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A conjuntura econômica transatlântica durante o século XVIII: o caso do Rio de Janeiro Fábio Pesavento 1 INTRODUÇÃO O mundo foi palco, durante o século XVIII, de importantes transformações da sociedade e da economia, alterando, de maneira absoluta, as suas instituições. A América Portuguesa não foi diferente, em especial com o advento das “minas gerais” em fins do XVII. O crescimento da extração aurífera provocou uma reorientação da atenção da Coroa Portuguesa com a economia colonial, o que intensificou o seu caráter transatlântico. Naturalmente, dois movimentos foram verificados: o primeiro, a região sudeste virou o “locusdas preocupações lusitanas, incentivando o crescimento das ações da política portuguesa sobre a colônia. O segundo foi o aumento significativo do fluxo de transações, pessoas, liquidez, conhecimento etc para aquela comarca. A consequência natural desses acontecimentos foi nítida: o aumento da importância do Rio de Janeiro no quadro colonial. Nesse sentido, não demorou para que a região sudeste se transformasse no centro jurídico, administrativo, cultural e econômico. Talvez, o fato que condensou essas alterações foi a transferência do vice-reinado de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. Essas modificações modelaram importantes instituições, consolidando novos grupos e domínios econômicos mesmo com o arrefecimento da extração aurífera durante a segunda metade do século XVIII. Neste novo quadro fica nítido o crescente papel dos homens de negócio na consolidação da economia transatlântica. O exemplo do período pombalino (1750- 77) é revelador desse movimento no qual aquele grupo se consolida no seio das decisões metropolitanas. O debate historiográfico que se coloca para interpretar os fatos transcorridos no referido período, apresenta a concepção clássica de Celso Furtado e Dauril Alden (conhecido como colonial tardio). Aqueles autores afirmam que a economia sofreu uma forte crise após o declínio da extração aurífera. Para eles, os agentes (e os investimentos) econômicos se voltam para atividades de subsistência ou para as culturas tradicionais de exportação levando a uma forte retração do nível de renda. De outro, temos a visão de João Fragoso, Manolo Florentino que sustentam que a economia se voltou para o mercado interno após a queda da extração aurífera. O argumento reside no fato de que os canais construídos pela mineração suscitaram a formação de redes de negócio domésticos, os quais eram pouco influenciados pelas oscilações do mercado externo. Assim, mesmo durante a crise aurífera, o mercado doméstico apresentou autonomia frente ao externo. Definitivamente, entender a conjuntura econômica durante o século XVIII se revela importante, no mínimo, para verificar os desdobramentos do ápice e do declínio do ‘ciclo do ouro’ sobre o nível da atividade econômica colonial. Além disso, possibilita a construção de novos argumentos para o debate colocado pela historiografia. E, por fim, mas não menos 1 Coordenador do núcleo de economia empresarial da Espm-Sul. E-mail:[email protected].

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A conjuntura econômica transatlântica durante o século XVIII: o caso do Rio de Janeiro

Fábio Pesavento1

INTRODUÇÃO

O mundo foi palco, durante o século XVIII, de importantes transformações da sociedade e da

economia, alterando, de maneira absoluta, as suas instituições. A América Portuguesa não foi

diferente, em especial com o advento das “minas gerais” em fins do XVII. O crescimento da

extração aurífera provocou uma reorientação da atenção da Coroa Portuguesa com a

economia colonial, o que intensificou o seu caráter transatlântico.

Naturalmente, dois movimentos foram verificados: o primeiro, a região sudeste virou o “locus”

das preocupações lusitanas, incentivando o crescimento das ações da política portuguesa

sobre a colônia. O segundo foi o aumento significativo do fluxo de transações, pessoas,

liquidez, conhecimento etc para aquela comarca. A consequência natural desses

acontecimentos foi nítida: o aumento da importância do Rio de Janeiro no quadro colonial.

Nesse sentido, não demorou para que a região sudeste se transformasse no centro jurídico,

administrativo, cultural e econômico. Talvez, o fato que condensou essas alterações foi a

transferência do vice-reinado de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763.

Essas modificações modelaram importantes instituições, consolidando novos grupos e

domínios econômicos mesmo com o arrefecimento da extração aurífera durante a segunda

metade do século XVIII. Neste novo quadro fica nítido o crescente papel dos homens de

negócio na consolidação da economia transatlântica. O exemplo do período pombalino (1750-

77) é revelador desse movimento no qual aquele grupo se consolida no seio das decisões

metropolitanas.

O debate historiográfico que se coloca para interpretar os fatos transcorridos no referido

período, apresenta a concepção clássica de Celso Furtado e Dauril Alden (conhecido como

colonial tardio). Aqueles autores afirmam que a economia sofreu uma forte crise após o

declínio da extração aurífera. Para eles, os agentes (e os investimentos) econômicos se voltam

para atividades de subsistência ou para as culturas tradicionais de exportação levando a uma

forte retração do nível de renda. De outro, temos a visão de João Fragoso, Manolo Florentino

que sustentam que a economia se voltou para o mercado interno após a queda da extração

aurífera. O argumento reside no fato de que os canais construídos pela mineração suscitaram

a formação de redes de negócio domésticos, os quais eram pouco influenciados pelas

oscilações do mercado externo. Assim, mesmo durante a crise aurífera, o mercado doméstico

apresentou autonomia frente ao externo.

Definitivamente, entender a conjuntura econômica durante o século XVIII se revela

importante, no mínimo, para verificar os desdobramentos do ápice e do declínio do ‘ciclo do

ouro’ sobre o nível da atividade econômica colonial. Além disso, possibilita a construção de

novos argumentos para o debate colocado pela historiografia. E, por fim, mas não menos

1 Coordenador do núcleo de economia empresarial da Espm-Sul. E-mail:[email protected].

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importante, a elaboração de novas séries econômicas para entender as oscilações da

economia. Em resumo, o objeto do presente trabalho é analisar o comportamento de variáveis

que refletem (ou que sugerem) o comportamento da conjuntura econômica durante o século

XVIII no Rio de Janeiro.

A primeira dificuldade verificada reside no fato de encontrar dados que revelem como era o

nível de atividade daquele período. Diante da falta de elementos, duas séries de tempo foram

construídas: o volume de crédito e a arrecadação da dízima da alfândega do Rio de Janeiro. O

artigo foi dividido em três partes além dessa introdução, iniciando pela apresentação das

fontes primárias empregadas para a construção das séries de crédito e da arrecadação da

dízima. Em seguida, o debate historiográfico que envolve o período é apresentado. Por fim, as

séries construídas são oferecidas para a análise, concluindo com um estudo cliométrico.

2. OS DADOS

O objetivo da presente seção é o de apresentar as fontes primárias empregadas no trabalho.

Antes, três pontos importantes devem ser esclarecidos. Primeiro, o século XVIII é o foco do

artigo, contudo os desdobramentos transcorridos durante o dezoito iniciaram no final do XVII

(“descoberta” do ouro) e se estenderam até a chegada da família real no início do século XIX.

Segundo, a economia do Rio de Janeiro será a região em análise, porém as interligações da

mesma com as Minas Gerais são obvias (por exemplo, uma mercadoria desembarcada no

porto do Rio de Janeiro não será consumida, necessariamente, na capital do vice-reinado, mas

sim em outras regiões). Assim, a região fluminense contempla o espaço colonial que engloba,

atualmente, a região sudeste.

Terceiro, tanto os valores dos empréstimos quanto a arrecadação da dízima da alfândega

estão em réis. São, portanto, valores nominais e não reais. A dificuldade de torná-los reais

reside em três grandes problemas. O primeiro é a taxa de câmbio (em gramas de prata) que

era relativamente fixa ou desconhecida para o período/região. Segundo, a taxa de juros era

fixada por lei (a Coroa determinava qual era a taxa de juros). Logo, ela não era resultado da

oferta e da demanda por moeda. Assim, quando empregamos estes indicadores (câmbio e

juros) para tornar os valores nominais em reais, as mudanças não são significativas no

comportamento das variáveis. Por fim, temos um índice de preços para o Rio de Janeiro

calculado por (JOHNSON JR, 1973), porém inicia apenas em 1762. Assim, em boa parte da

análise, os valores apresentados serão nominais na medida em que não destoam dos valores

reais (quer em gramas de prata, quer empregando o índice de preço de Johnson Jr, 1973).

Como dito anteriormente, o índice de preço construído por (JOHNSON JR, 1973) inicia em 1762.

Com isso, a transformação dos valores nominais em reais, anteriores a década de 1750, fica

prejudicada. Para essa década, uma média do período 1762-69 foi empregada para

transformar os valores nominais entre 1751 e 1760. Observando o gráfico abaixo, nota-se que

a variação do nível de preço no período 1760-90 não é significativa conforme aponta o gráfico

1 abaixo.

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Gráfico 1 – Índice de preço para o Rio de Janeiro: 1762-1790 (1780=100) Fonte: JOHNSON JR, 1973.

Com essas observações feitas, passa-se para a apresentação das duas principais séries

econômicas empregadas: volume de crédito do termo da cidade do Rio de Janeiro e a

arrecadação da dízima da alfândega no porto da mesma cidade. O desempenho dessas revela

o comportamento da atividade econômica, visto a importância, por exemplo, que o crédito

teve naquela sociedade (em especial pela falta de um sistema bancário). Por outro, mas não

menos importante, a movimentação portuária (capturada via arrecadação da dízima) refletem

o principal locus econômico (porto) e o meio de transporte e de comunicação mais

empregados naquele período (navegação). Dito de outra maneira, a maior ou menor variação

do crédito, aumento ou redução da dízima, a princípio, são indicadores de qualquer economia

atlântica durante o dezoito (COSTA, 2015).

2.1 O crédito

De uma maneira geral, as fontes primárias mais empregadas para o estudo do crédito no

século 18 no Rio de Janeiro são as escrituras públicas, os inventários e a documentação do

Juízo dos Órfãos (SAMPAIO, 2014; FRAGOSO, 1998; FRAGOSO, 2005; PESAVENTO, 2018). Esta

documentação se destaca, pois apresenta volume suficiente (em especial escrituras e

inventários) para cobrir um período longo de análise. Infelizmente, por limitação de tempo e

diante do volume de escrituras analisadas, não se avançou sobre a documentação do Juízo o

que se realizará em trabalhos futuros. Com respeito aos inventários, o período 1750-1790

dispõe de apenas de 92 inventários concentrados no final da década de 1780. Em função disso,

as escrituras públicas de empréstimo (designadas de dinheiro a razão de juros ou dívida e

obrigação) foram o principal recurso documental empregado.

Em estudo anterior (PESAVENTO, 2009), foram digitalizadas mais de 6.500 escrituras públicas

depositadas no Arquivo Nacional (AN) envolvendo o termo da cidade do Rio de Janeiro entre

1750 e 1790. Destas, 5.329 puderam ser analisadas e 2.503 tiveram seus valores reconhecidos.

Em PESAVENTO, (2009) e (2013) os anos de 1784, 1785 e 1786 não puderam ser analisados.

Felizmente, no presente trabalho, o acesso as escrituras que faltavam foi alcançado. Foram

750 escrituras de crédito catalogadas entre 1750 a 1790, sendo 707 com valores reconhecidos

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as quais totalizaram mais 620 contos de réis (PESAVENTO, 2015; PESAVENTO, 2018). Abaixo, o

número de escrituras de empréstimo coletadas.

Gráfico 2 – Número de escrituras de empréstimo por ano: 1750-1790 Fonte: AN, escrituras públicas depositadas no 1º, 2º e 4º Ofício de Notas. Elaboração própria.

Como pode ser observado, o número de escrituras está concentrado nas décadas de 1770 e

1780. Isto pode ser explicado, pois alguns livros do 2º Ofício de Notas do AN não estão

disponíveis, ou estão em estado precário como os da década de 1750. O mesmo se dá com os

livros de notas do 1º e 4º Ofícios. Por exemplo, o ano de 1758 não foi encontrado nenhuma

escritura pública. Assim, por vezes, o número de escrituras cai não em função do

desaquecimento da economia, mas sim em função da perda/falta de escrituras no período.

Apesar disto, acredita-se que a amostra seja razoável, pois o banco de dados reunido atinge

5.541 escrituras públicas (sendo 707 de empréstimo, 13% aproximadamente do total).

A série construída acima revela que o período colonial brasileiro, além de ser pouco estudado,

apresenta poucas informações quantitativas continuadas. As existentes são fruto de trabalhos

acadêmicos que emergiram a partir da análise de documentação inédita. Aqui não é diferente.

Mesmo assim, muitas observações devem ser destacadas em função de inúmeros aspectos

informais que a economia colonial estava envolvida, ou mesmo a qualidade do dado registrado

no documento.

Um exemplo dessa informalidade está no requerimento de 10 de julho de 1773 de João

Rodrigues de Brito e sua mulher Antônia Maria de Jesus. No documento João Rodrigues solicita

uma “provisão de direito comum para cobrarem uma dívida, fazendo valer os seus direitos,

visto terem emprestado dinheiro a Nicolau Viegas de Proença, sem terem feito uma escritura

do dito empréstimo.” (grifos nossos, AHU, Avulsos RJ, cx.96, doc.8263)

Nesse sentido, a documentação de crédito analisada revela que era prática comum o

empréstimo feito “debaixo da palavra” e, quando não pago pelo devedor, o emprego das vias

formais para rever o principal. Muitas das escrituras de empréstimo analisadas apresentam

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esta característica, qual seja, a dívida era anterior a formalização da escritura (PESAVENTO,

2015).

Assim, a presença da informalidade, como a prática recorrente da venda fiada, conforme

mostra (FURTADO, 1996), novamente revela um cenário turvo, tornando a análise mais

dificultosa. Outro ponto importante para entender a carência de documentos que envolvem o

mercado de crédito era a taxa de juros fixada “por lei”. Caso o credor quisesse cobrar juros

acima do estabelecido pela Coroa, ele poderia sofrer punições como também para o tabelião

que lavrasse a escritura (como ser deportado para Angola). Logo, teria que ser uma transação

informal para cobrar juros além do permitido, o que, obviamente, não deixa prova documental

(PESAVENTO, 2015; PESAVENTO, 2018). Apesar disso, era prática dos homens de negócios da

praça do Rio de Janeiro cobrarem juros de 1% ao mês (PESAVENTO, 2015; PESAVENTO, 2018).

Antes de visualizar o desempenho do volume de crédito, passa-se para a apresentação da

dízima da alfândega recolhida no porto do Rio de Janeiro.

2.2 A dízima da Alfândega

Os contratos régios configuravam em uma prática recorrente da Coroa para fins

arrecadatórios. Na falta de infraestrutura administrativa, capital humano etc a administração

portuguesa transferia a exploração de atividades econômicas (pesca de baleias), comércio

(sal), cobrança de direitos (dízimo), tributos (registro de passagens) e rendimentos reais

mediante contrato para terceiros (chamados contratadores). Tal prática remonta, no caso de

Portugal, aos primeiros tempos da monarquia (PESAVENTO; GUIMARÃES; 2013).

Os contratos eram arrematados por um período de tempo de três anos (média) e o estado

recebia antecipadamente o preço pago pelo contrato. Em troca, os contratadores

arrendatários podiam exercer o monopólio na arrecadação ou atividade econômica. No século

XVII e, principalmente, no XVIII, os negociantes de grosso (homens de negócios)

monopolizavam as arrematações de contrato régios na praça de Lisboa. Tratava-se de um

corpo mercantil altamente capitalizado e com procuradores tanto dentro como fora do

império ultramarino português. Ser contratador significava estar no topo da hierarquia

mercantil.

Geralmente, os contratadores tinham lucro, mas nem sempre. Muitas vezes, a administração

do contrato era, depois de arrematado, passada para terceiros (através de procuração).

Quando o outorgado não realizava de maneira “eficiente” a administração da cobrança (leia-se

fraudulenta) ou mesmo em função de uma queda da atividade econômica, os contratadores

acabavam com prejuízo.

O contrato da dízima da alfândega tinha a duração (direito de cobrar a dízima) por três anos

para quem o arrematasse. Na lista de contratadores do referido documento figuram grandes

negociantes (como Anacleto Elias da Fonseca). Esses estabeleciam seus negócios através de

uma rede de procuradores em diferentes partes do império ultramarino português e fora dele

(PESAVENTO, 2013). As distâncias envolvidas e dificuldade de obter informações/comunicação

tornava a confiança um fator importante na consolidação dos negócios além mar. Nesse

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sentido, ela foi o eixo que sustentou o funcionamento das operações transatlânticas

(PESAVENTO, 2009).

Como o próprio nome sugere, a dízima era o valor de 10% cobrado sobre as fazendas que

desembarcavam nos portos da colônia. A instituição do referido imposto foi, num primeiro

momento, feita pela Câmara do Rio de Janeiro. Depois da invasão francesa, no início do XVIII,

passou a ser administrado pela metrópole.

Um aspecto importante quando os contratos régios são estudados é a diferença entre a

arrecadação do imposto, taxa etc e o preço pago pelo contrato. Aqui, os dados coletados

fazem referência à arrecadação com a dízima e não ao preço que o contrato foi arrematado.

Isto se explica em função da dinâmica que a cobrança da dízima representa, isto é, os seus

valores ficavam muito próximos do que acontecia com o nível de atividade econômica. Assim,

a arrecadação da dízima da alfândega parece ser um indicador mais confiável das oscilações

econômicas transcorridas durante o XVIII.

Um “problema” foi a criação tardia, durante a administração pombalina, do Erário Régio

(1761). Assim, os dados anteriores à década de 1760 devem ser analisados com muito cuidado,

pois seu registro nem sempre fazia a diferenciação entre a arrecadação e o preço pago pelo

direito de cobrar a dízima (preço do contrato). Apesar disso, as informações recolhidas para

montar a série da dízima da alfândega do Rio de Janeiro são de fontes primárias que sempre

faziam referência à arrecadação e não ao preço pago pelo contratador pelo contrato. O gráfico

abaixo ilustra a importância que a arrecadação da dízima da alfândega do Rio de Janeiro tinha

frente aos demais contratos que também eram cobrados na mesma praça.

Gráfico 3 – Arrecadação, por contrato, no Rio de Janeiro no ano de 1763 Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino, resgate Rio de Janeiro, doc.7451, cx. 84. Elaboração própria.

Com base nessas informações, nos valores encontrados e na análise da documentação

primária, pode-se avançar na análise sobre a conjuntura econômica da região sudeste

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brasileiro durante o período colonial. Antes, um breve resgate do debate historiográfico que

versa sobre o período estudado.

3. O DEBATE2

O objetivo da presente seção é o de apresentar o debate historiográfico sobre o período.

Como apontado anteriormente, de um lado, existe o argumento – apresentado por Celso

Furtado em Formação Econômica do Brasil – de que após o arrefecimento da extração aurífera

a economia colonial brasileira passou por um processo de atrofiamento da renda. A explicação

reside no fato de que a renda entra em declínio uma vez que a maioria dos agentes regrediu

para um regime de subsistência. Ela é seguida por boa parte da historiografia brasileira,

ganhando revigoramento com o trabalho de Dauril Alden, o qual sugere que a Colônia vai

presenciar uma forte crise econômica após o arrefecimento da extração aurífera.

A principal causa da crise foi a queda vertiginosa na renda, tanto pública quanto privada, do Brasil iniciada no começa da década de 1760. A principal causa do severo corte na renda da coroa proveniente do Brasil foi o declínio da produção das minas de ouro e diamantes do interior (ALDEN, 1999: 549).

Em função disso, os agentes deslocam seus recursos para o setor agrícola, em especial para a

subsistência. Esse processo Caio Prado Júnior chamou de renascimento agrícola. Para Alden, o

colonial tardio passa pelo boom do ouro, seguido da queda da extração e em seguida pelo

revigoramento “da forma tradicional da riqueza colonial, a agricultura de exportação”

(FRAGOSO & FLORENTINO, 2001: 84).

O livro Arcaísmo como Projeto, de João Fragoso e Manolo Florentino, síntese das teses de

doutorado dos autores, acabou apresentando uma inovação no que diz respeito a esse debate.

A idéia central da referida obra é a existência de um mercado interno colonial “a estrutura de

produção colonial gera os seus mercados de homens e alimentos, o que, por sua vez, viabiliza

a aparição de circuitos internos de acumulação para além das trocas com a Europa” (FRAGOSO

& FLORENTINO, 2001: 19). João Fragoso e Manolo Florentino também destacam uma nova

interpretação sobre o declínio aurífero:

Uma época marcada não tanto por uma recuperação econômica, mas principalmente um período de consolidação de novas formas de acumulação do Sudeste-Sul escravista, formas essas coincidentes com o domínio do capital mercantil e, pois, com a hegemonia de uma nova elite econômica. A elite, nesse caso, seria constituída pela comunidade de comerciantes de grosso trato residentes na praça mercantil do Rio de Janeiro (FRAGOSO & FLORENTINO, 2001:84-5).

Por esse ponto de vista, a economia do Rio de Janeiro não atravessaria um renascimento

agrícola, muito menos uma crise pós “ciclo do ouro”, uma vez que a produção carioca já estava

voltada para atender o mercado interno. Esse trabalho teve segmento para outros períodos e

regiões como, por exemplo, as teses de doutoramento de Júnia Furtado e de Antônio Carlos

Jucá de Sampaio.

Há uma série de outras contribuições que não poderão ser tratadas aqui, mas que merecem

menção por se colocarem nos interstícios desse debate. Citam-se os trabalhos de Charles

2 Esta seção segue Pesavento (2012); Gil, Pesavento (2014).

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Boxer, John Monteiro, Kenneth Maxwell, Stuart Schwartz, Larissa Brown e Rae Flory. Além

disso, o início do século XXI testemunhou uma série de novos trabalhos3, que lançou mão de

ampla pesquisa documental, além de diluir seu campo de análise, incorporando muito dos

chamados aspectos “extra-econômicos”. Importante destacar que são pesquisas que não têm

a preocupação de analisar “as linhas gerais” da economia brasileira, mas sim de estudar os

pormenores de uma região específica do Brasil ou da América Portuguesa, o que, por vezes,

contrapõe as interpretações tradicionais da história econômica brasileira.

Em resumo, dentro do debate historiográfico sobre o tema aqui tratado, ALDEN (1999) afirma

que a economia do Rio de Janeiro pós 1750 (especialmente durante a década de 1760) estaria

assolada por uma perda de ritmo na medida em que a atividade mineradora foi arrefecida,

enfraquecendo os fluxos monetários e a capacidade de realizar inversões. Diante desse

cenário, os agentes regressaram para a produção agrícola (subsistência ou de exportação).

Esse processo foi denominado renascimento agrícola ou, para alguns autores, de colonial

tardio. Com base em ampla documentação primária pós 1790, FRAGOSO (1998) aponta que a

economia carioca não presenciou o renascimento agrícola, pois a produção agrícola carioca

estava voltada para o mercado interno de abastecimento, desde antes do declínio mineiro.

Visto o diálogo no que diz respeito à revisão historiográfica, parte-se para a análise

quantitativa.

4. O CRÉDITO E A DÍZIMA: ENFIM A CONJUNTURA ATLÂNTICA

O objetivo da presente seção é apresentar as séries construídas, seu desempenho e analisar a

conjuntura econômica do período e da região. Com isso, o debate sobre o tema pode

prosseguir, pois novas séries econômicas foram construídas tendo como base ampla

documentação primária.

Como dito anteriormente, as fontes para mensurar o volume de crédito foram as 750

escrituras públicas de dívida e obrigação e de dinheiro a razão de juros entre 1750 a 1790. Para

completar a série (primeira metade do XVIII) foram empregadas as escrituras públicas de

empréstimo trabalhadas por Antonio Carlos Jucá de Sampaio (Sampaio, 2003). Um resumo do

número de escrituras por década/período está disposto no gráfico abaixo.

3 Fragoso (2006) e (2007); Furtado (2001).

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Gráfico 4 – Número total de escrituras de empréstimo no Rio de Janeiro: 1711-1790 Fonte: Sampaio (2003); AN, escrituras públicas depositadas no 1º, 2º e 4º Ofício de Notas. Elaboração própria.

O número de escrituras, por si só, já é um indicador de conjuntura econômica, pois quanto

maior o número de escrituras de empréstimo, provavelmente, maior a atividade econômica.

Nesse sentido, parece claro que a década de 1780 apresenta um desempenho muito acima das

demais. Por outro lado, a falta de escrituras na década de 1720 prejudica a análise. De todo

modo, o gráfico acima revela um movimento importante de retomada da economia a partir da

década de 1770. Por fim, parece que a queda da extração aurífera, durante fins da década de

1740, reverberou nas décadas seguintes (1750 e na de 1760). Para aprofundar o entendimento

do mercado de crédito, o gráfico abaixo foi construído.

Gráfico 5 – Valor total das escrituras de empréstimo no Rio de Janeiro: 1711-1790 (em mil réis) Fonte: Sampaio (2003); AN, escrituras públicas depositadas no 1º, 2º e 4º Ofício de Notas. Elaboração própria.

Antes de analisar o gráfico 5, outra observação sobre os valores coletados durante a década de

1750. Naquela década, verificou-se que algumas escrituras (duas para ser específico) tinham

valores muito acima do usual. Uma de mais de 26 contos de réis e outra de doze contos de

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réis. Isso é explicado por envolver irmandades ou grandes contratadores. Pela sua natureza,

são negócios extraordinários e que destoam do comportamento do mercado de crédito do dia

a dia. Assim, retiramos da amostra aquelas duas escrituras para construir o valor total e médio

da referida década.

No gráfico acima, fica nítido os movimentos que o gráfico 4 já sinalizava, quais sejam,

crescimento do valor total de empréstimos na década de 1740 para arrefecimento nas duas

décadas seguintes, seguido de recuperação na década de 1770 e, mais vigorosa na de 1780.

Pela natureza das informações (número de escrituras e valor total delas) esse desempenho já

era esperado. Para obter uma avaliação alternativa do comportamento verificado acima, os

valores nominais foram transformados em reais (empregando o índice de preço construído por

JOHNSON JR, 1973).

Gráfico 6 – Valor real total anual das escrituras de empréstimo no Rio de Janeiro: 1751-1790 (em mil réis) Fonte: AN, escrituras públicas depositadas no 1º, 2º e 4º Ofício de Notas. Elaboração própria.

Como pode ser visto acima, o desempenho do mercado de crédito não muda, conforme

discutido anteriormente. Uma das explicações para isso é o fato da pequena variação do nível

de preço no período conforme aponta o gráfico 1. Para ampliar a discussão sobre o

comportamento do mercado de crédito carioca, o gráfico seguinte foi construído empregando

os valores médios nominais.

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Gráfico 7 – Valor médio anual nominal das escrituras de empréstimo no Rio de Janeiro: 1711-1790 (em mil réis) Fonte: Sampaio (2003); AN, escrituras públicas depositadas no 1º, 2º e 4º Ofício de Notas. Elaboração própria.

Aqui, o comportamento difere marginalmente dos gráficos anteriores. Por exemplo, no

período 1727-30, o valor médio anual fica acima da década anterior e na década de 1781-90

fica abaixo da anterior. Isso pode ser explicado em função do maior número de escrituras

coletadas naquela década. O que chama atenção, novamente, é que o valor médio cai durante

as décadas 1750 e 1760 para se recuperar na seguinte. Assim, os dados analisados até o

momento, mostram um comportamento semelhante, isto é, crescimento do mercado de

crédito até a década de 1740 para posterior queda nas duas décadas seguintes. Para tentar

identificar o comportamento do desempenho do mercado de crédito de maneira mais pontual,

as escrituras foram organizadas mensalmente.

Gráfico 8 – Valor mensal nominal (média 24 meses) das escrituras de empréstimo no Rio de Janeiro: 1750-1790 (em mil réis, até 4 contos de réis) Fonte: AN, escrituras públicas depositadas no 1º, 2º e 4º Ofício de Notas. Elaboração própria.

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Antes da análise uma observação: os valores nominais e reais são muito próximos, assim a

opção foi pelos valores nominais. O comportamento do gráfico acima revela um valor mensal

médio nominal decrescente entre 1750 a 1765, conforme visto no gráfico 6 acima. Contudo, os

valores mensais voltam a se recuperar na segunda metade da década de 1760, atingindo o

nível da década de 1750 no início dos anos 1770. Nesse sentido, observando o comportamento

do crédito e tentando construir um cenário para a atividade econômica do Rio de Janeiro, a

década de 1760 (conforme já apontava os gráficos acima) teve uma queda. A mesma se

recupera na segunda metade final da mesma década até o início da seguinte.

Um ponto importante, que pode ter impactado sobre o comportamento do crédito no Rio de

Janeiro, foram os eventos transcorridos durante o período estudado, em especial durante as

décadas de 1750 a 1770. Por exemplo, é sabido que conflitos importantes foram transcorridos

nas referidas décadas (guerra guaranítica e no sul das porções da América portuguesa) além

do terremoto de Lisboa em 1755. A documentação primária analisado até aqui, não alude que

aqueles eventos tenham um impacto significativo no mercado de crédito fluminense. Assim,

continua uma incógnita: aqueles eventos exerceram algum papel sobre o comportamento do

mercado de crédito? Trabalhos futuros podem colocar luz no seu entendimento.

Com respeito ao comportamento do mercado de crédito durante a década de 1780, o gráfico

mostra, de maneira mais nítida, que o ciclo do crédito fluminense naquele período não

recuperou os valores das décadas anteriores. O melhor desempenho ficou para os anos de

1786 e 1789. Um aspecto que se destaca é que mesmo transformando os dados em média

móvel de 24 meses, é nítido a sua volatilidade. De todo modo, ele não recupera os valores da

década de 1770, ou da de 1750, sugerindo que a crise aurífera, provavelmente, teve impacto

sobre o seu desempenho. Nesse sentido, a queda da extração aurífera parece ter exercido um

papel negativo sobre as décadas de 1760 a 1780 sugerindo um impacto negativo e de longo

prazo sobre a atividade econômica do Rio de Janeiro. Para ampliar o debater, as informações

da dízima da alfândega são apresentadas.

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Gráfico 9 – Valor anual nominal da arrecadação da dízima no porto do Rio de Janeiro: 1718-1804 (em mil réis) Fonte: AHU, projeto resgate Rio de Janeiro, doc. 1139, cx.10 e 11, doc.1429, cx.13, doc. 2092, cx.18, doc. 2316, cx.21, doc. 2488, cx.23, doc.2699, cx.25, doc.2775, cx.26, 27 e 28, doc. 3286, cx.31, doc.3656, cx.35, doc.3882, cx.37, doc.5492, cx.56, doc.6246, cx.66 e Arquivo Nacional do Tribunal de Contas, livro 4057 e 4042. Elaboração própria.

Quando se comparam os movimentos das séries de crédito e de arrecadação da dízima, a

direção parece clara: crescimento até meados da década de 1750, para posterior queda nas

décadas seguintes, com recuperação na década de 1780. No caso do gráfico acima, não são

recuperados os valores atingidos na década de 1740-50 mesmo no início do XIX. Como

alertado anteriormente, esse desempenho pode ser explicado pelo registro não preciso da

arrecadação antes da criação do Erário Régio (1761). O mesmo comportamento do

desempenho pode ser visto no gráfico abaixo.

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Gráfico 10 – Valor médio anual nominal da arrecadação da dízima no porto do Rio de Janeiro: 1718--1804 (em mil réis) Fonte: idem gráfico 9. Elaboração própria.

Aqui fica nítido que as duas séries parecem dialogar. No ápice do “ciclo do ouro” uma grande

arrecadação, seguida de uma queda a partir da década 1760, só voltando a se recuperar no

início do XIX. Na próxima e última seção, um aprofundamento da análise quantitativa foi

realizado com alguns exercícios estatísticos.

5. A CLIOMETRIA

O objetivo da presente seção é o de apresentar os exercícios estatísticos realizados com as

séries volume de crédito e arrecadação da dízima da alfândega. Para mensurar o caráter

transatlântico da economia do Rio de Janeiro (além de relacionar com as demais partes da

colônia) duas séries foram acrescidas ao estudo: o preço internacional do açúcar (MAXWELL,

1973) e o preço dos escravos em Minas Gerais (BERGAD, 2004). Com essas, a idéia de verificar a

relação da economia do Rio de Janeiro com outros espaços econômicos poderá ser testada.

Para a realização das estimativas o software Eviews 4.0 foi empregado. Todas as variáveis

foram transformadas em logaritmo e iniciam em 1750 sendo a última observação no ano de

1790, totalizando 41 observações anuais. Os testes de raiz unitária estão disponíveis no anexo,

assim como os resultados das regressões. Empregou-se mínimo quadrado ordinário usando o

teste Newey-West para a estimativa dos coeficientes. A primeira equação estimada (1) está

disposta abaixo.

CREDt = constante + β1DIZt + β2ESCt + β2PACt + erro (1)

CRED é o volume total de crédito anual em t, DIZ é a arrecadação total anual em t, ESC é o

preço anual do escravo em Minas Gerais em t e PAC é o preço anual internacional do açúcar

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(Amsterdã) em t. Uma segunda regressão foi estruturada para obter um resultado alternativo

de (1).

CREDt = constante + β1DIZt + β2ESCt-2 + β2PACt-4 + erro (1)

A diferença entre as estimativas (1) e (2) reside na defasagem das variáveis independentes

ESC (defasada em 2 anos) e no preço internacional do açúcar (defasada em 4 anos). Os

resultados estão dispostos abaixo.

CREDt = -0,96 + 0,29DIZt + 0,97ESCt – 0,64PACt + erro (3)

Desvio (1,47) (0,07) (0,24) (0,25)

Todos os coeficientes estimados da equação (1) são significativos a 1% exceção a variável

constante (não significativo a 10%), o R2 ajustado soma 0,27. O erro da estimativa é

normalmente distribuído. Em (3) as elasticidades são as esperadas, porém o resultado

negativo do coeficiente estimado do preço do açúcar, ou seja, para um aumento de 1% no

preço internacional do açúcar o volume de crédito cai 0,64% surpreende. A princípio, quanto

maior o preço do açúcar, maiores as exportações e maior o volume de crédito na praça carioca

pela renda gerada pela economia açucareira. Diante do resultado encontrado, a equação (2)

foi estimada. Os resultados estão dispostos abaixo.

CREDt = 1,24 + 0,14DIZt + 0,64ESCt-2 + 0,67PACt-4 + erro (4)

Desvio (1,91) (0,07) (0,32) (0,33)

Todos os coeficientes estimados da equação (2) são significativos a 5% exceção a variável

constante (não significativo a 10%), o R2 ajustado soma 0,10. O erro da estimativa é

normalmente distribuído. Em (4) as elasticidades estimadas são as esperadas e sugerem a

relação entre o mercado de crédito do Rio de Janeiro com a região de Minas Gerais e a

economia transatlântica. Além disso, a elasticidade estimada encontrada para o preço

internacional do açúcar ficou positiva.

O desdobramento da pesquisa pode apontar novas interpretações sobre a atividade

econômica do Rio de Janeiro. Porém, o que foi apresentado aqui, assinala para um

arrefecimento daquela, em especial depois da década de 1760. Isso reforça os resultados

encontrados em PESAVENTO (2013) e (2015). Mesmo durante a década de 1780 a atividade não

parece responder como no auge do “ciclo do ouro”. Por fim, as elasticidades estimadas de (3)

e (4) indicam alguns caminhos para a continuidade do estudo. Entre os quais está a relação

positiva entre o volume de crédito e a arrecadação da dízima, mas especialmente com o preço

dos escravos em Minas Gerais o preço internacional do açúcar (sugerindo interligação entre

diferentes mercados da região sudeste e com a economia internacional).

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ANEXO

Dependent Variable: CRED Method: Least Squares Sample: 1 41 Included observations: 41 Newey-West HAC Standard Errors & Covariance (lag truncation=3)

Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.

C -0.961703 1.468911 -0.654705 0.5167 DIZ 0.287154 0.074820 3.837939 0.0005 ESC 0.972071 0.232427 4.182268 0.0002 PAC -0.640210 0.243762 -2.626370 0.0125

R-squared 0.325292 Mean dependent var 5.888240 Adjusted R-squared 0.270586 S.D. dependent var 0.185799 S.E. of regression 0.158683 Akaike info criterion -0.751346 Sum squared resid 0.931673 Schwarz criterion -0.584169 Log likelihood 19.40260 F-statistic 5.946188 Durbin-Watson stat 2.127168 Prob(F-statistic) 0.002046

Dependent Variable: CRED Method: Least Squares Sample(adjusted): 5 41

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Included observations: 37 after adjusting endpoints Newey-West HAC Standard Errors & Covariance (lag truncation=3)

Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.

C 1.240359 1.913702 0.648146 0.5214 DIZ 0.136640 0.066764 2.046601 0.0487

ESC(-2) 0.637775 0.320658 1.988960 0.0550 PAC(-4) 0.673154 0.320179 2.102432 0.0432

R-squared 0.176713 Mean dependent var 5.856584 Adjusted R-squared 0.101869 S.D. dependent var 0.156584 S.E. of regression 0.148394 Akaike info criterion -0.876081 Sum squared resid 0.726689 Schwarz criterion -0.701928 Log likelihood 20.20750 F-statistic 2.361083 Durbin-Watson stat 2.204487 Prob(F-statistic) 0.089217

Null Hypothesis: CRED has a unit root Exogenous: Constant, Linear Trend Lag Length: 0 (Automatic based on SIC, MAXLAG=9)

t-Statistic

Elliott-Rothenberg-Stock DF-GLS test statistic -5.388945 Test critical values: 1% level -3.770000

5% level -3.190000 10% level -2.890000

*Elliott-Rothenberg-Stock (1996, Table 1) Warning: Test critical values calculated for 50 observations and may not be accurate for a sample size of 40

DF-GLS Test Equation on GLS Detrended Residuals Dependent Variable: D(GLSRESID) Method: Least Squares Sample(adjusted): 2 41 Included observations: 40 after adjusting endpoints

Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.

GLSRESID(-1) -0.848032 0.157365 -5.388945 0.0000

R-squared 0.426799 Mean dependent var -0.001143 Adjusted R-squared 0.426799 S.D. dependent var 0.230857 S.E. of regression 0.174782 Akaike info criterion -0.625878 Sum squared resid 1.191395 Schwarz criterion -0.583656 Log likelihood 13.51756 Durbin-Watson stat 2.054446

Null Hypothesis: DIZ has a unit root Exogenous: Constant, Linear Trend Lag Length: 3 (Automatic based on SIC, MAXLAG=9)

t-Statistic

Elliott-Rothenberg-Stock DF-GLS test statistic -3.069765 Test critical values: 1% level -3.770000

5% level -3.190000 10% level -2.890000

*Elliott-Rothenberg-Stock (1996, Table 1) Warning: Test critical values calculated for 50 observations and may not be accurate for a sample size of 37

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DF-GLS Test Equation on GLS Detrended Residuals Dependent Variable: D(GLSRESID) Method: Least Squares Sample(adjusted): 5 41 Included observations: 37 after adjusting endpoints

Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.

GLSRESID(-1) -1.120236 0.364926 -3.069765 0.0043 D(GLSRESID(-1)) 0.034474 0.305049 0.113012 0.9107 D(GLSRESID(-2)) 0.109468 0.252392 0.433724 0.6673 D(GLSRESID(-3)) -0.065636 0.171972 -0.381669 0.7052

R-squared 0.585783 Mean dependent var -0.003230 Adjusted R-squared 0.548127 S.D. dependent var 0.304018 S.E. of regression 0.204366 Akaike info criterion -0.236006 Sum squared resid 1.378256 Schwarz criterion -0.061852 Log likelihood 8.366105 Durbin-Watson stat 1.475085 Null Hypothesis: PAC has a unit root Exogenous: Constant Lag Length: 0 (Automatic based on SIC, MAXLAG=9)

t-Statistic

Elliott-Rothenberg-Stock DF-GLS test statistic -2.450212 Test critical values: 1% level -2.624057

5% level -1.949319 10% level -1.611711

*MacKinnon (1996)

DF-GLS Test Equation on GLS Detrended Residuals Dependent Variable: D(GLSRESID) Method: Least Squares Sample(adjusted): 2 41 Included observations: 40 after adjusting endpoints

Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.

GLSRESID(-1) -0.264280 0.107860 -2.450212 0.0189

R-squared 0.132884 Mean dependent var 0.001331 Adjusted R-squared 0.132884 S.D. dependent var 0.055179 S.E. of regression 0.051382 Akaike info criterion -3.074360 Sum squared resid 0.102966 Schwarz criterion -3.032138 Log likelihood 62.48721 Durbin-Watson stat 1.896062

Null Hypothesis: ESC has a unit root Exogenous: Constant, Linear Trend Lag Length: 0 (Automatic based on SIC, MAXLAG=9)

t-Statistic

Elliott-Rothenberg-Stock DF-GLS test statistic -3.742257 Test critical values: 1% level -3.770000

5% level -3.190000 10% level -2.890000

*Elliott-Rothenberg-Stock (1996, Table 1) Warning: Test critical values calculated for 50 observations and may not be accurate for a sample size of 40

DF-GLS Test Equation on GLS Detrended Residuals Dependent Variable: D(GLSRESID) Method: Least Squares

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Sample(adjusted): 2 41 Included observations: 40 after adjusting endpoints

Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.

GLSRESID(-1) -0.541831 0.144787 -3.742257 0.0006

R-squared 0.263263 Mean dependent var 0.001785 Adjusted R-squared 0.263263 S.D. dependent var 0.050319 S.E. of regression 0.043190 Akaike info criterion -3.421727 Sum squared resid 0.072750 Schwarz criterion -3.379505 Log likelihood 69.43454 Durbin-Watson stat 1.812377