filosofia do mito aos pré- socraticos

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http://historiaonline.com.br LISTA DE EXERCÍCIOS: DO MITO À FILOSOFIA PRÉSOCRÁTICA Prof. Rodolfo 1. (Uel 2013) No livro Através do espelho e o que Alice encontrou por lá, a Rainha Vermelha diz uma frase enigmática: Pois aqui, como vê, você tem de correr o mais que pode para continuar no mesmo lugar.(CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p.186.) Já na Grécia antiga, Zenão de Eleia enunciara uma tese também enigmática, segundo a qual o movimento é ilusório, pois “numa corrida, o corredor mais rápido jamais consegue ultrapassar o mais lento, visto o perseguidor ter de primeiro atingir o ponto de onde partiu o perseguido, de tal forma que o mais lento deve manter sempre a dianteira.(ARISTÓTELES. Física. Z 9, 239 b 14. In: KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os Présocráticos. 4.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p.284.) Com base no problema filosófico da ilusão do movimento em Zenão de Eleia, é correto afirmar que seu argumento a) baseiase na observação da natureza e de suas transformações, resultando, por essa razão, numa explicação naturalista pautada pelos sentidos. b) confunde a ordem das coisas materiais (sensível) e a ordem do ser (inteligível), pois avalia o sensível por condições que lhe são estranhas. c) ilustra a problematização da crença numa verdadeira existência do mundo sensível, à qual se chegaria pelos sentidos. d) mostra que o corredor mais rápido ultrapassará inevitavelmente o corredor mais lento, pois isso nos apontam as evidências dos sentidos. e) pressupõe a noção de continuidade entre os instantes, contida no pressuposto da aceleração do movimento entre os corredores. 2. (Ufu 2013) De um modo geral, o conceito de physis no mundo présocrático expressa um princípio de movimento por meio do qual tudo o que existe é gerado e se corrompe. A doutrina de Parmênides, no entanto, tal como relatada pela tradição, aboliu esse princípio e provocou, consequentemente, um sério conflito no debate filosófico posterior, em relação ao modo como conceber o ser. Para Parmênides e seus discípulos: a) A imobilidade é o princípio do nãoser, na medida em que o movimento está em tudo o que existe. b) O movimento é princípio de mudança e a pressuposição de um nãoser. c) Um Ser que jamais muda não existe e, portanto, é fruto de imaginação especulativa. d) O Ser existe como gerador do mundo físico, por isso a realidade empírica é puro ser, ainda que em movimento. 3. (Ufu 2013) Existe uma só sabedoria: reconhecer a inteligência que governa todas as coisas por meio de todas as coisas. Heráclito, DielsKranz, Frag. 41. Por isso é necessário seguir o que é igual para todos, ou seja, o que é comum. De fato, o que é igual para todos coincide com o que é comum. Mas ainda que o logos seja igual para todos, a maior parte dos homens vive como se possuísse dele um conhecimento próprio. Heráclito, DielsKranz, Frag. 2. Com base nos textos acima e em seus conhecimentos sobre a filosofia heraclitiana, responda: a) O que é o logos ao qual o filósofo se refere? b) Explicite a relação existente entre o logos ea inteligência, tal como encontrados nos fragmentos supracitados. 4. (Ufu 2013) A atividade intelectual que se instalou na Grécia a partir do séc. VI a.C. está substancialmente ancorada num exercício especulativoracional. De fato, “[...] não é mais uma atividade mítica (porquanto o mito ainda lhe serve), mas filosófica; e isso quer dizer uma atividade regrada a partir de um comportamento epistêmico de tipo próprio: empírico e racional”. SPINELLI, Miguel. Filósofos Présocráticos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998, p. 32. Sobre a passagem da atividade mítica para a filosófica, na Grécia, assinale a alternativa correta. a) A mentalidade préfilosófica grega é expressão típica de um intelecto primitivo, próprio de sociedades selvagens. b) A filosofia racionalizou o mito, mantendoo como base da sua especulação teórica e adotando a sua metodologia. c) A narrativa míticoreligiosa representa um meio importante de difusão e manutenção de um saber prático fundamental para a vida cotidiana. d) A Ilíada ea Odisseia de Homero são expressões culturais típicas de uma mentalidade filosófica elaborada, crítica e radical, baseada no logos. 5. (Ueg 2013) O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja, recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos quais procura orientar seu comportamento teórico e prático. Entretanto, houve um momento em sua evolução históricosocial em que o ser humano começa a conferir um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades, questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, podese afirmar que a filosofia a) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e que, por meio da elaboração dos sentimentos, das percepções e dos anseios humanos, procura consolidar nossas crenças e opiniões. b) existe desde que existe o ser humano, não havendo um local ou uma época específica para seu nascimento, o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e exige o trabalho da razão. c) inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas e as certezas cotidianas que nos são impostos pela tradição e

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relação de perguntas juntamente com gabarito sobre o tema.

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Page 1: Filosofia Do Mito Aos Pré- Socraticos

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LISTA  DE  EXERCÍCIOS:  DO  MITO  À  FILOSOFIA  PRÉ-­‐SOCRÁTICA    

                                                          Prof.  Rodolfo  

1.  (Uel  2013)    No  livro  Através  do  espelho  e  o  que  Alice  encontrou  por  lá,  a  Rainha  Vermelha  diz  uma  frase  enigmática:  “Pois  aqui,  como  vê,  você  tem  de  correr  o  mais  que  pode  para  continuar  no  mesmo  lugar.”    (CARROL,  L.  Através  do  espelho  e  o  que  Alice  encontrou  por  lá.  

Rio  de  Janeiro:  Zahar,  2009.  p.186.)    Já  na  Grécia  antiga,  Zenão  de  Eleia  enunciara  uma  tese  também  enigmática,  segundo  a  qual  o  movimento  é  ilusório,  pois  “numa  corrida,  o  corredor  mais  rápido  jamais  consegue  ultrapassar  o  mais  lento,  visto  o  perseguidor  ter  de  primeiro  atingir  o  ponto  de  onde  partiu  o  perseguido,  de  tal  forma  que  o  mais  lento  deve  manter  sempre  a  dianteira.”    (ARISTÓTELES.  Física.  Z  9,  239  b  14.  In:  KIRK,  G.  S.;  RAVEN,  J.  E.;  

SCHOFIELD,  M.  Os  Pré-­‐socráticos.  4.ed.  Lisboa:  Fundação  Calouste  Gulbenkian,  1994,  p.284.)  

 Com  base  no  problema  filosófico  da  ilusão  do  movimento  em  Zenão  de  Eleia,  é  correto  afirmar  que  seu  argumento    a)  baseia-­‐se  na  observação  da  natureza  e  de  suas  

transformações,  resultando,  por  essa  razão,  numa  explicação  naturalista  pautada  pelos  sentidos.        

b)  confunde  a  ordem  das  coisas  materiais  (sensível)  e  a  ordem  do  ser  (inteligível),  pois  avalia  o  sensível  por  condições  que  lhe  são  estranhas.        

c)  ilustra  a  problematização  da  crença  numa  verdadeira  existência  do  mundo  sensível,  à  qual  se  chegaria  pelos  sentidos.        

d)  mostra  que  o  corredor  mais  rápido  ultrapassará  inevitavelmente  o  corredor  mais  lento,  pois  isso  nos  apontam  as  evidências  dos  sentidos.        

e)  pressupõe  a  noção  de  continuidade  entre  os  instantes,  contida  no  pressuposto  da  aceleração  do  movimento  entre  os  corredores.        

     2.  (Ufu  2013)    De  um  modo  geral,  o  conceito  de  physis  no  mundo  pré-­‐socrático  expressa  um  princípio  de  movimento  por  meio  do  qual  tudo  o  que  existe  é  gerado  e  se  corrompe.  A  doutrina  de  Parmênides,  no  entanto,  tal  como  relatada  pela  tradição,  aboliu  esse  princípio  e  provocou,  consequentemente,  um  sério  conflito  no  debate  filosófico  posterior,  em  relação  ao  modo  como  conceber  o  ser.    Para  Parmênides  e  seus  discípulos:      a)  A  imobilidade  é  o  princípio  do  não-­‐ser,  na  medida  em  que  o  

movimento  está  em  tudo  o  que  existe.          b)  O  movimento  é  princípio  de  mudança  e  a  pressuposição  de  

um  não-­‐ser.          c)  Um  Ser  que  jamais  muda  não  existe  e,  portanto,  é  fruto  de  

imaginação  especulativa.          d)  O  Ser  existe  como  gerador  do  mundo  físico,  por  isso  a  

realidade  empírica  é  puro  ser,  ainda  que  em  movimento.                3.  (Ufu  2013)    Existe  uma  só  sabedoria:  reconhecer  a  inteligência  que  governa  todas  as  coisas  por  meio  de  todas  as  coisas.    

Heráclito,  Diels-­‐Kranz,  Frag.  41.      

 Por  isso  é  necessário  seguir  o  que  é  igual  para  todos,  ou  seja,  o  que  é  comum.  De  fato,  o  que  é  igual  para  todos  coincide  com  o  que  é  comum.  Mas  ainda  que  o  logos  seja  igual  para  todos,  a  maior  parte  dos  homens  vive  como  se  possuísse  dele  um  conhecimento  próprio.    

Heráclito,  Diels-­‐Kranz,  Frag.  2.        

Com  base  nos  textos  acima  e  em  seus  conhecimentos  sobre  a  filosofia  heraclitiana,  responda:      a)  O  que  é  o  logos  ao  qual  o  filósofo  se  refere?    b)  Explicite  a  relação  existente  entre  o  logos  e  a  inteligência,  

tal  como  encontrados  nos  fragmentos  supracitados.            4.  (Ufu  2013)    A  atividade  intelectual  que  se  instalou  na  Grécia  a  partir  do  séc.  VI  a.C.  está  substancialmente  ancorada  num  exercício  especulativo-­‐racional.  De  fato,  “[...]  não  é  mais  uma  atividade  mítica  (porquanto  o  mito  ainda  lhe  serve),  mas  filosófica;  e  isso  quer  dizer  uma  atividade  regrada  a  partir  de  um  comportamento  epistêmico  de  tipo  próprio:  empírico  e  racional”.    

SPINELLI,  Miguel.  Filósofos  Pré-­‐socráticos.  Porto  Alegre:  EDIPUCRS,  1998,  p.  32.    

 Sobre  a  passagem  da  atividade  mítica  para  a  filosófica,  na  Grécia,  assinale  a  alternativa  correta.      a)  A  mentalidade  pré-­‐filosófica  grega  é  expressão  típica  de  um  

intelecto  primitivo,  próprio  de  sociedades  selvagens.          b)  A  filosofia  racionalizou  o  mito,  mantendo-­‐o  como  base  da  

sua  especulação  teórica  e  adotando  a  sua  metodologia.          c)  A  narrativa  mítico-­‐religiosa  representa  um  meio  importante  

de  difusão  e  manutenção  de  um  saber  prático  fundamental  para  a  vida  cotidiana.          

d)  A  Ilíada  e  a  Odisseia  de  Homero  são  expressões  culturais  típicas  de  uma  mentalidade  filosófica  elaborada,  crítica  e  radical,  baseada  no  logos.        

     5.  (Ueg  2013)    O  ser  humano,  desde  sua  origem,  em  sua  existência  cotidiana,  faz  afirmações,  nega,  deseja,  recusa  e  aprova  coisas  e  pessoas,  elaborando  juízos  de  fato  e  de  valor  por  meio  dos  quais  procura  orientar  seu  comportamento  teórico  e  prático.  Entretanto,  houve  um  momento  em  sua  evolução  histórico-­‐social  em  que  o  ser  humano  começa  a  conferir  um  caráter  filosófico  às  suas  indagações  e  perplexidades,  questionando  racionalmente  suas  crenças,  valores  e  escolhas.  Nesse  sentido,  pode-­‐se  afirmar  que  a  filosofia    a)  é  algo  inerente  ao  ser  humano  desde  sua  origem  e  que,  por  

meio  da  elaboração  dos  sentimentos,  das  percepções  e  dos  anseios  humanos,  procura  consolidar  nossas  crenças  e  opiniões.        

b)  existe  desde  que  existe  o  ser  humano,  não  havendo  um  local  ou  uma  época  específica  para  seu  nascimento,  o  que  nos  autoriza  a  afirmar  que  mesmo  a  mentalidade  mítica  é  também  filosófica  e  exige  o  trabalho  da  razão.        

c)  inicia  sua  investigação  quando  aceitamos  os  dogmas  e  as  certezas  cotidianas  que  nos  são  impostos  pela  tradição  e  

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LISTA  DE  EXERCÍCIOS:  DO  MITO  À  FILOSOFIA  PRÉ-­‐SOCRÁTICA    

                                                          Prof.  Rodolfo  

pela  sociedade,  visando  educar  o  ser  humano  como  cidadão.        

d)  surge  quando  o  ser  humano  começa  a  exigir  provas  e  justificações  racionais  que  validam  ou  invalidam  suas  crenças,  seus  valores  e  suas  práticas,  em  detrimento  da  verdade  revelada  pela  codificação  mítica.        

     6.  (Ueg  2013)    O  surgimento  da  filosofia  entre  os  gregos  (Séc.  VII  a.C.)  é  marcado  por  um  crescente  processo  de  racionalização  da  vida  na  cidade,  em  que  o  ser  humano  abandona  a  verdade  revelada  pela  codificação  mítica  e  passa  a  exigir  uma  explicação  racional  para  a  compreensão  do  mundo  humano  e  do  mundo  natural.  Dentre  os  legados  da  filosofia  grega  para  o  Ocidente,  destaca-­‐se:    a)  a  concepção  política  expressa  em  A  República,  de  Platão,  

segundo  a  qual  os  mais  fortes  devem  governar  sob  um  regime  político  oligárquico.        

b)  a  criação  de  instituições  universitárias  como  a  Academia,  de  Platão,  e  o  Liceu,  de  Aristóteles.        

c)  a  filosofia,  tal  como  surgiu  na  Grécia,  deixou-­‐nos  como  legado  a  recusa  de  uma  fé  inabalável  na  razão  humana  e  a  crença  de  que  sempre  devemos  acreditar  nos  sentimentos.        

d)  a  recusa  em  apresentar  explicações  preestabelecidas  mediante  a  exigência  de  que,  para  cada  fato,  ação  ou  discurso,  seja  encontrado  um  fundamento  racional.        

     7.  (Uncisal  2012)    O  período  pré-­‐socrático  é  o  ponto  inicial  das  reflexões  filosóficas.  Suas  discussões  se  prendem  a  Cosmologia,  sendo  a  determinação  da  physis  (princípio  eterno  e  imutável  que  se  encontra  na  origem  da  natureza  e  de  suas  transformações)  ponto  crucial  de  toda  formulação  filosófica.  Em  tal  contexto,  Leucipo  e  Demócrito  afirmam  ser  a  realidade  percebida  pelos  sentidos  ilusória.  Eles  defendem  que  os  sentidos  apenas  capturam  uma  realidade  superficial,  mutável  e  transitória  que  acreditamos  ser  verdadeira.  Mesmo  que  os  sentidos  apreendam  “as  mutações  das  coisas,  no  fundo,  os  elementos  primordiais  que  constituem  essa  realidade  jamais  se  alteram.”  Assim,  a  realidade  é  uma  coisa  e  o  real  outra.  Para  Leucipo  e  Demócrito  a  physis  é  composta    a)  pelas  quatro  raízes:  o  úmido,  o  seco,  o  quente  e  o  frio.        b)  pela  água.        c)  pelo  fogo.        d)  pelo  ilimitado.        e)  pelos  átomos.              8.  (Enem  2012)    TEXTO  I    Anaxímenes  de  Mileto  disse  que  o  ar  é  o  elemento  originário  de  tudo  o  que  existe,  existiu  e  existirá,  e  que  outras  coisas  provêm  de  sua  descendência.  Quando  o  ar  se  dilata,  transforma-­‐se  em  fogo,  ao  passo  que  os  ventos  são  ar  condensado.  As  nuvens  formam-­‐se  a  partir  do  ar  por  feltragem  e,  ainda  mais  condensadas,  transformam-­‐se  em  água.  A  água,  quando  mais  condensada,  transforma-­‐se  em  terra,  e  quando  condensada  ao  máximo  possível,  transforma-­‐se  em  pedras.    

BURNET,  J.  A  aurora  da  filosofia  grega.  Rio  de  Janeiro:  PUC-­‐Rio,  2006  (adaptado).    

 TEXTO  II    Basílio  Magno,  filósofo  medieval,  escreveu:  “Deus,  como  criador  de  todas  as  coisas,  está  no  princípio  do  mundo  e  dos  tempos.  Quão  parcas  de  conteúdo  se  nos  apresentam,  em  face  desta  concepção,  as  especulações  contraditórias  dos  filósofos,  para  os  quais  o  mundo  se  origina,  ou  de  algum  dos  quatro  elementos,  como  ensinam  os  Jônios,  ou  dos  átomos,  como  julga  Demócrito.  Na  verdade,  dão  a  impressão  de  quererem  ancorar  o  mundo  numa  teia  de  aranha”.    

GILSON,  E.;  BOEHNER,  P.  História  da  Filosofia  Cristã.  São  Paulo:  Vozes,  1991  (adaptado).  

 Filósofos  dos  diversos  tempos  históricos  desenvolveram  teses  para  explicar  a  origem  do  universo,  a  partir  de  uma  explicação  racional.  As  teses  de  Anaxímenes,  filósofo  grego  antigo,  e  de  Basílio,  filósofo  medieval,  têm  em  comum  na  sua  fundamentação  teorias  que    a)  eram  baseadas  nas  ciências  da  natureza.        b)  refutavam  as  teorias  de  filósofos  da  religião.        c)  tinham  origem  nos  mitos  das  civilizações  antigas.        d)  postulavam  um  princípio  originário  para  o  mundo.        e)  defendiam  que  Deus  é  o  princípio  de  todas  as  coisas.              9.  (Ufsj  2012)    Sobre  o  princípio  básico  da  filosofia  pré-­‐socrática,  é  CORRETO  afirmar  que    a)  Tales  de  Mileto,  ao  buscar  um  princípio  unificador  de  todos  

os  seres,  concluiu  que  a  água  era  a  substância  primordial,  a  origem  única  de  todas  as  coisas.        

b)  Anaximandro,  após  observar  sistematicamente  o  mundo  natural,  propôs  que  não  apenas  a  água  poderia  ser  considerada  arché  desse  mundo  em  si  e,  por  isso  mesmo,  incluiu  mais  um  elemento:  o  fogo.        

c)  Anaxímenes  fez  a  união  entre  os  pensamentos  que  o  antecederam  e  concluiu  que  o  princípio  de  todas  as  coisas  não  pode  ser  afirmado,  já  que  tal  princípio  não  está  ao  alcance  dos  sentidos.        

d)  Heráclito  de  Éfeso  afirmou  o  movimento  e  negou  terminantemente  a  luta  dos  contrários  como  gênese  e  unidade  do  mundo,  como  o  quis  Catão,  o  antigo.        

     10.  (Uem  2012)    “A  filosofia  surgiu  quando  alguns  gregos,  admirados  e  espantados  com  a  realidade,  insatisfeitos  com  as  explicações  que  a  tradição  lhes  dera,  começaram  a  fazer  perguntas  e  buscar  respostas  para  elas,  demonstrando  que  o  mundo  e  os  seres  humanos,  os  acontecimentos  materiais  e  as  ações  dos  seres  humanos  podem  ser  conhecidos  pela  razão  humana”      (CHAUI,  Marilena.  Convite  à  filosofia.  São  Paulo:  Editora  Ática,  

2011.  p.32).    Considerando  o  exposto,  assinale  o  que  for  correto.    01)  A  filosofia  surgiu  na  Grécia  durante  o  séc.  VI  a.C..  Apesar  

de  seu  nascimento  ser  considerado  o  “milagre  grego”,  é  conhecida  a  frequentação  de  Atenas  por  outros  sábios  que  viveram  no  século  VI  a.C.,  como  Confúcio  e  Lao  Tse  

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LISTA  DE  EXERCÍCIOS:  DO  MITO  À  FILOSOFIA  PRÉ-­‐SOCRÁTICA    

                                                          Prof.  Rodolfo  

(provenientes  da  China),  Buda  (proveniente  da  Índia)  e  Zaratustra  (proveniente  da  Pérsia),  fazendo  da  filosofia  grega  uma  espécie  de  comunhão  dos  saberes  da  antiguidade.        

02)  O  surgimento  da  filosofia  é  coetâneo  ao  advento  da  pólis  (cidade).  Novas  estruturas  sociais  e  políticas  permitiram  o  desenvolvimento  de  formas  de  racionalidade,  modificadoras  da  prática  do  mito.        

04)  Por  serem  os  únicos  filósofos  a  praticar  a  retórica,  os  sofistas  representam,  indiscutivelmente,  o  ponto  mais  alto  da  filosofia  clássica  grega  (séculos  V  e  IV  a.C.),  ultrapassando  Sócrates,  Platão  e  Aristóteles.        

08)  Filósofo  é  aquele  que  busca  certezas  sem  garantias  de  possuí-­‐las  efetivamente.  Por  essa  razão,  o  filósofo  deseja  o  conhecimento  do  mundo  e  das  práticas  humanas  por  meio  de  critérios  aproximativos  e  compartilhados  (de  aceitação  comum),  através  do  debate.        

16)  A  atividade  filosófica  pode  ser  definida,  entre  outras  habilidades,  pela  capacidade  de  generalização  e  produção  de  conceitos,  encontrando,  sob  a  multiplicidade  de  objetos  do  mundo,  relações  de  semelhança  e  de  identidade.        

     11.  (Unb  2012)    No  início  do  século  XX,  estudiosos  esforçaram-­‐se  em  mostrar  a  continuidade,  na  Grécia  Antiga,  entre  mito  e  filosofia,  opondo-­‐se  a  teses  anteriores,  que  advogavam  a  descontinuidade  entre  ambos.  A  continuidade  entre  mito  e  filosofia,  no  entanto,  não  foi  entendida  univocamente.  Alguns  estudiosos,  como  Cornford  e  Jaeger,  consideraram  que  as  perguntas  acerca  da  origem  do  mundo  e  das  coisas  haviam  sido  respondidas  pelos  mitos  e  pela  filosofia  nascente,  dado  que  os  primeiros  filósofos  haviam  suprimido  os  aspectos  antropomórficos  e  fantásticos  dos  mitos.    Ainda  no  século  XX,  Vernant,  mesmo  aceitando  certa  continuidade  entre  mito  e  filosofia,  criticou  seus  predecessores,  ao  rejeitar  a  ideia  de  que  a  filosofia  apenas  afirmava,  de  outra  maneira,  o  mesmo  que  o  mito.  Assim,  a  discussão  sobre  a  especificidade  da  filosofia  em  relação  ao  mito  foi  retomada.    Considerando  o  breve  histórico  acima,  concernente  à  relação  entre  o  mito  e  a  filosofia  nascente,  assinale  a  opção  que  expressa,  de  forma  mais  adequada,  essa  relação  na  Grécia  Antiga.    a)  O  mito  é  a  expressão  mais  acabada  da  religiosidade  arcaica,  

e  a  filosofia  corresponde  ao  advento  da  razão  liberada  da  religiosidade.        

b)  O  mito  é  uma  narrativa  em  que  a  origem  do  mundo  é  apresentada  imaginativamente,  e  a  filosofia  caracteriza-­‐se  como  explicação  racional  que  retoma  questões  presentes  no  mito.        

c)  O  mito  fundamenta-­‐se  no  rito,  é  infantil,  pré-­‐lógico  e  irracional,  e  a  filosofia,  também  fundamentada  no  rito,  corresponde  ao  surgimento  da  razão  na  Grécia  Antiga.        

d)  O  mito  descreve  nascimentos  sucessivos,  incluída  a  origem  do  ser,  e  a  filosofia  descreve  a  origem  do  ser  a  partir  do  dilema  insuperável  entre  caos  e  medida.        

     

12.  (Unioeste  2012)    “É  no  plano  político  que  a  Razão,  na  Grécia,  primeiramente  se  exprimiu,  constituiu-­‐se  e  formou-­‐se.  A  experiência  social  pode  tornar-­‐se  entre  os  gregos  o  objeto  de  uma  reflexão  positiva,  porque  se  prestava,  na  cidade,  a  um  debate  público  de  argumentos.  O  declínio  do  mito  data  do  dia  em  que  os  primeiros  Sábios  puseram  em  discussão  a  ordem  humana,  procuraram  defini-­‐la  em  si  mesma,  traduzi-­‐la  em  fórmulas  acessíveis  a  sua  inteligência,  aplicar-­‐lhe  a  norma  do  número  e  da  medida.  Assim  se  destacou  e  se  definiu  um  pensamento  propriamente  político,  exterior  a  religião,  com  seu  vocabulário,  seus  conceitos,  seus  princípios,  suas  vistas  teóricas.  Este  pensamento  marcou  profundamente  a  mentalidade  do  homem  antigo;  caracteriza  uma  civilização  que  não  deixou,  enquanto  permaneceu  viva,  de  considerar  a  vida  pública  como  o  coroamento  da  atividade  humana”.    Considerando  a  citação  acima,  extraída  do  livro  As  origens  do  pensamento  grego,  de  Jean  Pierre  Vernant,  e  os  conhecimentos  da  relação  entre  mito  e  filosofia,  é  incorreto  afirmar  que    a)  os  filósofos  gregos  ocupavam-­‐se  das  matemáticas  e  delas  se  

serviam  para  constituir  um  ideal  de  pensamento  que  deveria  orientar  a  vida  pública  do  homem  grego.        

b)  a  discussão  racional  dos  Sábios  que  traduziu  a  ordem  humana  em  fórmulas  acessíveis  a  inteligência  causou  o  abandono  do  mito  e,  com  ele,  o  fim  da  religião  e  a  decorrente  exclusividade  do  pensamento  racional  na  Grécia.        

c)  a  atividade  humana  grega,  desde  a  invenção  da  política,  encontrava  seu  sentido  principalmente  na  vida  pública,  na  qual  o  debate  de  argumentos  era  orientado  por  princípios  racionais,  conceitos  e  vocabulário  próprios.        

d)  a  política,  por  valorizar  o  debate  publico  de  argumentos  que  todos  os  cidadãos  podem  compreender  e  discutir,  comunicar  e  transmitir,  se  distancia  dos  discursos  compreensíveis  apenas  pelos  iniciados  em  mistérios  sagrados  e  contribui  para  a  constituição  do  pensamento  filosófico  orientado  pela  Razão.        

e)  ainda  que  o  pensamento  filosófico  prime  pela  racionalidade,  alguns  filósofos,  mesmo  após  o  declínio  do  pensamento  mitológico,  recorreram  a  narrativas  mitológicas  para  expressar  suas  ideias;  exemplo  disso  e  o  “Mito  de  Er”  utilizado  por  Platão  para  encerrar  sua  principal  obra,  A  República.        

     13.  (Ueg  2011)    No  século  V  a.C.,  Atenas  vivia  o  auge  de  sua  democracia.  Nesse  mesmo  período,  os  teatros  estavam  lotados,  afinal,  as  tragédias  chamavam  cada  vez  mais  a  atenção.  Outro  aspecto  importante  da  civilização  grega  da  época  eram  os  discursos  proferidos  na  ágora.  Para  obter  a  aprovação  da  maioria,  esses  pronunciamentos  deveriam  conter  argumentos  sólidos  e  persuasivos.  Nesse  caso,  alguns  cidadãos  procuravam  aperfeiçoar  sua  habilidade  de  discursar.  Isso  favoreceu  o  surgimento  de  um  grupo  de  filósofos  que  dominavam  a  arte  da  oratória.  Esses  filósofos  vinham  de  diferentes  cidades  e  ensinavam  sua  arte  em  troca  de  pagamento.  Eles  foram  duramente  criticados  por  Sócrates  e  são  conhecidos  como    a)  maniqueistas.        

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LISTA  DE  EXERCÍCIOS:  DO  MITO  À  FILOSOFIA  PRÉ-­‐SOCRÁTICA    

                                                          Prof.  Rodolfo  

b)  hedonistas.        c)  epicuristas.        d)  sofistas.              14.  (Uenp  2011)    Mario  Quintana,  no  poema  “As  coisas”,  traduziu  o  sentimento  comum  dos  primeiros  filósofos  da  seguinte  maneira:  “O  encanto  sobrenatural  que  há  nas  coisas  da  Natureza!  [...]  se  nelas  algo  te  dá  encanto  ou  medo,  não  me  digas  que  seja  feia  ou  má,  é,  acaso,  singular”.  Os  primeiros  filósofos  da  antiguidade  clássica  grega  se  preocupavam  com:    a)  Cosmologia,  estudando  a  origem  do  Cosmos,  contrapondo  a  

tradição  mitológica  das  narrativas  cosmogônicas  e  teogônicas.        

b)  Política,  discutindo  as  formas  de  organização  da  polis  e  estabelecendo  as  regras  da  democracia.        

c)  Ética,  desenvolvendo  uma  filosofia  dos  valores  e  da  vida  virtuosa.        

d)  Epistemologia,  procurando  estabelecer  as  origens  e  limites  do  conhecimento  verdadeiro.        

e)  Ontologia,  construindo  uma  teoria  do  ser  e  do  substrato  da  realidade.        

     15.  (Unicentro  2010)    Leia  o  fragmento  de  um  texto  pré-­‐socrático:    “Ainda  outra  coisa  te  direi.  Não  há  nascimento  para  nenhuma  das  coisas  mortais,  como  não  há  fim  na  morte  funesta,  mas  somente  composição  e  dissociação  dos  elementos  compostos:  nascimento  não  é  mais  do  que  um  nome  usado  pelos  homens”.      

(EMPÉDOCLES.  Apud  ARANHA/  MARTINS.  Filosofando:  Introdução  à  Filosofia.  3ª  Ed.,  São  Paulo:  Moderna,  2006  -­‐  p.  

86.).    A  respeito  da  relação  entre  mythos  e  logos  (razão)  no  início  da  filosofia  grega,  analise  as  assertivas  e  assinale  a  alternativa  que  aponta  as  corretas.    I.  O  fragmento  acima  denota  a  “luta  de  forças”  opostas  na  massa  dos  membros  humanos,  que  ora  unem-­‐se  pelo  amor  –  no  início  todos  os  membros  que  atingiram  a  corporeidade  da  vida  florescente  –,  ora  divididos  pela  força  da  discórdia,  erram  separados  nas  linhas  da  vida.  Assim  ocorre  também  com  todos  os  outros  seres  na  natureza.  

II.  A  verdade  filosófica  apresenta-­‐se  no  pensamento  de  Empédocles  através  de  uma  estrutura  lógica  muito  distante  da  “verdade”  expressa  nos  relatos  míticos  dos  gregos  arcaicos.  

III.  Nascimento  e  morte,  no  texto  de  Empédocles,  são  apresentados  por  meio  de  representações  míticas  que  o  filósofo  retira  de  uma  tradição  religiosa  presente  ainda  em  seu  tempo.  Essas  imagens,  consequentemente,  se  transpõem,  sem  deixarem  de  ser  místicas,  em  uma  filosofia  que  quer  captar  a  verdadeira  essência  da  realidade  física.  

IV.  O  fragmento  denota  continuidade  do  pensamento  mítico  no  início  da  filosofia,  pois  estão  presentes  ainda  o  uso  de  certas  estruturas  comuns  de  explicação.    

a)  Apenas  II,  III  e  IV  estão  corretas.        b)  Apenas  I,  III  e  IV  estão  corretas.        c)  Apenas  I  e  II  estão  corretas.        d)  Apenas  I  e  IV  estão  corretas.        e)  Apenas  I,  II  e  IV  estão  corretas.              

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Gabarito:        Resposta  da  questão  1:    [C]    O  argumento  de  Zenão  problematiza  a  tese  de  que  o  espaço,  conceitualmente  dado,  é  divisível.  Portanto,  o  seu  argumento  parte  da  suposição  da  verdade  dessa  qualidade  do  espaço,  sua  divisibilidade,  para  provar  o  seu  absurdo.  Se  considerarmos  possível  a  divisão  do  espaço,  então  teremos  que  assumir,  por  exemplo,  que  é  impossível  Aquiles  ultrapassar  a  tartaruga  em  uma  corrida,  pois  para  Aquiles  ultrapassar  a  tartaruga  ele  teria  antes  que  ultrapassar  a  metade  da  distância  entre  eles,  e  depois  a  metade  da  metade,  e  depois  a  metade  da  metade,  assim  por  diante  infinitamente,  de  modo  que  Aquiles  nunca  sairia  do  seu  lugar  de  origem.  Como  isso  é  absurdo,  então  o  espaço  não  é  efetivamente  divisível  e  sim  uno;  também,  o  movimento  é  ilusório,  pois  não  existe  um  percurso  que  se  percorre,  afinal  não  se  pode  realmente  dividir  o  espaço.          Resposta  da  questão  2:    [B]    O  conceito  de  physis  entre  os  pré-­‐socráticos  expressa  basicamente  o  princípio  gerador,  constituinte  e  ordenador  de  todas  as  coisas.  Segundo  Parmênides,  este  princípio  é  aquilo  que  racionalmente  compreendemos  ser  sempre  e  nunca  mutante,  sendo  o  seu  contrário  justamente  o  não-­‐ser.  É  uma  tese  difícil  de  apreendermos,  como  se  pode  observar  no  seguinte  trecho  do  seu  poema:    

“eu  te  direi,  e  tu,  recebe  a  palavra  que  ouviste,  os  únicos  caminhos  de  inquérito  que  são  a  pensar:  o  primeiro,  que  é;  e,  portanto,  que  não  é  não  ser,  

de  Persuasão,  é  caminho,  pois  à  verdade  acompanha.  O  outro,  que  não  é;  e,  portanto,  que  é  preciso  não-­‐ser.  Eu  te  digo  que  este  último  é  atalho  de  todo  não  crível,  

Pois  nem  conhecerias  o  que  não  é,  nem  o  dirias...”    

(tradução  de  José  Cavalcante  de  Souza,  “Parmênides  de  Eléia”,  in  Os  pré-­‐socráticos,  coleção  Os  Pensadores)          Resposta  da  questão  3:  

 a)  O  logos,  no  pensamento  de  Heráclito,  é  o  princípio,  ou  seja,  é  o  mundo  como  devir  eterno,  é  a  guerra  entre  os  contrários  que  possuem  em  si  mesmos  a  existência  própria  e  do  oposto,  é  a  unidade  da  multiplicidade  na  qual  “tudo  é  um”,  é  o  fogo,  é  o  conhecimento  verdadeiro.  O  logos  é  a  exposição  de  um  único  mundo  comum  a  todos.  

 b)  O  logos  possui  no  seu  sentido  comum  um  caráter  contingente,  quer  dizer,  qualquer  homem  é  capaz  de  construir  uma  narrativa,  um  discurso  sobre  o  mundo.  E  Heráclito  diz  que  o  mais  o  corriqueiro  é  exatamente  a  construção  arbitrária  e  parcial  disto  que  antes  de  tudo  deveria  ser  comum.  Ele,  então,  alerta  sobre  a  necessidade  de  que  o  logos  não  seja  exposto  sem  que  antes  haja  o  reconhecimento  da  inteligência  

que  torna  isto  aparentemente  diverso  em  algo  unido  sob  um  único  governo,  a  saber,  o  logos  comum.          Resposta  da  questão  4:    [C]    A  Filosofia  difere  fundamentalmente  do  mito,  pois  este  é  um  discurso  baseado  na  autoridade  religiosa  e  aquela  é  um  discurso  baseado  na  racionalidade  de  todo  e  qualquer  cidadão.  O  desenvolvimento  da  Filosofia  está  muitíssimo  próximo  do  desenvolvimento  das  cidades-­‐estados  gregas  que  deixavam  de  tomar  decisões  concordantes  com  os  aconselhamentos  dos  oráculos  e  passavam  a  tomar  suas  decisões  através  do  diálogo  entre  homens  igualmente  racionais.  De  todo  modo,  a  narrativa  mítico-­‐religiosa  possuía  sua  importância  por  garantir  a  sobrevivência  de  tradições,  que  definiam  a  cultura  dos  povos  e  mantinham  os  cidadãos  convivendo  de  modo  relativamente  harmonioso.        Resposta  da  questão  5:    [D]    A  filosofia  nasce,  historicamente,  em  um  período  da  Grécia  antiga  no  qual  se  modificava  a  maneira  com  que  os  homens  se  relacionavam.  Sendo  que  os  mitos  organizavam  toda  a  vida  social,  consolidando  práticas  e  cerimônias  religiosas  nas  famílias,  entre  as  famílias,  nas  tribos,  entre  cidades,  etc.,  a  sua  modificação,  ou  até  extinção,  inevitavelmente  faria  renascer,  distinta,  a  organização  das  relações  dos  homens  entre  eles  mesmos  nas  casas  e  na  cidade.  A  filosofia,  por  conseguinte,  tem  sua  origem  em  duas  modificações  uma  contextual  e  outra  subjetiva,  isto  é,  uma  modificação  na  cidade  e  outra  no  próprio  homem.  As  modificações  da  cidade  e  da  própria  subjetividade  se  confundem,  pois  a  própria  cidade  deixa  de  se  conformar  com  certas  tradições  religiosas  e  a  própria  subjetividade,  com  o  passar  das  gerações,  deixa  de  prezar  os  valores  ancestrais  organizados  nos  mitos.  Com  essas  mudanças,  a  cidade  e  o  homem  passam  a  se  constituir  a  partir  de  outras  práticas  consideradas  fundamentais,  como  o  pensamento  racional  –  um  pensamento  com  começo,  meio  e  fim  e  justificado  pela  a  experiência  do  mundo,  sem  o  auxílio  de  entes  inalcançáveis.        Resposta  da  questão  6:    [D]    No  período  em  questão,  as  cidades  passam  a  se  organizar  de  uma  maneira  distinta,  livrando-­‐se  de  uma  centralização  na  figura  de  um  rei  (anax)  e  estabelecendo  a  figura  de  vários  líderes  (basileus).  Nesta  nova  ordem,  o  rei  não  é  capaz  de  dar  a  ordem  para  ser  obedecido  incondicionalmente  e  os  vários  líderes  devem  ser  convencidos  da  ação  necessária  pela  racionalidade  do  argumento,  e  não  pela  coerção.  Essa  necessidade  de  argumentar  racionaliza  os  procedimentos  deliberativos  da  cidade  e  acabam  por  estabelecer  uma  ordem  na  qual  a  tradição  passa  a  ser  afastada  de  pouco  em  pouco  por  sua  inaptidão  em  atender  problemas  de  ordem  prática  com  eficiência.      

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 Resposta  da  questão  7:    [E]    O  pensamento  de  Demócrito  e  Leucipo  é  chamado  de  atomístico,  por  considerarem  que  todas  as  coisas  são  constituídas  por  elementos  indivisíveis,  que  estão  em  constante  movimento  e  se  agrupam  de  formas  diversas,  formando  os  corpos.  Esses  elementos  indivisíveis  é  que  são  chamados  de  átomos.        Resposta  da  questão  8:    [D]    Anaxímenes  de  Mileto  (585–528  a.C.)  é  um  filósofo  pré-­‐socrático  preocupado  com  a  cosmologia,  isto  é,  preocupado  com  a  ordenação  das  coisas  que  compões  o  mundo.  Desse  modo,  a  sua  filosofia  posiciona  princípios  dos  quais  ele  pensa  poder  derivar  de  maneira  coerente  e  coesa  o  sentido  da  existência  de  tudo  que  há  na  natureza.  Já  São  Basílio  Magno  (329–379  d.C.)  é  um  teólogo  preocupado  com  a  propagação  da  verdade  revelada  pela  Bíblia,  o  livro  que  já  oferece  toda  a  ordenação  das  coisas  que  compõem  o  mundo.  Desse  modo,  Deus  não  é  exatamente  um  princípio  do  qual  se  origina  o  mundo,  mas  sim  o  próprio  criador  desse  mundo,  o  seu  dono  e  conhecedor  de  todas  as  suas  regras  cosmológicas.          Resposta  da  questão  9:    [A]      Somente  a  alternativa  [A]  está  correta.  Anaximandro  considerava  que  a  arché  do  mundo  era  o  ilimitado,  e  não  a  água  e  o  fogo.  Anaxímenes,  diferenciando-­‐se  de  Anaximandro,  afirmava  que  a  origem  das  coisas  era  o  ar.  Por  fim,  Heráclito  concebia  o  mundo  justamente  como  um  movimento  de  luta  dos  contrários.        Resposta  da  questão  10:    02  +  08  +  16  =  26.    O  surgimento  da  filosofia  só  foi  possível  graças  às  transformações  sociais  e  econômicas  ocorridas  na  Grécia,  permitindo  o  surgimento  dessa  nova  modalidade  de  conhecimento,  dito  filosófico.  Filosofia  significa  uma  atitude  crítica  frente  ao  mundo  e  que  não  se  contenta  com  os  conhecimentos  aparentes.  Desta  forma,  o  filósofo  cria  conceitos  que  o  ajudam  a  chegar  mais  perto  da  verdade,  ainda  que  não  tenha  qualquer  garantia  que  irá  conseguir  chegar  a  ela  ou  não.        Resposta  da  questão  11:    [B]      A  alternativa  [B]  é  a  mais  correta.  O  mito  pode  ser  caracterizado  pela  sua  narrativa  fantástica  e  que  serve  de  modelo  explicativo  sobre  a  origem  das  coisas  e  do  porquê  delas  serem  como  são.  A  filosofia,  em  contrapartida,  ainda  que  faça  indagações  similares  a  essas,  rejeita  as  explicações  

fantásticas,  considerando  a  razão  como  critério  de  veracidade  de  suas  análises  e  explicações.        Resposta  da  questão  12:    [B]    O  nascimento  da  filosofia  não  significou  o  abandono  absoluto  dos  mitos,  que  continuaram  presentes  tanto  na  cultura  grega  quanto  em  obras  filosóficas,  como  recursos  de  argumentação,  como  bem  apresenta  a  alternativa  [E].        Resposta  da  questão  13:    [D]    É  um  tanto  complicado  chamar  os  conhecidos  sofistas  de  filósofos,  afinal  eles  eram  conhecidos  como  sofistas,  e  não  como  filósofos,  e  existe  um  motivo  para  tal  diferenciação.  Basicamente,  a  diferença  está  na  relação  com  o  conhecimento  que  cada  um  dos  tipos  mantém.  O  sofista  possui  um  relacionamento  técnico  com  o  conhecimento,  isto  é,  o  sofista  domina  a  opinião  (dóxa)  e  faz  uso  técnico  deste  tipo  de  conhecimento  para  estabelecer  posições  relativas,  com  força  argumentativa  menor  ou  maior.  O  filósofo  possui  um  relacionamento  amoroso  com  o  conhecimento,  isto  é,  o  filósofo  deseja  conhecer  e,  por  conseguinte,  busca,  através  de  uma  investigação  rigorosa,  desvelar  a  verdade  (alétheia)  por  trás  das  opiniões  particulares  que  cada  homem  possui  sobre  as  coisas  do  mundo.  Portanto,  por  serem  tipos  bastante  distintos  é  mais  interessante  que  não  sejam  confundidos  e  sejam  expostos  na  sua  diferença  para  que  enriqueçam  a  história  da  antiguidade  grega.        Resposta  da  questão  14:    [A]    O  período  pré-­‐socrático  ou  cosmológico,  do  final  do  século  VII  ao  final  do  século  IV  a.C.  ,  se  deu  quando  a  Filosofia  ocupou-­‐se  fundamentalmente  com  a  origem  do  mundo  e  suas  transformações  na  natureza,  pois  entre  outras  coisas  não  admite  a  criação  do  mundo  a  partir  do  nada,  mas  a  afirma  a  geração  de  todas  as  coisas  por  um  princípio  natural  de  onde  tudo  vem  e  para  onde  tudo  retorna.        Resposta  da  questão  15:    [A]    A  filosofia  pré-­‐socrática  pode  ser  considerada  como  uma  filosofia  de  transição  do  pensamento  mítico  para  o  pensamento  filosófico  propriamente  dito.  Assim  sendo,  encontramos  muitos  elementos  míticos  nos  escritos  desses  pensadores,  como  é  o  caso  de  Empédocles.  Este,  para  fazer  uma  abordagem  filosófica  da  morte,  utiliza-­‐se  de  representações  míticas.  Nesse  sentido,  podemos  dizer  que  as  afirmativas  II,  III  e  IV  são  todas  corretas.  Em  contraposição  está  a  afirmativa  I,  que  é  incorreta  por  introduzir  a  ideia  de  “luta  de  forças”,  que  é  de  Heráclito,  e  não  de  Empédocles.