fisioterapia - as várias maneiras de cuidar
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Palestra da Ft. Ana Márcia B. Magalhães para o Primeiro Simpósio CUIDAR DE IDOSOS - "As Várias Maneiras de Cuidar'TRANSCRIPT
Cuidar do Idoso Dependente
FT Ana Márcia Borges Magalhães
Coordenadora da Equipe de Fisioterapia Hospital Albert Sabin.
Especialista Pneumofuncional e Cardio-Respiratória Universidade Castelo Branco.
Cuidar do Idoso Dependente
Caros colegas, A idéia de falar para vocês partiu da
coordenação deste curso, do nosso estimado Dr. Márcio Borges a quem tenho uma grande admiração pessoal e profissional, e há mais de dez anos trabalhando ao seu lado testemunho seu empenho no trabalho interdisciplinar.
Minha perspectiva é clínica, peço licença a todos vocês para apresentar um olhar clínico nesta importante questão que é do cuidar do idoso dependente.
O número de idosos no Brasil já é um dos maiores do mundo, 14,5 milhões ( IBGE, 2002) a perspectiva em 2025 é de 30 milhões de idosos ( Tosta 30, 2000); portanto o aumento da assistência domiciliar e o idoso dependente é um fenômeno observado em diversos países, inclusive no Brasil.
A incapacidade funcional exerce grande efeito negativo no bem estar individual, gerando mais necessidade de assistência formal e informal e cuidados por longo período ( Jette, 1996).
Causas de Incapacidade Funcional
Osteoartroses HAS Insuficiência cardíaca Diabetes Doenças coronarianas e cérebro vasculares DPOC
Sendo assim, nós fisioterapeutas temos um importante papel no tratamento do idoso dependente:
Retardar os processos inerentes ao envelhecimento.
Orientar como evitar os fatores que estimulem o envelhecimento prematuro ou patológico.
Reduzir ao máximo as situações que gerem perda da independência e autonomia.
Segundo a OMS os profissionais que atuam com idosos com doenças crônicas devem basear sua avaliação, objetivos e conduta, dentro do novo modelo para classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde ( CIF), que preconiza as conseqüências funcionais não apenas relacionadas às doenças e suas implicações na estrutura corporal, há outras dimensões, como a própria atividade que está sendo executada pelo individuo, os aspectos psicológicos, sociais e ambientais.
Alterações no Processo de Envelhecimento Normal
Lentificação de atividades motoras grossas. Redução da habilidade em atividades motoras
finas. Aumento das respostas dos reflexos
profundos. Declínio no desempenho de tarefas
psicometricas e de atenção. Aumento do tempo de reação. Presença de alguns reflexos primitivos e de
sinais extra-piramidais leve. Alterações de linguagem e outros.
Kluger e col. (1997) relatam que a presença destas alterações no envelhecimento fisiológico, pode ser um preditor para a ocorrência de declínios cognitivos e de demência.
Subdimensões das Atividades de Vida Diária
Básicas Instrumentais Avançadas
Alimentação Dirigir um carro Apresentar-se em publico
Banho Atender ao telefone
Trabalhar voluntariamente
Higiene pessoal Fazer compras Buscar o neto na escola
Continência Lidar com dinheiro e contas
Freqüentar um curso
Vestimenta Preparar uma refeição
Utilizar caixa eletrônico e computador
Essa diminuição das atividades funcionais, é multifatorial:
Perda da força muscular. Da resistência cardio-vascular. Alterações do equilíbrio e marcha. Falta de estimulo ou paciência dos cuidadores
e familiares.
Nas demências, as perdas funcionais ocorrem inicialmente nas atividades mais complexas progredindo para a mais básica.
Na fase terminal da demência, o paciente passa a depender totalmente dos cuidadores para a transferência, higiene e alimentação, nesta fase sua capacidade funcional é nula.
Quando trabalhamos com o idoso dependente, uma situação importantíssima é sabermos distinguir autonomia de independência funcional:
Autonomia: é a capacidade do indivíduo tomar decisões, ponderar sobre suas opiniões e vontades, considerando seu estado emocional, cognitivos e eventos anteriormente vividos.
Independência Funcional: requer aspectos relacionados à capacidade física, para realizar determinada tarefa, além de aspectos cognitivos e emocionais para a realização da tarefa.
Com freqüência observamos indivíduos com limitações funcionais importantes, porém motivados com sua recuperação,ao contrário observamos indivíduos com pequenas limitações porém não motivados.
E o fisioterapeuta, como intervir?
Intervir no que é tratável, trabalhar a potencialidade, isto é, excluem-se os déficits e as limitações e enfatiza-se o que o paciente tem preservado, baseando-se na CIF da OMS.
Manter a capacidade física pelo maior tempo possível, possibilitando que a dificuldade em realizar as atividades funcionais não ocorra antecipadamente em decorrência dos aspectos físicos.
Para nós profissionais que trabalhamos com reabilitação, aprendizagem é uma palavra de extrema importância, implica em mudança de um comportamento por meio da experiência, a aprendizagem modifica programas inatos pré determinados geneticamente a partir da interação com o meio ambiente requerendo esforço da parte do individuo que aprende; assim depende de motivação e treino e só pode ser efetiva se houver memória ou seja, a capacidade de estocar conhecimento adquirido.
Como a motivação é um processo interno diferente do incentivo, sendo este externo, cabe à nós, fisioterapeutas através de criatividades palavras de incentivos, estabelecer metas, assim como envolver o cuidador para conseguir o progresso durante as sessões.
Em gerontologia, a fisioterapia tem sua intervenção baseada no preceito de que mesmo doenças crônico-degenerativas incuráveis apresentam potenciais de investimento em reabilitação.
Vejam como a atividade física e a fisioterapia trazem benefícios aos idosos:
Aumento da perfusão sanguínea cerebral. Redução do tempo de reação. Liberação de neurotransmissores e ativação de
centros corticais relacionados ao bem estar. Melhora da coordenação, agilidade, força
muscular, flexibilidade e do equilíbrio. Melhora a rapidez da resposta cognitiva, a
retenção de novas informações. Integração social, auto estima. Reduz sintomas depressivos e regulação do
sono vigília
Cuidados na Conduta Fisioterápica.
PA acima 160 x 100 mmhg, mesmo os exercícios passivos ou de alongamento devem ser suspensos.
Monitorar os idosos cardiopatas e pneumopatas.
Observar sintomas de tontura e apnéia durante os exercícios.
Solicitar que o idoso não prenda a respiração e não conte as repetições do exercício.
Comando claro e compreensível.
Evitar duplas tarefas (ex.: pedir para que ele conte o final de semana e ao mesmo tempo realizar um exercício).
Terapeuta demonstrar o exercício para o paciente para que ele utilize o recurso da imitação (melhora do desempenho, lembram?)
Sempre que possível realizar atividades em grupo.
Objetivos e Tratamento
Promover analgesia através de recursos como termoterapia, fototerapia, eletroterapia e manipulações, acupuntura e massoterapia.
Modificações no ambiente para evitar quedas (retirar tapetes, instalar iluminações claras, barras para segurança no banheiro e outros).
Prescrever dispositivos de auxílio à marcha. Utilizar os vários recursos para as atividades
fisioterápicas como: apoio com bolas, faixas elásticas, pranchas de estimulo a propriocepção, bastões, barras paralelas, pesos e caneleiras.
Melhora da força muscular. Manter amplitude de movimento. Adequar ou reduzir o tonos muscular. Melhorar ou manter o equilíbrio. Melhorar ou manter a deambulação. Melhorar volumes e capacidades respiratórias
através de dispositivos e incentivadores (cooch, flutter, respiron, voldayne e etc.).
Evitar síndrome do imobilismo e suas complicações.
Realizar higiene brônquica.
Bibliografia
KATO, E. M. ; RADANOVIC, M . Fisioterapia nas demências. Rio de Janeiro: Atheneu, 2007. v. 1.
Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia - Fisioterapia domiciliar aplicada ao idoso
Guccione, Andrew A. Fisioterapia Geriátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002
LILACS - Pesquisa : 455454