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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
FRANCISCO JERÔNIMO NETO
SONEGAÇÃO FISCAL: ASPECTOS LEGAIS E IMPACTOS NA ECONOMIA BRASILEIRA
CABEDELO – PB 2017
FRANCISCO JERÔNIMO NETO
SONEGAÇÃO FISCAL: ASPECTOS LEGAIS E IMPACTOS NA ECONOMIA BRASILEIRA
Trabalho de Conclusão de Curso em forma de Artigo Científico apresentado à Coordenação do Curso de Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Área: Direito Tributário. Orientadora: Profª Ms. Herleide Herculano Delgado.
CABEDELO – PB 2017
J56f Jerônimo Neto, Francisco. Sonegação Fiscal: aspectos legais e impacto na economia brasileira / Francisco Jerônimo Neto. – Cabedelo, 2017. 27f. Orientador: Prof. Ms. Herleide Herculano Delgado. Artigo Ciêntifico (Bacharelado em Direito) Faculdade de Ensino Superior da Paraiba. 1. Sonegação fiscal. 2. Economia. 3. Direito tributário. 4. Impactos da sonegação fiscal. I. Título.
BC/FESP CDU: 341.39
A reprodução total ou parcial deste documento só será permitida exclusivamente para fins
acadêmicos e científicos desde que seja referenciado, autor, titulo instituição, e ano de sua
publicação.
FRANCISCO JERÔNIMO NETO
SONEGAÇÃO FISCAL: ASPECTOS LEGAIS E IMPACTOS NA ECONOMIA BRASILEIRA
Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.
APROVADO EM _____/________2017
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________ Profª Ms. Herleide Herculano Delgado
ORIENTADORA - FESP
_____________________________________________
Profª. Ms. Luciana Vilar de Assis MEMBRO - FESP
_____________________________________________ Profª. Ms. Karina Pinto Brasileiro
MEMBRO - FESP
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus, o grande mestre da vida, por se fazer
tão presente em minha vida, ajudando e me dando forças para seguir firme, por toda
sabedoria, saúde, humildade, e fé.
Aos meus pais, José Ferreira e Clarinda Rodrigues, exemplos de humildade,
sabedoria, perseverança e fé, por terem acreditado no meu sonho, por todo amor a
mim dedicado, e por terem me ajudado de todas as formas possíveis.
A todos os meus irmãos, em especial, a Maria do Socorro, que sempre
esteve ao meu lado, ouviu meus desabafos, por muitas vezes chorou comigo, e
sempre ao final falava que tudo iria ficar bem e secava minhas lágrimas.
A minha amada vó, Zefinha, minha maior incentivadora, por tudo que fez e
faz por mim.
Ao meu primo e grande amigo Mauricio, por sempre se fazer tão presente,
por tantos sonhos que dividimos juntos e por todas as palavras de ajuda e apoio.
A Evandro Sales, um grande amigo e irmão que a vida me deu, por tudo que
sempre fez por mim, por ter me ajudado nas horas que precisei.
A minha prima, Lusimar, e também amiga de jornada acadêmica, por todo
apoio a mim doado, por estender suas mãos sempre que precisei.
A Rivaniel Dias, por toda paciência, carinho e incentivo.
Aos meus grandes amigos. Rhafael, Fernanda e Helniliz, por todo carinho e
apoio, sempre nas horas difíceis, mostrando saídas que nem eu mais acreditava
existir.
Muito obrigado a todos os familiares e amigos, que sempre acreditaram em
meu potencial e me deram forças para continuar acreditando, e que de alguma
forma, ajudaram na construção desse sonho.
A minha orientadora, Herleide Herculano, por ter acreditado em mim, e ter
aceitado esse desafio, por ter sido além de uma professora e orientadora, tornando-
se uma grande amiga, uma irmã, sempre me pegando pelas mãos e mostrando o
melhor lado do conhecimento. Com toda certeza levarei tudo isso por toda a vida.
Meus agradecimentos a Fesp Faculdades, por todo carinho, respeito,o ,
dedicação e compromisso com os alunos.
Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível. (São Francisco de Assis)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 09
2 A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO E O PODER DE TRIBUTAR ........ 10
2.1 O PAGAMENTO DO TRIBUTO COMO DEVER FUNDAMENTAL ................... 11
2.2 A NECESSIDADE DO ESTADO EM TRIBUTAR PARA GARANTIR
AS NECESSIDADES PÚBLICAS COLETIVAS ................................................ 13
3 O CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL: UMA PRÁTICA DE CRIME
CONTRA A COLETIVIDADE SOCIAL ............................................................. 15
3.1 ASPECTOS LEGAIS DA SONEGAÇÃO FISCAL ............................................. 15
3.2 CAUSAS DA SONEGAÇÃO FISCAL ................................................................ 18
3.3 TIPOS DE SONEGAÇÃO FISCAL .................................................................... 19
4 O IMPACTO DA SONEGAÇÃO FISCAL NA ECONOMIA BRASILEIRA ....... 19
4.1 IMPOSTÔMETRO X SONEGÔMETRO ........................................................... 20
4.2 CONSEQUÊNCIAS DA SONEGAÇÃO FISCAL NA ALTA
CARGA TRIBUTÁRIA E A ATUAL SITUAÇÃO BRASILEIRA ......................... 21
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 23
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 24
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SONEGAÇÃO FISCAL: ASPECTOS LEGAIS E IMPACTOS NA ECONOMIA BRASILEIRA
FRANCISCO JERÔNIMO NETO * HERLEIDE HERCULANO DELGADO **
RESUMO
O presente estudo científico teve por finalidade averiguar a sonegação fiscal como um ato que vai contra aos preceitos de direito tributário e causa grandes impactos em nossa ordem econômica, havendo uma série de prejuízos causados e inúmeros fatores que justificam essa ocorrência, sendo as razões econômicas bastante fortes neste tipo de violação à lei, sendo este o instrumento normativo de maior relevância neste ramo do direito. Assim, a sonegação fiscal e os impactos na economia nacional são os objetos estudados, sendo que a importância deste estudo se dá no fato de que o tributo é a forma pela qual o Estado arrecada riquezas para cumprir com os seus deveres, e não conseguindo arrecadar o suficiente, algumas despesas ficarão sem receita. Para realizar esta pesquisa foi feito um estudo que revisa a doutrina existente acerca desta matéria, partindo para o uso da pesquisa qualitativa e com método de abordagem dedutivo, visando solucionar a controvérsia da sonegação fiscal e os resultados negativos que a economia sofre.
PALAVRAS-CHAVE: Sonegação fiscal. Economia. Direito tributário. Impactos da sonegação fiscal.
1 INTRODUÇÃO
O problema da sonegação fiscal é bastante antigo, mas sempre atual, pois
os indivíduos não se mostram muito satisfeitos para adimplir com o valor dos
tributos, principalmente quando a carga tributária é alta, como no caso do Brasil,
sendo questionada pela sociedade a questão do retorno, ou seja, a realização de
atos estatais que demonstrem que o Estado faz bom uso do dinheiro público e que o
utiliza em prol da sociedade.
* Concluinte do Curso de Bacharelado em Direito da Fesp Faculdades, período 2017.2. Email: [email protected]. ** Graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal da Paraíba (2000), graduação em Direito pela Faculdade Maurício de Nassau - João Pessoa (2012),) Especialista em Direito tributário pela Universidade de Anhanguera ( 2013), Mestre em Ciências Jurídicas - Direito Econômico pela Universidade Federal da Paraíba (2016), do Grupo de Pesquisa NUPOD/CCJ/UEPB/DGP/CNPq (Núcleo para Pesquisa dos Observadores do Direito), no Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Estadual da Paraíba (CCJ/UEPB), que tem como Líder o Professor Pós-Doutor Luciano Nascimento Silva Docente da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba (FESP), Docente na Instituto de Educação Superior da Paraíba (IESP), Docente da Pós graduação da Escola Superior de Advocacia (ESA), Membro da Comissão de Estudos Tributários da OAB-PB. Atuou como orientadora deste TCC. E-mail:[email protected]
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Com isso, surgem diversos problemas que são possíveis de ser abordado,
mas principalmente neste cenário se torna mais relevante a problemática da
sonegação, pois é um fato que diminui a receita pública, se constatando a não
entrada de recursos nos cofres públicos, impedindo que se efetive a busca do bem
estar social.
A importância desse tema fez com que se realizasse a presente pesquisa de
revisão de bibliografia, que utiliza a metodologia dedutiva e qualitativa para averiguar
seu problema e objetivos, conforme traçados, sendo o principal verificar os impactos
econômicos da sonegação fiscal em nosso país, que ao final será visto que são
grandemente negativos.
Como objetivos gerais e específicos, analisou-se a sonegação fiscal, índices
de sonegação e de arrecadação, bem como os efeitos econômicos de ambos os
cálculos, também sendo realizadas conceituações introdutórias que auxiliam no
entendimento da matéria abordada, de suma importância em nosso meio acadêmico
e profissional.
2 A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO E O PODER DE TRIBUTAR
Primeiramente, deve se dizer que a normatização que regulamenta o
Sistema do Direito Tributário brasileiro está contida de logo na Constituição Federal
de 1988, possui previsão na legislação ordinária do art. 145 em diante do Código
Tributário Nacional. Essa legislação visa regular o exercício da atividade tributária do
Estado, utilizando as suas espécies.
O tributo se relaciona com a atividade financeira do Estado, sendo um
gênero de receita pública, de tal forma que é necessário o entendimento de alguns
conceitos de direito financeiro e da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Deve ser dito que a receita pública se caracteriza por ser o ingresso de
maneira definitiva de determinados recursos ou bens dentro do patrimônio público,
embora haja a divergência no sentido de ser a receita pública o ingresso de recursos
financeiros aos cofres públicos, sob qualquer forma.
Por outro lado, o direito tributário é conceituado como um ramo autônomo do
direito público, com o fim de regular as relações jurídicas entre o Estado e as
pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, que sejam contribuintes ou não. O direito
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tributário, como o próprio nome revela, trata mais especificamente de tudo o que
envolve tributo.
2.1 O PAGAMENTO DO TRIBUTO COMO DEVER FUNDAMENTAL
O tributo, por sua vez, está conceituado nos termos do art. 3°, do Código
Tributário Nacional, sendo “Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória,
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada” (BRASIL, 1966).
Quanto às suas características, conforme a lei, pode ser dito que o tributo é
uma prestação pecuniária compulsória, pois nasce sem se importar com a vontade
do devedor, pois é obrigação que vem da lei, além de ser uma prestação feita em
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, não existindo em nosso ordenamento
tributo pago de outra forma. Ademais, o tributo, prestação pecuniária compulsória,
não pode se constituir como sanção de ato ilícito (BRASIL, 1966).
Também pode ser dito que a prestação pecuniária denominada de tributo é
instituída em lei, em razão do princípio da legalidade, devendo a sua instituição ou
majoração ser feita apenas por meio de lei ou de ato normativo que faça as vezes da
lei, sendo que a forma da prestação ser cobrada é por meio de uma atividade
administrativa plenamente vinculada, visto que é princípio importante a
indisponibilidade do interesse público. Assim, ocorrendo o fato gerador, deve
obrigatoriamente o crédito tributário ser construído e cobrado.
No que diz respeito à natureza jurídica, o tributo tem a sua determinada or
meio do fato gerador da obrigação, não se analisando a denominação que é dada
nem o fim a que se destina o valor decorrente da arrecadação do tributo.
Os tributos possuem uma classificação, podendo ser vinculados e não
vinculados, sendo os primeiros aqueles que estão ligados a uma dada atividade
estatal, sendo necessária a existência de alguma atividade do Estado para o
contribuinte, para que assim haja a cobrança, e os tributos não vinculados, por sua
vez, independem da existência de uma atividade estatal para que sejam
efetivamente cobrados.
Também podem ser classificado em tributos ficais, extrafiscais e parafiscais,
analisando-se para isso a principal finalidade do tributo, pois caso seja conseguir
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dinheiro para os cofres públicos, este tributo será fiscal, ao passo que se não tiver
esse fim, porém tenha por fim intervir numa situação econômica e social, será um
tributo extrafiscal, e se a finalidade for arrecadação mas que não seja o Estado o
destinatário, será um tributo parafiscal.
Também podemos classificar os tributos em reais e pessoais: são reais os
tributos que têm sua incidência sobre os bens ou sobre um fato econômico, sendo
os tributos pessoais incidentes em caracteres individuais do contribuinte, como o
imposto de renda. Um exemplo de tributo real é o que incide sobre propriedades
urbanas.
As espécies tributárias, segundo os arts. 145 da Constituição Federal e 5°
do Código Tributário Nacional são os tributos, os impostos, as taxas e as
contribuições de melhoria (BRASIL, 1988), sendo inclusos nesse rol pelo Supremo
Tribunal Federal, os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais.
Primeiramente, os impostos estão previstos no art. 16, do Código Tributário
Nacional, sendo desvinculados e independentes da existência de atuação do
Estado, dependendo para se configurar o seu fato gerador a ocorrência de um ato
do particular, sendo que, em regra, a disciplina dos impostos se dá por meio da
edição de Lei Ordinária (BRASIL, 1966).
As taxas, por sua vez, conforme o art. 145, II, da Constituição Federal, são
espécies de tributos vinculados, isto é, efetivamente precisam da realização de uma
atividade praticada pelo Estado, sendo espécies tributárias criadas e disciplinadas
por meio de uma lei ordinária, e quanto à competência esta é comum dos entes
federativos, sendo-lhes vedadas a inclusão de base de cálculo própria de impostos,
no entanto (BRASIL, 1988).
A contribuição de melhoria vem prevista nos arts. 81 e 82, do Código
Tributário Nacional, considerando-se como tributos de caráter vinculado, sendo
estas criadas e também disciplinadas por meio de uma lei ordinária, sendo de
competência comum dos entes da Federação, e cobrada quando se realiza um obra
pública que em decorrência de sua feitura acaba valorizando o imóvel do
contribuinte, possuindo por base de cálculo o valor da valorização que venha a
surgir (BRASIL, 1966).
Empréstimo Compulsório é aquele que a união, mediante o comando de
uma lei complementar, poderá instituir os tributos chamados de empréstimos
compulsórios, estes que objetivam atender ao suprimento de despesas
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consideradas como extraordinárias estas que são decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou sua iminência de ocorrer, assim como em situações de
investimento público que seja caracterizado como urgente e de relevante interesse
nacional, nos termos do art. 150, III, b e art. 148 da Constituição Federal de 1988
(BRASIL, 1988).
Por fim, como espécie tributária, temos a tributação de guerra, que é o
tributo usado quando se está diante de uma guerra externa, sendo que por isso a
Constituição Federal de 1988 prevê o Imposto extraordinário de guerra e o
Empréstimo compulsório de guerra.
2.2 A NECESSIDADE DO ESTADO EM TRIBUTAR PARA GARANTIR AS
NECESSIDADES PÚBLICAS COLETIVAS
A atividade financeira do Estado é ligada à busca do bem comum da
sociedade, pois a promoção do bem-estar social é um dos objetivos da República
Federativa do Brasil, contido no inciso IV, do art. 3º da Constituição Federal, sendo
que para se cumprir com esse objetivo, algumas coisas devem ser feitas, e aqui
entra a questão dos serviços públicos que devem ser prestados para atender às
demandas da sociedade.
As necessidades da sociedade, a que deve cumprimento o Estado, são de
natureza essencial e complementar, sendo primários e secundários os interesses,
nesse sentido, sendo que para isso o Estado necessita de receita para cumprir com
as despesas públicas previstas, sendo feita por meio do pagamento em valores ou
bens para custear o que for necessário para se atingir o mencionado bem comum
social.
Para Harada (2016, [s./p.])
Basicamente, a finalidade do Estado é a realização do bem comum. A noção de bem comum é difícil e complexa. Podemos conceituá-lo como sendo um ideal que promove o bem-estar e conduz a um modelo de sociedade, que permite o pleno desenvolvimento das potencialidades humanas, ao mesmo tempo em que estimula a compreensão e a prática de valores espirituais.
Diz SABBAG (2016) em relação à atividade financeira do Estado e da
necessidade de receitas, que
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O Estado necessita, em sua atividade financeira, captar recursos materiais para manter sua estrutura, disponibilizando ao cidadão-contribuinte os serviços que lhe compete, como autêntico provedor das necessidades coletivas. A cobrança de tributos se mostra como a principal fonte das receitas públicas, voltadas ao atingimento dos objetivos fundamentais, insertos no art. 3º da Constituição Federal, tais como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a garantia do desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização, tendente à redução das desigualdades sociais e regionais, bem como a promoção do bem-estar da coletividade [...].
A organização e manutenção da sociedade dependem da atividade
financeira do Estado, e dentro disso se inclui a necessidade de se pagar e de se
cobrar o tributo, pois o pagamento dos tributos não deve ser entendido como uma
maneira de o particular estar vinculado e submetido ao Estado, devendo ser
superada a mera concepção de ser um mal necessário, pois o pagamento do tributo
deve ser visto como uma obrigação de caráter fundamental da pessoa, dentro do
contexto coletivo, pois a sociedade organizada depende disso (PAULSEN, 2012,
[s,/p.]).
Nesse sentido, “Tributa-se porque há a necessidade de recursos para
manter as atividades a cargo do Poder Público ou, ao menos, atividades que são do
interesse público, ainda que desenvolvidas por outros entes (PAULSEN, 2012,
[s./p.])”. Fica clara, assim, a necessidade de tributação para alcançar os objetivos da
República.
No entanto, fazendo uma pequena retrospectiva na história, é possível
analisar que:
Para o desenvolvimento dessas atividades estatais, antigamente, o Estado valia-se de requisição de bens e serviços de seus súditos, de colaboração gratuita e honorífica destes no desempenho de funções públicas e do apossamento de bens de inimigos derrotados na guerra. O Estado moderno substituiu, acertadamente, esses processos pelo regime da despesa pública, que consiste no pagamento em dinheiro dos bens e serviços necessários à realização do bem comum (HARADA, 2016, p. 44).
Assim, hoje em dia, a aparência do tributo deve se servir como um
instrumento da sociedade para dar cumprimento aos direitos que são elencados
como sendo direitos fundamentais e sociais, dentro do Estado democrático de
direito, efetivando as garantias conquistadas através de lutas (PAULSEN, 2012,
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[s./p.]). Por esta razão, não se tem como ver os direitos fundamentais sem a
presença do Estado, nem a existência e manutenção do Estado sem o tributo.
3 O CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL: UMA PRÁTICA DE CRIME CONTRA A COLETIVIDADE SOCIAL
Dentro do direito tributário também enxergamos diversos problemas, como
em todas as áreas do direito, mostrando-se situações que violam normas e
princípios deste ramo, sendo uma das situações mais graves a sonegação fiscal,
como um crime em face tanto do Estado como da coletividade, em razão da
essencialidade dos tributos, como já enfatizado.
3.1 ASPECTOS LEGAIS DA SONEGAÇÃO FISCAL
Como visto, o Estado gere e visa buscar e efetivamente alcançar o interesse
público, sendo competente para arrecadar, fiscalizar e administrar os tributos, de
modo que para esse fim estabeleceu uma ordem tributária nacional, onde se
encontra toda a carga normativa que regulamenta a atividade tributária que é
realizada pelo poder público.
Como no direito penal, quando há uma norma violada, para o transgressor
há punições. Logo, quando essas normas e princípios de direito tributário, que
compõem uma ordem, são descumpridas, há a ocorrência de uma infração tributária,
devendo ser o infrator punido com as medidas que a lei determina isto podendo ser
aplicado de forma cumulativa, ou seja, mais de uma punição.
Indo além, quando o fato causado é considerado como grave infração,
havendo previsão legal pelo legislador, deve se considerar o fato de maior gravidade
como crime contra a ordem tributária ou crime diverso, sendo que daí deverá ser
aplicada a sanção penal que for cabível, conforme a legislação que estiver vigente
quando da prática.
Por sua vez, o crime de sonegação fiscal está previsto em lei específica,
apartada do Código Penal, na Lei nº 8.137/90, que nos traz em seus arts. 1º e 2º os
seguintes mandamentos:
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
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I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V (BRASIL, 1990). Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa (BRASIL, 1990).
Por isso se vê que a tipificação da sonegação fiscal, a grosso modo,
consiste em se fazer uso de procedimentos que violem o contexto da lei fiscal ou do
regulamento fiscal, como no caso de ausência de pagamento de impostos quando
há a ação do contribuinte de modo consciente, sendo considerada a sonegação
fiscal como um ato voluntário, tendo o contribuinte o real objetivo de omitir-se quanto
à exação.
Quanto ao funcionário público, as condutas criminosas em relação à ordem
tributária são as seguintes:
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou
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parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social; II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa (BRASIL, 1990).
Assim, o crime de sonegação fiscal é um crime contra a ordem tributária,
que para o particular diz respeito a qualquer ação consumada ou tentativa de se
evitar, de modo parcial ou total, a realização do pagamento de tributos, sendo
usados meios ilegais com esse fim. De outro lado, também a Lei de Nº 4.729, de 14
de julho de 1965, prevês o crime específico de sonegação fiscal, dispondo da
seguinte maneira:
Art 1º. Constitui crime de sonegação fiscal: I - prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, informação que deva ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público interno, com a intenção de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais devidos por lei; II - inserir elementos inexatos ou omitir, rendimentos ou operações de qualquer natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis fiscais, com a intenção de exonerar-se do pagamento de tributos devidos à Fazenda Pública; III - alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operações mercantis com o propósito de fraudar a Fazenda Pública; IV - fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas, majorando-as, com o objetivo de obter dedução de tributos devidos à Fazenda Pública, sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis. V - Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário da paga, qualquer percentagem sôbre a parcela dedutível ou deduzida do impôsto sôbre a renda como incentivo fiscal. Pena: Detenção, de seis meses a dois anos, e multa de duas a cinco vêzes o valor do tributo. § 1º Quando se tratar de criminoso primário, a pena será reduzida à multa de 10 (dez) vêzes o valor do tributo. § 2º Se o agente cometer o crime prevalecendo-se do cargo público que exerce, a pena será aumentada da sexta parte. § 3º O funcionário público com atribuições de verificação, lançamento ou fiscalização de tributos, que concorrer para a prática do crime de sonegação fiscal, será punido com a pena dêste artigo aumentada da têrça parte, com a abertura obrigatória do competente processo administrativo (BRASIL, 1965).
Os crimes de sonegação fiscal é um crime que pode se dar de diversas
formas, sendo plural o “modo de fazer”, não se dando por uma única maneira.
Quanto às causas, também se enxergam diversas justificativas para a sua
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ocorrência, que embora não autorizem a prática podem auxiliar na investigação do
“porquê” desta prática ser tão corriqueira.
3.2 CAUSAS DE SONEGAÇÃO FISCAL
A sonegação fiscal pode se dar de diversas maneiras, sendo que na maioria
das vezes se dá pela busca de vantagens econômicas, para praticar preços
menores no mercado e com isso estar acima da concorrência, em detrimento
daqueles que cumprem integralmente as suas obrigações tributárias, pois estes
cumpridores acabam por vender o seu produto por um preço sobremaneira mais
elevado que os que praticam concorrência desleal com a sonegação dos tributos
(FRANCO, 2015).
A busca pela maior vantajosidade acaba sendo a maior causa da sonegação
fiscal das empresas, pois estas conseguem vender mais, comercializando a
mercadoria com um preço mais barato que o mercado em geral, que paga os
tributos em dia.
Também é de se analisar que o alto valor dos tributos, ou seja, a carga
tributária excessiva, acaba por incentivar a prática da sonegação fiscal por parte das
empresas, não se podendo afirmar, no entanto, que a redução nesse valor iria
diminuir a evasão, mas se presume que com isso se poderia ter um aumento
significativo na arrecadação, pois as empresas pretenderiam ser fieis ao pagamento
dos tributos.
Mas essa “alternativa” seria inviável. Reduzir tributos não é de interesse do
Estado, não havendo vontade política nisso, pois ensejaria a perda de arrecadação
para os entes federativos. No entanto, se a redução da carga gerasse mais
adimplemento, seria possível a maior arrecadação para o governo, sendo um ciclo
que aumentaria o consumo, investimentos e empregabilidade (FRANCO, 2015).
Também se pode falar que:
[...] a impunidade, ou a impunibilidade, é parte do problema. O tamanho da carga tributária, a disfuncionalidade do sistema e os recorrentes programas de renegociação de débitos se não incentivam propriamente a sonegação, pelo menos tiram o pagamento de impostos do topo da lista de prioridades entre as obrigações financeiras de empresas e pessoas físicas [...] teórica e historicamente, o contribuinte que deixa de pagar seus tributos pode ser multado em até 100% do imposto devido. Mas desde 2000 o governo tem facilitado a vida das empresas com os programas de recuperação fiscal.
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Como explica a advogada Bianca Xavier, esses programas vieram com o intuito de incentivar as empresas a regularizarem suas dívidas. O efeito, porém, foi de bola de neve: com a parcela de um programa de financiamento impedindo que o empresário, notadamente os menores, não conseguissem honrar com os impostos correntes. E, de tempos em tempos, o governo foi lançando programas de refinanciamento, muitas vezes com isenção de juros e logos prazos de pagamento. (CARTA CAPITAL, 2017).
Logo, não uma causa única para justificar o fenômeno da sonegação ou
evasão fiscal, sendo composta de diversos fatores, primordialmente de caráter
econômico, com maior prática entre aqueles que em suas atividades visam almejar
lucro, pois não arcar com tributos torna mais barata a despesa que se tem em
relação à empresa.
3.3 TIPOS DE SONEGAÇÃO FISCAL
Segundo o portal da BBC (2014, [s./p.]), há dentre diversas formas de
sonegação fiscal, aquelas que são comumente escolhidas pelos milionários.
Primeiramente, temos a subdeclaração de impostos, que significa declarar possuir
menos rendimentos do que os que de verdade foram obtidos esconde o que omitiu
para que o Fisco não encontre.
Também se fala em registrar empresas em paraísos fiscais, usar "laranjas"
para constar como proprietário do ativo ou da empresa sem se informar
legitimamente para o poder público, estabelecimento de residência falsa em outro
país, para fugir dos impostos, além de também se aproveitar das brechas legais,
sendo que neste último caso não há necessariamente uma evasão fiscal, desde que
seja feita dentro dos limites da lei.
4 O IMPACTO DA SONEGAÇÃO FISCAL NA ECONOMIA BRASILEIRA
Sabe-se que a economia e o direito possuem uma relação de grande
importância. Mas em alguns casos, a relação se mostra ainda mais forte, como no
direito do trabalho, direito do consumidor, direito empresarial e direito civil, por
exemplo, ramos eminentemente privados, e que por isso se relacionam diretamente
com a economia.
No entanto, o direito tributário também se relaciona com a economia
nacional, havendo impactos negativos em termos econômicos quando a legislação
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vigente não é seguida, sendo a sonegação fiscal uma das formas de violação à lei
tributária que acarreta danos de ordem econômica para o nosso país, haja vista a
diminuição da arrecadação do Estado.
Esta situação negativa é amplamente discutida, e muitas vezes o debate se
encerra na necessidade de se proceder com uma reforma tributária. Mas, no
entanto,
Muito se fala sobre a necessidade de uma reforma tributária. Mas o governo deixa de receber cerca de R$ 1 trilhão porque não consegue cobrar de quem não paga imposto. Esse é, praticamente, o mesmo valor que o governo federal arrecada com tributos em um ano. Ou seja: se o governo conseguisse receber tudo o que os sonegadores devem, poderia ficar um ano sem cobrar impostos! Propostas para modificar a Lei de Execução Fiscal não conseguiram avançar no Congresso Nacional. Enquanto isso, quem não paga imposto aposta nos programas de refinanciamento, com condições facilitadas, como o Refis (BRASIL, 2016, [s./p.]).
Logo, se vê que o problema não é exclusivamente legislativo, para que se
coloque como solução apenas a realização de uma reforma. A reforma, por si só,
não vai fazer com que as pessoas físicas e jurídicas passem a cumprir com suas
obrigações tributárias, sendo necessário que se faça algo além de se estabelecer
uma alteração na lei.
4.1 IMPOSTÔMETRO × SONEGÔMETRO
Embora, na prática, a mensuração da sonegação fiscal seja complexa, em
razão dos dados de baixa qualidade e baixo grau de confiabilidade, usam-se
diversos métodos para fazer a estimativa. Dentre estes meios está o impostômetro e
o sonegômetro, que medem a quantidade de impostos pagos e a quantidade perdida
em valor da sonegação fiscal, respectivamente.
No Brasil, o valor em 16 de novembro de 2017, quanto à arrecadação fiscal,
alcançou a marca de R$ 1.878.363.987.573,24, ou seja, quase dois trilhões de reais
em tributos que foram pagos. Esses números crescem muito, a cada segundo. Em
21 de julho de 2017, a coluna de Economia da UOL apontava a arrecadação no
valor de R$ 1,2 trilhão. Em 8 de agosto do mesmo ano, o mesmo site acusava a
marca de R$ 1,3 trilhão (INSTITUTO BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO E
TRIBUTAÇÃO).
21
Ou seja, durante apenas 15 dias, aproximadamente, aumentaram-se 100
bilhões em tributos que foram efetivamente pagos. E o número é deste ano, de
2017, desde o dia 1º de janeiro. Nos outros anos, os números passaram 2 trilhões
(UOL, 2017).
Por sua vez, o sonegômetro traz a média de impostos sonegados até o
momento. Em consulta no dia 16 de novembro de 2017, o valor da sonegação fiscal
em 2017 estava em R$ 499.611.851.370,30, ou seja, quase R$ 500 bilhões de reais
sonegados, perdidos como receita pelo poder público (QUANTO CUSTA O BRASIL,
2017). Vê-se que a sonegação é de quase 1/3 do valor arrecadado pelo
impostômetro.
4.2 CONSEQUÊNCIAS DA SONEGAÇÃO FISCAL NA ALTA CARGA TRIBUTÁRIA E A ATUAL SITUAÇÃO BRASILEIRA
É de se ver que uma das causas da sonegação fiscal no Brasil é a alta carga
tributária que possuímos. Muitos tributos a serem pagos, pouco retorno em
prestações do Estado. Essa situação faz com que não se tenha interesse em pagar
tantos tributos como são os nossos. Essa primeira visão é válida, mas não deve ser
entendida isoladamente.
A sonegação fiscal, embora decorra da alta carga tributária, também enseja
que essa carga só aumente. Para Franco (2015, p. 42):
As empresas que trabalham de forma legal, cumprindo todas as suas obrigações fiscais, são penalizadas pela concorrência desleal no mercado, na medida em que concorrerem em desvantagem econômica com aquelas que sonegam e que em função disto, invariavelmente, possuem a vantagem de poderem praticar preços menores. Com isso, ocorrem as denominadas infrações concorrenciais, ou seja, surge a concorrência desleal na qual aqueles que cumprem assiduamente com suas obrigações tributárias [...].
Assim, visualizamos que a alta carga tributária faz com que a sonegação
ocorra. No entanto, a sonegação aumenta a carga tributária, pois com “sonegação
menor, além de, como dito, resolver o déficit fiscal e investir, seria possível reduzir
tributos sobre o consumo, diminuindo a regressividade da tributação e o valor de
bens e serviços, fazendo o acesso ao consumo mais fácil” (CARTA CAPITAL, 2016,
[s./p.]).
22
Por outro lado, é necessário ver o impacto disso. Analisando a situação do
sonegômetro em anos anteriores, chega-se à conclusão de que, segundo O Estadão
(2015, [s./p.])
A sonegação de impostos no Brasil já atingiu a cifra de R$ 420 bilhões até agora em 2015. A estimativa é do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), que instala nesta quinta-feira, 22, um painel em São Paulo que mostra esses números. A estimativa revela que a sonegação cresce anualmente. Em todo o ano de 2013, foram sonegados R$ 415 bilhões, quase o mesmo valor estimado até agora. Em 2014, o painel da sonegação fiscal, o Sonegômetro, registrou R$ 501 bilhões. Na avaliação do Sinprofaz, um maior esforço para combater a sonegação ajudaria a resolver o impasse fiscal vivido no País e atenuaria as medidas de ajuste das contas públicas.
Quanto aos dados do ano de 2017, pode ser dito que os valores que até
então foram sonegados são muito altos. Pensa-se primeiro em tudo que o Estado
perde, e em tudo que poderia ser feito se o valor sonegado chegasse aos cofres
públicos. Analisando os dados de 2017, informa-se que:
[...] a sonegação de impostos no País já atingiu a mastodôntica marca de R$ 315 bilhões nos últimos sete meses, indicam dados levantados pela Coluna junto a órgãos oficiais e entidades de classe que acompanham os números. São R$ 18 mil reais sonegados por segundo e mais de R$ 1 milhão por minuto. Com esse montante que não entra nos cofres da União, seria possível, por exemplo, construir milhares de postos de saúde equipados (O ÚLTIMO SEGUNDO, 2017, [s./p.]).
Vê-se, como dito, que o impacto do direito tributário na economia é forte, de
da mesma forma funciona com a sonegação fiscal, que acaba influenciando
diretamente a economia nacional. O indicador de questões econômicas nacional, o
Produto Interno Bruto, também tem variações de acordo com os aspectos tributários
do país.
Analisando o PIB em relação à sonegação fiscal, temos o seguinte:
No tocante ao montante da carga tributária em relação ao PIB, o Brasil mostra um perfil diferente da maioria dos países da América Latina. Enquanto que, em média, os tributos equivalem a aproximadamente um quinto do PIB (18,3%), no Brasil esse indicador é quase o dobro, chegando a 33,8% do PIB para 2007 (32,1% é a estimativa para 2015). Dos países relacionados, a Argentina, com 29% do PIB, é o único país que tem uma carga mais próxima da brasileira (QUANTO CUSTA O BRASIL, 2016, [s./p.]).
23
Assim, analisando estes dados econômicos em face da sonegação fiscal,
chega-se a essa conclusão:
É possível notar que o Brasil diverge da tendência dos demais países da região, com alta carga tributária, pois apesar da alta carga tributária possui baixo IDH. Países com IDH semelhante têm aproximadamente metade da carga tributária do Brasil. A Argentina é a que tem carga tributária mais próxima do Brasil, mas possui IDH maior. Fazendo-se a mesma comparação com outros países, esta relação perversa para o caso brasileiro fica ainda mais evidente. De uma lista de 28 países, o Brasil tem a 16ª maior carga tributária, mas a 27ª colocação em IDH. Com isso, o Brasil fica apenas à frente da Turquia, mas enquanto a carga tributária brasileira avaliada à época era de cerca de 33,4%, a turca era de 25%, ou seja, quase um terço menor (QUANTO CUSTA O BRASIL, 2016, [s./p.]).
Assim, é de se verificar que o Brasil possui alta carga tributária, mas que
isso não interfere positivamente nos índices que medem desenvolvimento humano e
riqueza nacional, possuindo um baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). No
Brasil, 1/3 do PIB (Produto Interno Bruto) é formado pela arrecadação de impostos.
No entanto, essa alta carga de riqueza não é devolvida à sociedade em forma de
prestações públicas, havendo um desequilíbrio entre as receitas obtidas e o bem
estar proporcionado.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo proporcionou o conhecimento acerca da sonegação fiscal como
um fator negativo de violação à lei tributária, sendo uma prática de cometer
ilegalidades enquanto sujeito passivo de uma obrigação tributária, sendo praticada
por formas diversas, motivos diversos e de resultados inúmeros, sendo os principais
os de ordem econômica.
A economia, diretamente relacionada com o direito, sofre as consequências
quando alguma lei é violada, principalmente nos ramos que são do direito privado.
No entanto, o direito tributário também se relaciona fortemente com a economia,
sendo as variações que ocorrem neste ramo influenciadoras de relações
econômicas.
A sonegação fiscal, como uma violação à lei tributária, acarreta a perda de
receita pública para o Estado, sendo a receita pública o meio pelo qual o Estado
pode pagar as suas despesas públicas, estas que dizem respeito aos gastos do
24
governo, que devem ser prestações buscando alcançar o bem comum da sociedade,
como um objetivo da República.
O impostômetro mostra que muito foi arrecadado, mas o sonegômetro, por
sua vez, demonstra que muito foi sonegado, sendo que se estes valores fossem
revertidos para os cofres públicos, poderiam ser feitas mais prestações públicas pelo
Estado, pois o valor sonegado é muito alto comparado ao que foi arrecadado a título
de tributo.
Logo, mesmo com a alta carga de tributos, embora sonegada uma grande
parte, o nosso país não possui um bom índice de desenvolvimento humano, pois
carece de prestações públicas que garantam o bem estar social, sendo um pouco
contraditório, pois a maior disponibilidade de receitas deveria propiciar melhores
condições sociais para os indivíduos.
FISCAL POLICY: LEGAL ASPECTS AND IMPACTS IN THE BRAZILIAN ECONOMY
ABSTRACT The purpose of this scientific study was to investigate fiscal evasion as an act that goes against the precepts of tax law and causes great impacts on our economic order, there being a series of losses caused and numerous factors that justify this occurrence, being the economic reasons enough in this type of violation of the law, this being the normative instrument of greater relevance in this branch of law. Thus tax evasion and impacts on the national economy are the objects under study, and the importance of this study is given in the fact that the tax is the way in which the State collects wealth to fulfill its duties, and can not raise enough, some expenses will go unreported. To carry out this research, a study was carried out that reviews the existing doctrine about this matter, starting with the use of qualitative research and with a method of deductive approach, aiming to solve the tax evasion controversy and the negative results that the economy suffers. Keywords: Tax evasion. Economy. Tax law. Impacts of tax evasion.
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institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios.
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