filosofando 07
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A func;:aonaturalista refere-seaos interesses,
p~conteudo da obra, ou seja,_F,1eloue a obr~
retrata, em detrim ento da sua forma ou modo
aeapresenta<;ao. Finalmente, 0 interesse formahsta, c0trl0 0,A bbra e encarada como urn espelho, gue proprio nome indica, preocupa-se com a forma
reflete a realidade enos remete diretamente a Cleapresenta<;aoda obra. Como ja vimos no 'CapI:""
~la. Em outras palavras, a obra tern funyao ref~ tu 030 - Arte como forma de pensamento, ~
rencial de nos enviar pari fora do mundo artis-, forma contribui decisivamente Rara0significado
tico, Rara 0 munclo dos objetos retratados. Por c i a obra de arte e,portanto, eo unico dos interesses
isso, uma escultura de D. Pedro I, por exemplo, que se ocupa da arte enquanto tal e por motivos
serviria, dentro dessa perspectiva, para nos re- que nao sao estranhos ao ambito artistico,
meter ao homem e ao politico, ao que ele re- ~.sse l2onto de vista buscamos, em cada obra, ,
presentou num deterrninado momenta histori- os principios que regem sua organiza<;ao interna:
co brasileiro. Deixariamos em segundo plano a os elementos <;J~ram em sua comRosi<;aoeleitura propriamente dita da escultura, isto e, ,~c6es entre eles.Nao importa 0 tipo de Q Q r i l .
valores como qualidade tecnica, expressividade, .analisado: 12ictorico, escultorico, arguitetonifQ,
criatividade etc., pois 0 nosso interesse estaria musical, teatral, cinematografico etc.:rodos com-
voltado somente para 0assunto tratado. portam uma estruturas;ao interna de sigDoSsel~-
Essa atitude perante a arte surge bastante 'cionados a partir de urn c§digo eS12ecifico.
cedo. Como veremos no Capitulo 33 - Con- f : : I i . nessa fun<;ao,uma valoriza<;ao da expe-cepcoes esteticas, ela aparece na Grecia, no se- riencia estetica como urn momenta em que, pela
culo V a.c., nas esculturas e pinturas que "imi- '~cep¥ao e pela intui<;ao, temos uma ccins=
tam" ou "copiam" a realidade. Essa tendencia 'ciencia intensificada do mundo: Embora a ex-
caracterizou a arte ocidental ate meados do se- periencia estetica propicie 0 conhecimento do
culo XIX, quando surgiu a fotografia. A partir que nos rodeia, este conhecimento nao pode
de entao, a funcao da arte, especialmente da pin-ser formulado em termos teoricos porque ele e1tura, teve de ser repensada e houve uma ruptura imediato, concreto e sensivel (ver Capitulo 30
r: do naturalismo. - Arte como forma de ).
. ,'(/ , , l '~"l </" ,c.e\t.{~, d<..-/Ll.-M o.A - A- (0vllV\.A.5l o U , ~ ~ <-i,.<.J? ! ~Ml/~K
.Y.>, - r - . : . . o.« )' , ", 'C-"~' ~q- ;vbV\..F-Vi/It'.:zIViI, c-: • '.Nv l j
o , / I I \ T ' " ~ . .
'-r"com obras de arte que nos encantam, permane-
cern os argumentos de que a arte e rneio de
ocupar 0 tempo de criancas carentes para que
se afastem da crirninalidade, ou que 0 trabalho
com arte desenvolve habilidades manuais que
mais tarde poderao ser aproveitadas na vida util,
ou seja,profissional. Estes continuam sendo usosda arte para outros fins.
Portanto, as finalidades a service das gu~
arte pode estar 'podem ser pecfagoglcas, religio-
sas, p olitic a s ou sociais. ;.~~;
. Nessa perspectiva, quais seriam oscriterios para
se avaharuma obra de arte? Essescriterios tambe~
sao exteriores a obra: 0priterio morddo"'" 'VaiOt d; }
firl]iaaae-~e a lllia1i~e for boa,a ob~
e boa); e oj::riterio de e{iauia da obra em rela<;ao~
f~§ildaatlse 0 fim for atingido, a obra e boa).Como vemos, em nenhum nlomento, con-
forme esse tipo de interesse, a oora e encarada
do ponto de vista estetico,
2. Fun~aonaturalista
),~, Yt4c-- 6.lh~J..9'"UNIDADE VI - ESTETICA
1 kJJ-
.~ tU Y\,f~ ul< -t~~ A _ ~ n ~ f T ( C
~ J . ~ ~ : .u~CL:J((y{.;; ~ ~.I2.,J,-=Y~~P.~)
vejo a Figura 6,
a pcqino 403.
Os criterios de avaliayao de uma obra de
arte do ponto de vista da funs:ao naturalista sao:
a corre{ao da representacao (se e 0 assunto que
nos interessa, deve ser representado corretamente
p~ra que possamos identifica-lo); a~nte irezaJou
sa qualidade de ser inteiro, integ~o (0 assun-
t? deve ·ser representado por inteiro); e 0 (vigo!;\,
que confere urn poder de persuasao (especial-
_ . - - - - - - - ------.,.._..,;..
mente se a situa<;ao representada for imagina-. ! E h Urn exemplo deste ultimo e a figura do
E.T., no filme de mesmo nome de Spielberg.
Ele foi representado com tamanho vigor que
ficamos convencidos da possibilidade de sua
existencia, enternecemo-nos com suas aventu-
ras e torcemos por ele ate 0 final.
3. Fun~aoformalista
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FILOSOFANDO
ocriterio pelo qual wna obra de arte seraava-liadi, na perspectiva formalista, e sua capacidade de
sustentar a contemplayao estetica de wn ublico
cuja sensi 'dade sejaeducada e madura, i~, ~
co eya varios codlgos e esteja dis orrivel~ara_en-
'Entrar na propria obra suasreg!:asde orgarnzayao.
Como exemplo, para ilustrar essafuncao, va-mos analisar urn samba da bossa nova, Sam ba d e
um a nota 5 6 , de Antonio Carlos Jobim e Newton
Mendonca, gravado por joao Gilberto.
Samba de uma nota s6
1 Eis aqui este sambinha
2 Feito numa nota s6
3 Outras notas VaG entrar
4 Mas a base e uma s65 Esta outra e consequencia6 Do que acabo de dizer
7 Como eu sou a consequencia
8 Inevitavel de voce.
9 Muita gente existe por a f
10 Que fala, fala e nao diznada, ou quase nada
11 Ja me utilizei de toda a escala
12 E no final nao sobrou nada, nao deu em nada
13 E voltei pra minha nota
14 Como eu volto pra voce
15 Vou mostrar com a minha nota
16 Como eu gosto de voce17Quemquisertodasasnotas- re,mi,fa,sol,la,si,d6
18 Ficasempre semnenhuma. Fiquenuma nota s6.
Em primeiro lugar, precisamos estabelecer
o quadro de referencias a partir do qual vamos
proceder a analise, quadro este que e dado pela
propria obra.
E uma cancao, com musica e letra. E uma
composicao musical popular, portanto urbana, de
ficil entendimento, inserida no processo de co-
municacao de massa. E music a da classe media
do Rio de Janeiro, com ideologia pequeno-bur-
guesa, individualista, sem preocupacao social.Per-
tence a bossa nova, cujas propostas principais sao:• fazer uma renovacao na MPB a partir da
incorporacao de elementos do jazz, como a
improvisacao, os acordes dissonantes;
• ser rnusica cameristica(aocontrario do mode-
1 0 operistico), intimista, para pequenos ambientes;
• usaruma batida diferentedo sambatradicional;
• integrar harmonia-ritrno-melodia e contra-
ponto (a melodia nao e conduzida pelo ritmo);
• integrar voz,instrumento e arranjo, de for-
ma que urn complete 0 outro, enriquecendo 0
resultado final.
oprimeiro aspecto que notarnos no Samba d e
um a nota 5 0 e que letra e musica estao estreitamente
ligadas,uma comentando ou ilustrando os procedi-
mentos daoutra, Paraentender isso,e precisoouvi-lo.
Durante osprimeiros quatro versos,a rnusica acom-
panha a ideiade serfeitasobreuma nota so.Os versos
5 e 6 sao acompanhados de uma mudanca, e os ver-sos 7 e 8 voltam para a nota base, relacionando a
complementaridade dasnotas com a complementa-
ridade dos participantes de uma relacaoamorosa (eu
e voce) e introduzindo 0 aspecto individualista.
A melodia que acompanha os quatro ver-
sos seguintes (9, 10, 11 e 12) utiliza toda a escala
musical, fazendo um contraponto ao resto da
composicao, ao mesmo tempo que ilustra a le-
tra. Nao e a variedade de notas utilizadas em
uma cornposicao que the confere valor estetico.Em seguida, como dizem os versos 13,14,
15 e 16, volta-se a nota base, introduzindo-se
outra vez 0 terna amoroso.
Por meio da analogia entre as notas e os
amores, os versos finais e 0 fim da melodia vol-
tam a repetir os mesmos procedimentos ja mos-
trados.O segundo aspecto que esta analise evi-
dencia e que, ao comentar e ilustrar os procedi-
mentos desta criacao musical, a composicao es-
clarece alguns dos proprios principios da bossanova que, na epoca, vinham sendo criticados por
fugirem dos padroes de samba aceitos ate entao,
A interpretacao dejoao Gilberto e perfeita:af i-
nada,contida,clara,transmitindo asnuances emocio-
nais sem exageros.0proprio amor ai cantado e de-
clarado de forma simples,sem osarroubos caracteris-
ticos do samba-cancao, Podemos, por essasrazoes,
perceber que a obra apresentauma unidade orginica
(entre forma musical e letra) perceptivel ao ouvido
treinado,que se encanta ao deparar com ela.
Conclusao
E apenas do ponto de vista didatico Q.l!L,
p.2_demosseRarar as fun~oes da arte~Na verdade
ylas podem se apresentar junt~. As vezes, para
que uma obra tenha finaligade pedagogica, por
exemplo, ela precisa ter funyao naturalista. Q ! : !: : _
tras vezes e 0estetico gue se sobrepoe as outras
funcoes. Por essas razoes, e 0 modo como nos
'aproxima~r obra de arte gue vai Mcieterrninar afunyao da obra riaquele momento.'
Em_si, tod~brasgue sao verdadeiramente
~ustentar a contemplado
'estetica de urn obse~ador sensivel e treinado.
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Q uestao de compreensao " " · " ' ' ' T j '
Os t6picos listados abaixo visam verificar a compreensao dos temas abordados neste capitulo.
a) De que depende a funcao que a obra de arte tem em cada epoca ou sociedade?
b) Como a arte e encarada do ponto de vista da funcao pragmatica? (
c) De exemplos dos tipos de fins a que a arte pode servir.
d) Explique quais sao os criterios de avaliacao da obra de arte na perspectiva pragmatica.
e) Qual e 0 tipo de interesse pela arte na funcao naturalista?
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FILOSOFANDO
f) Explique quais sao os criterios de avaliacao da obra de arte na perspectiva naturalista.
g) Como a arte e encarada do ponto de vista da funcao formalista?
h) Explique quais sao os criterios de avaliacao da obra de arte na perspectiva formalista.
Questoes de lnterpretacao e problematlzacao _ ..... ~"
Identifique a funcao da arte em cada urn dos itens e justifique.
a) "Ser-me-ei multiplo como os sonhos
ambtguo como as vidas
reticente como os plurais
Ser-so-nao-me-ei (jamais) um poeta pronto:
Urn poeta dos finais." (Renato Gonda)
b) A foto de uma pessoa querida.
c) Um filme como Cidade de Deus , usado na aula de Hist6ria para subsidiar a discussaodos prcblcraas
sociais no Brasil contemporaneo,
d) "Nem s6 de economia e financas vive 0World Economic Forum de Davos. [... [houve concomitantemente
um encontro de representantes do mundo artfstico de varies pafses]. [... 0 encontro, intitulado Arte e D i p / o . -
r n a c i a em Tempos d e Crise, discutiu 0papel da cultura edas artes nas relacoes internacionais, partindo-se do
princfpio de que 0trabalho dos artistas atravessa fronteiras, construindo pontes entre ~ varias culturas. [ . ; . J Os
artistas servem como quebra-gelo na diplomacia ... 0 consenso entre os participantes pareceu confluir para
um ponto: a arte merece um papel mais importante na polftica e na diplomacia;~a Ra;;y."Arte -;;c~lti.rra
. em Davos." In 0 E s t a d o d e S. P a u l o , 25-01-2003.Cadem:o B (Economia), p. 2"- _._.
e) "As pinturas faziam parte da tecnica deste processo de magia: eram a 'r\!tQf:~m g~ £3,.<,:allY!.?de
cair, ou a ratoeira com 0 animal ja capturado. E que os desenhos constitufam simultaneamente a
representacao e a coisa representada, eram simultaneamente 0 desejo e a rcalizacao do desejo. 0
cacador e 0 pintor da era paleolftica supunham encontrar-se na posse do pr6prio objeto desde que
possuissern a sua imagem; julgavam adquirir poder sobre 0objeto por interrnedio da representacao."
(A. Hauser)
Explique, com suas palavras, a epfgrafe de E. Fisher que da infcio a este capitulo.
Questoes sobre as leituras complementares ..... ..............M 2 C C " : c
Leia 0 texto complementar I e responda as questoes de 4 a 6.
~t~De acordo com Leger, pintor da vanguarda frances a, a batalha entre 0 tema e 0 objeto refere-se a que
funcoes da arte?
Qual e a diferenca entre pintura abstrata e figurativa?
_ Qual e 0papel da realidade na criacao artfstica?
'i'BiA A partir da leitura complementar II (texto de Fischer), explique qual funcao da rmisica esta sendo discu-
tida e justifique sua resposta.
~ Tema: Discuta as funcoes da musica nas telenovelas, dando exemplos de novelas da atualidade.
Pesquisa e semlnarlo ~""E:;'·:
~ Faca uma pesquisa hist6rica sobre 0 uso da musica nas diversas religioes. Alern da religiao catolica, com
o cantochao, 0 canto gregoriano, os divers os hinos, ate as rmisicas contemporaneas: 0uso da rmisica em
casamentos e funerais: examine tambern 0uso da musica nas igrejas protestantes, das batistas as evange-
licas, enos rituais das religioes afro-brasileiras.
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CAPITULO
Ii neste sentido de aparecimento a nossa percepfao que uma ohra de arte
constitui uma forma. Pode ser uma forma permanente como a de um edificio ou de
um vasa ou de urn quadro, ou uma forma transiente, dinamica, como a de uma
melodia ou de uma danca, ou ainda uma forma sugerida a imaginafao, como a, passagem de eventos puramente imaginarios, aparentes, que constitui uma ohra
literaria. Mas e sempre um todo perceptivel, com tdentidade propriC!_iomo um ser
natural, tem U ; ; ; [arater de unidade organi[a, auto-suficiencia, realidade individual...
Suzanne Langer
lntroducao
Como ficou claro na Unidade I,? ser hu-
mano est! continuamente atribuindo significa-
dos ao mundo. A essa atividade damos 0 nome
generico de leitura.Portanto, nao lemos apenas
os textos escritos, mas lemos igualmente outros
tipos de textos, nao-verbais, aos quais tambematribuimos significados. Ja vimos Q.uea arte se
constitui em um texto muito especial, pois a
atribui ao de si nificados esta resa a sua forma
s~nsivel de apresentac;ao e e inseparave e a.
A divisao que vamos fazer a seguir em ter-
mo('Cfe forma··e co--;;'teudoe apenas didatica e
6pera um corte na unidade da obra de arte, como
um bisturi que disseca corpos viventes e oss e r a = -ra em partes para que se possa conhecer cada uma
e, depois, apreender a relacao entre elas.Ao fazeriS3_ estamos destruindo, em primeiro 'Yugar, a
experi&ia estetica e, em segundo lugar, a Ges-
t;;'Itda obra, ou seja, a apreensao do conjunto,E£.
to do, dentro do qual as partes tomam sentido.
1. A especificidade da
informa~ao estetlea
Teixeira Coelho Netto, ao discutir a infor-
macae estetica, comparando-a a semantica, le-vanta aspectos muito interessantes.'
A informacao estetica, ao contrario da infor-
ma~ao semantica, nao e necessariamente 16gica.
Ela pode ou nao ter uma 16gica semelhante a
do senso comum ou da ciencia, Ela tambem nao
precisa ter ampla circula<;ao,isto e, nao ha ne-
cessidade de que um publico numeroso tenha
acesso a ela. A informac;ao estetica continua a
existir mesmo dentro de urn sistema de comu-
~ao restrito, ate interpessoal, ou mesmo
quando nao ha neiihum receptor apto a aco-lne-la. Sabemos que isso aconteceu inumeras
~ Por exemplo, a informacao estetica con-
tuEl'numa tela de Van Gogh permaneceu la,
embora em sua epoca ninguern pudesse enten-
de-la. Outra caractenstica da informayao esteti-
ca que a diferencia da inforrnacao semantica e 0
fitOCre-nro7e;:tr;;'duzivel em outras linguagens.
Quando dizemos "0 tempo hoje esta ruim",
podemos traduzir a inforrnacao semantica con-
tida nessa frase para qualquer outra lingua, semperda da informacao original. Quando vernos,
no entanto, num filme, uma cena com tempo
ruirn, vemos a qualidade da cor, a forca do ven-
to, da chuva ou da neve, a vegetacao, os ruidos
ou 0silencio, a nevoa, a qualidade da luz e inu-
meros outros detalhes que nos sao mostrados
pelas cameras e que nos causam um determina-
do sentimento. Essa informac;ao estetica nao
pode ser traduzidanem para a linguagem verbal
nem para qualquer outra sem ser mutilada,jgQ_
e:semperder parte de sua significac;ao.
- A informayao estetica apresenta, ainda, urn
~tro aspecto distintivo, que e 0 fato de nao ser
1.COELHO NETTO. Jose Teixeira. Iniroducao a teoria da inJorT1la9t'io estetica. Petropolis, Vozes, 1973. p. 9-16.
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\ 9 - " - " D ~ ~ £ IM A < } o d> ~~!L"- ..",,,~, ) ; " ~ W " N D o lc, ~ t_ c : . t c . ~&>._( ~ JL V\A.t..,(,v',C &::~ k " M . . - . ~ C ( - 1 . J 9 t : : l t " C c : . - -esgotavel numa unica leit~. Por exernplo, a na, nao chama a nossa atencao. Para que isso
inforrnacao sobre o tempo ruim so me conta aconteya, e necessario sair do habitual, daquilo
algo de novo na primeira vez em que for dada. a que estamos acostumados e que, por isso mes-
Ela se esgota.A informacao estetica contida em mo, nem percebemos mais. Em outras palavras,
uma obra de arte, no entanto, pode ser lida de sair do esperado, 0 que implica transgredir 0
varias maneiras por pessoas diferentes ou por c6digo consagrado.
uma mesma pessoa. Na primeira vez que lemos c
urn livro ou ouvimos uma musica, recebemos
uma certa quanti dade de informacoes; numa
segunda leitura ou audicao, podemos receber
outras inforrnacoes; anos mais tarde, ainda ou-
tras. Essa caracteristica de inesgotabilidade per-
mite que as obras de art;; nao envelhec,:am nem
se tornem ultrapassada~A obra de arte e aberta,
no sentido de que ela pr6pria instaura urn uni-
~ bastante amplo de significa oes que vaG
sendo captadas, depen endo da disponibilidade
dos receptores.~
2. A forma
Roman Jakobson, conhecido lingiiista, de-
finiu aJ.gulnas-~teristicas d~ funyao poetica
da linguagem e ampliou muito a noyao do po-
etico. Com ele, a £un\ao poetica ganha uma di-:
mensao estetica, podendo, assim, ser aplicada a
todas as outras formas artisticas alem da poesia.3
I ! ! I i I I A fun~ao poetica: a transgressao
do c6digo
A funyao poetica da linguagem, segundo
Jakobson, caracteriza-se por estar centrada so-
b;-e a pr6pria mensagem, isto e, por chamar ~
atencao sobre a forma de estrutura£ao e de com-
posiyao da mensagem. A funyao poetica pode
estar presente tanto numa propaganda, num out-
door, quanta numa poesia, numa music a ou em
~qu;;-r outro tipo de obra de arte.
Mas como e que se chama a atenc,:aopara a
pr6pria mensagem? Como vimos, no interesse
~turalista pela arte, a aten\ao do espectador nao
s e detern na obra, na mensagem, mas e remetida
~a 0 contexto fora da o~. Na classificacao
~n, afunyao presente scria a relerencTiJ. ,
centrada exatamente no contexto externo a obra.
P i. estrutura\ao da obra, a sua organizayao inter-
«
Vejo a Figura 7, apoqino 404.
9uando 0 c6digo e usado de maneira inco-
mum, a forma de apresenta\ao da mensagemchama a nossa atenyao pela sua forya poetica. Isso
E9 bastante claro em poesia. As palavras de que
nos utilizamos para escrever urn poema ou para
nos comunicarmos no dia-a-dia sao fundamen-
talmente as mesmas. N a fala diaria, no entanto,
nao prestamos atencao a forma das palavras, por-
que 0que nos interessa para que a comunicacao
se efetive e 0 seu conteudo semantico, A poesia,
ao contrario, chama a nossa atencao para essafor-
ma. Ha um poema de Carlos Drummond deAndrade intitulado "Ao Deus Kom UnikAssao".41
Sem duvida, chama a atencao. Primeiro, pela for-
rna de escrever comunicacdo: com a letra K , de uso
restrito na lingua portuguesa; com a substiruicao
do f por dois 5 ; com a divisao da palavra em tres
outras. Em seguida, notamos que deus e substan-
tivo masculino, enquanto comun i audo e substanti--
vo feminino. Portanto, varias rransgressoes do
c6digo num unico titulo.
o que precisa ficar claro, no entanto, e que
essas iuova<;oes e subversoes do c6digo nao s a o
gratuitas, nao sao feitas s6 para ser engracadas.
Elas contribuem para 0 significado da obra, nesre
caso 0 poema. Assim, vejamos: quanto a tram-
formacao do feminino em masculino, sabemos
que nossa sociedade da mais valor ao homem
do que a mulher; uma deusa nunca e levam.
muito a serio. 0 poder de deus e muito mas
forte tarnbem porque asreligiocs ocidentais nic
cedem nenhum lugar a deusas. Quanto ao Il5iD
2. ECO, Umberto. Obra aberta. Sao Paulo. Perspectiva, 2000.
3. JAKOBSON, Roman. Essois de linguistique qenerole. Paris, Minuit, 1963. p. 209-248.
4. ANDRADE, Carlos Drummond de. As impurezas do branco. Rio de Janeiro, Jose Olympio, 1976. p. 3.
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~ , ' ' \ ; I . - U ~ . ~ s : t£)
da le~~Kd~s dois sea divisao da palavra, cau-
sam urn estranhamento, urn distanciamenta,re-
metendo a codigos e culturas estran eiros. Em
se tratan 0 e eus, remetem tambem a deuses
e fara6s (Tutancamon etc.).A divisao da palavra
comun i ca cdo reflete uma divisao nas discussoes
sobre 0 pr6prio assunto.
A partir dessa discussao sobre a fiincao poe-
tica, que leva necessariamente a transgressao dos
codigos habituais e consagrados, podemos justi-
ficar por que, no Capitulo 2 - Pensamento e
linguagem, incluimos aslinguagens artisticas en-
t r e asque sao estruturadas de forma mais flexivel.
Se romper 0 codigo e uma caracteristica propria
da arte, nenhum c6di 0 artistico pode ser infle-
xivel (como, or exem 10 os co . os maternati-~~nem exercer fon;:a coercitiva sobre a prod~-
~ dos artistas.~u estes nao seriam artistas.
• 0 papel das vanguardas artfsticas
fi enfase dada a forma da obra de arte e as
transgressoes do c6digo nos leva a examinar 0
p~pel das vanguardas artisticas. Avan t -gayde , em
{rances, e urn termo militar que designa 0~ru-
po de soldados que avanya a frente da uarda oubatalhao. rans enn 00 termo para a area artis-
ti~tural, tambern designa os desbravado-
res, os que fazem 0 "reconhecimento do ter~
I2: os que ampliam 0 espa<{oda lin~uagem
artistica por meio de experimentas:oes. E a van-
guarda que rompe os estilos, que propotn-~
UsOsdo c6digo. Atras dela vern os batalhoes,.o.lJ
seja, os autros arti~tas, considerados segU:idorese
~ formam as escolas. Neste momento, 0 que
era novo, 0 que constituia uma transgressao doc6digo, passa a ser, outra vez, 0 habitual, 0 codi-
go consagrado.
Veia a Figura 8, a poqino 404.
~or essas razoes, a linguagem da vanguarda.
cultural e artistica esempre dificil de entender.
E I29risso que temos certa di£lculdade em com-
preender as obras expostas nas bienais, os filmes
~c~~"VI..- " ' ' V I A , , ' • UNIDADEVI - ESTETICA
de arte, 0 teatro experimental, a musica do~-
caf6nica e assim pordiante. Todas essas obras
i~stituem urn novo repert6rio de signos e novas
regras de combinayao e de uso. Leva algum tem-
po, e muita convivencia com 0muncio artistico,
para dominarmos, ou seja, com reendermos os
novos co 19O5 e as novas linguagens.
A existencia das vanguardas, no entanto, e
impiescmciivel a manutenyao cia fermentayao
cultural. No campo das artes nao podemos falar
em prog~so. 0 conceito de progresso envolve
ldbiasde melhoria e ultrapassagem, absolutamente
estranhas ao mundo artistico. A arte do seculo
XX ou XXI nao e melhor nem pior que a arte
grega ou renascentista. E apenas diferente, t . < ? ! :
gue responde a questoes colocadas pelo ser hu-mana e pela cultura atuais. Os artistas de van-
guarda sao exatamente aqueles que levantam es-
sasquestoes antes que a maior parte da socieda.sk
astenha percebido e respondem-nas trabalhando
a linguagem e a forma sensivel de suas obras.
3. 0 conteudo
A interpretayao da obra de arte, ou seja,a atri-
buiy~o_de significados peIo espectador, como vi-mos nos capitulos 30 e 31, se c i a em varios niveis.0
rimeiro niveI e 0 do sentimento, ue ja foi discu-
ti o. enor em unissono com a obra, deixar que ela
;msleve e enleve,seguir seu ritrno mterno, e0modo
proprio de decodiliCa0io que se c ia na experi2ncia
esteoca. Esse sentimento apresenta-se como um_a.
~e nao dissociavelda experienc_ia.istoe,ele so
pode acontecer na presenCiada obra.
'--0segundo nivel, de interpretayao se ciapor
meio do pensar e envolve analisecuiaadosa da obra.
Veia a Figura 9,
a pcqino 405.
Como se pode fazer essa analise?Sem querer fornecer urn receituario, e pas-
sivel tracar algumas balizas para uma analise que
r~~ite a individualidade de cada obra.
Em primeiro lugar, preClsamos fazer urn le-
vantamento da forma, em termos desrnrn-os...
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.,:) - FILOSOFANDOm - - - - - - - - - _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _a Para isso, no entanto, e necessario conhecer al-
""' .....guns aspectos fundamentais das linguagens ar-
~ tisticas. Por exernplo, a linguagem teatral difere
~ da linguagem cinematografica, Se formos anali-~sar, portanto, urn espetaculo teatral, precisamos,
~ antes de mais nada, saber 0que caracteriza a
k -linguagem especifica do teatro.
i G Em seguida, descrevemos a obra do ponto de
l,~ vista"denotativo, isto e, a partir do que realmente
, ' l ( vemos ou ouvimos. Por exemplo, antes de perce-~ bermos que se trata do afresco U L tim a ce ia , de Leo-
nardo daVinci, nos vernos, representados na pare-
de, treze homens atras de uma mesa, de frente para
nos, agrupados tres a tres.exceto a figura central,
com tal tipo de indumentaria, fazendo tais gestos
etc. Essa descric;:ao dos signos que aparecem na obra
e decomo se combinam e muito importante,pois'
vai nos fomecer dados para estabelecermos ~
c;:oesque nao estao tao.apa,rente_i, mas que se en-
Cantram implicitas na obra. Por issoe1mprescin-
diVel que fac;:amos uma descncao deta1bada cuj-
\ \ 9 dadosa, a mais completa ];2Qssivel.
'-' '- Finalmente, como na leitura de urn livro, va-
mos -levantar os significados conotativos de c~
J
. Signo e dos signos combinados entre si. ~
mento em que se coloca uma figura sobre urna cieterminado fundo, em que se combinam deter-
minadas cores ou son's ou formas, em que se asso-
~ cia uma musica a uma imagem, os significadosae
cada-signo VaG sendo alterados pelos significados
dos outros signos, formando urn espesso tecido de
significacoes que se cruzam e entrecruzam.
-No levantamento dessas conotac;:oes,preci-
s_amos sempre levar em conta a epoca e 0 lugar
~ em que a obra foi criada. Por exemplo, no Re-
nascimento 0 unicornio simbolizava a virgin-
f dade. Se desconhecermos esse fato, a interpre-
tacao de uma obra do periodo em que aparec;:a
esse simbolo sera deficiente. Por outro lado alemif'
-....__ desse significado conotativo cristalizado, pode-
~ , . 9 mos encontrar outros significados a partir da
, perspectiva da nossa epoca, Por isso, para poder-
_ \}. mos penetrar a significacao mais profunda de
( qualquer obra de arte, sao necessaries conheci-
' . - mentos de historia geral, de historia da arte e
~ dos estilos, da historia dos valores e da filosofia
"t da epoca em que a obra foi criada, a fim de
, - . : 1 ; 5. Augusto de Campos,1957. In SIMON, Iumna M. e DANTAS, Vinicius de A. (org.). Poesia concreta. Sao-q Paulo, Abril Educacao, 1982. p. 28. (Colecao Literatura comentada)
podermos situa-la no seu contexto. Precisamos,
tarnbern, estar engajados no nosso tempo para
podermos perceber 0 que a obra nos diz hoje.
E por isso que dissernos, no Capitulo 29 -
Estetica, introducao conceitual e no Capitulo
30 - Arte como forma de pensamento, que a
arte nos traz 0 conhecimento de urn mundo~nao somente 0 conhecimento de uma obra. A
arte instaura urn universo de si nifica oes ue
jamais e esgota 0 e gue ultrapassa em muito a
intens:ao do autor. Esquematicamente, podemos
representar esse processo da seguinte forma:
universo de significacoes possiveis
de uma obra
x: intencionalidade do autorx
y , h, w, n etc.: significados que
podemos atribuir it obra, sem
desrespeitar sua proposta
0: significado arbitrario; que nao
/
pertence ao universo ciaobra e que
o nao podemos impor a ela
Para terminar, vamos dar do is exemplos de
como fazer leituras analiticas possiveis de urn
poema de Augusto de Campos e de uma obra
de arte visual de Nelson Leimer.
Ulna vez
Ulna fala
Ulna foz
Ulna vez
Ulna fala
Ulna bala
Ulna voz
Ulna valalna foz
Ulna bala Ulna vez
Ulna voz
Ulna vala
Ulna vez>
Trata-se de um poema concreto, portanto sua
forma visual tem tanta importancia quanto a for-
ma sonora. 0que vemos? Palavras dispostas na
folha formando dois angulos agudos; 0 primeiro
voltado para a direita e 0 segundo, para a esquerda,
o eixo direita/ esquerda e dado pela centralidade
das palavras "uma vez" que se repetern, dando ini-
cio e fechamento as figuras dos angulos.
Esse texto faz parte da segunda fase do
movimento concretista na qual 0 desejo era
compor urn poema que, usando a fragmentacao
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de palavras, ideias ou frases, esgotasse aspossibi-
lidades combinat6rias das palavras ou temas usa-
dos, do modo mais sintetico possivel.
No poema, alern da repeticao do pronome
"uma",o poeta usa dois outros grupos de pala-
vras que man tern sernelhancas sonoras entre si:
vez, voz, foz; e fala, bala, vala. Se considerarmos
cada angulo separadamente, a sequencia das pa-
Iavras e exatamente a mesma. Entretanto, a sua
sobreposicao que acontece entre a quarta e a
setima linhas, nos leva a ler linear mente as duas
metades, complementando 0 sentido: uma vez
uma bala, uma fala uma voz, uma foz uma vala,
uma bala uma vez.
Do ponto de vista conotativo, a expressao
"urna vez" nos remete a narrativa de hist6rias,
unindo, neste caso, uma fala, uma voz, uma bala,
uma vala, uma foz. Ou seja, a vida de alguem -
a fala e a voz - e a bala que corta essa vida,
levando-a para a vala, 0fim, A visualidade do
poema sugere dois movimentos antagonicos,
embora complementares: 0 da vida e oda morte.
Agora, uma leitura possivel de V oc eJ az p ar te
I, de Nelson Leirner.
Veja a Figura 10,
o pagina 405.
o que vemos?
Urn objeto construido de madeira, aglome-
rado de madeira, ac;o cromado e espelho, qua-
drado, medindo 111,3 cm de lade e 10,2 em deprofundidade. A pec;a e dividida em dezesseis
quadrados identicos, de aco cromado, quinze dos
quais apresentam buracos de fechadura pretos,
com uma chave igualmente preta. Urn unico
deles, 0 que ocupa 0 terceiro lugar, na segunda
fileira, esta pintado de pre to, nao tern a chave e
mostra urn espelho no fundo da fechadura.
As chavessaom6veis,podendo ser giradaspelo
publico para ficar em qualquer posicao desejada.
o titulo deste trabalho artistico apresentadois sentidos denotativos: voce faz parte porque
pode mexer na obra, alterando sua aparencia, e
porque se ve refletido no espelho, passando a
fazer parte integrante da obra.
UNIDADE VI - ESTETICA
Para chegarmos aos sentidos conotativos,
vamos, em primeiro lugar, analisar as funcoes
das fechaduras e das chaves: manter algo guar-
dado, nao disponivel a quem nao detem a posse
da chave; urn outro sentido e 0 do segredo/se-
creto, ambas as palavras derivadas da mesma raiz
latina. Mantem-se segredos guardados a sete
chaves, como no dito popular. Urn outro aspec-
to que precisamos considerar e 0 de olhar pelo
buraco da fechadura, para descobrir 0 segredo
ou 0 secreto, habito bastante difundido entre as
criancas, mas nao s6 entre elas. A fechadura, a
chave representam interdicoes, proibicoes. Se-
param, tambem, 0 publico do privado.
Estes sentidos colorem 0 fato de eu me ver
refletido(a) no fundo da fechadura que me convi-
da a olhar para mim mesmo. Nao olhar a pura
aparencia, como faria em qualquer outro espelho,
mas para 0 segredo, olhar para as facetas que nao
sao publicas e que, talvez, eu nao queira reconhe-
cer nem na privacidade da minha consciencia,
Devemos considerar, agora;0 contexto den-
tro do qual foi criada a obra: Brasil de 1964,
epoca do golpe militar em que 0 pais passa para
o regime de ditadura, que era cheio de segredos
e arquivos secretos sobre a vida politica e priva-
da de inumeros cidadaos, Epoca em que se ini-ciam as torturas e as prisoes politicas, em que
pessoas desaparecem nos poroes do Departa-
mento de Ordem Politica e Social (Dops).
Diante dessa informacao, V oceJaz parte I, ad-
quire outros sentidos: querendo ou nao, todos n6s,
brasileiros, fizernos e fazemos parte da hist6ria
do pais, seja por acao ou por ornissao. Seja por-
que assumimos 0 nosso papel de atores dessa his-
t6ria ou porque nos escondemos dela, pensando
que nao e assunto nosso, mas de politicos.Se consideramos a mesma obra no contex-
to atual, perceberemos que ela tambem pode
levar a reflexao de como tern se tornado urn
habito expor a vida privada na rnidia, por meio
de entrevistas na teve ou em revistas, de progra-
mas como 0 B ig B rother ou ainda nos sites da
internet, que mostram 0 dia-a-dia das pessoas
ou eventos especiais, como urn parto. Isso s6 e
possivel porque ha urn numero grande de pes-
soas interessadas em "olhar pelo buraco da fe-chadura" da vida dos outros, principalmente das
pessoas famosas. B quase uma compensacao d a
existencia anonima que levamos: ao partilhar a
vida privada dos outros, temos a ilusao de parri-
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FILOSOFANDO
Ihar a sua intimidade, de termos um maior nu-
mero de "arnigos".
Desse modo, a obra, que inicialmente pare-
cia uma brincaderra,'se enche de sentido. Tor-
na'--sebela. Ou, talvez, um grande "barato":"E
nos emociona, enche-nos de alegria. de satisfa-
~ . E 0 sentimento de completude.
contexto de producao da obra e de disponibili-
dade interna para entender a arte a partir de
suas propostas -, que e inesgotavel em uma
unica leitura e que nao pode ser traduzida para
outra linguagem sem perder parte de seu con-
teudo, a atribuicao de significados as obras de
arte e uma tarefa que necessita de aprendizado
especifico.
E preciso separar, por razoes didaticas, for-
ma e conteudo para a seguir analisar as particu-
laridades de cada um, notando as transgressoes
do c6digo e como a significacao vai surgindo
da observacao cuidadosa dos elementos deno-
Cenclusae
r
Uma vez que a inforrnacao estetica existe
'i\ dentro de um sistema de cornunicacao mais res-
trito - por exigir 0 conhecimento especifico
de linguagens artisticas, de hist6ria da arte, do tativos e conotativos.
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UNIDADE VI - ESTETICA
minorias culturais nad~ao importantes. Dizemos
que a melhor arte ea,€juela feita por homens de
uma determinada -etnia, Entretanto, hlstorias da
arte poderiarp, ao in r • so, nos inforrnar sabre
culturas e gruposet ue nao 0 domin .
Por exernplo, quais's storias de arte eob]e-tos,de arteentre as s de imigrantes e
populacae aboiigeiil, I dos indios arne
nos)? Quais funC;6es e m .suas tradi~6es artis-
ticas na preservacao e uma identidade etnko,
cultural? Como estas '. (;'oes foram atacadas por
aqueles que queriamassimilar ou subordinar estas
culturas? Estas sao perguntas que podem ser colo-
cadas quando abordamos a hist6ria da arte den-
tro de certos contei
Questao de cornpreensao ..... ~,._.Ji!f&;;;;;,
E :h Faca 0 fichamento do texto, apresentando as seguintes ideias:
a) caracterizacao da informacao estetica:
b) a funcao poetica:
c) funcao das vanguardas artlsticas;
d) interpretacao da obra no nivel do sentimento;
e) a analise da obra de arte.
Questoes de lnterpretacao e problernatlzacao a .._'",_"iG;;;CC···
B:"4 j Por que a arte nos traz 0 conhecimento de um mundo!
r 3 . : ! l Explique 0texto de Suzanne Langer, que inicia este capitulo, discutindo a importancia da forma em arte.
r : ; ; . 4 ] Co mente 0 texto de Ferreira Gullar a seguir, a partir da discussao sobre conteiido e significacao da obra
de arte.
"Nao resta duvida que 0caminho percorrido pela arte nos ulrimos cem anos tendeu preponderantemente a
eliminacao do tema, a come<,:arpelo tema literario: as cenas mitologicas, aleg6ricas ou hist6ricas foram
banidas da pintura pelo impressionismo. 0 artista se voltou para a realidade objetiva: as paisagens e as cenas
da vida modema. Esse defrontar-se com 0presente e um defrontar-se com 0deven i r : Degas capta os gestos
das bailarinas que dancam, Monet capta a luz cambiante da paisagem. E uma pintura onde nao ha her6is,
nao ha hist6ria, nao ha mitos: 0artista elabora as sensacoes que the chegam do mundo que ele ve."
r : : ; T IQualquer obra de arte pode servir para exercfcios de interprctacao. Sempre que houver oportunidade
(visitas a museus, acesso a reproducoes ou livros de arte, alern de filmes, teatro etc.), procure cultivar essa
pratica, individualmente ou em grupo (por exemplo, programando atividades desse tipo e organizando,
depois, debates sobre as impress6es de cada urn).
Questoes sobre as leituras complementares .........._ ............. ...........' '' , . , . , . _ ' '' '' '@ 1 f i ! l ! l i . ' · 2 i ' . . . . .
A partir da leitura complementar I (Ferreira Gullar), responda as questoes 6 e 7.
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FILOSOFANDO
s;:ti~Explique a afirmacao: "Mondrian almoca de costas para a paisagem".
m] A que necessidade responde aobra de Kandinsky?
Utilizando os conceitos do Capitulo 2 - Linguagem e pensamento e 0 texto complementar II deste capitulo,
discuta os temas propostos nas questoes 8 e 9.
A producao artfstica, a construcao da linguagem e 0processo hist6rico e social.
rg ,~~ Se uma linguagem s6 se desenvolve em funcao de um projeto (como afirma Jean-Claude Bernardet, no
texto complementar do Capftulo 2), qual 0projeto que se revela no texto complementar II, apresentado
neste capitulo?
Pesquisa e semlnarlo __ ........... w·_-pc"c, .,.
i~)J Qual 0projeto artistico da Renascenca e como se desenvolve a linguagem pict6rica a partir dele?
Qual 0 projeto artfstico da modernidade e como se desenvolvem as linguagens pict6ricas na prime ira
metade do scculo XX?
~jtlQual 0 projeto artfstico da pos-modernidade e como estao se desenvolvendo as linguagens artfsticas na
contemporaneidade?