experiencia saudável

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Paróquias & CASAS RELIGIOSAS 70 www.revistaparoquias.com.br | julho-agosto 2011 PASTORAL DO DÍZIMO A lguns já me questionaram so- bre esse tipo de reflexão sobre o dízimo. Acredito que esta- mos vivendo um tempo de maturidade eclesial suficiente para re- pensar a experiência do dízimo em nossas comunidades. A experiência do dízimo tem passado por uma evolução crescente pelos séculos. O que vemos hodiernamente, não é mais uma contemplação passiva do dízimo projetado no Antigo Israel. Houve um enriquecimento da experiência e novos modos de abordagens a esse respeito. Certamente que isso não foi tranquilo para a grande maioria daqueles que opta- ram por essa forma de contribuição. Por outro lado, também houve inúmeros exa- geros que fazem ‘dó’ à releitura decimal. Será a respeito disso que estarei re- fletindo nesse artigo. Sobre o tema, Conquiste novos recursos para sua comunidade por meio do dízimo 3.0 POR PE. JERÔNIMO GASQUES EXPERIÊNCIA SAUDÁVEL

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Conquiste novos recursos para sua comunidade por meio do dízimo 3.0

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Paróquias & CASAS RELIGIOSAS 70 www.revistaparoquias.com.br | julho-agosto 2011

PASTORAL DO

DÍZIMO

A lguns já me questionaram so-bre esse tipo de reflexão sobre o dízimo. Acredito que esta-mos vivendo um tempo de

maturidade eclesial suficiente para re-pensar a experiência do dízimo em nossas comunidades.

A experiência do dízimo tem passado por uma evolução crescente pelos séculos. O que vemos hodiernamente, não é mais uma contemplação passiva do dízimo projetado no Antigo Israel. Houve um enriquecimento da expe riên cia e novos modos de abordagens a esse respeito.

Certamente que isso não foi tranquilo para a grande maioria daqueles que opta-ram por essa forma de contribuição. Por outro lado, também houve inúmeros exa-geros que fazem ‘dó’ à releitura decimal.

Será a respeito disso que estarei re-fletindo nesse artigo. Sobre o tema,

Conquiste novos recursos para sua comunidade por meio do dízimo 3.0POR PE. JERÔNIMO GASQUES

EXPERIÊNCIA SAUDÁVEL

Assine: [email protected] Paróquias & CASAS RELIGIOSAS 71

pretendo escrever um livro mais elabo-rado a respeito dessa nova tendência (pastoral) decimal.

Sem muito rodeio e de forma bas-tante resumida, vamos à reflexão em três tempos.

PRIMEIRO: DÍZIMO 1.0O foco é o dízimo em si mesmo.

Resumidamente e com alguns questio-namentos ele nasce naturalmente e sem a pretensão de se tornar algo ques-tionável no Antigo Testamento, apenas o dízimo por si mesmo.

Nessa primeira fase o dízimo nada mais é que a devolução dos produtos de cereais e de animais. Historicamente antes da Lei. Sem demora podemos conferir alguns textos elementares: Gênesis 14,20; Genesis 28,22; 2Samuel 8,15-17; Números 18,21-24.

Nesse contexto, o dí-zimo era uma troca de favores; nada obrigató-rio ou imposto por Deus, apenas pes-soal e uma atitude que tinha um proce-dimento metodológico: vender, comer e repartir.

O dízimo sobre a lei ganha outro destaque: planejado para a manuten-ção dos levitas e, consequentemente, descrito como parte dos produtos da terra.

SEGUNDO: DÍZIMO 2.0O foco será a comunidade inscrita

no Novo Testamento. Aqui o dízimo ganha outra dimensão ou contorno que não o de obrigatoriedade, algo pes-soal ou coisa que o valha. A comunida-de será a mais nobre expressão de ar-gumentação e de sustento para a identidade nascente.

O dízimo, nesse período, é pratica-mente extinto da reflexão, apenas o in-teresse em se manter a comunidade que se organiza de forma a criar comu-nidades alicerçadas no amor fraterno e na solidariedade humana.

O “dízimo” nesse contexto (até sé-culo VI) era para satisfazer as necessi-dades dos santos. Podemos conferir: Atos 2,44-45; Gálatas 6,9-10; Mateus

25,31-40; 2 Coríntios 9,7. À margem dessa reflexão crescia a consciência de auxílio aos pobres, às necessidades dos cristãos em geral e a manutenção dos agentes de pastoral: apóstolos, presbí-teros, diáconos e outros.

Esse é um grande capítulo que me-rece bastante atenção. Por ora ficamos apenas com essas singulares ideias.

TERCEIRO: DÍZIMO 3.0O foco desse terceiro momento

será a insistência que se deu ao dízimo a partir do final da década de 80, no século passado.

É uma página bastante empobreci-da sobre a experiência do dízimo que merece mais atenção e cuidado pastoral.

É uma mistura de contra valores que faz pena pen-sar o dízimo como refle-xão de pastoral.

A consequência é pelos valores perdidos em função da aborrecida

tendência mercantilista da maioria: dinheiro a todo custo! O comércio reli-gioso, em nome do dízimo, sem liga com a experiência de Deus contradiz a proposta inicial de um dízimo limpo e sustentável. O dízimo nesse patamar deve ser inventado, seduzido, pregado e conquistado.

A teologia da prosperidade com sua saga de domínio sobre as pessoas: busca de prazer e conforto individual. O dízimo nessa instância deve ser constantemente reinventado; seduzir para conseguir mais dividendos aos cofres da igreja.

Apelemos, enfim, para um dízimo sadio, ético e evangelicamente equili-brado.

A comunidade que apela ao dízimo como mantenedor da atividade pastoral deve ficar atenta aos desafios próprios de certas tentações. Enfim, muitos vi-vem de um dízimo saudável. Isso faz toda a diferença na pastoral do dízimo!

Pe. Jerônimo Gasques é Conferencista, Pároco da Igreja São José, Presidente Prudente-SP e Au-tor de diversos livros, dentre eles “As Sete Chaves do Dízimo”, publicado pela Paulus Editora.Contato: [email protected]

“Apelemos, enfim, para um dízimo sadio, ético e evangelicamente equili-brado”