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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
FERNANDO HENRIQUE DE MIRANDA VASCONCELLOS
AVALIAÇÃO DO MÉTODO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO COMO INSTRUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO E
ANÁLISE DE RISCOS À SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
João Pessoa – PB 2006
FERNANDO HENRIQUE DE MIRANDA VASCONCELLOS
AVALIAÇÃO DO MÉTODO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO COMO INSTRUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE
DE RISCOS À SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal da Paraíba, em convênio com o Centro Federal de Educação Tecnológica de Alagoas, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Celso Luiz Pereira Rodrigues.
João Pessoa – PB 2006
V331d Vasconcellos, Fernando Henrique de Miranda
Avaliação do método da análise ergonômica do trabalho como instrumento de identificação e análise de riscos à Segurança e Saúde no Trabalho / Fernando Henrique de Miranda Vasconcellos - João Pessoa, 2006.
141fls.: il. Orientador: Prof. Dr. Celso Luiz Pereira Rodrigues Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)
UFPB/CT/PPGEP 1. Conservação de Pavimento Asfáltico 2. Segurança e Saúde no
Trabalho 3. Análise Ergonômica do Trabalho I.Título.
CDU 65.015.11 (043)
FERNANDO HENRIQUE DE MIRANDA VASCONCELLOS
AVALIAÇÃO DO MÉTODO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO COMO INSTRUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE
DE RISCOS À SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção do Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Produção, na área de concentração de Gestão da Produção, em 12/05/2006, sob avaliação da banca examinadora composta dos seguintes membros:
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________ Prof. Celso Luiz Pereira Rodrigues, Dr.
Orientador
__________________________________________________ Profa. Nelma Mirian Chagas de Araújo, Dra.
Examinadora
_____________________________________________________ Prof. Ricardo José Matos de Carvalho, Dr.
Examinador
Dedico este trabalho aos meus pais, Fernando e
Zenaide, a minha esposa Tâmara, e aos
meus filhos Victor, Henrique e Lucas, pelo
amor, carinho e dedicação.
A G R A D E C I M E N T O S
Ao meu orientador, Professor Celso Luiz Pereira Rodrigues, pelos
ensinamentos, orientações e incentivo na realização deste trabalho.
Ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção, que durante o curso de mestrado passaram os seus conhecimentos e
experiência de maneira cordial e correta.
À UFPB e ao CEFET/AL pelo suporte de recursos acadêmicos e
financeiros necessários à realização do mestrado.
Aos colegas de turma, pela ajuda, colaboração e amizade, desenvolvidas
durante o mestrado.
R E S U M O
O objetivo desta dissertação é avaliar a aplicabilidade da metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho – AET, como método prospectivo de identificação e análise de risco à Segurança e Saúde no Trabalho – SST, através da apresentação do diagnóstico ergonômico no trabalho de conservação de pavimentação asfáltica nas vias urbanas da cidade de Maceió - AL. O estudo baseou-se em uma pesquisa de campo realizada nas frentes de trabalho da SOMURB, órgão público municipal responsável pela execução dos serviços de conservação de pavimentos na cidade de Maceió-AL, utilizando-se como técnica de coleta de dados a observação sistemática, com registro através de filmagem e fotografias, utilização de planilha de levantamento de dados e lista de verificação, aplicação de entrevistas estruturadas e questionários, com o objetivo de identificar riscos ocupacionais e de fatores relacionados à AET, tendo como fundamentação teórica o rastreamento de informações das referências específicas ao conteúdo do trabalho apresentado. Os resultados deste estudo mostram que os riscos identificados e analisados através da AET nas atividades pesquisadas, poderiam ser eliminados, minimizados ou controlados, se o órgão cumprisse a legislação relativa à SST e utilizasse essa legislação como base para adoção de uma gestão de SST, e que o método da AET utilizado na identificação e análise de riscos à SST é mais abrangente e complexo que os métodos convencionais. Palavras-chave: Conservação de Pavimento Asfáltico. Segurança e Saúde no
Trabalho. Análise Ergonômica do Trabalho.
A B S T R A C T
The aim of this dissertation is to evaluate the applicability of the methodology of work ergonomic analysis as a prospective method for risk identification and examination of HSW through the presentation of an ergonomic diagnosis of the work of urban roads asphalt pavement recovering conservation in Maceió, Al. The study is based on a field research done with workers of SOMURB Company that is responsible for the execution of services for Maceió asphalt pavement conservation. Data collection was made through a systemic observation, photo and film register, the use of data collecting spreadsheets and verification lists, structured interviews and questionnaires, with the purpose of identifying occupational risks and factors related to the ergonomic analysis of the work activity cited above, based on the tracking of information of the specific reference to the contents of the work presented. The results show that the risks that were identified and analyzed ergonomically could be eliminated, minimized or controlled if the company accomplished the law related to the HSW and used this law as basis for an adoption of a HSW management. It was concluded also that the ergonomic method to the identification and analysis to HSW risks is more extensive and complex than the conventional methods.
Key – words: Asphalt Pavement Conservation. Work Risks to Safety and Heath. Ergonomic Diagnosis.
L I S T A S D E F I G U R A S
Figura 1 – Corte do pavimento ...............................................................................83
Figura 2 – Escavação e remoção do material ........................................................84
Figura 3 – Varredura da área a ser trabalhada.......................................................84
Figura 4 – Aplicação da pintura de ligação.............................................................84
Figura 5 – Descarregamento de material asfáltico do caminhão basculhante........85
Figura 6 – Descarregamento de material asfáltico do caminhão basculhante........85
Figura 7 – Transporte da mistura asfáltica na pista................................................85
Figura 8 – Enchimento da mistura asfáltica da área a ser recuperada...................86
Figura 9 – Espalhamento e nivelamento da mistura asfáltica com rastelo .............86
Figura 10 – Compressão da mistura asfáltica com rolo compactador ......................86
Figura 11 – Varredura da área a ser recapeada.......................................................88
Figura 12 – Aplicação da pintura de ligação com caneta manual na área a ser
recapeada ..............................................................................................89
Figura 13 – Aplicação da pintura de ligação com caneca na área a ser recapeada.89
Figura 14 – Descarregamento da mistura asfáltica na vibro-acabadora ..................89
Figura 15 – Distribuição da mistura asfáltica através da vibro-acabadora ...............90
Figura 16 – Espalhamento e nivelamento da mistura asfáltica com rastelo .............90
Figura 17 – Carregamento de mistura asfáltica a ser transportada no carro de mão
..................................................................................................................................90
Figura 18 – Transporte da mistura asfáltica através de carro de mão......................91
Figura 19 – Alinhamento e nivelamento dos bordos e juntas de faixas com rastelo 91
Figura 20 – Compressão da mistura asfáltica com rolo compactador ......................91
Figura 21 – Espalhamento da mistura asfáltica com motonivelador.........................92
Figura 22 – Espalhamento e compactação da mistura asfáltica com motonivelador e
rolo compactador....................................................................................92
Figura 23 – Aplicação de micro-revestimento asfáltico com usina móvel.................92
Figura 24 – Distribuição do micro-revestimento asfáltico na pista, com espalhamento
e nivelamento manual ............................................................................93
L I S T A D E G R Á F I C O S
Gráfico 1 – Distribuição de acidentes de trabalho de trabalho registrado, por motivo,
no estado de Alagoas – 2003.................................................................27
Gráfico 2 – Número de óbitos no trabalho nas ocupações da CBO.........................63
Gráfico 3 – Número de vítimas não fatais em acidentes de trabalho nas ocupações
da CBO ..................................................................................................64
L I S T A D E Q U A D R O S
Quadro 1 – Variáveis e fatores ergonômicos investigados.......................................70
Quadro 2 – Classificação dos Riscos Ocupacionais ................................................74
Quadro 3 – Ferramentas e máquinas utilizadas nas atividades desenvolvidas na
operação tapa buraco com os principais fatores de riscos.....................97
Quadro 4 – Levantamento das posturas, movimentos e riscos relativos, nas
atividades desenvolvidas na operação tapa buraco.............................100
Quadro 5 – Ferramentas e máquinas utilizadas nas atividades desenvolvidas na
operação recapeamento com os principais fatores de riscos...............103
L I S T A D E T A B E L A S
Tabela 1 – Média do número de acidentes e óbito para cada 100 mil
trabalhadores nos anos, 70, 80, 90 e 2000. ......................................21
Tabela 2 – Comparativo das certificações de empresas em SST no Brasil em
2004/2005 ............................................................................................23
Tabela 3 – Resumo das informações de certificações em SST por estado .....23
Tabela 4 – Dados estatísticos do Brasil dos números de acidentes de trabalho
ocorridos nas atividades de preparação de terreno, construções
de edifícios e outras obras de engenharia.......................................24
Tabela 5 – Dados estatísticos de Alagoas dos números de acidentes de
trabalho ocorridos nas atividades de preparação de terreno,
construções de edifícios e outras obras de engenharia. ...............25
Tabela 6 – Cadastro de Pavimentação de Maceió ..............................................28
Tabela 7 – Número de óbitos relativos à ocupação ...........................................63
Tabela 8 – Número de acidentes não-fatais relativos à ocupação....................64
Tabela 9 – Rede Rodoviária Federal Pavimentada – 1979 – 40.000 Km ...........65
Tabela 10 – Rede Rodoviária Federal Pavimentada – 1984 – 46.000 Km ...........66
Tabela 11 – Rede Rodoviária Federal Pavimentada – 1992 – 49.162 Km ...........66
Tabela 12 – Tipos de intervenções e com faixa de variação de custos por km.68
Tabela 13 – Exposição diária estimada ao ruído ..................................................94
Tabela 14 – Ferramentas e equipamento de transporte de carga utilizados na
operação tapa buraco com respectivas dimensões e peso ...........98
Tabela 15 – Idade, altura, peso e grau de instrução dos trabalhadores que
desenvolvem atividades na operação tapa buraco.........................98
Tabela 16 – Acidentes de Trabalho Registrado por Idade ...................................99
L I S T A S D E S I G L A S
ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas AET – Análise Ergonômica do Trabalho ANSI – American National Standards Institute ASTM – American Society for Testing Materials BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento BPF - Baixo Ponto de Fluidez BSI – British Standards Institution BS 8800 – British Standards 8800 CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho CBO – Classificação Brasileira de Ocupação CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT – Consolidação das Leis do Trabalho CNAE – Classificação Nacional de Atividade Econômica DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNIT – Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes DRT – Delegacia Regional do Trabalho EPI - Equipamento de Proteção Individual EPC – Equipamento de Proteção Coletiva ERS – Ergonomics Researche Society GTs – Grupos Técnicos IBUTG – Índice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade industrial INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social IPR – Instituto de Pesquisa Rodoviária ISO - International Organization of Standardization MTE – Ministério do Trabalho e Emprego NB – Norma Brasileira NBR – Norma Brasileira Registrada NPS – Nível de Pressão Sonora NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health NR – Norma Regulamentadora OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series OIT – Organização Internacional do Trabalho PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PIB – Produto Interno Bruto PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais QSP – Centro da Qualidade, Segurança e Produtividade para o Brasil e América Latina SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SESI – Serviço Social da Indústria SISCEB – Sistema de Certificação do Ergonomista Brasileiro SST – Segurança e Saúde no Trabalho SOMURB – Superintendência Municipal de Obras e Urbanização
S U M Á R I O
C A P I T U L O I – I N T R O D U Ç Ã O ................................ 16
1.1 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA .............................................................16
1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA......................................................................20
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA............................................................................29
1.3.1 Objetivo geral ..................................................................................................29
1.3.2 Objetivos específicos .....................................................................................30
C A P Í T U L O I I – E S T A D O D A A R T E ................. 31
2.1 HISTÓRICO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO .............31
2.2 ACIDENTE DO TRABALHO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA.......................33
2.3 RISCOS: MEIOS DE GERAÇÃO E SUA PREVENÇÃO NA LEGISLAÇÃO ...34
2.4 ERGONOMIA NA SEGURANÇA DO TRABALHO..........................................38
2.4.1 Definição e objetivo da ergonomia................................................................38
2.4.2 Origens da ergonomia....................................................................................40
2.4.3 Evolução da ergonomia .................................................................................42
2.4.4 Abordagens e aplicações da ergonomia ......................................................45
2.4.5 Ergonomia nas normas e legislação de segurança do trabalho ................47
2.4.6 A ergonomia dos sistemas de produção – antropotecnologia...................48
2.4.7 Identificação e análise dos riscos ergonômicos..........................................51
2.5 PAVIMENTAÇÃO: DEFINIÇÕES E MATERIAIS UTILIZADOS ......................53
2.5.1 Descrição das tarefas na execução da pavimentação em Concreto
Betuminoso Usinado a Quente – CBUQ .......................................................56
2.5.1.1 Regularização do subleito ............................................................................56
2.5.1.2 Reforço do subleito.......................................................................................57
2.5.1.3 Sub-base e base estabilizada granulometricamente ....................................57
2.5.1.4 Imprimação...................................................................................................57
2.5.1.5 Revestimento em Concreto Betuminoso Usinado a Quente - CBUQ ...........58
2.6 CONSERVAÇÃO DE PAVIMENTO ASFÁLTICO............................................58
2.6.1 Definições e terminologias ............................................................................58
2.6.2 Principais problemas/defeitos mais comuns em pavimentos asfálticos...60
2.6.3 Descrição das atividades de conservação relativas à pesquisa ................61
2.6.4 Gestão da manutenção/conservação de pavimentos..................................65
C A P I T U L O I I I – O P E R A Ç Õ E S
M E T O D O L Ó G I C A S D A P E S Q U I S A ..................... 69
3.1 TIPOS E NATUREZA DO ESTUDO.................................................................69
3.2 VARIÁVEIS INVESTIGADAS...........................................................................69
3.3 DADOS DA PESQUISA ...................................................................................71
3.4 INSTRUMENTOS DE PESQUISA....................................................................71
3.5 UNIVERSO DA PESQUISA..............................................................................72
3.6 ORDENAMENTO E TRATAMENTO DOS DADOS .........................................72
C A P Í T U L O I V – I D E N T I F I C A Ç Ã O D E D E
R I S C O S E A N Á L I S E E R G O N Ô M I C A D O
T R A B A L H O ............................................................................... 74
4.1 RISCOS IDENTIFICADOS DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO DE
SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO..........................................................74
4.2 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO.....................................................77
4.2.1 Análise da demanda .......................................................................................77
4.2.2 ANÁLISE DA TAREFA ....................................................................................79
4.2.2.1 Postos de trabalho........................................................................................80
4.2.2.2 Descrição da tarefa.......................................................................................82
4.2.2.2.1 Remendos ou tapa-buracos ....................................................................82
4.2.2.2.2 Recapeamentos ........................................................................................87
4.2.2.2.3 Condições ambientais .............................................................................93
4.3 ANÁLISE DE ATIVIDADE................................................................................96
4.3.1 Atividades desenvolvidas na operação tapa-buraco...................................97
4.3.2 Análise relativa às posturas e movimentos..................................................99
4.3.3 Atividades desenvolvidas no recapeamento..............................................103
4.3.4 Análise relativa às posturas e movimentos................................................103
C A P Í T U L O V – D I A G N Ó S T I C O
E R G O N Ô M I C O ......................................................................106
5.1 DIAGNÓSTICO RELATIVO À DEMANDA.....................................................106
5.2 DIAGNÓSTICO RELATIVO ÀS TAREFAS....................................................107
5.3 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL.........................................................................108
5.4 DIAGNÓSTICO RELATIVO ÀS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ...............109
5.5 RECOMENDAÇÕES ......................................................................................110
5.5.1 Recomendações relativas à demanda ........................................................110
5.5.2 Recomendações relativas à tarefa e ao ambiente .....................................111
5.5.3 Recomendações relativas às atividades desenvolvidas...........................114
C A P I T U L O V I – A V A L I A Ç Ã O D A
M E T O D O L O G I A D E A N Á L I S E
E R G O N Ô M I C A .......................................................................116
6.1 AVALIAÇÃO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DA DEMANDA ........................116
6.2 AVALIAÇÃO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DA TAREFA ............................117
6.3 AVALIAÇÃO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DAS ATIVIDADES...................119
6.4 FACILIDADES X DIFICULDADES NA UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA..122
C A P I T U L O V I I – P R I N C I P A I S
C O N C L U S Õ E S D A P E S Q U I S A ..............................123
R E F E R Ê N C I A S .....................................................................127
APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA .........................................................131
APÊNDICE B - CHECK – LIST PARA IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS
OCUPACIONAIS NOS POSTOS OU FRENTES DE TRABALHO NA
CONSTRUÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS PAVIMENTOS ASFÁLTICOS.............134
APÊNDICE C - LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA ANÁLISE ERGONÔMICA DO
TRABALHO ............................................................................................................136
C A P I T U L O I – I N T R O D U Ç Ã O
1.1 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA
A utilização da ergonomia como ferramenta para a identificação e
análise de riscos à segurança do trabalhador em serviços executados na construção
civil requer um estudo abrangente, em função do nível de diversidade de tarefas,
precariedade e improvisação encontrados dentro do ambiente de trabalho, porém
necessário, já que a melhoria das condições de trabalho é um fator significativo para
alcançar-se bons níveis de qualidade e produtividade, além de preservar a saúde do
trabalhador, evitando os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais.
Atualmente existe uma discussão sobre a competência profissional de
quem pode realizar a Análise Ergonômica do Trabalho – AET, como método de
identificar riscos à segurança e à saúde do trabalhador: o engenheiro de segurança
do trabalho e o médico do trabalho, como diz a legislação, ou o ergonomista, como
quer a Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO. A partir do ano 2002, no
Congresso Brasileiro de Ergonomia, a ABERGO criou o processo de certificação em
ergonomia, com cursos de especialização, formando ergonomistas, que antes
estavam fazendo parte ou eram parte específica de outras áreas do saber, que
reivindicam independência, reconhecimento profissional e maior participação no
mercado. Esta discussão e a competição em torno da qualificação profissional para
atuar no mercado que demanda conhecimento em ergonomia, demonstram a
importância desta tanto na produção como no produto, para melhorar a segurança, a
saúde e a qualidade de vida do trabalhador.
A ergonomia, do ponto vista legal, como foi observado anteriormente,
está incluída no campo de saber da engenharia de segurança do trabalho no Brasil,
tendo inclusive norma regulamentadora própria, a NR-17, que estabelece
parâmetros ergonômicos, que devem ser atendidos no sentido de proporcionar o
máximo de conforto e segurança ao trabalhador, para a obtenção de um
desempenho eficiente. Essa engenharia de segurança do trabalho do Brasil, onde se
aplicam os conhecimentos em ergonomia, tem características próprias, em função
tanto da cultura nacional como das experiências profissionais dos que trabalham
nesta área, mas também sofrem a influência de países com conhecimentos
17
tecnológicos mais avançados, e continuará a permanecer esta influência até que
acumulemos conhecimentos e experiências próprias para passarmos de
importadores a exportadores de conhecimentos tecnológicos. Ocorre na área
técnica, um modelo com maior influência da cultura inglesa e da norte-americana,
resultando na utilização de novos termos para expressar os mesmos conhecimentos,
ou o que é mais delicado, introduzindo conceitos diferentes para os termos
existentes, gerando confusão no entendimento dos conceitos. Para uma análise
ergonômica relativa aos riscos à segurança do trabalhador é necessária a
uniformização dos conceitos e termos técnicos, já que o problema da influência da
língua é reconhecido, inclusive pela Organização Internacional do Trabalho - OIT,
em que os termos Hazard e Risk não possuem o mesmo significado em todas as
línguas.
Em português, o termo risco pode ser explicado ou entendido de duas
maneiras fundamentais:
Risco, traduzido da palavra Hazard, é uma ou mais variáveis com potencial necessário para causar danos. Esses danos podem ser entendidos como lesões a pessoas, danos a equipamentos ou estruturas, perda de material em processo, ou redução da capacidade de desempenho de uma função pré-determinada. Havendo um risco, persistem as possibilidades de efeitos adversos (DE CICCO; FANTAZZINI, 1985). Risco, traduzido da palavra Risk, expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período específico de tempo ou número de ciclos operacionais. Pode ser indicado pela probabilidade de um acidente multiplicada pelo dano em dinheiro, vidas ou unidades operacionais (DE CICCO; FANTAZZINI, 1985).
Baseado na primeira explicação do termo Risco (Hazard), temos que
Riscos do Trabalho são definidos “como agentes presentes nos ambientes de
trabalho que, caso não sejam detectados e eliminados a tempo, provocam os
acidentes de trabalho e as doenças profissionais, isto é, são fatores nocivos ao
trabalho e à segurança do trabalhador” (MELO, 1997). Os Riscos classificam-se em:
Mecânicos, que são causas diretas do acidente do trabalho, e estão presentes em
ferramentas defeituosas, máquinas, equipamentos ou partes destes, que, através de
falhas, defeitos ou irregularidades, põem em risco a integridade física do trabalhador;
de Ambientes, que são determinados pelos Agentes Ambientais e são responsáveis
pelas doenças profissionais e do trabalho, variando de acordo com a atividade
18
profissional, são classificados em Físicos, Químicos, Biológicos e Ergonômicos
(MELO, 1997).
De acordo com Taralli (2002), o QSP – Centro Brasileiro de Qualidade,
Segurança e Produtividade define a identificação de riscos/perigos como o processo
de reconhecimento de que um risco/perigo existe, e da definição de suas
características. O mesmo QSP define a avaliação do grau de importância destes
riscos, como o processo de estimativa de magnitude dos riscos/perigos em função
de sua significância, que pode levar ou não à elaboração de um plano de ação para
seu controle, eliminação ou minimização, considerando-se as legislações aplicáveis
e regulamentações que especificam condições que, se não atendidas, trarão
penalidades.
O objeto desta pesquisa foi a ergonomia bem como a sua utilização
como instrumento de identificação e análise de riscos do trabalho, em função da
abrangência da ergonomia, que segundo Dul e Weerdmeester (1995), trata de um
ramo do conhecimento que se aplica ao projeto de máquinas, equipamentos,
sistemas e tarefas, com objetivo de melhorar a segurança, saúde, conforto e
eficiência no trabalho.
Para Rodrigues (1997), “Os riscos Ergonômicos são introduzidos no
processo de trabalho por agentes inadequados às limitações dos seus usuários,
caracterizando-se por terem uma ação em pontos específicos do ambiente, e por
atuarem apenas sobre pessoas que se encontram utilizando o agente gerador do
risco, provocando, em geral, lesões crônicas, que podem ser de natureza
psicofisiológica”.
A Ergonomia, que é a base de estudo desta pesquisa, de acordo com
Couto (1995a), “é o conjunto de ciências e tecnologias que procuram fazer um ajuste
confortável e produtivo entre o ser humano e o seu trabalho, basicamente
procurando adaptar as condições de trabalho às características do ser humano”. A
ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. Isso envolve não
somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como esse
trabalho é programado e controlado para produzir os resultados desejados (IIDA,
1993).
Do ponto de vista da Legislação de Segurança e Medicina do Trabalho,
com base no que determina a Portaria n.º 3.751, de 23/11/90, que alterou a NR-17,
que trata da ergonomia, estabelece parâmetros que devem ser estudados e
19
implantados de forma a permitir a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um
máximo de conforto, segurança e desempenho eficientes. Nos casos em que os
trabalhadores estejam submetidos às condições de trabalho que não atendam às
recomendações ergonômicas estabelecidas da NR-17, os mesmos estão expostos a
agentes ergonômicos.
Esta pesquisa particularizou o setor de obras viárias da construção civil
e dentro deste setor utilizou como objeto de estudo e pesquisa, os serviços de
conservação de pavimentos com revestimentos asfálticos nas vias urbanas da
cidade de Maceió, a operação tapa - buraco e o recapeamento, em função da
importância desses serviços no contexto da administração municipal e para o
conforto e segurança da população usuária da vias públicas municipais.
A indústria da construção civil, na Norma Regulamentadora Nº 4 (NR-4),
da Portaria 3.214 de 08/06/78, em seu Quadro I, que determina a Classificação
Nacional de Atividades Econômicas - CNAE, é classificada como uma atividade
econômica de grau de risco 4, isto é, o grau máximo de risco, devido à complexidade
que envolve o seu processo produtivo, que tem como principais características:
produto único, processo produtivo parcelado, operações não padronizadas, pouca
organização do trabalho, alta rotatividade de mão-de-obra, elevados índices de
perdas, mão-de-obra de baixa instrução, grande gerador de empregos e
conseqüente elevado número de acidentes de trabalho.
Obras Viárias é um setor da construção civil que tem como finalidade ou
função a construção e manutenção de Rodovias, Ferrovias, Hidrovias, construções
portuárias, assim como suas infra-estruturas, conforme classificação do projeto SESI
(1990) na construção civil. Dentro deste setor de atividade da construção civil,
encontram-se os serviços de pavimentação e conservação de pavimentos com
revestimentos asfálticos em vias urbanas, que será o objeto de nosso estudo,
usando como parâmetro a execução destes serviços na cidade de Maceió-AL.
Pavimento é a superestrutura, constituída por um sistema de camadas
de espessuras finitas, assentadas sobre uma infra-estrutura ou terreno de fundação,
e tem a finalidade de resistir e distribuir, convenientemente, ao subleito, as
solicitações oriundas dos veículos, como também, melhorar as condições de
rolamento dos veículos quanto à comodidade e à segurança (SOUZA, 1980, p.9).
20
Conservação de pavimento constitui ou compreende serviços e
operações destinados a manter o pavimento com as características iniciais de
quando o mesmo foi construído (MÉLO, 1996).
A freqüência da realização dos serviços de conservação facilitou as
coletas de dados em relação aos riscos ocupacionais ergonômicos, em que estão
envolvidos os trabalhadores em tarefas específicas, através do acompanhamento
sistemático nos locais da realização dos serviços, como também a aplicação da
metodologia de análise homem-tarefa como instrumento de identificação e análise
de risco à segurança e à saúde do trabalhador.
Este trabalho faz o diagnóstico ergonômico dos riscos à segurança do
trabalho, partindo dos conhecimentos obtidos através da AET, e com o diagnóstico
estabelecido sobre as disfunções do sistema homem-tarefa, relativo aos serviços de
conservação de pavimentos com revestimento asfáltico, nas vias urbanas da cidade
de Maceió. Faz-se a avaliação da aplicabilidade do método da AET, como um
instrumento para identificação dos riscos à segurança e saúde do trabalhador, como
opção às metodologias prevencionistas do tipo prospectivas utilizadas pela
engenharia de segurança do trabalho, no sentido da identificação, avaliação,
eliminação ou controle de riscos.
Sendo assim, o tema do estudo e de pesquisa foi definido como
“Avaliação do método da análise ergonômica do trabalho como instrumento de
identificação e análise de risco à Segurança e Saúde no Trabalho”
1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA
A indústria da Construção civil, em que o setor de Obras Viárias está
incluído, inclusive dentro deste setor os serviços de conservação e manutenção,
pela sua capacidade de geração de empregos diretos e indiretos, tem grande
importância econômica para o Brasil, mas apresenta grandes problemas em relação
às condições de trabalho, com trabalhadores de baixa qualificação e altos índices de
acidentes de trabalho.
Acidente de Trabalho, como definido pela Lei 8213/91, artigo 19, é
referente ao plano de benefício da previdência social, como o que ocorre pelo
exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou
21
perturbação funcional que cause morte, ou perda, ou redução permanente, ou
temporária, da capacidade para o trabalho.
Os acidentes de trabalho, no âmbito da estatística da Previdência, são
agrupados em dois grandes blocos:
� Acidentes de Trabalhos Registrados (Total), que correspondem ao
número de acidentes cujos processos foram abertos administrativa e
tecnicamente pelo Instituto de Seguridade Social (INSS). São dados
provenientes das Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT), que
são registradas nos postos do INSS e se dividem em Acidentes Típicos,
de Trajeto, Doença do Trabalho e Profissional.
� Acidentes Liquidados (Total) representa o número de processos de
acidentes liquidados, em determinado ano. Há sempre uma diferença
entre o número de acidentes registrados e o número de liquidados, em
função da duração dos procedimentos e de processos que são
reavaliados. As conseqüências são: Simples Assistência Médica,
Incapacidade Temporária, Incapacidade Permanente, Óbito.
Nos números divulgados pelo Ministério da Previdência Social, e
publicados no Anuário Brasileiro de Proteção (2005, p. 20-33), quando se observa o
número de acidentes do trabalho ocorrido nos últimos 34 anos, verificando-se como
parâmetros os números de acidentes para cada100 mil trabalhadores, e bem como o
número de óbitos para o mesmo universo, temos os números indicados na Tabela 1.
Tabela 1 - Média do número de acidentes e óbito para cada 100 mil trabalhadores nos anos, 70, 80, 90 e 2000.
Anos Acidentes / 100 mil trabalhadores Óbitos / 100 mil trabalhadores Média anos 70 (1970 até 1979) 13.696 30
Média anos 80 (1980 até 1989)
5.388 22
Média anos 90 (1990 até 1999)
1.998 17
Média anos 00 (2000 até 2003) 1.332 10
Fonte: Anuário Brasileiro de Proteção (2005).
22
É possível perceber que no período de 1970 a 2003, ocorreu uma
redução gradativa dos acidentes de trabalho registrados, que diminuiu
significativamente de intensidade a partir dos anos 90, o que poderia indicar o
esgotamento dos mecanismos tradicionais de prevenção de acidente do trabalho.
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) trabalhava desde 1998 com
uma meta de redução de 40% de acidentes e doenças ocupacionais para o período
de 1999-2003, e obteve uma redução de 31,92 % no número de acidentes
ocupacionais fatais nos últimos seis anos, abaixo do previsto (40%), de 3.793, em
1998, para 2.582, em 2003, sendo que esses dados de 2003, no momento em que
foram obtidos, ainda eram um dado preliminar, sujeito à correção. Esses dados são
contestados por profissionais de Segurança e Saúde no Trabalho, que vêem
incoerência nesses números, em função das realidades distintas das regiões, e do
crescimento do trabalho informal, enquanto os dados referem-se apenas ao setor
formal (emprego celetista), que representa apenas um terço da massa trabalhadora
do país (ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO, 2003, 2005).
No Brasil, essa melhora de indicadores em relação à segurança e saúde
no trabalho, além de uma política governamental, pode ter a ver, nos últimos anos,
com a adoção, pelas empresas, em número cada vez maior de sistemas de gestão
de segurança e saúde no trabalho, que resolvem encarar o desafio de proporcionar
e manter um ambiente adequado ao trabalhador, com menos riscos de acidentes e
doenças, com um crescimento ano a ano de empresas certificadas com normas de
segurança e saúde no trabalho, a OHSAS 18001 e BS 8800 (ANUÁRIO
BRASILEIRO DE PROTEÇÃO, 2005).
Um dado importante a ser observado é que, apesar do crescimento de
certificações no Brasil, de empresas que adotam sistemas de gestão de segurança e
saúde no trabalho, o estado de Alagoas não está incluído entre os estados que têm
empresas certificadas, demonstrando um atraso em relação à política empresarial de
segurança do trabalho, quando comparada ao Brasil como um todo, de acordo com
os números indicados nas Tabelas 2 e 3.
23
Tabela 2 – Comparativo das certificações de empresas em SST no Brasil em 2004/2005
2004 2005 EMPRESAS 217 350
Nº DE CERTIFICAÇÕES 225 378 CERTIFICADORAS 6 10
UF 16 16 Fonte: Anuário Brasileiro de Proteção (2005).
Tabela 3 – Resumo das informações de certificações em SST por estado
UF EMPRESAS CERTIFICAÇÕES CERTIFICADORAS
AM 11 11 5
BA 23 23 5
CE 1 1 1
ES 5 7 2
MA 1 1 1
MS 3 3 2
MG 30 31 6
PA 7 7 2
PR 12 12 8
PE 6 6 4
PI 1 1 1
RJ 69 77 8
RS 25 28 3
SC 25 11 3
SP 144 158 9
SE 1 1 1 Fonte: Anuário Brasileiro de Proteção (2005).
Os acidentes de trabalho no Brasil em comparação ao resto do mundo,
com base em dados da Organização Internacional do Trabalho, no ano de 2001
apresentaram uma Taxa de Mortalidade de Acidentes de 12,10, sendo esta taxa
128% maior que dos Países de economia estável (5,30), ligeiramente menor que a
média mundial (14,00) e a média da América Latina (13,50) e cerca de 53,7% da
média dos países em desenvolvimento (22,50).
Nos últimos anos no Brasil, período de 2001/2003, o setor da indústria
como um todo, teve os percentuais de 47,03%, 45,24% e 36,13%, respectivamente
aos anos 2001, 2002 e 2003, em relação ao total de Acidentes de Trabalho
24
registrados no período (340.251, 393.071 e 390.180) segundo o setor de atividade
econômica, e para estes percentuais do período citado, a Indústria da Construção
contribuiu com os percentuais de 7,48% (2001), 7,25% (2002) e 5,63% (2003). Por
estes dados, que têm como fonte a DATAPREV e as CATs, o segmento da
construção, dentro do setor de atividade econômica que abrange a indústria, ficou
atrás apenas das indústrias de transformação, no número de Acidentes do Trabalho
no período de 2001/2003, apesar de apresentar uma queda significativa no
percentual do ano de 2003.
Na atividade econômica da construção, as quantidades de acidentes de
trabalho registrados, por motivo, no período 2001/2003, estão distribuídos por
setores desta atividade econômica, conforme Tabela 4 que traz as informações
relativas às atividades de preparação de terreno, construções de edifícios e obras de
engenharia civil.
Tabela 4 – Dados estatísticos do Brasil dos números de acidentes de trabalho ocorridos nas atividades de preparação de terreno, construções de edifícios e outras obras de engenharia.
CNAE Nº de acidentes do trabalho no período 2001/2003
4511 – Demolição e preparação de terreno 256
4512 – Perfurações e execuções de fundações destinadas à construção civil 1158
4513 – Grandes movimentações de terra 1022
4521 – Edificações (residenciais, industriais, comerciais e de serviços) – inclusive ampliação e reformas completas
33847
4522 – Obras viárias – inclusive manutenção 6150
4523 – Grandes estruturas e obras de arte 1643
4524 – Obras de urbanização e paisagismo 1939
4525 – Montagens industriais 2920
4529 – Obras de outros tipos 6996
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (2004).
25
É importante observar que a atividade relativa a edificações é disparada
a primeira em número de acidentes, mas a atividade obras viárias, inclusive
manutenção, que é o objeto da pesquisa, está em terceiro lugar e muito próximo do
segundo, em número de acidentes do trabalho registrados, por motivo, no Brasil,
conforme dados da previdência social, publicados pelo Ministério do Trabalho e
Emprego através do Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho de 2003. Quando
observamos os dados relativos às mesmas atividades econômicas no estado de
Alagoas, obtidos na mesma fonte, constatamos que, de acordo com a Tabela 5, o
número de acidentes do trabalho na atividade de edificações, continua em primeiro,
com uma diferença proporcionalmente bem maior em relação ao número de
acidentes das outras atividades, comparando-se com os números nacionais, e que a
atividade de obras viárias, incluindo a manutenção, cai para o quarto lugar em
número de acidentes do trabalho.
Tabela 5 – Dados estatísticos de Alagoas dos números de acidentes de trabalho ocorridos nas atividades de preparação de terreno, construções de edifícios e outras obras de engenharia.
CNAE Nº de acidentes do trabalho no período 2001/2003
4511 – Demolição e preparação de terreno -
4512 – Perfurações e execuções de fundações destinadas à construção civil 1
4513 – Grandes movimentações de terra 1
4521 – Edificações (residenciais, industriais, comerciais e de serviços) – inclusive ampliação e reformas completas
176
4522 – Obras viárias – inclusive manutenção. 7
4523 – Grandes estruturas e obras de arte -
4524 – Obras de urbanização e paisagismo 7
4525 – Montagens industriais 25
4529 – Obras de outros tipos 15
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (2004).
26
Esses dados demonstram que no setor da construção civil, a atividade
de construção de edificações é a de maior risco. Por outro lado, também verificou-se
na pesquisa que, em Alagoas e principalmente na capital, Maceió, esta atividade é
mais fiscalizada, no setor da construção pelo órgão responsável, no caso a
Delegacia Regional do Trabalho - DRT, o que pode tornar esses dados, pelo menos
em relação ao estado de Alagoas, não compatíveis com a realidade, em função das
empresas que trabalham nas outras atividades da construção não se sentirem
pressionadas ou obrigadas a fazer a Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT,
principalmente quando não ocorre o afastamento do trabalho.
Em diversas pesquisas que vêm sendo realizadas nas capitais
brasileiras e suas regiões metropolitanas, constatou-se que os acidentes de trabalho
estão migrando para as vias públicas, e pior que isto, estão tornando-se violentos, e
esta violência urbana está cada vez mais presente como risco do processo produtivo
de trabalho. Analisando-se os dados da situação no Brasil, verifica-se que o trânsito
vem ganhando espaço como o grande vilão na epidemiologia dos acidentes,
estimando-se que 40% a 50% dos acidentes de trabalho sejam acidentes de trajeto,
mas na estatística oficial os números são outros, já que as ocorrências no trânsito
referentes ao setor informal não são notificadas como acidente de trabalho, mas
como acidente de trânsito (ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO, 2003, p. 22-
24).
Outro dado emblemático, em relação à atuação da DRT no estado de
Alagoas, em que, apesar do Acidente de Trabalho registrado por motivo, trajeto,
estar em segundo lugar em ocorrências, como em todo o Brasil, atrás dos acidentes
típicos e na frente das doenças do trabalho, o percentual estatístico em Alagoas de
acidentes de trajeto, é o menor do Brasil, conforme os dados do Ministério do
Trabalho e Emprego, publicados no Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho
2003, indicados na Gráfico 1.
27
DISTRIBUIÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO REGISTRADOS, POR MOTIVO, NO ESTADO DE
ALAGOAS - 2003
91,6
7,1 1,3
Típico (%)
Trajeto (%)
Doença de Trabalho (%)
Gráfico 1 – Distribuição de acidentes de trabalho de trabalho registrado,
por motivo, no estado de Alagoas – 2003. Fonte –Ministério do Trabalho e Emprego (2004).
No Brasil, a tendência é de agravamento do número de acidentes de
trajeto, visto que o transporte rodoviário, de acordo com os dados obtidos no Instituto
de Pesquisa Rodoviária – IPR, continua sendo o principal fator de integração
nacional, regional e municipal, interligando as localidades e as diversas regiões
urbanas e rurais. Circulam nestas rodovias cerca de 60% do volume de cargas
produzidas no país, equivalente a 80% do seu valor comercial, sendo o sistema
rodoviário também responsável por 95% do transporte de passageiros, estimando-se
que essas operações correspondem a 200 bilhões de dólares ou aproximadamente
70% do Produto Interno Bruto – PIB – brasileiro, e que 90% do comércio depende
das rodovias.
Os dados mais recentes do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de
Transportes - DNIT ressaltam a importância da atividade de conservação de
pavimento nas rodovias no Brasil. De acordo com esses dados, uma rodovia em
mau estado de conservação representa 58% a mais de consumo de combustível,
40% no custo de manutenção dos veículos, o dobro do tempo da viagem e um
aumento de 50% no número de acidentes, representando um gasto anual de R$ 1,7
bilhão, devido ao acréscimo dos custos operacionais e do custo com perda de vidas
humanas (78 mil pessoas/ano). Considerando-se essa má conservação nas vias
urbanas dos municípios, teríamos de forma proporcional à extensão da malha viária
urbana e ao volume de tráfego os mesmos problemas em relação ao aumento do
28
consumo de combustível, dos custos de manutenção dos veículos, do tempo de
viagem e do número de acidentes, tornando, nas grandes cidades, um dos principais
fatores que contribuem para o custo elevado da tarifa dos transportes públicos
coletivos.
Na cidade de Maceió-AL, de acordo com cadastro de pavimentação
fornecido pela Superintendência Municipal de Obras e Urbanização - SOMURB, os
dados relativos à malha viária urbana são os indicados na Tabela 6.
Tabela 6 – Cadastro de Pavimentação de Maceió RESUMO DO CADASTRO DE PAVIMENTAÇÃO DE MACEIÓ
TIPO DE PAVIMENTO COMPRIMENTO (m) ÁREA (m² ) %
ASFALTO 469.361,7 3.285.531,61 29,61 BLOQUETE 6.340,5 44.383,24 0,40 CONCRETO 2.643,0 18.501,18 0,17 PARALELEPÍPEDO 372.916,7 2.610.416,63 23,53 OUTROS 4.469,7
858.731,5
52.287,70
6.011.120,36
0,47 TERRA 726.194,3 726.194,3 5.083.360,14 5.083.360,14 45,82 TOTAL 1.584.925,8 11.094.480,50 100.00
OBS.: Utilizou-se a largura média de 7m Fonte: SOMURB (2005).
Observa-se nesses dados que a maior extensão de área pavimentada
da malha viária urbana de Maceió-AL, concentra-se em pavimento com revestimento
asfáltico, inclusive os principais corredores de tráfego. Dessa forma, as vias em
pavimentação asfáltica, em função da sua magnitude e sua importância para
funcionamento do trânsito na cidade, requerem serviços permanentes e rotineiros de
conservação de pavimentos com revestimento asfáltico.
Conforme um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), são US$ 76 bilhões o valor desperdiçado com acidentes de trabalho nas
empresas e organizações públicas latino-americanas, e no Brasil, segundo o
economista José Pastore, da Universidade de São Paulo, o valor estimado desse
desperdício é de R$ 20 bilhões para o país, dos quais 12,5 bilhões para empresas
(ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO, 2003).
Os dados estatísticos demonstram um avanço do Brasil na área de
Segurança e Saúde do Trabalho, com cada vez mais empresas adotando sistema de
gestão de Segurança e Saúde no Trabalho, com certificações OHSAS 18001 e BS
29
8800, mas é preciso avançar mais ainda nesta área para alcançar os níveis de
Segurança do Trabalho dos países desenvolvidos. Para isso são exigidos estudos e
pesquisas que forneçam dados confiáveis do número dos acidentes de trabalho, dos
tipos de acidentes e suas ocorrências nos diversos tipos de atividades econômicas,
contribuindo para uma diminuição do prejuízo à produção com os custos do Acidente
do Trabalho. Assim, justificam-se o estudo e a pesquisa relativos à avaliação da
aplicação de metodologia para identificação e análise dos riscos à segurança e à
saúde do trabalhador a partir de um diagnóstico ergonômico dos serviços de
conservação de pavimento com revestimento asfáltico em vias urbanas da cidade
de Maceió-AL.
Esses serviços estão incluídos no setor de obras viárias, que no Brasil
está em 3º lugar em ocorrências de acidentes do trabalho na construção civil.
Também se justifica a pesquisa pela importância dessa atividade de conservação e
manutenção das vias urbanas na prevenção dos acidentes de trânsito onde estão
incluídos os acidentes de trajeto.
Também é importante como justificativa lembrar que o trabalho deve ser
adaptado ao homem e não o contrário e que é só através do diagnóstico encontrado
na análise de uma atividade do trabalhador em seu local de trabalho que é possível
atingir mais rapidamente, de forma mais segura e a um menor custo, os objetivos
para a melhoria das condições de trabalho e, principalmente, em termos
operacionais relativos à confiabilidade, qualidade e produtividade.
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.3.1 Objetivo geral
Avaliar a aplicabilidade do método da análise ergonômica do trabalho,
como instrumento de identificação e análise de riscos à segurança e saúde do
trabalhador, nos serviços de conservação dos pavimentos com revestimentos
asfálticos em vias urbanas na cidade de Maceió-AL.
30
1.3.2 Objetivos específicos
1. Identificar e analisar ergonomicamente os riscos à segurança do trabalho
baseados nas posturas corporais, movimentos e aplicação de forças,
associadas às frentes de trabalho, onde se desenvolvem as operações de
conservação dos pavimentos com revestimentos asfálticos em vias urbanas.
2. Identificar e analisar ergonomicamente os riscos à segurança do trabalho
baseado na organização do trabalho para a execução dos serviços de
conservação dos pavimentos com revestimentos asfálticos nas vias urbanas.
3. Identificar e analisar ergonomicamente os riscos à segurança do trabalho
baseado nas condições ambientais de trabalho, na execução dos serviços de
conservação dos pavimentos com revestimento asfáltico nas vias urbanas.
4. Identificar e analisar ergonomicamente os riscos associados às operações
das máquinas pesadas, equipamentos, ferramentas utilizados para a
execução dos serviços de conservação de pavimentos asfálticos nas vias
urbanas.
5. Diagnosticar ergonomicamente os riscos à segurança do trabalho nos
serviços de conservação dos pavimentos com revestimentos asfálticos nas
vias urbanas da cidade de Maceió.
C A P Í T U L O I I – E S T A D O D A A R T E
2.1 HISTÓRICO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO
Segurança é freqüentemente definida como isenção de risco. Entretanto,
é praticamente impossível a eliminação completa de todos os riscos. Segurança é,
portanto, um compromisso acerca de uma relativa proteção da exposição a riscos
(DE CICCO; FANTAZZINI, 1985).
A segurança do trabalho compreende primeiro o estudo e a prevenção
dos acidentes, isto é, dos acontecimentos que provocaram uma lesão corporal. Mas
inclui também os incidentes, isto é, os acontecimentos que atingem apenas objetos.
Os acidentes têm uma dimensão de extrema gravidade, pois determinam ainda em
grande parte a condição operária. Os incidentes não têm a mesma significação
humana, porém custam 10 vezes mais caro. O conjunto dos acidentes e dos
incidentes representa 4 e 5% do orçamento da empresa. Suas causas são comuns,
e eles devem ser objeto de uma prevenção comum (WISNER, 1987).
Conforme Faverge ( apud WISNER, 1987, p.34), os acidentes são sinais
de mau funcionamento da organização, e é sobre esta que é necessário agir para
preveni-los, sendo as situações mais perigosas caracterizadas por:
� Situações não previstas (acidentes que se seguem a um incidente);
� Situações de co-atividade (empresa principal e empresa externa
trabalhando no mesmo local, serviço de fabricação e manutenção);
� Atividades sucessivas no mesmo local (passagem de uma equipe para
outra no serviço postal, de uma profissão para outra no setor de
construção civil);
� Situações nas quais as comunicações são insuficientes ou ambíguas.
A partir do século XX, com o desenvolvimento da chamada
“Administração Cientifica” de Taylor e das contribuições de outros estudiosos, a
preocupação com os Acidentes de Trabalho passou a ser incorporada pelos
32
gerentes industriais, por serem eventos que comprometiam a previsibilidade do
sistema produtivo. Passou-se a usar mais constantemente técnicas de engenharia
para a prevenção ou controle dos acidentes, gerando uma habilitação específica
dentro da engenharia, designada de Engenharia de Segurança do Trabalho
(RODRIGUES, 1997).
A Engenharia de Segurança do Trabalho foi desenvolvida para combater
o problema dos Acidentes de Trabalho e, assim, reduzir as perdas por eles geradas,
podendo ser definidas como sendo um conjunto de técnicas e métodos oriundos das
diversas áreas da engenharia, que têm como objetivos: identificar, avaliar, eliminar
ou controlar os riscos do Acidente do Trabalho (RODRIGUES, 1997).
No Brasil, a Lei nº 7.410, de 27/11/1985, dispõe sobre a especialização
de Engenheiros e Arquitetos em Engenharia de Segurança do Trabalho, a profissão
de Técnico de Segurança do Trabalho e dá outras providências. Define, também, em
seu artigo 1º, que o exercício da especialização de Engenheiro de Segurança de
Trabalho será permitido, exclusivamente ao Engenheiro ou Arquiteto, portador de
certificado de conclusão de curso de especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho. Esse curso deve ser ministrado no País, em nível de pós-graduação,
ao portador de certificado de curso de especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho, realizado em caráter prioritário, pelo Ministério do Trabalho e ao
possuidor do registro de Engenheiro de Segurança do Trabalho, expedido pelo
Ministério do Trabalho, até a data fixada na regulamentação desta Lei.
Atualmente existem normas direcionadas para os sistemas de gestão da
Segurança e Saúde no Trabalho, a BS 8800 (British Standards), que constam de um
guia de diretrizes de um sistema de gestão de SST e OHSAS 18000 (Occupational
Health and Safety Assessment Series), constituída da OHSAS 18001, que define os
requisitos de um sistema de gestão da SST para fins de certificação e OHSAS
18002 que é o guia de diretrizes que explica em detalhes os princípios da
especificação OHSAS 18001. Juntas, essas diretrizes são consideradas como o que
há de mais atual em todo o mundo para a implantação de um sistema eficaz de
gerenciamento das questões relacionadas à prevenção de acidentes e doenças
ocupacionais, tendo estas normas para a área de Segurança do Trabalho, a mesma
importância que as normas ISO 9000 para a área de Qualidade Total e ISO 14000
para a área de Gestão Ambiental.
33
2.2 ACIDENTE DO TRABALHO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
De acordo com a legislação trabalhista brasileira, Decreto 83.080, de
24/01/79, Art.221, o Acidente de Trabalho é o que decorre do exercício do trabalho a
serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
a morte, ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade de
trabalho, e classifica estes acidentes em três tipos: Acidentes típicos, aqueles que
provocam lesões imediatas; Doenças Profissionais, inerentes aos ramos de
atividade do trabalhador, que são contraídas em função da exposição continuada a
algum agente agressor presente no local de trabalho e o Acidente de Trajeto, que é
sofrido pelo empregado ainda que fora do local e horário de trabalho. A Legislação
Previdenciária, através da Lei 8.213, de 24 /06 / 91, em seu Capítulo II, seção I,
artigos 19, 20 e 21, trata dos acidentes de Trabalho e dos casos de Acidentes
equiparados a Acidente do Trabalho, para efeitos desta Lei Previdenciária.
A lei previdenciária estabelece quais categorias têm direito aos
benefícios, decorrentes dos Acidentes de Trabalhos:
I. Os empregados, exceto o doméstico;
II. O trabalhador avulso – aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço
de natureza urbana ou rural a diversas empresas, sem vínculo
empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão-
de-obra ou sindicato da categoria;
III. O segurado especial- como o produtor, o parceiro, o meeiro, o
arrendatário rural, o pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam
suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar,
ainda que com auxílio eventual de terceiros, bem como seus
respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de dezesseis
anos ou a ele equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente,
como grupo familiar respectivo.
De acordo com a NB (Norma Brasileira) 18 da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), existem duas causas de acidentes: Atos Inseguros
e Condições Inseguras. O Ato Inseguro é um termo técnico utilizado em prevenção
de acidentes, que se entende como todos os procedimentos que contrariem normas
de prevenção de acidentes. Condições Inseguras é um termo técnico utilizado em
34
prevenção de acidentes, que tem como definição as circunstâncias externas de que
dependem as pessoas para realizar seu trabalho que sejam incompatíveis ou
contrárias às normas de segurança e prevenção de acidentes (PIZA, 1997).
Seguindo a diretriz das causas de acidentes, entende-se que o acidente
sempre ocorre como resultado da soma de Atos e Condições Inseguras que são
oriundas de problemas de ordem psicológica (depressão, tensão, excitação,
neurose, etc.), social (problemas de relacionamentos, preocupações com as
necessidades sociais, educação, dependência química, etc.), congênitos ou de
formação cultural que alteram o comportamento do trabalhador permitindo que
cometa Atos Inseguros. Esses fatores que levam às falhas humanas, são
denominados Fatores Pessoais de Insegurança.
Os Fatores Pessoais de Insegurança são um dos motivos que
determinam, hoje em dia, que durante uma investigação e análise de acidentes, os
profissionais envolvidos não utilizem os termos Atos Inseguros ou Condições
Inseguras, na busca das causas de acidentes. Recomenda-se descrever o risco sem
que haja a necessidade de classificá-lo como Ato ou Condição Insegura.
A definição legal de Acidente de Trabalho é questionável, do ponto de
vista prevencionista, por exigir que haja lesão para a caracterização do Acidente,
sendo que vários estudos, comprovam que os acidentes com vítimas são em
números pequenos, quando comparado com o número muito maior de casos que
ocorrem gerando apenas perda de tempo e de materiais. Como estes casos não
cobertos pela legislação provocam perdas e contêm vários elementos causadores de
acidentes com vítima, é mais correto trabalhar com o conceito prevencionista de
Acidente do Trabalho, segundo o qual o Acidente do Trabalho é todo o evento
inesperado e indesejável, que interrompe a rotina normal de trabalho, podendo gerar
perdas pessoais, de materiais, ou pelo menos de tempo (RODRIGUES, 1997).
2.3 RISCOS: MEIOS DE GERAÇÃO E SUA PREVENÇÃO NA LEGISLAÇÃO
Para uma Análise de Risco é preciso uniformizar os conceitos e os
termos técnicos, oriundos dos países mais desenvolvidos que influenciam a
Engenharia de Segurança no Brasil, relativos às expressões HAZARD, RISK e
DANGER. Em português, essas expressões são entendidas como: Risco (Hazard)
35
que é uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar
danos. Esses danos podem ser entendidos como lesões a pessoas, danos a
equipamentos ou estruturas, perda de material em processo, ou redução da
capacidade de desempenho de uma função pré-determinada; Risco (Risk), que é a
probabilidade de ocorrência de um evento que cause dano; Perigo (Danger) a
situação ou condição em que o risco seja acentuado. Neste estudo, serão
concentradas as pesquisas aos riscos ergonômicos relativos à segurança do
trabalhador, detectando-se os agentes presentes nos ambientes de trabalho que
possam vir a provocar Acidentes do Trabalho e as Doenças Profissionais e do
Trabalho, caso não sejam eliminados.
Cada agente ou causa de acidentes tem o seu próprio meio de
manifestar a sua nocividade ou gera um tipo de risco, dentre os seguintes: Riscos
Mecânicos, que são gerados pelos agentes que demandam o contato físico direto
com a vítima para manifestarem sua nocividade. Riscos Físicos, que são gerados
por agentes que têm a capacidade de modificar as características do ambiente.
Riscos Químicos que são gerados por agentes que modificam a composição química
do meio ambiente. Riscos Biológicos que são introduzidos nos processos de
trabalho pela utilização de seres vivos (em geral micro organismo) como parte
integrante do processo produtivo, tais como: vírus, bacilos, bactérias, etc. Risco
Ergonômico, por sua vez, é introduzido no processo por agentes (máquinas,
equipamentos, métodos, etc.) inadequados às limitações dos seus usuários. Já os
Riscos Sociais são introduzidos pela forma de organização do trabalho adotado na
empresa, que podem provocar os comportamentos sociais (dentro e/ou fora do
ambiente de trabalho) incompatíveis com a preservação da saúde.
A prevenção aos Riscos do Trabalho na Legislação Brasileira aplica-se
de uma forma geral a partir da Lei 6.514, de 22/12/77 , lei esta que altera o Capítulo
V do Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à Segurança e
Medicina do Trabalho e a suas Normas Regulamentadoras, NR, aprovadas pela
Portaria Nº 3.214, de 08/06/78, com suas modificações posteriores, como também
cumprindo as Convenções da Organização Internacional do Trabalho ratificadas
pelo Brasil.
A Norma Regulamentadora, NR-6, relativa ao uso de Equipamento de
Proteção Individual - EPI, diz no seu item 6.2:
36
A empresa é obrigada a fornecer aos empregados , gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento , nas seguintes circunstâncias : a) sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou não, oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou doenças profissionais e do trabalho; b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; c) para atender situações de emergências.
A Norma Regulamentadora, NR-7 obriga, por parte das empresas e
instituições que admitam trabalhadores como empregados, a elaboração do
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, que é parte
integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da saúde
dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR. Em
relação à prevenção dos riscos, citamos os seguintes pontos, dentre outros, como
importantes no referido programa:
� Seu caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos
agravos à saúde relacionados ao trabalho.
� Seu planejamento e implementação deverão ser baseados nos riscos à
saúde dos trabalhadores, especialmente os identificados nas avaliações
previstas nas demais NR.
A Norma Regulamentadora, NR-9, no seu subitem 9.1.1 diz: esta NR
estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os
empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da
saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento,
avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou
que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do
meio ambiente e recursos naturais. As empresas que exercem as atividades na
Indústria da Construção devem obedecer à NR-18, que estabelece no seu item 18.3,
o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
- PCMAT, que conforme subitem 18.3.1, é obrigatório nos estabelecimentos com 20
(vinte) trabalhadores ou mais e no subitem18.3.1.1, diz que o PCMAT deve
contemplar as exigências contidas na NR-9 - Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais.
37
A CLT, em seu artigo 189 da seção XIII, do capítulo V, Título II ,
estabelece:
Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição.
O artigo 192 da CLT, da mesma Seção e Capítulo, determina que “O
trabalho em condições insalubres, assegura a percepção de adicional de
40%(quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário
mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo”
A regulamentação dada à CLT prevê na NR-15, quatorze anexos que
estabelecem limites de tolerância para os agentes ambientais, determinando os
graus de insalubridade. A eliminação ou neutralização da insalubridade segundo o
que estabelece o artigo 191 da CLT, Seção XIII, do Capítulo V, Título II ocorrerá: a)
com adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites
de tolerância; b) com utilização de equipamentos de proteção individual pelo
trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.
De acordo com o estabelecido pelo artigo 193 da Seção XIII, do Capítulo
V, Título II da CLT:
São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo MTb, aquelas que por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.
Este mesmo artigo 193, em seu parágrafo 1º determina que o trabalho
em condições de periculosidade assegura um adicional de 30% (trinta por cento)
sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participações nos lucros da empresa.
A caracterização da Insalubridade e Periculosidade é feita, conforme
determina o artigo 195, da Seção XIII, do Capítulo V, Título II da CLT, “Através de
perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrado no
Ministério do Trabalho”.
38
A Norma Regulamentadora, NR-5, da Portaria 3.214 de 08/06/78 do
MTb, no item 5.16, diz que uma das atribuições da CIPA (Comissão Interna de
Prevenção de Acidente), é a elaboração do Mapa de Risco, que é uma
representação gráfica dos riscos existentes nos diversos locais de trabalho da
empresa, com base nas orientações constantes no anexo IV, da NR-5, incluído
como parte da portaria nº 25 do MTE de 29/12/1994, e classifica os Riscos
Ocupacionais em : Riscos Físicos (ruídos, vibrações, radiações ionizantes ou não
ionizantes, frio, calor, pressões anormais, umidade, etc.); Riscos Químicos ( poeiras,
fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias e compostos químicos em
geral); Riscos Biológicos (vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas, bacilos,
etc.); Riscos Ergonômicos( esforço físico intenso, levantamento e transporte de
peso, postura inadequada, ritmos excessivos, monotonia, repetitividade, etc.) e
Riscos de Acidentes (máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas
defeituosas e inadequadas, eletricidade, animais peçonhentos, etc.)
A Portaria 3.311 de 29/11/89, do MTb, dá instruções para elaboração de
Laudo de Insalubridade e Periculosidade, estabelecendo as regras para elaboração
destes Laudos, conforme segue: identificação do local periciado , descrição do
ambiente de trabalho, análises quantitativas e qualitativas dos riscos, conclusão com
estabelecimento do fundamento legal e proposta técnica para correção.
2.4 ERGONOMIA NA SEGURANÇA DO TRABALHO
2.4.1 Definição e objetivo da ergonomia
A palavra ergonomia vem do grego: ergon = trabalho e nomos =
legislação, normas. De forma abreviada, a ergonomia pode ser definida como a
ciência da configuração de trabalho adaptado ao homem, tendo como alvo o
desenvolvimento de bases científicas para adequação das condições de trabalho às
capacidades e realidade das pessoas que trabalham (GRANDJEAN, 1998).
A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. Isso
envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais
39
de como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados
desejados (IIDA, 1993). A ergonomia procura inverter o processo predominante de
adaptar o homem ao trabalho, pois ao contrário, ela procura adaptar o trabalho ao
homem da melhor forma possível. Para tanto, o estudo da ergonomia deve abranger
diversos aspectos do comportamento humano no trabalho, que são (IIDA, 1993):
� Homem – características físicas, fisiológicas, psicológicas e sociais do
trabalhador; influência do sexo, idade, treinamento e motivação.
� Máquina – equipamentos, ferramentas, mobiliário e instalações.
� Ambiente – temperatura, ruídos, vibrações, luz, cores, gases e outros.
� Informações – refere-se às comunicações existentes entre os
elementos de um sistema, à transmissão de informações, ao
processamento e tomadas de decisões.
� Organização – horários, turnos de trabalho e formação de equipes.
� Conseqüências do trabalho – questões de controle, estudo de erros e
acidentes, estudo sobre o gasto energético, fadiga e stress.
A Ergonomia tem como objetivo principal reduzir doenças ocupacionais,
cansaço do operário, possibilidade de erros, acidentes de trabalho, ausência no
trabalho e custos operacionais; aumentar o conforto do trabalhador, produtividade e
rentabilidade. Para atingir este objetivo deve-se, portanto, conhecer as capacidades
e limitações humanas, os “dados fundamentais anatomo-fisiológicos” e os “ dados
básicos antropométrico e biomecânico”, que possibilitem o projeto ou correção
adequada das áreas de trabalho, e o alcance do objetivo geral, que é de adaptar de
forma possível, o trabalho às características humanas (SILVA; CARTAXO, 2002).
A Ergonomia é o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao
homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos
que possam ser utilizados com o máximo conforto, segurança e eficácia. Este
conhecimento baseia-se essencialmente no campo das ciências do homem
(antropometria, fisiologia, psicologia, uma pequena parte da sociologia), mas
constitui uma parte da arte do engenheiro, à medida que seu resultado se traduz no
dispositivo técnico, cujo resultado é avaliado principalmente por critérios que
pertencem às ciências do homem relativas à saúde, sociologia e economia
(WISNER,1987).
40
A Ergonomia tem uma importância fundamental que deve ser
considerada dentro da nossa realidade, a partir do momento que intervém
diretamente em pontos tais como: acidente de trabalho, problemas associados à
doença do trabalho, questões relativas à redução de produtividade nos locais de
trabalho e na qualidade de vida no trabalho. Mas devemos ter consciência de que as
situações de trabalho não são determinadas unicamente por critérios ergonômicos.
A organização do trabalho, a concepção de ferramentas e máquinas, a implantação
de sistema de produção são, também, determinados por outros fatores, tanto
técnicos como econômicos e sociais (FIALHO; SANTOS, 1995).
No projeto do trabalho e nas situações cotidianas, a ergonomia focaliza
o homem. As condições de insegurança, insalubridade, desconforto e ineficiência
são eliminadas quando adequadas às capacidades e limitações físicas e
psicológicas do Homem. A Ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os
movimentos corporais (sentado, em pé, empurrando, puxando e levantando pesos),
fatores ambientais (ruídos, vibrações, iluminação, clima, agentes químicos),
informação (informações captadas pela visão, audição e outros sentidos), controles,
relação entre mostradores e controles, bem como cargos e tarefas (tarefas
adequadas, cargos interessantes). A conjugação adequada desses fatores permite
projetar ambientes seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho
quanto na vida cotidiana (DUL; WEERDMEESTER, 1995).
A ergonomia constitui uma parte importante, mas não exclusiva, da
melhoria das condições de trabalho em seu sentido restrito, devendo ser levados em
consideração os dados sociológicos e psicossociológicos que se traduzem no
conteúdo e na organização geral da atividade de trabalho, como divisão do trabalho,
divisão das tarefas, etc (WISNER, 1987).
2.4.2 Origens da ergonomia
A Ergonomia desenvolveu-se durante o Período das Duas Guerras
Mundiais, com intensificação dos diversos setores da economia, principalmente a
indústria bélica, com prolongadas jornadas de trabalho com ritmo acelerado, que
provocaram fadiga no trabalhador e geraram acidentes em grande proporção. Em
virtude deste quadro, na Inglaterra foi formado, em 1915, um comitê integrado por
41
médicos, fisiologistas, psicólogos e engenheiros, que estudaram várias questões de
inadaptação entre o trabalho e os trabalhadores envolvidos na Produção. Os
resultados foram considerados razoáveis e este comitê transformou-se em um
Instituto para pesquisa da Fadiga Industrial. Durante a Segunda Guerra Mundial os
problemas voltaram a ser sentidos na falta de compatibilidade entre os projetos das
máquinas e os operadores , ocorrendo acidentes terríveis durante as operações.
Foram formados, novamente, diversos grupos interdisciplinares, nos Estados Unidos
e Inglaterra com o objetivo de adaptar as máquinas e os equipamentos de guerra às
características psicofisiológicas dos operadores (IIDA, 1993).
Após a Segunda Guerra, em 1949, foi fundada a “Ergonomics
Researche Society” – ERS, (Sociedade de Pesquisa em Ergonomia), que tinha como
objetivo melhorar as condições de trabalho produtivo nas indústrias. A definição
oficial adotada pelos fundadores da ERS foi a seguinte :
Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia, na solução dos problemas resultantes desse relacionamento.
O termo ergonomia (do grego ergon = trabalho + nomos = lei) foi
proposto na segunda reunião da ERS, em 16 de fevereiro de 1950, mas já tinha sido
anteriormente usado pelo polonês Woitej Yastembowsky em 1857, que publicou um
artigo intitulado “Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseado nas leis
objetivas da ciência sobre a natureza”, mas foi só a partir da fundação da ERS na
Inglaterra, que a ergonomia se expandiu para o mundo civilizado (IIDA, 1993;
PORTO, 1994).
Em 1961, foi criada a Associação Internacional de Ergonomia (IEA, na
sigla em inglês como é conhecida internacionalmente), que atualmente representa
as associações de ergonomia de quarenta diferentes países, com o total de quinze
mil sócios. No Brasil, a Associação Brasileira de Ergonomia foi fundada em 1983 e
também é filiada à Associação Internacional de Ergonomia (IIDA, 1993; DUL;
WEERDMEESTER, 1995).
Nos Estados Unidos foi criada a Human Factor Society em 1957 e até
hoje o termo mais usual naquele país continua sendo human factors (fatores
humanos), embora ergonomia seja aceito como sinônimo. Podemos dizer então que
42
a ergonomia se aplica ao projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas,
com o objetivo de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho
(IIDA, 1993; DUL; WEERDMEESTER, 1995).
A Ergonomia baseia-se em conhecimentos de outras áreas científicas,
como a antropometria, biomecânica, fisiologia, psicologia, toxicologia, engenharia
mecânica, desenho industrial, eletrônica, informática e gerência industrial. Ela
amealhou, selecionou e integrou os conhecimentos relevantes dessas áreas,
desenvolvendo métodos e técnicas específicas para aplicar esses conhecimentos na
melhoria do trabalho e das condições de vida. Por esse caráter interdisciplinar e pela
natureza aplicada, a ergonomia difere de outras áreas de conhecimento. O caráter
interdisciplinar significa que a ergonomia se apóia em diversas áreas de
conhecimento humano e a natureza aplicada configura-se na adaptação do posto de
trabalho e do ambiente às características e necessidades do trabalhador. (DUL;
WEERDMEESTER, 1995).
2.4.3 Evolução da ergonomia
A Ergonomia atualmente está sendo estudada e aplicada a praticamente
todas as atividades humanas, e estes estudos e aplicações podem ser classificados
em duas grandes categorias: ergonomia do produto, que estuda os objetos,
máquinas, equipamentos com que os seres humanos realizam suas atividades, e a
ergonomia da produção que estuda as condições nas quais as atividades humanas
são realizadas.
Conforme Hendrick (1993), podem ser destacados quatro componentes
do desenvolvimento da ergonomia através dos anos, que são:
• Tecnologia da interface homem-máquina ou Ergonomia do hardware. Esta
tecnologia começou a se desenvolver durante a segunda Guerra Mundial, e
representou o começo da prática e ciência formal “fatores humanos”.
Primeiramente se ocupava com o estudo das características físicas e de
percepção humana e a aplicação destes dados para o projeto de controles,
displays e arranjos do espaço de trabalho. Isto permanece hoje como
específico e mais amplo aspecto do ergonomista profissional, e
provavelmente permanecerá assim no futuro. Dentro deste contexto, a
43
ergonomia, como uma vertente da ciência /tecnologia que tem como
preocupação central a interface entre o ser humano e o(s) sistemas(s)
tecnológico(s), pode ser concebida como uma disciplina(sub-sistema)
integrante do esforço mais amplo do desenvolvimento da Engenharia de
Produção.
• Tecnologia da interface homem-ambiente ou Ergonomia ambiental. Durante as
últimas décadas, a importância de entender a relação dos homens com os
seus ambientes naturais e construídos, tem ganho cada vez mais atenção e
uma tecnologia ergonômica, a isto relacionada tem sido constantemente
desenvolvida. Um outro, bastante recente e bem diferente, desenvolvido, tem
sido a aplicação de uma cisão ecológica para modelagem do desempenho
humano e para métodos ergonômicos clássicos como análise de tarefa. Uma
consciência internacional progressivamente de grande importância das
questões ecológicas para a saúde e eficiência humana assegurará a
continuada expansão da pesquisa em tecnologia homem-ambiente e sua
aplicação mundo afora.
• Tecnologia da interface usuário-sistema, ou Ergonomia do sowftware. Esta
tecnologia começou a aparecer na terceira década da ergonomia, e
representa uma mudança da natureza do trabalho físico e perceptivo para
cognitivo. Devido ao crescimento contínuo em tecnologia software e suas
aplicações, e a crescente realização da importância da tecnologia de interface
usuário-sistema para o projeto efetivo do software continuará a ser uma forte
área de crescimento em nível internacional da ergonomia.
• Tecnologia de interface máquina-organização, ou macroergonomia. Esta fase
pode ser rotulada como “tecnologia de interface máquina-homem-
organização”. O foco central, entretanto, está na interface do projeto
organizacional como um todo e do sistema de trabalho com a tecnologia
empregada, ou a ser empregada no sistema para otimizar o funcionamento
homem-sistema.
A ergonomia difundiu-se em praticamente todos os países do mundo,
existindo muitas instituições de ensino e pesquisa atuando na área e anualmente se
realizam muitos eventos de caráter nacional ou internacional para apresentação e
discussão dos resultados das pesquisas (IIDA, 1993).
44
É possível fazer cursos de graduação em ergonomia em alguns países.
Já em outros países, os profissionais como engenheiros, desenhistas industriais,
médicos e psicólogos, podem adquirir conhecimentos e treinamentos em ergonomia,
sendo que muitos desses profissionais podem ser chamados ergonomistas, em
função dos conhecimentos e experiências adquiridas por eles, ao longo de vários
anos (DUL; WEERDMEESTER, 1995).
Ergonomistas profissionais atuam no ensino (universidades e escolas
técnicas), instituições de pesquisa, órgãos normativos (legislação), prestação de
serviços (consultorias) e no setor produtivo (departamentos de projeto, pesquisa e
desenvolvimento, saúde ocupacional, treinamento e outros). Entretanto, muitos que
atuam no setor produtivo, trabalham na interface, de um lado, com os projetistas e,
de outro, com operadores ou usuários dos sistemas de produção, procurando nesta
função, orientar projetistas, compradores, gerentes e trabalhadores sobre questões
ergonômicas, adaptando os respectivos trabalhos às características e limitações do
ser humano. Os conhecimentos de ergonomia são aplicados por outros profissionais
além dos ergonomistas, entre os quais se incluem os desenhistas industriais,
médicos de trabalho, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos industriais (DUL;
WEERDMEESTER, 1995).
No Brasil, desde a fundação da Associação Brasileira de Ergonomia (
ABERGO) em 1983, que esse ramo de conhecimento no país vem evoluindo de
forma constante. O primeiro grande passo foi a criação do Sistema de Certificação
do Ergonomista Brasileiro (SISCEB) pelo Congresso Brasileiro de Ergonomia em
2002, iniciando-se com o processo transitório, que durou dois anos, chamado de
processo de Certificação por Remissão Postulada, em que pessoas com mais de
cinco anos de trabalho como ergonomista poderiam se certificar a partir do momento
em que submetessem um dossiê para avaliação. Atualmente, no processo regular
de certificação é exigido que o profissional tenha cursado a especialização em
ergonomia. O segundo passo foi a criação do Conselho Cientifico da ABERGO,
composto hoje por vinte professores-doutores e o terceiro passo foi a criação dos
Grupos Técnicos (GTs), que têm atividades especificas nas quais determinados
tópicos, como educação, ergodesign, normalização de produtos, fisioterapia do
trabalho, biomecânica, acessibilidade, etc., são estudados com mais profundidade.
De acordo com Iida (1993, p. 4) “os conhecimentos já disponíveis em
ergonomia, se fossem dominados e aplicados pela sociedade, certamente dariam
45
uma contribuição importante para reduzir o sofrimento dos trabalhadores e melhorar
a produtividade nas condições de vida em geral”.
2.4.4 Abordagens e aplicações da ergonomia
A abordagem ergonômica de sistemas procura mostrar que o projeto de
qualquer tipo de máquina, equipamento ou produto não é uma atividade isolada,
mas destina-se a desenvolver certas funções e habilidades que complementem
aquelas do ser humano (IIDA, 1993).
Do ponto de vista ergonômico, uma situação de trabalho é um sistema
complexo e dinâmico, cujas entradas (as exigências de trabalho) determinam a
atividade do trabalhador (os comportamentos de trabalho) e cujas saídas resultam
destas atividades (os resultados do trabalho). Esta abordagem sistêmica em
ergonomia, aplica-se tanto a um posto de trabalho com um único operador, como a
uma instalação complexa com vários operadores (FIALHO; SANTOS, 1995).
O sistema produtivo pode ser definido como um conjunto de elementos
ou subsistemas que interagem entre si, tendo um objetivo comum e que evoluem
com o tempo. Os elementos que constituem um sistema são: fronteira (limites,
delimitação), subsistemas, entradas (“inputs”), saídas(“outputs”) e processamento
(IIDA, 1993). Conforme Montmollin (apud FIALHO; SANTOS, 1995, p.68), pode-se
distinguir uma ergonomia do posto de trabalho (sistema que compreende um homem
e uma máquina) e uma ergonomia de sistemas (que compreende vários homens e
várias máquinas), entretanto, não existem diferenças fundamentais entre estes dois
tipos de sistemas, na medida em que se pode considerar os sistemas homens-
máquinas como um conjunto de postos de trabalho, inter-relacionados entre si.
Na visão ergonômica, pode-se dizer que um sistema é um conjunto de
componentes: homem, tecnologia, organização e meio ambiente de trabalho,
dinamicamente relacionados em uma rede de comunicações, formando uma
atividade, para atingir um objetivo, agindo sobre sinais, energia e matérias primas,
para fornecer informação, energia ou produto (FIALHO; SANTOS, 1995).
O movimento ergonômico é extremamente complexo devido a sua
múltipla origem cientifica e sua extensão mundial, tendo sua prática variado de um
46
país para o outro, e às vezes, de um grupo a outro, mas mantendo os seguintes
aspectos originais:
� A utilização de dados científicos sobre o homem.
� A origem multidisciplinar desses dados.
� A aplicação sobre o dispositivo técnico e, de modo secundário, sobre a
organização do trabalho e a formação.
� A perspectivas de uso desse dispositivo pela população normal de
trabalhadores disponíveis, sem uma severa seleção (WISNER, 1987).
Em função da grande importância das posturas e movimentos na
ergonomia, diversos princípios ergonômicos derivam-se de outras áreas do
conhecimento como a biomecânica, fisiologia e antropometria. Com a biomecânica
podem-se estimar as tensões que ocorrem nos músculos e articulações durante uma
postura ou um movimento. Com a fisiologia pode-se estimar a demanda energética
do coração e dos pulmões, exigida por um esforço muscular. A antropometria ocupa-
se das dimensões e proporções do corpo humano, o que interessa à ergonomia para
os projetos dos postos de trabalho, máquinas, equipamentos, ferramentas,
mobiliário, em que devem ser consideradas as diferenças individuais do corpo entre
os seus usuários potenciais (DUL; WEERDMEESTER, 1995).
O estudo ergonômico, partindo de uma análise biomecânica, pode ser
conduzido a partir de duas perspectivas. A primeira, cinemática, enfocando a
quantidade e o tipo de movimento, a direção do movimento e a velocidade ou
mudança de velocidade do corpo ou de um objeto. A segunda, cinética que enfoca a
causa do movimento, isto é, tenta definir as forças que provocam o movimento
(HAMILL; KNUTZEN, 1999).
A grande questão a ser respondida pela ergonomia, é “... se os seus
critérios tratam apenas de assegurar sem grande problemas o funcionamento do
sistema produtivo, ou de obter primeiramente, ou pelo menos simultaneamente, a
saúde plena dos trabalhadores” (WISNER, 1987, p. 26).
Conforme Grandjean (1998), ergonomia é a ciência da configuração do
trabalho ajustada para o homem, tendo como objetivos o desenvolvimento de bases
científicas para adequação das condições de trabalho às capacidades e realidades
da pessoa que trabalha. São estudados e levados em consideração para este
desenvolvimento os seguintes pontos: o trabalho muscular, o comando nervoso dos
47
movimentos, medidas do corpo como parâmetro para o projeto, trabalho pesado,
trabalho de precisão, sistema Homem-Máquina, atividade mental, a fadiga, a
monotonia, o estresse, jornada de trabalho, trabalho noturno e por turno, percepção
visual, iluminação, ruído, vibrações, o clima ambiente no local de trabalho.
A ergonomia pode contribuir para solucionar um grande número de
problemas sociais relacionados com a saúde, segurança, conforto e eficiência, e
evitar muitos acidentes que podem ser causados por erros humanos, devido ao
relacionamento inadequado entre os operadores e suas tarefas. A probabilidade de
ocorrência dos acidentes pode ser reduzida quando se consideram adequadamente
as capacidades e limitações humanas durante o projeto do trabalho e de seu
ambiente. Um princípio importante na aplicação da ergonomia é que os
equipamentos, sistemas e tarefas devem ser projetados para uso coletivo;
considerando-se as diferenças individuais em uma população, os projetos, em geral,
devem atender a 95% da população, significando que existem 5% dos extremos da
população, para os quais os projetos de uso coletivo não se adaptam bem, sendo
necessários realizar projetos específicos para atender às pessoas nesses casos
(DUL; WEERDMEESTER, 1995).
2.4.5 Ergonomia nas normas e legislação de segurança do trabalho
Com objetivo de estimular a aplicação dos conhecimentos em
ergonomia, alguns conhecimentos foram convertidos em normas oficiais, como as
normas ISO (International Standardization Organization), as normas européias EN
da CEN (Comitê Européen de Normalisation), a norma ANSI (American National
Standards Institute) nos Estados Unidos e BSI (British Standards Instituition) na
Inglaterra (DUL; WEERDMEESTER, 1995).
Atualmente, os conhecimentos ergonômicos são aplicados nas normas
direcionadas para os Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho,
sendo as normas BS 8800 e OHSAS 18000 as que representam o que há de mais
atual em todo o mundo para a implantação de um sistema eficaz de gerenciamento
das questões relacionadas à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
Apesar de, oficialmente, não representarem o pensamento da OIT, estas normas
48
abordam a questão da segurança e saúde nos ambientes de trabalho, segundo
linhas de ação que, nesse ponto, não diferem das seguidas pelas diretrizes da OIT.
No Brasil foram estabelecidos parâmetros ergonômicos através da
Norma Regulamentadora NR –17, incluindo nas condições de trabalho os aspectos
relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos
equipamentos e às condições ambientais de trabalho e à própria organização do
trabalho.
A Norma Regulamentadora NR – 5, que trata da Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes – CIPA, através da redação dada pela Portaria nº 25, de
29/12/1994, em seu anexo IV- Mapa de Riscos, classifica como os principais riscos
ocupacionais ergonômicos : esforço físico intenso, levantamento e transporte manual
de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade,
imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno noturno, jornadas de trabalho
prolongadas, monotonia e repetitividade, outras situações causadoras de stress
físico e/ou psíquico.
Contextualizando a aplicação da Ergonomia à legislação na área de
relações de trabalho no Brasil, em linhas gerais, pode-se delimitar esta aplicação
aos seguintes momentos específicos: publicação da Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT, em 1943; a Lei nº 6.514, de 22/12/1977, que altera o Capítulo V da
CLT, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho; a elaboração da Portaria nº
3.214, de 08/06/1978, que institui as Normas Regulamentadoras de Medicina do
Trabalho; o estabelecimento da Portaria nº 3.751, de 23/11/1990, que deu nova
redação à NR-17; e em 2000, a determinação do Departamento de Segurança e
Saúde no Trabalho, de ampliar e intensificar a fiscalização em Ergonomia por todo o
Brasil, de acordo com a política do Ministério do Trabalho, que, reconhecendo a
importância da Ergonomia na transformação das situações do trabalho, enfatiza o
papel da Análise Ergonômica do Trabalho na identificação das causas e soluções
dos problemas.
2.4.6 A ergonomia dos sistemas de produção – antropotecnologia
No contexto da globalização, os processos de transferência de
tecnologia, nas suas diversas configurações apresentam uma importância crescente,
49
considerando-se a premissa de que a tecnologia representa um fator essencial para
o desenvolvimento da competitividade. Seguindo ainda este raciocínio, temos como
efeitos e objetivos da introdução de inovação tecnológica, o aumento da
produtividade, melhor aproveitamento de insumos, melhoria do produto, economia
de energia e diminuição de riscos como acidentes do trabalho (SANTOS et al.,
1997).
Para Rodrigues e Ornellas (1987), na sociedade industrial o progresso
técnico apresenta pelo menos três metas básicas, que são: a redução do esforço de
trabalho, aumento de produtividade e a melhoria da qualidade do produto. Em
qualquer das três metas citadas, a tecnologia aparece como determinante, desde o
modo de execução e organização do trabalho, até o objetivo de melhorar a eficácia
da empresa.
Dentre as diversas definições de tecnologia, tem-se a de Rosenthal e
Moreira (1992) que destacam dois pontos: o primeiro envolve a consideração de que
tecnologia é, antes de tudo, conhecimento útil no sentido a ser aplicado, ou
aplicável, às atividades humanas, especialmente, mas não exclusivamente àquelas
ligadas ao processo de produção, distribuição e utilização de bens e serviços, e de
contribuir para a elevação quantitativa e/ou qualitativa dos resultados de tais
atividades e processo; o segundo diz respeito à origem destes conhecimentos, que
pode ser, em grande medida, científica, mas que abrange também uma importante
parcela de experiências e conhecimentos práticos, adquiridos e acumulados no
exercício da atividade à qual a tecnologia se refere.
Considerando uma perspectiva mais ampla, Wisner (apud SANTOS et
al, 1997), ressalta que a tecnologia não é somente uma questão de máquinas ou de
ciências aplicadas, sendo, essencialmente, uma interface na interação do homem
com o seu ambiente, uma ferramenta que, por sua vez, o ajuda na conquista da
natureza e tem um efeito direto na sua vida em sociedade.
A transferência de tecnologia entre países é um processo definido pela
OIT (1988), como a exportação de tecnologia de um país a outro, segundo diversas
modalidades, tais como construção de fábricas e plantas industriais completas,
importação de equipamentos e componentes, financiamento de projetos de
industrialização e infra-estrutura, envio de especialistas estrangeiros como
consultores e formadores de pessoal local.
50
Os resultados obtidos com o processo de transferência de tecnologia
nem sempre satisfazem às expectativas do comprador, uma vez que a tecnologia
transferida, muitas vezes, ou funciona de modo degradado, ou só funciona no
momento da operação piloto. No primeiro caso, o funcionamento de modo
degradado, a tecnologia sofre freqüentes rupturas, causando sérios problemas sobre
a eficiência da produção e especialmente sobre as condições de trabalho (SANTOS
et al., 1997).
Na relação de transferência de tecnologia entre países, destaca-se como
o processo considerado mais problemático, aquele realizado desde os Países
Desenvolvidos Industrialmente (PDI) até os Países em Vias de Desenvolvimento
Industrial (PVDI), onde está incluído o Brasil. Atualmente, existe uma grande
preocupação por parte das empresas privadas ou públicas dos PVDI com a
conquista da qualidade e da produtividade, buscando uma maior competitividade
diante da concorrência estrangeira. Em função dessa necessidade, a ação de
transferir tecnologias de PDI para PVDI tornou-se bastante comum, já que a
competição globalizada não pode esperar que os cidadãos dos PVDI criem base de
conhecimento exigidas para projetar as tecnologias necessárias ao seu
desenvolvimento industrial, e esses conhecimentos já existem nos PDI.
Wisner (apud SANTOS et al., 1997), a partir do conhecimento e análise
de vários casos de transferência de tecnologia, relaciona os sérios problemas que
podem ocorrer em virtude de processos mal conduzidos como, por exemplo,
produção inferior em qualidade e em quantidade ao que foi previsto, desgaste do
material transferido e até mesmo atrofia do sistema técnico. No plano humano, os
riscos apresentam-se igualmente elevados, quais sejam, acidentes de trabalho e
doenças profissionais muito freqüentes, catástrofes ecológicas, enfermidades
relacionadas com o desenvolvimento e o urbanismo predatório, que provocam o
aparecimento de várias doenças (paludismo, amebíase, tuberculose, perturbações
mentais). A inadaptação ocorre pela não consideração dos diversos aspectos
relativos à situação do local onde se instala o empreendimento do país importador,
que estão muito além das análises econômico financeiras, estando na origem de
tantos fracassos a não realização de um estudo mais aprofundado, preliminar à
aquisição da tecnologia, não negligenciando características do pais comprador
(geográficas, climáticas, econômicas e sociais), bem como as características dos
seus trabalhadores (antropométricas, culturais, cognitivas), à quais a tecnologia deve
51
ser adaptada para se obter uma maior taxa de sucesso, destacando-se ainda a
importância das condições de trabalho.
No contexto de avaliação e busca de melhores condições de trabalho
em que se insere a ergonomia e, especificamente, em processos que envolvam
transferência de tecnologia, a sua ampliação até a antropotecnologia, que é uma
área de conhecimento que busca adaptar a tecnologia à realidade do país
importador, analisa-se em que condições os sistemas produtivos importados podem
melhorar o seu funcionamento no local para onde será transferido. Nesse
caso,consideram-se variáveis de ações que envolvem, além dos aspectos básicos
da ergonomia, a influência que os denominados tecidos industrial, social e cultural
possam representar para o funcionamento do sistema.
Em analogia à ergonomia que procura a adaptação do trabalho ao
homem com o objetivo de preservar, simultaneamente, a produtividade e a saúde
dos trabalhadores, desenvolveu-se um novo campo de estudo denominado
antropotecnologia, que pode ser definida como a adaptação da tecnologia a ser
transferida a uma determinada população, considerando a influência de fatores
geográficos, econômicos, sociológicos e antropológicos. Este termo foi criado com o
intuito de aumentar a abrangência do campo de ação da ergonomia, sendo que a
ergonomia procura usar e criar conhecimentos sobre o homem em atividade de
trabalho, a partir de disciplinas como a antropometria, biomecânica, a fisiologia do
trabalho e a psicologia cognitiva. A antropotecnologia amplia esta abordagem,
procurando desenvolver conhecimentos sobre o homem em atividade coletiva de
trabalho, a partir de disciplinas como a ergonomia, a sociologia do trabalho, a
organização do trabalho, a antropologia cultural e cognitiva, com o mesmo objetivo
de incrementar a busca de soluções às dificuldades na implantação de sistemas de
produção (SANTOS et al., 1997).
2.4.7 Identificação e análise dos riscos ergonômicos
A identificação de riscos é o processo através do qual, contínua e
sistematicamente, são identificadas perdas potenciais às pessoas, à propriedade e
por responsabilidade da empresa, isto é, situações de risco de acidentes que podem
afetar o trabalhador e a organização (DE CICCO; FANTAZZINI, 1985).
52
A melhor estratégia para identificação de riscos é a combinação de
vários métodos existentes, obtendo-se assim, o maior número possível de
informações sobre os riscos, evitando-se que a empresa seja, inconscientemente,
ameaçada por eventuais perdas decorrentes de acidentes. Os meios mais
freqüentes para identificação de riscos são as utilizações de “check-lists”
(questionários), roteiros, que podem ser obtidos em publicações especializadas em
Engenharia de Segurança. Utiliza-se também como meio para identificação de riscos
a inspeção de segurança ou a inspeção de riscos, que consiste na procura de riscos
já conhecidos teoricamente, o que facilita a prevenção de acidentes, em função de
que as soluções possíveis foram estudadas anteriormente e constam de extensa
bibliografia. Outro meio empregado para identificação dos riscos é a investigação de
acidentes, que no caso especifico desta pesquisa não foi utilizado, já que a proposta
da pesquisa tem o caráter preventivo, com desenvolvimento de ações de prevenção,
anteriores à ocorrência de perda.
De acordo com Fialho e Santos (1995, p. 13), “só existe a ergonomia se
existir uma análise ergonômica do trabalho e só existe uma análise ergonômica se
ela for realizada empiricamente numa situação real do trabalho”. Esta análise
ergonômica do trabalho divide-se em três fases: análise da demanda, análise da
tarefa e análise das atividades, sendo que na prática ergonômica, estas fases
podem ocorrer de forma simultânea, sem contudo, prejudicar a seqüência
metodológica.
Utilizando-se as definições de Fialho e Santos (1995), temos que:
� Análise da demanda é a definição do problema a ser analisado.
� Análise da tarefa é o que o trabalhador deve realizar e as condições
ambientais, técnicas e organizacionais desta realização.
� Análise de atividade é o que o trabalhador, efetivamente, realiza para
executar a tarefa.
Observa-se que para cada uma das análises citadas acima, é
necessário uma descrição precisa, observações e medidas sistemáticas de variáveis
pertinentes com relação às hipóteses formuladas, utilizando-se técnicas especificas
para análise dos modos operativos, das posturas, das atividades visuais, dos
deslocamentos, etc.
53
No livro Ergonomia Prática, Dul e Weerdmeester (1995) abordam vários
fatores que devem ser levados em consideração e observados para a realização de
uma análise ergonômica do trabalho, que são os apresentados abaixo e que estão
discriminados detalhadamente em lista de verificação apresentada em anexo a este
projeto de pesquisa:
� Fatores relacionados com a tarefa e o cargo.
� Fatores biomecânicos, fisiológicos e antropométricos.
� Fatores relativos à postura.
� Fatores relacionados com o movimento.
� Fatores ambientais.
� Fatores relacionados com informação e controle.
A análise ergonômica deve conduzir e orientar modificações para
melhorar as condições de trabalho sobre os pontos críticos evidenciados, e
promovendo uma melhora de produtividade e de qualidade dos produtos ou serviços
que serão produzidos ou realizados (FIALHO; SANTOS, 1995).
Para Wisner (1987), a metodologia da análise do trabalho ergonômica,
que é uma abordagem do trabalho real, aparece então como instrumento de medida
de distância entre o trabalho prescrito e o trabalho real.
Nesta pesquisa foram levantados os dados, para identificação e análise
dos riscos ergonômicos, além de uma observação sistemática dos serviços
realizados, registrados através de fotos e filmagem. Foram, ainda, utilizadas as
planilhas de levantamento de dados ergonômicos, apoiadas em Fialho e Santos
(1995), no Manual de Análise Ergonômica no Trabalho, e foram considerados e
principalmente observados os fatores ergonômicos abordados por Dul e
Weerdmeester (1995), como também outras informações obtidas nas outras
referências, que não estavam contempladas nas planilhas e foram importantes para
a pesquisa.
2.5 PAVIMENTAÇÃO: DEFINIÇÕES E MATERIAIS UTILIZADOS
Chama-se pavimento a estrutura construída após a Terraplenagem e
destinada, em seu conjunto, a:
54
� Resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais oriundos do tráfego.
� Melhorar as condições de rolamento, quanto ao conforto e à segurança.
� Resistir aos esforços horizontais, tornando mais durável a superfície de
rolamento.
É definido como subleito o terreno de fundação do pavimento e como
leito a superfície obtida pela terraplenagem ou obra de arte e conformada ao seu
greide e seção transversal. Os principais elementos constituintes do pavimento
podem ser definidos de acordo com o Manual de Pavimentação do DNER (1975) da
seguinte forma:
� Regularização: é a operação destinada a conformar o leito, transversal
e longitudinalmente.
� Reforço do subleito: é a camada e espessura constante em seção
transversal, variável longitudinalmente com o dimensionamento e
integrante do pavimento que, por circunstâncias técnico - econômicas,
será executada sobre o greide de regularização projetado.
� Sub-base: é a camada complementar à base, que será executada
quando, por circunstâncias técnico - econômicas, não for aconselhável
construir a base diretamente sobre o leito regularizado ou sobre reforço.
� Base: é a camada destinada a suportar e distribuir esforços oriundos do
trânsito e sobre a qual se construíra o revestimento.
� Revestimento: é a camada destinada a receber diretamente a ação do
trânsito, devendo ser, tanto quanto possível, impermeável, resistente ao
desgaste e suave ao rolamento.
Seguindo as definições do Manual de Pavimentação do DNER (1975), o
reforço de subleito, a sub-base e a base terão sempre a espessura constante em
seção transversal, podendo a mesma variar longitudinalmente de acordo com o
dimensionamento. A regularização e o reforço do subleito deverão ter larguras
abrangendo a pista e os acostamentos. A sub-base e a base terão larguras
menores, em relação à regularização. O revestimento será feito apenas na largura
da pista de rolamento, ou seja na parte destinada ao trânsito de veículos.
Em relação aos serviços de pavimentação asfáltica nas vias urbanas,
que será objeto da pesquisa, relativa à identificação dos riscos, pode-se definir
55
esses tipos de pavimentos como flexíveis, que são constituídos por um revestimento
betuminoso delgado sobre camadas puramente granulares (SOUZA, 1980). Os
revestimentos betuminosos são constituídos por associação de agregados e
materiais betuminosos, que podem ser feitas de duas maneiras clássicas: por
penetração (tratamentos superficiais de penetração invertida, macadame
betuminoso por penetração direta) e por mistura (concreto asfáltico, pré - misturado
a frio, pré - misturado a quente).
Os materiais empregados na execução do pavimento asfáltico são
classificados por Souza (1980) e pelo Manual de pavimentação do DNER (1975)
em: Solos (materiais terrosos), Agregados (materiais pétreos), Materiais
Betuminosos e Materiais Diversos (aglomerantes hidráulicos, produtos químicos
etc.).
Solo significa em engenharia todo o material não consolidado, próximo à
superfície da terra, incluindo-se ar, água, matéria orgânica e outras substâncias nele
contidas, sendo produto do intemperismo, por ações químicas e mecânicas, das
rochas da crosta terrestre. O solo é um material poroso e não homogêneo, cujo
comportamento é grandemente afetado pelo seu teor de umidade e
compactacidade. Os solos podem ocorrer sob as formas de turfas, argilas moles,
materiais silto-argilosos, pedregulhos, areias e suas diversas combinações.
A American Society for Testing Materials (ASTM) define Agregados
como “materiais minerais inertes que podem ser aglutinados por um ligante, para
formar argamassas , concretos, mastics, etc.”. Os Agregados usados em
pavimentação podem ser classificados como naturais ou artificiais. Os primeiros, são
aqueles utilizados como se encontram na natureza, como o pedregulho, os seixos
rolados , areias etc. , ao passo que os segundos compreendem os que necessitam
uma operação de afeiçoamento para a sua utilização, como pedra britada graduada
ou corrida e o pó de pedra.
Os materiais betuminosos são, por definição, associações de
hidrocarbonetos solúveis em bissulfeto de carbono e que têm propriedades de
aderência aos agregados. Existem duas grandes categorias de materiais
betuminosos: os asfaltos e os alcatrões. Os asfaltos se originam do petróleo e os
alcatrões, do carvão, madeira etc. Os asfaltos podem ser encontrados em estado
natural ou obtidos através da refinação do petróleo.
56
São empregados correntemente em pavimentação os seguintes tipos de
asfalto: a) cimentos asfálticos; b) asfaltos diluídos; c) emulsões ou asfaltos
emulsionados. Os cimentos asfálticos são os produtos básicos provenientes da
destilação de certos tipos de petróleo. São semi-sólidos à temperatura ambiente,
pelo que necessitam de aquecimento para que adquiram consistência apropriada ao
envolvimento de agregados, à trabalhabilidade e compactação das misturas
betuminosas, contribuindo com a coesão necessária após o resfriamento. Os
asfaltos diluídos são diluições de cimentos asfálticos em solventes de petróleo de
volatilidade apropriada. Emulsões asfálticas são suspensões, relativamente estáveis,
de materiais asfálticos finamente divididos em pequenos glóbulos, numa fase
contínua, constituída pela água.
O Manual de Pavimentação do DNER (1975) apresenta como Materiais
Diversos de uso mais freqüente que não se inclui nas relações de Materiais já
citadas (solo, agregados e material betuminoso) os Aglomerantes Hidráulicos, cal
hidráulica e cimento portland, cuja propriedade principal é de, por ação da água em
proporções e condições adequadas, apresentarem o fenômeno de pega e
endurecimento e os Produtos Químicos para diversas finalidades e principalmente
para estabilização das camadas das sub-base e base do pavimento asfáltico.
2.5.1 Descrição das tarefas na execução da pavimentação em Concreto
Betuminoso Usinado a Quente – CBUQ
2.5.1.1 Regularização do subleito
Operação destinada a conformar o leito da via, quando necessário,
transversalmente e longitudinalmente, compreendendo cortes e aterros até 20cm de
espessura. Toda a vegetação e material orgânico são removíveis do leito da via e
após a execução de cortes e aterros necessários para atingir o greide de projeto,
proceder-se-á a uma escarificação geral, na profundidade de 20cm, seguida da
pulverização, umedecimento ou secagem, compactação e acabamento.
57
2.5.1.2 Reforço do subleito
É a camada de espessura constante transversalmente e variável
longitudinalmente, de acordo com o dimensionamento do pavimento, fazendo parte
integrante deste e que por circunstância técnico-econômica, é executada sobre o
Subleito regularizado. Compreende as operações de espalhamento, pulverização,
umedecimento ou secagem, compactação e acabamento do material importado, na
pista já regularizada, obedecendo à espessura indicada no dimensionamento do
pavimento, em camadas individuais de, no mínimo, 10cm e, no máximo, 20cm de
espessura, após a compactação.
2.5.1.3 Sub-base e base estabilizada granulometricamente
Estas Bases e Sub-Bases granulares são constituídas de camadas de
solos, misturas de solos e materiais britados, ou produtos totais de britagem. A
execução compreende as operações de espalhamento, mistura e pulverização,
umedecimento ou secagem, compactação e acabamento dos materiais importados,
realizados na pista, devidamente preparada na largura desejada, nas quantidades
que permitam, após a compactação atingir a espessura projetada.
2.5.1.4 Imprimação
Consiste na aplicação de uma camada de material betuminoso sobre a
superfície de uma base concluída, antes da execução de um revestimento
betuminoso qualquer, objetivando: a) aumentar a coesão da superfície da base, pela
penetração do material betuminoso empregado; b) promover condições de
aderência entre a base e o revestimento; c) impermeabilizar a base. Na execução,
procede-se à varredura da superfície da base, de modo a eliminar o pó e o material
solto existentes, aplicando-se a seguir, o material betuminoso adequado, na
temperatura compatível com o seu tipo, na quantidade certa e de maneira uniforme.
58
2.5.1.5 Revestimento em Concreto Betuminoso Usinado a Quente - CBUQ
É o revestimento flexível, resultante da mistura a quente, em usina
apropriada, de agregado mineral graduado, material de enchimento (filler) e material
betuminoso, espalhada e comprimida a quente. O concreto asfáltico produzido é
transportado, da Usina ao ponto de aplicação, nos caminhões basculantes e
distribuídos nos leitos das vias por máquinas acabadoras de asfalto, tendo,
imediatamente após a distribuição do concreto asfáltico o início da rolagem visando
à compressão da mistura.
2.6 CONSERVAÇÃO DE PAVIMENTO ASFÁLTICO
2.6.1 Definições e terminologias
Conservação de pavimentos é o conjunto de operações destinado a
manter as características técnicas e operacionais de uma rodovia, rua ou avenida,
assegurando de forma permanente seu funcionamento em condições de conforto,
segurança e economia de operação para os usuários, previstas em projeto. Dessa
forma, conservar é manter nas rodovias, ruas ou avenidas, as condições existentes,
logo após a construção da pavimentação (SENÇO, 2001).
De acordo com Hindermann (apud SENÇO, 2001, p. 445), a
conservação é definida como a arte de manter o pavimento em total serviço com o
mínimo de despesa e com o menor inconveniente de tráfego.
Os objetivos da Conservação da Pavimentação das vias urbanas são os
seguintes:
� Manter sob controle o desgaste que a via normalmente sofre com o uso,
reduzindo o ritmo de deterioração e contribuindo para o prolongamento
de sua vida útil.
� Manter normais as condições de rolamento, diminuindo os custos
operacionais dos veículos que utilizam a rodovia.
� Acompanhar o comportamento de todos os componentes da rodovia,
tomando providências que se antecipem aos problemas, de modo a
59
manter a confiabilidade e possibilitar maior pontualidade, regularidade e
segurança aos serviços de transporte de passageiros e de cargas.
Mélo (1996) classifica os tipos de Conservação de pavimentação como a
seguir:
� Conservação Corretiva Rotineira: é aquela que se desenvolve a cada
dia, predominantemente por serviços manuais e que visa corrigir
pequenos defeitos, tão logo eles ocorram. Ela procura manter em boas
condições de funcionamento os diversos componentes da via urbana,
tais como: o pavimento, o sistema de drenagem superficial e
subterrâneo, a infra-estrutura, as obras de arte especiais correntes etc.
� Conservação Preventiva: é aquela que se realiza periodicamente
visando, na maioria dos casos rejuvenescer o revestimento, de modo a
evitar uma deterioração generalizada iminente e adiar reinvestimento
de maior vulto para reforçar a estrutura do pavimento, ou mesmo,
restaurá-lo por completo.
� Conservação de Emergência: engloba uma série de atividades não
previsíveis e, conseqüentemente, não programáveis;
� Restauração: compreende o conjunto de serviços que visam
restabelecer as condições estruturais da via urbana, compatíveis com o
tráfego que a solicita.
� Melhoramentos: compreendem o conjunto de serviços que realizados,
em geral, quando da restauração, restabelecem ou aprimoram as
condições de funcionamento estrutural ou operacional da via urbana.
No Manual de Pavimentação DNER (1996), em seu capítulo 12,
referente à manutenção do pavimento, e suas tarefas e atividades típicas, procura-
se unificar a terminologia de manutenção rodoviária, onde são separadas as
operações de conservação, por sua vez, divididas em conservação preventiva
periódica e conservação corretiva rotineira, de outras operações de manutenções
como: remendos, recuperação superficial, reforço estrutural, restauração,
melhoramentos, ações emergenciais e serviços eventuais. Dessa forma, a
conservação de pavimento é tratada como uma parte integrante da operação de
manutenção do pavimento, e não como um todo, em que se confunde o termo
60
conservação e manutenção de pavimento com o mesmo sentido e abrangência visto
em publicações de outros autores sobre o assunto.
Em função do universo da pesquisa limitar-se às operações de
conservação em ruas pavimentadas com revestimentos asfálticos na área urbana,
especificamente, na pista de rolamento, também procurou-se, dentro do possível,
sem prejuízo aos estudos, adequar a fundamentação da pesquisa a essas
atividades, onde os estudos de conservação demonstram que se deve dar,
igualmente, atenção a conservações corretivas rotineiras, os tapa buracos, e as
periódicas preventivas, os recapeamentos superficiais.Essas operações visam
corrigir falhas assim que apareçam, pois a rapidez na execução dos reparos sempre
torna a conservação mais econômica, evitando as intervenções do tipo restauração,
que envolvem valores significativos, além de exigir elaboração prévia de projeto.
Utilizam-se nos reparos de revestimentos asfálticos pré-misturados a quente ou a
frio, dependendo do tipo de correção a ser executada no pavimento.
2.6.2 Principais problemas/defeitos mais comuns em pavimentos asfálticos
Os principais defeitos/problemas mais comuns nas pistas de rolamento
pavimentadas com revestimento asfáltico relacionados à Manutenção Rodoviária
podem ser agrupados da seguinte maneira: a) fissuração/fendilhamento da
superfície; b) deformação transversal; c) sulcamento, ondulação e corrugamento; d)
exsudação; e) formação de panelas; f) abrasão, desagregação, esburacamento e
oxidação; g) separação de camadas de base.
A fissura/fendilhamento são defeitos (fendas) que aparecem no
revestimento asfáltico tendo como causa as falhas da mistura betuminosa, falta de
suporte do subleito ou espessura insuficiente do pavimento, que se não for corrigida
em tempo hábil, pode propagar-se, produzindo a desagregação completa do
pavimento. A deformação transversal e recalques são problemas que têm como
conseqüência o afastamento das superfícies do pavimento de sua seção transversal
original, que pode ter como causa recalques de aterros recentemente construídos
que, por deficiência de compactação, quer por adensamento, quer por volume de
tráfego superior ao previsto no projeto, como também uma drenagem inadequada
pode levar a deformações acentuadas.
61
O sulcamento, ondulação e corrugamento são defeitos que ocorrem no
pavimento, mais comumente devido ao excesso de asfalto, granulometria do
agregado inadequada, compactação ou imprimadura deficientes. A exsudação é um
defeito que resulta do excesso de asfalto, que provoca a movimentação do material
betuminoso verticalmente, formando placas de asfalto na superfície, tendo como
conseqüência uma superfície com aspecto deprimente e escorregadia. A formação
de panelas é um defeito do pavimento atribuído geralmente à fragilidade estrutural
do pavimento, através de uma desintegração progressiva da superfície e da base,
que pode ter como causa a segregação de agregados, a falta de material
aglutinante, excesso de vazios ou deficiências de drenagem.
Abrasão, desagregação, esburacamento e oxidação são defeitos que
provocam a desintegração excessiva da superfície e libertação das partículas de
agregado, devido ao desgaste pela ação do tráfego, resultantes de misturas
betuminosas com teor muito baixo de ligante. A separação da camada de base é um
defeito também chamado de deslocamento, com a camada de revestimento
separando-se da base, devido à ação do tráfego, fissurando-se nos bordos e
desagregando-se a seguir, que pode ter como causa a má execução da
imprimadura, ou por estar a base molhada por ocasião da pintura de ligação, ou por
estar a superfície da base suja e com excesso de material solto.
2.6.3 Descrição das atividades de conservação relativas à pesquisa
A fundamentação teórica descrita para embasar a pesquisa teve como
objetivo a relação com o tipo de atividade de conservação que serviu como objeto de
pesquisa e observação para realização desta dissertação, não sendo abordadas
neste estado da arte, as descrições de atividades de conservação que são
necessárias e realizadas, mas não fazem parte do foco em estudo.
Dentro da abordagem do estudo, existe a conservação corretiva
rotineira, que tem como atividade a selagem de trincas, que consiste no enchimento
manual de trincas e fissuras no revestimento betuminoso, com material asfáltico para
impedir a penetração de água nas camadas inferiores do pavimento. Outras
atividades são os remendos ou reparações localizadas, que são operações
realizadas normalmente ao nível do revestimento asfáltico que são discriminadas em
62
dois tipos: o remendo superficial ou tapa-buraco, que consiste em reparar
degradações localizadas (panelas, depressões secundárias, etc.) no revestimento,
de modo a se evitar maiores danos ao pavimento e se obter uma superfície de
rolamento segura e confortável. O segundo tipo é o remendo profundo, que consiste
em operações corretivas localizadas de um porte um pouco maior, onde pode estar
incluída, em certos casos extremos, a remoção de frações de camadas granulares
subjacentes.
As recuperações superficiais são atividades de conservação de
pavimentos betuminosos que também foram observadas na pesquisa, e são
operações concebidas com finalidade de corrigir falhas superficiais (fissuração,
desagregação, perda de agregados, polimentos das asperezas, exsudação, etc.)
exteriorizadas pelo revestimento existente, tendo como principal operação neste
contexto de conservação de pavimento, o recapeamento do revestimento existente,
com misturas asfálticas usinadas em espessuras bastante delgadas na ordem de
2,5cm, podendo ser executadas com pré-misturados a frio, areias-asfalto a frio ou a
quente, ou ainda concretos asfálticos, espalhados com vibro-acabadoras e/ou com
motoniveladora.
Outras atividades desenvolvidas no serviço de conservação é a
aplicação de lama asfáltica/ micro revestimento no pavimento, que consiste em uma
mistura fluida de agregado miúdo, “filler”, emulsão asfáltica e água, em proporções
pré-definidas, tendo espessuras delgadas, inferiores a 1,0 cm no caso da lama
asfáltica, e inferiores a 2,0 cm no caso do micro revestimento, e também a capa
selante, que consiste de um banho de ligantes asfálticos, seguido de imediata
cobertura com agregados finos (tipo areia ou pó de pedra, que deverão ser
espalhados de forma uniforme.
Os serviços manuais e pesados são realizados pelos serventes que são
a maioria na equipe, e são os que estão diretamente mais expostos aos riscos
envolvidos na execução das tarefas, e para dar ênfase à necessidade de uma
política de segurança por parte da empresa, apresentamos estatísticas dos
acidentes de trabalho analisados no ano de 2003, com o número de óbitos e de
vítimas não fatais relativos à ocupação do trabalhador ou aos cargos ocupados,
conforme está apresentado nas Tabelas 7 e 8, e Gráficos 2 e 3.
63
Tabela 7 – Número de óbitos relativos à ocupação CBO DESCRIÇÃO FATAL
95932 Servente em obras 76
95990 Outros trabalhadores da construção civil e trabalhadores assemelhados não-classificados sob outras epígrafes
35
95110 Pedreiro, em geral. 29
72990 Outros trabalhadores metalúrgicos e siderúrgicos não-classificados sob outras epígrafes.
21
62120 Trabalhador agrícola polivalente. 20
99150 Outros trabalhadores braçais não-classificados sob outras epígrafes.
17
85510 Eletricista de instalações, em geral. 14
55215 Trabalhadores de serviços gerais (serviços de conservação, manutenção e limpeza)
13
87210 Soldado, em geral. 13 95120 Pedreiro (edificações) 13
Fonte: SFIT – Sistema Federal de Inspeção do Trabalho – Acidentes Analisados no Brasil, (2005) • CBO – Classificação Brasileira de Ocupação.
Gráfico 2 – Número de óbitos no trabalho nas ocupações da CBO Fonte: SFIT – Sistema Federal de Inspeção do Trabalho – Acidentes Analisados no
Brasil, (2005)
64
Tabela 8 – Número de acidentes não-fatais relativos à ocupação CBO DESCRIÇÃO FATAL
95932 Servente em obras 75
95990 Outros trabalhadores da construção civil e trabalhadores assemelhados não-classificados sob outras epigrafes
57
95110 Pedreiro, em geral. 44
72990 Outros trabalhadores metalúrgicos e siderúrgicos não-classificados sob outras epigrafes.
41
62120 Trabalhador agrícola polivalente. 23
99150 Outros trabalhadores braçais não-classificados sob outras epigrafes.
21
85510 Eletricista de instalações, em geral. 21
55215 Trabalhadores de serviços gerais (serviços de conservação, manutenção e limpeza)
16
87210 Soldado, em geral. 15 95120 Pedreiro (edificações) 15
Fonte: SFIT – Sistema Federal de Inspeção do Trabalho – Acidentes Analisados no Brasil, (2005)
• CBO – Classificação Brasileira de Ocupação.
Gráfico 3 – Número de vítimas não fatais em acidentes de trabalho nas
ocupações da CBO Fonte: SFIT – Sistema Federal de Inspeção do Trabalho – Acidentes Analisados no
Brasil,(2005).
65
2.6.4 Gestão da manutenção/conservação de pavimentos
A Gestão da Manutenção de pavimentos das vias públicas,
independentemente da competência e da responsabilidade da jurisdição, seja
federal, estadual ou municipal, é uma necessidade premente, ou os órgãos de
governo em cada esfera de atuação adotam uma gestão responsável em relação à
conservação do sistema viário existente ou o mesmo entrará em colapso, conforme
descreve Balbo (2005), em seu trabalho Gestão da Manutenção de Pavimentos e
seus Benefícios para a Cidade de São Paulo.
De acordo com estudos apresentados pelo Instituto de Pesquisas
Rodoviárias – IPR, o impacto sobre os custos aos usuários é significativo, pois para
cada US$ 1 (um dólar) gasto em manutenção economiza-se US$ 3 (três dólares)
para os usuários. No Brasil, as rodovias, mesmo as que se encontram em mau
estado de conservação, continuam sendo utilizadas pelos usuários, pois na maioria
dos casos não existe outra opção, portanto não ocorre redução no tráfego, e essa
situação onera diretamente os usuários e indiretamente toda a sociedade, em
virtude de que o custo do transporte rodoviário sobe e afeta o preço das mercadorias
e passagens. Quando não se fazem os investimentos necessários na conservação,
criam-se custos muito superiores aos valores que seriam dispendidos para manter e
restaurar as rodovias.
A título de ilustração, apresenta-se, a seguir a, situação da malha federal
pavimentada nos anos de 1979, 1984 e 1992, mostrando o aumento de deterioração
das condições de conservação.
Tabela 9 – Rede Rodoviária Federal Pavimentada – 1979 – 40.000 Km
Condição Km %
Boa 10 000 24,0
Regular 23 000 58,0
Má 7 000 18,0
Fonte: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, (2005).
66
Tabela 10 – Rede Rodoviária Federal Pavimentada – 1984 – 46.000 Km Condição Km %
Boa 14 000 30,0
Regular 19 000 42,0
Má 13 000 28,0
Fonte: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, (2005)
Tabela 11 – Rede Rodoviária Federal Pavimentada – 1992 – 49.162 Km Condição Km %
Boa 23 662 48,1
Regular 9 500 19,3
Má 6 000 32,60
Fonte: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, (2005)
Esse estudo estima que se os serviços de conservação preventiva e
restaurações das rodovias em condições má e regular, tivessem sido executados no
ano de 1979, teriam custado ao governo a quantia de US$ 1,8 bilhões e com atraso
na execução dos serviços de conservação esses valores cresceram para US$ 2,4
bilhões no ano de 1984 e continuaram crescendo no último ano pesquisado, em
1992.
A Gestão de Manutenção, segundo Balbo (2005), trata-se de um
processo de acompanhamento sistêmico do desempenho oferecido pelos
pavimentos de um sistema viário. O processo é definido como um conjunto de
atividades sempre em desenvolvimento e que se estabelece no tempo, num trabalho
ordenado de administração de seus componentes. E o caráter sistêmico do processo
deve-se ao fato de que se trata de algo que é realizado de maneira metódica,
orientada e envolve toda uma rede viária, sendo seus diversos atributos e
equipamentos devidamente cadastrados e monitorados. Para Balbo (2005), as
exigências para uma Gestão Viária moderna são as seguintes:
� Priorização dos serviços de manutenção sobre bases técnicas (índices
de qualidade funcional ou estrutural, demandas de tráfego, custos
operacionais, análise econômica e social de projeto, etc).
� Os bons parâmetros políticos deverão estar equacionados, posto que
em diversas situações a priorização poderá considerar aspectos não
67
diretamente relacionados às condições de pavimentos (atendimento de
zonas industriais ou turísticas de uma cidade são exemplos
relativamente comuns).
� Deveriam investir na capacitação e qualificação de seu pessoal das
agências viárias, relacionado à construção viária.
� As atividades de manutenção devem ser obrigatoriamente planejadas,
se possível a longo prazo.
� Elaboração de leis que obriguem o planejamento e gerenciamento das
malhas viárias para a justificativa de quaisquer intervenções que
mereçam ocorrer ao longo dos anos.
� As agências viárias necessitam investir no desenvolvimento de novas
tecnologias de manutenção (materiais, métodos, equipamentos) e
estabelecer critérios decisórios para a escolha de um tipo específico de
intervenção, baseada em parâmetros técnicos e em custos.
� As agências rodoviárias devem se obrigar a monitorar, de forma
ordenada e periódica, a rede de sob sua jurisdição.
Entre componentes desse sistema de gestão temos um banco de dados,
com indicadores estruturais, funcionais e de tráfego. Histórico de tensões; histórico
de serviços de manutenção, tipo estruturas, drenagens e ocupação marginal da via,
que têm como objetivo diagnosticar a situação doa pavimentos e permitir o
entendimento dos padrões de intervenção necessários, tipo de materiais e
equipamentos a serem considerados na manutenção das vias, como também indica
preliminarmente os volumes e custos de serviços de manutenção e serve como
ferramental simplificado para hierarquização dos problemas ocorrentes.
Outro componente da Gestão da Manutenção Viária é a monitoração do
sistema, que deve ser realizada ao longo dos anos de serviços dos pavimentos,
verificando como se comportam sob ação do tráfego. De maneira metódica, com
periodicidade definida deve-se fazer um diagnóstico das condições da via, sendo um
termômetro bastante útil para se avaliar as mudanças de estado de sistema,
permitindo inferir sobre adequabilidade de uma dada solução de pavimentação
dentro do contexto de utilização, e através também da monitoração, se cria o
conhecimento sobre o desempenho de estruturas de pavimentos e se sabe se um
68
dado tipo de ação resultou nos objetivos esperados, além de ser um instrumento
político para prestação de contas da administração aos usuários do sistema viário.
O último componente da Gestão de Manutenção Viária é a definição de
estratégias de manutenção, definir qual o tipo de intervenção a ser realizada na via :
manutenção de rotina, manutenção periódica, reabilitação, reconstrução,
restauração, melhoramento. Muitas vezes a definição da estratégia esbarra no fato
de que as agências responsáveis pela manutenção de pavimentos não possuem
uma ampla gama de alternativas para intervenções no sistema. A definição e o
emprego de índice de qualidade consistente para os pavimentos de uma malha
viária são de fundamental importância na aplicação de estratégias de manutenção
condizentes com as necessidades técnicas e econômicas. Cada alternativa de
intervenção está associada a um custo, conforme Tabela 10, que por sua vez deverá
estar amarrado a uma especificação de serviços e de materiais a serem
empregados.
Tabela 12 – Tipos de intervenções e com faixa de variação de custos por km
Tipo de Intervenção Faixa de Variação de Custo
(por km de rodovia)
Manutenção de Rotina US$ 300,00 a US$ 5.000,00 Manutenção Periódica US$ 8.000,00 a US$ 40.000,00 Reabilitação US$ 30.000,00 a US$ 200.000,00 Reconstrução US$ 45.000,00 a US$ 300.000,00 Fonte: Balbo, (2005)
C A P I T U L O I I I – O P E R A Ç Õ E S M E T O D O L Ó G I C A S D A P E S Q U I S A
3.1 TIPOS E NATUREZA DO ESTUDO
Este trabalho é um estudo de caso, de natureza especulativa, realizado
através de pesquisa de campo, focada na situação dos trabalhadores da SOMURB
relativa às condições ergonômicas no desenvolvimento das tarefas e atividades
durante a execução dos serviços de conservações de pavimentos asfálticos, dos
tipos tapa-buraco e recapeamento, observando-se diversos fatores que podem
contribuir para os riscos à segurança e à saúde do trabalhador, como: fatores
relacionados com a tarefa e o cargo, fatores biomecânicos, fisiológicos e
antropométricos, fatores relativos postura e ao movimento, fatores ambientais.
Realizou-se também, uma pesquisa teórica de natureza explicativa, que teve a
função de explicar o fenômeno ou objeto da pesquisa, no caso específico, os riscos
ergonômicos ocupacionais ou do trabalho, verificados e observados, durante a
pesquisa de campo, referentes aos serviços de pavimentação asfáltica e
conservação das vias urbanas da cidade de Maceió, constituindo-se fundamento
teórico necessário para a formulação do diagnóstico ergonômico do trabalho e para
o processo de identificação dos riscos ocupacionais e da análise ergonômica do
trabalho que foi realizada durante a pesquisa de campo.
3.2 VARIÁVEIS INVESTIGADAS
As variáveis de investigação da pesquisa foram feitas e analisadas
qualitativamente.
A investigação e análise qualitativa devem ser realizadas nas seguintes etapas: a) a
função de cada trabalhador no processo operacional; b) analisar as etapas do
processo operacional; c) investigar e analisar os possíveis Riscos Ergonômicos
Ocupacionais; d) observar o tempo de exposição ao risco do trabalhador quando for
o caso.
70
As variáveis e os fatores ergonômicos investigados e que foram objeto
de observações na pesquisa estão explicitados no quadro 1:
VARIÁVEL RISCOS ERGONÔMICOS
FATORES INVESTIGADOS
OBSERVAÇÕES
• Esforço físico intenso
� Biomecânicos
� Fisiológicos
� Antropométricos
� Posições das articulações, exigências de posturas inclinadas do corpo e da cabeça, exigência de movimentos bruscos, alternâncias de posturas e movimentos, restrições da duração do esforço muscular contínuo, distribuições das pausas ao longo da jornada de trabalho.
� Existência de limitação da energia gasta em cada tarefa, descanso para a recuperação após um trabalho pesado.
� São consideradas as diferenças individuais das medidas corporais
• Exigência de postura inadequado
� Postura � Trabalho sentado, trabalho em pé, mudanças de posturas, posturas das mãos e braços.
• Levantamento e transporte manual de Peso
� Movimento � Levantamento de peso, transporte de carga, puxar e empurrar carga.
• Controle rígido de Produtividade
• Ritmos excessivos
• Trabalho em turno noturno
• Jornadas de trabalho prolongadas
� Organização do trabalho
� Normas de produção, modo operatório,
exigência de tempo, determinação do conteúdo de tempo, ritmo de trabalho.
• Monotonia e repetitividade tarefa e cargo
� Tarefa e cargo � Critério de distribuição de tarefa, conteúdo das tarefas, trabalho composto por mais de uma tarefa, envolvimento dos trabalhadores na solução dos problemas, tempo de ciclo dos trabalhos repetitivos, alternâncias de tarefas.
• Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico ambientais
� Ambientais � Ruídos, vibrações, iluminação, clima, substâncias químicas e Temperatura.
Quadro 1 – Variáveis e fatores ergonômicos investigados
71
3.3 DADOS DA PESQUISA
Os dados utilizados para pesquisa foram basicamente os dados
primários, definidos como sendo dados a serem coletados no âmbito do processo de
pesquisa e/ou, ainda, dados que não estão publicados, mas representam
informações no tratamento do fenômeno investigado, como dados referentes às
condições físico-ambientais em que é realizado o trabalho relativo à pesquisa, dados
referentes às posturas, esforços, intensidade e freqüência dos esforços na
realização desse trabalho, e a organização do trabalho. Foram utilizados também os
dados secundários, coletados através de livros técnicos, apostilas, legislação,
periódicos, relatórios, publicações diversas, ou seja, dados coletados nas referências
que estão apresentados nesta pesquisa, que representam informações importantes
nas identificações dos potenciais de Riscos e da Análise Ergonômica do Trabalho,
que serviu de base para o Diagnóstico Ergonômico relativo aos riscos à segurança e
saúde do trabalhador, objeto desta pesquisa.
3.4 INSTRUMENTOS DE PESQUISA
3.4.1 Observação sistemática
A técnica de observação foi utilizada através de método prospectivo, que
tem como ferramenta básica, a inspeção no local. Foi desenvolvida nas frentes de
trabalho, durante a execução dos serviços objeto da pesquisa, através de uma
observação direta, com registro através de fotos e filmes, de forma a poder utilizar a
planilha de levantamento de dados utilizadas na abordagem ergonômica de Fialho e
Santos (1995) e da verificação de fatores indicados por Dul e Weerdmeester (1995)
como: biomecânicos, fisiológicos, antropométricos, posturas, movimentos,
organização do trabalho, tarefa e cargo, ambientais, e de outros dados relacionados
à atividade do trabalhador, que serviram de instrumento fundamental para a
identificação e análise dos Riscos Ergonômicos.
72
3.4.2 Entrevistas estruturadas
Foram desenvolvidas na sede do órgão SOMURB e nos locais de
pesquisa de campo (frentes de trabalho), com os profissionais envolvidos nas
operações referentes ao objeto da pesquisa (APÊNDICE A).
3.4.3 Questionário
Foi utilizado, pelo pesquisador, o check-list para identificação dos riscos
ocupacionais nas frentes de trabalho, durante as vistorias nos locais pesquisados
(APÊNDICE B).
3.5 UNIVERSO DA PESQUISA
A pesquisa foi desenvolvida em uma autarquia pertencente à Prefeitura
de Maceió, SOMURB, responsável pela conservação das obras viárias da cidade de
Maceió-AL, e o universo estatístico do projeto de pesquisa se resumiu às frentes de
trabalho dos serviços de conservação das vias urbanas de pavimentos com
revestimentos asfálticos, do tipo tapa buraco e recapeamento, que são executados
por administração direta.
3.6 ORDENAMENTO E TRATAMENTO DOS DADOS
Os dados coletados foram agrupados em categorias, de acordo com o
interesse da pesquisa, de forma a permitir sua melhor análise e interpretação.
Os dados qualitativos coletados foram agrupados de acordo com os
fatores relacionados aos riscos ergonômicos que estavam sendo observados, ou
seja, das variáveis investigadas como: esforço físico intenso, levantamento e
transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de
produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno,
73
jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade, outras situações
causadoras de stress físico e/ou psíquico.
C A P Í T U L O I V – I D E N T I F I C A Ç Ã O D E D E R I S C O S E A N Á L I S E E R G O N Ô M I C A D O T R A B A L H O
4.1 RISCOS IDENTIFICADOS DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO DE
SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO
Para a identificação dos riscos na pesquisa, utilizamos a classificação
dos principais Riscos Ocupacionais apresentados no Quadro 3.
Riscos Físicos
Riscos Químicos
Riscos Biológicos
Riscos Ergonômicos
Riscos de Acidentes
Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico intenso
Arranjo físico inadequado
Vibrações Fumos Bactérias Levantamento e transporte de peso
Máquinas e equipamentos sem proteção
Radiações ionizantes Névoas Protozoários
Exigência de postura inadequada
Ferramentas inadequadas ou defeituosas
Radiações não ionizantes
Neblinas Fungos Controle rígido de produtividade
Iluminação inadequada
Frio Gases Parasitas Imposição de ritmos excessivos Eletricidade
Calor Vapores Bacilos Trabalho em turno e noturno
Probabilidade de incêndio ou explosão
Pressões anormais
Substâncias, compostos ou produtos químicos em geral
Jornadas de trabalho prolongadas
Armazenamento inadequado
Umidade Monotonia e repetitividade
Animais peçonhentos
Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico
Outras situações de riscos que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes
Quadro 2 – Classificação dos Riscos Ocupacionais Fonte: Tabela I, anexo IV da NR-5, Portaria nº 25 do MTE de 29/12/1994, Manuais de
Legislação Atlas (1997)
75
Utilizando a instrução dada pela portaria Nº 3.311 de 29/11/89, relativa à
elaboração de laudo de insalubridade e periculosidade e que conseqüentemente
estabelece a identificação dos Riscos Ocupacionais e Análise do tempo de
exposição a estes Riscos, foram realizadas as pesquisas em diversas frentes de
trabalho, durante as execuções dos serviços de conservações de pavimentos
asfálticos, fazendo-se uma Análise Qualitativa dos potenciais de Riscos
Ocupacionais nestes locais.
4.1.1 Riscos ocupacionais no processo operacional nas frentes de trabalho
Analisando os serviços realizados nas frentes de trabalho verificou-
se que havia os seguintes Riscos:
FÍSICO
� Ruídos – Os trabalhadores nas frentes de trabalho estão expostos
aos ruídos das máquinas pesadas (motoniveladora, rolo
compactador, trator pá-carregadeira, acabadora, etc.),
equipamentos (martelete, placa vibratória, compressor, vibrador
etc.), caminhões basculantes e o tráfego em geral.
� Vibrações – Os operadores das máquinas pesadas e
equipamentos supracitados.
� Radiações não ionizantes – Os trabalhadores estão expostos à
radiação solar durante as execuções dos serviços, já que os
mesmos são realizados a céu aberto.
� Calor – Os trabalhadores trabalham a céu aberto, normalmente
durante o dia, submetidos a altas temperaturas ambientais, calor
este agravado pela proximidade com o material betuminoso, que
na maioria dos casos tem que ser trabalhado com temperatura
elevada.
76
QUÍMICOS
� Poeiras – Os operadores das máquinas pesadas utilizadas nos
serviços de terraplenagem, regularização do subleito, reforço de
subleito, sub-base e base, ficam expostos a poeiras minerais (
sílica livre cristalizada ).
� Gases – Os trabalhadores das frentes de trabalho ficam expostos
aos gases tóxicos produzidos pela combustão de motores de
explosão das máquinas, equipamentos e veículos em geral.
� Vapores – Os trabalhadores que trabalham diretamente com os
materiais betuminosos ficam expostos à evaporação dos elementos
voláteis que compõem estes materiais, tóxicos ao organismo
humano.
� Substâncias Químicas – Os trabalhadores que trabalham em
contato direto com os materiais betuminosos, principalmente os
rasteleiros e serventes que fazem operações manuais nas tarefas
de imprimação, pintura de ligação e espalhamento de pré-
misturado, ficam expostos às substâncias químicas.
ERGONÔMICOS
Foram verificados nos serviços das frentes de trabalho, os seguintes
agentes de riscos ergonômicos: esforço físico intenso, levantamento e
transporte de peso (principalmente os serventes nas operações
manuais), exigência de postura inadequada (rasteleiros, serventes e
operadores de máquinas e equipamentos), imposição de ritmos
excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho
prolongadas e trabalho repetitivo.
DE ACIDENTES
Como as operações são realizadas nas vias públicas, onde o trânsito é
intenso, mesmo com o isolamento da área e sinalização, principalmente
nos serviços realizados durante a noite, o risco de acidente é
considerável, levando-se em conta também a necessidade nestes tipos
de serviços de improvisar arranjos físicos, iluminação e em alguns casos
máquinas, equipamentos e ferramentas na sua execução. Outro risco de
77
acidente observado com freqüência, é o que ocorre no transporte dos
trabalhadores para as frentes de trabalho, transporte este que não
atende à NR 18, item 18.25, relativa ao Transporte de Trabalhadores em
Veículos Automotores, fazendo-se este transporte normalmente em
caminhão basculante, juntamente com equipamentos e ferramentas,
sem a mínima segurança para o trabalhador.
4.1.2 Tempo de exposição ao risco
Durante as tarefas específicas para a conservação de um pavimento
asfáltico nas vias urbanas da cidade de Maceió, os trabalhadores ficam expostos
aos riscos verificados na pesquisa de campo, em uma situação que se caracteriza
exposições de natureza de intermitência para determinadas tarefas e contínuas
para outras.
4.2 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO
4.2.1 Análise da demanda
O problema apresentado para pesquisa é o diagnóstico ergonômico, a
partir de um estudo e de uma análise ergonômica do trabalho na execução dos
serviços de conservação de pavimentos asfálticos das vias urbanas na cidade de
Maceió-AL, especificamente os serviços de tapa buraco e recapeamento dos
revestimentos asfálticos.
Os serviços de conservação de pavimentos nas vias urbanas da cidade
de Maceió-AL, são de responsabilidade da Prefeitura Municipal e de competência da
Superintendência Municipal de Obras e Urbanização – SOMURB, sendo a execução
dos serviços dentro do organograma da SOMURB, uma das atribuições da Diretoria
de Obras e Serviço, através do Departamento de Vias Urbanas e Produção
Industrial, que tem a Coordenadoria de Vias Urbanas e Divisão de Manutenção de
Vias diretamente subordinadas na execução desses serviços.
78
Esses serviços estão enquadrados na classificação nacional de
atividades econômicas, no setor construção civil, com grau de risco 4, o que é o grau
máximo na graduação apresentada na classificação do Quadro 1 da Norma
Regulamentadora nº 4, relativa à segurança e medicina do trabalho, e em que estão
envolvidos na atividade afim de campo, trabalhadores com baixo grau de instrução.
A maioria desses trabalhadores é formada de analfabetos funcionais, como pode ser
verificado na pesquisa, pouca qualificação é necessária para a realização dos
serviços, onde se observa a predominância de trabalhos manuais e pesados,
facilitando os rodízios na execução das tarefas, como também facilita a rotatividade
da mão de obra por parte da empresa executora dos serviços.
Esse serviço, além da característica de mão-de-obra com baixa
qualificação, tem outro aspecto importante, o conservadorismo na forma
organizacional para a sua realização bem como no tipo de tecnologia utilizada. Em
relação às máquinas, equipamentos e ferramentas, verificou-se na pesquisa que não
ocorreram ao longo do tempo, mudanças significativas na forma de organização e
gestão desses serviços, devido aos seguintes fatores a serem observados: os tipos
de serviços de conservação asfáltica escolhidos para a análise ergonômica desta
pesquisa estão sendo executados, tanto em vias urbanas, como em rodovias,
seguindo os mesmos procedimentos, normas e especificações, materiais, máquinas,
equipamentos, ferramentas, há muito tempo, sem inovações que possam ser
consideradas, porque as existentes são pouco conhecidas e utilizadas, pelo menos
no estado de Alagoas e especificamente na cidade de Maceió. O segundo fator a ser
considerado é que a execução desses serviços são de competência da SOMURB,
um órgão público municipal, que tem toda uma burocracia que caracteriza o serviço
público, pouco afeito a mudanças, dificuldade de logística, com a equipe de
engenheiros, técnicos, e encarregados, que são funcionários efetivos; isto significa
que quem faz a organização e a gestão dos serviços em sua maioria, permanece
longos períodos nessas atividades, o que facilita o conhecimento e a prática do
serviço, mas provoca resistência às mudanças dos métodos organizacionais e de
gestão.
Verifica-se, nesta análise de demanda que, apesar da importância da
manutenção de pavimentos para a administração municipal, a gestão desses
serviços ainda é incipiente dentro do conceito do que representa o termo gestão,
porque não se observa, por parte da SOMURB, um processo de acompanhamento
79
sistêmico do desempenho oferecido pelos pavimentos do sistema viário. Não se
verifica,por parte da administração, um conjunto de atividades pré-estabelecidas de
maneira metódica e orientada, de forma a cadastrar e monitorar a rede viária urbana,
no sentido do planejamento e da priorização dos serviços de conservação a serem
realizados. Dessa forma, baseia-se a gestão atual na realização dos serviços de
acordo com as urgências e emergências que surgem no dia a dia, tornando as
intervenções pontuais e isoladas de um contexto macro, em que as ações têm que
ser planejadas e baseadas em um diagnóstico prévio, advindo de dados estatísticos
e monitoramento da malha viária, que permitam um melhor entendimento técnico
dos padrões e dos tipos de intervenções necessárias para recuperação ou
conservação da via. É necessário também hierarquizar os problemas ocorrentes,
melhorando a organização do trabalho em relação às normas de produção, ao
modo operatório, à exigência de tempo, determinação do conteúdo do tempo, ritmo
de trabalho e conteúdo das tarefas.
Ressalte-se que a SOMURB, além da precariedade na sua gestão para
realizar os serviços, incorre no fato mais grave, que é a não adoção de nenhum
sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho, estando inclusive não
atendendo à legislação em vários pontos que serão abordados, durante a análise
das tarefas e atividades, que deverão ser atendidos de modo a proporcionar o
máximo de conforto e segurança ao trabalhador para que o mesmo possa
desempenhar o seu trabalho de forma eficiente.
4.2.2 ANÁLISE DA TAREFA
Nesta análise, considera-se o que o trabalhador deve realizar, a
organização para a realização das tarefas e em que condições ambientais são
realizadas estas tarefas. As tarefas analisadas são relativas à execução da
conservação da pavimentação asfáltica nas vias urbanas da cidade de Maceió, pelo
órgão público SOMURB, especificamente os tipos de conservações denominadas na
terminologia técnica de remendos ou tapa buracos e recuperações superficiais ou
recapeamento, serviços esses que visam à correção do buraco ou defeito superficial
do revestimento asfáltico, de modo a evitar maior dano ao pavimento e obter uma
superfície de rolamento segura e confortável. Nesses serviços são utilizados
80
materiais usinados a frio e também materiais usinados a quente, como foi observado
e documentado através de fotografias e filmes.
4.2.2.1 Postos de trabalho
A pesquisa de campo foi realizada, através de visitas e
acompanhamento, nos diversos locais ou postos de trabalho da SOMURB, órgão
pertencente à Prefeitura Municipal de Maceió, responsável pelas execuções de
conservação das pavimentações asfálticas, nas vias urbanas da cidade de Maceió-
AL.
A SOMURB utiliza duas áreas de trabalho fixas e permanentes,
destinadas ao apoio às operações necessárias a execuções dos serviços
supracitados. Na primeira, onde funciona a Coordenadoria de Transportes,
Máquinas e Equipamentos que é chamada de “Garagem”, ficam guardadas e em
manutenção as máquinas pesadas (motoniveladoras, rolos compactadores, pás-
carregadeiras, acabadora de asfalto etc.), equipamentos (distribuidores de materiais
betuminosos, distribuidores de agregados, carro tanque distribuidor de água, placas
vibratórias, martelete pneumático, grade de disco, etc.), veículos de transporte de
pessoal e de carga (caminhões de carroceria e basculante, caminhonetes, carros
pequenos etc.), ferramentas (pás, picaretas, chibanca, enxada, rastelo ou ancinho ,
carro de mão, etc.). Nesta área ficam também lotados os trabalhadores que
executam os serviços e funciona a oficina de consertos e manutenção.
Na segunda área citada funcionam a Coordenadoria de Vias Urbanas e
a Coordenadoria de Produção Industrial, onde estão instaladas as usinas de asfalto
e são usinadas as massas dos revestimentos betuminosos, pré-misturados a frio e
os pré-misturados a quente, principalmente o Concreto Betuminoso Usinado a
Quente (CBUQ) ou Concreto Asfáltico. A Usina de pré-misturado a frio, é do tipo
DRUM MIXER 40/60 tonelada/hora, está equipada com uma unidade classificadora
de agregados após o secador, dispõe de misturador com duplo eixo conjugado,
provido de palhetas reversíveis e removíveis, capazes de produzir uma mistura
uniforme. O misturador possui dispositivo de descarga, de fundo ajustável e
dispositivo que controla o ciclo completo de mistura. Possui ainda um termômetro
com proteção metálica e escala de 90 a 210 graus centígrados, fixado na linha de
81
alimentação do asfalto, próximo à descarga do misturador e também um termômetro
de mercúrio, colocado na descarga do secador, para registrar a temperatura dos
agregados. A usina de pré-misturado a frio é do tipo gravimétrica, modelo VA/2 de
30/40 toneladas/hora. Nesta área também está instalada e funcionando uma fábrica
de pré-moldado, onde se fabricam diversos produtos utilizados em obras de
pavimentação, drenagem e urbanização.
Na área das usinas de asfalto, ficam armazenados ou estocados os
materiais necessários para a constituição das misturas. Os materiais betuminosos
como: cimentos asfálticos, asfaltos diluídos, emulsões asfálticas, ficam armazenados
em tanques de aço. Os agregados graúdos (britas), agregados miúdos (areia, pó de
pedra), ficam estocados a céu aberto. O material de enchimento ou filler (cimento
portland, cal extinta), fica armazenado em local protegido das intempéries. Os
materiais como solos, britas corridas e graduadas, utilizados nas camadas do
pavimento abaixo do revestimento, normalmente por se tratar de obras dentro da
cidade, quando da necessidade de grandes volumes, estes materiais são trazidos
diretamente dos fornecedores para as vias onde estão localizadas as Frentes de
Trabalho.
A execução dos serviços de conservação, mesmo quando terceirizada e
independentemente do volume de serviço, é planejada, organizada e fiscalizada pela
SOMURB, que utiliza frentes de trabalho móveis e temporárias, principalmente em
função de os serviços tratarem basicamente de conservação de pavimentos, dos
tipos rotineira e corretiva, que se realiza nas vias da cidade, de maneira contínua,
seguindo-se uma programação pré-determinada, não sendo necessária a instalação
de canteiros de obras, já que existem os locais fixos, como a Usina de Asfalto e a
Garagem, onde se desenvolvem as operações de apoio para a execução dos
supracitados serviços.
Os postos de trabalho, objeto de nossa pesquisa para a realização da
análise ergonômica do trabalho de conservação de pavimento asfáltico, foram
especificamente as frentes de trabalho instaladas nas vias públicas durante a
execução dos serviços, onde se desenvolviam as tarefas e atividades do trabalhador
na execução do tapa-buraco e no recapeamento das vias.
82
4.2.2.2 Descrição da tarefa
4.2.2.2.1 Remendos ou tapa-buracos
Os operários que formam as equipes de tapa-buraco são transportados
da garagem onde funciona a Coordenadoria de Transportes, Máquinas e
Equipamentos da SOMURB, chefiados pelos encarregados, que recebem a
programação com a relação das vias em que serão realizados os serviços, por meio
do engenheiro coordenador de vias urbanas que, por sua vez, recebeu esta ordem
de serviço do diretor do Departamento de Vias Urbanas, após prévia autorização do
diretor de obras e serviço, responsável geral pelo o planejamento e execução dos
serviços.
Os trabalhos nas frentes de serviços ou vias têm uma forma de
execução conhecida e muito praticada pelos trabalhadores, que formam equipes que
variam de seis a oito componentes, mais o encarregado, que comanda e dita o ritmo
dos trabalhos.
As equipes, dependendo da área, do local e do volume de material a ser
aplicado, chegam antecipadamente nas vias, isto é, antes da chegada do material
asfáltico, para realizar os serviços preliminares, demarcando e interditando o trecho
da via que vai sofrer a intervenção, através de sinalização, cones, cavaletes, placas
e máquinas etc., e em certos casos é necessária a atuação de guardas de trânsitos
para viabilização dos serviços.
Os serviços de manutenção para correção de defeitos em pavimentos de
asfalto, incluem remendos, selagem de trincas, selagem superficial e recapeamento.
A principal operação executada pela SOMURB, principalmente após os períodos de
chuvas, é a operação TAPA-BURACO, que tem o objetivo de recuperar as fissuras,
fendas, buracos superficiais e profundos, causados pela desagregação do
revestimento, processo que se agrava em função das águas das chuvas. A
SOMURB tapa os buracos através de remendos superficiais ou profundos, de
acordo com a situação como se apresenta a via. O material betuminoso utilizado
pela SOMURB nesta operação é principalmente o pré-misturado a frio, que na
composição da mistura utiliza os materiais betuminosos, emulsão asfáltica ou asfalto
diluído apropriado, agregados (areia e brita) e filler (cal hidratada). Quando o
83
agregado do pré-misturado é só areia lavada, o mesmo é chamado de Areia de
Asfalto a Frio. Dependendo do tipo de via, do estado em que se apresenta e do
tráfego da mesma, a SOMURB utiliza na operação o Concreto Betuminoso Usinado
a Quente, por sua maior resistência e durabilidade.
Os remendos superficiais selam temporariamente as trincas superficiais,
prevenindo a penetração da água através da estrutura do pavimento, impedindo o
progresso da deterioração. Os Remendos profundos são usados para fazer os
reparos permanentes no pavimento, quando a profundidade do buraco atingiu as
camadas abaixo do revestimento, comprometendo no local, a estrutura do
pavimento.
Na execução dos serviços de tapa-buraco a tarefa é prescrita nos
seguintes passos: a) demarcar a área a ser removida; b) cortar o pavimento a ser
removido com auxilio de picareta ou martelete pneumático; c) escavar e remover o
material comprometido; d) aplicar a pintura de ligação para promover a aderência
entre o revestimento asfáltico e a camada subjacente; e) encher a trincheira com
pré-misturado; f) espalhar a mistura asfáltica com o rastelo; g) Comprimir a mistura
com compactador placa vibratória ou rolo compactador.
As figuras de 1 a 10 ilustram a execução da operação tapa-buraco nas
suas diversas etapas, representando a tarefa induzida ou a tarefa real, como
também a tarefa atualizada, em função dos imprevistos e das condicionantes de
trabalho observados nas vias urbanas da cidade de Maceió, durante a citada
operação.
Figura 1 – Corte do pavimento Fonte: Pesquisa de campo (2005).
84
Figura 2 – Escavação e remoção do material Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Figura 3 – Varredura da área a ser trabalhada Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Figura 4 – Aplicação da pintura de ligação Fonte: Pesquisa de campo (2005).
85
Figura 5 – Descarregamento de material asfáltico do caminhão
basculhante Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Figura 6 – Descarregamento de material asfáltico do caminhão
basculhante. Fonte: Pesquisa de campo (2005)
Figura 7 – Transporte da mistura asfáltica na pista Fonte: Pesquisa de campo (2005).
86
Figura 8 – Enchimento da mistura asfáltica da área a ser recuperada Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Figura 9 – Espalhamento e nivelamento da mistura asfáltica com
rastelo Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Figura 10 – Compressão da mistura asfáltica com rolo compactador Fonte: Pesquisa de campo (2005).
87
4.2.2.2.2 Recapeamentos
Fundamentalmente, os recapeamentos destinam-se a impermeabilizar
revestimentos abertos e/ou fissurados, a protelar a perda de agregados, a minimizar
os efeitos maléficos decorrentes da oxidação dos ligantes betuminosos, a recuperar
a rugosidade de revestimentos desgastados pela ação abrasiva do tráfego ou pela
inadequabilidade dos agregados pétreos utilizados e, em certa medida, corrigir
deficiências do perfil transversal (trilhas de roda), utilizando-se nestas operações
espessuras, como no caso das desta pesquisa, entre 2,5 e 3,0 cm de CBUQ já
compactado.
O recapeamento, quando é executado no momento oportuno, é o reforço
na estrutura do pavimento, que restaura o pavimento e evita a necessidade da sua
reconstrução. O recapeamento consiste na execução de uma camada de
revestimento sobre o revestimento antigo e desgastado, utilizando-se normalmente o
Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), a partir da pintura de ligação feita
no pavimento antigo para promover a aderência com o novo revestimento. Na
execução, antes da pintura de ligação, procede-se à varredura da superfície do
pavimento antigo, de modo a eliminar o pó e o material solto existentes, aplicando-se
a seguir, o material betuminoso adequado, na temperatura compatível com o seu
tipo, na quantidade certa e de maneira uniforme.
O revestimento em Concreto Betuminoso Usinado a Quente – CBUQ, é
o revestimento flexível, resultante da mistura a quente, em usina apropriada, de
agregado mineral graduado, material de enchimento (filler) e material betuminoso,
espalhada e comprimida a quente. O concreto asfáltico produzido é transportado, da
Usina ao ponto de aplicação , nos caminhões basculantes e distribuído nos leitos
das vias por máquinas vibro-acabadoras de asfalto, ou espalhados através de
motoniveladoras, tendo, imediatamente após a distribuição do concreto asfáltico o
início da rolagem visando à compressão da mistura, com rolos compressores
pneumáticos e metálicos.
A organização desta operação pela SOMURB difere da utilizada na
execução do tapa buraco em sua magnitude, com maior número de trabalhadores
na equipe (20), incluindo os encarregados e operadores de máquinas pesadas,
maior número e tipos de máquinas pesadas e equipamentos a ser utilizados, maior
88
volume de material a ser consumido, uma produtividade bem maior, e com grandes
trechos contínuos de vias beneficiados.
Na execução dos serviços de recapeamento a tarefa é prescrita nos
seguintes passos: a) varrer a área a ser recapeada; b) aplicar a pintura de ligação na
área a ser recapeada com caneta ou caneca manual; c) distribuir a mistura asfáltica
através da vibro-acabadora ou espalhar a mistura asfáltica através de
motoniveladora; d) alinhar e nivelar os bordos e juntas das faixas de tráfego com
rastelo; e) comprimir a mistura asfáltica com rolos compressores pneumáticos e
metálicos.
As figuras de 11 a 24 ilustram a execução da operação de
recapeamento, nas suas diversas etapas, representando a tarefa induzida ou a
tarefa real, como também a tarefa atualizada, em função dos imprevistos e das
condicionantes de trabalho observados nas vias urbanas da cidade de Maceió,
durante a citada operação.
Figura 11 – Varredura da área a ser recapeada Fonte: Pesquisa de campo (2005).
89
Figura 12 – Aplicação da pintura de ligação com caneta manual na
área a ser recapeada Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Figura 13 – Aplicação da pintura de ligação com caneca na área a
ser recapeada Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Figura 14 – Descarregamento da mistura asfáltica na vibro-
acabadora Fonte: Pesquisa de campo (2005)
90
Figura 15 – Distribuição da mistura asfáltica através da vibro-
acabadora Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Figura 16 – Espalhamento e nivelamento da mistura asfáltica com
rastelo Fonte: Pesquisa de campo (2005)
Figura 17 – Carregamento de mistura asfáltica a ser transportada no
carro de mão Fonte: Pesquisa de campo (2005).
91
Figura 18 – Transporte da mistura asfáltica através de carro de mão Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Figura 19 – Alinhamento e nivelamento dos bordos e juntas de
faixas com rastelo Fonte: Pesquisa de campo (2005)
Figura 20 – Compressão da mistura asfáltica com rolo compactador Fonte: Pesquisa de campo (2005).
92
Figura 21 – Espalhamento da mistura asfáltica com motonivelador Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Figura 22 – Espalhamento e compactação da mistura asfáltica com
motonivelador e rolo compactador Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Figura 23 – Aplicação de micro-revestimento asfáltico com usina
móvel Fonte: Pesquisa de campo (2005).
93
Figura 24 – Distribuição do micro-revestimento asfáltico na pista,
com espalhamento e nivelamento manual Fonte: Pesquisa de campo (2005).
4.2.2.2.3 Condições ambientais
Os trabalhos são realizados em vias públicas urbanas, geralmente
durante o período da manhã e da tarde e, por ser um trabalho a céu aberto, tem um
nível de iluminação nesses períodos natural, com grande exposição à radiação solar
durante as execuções dos serviços, e submetidos às altas temperaturas ambientais
em função do clima quente na região Nordeste onde se localiza a cidade de Maceió-
AL. Principalmente na estação do verão, e com o calor provocado por esta
exposição solar, agrava-se a situação dos trabalhadores quando o material utilizado
na execução dos serviços é o CBUQ, que chega ao local para ser aplicado a uma
temperatura superior a 119 ºC, temperatura mínima para usualmente espalhar o
material. Mas existem casos em que esses serviços são realizados à noite, quando o
tráfego da via a ser beneficiada não permite a intervenção durante o dia; nesses
casos melhoram as condições ambientais em relação ao calor, ruído, mas pioram
consideravelmente em relação à iluminação e ao risco de acidentes com os
equipamentos e máquinas.
O nível de ruído a que os trabalhadores estão expostos nas frentes de
trabalho é alto, é decorrente da presença de diversas fontes de ruído, como:
máquinas pesadas (motoniveladora, vibro-acabadoras, rolos compactadores, etc.),
caminhões basculantes e o tráfego em geral. Para ilustrar a pesquisa, foram
realizadas medições de níveis instantâneos de pressão sonora nas operações com
rolo compactador, onde se registrou o espectro de ação desses níveis, na faixa entre
94
94 e 98 dB(A), distribuídos ao longo do tempo de exposição do operador, e 84
dB(A), abaixo do limite de tolerância no restante da jornada. O instrumento utilizado
foi o decibelímetro digital, marca Realistic, tipo 2. A metodologia é baseada no
Anexo 1 da NR 15, com medição em decibéis (dB), com instrumento de nível de
pressão sonora operando no circuito de compensação A e circuito de resposta lenta
(slow), com as leituras próximas ao ouvido do operador. A Tabela 11 apresenta o
cálculo da dose de absorção diária para os níveis de pressão sonora registrados,
durante a jornada de trabalho, seguindo o seguinte roteiro para obtenção dos dados:
� quantificação dos níveis de pressão sonora aos quais o trabalhador
esteve exposto;
� tempo de exposição referente aos níveis mensurados, conforme
tabela do Anexo I da NR-15;
� tempo de permanência do trabalhador na atividade, relativo à cada
nível aferido;
� cálculo da dosimetria estimada, pela aplicação da fórmula :
C1/T1 + C2/T2 + C3/T3 ---------------------- + CN/TN
Tabela 13 – Exposição diária estimada ao ruído
ATIVIDADES NÍVEL DE
RÚIDO dB(A)
TEMPO DE EXPOSIÇÃO (Hora) Cn
EXP. MÁX. DIÁRIA
PERMISSÍVEL (Hora) Tn
DOSE EQUIVALENT
E Cn/Tn
94 1h 2h 15min 0,44 95 1h 2h 00min 0,50 96 1h 1h 45min 0,57
Nível de ruído variáveis, detectados em serviços de operação com rolo compactador
98 1h 1h 15min 0,80 Outras atividades 84 4h Abaixo L.T ---
DOSE DE ABSORÇÃO DIÁRIA 2,31 Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Observa-se que a dose de absorção diária estimada ao ruído durante a
jornada de trabalho do operador de rolo na operação tapa-buraco foi de 2,31,
excedeu a unidade, portanto a exposição está acima do limite de tolerância.
O cálculo do nível de pressão sonora equivalente para a exposição
diária observada, é dado pela fórmula:
(1)
95
∆⋅⋅= ∑ i
10
NPS
eq t10T
1 log 10 NPS
i
, onde: ( 2 )
� T – Tempo total de exposição em que o trabalhador ficou
submetido ao ruído;
� NPSi – Nível de pressão sonora a que o trabalhador ficou exposto
ao ruído durante o tempo it∆ ;
� it∆ – Intervalo de tempo em que o trabalhador ficou exposto ao
nível NPSi;
Aplicando-se a fórmula foi calculado um nível de pressão sonora
equivalente de 93,26 dB(A) durante a jornada de trabalho para o operador do rolo na
operação tapa-buraco, que significa uma exposição máxima diária permissível de 2
horas e 15 minutos, a partir da qual o trabalho se torna insalubre, de acordo com os
limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente do anexo nº 1 da NR-15.
Os trabalhadores também ficam expostos à movimentação do ar
(ventos) que, dependendo das condições climáticas do período da execução dos
serviços, podem ter uma maior ou menor velocidade, provocando um aumento no
levantamento de poeira existente no ambiente, agravando as condições existentes
em função das varreduras e cortes das superfícies dos pavimentos das ruas a serem
beneficiadas.
Existem no ambiente de trabalho vapores oriundos da evaporação dos
elementos voláteis que compõem os materiais betuminosos, utilizados na mistura
asfáltica, tóxicos ao organismo humano, e gases tóxicos provenientes da combustão
de motores de explosão das máquinas pesadas, veículos de transporte e veículos
do tráfego que circulam pelas vias durante as intervenções.
Nestes tipos de serviço os operários trabalham em contato direto com os
materiais betuminosos, principalmente os serventes e rasteleiros que fazem as
operações manuais nas tarefas de imprimação, pintura de ligação. Nestes casos, o
material usado é a emulsão asfáltica pura, e no transporte manual e na aplicação e
espalhamento do pré-misturado a quente e a frio em que os materiais betuminosos
constituem os ligantes das misturas, são o CAP e a emulsão respectivamente,
materiais estes constituídos de substãncias químicas como os hidrocarbonetos e
96
outros compostos de carbono, agentes químicos que põem em risco a saúde do
trabalhador.
Os serviços, por serem realizados em vias públicas, em frentes de
trabalhos provisórias e móveis, não permitem um tratamento do ambiente de
trabalho, com medidas que venham coletivamente minimizar o desconforto e o risco
ao trabalhador em relação aos diversos agentes observados no ambiente de
trabalho, como: ruído, calor, poeira, radiação solar, vibração, vapor, gases,
substâncias químicas, etc.
O que pode e deve ser feito para melhorar as condições de segurança
do trabalho do operário é a utilização dos EPIs adequados aos riscos a que o
mesmo está submetido, protegendo a sua saúde e integridade física (NR 6), o
controle da exposição do trabalhador ao risco obedecendo aos limites de tolerância
(NR 15), à sinalização de segurança (NR 26) adequada e efetiva nos trechos onde
ocorrem as intervenções.
Em certos casos, a presença dos guardas de trânsito é um fator
primordial para prevenção de acidentes, visto que os serviços ocorrem
principalmente nas ruas e avenidas que funcionam como corredores de transporte
urbano, onde é maior o volume e mais pesado o tráfego e que, além dos homens
fazendo as tarefas manuais do serviço com ferramentas e equipamentos, existe a
circulação no trecho de máquinas pesadas e veículos de transporte de material.
4.3 ANÁLISE DE ATIVIDADE
Nesta análise, foram estudadas as atividades desenvolvidas pelos
trabalhadores, avaliando-se o trabalho e não o trabalhador, procurando
compreender a relação existente entre o trabalhador, a tarefa e os meios para a
realização da mesma. A análise foi realizada nas atividades desenvolvidas na
execução da operação tapa-buraco e nos serviços de recapeamento, que envolvem
dimensionamento de equipes, máquinas e equipamentos, além de atividades
diferentes e, em função dessas características diferenciais foi realizada a análise
individual de cada tipo de serviço de conservação objeto da pesquisa.
97
4.3.1 Atividades desenvolvidas na operação tapa-buraco
Na operação tapa-buraco realizada pela SOMURB, são desenvolvidas
as seguintes atividades pelo trabalhador para execução dos serviços, utilizando-se
durante estas atividades as ferramentas, equipamentos e máquinas discriminadas
no Quadro 4, com o respectivo principal fator de risco à segurança e à saúde do
trabalhador.
Atividades Ferramentas/máquinas Fator de risco
Corte do pavimento Picareta/chibanca Postura/movimento
Escavação do pavimento Picareta/enxada Postura/movimento
Remoção do material Pá Postura/movimento
Varredura da superfície do fundo do buraco e do entorno
Vassoura Postura/ movimento
Imprimadura/pintura de ligação (emulsão asfáltica)
Caneta manual/caneca Contato direto com a substância química do asfalto
Retirada do PMF/CBUQ do caminhão basculante
Garfo/pá Postura/movimento
Colocação do PMF/CBUQ no carro de mão para transportar
Garfo / pá Postura/movimento
Transporte do PMF/CBUQ Carro de mão Postura/movimento
Preenchimento do buraco com PMF/CBUQ
Garfo /pá Postura/movimento
Espalhamento e nivelamento do PMF/CBUQ
Rastelo Postura/movimento
Compressão do PMF/CBUQ Rolo compactador /placa vibratória
Ruído/ vibração
Quadro 3 – Ferramentas e máquinas utilizadas nas atividades desenvolvidas na operação tapa buraco com os principais fatores de riscos. Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Foram levantados para a pesquisa os dados sobre as dimensões e os
pesos das ferramentas e equipamento de transporte de carga utilizados nas
atividades manuais relacionadas na Figura 5, que são os informados na Tabela 14.
98
Tabela 14 – Ferramentas e equipamento de transporte de carga utilizados na operação tapa buraco com respectivas dimensões e peso
FERRAMENTAS DIMENSÕES PESO ( kg )
Picareta c/ cabo 0,90 m 3,5 Chibanca c/ cabo 0,90 m 3,5 Enxada c/ cabo 1,49m 1,5
Pá c/ cabo 1,00 m 1,0 Garfo c/ cabo 1,00 m 2,0
Vassoura c/ cabo 1,28 m 1,0 Rastelo c/ cabo 1,46 m 3,0 Carro de mão 0,08 m³ 22,0
Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Levantaram-se, também, os dados sobre a idade, altura, peso e grau de
instrução dos trabalhadores da SOMURB, que se revezam nas atividades citadas na
tabela 11, para se ter uma base das características e padrões físicos dos operários,
conforme ilustrada na tabela 15.
Tabela 15 – Idade, altura, peso e grau de instrução dos trabalhadores que desenvolvem atividades na operação tapa buraco
Trabalhadores (nº) Idade (anos) Altura( m ) Peso (kg ) Grau de instrução
1 38 1,62 60 1º (incomp.) 2 41 1,56 58 1º 3 44 1,67 70 S/instrução 4 40 1,63 65 1º (incomp.) 5 35 1,78 78 1º (incomp.) 6 34 1,69 63 1º 7 57 1,60 72 1º (incomp.) 8 28 1,78 65 1º 9 29 1,66 60 1º (incomp.) 10 42 1,70 77 S/instrução 11 37 1,65 70 1º 12 20 1,69 59 1º 13 23 1,80 90 2º (incomp) 14 31 1,74 72 1º (incomp) 15 32 1,74 98 1º (incomp.)
Fonte: Pesquisa de campo (2005).
Fazendo-se um comparativo com os dados apresentados na tabela 16,
que traz o número de acidentes de trabalho registrado por grupos de idade, verifica-
se que a maioria dos trabalhadores está incluída nos grupos com maiores incidência
99
de acidentes, sendo mais um dado que deve ser incorporado à análise, já que as
atividades desenvolvidas na operação tapa-buraco são realizadas por trabalhadores
que estão dentro de grupos etários, em função do próprio tipo de atividade, com
maiores probabilidades de ocorrência de acidentes do trabalho.
Tabela 16 – Acidentes de Trabalho Registrado por Idade GRUPOS DE IDADE NÚMERO DE ACIDENTES
Até 19 anos 14.007 20 a 24 anos 73.125 25 a 29 anos 73.898 30 a 34 anos 61.383 35 a 39 anos 54.820 40 a 44 anos 44.586 45 a 49 anos 33.601 50 a 54 anos 20.001 55 a 59 anos 9.857 60 a 64 anos 3.696 65 a 69 anos 900
70 anos e mais 289 Ignorada 47
Total 390.180 Fonte: Anuário Brasileiro de Proteção (2005).
4.3.2 Análise relativa às posturas e movimentos
Posturas e movimentos têm uma grande importância na ergonomia,
sendo determinados pela tarefa e pelo posto de trabalho, pois, para suas realizações
são acionados diversos músculos, ligamentos e articulações do corpo que, sendo
executados de forma inadequada, produzem tensões mecânicas nos músculos,
ligamentos e articulações, que resultam em dores no pescoço, costas, ombros,
punhos e outras partes do sistema músculo-esquelético (DUL; WEERDMEESTER,
1995).
As posturas dos trabalhadores que têm a função na equipe de tapa-
buraco da SOMURB, de serventes e rasteleiro, que executam as atividades na
posição em pé, levantando pesos, empurrando e puxando cargas, verificadas na
pesquisa são as apresentadas no Quadro 5.
100
ATIVIDADES POSTURAS (EM PÉ) MOVIMENTOS RISCOS
Corte do pavimento
Tronco e cabeça inclinados; punhos
inclinados com pegas inadequadas.
Movimento de levantar os dois braços em
conjunto com peso de 3,5kg
Tensões prejudiciais aos músculos e
articulações
Escavação do pavimento
Tronco e cabeça inclinados; punhos
inclinados com pegas inadequadas
Movimento de levantar os dois braços em
conjunto com peso de 1,5 kg
Tensões prejudiciais aos músculos e
articulações
Remoção do material
Tronco e cabeça inclinados
Movimento de levantar os dois braços em conjunto com peso variável entre 1 e 6
kg.
Tensões prejudiciais aos músculos e
articulações
Varredura da superfície do
fundo buraco e do entorno
Tronco e cabeça inclinados; punhos
inclinados com pegas inadequadas
Movimento de empurrar com os dois braços com peso de
1kg
Tensões prejudiciais aos músculos e
articulações
Imprimadura/pintura de ligação
Tronco e cabeça inclinados com postura
de mãos e braços inadequadas
Movimento dos braços e mãos
Contato direto com substância química
Retirada do PMF/CBUQ do
caminhão basculante
Tronco e cabeça inclinados,
Movimento de empurrar com os dois braços com peso entre
2 e 10 kg
Tensões prejudiciais aos músculos e
articulações
Colocar PMF/CBUQ no carro de mão
para transportar
Tronco e cabeça inclinados
Movimento de levantar com os dois braços em
conjunto com peso entre 1 e 9 kg
Tensões prejudiciais aos músculos e
articulações
Transportar o PMF/CBUQ
Tronco e cabeça inclinados; mãos e
braços flexionados.
Movimento de levantar e empurrar com os
dois braços com peso entre 22kg e 147 kg
Tensões prejudiciais aos músculos e
articulações
Preencher o buraco com PMF/CBUQ
Tronco e cabeça inclinados;
Movimento de levantar com os dois braços em
conjunto com peso entre 1 e 9kg
Tensões prejudiciais aos músculos e
articulações
Espalhar e nivelar
PMF/CBUQ
Tronco e cabeça inclinados; punhos
inclinados com pegas inadequados
Movimento de empurrar com os dois braços em conjunto um peso mínimo de
3kg
Tensões prejudiciais aos músculos e
articulações
Compactação do PMF/CBUQ
Postura sentado, tronco e cabeça
torcidos
Movimentos rotacionais da cabeça
Tensões prejudiciais aos músculos lombares e torções prejudiciais a
coluna vertebral
Quadro 4 – Levantamento das posturas, movimentos e riscos relativos, nas atividades desenvolvidas na operação tapa buraco. Fonte: Pesquisa de campo (2005).
101
Conforme Dul e Weerdmeester (1995, p. 37), as ferramentas manuais
não devem exceder a 2 kg, verificando-se na pesquisa que três das ferramentas
manuais das mais utilizadas como as picaretas, chibancas e rastelos, têm as duas
primeiras 3,5 kg e a outra 3,0 kg, e o equipamento de transporte de carga utilizado, o
carro de mão, que tem 22 kg sem carga. Verificou-se também que não se leva em
consideração as dimensões antropométricas dos operários, na utilização das
ferramentas, não ocorrendo uma necessária variação do comprimento do cabo das
mesmas para uma melhor adaptação do trabalhador, em função das suas
dimensões, e não existe uma preocupação com as espessuras e um tratamento
adequados dos cabos das ferramentas, no sentido de uma melhora das pegas, parte
da ferramenta que é segurada pelas mãos, onde a forma e a localização possibilitam
uma boa postura para as mãos e braços.
O levantamento e transporte de carga são feitos através do carro de
mão, superando no caso do levantamento de peso, o limite recomendado
ergonomicamente que é de 23 kg, para atender os parâmetros recomendados pelo
National Institute for Occupational Safety and Health - NIOSH, vale ressaltar que só
carro de mão que é constituído de chapa de ferro pesa 22 kg, e quando está com
material asfáltico, fica entre 100 e 147 kg, dependendo do carregamento realizado
pelo operário que está executando a tarefa.
A legislação, segundo a lei nº 6.514, Seção XIV, Artigo 198, estabelece
60 kg, como o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, não
estando incluída na proibição deste artigo a remoção de um peso acima de 60 kg,
realizado através de carro de mão. Verificou-se que não existe nenhuma
recomendação ou treinamento para que se execute este levantamento de peso com
uma postura adequada, evitando uma curvatura do dorso, mantendo a coluna reta e
usando a musculatura das pernas, e a carga o mais próximo possível do corpo, além
de evitar que obstáculos atrapalhem os movimentos durante o transporte.
Na execução das tarefas dos serventes e rasteleiros ocorrem atividades
com posturas e movimentos repetitivos, o que, por longo período, torna essas
atividades fatigantes, podendo produzir lesões nos músculos e articulações, que
devem ser prevenidas, nesse caso, com alternância das tarefas. Em função disso,
foi observada na pesquisa a existência de um rodízio de trabalhadores na execução
de tarefas, mas não organizada de maneira sistemática e periódica, para que se
possa controlar e avaliar os resultados.
102
Em termos fisiológicos, pode-se estimar a demanda energética do
coração e dos pulmões, exigidas por um esforço muscular. Nesses casos, a maioria
da população pode executar tarefas usuais por um longo tempo, sem sentir fadiga
pelo esgotamento energético, desde que essa demanda não exceda 250 Watts.
Funções que têm como exemplos de atividades com demanda menor que 250 watts:
datilografia, trabalhos domésticos, andar a passo normal ou pedalar por lazer (DUL;
WEERDMEESTER, 1995).
As tarefas manuais isoladas e/ou em conjunto na operação tapa-buraco,
excedem em muito a demanda energética máxima para a realização de tarefas sem
o risco da fadiga pelo esgotamento energético, devendo obrigatoriamente introduzir-
se um descanso para recuperação e a substituição dentro de um rodízio para uma
tarefa com atividades mais leves.
Na pesquisa pôde-se constatar que riscos classificados como
ergonômicos na Tabela I da NR 5, como controle rígido de produtividade e
imposição de ritmos excessivos de trabalho, não ocorrem na execução dos serviços
de tapa buraco realizados pela SOMURB, só em casos urgentes e isolados, pois,
normalmente as equipes trabalham com uma quantidade definida previamente de
massa quente (CBUQ) ou fria (PMF), que será utilizada em uma ou mais vias,
durante o dia, com um volume de material transportado em caminhão basculante
(6m³) com um peso de 10 toneladas de massa nos tapa-buracos típicos. Esse
material pode, com facilidade e sem imposição de grande produtividade ou de ritmos
excessivos de trabalho, ser utilizado durante a jornada de trabalho normal de oito
horas com as pausas necessárias de descanso e alimentação, isto é, considerando-
se a organização de trabalho existente atualmente.
O operador de rolo compactador que faz a compressão da massa
asfáltica, além de estar sujeito a ruídos, vibrações e calor, em maior intensidade que
os outros trabalhadores da operação, tem a necessidade de controlar
simultaneamente a direção, para frente, na faixa de rolamento que está sendo rolada
e observar atrás a faixa que já foi rolada, controlando a qualidade de execução dos
serviços, tanto na ida como na volta do rolo para completar a passada, com posturas
e movimentos do tronco e da cabeça que podem provocar fadiga e dores
musculares, que nesta operação tapa-buraco são amenizadas em função das
pequenas áreas a serem compactadas, diferentemente do recapeamento. Como as
áreas a serem compactadas são relativamente pequenas, e normalmente neste tipo
103
de operação espalhadas, utilizam-se compactadores manuais ou placas vibratórias,
inclusive para facilitar o transporte, não tendo sido utilizado durante a pesquisa pela
equipe da SOMURB.
4.3.3 Atividades desenvolvidas no recapeamento
Na operação de recapeamento realizada pela SOMURB, são
desenvolvidas atividades pelo trabalhador para execução dos serviços, utilizando-se
as ferramentas, equipamentos e máquinas discriminadas no quadro 6, com os
principais fatores de risco por atividade:
Atividades Ferramentas/máquinas Fator de risco Varredura do trecho Vassoura Postura/movimento Pintura de ligação Aspersor de asfalto /caneta
manual/caneca Contato direto com substancia química do asfalto
Distribuição / Espalhamento do CBUQ
Vibro-acabadora / Motoniveladora
Vibração / Ruído Postura / movimento
Espalhar manual, alinhar e nivelar bordos e juntas de faixas
Rastelo Postura/ movimento
Compressão do CBUQ Rolo metálico e de pneus Vibração/ Ruído Postura / movimento
Quadro 5 – Ferramentas e máquinas utilizadas nas atividades desenvolvidas na operação recapeamento com os principais fatores de riscos. Fonte: Pesquisa de campo (2005).
4.3.4 Análise relativa às posturas e movimentos
As atividades desenvolvidas para a execução das tarefas relativas aos
serviços de recapeamento asfáltico diferem essencialmente na distribuição do
material asfáltico, o CBUQ. Este é feito mecanicamente através de uma máquina, a
vibro-acabadora, que promove o espalhamento da massa na espessura e largura
desejadas, como também uma compactação inicial em função das vibrações,
abastecida diretamente pelos caminhões basculantes, e que percorre o trecho a ser
recapeado, movida pelo operador e com serventes em pé na mesa alisadora de
onde sai a massa controlando a espessura a ser distribuída. Importante destacar
que a máquina utilizada pela SOMURB tem 27 anos de fabricação, não existindo
104
uma regulação automática da espessura. Em alguns serviços de recapeamento, por
não ser possível, por algum motivo, a utilização da vibro-acabadora, ou por decisão
estratégica e técnica para execução de determinados serviços, o material asfáltico é
espalhado pela motoniveladora após o tombamento do material pelo caminhão
basculante diretamente no trecho da via a ser recapeada. Neste caso, o próprio
operador da máquina controla a altura da lâmina que define a espessura da capa,
sendo que nos dois casos existe a ajuda de um operário que utiliza uma haste de
ferro com escala em cm, que, introduzida na massa informa a espessura da capa
que está sendo distribuída ou espalhada. Outra diferença importante é na rolagem
para compactação da massa asfáltica, que no caso do recapeamento, a SOMURB
só utiliza o CBUQ e os rolos utilizados são maiores e mais pesados, tanto de chapa
metálico do tipo tandem, como o pneumático, tornando as atividades descritas na
compactação dos serviços tapa buraco e de recapeamento mais intensas. Já nas
grandes áreas, que são compactadas continuamente, a imposição de um ritmo
grande de trabalho e de um controle de produtividade e qualidade de serviço, os
níveis de ruído, vibrações, calor e stress são bem maiores para os operadores
nestes serviços, tanto quanto as posturas e os movimentos realizados nas
operações dos rolos durante uma jornada de trabalho que, normalmente, nestes
serviços, são prolongadas, incluindo o período noturno.
Nos serviços de recapeamento, em função do volume de material
asfáltico a ser utilizado na via ter que ser proporcional à capacidade de produção da
usina de asfalto e o material utilizado o CBUQ, tem que estar usualmente a uma
temperatura mínima de 119 ºC para o seu espalhamento na pista. Sendo uma
intervenção de conservação de pavimento de grande logística de material e
equipamento com um custo considerável para a empresa, com muita visibilidade, o
sucesso da operação depende da qualidade dos serviços, provocando em todas as
tarefas um ritmo que atenda à produção da usina de asfalto e que o CBUQ que
chegar nas vias seja imediatamente aplicado dentro da temperatura mínima de
aplicação, inclusive prolongando a jornada de trabalho caso o período normal não
seja suficiente para aplicação do material já fabricado, por não ter condições de
estocar para aproveitamento posterior. O ritmo de trabalho, o volume de material e a
área a ser trabalhada, as exigências de produtividade e a qualidade dos serviços
tornam as atividades desenvolvidas para a execução das tarefas semelhantes às
descritas na operação tapa buraco, mais pesadas e desgastantes, considerando-se
105
os fatores biomecânicos, fisiológicos e antropométricos, como: posturas,
movimentos, levantamentos de peso, demanda energética, ferramentas
inadequadas, etc.
C A P Í T U L O V – D I A G N Ó S T I C O E R G O N Ô M I C O
A formulação de um diagnóstico ergonômico, do ponto de vista da
metodologia, tem que ser vista como uma síntese da análise ergonômica do
trabalho, onde as hipóteses de trabalho que são formuladas nas diversas fases
desta análise e os diversos dados levantados são fundamentais para a formulação
do diagnóstico ergonômico do trabalho (FIALHO; SANTOS, 1995).
O diagnóstico ergonômico, objeto da pesquisa, está baseado nos dados
levantados nas diversas etapas da análise ergonômica do trabalho de execução de
conservação de pavimentos asfálticos na vias urbanas da cidade de Maceió-AL,
conservações do tipo tapa-buraco e recapeamento, realizadas pela SOMURB,
ocorrendo nas etapas citadas, a análise de demanda, a análise de tarefa e a análise
das atividades dos trabalhadores nas execuções das tarefas.
5.1 DIAGNÓSTICO RELATIVO À DEMANDA
A demanda considerada para análise nesta etapa foi a formulada
diretamente pela empresa responsável pela execução dos serviços, neste caso a
SOMURB. Através da análise desta demanda obteve-se o seguinte diagnóstico, na
execução dos serviços de conservação asfáltica na cidade se Maceió-AL:
� serviços executados em frente de trabalho;
� serviço permanente e rotineiro ( tapa buraco);
� serviço periódico (recapeamento)
� serviço enquadrado na legislação com grau de risco máximo;
� serviço com muita visibilidade social e política;
� serviço fundamental para a administração municipal;
� serviço com organização e modo operatório conhecidos;
� mão-de-obra com pouca instrução e qualificação;
� falta de inovação tecnológica nas execuções dos serviços;
� custo elevado da operação;
107
� necessidade de utilização de máquinas, veículos, equipamentos e
ferramentas;
� dificuldade de adoção de medidas de proteção coletiva.
� necessidade de utilização de diversos tipos de equipamentos de
proteção individual;
� demanda de serviço acima da capacidade de atendimento.
5.2 DIAGNÓSTICO RELATIVO ÀS TAREFAS
Este diagnóstico tem como base a análise ergonômica da tarefa, que
coincide com a análise das condições dentro das quais o trabalhador desenvolve
suas atividades de trabalho. Do ponto de vista ergonômico, a situação de trabalho é
um sistema, cujas exigências de trabalho que determinam as atividades do
trabalhador são a entrada, e as saídas do sistema são os resultados desta atividade.
Foram diagnosticadas, através da análise realizada na pesquisa de
campo, as seguintes características relativas às tarefas de execuções de
conservação da pavimentação asfáltica nas vias urbanas da cidade de Maceió-AL:
� trabalho composto por mais de uma tarefa;
� tarefas prescritas / induzidas/ atualizadas;
� tarefas realizadas em equipe;
� equipes compostas por trabalhadores com cargos de pouca
qualificação;
� tarefas executadas por trabalhadores com cargo com maiores
índices estatísticos de acidentes fatais e não fatais na Classificação
Brasileira de Ocupação - CBO ;
� tarefas realizadas com equipes com conhecimento e experiência do
serviço;
� o trabalho exige várias repetições das mesmas tarefas;
� não se observam fatores de enriquecimento do cargo;
� observa-se uma extensão do trabalho com o rodízio dos
componentes da equipe na execução dos serviços manuais de
mesma complexidade;
108
� utilização de máquina, equipamentos e ferramentas na execução
das tarefas;
� tarefa dos serviços de tapa-buraco realizada geralmente durante o
período das 9 horas diárias de trabalho, de segunda a quinta-feira, e
8 horas na sexta-feira.
� tarefas dos serviços de recapeamento normalmente tendendo a
prolongar as jornadas de trabalhos, e realização de trabalho noturno;
� tarefas do tapa-buraco realizadas em ritmo normal e baixa
produtividade;
� tarefas do recapeamento realizadas em ritmo puxado e com grande
produtividade;
� trabalhadores com período de descanso de 1 hora, durante a
jornada normal de trabalho;
� a empresa não atende ao estabelecido na NR 17, item 17.6, relativo
à organização do trabalho, no subitem 17.6.3, que estabelece
procedimentos para as atividades que exigem sobrecarga muscular
estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros
superiores e inferiores.
5.3 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
Diagnosticou-se na análise das condições ambientais em que se
realizam os serviços de conservação de pavimentos asfálticos, do tipo tapa-buraco e
recapeamento, que os trabalhadores estão submetidos a fatores ambientais que são
riscos à segurança e saúde, fatores esses assim identificados:
� nível de ruído acima de 85 dB(A), principalmente os operadores de
máquinas pesadas;
� as condições ambientais de trabalho não atendem ao estabelecido
na NR 17, no item 17.5, que estabelece que as mesmas devem
estar adequadas às características psicofisiológicas dos
trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado;
� vibrações para os operadores de máquinas e principalmente para os
operadores de rolos compactadores;
109
� trabalhadores expostos ao calor em ambiente externo com carga
solar, acima dos limites de tolerância;
� trabalhadores expostos à radiação não ionizante, à radiação solar;
� trabalhadores expostos a poeiras, na execução das tarefas de
limpeza e varreduras das superfícies das vias onde ocorrerão as
intervenções;
� trabalhadores expostos a gases tóxicos produzidos pela combustão
dos motores de explosão das máquinas, equipamentos e veículos;
� trabalhadores expostos a vapores provenientes dos elementos
voláteis do material betuminoso (CAP) utilizado no prémisturado a
quente ( CBUQ);
� trabalhadores em contato direto com substâncias químicas que
compõem os materiais betuminosos;
� serviços executados em vias públicas, com arranjo físico
improvisado e quase sempre inadequado.
5.4 DIAGNÓSTICO RELATIVO ÀS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
O diagnóstico relativo à segurança e à saúde do trabalhador nas
atividades desenvolvidas pelo mesmo na execução das tarefas inerentes a
realizações de conservação de pavimento asfáltico, do tipo tapa buraco e
recapeamento, tem como base a análise das atividades, fundamentadas em fatores
biomecânicos, fisiológicos e antropométricos, assim relacionados:
� trabalhadores incluídos nos grupos etários, em que estatisticamente
ocorrem a maior incidência de acidentes do trabalho;
� trabalhos executados em pé, com exceção dos operadores de
máquinas;
� exigência de posturas com inclinações do tronco, cabeça e punhos;
� postura e movimentos repetitivos por longo período;
� nível de atividade com grande demanda energética;
� não se consideram fatores antropométricos, para realização das
atividades e nos usos e dimensões das ferramentas;
� ocorrência de movimentos com levantamento de peso;
110
� transporte de carga;
� movimento de puxar e empurrar carga;
� maior número de tarefas com cargas manuais;
� ferramentas pesadas e mau conservadas;
� ferramentas sem pegas adequadas.
5.5 RECOMENDAÇÕES
5.5.1 Recomendações relativas à demanda
A SOMURB deve qualificar melhor a sua mão-de-obra, inclusive com
treinamento adequado, para utilização de novos equipamentos existentes no
mercado, o kit compacto tapa-buraco, dotado de inovações tecnológicas, com
capacidade de 6 m³ de massa, com isolação térmica, sistema de aquecimento
elétrico, reservatório de emulsão, pulverizador manual, caneta manual para pintura
de ligação, rompedor hidráulico, placa vibratória, serra policorte, ente outras
tecnologias, que têm que ser adquiridos pela empresa no sentido de melhorar os
serviços de conservação em termos de qualidade e produtividade, e também
organizacional, já que o kit compacto tapa-buraco é constituído de equipamentos
que transportam materiais que não precisam ser transportados por outros veículos,
diminuindo a equipe necessária para execução da operação tapa-buraco,
substituindo ferramentas manuais que eram utilizadas para corte e rompimento do
pavimento por equipamentos, que exigem menos esforço do trabalhador com maior
produtividade, causando menos transtorno ou problemas nas vias de volume de
tráfego, em virtude da menor dimensão da área a ser interditada para a execução
dos serviços como também pela agilidade da execução dos mesmos.
Quanto à operação de recapeamento, a recomendação em relação à
mão-de-obra é a mesma, só que direcionada aos operadores das máquinas
pesadas, como vibro-acabadora, motoniveladora, rolos tandem e de pneus, devendo
a empresa adquirir novas máquinas, porque no momento só tem a vibro-acabadora,
com mais de 27 anos de fabricação e uso e com tecnologia ultrapassada e má
conservação. Da mesma forma também são as duas motoniveladoras existente,
111
antigas e mal conservadas, o que provoca um grande índice de quebras, exigindo o
aluguel de equipamentos com grande dificuldade, pois há falta deste tipo de
equipamento no mercado de Maceió para alugar; os rolos tandem e de pneus
antigos, também com atraso tecnológico, sendo necessário, devido à urgência com
com que as demandas surgem, a empresa adquirir estas máquinas com modernos
recursos tecnológicos, garantindo uma maior rentabilidade, praticidade e qualidade
na execução dos serviços, além de conforto e segurança para o operador, pois
esses novos equipamentos refletem uma preocupação do fabricante de dotar o
posto de comando de condições ergonômicas para execução dos trabalhos .
Em relação à política de segurança e à saúde do trabalhador, a empresa
SOMURB, em função do grau de risco da atividade econômica desenvolvida e do
número de empregados da empresa, deve manter os Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, conforme o estabelecido na
NR 4, composto de 1(um) engenheiro de segurança do trabalho, 1(um) médico do
trabalho, e 2(dois) técnicos de segurança do trabalho. A empresa deve elaborar e
implementar um Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO,
como estabelece a NR 7, fundamental para a prevenção e o controle dos problemas
relativos à saúde do trabalhador relacionados ao trabalho, através de diagnósticos
precoces que evitam o agravamento do mal, e com os dados clínico-
epidemiólogicos, poderão estabelecer a relação entre a doença e a atividade
desenvolvida pelo trabalhador, informação essa que será essencial para mudanças
de rumos na forma de prevenção e organização na busca da melhoria da segurança
e da saúde do trabalhador. A empresa deve elaborar o Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais – PPRA, de acordo com a NR 9, com o objetivo de
implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos
processos e no meio ambiente de trabalho, no caso específico pesquisado, nos
serviços de conservação de pavimentação asfáltica.
5.5.2 Recomendações relativas à tarefa e ao ambiente
� As equipes devem ser qualificadas e treinadas para utilização de
novas tecnologias, para a realização das tarefas;
112
� Os cargos dos ocupantes da equipe devem sofrer um
enriquecimento e alargamento vertical, tornando o cargo mais
completo, acrescentando-lhe, onde for possível, tarefas mais
complexas;
� Adotar com critério e planejamento a alternância das tarefas entre
os componentes da equipe, de forma a evitar repetitividade e
monotonia, mas sempre observando o nível de instrução e a
experiência de cada elemento para a realização dessa alternância;
� Evitar, sempre que possível, o prolongamento das jornadas de
trabalho, verificado nos serviços de recapeamento;
� Deve-se atender ao estabelecido na NR 17, item 17.6, relativo à
organização do trabalho, subitem 17.6.3, que diz: “Nas atividades
que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço,
ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da
análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte: a)
todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de
remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em
consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores; b)
devem ser incluídas pausas para descanso; c) quando do retorno ao
trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15
(quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno
gradativo aos níveis de produção vigente na época anterior ao
afastamento”.
� A empresa, dentro do possível, deverá atender à NR 17 no item
17.5, relativa às condições ambientais de trabalho, que no subitem
17.5.1 estabelece o seguinte : “As condições ambientais de trabalho
devem estar adequadas às características psicofisiológicas dos
trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado”;
� Utilizar sempre equipamento medidor de nível de pressão sonora no
local que possibilite a verificação desse nível para utilização de EPIs
indicados para proteger a saúde do trabalhador exposto ao ruído
acima do limite de tolerância;
� Amenizar os efeitos prejudiciais à saúde dos operadores das
máquinas e o desconforto provocado pela vibração do corpo inteiro
113
na execução das tarefas, em que são utilizadas a vibro acabadora,
rolos compactadores e motoniveladoras, substituindo-se as mesmas
por máquinas novas, com mais recursos tecnológicos e conforto no
posto de comando do operador ou, dentro do possível, melhorar a
manutenção das máquinas atuais para que diminuam as vibrações
dos equipamentos, quando as mesmas não são necessárias para a
sua operação e diminuir o tempo de exposição à vibração do corpo
do operador, de modo que o nível de vibração e tempo de exposição
combinados não sejam desconfortáveis e prejudiciais à saúde dos
operadores;
� As vibrações das mãos e dos braços, que ocorrem quando do uso
de equipamentos e ferramentas pneumáticas como rompedor, serra
policorte e placas vibratórias, embora os dois primeiros não
estivessem sendo utilizados pela equipe da SOMURB durante a
pesquisa de campo, são necessários para uma melhor produtividade
e qualidade dos serviços. Para prevenir o problema de circulação de
sangue nos dedos, o “dedo branco”, deve-se fazer a combinação do
nível de vibração com o tempo de exposição do trabalhador com uso
do equipamento para uma faixa confortável e segura;
� Os trabalhos são realizados em ambiente externo com carga solar,
devendo, dentro do possível, os trabalhadores ficarem expostos ao
calor em regime intermitente com períodos de descanso no próprio
local, atendendo aos limites de tolerância da NR 15, anexo nº 3,
quadro nº 1, para tipo de atividade pesada, que define os períodos
de trabalho e descanso em função do IBUTG (Índice de Bulbo
Úmido – Termômetro de Globo);
� Os trabalhadores estão expostos, durante longo período do dia, à
radiação solar, devendo ter o corpo protegido pelo fardamento
adequado ao clima e, nas partes do corpo que ficam desprotegidas
devem ser passados cremes protetores contra radiação solar, de
acordo com a NR 6;
� Os trabalhadores que executam os serviços de limpezas e
varreduras das superfícies devem utilizar máscaras apropriadas para
proteção contra poeira. Convém ressaltar que não se verificou de
114
forma constante o uso deste EPIs durante a pesquisa, apesar do
fornecimento do mesmo pelo órgão público;
� Os trabalhadores, quando estão executando tarefas que envolvem o
contato ou a proximidade com a mistura betuminosa a quente, o
CBUQ, quando ocorre a vazão a ocorrência de vapores oriundos das
substâncias voláteis que constituem o ligante betuminoso, o CAP,
deverão utilizar máscaras com filtros adequados para combater a
absorção por vias respiratórias dos vapores tóxicos;
� Os trabalhadores que executam as tarefas de pintura de
ligação/imprimação, tanto com a caneta manual ou com a caneca,
têm que utilizar a máscara com filtro para combater a absorção do
vapor tóxico, como luvas e botas adequadas para evitar o contato
direto com a substância tóxica na forma líquida e sua absorção pela
pele, e óculos para evitar o contato com os olhos;
� Os trabalhos de conservação, principalmente o tapa-buraco, quando
as tarefas foram executadas em vias de grande volume de tráfego,
devem, além de utilizar uma sinalização de segurança padronizada e
de acordo com as normas vigentes de segurança e trânsito, evitar o
máximo de improvisações, para que se possa, dentro do possível,
nos trechos onde ocorrem as intervenções, fazer arranjos físicos
adequados às realizações das tarefas.
5.5.3 Recomendações relativas às atividades desenvolvidas
� O órgão, dentro do possível e necessário, deve atender o
estabelecido na NR 17, item 17.3, relativo ao mobiliário dos postos
de trabalho, que estabelece o seguinte: “Para as atividades em que
os trabalhos devam ser realizados de pé, devem ser colocados
assentos para descanso em locais que possam ser utilizados por
todos os trabalhadores durante as pausas”;
� As ferramentas manuais não devem exceder a 2 kg;
� As empunhaduras das ferramentas devem ser curvas para não
torcer o punho, e colocação de cabos curvos nas ferramentas
115
manuais, em vez de cabos retos que provocam dores nas costa dos
usuários;
� A forma da pega da ferramenta e a sua localização têm que
possibilitar uma boa postura para as mãos e os braços;
� As ferramentas têm que estar bem conservadas;
� Devem ser evitadas dentro do possível atividades que provoquem
movimentos em que as mãos e os cotovelos fiquem acima do nível
dos ombros e para trás do corpo, substituindo a ferramenta por outra
que evite estes movimentos, ou oriente o trabalhador demonstrando
a postura correta para a execução dos movimentos;
� Restringir o número de tarefas que envolvam o movimento com
levantamento de pesos, substituindo a demarcação e o corte do
pavimento com a picareta, pela serra policorte e o martelete
rompedor;
� Devem ser atendidas as exigências da NR 17, ao item 17.2, que
estabelecem parâmetros para o levantamento, transporte e descarga
individual de materiais, nos sub-itens 17.2.2, 17.2.3 e 17.2.4;
� Criar condições favoráveis para o levantamento e transporte de peso
acima de 23 kg, com treinamento e orientação sobre as técnicas
corretas em relação à postura e aos movimentos a serem realizados
e à duração da tarefa que exija o levantamento e transporte de peso
acima de 23 kg. Essa duração não deve ser maior que uma hora,
devendo ser seguido por tarefas mais leves ou período de descanso
de 120 % de duração da tarefa de levantamento e transporte de
peso. Avaliar a possibilidade da utilização da Equação de NIOSH
para estimar a carga máxima;
� Deve-se levar em consideração para distribuição das tarefas,
principalmente as que requerem atividades mais desgastantes e
pesadas, as características físicas e a idade do trabalhador;
� Dentro do possível e do que o mercado disponha, deve-se ter
ferramentas de tamanhos e pesos diferenciados, para que se possa
adequar de melhor forma as ferramentas às diferenças individuais
do corpo do trabalhador, tornando o desenvolvimento das atividades
mais seguro e produtivo.
C A P I T U L O V I – A V A L I A Ç Ã O D A M E T O D O L O G I A D E A N Á L I S E E R G O N Ô M I C A
6.1 AVALIAÇÃO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DA DEMANDA
De acordo com Fialho e Santos (1995), a demanda é o ponto de partida
de toda análise ergonômica do trabalho e sua origem pode ocorrer nos diversos
atores sociais da empresa, direta ou indiretamente envolvidos pelos problemas
ergonômicos existentes na situação de trabalho analisada, onde pode-se distinguir
três grandes grupos de demandas de intervenção ergonômica.
� As demandas formuladas com objetivo de buscar recomendações
ergonômicas para implantação de um novo sistema de produção.
Neste caso, a intervenção ergonômica contribuirá no sentido de
integrar, no processo de concepção do projeto industrial, os
conhecimentos relativos ao homem em atividade de trabalho.
� As demandas formuladas com objetivo de resolver disfunções do
sistema de produção já implantado, relativas ao comportamento do
homem, da máquina, ou ainda, da organização, que se traduzem em
problemas ergonômicos (sofrimento físico e mental, doenças
profissionais, acidentes, incidentes, absenteísmo, baixa
produtividade, qualidade insuficiente). Neste caso, a partir de uma
análise ergonômica da situação existente, pode-se realizar um
diagnóstico dessas disfunções e propor uma série de
recomendações.
� As demandas formuladas com o objetivo de identificar as novas
condicionantes de produção, numa determinada situação de
trabalho, introduzidas pela implantação de uma nova tecnologia e /
ou pela introdução de novos modos organizacionais. Neste caso,
117
pode-se realizar uma análise ergonômica da situação de referência
(antes da implantação da nova tecnologia) e da situação já
modernizada, de modo a identificar as condicionantes que
desaparecerão, as condicionantes que permanecerão e as novas
condicionantes que surgirão, com a implantação da nova tecnologia.
No caso deste trabalho de pesquisa a demanda se enquadra no
segundo grupo, já que o mesmo apresenta um diagnóstico relativo aos riscos à
segurança e saúde do trabalhador na execução dos serviços de conservação de
pavimentos asfálticos, riscos estes que são disfunções do sistema produtivo já
implantado. Quanto à formulação da demanda, a metodologia teve que ser adaptada
para a sua utilização na realização deste trabalho, porque não ocorreu a formulação
da demanda prevista na metodologia, como: pela direção da empresa, diretamente
pelos trabalhadores, pelas organizações sindicais, pelo conjunto de atores sociais,
pelas instituições públicas legais.
A partida da demanda não prevista pela metodologia ocorreu através
do pesquisador, se não for considerada a previsibilidade do pesquisador estar
incluído dentro dos previstos formuladores de demanda. Neste caso o que pode ser
o diferencial ou facilitador para a utilização da metodologia é o campo a ser coberto
pela demanda, isto é, a sua delimitação, que fica ao critério do formulador. Manteve-
se inalterado o método de levantamento de dados desta fase, obtendo-se os dados
preliminares da situação de trabalho, serem considerados na realização do estudo:
tipo de tecnologia utilizada, organização do trabalho implantada, principais
características da mão de obra disponível, principais aspectos sócio-econômicos da
empresa, e outros pontos de vista á respeito do problema formulado pela demanda.
6.2 AVALIAÇÃO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DA TAREFA
Para Fialho e Santos (1995), a tarefa é um objetivo a ser atingido, neste
sentido, sua análise coincide com análise das condições dentro das quais o
trabalhador desenvolve suas atividades de trabalho.
Para utilizar a metodologia, deve-se analisar a tarefa ou as condições de
trabalho em três fases distintas, assim determinadas: a primeira fase delimita o
118
sistema homem-tarefa a ser analisado; na segunda fase procede-se a uma
descrição de todos os elementos que compõe este sistema, isto é, a uma
identificação dos componentes do sistema que condicionam as exigências do
trabalho. Na terceira fase, procede-se a uma avaliação destas exigências.
Os sistemas homens-tarefas, são sistemas mais abrangentes que os
sistemas homens-máquinas tradicionais, em função de que as tarefas englobam não
só as máquinas e suas condições técnicas de trabalho, mas também as condições
organizacionais e ambientais de trabalho, o que torna a sua utilização para a
realização deste trabalho, a mais adequada e confiável para a obtenção de um
diagnóstico ergonômico relativo aos riscos à segurança e saúde do trabalhador nos
serviços de conservação de pavimentos asfálticos.
Segundo Poyet (1990, apud FIALHO; SANTOS, 1995, p.76), pode-se
considerar três diferentes níveis de tarefa: prescrita, induzida e atualizada.
� A tarefa prescrita:
Trata-se do conjunto de objetivos, procedimentos, métodos e meios de
trabalho, fixados pela organização para os trabalhadores. É o aspecto formal e
oficial do trabalho, isto é, o que deve ser feito e os meios colocados à disposição
para sua realização.
� A tarefa induzida ou redefinida:
É a representação que o trabalhador elabora da tarefa, a partir dos
conhecimentos que ele possui das diversas componentes do sistema. É o que o
trabalhador pensa realizar. Pode – se falar, neste caso, em tarefa real ou efetiva.
� A tarefa atualizada:
Em função dos imprevistos e das condicionantes de trabalho, o
trabalhador modifica a tarefa induzida às especialidades da situação de trabalho,
atualizando assim, a sua representação mental referente ao que deveria ser feito.
Esta distinção da tarefa, em três níveis, é importante porque permite, ao analista,
compreender as distâncias que, normalmente, existem entre a definição formal e
oficial daqueles que concebem o trabalho e as representações ‘deformadas’ que o
trabalhador elabora.
119
Neste trabalho de pesquisa verificaram-se os três níveis de tarefas
(prescritas, induzidas e atualizada) na execução dos serviços de conservação de
pavimentos asfáltico, muito em função das improvisações que os trabalhadores são
obrigados a realizar nas frentes de trabalho, devido às situações de trabalho não
previstas.
No caso da descrição das componentes do sistema homens – tarefas,
que tem como finalidade a identificação das exigências do trabalho, materiais,
organizacionais e ambientais, esta realizou-se na análise de postos de trabalho/
frente de trabalho, descrição das tarefas de execução de tapa buraco e
recapeamento e na análise das condições ambientais, sem prejuízo ou necessidade
de adequação a metodologia proposta de análise ergonômica.
6.3 AVALIAÇÃO DA ANÁLISE ERGONÔMICA DAS ATIVIDADES
Segundo Fialho e Santos (1995), uma situação de trabalho é um
conjunto de cargas de trabalho de diversas naturezas: ergonômicas, sociais,
técnicas e organizacionais. Para a realização de uma determinada tarefa, frente a
essa situação, o homem coloca em funcionamento mecanismos de adaptação e de
regulação. Assim sendo, o que se mede da atividade é relativo à avaliação que pode
ser estabelecida dessas cargas de trabalho, suportadas pelo indivíduo na realização
desta tarefa.
No levantamento dos comportamentos do homem no trabalho são
consideradas as atividades desenvolvidas pelo trabalhador que possam ser
levantadas, através de métodos e de técnicas que sejam aplicáveis numa
determinada situação de trabalho. A partir deste levantamento, o analista será
levado a questionar sobre outros tipos de atividades desenvolvidas pelo homem
para realizar as tarefas prescritas, as quais ele deve identificar para completar sua
análise. O fato é que a ação ou as ações exercidas pelo trabalhador é o que
interessa ao analista, devendo o mesmo procurar compreender a relação existente
entre o trabalhador, a tarefa e seus meios de trabalho.
A escolha do método a ser empregado na análise ergonômica das
atividades de trabalho depende, basicamente, de dois aspectos:
120
� Das características da situação de trabalho a ser analisada:
Neste caso, a escolha está relacionada às exigências, às quais o
trabalhador está sujeito para desenvolver suas atividades de trabalho. Exigências
do tipo fisiológica indicam um método que contemple este componente da atividade.
Em contrapartida, exigências do tipo perceptiva e cognitiva direcionam a um método
que considere estes componentes da atividade.
� Dos objetivos do estudo:
Dependendo dos objetivos fixados pela demanda do estudo, o método a
ser utilizado estará praticamente definido. O método a ser utilizado na análise das
atividades de trabalho, visando a um simples arranjo físico das instalações
existentes, é totalmente diferente de um estudo aprofundado, visando à implantação
de novas instalações.
Neste trabalho de pesquisa foram considerados os dois aspectos, tanto
que se observaram as exigências às quais o trabalhador está exposto no
desenvolvimento de suas atividades em situação de trabalho, como também objetivo
do estudo que é a obtenção de diagnóstico relativo aos riscos da segurança e saúde
do trabalhador no desenvolvimento das atividades, na execução da tarefa de
conservação de pavimento asfáltico.
Do ponto de vista ergonômico, as atividades do homem no trabalho
podem ser analisadas, dentro de um sistema homens-tarefas, compreendendo duas
componentes principais, de um lado o homem (ou homens), e, de outro lado, as
tarefas que ele deve efetuar.
Este modelo é capaz de evidenciar as principais condicionantes que
afetam o desenvolvimento das atividades do homem no trabalho:
� Uma má concepção dos meios de trabalho: apresentação das
informações, coerência entre as modalidades de apresentação destas
informações, as modalidades de atividades das funções sensoriais e
mentais e os objetivos do trabalho (papel de sua disposição espacial,
temporal...).
121
� Características dos objetos, ferramentas, comandos de máquinas
sobre os quais o operador deve agir: dimensões, organização
espacial, peso, resistência, que determinarão as exigências em
termos de trabalho muscular.
� Características ambientais: Ambiente térmico, acústico, luminoso,
vibratório e toxicológico.
� Condicionantes temporais do trabalho: Cadência, duração e horário
de trabalho.
� Características da organização do trabalho: Hierarquia, turnos,
equipes, métodos, comunicação.
� O ambiente psicossociológico.
� Condições de vida extra-profissional.
Para Fialho e Santos (1995), o método de análise das atividades pode
ser definido como o conjunto de meios e procedimentos práticos de análise, que
permitem dar um conteúdo às categorias de um modelo, como no caso deste
trabalho, um modelo antropocêntrico, dentro de um sistema homens – tarefas.
A utilização de métodos e técnicas de análise, relativos a uma
determinada situação de trabalho, deve permitir a obtenção de resultados concretos,
a partir do conhecimento desta realidade do trabalho.
Os métodos de análise das atividades podem ser divididos da seguinte
forma:
� Método de análise do trabalho em termos de atividades gestuais;
� Método de análise do trabalho em termos de informação;
� Método de análise do trabalho em termos de regulação;
� Método de análise do trabalho em termos de processos cognitivos.
O método utilizado neste trabalho de pesquisa foi o de análise das
atividades em termos gestuais, em função da atividade motora ser preponderante
122
na execução da tarefa. No caso desta pesquisa, a operação tapa – buraco e o
recapeamento, e as atividades sensoriais, perceptivas e cognitivas, que estão
sempre presentes na execução da tarefa, podem ser relativamente negligenciadas.
Verificou-se no levantamento de dados para análise ergonômica tanto
das tarefas, como também das atividades, que a lista de verificação de fatores
ergonômicos do Dul e Weerdmeester (1995) é mais ampla e abrangente e menos
focada que a planilha de levantamento de dados utilizado na metodologia do Fialho
e Santos (1995), que nesta pesquisa especificamente, facilitou a coleta de dados,
mas que não inviabiliza a utilização da planilha de levantamento original da
metodologia, mas pode-se complementá-la utilizando-se outros instrumentos de
coleta de dados, dependendo do tipo de tarefa e atividade a ser analisada.
6.4 FACILIDADES X DIFICULDADES NA UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA
FACILIDADES :
� Metodologia prospectiva;
� Serviços com predominância de tarefas manuais;
� Estruturação da metodologia em etapas;
� Levantamento de dados para identificação qualitativa de risco.
DIFICULDADES:
� Não existência de demanda externa;
� Abrangência e complexidade da abordagem ergonômica;
� Caracterização dos riscos a partir de avaliação quantitativa, com
utilização de instrumental e equipamentos adequados;
� Planilha de levantamento de dados de Fialho e Santos (1995)
incompleta/inadequada em relação as tarefas e atividades
desenvolvidas na frente de trabalho;
� Serviços realizados em frentes de trabalho diversas, em situações
diferenciadas com difícil padronização das operações.
C A P I T U L O V I I – P R I N C I P A I S C O N C L U S Õ E S D A P E S Q U I S A
Esta pesquisa acadêmica apresenta um diagnóstico ergonômico relativo
aos riscos à segurança do trabalho nos serviços de conservação de pavimento
asfáltico nas vias urbanas da cidade de Maceió-AL, onde foi realizada pesquisa de
campo, com acompanhamento sistemático, através de observações, entrevistas,
fotografias e filmagens das operações de conservações de pavimento do tipo tapa-
buraco e recapeamento, chegando-se ao diagnóstico a partir da análise ergonômica
do trabalho, realizada em três fases, como recomendam Fialho e Santos (1995),
analisando a demanda, a tarefa e as atividades, e através destas análises foram
diagnosticados, em cada fase, os problemas ou as situações de trabalho que devem
ser corrigidas, de forma a eliminar, se possível, o risco ou potencial de risco à
segurança e à saúde do trabalhador. Apresentamos recomendações com sugestões
de soluções para cada caso observado e identificado como risco à segurança e à
saúde do trabalhador, utilizando para esta identificação a verificação durante a
pesquisa de fatores aplicados a métodos práticos de análise ergonômica, baseados
em Dul e Weerdmeester (1995), que são fatores relativos à tarefa e ao cargo,
biomecânicos, fisiológicos, posturas, movimentos e ambientais.
O diagnóstico, de uma forma geral, identifica a atividade de conservação
de pavimentação asfáltica como uma atividade de risco à segurança e à saúde do
trabalhador, onde as tarefas são executadas em ambientes hostis, com a presença
de agentes físicos como ruído, calor, vibrações, a presença de agentes químicos
como poeira, vapor, gases, substâncias químicas, agentes ergonômicos, levando-se
em consideração a NR 5, tabela I (anexo IV), que são: esforço físico intenso,
levantamento e transporte de peso, exigência de postura inadequada, imposições de
ritmos excessivos, jornadas de trabalhos prolongadas, monotonia e repetitividade. E
riscos de acidentes mecânicos, tais como: arranjo físico improvisado, ferramentas
inadequadas e mal conservadas, máquinas e equipamento sem proteção, etc.
Verifica-se no diagnóstico que o serviço é de caráter permanente e
rotineiro para a administração, com grande importância política e social, visto que
traz o conforto e a segurança aos usuários das vias e principalmente nos corredores
124
de transporte coletivo, e como tem muita visibilidade dá o retorno político à
administração municipal. Mas, em função da demanda e das urgências e
emergências na execução, e também da falta de estrutura do órgão municipal para
ter uma gestão de conservação de pavimentos que atenda a esta demanda de forma
planejada e organizada, não são observadas normas de segurança que são
prioritárias e básicas para a segurança e a saúde do trabalhador, como os usos de
EPIs adequados aos riscos. Dessa forma, a SOMURB não vem cumprindo a
legislação, de acordo com a NR 6, também não cumpre a NR 15, relativa às
atividades e operações insalubres, não se observando e monitorando a exposição
ao ruído, vibrações, ao calor, aos agentes químicos, no caso os hidrocarbonetos que
constituem os materiais asfálticos utilizados na conservação dos pavimentos, que
são substâncias consideradas cancerígenas.
Diagnosticou-se, através de uma pesquisa interna dentro do órgão, que
não se cumpre o que determina a NR 7, que estabelece o Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, como parte integrante do conjunto mais
amplo de iniciativas das empresas no campo da saúde dos trabalhadores e que
deveria estar articulado com os dispostos nas demais NRs, verificando-se, ainda,
que não são realizados nem os exames médicos obrigatórios solicitados no item
7.4.1 da NR 7. A SOMURB, por desenvolver atividades relativas à Indústria da
Construção, deveria atender às diretrizes da NR 18, principalmente em seu item
18.3, que estabelece o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na
Indústria da Construção – PCMAT, mas no caso especifico dos serviços de
conservação de pavimento asfáltico nas vias urbanas de Maceió-AL, o PCMAT não
tem condições de aplicabilidade, devendo o órgão público municipal atender às
exigências contidas na NR 9, que por sua vez, estabelece o Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA.
Os Dados Estatísticos que se referem aos Acidentes do Trabalho com
ou sem afastamento e Doenças Ocupacionais relativas às atividades de execução e
conservação de vias com pavimentos asfálticos da cidade de Maceió, são frágeis,
imprecisos e em função da rotatividade da mão- de- obra terceirizada, esses dados
podem ser considerados inexistentes.
O diagnóstico geral a que chegamos ao final desta pesquisa, é que os
riscos identificados e analisados através do método da AET, poderiam ser
eliminados, minimizados ou controlados se a SOMURB elaborasse o Programa de
125
Prevenção de Riscos Ambientais –PPRA, principalmente através de Medidas de
Controle, Nível de Ação, Monitoramento e do Registro de Dados, que são previstos
na NR 9, em seus itens 9.3.5, 9.3.6, 9.3.7 e 9.3.8 e seus subitens respectivamente.
É necessário que, na prática, a empresa cumpra a legislação relativa à Segurança e
Medicina do Trabalho, e utilize a legislação como base para adoção de uma gestão
de segurança e saúde do trabalho que leve a empresa a ser certificada pela norma
de segurança e saúde no trabalho OHSAS 18001, o que deveria ser uma meta a ser
atingida a médio ou longo prazo. É importante afirmar que o governo federal, através
do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE e seus Órgãos Fiscalizadores, as
Delegacias Regionais do Trabalho - DRT, devem fiscalizar o cumprimento destas
leis relativas à segurança e saúde do trabalhador, inclusive ou principalmente nas
empresas e órgão públicos, já que o trabalhador, devido ao baixo nível de instrução,
no caso da atividade pesquisada, fica dependendo da conscientização dos
empresários e seus dirigentes, e quando isto não ocorre, como na maioria dos
casos, os trabalhadores ficam expostos aos riscos que podem vir a provocar
Acidentes do Trabalho e Doenças Ocupacionais, que causam morte, perda ou
redução permanente ou temporária, da capacidade do trabalhador para o trabalho.
A avaliação da aplicabilidade da método da AET, como método
prospectivo de identificação e análise de risco à segurança e saúde do trabalhador,
demonstrou ser uma metodologia eficiente, em função da abrangência da
ergonomia, onde diversos fatores devem ser levados em consideração na análise
ergonômica do trabalho, como: biomecânicos, fisiológicos, antropométricos,
posturais, de movimentos, de organização de trabalho, de tarefa e cargo e
ambientais. Baseados nos critérios e parâmetros ergonômicos se identificam e
analisam os riscos à segurança e saúde do trabalhador, dividindo estas
identificações e análises em três etapas: análise da demanda, análise da tarefa e
análise das atividades desenvolvidas na execução da tarefa. Esta metodologia difere
das metodologias prospectivas convencionais na forma e na maior abrangência do
conteúdo, apesar de os dois tipos de metodologia, a convencional e a AET , terem
como ferramenta básica a inspeção com a observação sistemática para o
levantamento de dados, tendo como ponto de partida a situação atual, onde
procura-se perceber a existência de riscos nos locais analisados. Na metodologia
convencional da engenharia de segurança, utiliza-se a tipologia dos riscos como
eixo básico, verificando nas inspeções as existências dos mesmos ou adota-se a
126
fonte de risco como eixo de investigação. Na AET a percepção do risco é observada
durante a análise do posto de trabalho/frente de trabalho, da análise homem-tarefa e
das condições ambientais em que são realizadas as tarefas, e da análise das
atividades desenvolvidas pelo homem na execução da tarefa.
Os meios utilizados para o levantamento de dados na identificação de
riscos seguem a mesma instrumentação da metodologia convencional, utilizando-se
questionários, listas de verificação, roteiro de inspeção de segurança, etc., onde
procura-se os riscos comuns, já conhecidos teoricamente. As dificuldades
encontradas nesta metodologia ergonômica também se observa na metodologia
convencional, que é a caracterização dos riscos a partir de avaliações quantitativas
da exposição dos trabalhadores em relação aos limites de tolerância, que requer a
utilização de instrumentos de medição, como no caso de nível de ruído, calor,
vibrações, etc.
As vantagens do método da AET são visíveis no tocante à abrangência
do estudo, que é mais amplo que a simples caracterização dos riscos na visão da
legislação de segurança e medicina do trabalho, pois, principalmente em relação à
ergonomia é muito limitada. A partir da AET, em que se utiliza um ramo do
conhecimento multidisciplinar, esta análise é sintetizada através de um diagnóstico e
propõe-se sugerir recomendações baseadas em parâmetros ergonômicos e também
relativos à legislação de segurança e medicina do trabalho, que devem ser
atendidos não de forma excludente, apenas os relativos à legislação, mas de forma
conjunta, na busca de proporcionar aos trabalhadores o máximo de conforto,
segurança e eficiência na execução do trabalho.
R E F E R Ê N C I A S
ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO 2003. Novo Hamburgo: MPF Publicações, 2003. 146 p. Edição Especial da Revista Proteção. ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO 2005. Novo Hamburgo: MPF Publicações, 2005. 162 p. Edição Especial da Revista Proteção. ARAÚJO, G. M.; BENITO, J.; SOUZA, C. R. C. de. Normas regulamentadoras comentadas: legislação de segurança e saúde no trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro: [s. e.], 2000. BALBO, José Tadeu. Gestão da manutenção de pavimentos e seus benefícios para a cidade de São Paulo. Disponível em <http://www.ptr.usp.br>. Acesso em: 28 nov. 2005. BATISTA, Ciro de Freitas Nogueira. Pavimentação. 3. ed. Porto Alegre: Globo, 1978. BUENO, J. Psicomotricidade: teoria & prática. São Paulo: Lovise, 1998. CAMPOS, Manuel F. Legislação e normas técnicas. João Pessoa: UFPB, 1996. (Apostila do Curso de Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho). CHAFFIN, B. D.; ANDERSON, G. Ocupational biomechanics. New York:: Wiley-Intercience, 1984. COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho. O manual técnico da máquina humana. [ s. l. ]: ERGO, 1995a. v. 1. COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho. O manual técnico da máquina humana. [ s. l. ]: ERGO, 1995b. v. 2. DE CICCO, Francesco M. G. A. F; FANTAZZINI, Mario Luiz. Técnicas modernas de gerências de riscos. São Paulo: IBGR, 1985.
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131
APÊNDICE A
ROTEIRO DE ENTREVISTA
IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
Razão social da empresa: _____________________________________________
Endereço: __________________________________________________________
Entrevistado: ________________________________________________________
Cargo: _____________________________________________________________
Data da entrevista : ___/ ___/ ____
1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
1.1 Qual tipo de Empresa?
( ) Pública ( ) Privada ( ) Mista
1.2 Há quantos anos atua nos serviços de manutenção/conservação de pavimentos
asfáticos?
( ) Menos de 5 ( ) Entre 5 e 10 ( ) Entre 10 e 20 ( ) Acima de 20
1.3 Qual a área de atuação da empresa?
( ) Local (Maceió) ( ) Estadual (Alagoas) ( ) Regional ( Nordeste)
( ) Nacional ( Brasil)
1.4 Qual o número de funcionários da empresa ?
( ) De 50 a 100 ( ) De 101 a 250 ( ) De 251 a 500
( ) De 501 a 1000
2 POLÍTICA DE SST DA EMPRESA
2.1 A empresa possui uma política de SST da empresa?
( ) Sim ( ) Não
2.2 Em caso afirmativo, qual a política de SST da empresa ?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
132
2.3 Tendo a empresa uma política de SST implantada, a mesma:
( ) É apropriada à natureza e escala dos riscos de SST da empresa.
( ) Inclui o comprometimento com o atendimento, no mínimo, às NR’ s aplicáveis.
( ) É documentada.
( ) É implementada.
2.4 A empresa possui objetivos explícitos quanto à SST ?
( ) Sim ( ) Não
2.5 A empresa tem, em seu quadro funcional, profissionais de segurança do
trabalho?
( ) Sim ( ) Não
2.6 Sendo a resposta afirmativa, qual(is)?
( ) Técnico de segurança do trabalho – Quantos ?
___________________________________________________________________
( ) Engenheiro de segurança do trabalho – Quantos ?
___________________________________________________________________
( ) Auxiliar de enfermagem no trabalho – Quantos ?
___________________________________________________________________
( ) Enfermeiro do Trabalho – Quantos ?
___________________________________________________________________
( ) Médico do Trabalho – Quantos ?
___________________________________________________________________
2.7 Quem são os responsáveis pela identificação, avaliação e controle de riscos da
empresa?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2.8 Existe na empresa os programas de gestão de SST, PPRA, PCMAT e PCMSO?
( ) Sim ( ) Não
2.9 Existe um monitoramento quanto à implementação das ações de identificações,
avaliações e controles de riscos?
( ) Sim ( ) Não
2.10 Sendo a resposta afirmativa, esse monitoramento:
( ) É efetuado periodicamente. Período de tempo :
___________________________________________________________________
133
( ) Por profissional(is) habilitado(s). Qual(is) seja(m) :
___________________________________________________________________
( ) É documentado.
___________________________________________________________________
2.11 Os riscos pertinentes às atividades de conservação de pavimentos asfálticos
constam no PPRA ou PCMAT?
( ) Sim ( ) Não
2.12 Sendo a resposta afirmativa, as ações recomendadas no PPRA ou PCMAT
para o controle dos mesmos estão sendo implementadas?
( ) Sim ( ) Não
2.13 A empresa dispõe de arquivo quanto à legislação e a outros requisitos de SST
aplicáveis à construção civil, ou especificamente ao setor de
manutenção/conservação de pavimento asfáltico?
( ) Sim ( ) Não
2.14 Sendo a resposta afirmativa, esse arquivo:
( ) Dispõe de todas as NR’s.
( ) Dispõe apenas de NR’s especificamente aplicáveis à construção civil, inclusive
ao setor de manutenção/conservação de pavimentos.
( ) Está localizado na sede da empresa. Setor:
___________________________________________________________________
( ) É disponibilizado para consulta pelas partes interessadas.
( ) É atualizado periodicamente. Responsável pela atualização :
___________________________________________________________________
2.15 A empresa disponibiliza recursos financeiros específicos para implementação
de medidas relativas à SST nos serviços de conservação de pavimento
asfático?
( ) Sim ( ) Não
2.16 Sendo a resposta afirmativa, esses recursos têm percentual fixo em relação
aos custos dos serviços?
( ) Sim ( ) Não
2.17 Sendo a resposta afirmativa, qual o percentual?
___________________________________________________________________
134
APÊNDICE B
CHECK – LIST PARA IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS NOS POSTOS OU FRENTES DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO E CONSERVAÇÃO
DOS PAVIMENTOS ASFÁLTICOS.
1. IDENTIFICAÇÃO E DEFINIÇÃO DO POSTO / FRENTE DE TRABALHO
� Denominação do posto;
� Setor ao qual o posto pertence;
� Número de trabalhadores.
2. ATIVIDADES, TAREFAS E OPERAÇÕES
� Definição das tarefas;
� Meios utilizados;
� Duração das tarefas;
� Descrição das tarefas.
3. MÉTODOS DE EXECUÇÃO DE TRABALHO
� Como são apresentados;
� Por quem os métodos são apresentados ?
4. ARRANJO FÍSICO DO POSTO / FRENTE / CANTEIROS
� Material utilizado;
� Existem avisos de alerta para entrada de saídas de veículos e máquinas?
� Existem avisos sobre normas de segurança?
� Os materiais são estocados em locais adequados ?
� O nº de extintores de incêndio é suficiente ?
� Existe fornecimento de água potável compatível com o nº de trabalhadores;
� Localização das ferramentas e equipamentos.
5. CONDIÇÕES AMBIENTAIS E ORGANIZACIONAIS
� Ruído;
� Vibrações;
� Iluminação;
� Radiação;
� Umidade;
� Calor;
� Agentes químicos;
� Ritmo de trabalho;
135
� Pausas;
� Jornada de trabalho;
� Postura;
� Esforço físico.
6. CONDIÇÕES DAS MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS
� O equipamento recebe manutenção?
� Tem proteção nas partes móveis?
� O equipamento é adequado ao homem?
� O equipamento pode ser considerado fonte de risco?
� As ferramentas são adequadas?
� As ferramentas são defeituosas?
7. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA
� A empresa fornece EPI ao empregado?
� O EPI é adequado ao risco do trabalhador?
� A empresa forneceu treinamento para uso do EPI?
� O trabalhador conhece os risco a que está exposto?
� É necessário algum tipo de proteção coletiva?
8. A MÃO DE OBRA
� Seleção – verificar a idade;
� Treinamento;
� Remuneração;
� Possibilidade de promoção;
� Formação necessária – verificar grau de instrução.
9. CONDIÇÕES GERAIS DE H.S.T.
� Indicação das fontes de Prejuízo à saúde;
� Observação das condições Sanitárias de: banheiro, vestiário, cozinha, refeitório e
alojamento;
� Equipamentos de proteção contra incêndios;
� Recepção de material e processo de armazenagem;
� Organização dos serviços de saúde ocupacional;
� Verificar a existência e organização da CIPA e do SESMET;
� Treinamento em prevenção de acidentes e de combate de incêndios;
� Dados sobre doenças e acidentes do trabalho na empresa;
� Verificar o atendimento à NR 4 e NR 5.
136
APÊNDICE C
LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO
1. FATORES RELACIONADOS COM A TAREFA E O CARGO
1.1 A distribuição de tarefas entre a máquina e o homem é feita criteriosamente?
1.2 O trabalho é composto por mais de uma tarefa?
1.3 Os trabalhadores estão envolvidos na solução de problemas?
1.4 O tempo do ciclo em trabalhos repetitivos é maior que um minuto e meio?
1.5 Há alternância entre tarefas difíceis e fáceis?
1.6 Os trabalhadores têm liberdade para decidir sobre o método e o ritmo para
realizar as suas tarefas?
1.7 Há oportunidades para realizar contatos sociais com os colegas?
1.8 As informações fornecidas são suficientes para o controle da tarefa?
1.9 O grupo pode tomar parte nas decisões?
1.10 Os trabalhadores semelhantes foram agrupados?
1.11 As produções do grupo são identificáveis com o mesmo?
1.12 Os trabalhadores em turno têm períodos de descanso suficientes para
recuperação?
2. FATORES BIOMECÂNICOS, FISIOLÓGIOCOS E ANTROPOMÉTRICOS
2.1 As articulações são mantidas sem estresse, na posição neutra?
2.2 O trabalho é mantido o mais próximo possível do corpo?
2.3 A inclinação do corpo para frente é evitada?
2.4 A postura com corpo retorcido é evitada?
2.5 Os movimentos e forças exercidas bruscamente são evitados?
2.6 Há possibilidades de variações freqüentes da postura e dos movimentos?
2.7 A contração estática do músculo é limitada no tempo?
2.8 Evita-se o esforço muscular que leve à sua exaustão?
2.9 Há pausas curtas por toda a jornada de trabalho?
2.10 O consumo de energia para cada tarefa está dentro dos limites?
2.11 Há descanso para recuperação após uma tarefa pesada?
2.12 São consideradas as diferenças individuais de medidas corporais?
2.13 São usadas tabelas antropométricas adequadas para os usuários do produto
ou sistema?
3. FATORES RELATIVOS À POSTURA
137
3.1 POSTURA SENTADA
3.1.1 A postura sentada é alternada com aquela em pé e andando?
3.1.2 As alturas do assento e do encosto são ajustáveis?
3.1.3 As possibilidades de ajustes são em número limitado?
3.1.4 São providenciadas instruções sobre o assento?
3.1.5 As características específicas do assento são adequadas à tarefa?
3.1.6 A altura da superfície de trabalho é adequada à tarefa?
3.1.7 Há conjugações entre a altura da superfície de trabalho e a do assento?
3.1.8 Há apoio para os pés no caso de trabalho com altura fixa?
3.1.9 Os alcances excessivos para as mãos e pés foram evitados?
3.1.10 Há inclinações da superfície para a leitura?
3.1.11 O espaço para as pernas, sob a superfície de trabalho, é suficiente?
3.2 TRABALHO EM PÉ
3.2.1 A postura em pé é alternada com aquela sentada e andando?
3.2.2 A altura da superfície de trabalho é adequada para o tipo da tarefa?
3.2.3 A altura da superfície de trabalho é ajustável?
3.2.4 O uso de plataformas foi evitado?
3.2.5 Há espaço suficiente para acomodar as pernas e os pés?
3.2.6 Os alcances excessivos para as mãos e os pés são evitados?
3.2.7 Há inclinação suficiente para as leituras?
3.3 MUDANÇA DE POSTURA
3.3.1 O trabalho é planejado para permitir freqüentes mudanças de postura?
3.3.2 Há postos de trabalho que permitem alternar as posturas sentado/em pé?
3.3.3 Há cadeira Balans para permitir eventuais mudanças de postura sentada?
3.3.4 Há um selim para permitir encostos eventuais na posição em pé?
3.4 POSTURAS DOS BRAÇOS E MÃOS
3.4.1 O equipamento escolhido é adequado para a tarefa?
3.4.2 A pega da ferramenta é curva para evitar tensões no punho?
3.4.3 As ferramentas manuais são muito pesadas?
3.4.4 Há boa manutenção e conservação das ferramentas?
3.4.5 A forma das pegas é adequada ao seu manejo?
3.4.6 O trabalho acima do ombro é evitado?
3.4.7 O trabalho com as mãos para trás do corpo é evitado?
4. FATORES RELACIONADOS COM O MOVIMENTO
138
4.1 LEVANTAMENTO DE PESOS
4.1.1 As tarefas com deslocamentos manuais de cargas são evitadas?
4.1.2 O levantamento de cargas é realizado com condições adequadas?
4.1.3 O levantamento de pesos é mantido abaixo e, se possível, bem abaixo
de 23 kg?
4.1.4 Foi aplicada a fórmula NIOSH para calcular a carga máxima?
4.1.5 As unidades de peso a serem levantadas são muito pequenas?
4.1.6 O posto de trabalho é adaptado para levantamento de pesos?
4.1.7 Há alças ou aberturas para os dedos nos volumes a serem carregados?
4.1.8 O volume tem forma adequada para o carregamento?
4.1.9 São usadas boas técnicas para o levantamento de pesos?
4.1.10 O levantamento é feito em equipe?
4.1.11 São usados acessórios para o levantamento?
4.2 CARREGAMENTO DE PESOS
4.2.1 O peso do carregamento é limitado?
4.2.2 A carga é mantida tão próxima do corpo quanto possível?
4.2.3 Há pegas adequadas para segurar a carga?
4.2.4 A dimensão vertical do volume é limitada?
4.2.5 O carregamento com uma só mão é evitado?
4.2.6 São usados equipamentos de transporte?
4.3 PUXAR E EMPURRAR
4.3.1 As forças para puxar e empurrar são limitadas?
4.3.2 O peso do corpo é usado a favor do movimento de empurrar ou puxar?
4.3.3 Os carrinhos são dotados de pegas?
4.3.4 Os carrinhos são dotados de duas rodinhas móveis?
4.3.5 O piso é firme?
5. FATORES AMBIENTAIS
5.1 RUÍDOS
5.1.1 O nível de ruídos é mantido abaixo de 80 decibéis?
5.1.2 O desconforto provocado pelo ruído é evitado?
5.1.3 Há um nível adequado de ruído ambiental?
5.1.4 Foi escolhido um método silencioso de trabalho?
5.1.5 São usados máquinas e equipamentos silenciosos?
5.1.6 Há uma boa manutenção das máquinas?
139
5.1.7 As máquinas barulhentas são confinadas em cabines acústicas?
5.1.8 Os trabalhos barulhentos são separados daqueles silenciosos?
5.1.9 As fontes de barulho são mantidas à distância?
5.1.10 O teto é revestido com material acústico?
5.1.11 Há biombos acústicos separando os ambientes?
5.1.12 Há equipamentos de produção de proteção individual adequados contra
ruídos?
5.2 VIBRAÇÔES
5.2.1 As vibrações incômodas são evitadas?
5.2.2 As vibrações dos braços que provocam “dedos brancos” são evitados?
5.2.3 Os choques e solavancos são evitados?
5.2.4 A vibração é isolada na fonte?
5.2.5 Há manutenção regular das máquinas?
5.2.6 Há barreiras para impedir transmissão das vibrações?
5.2.7 As medidas para proteger o indivíduo são deixadas como último recurso?
5.3 ILUMINAÇÃO
5.3.1 A intensidade luminosa de fundo é mantida entre 10 e 200 lux?
5.3.2 A intensidade luminosa sobre a tarefa é mantida entre 200 e 800 lux?
5.3.3 A intensidade luminosa para tarefas delicadas é mantida entre 800 e 3000
lux?
5.3.4 As grandes diferenças de brilho no campo visual são evitadas?
5.3.5 Há uma proporção adequada de diferenças de brilho entre a tarefa, o
ambiente imediato e o ambiente geral?
5.3.6 A informação é facilmente legível?
5.3.7 A luz ambiental é combinada com a iluminação localizada na tarefa?
5.3.8 A luz natural é usada também para a iluminação ambiental?
5.3.9 As fontes de luz são localizadas convenientemente?
5.3.10 As reflexões e sombras são evitadas?
5.3.11 É usada luz difusa?
5.3.12 É evitada a intermitência da luz fluorescente?
5.4 CLIMA
5.4.1 Há possibilidades de controlar o clima no ambiente de trabalho?
5.4.2 A temperatura do ar é adequada para o nível de esforço físico?
5.4.3 O ar não fica muito úmido ou muito seco?
140
5.4.4 São evitadas as superfícies radiantes muito quentes ou muito frias?
5.4.5 As correntes de ar são evitadas?
5.4.6 O clima não oscila entre muito quente muito frio?
5.4.7 Os materiais manuseados não são muito quentes ou muito frios?
5.4.8 As tarefas de exigências físicas semelhantes são agrupadas na mesma
sala?
5.4.9 As exigências físicas da tarefa são ajustadas ao clima?
5.4.10 A velocidade do ar é ótima?
5.4.11 As radiações muito quentes ou muito frias são evitadas?
5.4.12 A duração da tarefa em ambientes muito quentes ou muito frios é limitada?
5.4.13 Há roupas especiais para trabalhar em ambientes muito quente ou muito
frio?
5.5 SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS
5.5.1 A concentração de substâncias químicas no ar é mantida dentro dos limites
de tolerância?
5.5.2 As substâncias cancerígenas são evitadas?
5.5.3 A exposição dos trabalhadores aos picos de poluição é evitada?
5.5.4 A exposição à mistura de várias substâncias é evitada?
5.5.5 A concentração de substâncias químicas no ar fica muito abaixo dos limites
de tolerância?
5.5.6 As etiquetas das embalagens de produtos químicos informam sobre perigos
de seus conteúdos?
5.5.7 A fonte de poluição pode ser eliminada?
5.5.8 A liberação de substâncias pode ser reduzida na fonte?
5.5.9 A fonte de poluição pode ser isolada?
5.5.10 Pode-se evitar a propagação de poluentes no ar com uma exaustão junto à
fonte?
5.5.11 O sistema de exaustão de ar é eficiente?
5.5.12 A regulagem térmica de ambientes com ventilação ou exaustão é
considerada?
5.5.13 Há uma troca suficiente do ar no ambiente?
5.5.14 É possível aplicar medidas organizacionais para proteger o trabalhador?
5.5.15 Os equipamentos de proteção individual são disponíveis?
5.5.16 Existem máscaras de gás e de poeira para uma emergência?
141
5.5.17 Os filtros das máscaras de poeira são adequados ao tamanho dos grãos?
5.5.18 Existem aventais e luvas para proteção?
5.5.19 Presta-se atenção à higiene pessoal?
6. FATORES RELACIONADOS COM INFORMAÇÃO E CONTROLE
6.1 INFORMAÇÕES
6.1.1 É usado um método adequado para apresentar as informações?
6.1.2 As informações são apresentadas de forma tão simples quanto possível?
6.1.3 As informações sonoras são reservadas apenas para alarme?
6.1.4 O som tem intensidade correta?
6.1.5 As informações via tato, odor, temperatura são reservados apenas para
alarmes?
6.1.6 O tato é usado para feedback de controles?
6.2 CONTROLES
6.2.1 Os controles podem ser discriminados apenas pelo tato?
6.2.2 As localizações dos controles são adequadas e há espaços suficientes entre
os mesmos?
6.2.3 Os acionamentos acidentais são evitados?
6.2.4 Os controles situam-se dentro das áreas de alcance ótimas?
6.2.5 Os letreiros e símbolos são usados adequadamente?
6.2.6 O uso de cores é limitado?
6.2.7 As posições dos controles são compatíveis com os movimentos que eles
provocam?
6.2.8 Os pedais são usados para substituir as mãos apenas nos casos
necessários?
6.2.9 O movimento segue uma direção esperada pela maioria?
6.2.10 A posição do controle indica claramente o seu objetivo?
6.2.11 O controle duplo é usado para prevenir acidentes?
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