

Robert Gundry afirma que Marcos foi o primeiro evangelho a ser escrito. Não

existe um consenso unânime acerca da data da sua redação; entretanto, ele deve

ter sido escrito entre 55 e 70 d. C, ou seja, antes da destruição de Jerusalém em 70

d. C.17

Irineu e outros pais da Igreja defendem a tese de que Marcos foi escrito depois do

martírio de Pedro e Paulo. Contudo, essa posição contraria a tese de alguns

11 LOPES, Hernandes Dias. Marcos o Evangelho dos Milagres. P. 2012 LOPES, Hernandes Dias. Marcos o Evangelho dos Milagres. P. 2013 HENDRIKSEN, Willian. Marcos Comentário do Novo Testamento p. 1314 LOPES, Hernandes Dias. Marcos o Evangelho dos Milagres. P. 16 e 1715 LOPES, Hernandes Dias. Marcos o Evangelho dos Milagres. P. 1716 Bíblia de Estudos NVI p. 167117 LOPES, Hernandes Dias. Marcos o Evangelho dos Milagres. P. 20

xxv

Page 26: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

estudiosos que confirmam que marcos foi o primeiro escrito e fonte primária dos

demais.18

Uma comparação cuidadosa entre os quatro evangelhos revela uma

semelhança perceptível entre mateus, Marcos e Lucas, ao passo que João se

apresenta bem diferente. Os três primeiros evangelhos concordam grandemente

entre si quanto a linguagem empregada, quanto ao material incluído e quanto à

ordem em que registram fatos e declarações da vida de Cristo. Uma comparação

matemática demonstra que 91% do evangelho de Marcos está contido em Mateus,

ao passo que 53% de Marcos acha-se em Lucas.19

Segundo a tradição da igreja primitiva, Marcos foi escrito nas regiões da Itália

ou, mais especificamente em Roma (Ireneu e Clemente de Alexandria)20. Assim

como há relação do Evangelho de Marcos com Pedro, há também relação e

conexão com Roma21. Tanto Ireneu quanto Clemente defendem o local de Roma

com base no dado histórico de que Pedro estava em Roma nos últimos dias e alí foi

martirizado. Sustentam também com base na evidência bíblica de que Marcos

também estava em Roma por volta da mesma data, estando estreitamente ligado a

Pedro (Tm 4. 11; I Pe 5. 13), em que a palavra “Babilônia” é provavelmente

criptograma referente a Roma.22

Quando o imperador Augusto morreu, no ano 14 d. C., Roma era uma cidade

esplêndida. A capital do império tinha cerca de um milhão de habitantes e

hospedava várias culturas, povos e religiôes. O porto de Roma, Óstia, tornou-se o

centro do comércio mundial. Havia muita riqueza. Construções monumentais eram

erguidas e o luxo dos ricos era exorbitante. Ao mesmo tempo, havia também uma

extrema pobresa e miséria. Os navios despejavam seus produtos por intermédio dos

braços surrados dos escravos. Na cidade, prevaleciam a corrupção, a anarquia e a

decadência moral. A bebedeira e a orgia faziam subir um mau cheiro repugnante da

reluzente metrópole (Rm 13. 11 – 14). Foi para essa cidade enfeitiçada pelo prazer

que Marcos escreveu seu evangelho. Nessa cidade do prazer e do luxo, uma igreja

foi plantada. Essa igreja foi duramente perseguida a partir do ano 64 d. C. Os

cristãos eram queimados vivos, lançados nas arenas para serem pisoteados pelos

18 LOPES, Hernandes Dias. Marcos o Evangelho dos Milagres. P. 2019 Bíblia de Estudos NVI p. 160920 Bíblia de Estudos NVI p. 167221 HENDRIKSEN, Willian. Marcos Comentário do Novo Testamento p. 2522 Bíblia de Estudos NVI p. 1672

xxvi

Page 27: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

touros, enrolados em peles de animais para serem devorados pelos câes raivosos.

Foi para essa igreja mártir que Marcos escreveu seu evangelho23.

III - Destinatário

O Consenso geral entre os estudiosos é que Marcos foi escrito de Roma para

os cristãos que viviam em Roma. Marcos foi escrito para satisfazer o pedido urgente

do povo de Roma por um resumo dos ensinos de Pedro. Podemos perceber isto

quando Marcos enfatiza mais as obras de Cristo que os seus ensinos; apresenta

Jesus como Servo (Mc 10. 45); se detém em explicar termos e costumes judaicos

aos seus leitores(Mc 7. 3, 4; 7. 11; 14. 12); traduz palavras aramaicas (Mc 3. 17; 5.

41); se interessa pela perseguição e pelo martírio (Mc 8. 34 – 38; 13. 9 – 10)24.

V - Objetivo/Propósito

Como o evangelho de Marcos está tradicionalmente associado a Roma, pode

ter sido motivado pelas perseguições da Igreja em Roma no período de cerca de 64

– 67 d. C. O bem conhecido incêndio de Roma em 64, provavelmente deflagrado por

ordem do próprio Nero, sendo a culpa lançada sobre os cristãos, resultou em

perseguição generalizada. Até mesmo o martírio foi experimentedo pelos crentes de

Roma. É possível que Marcos tenha escrito para preparar seus leitores para esse

sofrimento ao apresentar-lhes a vida de nosso Senhor. Há muitas referências, tanto

explícitas quanto veladas, ao sofrimento e ao discipulado, em toda parte do seu

evangelho (Mc 1. 12, 13; 3. 22-30; 8. 34-38; 10. 30-33, 34, 35; 13. 8, 11-13)25.

VI – Conteúdo e estruturação

O primeiro versículo desse evangelho é tanto o título do livro quanto a síntese

do seu conteúdo. Ele traz a sua mensagem central. Alguns comentarístas como

Willian Hendriksen relacionam a palavra “princípio” com a atuação de João Batista

nos versículos seguintes, mas a melhor compreensão é que Marcos está

introduzindo o conteúdo de todo o evangelho.No primeiro capítulo ele escreve:

“Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”. Esse princípio começa

quando Jesus Cristo se fez carne. Jesus Cristo é o evangelho. Esse princípio pode

23 LOPES, Hernandes Dias. Marcos o Evangelho dos Milagres. P. 2424 LOPES, Hernandes Dias. Marcos o Evangelho dos Milagres. P. 22 e 2325 Bíblia de Estudos NVI p. 1672

xxvii

Page 28: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

ser datado. Marcos fala do princípio do evangelho, porque o evangelho estende-se à

obra de Cristo por meio do seu Espírito e sua Igreja, conforme o ensino de Atos 1. 1.

A parte mais importante do evangelho não é o que nós devemos fazer, mas o

que Deus fez por nós em Cristo. O evangelho está centralizado na pessoa de Cristo.

Seu conteúdo é Jesus Cristo: sua vida, obra, morte, ressurreição, governo e

segunda vinda.

Como Marcos escreveu seu evangelho para os romanos, que davam grande

importancia à concisão, vai direto ao assunto e já no primeiro versículo destaca o

título pleno do Senhor, que abarca sua humanidade, sua missão redentora e sua

divindade. Ele é plenamente homem (Jesus). Ele é o ungido de Deus (Cristo). Ele é

plenamente divino (Filho de Deus)26.

I – Eventos introdutórios do Ministério de Jesus 1. 1 – 13

a) Seu precursor 1. 1 – 8

b) Seu batismo 1. 9

c) Sua plenitude do poder do Espírito 1. 10

d) O testemunho divino da sua condição de Filho 1. 11

e) Sua tentação 1. 12 – 13

II – Ministério de Jesus na Galiléia 1. 14; 6. 29

a) Ministério inicial na Galiléia 1. 14; 3. 12

b) Ministério posterior na Galiléia 3. 13; 6. 29

III – Ausências da Galiléia 6. 30; 9. 32

a) Na costa leste do mar da Galiléia 6. 30 – 52

b) Na costa oeste do mar da Galiléia 6. 53; 7. 23

c) Na Fenícia 7. 24 – 30

d) Na região de Decápolis 7. 31; 8. 10

e) Nos arredores de Cesaréia de Filipe 8. 11; 9. 32

IV – Fim do Ministério na Galiléia 9. 33 – 50

V – Ministério de Jesus na Judéia e na Peréia cap. 10

a) Ensinos a respeito do divórcio 10. 1 – 12

b) Ensinos a respeito das crianças 10. 13 – 16

c) O jovem rico 10. 17 – 32

e) Um pedido de dois irmãos 10. 32 – 34

26 LOPES, Hernandes Dias. Marcos o Evangelho dos Milagres. P. 27 e 28

xxviii

Page 29: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

f) A cura do cego Bartimeu 10. 46 – 52

VI – A paixão de Jesus caps 11 – 15

a) A entrada triunfal 11. 1 – 11

b) A purificação do templo 11. 12 – 19

c) A respeito do fim dos tempos no monte das Oliveiras cap 13

d) Jesus é ungido com perfume 14. 1 – 11

e) A paixão de Cristo 14. 12 – 15. 47

VII – A ressurreição de Jesus cap. 16

ESTRUTURA DOS CONTEXTOS

Ambos os contextos estão inceridos no que podemos chamar de Ministério

inicial de Jesus Cristo na Galiléia.

CONTEXTO ANTERIOR

Marcos 1. 40 – 45

Versos 40 a 42 – Humilhação, o veículo para alcançar o favor de Deus.

Versos 43 a 45 – O desejo de testemunhar ao mundo a restauração do Senhor.

CONTEXTO POSTERIOR

Marcos 2. 13 – 17

Versos 13 e 14 – O chamado de Jesus é irresistível.

Verso 15 – Jesus não faz acepção de pessoas.

Versos 16 e 17 – Jesus veio para resgatar o perdido.

xxix

Page 30: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

PALAVRAS E EXPRESSÔES CHAVES

V. 1- em casa (provavelmente a de Pedro).

V. 2 – anunciava-lhes a palavra (boas novas).

V. 3 – paralítico; quatro homens.

V. 4 – baixaram o leito; jazia o doente.

V. 5 – vendo-lhes a fé; pecados; perdoados.

V. 6 – escribas; arrazoavam; coração.

V. 7 – fala, deste modo; blasfêmia; pode; perdoar pecados; Deus.

V. 8 – percebendo; seu espírito; arrazoavam; vosso coração.

V. 9 – mais fácil; perdoados; pecados; levanta-te; leito; anda.

V. 10 – saibais; Filho do homem; sobre a terra; autoridade; perdoar pecados.

V. 11 – levanta-te; toma; leito; vai; tua casa.

V. 12 – se levantou; tomando; leito; retirou-se; se admirarem todos; darem glória a

Deus; jamais vimos coisa assim.

xxx

Page 31: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

TRAÇOS GRAMATICAIS

Tempo Modo Voz

Presente – 29x Indicativo – 27x Ativa – 35x

Perfeito – 1x Particípio – 10x Média – 7x

Aoristo – 15x Imperativo – 3x Passiva – 6x

Imperfeito – 4x Infinitivo – 8x

Futuro – Subjuntivo – 1x

AVALIAÇÕES

Com a predominância do tempo presente, podemos concluir que o fato

narrado está acontecendo, é uma ação em pleno vigor. Podemos dizer que a

passagem se trata de um fato histórico real que está em pleno

desenvolvimento, ou seja, trata-se de uma ação num estado incompleto, que

na língua grega é chamada de “ação durativa linear”.

O que corrobora com tal afirmação, é o fato, da predominância do modo

indicativo que também evidencia que esta passagem tende a apontar eventos

históricos.

Outra coisa também a ser considerada é a ocorrência do Particípio presente

que indica que este texto apresenta ações simultâneas e preparatórias.

A predominância da voz ativa também indica que nesta passagem possui

mais ações práticas do que sofridas pelo sujeito.

xxxi

Page 32: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

CONCLUSÃO

Após fazermos tais avaliações chegamos à conclusão de que há uma

tendência de fatos históricos e de reações presentes, que estão ainda se

desenvolvendo, ligadas aos fatos narrados.

ESTRUTURA DA PASSAGEM

Primeira Coluna: Ensino Messiânico – Vs. 1 e 2

Segunda Coluna: Autoridade Messiânica – Vs. 3 a 11

Terceira Coluna: Glorificação Messiânica – V. 12

xxxii

Page 33: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

AMARRAÇÃO DO TEXTO COM OS CONTEXTOS

ALINHAMENTO DAS COLUNAS

A passagem de Marcos 2: 1 - 12 mostra o primeiro duma série nesta seção,

de hostilidades a Jesus que se manifesta gradativamente entre os escribas e os

fariseus. No contexto anterior, o evangelista narra à cura de um leproso, que ao se

ajoelhar diante de Jesus e dizer: “Se quiseres, podes purificar-me”, conquistou a

atenção e compaixão do Senhor. A compaixão de Cristo se expressa com sua mão

estendida ao leproso que é tocado e por sua declaração: “Quero, fica limpo!”. Depois

de experimentar primeiro o poder de Cristo, o homem pôde cumprir as exigências da

lei. Este cumprimento da lei serviu de testemunho tanto para os sacerdotes como

para o povo. Para conservar aquela ordem, o leproso recebeu a rigorosa instrução

de guardar silêncio, mas sua desobediência fez com que o Senhor mudasse,

temporariamente, seu ministério da cidade para o campo (Cafarnaum). As curas e

milagres realizados por Jesus desde o início do seu ministério serviam para atestar

sua autoridade como messias enviado. Mas como afirmado pelo próprio Jesus no

contexto anterior (Mc 1: 36 – 39), quando era procurado pelo povo por causa dos

seus prodígios, este também tinha a missão de pregar o evangelho e ensinar sobre

as boas novas de salvação.

Correu a notícia em Cafarnaum que Jesus tinha voltado e estava novamente

em casa. Sua fama por causa dos prodígios realizados, dos quais o último foi à cura

do leproso, fez com que a porta da casa onde estava ficasse interditada pela

multidão que lhe procurava. O texto diz que Jesus certamente aproveitando a

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Page 34: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

oportunidade da multidão reunida, “anunciava-lhes a palavra”. Entre a multidão

estavam os escribas, fariseus, doutores da lei, os maiorais entre o povo. Sua

motivação em estar ali não era outra se não curiosidade em ver quem era e porque

todos falavam e procuravam por Jesus. Depois de Jesus conceder perdão ao

paralítico que de forma inusitada foi levado aos seus pés, alçado pelo teto por quatro

homens, estes mesmos escribas e doutores da lei começaram a julgar a atitude de

Jesus, que para demonstrar sua messianidade, também cura o paralítico. Diante

disto, todo o povo passa a glorificar a Deus.

Na sequência de fatos, no contexto posterior, Jesus sai para o mar, e toda a

multidão continuava a lhe seguir. Mais uma vez, aproveitando a multidão reunida,

Jesus passa a lhes ensinar. Neste contexto, Marcos não narra nenhuma

manifestação sobrenatural, isso se não pudermos interpretar a escolha de Jesus em

chamar a Levi para segui-lo, para ser seu discípulo. Levi certamente convida Jesus

para comer com ele em sua casa, onde estão também outros convidados

considerados, como Levi, pecadores e publicanos. Por isso, novamente Jesus

enfrenta hostilidade e julgamento dos escribas e fariseus.

É importante notar que nos três contextos, Jesus é seguido por multidões

atraídas pelos sinais que Ele realizava. Mas nos três momentos, Jesus da ênfase ao

ensino, a pregação do evangelho, a anunciação das boas novas de salvação. Jesus

atestava sua messianidade por meio de atitudes (milagres e prodígios) e palavras

(ensino e pregação). É importante notar também, que por causa destes milagres e

por causa do seu ensino, começa sua perseguição, mas mesmo assim há por parte

do povo seu reconhecimento e consequente glorificação.

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Page 35: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

INTERPRETAÇÃO DA PASSAGEM

Na passagem em questão, Hendriksen diz que comparando os capítulos 1 e

2, fica claramente perceptível o contraste. Enquanto o capítulo 1 é o capítulo da

glória; o capítulo 2 é o da oposição. Apesar de no cap. 1 Jesus encontrar oposição,

ela vinha da parte de satanás e não era bem uma oposição, mas a tentativa de

impedir a obra redentora messiânica de Jesus. Já no cap. 2, frontalmente Jesus

enfrenta oposição. Os escribas arrazoavam em seus corações contra Jesus, depois

reclamam dele e por final reclamam com ele.

Em toda a cena narrada em Mc. 2: 1 – 12, Jesus enfatizava o amor, mas seus

opositores insistiam no legalismo27.

Quando ligamos o capítulo anterior, em especial o verso 38 aos versículos 1 e

2 do cap. 2, ou seja, a declaração de Jesus em afirmar sua missão de pregar o

evangelho, a boa nova, com o povo reunido a porta da casa onde ele estava para

ouvi-lo, podemos perceber a ênfase de Jesus no ensino messiânico. Havia por

onde Jesus passava uma multidão carente. Pessoas enfermas, famintas,

atormentadas. Jesus poderia basear seu ministério em curar e alimentar essas

pessoas, mas os milagres eram os meios e não o fim último do seu ministério. Ali,

naquele lugar, a porta da casa onde estava, que segundo a maioria dos

comentaristas era a casa de Pedro, Jesus pregava o evangelho, esse era o motivo

da sua vinda do céu para a terra, trazer a mensagem de esperança, libertação e

salvação, que culminaria na cruz. Jesus tinha o propósito de provar sua identidade e

missão e abrir portas para a mensagem da salvação.

27 HENDRIKSEN, Willian. Comentário do Novo Testamento Marcos. p. 114.

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Page 36: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

Warren Wiersbe coloca seu foco sob a perspectiva do olhar de Jesus e divide

o texto da seguinte forma: primeiro, Jesus vê quatro homens que se esforçam para

trazer um paralítico aos seus pés; segundo, Jesus vê um homem doente do corpo e

da alma, sofrendo pela dor e pela culpa; terceiro, Jesus vê os críticos que tinham

vindo para vigiá-lo e contradizê-lo; quarto, Jesus vê o coração dos críticos

arrazoando contra ele e acusando-o de blasfêmia28.

Hendriksen ressalta o fato de Marcos não mencionar qualquer palavra

proferida por qualquer dos quatro amigos ou do paralítico. Mas, apesar de nenhum

deles terem falado, todos confiaram. Assim, a fé deles tocou o coração do Senhor a

ponto de Jesus dizer ao paralítico que seus pecados estavam perdoados29.

A narrativa de Marcos evidencia a fé dos quatro amigos que nos traz alguns

ensinamentos. A sua fé lhes deu visão. Visão para perceber a necessidade do

paralítico que precisava chegar até Jesus. Visão para perceber que o paralítico não

queria chegar até Jesus somente por curiosidade, como muitos ali estavam, mas

queria chegar porque sabia que sua vida poderia mudar. A sua fé lhes deu

perseverança para superar os obstáculos. Havia uma grande multidão na frente da

porta da casa onde Jesus estava, era impossível passar por ela. O paralítico estava

entrevado numa espécie de maca, era de grande dificuldade subir com ele até o

telhado da casa. Uma vez em cima do telhado, abrir um buraco e alçar o paralítico

no exato lugar onde Jesus estava requeriria muito esforço e destreza dos quatro

amigos. É certo que Jesus ao assistir toda a cena, levou em conta tudo isso. Não se

tratava de pessoas inconvenientes, inconsequentes e desprovidas de um mínimo de

bom senso. Mas de homens que não mediam esforços para chegar até Jesus,

motivados por genuína fé30.

Diante de toda a cena, as palavras de Jesus foram: “Filho, os seus pecados

estão perdoados.” O perdão concedido por Jesus não foi apenas uma grande

benção para o paralítico. Mas também foi uma grande alegria pra os quatro amigos,

vendo todo o seu esforço recompensado. Além do mais, e principalmente, Marcos

em sua narrativa lança luz à autoridade de Jesus como messias prometido, em

poder curar não só o corpo como também a alma. Mais do que transmitir as novas

do perdão divino, sem a necessidade de boas obras, quando Jesus diz ao paralítico

que os seus pecados estão perdoados, por conta de sua missão expiatória, Jesus

28 WIERSBE, Worren W. Be Diligent, 1987: p. 22 a 2429 HENDRIKSEN, Willian. Comentário do Novo Testamento Marcos. p. 118.30 LOPES, Hernandes Dias. Marcos O Evangelho dos Milagres. p. 123 a 126

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está cancelando a dívida, o débito do paralítico, apagando completamente os seus

pecados para sempre31.

Além do obstáculo da multidão, subir no telhado da casa, abrir um buraco no

telhado, ser baixado até os pés de Jesus. O paralítico enfrentou outro obstáculo, os

escribas, fariseus e doutores da lei. Apesar de arrazoarem em seus corações quanto

à autoridade de Jesus em perdoar pecados, eles estavam certos, pois só Deus pode

perdoar pecados32. O que eles não sabiam, ou não conseguiam enxergar mesmo

com tantos sinais, é que Jesus era Deus encarnado, o Messias prometido.

No seu pensamento, os doutores da lei estão diante de uma grande

encruzilhada. Ou diante dos fatos Jesus realmente é quem ele diz ser, Deus, ou tudo

não passa da mais sórdida blasfêmia. Com seus corações cheios de orgulho,

mentira e religiosidade é mais fácil crer que Jesus é um blasfemo. É provável que

em seus corações, os doutores da lei pensassem que dizer que os pecados do

paralítico estão perdoados seria muito fácil, vez que isso não poderia ser provado.

Mas Jesus percebendo a maquinação deles, mais uma vez dá provas da sua

autoridade messiânica, tanto para perdoar pecados como para curar. Então dá

ordem para que o paralítico se levante e ande33.

A obra que Jesus fez na vida do paralítico foi completa. Ele perdoou e curou;

cuidou da alma e do corpo; resolveu as questões temporais e eternas. O paralítico

foi curado emocionalmente, psicologicamente, espiritualmente e por final

fisicamente. Só Jesus como messias e revestido de autoridade que lhe foi dado no

céu e na terra, poderia operar desta forma. Assim, houve grande admiração entre as

pessoas. Marcos registra essa admiração no verso 12. Mateus diz que as multidões

ficaram “possuídas de temor” e Lucas diz que todos “ficaram atônitos e possuídos de

temor34”. Os três Evangelhos dizem que o povo glorificou a Deus. “Todos renderam

a Deus a glória devida35”.

Claramente o evangelista Marcos expõe nesta passagem, mesmo num

contexto de oposição por parte dos escribas, a missão de Jesus no ensino

messiânico, na demonstração de sua autoridade messiânica e o reconhecimento,

na voz do povo, com sua glorificação messiânica.

31 HENDRIKSEN, Willian. Comentário do Novo Testamento Marcos. p. 119.32 LOPES, Hernandes Dias. Marcos O Evangelho dos Milagres. p. 128 a 129.33 HENDRIKSEN, Willian. Comentário do Novo Testamento Marcos. p. 120 a 121.34 REINECKER, Fritz e Rogers, Clen. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. 1985. p. 69.35 HENDRIKSEN, Willian. Comentário do Novo Testamento Marcos. p. 123.

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Page 38: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

TEOLOGIA DA PASSAGEM:

MENSAGEM PARA TODOS OS TEMPOS

Palavra de Deus Revelada

A Confissão de Fé de Westminster no capítulo que trata da Escritura Sagrada,

afirma à luz da própria Escritura que a natureza e as obras da criação e da

providência, não são suficientes para dar ao homem o conhecimento de Deus e de

sua vontade necessário à sua salvação. Desta forma, o Senhor usou em diversos

tempos, diversas formas para revelar-se e declarar à sua Igreja a sua vontade.

Revelação e vontade essas que o Senhor serviu-se de escrever toda, tornando-a

indispensável e suficiente36.

O Evangelista João, declara no capítulo 1 verso 14 do seu Evangelho: “E o

verbo se fez carne e habitou entre nós ...”. Com esta narrativa, o evangelista afirma

que a “Palavra”, o “Logos” existia antes de se tornar homem, e que no tempo

determinado, ou seja, na plenitude dos tempos, se tornou carne e habitou entre nós.

Durante todo período vétero-testamentário, os profetas profetizaram o

momento em que aquele que era anunciado nas profecias e identificado nos tipos e

sombras, seria definitivamente revelado.

36 Confissão de Fé de Westminster, p. 3

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Page 39: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

CONTRIBUIÇÃO DA PASSAGEM

Na passagem em tela, Mc 2: 1 – 12 em especial no vs. 2, e nos contextos

anterior (Mc 1: 38 – 39) e posterior (Mc 2: 13), podemos perceber os termos: “que eu

pregue também ali”; “pregando nas sinagogas”; “e anunciava-lhes a palavra”; “e ele

os ensinava”. Com a insistência do autor em registrar os termos acima, é impossível

não perceber a “preocupação” de Jesus em cumprir parte de sua missão messiânica

de pregar, ensinar, porque não dizer revelar a mensagem de boas novas de

salvação, prenunciada pelos profetas do antigo testamento, cujo clímax é a

encarnação ou revelação do “Logos”, daquele que é a “Palavra”. Ele mesmo afirma

isso quando diz a Simão e aos que o procuravam: “... pois para isso é que eu

vim ...”(Mc 1: 38b).

Berkhof em seu Manual de Doutrina Cristã faz distinções entre várias

espécies de Fé. Para ele, existe a fé histórica, que é puramente a aceitação

intelectual da verdade da Escritura sem qualquer resposta moral ou espiritual. Existe

também a fé para milagres, que consiste na convicção de alguém de que um milagre

será efetuado por ele ou em seu favor. Ele também descreve a fé temporal, que é

uma persuasão das verdades religiosas acompanhadas de algum despertamento de

consciência e um excitamento das emoções, mas que não está enraizada em um

coração regenerado. E por final, a verdadeira fé salvadora, a qual tem sua sede no

coração e está enraizada na vida regenerada. A semente desta fé está implantada

por Deus no coração na regeneração, e só depois que Ele a implanta no coração é

que o homem ativamente pode exercer a fé37.

Para Marcos, Jesus é o Messias. Para a pessoa de fé, é impossível que a

natureza de Jesus permaneça oculta. O livro é uma chamada ao discipulado, ao

arrependimento e à fé, com a certeza de salvação. Uma entrega para seguir o

37 BERKHOF, Louis. Manual de Doutrina Cristã. CEIBEL, 1992. p. 242 a 244.

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Page 40: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

Senhor ressurreto, seja qual for o preço. Na passagem de Mc 2: 1 – 12, a fé toma

também o significado de coragem. Coragem para ultrapassar os limites, para

superar as dificuldades, para acreditar na transformação da realidade cruel. A

atitude dos quatro amigos concomitante ao do paralítico, se encaixa perfeitamente

no conceito de fé para milagres e a verdadeira fé salvadora descrita por Berkhof.

Pois ao estarem diante de Jesus, o mestre reconheceu neles este atributo (fé) a

ponto de num primeiro momento perdoar os pecados do paralítico, dando alívio a

sua alma, proporcionando cura espiritual e emocional, e num segundo momento

curando-o do seu desalento físico, o que lhe proporciou cura física e psicológica.

Percebemos que Jesus por causa da fé tanto do paralítico quanto dos quatro

homens, cura o paralítico integralmente.

CONCLUSÃO

Desta forma, podemos concluir que Jesus não só revelou-se como o Logos, a

Palavra agora encarnada e cumprindo as profecias feitas pelos antigos profetas de

Israel, impressas na Palavra de Deus no Antigo Testamento. Mas também, revela

verbalmente anunciando, pregando e ensinando a respeito das promessas de Deus

quanto às boas novas de salvação, decretadas desde a eternidade, para todos os

povos, raças, tribos e nações. Revelando e cumprindo assim, derradeiramente a

Palavra de Deus.

Na passagem, encontramos o elemento Fé, que faz toda a diferença, dando

sentido a mensagem e o ensino de Jesus. Muitos procuravam a Jesus por

curiosidade por causa dos seus feitos miraculosos. Mas outros eram atraídos pelo

resultado da pregação de Jesus, tanto em palavras quanto em atos, que gerava em

seus corações uma fé como a do paralítico e dos quatro amigos que o ajudaram a

chegar até Jesus. Esta fé transformou por completo a vida do paralítico, pois eles

criam no teor da mensagem de Jesus, criam que Ele era o messias, cuja mão é

onipotente.

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Page 41: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

MENSAGEM PARA OS NOSSOS DIAS

Esta passagem nos mostra muitos princípios hoje deixados para trás, que

servem como princípios norteadores e que precisam ser aplicadas à igreja.

Tanto neste capítulo 2 quanto no anterior e posterior, Jesus não perde

nenhuma oportunidade quando está rodeado pelo povo para lhes pregar o

evangelho, pra lhes ensinar, lhes instruir quanto às boas-novas de salvação. Hoje,

as igrejas tem feito mais manutenção de crentes do que realizado seu verdadeiro

papel, que é anunciar o evangelho ao mundo perdido. Jesus declarou: “... foi para

isso que eu vim...” , precisamos entender que foi para isso que fomos chamados,

para isso estamos aqui. O evangelista Marcos nos informa que quatro homens

levaram um paralítico a Jesus. O paralítico não poderia, por si só, chegar até Jesus.

Ele tinha de ser carregado, então os quatro homens o ajudaram a chegar até Jesus.

Ainda hoje há muitas pessoas que precisam ser levadas até Jesus em

oração. Aqueles homens tiveram visão em perceber a necessidade e a fé do

paralítico. A nossa visão determina a nossa ação. Precisamos pedir ao Senhor

visão. Visão para enxergar os perdidos salvos, os famintos alimentados, os presos

libertos, os excluídos restituídos de sua dignidade.

Os quatro amigos carregaram o paralítico até Jesus. Eles agiram com

determinação. Se quisermos ajudar as pessoas a irem a Jesus, precisaremos

carregá-las na mente, no coração, na alma, nos braços.

Não havia logicamente como chegar até Jesus, mas a necessidade era maior

do que os obstáculos. A criatividade dos quatro amigos é surpreendente, não há

outra maneira se não por cima, pelo telhado. Isso denota criatividade. Eles mudaram

de método, inovaram, foram ousados, quebraram paradigmas.

Mas todo esforço seria inútil, ou até mesmo não teriam se esforçado não

fosse por uma Fé genuína, verdadeira. Eles creram que Jesus poderia mudar a sorte

do paralítico, e isso os motivou. Marcos não menciona qualquer palavra proferida

dos quatro amigos, mas deixa clara a confiança deles em Jesus. A fé de todos eles

tocou o coração de Jesus, levando Marcos a registrar: “Vendo-lhes a fé, Jesus disse

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ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados”. Os quatro não poderiam

salvar ou curar o paralítico, mas podiam levá-lo a Jesus. Levar o paralítico até Jesus

era tarefa deles, perdoar e curar o paralítico era tarefa exclusiva de Jesus. Nós

também temos esta tarefa. A tarefa de com fé, levar as pessoas a Jesus, crendo que

só Ele pode mudar a vida do pecador, só Ele pode curar as doenças da alma, do

físico, da mente, do espírito.

Sempre que cumprimos com nosso papel de levar as pessoas a Jesus, algo

acontece. Esta passagem nos mostra não só a responsabilidade espiritual da igreja

em ser luz, mas também a social. Os quatro homens não enxergaram apenas a

necessidade espiritual do paralítico, mas também a social. Como paralítico, o

homem não podia trabalhar, vivia das esmolas que pedia pela rua. Quando os

quatro amigos levam o paralítico a Jesus, ele não é apenas liberto espiritualmente

ou fisicamente, mas também socialmente. O paralítico foi até Jesus cativo e voltou

livre, mas também foi carregado e voltou carregando seu leito, ou seja, não

precisava mais viver da sua comiseração, mas agora podia ser como qualquer outro,

viver do seu trabalho, do seu esforço, da sua saúde.

Em tudo isso vemos a manifestação da autoridade de Jesus sobre o pecado e

a doença, mas percebemos também a glorificação de Deus por seus feitos. Ainda

hoje Deus tem se manifestado poderosamente em nosso meio. Nós precisamos

voltar nossos olhos, nossa mente, nosso coração ao Senhor e viver glorificando-o

pelo que ele é e tem feito por nós e em nós.

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Page 43: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A principal consideração que se chega ao final desse trabalho é que, por meio

de uma exegese dedicada e precisa do texto, torna-se muito mais fácil e

compreensiva a mensagem que o autor desejou transmitir aos seus primeiros

leitores, possibilitando uma aplicação mais coerente a cada crente em todas as

épocas.

O texto de Marcos 2: 1 - 12 é riquíssimo em seu conteúdo. E, através do

trabalho exegético, algumas verdades profundas contidas nele ficaram mais

patentes do que quando se faz apenas uma leitura do texto na língua vernácula.

Mesmo que esta leitura seja feita de maneira mais cuidadosa e reflexiva, é muito

mais difícil enxergar detalhes da passagem que só ganham destaque ao se fazer um

estudo mais aprofundado. Isto acontece até mesmo em uma pequena passagem da

Escritura como esta, que apesar de ser composta por poucos versículos, é

consistente e rica para edificação do povo de Deus. Trata-se de um texto que mostra

em detalhes o propósito, função, ordem e direção da Igreja. Estudá-lo é uma

experiência que traz crescimento na compreensão do que é a Igreja de Cristo, qual o

seu papel na sociedade e como deve ser entendida sua missão nesse mundo.

Assim sendo, pode-se considerar que somente por meio de uma exegese

bem acurada, usando o método histórico-gramatical, torna-se possível uma fiel

exposição das Sagradas Escrituras, de modo a evitar que se venha expor

mensagens não condizentes com a Palavra do glorioso Deus. O trabalho exegético

visa à proclamação da genuína verdade bíblica.

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Page 44: Exegese de Mc 2. 1 - 12 Final

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