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Joana Catarina Sampaio Ferreira Farmácia Horus Joana Maria Abreu Carvalho Pereira

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Page 1: Farmácia Horus Joana Maria Abreu Carvalho Pereira...atendimento ao público, com três balcões de atendimento (figura 3) e estantes nas quais estão expostos produtos de venda livre,

Joana Catarina Sampaio Ferreira

Farmácia Horus

Joana Maria Abreu Carvalho Pereira

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Relatório de estágio 2015/2016

i

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Horus

Janeiro a Maio de 2016

Joana Maria Abreu Carvalho Pereira

Orientadora: Dra. Manuela Machado

_____________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutora Beatriz Quinaz

_____________________________________

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Relatório de estágio 2015/2016

ii

Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº __________, aluno

do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto,

declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão,

assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases

que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com

novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______

Assinatura: ______________________________________

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Relatório de estágio 2015/2016

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Agradecimentos

Primeiramente gostaria de agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto por me

dar a oportunidade enriquecedora de estagiar numa farmácia comunitária e por todo o conhecimento

adquirido ao longo destes 5 anos de curso.

À Dra. Alexandra Lello, diretora administrativa da Farmácia Horus, pela oportunidade de

estagiar numa farmácia tão conceituada.

À Dra. Manuela Machado, pela excelente orientação, apoio incondicional e transmissão de

conhecimentos durante o período de estágio bem como pela confiança depositada em mim.

À Dra. Cláudia Afonso e ao Sr. Manuel por toda paciência e dedicação com que me transmitiram

o seu conhecimento e experiência e pelo fantástico acolhimento, boa disposição e compreensão.

Aos meus colegas de estágio, Vânia, Diogo, Raquel e Rafael pelas experiências partilhadas e

todo o apoio ao longo destes quatro meses.

À minha tutora, Prof. Dra. Beatriz Quinaz pela ajuda e orientação na elaboração deste relatório.

Finalmente um agradecimento especial aos meus pais, irmã e André por me ampararem sempre

durante a minha formação académica e por nunca me deixarem desistir nos momentos mais difíceis.

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Relatório de estágio 2015/2016

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Resumo

A realização do estágio curricular em farmácia comunitária constitui o último passo para a

conclusão do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Este tem uma importância

significativa na formação académica de um farmacêutico na medida em que possibilita a aplicação

de conceitos teóricos adquiridos ao longo do curso para o exercício correto da atividade

farmacêutica.

No âmbito do estágio curricular tive a oportunidade de ficar colocada numa farmácia de

referência, a farmácia Horus em Guimarães, que me permitiu aplicar conhecimentos e conceitos de

forma a promover a saúde pública, realizar aconselhamento farmacêutico, acompanhamento

farmacoterapêutico e farmacovigilância. Para além disso intervim em diversas áreas da farmácia

onde adquiri experiência e conhecimento.

Com o objetivo de complementar a minha formação, desenvolvi na farmácia três projetos

distintos. Inicialmente abordei o tema da osteoporose com o propósito de alertar a população para

as medidas preventivas a adotar diariamente para que possam ter uma melhor qualidade de vida e

organizei uma caminhada para incentivar, especialmente a população mais idosa à prática do

exercício físico.

Outro tema de extrema importância é a proteção da pele contra as radiações solares

precocemente, para evitar patologias futuras e para tal, realizei uma intervenção oral num infantário

próximo da farmácia onde pude instruir as crianças quanto às medidas preventivas a adotar ao longo

da sua vida.

Por fim, desenvolvi o tema da obstipação, uma vez que ao longo do estágio apercebi-me o

quanto as pessoas se automedicam nestes casos. O propósito deste projeto foi alertar as pessoas para

as medidas não farmacológicas a adotar e a importância de solicitar o aconselhamento médico ou

farmacêutico nestes casos.

Em suma, este estágio permitiu que desenvolvesse as minhas capacidades de inovação e

criatividade e contribuiu significativamente para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.

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Índice Resumo ................................................................................................................................................... iv

Índice de Figuras ................................................................................................................................... vii

Índice de Tabelas .................................................................................................................................. viii

Lista de Abreviaturas............................................................................................................................ viii

PARTE I – A Farmácia Horus ............................................................................................................... ix

1.Introdução ............................................................................................................................................. x

2.Organização da Farmácia Horus .......................................................................................................... x

2.1.Localização e horário de funcionamento ....................................................................................... x

2.2.Instalações físicas ......................................................................................................................... xi

2.3.Equipa técnica ............................................................................................................................ xiii

2.4.Sistema Informático ................................................................................................................... xiii

3.Gestão e armazenamento de medicamentos e produtos de saúde ..................................................... xiv

3.1.Gestão de stock ........................................................................................................................... xiv

3.2.Gestão e Realização de Encomendas ......................................................................................... xiv

3.3.Receção de encomendas .............................................................................................................. xv

3.4.Armazenamento.......................................................................................................................... xvi

3.5.Devoluções ................................................................................................................................ xvii

4.Atendimento ao público .................................................................................................................. xviii

4.1.Medicamentos sujeitos a receita médica .................................................................................. xviii

4.1.1.Receita médica .................................................................................................................... xix

4.1.2.Dispensa de MSRM ............................................................................................................. xxi

4.1.3.Comparticipação ................................................................................................................. xxii

4.1.4.Faturação e conferência de receituário ............................................................................... xxii

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica ........................................................................... xxiii

4.3.Medicamentos Manipulados ..................................................................................................... xxiv

4.4.Outros produtos farmacêuticos .................................................................................................. xxv

4.4.1.Medicamentos Veterinários ................................................................................................ xxv

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4.4.2.Produtos Cosméticos e Higiene corporal ........................................................................... xxv

4.4.3.Produtos fitoterápicos e suplementos alimentares ............................................................. xxvi

4.4.4.Dispositivos médicos ........................................................................................................ xxvii

5.Serviços farmacêuticos ................................................................................................................... xxvii

6.Farmacovigilância ......................................................................................................................... xxviii

7.Sistema VALORMED ................................................................................................................... xxviii

8.Formações ....................................................................................................................................... xxix

9.Mapa tarefas desenvolvidas na Farmácia Horus ............................................................................. xxix

10.Conclusão ....................................................................................................................................... xxx

PARTE II – Projetos desenvolvidos ................................................................................................... xxxi

1.Osteoporose ..................................................................................................................................... xxxi

1.1.Fisiopatologia .......................................................................................................................... xxxii

1.2.Incidência ............................................................................................................................... xxxiv

1.3.Fatores de risco ....................................................................................................................... xxxiv

1.4.Sinais e sintomas .................................................................................................................... xxxiv

1.5.Diagnóstico .............................................................................................................................. xxxv

1.6.Terapia farmacológica ............................................................................................................ xxxvi

1.7. Medidas não farmacológicas ................................................................................................. xxxix

1.8.O papel do farmacêutico comunitário .................................................................................... xxxix

2.Proteção Solar .................................................................................................................................... xli

2.1.A pele .......................................................................................................................................... xli

2.2.O Sol e a pele ............................................................................................................................. xlii

2.3.Protetor solar ............................................................................................................................. xliv

2.4.Medidas preventivas ................................................................................................................... xlv

2.5.O papel do farmacêutico comunitário ........................................................................................ xlv

3.Obstipação ....................................................................................................................................... xlvii

3.1.A obstipação ............................................................................................................................. xlvii

3.2.Causas ...................................................................................................................................... xlviii

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3.3.Medidas não farmacológicas ................................................................................................... xlviii

3.4.Farmacoterapia .......................................................................................................................... xlix

3.5.O papel do farmacêutico comunitário ........................................................................................... li

Bibliografia ............................................................................................................................................. lii

Anexos .................................................................................................................................................. lvii

Índice de Figuras

Figura 1: Entrada da Farmácia Horus ……………………………………………………………….3

Figura 2: Montra expositiva da Farmácia Horus……………………………………………………3

Figura 3: Balcões de atendimento……………………………………………………………...........4

Figura 4: Estante expositora de produtos dermocosmética…………………………………………4

Figura 5: Estante expositora de suplementos alimentares…………………………………………...4

Figura 6: Gabinete de atendimento personalizado……………………………………………..........4

Figura 7: Zona de receção de encomendas………………………………………………………….4

Figura 8: Gabinete de consultas de podologia e nutrição……………………………………………5

Figura 9: Estrutura interna dos ossos…………………………………………………………….. .23

Figura 10: Mecanismo de remodelação óssea……………………………………………………...24

Figura 11: Camadas da pele…………………………………………………………………..........32

Figura 12: Lesão típica de carcinoma das células basais…………………………………………...35

Figura 13: Lesão típica de carcinoma das células escamosas………………………………………35

Figura 14: Lesão típica de carcinoma das células melanoma………………………………………35

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Índice de Tabelas

Tabela 1: Equipa de colaboradores da FH e respetivas funções ........................................................... xiii

Tabela 2: Fatores de risco para o desenvolvimento de osteoporose ................................................. xxxiv

Tabela 3- Tipos de pele ........................................................................................................................ xlii

Lista de Abreviaturas DCI - Denominação Comum Internacional

DGS- Direção-Geral de Saúde

EMA – European Medicines Agency

FH – Farmácia Horus

FPS – Fator de Proteção Solar

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde IP

MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MSRM - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

PCHC - Produtos de Cosmética e Higiene Corporal

PV- Prazo de validade

PVP – Preço de Venda ao Público

SNS – Sistema Nacional de Saúde

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PARTE I – A Farmácia Horus

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1.Introdução A profissão farmacêutica tem como principal objetivo o contributo para o bem-estar dos

indivíduos, tanto a nível pessoal como na sociedade em geral, sendo que este é geralmente o

último profissional de saúde a contactar com o doente antes de este iniciar um tratamento. Deste

modo é seu dever a independência do ato profissional, assumir a responsabilidade pessoal da sua

atividade e ainda o sigilo profissional. Por outro lado, o farmacêutico surge também como

primeiro profissional de saúde ao qual os indivíduos recorrem em certas situações para

aconselhamento, assim, é crucial uma boa interpretação dos sintomas, um aconselhamento ético

e profissional e sempre que oportuno, reencaminhar para um profissional de saúde mais

especializado.

As farmácias comunitárias estão providas de pessoal responsável e profissional,

garantindo um atendimento personalizado, eficaz e de qualidade aos seus utentes. Desta forma é

possível garantir uma distribuição segura de medicamentos ou produtos de saúde e contribuindo

para uma maior adesão à terapêutica e prevenção de reações adversas provenientes da

polimedicação.

No âmbito do estágio curricular na Farmácia Horus, tive oportunidade de desenvolver

todas estas capacidades que serão descritas ao longo deste relatório de estágio.

2.Organização da Farmácia Horus

2.1.Localização e horário de funcionamento

A Farmácia Horus tem uma localização privilegiada no centro histórico de Guimarães,

nomeadamente na união de freguesias Oliveira, São Paio e São Sebastião, Largo do Toural nº26.

Nasceu em 1927 e é por isso uma das mais antigas da cidade.

O facto de ser uma farmácia com história faz com que a maioria dos clientes sejam antigos

tendo a farmácia como clientes habituais várias gerações da mesma família. Maioritariamente os

clientes que frequentam a FH pertencem a uma faixa etária mais avançada e sendo

consequentemente portadores de doenças crónicas. Para além disso localiza-se no centro histórico

da cidade, o que permite que a farmácia seja frequentada por vários turistas.

O horário de funcionamento da farmácia é de segunda a sexta das 09h00 até às 19h30 e

ainda aos sábados das 09h00 às 13h00, sendo que este horário se encontra devidamente assinalado

na entrada da farmácia como indica o Decreto-Lei nº307/2007 de 31 de Agosto e respetivas

alterações [1-4]. Para além disso participa no escalonamento de farmácias de serviço da cidade

de Guimarães, sendo que nesse dia funciona 24 horas. Durante a noite de serviço são ativadas as

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xi

luzes do símbolo da cruz verde para que seja visível pela população qual a farmácia de serviço

[1-4].

2.2.Instalações físicas

De acordo com o decreto-lei 307/2007 de 31 de Agosto, artigo 28º: “No exterior das

farmácias deve ser inscrito o vocábulo «farmácia» ou o símbolo «cruz verde» ”, tal como se

observa na figura 1 a entrada da Farmácia Horus cumpre ambos os requisitos e para além disso

tem ainda o escalamento das farmácias de serviço de Guimarães e ainda o seu horário de

funcionamento [1-4]. Na entrada, no lado direito, possui uma montra (figura 2) na qual são

expostos frequentemente produtos de cosmética e higiene corporal (PCHC), suplementos

alimentares e produtos de venda livre, de acordo, na maioria das vezes, com a sua sazonalidade.

De ressalvar que durante o período de estágio tive a oportunidade de observar e ajudar na

elaboração de montras expositivas, sendo uma mais-valia para o desenvolvimento das minhas

capacidades criativas.

A Farmácia Horus está dividida fisicamente em 4 pisos. O piso 1 corresponde ao local de

atendimento ao público, com três balcões de atendimento (figura 3) e estantes nas quais estão

expostos produtos de venda livre, como por exemplo, dermocosmética (figura 4), suplementos

alimentares (figura 5), produtos de higiene oral, íntima, capilar, corporal e produtos destinados às

crianças (chupetas, biberões, leite, entre outros). Para além disso, na entrada encontra-se uma

balança altimétrica para determinação do peso corporal, altura e índice de massa corporal. Possui

ainda gavetas para colocar todos os medicamentos genéricos, produtos de aplicação tópica e

Figura 1- Entrada da Farmácia Horus Figura 2- Montra expositiva da

Farmácia Horus

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xaropes, e ainda estantes onde são organizados os medicamentos não genéricos por ordem

alfabética.

No piso 2 está situado o gabinete de atendimento personalizado (figura 6), como indicado

no manual de Boas Práticas Farmacêuticas para a farmácia comunitária e é nesta zona que se

realiza a medição da tensão arterial, glicémia e colesterol total [5]. Para além disso é possível a

administração de vacinas não contempladas no Sistema Nacional de Vacinação bem como outros

medicamentos injetáveis.

O piso 3 contém um computador e secretária para a realização e receção de encomendas

(figura 6); para além disso tem o escritório com secretária de trabalho administrativo para a

diretora administrativa da farmácia.

No último piso encontra-se o gabinete para as consultas de podologia e nutrição (figura

8), bem como um pequeno armazém, instalações sanitárias e cacifos para os funcionários.

Figura 6- Gabinete de atendimento personalizado

Figura 7- Zona de receção de encomendas

Figura 3- Balcões de atendimento

Figura 4- Estante expositora de produtos de dermocosmética

Figura 5- Estante expositora de suplementos

alimentares

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xiii

2.3.Equipa técnica

A farmácia Horus integra uma equipa técnica completa e multidisciplinar, garantindo

desta forma um atendimento eficiente e profissional. Esta é constituída por:

Tabela 1: Equipa de colaboradores da FH e respetivas funções

2.4.Sistema Informático

O sistema informático adotado pela Farmácia Horus é o Sifarma2000. Este software

simplifica o ato de dispensa de medicamentos e otimiza o atendimento ao utente.

Num mundo informatizado, é fundamental que as farmácias utilizem este tipo de sistemas

para simplificar o seu trabalho, este software é um bom exemplo disso uma vez que dispõe de

várias funcionalidades para além do processamento de receitas, particularmente, permitir a

conceção e receção de encomendas, criação de encomendas instantâneas, controlo dos prazos de

validade de todos os produtos da farmácia, controlo dos stocks, compras e vendas de cada produto

individualmente, facilita no aconselhamento ao utente, entre outras.

O facto de toda a dispensa farmacêutica ser realizada através do sistema informático

permite minimizar os erros humanos associados à mesma, uma vez que para cada dispensa é

necessário a dupla confirmação do produto a aviar.

Colaborador Cargo

Dra. Alexandra Lello Diretora administrativa

Dra. Cláudia Afonso Diretora-Técnica

Dra. Manuela Machado Farmacêutica substituta

Sr. Manuel Fernandes Técnico de Farmácia

Figura 8- Gabinete de consultas de podologia e nutrição

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xiv

Pessoalmente considero que o Sifarma2000 é um sistema informático bastante intuitivo

e prático ao qual me adaptei sem dificuldades e que me permitiu adquirir variadas competências

em áreas distintas.

3.Gestão e armazenamento de medicamentos e

produtos de saúde

3.1.Gestão de stock

A gestão de stock é extremamente importante para assegurar uma boa gestão da farmácia

na medida em que permite evitar que haja desperdício de medicamentos e dinheiro e

simultaneamente garantir que as necessidades dos utentes serão atendidas.

A gestão de stock é realizada tendo em conta o histórico de vendas de um determinado

produto que é visível através da ficha de produto do mesmo a nível informático. Se este tem alta

rotatividade o stock a manter na farmácia será superior a um produto com menor rotatividade.

Desta forma é estabelecido um stock mínimo e um stock máximo para cada produto, tendo em

conta vários fatores, como a sazonalidade, número de vendas, entre outros, para que não haja

desperdício de produtos e ao mesmo tempo evitar que haja rutura de stock. Assim, cada vez que

um determinado produto atinge o stock mínimo é gerada automaticamente uma encomenda do

mesmo que será posteriormente validada, tendo em conta os fatores descritos anteriormente, pelo

farmacêutico responsável.

De ressalvar que nem sempre é possível evitar discrepâncias entre o stock informático e

o stock físico da farmácia devido variadas causas prejudicando desta forma uma correta gestão

dos mesmos.

Durante o período de estágio tive a oportunidade de proceder à verificação do stock físico

de alguns produtos da farmácia com o intuito de detetar possíveis erros para que futuramente

pudesse ser realizada a correção dos mesmos. Para além disso, tive a oportunidade de observar

todo o processo de gestão de stock a nível informático e aprender os critérios a ter em conta

aquando desta gestão.

3.2.Gestão e Realização de Encomendas

A Farmácia Horus dispunha de um distribuidor grossista preferencial, no caso, a

Empifarma para obtenção da maior parte dos medicamentos e produtos de venda livre, uma vez

que eram eficazes na entrega e tinham grande parte dos medicamentos requisitados pelos utentes.

No entanto, quando não era possível a obtenção de um determinado produto na brevidade que os

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xv

utentes pretendiam por estar esgotado no distribuidor grossista, entrávamos em contacto com

outro distribuidor ou então com o próprio laboratório, de forma a obter o produto pretendido.

As encomendas são realizadas diariamente através do sistema informático, ao fim da

manhã e ao fim da tarde, tendo em conta a gestão de stock mencionada anteriormente e possíveis

pedidos por parte dos utentes. A encomenda era guardada até à hora de envio podendo sofrer

alterações, caso necessário. Depois de aprovada pelo farmacêutico responsável é enviada

diretamente para o armazenista em questão e são entregues no dia seguinte pela manhã.

Contudo, haviam casos em que a medicação solicitada pelos utentes não era

frequentemente pedida nas encomendas diárias e para garantir uma boa resposta por parte da

farmácia eram realizadas encomendas instantâneas via telefónica para o armazenista de maneira

a garantir que este possui o produto solicitado e que efetivamente pode disponibiliza-lo em tempo

útil para os utentes.

A aquisição de todos os medicamentos, produtos de venda livre ou dispositivos médicos

é realizada tendo, uma vez mais em conta a gestão de stock da farmácia. Esta aquisição é realizada

a um distribuidor grossista/armazenista ou diretamente ao laboratório e tem em conta vários

fatores, nomeadamente, o prazo de entrega, condições comerciais, bonificações, descontos e

sazonalidade.

Infelizmente não tive a oportunidade de realizar encomendas diárias durante o estágio por

ser uma tarefa de elevada responsabilidade e que exige experiência e conhecimentos avançados

sobre os produtos com maior ou menor rotatividade na farmácia, no entanto, observei como se

processa e realizei encomendas instantâneas através do telefone quando necessário.

3.3.Receção de encomendas

A receção de encomendas é realizada pela manhã aquando da sua chegada à farmácia,

após a entrega pelo armazenista. Esta rápida intervenção possibilita que os produtos fiquem

disponibilizados num menor tempo possível, a nível informático, para que haja um aumento na

rapidez e eficácia do atendimento ao público.

Os medicamentos e outros produtos vêm acondicionados em várias caixas, designadas de

banheiras, que estão devidamente identificadas por um número. Os produtos de frio vêm

acondicionados em contentores térmicos, uma vez que têm que estar conservados em condições

de temperatura que rondam os 2ºC-8ºC e mal chegam à farmácia são arrumados no frigorífico

para que haja manutenção das suas condições de armazenamento.

Numa primeira fase são separadas as faturas ou guias de remessa e seguidamente verifica-

se se os contentores entregues correspondem às encomendas realizadas no dia anterior, através

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do número do contentor indicado em cada um dos documentos contendo a lista de produtos

entregues, que correspondem a cada “banheira” entregue na farmácia.

O passo seguinte é rececionar a encomenda informaticamente através do sistema

informático. Para cada medicamento rececionado é lido o código de barras são verificados

múltiplos pontos, nomeadamente, a sua integridade física e no caso dos produtos de frio, se as

condições de transporte foram as adequadas para seguirem para o frigorífico o mais rapidamente

possível; o prazo de validade que quando inferior aos medicamentos que já se encontram em stock

ou quando o stock é nulo era alterado a nível informático; o PVP da caixa e o PVP indicado na

fatura ou guia de remessa, uma vez que são alterados regularmente e os medicamentos com PVP’s

não autorizados teriam que ser devolvidos ao fornecedor; as quantidades enviadas, uma vez que

podem ocorrer discrepâncias em relação à quantidade encomendada.

Para os MNSRM, PCHC e dispositivos médicos que não possuem PVP fixo (NETT) eram

verificados os mesmos requisitos, à exceção do PVP, que nestes casos era atualizado em

conformidade com os preços de venda à farmácia pelo fornecedor. Este último passo era sempre

supervisionado pela Diretora-Técnica uma vez que era a responsável por estabelecer os preços

visando sempre a aplicação das margens ideais de lucro para a farmácia. No final eram impressas

etiquetas com o preço de venda para a rotulagem destes produtos.

No final de cada receção de encomenda são verificados quais os produtos que vieram em

falta e transferem-se para os esgotados para que aquela encomenda possa ser finalizada com

sucesso no programa informático. No final é emitido um documento com todos os produtos

rececionados, que se anexa à fatura original e posteriormente é arquivado.

O meu estágio iniciou-se pela receção e verificação de encomendas, o que acabou por se

revelar extremamente importante para ter uma visão geral de como é realizada a gestão de stocks

e prazos de validade. Para além disso, permitiu também um primeiro contacto com os produtos

comercializados na farmácia, sendo uma mais-valia para aprender os nomes comerciais dos

medicamentos, bem como a sua localização, facilitando o atendimento ao público numa fase mais

avançada.

3.4.Armazenamento

O armazenamento dos produtos rececionados é uma das etapas que constitui o circuito do

medicamento e é realizada de acordo com o seu prazo de validade segundo o princípio “First

expired, First-Out” (FEFO), isto é, os produtos com prazo de validade mais curto deverão ser os

de mais fácil acesso para evitar que a validade expire antes de serem vendidos. No caso da FH os

medicamentos genéricos estavam armazenados em gavetas devidamente identificadas e os

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xvii

medicamentos não genéricos estavam organizados por ordem alfabética de nome comercial em

estantes.

Relativamente aos suplementos alimentares e PCHC, estes estavam localizados na

entrada da farmácia para facilitar o acesso dos utentes aos mesmos e desta forma o

aconselhamento por parte do farmacêutico.

Todos os produtos mencionados anteriormente estão armazenados tendo em conta

diversos fatores ambientais, como, a temperatura, luminosidade e humidade. A temperatura de

armazenamento não deve exceder os 25ºC podendo em alguns casos atingir um máximo de 30ºC,

a humidade é também controlada e deve ser inferior a 60% e a luminosidade é controlada em

produtos cujos constituintes sejam fotossensíveis [6]. A temperatura e a humidade são controlados

através de termohigrómetros, sendo que estes estão presentes no armazém e no frigorífico.

Semanalmente são impressos os registos destes valores e arquivados na farmácia.

Os produtos de frio estavam armazenados num frigorífico cuja temperatura tem que

rondar os 2-8ºC e sempre que esta esteja fora deste intervalo é ativado um alarme com um som

intermitente que só é interrompido após estabilização da temperatura.

Os psicotrópicos e estupefacientes estavam armazenados numa gaveta não identificada,

cumprindo assim o que vem descrito no decreto-lei de utilização dos mesmos [7].

3.5.Devoluções

As devoluções são realizadas a nível informático para remover o produto do stock da

farmácia e aquando das mesmas são emitidas três cópias de uma nota de devolução ao fornecedor.

Após uma avaliação da situação por parte do fornecedor, caso a devolução seja aceite, este pode

emitir uma nota de crédito a descontar em faturas seguintes ou proceder à troca do produto. Se a

devolução não for aceite, o produto retorna novamente à farmácia, traduzindo-se numa perda de

existências e numa quebra de produtos no inventário.

Para reduzir as perdas financeiras para a farmácia e evitar o desperdício de medicamentos,

todos os meses era realizada uma listagem de controlo de produtos cujo prazo de validade termina

nos seis meses seguintes e estes eram devidamente identificados para alertar os colaboradores

aquando da venda dos mesmos. Esta ação é também útil para que haja devolução atempada aos

fornecedores, uma vez que na maioria dos produtos farmacêuticos estes têm que ser devolvidos

com um mês de antecedência, à exceção dos medicamentos veterinários e protocolo de diabetes

que são devolvidos com três meses de antecedência.

No caso de haver um erro no envio de produtos por parte do armazenista, nomeadamente

troca ou falta do mesmo e se este tiver sido faturado, tem que se contactar o armazenista com o

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Relatório de estágio 2015/2016

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objetivo de alertar para o sucedido e conforme a situação, sempre analisada pela diretora-técnica,

o produto pode ou não ser devolvido ao fornecedor. O mesmo acontece quando a embalagem

primária ou secundária se encontra danificada, as condições de armazenamento de determinados

produtos não são cumpridas ou quando os produtos estão prestes a expirar o prazo de validade.

Durante o meu estágio houve alterações no PVP de alguns medicamentos sujeitos a

receita médica e consequentemente chegavam, por vezes, à farmácia produtos com o PVP

desatualizado mas faturados com o preço atual, assim sendo era necessário proceder à devolução

dos mesmos. Para tal era realizado um primeiro contacto via telefónica com o fornecedor, que

registava o caso para que posteriormente a fatura fosse corrigida e, caso o preço já não estivesse

em vigor ou o produto apresentasse baixa rotatividade era realizada a devolução informática dos

mesmos. O mesmo acontecia quando o produto rececionado não tivesse sido encomendado ou em

que tinha sido debitado um produto mas não tinha sido enviado. Mensalmente realizei também a

listagem de controlo de prazos de validade e inventário de produtos sem rotatividade, para que

estes possam ser atempadamente devolvidos aos fornecedores.

4.Atendimento ao público O atendimento ao público é a principal função de um farmacêutico comunitário, uma vez

que é este um dos grandes responsáveis pela salvaguarda da saúde pública da comunidade e

melhoria da qualidade de vida da população. Assim sendo, é um ato de grande responsabilidade

e pressupõe que seja desempenhado por profissionais especializados, como farmacêuticos, para

garantir uma dispensa segura e eficaz dos medicamentos bem como a promoção do uso racional

dos mesmos pela população [8,9].

Durante o atendimento ao público o farmacêutico desempenha várias funções,

nomeadamente, a monitorização da terapêutica dos doentes, o controlo da dispensa e utilização

não só de medicamentos de uso humano mas também de uso veterinário, aconselhamento

adequado às necessidades dos utentes de suplementos alimentares, cosméticos ou produtos de

higiene corporal e a promoção e incentivo aos utentes para a prática de um estilo de vida saudável

[9,10]. Os farmacêuticos têm como dever respeitar e aderir aos princípios enunciados no seu

código deontológico garantindo a máxima qualidade nos serviços prestados [10].

4.1.Medicamentos sujeitos a receita médica

Os medicamentos sujeitos a receita médica são todos aqueles que cumpram um conjunto

de condições, nomeadamente: constituir, direta ou indiretamente, um risco para a saúde do doente

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quando são utilizados com frequência e em quantidades consideráveis; conter substâncias cujos

efeitos adversos devem ser bem estudados; quando a administração é por via parentérica [11]. Os

MSRM só podem ser dispensados na farmácia mediante receita médica e tem um preço de venda

ao público (PVP) estabelecido pelos laboratórios de origem.

Os MSRM podem ainda ser divididos em quatro diferentes classes, nomeadamente [11]:

Medicamentos de receita médica renovável constituída por três vias no caso das receitas

eletrónicas, um original e duas vias autocopiáveis; ou uma via quando prescritas sob a forma de

Receita Sem Papel (RSP), e com duração de 6 meses, destinada a tratamentos prolongados;

Medicamentos de receita médica não renovável, com duração de 30 dias para tratamentos

de curta duração;

Medicamentos de receita médica restrita, em que a sua utilização é reservada a

determinados meios especializados, como por exemplo, medicamentos de uso exclusivamente

hospitalar e cuja sua utilização envolva efeitos adversos muito graves;

Medicamentos de receita médica especial, destinados a substância classificada como

estupefaciente ou psicotrópico, sendo estes legislados de forma diferente sob os termos do

Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro [7]. Estes devem ser prescritos isoladamente e ter validade

de 30 dias. Aquando da dispensa o farmacêutico deve preencher um quadro com os dados pessoais

do utente bem como da pessoa que está a aviar a receita e no final são impressos dois talões que

devem ser anexados à receita e respetiva cópia, sendo que no final do mês o diretor-técnico tem

que conferir todas as receitas. Estes medicamentos são sujeitos a um controlo especial uma vez

que causam dependência, sendo muitas vezes utilizados para fins ilegais. Desta forma, é da

responsabilidade do INFARMED o controlo apertado do circuito destes medicamentos, sendo

que cada farmácia é responsável por todo o registo de entradas e saídas destes medicamentos [7].

4.1.1.Receita médica Atualmente, a 1 de Abril de 2016, houve alteração no modelo de receita eletrónica

passando esta a designar-se Receita sem Papel (RSP) através do Despacho de 25 de fevereiro

[12]. Esta mudança ocorreu durante o meu período de estágio, o que me permitiu trabalhar com

três diferentes modelos de receita atualmente em vigor, a receita manual, receita eletrónica

materializada e receita sem papel (RSP) ou desmaterializada [13].

A prescrição de MSRM é efetuada na maior parte dos casos informaticamente a partir de

uma receita médica de forma a minimizar os erros de dispensa e aumentar a segurança do

prescritor e do farmacêutico aquando do aviamento da mesma [14]. As receitas contém

obrigatoriamente a denominação comum internacional (DCI) da substância ativa, a dosagem,

forma farmacêutica, apresentação e a posologia. Tanto na receita manual como na receita

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eletrónica podem ser prescritas até quatro fármacos distintos, sendo que por cada receita médica,

o valor total de embalagens prescritas por medicamento não pode ultrapassar as duas embalagens

[13]. Cada medicamento possui um código nacional para prescrição eletrónica de medicamentos

(CNPEM) que após ser lido informaticamente avalia todos os medicamentos similares disponíveis

(que contenham a mesma substância ativa, dosagem, forma farmacêutica, apresentação e

posologia), cabendo ao utente o direito de opção do mesmo. Caso a dosagem não seja apresentada

na receita, o farmacêutico deverá aviar o medicamento com dosagem inferior [13].

No caso das receitas sem papel (RSP) há prescrição de diferentes tipos de medicamentos,

comparticipados ou não, num único receituário permitindo ao utente aviar apenas a quantidade

que necessita, podendo fazê-lo em dias e estabelecimentos distintos [14]. Esta nova versão de

receita permite ao utente não carregar consigo qualquer suporte de papel, assim, as receitas

encontram-se no cartão de cidadão do utente. Para que o farmacêutico aceda às receitas é

necessário que a farmácia possua um leitor de cartões de cidadão e que o utente traga consigo o

código de acesso à receita, bem como o código de direito de opção. Caso este não possua cartão

de cidadão, o utente pode trazer o número da receita e respetivos códigos no telemóvel ou a guia

de tratamento fornecida pelo médico. Nas RSP podem ser prescritas 2 embalagens, no caso de

medicamentos destinados a tratamentos de curta ou média duração, com uma validade de 30 dias

seguidos, contada a partir da sua data de emissão ou 6 embalagens, no caso de medicamentos

destinados a tratamentos de longa duração com uma validade de 6 meses, contada a partir da data

da sua emissão [14].

Excecionalmente podem ser prescritas pelo médico receitas manuais. Estas possuem

apenas uma via e podem realizar-se em casos de falência do sistema informático, inadaptação

fundamentada do prescritor, previamente confirmada e validada anualmente pela respetiva Ordem

profissional, prescrição ao domicílio ou mediante outras situações até um máximo de 40 receitas

médicas por mês. Todas as receitas devem vir acompanhadas da vinheta do médico prescritor

para que possam ser validadas pelo SNS [13].

Existem exceções à regra na prescrição de alguns medicamentos, como por exemplo, os

estupefacientes e psicotrópicos que no caso das receitas manuais ou eletrónicas, têm que ser

prescritos isoladamente e nas RSP deverá vir devidamente identificada que é do tipo RE

(prescrição de psicotrópicos e estupefacientes sujeitos a controlo). O mesmo acontece com os

medicamentos manipulados cujas receitas não podem ser renováveis e a prescrição tem que ser

isolada, quanto às prescrições desmaterializadas, estas devem identificar que é do tipo LMM

(Linha de prescrição de medicamentos manipulados) [14].

Os três modelos de receita médica encontram-se em vigor para a prescrição de

medicamentos a comparticipar pelo Serviço Nacional de Saúde e para que estas sejam validadas

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pelo mesmo e as farmácias recebam a respetiva percentagem de comparticipação pelo SNS, é

necessário que as receitas obedeçam a um conjunto de critérios, como por exemplo, apresentação

do número da receita; local de prescrição ou respetivo código; identificação do médico prescritor;

nome e número de utente; entidade financeira responsável e número de beneficiário, e caso

necessário, referência ao regime especial de comparticipação de medicamentos, estabelecidos

pela legislação [13].

4.1.2.Dispensa de MSRM

É da responsabilidade do farmacêutico a dispensa e validação de medicamentos, como

tal, este tem que garantir que a prescrição médica cumpre todas as normas estabelecidas bem

como detetar e alertar para possíveis interações entre fármacos, contraindicações, alergias e

verificar se a posologia está adequada ao utente em questão.

Aquando da dispensa a farmácia deverá ter disponíveis e apresentar ao utente pelo menos

três dos cinco medicamentos mais baratos do mercado para a mesma substância ativa, forma

farmacêutica, apresentação e dosagem do medicamento prescrito pelo médico. Após transmitir

corretamente esta informação ao utente e apresentar os medicamentos com o preço mais reduzido,

é da responsabilidade do utente a escolha do mesmo, podendo exercer o seu direito de opção na

escolha de um medicamento que não se enquadre na categoria dos mais baratos [13].

Por norma, os medicamentos vêm prescritos pelo nome da substância ativa (DCI)

permitindo ao doente optar por um dos fármacos pertencentes ao seu grupo homogéneo, no

entanto, o médico pode prescrever pelo nome comercial ou do titular desde que venha explicito

na receita a respetiva justificação técnica [13,14]. Estas podem ser:

Medicamentos incluídos na lista definida pelo Infarmed com margem ou índice

terapêutico estreitos, para tal, a receita tem que mencionar “Exceção a) do n.º 3 do art. 6.º”;

Suspeita confirmada, previamente reportada ao Infarmed, de intolerância ou reação

adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, no entanto, identificado por outra

denominação comercial, e surge na receita a seguinte afirmação “Exceção b) do n.º 3 do art. 6.º -

reação adversa prévia”;

Medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração

estimada superior a 28 dias, tendo que aparecer na receita “Exceção c) do n.º 3 do art. 6.º -

continuidade de tratamento superior a 28 dias”. [13]

Após a escolha do medicamento ou produto farmacêutico pelo utente, é função do

farmacêutico informar corretamente para a sua correta utilização e elucidar o utente quanto à

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posologia a adotar, as condições de armazenamento e possíveis reações adversas que possam

advir da utilização do mesmo.

4.1.3.Comparticipação O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é o maior organismo que participa na

comparticipação de medicamentos, encontrando-se fixados os diferentes escalões de

comparticipação. Nas prescrições materializadas, o regime especial de comparticipação de

medicamentos, deverá vir representado pelas letras “R”, quando aplicado a utentes pensionistas e

“O”, se aplicado a utentes abrangidos por outro regime especial de comparticipação identificado

por menção ao respetivo diploma legal. Existem quatro diferentes escalões de comparticipação,

que variam conforme as indicações terapêuticas do medicamento, a sua utilização, as entidades

que o prescrevem e ainda com o consumo acrescido para doentes que sofram de determinadas

patologias [14]. Estes escalões dividem-se em: escalão A, em que a percentagem de

comparticipação é 90%; escalão B em que a percentagem é de 69%; escalão C em que a

percentagem é de 37%; e por último, escalão D, cuja percentagem é de 15%. Para além destes, os

medicamentou ou produtos de saúde destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus são

abrangidos por um regime de comparticipação especial, sendo que as tiras-teste para determinar

glicemia, cetonemia e cetonúria tem uma comparticipação de 85% e as agulhas, seringas e

lancetas são comparticipadas a 100%, tal como os medicamentos que são indispensáveis para o

utente [15].

No entanto, para além deste, existem outros subsistemas de saúde, que possibilitam ao

utente uma maior percentagem de comparticipação, desenvolvidos por diversas empresas, como

Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários (SAMS), trabalhadores dos

correios, EDP (Energias de Portugal), entre outros. Nestes casos, os utentes tinham que mostrar

o cartão de beneficiário correspondente à entidade de complementaridade, sendo que este era

fotocopiado e posteriormente anexado à cópia da receita.

4.1.4.Faturação e conferência de receituário Ao longo de cada mês, cada colaborador da farmácia é responsável por organizar as

receitas por lotes de 30 unidades e por regime de comparticipação. No último dia do mês, um

farmacêutico é responsável pela emissão dos verbetes respetivos a cada um dos lotes, contendo

toda a informação do mesmo.

Posteriormente são enviadas para a Administração Regional de Saúde (ARS) todas as

receitas e respetivos verbetes, no caso de prescrições comparticipadas pelo SNS e para a

Associação Nacional de Farmácias (ANF), no caso de outra entidade. Para além destes

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documentos têm também que ser enviados, em triplicado, a relação de resumo de lotes e as faturas

correspondentes a cada entidade.

Futuramente, são enviados à Farmácia os comprovativos da receção do receituário bem

como as notas de devolução do receituário com irregularidades e estas, sempre que é possível,

são corrigidas e novamente enviadas na faturação do mês seguinte.

Durante o período de estágio tive a oportunidade de organizar o receituário por lotes bem

como emitir os verbetes correspondentes aos diferentes lotes e entidades.

4.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica

Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) são um grupo de

medicamentos que contêm indicações terapêuticas que se incluem no grupo de situações possíveis

de automedicação por parte dos utentes e que não preenchem os requisitos mencionados

anteriormente para os MSRM. Estes, geralmente, não são passiveis de comparticipação por parte

do SNS e são dispensados nas farmácias e outros locais de venda autorizados. O seu preço não é

fixo, uma vez que é sujeito a um regime de preços livres, o que significa que cada estabelecimento

pode adotar os preços que entender, tendo sempre como base o preço inicial de custo. Caso haja

comparticipação por algum organismo, este é apenas aplicado se o utente adquirir o medicamento

na farmácia e nestes casos o PVP é fixo [11].

Uma vez que estes medicamentos não são sujeitos a receita médica, surge muitas vezes

na farmácia, a requisição dos mesmos por parte dos utentes. Nestes casos, o farmacêutico tem o

dever de alertar para esta automedicação, muitas das vezes inadequada, e perceber qual o motivo

da compra dos mesmos para que por fim possa prestar um aconselhamento eficaz, esclarecer a

posologia, indicar os efeitos adversos possíveis e promovendo desta forma o uso racional destes

medicamentos por parte dos utentes.

Apesar de não exigirem receita médica, existem alguns MNSRM que são de venda

exclusiva em farmácias e que seguem um protocolo de dispensa que deve ser tido em conta

aquando da dispensa dos mesmos. São alguns exemplos, o ibuprofeno 400 mg, hidrocortisona,

amorolfina, ácido fusídico, entre outras [20].

No decurso do período de estágio foi possível contactar com esta realidade e prestar o

aconselhamento de variados produtos a utentes que se dirigiam à farmácia na procura de uma

solução para alguns problemas. Confesso que este foi um dos pontos mais difíceis do meu estágio

uma vez que implicava um conhecimento alargado de todos os produtos farmacêuticos

disponíveis para cada caso, bem como a adequação a cada utente e portanto, a ajuda dos

profissionais da FH foi crucial neste aspeto.

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A categoria de medicamentos mais requisitados pelos utentes da FH são os antigripais,

descongestionantes, antitússicos, laxantes, antiácidos e analgésicos. De salientar que nem sempre

os utentes têm conhecimento dos efeitos nocivos da utilização contínua de certos MNSRM e que

há uma grande autonomia por parte dos mesmos na escolha destes, sendo desta forma importante

o crescimento da intervenção farmacêutica nesta área.

4.3.Medicamentos Manipulados

Os medicamentos manipulados são definidos como “qualquer fórmula magistral ou

preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico”. Quando

o medicamento é preparado na farmácia através de prescrição médica e com indicação do doente

a que se destina, este é designado de fórmula magistral. Por outro lado, é considerado um

preparado oficinal quando o medicamento se destina diretamente a vários utentes assistidos pela

própria farmácia e que é preparado de acordo com indicações da farmacopeia ou formulário

[16,17].

Nem todas as farmácias têm autorização para produzir manipulados, para tal têm que

obedecer a determinadas normas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 95/2004 [16]. Entre elas, a

obrigatoriedade do farmacêutico diretor-técnico de supervisionar ou realizar toda a preparação de

manipulados em condições de higiene adequadas, sendo sua a responsabilidade de todas as

preparações; as farmácias têm que ter um espaço destinado à preparação deste tipo de

medicamento, designado laboratório e que tem cumprir todas as condições exigidas quanto ao

equipamento, espaço, luminosidade, humidade, higiene e temperatura, podendo variar conforme

o tipo de formas farmacêuticas preparadas; deverão ser registadas e devidamente arquivadas todas

as informações acerca de todas as preparações executadas de forma a garantir a sua qualidade e

segurança; as matérias-primas e as embalagens primárias são também controladas e devem

obedecer as exigências da Farmacopeia Portuguesa ou de outros Estados-membros; no final de

cada preparação é necessário realizar alguns ensaios de qualidade de acordo com a forma

farmacêutica da mesma; por fim é obrigatório a rotulagem do produto final com toda a informação

relativa ao doente, fórmula do medicamento manipulado, número do lote, prazo de validade,

condições de conservação do medicamento preparado, instruções especiais, via de administração,

posologia, identificação da farmácia e do respetivo diretor técnico [16,17,18].

O preço dos medicamentos manipulados é calculado a partir de uma fórmula que inclui o

valor dos honorários, cujo valor varia consoante as formas farmacêuticas do produto acabado e

as quantidades preparadas e tem por base um fator (F) que varia conforme o índice de crescimento

preço do consumidor; o valor das matérias-primas que tem em conta o valor de aquisição

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Relatório de estágio 2015/2016

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multiplicado por um fator associado às unidades de medida; por fim, tem em conta o valor dos

materiais de embalagem que se calcula a partir do preço de custo multiplicado pelo fator 1,2. Isto

traduz-se na fórmula seguinte: (Valor dos honorários + Valor das matérias-primas + Valor dos

materiais de embalagem) x 1,3, acrescido o valor do IVA em vigor [19].

A FH não produz medicamentos manipulados, assim sendo, os pedidos que chegavam à

farmácia eram reencaminhados para a Farmácia Serpa Pinto no Porto após contacto telefónico.

Durante o meu período de estágio não foram frequentes os pedidos deste tipo de medicamentos,

no entanto, surgiu um pedido para uma pomada para a escabiose e outro de comprimidos de

orlistato para perda de peso.

4.4.Outros produtos farmacêuticos

4.4.1.Medicamentos Veterinários Os medicamentos veterinários são atualmente regulados pelo INFARMED e são

medicamentos que se destinam a ser administrados a animais. Embora possam ser distribuídos

noutros locais, ao contrário do que se passa nas farmácias comunitárias, estão sujeitos a aprovação

legal e as pessoas geralmente recorrem às farmácias, uma vez que procuram um atendimento

especializado [21].

A FH não possui grande variedade de produtos veterinários, uma vez que não são

procurados em grande escala pelos utentes, no entanto, verifiquei que os produtos mais vendidos

são os métodos anticoncecionais e os desparasitantes internos e externos.

4.4.2.Produtos Cosméticos e Higiene corporal Produto Cosmético, de acordo com o que está descrito pelo INFARMED, tem como

definição “qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em contacto com as partes

externas do corpo humano (epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais

externos) ou com os dentes e as mucosas bucais, tendo em vista, exclusiva ou principalmente,

limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto, protegê-los, mantê-los em bom estado ou de

corrigir os odores corporais” [22].

Com a crescente preocupação da população pelos cuidados de pele e estética, este é um

mercado crescente a nível de farmácia comunitária, quer seja por indicação do dermatologista,

quer seja por iniciativa dos utentes que procuram o seu farmacêutico para obtenção de um melhor

aconselhamento nesta área. Assim sendo, o farmacêutico tem que possuir um conhecimento

completo das várias gamas de produtos para que possa esclarecer o utente de forma clara e

percetível.

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A farmácia Horus não possui grande variedade de produtos nesta área, no entanto, tinha

em exposição na farmácia para venda grandes marcas como Avene®, Bioderma®, La Roche

Posay®, Eucerin®, Boots® e Vichy®.

É possível verificar que há também uma procura crescente de produtos de higiene

corporal de qualidade e eficácia nas farmácias, uma vez que o farmacêutico consegue prestar um

serviço personalizado e adaptado às necessidades individuais das pessoas. De salientar que os

cremes faciais anti envelhecimento e as pastas de dentes são os produtos mais procurados pelos

clientes da FH.

Durante o período de estágio tive o privilégio de observar o aconselhamento por parte dos

colaboradores da farmácia, que me permitiu aprender muito sobre esta área. No final do estágio

já me senti apta para realizar sozinha alguns aconselhamentos, no entanto, sempre com a

supervisão de um dos colaboradores da farmácia.

4.4.3.Produtos fitoterápicos e suplementos alimentares O aumento crescente da preocupação por parte da população para a saúde e o bem-estar,

bem como, o recurso a “produtos naturais” para tratamento de algumas patologias, faz com que a

procura dos produtos fitoterápicos tenha aumentado gradualmente.

Os medicamentos fitoterápicos consistem em medicamentos cuja constituição da sua

substância ativa seja exclusivamente “substâncias derivadas de plantas, uma ou mais preparações

à base de plantas ou uma ou mais substâncias derivadas de plantas em associação com uma ou

mais preparações à base de plantas” [23]. Estes produtos devem ser dispensados na farmácia após

correto aconselhamento por parte do farmacêutico, indicando sempre a posologia adequada ao

utente e alertando sempre para as possíveis contraindicações e efeitos adversos. Os produtos mais

requisitados nesta categoria durante o meu período de estágio foram os que se destinam aos

distúrbios gastrointestinais ou hepáticos, ansiedade e insónia e eu mesma cheguei a aconselhar

estes produtos em casos de insónias e ansiedade.

Os suplementos alimentares são legislados pela Direção Geral de Alimentação e

Veterinária e consistem em fontes concentradas de determinados nutrientes ou outras substâncias

com efeito nutricional ou fisiológico. De uma forma geral são constituídos por vitaminas,

minerais, aminoácidos, ácidos gordos essenciais, fibras e várias plantas ou extratos de ervas. Uma

vez mais, estes produtos eram bastante requisitados na farmácia para efeitos de emagrecimento,

problemas de concentração ou memória, entre outras. Aquando da solicitação destes produtos o

farmacêutico deve informar o utente que estes não substituem uma alimentação equilibrada e um

estilo de vida saudável e que, tal como os fitoterápicos, podem ter efeitos nocivos e

contraindicações quando utilizados de forma irracional e desmedida [24].

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4.4.4.Dispositivos médicos Os dispositivos médicos são instrumentos, softwares, materiais, aparelhos ou

equipamentos de saúde utilizados com o intuito de prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença.

No entanto, ao contrário dos medicamentos, estes atuam através de mecanismos não

farmacológicos, metabólicos ou imunológicos [25].

Estes podem ser classificados de forma distinta conforme os potenciais riscos associados

à sua utilização [26]:

Dispositivos médicos de classe I ou dispositivos de baixo risco, dentro desta classe

podemos encontrar, dispositivos de recolha de fluidos corporais, não invasivos, de imobilização

ou suporte externo dos doentes, de barreira mecânica da pele lesada, entre outros;

Dispositivos médicos de classe IIa de baixo médio risco, como por exemplo, dispositivos

para controlo do microambiente de lesões, invasivos de orifícios corporais, de medição de

parâmetros biológicos, invasivos de caracter cirúrgico;

Dispositivos médicos de classe IIb de alto médio risco, como por exemplo, dispositivos

de administração de fármacos, contraceção e limpeza/desinfeção de lentes de contacto;

Dispositivos médicos de classe III, dispositivos de alto risco, tal como, dispositivos

implantáveis, de diagnostico in vitro e colheita de amostras biológicas.

A FH tem uma variedade de dispositivos médicos à sua disposição, desde material de

penso, testes de gravidez, preservativos, termómetro, meias e pulsos elásticos, lancetas, seringas,

canetas de insulina, artigos de puericultura e sapatos ortopédicos. Assim, tive a oportunidade de

melhorar os conhecimentos nesta área tão vasta e realizar aconselhamento farmacêutico quanto à

correta utilização dos mesmos por parte dos utentes.

5.Serviços farmacêuticos As farmácias de oficina têm autorização jurídica para, além da dispensa de medicamentos

e produtos de saúde, prestarem aos seus utentes serviços farmacêuticos que visem a promoção da

sua saúde e bem-estar. A determinação dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos surge como

uma medida de indicadores que permite a avaliação do estado de saúde do individuo [1-4].

Na farmácia Horus é possível realizar a determinação da pressão arterial, da glicémia e

do colesterol total. Para além disso também se administram vacinas não incluídas no Plano

Nacional de Vacinação; medição do peso corporal recorrendo a uma balança automática que

possibilita a determinação do peso corporal, a altura e o índice de massa corporal dos utentes;

aconselhamento nutricional por parte de um profissional especializado; e consultas de podologia,

também facultadas por um profissional distinto na área.

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A determinação da pressão arterial é um dos parâmetros mais requisitados pelos utentes

da FH, seja por indicação médica, ou por iniciativa própria. Idealmente os valores deverão rondar

os 140 mm Hg para a tensão arterial sistólica e/ou 90 mm Hg para a tensão diastólica. A FH possui

um tensiómetro automático de medição da PA e é realizado no gabinete de atendimento

personalizado. Durante o meu estágio este foi o parâmetro que mais avaliei e que me permitiu um

contacto mais próximo com os utentes, sendo que prestei aconselhamento farmacêutico de

medidas não farmacológicas a adotar a doentes com episódios de hipertensão ou hipotensão.

Outro dos parâmetros bioquímicos solicitado é a medição do colesterol total, sendo que

o valor ideal para o mesmo é <190 mg/dL. Este é determinado recorrendo ao aparelho Callegari™

CR3000, que se caracteriza por um fotómetro de absorção molecular que permite obter o resultado

ao fim de 2 minutos após a recolha de sangue dos utentes. A procura deste teste pelos utentes é

bastante inferior à medição da pressão arterial uma vez que é um parâmetro que pode ser

controlado mensalmente, no entanto, foram várias as oportunidades que tive para o realizar e

aconselhar o utente de acordo com o resultado obtido.

Também a medição da glicémia é realizada e bastante requisitada na FH e o seu valor

ideal em jejum deverá ser entre 70-100 mg/dL e após 2h da última refeição 70-140 mg/dL.

Durante o meu estágio tive oportunidade de realizar as determinações dos níveis de glicémia e no

final de cada uma, tive sempre a atenção de analisar os resultados, tendo em conta o historial

clínico do utente e os seus hábitos quotidianos, recomendando medidas não farmacológicas e

estimulando a adesão à terapêutica instituída pelo médico.

6.Farmacovigilância A farmacovigilancia é extremamente importante no âmbito da farmácia

comunitária e é dever do farmacêutico estar atento a qualquer reação adversa invulgar descrita

pelos utentes. Caso haja relatos de sintomas invulgares após início do tratamento com um

determinado fármaco, este tem que ser registado no portal RAM do INFARMED para posterior

avaliação [5,27].

7.Sistema VALORMED A valormed é uma sociedade sem fins lucrativos que disponibiliza aos cidadãos,

contentores, localizados nas farmácias, para que estes possam rejeitar as embalagens vazias e

medicamentos não utilizados, de maneira segura e cómoda [28].

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A FH é aderente deste projeto e pelo que foi possível ver durante o estágio, os utentes

recorrem muitas vezes a estes contentores para colocar os medicamentos com prazo de validade

expirado ou inutilizados. Quando este enche, é da responsabilidade do armazenista a recolha do

mesmo.

8.Formações Durante o período de estágio tive a oportunidade de participar em algumas formações,

que tiveram importância significativa na aquisição de conhecimento proveitoso para a melhoria

da minha capacidade de aconselhamento farmacêutico.

Estas foram:

Formação sobre contraceção de emergência no dia 10 de Março, promovida pela

Gedeon Richter, com duração de 1h30;

“Rinite alérgica”, no dia 12 de Março, organizada pela Menarini Portugal, com

duração de 2h00;

Formação sobre nutrição infantil e diferentes tipos de leite no dia 16 de Maio,

promovida pela Milupa, com duração de 2h00.

9.Mapa tarefas desenvolvidas na Farmácia Horus

Meses JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL JULHO

Semanas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Receção e

conferência de

encomendas

Armazenamento

de produtos

Medição de

parâmetros

bioquímicos e

fisiológicos

Organização do

receituário

Atendimento ao

público

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Controlo de

prazos de

validade e

verificação de

stocks

10.Conclusão

O período de estágio na FH possibilitou a obtenção de variadas competências, tanto a

nível profissional como pessoal, complementando desta forma todos os conhecimentos

adquiridos durante o curso de Ciências Farmacêuticas.

Durante o estágio fui confrontada com a realidade vivida na farmácia comunitária e

como tal, surgiram problemas e novos desafios para resolver, e com o auxílio de todo o

conhecimento adquirido ao longo do curso, bem como dos profissionais farmacêuticos da FH fui

sucedida na maioria dos casos aquando da resolução dos mesmos. Na farmácia comunitária, o

que mais me cativou foi a dinâmica de trabalho, dada a abrangência da atividade farmacêutica

e, a responsabilidade que este tem durante o aconselhamento ao utente. De ressalvar que o

contacto com os utentes da farmácia é muito gratificante, sendo este um dos pontos mais

positivos do meu estágio.

Considero que os quatro meses de estágio me permitiram adquirir experiência, sentido

de responsabilidade e autonomia em relação à profissão farmacêutica, que é extremamente

importante para que possa iniciar a minha atividade profissional e executá-la de uma forma ética

e responsável.

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PARTE II – Projetos desenvolvidos

1.Osteoporose A osteoporose foi o primeiro tema selecionado para o desenvolvimento de um dos

projetos durante o estágio na farmácia. A procura constante, por parte da população idosa, por

suplementos alimentares e analgésicos, com o intuito de diminuírem as dores ósseas que sentem

e melhorarem a sua qualidade de vida suscitou o interesse em desenvolver este tema num dos

projetos.

O objetivo principal do mesmo é informar a população nas diferentes faixas etárias para

as medidas não farmacológicas que podem adotar para melhorar a sua qualidade de vida bem

como incentivar à prática de atividade física como forma de evitar o desenvolvimento desta

patologia.

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1.1.Fisiopatologia

A osteoporose é uma doença multifatorial, crónica e progressiva, associada à idade, e que

se caracteriza pela perda de massa óssea e deterioração da microarquitectura do osso, que resulta

no aumento do risco de fratura e fragilidade óssea [29].

O osso é uma estrutura dinâmica e tem como função

suportar o peso do corpo contra a gravidade, é responsável

pela rigidez, locomoção e proteção dos órgãos internos e é

ainda um importante reservatório de iões. Existem dois

tipos de osso, o osso cortical que confere resistência uma

vez que é formado por lâminas ósseas paralelas e próximas

entre si, que origina uma substância dura e compacta; e o

osso trabecular, menos espesso e com espaços entre si

formado por lâminas ósseas dispostas de forma irregular

[30]. No osso temos ainda células que diferem entre si, nomeadamente, osteoblastos,

responsáveis pela formação do osso, secreção de colagénio tipo I e fosfatase alcalina; osteócitos,

que são osteoblastos diferenciados; e osteoclastos, células que contém canais iónicos altamente

ativos e responsáveis por bombear protões para o espaço extracelular, reduzindo o pH do seu

microambiente e que resulta na dissolução dos minerais ósseos e consequente destruição e

reabsorção óssea, estes têm na sua superfície um recetor, designado RANK que quando interage

com o seu ligando RANKL estimula a diferenciação e atividade osteoclástica e inibe a apoptose

das células; por outro lado, os osteoblastos segregam a osteoprotegerina (OPG) que tem também

afinidade para o RANKL impossibilitando desta forma a sua interação com o recetor RANK [31].

O processo de formação do osso, realizado pelos osteoblastos, é normalmente mais demorado do

que o processo de reabsorção realizado pelos osteoclastos, daí que um aumento na atividade de

remodelação óssea resulta na perda de massa óssea. Concluindo, os processos desenvolvidos por

estas células estão interligados e determinam se o osso é formado, mantido ou perdido.

Tal como foi referido anteriormente, os osteoclastos são responsáveis pela reabsorção

óssea e portanto removem diariamente pequenas quantidades de minerais ósseos aquando da

remodelação óssea. Se esta reabsorção for excessiva pode resultar na perda completa de estruturas

trabeculares e no aumento da fragilidade óssea, o que leva ao desenvolvimento de osteopenia, que

com o passar dos anos pode evoluir para osteoporose [32].

Figura 9- Estrutura interna do osso,

adaptado de [30]

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Existem vários fatores que podem alterar o correto funcionamento da remodelação óssea

e dessa forma contribuir para o desenvolvimento da osteoporose. A deficiência em estrogénios é

um desses fatores uma vez que na superfície dos osteoblastos encontram-se alguns recetores de

estrogénio (Erβ) que podem ter um papel auxiliar na remodelação óssea. Apesar dos recetores de

estrogénio se encontrarem nos osteoblastos, a sua ação principal ocorre a nível dos osteoclastos

uma vez que o estrogénio induz apoptose nessas células. Com o avançar da idade, a quantidade

de estrogénio produzida pelas mulheres diminui e conduz ao aumento do número e tempo de

semi-vida dos osteoclastos e consequente aumento da reabsorção óssea. O envelhecimento, tanto

nos homens como nas mulheres, é também um fator que pode desencadear o desenvolvimento de

osteoporose uma vez que há aumento da produção de citoquinas pró-inflamatórias e perda de

capacidade antioxidante das células o que, uma vez mais, tem como consequência o aumento da

reabsorção óssea através da ativação dos osteoclastos e inibição dos osteoblastos. Os próprios

fatores genéticos de cada individuo são importantes para determinar a massa e propriedades

intrínsecas do osso, aumentando ou diminuindo a propensão para desenvolver esta patologia. A

ocorrência de microlesões é também um fator muito importante que pode alterar o bom

funcionamento ósseo uma vez que altera a comunicação celular comprometendo a resposta do

organismo à carga mecânica, há também perda de rigidez e força e estimulação da apoptose de

osteócitos que libertam fatores que estimulam os osteoclastos e consequentemente a reabsorção

óssea [32].

Figura 10 - Mecanismo de remodelação óssea,

adaptado de [32].

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1.2.Incidência

O aumento gradual da prevalência e incidência de fraturas osteoporóticas estão na base

de uma elevada morbilidade e mortalidade entre a população e que faz com que esta doença

suscite cada vez mais interesse. É estimado que, em todo o mundo, cerca de 200 milhões de

pessoas estejam afetadas por esta doença [33]. Sabe-se que em todo o mundo, uma em cada três

mulheres e um em cada cinco homens, com idade superior a 50 anos, vão sofrer fraturas

osteoporóticas ao longo da sua vida e que a osteoporose causa mais de 8,9 milhões de fraturas

anualmente [34].

1.3.Fatores de risco

Na osteoporose existem diversos fatores de risco que podem despoletar o

desenvolvimento da doença e segundo a Sociedade Portuguesa de Doenças Ósseas Metabólicas

estes podem dividir-se em fatores de risco major se têm grande impacto no desenvolvimento da

doença ou minor caso contribuam para o desenvolvimento da doença de forma menos

significativa. A tabela seguinte demonstra quais são [35]:

Tabela 2: Fatores de risco para o desenvolvimento de osteoporose adaptado de [35]

Fatores de risco major Fatores de risco minor

Idade superior a 65 anos nas mulheres e

superior a 70 anos nos homens;

Artrite reumatoide;

Fratura vertebral prévia; Hipertiroidismo clínico;

Fratura de fragilidade após os 40 anos; Terapêutica crónica com antiepiléticos;

História familiar de fratura na anca; Baixo aporte de cálcio;

Terapia corticoide sistémica durante um

período superior a 3 meses;

Índice de massa corporal inferior a 19 kg/m2;

Menopausa precoce (<40 anos); Tabagismo;

Hipogonadismo; Consumo excessivo de álcool;

Hiperparatiróidismo primário; Terapia crónica com heparina;

Propensão aumentada para quedas. Imobilização prolongada.

1.4.Sinais e sintomas

A osteoporose é considerada uma doença silenciosa uma vez que os sintomas surgem com

o avançar da doença, tornando difícil o seu diagnóstico precoce. Os sinais clínicos e sintomas

mais frequentes são a diminuição da altura corporal e aumento da curvatura das costas; dor

crónica; aumento da propensão para de quedas e fraturas, principalmente na anca, pulso e

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vértebras; dificuldade na marcha e em manter-se de pé; e, como consequência de todos estes

fatores, a diminuição da qualidade de vida dos doentes [36].

1.5.Diagnóstico

O diagnóstico precoce da osteoporose, tal como foi referido anteriormente, não é um

processo fácil uma vez que a doença não causa sintomatologia específica no início do

desenvolvimento da doença. No entanto, existem metodologias específicas e guidelines que

permitem ao médico detetar a doença.

As guidelines instituídas pela Direção Geral de Saúde estabelecem que deve ser realizada

uma avaliação clinica inicial para identificar os indivíduos cujo risco de fraturas está aumentado

ou que têm fatores de risco major e/ou minor que possam causar osteoporose secundária. Após a

avaliação clínica, caso os indivíduos apresentem idade superior a 65 anos no caso das mulheres e

70 anos no caso dos homens; sejam mulheres pós-menopáusicas com idade inferior a 65 anos e

homens com idade superior a 50 anos que apresentem 1 fator de risco major ou 2 minor; ou sejam

mulheres pré-menopáusicas e homens com idade inferior a 50 anos que apresentem causas

conhecidas de osteoporose secundária ou fatores de risco major é indicado a realização de um

exame que permite avaliar a densidade mineral óssea (DMO) designado osteodensitometria

radiológica de dupla energia (DEXA). Os resultados obtidos neste exame permitem incluir o

doente em quatro categorias distintas, segundo os seguintes critérios [35, 37]:

T ≥ -1: Normal;

-2.5 < T < -1: Osteopenia;

T ≤ -2,5: Osteoporose;

T ≤ -2,5 + fratura de fragilidade: Osteoporose grave;

Para um correto diagnóstico deve ser ainda avaliado o FRAX, que é um algoritmo que

determina a probabilidade dos indivíduos sofrerem uma fratura em 10 anos. Esta ferramenta

foi criada pela OMS e avalia o risco absoluto de fraturas osteoporóticas major em diversos

ossos, tais como, o fémur proximal, antebraço distal, úmero proximal e corpo vertebral e de

fratura do fémur proximal, em indivíduos com idades compreendidas entre os 40 e os 90 anos

e que não estejam a fazer terapêutica para a osteoporose. Para que haja uma adequação e

correta instituição da terapêutica nos doentes, deve ser ponderado em conjunto com o índice

FRAX alguns fatores de risco importantes, nomeadamente, a idade, uma vez que o seu

aumento representa também uma maior fragilidade óssea e consequentemente um aumento

do risco de fratura; o valor de DMO obtido através de DEXA que quando diminuído origina

um aumento do risco de fratura; o índice de massa corporal, que quanto menor, maior o risco

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de fratura; a existência de fratura de fragilidade prévia aumentando o risco em cerca de duas

vezes para próximas fraturas; história parental de fratura no fémur proximal; corticoterapia

continuada dependente da dose administrada e não dependente da DMO; consumo continuado

de bebidas alcoólicas pois aumenta a propensão para quedas e a existência de um maior

número de fraturas de fragilidade; tabagismo, aumentando o risco de fratura com o aumento

da dose e do tempo de exposição ao fumo; indivíduos com artrite reumatoide têm também

maior propensão a desenvolver osteoporose, independentemente da corticoterapia e da sua

DMO e por fim, outras causas que provoquem osteoporose secundária, já mencionadas

anteriormente nos fatores de risco. Em suma, para que haja uma boa decisão terapêutica é

necessário não só avaliar o valor de DMO, mas também considerar vários fatores de risco

clínicos e a probabilidade de fratura tendo em conta a idade do individuo [35,37].

1.6.Terapia farmacológica

O tratamento da osteoporose deverá ser individualizado tendo em conta os vários fatores

que o doente apresenta e o seu principal objetivo é a redução da ocorrência de fraturas.

Os grupos de fármacos atualmente disponíveis para o tratamento desta patologia são

vários, nomeadamente, bifosfonatos, modeladores seletivos dos recetores de estrogénios,

calcitonina, ranelato de estrôncio, teriparatida e o denosumab. Para além destes fármacos é

importante a suplementação com cálcio e/ou vitamina D [35,37].

Os bifosfonatos têm como mecanismo de ação a inibição da ação reabsortiva dos

osteoclastos, uma vez que sofrem processo de endocitose pelos mesmos. Após sofrer

internalização o fármaco atua por inibição enzimática alterando o funcionamento normal das

células ósseas. Este grupo de fármacos demonstrou eficácia na redução de fraturas vertebrais e

não-vertebrais, incluindo a anca, sendo assim considerado um fármaco com largo espetro de ação.

Os fármacos atualmente utilizados que se incluem neste grupo terapêutico são o ácido alendrónico

(alendronato) e risedronato em regime diário ou semanal; e o ácido ibandrónico (ibandronato) em

regime mensal. A absorção oral destes fármacos é reduzida, pelo que o doente deverá estar em

jejum duas horas antes e meia hora após a toma do fármaco. Assim, é aconselhado que este seja

ingerido de manhã, pelo menos meia hora antes do pequeno-almoço e após a toma o doente deve

manter a posição ortostática durante 30 minutos uma vez que este fármaco provoca lesão da

mucosa esofágica. No que respeita aos efeitos adversos foram descritas perturbação

gastrointestinais, como duodenites ou úlceras, diarreia, e febre após administração intravenosa

[35,37].

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Outro grupo farmacológico importante no tratamento da osteoporose são os modeladores

seletivos dos recetores de estrogénio (MSRE). Estes têm uma ação antireabsortiva óssea, no

entanto o seu mecanismo de ação é ainda desconhecido. Sabe-se apenas que estes são fármacos

esteroides e que por esse motivo, têm capacidade de se ligar aos recetores de estrogénio

competindo com o mesmo e apresentando ação antagonista ou agonista dependendo dos órgãos

alvo. O único fármaco aprovado neste grupo para o tratamento da osteoporose é o raloxifeno e

está indicado na prevenção de fraturas vertebrais, nas mulheres pós-menopáusicas com elevado

risco de desenvolver osteoporose. Deve ser administrado 60 mg de fármaco via oral, uma vez por

dia. Tromboembolismo venoso, tromboflebites, afrontamentos e cãibras nos membros inferiores

são alguns exemplos de efeitos adversos causados por este medicamento [35,37].

A calcitonina é um fármaco que demonstrou eficácia, embora pouco marcada, na redução

de fraturas do osso trabecular e está indicada em situações agudas pós-fratura devido ao seu efeito

antiálgico e também em casos cujos fármacos mais eficazes não possam ser utilizados. A

calcitonina é uma hormona produzida ao nível das células C ou parafoliculares da tiroide dos

mamíferos, no entanto, a utilizada no tratamento da osteoporose é de origem sintética,

nomeadamente, calcitonina de salmão, e é administrada por via nasal (200 UI) ou parentérica (50-

100 UI). A sua principal ação é a inibição da atividade reabsortiva dos osteoclastos sobre os ossos

e ainda diminui o seu número, embora com mecanismo ainda pouco conhecido. O facto de ser

um produto de origem animal pode causar resistências através da formação de anticorpos para os

mesmos [35,37,38].

Quanto ao ranelato de estrôncio, este constitui o primeiro fármaco com dupla ação sobre

a remodelação óssea, para além de ter atividade antireabsortiva tem também uma ação

osteoformadora. Este tem eficácia demonstrada na redução de fraturas vertebrais, e em idosos

com reduzida DMO, as não vertebrais inclusivamente a da anca. A sua toma é diária,

preferencialmente ao deitar e a dosagem é 2g/dia. A sua limitada utilização deve-se aos efeitos

adversos deste medicamento nomeadamente diarreia nos primeiros três meses de tratamento,

cefaleia, alteração da consciência e da memória, náuseas e alteração dos níveis séricos de cálcio

e/ou fósforo e possível tromboembolismo venoso; para além disso foram também notificados

casos de pessoas com sintomas sistémicos de eosinofilia (DRESS: Drug Rash with Eosinophilia

Systemic Symptoms) que pode conduzir à morte dos doentes [35,37,38].

A teriparatida é um análogo da hormona paratiroide (PTH) e é o único fármaco

anabólico utilizado no tratamento da osteoporose. Tem como indicações o tratamento da

osteoporose com fraturas vertebrais graves e em casos de intolerância ou falência de outros

tratamentos standard. Este é administrado numa dose de 20 µg/dia por via subcutânea, geralmente

na coxa ou no abdómen, durante um período máximo de administração de 18 meses. As reações

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adversas mais frequentes são náuseas, vómitos, refluxo gastroesofágico, hemorroidas, hipotensão

postural, dispneia, depressão, tonturas, vertigens, perturbações urinárias, poliúria, dores

musculares, cãibras, aumento da sudorese e reações no local da injeção [35,37,38].

O denosumab é um anticorpo monoclonal humanizado (IgG2) com grande

especificidade e afinidade para o ligando RANK (RANKL), desta forma evita a ligação entre o

RANKL e o seu recetor RANK na superfície dos osteoclastos impossibilitando a formação,

função e sobrevivência dos osteoclastos e consequentemente diminuindo a reabsorção óssea. Este

está aprovado pela EMA para o tratamento da osteoporose em homens com elevado risco de

fratura e em mulheres pós-menopausa, demonstrando eficácia acentuada na redução do risco de

fraturas vertebrais, não vertebrais e da anca. Este fármaco é administrado de 6 em 6 meses, via

injeção subcutânea na coxa, abdómen ou zona superior do braço. Um dos efeitos adversos mais

marcados aquando da toma deste medicamento é o desenvolvimento de hipocalcémia e por este

motivo os doentes devem receber simultaneamente um aporte adequado de cálcio e vitamina D

[37].

Para além dos fármacos convencionais é necessário garantir que os doentes recebem

diariamente um aporte adequado de cálcio e vitamina D (aumenta absorção de cálcio) uma vez

que ambos contribuem diretamente para o aumento da massa óssea. Esses valores podem ser

alcançados através de uma dieta equilibrada, através da ingestão de ovos, leite, queijo, peixe e

vegetais no entanto, quando não é possível obter as doses diárias recomendadas através da dieta,

obtém-se estes micronutrientes através de fármacos. A ingestão isolada de cálcio não demonstra

eficácia na diminuição de fraturas, no entanto, quando administrada em concomitância com a

vitamina D poderá ter eficácia antifraturária em doentes idosos. Os fármacos disponíveis no

mercado para aumento do aporte de cálcio são: gluconato de cálcio, lactato de cálcio, carbonato

de cálcio e citrato de cálcio. Os fármacos que permitem o maior aporte de vitamina D são:

calciferol, o calcitriol, alfacalcidol, o calcifediol e o paricalcitol. Durante a administração dos

análogos da vitamina D deve ter-se especial atenção aos doentes com deficiência na função renal

e os níveis de cálcio e fosfato devem ser medidos com frequência para evitar que os doentes

desenvolvam hipercalcemia [37].

Além dos fármacos convencionais para travar o avanço da doença, é necessário ter em

conta que os doentes têm dor crónica e que esta afeta na maior parte dos casos a sua qualidade de

vida. Esta é geralmente prevenida através da administração de fármacos como a calcitonina,

teriparatida ou bifosfonatos endovenosos uma vez que estes para além da sua atividade sobre o

metabolismo ósseo também demonstraram eficácia analgésica. Quando a dor vem associada a

fraturas, é recomendada a administração de analgésicos simples como paracetamol, isolado ou

em associação com codeína ou tramadol, no entanto os intervalos de administração devem ser

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regulados tendo em conta o tempo de semivida dos fármacos. Quando a lesão provoca dores muito

intensas, pode recorrer-se ao uso de opioides fortes, como fentanilo ou buprenorfina, via

transdérmica, mas com tempo de utilização reduzido devido aos seus efeitos aditivos [37].

1.7. Medidas não farmacológicas

Como farmacêutica considero que para que haja melhoria da qualidade de vida dos

doentes e prevenção do desenvolvimento da doença por parte da população em risco, para além

da terapia farmacológica convencional é de extrema importância a terapia não farmacológica para

que se promova a manutenção da massa óssea. Esta consiste em fomentar a prática de exercício

físico, especialmente exercícios com impacto em crianças e jovens e exercícios com carga em

adultos e ao longo da sua vida. A nível de alimentação, a ingestão diária de cálcio deverá rondar

os 900 mg, sendo que esse valor pode ser atingido através da ingestão de alimentos como

leguminosas, amêndoas, frutos secos e leite e derivados; para além do cálcio, também a vitamina

D deve ser ingerida em quantidades que rondam os 5-10 µg/dia e pode ser obtida através da

ingestão de peixes gordos, fígado, leguminosas, ovos, entre outros; para além da ingestão de

alimentos, é também importante a exposição solar porque é a radiação UVB que inicia o processo

de ativação e formação da vitamina D. Esta exposição deve ser preferencialmente de manhã e

pelo menos três vezes por semana. A nível de alimentação deve evitar-se o consumo excessivo

de cafeína, uma vez que aumenta a excreção de cálcio minimizando a sua absorção, assim como

evitar o álcool, tabaco e sódio. Para indivíduos com osteoporose ou osteopenia, uma das medidas

mais importantes é a prevenção de quedas e fraturas. Isto pode ser conseguido através de

programas de exercício físico individualizado, como, marcha, treino de postura e equilíbrio e

musculação para que haja fortalecimento muscular; em casos mais graves pode recorrer-se à

utilização de protetores das ancas.

1.8.O papel do farmacêutico comunitário

Com o intuito de implementar na população várias medidas de prevenção, bem como

alertar e motivar para o desenvolvimento de atividades que ajudem a prevenir ou retardar o

aparecimento da osteoporose, optei por partilhar panfletos informativos, com linguagem simples,

para os utentes da farmácia. A recetividade foi bastante positiva, de facto houveram várias pessoas

a levar o panfleto para ler a colocar questões sobre algumas das medidas abordadas pelo mesmo.

Para além disso, organizei uma caminhada no parque da cidade de Guimarães direcionada

aos utentes da farmácia, para estimular a praticar exercício físico. Infelizmente a adesão foi muito

reduzida, no entanto, fizemos a caminhada na mesma. Tendo em conta a baixa adesão na

caminhada organizada na farmácia, contactei o presidente da junta da freguesia de São Mamede

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de Negrelos para organizar junto da população da aldeia uma nova caminhada e distribuir os

panfletos sobre osteoporose salientando a importância da atividade física para a prevenção da

doença e desta forma foi possível alcançar um numero superior de pessoas, de faixas etárias

variadas.

Ainda direcionado para os utentes da farmácia a fazer terapia para a osteoporose, como,

bifosfonatos, cálcio, vitamina D, entre outros, resolvi conceber um inquérito de forma a avaliar a

sua qualidade de vida atual e aconselhar pessoalmente algumas medidas a adotar. A recetividade

por parte dos utentes inquiridos foi boa, a maioria dos utentes abordados aceitou e gostou de

realizar o inquérito. No entanto, o número de respostas foi reduzido, uma vez que a farmácia se

encontrava com dificuldades na aquisição de medicamentos e consequentemente o número de

utentes era reduzido. Todavia, analisando um total de 9 inquéritos realizados a utentes na faixa

etária compreendida entre 60-85 anos, pode concluir-se que efetivamente a osteoporose é uma

doença limitante ao nível de tarefas simples como arrumar a casa ou vestir-se, afeta também o

componente social devido às dificuldades motoras que vão surgindo com o avançar da doença e,

efetivamente há um aumento de suscetibilidade para o desenvolvimento de outras patologias

concomitante, tais como, a depressão e ansiedade.

Em suma, a osteoporose é uma doença restritiva, que afeta um elevado número de pessoas

e infelizmente, a baixa adesão à terapêutica, seja ela convencional ou não farmacológica, leva a

que estes doentes percam qualidade de vida. O farmacêutico é muitas vezes a primeira pessoa a

quem os doentes se dirigem em casos de dor ou limitação física, como tal, é nossa função motivar

estes doentes na adesão à terapêutica, informar sobre os efeitos adversos mais comuns e explicar

que são muitas vezes transitórios e que a terapia não cura mas melhora muito a sua qualidade de

vida. Para além disso é importante transmitir informação sobre todas as medidas não

farmacológicas que podem implementar no seu dia-a-dia e que vão ter um impacto positivo nas

suas vidas.

Considero que o meu projeto foi uma mais-valia para os utentes da farmácia, na medida

em que houve uma sensibilização dos mesmos para a temática da osteoporose bem como para a

prática das medidas não farmacológicas abordadas nos panfletos informativos.

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2.Proteção Solar

O segundo projeto desenvolvido na farmácia Horus teve como temática a proteção solar.

A ideia surgiu pelo facto de se aproximar a época primaveril em que a exposição solar aumenta e

consequentemente os riscos associados à mesma.

Assim sendo, o meu objetivo com este projeto é informar a população de uma faixa etária

mais jovem, através de uma exposição pública sobre o tema num infantário próximo da farmácia,

uma vez que estes nem sempre se apercebem dos riscos inerentes a uma exposição solar

desprotegida.

2.1.A pele

A pele é o maior órgão do corpo humano e tem não só a seu cargo a proteção dos órgãos

internos mas também o controle do fluxo sanguíneo, regulação térmica, proteção contra agentes

do meio ambiente e ainda exerce função sensorial, sendo responsável pela sensação de calor, frio,

pressão, dor e tato. Ter uma pele bonita e saudável tem não só importância fisiológica mas também

estética e por esse motivo é importante que se tomem medidas desde cedo para prevenir qualquer

dano.

A pele é formada por três camadas distintas entre si, nomeadamente, a epiderme, a derme

e a hipoderme.

A epiderme é a camada mais externa da pele e tem na sua constituição células epiteliais

designadas queratinócitos. Estas células são constantemente eliminadas e substituídas devido à

constante renovação celular e são produzidas na camada basal, mais inferior, da pele e passam

por processos de queratinização que origina uma camada impermeável, a camada córnea, devido

à sua principal constituição em queratina. Para além destas células é possível encontrar na

epiderme melanócitos que produzem melanina e conferem tonalidade à pele e células de

Figura 11 - Camadas da pele, adaptado de [39].

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Langerhans responsáveis pela defesa imunológica. Ainda na epiderme podemos encontrar os

designados “anexos” cutâneos, sendo estes, as unhas, formadas por queratina e cuja função é a

proteção das extremidades das mãos e pés; os pêlos, que se encontram em quase toda a superfície

cutânea e que sofrem processo de renovação; as glândulas sudoríparas responsáveis pela produção

de suor e regulação da superfície corporal; e glândulas sebáceas responsáveis pela produção de

sebo e oleosidade da pele [40].

A derme está localizada entre a epiderme e a hipoderme e tem como função conferir

elasticidade e resistência à pele. Na sua constituição tem tecido conjuntivo, nomeadamente fibras

de colagénio, vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e terminações nervosas. Tal como a epiderme

contém também glândulas sebáceas e sudoríparas. Em suma, esta camada de pele é responsável

pela regulação da temperatura corporal, tato, produção de oleosidade e pêlos e irrigação da pele.

A camada mais interna da pele é designada de hipoderme e é constituída por tecido

conjuntivo que rodeiam os adipócitos e a sua função é controlar a temperatura corporal e proteger

os músculos e ossos contra choques e quedas através da produção de gordura subcutânea e fazer

a ligação entre a derme e os músculos e ossos [40].

2.2.O Sol e a pele

As radiações solares são essenciais para a sobrevivência da vida na Terra, uma vez que

está envolvida em variados processos como a fotossíntese que produz o oxigénio essencial à vida

humana, promove na população uma sensação de bem-estar e contribui para a produção de

vitamina D no organismo. A radiação que atinge a superfície terrestre é constituída por cerca de

95% de raios ultravioleta (UVA) e 5% de raios ultravioleta (UVB) [41].

A pele é o órgão que está diretamente exposto à radiação solar e dessa forma é também

aquele que sofre mais sequelas. Uma exposição continuada e desprotegida a grandes quantidades

de radiação UV pode originar eritema e queimaduras, uma vez que o sol provoca vasodilatação e

aumento do volume sanguíneo a nível da derme. Fatores como o tipo de pele (representado na

tabela 2), a espessura, a quantidade de melanina produzida na epiderme e intensidade de radiação

podem determinar a gravidade do eritema, estando este dependente de cada individuo [41].

Tabela 3- Tipos de pele, adaptado de [41].

Tipo de pele Caracterização quanto à pigmentação e

capacidade de formação de eritema

I Sofre facilmente queimaduras e nunca

bronzeia;

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II Sofre facilmente queimaduras e bronzeia

minimamente;

III Sofre moderadamente queimaduras e

bronzeia gradual e uniformemente;

IV Sofre queimaduras mínimas e bronzeia

facilmente;

V Raramente queima, bronzeia intensamente;

V Nunca se queima e produz muita melanina

(raça negra).

O bronzeado é uma resposta protetora da pele à exposição solar. Após exposição à

radiação UVA e visível ocorre oxidação da melanina presente na epiderme e a pele começa a

escurecer ao fim de algumas horas, no entanto, um bronzeado mais prolongado surge ao fim de

2-3 dias e pode durar semanas ou meses e é resultado de nova melanina que é formada após

exposição à radiação UVB. De acordo com estudos recentes o bronzeado poderá ser evidencia de

que houve um dano no DNA na pele [41].

O fotoenvelhecimento é outra das consequências mais temidas pela população após

exposição prolongada e desprotegida à radiação solar, este é caracterizado por alterações dos

componentes das células e da matriz extracelular em que há acumulação desorganizada de elastina

e fibrina e perda acentuada de colagénio. Uma exposição desprotegida a raios UV promove a

produção de espécies reativas de oxigénio que levam a progressivos danos no DNA das células

estaminais epidérmicas que perdem a sua capacidade de “autorrenovação” o que conduz à perda

de elasticidade da pele, flacidez, rugas profundas e despigmentação ou hiperpigmentação de

algumas zonas da pele [41,42].

A sequela mais grave da exposição solar é a estimulação do fenómeno de carcinogénese.

A radiação UVB é genotóxica e quando absorvida através da pele pode causar danos diretos no

DNA das células, que se não tiverem capacidade de reparação dos mesmos, pode dar origem a

mutações nas células epidérmicas contribuindo assim para o aparecimento de cancro na pele. Por

outro lado, a radiação UVA é capaz de penetrar mais profundamente a pele atingindo a camada

basal da epiderme e os fibroblastos e provocando danos oxidativos e aumentando a propensão de

ocorrência de mutações nas células da pele [41, 43]. Existem diferentes tipos de cancro de pele,

entre eles, o cancro de células basais e de células escamosas da pele, mais conhecidos por cancros

não-melanoma, que são cancros que raramente formam metástases e que respondem

razoavelmente bem ao tratamento standard; por outro lado, o melanoma é um cancro mais

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agressivo, que pode formar metástases quando não diagnosticado atempadamente e cujo número

de casos tem vindo a aumentar nos últimos anos, bem como o número de mortes pela doença [41,

43, 44]. Vários estudos comprovam que o aparecimento de melanoma é diretamente proporcional

à exposição solar precoce, particularmente, durante o período de infância e adolescência e daí a

importância de sensibilizar e consciencializar a população desta faixa etária para esta temática da

proteção solar.

2.3.Protetor solar

Os protetores solares

são produtos constituídos por diversos ingredientes que previnem o contacto da radiação UV com

a pele. O nível de proteção varia consoante o nível do fator de proteção solar (FPS), que se

caracteriza por uma medida da capacidade dos protetores solares de proteger a pele dos danos

causados pela radiação UVB. Os protetores solares com maior FPS apresentam uma proteção

mais duradoura. Um exemplo prático que permite perceber melhor o funcionamento do FPS é: se

numa pele que geralmente demora 30 minutos a ficar vermelha usarmos protetor com FPS 15,

esta demorará 15 vezes mais tempo até adquirir tonalidade vermelha, ou seja, em vez de 30

minutos demoraria 450 minutos (cerca de 7,5 horas) [45].

Os principais constituintes dos protetores solares são derivados de PABA, salicilatos,

cinamatos para a absorção da radiação solar UVB e benzofenonas, dióxido de titânio, ou óxido

de zinco para proteção contra a radiação UVA [45].

Embora os protetores solares sejam muito eficazes na filtração da radiação solar, não há

nenhum que a consiga filtrar por completo, no entanto, há um aumento da percentagem de

radiação filtrada proporcional ao FPS, por exemplo, um protetor com FPS 15 filtra cerca de 93%

Figura 12 - Lesão típica de

carcinoma das células basais,

adaptado de [40].

Figura 13- Lesão típica de

carcinoma das células escamosas,

adaptado de [40].

Figura 14 - Lesão típica de

melanoma, adaptado de [40].

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da radiação, por outro lado um protetor com FPS 50 filtra cerca de 98% da radiação. As diferenças

de percentagem não são aparentemente significativas, no entanto, pessoas com peles sensíveis e

claras e com historial de cancro na família devem usar sempre protetor FPS 50. De salientar que,

independentemente do FPS do protetor solar aplicado, este deve ser reaplicado ao fim de 2 horas

[45].

2.4.Medidas preventivas

O sol é importante para a sobrevivência humana, no entanto, é também um perigo para

a saúde pública. Como tal, é importante adotar medidas preventivas que garantam a segurança

aquando da exposição solar. Primeiramente é importante perceber que a exposição aos raios

UV acontece não só na época de verão e na praia, mas também, durante o inverno e durante

a exposição ao ar livre, logo, deverá ser aplicado o protetor solar durante todo o ano; durante

o verão, a exposição deve ser ainda mais cuidadosa e evitando as horas de maior calor, entre

as 12h00 e as 16h00; usar sempre chapéu, camisa ou t-shirt de cor escura e óculos de sol;

praticar uma exposição solar gradual para que a pele possa adaptar-se gradualmente; 30

minutos antes de ir para a praia ou piscina, mesmo quando o tempo está nublado, aplicar um

creme protetor com um fator de proteção no mínimo de 30 e renovar as aplicações de 2 em 2

horas e após o banho, mesmo que o protetor seja à prova de água; evitar queimaduras solares

e escaldões; avaliar e vigiar a pele para possíveis alterações na sua aparência; manter os bebés

protegidos do sol, uma vez que uma queimadura na infância duplica o risco de desenvolver

cancro de pele; aumentar o aporte de fruta, legumes e água para manutenção do equilíbrio do

organismo [46,47].

2.5.O papel do farmacêutico comunitário

O papel do farmacêutico é muito importante nesta área uma vez que são os

profissionais de saúde mais procurados para aconselhamento nesta área e é sua função a

promoção da proteção solar e promoção das medidas anteriormente mencionadas junto da

população em geral, no entanto, nem sempre é fácil para o farmacêutico comunitário chegar

às crianças e o meu projeto consiste em ajudar esta faixa etária a entender o quão importante

é a prevenção.

Para tal, realizei uma apresentação expositiva, num infantário próximo da farmácia,

destinado a crianças na faixa etária dos 4 aos 5 anos, recorrendo a uma linguagem simples e

adequada, e em que o principal objetivo foi alertar para os perigos da exposição solar e as

medidas que podem tomar para se protegerem. No final da apresentação, distribui uns jogos

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alusivos ao tema, gentilmente cedidos pela Bioderma®, para cativar as crianças para a

temática abordada.

Ao longo da apresentação coloquei questões para torna-la mais interativa e

interessante e a participação por parte dos alunos foi enérgica e a recetividade ao tema foi

também muito positiva. De facto, já havia algum conhecimento nesta área, uma vez que era

abordado no infantário, no entanto, as crianças admitiram que por vezes havia um descuido

por parte dos pais quanto à proteção solar.

Considero que a elaboração deste projeto foi vantajosa tanto para as crianças, na

medida em que passaram a conhecer as várias medidas de prevenção a adotar aquando da

exposição solar para evitar doenças de pele um dia mais tarde. Como para mim, como futura

farmacêutica, uma vez que permitiu um aprofundamento maior do tema e consequentemente

a melhoria da capacidade de prestação de um aconselhamento mais cuidado e personalizado

aos utentes.

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3.Obstipação

A obstipação é uma patologia muito frequente na população e durante o período de

estágio foi possível constatar que há uma grande procura por MNSRM ou suplementos

alimentares disponíveis no mercado para o tratamento da mesma por parte dos utentes da FH. De

facto, na maioria dos casos, os doentes não pediam aconselhamento farmacêutico sobre o tema, o

que fomentou ainda mais o meu interesse pelo tema, uma vez que considero de extrema

importância informar corretamente os utentes acerca desta problemática, sugerindo sempre

medidas não farmacológicas a adotar para evitar o desenvolvimento da mesma.

Por consequência, resolvi inserir este tema num dos meus projetos através da distribuição

de panfletos informativos com o objetivo de sensibilizar os utentes para a temática e dar a

conhecer várias medidas que podem adotar em substituição dos produtos farmacêuticos.

3.1.A obstipação

A obstipação é uma patologia intestinal com elevada incidência na população e que se

caracteriza por uma redução do movimento das fezes através do colon originando dificuldade de

defecação persistente. A sua fisiopatologia ainda não está completamente definida e pode ter

diversas etiologias.

A nível de farmácia comunitária é importante o farmacêutico ter a capacidade de

diagnosticar a obstipação. Existem alguns sintomas típicos da doença que facilitam a sua deteção,

nomeadamente [48]:

Defecações infrequentes, menos de três vezes por semana;

Fezes duras ou grumosas, em pelo menos 25% das defecações;

Necessidade de esforço em pelo menos 25% das defecações;

Recurso a manobras para facilitar a defecação, em pelo menos 25% das defecações;

Sensação de dejeção incompleta, em pelo menos 25% das defecações;

Sensação de bloqueio anoretal, em pelo menos 25% das defecações.

Esta é uma patologia frequente e estima-se que afeta cerca de 42 milhões de pessoas nos

Estados Unidos da América. Estudos comprovam que há maior incidência da patologia em

indivíduos do sexo feminino e aumenta com a idade. A obstipação crónica pode afetar entre

2-27% da população mundial. Estes dados confirmam uma vez mais a importância de alertar

a população para esta problemática [49,50].

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3.2.Causas

A obstipação pode ter diversas causas que se distinguem entre si, desde alterações no

estilo de vida, falta de atividade física ou alimentação inadequada a disfunções neuropáticas ou

miopáticas. Esta pode também ser uma consequência de problemas de evacuação, como

espasmos involuntários do músculo anal [51].

As causas de obstipação podem dividir-se em dois grupos distintos, causas primárias, que

incluem distúrbios funcionais do organismo e causas secundárias, resultantes de patologias cuja

sintomatologia é a obstipação [51,52].

As causas primárias podem ser trânsito intestinal lento, que resulta de uma deficiente

atividade motora do colon e um atrasado na defecação; outra causa comum é a disfunção do

pavimento pélvico, que resulta num anormal funcionamento do esfíncter anal aumentando desta

forma a resistência ao fenómeno de defecação e contribuindo para a obstipação; outra causa

comum é a síndrome do intestino irritável, existe uma percentagem destes doentes que apresentam

atrasos no trânsito intestinal resultando em obstipação [51,52].

As causas secundárias são, na maioria dos casos, patologias cuja sintomatologia

envolvida é a obstipação. Estas podem dividir-se em categorias, tais como, fármacos,

nomeadamente, anticolinérgicos, antidepressivos, analgésicos opioides, antihipertensores, entre

outros; distúrbios neuropáticos e miopáticos como por exemplo, a diabetes mellitus, doenças

autoimunes, amiloidose, entre outras; de origem idiopática, devido a paralisias motoras, doença

de Parkinson ou enfartes; e pode também estar associado a outras condições, alguns exemplos são

a anorexia, desidratação, dieta pobre em fibras, hiperglicemia, sedentarismo, gravidez e

hipotiroidismo [51,52].

Para um aconselhamento correto e profissional por parte dos farmacêuticos é necessário

um conhecimento alargado sobre as possíveis causas da obstipação, para tal, é necessário colocar

as questões pertinentes de modo a obter o máximo de informação possível sobre o utente.

3.3.Medidas não farmacológicas

A abordagem inicial mais indicada para o tratamento da obstipação é a adoção de várias

medidas higieno-dietéticas que permitam regular a atividade intestinal, evitando o aparecimento

da doença e as complicações associadas à mesma.

O aumento do aporte de fibras na dieta é uma das medidas mais importantes a tomar. As

fibras tem a capacidade de absorver água, o que confere às fezes maior volume e maleabilidade,

permitindo que haja um aumento da velocidade do trânsito intestinal. É recomendado que um

adulto ingira diariamente entre 22 a 34 g de fibra, no entanto é de salientar que os efeitos só serão

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percetíveis ao fim de cerca de 4 semanas e que tem que haver simultaneamente um aumento da

ingestão de água [53,54]. Em doentes cuja etiologia da obstipação é o trânsito intestinal lento, a

ingestão de grandes quantidades de fibra pode provocar dores abdominais e flatulência. Os

alimentos com maior quantidade de fibra são os feijões, cereais, pão, alguma fruta como maçã,

pêra e framboesas, e ainda alguns vegetais, como a batata-doce, abóbora, brócolos e legumes

verdes [55,56].

A prática de atividade física, principalmente aeróbia, como caminhadas, corrida ou

natação, tem também um papel importante na prevenção da obstipação. Embora não existam

estudos científicos que comprovem que o aumento da atividade física aumenta a motilidade

gástrica, estudos epidemiológicos indicam que o sedentarismo é um dos fatores de risco para o

desenvolvimento de obstipação, assim sendo, o aumento da atividade física será importante na

prevenção desta patologia [53, 57].

Outra das medidas importantes a adotar por um doente com frequentes crises de

obstipação é a criação de hábitos de defecação. Está comprovado que as pessoas com padrão

regular de defecação têm menor tendência a desenvolver obstipação. Para tal os indivíduos têm

que tentar defecar todas as manhãs ou 30 minutos após as refeições, período do dia em que os

movimentos intestinais são mais intensos, e desta forma criar uma rotina de defecação [53].

A terapia de biofeedback é útil para doentes que sofreram uma contração inapropriada

dos músculos do pavimento pélvico e do esfíncter anal aquando da defecação. Este tratamento

consiste na habituação dos doentes a relaxar os músculos do pavimento pélvico aquando da

defecação e organizar esse relaxamento com exercícios abdominais com o objetivo de facilitar a

passagem das fezes [52].

3.4.Farmacoterapia

São várias as opções farmacológicas disponíveis no mercado para o tratamento e alívio

sintomático da obstipação. Estes medicamentos são divididos de acordo com o seu mecanismo de

ação.

Os laxantes emolientes são uma classe terapêutica que atua como surfactantes e facilitam

a mistura de materiais aquosos e lipídicos no trato intestinal bem como a secreção de água e

eletrólitos, desta forma há um amolecimento do conteúdo fecal facilitando a evacuação de fezes

duras. Neste grupo incluem-se fármacos como o docusato de sódio, docusato de cálcio, parafina

líquida e glicerina. Estes fármacos podem aumentar a absorção de certos fármacos, vitaminas e

nutrientes uma vez que favorecem a absorção digestiva e captação hepática. Assim sendo, devem

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ser fármacos com um período de utilização curto. A sua via de administração é geralmente retal

(enemas ou supositórios) ou oral.

Os laxantes de contacto ou estimulantes atua através da estimulação do plexo mesentérico

intestinal por uma ação irritante na mucosa, ou nas terminações nervosas intestinais e aumento da

secreção de água e eletrólitos para o intestino. O seu efeito resulta numa maior motilidade

intestinal, amolecimento das fezes e consequentemente facilita a defecação. Alguns exemplos

disponíveis no mercado são o bisacodilo (Dulcolax®), citrato de sódio com laurilsulfoacetato de

sódio (Microlax®), sene (Bekunis®), cáscara-sagrada, entre outros. Estes fármacos podem causar

cãibras, distúrbios eletrolíticos, produção excessiva de muco e cólicas. É um grupo de fármacos

não aconselhado na gravidez e aleitamento pelo seu efeito estimulante e porque são muitas vezes

excretados no leite materno. É uma classe de fármacos muito procurada a nível de farmácia

comunitária pela rapidez do seu efeito e portanto é dever do farmacêutico informar sobre os seus

efeitos adversos e relembrar que não deve ser utilizado por longos períodos de tempo [52, 56].

Os laxantes expansores de volume fecal são geralmente derivados da celulose (fibras

insolúveis) e polissacarídeos naturais e semissintéticos (fibras solúveis) que atuam através da

absorção de água e consequente aumento do volume fecal e estimulação do peristaltismo

intestinal. São fármacos que têm um tempo de ação mais longo e portanto são menos procurados

pelos utentes, no entanto, têm uma segurança maior uma vez que os seus efeitos adversos são

mínimos, podendo ser gases, dores e distensão abdominal. De salientar que os utentes devem

realizar um aporte hídrico adequado para prevenir a obstrução intestinal, principalmente em

doentes com doença inflamatória ou neoplásica digestiva. Os fármacos incluídos neste grupo são

a metilcelulose, carboximetilcelulose, preparados do psílio, gomas, farelo e bassorina [53,56].

Os laxantes osmóticos promovem no intestino um aumento da sua pressão osmótica

levando a uma maior retenção de água por parte do intestino, o que leva a um aumento de volume

fecal e amolecimento das fezes. Existem diversas opções no mercado, nomeadamente, a lactulose,

que é degradada pelas bactérias intestinais e por esse motivo favorece o peristaltismo intestinal,

esta é vantajosa para a profilaxia e terapêutica da encefalopatia hepática em idosos; os

monossacáridos como o sorbitol são fármacos bem tolerados e que também favorecem o

peristaltismo intestinal, no entanto, tal como os laxantes expansores de volume fecal, estes têm

uma ação demorada, não sendo ideais para um alívio rápido; os catárticos salinos, como o

hidróxido de magnésio, são úteis para a preparação de meios de diagnóstico e não devem ser

utilizados como rotina uma vez que podem causar um desequilíbrio hidroeletrolítico, sendo por

esse motivo contraindicados em doentes com insuficiência renal e problemas cardíacos [52,56].

Os agentes procinéticos induzem a contração do trato gastrointestinal e são também uma

alternativa terapêutica e neste grupo inclui-se, por exemplo, o misoprostol, maioritariamente

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utilizado como prevenção de úlceras gástricas e duodenais, mas que demonstrou eficácia no

aumento da secreção de água e eletrólitos pela mucosa intestinal acelerando o trânsito intestinal

[56].

De salientar que a escolha do tratamento farmacológico deve ter em conta alguns fatores

individuais do utente para garantir uma terapia eficaz e com o menor risco possível, para tal, é

necessário conhecer qual o tratamento ideal para determinados grupos de pessoas. Os idosos são

um grupo de risco para o desenvolvimento de obstipação uma vez que a sua mobilidade intestinal

é reduzida e estão, na maioria dos casos, polimedicados, desta forma, o farmacêutico deve antes

de qualquer indicação terapêutica aconselhar um estilo de vida saudável, uma alteração na dieta

e a suspensão ou substituição de fármacos obstipantes, quando possível. Para este grupo de

pessoas o tratamento de primeira linha indicado são os laxantes expansores do volume fecal e os

laxantes osmóticos por serem os mais inertes e não causarem irritação da mucosa intestinal, no

entanto, em doentes imobilizados os laxantes osmóticos ou de contacto são a melhor opção [58].

Durante a gravidez é frequente ocorrer o fenómeno de obstipação uma vez que os níveis

de progesterona aumentam e diminuem a motilidade intestinal [53]. O ideal nestes casos é

recomendar o aumento do aporte de fibra e líquidos na dieta bem como a prática de exercício

físico, no entanto, caso não seja suficiente, o macrogol e a lactulose são os mais indicados para

terapia de primeira linha, no entanto, também podem ser utilizados laxantes expansores do volume

fecal [56,59].

As crianças são também um grupo que frequentemente sofre de obstipação, uma vez mais

como abordagem inicial devem ser implementadas as medidas não farmacológicas, no entanto,

quando não são eficazes, pode ser indicado o PEG, que pertence ao grupo dos laxantes osmóticos

e que em vários estudos demonstrou eficácia superior e para além disso é inerte [56, 60, 61].

3.5.O papel do farmacêutico comunitário

O farmacêutico comunitário é, na maioria dos casos, o primeiro profissional de saúde a

ser procurado pelos indivíduos que sofrem de obstipação, assim sendo, é extremamente

importante que estes consigam dar resposta às dúvidas dos utentes bem como consciencializa-los

para o uso racional dos laxantes e possíveis consequências que estes terão a longo-prazo nos seus

organismos.

Durante o período de estágio tive a oportunidade de observar que há uma enorme procura

de laxantes, especialmente de contacto, como Dulcolax®, Microlax®, que eram os mais vendidos

na FH. Estes são laxantes que causam irritação da mucosa intestinas e habituação e o meu objetivo

com a realização deste projeto é alertar os utentes, através da distribuição de panfletos

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informativos, para o uso abusivo de laxantes e apresentar soluções não farmacológicas, como a

adoção de um estilo de vida mais saudável e menos sedentário como prevenção do

desenvolvimento da patologia.

A recetividade por parte dos utentes da farmácia foi positiva, as pessoas efetivamente

liam os panfletos e tiravam as suas dúvidas junto dos farmacêuticos e técnicos da farmácia.

Alguns utentes alegaram que tentariam adotar algumas das medidas descritas nos panfletos e

admitiram que efetivamente desconheciam alguma delas.

Assim sendo, penso que este projeto foi útil tanto para mim, que aprendi mais sobre o

aconselhamento farmacêutico uma vez que a etiologia da obstipação pode variar de forma

individual sendo que existem várias alternativas que se adequam melhor a determinada causa

etiológica. Como para os utentes da farmácia que adquiriram um conhecimento mais alargado

sobre o assunto e perceberam a importância da intervenção do médico ou farmacêutico nesta área.

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preparação de medicamentos manipulados. Acessível em: http://www.infarmed.pt/

[acedido a 24 de Abril de 2016];

17. INFARMED, Despacho do Ministério da Saúde n.º 18/91, de 12 de Agosto - Boas

práticas de fabrico de manipulados. Disponível em: www.infarmed.pt [acedido a 24 de

Abril de 2016];

18. INFARMED, Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho - Aprova as boas práticas a observar

na preparação de medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar.

Disponível em: www.infarmed.pt [acedido a 24 de Abril de 2016];

19. INFARMED: Portaria n.º 769/2004, de 1 de Julho Estabelece que o cálculo do preço de

venda ao público dos medicamentos manipulados por parte das farmácias é efectuado

com base no valor dos honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor

dos materiais de embalagem. Disponível em: http://www.infarmed.pt [acedido a 24 de

Abril de 2016];

20. INFARMED: Lista de DCIs Identificadas pelo INFARMED, I.P. como MNSRM-EF e

respetivos Protocolos de Dispensa. Disponível em: https://www.infarmed.pt/ [acedido a

11 de Junho de 2016];

21. INFARMED: Decreto-Lei n.º 184/97, de 26 de Julho - Regime jurídico dos

medicamentos de uso veterinário farmacológicos. Disponível em:

https://www.infarmed.pt/ [acedido a 18 de Junho de 2016];

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Relatório de estágio 2015/2016

liv

22. INFARMED: Produtos Cosméticos. Disponível em: http://www.infarmed.pt [acedido a

18 de Junho de 2016];

23. INFARMED: Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto - Estatuto do Medicamento.

Disponível em: http://www.infarmed.pt [acedido a 29 de Abril de 2016];

24. Direção Geral de Alimentação e Veterinária: Nutrição e Alimentação - Rotulagem e

Nutrição. Disponível em: http://www.dgv.minagricultura.pt [acedido a 18 de Junho de

2016];

25. INFARMED: Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de Junho Estabelece as regras a que devem

obedecer a investigação, o fabrico, a comercialização, a entrada em serviço, a vigilância

e a publicidade dos dispositivos médicos e respectivos acessórios e transpõe para a ordem

jurídica interna a Directiva n.º 2007/47/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 5

de Setembro. Disponível em: http://www.infarmed.pt [acedido a 25 de Junho de 2016];

26. INFARMED: Dispositivos médicos na farmácia. Disponível em: http://www.infarmed.pt

[acedido a 25 de Junho de 2016];

27. INFARMED: Notificação de RAM. Disponível em: http://www.infarmed.pt [acedido a

22 de Julho de 2016];

28. Valormed: Processo. Disponível em: http://www.valormed.pt/ [acedido a 22 de Julho de

2016];

29. L. Nogueira, R.L., S. Brandão, N. Adubeiro, Prevalência de Osteoporose numa amostra

de mulheres Portuguesas 2010;

30. International Osteoporosis Foundation: Osteoporosis. Disponível em:

https://www.iofbonehealth.org [acedido a 9 de Abril de 2016];

31. Boyce, B.F. and L. Xing, The RANKL/RANK/OPG pathway. Curr Osteoporos Rep,

2007. 5(3): p. 98-104;

32. Raisz, L.G., Pathogenesis of osteoporosis: concepts, conflicts, and prospects. Journal of

Clinical Investigation, 2005. 115(12): p. 3318-3325;

33. Reginster, J.Y. and N. Burlet, Osteoporosis: a still increasing prevalence. Bone, 2006.

38(2 Suppl 1): p. S4-9;

34. International Osteoporosis Foundation: Facts and Statistics. Disponível em:

https://www.iofbonehealth.org [acedido a 9 de Abril de 2016];

35. Tavares V., Canhão H., Melo Gomes J.A., et al. Recomendações para o diagnóstico e

terapêutica da osteoporose. Sociedade Portuguesa de Reumatologia, 2007; 32: 49-59;

36. Instituto Português de Reumatologia: Osteoporose. 2013. Disponível em:

http://www.ipr.pt/index.aspx?p=MenuPage&MenuId=199 [acedido a 9 de Abril de

2016];

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Relatório de estágio 2015/2016

lv

37. Direção Geral de Saúde: Norma nº 27/2011 - Tratamento Farmacológico da Osteoporose

Pós-menopáusica. Disponível em: https://www.dgs.pt/ [acedido a 17 de Abril de 2016];

38. INFARMED. Prontuário Terapêutico - Medicamentos que actuam no osso e no

metabolismo do cálcio. Disponível em: https://www.infarmed.pt [acedido a 17 de Abril

de 2016];

39. Dermatologia: A pele. Disponível em: http://www.dermatologia.net [acedido a 27 de

Julho de 2016];

40. American Academy of Dermatology. The layers of your skin. Disponível em:

https://www.aad.org [acedido a 7 de Maio de 2016];

41. Balk, S.J., Ultraviolet radiation: a hazard to children and adolescents. Pediatrics, 2011.

127(3): p. e791-817;

42. Panich, U., et al., Ultraviolet Radiation-Induced Skin Aging: The Role of DNA Damage

and Oxidative Stress in Epidermal Stem Cell Damage Mediated Skin Aging. 2016. 2016:

p. 7370642;

43. Centers for Disease Control and Prevention: What is skin cancer. Disponível em:

http://www.cdc.gov [acedido a 7 de Maio de 2016];

44. National Cancer Institute: Skin Cancer (Including Melanoma)—Patient Version. 2010;

Disponível em: http://www.cancer.gov [acedido a 7 de Maio de 2016];

45. Skin Cancer Foundation: Sunscreens Explained. 2012; Disponível em:

http://www.skincancer.org/ [acedido a 8 de Maio de 2016];

46. Skin Cancer Foundation: Sun Safety Tips for Infants, Babies and Toddlers. 2009;

Disponível em: http://www.skincancer.org [acedido a 8 de Maio de 2016];

47. Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo: Cuidados a ter na exposição solar. 2012;

Disponível em: http://www.apcancrocutaneo.pt. [acedido a 8 de Maio de 2016];

48. World Gastroenterology Organisation: WGO Practice Guideline - Constipation.

Disponível em: http://www.worldgastroenterology.org [acedido a 21 de Maio de 2016];

49. Pinto Sanchez, M.I. and P. Bercik, Epidemiology and burden of chronic constipation.

Canadian Journal of Gastroenterology, 2011. 25(Suppl B): p. 11B-15B;

50. National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases: Definition and Facts

for Constipation. 2014. Disponível em: https://www.niddk.nih.gov [acedido a 22 de Maio

de 2016];

51. Greger Lindberg, S.H., Peter Malfertheiner, Ole Thomsen, Luis Bustos Fernandez, James

Garisch, Alan Thomson, Khean-Lee Goh, Rakesh Tandon, Suliman Fedail, Benjamin

Wong, Aamir Khan, Justus Krabshuis, Anton Le Mair. Constipation: a global perspective.

World Gastroenterology 2010;

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Relatório de estágio 2015/2016

lvi

52. Mariana de Pinho Faria Gayo: Obstipação Crónica em Adultos, do Diagnóstico ao

Tratamento. 2013. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar;

53. Hsieh, C., Treatment of constipation in older adults. Am Fam Physician, 2005. 72(11): p.

2277-84;

54. Ordem dos Farmacêuticos: Aconselhamento Farmacêutico na Obstipação em Adultos.

Disponível em: http://www.ordemfarmaceuticos.pt [acedido a 21 de Maio de 2016];

55. National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases: Eating, Diet, and

Nutrition for Constipation. 2014. Disponível em: https://www.niddk.nih.gov [acedido a

22 de Maio de 2016];

56. Portalatin, M. and N. Winstead, Medical Management of Constipation. Clinics in Colon

and Rectal Surgery, 2012. 25(1): p. 12-19.

57. National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases: Treatment for

Constipation. 2014. Disponível em: https://www.niddk.nih.gov [acedido a 22 de Maio de

2016];

58. Bosshard, W., et al.. The Treatment of Chronic Constipation in Elderly People. Drugs &

Aging, 2004. 21(14): p. 911-930.

59. Gharehbaghi, K., et al., Treatment of Chronic Functional Constipation during Pregnancy

and Lactation. Z Geburtshilfe Neonatol, 2016. 220(1): p. 9-15.

60. Gordon, M., et al., Osmotic and stimulant laxatives for the management of childhood

constipation. Cochrane Database Syst Rev, 2012(7): p. Cd009118.

61. Salvatore, S., et al., Pharmacological interventions on early functional gastrointestinal

disorders. Ital J Pediatr, 2016. 42(1): p. 68.

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Anexos

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SEXO: IDADE: Feminino Masculino Com que frequência tem dores ósseas?

Não tenho dores;

1 dia por semana;

2–3 dias por semana;

4–6 dias por semana;

todos os dias.

Se tem dores ósseas, qual foi a duração média da dor?

1–2 horas;

3–5 horas;

6–10 horas;

O dia todo.

Como classifica a sua dor quanto à sua intensidade?

Leve;

Moderada;

Forte;

Insuportável.

Com que frequência a sua dor atrapalha o seu sono diário?

Menos de uma vez por semana;

Uma vez por semana;

Duas vezes por semana;

Noite sim, noite não;

Todas as noites.

Qual o grau de dificuldade que sente para se vestir?

Nenhuma dificuldade;

Dificuldade média;

Muita dificuldade.

Sente alguma dificuldade para tomar banho?

Nenhuma dificuldade;

Dificuldade média;

Muita dificuldade.

Tem dificuldade para limpar a casa?

Nenhuma dificuldade;

Dificuldade média;

Muita dificuldade.

Tem dificuldade em preparar as suas refeições?

Nenhuma dificuldade;

Dificuldade média

Muita dificuldade.

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Mobilidade

Tem capacidade para levantar um objeto pesado, de aproximadamente 10 quilos, e carregá-lo

por pelo menos 10 metros?

Sim, sem qualquer dificuldade;

Sim, mas com alguma dificuldade;

Sim, mas com bastante dificuldade;

Não.

Consegue levantar-se de uma cadeira?

Sim, sem qualquer dificuldade;

Sim, mas com alguma dificuldade;

Sim, mas com bastante dificuldade;

Não.

Consegue andar durante 15 minutos:

Rapidamente e sem parar;

Devagar porém sem parar;

Devagar parando pelo menos uma vez;

Somente com ajuda;

Impossível.

Pratica algum desporto atualmente?

Sim;

Sim, porém com restrições;

Não.

Se sim, qual? _________________________________________________________________

Com que frequência participa em atividades sociais (encontros/reuniões sociais, atividades

ligadas à igreja, caridade, etc.) nos últimos 3 meses?

Uma vez por semana ou mais;

Uma ou duas vezes por mês;

Menos de uma vez por mês;

Nenhuma vez.

Tendo em conta a sua idade, de um modo geral, diria que a sua saúde está:

Excelente;

Boa;

Satisfatória;

Má.

Como avalia a sua qualidade de vida no último mês?

Excelente;

Boa;

Satisfatória;

Má.

Como avalia a sua qualidade de vida atual comparada com à 10 anos atrás?

Melhor agora;

Não mudou;

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Pior agora.

Tem tendência a sentir-se mais cansada em que período do dia?

Manhã;

Tarde;

Somente à noite;

Após uma atividade intensa.

Com que frequência costuma sentir-se desanimada?

Quase todos os dias;

De vez em quando;

Quase nunca.

Obrigada pela sua colaboração.

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Anexo III: Panfleto Informativo sobre osteoporose

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Anexo IV: Fotos alusivas à caminhada organizada na freguesia de São Mamede de

Negrelos

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Anexo V: Fotos alusivas à apresentação no infantário Nuno Simões sobre o tema proteção

sola

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Anexo VI: Power Point da apresentação no infantário Nuno Simões

Diapositivo 1

Proteção Solar

10 de Maio de 2016

Trabalho realizado por:

Joana Maria Pereira, FFUP

Diapositivo 2 Sol, o que é?

Diapositivo 3 O SOL

Será nosso amigo? Inimigo?

Ou

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Diapositivo 4 O SOL

Porquê nosso amigo?

Ajuda as plantas a crescer.Garante o fornecimento de

água na Natureza. Ajuda na produção de

vitamina D.

Diapositivo 5

Porquê nosso inimigo?

O SOL

Diapositivo 6

Em que estações do ano o sol é mais forte?

Inverno

Outono

Primavera

Verão

O SOL

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Diapositivo 7

Quais são as horas mais perigosas?

O SOL

Diapositivo 8

Como podemos saber quando o sol está mais forte?

O SOL

Às 10h00 e às 18h o sol ainda está baixo e

a sombra da casa é maior que ela.

Assim, os meninos podem brincar na

sombra.

10h00 18h00

Diapositivo 9 O SOL

Como podemos saber quando o sol está mais forte?

Às 12h00 o sol está mais alto

e quente.

As sombras são menores que

os objetos, então temos que

ter cuidado.

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Diapositivo 10

Podemos brincar ao sol sempre que a nossa sombra seja maior do que nós!

O SOL

Diapositivo 11 O SOL

NEVOEIRO… SERÁ PERIGOSO?

Diapositivo 12

No entanto, temos que ter alguns cuidados! Mas, quais?

O SOL

Beber muita água

Usar sempre chapéu

Colocar sempre protetor solar

antes de sair de casa e durante

o dia

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Diapositivo 13 A PELE

Sabiam que a pele é o maior órgão do corpo humano?

Sabiam que a pele protege todo o nosso organismo das agressões externas?

Então, temos que a proteger!!

Diapositivo 14 A PELE

Existem vários tipos de pele…

Pessoas com pele clara, com ou sem sardas;

cabelo ruivo ou loiro e olhos verdes ou azuis têm

que ter MUITO cuidado com o sol porque

queimam-se facilmente.

Pessoas com pele escura e olhos castanhos que

ficam rapidamente morenas têm que ter CUIDADO

com o sol porque queimam-se facilmente.

Pessoas com pele e olhos muito escuros ou negros,

embora não fiquem facilmente vermelhos, não

devem ir para o sol nas horas de maior calor.

Diapositivo 15 A PELE

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Relatório de estágio 2015/2016

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Diapositivo 16 PROTEÇÃO SOLAR

QUANDO DEVEMOS APLICAR O PROTETOR SOLAR?

Antes de sair de casa;

Reaplicar após o banho;

Usar proteção no mínimo 50+.

Diapositivo 17 PROTEÇÃO SOLAR

Diapositivo 18

OBRIGADA PELA ATENÇÃO!

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Anexo VII: Panfleto informativo sobre obstipação

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Hospital de Santo António E.P.E (Centro Hospitalar do Porto)

Maio de 2016 a Julho de 2016

Ana Alexandra Azeredo Brandão

Ana Catarina Machado Campelos Sousa

Joana Maria Abreu Carvalho Pereira

Susana Luísa da Rocha Cunha

Orientador CHP: Dra. Teresa Almeida

Orientadora FFUP: Dra. Maria Irene Jesus

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Relatório de estágio 2015/2016

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Setembro de 2016

Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº __________,

aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste

documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por

omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro

que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram

referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte

bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______

Assinatura: ______________________________________

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Relatório de estágio 2015/2016

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Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer a todos aqueles que direta ou indiretamente prestaram o seu

apoio e incentivo nesta nova etapa.

À Diretora de Serviço, Dra Patrocínia Rocha, pela oportunidade enriquecedora de estagiar

nesta conceituada instituição de saúde.

À Dra Teresa Almeida, orientadora de estágio, pelo apoio e orientação prestados, bem

como pela sua simpatia e dedicação com todos os estagiários. Agradecemos profundamente todos

os conselhos e conhecimentos transmitidos.

A todos os farmacêuticos e TDTs do sector, pelo acolhimento e por todos os

conhecimentos transmitidos, por toda a boa disposição e compreensão.

À comissão de estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto pela

oportunidade de conhecer novas realidades e pela experiência de início de vida profissional.

A todos os colegas pelo apoio e partilha de experiências.

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Relatório de estágio 2015/2016

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Resumo

Segundo o plano curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da

Faculdade de Farmácia da Universidade Do Porto, todos os alunos deverão realizar estágios

profissionalizantes de forma a estabelecer um primeiro contacto com a realidade profissional.

Neste sentido, foi-nos possibilitada a oportunidade de realizar um estágio curricular com duração

de 2 meses nos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto sob orientação da Dra.

Teresa Almeida.

Durante este estágio foi possível contactar com as atividades e funções desempenhadas

pelos farmacêuticos hospitalares e reconhecer a sua importância no circuito do medicamento. Os

Serviços Farmacêuticos são um elo importante na estrutura do Centro Hospitalar do Porto (CHP)

e visam a manutenção e bom funcionamento da estrutura hospitalar. A farmácia hospitalar

apresenta um importante papel no binómio utente-terapêutica, permitindo uma adequada e eficaz

adesão à terapêutica, bem como o uso racional do medicamento. Os benefícios dos Serviços

Farmacêuticos não se restringem apenas aos utentes, mas também a todos os profissionais de

saúde do CHP que, desta forma, são devidamente informados e esclarecidos por este serviço. A

existência de múltiplos sectores nos Serviços Farmacêuticos permitiu explorar várias áreas de

intervenção do farmacêutico hospitalar.

O presente documento descreve todas as atividades diariamente executadas nos vários

setores dos serviços farmacêuticos, com particular destaque aquelas às quais pudemos assistir e

colaborar. Assim sendo, o relatório de estágio, numa fase inicial, apresenta uma introdução aos

serviços farmacêuticos, onde são abordadas questões de organização, de informática e de gestão

de risco e qualidade, seguindo-se uma descrição do funcionamento do armazém de produtos

farmacêuticos, incluindo todos os fatores que garantem a segurança e qualidade dos mesmos.

Posteriormente aborda-se a produção de medicamentos estéreis, não-estéreis e citotóxicos, e, por

último, é feita uma explicação dos processos de distribuição de medicamentos no hospital, bem

como, dos ensaios clínicos.

Tendo em conta a importância que os cuidados farmacêuticos têm em ambiente

hospitalar, quer na intervenção ativa junto dos doentes, quer na monitorização e acompanhamento

terapêutico, desenvolvemos folhetos informativos para fármacos dispensados em regime de

ambulatório e aplicamos os conhecimentos dos cuidados farmacêuticos ao analisar o caso de

estudo de um doente em particular.

Durante o estágio, para além de colocarmos em prática diversos saberes teóricos já

adquiridos, obtivemos novos conhecimentos de natureza prática, os quais foram fundamentais

para garantir uma adequada preparação técnica e deontológica de cada uma de nós.

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Relatório de estágio 2015/2016

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Índice

1. Os Serviços Farmacêuticos ................................................................................................... 1

1.1. Organização dos Serviços Farmacêuticos ......................................................................... 1

1.1.1. Gestão de qualidade ...................................................................................................... 2

1.1.2. Gestão de risco .............................................................................................................. 2

1.1.3. Sistema Informático ...................................................................................................... 3

1.2. Armazém dos produtos farmacêuticos .............................................................................. 4

1.3. Produção de medicamentos ............................................................................................... 5

1.3.1. Produção de não estéreis ............................................................................................... 5

1.3.1.1. Fracionamento e reembalamento ........................................................................... 6

1.3.2. Produção de estéreis ...................................................................................................... 6

1.3.3. Produção de citotóxicos ................................................................................................ 8

1.4. Distribuição de medicamentos ........................................................................................ 11

1.4.1. Distribuição Clássica ................................................................................................... 11

1.4.2. Distribuição individual diária e em dose unitária ........................................................ 12

1.4.2.1. Validação e aviamento de prescrições ................................................................. 12

1.4.2.2. Medicamentos Sujeitos a Controlo Especial ....................................................... 14

a) Medicamentos Hemoderivados ....................................................................................... 14

b) Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos ............................................................... 14

c) Material de penso ............................................................................................................ 15

d) Antídotos ......................................................................................................................... 15

e) Anti-infeciosos e nutrição artificial ................................................................................. 15

1.4.3. Farmácia de ambulatório ............................................................................................. 15

1.4.3.1. Dispensa de medicamentos ................................................................................. 16

1.4.3.2. Dispensa de hemoderivados ................................................................................ 18

1.4.3.3. Receitas externas ao hospital ............................................................................... 18

1.4.3.4. Devolução de medicação ..................................................................................... 19

1.5. Ensaios Clínicos .............................................................................................................. 19

1.5.1. Circuito do medicamento ........................................................................................ 20

2. Papel do farmacêutico ..................................................................................................... 21

2.1. Conclusão ........................................................................................................................ 21

Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 23

ANEXOS..................................................................................................................................... 28

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Relatório de estágio 2015/2016

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Índice de Anexos

Anexo I Constituição do CHP

Anexo II Esquema da Divisão dos Serviços Farmacêuticos

Anexo III Kanban

Anexo IV Etiqueta de Validade Curta

Anexo V Etiqueta de Solução Concentrada

Anexo VI Armazém de Produtos Farmacêuticos

Anexo VII FHNM

Anexo VIII Requisição de Hemoderivados

Anexo IX Requisição de Anti-infeciosos

Anexo X Rótulos de Preparações de Não Estéreis

Anexo XI Transfer da Câmara de Preparação de Estéreis

Anexo XII Rótulos de Produtos Estéreis

Anexo XIII Zona Cinza

Anexo XIV Zona Branca

Anexo XV Impresso Verde CTX

Anexo XVI Impresso Rosa CTX

Anexo XVII Tabuleiro CTX

Anexo XVIII Cadeirões

Anexo XIX Camas

Anexo XX Kanban CTX

Anexo XXI Símbolo Biohazard

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Relatório de estágio 2015/2016

lxxx

Anexo XXII Kit de derramamento de CTX

Anexo XXIII Bombas perfusoras

Anexo XXIV Soluções diluídas

Anexo XXV Cálculos dos CTX

Anexo XXVI Circuitos de distribuição - tabelas

Anexo XXVII Equipamento Pyxis®

Anexo XXVIII Torre da DIDDU

Anexo XXIX Células da DIDDU

Anexo XXX Supermercado da DIDDU

Anexo XXXI Requisição de Material de Penso

Anexo XXXII Requisição de Estupefacientes

Anexo XXXIII Caso prático

Anexo XXXIV Pharmapick®

Anexo XXXV CAUL

Anexo XXXVI Sala de Espera

Anexo XXXVII Zona de Atendimento de balcões

Anexo XXXVIII Sala de Atendimento Privado

Anexo XXXIX Zona de Armazenamento de fármacos

Anexo XL Gavetas de arrumação de fármacos

Anexo XLI Armário hepatite C

Anexo XLII Armário Nutrição Parentérica

Anexo XLIII Lista de localização dos medicamentos da UFA

Anexo XLIV Prescrição em papel

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Relatório de estágio 2015/2016

lxxxi

Anexo XLV Folhetos Informativos

Anexo XLVI Contentor de Incineração

Anexo XLVII Unidade de Ensaios Clínicos

Anexo XLVIII Formações

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Relatório de estágio 2015/2016

lxxxii

Lista de Abreviaturas

APF Armazém de Produtos Farmacêuticos

CdM Circuito do Medicamento

CE Comissão de Ética

CFLv Câmara de Fluxo Laminar vertical

CFT Comissão de Farmácia e Terapêutica

CHP Centro Hospitalar do Porto

CMIN Centro Materno-Infantil do Norte

CTX Citotóxicos

DCI Denominação Comum Internacional

DIDDU Distribuição Individual Diária em Dose Unitária

DL Decreto-Lei

EC Ensaios Clínicos

FF Formas Farmacêuticas

FHNM Formulário Hospitalar Nacional de Medicamento

GHAF Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia

HJU Hospital Joaquim Urbano

HLS Hospital Logistics System

HSA Hospital de Santo António

IF Intervenções Farmacêuticas

ME Medicamento Experimental

OP Ordem de Preparação

PQ Protocolo de Quimioterapia

PV Prazos de validade

PRM Problemas Relacionados com Medicamentos

RNM Resultado Negativo associado à Medicação

SF Serviços Farmacêuticos

TDT Técnico de Diagnóstico e Terapêutica

UEC Unidade de Ensaios Clínicos

UFA Unidade de Farmácia de Ambulatório

UFO Unidade de Farmácia Oncológica

CAUL Certificado de Autorização e Utilização de Lotes

INCM Imprensa Nacional da Casa da Moeda

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Relatório de estágio 2015/2016

lxxxiii

Capítulo 1 – O Centro

Hospitalar do Porto

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Relatório de estágio 2015/2016

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1. Os Serviços Farmacêuticos

Em 28 de Setembro de 2007, pelo Decreto-Lei (DL) nº 326/2007, foi criado o Centro Hospitalar

do Porto (CHP) [1]. Esta instituição resulta da fusão do Hospital Geral de Santo António (HSA), E.P.E.,

com o Hospital Maria Pia, a Maternidade Júlio Dinis e ainda, posteriormente, com a fusão do Hospital

Joaquim Urbano (HJU) (Anexo I).

Após esta reformulação, os Serviços Farmacêuticos (SF), inseridos nas instalações do HSA

passaram a ter um espaço renovado e praticamente centralizado num único local, mas mantendo em

funcionamento as já existentes unidades de farmácias satélites. A participação e a integração dos

farmacêuticos nas diversas comissões e grupos de trabalho é um objetivo primordial dos SF, de forma a

assegurar uma prática contínua do uso racional do medicamento e de promover a intervenção

farmacêutica junto da atividade clínica.

Os SF são compostos por farmacêuticos, denominados Técnicos Superiores de Saúde (TSS),

técnicos de farmácia, denominados Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (TDT), assistentes

operacionais e assistentes técnicos. Atualmente, a direção dos SF é assumida pela Dra. Patrocínia Rocha

tendo sido delegada a responsabilidade de cada sector a um farmacêutico da mesma instituição.

Segue-se em anexo a organização geral dos SF e seus sectores: Armazém de Produtos

Farmacêuticos (APF), Distribuição, Unidade de Farmácia Oncológica (UFO), Farmacotecnia,

Investigação e Desenvolvimento, Gestão de Qualidade, Gestão de Risco e Gestão do Circuito do

Medicamento (CdM) (Anexo II).

Para além das atividades desenvolvidas na área do CdM e da investigação científica, os

farmacêuticos hospitalares do HSA detêm ainda um papel de extrema importância em múltiplas

comissões técnicas e científicas, tais como, a Comissão de Ética (CE) e a Comissão de Farmácia e

Terapêutica (CFT), promovendo, consequentemente, o uso racional do medicamento e uma importante

intervenção nos cuidados farmacêuticos. A primeira comissão visa abranger e regular os problemas

éticos aliados às diversas atividades desenvolvidas no HSA, como sejam as de investigação, as de ensino

e as assistenciais[2]. Por sua vez, a CFT funciona como um órgão de consulta e ligação entre os diversos

serviços de ação médica e os SF, promovendo, essencialmente, a elaboração e implementação de

formulários e adendas, a monitorização das terapêuticas prescritas e o controlo dos seus custos e, ainda,

a elaboração de listas contendo os medicamentos urgentes a existirem nos serviços de ação médica [3].

1.1. Organização dos Serviços Farmacêuticos

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Os SF localizam-se maioritariamente no piso 0 do edifício Neoclássico, excluindo o Armazém

de Injetáveis de Grande Volume e a UFO, que se situam, respetivamente, nos pisos 0 e 1 do Edifício Dr.

Luís de Carvalho. Os SF são constituídos por diferentes setores que respeitam as exigências legais de

produção, armazenamento, distribuição, verificação e vigilância, seja a nível da conservação ou do

consumo[4]. De uma forma geral, o Armazém de Produtos Farmacêuticos (APF), a Unidade de

Produção, a UFO, a Distribuição clássica e unitária, a Sala de Reembalamento, a Unidade de Farmácia

de Ambulatório (UFA) e os Ensaios Clínicos (EC) representam os principais setores de trabalho dos SF.

1.1.1. Gestão de qualidade

O Hospital Logistics System (HLS) é um sistema de gestão de qualidade que visa a aplicação do

modelo Kaizen, cujos principais objetivos assentam na garantia de uma constante melhoria dos métodos

implementados, numa otimização dos recursos existentes e numa maior satisfação das necessidades e

expectativas dos doentes[5]. Para esse efeito, os SF são periodicamente sujeitos a auditorias, quer

internas quer externas, havendo ainda manuais de procedimentos atualizados disponíveis para todas as

funções desenvolvidas nos SF, os quais comportam as Instruções de Trabalho[6]. Estes manuais contêm

todas as bases práticas e teóricas para um bom funcionamento dos SF, garantindo, desta forma, a

qualidade do medicamento e a inquestionável competência na prestação de serviços. A análise das

tarefas realizadas em cada sector dos SF, o estudo das responsabilidades inerentes aos diferentes

colaboradores, a avaliação das condições de trabalho e de armazenamento dos produtos farmacêuticos,

incluindo os produtos de frio (2-8ºC), bem como de toda documentação, representam algumas das

principais questões a serem investigadas nas várias auditoras a que os SF são frequentemente sujeitos.

Tendo como base o modelo Kaizen, implementou-se a utilização de cartões kanban (Anexo III),

que possibilitam uma eficaz gestão de stocks, evitando a acumulação de medicamentos, assim como a

rutura dos mesmos. Este sistema inclui todas as informações necessárias para a despoletar o pedido de

encomenda, nomeadamente o nome do produto por Designação Comum Internacional (DCI), o ponto

de encomenda, a quantidade a pedir e o código interno associado.

1.1.2. Gestão de risco

A segurança e a minimização de riscos são questões importantes na gestão do risco hospitalar.

A complexidade das atividades desempenhadas pelos TSS e TDT acarreta grande responsabilidade e

atenção pelos mesmos. A minimização dos riscos é um dos objetivos principais dos SF e que em muito

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Relatório de estágio 2015/2016

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se cruza com a gestão da qualidade. Nos SF do CHP, existem várias medidas alusivas a esta

problemática, como sejam sinaléticas de validade curta e soluções concentradas (Anexos IV e V).

Também na validação da prescrição e dispensa de medicamentos na Distribuição Individual Diária em

Dose Unitária (DIDDU) é feita uma gestão do risco, avaliando individualmente cada prescrição

informática tendo em conta o sexo, idade, área corporal, peso, patologia e parâmetros bioquímicos (tal

como a clearance da creatinina). A análise pormenorizada das prescrições permite uma maior aplicação

de intervenções farmacêuticas (IF) que se caracterizam pela alteração de algum elemento terapêutico,

com o objetivo de prevenir ou detetar alterações dos efeitos terapêuticos, resolver um Problema

Relacionado com Medicamentos (PRM) ou Resultado Negativo associado à Medicação (RNM) ou

otimizar a qualidade de vida do doente. Estas intervenções terapêuticas são particularmente benéficas

em situações clínicas recorrentes, em patologias concomitantes, alergias, casos de insuficiência renal,

hepática ou cardíaca, entre outras situações. De igual forma, as IF são uma mais-valia em perfis

farmacoterapêuticos complexos, utentes polimedicados, fármacos com estreitas margens terapêuticas e

com necessidade de individualização da posologia e, outras situações que se considere pertinente. A

gestão de risco deverá englobar ainda o esclarecimento e informação dos profissionais de saúde.

No sector de Farmacotecnia, particularmente na UFO, deverá ser implementada a gestão de

risco em todos os processos e instruções de trabalho inerentes, de forma a salvaguardar a segurança dos

TSS e TDT, bem como de todos os doentes. A utilização de equipamento adequado, a metodologia de

trabalho adotada na preparação dos medicamentos, a existência de dupla verificação e a manutenção das

condições de trabalho são exemplos da aplicação da gestão de risco nesta unidade. Na UFA, a utilização

de uma sinalética de cores de semáforo auxilia na correta dispensa da dosagem, sendo que a cor vermelha

corresponde a uma dosagem superior, a cor amarela a uma dosagem intermédia e cor verde à dosagem

mais baixa.

Assim, se salienta a importância da gestão de risco no âmbito hospitalar.

1.1.3. Sistema Informático

Por forma a otimizar a comunicação entre os diversos setores, a minimizar os erros de dispensa

e a melhorar a rapidez e eficácia dos trabalhos desenvolvidos, o HSA utiliza uma plataforma informática

designada Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia (GHAF).No âmbito dos SF, o sistema informático

em causa possibilita uma melhor gestão de stocks, a obtenção de produtos farmacêuticos e a distribuição

destes pelos diferentes setores dos SF e dos serviços hospitalares, ressalvando o facto de permitir aceder

ao histórico dos doentes, assegurando uma segurança extra aquando da validação das prescrições

médicas.

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Relatório de estágio 2015/2016

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1.2. Armazém dos produtos farmacêuticos

O bom armazenamento é essencial em ambiente hospitalar, uma vez que constitui um dos

períodos mais longos do circuito do medicamento para a maioria dos produtos. Com vista a garantir a

qualidade, a segurança e a eficácia dos fármacos é importante cumprir os requisitos de luz, humidade e

temperatura, que são registados automaticamente no sistema de controlo. Destacam-se os medicamentos

termolábeis, fotossensíveis, produtos inflamáveis, gases medicinais, citotóxicos, estupefacientes e

psicotrópicos que têm condições especiais de conservação e armazenamento[7]. De um modo geral, o

APF consiste em 8 zonas: receção, antisséticos e desinfetantes, psicotrópicos e estupefacientes, grandes

volumes, material de penso, material de raio-X, oftálmicos e antídotos e arrumação alfabética dos

restantes medicamentos (Anexo VI).

A receção dos produtos organiza-se numa zona específica, com ligação ao exterior das

instalações. Aqui são verificados um a um, quantitativa e qualitativamente, de acordo com a nota de

encomenda e a fatura que os acompanha à chegada[7]. Todos os prazos de validade (PV) são verificados

e registados; se, à chegada, o PV for inferior a 6 meses, a encomenda fica sujeita a aceitação

condicional[7]. Mensalmente, estes PV são revistos, para se retirar, ou não, os produtos cujo prazo

termine nos 3 meses seguintes das existências[8]. Quando o produto tem, à partida, um PV curto, é

acondicionado com uma etiqueta com essa informação (Anexo IV).

Os produtos não conformes, são colocados de quarentena; produtos conformes são

reencaminhados para os respetivos locais de armazenamento, de acordo com a forma de distribuição[7].

A gestão de stocks exige que se façam diariamente pedidos de encomenda, normalmente,

diretamente aos laboratórios. É, assim, criada a Lista Comum, com os pedidos de acordo com as

necessidades do APF, sendo posteriormente autorizada pelo Serviço de Aprovisionamento. Tal como

indicado anteriormente, é através dos kanbans que são despoletados os pedidos de encomenda. Para

além das informações úteis à realização de encomenda, de acordo com o seu formato, este poderá ter

outras informações, como a zona a que se destina ou a zona onde se armazena, como consta na figura

do Anexo III [8]. Embora criados tendo em conta as quantidades de produtos necessárias à sua

rotatividade e ao tempo que este demora a ficar disponível, os kanbans são frequentemente atualizados

por diversas razões. De todas as vezes que é utilizado um determinado kanban para fazer o pedido de

encomenda, é inscrita a data no verso, para uma melhor gestão.

Por vezes, é necessário pedir empréstimo a outros hospitais, públicos ou privados, tanto de

produtos esgotados, como de produtos que não sejam habitualmente usados no CHP. A situação inversa

também poderá ocorrer, sendo o CHP a emprestar produtos. Segundo as normas, são impressas duas

vias do pedido de empréstimo; uma permanece no CHP devidamente arquivada, aguardando a chegada

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Relatório de estágio 2015/2016

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do produto e a outra é enviada para a entidade de destino. É também impressa uma Guia de Transporte,

que deve acompanhar o serviço de transportes. Quando se trata de um medicamento não introduzido no

mestre de artigos ou não usados no CHP, é requisitada uma justificação para a urgência e para o motivo

de não substituição por similar que conste no Formulário Hospitalar Nacional de Medicamento (FHNM)

ou na Adenda do CHP (Anexo VII)[9].

De referir que uma das tarefas realizadas no APF é a preparação dos hemoderivados para o

circuito interno do hospital, que exigem documentação especializada, posteriormente arquivada por 50

anos e a preparação dos anti-infeciosos (Anexo VIII e Anexo IX).

1.3. Produção de medicamentos

A manipulação de medicamentos em ambiente hospitalar exige que o farmacêutico se

responsabilize direta e indiretamente pela qualidade, eficácia e segurança de todos os produtos finais.

Para que as boas práticas de fabrico sejam respeitadas deverão cumprir-se os requisitos presentes na

Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho, referente a medicamentos manipulados em farmácia comunitária

e hospitalar, que definem as regras para instalações e equipamentos, documentação, pessoal, matérias-

primas e materiais de embalagem, manipulação, controlo de qualidade e rotulagem [10]; por sua vez, os

requisitos para a prescrição e preparação são definidos pelo DL n.º 95/2004, de 22 de Abril [11].

No CHP, a este setor compete a produção de estéreis, que foca maioritariamente a nutrição

parentérica; a produção de não estéreis, que visa a individualização de terapêutica pediátrica e geriátrica,

adaptação das formas farmacêuticas à condição dos doentes e fabrico de formulações não disponíveis

no mercado; e a produção de citotóxicos, cuja unidade de preparação é fisicamente separada dos outros

setores dos SF por uma questão de comodidade e proximidade da zona de administração.

1.3.1. Produção de não estéreis

Diariamente, são preparadas diversas formulações, de acordo com as necessidades do hospital,

sejam pedidos da UFA, sejam pedidos internos, de acordo com os kanbans. Todas as Formas

Farmacêuticas (FF) têm a si associadas as respetivas instruções de trabalho gerais, devidamente

arquivadas; não obstante, antes do início da preparação de cada não estéril, é emitida, pelo farmacêutico

responsável, uma Ordem de Preparação (OP), com a informação específica e os rótulos a constar no

produto final (Anexo X). Ambos contêm a composição qualitativa e quantitativa, assim como o número

de lote[12, 13]. Mais ainda, a OP contém a identificação do operador e do supervisor, a quantidade por

unidade e o número de unidades a preparar, as matérias-primas utilizadas (com lote, origem e prazo de

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Relatório de estágio 2015/2016

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validade), a técnica de preparação, os ensaios de verificação da qualidade do produto final e a validação

pelo supervisor[12]. Os ensaios de verificação são específicos para cada preparação, contudo,

genericamente pretende-se que FF sólidas apresentem uniformidade de massa, FF semissólidas

cumpram o pH definido e soluções cumpram o pH e transparência[14]. Por sua vez, o rótulo inclui

enumeradas as substâncias de notificação obrigatória, o prazo de validade, as condições de conservação,

as instruções especiais para utilização do medicamento, a via de administração, a identificação do local

de preparação e da diretora técnica[13]. O acondicionamento de cada forma farmacêutica encontra-se

definido, quer para embalagens primárias (bisnagas, boiões, frascos, papel vegetal), quer para

embalagens secundárias (plástico transparente)[15].

1.3.1.1. Fracionamento e reembalamento

Frequentemente é necessário proceder a determinadas operações para se facilitar a

administração ou adaptação de dosagens não comercializadas, sem prejuízo da formulação original

quanto às propriedades físico químicas e biofarmacêuticas. Assim, por exemplo, os, comprimidos

podem ser submetidos a fracionamento por uma máquina de corte, os pós podem ser divididos numa

balança e os líquidos em instrumento de medição adequado[16]. O objetivo final será integrar as frações

no circuito do medicamento normal do CHP, devidamente identificados e acondicionados,

rentabilizando as matérias-primas. No final, as novas FF são submetidas a ensaios de verificação, tais

como: controlo visual para garantir a integridade da fração e controlo do peso, de pelo menos 5 frações

num mês[17].

As preparações no CHP podem ser sob a forma de papéis farmacêuticos (por exemplo: ácido

acetilsalicílico, cloridrato de oxibutinina, diazóxido, sildenafil, dietas modulares glucídicas),

soluções/suspensões orais (glucose, morfina, hidroclorotizaida, diazepam, prednisolona, hidrocortisona,

sildenafil), pasta (pasta de lassar), solução tópica (loção de alfazema) entre outras, como lágrimas

artificiais.

De referir que, quando necessário, os produtos resultantes são reembalados e devidamente

identificados, com a DCI, a dosagem, o prazo de validade e o lote.

1.3.2. Produção de estéreis

A produção deste tipo de formulações deverá ser realizada em ambiente próprio e seguindo

condições que garantam a qualidade das preparações, a ausência de contaminações e pirogénios, tal

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como descrito na Portaria nº42/92 de 23 de Janeiro [18]. Para além disso, a produção deverá seguir ainda

as indicações descritas no capítulo 797 da United States Pharmacopeia.

O desenvolvimento de formulações estéreis inicia-se com uma prescrição por parte do médico

e esta, caso seja nova, deve despoletar o desenvolvimento de uma nova OP, formalmente elaborada e

validada por farmacêuticos[19].

O local de preparação de estéreis está dividido em dois compartimentos distintos, a sala cinzenta

onde é realizada a descontaminação das mãos com desinfetante adequado e o fardamento, que inclui

túnica, calças, protetores de calçado, touca, máscara e bata esterilizada; e a sala branca, um

compartimento estéril onde se encontra a câmara de fluxo laminar, assegurado por um gradiente de

pressão e cuja comunicação com o exterior para entrega das preparações ou transferência de material se

realiza através de um transfer. (Anexo XI)[20]. Todas as preparações de produtos estéreis são realizadas

em câmara de fluxo laminar vertical (CFLv) com recurso a técnica asséptica, de forma a garantir, não

só a proteção do produto desenvolvido, mas também a do operador responsável pela manipulação[21].

Para garantir a esterilidade da sala branca e da CFLv é realizado diariamente um controlo

microbiológico, na primeira preparação de cada sessão de trabalho e na última preparação do dia. A

câmara é limpa no início e fim de cada sessão com álcool a 70º[22].

No setor da produção de estéreis efetua-se a produção de bolsas para nutrição parentérica e

preparações estéreis extemporâneas destinadas particularmente aos serviços de pediatria do Centro

Materno-Infantil do Norte (CMIN) e ao serviço de neonatologia do Hospital Padre Américo e Vale do

Sousa, pertencente ao Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, E.P.E.

As preparações estéreis extemporâneas baseiam-se no fracionamento ou ajuste de doses

comerciais para que haja uma individualização da resposta ao doente, permitindo deste modo, um menor

desperdício de matérias-primas. Antes de iniciar a produção, são emitidos OP e rótulos (anexo XII)

contendo a informação relativa à formulação e ao doente. De realçar que estes acompanham a preparação

desde a produção até à administração, evitando assim trocas ou erros durante o circuito do

medicamento[19].

Tal como referido anteriormente, a maioria das preparações realizadas neste serviço são as

nutrições parentéricas. Estas são desenvolvidas em função do balanço hídrico e azotado, do ionograma

e da patologia e terapêutica instituída para cada doente. Têm como principal objetivo a manutenção do

equilíbrio nutricional dos doentes internados ou em regime de ambulatório, com patologias do foro

metabólico, tubo digestivo imaturo ou em caso de contraindicação ou impossibilidade de regime de

alimentação entérica.

Neste processo, os farmacêuticos rececionam a prescrição médica de nutrição parentérica

através do sistema informático e validam-na impreterivelmente tendo em conta os dados de identificação

do doente, o peso (Kg), a composição qualitativa e quantitativa da Solução I e da Solução II, a assinatura

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do médico prescritor e a conformidade da prescrição com as regras de política do medicamento

estabelecidas para o hospital. No final da validação procede-se à emissão de rótulos em triplicado para

a solução I e em duplicado para a solução II, bem como a OP, registando-se previamente as iniciais do

Operador e do Supervisor responsáveis pela produção da bolsa. [23, 24].

A realização de bolsas para a nutrição parentérica envolve a preparação de duas soluções

distintas, uma fração hidrossolúvel designada Solução I e uma fração lipossolúvel designada Solução II.

A solução I contém solução de glucose, aminoácidos e diferentes iões, conforme as necessidades

individuais de cada doente, enquanto a solução II é constituída por uma mistura de lípidos e vitaminas

lipossolúveis[24]. A preparação destas duas soluções é executada através de um sistema automático de

enchimento, à exceção dos micronutrientes hidrossolúveis, que são adicionados de forma manual e

ordenada, tendo em conta a sua natureza química a fim de evitar fenómenos de precipitação que

comprometam a estabilidade da preparação[24]. Na finalização das preparações procede-se à extração

do ar contido nas bolsas, à sua “clampagem” e obturação, seguindo-se a rotulagem de cada fração com

um rótulo interno e externo. Por último, realiza-se o acondicionamento secundário, que tem como

objetivo a proteção da luz para evitar a degradação de determinados componentes fotossensíveis[24].

No final de cada preparação é da responsabilidade do supervisor realizar os ensaios de verificação no

sentido de detetar possíveis alterações, são estes: ensaios organoléticos I que avaliam a coloração das

soluções; ensaios organoléticos II que avaliam a presença ou ausência de partículas em suspensão;

ensaios organoléticos III que avaliam a presença ou ausência de ar e o controlo gravimétrico que avalia

o peso da preparação que se deverá encontrar dentro dos limites pré-estabelecidos (±5%)[25].

1.3.3. Produção de citotóxicos

A UFO tem como principal objetivo assegurar a preparação, armazenamento e disponibilização

de medicamentos citotóxicos (CTX), nas características e prazos acordados com o utente, sempre num

ambiente de segurança para o pessoal envolvido. Salienta-se o facto de todas as operações realizadas

nesta unidade serem levadas a cabo por pessoal devidamente preparado, quer a nível teórico, quer a

nível prático[26].

A técnica assética engloba um conjunto de procedimentos que visam minimizar as

possibilidades de contaminação microbiana no decorrer da manipulação de produtos estéreis. Para este

efeito, é fundamental uma correta lavagem das mãos, o uso de equipamentos de proteção individual

adequados e o manuseamento apropriado dos fármacos e do material de trabalho. A Técnica da Pressão

Negativa em CFLv constitui a base da manipulação de citotóxicos[27].

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De uma forma geral, a UFO é constituída por uma sala de validação de prescrições, por uma

sala extra de apoio ao serviço e ainda por outras três divisórias que são fundamentais para uma maior

segurança na manipulação deste tipo de fármacos. Estas três divisórias constituem a [28]:

Zona negra: local exterior à zona de preparação onde se encontram os cacifos, o calçado

e os adornos do exterior;

Zona cinza: antecâmara com local de lavagem das mãos e de fardamento (Anexo XIII);

Zona branca: sala de preparação de citotóxicos com CFLv (Anexo XIV).

No que respeita ao fardamento, o equipamento de proteção individual a utilizar na manipulação

de citotóxicos consiste fundamentalmente em[28]:

Bata de proteção suficientemente longa e fechada no pescoço;

Luvas estéreis e isentas de pó;

Máscara com filtro de partículas;

Óculos de proteção;

Protetores de calçado.

O farmacêutico, à medida que vai recebendo as “luzes verdes” através do programa

GHAF/SAM, procede à validação e monitorização das prescrições médicas, isto é, confirma as doses

prescritas tendo em conta os dados do doente, confrontando-as com os Protocolos de Quimioterapia

(PQ) da instituição que estão disponíveis em formato digital e, são periodicamente atualizados, bem

como com os diplomas legais, as autorizações da Direção Clínica, do Conselho de Administração (CA),

da CFT e da CE [27, 29]. Todas as prescrições devem conter informação detalhada sobre o doente

(identificação do mesmo, peso, altura, superfície corporal e área sob a curva), sobre a formulação a

preparar (CTX prescrito por DCI, via de administração, dose padrão e dose ajustada ao doente), assim

como a identificação do serviço clínico, do médico responsável, da patologia, do PQ e da data da

realização do ciclo[30]. As prescrições médicas podem ser realizadas através do sistema informático do

hospital, ou então, em impressos próprios cuja cor difere de doentes internados (impresso verde- Anexo

XV) para doentes em regime de ambulatório/HD (impresso rosa- Anexo XVI)[31].

Após este primeiro passo de validação, inicia-se a disposição dos tabuleiros individualizados

por doente e por preparação, contendo estes o fármaco a manipular, a OP, o rótulo de libertação e a

solução injetável para diluição (Anexo XVII). No interior da sala branca, o TDT de apoio verifica se o

material presente no tabuleiro corresponde ao descrito na OP (dupla verificação) e escolhe o material

para a manipulação, sendo que este varia dependendo do tipo e apresentação do citotóxico, bem como

do volume a medir. Após uma descontaminação com álcool a 70%, o TDT de apoio coloca no interior

da CFLv todo o material necessário à manipulação e, o TDT operador, após conferência, inicia a técnica

de preparação. Depois de o produto final estar devidamente identificado e, caso necessário, protegido

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Relatório de estágio 2015/2016

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da luz, este é acondicionado numa manga selada e transportado num tabuleiro até ao serviço de

destino[27]. No Hospital de Dia, se o doente estiver nos cadeirões ou cateteres 1, o respetivo tabuleiro

está identificado como cadeirões (Anexo XVIII), por outro lado, se o doente em causa estiver nas camas

ou cateteres 2, o tabuleiro está identificado como camas (Anexo XIX)[32]. No final do dia de trabalho,

é sempre responsabilidade do TDT garantir que todos os fármacos e consumíveis do armário de apoio

são repostos nas quantidades necessárias de modo a assegurar o dia seguinte. Por forma a permitir uma

integral satisfação das necessidades dos doentes, definem-se os stocks mínimos dos diferentes produtos

envolvidos na manipulação de citotóxicos, e, no final de cada dia realiza-se a encomenda para o

armazém 1001 tendo em consideração os kanbans que durante esse dia atingiram o respetivo ponto de

encomenda (Anexo XX)[33].

Relativamente ao transporte de medicamentos citotóxicos, este deve respeitar três princípios: a

proteção dos indivíduos, tanto os envolvidos na deslocação como qualquer outro passível de entrar em

contacto com o produto, a proteção do medicamento e a proteção do ambiente. Nos serviços de

internamento do HSA e do CMIN, o transporte das preparações é realizado pelo assistente operacional

dos serviços farmacêuticos que esteja de apoio à UFO. Este coloca as mesmas num contentor fechado,

inquebrável, antiderrame e devidamente sinalizado com o símbolo Biohazard (Anexo XXI)[32].

Em caso de derrame de citotóxicos é fundamental garantir a recolha, limpeza e eliminação dos

mesmos, evitando a contaminação do meio ambiente circundante, assim como do pessoal envolvido.

Para esse efeito, existe um kit de derramamento com todo o material necessário a utilizar, bem como um

respetivo manual de atuação. (Anexo XXII)[34].

As preparações de citotóxicos podem ser em bólus (Anexo XXIII), em bombas de perfusão

(Anexo XXIV) ou em soluções diluídas (Anexo XXV)[27, 31].

Relativamente ao bólus, o TDT operador mede diretamente o volume de fármaco pretendido

para a seringa, mostrando sempre o fármaco e o volume medido ao farmacêutico que faz a validação do

processo (dupla verificação). No final, encerra-se a seringa com um obturador e, caso necessário,

protege-se da luz.

No que concerne às bombas perfusoras, a primeira etapa passa por calcular o volume de fármaco

tendo sempre como base as concentrações das apresentações disponíveis na UFO (V1). Posteriormente,

de acordo com a duração da perfusão e as características de cada bomba, incluindo o fluxo e o volume

residual (Vr), é possível obter o volume final da preparação (Vt). De seguida, afere-se o volume de

fármaco adicional (Va) e acrescenta-se este ao V1 anteriormente calculado, chegando-se assim o volume

final de fármaco a medir (Vf). O volume de diluição é estimado subtraindo o Vf ao volume total da

preparação (Anexo XXVI).

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Após a solução de diluição ser introduzida na bomba, aguarda-se que todo o sistema fique

preenchido com a mesma, clampando-o de seguida. Antes de adicionar o fármaco, o TDT de apoio

confirma o volume, e, por fim, encerra-se a bomba com o obturador.

Nas soluções diluídas inicia-se por acoplar o sistema de conexão ao saco de soro prescrito,

preenchendo o sistema com o soro e clampando-o. Seguidamente, introduz-se no saco de soro o volume

de citotóxico medido na seringa, encerrando-o posteriormente com o obturador.

1.4. Distribuição de medicamentos

A distribuição de medicamentos representa uma das principais tarefas executadas nos SF do

HSA, sendo esta uma das funções que promove um maior contacto tanto com os utentes como com os

vários serviços do hospital. O sistema de distribuição de medicamentos atualmente presente no CHP

compreende uma variedade de funções, entre as quais, o cumprimento das prescrições médicas, a

diminuição dos erros aquando da dispensa e da administração, a monitorização da terapêutica e a

racionalização dos custos, proporcionando, desta forma, uma distribuição segura e eficiente, num curto

período de tempo.

1.4.1. Distribuição Clássica

Este tipo de fornecimento engloba diversos serviços, distribuídos estrategicamente por 3

circuitos, cuja correspondência se encontra na tabela 1 do Anexo XXVII. De um modo geral, todos os

Serviços Clínicos, Blocos e Consultas, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação, o CMIN, o HJU,

a UFO e a UFA são abrangidos, garantindo o acesso rápido e fácil à medicação em qualquer momento,

apesar da separação física do APF [35, 36]. As soluções injetáveis de grande volume e os Antisséticos

e Desinfetantes assumem um circuito próprio, no que respeita à quantidade e à durabilidade nos serviços;

as unidades e serviços aos quais se destinam, encontram-se listadas na tabela 2 do anexo XXVII.

Os serviços supracitados podem fazer os pedidos de reposição, quando o seu stock atinge os

mínimos definidos, por via manual ou eletrónica, o que exige normalmente, dependendo do serviço, a

transferência do stock dos produtos, virtualmente, do APF para os restantes centros de custo. Cada

serviço tem um horário definido para se concretizarem os pedidos e a reposição física dos produtos[35].

No CHP existem 3 métodos na distribuição clássica de medicamentos: reposição por HLS,

reposição de stocks nivelados e reposição de stocks por kanban. Para o primeiro e segundo métodos, é

necessário um acordo prévio entre os SF e os serviços clínicos quanto aos quantitativos fixos disponíveis

para consumo. Não obstante, enquanto em sistema HLS se procede à troca direta entre caixas vazias e

caixas cheias, no segundo método, a reposição é feita no local, de acordo com as unidades gastas e só

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se adequa a alguns dos serviços. A reposição por kanban implica que se faça o pedido ao APF quando

se atinge o quantitativo mínimo a ele associado[35].

O Pyxis® (Anexo XVIII) é um caso particular de armazenamento presente no Serviço de

Cuidados Intensivos e no Bloco Luís de Carvalho. Trata-se de um conjunto de gavetas, em um ou mais

armários, nos quais se armazenam os produtos de acordo com o tamanho, a quantidade, o grau de

controlo e a sua temperatura de conservação. O sistema informático associado só permite a dispensa de

um determinado medicamento perante uma senha de acesso e impressão digital, contribuindo para um

controlo mais rigoroso de stocks e PV, bem como para a diminuição de erros de dispensa [37].

1.4.2. Distribuição individual diária e em dose unitária

A DIDDU é um sistema personalizado que permite a distribuição de medicamentos em dose

unitária pelos doentes internados nos diferentes serviços clínicos para um período de 24 horas. Esta

distribuição permite a diminuição do risco de interações medicamentosas e o aumento da racionalização

da terapêutica através do acompanhamento farmacoterapêutico do doente.

A DIDDU é constituída por diversos módulos, entre os quais, a torre que contém o stock

avançado de medicamentos ou produtos farmacêuticos com menos custo (Anexo XIX); as células de

aviamento que contemplam o stock avançado de medicamentos e produtos farmacêuticos de maior

consumo pelos serviços que integram (Anexo XXX); e, por fim, o supermercado que contém o stock

avançado de medicamentos e produtos farmacêuticos de maior consumo (Anexo XXXI)[38].

1.4.2.1. Validação e aviamento de prescrições

É da responsabilidade do farmacêutico hospitalar a validação das prescrições médicas e a

monitorização do perfil farmacoterapêutico dos doentes internados nos Serviços Clínicos. Diariamente,

os farmacêuticos têm acesso à prescrição eletrónica através da aplicação informática vigente no centro

hospitalar com exceção dos hemoderivados, material de penso, estupefacientes e antídotos, que vêm

prescritos em impresso próprio (Anexos VIII, XXXI e XXXII)[39].

A validação das prescrições deve ser efetuada tendo em atenção as Políticas de Utilização de

Medicamentos da Instituição de Saúde em questão, estabelecidas com base no FHNM, Adendas e

Deliberações da CFT, caraterísticas do doente (idade, função renal e hepática, alergias) e do

medicamento[39]. O farmacêutico tem o dever de avaliar as prescrições médicas e intervir quando julgar

adequado, com o objetivo de prevenir ou detetar alterações dos efeitos terapêuticos. Assim sendo, é

função do farmacêutico hospitalar aplicar os cuidados farmacêuticos e identificar problemas

relacionados com o medicamento (PRMs)[40], que podem ser os seguintes:

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PRM1: caso o medicamento não tenha as indicações aprovadas para a sintomatologia manifestada

pelo doente em questão[40].

PRM2: caso o medicamento não possa ser usado pelo doente em questão devido a reações adversas,

refratariedade farmacológica, contraindicações ou alergias[40].

PRM3: caso a posologia não seja adequada, seja na dose, na frequência, na duração e no momento

correto[40].

PRM4: caso o doente não tenha condições financeiras ou haja impossibilidade de administração do

medicamento e se o doente, cuidador ou enfermeiro, não conseguir administrar o medicamente de

forma autónoma e correta[40].

Existem numerosas razões para que a farmacoterapia falhe, entre as quais a não individualização

na dose prescrita, incompatibilidades e interações medicamentosas, erros de administração,

contraindicações e reações adversas; todas elas, individualmente, ou em conjunto, resultam em falta de

efetividade e/ou de segurança, e em perdas pelo desperdício. Tal como referido, é proposto diariamente

ao farmacêutico avaliar todas estas particularidades e validar a prescrição dos doentes, de acordo com

as indicações e as características de cada doente.

Para concretizarmos uma análise mais detalhada de um caso prático, em anexo XXXIII,

usufruímos da informação dos RCM e do Prontuário Terapêutico disponibilizado pelo Infarmed online.

Terminada toda a análise, concluímos que a prescrição de muitos medicamentos

simultaneamente acarreta sempre muita dificuldade na adequação de tratamento, tendo em conta,

especialmente, as interações, que foram o mais significativo possível PRM detetado. Ainda assim,

podemos afirmar que a prescrição está de acordo com o expectável e, portanto, que não devem surgir

RMN’s, a menos que surja alguma reação adversa inesperada.

Após validação das prescrições, os pedidos de medicação são direcionados para o dispositivo

semiautomático PharmaPik®, que se caracteriza por um dispositivo rotativo, que movimenta gavetas de

diferentes tamanhos, cada qual contendo um determinado produto farmacêutico, com a exceção das

bolsas de nutrição parentérica, produtos de grande volume, suplementos ou produtos de frio que são

dispensados manualmente (Anexo XXXIV). O dispositivo PharmaPik® tem como principais vantagens,

a redução dos erros humanos e melhoria da segurança e eficácia durante a dispensa. Após recolhidos do

dispositivo, os medicamentos são acondicionados nas malas respetivas a cada serviço clinico, que são

preparadas em horário específico e sendo cada uma delas compartimentada em gavetas com o nome do

doente e o número da cama onde se encontram. No final da preparação das malas são geradas,

informaticamente, “listas com as prescrições com revertências”, ou seja, o sistema fornece atualizações

das alterações farmacoterapêuticas ocorridas entre o momento de aviamento e de entrega, sendo de

seguida realizado o aviamento das alterações unidose por doente. Por fim, as malas são transportadas

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para os respetivos serviços pelos técnicos auxiliares. Após a entrega das malas aos serviços, é possível

gerar “listas das prescrições sem revertência” que contêm alterações de medicação de determinados

doentes, sendo o seu aviamento feito em pacotes de papel devidamente identificados com o serviço

clinico, nome do doente e número da cama, bem como o número de processo, sendo estes colocados em

SUCS identificadas por cada serviço[41].

1.4.2.2. Medicamentos Sujeitos a Controlo Especial

Existem determinados medicamentos que exigem um circuito especial devido às suas

características individuais, nomeadamente, estupefacientes e psicotrópicos, hemoderivados e material

de penso[39].

a) Medicamentos Hemoderivados

É da responsabilidade do farmacêutico a dispensa de medicamentos hemoderivados, ao abrigo

do Despacho Conjunto nº1051/2000 (2ª série) de 14 de Setembro, destinados aos doentes internados em

cada serviço clinico, bloco operatório ou serviço de urgência do hospital[41].

Estes são realizados num impresso próprio “Modelo nº1804 da INCM” (Anexo VIII) e compete

ao médico prescritor enviar conjuntamente os autocolantes identificativos do doente em quantidade

suficiente para identificar individualmente as embalagens a aviar. A prescrição tem obrigatoriamente

que ter o número de processo do doente a que se destinam os hemoderivados para facilitar a sua

rastreabilidade. Os farmacêuticos, aquando do aviamento, têm que preencher o quadro C do impresso e

registar o número de lote e o certificado de autorização de utilização do respetivo lote (CAUL) (Anexo

XXXV). É dever do farmacêutico debitar informaticamente o medicamento dispensado identificando o

lote para facilitar a rastreabilidade do mesmo. O aviamento deste tipo de medicamentos é apenas

realizado para o próprio dia[41].

b) Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos

Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos têm uma margem terapêutica estreita e

causam habituação e dependência física e psicológica, sendo muitas vezes associados a atos ilícitos,

havendo por isso necessidade de legislação mais restrita. Devido aos fatores anteriormente

mencionados, este tipo de medicamentos apenas podem ser dispensados por farmacêuticos, tal como

regulamentado pelo Decreto-Lei nº 15/93 de 22 de Janeiro[41].

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A prescrição destes fármacos é realizada em impresso próprio, Modelo nº1509 da INCM (Anexo

XXXII), e deverá ser preenchida por completo e assinada pelo médico de serviço, devendo a mesmo

estar numerada e conter o carimbo do serviço ao qual a farmácia vai realizar o débito do produto. Após

receção do impresso o farmacêutico deverá preencher os restantes campos do documento, debitar no

sistema informático ao serviço respetivo, destacar a “via serviço” devolvendo-a ao serviço requisitante

e, por último, conferir os documentos e medicamentos aviados procedendo à assinatura das respetivas

guias. As prescrições recebidas nos SF até às 15h, de domingo a sexta-feira são entregues no dia seguinte

com as malas unidose[41].

c) Material de penso

O material de penso deve ser prescrito em impresso próprio (Anexo XXXI) e a sua prescrição é

válida para 8 dias. O farmacêutico é responsável pelo aviamento deste material e, como tal, é importante

que este tenha conhecimento da mecânica dos dispositivos médicos para possibilitar um maior auxilio

na escolha adequada do material de penso[39].

d) Antídotos

A prescrição dos antídotos é realizada em impresso próprio ou eletronicamente. Nestes casos é

crucial atuar rápida e prontamente para que haja uma resposta mais eficaz e decisiva [39].

e) Anti-infeciosos e nutrição artificial

A prescrição médica de anti-infeciosos e nutrição artificial tem um período máximo de validade

de 7 dias, a fim de reduzir os custos pela entidade hospitalar, o desperdício de medicação e, mais

significativamente, a diminuição do desenvolvimento de estirpes microbianas resistentes. A prescrição

entre doentes internados sem DIDDU ou com DIDDU difere, sendo que aos primeiros é realizada

prescrição manual preenchendo um impresso próprio (Anexo IX) e aos segundos realiza-se

eletronicamente através do CdM[39].

1.4.3. Farmácia de ambulatório

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A UFA destina-se à distribuição de medicamentos e aconselhamento de doentes em regime de

ambulatório que requerem terapêuticas específicas de âmbito hospitalar e, portanto, sujeitas a constante

monitorização da sua adesão. A farmácia de ambulatório constitui, desta forma, o primeiro contacto do

utente com o farmacêutico hospitalar.

A UFA situa-se, no edifício Neoclássico do CHP. Localiza-se no rés-do-chão do edifício e as

suas instalações possuem acessibilidade a todos os utentes, incluindo utentes com mobilidade reduzida,

graças à existência de rampa. A farmácia é composta por 4 zonas principais: sala de espera zona

destinada ao atendimento composta por 3 balcões, sala de atendimento privado e zona de

armazenamento dos fármacos (Anexo XXXVI, XXXVII, XXXVIII, XXXIX). A zona de

armazenamento caracteriza-se pela existência de um armário composto por gavetas, nas quais os

fármacos se encontram divididos por patologia e, dentro de cada patologia, encontram-se ordenados por

ordem alfabética segundo a sua DCI e dosagem (Anexo XL). Para além desta estrutura, a farmácia

dispõe ainda de três frigoríficos nos quais se mantém a organização anteriormente descrita, bem como

um armário destinado ao armazenamento de fármacos usados na terapêutica da Hepatite C e um outro

para a nutrição entérica (Anexo XLI e XLII). Para facilitar a pesquisa dos medicamentos pelos

colaboradores, encontra-se afixada uma listagem de todos os medicamentos existentes na unidade e o

respetivo local de arrumação, por um código numérico existente nas gavetas (Anexo XLIII). Esta lista

indica a localização de cada fármaco e é uma das ferramentas úteis para simplificar e assegurar um bom

atendimento. Tal como nas outras unidades, a UFA possui kanbans para todos os seus produtos, sendo

imprescindível a sua correta utilização de forma a assegurar uma boa gestão de stocks. A metodologia

FEFO (First Expired First Out) deverá ser obedecida para complementar uma boa e eficiente arrumação

dos medicamentos[42].

1.4.3.1. Dispensa de medicamentos

O horário de atendimento da UFA decorre entre as 9:00 e as 17:00 de Segunda a Sexta-feira,

em dias úteis[43]. A dispensa de fármacos nesta unidade destina-se apenas aos utentes que detêm

determinada patologia e cujos fármacos destinados à sua terapia se encontram ao abrigo de despachos

publicados em Diário da República, usufruindo, assim, da total comparticipação do medicamento.

A dispensa de medicamentos pela farmácia de ambulatório é válida para as seguintes situações:

para medicamentos autorizados por diplomas legais com ou sem restrições impostas pelo CHP, para

medicamentos sem diplomas legais mas sujeitos a deliberações específicas autorizadas pelo CA do CHP

(Hepatite B e Hipertensão Pulmonar), para medicamentos no âmbito de alta precoce e para

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medicamentos sem diplomas legais ou deliberações específicas do CHP mas cuja utilização é justificável

após decisão da CFT [40].

Alguns fármacos poderão estar autorizados pela CFT do CHP e, assim, constituírem adendas a

outras patologias que não estão ao abrigo do FNHM, e, portanto, serem comparticipados. As principais

subcategorias nas quais se dividem os fármacos dispensados no CHP são: Insuficiência Renal Crónica,

Quimioterapia, Hipertensão Pulmonar, Fármacos Imunológicos, Artrite Reumatoide, Hepatite B,

Hepatite C, Esclerose Múltipla, Fibrose Quística, Síndrome Intestino Curto, entre outras. São ainda

dispensados hemoderivados e medicamentos manipulados [44] .

No ambulatório, é da competência dos farmacêuticos o atendimento, a validação da prescrição

e a dispensa dos medicamentos. Aquando do atendimento, o farmacêutico recebe a prescrição pela mão

do utente e verifica se a mesma cumpre os requisitos mínimos para o seu aviamento. Assim, o

farmacêutico deverá verificar se a prescrição eletrónica ou em papel (Anexo XLIV) foi elaborada em

modelo apropriado para a farmácia de ambulatório, se a mesma possui os dados de identificação do

utente (nome, número de processo, sistema de saúde aplicável e respetivo número), a identificação do

fármaco pela sua DCI e a sua FF, dose, frequência e via de administração. É igualmente imprescindível

a identificação da especialidade médica responsável pela prescrição, indicação da próxima consulta, a

identificação e assinatura do prescritor, bem como a identificação do diploma legal a que obedece a

prescrição médica. Em caso de não cumprimento de todos os critérios, a prescrição não pode ser aviada

até à regularização.

Posteriormente à primeira verificação, o farmacêutico introduz a prescrição no computador e

tem acesso informaticamente ao que foi prescrito. O passo prioritário é confirmar com o utente ou o

responsável pelo levantamento da medicação a data da próxima consulta, de forma a poder calcular o

número de comprimidos necessários até à mesma e, assim, fazer uma dispensa mais conscienciosa e

racionalizada. A distribuição de medicamentos em regime de ambulatório assegura um melhor controlo

e vigilância dos efeitos adversos graves, permitindo ainda melhorar a adesão à terapêutica[45].

O farmacêutico deverá ser responsável, em caso de prescrição de novos medicamentos, por

ceder informação detalhada sobre os mesmos aos utentes, seja verbalmente e/ou através de folhetos

informativos a fim de evitar problemas terapêuticos (Anexo XLV).

A dispensa de medicamentos deverá ser racionalizada e ter em conta os seguintes critérios, salvo

raras exceções devidamente submetidas a autorização pela equipa de direção clínica.

Um medicamento pode ser dispensado:

Até 3 meses, desde que o valor monetário correspondente ao total de comprimidos seja menor

que 100 euros, para doentes com residência em qualquer área, ou até ao valor de 300 euros se

os mesmos forem residentes fora do distrito do Porto. Em caso do montante ser superior a este

valor, a medicação apenas será dispensada para um período de um mês.

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Em caso de doente transplantado renal ou hepático, os fármacos imunossupressores serão

fornecidos para um período de tempo de 3 meses[44].

No ato da dispensa, o farmacêutico deverá ter em conta o tamanho da embalagem, o número de

dias de tratamento e o stock disponível. Sempre que possível o farmacêutico deverá ajustar o quantitativo

dos comprimidos à apresentação comercial, de forma a evitar confusões pelo utente. Certos fármacos

como o Sorafenib e Aprepitant deverão ser dispensados tendo em conta o seu stock limitado.

A quantidade a dispensar deverá ser registada na Quantidade Enviada, bem como o respetivo

lote. Em caso de os medicamentos não serem dispensados na sua totalidade, o farmacêutico deverá

proceder à impressão da folha de medicação pendente e entregar ao doente. Caso o doente proceda ao

levantamento posterior da medicação, o registo deverá ser feito na sua Quantidade Atual, bem como o

respetivo lote.

Apesar da farmácia de ambulatório se destinar ao fornecimento e dispensa gratuita de

medicação, segundo o decreto-lei nº 206/2000, de 1 de Setembro, a mesma poderá estar autorizada a

vender medicamentos ao público, nas seguintes situações:

1) Se houver comprometimento excecional do acesso normal dos utentes aos medicamentos,

implicando risco de descontinuidade no processo de fornecimento e distribuição com as

inerentes implicações sociais que tal acarreta;

2) Se, por razões clínicas provenientes do atendimento em serviço de urgência hospitalar,

manifeste mais benéfico ou apropriado, a imediata acessibilidade ao fármaco em questão.

A venda direta ao utente apenas é realizada mediante a apresentação de prescrição médica, que

deverá conter no mínimo 3 carimbos que justifiquem a rotura do medicamento.

1.4.3.2. Dispensa de hemoderivados

Tal como referido anteriormente, a prescrição dos produtos derivados do sangue deverá ser

realizada através do impresso modelo nº1804, seguindo as instruções já mencionadas.

No final, o mesmo impresso deverá ser assinado e datado pelo farmacêutico e pelo utente. Para

efetuar o registo informático, deverá ser feita uma requisição por doente, em regime de ambulatório,

com os dados respetivos ao utente e ao episódio do dia da consulta[46].

1.4.3.3. Receitas externas ao hospital

A dispensa de medicamentos a clientes externos ao hospital (utentes seguidos em clínicas ou

médicos particulares com artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrite

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Relatório de estágio 2015/2016

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idiopática juvenil poliarticular e psoríase em placas) apenas se verifica cumprindo os seguintes

requisitos:

Prescrição médica com vinheta do médico prescritor;

Prescrição médica com carimbo ou vinheta do local de prescrição

Identificação do número de certificação de registo na DGS (publicado no site da DGS)

Dispensa de medicamento registado em base de dados específica para o efeito.

Tal como acontece com os doentes internos, a dispensa destes medicamentos é gratuita para a

utente[47].

1.4.3.4. Devolução de medicação

Para uma boa gestão de stocks e maior consciencialização no que refere à adesão à terapêutica, é

prioritária a sensibilização dos utentes para a devolução da medicação descontinuada que tenha sido

fornecida pela UFA. Assim, o farmacêutico deverá atuar junto dos utentes e promover esta ação. Após

devolução de medicamentos, os mesmos deverão ser separados e armazenados em local próprio, sendo

registado quem os recebeu e em que dia e, se possível o número de processo. Deverá ainda ser efetuado

registo informático da devolução da medicação. A análise da medicação devolvida é da competência do

farmacêutico e deverá ter em conta o estado de conservação da mesma, a integridade física, a sua

identificação e validade [48]. Todos os medicamentos não aproveitados deverão ser colocados em

contentores vermelhos para posterior incineração (ANEXO XLVI).

Neste estágio foi possível prestar atendimento ao público e sensibilização dos utentes. Foram

elaborados folhetos informativos e de sensibilização, bem como separação da medicação devolvida.

1.5. Ensaios Clínicos

Segundo a Lei nº46/2004 de 19 de Agosto, define-se por Ensaio Clínico (EC) “qualquer

investigação conduzida no ser humano, destinada a descobrir ou verificar os efeitos clínicos,

farmacológicos ou farmacodinâmicos de um ou mais medicamentos experimentais (ME); ou a

identificar os efeitos indesejáveis de um ou mais ME; ou a analisar a farmacocinética de um ou mais

ME, a fim de apurar a respetiva segurança ou eficácia”.

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Relatório de estágio 2015/2016

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Os EC representam uma recente vertente da medicina que visa desenvolver novos e inovadores

tratamentos. Atualmente encontram-se a decorrer cerca de 100 ensaios clínicos no CHP. Para que o EC

decorra na sua plenitude, é importante assegurar a existência de uma equipa multidisciplinar

vocacionada para investigação clínica. Assim, é fulcral no desenvolvimento de um EC a presença de:

um investigador, um farmacêutico responsável pelo ME, um promotor do ensaio (singular ou coletivo)

e um monitor (responsável pelo acompanhamento do ensaio clínico e pela transmissão da informação

ao promotor).

A contínua evolução desta área clínica suscitou uma readaptação dos SF de forma corresponder

a esta nova realidade, havendo atualmente uma unidade destinada aos ensaios clínicos (UEC). De acordo

com a lei nº 46/2004 de 19 de Agosto, os SF são o local preconizado para o armazenamento, controlo e

dispensa dos medicamentos experimentais, sendo portanto na UEC que é feita a sua gestão. Fisicamente,

a UEC é composta por duas salas contíguas: sala A (sala de armazenamento dos medicamentos

experimentais) e sala B (gabinete de trabalho), tal como apresentado no anexo XLVII.

1.5.1. Circuito do medicamento

Para o início do EC é imprescindível a autorização e aprovação clínica por parte das seguintes

entidades: Comissão de Ética de Investigação clínica (CEIC), INFARMED, Comissão Nacional de

Proteção de Dados (CNPD) e (CES). Para além destas aprovações, deverá ser assinado o contrato

financeiro pelo conselho de administração. A ação interventiva dos SF no ensaio clínico só se inicia

após deliberação pela CES e assinatura contratual pelo conselho de administração do CHP. Após decisão

do CES do início de um novo estudo, a UEC é contactada pelo seu secretariado e procede à atualização

da base de dados que contém todos os EC a decorrer no hospital. A base de dados, em formato Excel,

consiste numa das principais ferramentas de trabalho facilitando o seguimento e a avaliação dos ensaios

a decorrer. Esta base de dados indica o número de EC a decorrer na instituição e em cada serviço, o

objetivo do estudo, o número de pacientes incluídos em cada estudo e fase em que se encontram [49].

Após aprovação, a apresentação do protocolo a toda equipa representa o passo seguinte. Esta

reunião é convocada pelo investigador ou pelo promotor e visa definir procedimentos relativos aos atos

de prescrição, dispensa e devolução de fármaco, de atuação da equipa e prazos de fornecimento do ME

para o ensaio. Cada ensaio clínico apresenta um capa arquivadora na qual se encontram todas as

informações essenciais à realização do ensaio, tais como o seu protocolo, documento no qual se

encontram descritos os objetivos e desenho do estudo, estatística e organização, bem como a brochura

do investigador, que corresponde ao documento compilado de dados clínicos e não clínicos de

determinado ME, pertinentes para o seu estudo na espécime humana [49].

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O farmacêutico, após abertura de centro, elabora um protocolo onde são estipuladas as

guidelines de receção, conservação, dispensa, manipulação e gestão, bem como ordens de preparação e

respetivos rótulos, caso seja aplicável a manipulação do fármaco. O arquivo da informação relativa a

cada EC é organizado segundo o “Pharmacy Site File” em vigor nesta unidade [49].

Até término do estudo, o centro onde decorrem os ensaios clínicos é alvo de visitas periódicas

pelos monitores para monitorização do estudo e de autorias internas e externas, devendo os ficheiros de

cada ensaio clínico ser arquivados na capa respetiva [49].

2. Papel do farmacêutico

No âmbito da equipa multidisciplinar, o farmacêutico é o profissional responsável pela

monitorização do ME e pela implementação e cumprimento de procedimentos de acordo com as Boas

Práticas Clínicas. Relativamente à monitorização do ME, o TSS deverá proceder à receção,

acondicionamento adequado, identificação, gestão de stock, manipulação (se aplicável) e dispensa. É

imprescindível a sua ação na informação e aconselhamento do doente e restantes profissionais de saúde,

bem como na manutenção de uma boa gestão administrativa através dos registos e processos de

devolução, controlo do inventário e arquivo de informações [49].

Durante o estágio foi possível assistir a vistas de início de estudo de ensaios clínicos e visitas de

monitorização. Neste sector foi possível a elaboração de ordens de preparação e protocolos para ME,

bem como a dispensa e registo de informações [49].

2.1. Conclusão

Durante o estágio no CHP tivemos oportunidade de realizar diversas atividades no âmbito da

profissão do farmacêutico hospitalar, nos diferentes sectores. No APF, tivemos a oportunidade de

participar na preparação da medicação para os serviços clínicos, preparação de hemoderivados,

elaboração e receção de encomendas, bem como acompanhar os assistentes técnicos na rota dos

circuitos. Aquando da passagem pela Farmacotecnia, participamos na elaboração de diferentes

preparações estéreis, nomeadamente: colírios de gentamicina, solução de bevacizumab e morfina em

seringas unidose. Na unidade dos não estéreis realizamos diversas soluções, suspensões e papéis

medicamentosos, tal como enunciado anteriormente.

Nas diferentes semanas que estivemos na UFO tivemos a oportunidade de colaborar na

realização de uma série de atividades, nomeadamente, na preparação dos tabuleiros, na validação das

prescrições, na execução de encomendas para o armazém 1001, na dupla verificação e no transporte do

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produto final para o tabuleiro de destino. É de referir que durante este estágio uma de nós teve a

oportunidade testemunhar o derramamento de um medicamento citotóxico, observando o cumprimento

de todas as regras de segurança. Na UFA fomos integrados na dispensa de medicamentos ao público.

Na UEC tivemos a oportunidade de participar em diversas visitas de monitorização de ensaios clínicos,

bem como em visitas de início de ensaio clínico. Durante este período elaboramos e acompanhamos

ordens de preparação. Na DID intervimos na preparação dos medicamentos psicotrópicos e na

verificação e validação de prescrição.

Durante o estágio participamos em diversas formações sobre diversas temáticas e fármacos, que

se encontram sumariadas no anexo XLVIII.

Em suma, a passagem pelos diferentes sectores revelou-se extremamente enriquecedor,

completando em pleno os objetivos propostos pelo plano de estágios.

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Referências Bibliográficas

1. Decreto-Lei (DL) nº 326/2007. 28 de Setembro de 2007.

2. Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Comissão de Ética para a Saúde. 2016; Available from:

http://www.chporto.pt/ver.php?cod=0B0D0A.

3. Centro Hospitalar do Porto, E.P.E. Comissão de farmácia e terapêutica. 2016; Available from:

http://www.chporto.pt/ver.php?cod=0B0D0D.

4. Ministério da Saúde e Assistência, D.G.d.H. Decreto-Lei nº 44204: Regulamento geral da

farmácia hospitalar. .

5. Porto, S.F.d.C.H.d., Manual de Qualidade (MA.SFAR.GER.001/4). 2016, Hospital de Santo

António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

6. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.024/3 – Auditorias Técnicas aos Processos Hospital de Santo António – Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

7. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho – Receção

e Armazenamento de Medicamentos (IT.SFAR.GER.007/3). Hospital de Santo António - Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

8. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.060/0 – Elaboração de kanbans Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do

Porto, E.P.E.

9. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.063/0 – Solicitação de Empréstimos de mediacamentos/ Produtos Farmacêuticos

Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

10. Saúde., M.d., Portaria nº 594/ 2004. . Diário da República, 1ª Série-B, nº 129, de 2 de junho.

11. Saúde, M.d., Decreto-Lei nº 95/ 2004. Diário da República, 1ª Série-A, nº 95, de 22 de abril.

12. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.084/1– Ordem de preparação de Manipulados Não Estéreis Hospital de Santo

António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

13. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.101/1– Rotulagem de Não Estéreis Hospital de Santo António – Centro Hospitalar

do Porto, E.P.E.

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Relatório de estágio 2015/2016

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14. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.043/1 – Ensaios de verificação Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do

Porto, E.P.E.

15. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.082/1 – Material de Embalagem Hospital de Santo António – Centro Hospitalar

do Porto, E.P.E.

16. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.086/1 – Fracionamento de Medicamentos Hospital de Santo António – Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

17. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.115/1– Ensaios de Verificação de Medicamentos Fracionados. Hospital de Santo

António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

18. Contencioso, I.-G.J.e., Portaria n.º 42/92, de 23 de Janeiro Legislação Farmacêutica Compilada

19. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.041/1 - Elaboração de Ordem de Preparação de Preparações Estéreis. Hospital de

Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

20. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.047/1 – Gestão do Fardamento Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do

Porto, E.P.E.

21. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.046/1 – Manipulação de estéreis: Técnica asséptica Hospital de Santo António -

Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

22. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.048/1 - Limpeza e Desinfeção da sala branca e CFL

Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

23. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.036/1 - Elaboração da ordem de preparação - APT. Hospital de Santo António -

Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

24. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.045/4 - Preparação da Nutrição Parentérica Hospital de Santo António - Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

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25. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.043/2 - Ensaios de verificação. Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do

Porto, E.P.E.

26. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Matriz de Processo

IM.GQ.GER.043/5 – Processo de Produção de Citotóxicos Hospital de Santo António – Centro

Hospitalar do Porto E.P.E.

27. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de

TrabalhoIT.SFAR.GER.027/0 - Manipulação de Citotóxicos Hospital de Santo António – Centro

Hospitalar do Porto E.P.E.

28. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.080/2 – Fardamento e Equipamento de Proteção Individual a utilizar na

manipulação de citotóxicos Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto E.P.E.

29. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

(IT.SFAR.GER.037/0) - Embalamento de Bolsas e Seringas para Nutrição Parentérica Hospital

de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

30. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.029/0 - Validação e Monitorização da Prescrição de Citotóxicos em CFLv Hospital

de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

31. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.079/0 - Emissão de Ordens de Preparação de Citotóxicos Hospital de Santo

António – Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

32. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.028/1 – Regras de Transporte de Citotóxicos Hospital de Santo António – Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

33. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.026/2 – Gestão do Armazém Avançado da UFO Hospital de Santo António –

Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

34. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.034/1 - Derrame/Acidente com Citotóxicos Hospital de Santo António – Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

35. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.070/2 – Sequência e modo de aviamento por PDA Hospital de Santo António -

Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

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Relatório de estágio 2015/2016

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36. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.075/2 – Acondicionamento e Transporte de medicamentos/ produtos

farmacêuticos Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

37. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.121/0 – Reposição de medicamentos no Pyxis Medstation Hospital de Santo

António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

38. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.112/1 - Gestão da Normalização. Hospital de Santo António - Centro Hospitalar

do Porto, E.P.E.

39. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.102/1 - Validação e Monitorização da Prescrição Médica DID. Hospital de Santo

António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

40. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.031/1 – Identificação e resolução de PRM's. Hospital de Santo António - Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

41. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.105/1 – Aviamento de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos em Dose Unitária

Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

42. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.057/1 - Normas de arrumação dos medicamentos Hospital de Santo António -

Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

43. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de trabalho

IT.SFAR.GER.052/1 - Gestão do Atendimento na Farmácia do Ambulatório Hospital de Santo

António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

44. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.054/1: Orientações para a dispensa de medicamentos na farmácia de

ambulatório Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

45. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.020/2: Prescrição electrónica. Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do

Porto, E.P.E.

46. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.021/1) - Dispensa de hemoderivados Hospital de Santo António - Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

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47. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.056/2 - Receitas externas ao hospital Hospital de Santo António - Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

48. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.023/1 - Devolução de medicamentos Hospital de Santo António - Centro

Hospitalar do Porto, E.P.E.

49. Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Manual MA.SFAR.GER.003/1 -

Ensaios Clínicos. Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, E.P.E.

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ANEXOS

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Anexo I: Constituição do CHP

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Anexo II: Divisão dos SF

Anexo III: Kanban

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Anexo IV: Etiqueta de validade curta

Anexo V: Etiqueta de solução concentrada

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Anexo VI: Armazém dos produtos farmacêuticos

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Anexo VII: Formulário Hospitalar Nacional de Medicamento

Anexo IX: Requisição anti-infeciosos

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Anexo X: Rótulos de Preparações Não Estéreis

Anexo XI: Transfer

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Anexo XII: Rótulos de Preparações Estéreis

Anexo XIII: Zona Cinza

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Anexo XIV: Zona branca da unidade de produção de estéreis

Anexo XV: Impresso Verde de Citotóxicos

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Anexo XVI: Impresso Rosa de Citotóxicos

Anexo XVII: Tabuleiro Citotóxicos

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Anexo XVIII: Cadeirões

Anexos XIX: Camas

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Anexo XX: Kanban de Citotóxicos

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Anexo XXI: Símbolo de Biohazard

Anexo XXII: Kit de derramamento

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Anexo XXIII: Bombas perfusoras

Anexo XXIV: Soluções diluídas

Anexo XXV: Cálculos dos CTX

Preparar uma bomba com 2500 mg de 5-Fluoruracilo (5-FU), a um fluxo de 2mL/h. A perfusão

é para ser feita num período de 48 horas e o volume residual da bomba em questão é de 2 mL.

Na UFO estão disponíveis frascos com 50mg/mL de 5-FU.

Tendo em conta a concentração do frasco de 5-FU disponível na UFO e a quantidade de fármaco

pretendida para a bomba é possível calcular o volume de 5-FU a medir (V1).

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50 mg de 5-FU __________1 mL

2500 mg de 5-FU ________ V1

V1= 2500/50= 50 mL

De acordo com o fluxo da bomba, da duração de perfusão e do volume residual (Vr) obtém-se o

volume total da preparação (Vt).

2 mL ___________ 1 hora

V preparação_____ 48 horas

V preparação = 48x2= 96 mL

De seguida, afere-se o volume de fármaco adicional (Va) e estima-se o volume final de fármaco

a medir (Vf).

V1 _________ 96 mL

Vf _________ 98 mL

Vf= (98XV1) /96

Vf= (98X50) /96

Vf= 51 mL de 5-FU

O volume de diluição é calculado subtraindo o Vf ao volume total da preparação.

Vt ‒ Vf = 98‒51 = 47 mL de volume de diluição

Anexo XXVI: Circuitos de distribuição – tabelas

Tabela 1 – Serviços abrangidos pelos Circuitos A, B e C

Circuito A Circuito B Circuito C

Hospital Joaquim

Urbano

Unidade de Farmácia

Oncológica

Bloco Neoclássico

Cuidados Intensivos

(Pyxis)

Centro Materno Infantil

do Norte

Farmácia de Ambulatório

Pedopsiquiatria

Psiquiatria de Ligação

Veículo Médico de

Emergência Médica

Reposição do setor da

Distribuição Individual

Diária

Blocos:

Edifício Luís de

Carvalho

Ortopedia

Va= Vf ‒ V1

Va= 51 ‒ 50 = 1 mL de 5-FU adicional

Vt= Vpreparação + Vr

Vt= 96+2

Vt= 98 mL

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Urgência

Área de Decisão Clínica

de Urgência

Distribuição Clássica

dos serviços em

Distribuição Individual

Diária

Stocks HLS: Unidade de

Cuidados Intensivos

Cardíacos e Sala de Diálise

e Hemodiálise

Nutrição Hemodiálise

Adultos

Bloco Cirurgia de

Ambulatório

ICBAS

Unidade de Cuidados

Intensivos Polivalentes

Hospital de Dia

Polivalente

Serviço de Técnicas

Endoscópicas

Serviço de R/X

Fisioterapia

Consultas:

Edifício Luís de

Carvalho

Edifício Neoclássico

CICA

CICAP

Neurocirurgia

Produtos de Contraste

Radiológicos

Dispensa de Antisséticos

e Desinfetantes para todas

as unidades e serviços

Tabela 2 – Circuitos abrangidos pela distribuição de Antisséticos e Injetáveisd e grande volume

Injetáveis de Grande Volume e Antisséticos e desinfetantes

Centro Materno Infantil do Norte

Hospital Joaquim Urbano

Blocos:

Neoclássico

Luís de Carvalho

Ortopedia

Neurocirurgia

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Centro integrado de cirurgia de Ambulatório

Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes

Unidade de Farmácia Oncológica

Cuidados Intensivos

Hemodiálise

Unidade de Hospital de Dia Polivalente

Urgência Geral

Unidade de Cuidados Intermédios de Urgência

Serviço de Técnicas Cardiológicas

Serviço de Técnicas Endoscópicas

Serviço de R/X

Serviços de Distribuição Individual Diária

Fisioterapia

Consultas

Edifício Luís de Carvalho

Neoclássico

CICAP

AnexoXVII: Pyxis

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Anexo XXVIII: Torre da DIDDU

Anexo XXIX: Células da DIDDU

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Anexo XXX: Supermercado DIDDU

Anexo XXXI: Requisição De Material De Penso

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Anexo XXXII: Requisição de estupefacientes

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Anexo XXXIII: Caso prático

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Trata-se de um doente da Unidade de Transplante Hepático, mas não temos acesso à

data da intervenção, pelo que partimos do princípio que todo o tratamento terá sido

corretamente prescrito, de acordo com as indicações, e todos os medicamentos com contra-

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indicações para problemas hepáticos já estarão a ser metabolizados pelo fígado transplantado,

nomeadamente, o paracetamol, o carvedilol, o lorazepam, a buprenorfina, o pantoprazol, a

domperidona, o tacrolimus e a metoclopramida.

Uma das interações que encontramos foi entre o paracetamol e a metoclopramida e a

domperidona, uma vez que estes fármacos, por provocarem o esvaziamento gástrico,

aumentam a absorção do paracetamol, antecipando o seu início de ação. No entanto, não

achamos relevante uma vez que tanto o paracetamol como a metoclopramida estão prescritos

em SOS. De referir que a metoclopramida aumenta o efeito dos analgésicos orais e de

depressores do SNC de um modo geral.

Outra questão a ser apontada é a dose do micofenolato de mofetil: segundo o RCM,

deverá ser de 1,5g, duas vezes por dia, para transplantes hepáticos. No entanto, e não sabendo

ao certo quando foi o transplante, sabemos que esta dose poderá ter vindo a ser diminuída ao

longo do tempo e devidamente adaptada à condição do doente, segundo as análises periódicas

que devem ser realizadas. Note-se que o uso de prednisolona, entretanto alterada, com início

duas semanas antes do micofenolato de mofetil faz prever que o transplante tenha sido já há

bastante tempo, uma vez que esta associação se usa como profilaxia da rejeição de transplante

hepático e o micofenolato de mofetil deve ser iniciado 4 dias após o transplante. De referir

também a interação entre o micofenolato e o tacrolimus, cuja biodisponibilidade aumenta em

20% quando a dose 1,5g duas vezes por dia é praticada. O tacrolímus, por sua vez, interage com

a metoclopramida.

A bruprenorfina terá sido entretanto descontinuada e o tramadol está prescrito em SOS,

o que achamos razoável, uma vez que, por um lado, a brupernorfina só deverá ser usada quando

não há resposta a outros opióides, para a dor intensa, devendo ser descontinuada rapidamente

e, por outro, a sua administração concomitante não é aconselhável porque o efeito analgésico

de um agonista puro, o tramadol, poderá ser teoricamente reduzido. Notamos também a

prescrição de gabapentina, indicada para a dor neuropática periférica; poderia ser para crises

epiléticas, que desconhecemos se é o caso, apesar do facto da data de prescrição ser bastante

posterior à admissão nos leve a crer que não.

Notamos duas particularidades em relação a dosagens: o pantoprazol e a enoxaparina.

O pantoprazol está prescrito com 40mg diários, o que nos leva a crer que o doente terá tido

problemas recidivos de estômago, dado que a dose recomendada, por norma, é de 20mg. A

enoxaparina, por sua vez, está prescrita a 60mg, duas vezes por dia, uma dose bastante elevada

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relativamente ao recomendado para profilaxia da doença tromboembólica em doentes

cirúrgicos, que achamos ser o caso (em que são recomendados 20mg – 40mg diários); não

obstante, a dose prescrita é concordante com o RCM, com a salvaguarda de que o tratamento

é geralmente prescrito por um período médio de 7 a 10 dias, podendo prolongar-se enquanto

existir o risco e até o doente passar a regime ambulatório, no caso de tromboembolismo venoso.

Notamos, na prescrição do Valganciclovir, indicado na prevenção da infeção por

citomegalovirus, que a dose a ser atualmente administrada é de 450mg diários, enquanto as

recomendações sugerem, para transplantes hepáticos, 900mg uma vez por dia, de 10 a 100 após

o transplante e até 100 dias. Todavia, e sabendo que, em conjunto com o micofenolato de

mofetil, a tendência à neutropenia e leucopenia está aumentada, compreendemos que a dose

poderá ter sido ajustada, devido às análises que devem ser periodicamente realizadas.

Outro risco associado à medicação é o de hipocaliemia, pela administração simultânea

do sene com a prednisolona, já devidamente corrigido pela administração de cloreto de

potássio, que deve ser administrado com monitorização plasmática.

Podemos deduzir que o paciente começou a ter dificuldades respiratórias devido ao

início de administração de salbutamol quase um mês após a admissão, indiciando que não se

tratava de medicação habitual. Mais ainda, partimos do princípio que o doente seria fumador,

pela prescrição de nicotina sob a forma transdérmica, habitualmente destinada ao alívio de

sintomas de privação

Nome da SA Necessário? Adequado? Posologia? Condições? PRM

Paracetamol --

Prednisolona --

Carvedilol --

Micofenolato de mofetil X 2

Lorazepam --

Buprenorfina --

Pantoprazol --

Valganciclovir --

Metoclopramida X 2

Tramadol --

Gabapentina --

Sene --

Domperidona --

Tacrolimus X 2

Cloreto de potássio --

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Enoxaparina --

Salbutamol --

Nicotina --

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Anexo XXXIV: Pharmapick®

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Anexo XXXV: CAUL

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Anexo XXXVI: Sala de espera da UFA

Anexo XXXVII: Zona de atendimento da UFA

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Anexo XXXVIII: Gabinete de atendimento privado

Anexo XXXIX: Zona de Armazenamento de fármacos

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Anexo XL: Gavetas de arrumação de fármacos

Anexo XLI: Zona de arrumação de medicamentos para Hepatite C

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Anexo XLII: Armário de nutrição parentérica

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Anexo XLIII: Lista de localização dos medicamentos da UFA

Anexo XLIV: Prescrições em papel da UFA

Anexo XLV: Folhetos informativos

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Anexo XLVI: Contentor de inceneração

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Anexo XLVII: Unidade de Ensaios Clínicos (UEC)

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Anexo XLVIII: Formações

Carcinoma do ovário: Bevacizumab no tratamento da doença avançada

Formação proporcionada pela farmacêutica Roche sobre a aplicação do anticorpo

monoclonal (Bevacizumab) no tratamento de doença recorrente, persistente ou metastizada

com associação de quimioterapia. Dados clínicos apontam para um aumento da expressão de

VEGF, comum nesta patologia, que estimula a angiogénese. Assim, o anticorpo monoclonal

liga-se ao VEGF e inibe a angiogénese, levando à regressão da vasculatura existente e inibição

do crescimento de novos vasos.

Doenças raras & Medicamentos Órfãos

Formação proporcionada pela farmacêutica Alexion. Classificam-se como doença raras as

patologias que afetam menos 65 pessoas em cada 100 mil. A hemoglobinúria paroxística

noturna e a síndrome hemolítico urémico atípico são exemplos de doenças raras, de difícil

diagnóstico e tratamento.

Mieloma Múltiplo: Daratumumab

Formação proporcionada pela farmacêutica Janssen sobre a aplicação do daratumumab no

tratamento de pacientes com mieloma múltiplo. Atualmente surgem cerca de 500 novos

casos por ano, em Portugal. O alvo do anticorpo é o recetor CD38, que está sobrexpresso nas

células neoplásicas. Este fármaco encontra-se aprovado em fase II em monoterapia pela EMA

e FDA.

Deferasirox e Eltrombopag

Formação proporcionada pela farmacêutica Novartis sobre a aplicação destes fármacos na

área hematológica. O deferasirox é um quelante de iões, usado na sobrecarga de ferro. O

eltrombopag é um agonista da trombopoetina endógena, útil no tratamento da anemia

aplásica grave, como 2ª linha.

Visita de Iniciação de Ensaio Clínico Ultragenyx

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A Mucopolisacaridose (MPS) é uma doença rara hereditária que se caracteriza pela deficiência

de enzimas lisossomais que conduz à acumulação celular de glicosaminoglicanos (GAGS).

Existem 11 fenótipos caracterizados pelas suas manifestações multisistemáticas e

progressivas, que poderão ser enquadrados nos seguintes grupos consoante a sua natureza e

severidade:

Grupo “visceral”- MPS I, II, VI, VII- caracterizam-se por hepatoesplenomegalia,

doenças cardíacas, obstruções das vias aéreas, perda de cabelo, entre outras;

Grupo “neurodegenerativo”- MPS IIIA, B, C- declínio cognitivo, perturbações do

comportamento, hiperatividade;

Grupo “Esquelético” – MPS IV – baixa estatura, displasia esquelética;

Fisiopatologia:

A patologia caracteriza-se por uma acumulação excessiva de GAGs nos lisossomas, resposta

inflamatória exacerbada e upregulated protéases e indução de apoptose. Apenas 4 subtipos

de MPS possuem terapêutica aprovada. O seguinte ensaio destina-se à descoberta de

terapêutica para a MP VII.

A MP VII (Síndrome Sly) é causada por uma deficiência da enzima beta-glucoronidase

lisossomal (GUS), que leva acumulação celular de GAGs, condroítina 6 e dermatan sulfato. O

fármaco em estudo rhGUS é uma proteína recombinante tetramérica, membro da família de

enzimas lisossomais hidrolíticas que catalisam os hidratos de carbono complexos. Os dados

clínicos dos ensaios de Fase I e Fase II demonstram a redução substancial do acumulo de GAGs

e do tamanho do fígado.

O ensaio clínico é de fase 3, multicêntrico e multinacional, cujos principais objetivos são

avaliar a longo prazo a segurança do ME em indivíduos com MP VII, bem como avaliar a

eficácia a longo prazo do ME na redução de GAGs no substrato urinário nos mesmos doentes.

Dia Nacional de luta contra a paramiloidose

Sessão de palestras organizadas pela Unidade Corino de Andrade- Departamento de

Neurociências do Hospital de Santo António, a propósito da comemoração dos 75 anos da

descoberta da paramiloidose em Portugal e no Hospital de Santo António. A polineuropatia

amilóidica familiar caracteriza-se por uma mutação no gene da transtirretina.

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Apresentação de bolsas de investigação

Assistência a apresentações de bolseiros de investigação sobre a aplicação dos dispositivos

médicos nos ensaios clínicos e a aplicação de técnicas de diagnóstico na paramiloidose.

Vista de Início do estudo

Rituximab para a nefrite lúpica tem como meta a remissão: estudo multicêntrico aleatório,

aberto, da iniciativa do investigador.

Formação Janssen

Formação proporcionada pela farmacêutica Janssen. Importância do farmacêutico na adesão

à quimioterapia oral.

Formação Hemofilia

Formação proporcionada pela Baxalta. Formação sobre hemofilia e seu tratamento.