fatores que contribuem para o desenvolvimento da pneumonia...
TRANSCRIPT
UCB – UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL
PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU EM ENFERMAGEM EM UTI
EMILLY COSTA MIRANDA
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O DESENVOLVIMENTO DA PNEUMONIA NOSOCOMIAL EM PACIENTES SOB VENTILAÇÃO
MECÂNICA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
SALVADOR 2011
EMILLY COSTA MIRANDA
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O DESENVOLVIMENTO DA
PNEUMONIA NOSOCOMIAL EM PACIENTES SOB VENTILAÇÃO MECÂNICA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Monografia apresentado à Universidade Castelo Branco – Atualiza Associação Cultural, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Enfermagem em UTI, sob orientação do Professor Fernando Reis do Espírito Santo.
SALVADOR
2011
FOLHA DE APROVAÇÃO
EMILLY COSTA MIRANDA
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O DESENVOLVIMENTO DA PNEUMONIA NOSOCOMIAL EM PACIENTES SOB VENTILAÇÃO
MECÂNICA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Especialista em Enfermagem em UTI pela Atualiza Associação Cultural.
CONCEITO:___________________
APROVADO EM: ____/_________________/____
Examinador(5S):
Nome: ______________________________________________________________
Titulação: ___________________________________________________________
Nome: ______________________________________________________________
Titulação: ___________________________________________________________
Nome: ______________________________________________________________
Titulação: ___________________________________________________________
Este trabalho é dedicado a minha família, fonte fecunda de amor e proteção que me impulsiona a seguir
sempre em frente.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente e imensamente à Deus, Meu Pai Maior e Divina Luz, que com certeza esteve presente ao meu lado iluminando meu caminho quando este me parecia sombrio, organizando minhas idéias quando minha mente não mais conseguia raciocinar e dando-me forças quando meu corpo pedia para descansar;
Aos meus pais pelo amor, incentivo e pelos pensamentos positivos de que tudo iria transcorrer de uma forma rápida e correta;
Aos mestres e professores pela troca de experiências e ensinamentos transmitidos;
A equipe multiprofissional por ter compartilhado os seus conhecimentos para o desenvolvimento deste trabalho;
A Coordenação do curso e aos funcionários da Atualiza pela disponibilidade e solicitude;
Enfim, a todos aqueles que direta e indiretamente contribuíram efetivamente para a conclusão deste trabalho monográfico.
“Só existem dois dias em que nada pode ser feito: um se chama ontem, outro se chama amanhã. Feliz hoje!” (DALAI LAMA)
RESUMO
A pneumonia nosocomial, infecção do parênquima pulmonar causada por um agente microbiano, é muito comum em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e submetidos à intubação orotraqueal e à ventilação mecânica (VM). São vários os fatores que propiciam o surgimento desta infecção em pacientes sob ventilação mecânica. Este estudo tem como objetivo identificar os fatores que contribuem para o desenvolvimento da pneumonia nosocomial em pacientes sob ventilação mecânica em uma Unidade de Terapia Intensiva e as formas de prevenção desta patologia.Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, cuja amostra foi constituída por 9 profissionais da equipe interdisciplinar (enfermeiros, médicos e fisioterapeutas). O instrumento de coleta utilizado foi um formulário não-estruturado, aplicado aos sujeitos da pesquisa, pela própria pesquisadora. Através desta pesquisa foi possível identificar que a higiene oral precária, a falta de lavagem das mãos, aspiração de secreção contaminada, aspiração traqueal sem técnica asséptica, entre outros, são fatores que contribuem para o surgimento da pneumonia associada à ventilação mecânica. Pode-se identificar também as várias formas de prevenção desta infecção, entre elas: manter cabeceira elevada, realizar higienização das mãos, higiene oral adequada e aspiração com técnicas assépticas, evitar reintubações e aspiração de secreção contaminada.
Palavras-chave: Pneumonia Nosocomial. Ventilação Mecânica. Unidade de Terapia Intensiva.
ABSTRACT
Nosocomial pneumonia, infection of the lung parenchyma caused by a microbial
agent, is very common in patients admitted to the Intensive Care Unit (ICU) and
underwent endotracheal intubation and mechanical ventilation (MV). There are
several factors that favor the emergence of this infection in patients on mechanical
ventilation. This study aims to identify the factors that contribute to the development
of nosocomial pneumonia in mechanically ventilated patients in an intensive care unit
and ways of prevention of this disease. This is a descriptive study with a qualitative
approach, whose sample consisted of nine interdisciplinary team of professionals
(nurses, doctors and physiotherapists). The instrument used was an unstructured
form, applied to the research subjects by the researcher. Through this research it
was found that poor oral hygiene, lack of handwashing, secretion aspiration
contaminated tracheal aspiration without aseptic technique, among others, are
factors that contribute to the onset of ventilator-associated pneumonia. You can also
identify the various ways to prevent infections, including: maintaining a high head,
perform hand hygiene, proper oral hygiene and aspiration with aseptic techniques to
avoid reintubations and aspiration of secretions contaminated.
Keywords: Pneumonia Noscomial. Mechanical Ventilation. Intensive Care Unit.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Pneumonia Nosocomial
2.2 Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica
2.3 Unidade de Terapia Intensiva
3. METODOLOGIA
3.1 Tipo de pesquisa
3.2 Local de pesquisa
3.3 Sujeitos da pesquisa
3.4 Instrumento de coleta de dados
3.5 Aspectos éticos
3.6 Apresentação e discussão dos dados
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
APÊNDICE A
APÊNDICE B
APÊNDICE C
09
12
12
14
20
23
23
23
23
24
24
24
27
28
32
33
34
1. INTRODUÇÃO
Apresentação do objeto de estudo
Promover a qualidade de vida em um ambiente de terapia intensiva é uma questão
muito difícil, pois num momento tão crítico a preocupação principal é a luta contra a
morte, lançando mão de todos os procedimentos invasivos necessários. A intubação
orotraqueal e a ventilação mecânica são muito utilizados em Unidade de Terapia
Intensiva, sendo estes fatores associado ao desenvolvimento da pneumonia
nosocomial.
Segundo Vilela et al (2005), a intubação orotraqueal é um dos procedimentos
invasivos que reduz a eficácia das defesas nasais e pulmonares, ou seja, destrói a
barreira natural entre a orofaringe e traquéia, eliminando o reflexo da tosse e
promovendo o acúmulo de secreções contaminadas acima do cuff, facilitando a
colonização da árvore traqueobrônquica e a aspiração de secreções contaminadas
para vias aéreas inferiores, sendo assim os pacientes intubados e criticamente
doentes, tem um grande risco de desenvolver pneumonia nosocomial.
“[...]. É um método de substituição de função vital, sendo útil como um auxílio ao
tratamento de algumas doenças. Também apresenta uma série de complicações,
sendo a principal a infecção respiratória” (WIKIPÉDIA, 2010).
Segundo Silva (2004), a pneumonia nosocomial é uma infecção que se adquire no
hospital e que se desenvolve no parênquima pulmonar, onde há comprometimento
de bronquíolos respiratórios e alvéolos que são preenchidos por exsudato
inflamatório prejudicando as trocas gasosas.
A pneumonia associada à ventilação mecânica é aquela que se desenvolve após
48horas de intubação orotraqueal e ventilação mecânica, onde o paciente não
encontra-se incubado no momento. É uma conseqüência da falta de equilíbrio entre
o agente microbiano e os mecanismos de defesa do indivíduo (HARINGER, 2009).
Justificativa
A justificativa desta pesquisa se caracteriza a partir da minha observação na
unidade na qual trabalho, onde é grande o número de pacientes sob ventilação
mecânica que desenvolvem pneumonia ao longo do internamento, principalmente
após 48horas de intubação.
Problema
Quais os fatores que contribuem para o desenvolvimento da pneumonia nosocomial
em pacientes sob ventilação mecânica em uma Unidade de Terapia Intensiva?
Objetivos
Identificar os fatores que contribuem para o desenvolvimento da pneumonia
nosocomial em pacientes sob ventilação mecânica em uma Unidade de Terapia
Intensiva.
Identificar as formas de prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica.
Corpo do texto
Esta pesquisa consta de dois momentos.
No primeiro momento iremos fazer uma análise sobre Pneumonia Nosocomial que
segundo Freire; Farias; Ramos (2006) é uma “infecção do trato respiratório inferior
que ocorre 48 horas ou mais após a internação no hospital, desde que não esteja
presente ou em incubação na admissão hospitalar” e sobre Pneumonia associada à
ventilação mecânica que segundo Moreira et al (2004) é uma infecção mais comum
em Unidade de Terapia Intensiva.
No segundo momento iremos descrever a metodologia utilizada para o
desenvolvimento desta pesquisa (tipo de pesquisa, local da pesquisa, sujeitos da
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Pneumonia nosocomial
“A pneumonia é uma inflamação do parênquima pulmonar, sendo causada por um
agente microbiano” (SMELTZER; BARE; 2002).
Pneumonia nosocomial é toda infecção do trato respiratório inferior que se
desenvolve durante a internação desde que não esteja presente ou em incubação
no momento da admissão do paciente (SILVA, 2004).
Segundo Lopes; López (2009), pneumonia nosocomial é a resposta inflamatória que
ocorre devido penetração e multiplicação descontrolada de microorganismos no trato
respiratório inferior. “É mais comum em pacientes internados em UTI, sendo a
ventilação mecânica um fator fortemente associado ao seu desenvolvimento”.
A pneumonia nosocomial é uma infecção adquirida em uma unidade hospitalar que
ocorre no parênquima pulmonar atingindo bronquíolos respiratórios e alvéolos. Esta
pode ser causada por qualquer agente infeccioso como fungos, parasitas, bactérias
ou vírus e é considerada a principal causa de morte em pacientes hospitalizados
(LIMA et al, 2007).
Segundo Lima et al (2007), pneumonia nosocomial é uma patologia dinâmica que se
desenvolve após 48 a 72horas de hospitalização, “e que não foi causado por germes
previamente incubados”.
Para que a pneumonia nosocomial se desenvolva é necessário que patógenos
alcancem o trato respiratório inferior e sejam capazes de vencer os mecanismos de
defesa do sistema respiratório, que incluem os mecânicos, humorais e celulares
(AMARAL; CORTÊS; PIRES, 2009).
Segundo Brum (2004), a pneumonia nosocomial é a infecção mais temida e mais
freqüente em Unidade de Terapia Intensiva.
Pneumonia nosocomial é a segunda maior causa de infecção hospitalar adquirida e maior contribuidor de morbidade, mortalidade e despesa
hospitalar nos EUA, e os maiores índices de mortalidade estão associados com os pacientes que foram submetidos à intubação orotraqueal e ventilação mecânica (SILVA, 2004).
O risco de desenvolver pneumonia nosocomial é 10 a 20vezes maior nas Unidades
de Terapia Intensiva [...]. Os principais responsáveis por esta infecção são os
agentes bacterianos [...] (SILVA, 2004).
A pneumonia corresponde 13-18% de todas as infecções hospitalares, porém é a
principal causa de morte entre as infecções nosocomiais [...]. A freqüência desta
patologia em UTI‟s varia de 21 a 70% (VILELA et al, 2005-2006).
Segundo Silva (2004), além da aspiração do conteúdo orofaringe, os
microorganismos podem invadir o trato respiratório inferior através de disseminação
hemotagênica, da inoculação bacteriana direta (através da intubação, por exemplo)
ou da extensão de um foco contíguo ao pulmão.
A inalação de aerossóis infectados, aspiração do conteúdo da orofaringe,
disseminação da infecção através de áreas contíguas e disseminação hematogênica
através de áreas infecciosas extrapulmonares são as quatro possíveis vias nos
quais os microorganismos podem contaminar o trato respiratório inferior
desencadeando assim uma pneumonia (OLIVEIRA et al, 2007).
Segundo Lima et al (2007), “a pneumonia geralmente inicia-se a partir da inalação
de microorganismos pra o interior dos pulmões”.
A sonda nasogástrica pode predispor a pneumonia nosocomial por causa do
aumento do refluxo, da presença de um conduto permitindo a migração bacteriana e
do aumento da estase na orofaringe (SILVA, 2004).
Segundo Amaral; Cortês; Pires (2009), a higiene oral precária contribui para o
aumento do biofilme e favorece a colonização oral por patógenos respiratórios,
contribuindo para o desenvolvimento da pneumonia nosocomial.
Segundo Vilela et al (2005-2006), idade avançada, perda de consciência, aspiração,
queimadura, reflexos da via aérea comprometidos, injúria, carência nutricional,
DPOC e imunodeficiência são os principais fatores de risco para o desenvolvimento
da pneumonia nosocomial.
As bactérias que causam pneumonia nosocomial podem ser provenientes do
biofilme bucal que é consequência de uma higiene inadequada. A cavidade bucal
pode ser um importante reservatório para patógenos associados à pneumonia
hospital (OLIVEIRA et al, 2007).
Segundo Mehta; Niederman (2003) apud Vilela et al (2005-2006), antibioticoterapia,
desnutrição, cirurgias gerais, tabagismo e terapias que aumentam o pH do estômago
são procedimentos que comprometem a integridade do sistema respiratório e atuam
como fatores de risco para a colonização do trato respiratório superior e
principalmente inferior contribuindo para o desenvolvimento da pneumonia.
As bactérias causadoras de pneumonia nosocomial podem surgir da própria flora
endógena do paciente, de outros pacientes e aparelhos hospitalares. A principal rota
de entrada de bactérias no trato respiratório inferior é a aspiração (CRAVEN;
STEGER; LAFORCE; 1998 apud Vilela et al, 2005-2006).
Dor torácica, tosse produtiva, calafrios, dificuldade respiratória e febre, são os
sintomas mais freqüentes da pneumonia (LIMA et al, 2007).
Segundo Silva (2004), o aparecimento de infiltrado pulmonar novo ou progressivo,
leucocitose, febre, presença de secreção traqueobrônquica são os critérios clínicos
mais utilizados para diagnosticar pneumonia nosocomial, sendo que a presença de
apenas três critérios permite o diagnóstico.
A fisioterapia e a antibioticoterapia associada à ingestão de líquidos para fluidificar a
secreção e manter o controle hídrico farão com que os pacientes tenham uma
melhora importante do quadro, podendo, respectivamente evolui com cura da
pneumonia (SILVA, 2004).
2.2 Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM / PAV)
“A pneumonia associada à ventilação mecânica é uma síndrome infecciosa
freqüente, de grave evolução, com prognóstico reservado nas unidades de pacientes
críticos” (HARINGER, 2009).
Segundo Beraldo; Andrade (2008), PAVM é uma infecção pulmonar que se origina
48horas a partir do início da ventilação mecânica, porém é considerado também até
48horas após a extubação.
Segundo Zeitoun et al (2001), pneumonia associada a ventilação mecânica é uma
resposta inflamatória do hospedeiro a multiplicação descontrolada de
microorganismos invadindo as vias aéreas distais.
A pneumonia associada ao ventilador (VAP) pode ser considerada precoce, quando
acontece e é diagnosticada nos primeiros 4 dias de ventilação ou tardia, quando
ocorre após 5 dias de intubação e ventilação mecânica (LIMA et al, 2007).
Segundo Braz; Castiglia (2000), a VAP é considerada de início precoce quando
ocorre entre 48-72horas após instalação da ventilação artificial e após 72horas é
considerada de início tardio.
A colonização bacteriana do trato aerodigestivo e a aspiração de secreções
contaminadas para as pequenas vias aéreas, são dois processos que contribuem
para a instalação da pneumonia associada à ventilação mecânica (BRAZ;
CATIGLIA, 2000).
A pneumonia associada à ventilação mecânica é conseqüência da falta de equilíbrio
entre o agente microbiano e os mecanismos de defesa do indivíduo. Os pacientes
intubados perdem a barreira natural entre a traquéia e a orofaríngea (LIMA et al,
2007).
Segundo Vilela et al (2005-2006), a intubação é um procedimento invasivo que
permite que bactérias ultrapassem as defesas das vias aéreas superiores
alcançando as vias aéreas inferiores predispondo, desta forma, a pneumonia.
Os pacientes submetidos à ventilação mecânica são os que estão em maior risco de
adquirir pneumonia hospitalar, “nestes casos denominada Pneumonia do Ventilador
ou Pneumonia Associada à Ventilação”, uma vez que as suas linhas de defesa
contra infecção estão alteradas (BRUM, 2004).
Segundo Rodrigues et al (2009), os casos de PAVM são definidos pela presença de infiltrado radiográfico novo ou progressivo associado à febre (>38ºC) ou à alteração no leucograma (> 12.000 ou < 4.000 células/mm
3) e
pelo menos um dos seguintes achados: secreção traqueal purulenta, isolamento de um patógeno pulmonar provável em uma amostra do trato respiratório inferior ou relação PaO2/FiO2 < 240.
A incidência da pneumonia nosocomial é de 7 a 21 vezes maior nos pacientes
intubados, 86% dos casos estão associados à ventilação mecânica (LOPES;
LÓPEZ, 2009).
Segundo Haringer (2009), as PAV ocorrem em 9-27% de todos os pacientes
intubados, e que 90% das pneumonias ocorrem durante a ventilação mecânica.
“A PAVM apresenta um risco para sua ocorrência de 1 a 3% a cada dia de
permanência em VM” (LIMA et al, 2007).
A pneumonia associada à ventilação mecânica é a infecção hospitalar que mais
acomete pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva, sendo que o risco
de ocorrência é de 1% a 3% para cada dia de permanência em ventilação mecânica
(Teixeira et al, 2004).
Segundo Porzecanski; Bowton (2006) apud Lopes; López (2009), cerca de 10 à 20%
dos pacientes ventilados mecanicamente por mais de 48horas desenvolverão
pneumonia associada à ventilação mecânica.
“Os microorganismos responsáveis pela pneumonia associada ao ventilador (VAP),
podem diferir de acordo com a população de pacientes na UTI, sua duração no
hospital e os critérios diagnósticos” (TEIXEIRA et al, 2004).
Segundo Amaral; Cortês; Pires (2009), o tubo orotraqueal proporciona uma
superfície inerte na qual as bactérias podem aderir, colonizar e crescer, formando
biofilmes, de onde posteriormente poderão ser broncoaspiradas, bem como a
ventilação mecânica pode levar o paciente a um risco de microaspirações de
patógenos para o trato respiratório inferior, contribuindo para o desenvolvimento da
PAVM.
Durante a intubação, microorganismos, presentes nas vias aéreas superiores,
podem ser arrastados para a traquéia. Além disso, algumas bactérias aderem
facilmente ao tubo endotraqueal, tornando-o um autêntico reservatório de
microorganismos que com os movimentos da sonda de aspiração, podem embolizar
para as vias aéreas inferiores e originar “precocemente” PAV (VILELA, 2005-2006).
“A maioria das PAV parece resultar da aspiração de microorganismos colonizantes
da orofaringe”. A resistência a esta colonização depende da flora normal, integridade
anatômica e fisiológica, porém nos doentes hospitalizados estes fatores geralmente
estão comprometidos e por isso sua pele e orofaringe são rapidamente colonizadas,
principalmente nas UTI‟s, onde a utilização de antibióticos é grande deixando muitas
vezes os microorganismos colonizados multirresistentes (BRUM, 2004).
Segundo Lopes; López (2009), a presença de tubos traqueais contribui diretamente para o desenvolvimento da PAVM por reduzir a eficácia dos mecanismos de defesas naturais das vias aéreas superiores e pulmonares, por prejudicarem o reflexo de tosse e permitirem o acesso de
microorganismos ao trato respiratório inferior.
Os ventiladores mecânicos com umidificadores próprios apresentam freqüentemente
elevados níveis de colonização do circuito que podem ser fatores de risco para
pneumonia em pacientes intubados (TEIXEIRA et al, 2004).
Segundo Silva (2004), como os maiores níveis de colonização ficam próximos do
tubo endotraqueal e o condensado do circuito pode conter de 2x10 bactérias por ml,
uma simples mobilização do paciente ou a suspensão da grade de proteção pode,
acidentalmente, levar a inoculação do condensado contaminado diretamente na
árvore traqueobrônquica, predispondo a pneumonia.
A aspiração das bactérias primariamente da orofaríngea e algumas vezes de refluxo
gástrico, como também o extravasamento de secreções que se acumulam ao redor
do „cuff‟ do tubo endotraqueal para o interior do trato respiratório inferior, associado
com o trauma local e inflamação traqueal, contribuem para o desenvolvimento da
pneumonia (ZEITOUN et al, 2001).
Segundo Braz; Catiglia (2000), o tubo traqueal facilita a colonização bacteriana da
arvore traqueobrônquica, o acumulo de secreções contaminadas acima do seu
balonete e, como elimina o auxilio da tosse, a aspiração para as pequenas vias
aéreas de secreção contaminada de lesão da mucosa.
O “cuf” do tubo endotraqueal não impedi a passagem de bactérias para o trato
respiratório inferior, além disso, pode causar traumas que favorecem a colonização
bacteriana, diminui o clearance mucociliar e reflexo da tosse (NAFZIGER; WIBLIN,
2003 apud VILELA et al, 2005-2006).
Segundo Lima et al (2007), a aspiração do conteúdo orofaríngeo; transmissão de
uma pessoa para a outra; contaminação do equipamento respiratória e a
disseminação hematogênica são as quatro vias relacionadas à patogênese da
PAVM.
Segundo Craven et al (1998) apud Zeitoun et al (2001), “a aspiração endotraqueal é
a principal rota de entrada de bactérias no trato respiratório inferior.”
Através da aspiração do conteúdo da orofaringe ou gástrico, os microorganismos
ganham acesso à árvore pulmonar (VILELA et al, 2005-2006).
A aspiração de organismos orofaríngeos, dispersão hematogênica a partir de outro
local de infecção, contaminação dos equipamentos respiratórios ou das mãos dos
profissionais de saúde, fazem parte da fisiopatogenia da PAV (IVO, 2008).
Segundo Lima et al (2007), a severidade da doença de base, o acesso aos
dispositivos de suporte ventilatório (SV), a presença de co-morbidades e a situação
dos cuidados oferecidos aos pacientes são fatores que influenciam os pacientes em
VM a desenvolverem PAV.
Segundo Zeitoun et al (2001), o tempo prolongado à ventilação mecânica (>7dias) é
um dos fatores de risco para o desenvolvimento de pneumonia associado ao
ventilador (PAV).
A incidência e a mortalidade da PAVM estão diretamente relacionadas com: idade maior que 45 anos, uso de corticosteróides, presença de choque, antecedente de doença obstrutiva crônica, imunodepressão, uso prévio de antibiótico e ao tempo de VM superior a nove dias (LIMA et al., 2007).
Segundo Brum (2004), a intubação nasal pode aumentar o risco da PAV, uma vez
que este procedimento pode facilitar a colonização da orofaringe através do
estômago.
A probabilidade de pacientes sob ventilação mecânica de adquirirem pneumonia
aumenta se o circuito de ventilação for trocado com freqüência (TEIXEIRA et al,
2004).
Segundo Beraldo; Andrade (2008), os principais fatores de risco para aquisição da
PAVM são aqueles que favorecem a aspiração de secreções para o trato respiratório
inferior ou refluxo do trato gastrintestinal, a colonização da orofaringe e/ou estômago
e fatores inerentes ao hospedeiro.
A posição supina (0°) quando comparada à posição 30 – 45° predispõe à aspirações
do conteúdo gástrico e ao desenvolvimento da PAVM (LIMA et al, 2007).
O tempo de permanência sob ventilação mecânica e o uso prévio de antibiótico são
fatores de risco independentes para o desenvolvimento da PAVM (RODRIGUES et
al, 2009).
Segundo Silva (2004), [...] A broncoscopia com lavado alveolar ou escovado através
de cateter protegido tem demonstrado vantagens no diagnóstico das pneumonias
nos pacientes em ventilação mecânica [...].
A incidência de PAV de inicio precoce pode ser reduzida através da aspiração
contínua de secreção subglótica com o uso de tubos específicos (HARINGER,
2009).
A PAV é geralmente menos severa e o prognóstico é melhor quando é
diagnosticada de forma precoce (PAV “cedo”) de que quando comparado
tardiamente (PAV “tarde”) (VILELA et al, 2005-2006).
Segundo Beraldo; Andrade (2008), o uso tópico de clorexidina (anti-séptico) na
higiene bucal dos pacientes ventilados mecanicamente parece reduzir a colonização
da cavidade bucal, podendo diminuir a incidência da PAVM.
Aumentar a consciência da equipe quanto à higiene das mãos são as maiores
medidas para a prevenção da PAVM, pois através das mãos contaminadas da
equipe de saúde microorganismos podem sem transmitidos de um dispositivo
invasivo para outro (LIMA et al, 2007).
Segundo Braz; Catiglia (2000), utilizar programa formal de controle da infecção,
higienizar mãos entre contatos com pacientes, evitar reintubacões desnecessárias,
evitar distensão gástrica, realizar drenagem do condensado dos circuitos do
ventilador, manter sempre pressão adequada do balonete, aspirar continuamente a
região subglótica devido acúmulo de secreção acima do balonete, remover sonda
nasogastrica e tubo traqueal assim que possível, nutrição adequada, são medidas
preventivas da pneumonia associada a ventilação mecânica.
A higienização das mãos, a aspiração quando necessário e não como rotina, a
técnica asséptica na manipulação dos circuitos respiratórios e a eliminação dos
líquidos presentes nos condensados, são algumas medidas que devem ser
cumpridas para evitar o desenvolvimento da PAV (IVO, 2008).
Segundo Haringer (2009), descartar condensados do circuito para não refluir para o
paciente com a utilização de luvas, usar fluido estéril para nebulizadores, realizar
antissepsia das mãos, promover a educação de profissionais e o envolvimento
multidisciplinar no controle de infecções são algumas recomendações para
prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica.
2.3 Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
A UTI tem suas origens nas unidades de recuperação pós-anestésica (URPA), onde
os clientes que eram submetidos à procedimentos anestésico-cirúrgicos tinham suas
funções vitais (respiratória, circulatória e neurológica) monitorizadas, sendo
utilizadas medidas de suporte quando necessário até o término dos efeitos residuais
dos anestésicos (WIKIPÉDIA, 2010).
Segundo Wikipédia (2010), a Unidade de Terapia Intensiva surgiu da necessidade
de oferecer suporte avançado de vida a clientes agudamente doentes e que
possuam chances de sobreviver, destina-se a internação de pacientes com potencial
de gravidade e com instabilidade clínica.
UTI é um setor do hospital voltado para o atendimento de doentes em estado grave
e onde tem uma equipe multidisciplinar que dá assistência a estes pacientes nas
24horas do dia, sob as melhores condições possíveis: centralização de esforços e
coordenação de atividades. Além disso, pode ser utilizado como local de
recuperação pós-operatória e para observação de doentes que necessitam de
cuidados contínuos (GOMES, 2008).
Segundo Orlando (2002), é um ambiente hospitalar de elevada tensão, voltada para
o atendimento de pacientes com efetivo ou potencial comprometimento de funções
vitais. Local onde os resultados das atividades desenvolvidas dependem
sensivelmente do relacionamento entre os membros da equipe e da colaboração
interdisciplinar.
A UTI é uma unidade hospitalar com infra-estrutura especializada, que dispõe de
assistência médica e de enfermagem ininterruptas, recursos humanos qualificados,
acesso a tecnologias diagnósticas e terapêuticas sofisticadas e equipamentos
específicos (INOUE; MATSUDA, 2009).
A UTI é um setor do hospital onde a equipe multiprofissional convive com fatores
geradores de estresse, como: a escassez de recursos materiais (leitos e
equipamentos) e de recursos humanos, a dificuldade de aceitação da morte e a
tomada de decisões conflitantes. Essas situações criam uma tensão entre os
profissionais, que acaba influenciando de forma negativa na qualidade da
assistência oferecida ao paciente (LEITE; VILA, 2005).
Segundo Gomes (2008), é uma área hospitalar destinada a pacientes em estado
crítico, que necessitam de cuidados altamente complexos. A observação e
manutenção das funções básicas de vida desses pacientes são as finalidades da
Unidade de Terapia Intensiva, que são atingidas através de um atendimento em
tempo hábil.
UTI é o ambiente mais estressante do hospital e que as profissionais atuantes nessa
área são pessoas com elevado nível de ansiedade e de estresse, em virtude da
gravidade dos pacientes, da sobrecarga de atividades e do contato direto e
freqüente com situações de risco (NOGACZ; SOUSA, 2004).
Segundo Inoue; Matsuda (2009), é uma unidade hospitalar que tem elevada carga
de trabalho, pois está destinada a pacientes sujeitos às constantes alterações
hemodinâmicas e iminente risco de morte e que necessitam de cuidados complexos,
tomada de decisões imediatas e atenção ininterrupta.
A Unidade de Terapia Intensiva é uma área hospitalar que envolve o cuidado de
pacientes com risco de vida e com doenças graves, e onde a equipe deve
permanecer atenta às manifestações precoces das disfunções orgânicas, das
interações de drogas, das complicações da terapia e de outros dados que possam
alertar quanto a uma eventual piora do paciente (BONGARD; SUE, 2005).
A Unidade de Terapia Intensiva pode ser calssificada de acordo com a idade dos
pacientes, como: neonatal (pacientes de 0 a 28 dias), pediátrica (pacientes de 28
dias a 14 ou 18 anos conforme as rotinas hospitalares internas) e adulto (pacientes
maiores de 14 ou 18anos conforme as rotinas hospitalares internas) (SOTIBA,
2005).
Segundo Leite; Vila (2005), os serviços de terapia intensiva ocupam áreas hospitalares destinadas ao atendimento de pacientes críticos que necessitem de cuidados complexos e especializados. Esses serviços têm como objetivos: concentrar recursos humanos e materiais para o atendimento de pacientes graves que exigem assistência permanente, além da utilização de recursos tecnológicos apropriados para a observação e monitorização contínua das condições vitais do paciente e para a intervenção em situações de descompensações.
Na prática diária, a assistência oferecida aos pacientes na UTI abrange:
monitorização da PIC; acesso ao sistema ventricular do SNC; acesso e manutenção
das vias aéreas; monitorização invasiva de PVC, PAM, PAPO, transporte e consumo
de O2; acesso e manutenção da ventilação prolongada; acesso venoso e arterial,
periférico e central, dentre outros (ORLANDO, 2002).
3. METODOLOGIA
3.1 Tipo de pesquisa
A presente pesquisa trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa
que buscou identificar os fatores que contribuem para o desenvolvimento da
pneumonia nosocomial em pacientes sob ventilação mecânica. Segundo Oliveira
(1999) a abordagem qualitativa permite ao pesquisador relatar de forma minuciosa o
que os diferentes autores e especialistas escrevem sobre o assunto e, a partir daí,
estabelecer uma série de correlações, para ao final, se chegar a uma conclusão.
“Os estudos descritivos dão margem a explicação das relações de causa e efeito
dos fenômenos, ou seja, analisam o papel das variáveis que, de certa maneira,
influenciam ou causam o aparecimento dos fenômenos” (OLIVEIRA, 1999, p. 114).
3.2 Local da pesquisa
Esta pesquisa teve como local de estudo o COT, centro integrado de assistência à
saúde que oferece atendimento médico em diversas especialidades, além de contar
com recursos avançados para auxílio ao diagnóstico, laboratório e por imagem. Está
localizado na Rua João das Botas, 28 – Canela. Tem a missão de prestar serviços
de Ortopedia e Traumatologia, com assistência integrada, investindo em formação e
tecnologia para a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do
paciente. Possui UTI (11leitos), Pronto atendimento, Centro cirúrgico (5 salas e 3
leitos de CRPA), Unidades de internação (23 leitos de enfermaria e 25 leitos de
apartamento individual).
3.3 Sujeitos da pesquisa
Participaram como sujeitos 9 profissionais da equipe interdisciplinar (3 enfermeiros,
3 médicos e 3 fisioterapeutas). Esses números foram definidos obedecendo a um
critério de seleção, onde foram estabelecidos a acessibilidade e aceitabilidade.
3.4 Instrumento de coleta de dados
Como instrumento de pesquisa foi utilizado um formulário não-estruturado contendo
5 questões que foram aplicados aos profissionais da equipe interdisciplinar pela
própria pesquisadora e de forma individual, após esclarecimento dos objetivos dessa
pesquisa e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
3.5 Aspectos éticos
Quanto aos aspectos éticos foram preservadas as identidades dos profissionais da
equipe inetrdisciplinar, sendo assegurado pelo pesquisador a confidencialidade,
privacidade e proteção da imagem, garantia de não utilização das informações em
prejuízo das pessoas, podendo os profissionais se recusarem a participar em
qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma.
3.6 Apresentação e discussão dos dados
A análise dos dados foi desenvolvida através de uma leitura exaustiva do material
coletado, destacando-se posteriormente, os principais relatos e depoimentos dos
sujeitos da pesquisa sobre as seguintes categorias: fatores que contribuem para o
desenvolvimento da pneumonia nosocomial em pacientes sob ventilação mecânica,
formas de prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica. Os resultados
estão condensados e apresentados de forma descritiva, através do Microsoft Word.
“Cabeceira baixa, falta de higiene oral e da lavagem das mãos e o acúmulo de
secreções acima do balonete do tubo são fatores que favorecem a pneumonia
associada à ventilação mecânica” (ENFERMEIRA 01).
“[...] o tempo prolongado na ventilação mecânica, aspiração de secreção
contaminada, falta de técnica asséptica ao realizar aspiração traqueal”
(ENFERMEIRA 02).
“Aspiração sem técnica asséptica, acúmulo de secreção acima do balão do tubo,
falta de lavagem das mãos, tudo isso favorece o surgimento da PAVM” (FISIO 02).
“Deixar cabeceira da cama baixa, realizar aspiração traqueal sem antes lavar as
mãos e sem utilizar técnicas assépticas, deixar secreção contaminada no circuito do
respirador são fatores que propiciam o desenvolvimento da PAVM” (FISIO 03).
“A não higienização das mãos, tempo prolongado de ventilação mecânica, aspiração
de secreção que fica acima do balonete, são alguns fatores que contribuem para o
desenvolvimento da PAVM” (MÉDICO 01).
“Aspiração de secreção que fica acima do balonete, uso rotineiro de antibiótico,
tempo prolongado de ventilação mecânica são fatores que favorecem o
desenvolvimento da PAVM” (MÉDICO 02).
“Fatores que contribuem para PAVM: troca freqüente do circuito do respirador,
aspiração sem utilizar de técnicas assépticas, aspiração de secreção contaminada”
(MÉDICO 03).
Desnutrição, posição supina, aspiração do condensado contaminado que fica no
circuito do respirador, antibioticoterapia prévia, aspiração de secreção das vias
aéreas superiores e acumuladas acima do balonete, tempo de internação e de
ventilação mecânica, colonização gástrica, virulência do microorganismo, condições
imunitárias, presença de dispositivos invasivos (sonda nasogástrica, por exemplo),
falta de higienização das mãos são alguns dos fatores que contribuem para o
desenvolvimento da pneumonia associada à ventilação mecânica (DAVID, 2010).
“Manter cabeceira 30-45%, evitar acúmulo de secreção acima do balonete, realizar
lavagem das mãos e utilizar técnicas assépticas ao realizar aspiração são formas de
prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica” (ENFERMEIRA 2).
“Evitar posição supina e troca freqüente do circuito do respirador, bem como realizar
higiene oral com antiséptico evitando placa bacteriana e lavagem das mãos”
(ENFERMEIRA 3).
“Evitar acúmulo de secreção acima do balonete do tubo e aspiração de secreção
contaminada para o trato respiratório inferior, realizar higienização das mãos
rigorosamente e manter cabeceira elevada a PAVM pode ser prevenida” (FISIO 1).
“Lavar as mãos, utilizar técnicas assépticas de aspiração traqueal e evitar aspiração
do condensado contaminado que fica no circuito do respirador e reintubações são
formas preventivas da PAVM” (FISIO 2).
“Realizar aspiração com técnica asséptica, manter cabeceira elevada, evitar
acúmulo de secreção acima do balonete são alguns formas de prevenção da PAVM”
(FISIO 03).
“A pneumonia associada à ventilação mecânica pode ser prevenida através da
lavagem das mãos, do uso criterioso de antibiótico e da aspiração traqueal com
técnicas assépticas, como também evitando acúmulo de secreção sobre o balonete
do tubo e deixando cabeceira elevada, evitando assim refluxo gástrico e uma
possível broncoaspiração” (MÉDICO 1).
“Realizar lavagem das mãos e higiene oral adequada, reduzir o tempo de ventilação
mecânica (acelerar a extubação), evitar aspiração de secreções contaminadas e
desnutrição são formas de prevenção da PAVM” (MÉDICO 2).
Segundo Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2007), manter cabeceira
do leito 30-45%, realizar higienização das mãos e técnicas assépticas de aspiração,
evitar reitunbação e acúmulo de líquido contaminado no circuito do respirador e de
secreção acima do balonete do tubo, reduzir tempo de ventilação mecânica através
de métodos que acelerem a retirada do tubo, como suspensão de sedação e
utilização de protocolos específicos de desmame e extubação e reduzir grau de
colonização do trato respiratório superior e gástrico, são formas de prevenção da
pneumonia associada à ventilação mecânica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através das informações fornecidas pelos profissionais da equipe interdisciplinar da
Clínica Ortopédica e Traumatológica foi possível identificar os fatores que
contribuem para o desenvolvimento da pneumonia nosocomial associada à
ventilação mecânica, bem como as formas de prevenção desta patologia.
Os objetivos deste estudo foram alcançados com facilidade devido à compreensão e
paciência dos profissionais em responder as perguntas, além da rápida liberação
concebida a pesquisadora para coleta de dados. Poucas foram às dificuldades
encontradas para a realização desta pesquisa.
Diante dos relatos dos profissionais conclui-se que a higiene oral precária, a falta de
higienização das mãos, aspiração de secreção contaminada para as vias aéreas
inferiores, acúmulo de secreção acima do balonete do tubo, colonização gástrica,
aspiração traqueal sem técnica asséptica, tempo de permanência na ventilação
mecânica, posição supina, antibioticoterapia prévia, condições imunitárias,
desnutrição, troca freqüente do circuito do respirador são fatores que contribuem
para o desenvolvimento da pneumonia nosocomial associada à ventilação
mecânica, infecção do parênquima pulmonar que desenvolve-se 48-72horas após
início da ventilação mecânica. É muito comum em Unidade de terapia Intensiva.
O estudo possibilitou identificar que a lavagem das mãos rigorosa, a higiene oral
com antiséptico, o uso de técnicas assépticas de aspiração e de antibioticoterapia
criteriosa e adequada, bem como reduzir o tempo de ventilação mecânica e manter
a cabeceira 30-45%, evitar reintubação, o acúmulo de secreção acima do balonete
do tubo e aspiração de secreção contaminada para o trato respiratório inferior são
formas de prevenção da pneumonia nosocomial associada à ventilação mecânica.
Enfim, este estudo permitiu a pesquisadora ampliar seus conhecimentos e expor o
tema pouco divulgado no âmbito acadêmico. Além disso, poderá servir para que as
instituições hospitalares criem protocolos que contribuirão para minimizar e/ou evitar
o desenvolvimento da pneumonia nosocomial associada à ventilação mecânica.
REFERÊNCIAS
AMARAL, S. M.; CORTÊS, A. de Q.; PIRES, F. R. Pneumonia nosocomial: importância do microambiente oral. Jornal Brasileiro de Pneumologia, São Paulo, vol.35, n.11, Nov. 2009. Disponível em: <htt://www.scielo.br>. Acesso em: 12 Out. 2010.
BERALDO, C. C.; ANDRADE, D. de. Higiene bucal com clorexidina na prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica. Jornal Brasileiro de Pneumologia,
São Paulo, vol.34, n.9, p.707-714, Set. 2008. Disponível em: <htt://www.scielo.br>. Acesso em: 05 Out. 2010.
BONGARD, F. S.; SUE, D. Y. Terapia Intensiva: diagnóstico e tratamento. 2. ed.
Porto Alegra: Artmed, 2005.
BRAZ, R. C.; CASTIGLIA, Y. M. M. Temas de anestesiologia para o curso de graduação em medicina. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora UNESP, 2000. Disponível em: <htt://www.editoraunesp.com.br>. Acesso em: 12 Dez. 2009.
BRUM, G. F. Pneumonia nosocomial no doente ventilado. Alguns aspectos da fisiopatologia. Revista Portuguesa de Pneumologia. V. X N°1, 2004. Disponível em: <http://www.sppneumologia.pt/download. php?path...pneumo>. Acesso em: 27 Dez. 2009.
DAVID, C. M. Pneumonia associada à ventilação mecânica: projeto diretrizes da Associação Médica Brasileira. Programa de Atualização em Medicina Intensiva (PROAMI). Artmed/Panamericana Editora LTDA, 2010. Disponível em:
http://www.ebah.com.br. Acesso em: 18 Dez. 2010.
FREIRE, I. L. S.; FARIAS, G. M. de; RAMOS, C. S. Prevenindo pneumonia nosocomial: cuidados da equipe de saúde ao paciente em ventilação mecânica invasiva. Revista Eletrônica de Enfermagem, 2006. Disponível em: <http://www.fen.ufg.br>. Acesso em: 12 Dez. 2010.
GOMES, A. M. Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. 3. ed. atualizada.
São Paulo: E.P.U., 2008.
HARINGER, D. M. de C. Pneumonia associada à ventilação mecânica. Rio de
Janeiro, 2009. Disponível em: <http://www.sopterj.com.br/suplemento/2009_pneumonia/07.pdf>. Acesso em: 03 Jan. 2010.
INOUE, K. C.; MATSUDA, L. M. Dimensionamento da equipe de enfermagem da UTI - adulto de um hospital ensino. Revista Eletrônica de Enfermagem, 2009.
Disponível em: http://www.fen.ufg.br. Acesso em: 12 Fev. 2011.
IVO, P. Pneumomia Nososcomial. Enfermagem: Ciência por Evidência, 2008.
Disponível em: < http://cienciaporevidencia.blogspot.com/2008/10/pneumonia-
nosocomial.htm>. Acesso em: 27 Dez. 2009.
LEITE, M. A.; VILA, V. da S. C. Dificuldades vivenciadas pela equipe multiprofissional na Unidade de Terapia Intensiva. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v.13, n.2, Ribeirão Preto, Mar./Abr. 2005. Disponível em:
<http//www.scielo.br>. Acesso em: 02 Fev. 2011.
LIMA, F. M. R. et al. Pneumonia associada à ventilação mecânica: aspectos gerais. Fisioweb Wgate. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: <http//www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/respiratoria/ventilacao_fabiola.htm>. Acesso em: 24 dez. 2007.
LOPES, F. M.; LÓPEZ, M. F. Impacto do sistema de aspiração traqueal aberto e fechado na incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica: revisão de literatura. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, São Paulo, vol.21, n.1, p.80-88, Jan./Mar. 2009. Disponível em:< http://www.scielo.br>. Acesso em: 14 Out. 2010.
MOREIRA, J. da S. et al. Pneumonia associada à ventilação mecânica: impacto da multirresistência bacteriana na morbidade e mortalidade. Jornal Brasileiro de Pneumologia, Nov./ Dez. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em: 12
Dez. 2010. NOGACZ, F.R; SOUSA, R. P. Fatores estressores em UTI. Rio de Janeiro, 2004. OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Científica: Projeto de Pesquisa, TGI, TCC, monografia, dissertações e teses. 2. ed. São Paulo: Editora Pioneira, 1999.
OLIVEIRA, L. C. B. S. de et al. A presença de patógenos respiratórios no biofilme bucal de pacientes com pneumonia nosocomial. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, São Paulo, vol.19, n.4, p.428-433, Out./Dez. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 14 Out. 2010.
ORLANDO, J. M. C. UTI: Muito além da técnica... a humanização e a arte do intensivismo. São Paulo: Editora Atheneu, 2002.
RODRIGUES, P. M. de A. et al. Pneumonia associada à ventilação mecânica: epidemiologia e impacto na evolução clínica de pacientes em uma unidade de terapia intensiva. Jornal Brasileiro de Pneumologia, vol.35, n.11, p.1084-1091, Nov. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 14 Out. 2010.
SILVA, J. de S. Pneumonia Nosocomial. São Paulo, 2004. Disponível em: <http//www.capscursos.com.br>. Acesso em: 23 dez. 2007.
SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. V. 1,
9. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2002. Cap. 21, p. 422-424.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, Diretrizes
brasileiras para tratamento das pneumonias adquiridas no hospital e das
associadas à ventilação mecânica. Jornal Brasileiro de
Pneumologia, vol.33 suppl.1, São Paulo, 2007. Disponível em: <
http://www.jornaldepneumologia.com.br>. Acesso em: 14 Out. 2010.
SOTIBA – Sociedade de Terapia Intensiva da Bahia, 2005. Disponível em:
http://www.sotiba.org.br. Acesso em: 12 Fev. 2011.
TEIXEIRA, P. J. Z. et al. Pneumonia associada à ventilação mecânica: impacto da multirresistência bacteriana na morbidade e mortalidade. Jornal Brasileiro de Pneumologia, São Paulo, V. 30, n. 6, p. 540-548, Nov./Dec. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 02 out. 2010.
VILELA, C. A. P. Estudo de caso x controle de pneumonia associada à ventilação mecânica em UTI-A de um Hospital Universitário Brasileiro, 2005-
2006. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/horizontecientifico/article/viewFile/3808/2813>. Acesso em: 10 Out. 2010.
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Ventilação Mecânica, 2010. Disponível em: <http://www.wikipedia.org>. Acesso em: 5 Abr. 2010.
WIKIPÉDIA, a enciclopedia livre. Unidade de terapia intensiva, 2010. Disponível em:
<http://www.wikipedia.org>. Acesso em: 10 Fev. 2011.
ZEITOUN, S. S. et al. Incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica em pacientes submetidos à aspiração endotraqueal pelos sistemas aberto e fechado: estudo prospectivo – dados preliminares. Revista Latino-Americano de Enfermagem. Ribeirão Preto, V. 9, n. 1, p. 46-52, jan. 2001. Disponível em: <http/www.scielo.br>. Acesso em: 29 dez. 2007.
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Projeto: Fatores que contribuem para o desenvolvimento da pneumonia nosocomial em pacientes sob ventilação mecânica em uma Unidade de Terapia Intensiva
Ao Ilm° Sr° Diretor do COT
Venho através deste, solicitar o consentimento da Vossa Senhoria para a realização da pesquisa de campo na instituição privada, cujo objetivo é identificar fatores que contribuem para o desenvolvimento da pneumonia nosocomial em pacientes sob ventilação mecânica e as formas de prevenção desta patologia.
A pesquisa, em questão, é de relevância, pois mostrará as instituições hospitalares e aos profissionais da equipe interdisciplinar fatores que contribuem para o aparecimento da pneumonia em pacientes entubados ajudando, assim, a evitar e/ou minimizar o desenvolvimento desta patologia.
Os dados serão coletados através de um formulário não-estruturado, que será aplicado pela própria pesquisadora aos profissionais da equipe interdisciplinar da Unidade de Terapia Intensiva desta instituição. Os resultados obtidos serão utilizados para fins científicos.
Esta instituição terá todo o direito de se retirar da pesquisa, a qualquer momento que achar conveniente, caso considere necessário com total concordância de ambos.
A autora compromete-se uma vez concluído o estudo, fornecer uma cópia do mesmo à instituição e poder assim discutir os resultados.
Esclarece-se, ainda, que a pesquisa contemplará os princípios éticos básicos, autonomia, não maleficência, justiça, confidencialidade, fidelidade e veracidade, contidas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e integrará a monografia a ser apresentada, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Graduada em Enfermagem em UTI.
Salvador, ___ de ______________ de 2011
____________________ _____________________
Emilly Costa Miranda Fernando Reis
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Projeto: Fatores que contribuem para o desenvolvimento da pneumonia nosocomial em pacientes sob ventilação mecânica em uma Unidade de Terapia Intensiva
Prezado (a) Colega da Equipe Interdisciplinar
Venho através deste, solicitar seu consentimento para participar da pesquisa de campo no COT, cujo objetivo é identificar fatores que contribuem para o desenvolvimento da pneumonia em pacientes sob ventilação mecânica. Os dados obtidos servirão de subsídios para mostrar os fatores que favorecem o desenvolvimento da pneumonia nosocomial em pacientes sob ventilação mecânica e as formas de prevenção desta infecção, ajudando, assim, a evitar e/ou minimizar o aparecimento desta patologia.
A pesquisadora compromete-se em preservar sua identidade e resguardar a confiabilidade das respostas de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que contempla os princípios éticos básicos, autonomia, não maleficência, justiça, confidencialidade, fidelidade e veracidade, sendo os dados obtidos durante o estudo utilizado somente para fins científicos.
O senhor (a) tem toda a liberdade para recusar sua participação ou mesmo desistir após o consentimento dado, não havendo nenhuma punição ou restrição pela sua conduta.
______________________ ______________________
Emilly Costa Miranda Fernando Reis
___________________________________________________________________
Eu, ________________________ RG n° __________________ fui devidamente informado (a) quanto à finalidade da pesquisa especificada acima, do qual estarei participando diretamente, através de entrevistas realizadas com meu consentimento. Declaro estar ciente que as informações obtidas durante a pesquisa serão utilizadas somente para fins científicos, sendo que não terei meu nome divulgado na pesquisa e terei a liberdade de retirar o meu consentimento de participação do estudo frente a essas informações.
Salvador, ________ de _______________ de 2011
__________________________________
Entrevistado
APÊNDICE C
FORMULÁRIO PARA OS PROFISSIONAIS DA EQUIPE
INTERDISCIPLINAR
1) Qual a sua categoria profissional?
___________________________________________________________________
2) O que você entende por pneumonia nosocomial?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3) O que você entende por Pneumonia associada à ventilação mecânica?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4) Na sua opinião, quais os fatores que contribuem para o desenvolvimento da
pneumonia nosocomial em pacientes sob ventilação mecânica?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5) De que forma a pneumonia associada à ventilação mecânica pode ser prevenida?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________