extinção da punibilidade (teoria geral da pena - direito penal ii)

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Helíssia Coimbra Juan Reis Juliana Leão Letícia Silva Natália Amaral Vitória Abreu EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

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1. Helssia Coimbra Juan Reis Juliana Leo Letcia Silva Natlia Amaral Vitria Abreu EXTINO DA PUNIBILIDADE 2. 1. CONCEITOS IMPRESCINDVEIS a) Ao Penal O crime considerado um fato humanitrio que lesa toda a sociedade, ofendendo a nas condies de harmonia e estabilidade que garantem uma vida digna para cada cidado. O Estado, visando sempre o bem comum, ope se ao delito, atuando na preveno e repreenso. b) Punibilidade Inseparvel, ds de o momento da cominao at a aplicao penal. Um fato pode ser tpico, antijurdico, culpado e ameaado com pena. (Nlson Hungria) 3. 1.1 INTRODUO AO TEMA O Cdigo Penal e Processual Penal brasileiro prev as causas que extinguem a punibilidade ou o jus puniendi direito de punir do Estado, partindo da adoo nacional de que a pena no elemento criminal, mas sim efeito ou consequncia. O Estado brasileiro, diferente de outras legislaes que extinguem o crime, colocando a ao lado da extino da pena, renuncia o direito de punir. O que se extingue, antes de tudo, nos casos enumerados, o prprio direito de punir por parte do Estado. (E. Magalhes Noronha) 4. 2. CLASSIFICANDO A TEMTICA I. Comunicveis Compreendem as causas objetivas ou atinentes reparao do dano, ainda quando representem arrependimento eficaz de um s dos coautores. II. Incomunicveis Com exceo da renncia e perdo do ofendido, compreendem as causas subjetivas ou fundadas em circunstncias nicas de carter personalssimo. 5. 2.1 CLASSIFICANDO A TEMTICA III. Gerais Referem se a todos os delitos praticados na sociedade; a mais ampla classificao da cincia criminolgica. IV. Especiais Dizem respeito a determinado crime ou grupo de crimes; seletiva, especfica e didtica, subdivide as ilicitudes por espcie. 6. 2.2 CLASSIFICANDO A TEMTICA Classificao exposta pelo professor doutor Jos Frederico Marques. V. Fatos Jurdicos Extinguem o direito de punir residindo em fato natural ou humano, resultando em um fato jurdico extintivo. VI. Atos Jurdicos A extino da punibilidade provem de ato humano voluntrio dirigido a esse fim, residindo sua causa em ato jurdico extintivo. 7. 3. CONDICIONANTE EXTINTIVA A. Morte do Agente (art. 6, Cdigo Civil) Pode se explanar a morte do acusado e do condenado, sendo as primeiras causas extintivas de punibilidade a consagrar o princpio norteador mors amnia solvit a morte faz desaparecer, solve ou apaga tudo. Se no se intentou ao contra o acusado, ela no mais pode ter lugar; se acha se em curso e ele falece, o processo no prossegue; se foi condenado e morre, no se executa a pena. No h, pois, procedimento penal contra o morto. 8. 3.1 CONDICIONANTE EXTINTIVA A. Morte do Agente (cont.) O falecimento ao agente cessa o persecutio criminis persecuo do crime, colocando fim a condenao e seus efeitos penais. As consequncias civis, porm, sero as responsveis pela reparao do dano do crime, respondendo, precisamente, a herana do condenado. Importante distinguir se a morte ocorre antes ou depois da condenao. Se antes, a vtima poder pleitear indenizao, para haver dos herdeiros as perdas e danos. Se depois de transitado em julgado a condenao, a sentena ttulo executrio civil contra os herdeiros e sucessores do ru. 9. 3.3 CONDICIONANTE EXTINTIVA B. Casamento da Vtima com Agente O casamento da vtima com o agente ocorre nas legalidades: I. Sem discriminao a mulher que escolheu dar lhe a devida proteo; II. O casamento da vtima com o agente nos crimes contra os costumes; III. Ter uma nova vida de nubentes, formar uma famlia, sem o impedimento de uma ao penal. 10. 3.4 CONDICIONANTE EXTINTIVA C. Casamento da Vtima com Terceiro Ocorre a relao matrimonial da vtima com terceiro nas legalidades: I. Garantida a intimidade da vtima, que sentir se ia ofendia mediante a exposio pblica que envolve um processo criminal; II. Produzir efeitos de forma que a escolha da vtima seja respeitada, estando, aps a condenao do ofensor, irrelevante casamento com terceiro. 11. 3.4.1 EXEMPLIFICANDO O TPICO No extingue se punibilidade no crime de peculato. art. 312, Cdigo Penal 12. 3.2 CONDICIONANTE EXTINTIVA D. Clemncia Soberana Compreende se a anistia, a graa e o indulto. Tendo a graa dois sentidos: amplo e restrito. No primeiro, abrange a anistia e o indulto; no segundo, constitui medida de clemncia como os outros dois. Em sentido restrito, refere se a indivduo determinado, ao passo que a anistia e o indulto referem se a nmero indeterminado de pessoas, a coletividade de indivduos, tendo em vista certos delitos. 13. 3.3 CONDICIONANTE EXTINTIVA E. Anistia Primeira causa extintiva de punibilidade. Seu propsito o esquecimento do crime. O fim da anistia o esquecimento do fato ou dos fatos criminosos que o poder poltico teve dificuldade de punir ou achou prudente no punir. Juridicamente os fatos deixam de existir; o Parlamento passa uma esponja sobre eles. S a Histria os recolhe. (Aurelino Leal) Sendo concedida pelo Congresso Nacional, vale salientar, uma lei de carter internacional. 14. 3.4 CONDICIONANTE EXTINTIVA E. Anistia (cont.) A anistia pode ser plena ou parcial, conforme refira se a todos os criminosos ou fatos, ou exclua alguns deles, notando se, entretanto, que em relao aos beneficirios ela no restrita. A anistia, via de regra, no pode ser recusada, visto seu objetivo ser de interesse pblico, ainda assim, h variantes que condicionam a as interpretaes dos destinatrios. A anistia nem sempre est acima da soberania nacional. 15. 3.4.1 EXEMPLIFICANDO O TPICO Extingue se a punibilidade atravs da lei da anistia. Lei n 6.683, de 28 de agosto de 1979 16. 3.5 CONDICIONANTE EXTINTIVA F. Graa (art. 734, Cdigo de Processo Penal) Em sentido restrito, a graa norteada pela espcie da indulgentia principis clemncia do soberano, de ordem individual, pois s alcana determinada pessoa. A graa, como qualquer medida de clemncia, deve ser aplicada com sensibilidade e cautela para que os direitos do condenado no sobreponham o interesse social, tornando se recurso habitual das decises do Judicirio. 17. 3.5.1 EXEMPLIFICANDO O TPICO Extingue se a tortura por concesso da graa. Lei 9.455, de 7 de abril de 1997 18. 3.6 CONDICIONANTE EXTINTIVA G. Indulto Medida de carter coletivo atribuda pelo Presidente da Repblica. Assim como a graa, o indulto pode ser parcial, limitando se a diminuir a pena ou comuta la, substituindo a por outra de qualidade mais benigna. O indulto, assim como os institutos citados anteriormente, apesar de combatidos por muitos pases, no podem se desmoralizar. As variantes indultas corrigem os rigores da aplicao da lei com os temperamentos da equidade. (Jos Frederico Marques) 19. 3.6.1 EXEMPLIFICANDO O TPICO Extingue se, de forma plena ou parcial, a penalidade cumprida. art. 107, Cdigo Penal 20. 3.7 CONDICIONANTE EXTINTIVA H. Decurso do Tempo Extingue se a punibilidade pela retroatividade da lei, no considerando mais o fato criminoso. Opera se, portanto, o abolitio criminis lei nova descriminaliza fato que era considerao infrao penal. Deixando o fato de ser considerado delito, e, consequentemente, se iniciado o processo, ele no prossegue, e, se condenado o ru, a sentena rescindida, com a salvaguarda apenas dos efeitos civis. 21. 3.8 CONDICIONANTE EXTINTIVA H. Decurso do Tempo (cont.) A lei nova pode revogar a anterior por duas formas: expressa ou tcita. A revogao expressa quando, regulando o assunto, o novo diploma no o incrimina. tcita quando h incompatibilidade entre a incriminao feita pela anterior e a nova. Como j fez sentir, a retroatividade in mellius melhorar de alguma forma a situao atual do ru, no apenas um princpio do direito penal, mas preceito garantido pela Constituio Federal. 22. 3.9 CONDICIONANTE EXTINTIVA I. Decadncia Define se como a perda do direito de ao, por no se t lo exercido no prazo legal. Refere se ao direito de agir, diretamente na ao privada, bem como indiretamente na ao pblica, quando esta depende de representao. A decadncia incide se, via de regra, sobre um direito instrumental instrumento para o cumprimento do direito substancial, mas no significando que o direito material deixe de ser alcanado. 23. 3.10 CONDICIONANTE EXTINTIVA J. Perempo (art. 60, Cdigo Penal) Instituto exclusivo da ao penal privada, constituindo sano aplicada ao autor da queixa crime que deixa de promover o bom andamento processual, mostrando se negligente e ocioso. Distingue se a perempo da decadncia porque esta ocorre antes da lide, antes que se instaure a instncia Juzo enquanto funciona o curso da causa. (Jorge Americano). Ao passo que aquela se verifica durante a ao. 24. 3.11 CONDICIONANTE EXTINTIVA K. Prescrio O jus puniendi direito de punir do Estado, extingue se tambm pela prescrio. Esta a perda do direito de punir, pelo decurso de tempo, bem como, o Estado, por sua inrcia ou inatividade, perde o direito de punir. A prescrio tem seu instituto bastante discutido, visto que indisfarvel, pelos reflexos sociais nocivos, que a pena tardiamente aplicada perde a sua finalidade, podendo ser vista como mera vingana. A vontade de punir concebida como um ato de psicologia individual, no podendo sobrepor a psicologia coletiva temporal. (Vicenzo Manzini) 25. 3.12 CONDICIONANTE EXTINTIVA L. Prescrio (cont.) + (art. 109 a 118, Cdigo Penal) Sendo a prescrio uma extino de punibilidade pela fluncia do tempo, lgico que as leis fixem o. De forma sintetizada: i. antes de a sentena transitada em julgado, a pretenso punitiva regula se pelo mximo da pena cominada; ii. se a sentena condenatria desclassificar o crime, excepcionalmente retroage, regulando se a prescrio pelo mximo da pena abstratamente cominada ao novo delito, ainda que o Ministrio Pblico recorra; 26. 3.13 CONDICIONANTE EXTINTIVA L. Prescrio (cont.) iii. depois da sentena condenatria, com o trnsito em julgado, fixa se a prescrio pela pena imposta; iv. com exceo do referido na alnea iii, interrompida a prescrio, todo o prazo comea novamente a correr do dia da interrupo, desaparecido e inexistente, o que fluiu at a data da interrupo. 27. 3.13.1 EXEMPLIFICANDO O TPICO Decursa se o tempo prescricional nos crimes falimentares. Lei de falncias 11.101/2005 28. 3.14 CONDICIONANTE EXTINTIVA M. Retratao do Agente Ocorre a retratao do agente quando pratica se um ato fundado em erro ou ausncia de verdade, como na difamao e na calnia (crimes contra honra objetiva). Se o agente difamar que o fato que fora imputado a vtima errneo e falso, ter ele, nesse momento, concretizado a devida retratao para com a vtima. 29. 3.15 CONDICIONANTE EXTINTIVA N. Reparao (art. 138, 139 e 142) Fundamenta se na reparao devida ao ofendido. No obstante o ressarcimento do dano ser a causa de extino da punibilidade, a lei abre algumas excees: i. retratar se, ou seja, retirar o que disse, confessar o erro, ainda que no trate de arrepender se eficazmente, no deixa de haver arrependimento; ii. conciliar se, no obstante distinguir se da retratao, passando a ser ato bilateral consistente na harmonizao entre as partes. 30. 3.15.1 EXEMPLIFICANDO O TPICO Extingue se a punibilidade via retratao das partes. Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 31. 3.16. CONDICIONANTE EXTINTIVA O. Perdo Judicial O perdo norteado pelo reconhecimento do fato delituoso e sua autoria: o juiz reconhece o crime e a autoria, condena o acusado, para, depois, aplicando o perdo, no impor qualquer sano. A natureza jurdica do perdo judicial compe se de quatro correntes: I. condenatria, substituindo efeitos quanto reincidncia, lanamento no rol dos culpados e responsabilidade pelas custas processuais; 32. 3.17 CONDICIONANTE EXTINTIVA P. Perdo Judicial (cont.) II. condenatria, mas libera o ru de todos os seus efeitos, entre os quais a responsabilidade pelas custas, o lanamento no rol dos culpados e o referente reincidncia; III. absolutria, partindo do princpio de que uma sentena condenatria necessariamente tem que impor uma reprimenda; IV. declaratria da extino de punibilidade, excluindo se dela todos os efeitos penais. 33. 3.17.1 EXEMPLIFICANDO O TPICO Concede se o perdo judicial na receptao culposa. art. 180, Cdigo Penal 34. 3.18 CONDICIONANTE EXTINTIVA Q. Renncia de Queixa (art. 104, Cdigo Penal) Segue o princpio O direito da benquerena judicial no pode ser conivente com variantes jurdicas ilcitas. Fica claro que, quando renunciado expressa ou tacitamente, o direito de queixa no poder ser exercido. (Anbal Bruno) A principal distino entre renncia e perdo que a primeira se d antes de intentada a ao penal privada, ao passo que o perdo ocorre posteriormente. 35. CONTEDO ADICIONAL 36. Helssia Coimbra Juan Reis Juliana Leo Letcia Silva Natlia Amaral Vitria Abreu EXTINO DA PUNIBILIDADE