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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: A música popular brasileira no período da Ditadura Militar
Autor Vera Regina Miranda
Escola de Atuação Colégio /estadual Mahatma Gandhi – Ensino Fundamental e Médio
Município da escola Guarapuava
Núcleo Regional de Educação
Guarapuava
Orientador Drª Carmem Lúcia G. Salis
Instituição de Ensino Superior
UNICENTRO
Disciplina/Área (entrada no PDE)
História
Produção Didático-pedagógica
Unidade Didática
Relação Interdisciplinar
(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)
Público Alvo
(indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)
Alunos do 3º Ano do Ensino Médio
Localização
(identificar nome e endereço da escola de implementação)
Colégio Estadual Mahatma Gandhi – EFM
Rua Carambeí, 98 Núcleo Rocha Loures
CEP: 85070-320
Apresentação:
(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)
O objetivo do presente projeto consiste na realização de pesquisa sobre o período da Ditadura Militar no Brasil. Através de pesquisa bibliográfica e análise das fontes, nos propomos trazer ao conhecimento dos alunos um estudo mais aprofundado sobre o contexto do período militar mais especificamente sobre a contestação ao regime por meio da análise das músicas de Chico Buarque de Holanda. Foi pensando em uma metodologia mais eficaz e ao mesmo tempo significativa que buscamos a música como fonte de pesquisa para o tema proposto neste projeto. O nosso trabalho tem como objetivo geral fazer com que os alunos passem a entender a sociedade e a cultura do período da ditadura militar. Assim, através das músicas de Chico Buarque pretendemos propiciar condições para que os alunos possam identificar os protestos contra o regime militar nas letras destas. O desenvolvimento do nosso trabalho será feito tendo como fonte quatro músicas de Chico Buarque: Acorda Amor; Apesar de Você; Roda Viva e a fábula musical inspirada no conto dos irmãos Grimm "Os músicos de Bremen" a qual foi traduzida e adaptada pelo cantor e levou o nome de " Os Saltimbancos". Desse modo, pretendemos utilizar a música como instrumento pela qual possamos evidenciar as ideias do cantor e compositor Chico Buarque de Holanda naquele momento, levando assim, os alunos a entenderem melhor o tema proposto - A Ditadura militar no Brasil - sem desprezar a percepção das ideias e sentimentos que a melodia e o ritmo transmitem, uma vez que se pretende trabalhar a obra sonora em sala de aula.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras)
Ditadura Militar; Censura; repressão; música, resistência social.
SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO - SEED
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE – UNICENTRO
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE
UNIDADE DIDÁTICA
ÁREA: HISTÓRIA
PROFESSORA: VERA REGINA MIRANDA
GUARAPUAVA – AGOSTO/2011
SUMÁRIO
1. IDENTIFICAÇÃO ........................................................................................ 03
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 04
3. A MÚSICA EM SALA DE AULA ................................................................. 07
3.1. A DITADURA MILITAR E MÚSICA: AS FORMAS DE CONTESTAÇÃO
AO REGIME ................................................................................................... 09
4. ATIVIDADES .............................................................................................. 22
4.1. ATIVIDADE – 01 ................................................................................. 22
4.2. ATIVIDADE – 02 ................................................................................. 23
4.3. ATIVIDADE – 03 ................................................................................. 24
4.4. ATIVIDADE – 04 ................................................................................. 29
4.5. ATIVIDADE – 05 ................................................................................. 30
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 31
1. IDENTIFICAÇÃO:
1.1. ÁREA: História
1.2. PROFESSOR PDE: Vera Regina Miranda
1.3. PROFESSOR ORIENTADOR: Profª: Dra. Carmem Lúcia Gomes De
Salis
1.4. INSTITUIÇÃO DE ENSINO: UNICENTRO – Universidade Estadual do
Centro – Oeste
1.5. LOCAL: Colégio Estadual Mahatma Gandhi – Ensino Fundamental e
Médio
1.6. NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO: Guarapuava
1.7. LOCAL DE RESIDÊNCIA: Guarapuava
1.8. TEMA DE ESTUDO: A Ditadura Militar no Brasil – 1964 -1985
1.9. TÍTULO: A Música Popular Brasileira no Período da Ditadura Militar -
1964 – 1985
1.9. CONTEÚDO ESTRUTURANTE: Relações de Poder
1.10. CONTEÚDO BÁSICO: A Ditadura Militar 1964 – 1985
1.11. CONTEÚDO ESPECÍFICO: A Música Popular Brasileira no Período da
Ditadura Militar
1.12. OBJETIVO GERAL:
- Fazer com que os alunos conheçam as músicas de Chico Buarque de
Holanda e, por meio da análise destas produzir conhecimento histórico em
torno de conceitos, tais como: repressão; censura; liberdade, relacionando-os
ao contexto da Ditadura Militar.
1.13. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Entender o Regime Militar através das músicas de protesto de Chico Buarque
de Holanda.
- Compreender a utilização das letras das músicas enquanto fonte para a sala
de aula;
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta Unidade Didática foi idealizada pela Professora PDE, Vera Regina
Miranda e orientada pela Professora da UNICENTRO Carmem Lúcia Gomes
De Salis e tem como objetivo a realização de atividades para que nossos
colegas possam ter em mãos uma nova metodologia para o trabalho em sala
de aula com os educandos da rede estadual de ensino do Paraná.
Objetivamos com esta Unidade Didática proporcionar aos alunos do 3º
Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Mahatma Gandhi a oportunidade de
pensar e refletir sobre o contexto histórico do Período Militar, especificamente,
sobre as contestações ao Regime utilizando como fonte histórica para o
desenvolvimento do trabalho as músicas de Chico Buarque de Holanda, figura
representativa da estirpe de compositores que criaram a ideia de MPB. (Naves,
2010)
Partindo deste princípio, para o desenvolvimento do trabalho proposto
ao PDE a escolha da música enquanto fonte deve-se ao fato de estarmos
cientes de que esta vem ao encontro com o proposto no texto das Diretrizes
Curriculares para o ensino de História da Educação Básica do Estado do
Paraná, a qual afirma que: “as imagens, livros, jornais, histórias em quadrinhos,
fotografias, pinturas, gravuras, museus, filmes, músicas, são documentos que
podem e devem ser transformados em materiais didáticos”. (DCEs, 2008),
desde que, o professor saiba como trabalhar com os mesmos, tornando-se,
assim, elementos essenciais no processo de construção do conhecimento
histórico em sala de aula. (DCEs, 2008)
Após nossa definição pela música como fonte para o desenvolvimento
deste trabalho, procuramos - em historiadores como Marcos Napolitano,
Roberto Catelli Júnior, Cláudia Sapag Ricci, Carlos Fico entre outros – refletir
acerca da relação possível entre História e Música, assim, como a utilização da
música como fonte histórica e seu uso em sala de aula.
Neste sentido, Marcos Napolitano, em seu livro História e Música,
escreve que, “[...] A esfera da música popular urbana no Brasil tem uma história
longa, constituindo uma das mais vigorosas tradições da cultura brasileira. E
isso não é pouca coisa num país acusado de não ter memória sobre si
mesmo”. (NAPOLITANO, 2005, p. 39)
Se formos examinar o panorama musical entre 1946 e 1956, veremos
um cenário musical popular brasileiro que - com a “era do rádio” no auge de
sua popularidade - é marcado por inúmeras influências que certa
“intelectualidade” ligada à música popular julgava nociva à tradição. Essas
influências nocivas à tradição seriam o jazz, boleros, rumbas e outras que
marcavam o gosto popular urbano e colocavam um desafio aos defensores de
uma música popular autêntica. (NAPOLITANO, 2005)
Em 1959, teremos então a eclosão da Bossa Nova, um movimento que
surge com outro pensamento musical. Já nos anos 60, outro estilo de canção
moderna vai surgir, este estilo será denominado de música popular brasileira.
Porém, somente em 65, é que a sigla MPB passa a ser grafada com
maiúsculas para detectar um novo gênero musical o qual iria sintetizar a
tradição musical popular brasileira. (NAPOLITANO, 2005)
A partir do início do novo regime político instalado pelos militares no
Brasil, serão produzidos festivais de música popular, os quais a partir de 1965
vão reunir multidões nos teatros das TVs para torcerem pelas músicas de
jovens da MPB como Chico Buarque de Holanda, Edu Lobo, Geraldo Vandré,
Elis Regina, Nara Leão, além de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Estes artistas
dão início a um novo movimento musical no país, o Tropicalismo. Em 1966, a
TV Record organiza o II Festival da Música Popular Brasileira quando se
encontram como finalistas com suas canções Geraldo Vandré e Chico Buarque
de Holanda.
Em 1967, quando artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rogério
Duprat, Torquato Neto e Tom Zé dentre outros, começam a produzir canções
que buscavam não somente uma renovação cultural, como também suas
letras, por meio de metáforas, passam a contestar a repressão e a censura,
tornando-se ícones de uma resistência velada ao Regime Militar,
principalmente a partir do endurecimento do regime.
Nosso trabalho com a música em sala de aula tem como objetivo levar
aos nossos alunos os acontecimentos em relação à Ditadura Militar ocorrida
entre 1964 e 1985, mais especificamente a censura, a repressão, a falta de
liberdade dos cidadãos brasileiros principalmente após o AI-5 (Ato Institucional
número 5), quando um grupo de artistas passou a ser perseguidos pelo novo
regime.
Esse grupo fazia parte da chamada MPB que segundo Marcos
Napolitano:
[...] A MPB será um elemento cultural e ideológico importante na revisão da tradição e da memória, estabelecendo novas bases de seletividade, julgamento e consumo musical, sobretudo para os segmentos mais jovens e intelectualizados da classe média. A “ida ao povo”, a busca do “morro” e do “sertão” não se faziam em nome de um movimento de folclorização do povo com “reserva cultural” da modernização sociocultural em marcha, mas no sentido de reorientar a própria busca da consciência nacional moderna. (NAPOLITANO, 2005, p. 64,65)
Desta forma, podemos notar que, a origem do movimento da “MPB” é
anunciada através de vários LPs (discos long playngs) e eventos musicais que
apontaram para uma nova postura diante do dilema “tradição-ruptura” colocada
no início dos anos 60. Dentre estes teremos os primeiros LP de Nara Leão
(1963), Elis Regina (1965), o espetáculo teatral Opinião (1964) e os Festivais
da Canção (entre 1965 e 1967). (NAPOLITANO, 2005)
Sobre o tom nacionalista da MPB, Napolitano descreve:
[...] Apesar do tom nacionalista que a MPB adquiriu no cenário das lutas culturais dos anos 60, na prática musical em si ela foi menos purista e xenófoba do que supõe a historiografia e a crítica como um todo (sobretudo aquela crítica filiada aos princípios estéticos do Tropicalismo movimenta inicialmente crítico da “MPB” nacionalista e engajada). [...] Aliás, o embate entre tropicalistas e emepebistas, foi muito inflado pela mídia da época por ocasião da eclosão do movimento, na virada de 1967 para 1968. Esse embate ensejou um conjunto de mitos historiográficos positivos e negativos que marcaram a memória sobre a MPB de 1965 a 1968, e que expressam a passagem para o último momento da
fase das rupturas musicais dos anos 60. (NAPOLITANO, 2005, p. 66)
Sendo assim, veremos ainda que:
[...] A música popular tem traduzido e iluminado a um só tempo, as posições e os dilemas não só dos artistas, mas também de seus públicos e mediadores culturais (produtores, críticos, formadores de opinião). [...] No cotejo da obra/fonte histórica com o pensamento historiográfico que emerge em torno dela é que podemos refletir a relação da música com a história. (NAPOLITANO, 2005, p.76)
A partir desta contextualização sobre a Música e a História,
analisaremos a relação possível entre a música e sua utilização em sala de
aula .
3. A MÚSICA EM SALA DE AULA
Esta Unidade Didática terá seu embasamento principal nos escritos de
Kátia Maria Abud, no que diz respeito à teoria e aspectos metodológicos do uso
da música em sala de aula, bem como nas sugestões das atividades para a
implementação do Projeto proposto ao PDE.
A partir de agora, passamos a discutir os fatores que mostrem a
importância da música para a construção do conhecimento histórico no
ambiente escolar.
Sobre o trabalho com música no ambiente escolar, Martins Ferreira
descreve que, “[...] Com a música, é possível ainda despertar e desenvolver
nos alunos sensibilidades mais aguçadas na observação de questões próprias
à disciplina alvo. [...] A música é, por essa razão, um tipo de expressão humana
dos mais ricos e universais e também dos mais complexos e intrincados. [...]”
(FERREIRA, 2010, p. 13)
Quando o trabalho em sala de aula está relacionado ou tem como
fonte histórica a música, Cláudia Sapag Ricci, ressalta que sua utilização, como
qualquer fonte histórica, não deve ser utilizada como mera ilustração visando
deixar as aulas de História mais atrativas aos alunos, pois para a autora:
[...] É preciso não esquecer que se trata de uma expressão artística que merece um cuidado muito especial. Não deve ser entendida como um simples recurso ilustrativo, que contém apenas informações ou um conteúdo a ser trabalhado. A música provoca memória, expressa ideias e sentimentos de uma época, aliando significados coletivos aos pessoais. Além da dimensão racional a música traz à tona sentimentos, emoções, desejos... [...] O trabalho com música pode desencadear a produção de novas letras, utilizando as melodias ou mesmo a criação de letras e músicas. [...] (RICCI, 2007, p. 31)
Neste sentido, cabe ao professor de História, quando opta por esse
tipo de fonte questioná-la, refletir sobre o contexto em que foi produzida a letra.
Enfim, para que seu uso faça sentido para os alunos, deve estar claro para o
professor algumas questões norteadoras: como?, Por quê? E para que? Ele
(professor) está utilizando essa fonte em suas aulas. Além disso, é preciso
evidenciar aos alunos que a letra da música não retrata uma verdade absoluta.
Também é preciso estar claro para o professor e também para o aluno
que a música é uma espécie de linguagem, então:
[...] Devemos expor o jovem à linguagem musical de forma a criar um espaço de diálogo a respeito de música por meio dela. Como acontece com qualquer outra linguagem, cada povo, grupo social ou indivíduo tem sua expressão musical. Portanto, cabe ao professor, antes de transmitir sua própria cultura musical (no caso, relacionada ao conhecimento histórico), pesquisar o universo musical ao qual o jovem pertence e, daí encorajar atividades relacionadas com a descoberta e construção de novas formas de conhecimento por meio da música. [...] Outro aspecto fundamental entre História, música e o processo de aprendizagem é a articulação entre texto e contexto para que a análise histórica não seja reduzida, limitando, assim, a própria importância do objeto analisado. [...] O aluno, mesmo sem conhecimento técnico, possui dispositivo (alguns inconscientes) para dialogar com a música. (ABUD, 2010, p. 61,62).
Para o trabalho com música em sala de aula, devemos escolher
canções dos movimentos que naquele momento estavam em evidência.
(JÚNIOR, 2009) Porém pelo curto espaço de tempo para desenvolvermos este
projeto, optamos por um único movimento o da MPB, sem deixar de levar ao
conhecimento dos alunos os movimentos anteriores.
Assim, o tema escolhido por nós foi A Ditadura Militar de 1964 a 1985,
e para desenvolvê-lo escolhemos músicas de Chico Buarque de Holanda que
naquele momento procurou através de suas canções contestar o regime recém
implantado no país.
No entanto, não devemos esquecer que a música é uma expressão
artística a qual merece um cuidado especial. Precisamos entendê-la como um
recurso que provoca a memória, expressando ideias e sentimentos de época e,
que alia significados coletivos ou pessoais. (RICCI, 2007) Acreditamos que
através deste projeto possamos contribuir com nossos colegas de área ou não
para que estes venham a utilizar a música em sala de aula.
Foi pensando na necessidade de levar aos nossos alunos um
conhecimento mais aprofundado daquele apresentado pelos livros didáticos
relação à Ditadura Militar e, principalmente no que diz respeito à censura,
repressão e à resistência social é que nos propusemos a trabalhar com a
música como fonte histórica para desenvolver este tema.
3.1. A DITADURA MILITAR E MÚSICA: AS FORMAS DE
CONSTESTAÇÃO AO REGIME
As letras das músicas serão utilizadas como fonte para a compreensão
de conceitos inerentes ao Regime Político instaurado a partir de 1964, tais
como: repressão; resistência social; liberdade; censura; direitos políticos;
Ditadura e Democracia. No entanto, para o entendimento do contexto histórico
político das músicas a serem analisadas faz-se necessário realizar uma, ainda
que breve exposição acerca deste período, ressaltando os fatores que
desencadearam o Golpe, o processo contínuo de endurecimento do Regime,
bem como o surgimento e fortalecimento dos movimentos culturais (musicais)
de resistência ao contexto político marcado pela supressão de diversos direitos
civis.
O golpe planejado pelos militares estava previsto para ser deflagrado
em dois de abril de 1964, porém, o discurso inflamado de Jango na sede do
Automóvel Club no Rio de Janeiro, onde era homenageado pelos sargentos,
anteciparam os acontecimentos, neste discurso o presidente defendia sua
posição em relação ao episódio dos marinheiros ocorrido há alguns dias. Ao
assistir Jango discursando pela televisão, o general Mourão Filho decidiu
marchar com suas tropas de Juiz de Fora em direção ao Rio de Janeiro, era o
dia 31 de março de 1964 e, nesse dia então iniciou- se a operação militar do
golpe. Se o movimento de 31 de março tinha sido lançado aparentemente para
livrar o país da corrupção e do comunismo, bem com para restaurar a
democracia não se sabe, fato é que a partir daí o país passou a se comandado
por militares que passaram a mudar as instituições deste através de decretos
chamados Atos Institucionais (AI), que seriam justificados como decorrência
“do exercício do Poder Constituinte” o qual seria segundo o militar inerente a
todas as revoluções. (FAUSTO, 2009)
Os comandantes das Três Forças (Exército, Marinha e Aeronáutica),
ainda no início do regime instalado no país baixaram o primeiro Ato
Institucional o AI -1, através do qual os princípios básicos da democracia
seriam violados. (FAUSTO, 2009)
Porém, a repressão de maior violência vai se concentrar no
Nordeste aonde os cidadãos ligados às Ligas Camponesas serão os mais
atingidos. Para um controle maior sobre os cidadãos brasileiros o regime militar
criou o Serviço Nacional de Informações (SNI) idealizado pelo general Golbery
do Couto e Silva seu primeiro chefe. Este órgão tinha como objetivo coletar e
analisar informações relativas à segurança nacional, o mesmo ao longo do
governo militar se transformou em um centro de poder quase tão importante
quanto o Executivo. (FAUSTO, 2009)
Para 15 de abril, foi estabelecida pelo AI -1 eleição de um novo
presidente da República, a votação seria indireta através do Congresso
Nacional. Foi eleito então o general Humberto Castelo Branco o qual teria seu
mandato até janeiro de 1966, eleito o general toma as primeiras medidas de
seu governo de âmbito político-econômico e de controle da sociedade, nos
deparamos aí com o lançamento do Programa de Ação Econômica do Governo
que estava sob a responsabilidade dos ministros do Planejamento Roberto
Campos e, da Fazenda Otávio Gouvêa de Bulhões. Esse programa lançado
pelo governo previa reduzir o déficit do setor público, contrair o crédito privado
e comprimir os salários. Através de uma lei, procurou-se controlar os gastos
dos Estados sem a autorização federal. Roberto Campos assim resumiu a
política econômica do novo governo: “o processo costumeiro de revisão do
custo de vida, é incompatível como objetivo de desinflação com
desenvolvimento.” (Apud, NAPOLITANO, p. 17).
Tendo como objetivo impedir greves e facilitar a rotatividade da mão-de-
obra, o Congresso Nacional aprovou em junho de 1964 a lei de greve pela qual
eram criadas exigências burocráticas que tornavam praticamente impossível a
realização de paralisações legais. Interessante neste caso é, que em quase
vinte anos de regime democrático o Congresso não havia aprovado nenhuma
lei cumprindo normas constitucionais que garantissem o direito de greve,
embora na prática esse direito fosse exercido livremente nos últimos anos
daquele período.
Sob pressão dos grupos da linha-dura do exército o presidente Castelo
Branco em outubro de 1965, baixou o AI-2 o qual estabelecia em definitivo que
a eleição para presidente e vice-presidente da República esta seria realizada
pela maioria do Congresso Nacional, sua realização em sessão pública,
votação nominal evitando o voto secreto prevenindo possíveis surpresas. No
início do ano seguinte entrava em vigor o AI -3, o qual estabelecia o princípio
da eleição indireta para governadores dos Estados, através de suas
Assembleias Legislativas.
Após as eleições legislativas de 1966, o governo Castelo Branco tratou
de completar as mudanças nas instituições do país, incorporou a legislação os
poderes conferidos ao Executivo especialmente em matéria de Segurança
Nacional, mas, não manteve os dispositivos excepcionais que permitiriam
novas cassações de mandatos e a perda de direitos políticos. O Congresso
que havia sido fechado por um mês em outubro de 1966, foi reconvocado no
início de 1967 pelo AI -4 para uma reunião extraordinária a fim de aprovar o
novo texto constitucional.
Nas eleições de 1966, para presidência e vice-presidência da
República foram eleitos o general Artur da Costa e Silva e o civil Pedro Aleixo
de Minas Gerais que pertencia à UDN, tomaram posse em março de 1967. Ao
escolher seu ministério Costa e Silva deixou o grupo de Castelo Branco fora do
governo, crescendo desta forma o número de militares em postos importantes
do governo, a exceção dos ministérios da Fazenda que fora atribuído a Antônio
Delfim Neto que vinha da secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo onde
pusera a casa em ordem e o ministério do Planejamento o qual assumiu a
pasta o civil Hélio Beltrão.
O presidente Costa e Silva no poder não foi um instrumento da linha-
dura, procurou levar em conta as pressões existentes na sociedade
estabelecendo pontes com a oposição moderada, tratando de ouvir os
discordantes. Iniciou ainda uma ofensiva na área trabalhista incentivando a
organização de sindicatos e a formação de lideranças sindicais confiáveis.
Sobre a rearticulação da oposição após o primeiro impacto da
repressão, Bóris Fausto escreve:
[...] Passado o primeiro impacto da repressão, a oposição vinha se rearticulando. Muitos membros da hierarquia da Igreja se defrontaram com o governo, destacando-se no Nordeste a atuação do arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara. Os estudantes começaram a se mobilizar em torno da UNE. [...] Lacerda se aproximou de seus inimigos tradicionais Jango e Juscelino para formar a Frente Ampla. Reunidos em Montevidéu, os líderes da Frente Ampla se propuseram lutar pela redemocratização do país e a afirmação dos direitos dos trabalhadores. [...] Esse clima, que no Brasil teve efeitos visíveis no plano da cultura em geral e da ate, especificamente da música popular, deu também impulso a mobilização social. Era um árduo caminho colocar “a imaginação no poder,” em um país submetido a uma ditadura militar. O catalisador das manifestações de rua em 1968 foi à morte de um estudante secundarista. Edson Luís foi morto pela Polícia Militar durante um pequeno protesto realizado no Rio de Janeiro contra a qualidade da alimentação fornecida aos estudantes pobres no restaurante do Calabouço. Seu enterro e a missa rezada na igreja da Candelária foram acompanhados por milhares de
pessoas. A indignação cresceu com a ocorrência de novas violências. [...] (FAUSTO, 2009, p. 477 -478).
Outros atos de violência por parte do regime militar ocorreram após a
morte do estudante secundarista do Rio de Janeiro. Estes atos criaram
condições para que setores representativos da igreja e da classe média do Rio
de Janeiro se unissem aos estudantes em uma mobilização mais ampla. Sobre
estas mobilizações Fausto destaca que:
[...] O ponto alto da convergência dessas forças que se empenhavam na luta pela democratização foi à chamada passeata dos 100mil realizada a 25 de junho de 1968. [...] Ao mesmo tempo, ocorreram duas greves operárias agressivas – as de Contagem, perto de Belo Horizonte, e de Osasco, na Grande São Paulo. A greve de Contagem começou quando 1700 operários da Siderúrgica Belgo-Mineira paralisaram o trabalho tomando seus diretores como reféns. Em uma semana havia 15 mil trabalhadores parados, exigindo um aumento salarial de 25%. Após cerca de dez dias, um acordo pôs fim ao movimento. [...] A greve de Osasco (julho de 1968) teve características diferentes. Enquanto a de Contagem foi até certo ponto espontânea, a de Osasco resultou de um trabalho conjunto de trabalhadores e estudantes, começando com a ocupação da Cobrasma (Companhia Brasileira de Materiais Ferroviários). A prova de força com o governo, tendo a greve como instrumento, deu mai resultado. O Ministério do Trabalho interveio no Sindicato dos Metalúrgicos, forçando seu presidente José Ibraim a optar pela clandestinidade. Pesado aparato militar realizou com violência a desocupação da Cobrasma. [...] (FAUSTO, 2009, p. 478).
Desta forma, com a rearticulação da esquerda brasileira surgem novos
grupos revolucionários que ao contrário do PCB fazem a sua opção pela luta
armada. Assim,
[...] Em 1967, um grupo liderado pelo veterano comunista Carlos Marighella rompeu com o partido e formou a Aliança Libertadora Nacional (ALN). A AP já optara pela luta armada e novos grupos foram surgindo, entre eles o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR -8) e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), esta última com forte presença de militares de esquerda. Os grupos de luta armada começaram suas primeiras ações em 1968. Uma bomba foi colocada no consulado americano em São Paulo; surgiram também as “expropriações”, ou seja, assaltos para reunir fundos. A ALN
realizou um assalto espetacular a um trem pagador na Santos-Jundiaí. [...] (FAUSTO, 2009, p. 479).
Em leitura à Revista Aventuras na História, nos deparamos com a
reportagem sobre a Revolução no Brasil e, no texto de Tiago Cordeiro a
seguinte descrição sobre o período da Ditadura Militar especificamente em
relação ao AI -5:
[...] Quando na sexta-feira 13 de dezembro de 1968, o presidente Costa e Silva aprovou o Ato Institucional número 5, acabando com o que restava dos direitos civis e dando carta branca à repressão, muitos jovens ganharam o motivo que faltava para pegar em armas.” A partir desse momento, a luta armada se apresentou como uma alternativa razoável”, afirma a historiadora Beatriz Kushnir, diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro.” O golpe de 1964 me despertou para a política. E o AI -5 me levou para a luta armada,” resume o fotógrafo carioca Paulo Jabur, que entrou para o MR -8 em 1969. (REVISTA AVENTURAS NA HISTÓRIA, julho 2007, p. 26 -27).
Com a outorga do AI -5, o presidente voltou a ter poderes para fechar
temporariamente o Congresso Nacional, intervir nos Estados e Municípios
nomeando interventores, cassar mandatos, suspender direitos políticos e
demitir ou aposentar funcionários públicos. O AI -5 suspendeu ainda a garantia
de hábeas corpus aos acusados por crimes contra a segurança nacional. A
partir de agosto de 1969, após a instauração do AI -12, o país passou a ser
governado por uma Junta Militar composta pelos ministros do Exército, Lira
Tavares, da Marinha, Augusto Rademaker e da Aeronáutica, Márcio de Souza
e Melo que vai responder com medidas repressivas e tortura às ações da
esquerda radical. A Junta Militar, instituiu o AI-13 pelo qual foi criada a pena de
banimento do território nacional aplicado a todo brasileiro que se tornasse
inconveniente, nocivo ou perigoso à segurança nacional. Embora existisse a
pena de morte, esta nunca foi aplicada de fato, em seu lugar eram feitas
execuções sumárias ou no correr das torturas, as quais eram apresentadas
como resultados de choques entre subversivos e as forças da ordem, ou ainda
como desaparecimento misterioso.
Bóris Fausto descreve os principais centros de tortura do regime
militar:
[...] Até 1969, o Centro de Informações da Marinha (Cenimar) foi o órgão mais em evidência como responsável pela utilização da tortura. A partir daquele ano, surgiu em São Paulo a Operação Bandeirante (Oban), vinculada ao II Exército, cujo raio de ação se concentrou no eixo São Paulo – Rio. A Oban deu lugar aos DOI-CODI, siglas do Destacamento de Operações e Informações e do Centro de Operações de Defesa Interna. Os DOI-CODOI se estenderam a vários Estados e foram os principais centros de tortura do regime militar. [...] (FAUSTO, 2009, p. 481).
Em outubro de 1969, assume a presidência da República o general
Emílio Garrastazu Médici. Foi no seu governo que aconteceu o milagre
econômico, período em que ocorreu a expansão industrial, concentrada no
setor de bens de consumo duráveis, tais como eletrodomésticos e automóveis.
Embora a economia apresentasse bons resultados, o mesmo não
acontecia com os problemas sociais no sentido de se gerar melhores
condições de vida e trabalho para a maioria da população. Priorizar os
problemas sociais no sentido de resolvê-los, o governo Médici era aceito por
amplos segmentos da sociedade, para que esta aceitação continuasse o
regime militar utilizava-se da propaganda de massa com o objetivo de
promover a figura do presidente com um homem simples, até mesmo a
conquista da Copa do Mundo de 1970, foi vinculada ao governo. Deste modo, a
propaganda oficial conseguiu criar um clima de euforia generalizado, vários
slogans eram repetidos insistentemente, destes o mais repetido era: “Brasil,
ame-o ou deixe-o”.
Enquanto o governo Médici era visto por parte dos segmentos sociais
com indiferença ou satisfação, o medo vai se tornar uma experiência básica de
muitos brasileiros, politicamente conscientes ou não. O AI-5 vai inaugurar até
mesmo para as classes trabalhadoras para as quais a repressão policial era
constante, uma nova etapa de tortura e repressão ainda mais terrível. Desta
forma, podemos ou tentamos entender os motivos que a geração dos anos 70
é conhecida como “geração AI-5” uma alienação e medo em participar da vida
em sociedade diante dos rumos da vida nacional. Sobre este momento, Marcos
Napolitano afirma que:
[...] Na luta contra a censura e a ditadura, concorreram muitos grupos e indivíduos. Nos anos 70, por exemplo, artistas populares – sobretudo aqueles ligados à música, como Chico Buarque de Holanda, Ivan Lins, Vitor Martins, Gonzaguinha, João Bosco, Aldir Blanc, Milton Nascimento, Elis Regina, entre outros -, aproveitando-se do próprio crescimento da indústria cultural no Brasil, tornaram –se porta –vozes dos valores democráticos e emancipadores, que se contrapunham à realidade política vigente. [...] (NAPOLITANO, 1998, p. 45).
Durante a vigência do AI -5, o núcleo militar do poder concentrou –se
na chamada comunidade de informação, ou seja, aquelas figuras que estavam
no comando dos órgãos de vigilância e repressão. Assim nasce um novo ciclo
de cassação de mandatos, perdas de direitos políticos e expurgos no
funcionalismo, abrangendo muitos professores universitários. A censura aos
meios de comunicação foi estabelecida na prática, a tortura passou a fazer
parte integrante dos métodos de governo. (FAUSTO, 2009)
Desse modo, a partir do AI -5 a violência política se desencadeia pelo
país. De acordo com Oscar Pilagallo:
[...] Com a assinatura desse ato institucional, o autoritarismo do regime militar chegava enfim à ditadura plena. A linha dura assumia, de fato, o comando do governo. [...] Começava o período que ficaria conhecido como os Anos de Chumbo. O novo ato, que ao contrário dos anteriores não tinha duração definida, dava todos os poderes ao presidente. [...] O Congresso sofreu novo expurgo; dezenas de professores foram aposentados (inclusive o futuro presidente Fernando Henrique Cardoso); houve uma onda de prisões, atingindo líderes sindicais, estudantes, intelectuais e jornalistas, muitos procuraram o exílio, a imprensa sofreu censura – enfim a oposição foi esmagada. (PILAGALLO, 2002, p. 121)
Desta forma em relação à tortura instituída a partir do AI -5 Marcos
Napolitano que ressalta que além da violência física, havia ainda a violência
psicológica, pois, segundo este:
[...] A tortura aos presos políticos foi uma prática adotada de métodos sistemáticos. Equipes especializadas, com assessoria de psicólogos e médicos, infligiam ao preso imobilizado uma série de violências previamente estudadas (aprendidas em cursos com aulas práticas), cujo objetivo era fazer com que ele chegasse ao limite da dor física e da humilhação moral. (NAPOLITANO, 1998, p. 37,38)
Os cidadãos brasileiros, de acordo com leituras que analisam o AI-5,
sugerem que este acabou viabilizando determinadas práticas tortura, tais
como: espancamentos, afogamentos, choques elétricos em partes sensíveis,
isolamento do preso em locais inóspitos. Em casos extremos, alguns presos (e
presas, sobretudo) sofreram estupro coletivo dos torturadores e empalamento
(introdução de objetos perfurantes no intestino pela via anal). Toda essa tortura
era executada em nome da “ordem” e dos “bons costumes”, por profissionais
pagos com dinheiro público. (NAPOLITANO, 1998)
Assim, foi no âmago deste processo que teve início, principalmente a
partir dos anos 60, o fortalecimento da MPB enquanto um forte movimento de
contestação, ou seja, a canção passa a atender aos apelos externos tanto
políticos quanto sociais. (NAVES, 2010)
O surgimento da ideia de MPB acontece quando alguns músicos de
uma geração pós Bossa Nova, procuram através de suas composições
transmitir à sociedade informações políticas e culturais daquele momento em
que a juventude e intelectuais buscavam uma igualdade social, liberdade
política e, certo sentimento de brasilidade. (NAVES, 2010)
Notemos que a MPB surge em meio a um regime pelo qual todos
aqueles que não concordassem com suas regras eram calados.
Santuza Cambraia Naves, destaca que:
[...] O conceito de MPB surge a partir de 1964 não exatamente como decorrência dos impasses criados com o golpe militar, mas, sobretudo a partir das reflexões dos compositores sobre a questão de brasilidade. [...] As apresentações do espetáculo Opinião que tiveram início no final de 1964 (dirigido por Augusto Boal e escrito e produzido por Oduvaldo Vianna Filho, Ferreira Goulart, Paulo Pontes e Armando Costa e apresentado por Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale) concorreram para o desenvolvimento da ideia de MPB. O Opinião contribuiu não só com a musicalidade, mas também com o estabelecimento de
um tipo de postura que irá singularizar a futura MPB: o diálogo intenso e o trabalho conjunto de músicos com artistas de outras áreas e com intelectuais que se mostram ativos na cena cultural, como dramaturgos, diretores de cinema, poetas, artistas plásticos e ensaístas. (NAVES, 2010, p. 44)
A partir do AI -5 ato a repressão do Regime Militar recai com maior
ênfase sobre aqueles que fazem a cultura no país. A partir de 1968, a censura
torna-se mais acirrada, não só no controle da música, mas também no teatro,
cinema, televisão, jornais, revistas.
É de suma importância que entendamos que a arte engajada ganha
adeptos nestes outros setores. Assim veremos que os textos teatrais a partir
daí darão privilégios a textos com temas políticos e sociais, os quais retratam
aquele momento. Como exemplos vamos ter o Show Opinião, Teatro de Arena,
Teatro Oficina que sob direção de José Martinez Corrêa que em suas
montagens contestava a ordem social vigente. (JÚNIOR, 2009)
Marcos Napolitano assim descreve a repressão após a instituição do
AI- 5:
[...] Recaiu sobre os tropicalistas e emepebistas, apesar de todos os traumas que causou no cenário musical brasileiro, acabou criando uma espécie de “frente ampla” musical, parte do complexo e contraditório clima de resistência cultural à ditadura. Os embates estéticos e ideológicos de 1968 apontavam para uma cisão definitiva da música popular moderna no Brasil, entre as correntes nacionalistas e contra culturais que agora apareciam distantes. O exílio de Gil e Caetano, assim com os de Geraldo Vandré e Chico Buarque (neste caso “voluntário”), lembrava que havia um inimigo em comum: a censura e a repressão impostas pelo regime. (NAPOLITANO, 2005, p. 69,70)
Assim, vamos ver que a resistência artística, como a censura, tiveram
diferentes fases durante o Regime Militar. Nos primeiros anos do regime a
censura tinha seus limites, porém, com o endurecimento deste após 1968, a
resistência cultural passou a viver maus momentos. As redações de jornais e
revistas foram invadidas por funcionários da Divisão de Censura de Diversões
Públicas da Polícia Federal que controlavam tudo o que estava para ser
publicado. Na maioria das vezes o espaço de notícias era preenchido por
receitas culinárias e versos de Camões em sinal de protesto. Todo esse
aparato repressivo resultou em teatros destruídos, sequestro e interrogatório de
compositores e escritores.
Portanto, ainda que a produção cultural de contestação ao regime
fosse engajada, e sua atenção estivesse voltada para temas ideológicos da
esquerda, como a luta pela Reforma Agrária e pela justiça social, o sucesso
nas rádios e nas lojas ficava para a música mais popular, que ressaltava as
qualidades do país.
Desta forma, qualquer tipo de expressão cultural, fosse esta recitada,
cantada, escrita ou representada era motivo de perseguição por parte de o
governo militar, e a ameaça a artista e intelectuais passou a ser também física.
Então, para conseguirem divulgar seus trabalhos, os artistas faziam uso de
metáforas e mensagens disfarçadas em suas músicas e peças de teatro.
A vida do artista durante o regime militar não era fácil, resistir ao
regime significava enfrentar não só a censura e o aparato repressivo do
governo, mas também a “patrulha ideológica” da esquerda nacionalista.
Podemos ver então, que a prática da censura e da intolerância não era
exclusividade da direita ou do regime que governava o país.
(WWW.santovivo.net)
Por conta da censura, a música se tornou um imprescindível canal de
protesto com suas letras que guardavam mensagens implícitas de condenação
ao regime e suas manifestações.
Neste sentido, a música torna-se uma fonte para estudar questões
como a repressão que se manifesta implicitamente pela censura e
explicitamente pela violência.
Dito isso, trabalharemos com as seguintes músicas de Chico Buarque
de Holanda: Acorda Amor
(WWW.latinoamericano.jor.br/música_brasil_mpb_ditadura), Apesar de Você
(WWW.latinoamericano.jor.br/música_brasil_mpb_ditadura) Roda Viva
(WWW.latinoamericano.jor.br/música_brasil_mpb_ditadura) e a fábula musical
inspirada no conto dos Irmãos Grimm “Os músicos de Bremen” a qual foi
traduzida e adaptada pelo cantor e levou o nome de “Os Saltimbancos, cujas
letras podem ser encontradas no site:
(WWW.latinoamericano.jor.br/música_brasil_mpb_ditadura)
Em 1966, a TV Record organiza o II Festival da Canção, na final deste,
Chico Buarque de Holanda encontra-se com o poeta Geraldo Vandré, os dois
vão dividir o primeiro lugar no festival. Resultado que não agradou ao público
que não via na música cantada por Chico Buarque – a Banda- uma canção de
protesto como na de Geraldo Vandré. Assim, para Carina e Marcos Júlio, as
músicas de Chico Buarque:
[...] Trazem um protesto sutil que é fortemente criticado, acusado de ser lírico e ter letras alienantes. Essas críticas levam o compositor, mais tarde, a dar “um chute no lirismo”, e “um tiro no sabiá”, compondo canções mais diretas. Tal atitude lhe rende a proibição de algumas de suas músicas, uma vasta ficha na Delegacia de Ordem Pública e Social (Dops), por ser subversivo e, mais tarde, com o pseudônimo de Julinho de Adelaide também teria outras músicas proibidas pela censura. [...] (COSTA & SERGL, 2007, p. 37 -38)
Veremos que entre 1965 e 1968, surgem os grandes Festivais pelos
quais se intensificam os movimentos musicais. Esse período foi denominado de
a Era dos Festivais onde as músicas de protesto se tornam a voz contestadora
da sociedade. Muitos cantores e compositores serão perseguidos, uns presos e
torturados, outros exilados contra sua vontade e alguns se auto- exilando. Foi
nos Festivais organizados pelas TVs, que surge um dos grandes compositores
e cantor daquele período, Chico Buarque de Holanda que segundo Carina
Gotardelo Ferro da Costa e Marcos Júlio Sergl era: [...] Um garoto de classe
média alta, conhecedor da língua portuguesa a fundo e apreciador das
palavras, com fama de bem moço e conhecido pelo seu lirismo e seus belos
olhos verdes [...] (COSTA & SERGL, 2007, p. 36)
Em 1966, a TV Record organiza o II Festival da Canção, na final deste,
Chico Buarque de Holanda encontra-se com o poeta Geraldo Vandré, os dois
vão dividir o primeiro lugar no festival. Resultado que não agradou ao público
que não via na música cantada por Chico Buarque – a Banda- uma canção de
protesto como na de Geraldo Vandré. Ainda em Carina e Marcos Júlio, sobre
as músicas de Chico Buarque encontramos:
[...] Trazem um protesto sutil que é fortemente criticado, acusado de ser lírico e
ter letras alienantes. Essas críticas levam o compositor, mais tarde, a dar “um
chute no lirismo”, e “um tiro no sabiá”, compondo canções mais diretas. Tal
atitude lhe rende a proibição de algumas de suas músicas, uma vasta ficha na
Delegacia de Ordem Pública e Social (Dops), por ser subversivo e, mais tarde,
com o pseudônimo de Julinho de Adelaide também teria outras músicas
proibidas pela censura. [...] (COSTA & SERGL, 2007, p. 37 -38)
No sentido de compreendermos melhor a música popular e diante das
várias leituras realizadas, encontramos em José Geraldo Vinci de Moraes, o
seguinte:
[...] A canção e a música popular poderiam ser encaradas como uma rica fonte
para compreender certas realidades da cultura popular e desvendar a história
de setores da sociedade pouco lembrados pela historiografia. [...] (MORAES,
2000, P. 204 -205)
Nos anos 60, tínhamos em nosso país uma intensa manifestação
estudantil a qual tinha uma contrapartida à altura. Em Oscar Pilagallo esse
momento é assim descrito:
[...] Desde a Semana da Arte Moderna, em 1922 não se via tanta efervescência cultural. Na música, vivia-se a época dos grandes festivais das TVs Excelsior e Record. Faziam sucesso as canções de protesto. “Geraldo Vandré empolgava os jovens politizados com versos que soavam como um chamamento revolucionário”. “Quem sabe faz hora, não espera acontecer.” A temática regional dominava a Música Popular Brasileira. Plateias urbanas descobriam o sertão na letra de uma MPB que procurava raízes nacionais no samba ou na moda de viola. [...] (PILAGALLO, 2002, P.116)
Logo após o golpe de 1964, os artistas passaram a organizar protestos
contra a ditadura militar em seus espetáculos. Embora os setores populares
tivessem sido duramente reprimidos e suas organizações inviabilizadas,
restava, porém, melhores condições para uma organização política nas
camadas médias intelectualizadas. Sobre o marco cultural de 1964, Marcelo
Redenti escreve:
[...] O primeiro marco cultural de esquerda depois de 1964 foi o show Opinião. Após o golpe, protagonistas destacados do CPC – como Vianinha, Ferreira Goulart, João das Neves, Armando Costa, Paulo Pontes e Denoy de Oliveira – organizaram o show Opinião, que viria dar o nome ao teatro onde era montado. Consolidava-se a aproximação de teatro com a música popular brasileira (é dessa época a criação do termo MPB) que vinha de antes de 1964, com a politização de compositores da Bossa Nova, como Carlos Lyra, Sérgio Ricardo e mais tarde Edu Lobo. No espetáculo Opinião, contracenavam um sambista representante das classes populares urbanas (Zé Kéti) um compositor popular do campo nordestino (João do Vale) e a menina de classe média (Nara Leão, depois substituída por Maria Bethânia). Representavam os três setores sociais que podiam se insurgir contra a ditadura, conforme se acreditava. [...] (REDENTI, 2003, P. 143 -144)
Dito isto, passemos para as atividades propostas para este projeto.
4. Atividades Didáticas
As atividades propostas por esta Unidade Didática procuram sugerir o
uso da música como fonte histórica em sala de aula, abordando os conteúdos,
neste caso, o que se refere à Ditadura Militar de 1964 a 1985, dando ênfase à
censura, repressão, contestação social.
Em atendimento ao nosso propósito que é o de apresentar o conteúdo
deste projeto aos alunos através de uma metodologia mais eficaz e ao mesmo
tempo significativa, propiciaremos não só a escuta das músicas de Chico
Buarque de Holanda, mas também levaremos as letras das mesmas para que
estes possam após terem feito leitura das mesmas refletir sobre o contexto
histórico daquele momento.
Após todo procedimento que será descrito aqui, pretendemos concluir
nosso trabalho com a encenação da fábula “Os Saltimbancos”.
4.1. Atividade 01
Nesta atividade será feita a apresentação do Projeto de Intervenção
Pedagógica aos alunos.
A apresentação dar-se-á através de slides projetados na TV Pendrive,
nos quais estarão sendo abordados o conteúdo sobre a Ditadura Militar de
1964 a 1985, suas características históricas, bem como seus aspectos
políticos, econômicos e sócio-culturais.
Com a apresentação concluída, abriremos espaço para que os alunos
possam debater sobre o mesmo mostrando a eles a necessidade das suas
participações para o seu êxito.
Esta atividade está prevista para 2horas/aula.
4.2. Atividade 02
Será feito junto aos alunos um levantamento sobre o conhecimento
que estes têm em relação ao regime militar imposto em nosso país no ano de
1964 e que duraram 21 anos. Outro levantamento a ser feito ainda nesta
atividade é o conhecimento que os mesmos têm sobre Chico Buarque de
Holanda e suas músicas em especial aquelas produzidas por ele durante o
período da Ditadura Militar.
Esse levantamento ocorrerá através de questões que os alunos
responderão e levarão para seus pais ou avós responderem. As questões a
serem respondidas pelos alunos serão as seguintes:
O que você sabe sobre o Golpe Militar ocorrido no Brasil em 1964?
O que é repressão?
O que é censura?
Você sabe o que é resistência social?
Você sabe quem é Chico Buarque de Holanda?
Você ouve Chico Buarque de Holanda?
Gosta de suas músicas?
O que foi o movimento da MPB (Música Popular Brasileira)?
Para que seus pais ou avós respondam serão:
Seus pais ou avós sabem o que foi a Ditadura Militar?
O que seus pais ou avós ouviam na época da Ditadura Militar?
Quando eles ouviam as músicas de Chico Buarque o que eles
pensavam?
Gostavam das músicas? Por quê?
Esta atividade será desenvolvida em 2 horas/aula.
4.3. Atividade 03
Após narrativa dos alunos sobre os questionamentos feitos pela
professora, será exposto aos mesmos através da TV Pendrive o que foi e
porque ocorreu a Ditadura Militar no país. Nesse mesmo momento falar-se-á
do movimento da música popular brasileira e da importância da música
enquanto fonte para a construção do conhecimento histórico em sala de aula.
Em seguida os alunos escutarão a música Acorda Amor de Chico Buarque de
Holanda. Será entregue aos alunos uma cópia da letra da música quando
passaremos a trabalhar: vocabulário; lugares e tempos a que se refere o
compositor; informações que a letra traz. Sobre o autor/cantor vamos trabalhar:
biografia; carreira musical; temas que aborda; envolvimento com questões
políticas e sociais daquele momento. Optamos por trabalhar em primeiro plano
a música Acorda Amor. Esta música foi escolhida porque entendemos que ela
faz o retrato fiel dos fatos ocorridos em 1968 quando da decretação do AI-
5(Ato Institucional nº 5) em dezembro deste ano, bem como do ano de 1976
quando teoricamente os militares já não mais praticavam a tortura. Outro
motivo para a sua escolha é o fato de que a letra desta mostra nitidamente a
falta de confiança que o povo tinha em relação à polícia que torturava, matava
e muitas vezes, sumia com os corpos. A letra da música ironia fortemente a
chegada dos agentes da repressão a casa chamando os ladrões para o
socorro. Abaixo segue a letra da música Acorda Amor:
“Acorda Amor”
(Julinho de Adelaide / Leonel Paiva – 1974)
Intérprete: Chico Buarque
Acorda amorEu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá foraBatendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura minha nossa santa criatura
chame, chame, chame, chame o ladrão Acorda amor
Não é mais pesadelo nadaTem gente já no vão da escadafazendo confusão, que aflição
São os homens, e eu aqui parado de pijama eu não gosto de passar vexame
chame, chame, chame, chame o ladrão Se eu demorar uns meses convém às vezes você sofrer
Mas depois de um ano eu não vindoPonha roupa de domingo e pode me esquecer
Acorda amorque o bicho é bravo e não sossega
se você corre o bicho pegase fica não sei não
Atenção, não demoradia desses chega sua hora
não discuta à toa, não reclame chame, clame, clame, chame o ladrão
Esse mesmo roteiro será desenvolvido com as músicas Apesar de
Você, Roda Viva. Já a escolha pela música Apesar de Você deve-se ao fato de
que nesta Chico Buarque faz referência direta, porém implícita, ao presidente
daquele momento o general Emílio Garrastazu Médici cujo governo foi um dos
mais repressivos e violentos da era militar. Sobre a escolha da música Roda
Viva, deve-se também ao fato desta reportar-se à época da repressão, da
censura, da busca incansável pela liberdade. Escolhemos essas três músicas e
não outras compostas por Chico Buarque naquele período nebuloso da nossa
história, por entendermos serem elas as que mais retratam aquele momento e,
através destas os alunos poderão ter uma ideia do que foi o Regime Militar no
Brasil de 1964 a 1985. Em seguida segue a letra das músicas:
“Apesar de Você”
(Chico Buarque – 1970)
Intérprete: Chico Buarque
Hoje você é quem mandaFalou, ta falado
Não tem discussão, não.A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão.Viu?
Você que inventou esse EstadoInventou de inventar
Toda escuridãoVocê que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão.Apesar de você
amanhã há de ser outro dia.Eu pergunto a você aonde vai se esconder
Da enorme euforia?Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?Água nova brotando
E a gente se amando sem parar.Quando chegar o momento
Esse meu sofrimentoVou cobrar com juros. Juro!Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,Esse samba no escuro.
Você que inventou a tristezaOra tenha a finezade “desinventar”.
Você vai pagar, e é dobrado,Cada lágrima roladaNesse meu penar.
Apesar de vocêAmanhã há de ser outro dia.
Ainda pago pra verO jardim florescer
Qual você não queria.Você vai se amargar
Vendo o dia raiarSem lhe pedir licença.E eu vou morrer de rirE esse dia há de vir
antes do que você pensa.Apesar de vocêApesar de você
Amanhã há de ser outro dia.Você vai ter que verA manhã renascerE esbanjar poesia.
Como vai se explicarVendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?Como vai abafar
Nosso coro a cantar,Na sua frente.
Apesar de vocêApesar de você
Amanhã há de ser outro dia.Você vai se dar mal, etc. e tal
“Roda Viva”
Chico Buarque
Tem dias que a gente se senteComo quem partiu ou morreuA gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...A gente quer ter voz ativaNo nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda vivaE carrega o destino prá lá ...Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda piãoO tempo rodou num instanteNas voltas do meu coração...A gente vai contra a corrente
Até não poder resistirNa volta do barco é que senteO quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultivaA mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda vivaE carrega a roseira prá lá...Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda piãoO tempo rodou num instanteNas voltas do meu coração...
A roda da saia mulataNão quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenataA roda de samba acabou...
A gente toma a iniciativaViola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda vivaE carrega a viola prá lá...
Roda mundo, roda giganteRoda moinho, roda pião
O tempo rodou num instanteNas voltas do meu coração...
O samba, a viola, a roseiraQue um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageiraQue a brisa primeira levou...No peito a saudade cativaFaz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda vivaE carrega a saudade prá lá ...
Roda mundo, roda giganteRoda moinho, roda pião
O tempo rodou num instanteNas voltas do meu coração...(4x)
O tempo para o desenvolvimento destas atividades será de 06
horas/aula.
Após a apresentação da música, bem como de sua letra utilizaremos o
roteiro norteador sugerido por Kátia Abud (2010, p.73, 74, 75) para que os
alunos as analisem.
1. Elabore uma linha do tempo contextualizando cada uma das
canções.
2. Em relação à música destaque:
- gênero musical, ritmo, instrumento musical.
3. Em relação à letra:
- quais foram os grupos sociais citados;
- como eles foram descritos.
4. Faça uma pesquisa sobre Chico Buarque de Holanda destacando:
- início da sua carreira;
- festivais que participou;
- sua participação na contestação ao Regime Militar através da
música;
- que motivos o levaram a usar pseudônimos em suas músicas.
4.4. Atividade 04
Encenação da fábula “Os Saltimbancos”.
A fábula adaptada por Chico Buarque de Holanda foi inspirada em “Os
músicos de Bremen” dos Irmãos Grimm, ela narra a história de quatro animais
que abandonaram seus donos por causa dos maus tratos que sofriam. A
personagem de maior evidência é o burro, que é quem mais fala e quem dá
lições de moral. O burro vira chefe e maestro do grupo é quase o autor
presente em forma de personagem.
Nesta Chico Buarque coloca em discussão as formas de organização
social num momento em que se começava a falar em abertura política e as
entidades reprimidas pelo aparato de “segurança” da ditadura buscavam o
debate acerca de sua rearticulação. A fábula fará com que os alunos passem a
entender a sociedade daquele momento histórico do nosso país. Através da
encenação os alunos poderão ter um melhor entendimento de como nossa
sociedade estava organizada e entender que muitos dos cidadãos brasileiros
foram às ruas protestar contra o regime imposto pelos militares. O
direcionamento teatral deve -se ao fato de que esta peça trás o momento
político vivido pelos brasileiros durante a Ditadura Militar e através deste levar
os alunos a refletirem sobre os momentos históricos pelos quais o país passou
e passa atualmente.
Para que esta encenação ocorra iremos contar com a colaboração da
professora de Artes, que nos ajudará nos ensaios, preparação do cenário,
vestimentas dos alunos que encenarão esta fábula.
O preparo para a apresentação da fábula será em contra-turno e, a
apresentação ocorrerá no último dia da Semana Cultural no mês de novembro.
4.5. Atividade 05
Após o desenvolvimento das atividades sugeridas até aqui,
estimularemos os alunos a, novamente, fazerem uma narrativa sobre o período
militar, para que possamos analisar, por meio dos exercícios realizados e das
narrativas, se houve produção do conhecimento histórico com uso da música
como fonte. Os alunos responderão novamente as questões da Atividade 01 as
quais agora terão outro direcionamento agora no sentido de saber o que eles
aprenderam e se o objetivo deste Projeto foi alcançado.
O que você sabe sobre o Golpe Militar ocorrido no Brasil em 1964?
O que é repressão?
O que é censura?
Você sabe o que é resistência social?
Você sabe quem é Chico Buarque de Holanda?
Você ouve Chico Buarque de Holanda?
Gosta de suas músicas?
O que foi o movimento da MPB (Música Popular Brasileira)?
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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