fonte dos que dormem/viagem a andara oo livro invisível vicente franz cecim
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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VIAGEM A ANDARA oO LIVRO INVISVEL
VICENTE FRANZ CECIM
FONTE DOS QUE DORMEM
POEMAS
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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I
OS DIAS CONSAGRADOS
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Cinzas do Caminho que se encontra
porque o dia que passa agora um Sol negro nos Passos humanos, sobre ns,
eute acolho em minha Sombrade Ternura para o Incndio das Fontes que viro
E se dizes, dos meus passos: So meus passoseu digo dos teus passos: So Teus passos
E assim,indo,
aVe
que o Vento nos ventos: Destinos de areia
j no sabe se conduz ao Crepsculoou se a Aurora j a Penumbra que cintila em nossos Olhos,
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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porque outra vez Somos o que fomos
Eis:
a AsaInvisvel
murmurante no Horizonte
Pois agora Teumeu o Corpo Entre Vus
oO Pas
soque vindo,
no passar
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na via Lenta
este o caminho das
Grades,e ouves no fundo da Terra portes de ferro voltando ao p,
como tu
Mas Tu no cumprirs toda a Profecia
Afinal,no chegaste pela rua da tua Infncia? No tropeaste na porta da Sede e a gua te ergueu?
No testemunhas o regresso das rvores em Sonhos
eno passa Dentro de tia Outra via?
leve
Queleva Leveza invisvel
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esboando no Sem Rumo
quando passas, em Si se esconde a rvoredos Negros Corais
tu passeias sem Clamorquem sabe: At cantes
e o Caminho no longo
no colheste nenhum fruto,mas os Corais vo contigo
e teus Passos vo deixando Rumor de treva e gua profunda, poiste seguem, Negros, os Corais
rvore dos Negros Corais
quando passas em Tise esconde
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a Residncia entre Clares est nas cinzas
Agarrado ao teu Tronco,
como no lamentarias a queda dos Frutos?
Perdido de Ti,
como colherias a Sementeno ar
e a semearias nas noites da Fadiga?
Para isso: ouvirAquilo que chama na Sombra
Para aquilo, verIsso: o Anel de Luz
na noite que mais pede sacrifcios Aurora dos Destinos
ao passo
mais fiel ao caminho para a casa tombada, L: onde a Curvano horizonteoferta a Esfera ao fechar dos Crculos
gua de murmrios dos Teus Olhos
Asa murmurante que no pousa
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Celebrao das noites fatigadas
h Desesperos circulares, Tu sabes desesperos
como o do animal no Escuro escuro
Girando
contido no Centro que seu giro gera
E a cada giro, Puraemisso de intensidade busca as margens para Alm das margens
E a cada giro, o NoEscrita de grades: a palavra Dor no a palavra Sim
Mais um giro, e eis: a Queda
Luz fenecendo
Oo
Centro que desmorona, desfalece em centro
E se esmorece
o Desespero, e sese apaga: Se sob a pele Negra olhos se ocultam,
na harpa de grades a pausa breve e no h Msica
pois foi escrito no Bosque Sem Ternuras, em nossa Face: Que os olhos que uma vez sefechem outra vez se abram,
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e eles se abrem,
Clio sem paz se
acende o Desespero
e Testemunha: as Grades permanecem L
E
se adormece para os Sonos dos Alvios? Sem
remdio Semremdio,
porque sonha Grades
ah, tudo oculta em sonhos a Catedral de cinzas
as Margens
o Crculo
e a chave perdida
Animal escuro,
te tornaste o prprio Centro escuro
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Tece teus clios de Hera sagrada
Cintila
nas noites Sonha
com a Alvura
No sabes que Outro centroO
te Ilumina,
mais Escuro?
h Desesperos circulares, Tu sabes
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Caminho dos corpos lentos
E o Cu? Sepergunta a Terra,
enquanto desces ao encontro do Teu Centro
eis: a espreita do Suspeito de Si Mesmo
Eis a Penumbra da gua em silncioNa Fonte,no so Longos os peixes que te incineram
Ainda uma vez um Sim de pedrase ocultou
na Noite,
e enquanto tombas vais lembrando que No s
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Noite de nutries profundas
Para nutrir o Lodo,tu no escreves Tu
s o Livro
que se lana em todas as direes nas Regies Escuras: AgoraoO Crculocintilante
que te envolve
E nos limites da Esfera,se te voltas para te ver Fonteque se jorra,v:
o Outro,
gua que no Centro da Esfera ainda L s tu de novo, murmurando:
Tu
s o Livro,que se lana: Chama
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na noite do Gro luminoso
Quando a Esfera cantou na Penumbra para a Dvida
a Vida o que
coisa que a si SeFaz
longe, em Ti
ouviste O Eco
s
isso
e nada Mais
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rvore de Negros Corais e dos silncios do Cu
Submerso
em Si como um homem
esquecido pelas paisagenS
E vagando
Como se um mundo No existisseUm mundo nocomo um mundo Sim
E convivendo com Ausncia e Sombra
Quase deitado na linha do Horizonte, e sem temer a Lmina, e com os ps pisoteandoestrelas:
dana,
mas no O Danarino
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a parte dos Dons
mas
Se
nutrires em Tia Metamorfose da Esfera,
ouve e Celebra o teu rumor de Hera
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H
e
} quando o Silncio horizontal se disser, te despindo, o Fulgor que se tudo em crculos vagando sobre a Esfera vier se Delatar a ti comoMscara para esmagamentos > a horda escura e a Histriae o ir e o ir e o ir dos frutos retornantes s sementes
mas noo Virda Semente ao Fruto que ns chamamos Vida
e
quando na Clareira, Nutestemunhares o desabrochar da Hera
#
Ento
} haver um dia seguinte
E nesse DiaManh do Caminho sem caminhos,despertando
abrirs a porta da tua casa
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e vers
a Constelao Sem Centro
Porque o Centro tombou sem rumor toda a Noite para a Terra
Ests outra vez na rua onde passou por ti a Vertigem, a Tua Infncia
E agora } o Centro
s Tu
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Caminho longo
OoO
o
O
oO
Oo
OoO
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II
FONTE DOS QUE DORMEM
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A colheita das paisagens
Para descer o cu terra num antro mais cheio de murmrios
aquilO
que morre nas florescantaum Rumor de luz
Eu escuto, na Residncia da Semente Branca daqueles que tiveram o p esquerdodevorado por ovelhas
Eu nutro: os caminhos apagadosEu nutro: a mais antiga, a Viso que veio ao encontro dos que voem busca
da espera de Si mesmos
Eu no sou a sementede uma intensidade nua de espinhos, eu no sou
Eu no sou
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Fonte das constelaes
Sem semear ossos no fim da tardee vindo ao encontro dos teus olhos nos Caminhos das espreitas,
eu buscoo segredo luminosodaTuagua
Soprando as cinzas,mais humano que o Limo
Este o Passo de Sombras
Esta a Noite em que o cu vir beber nosso rumor de terra
Aqui
Eu espero
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Como uma Construo erguida para baixo
rio em Silncio, e serpentes: A Palavrainterminvel
mente
calada
mente de Aves Profundas
e um Carrilho de Luz
soando na Penumbra dos Seus Olhos,
dAquilo que escureceas manhs de cinzas
as pedras dos dedos da Orao
quando o mais Alto se ergue
e depe o Muro Branco das Idadescomo Transparncia
no deserto Inundadodos Teus sonhos: Clio
da Carne,
e Rumor de Bosque Escuro
Curva dos Lbiosque no dizem - Rio
l, ondea gua Escura de um Abismo
Aquele que teve os olhos Seladosj no aguarda a Aurora das Virtudes: o Guardio de Sombras
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Aurora das virtudes
Quando a terra se abre aos nossos ps,quando a terra se abriu aos nossos ps
e vindo a ausncia da Ausente, veio a Ausncia
do ausente
e A que devorvamos na Sombra estava atrasada, e vindo
a que espervamos estava atrasada
Caminho lentoque a terra ainda no abrira aos nossos ps
ainda Tantas vezes O teu silncio e a Plpebraque no quis nos ver
Tantas vezes o Conselho: Solua sem espreitas
Tu me nutriste de Escombros,
como uma construo erguida para baixono era os passos
Vocao de Olhos mais Escurosquando a mo se abriu
para tocar O cu
No eram os Passos dos que vieram antes
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Sim
Quando a rvore sem trguas descer do cu
como saber: Se um homem vem por degraus
no corao da nave submersa nos Seus Olhos,
antesque a Inquietante fale as Palavrasmas no aps o silncio das Virtudes
indoao Encontro das lpides Flutuantes e das guasse erguendo para a Sede
e na penumbra oh na Penumbrade um Encanto
eda Esfera tombada no Caminho
por Onde ainda Passam os que passaram antesNa penumbra oh na Penumbra,
enquanto espera a tempestade, a: Tempestade
nos
Repousos
dos
Teus
Passos
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Lodo das espcies
As Catedrais de Luzes j foram semeadasno Centeio Negro
e no te voltas para colher a Sombra
OQue Ora est ausenteonde murmura Silncio a Serpente
Agora aquele que aguardou a Alvuradespertou na nvoa e sem olhos
Agora, Aquilo se lanou nas guas e
sem guelrasNenhum Clio
desvia o P de um homem das Visesdo Florescerao Fenecerda vida,
indo
tu sers o Escombro de Lgrimas
Canto Mais ImpuroOcantandoSe um Oceano de pedras descesseuma palavra No te espera
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Reino que Se curva
Quando a Mente, sem espinhos,torturou Teu Sangue
veio a lgrima
e O orvalho te doou
O Lago
Na Solidose tinge o Lodo
Ainda a carne a Submersa na pedraque o teu Dom adormece
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Estao das seivas
No era a Infncia ainda,pois foi antes
Instante
sem tempo, O cancelado instantede Ressurreies
do P
enteNoiteente de murmrios: uma semente,apenas Uma bastaria, Escura
Se
no Silncio de Seivas em que nasceste
o teu Luar acolhesse a serpente
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Corpo nu da Demanda profunda
Tomba,
quando vir Tona coberto de Cinzas
quando dar s Fontes suas mos de Encantos em runas at Seca folha lgrima Raiz da Desfolhada no nascida
quando dir ao outroOnascendo do seu Lado Esquerdo com a ferrugemdas Catedrais partidas- Busca
O ourO Escuro
para onde, para onde
Irindo,indo
com sua imortalidade de lenis de Alvura: O naufragado em terra,caminhando sobre guas brancas que no v
Pde despedidas de reencontros de Trevas murmurantes
Pedra de Queda como um fruto: o Fruto Oque alcana a outra margem: Oo
Fervor de LimoLevanta vo para baixo
Quando obter a recusa da Envolvente?
e o No lhe ser um Dom
de Indiferena
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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que poupar, por Desprezoque poupar, pelo silncio
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Respirando face a Face
Quando a Me se ergue na Alvorada,
quanta Espessura no sutilquanta Presena no vazio
que contm
a mo dentro de Si, oculta de si mesma
Oco e Noite Esferada Espcie
Uma estrela desliza nos teus Olhosbuscando a Origem da Luz
na luz do Dia
De Rastros, animais imensos mais antigos
te dizemque j foste e ests Aqui, escuro
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Purificaes da imagem maculada
nenhuma Ausncia mais ser sentidaaquela que Devora consolando
foi embora
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Passo em sonho
A Construo de Carne est nas Trevas
e um Silncio Branco
ressoa em toda parte: o
Ausentepermanece
o que deixam seus Ossos com sons de flautapara a Msica
e o Vento da Vida
Ns no somos um cortejo de Runasns no somos Ns
no somos os que vieram atrs do Mantorevestido de algascelebrando o Encanto e o Musgo
que a gua dos Olhos no lava Nsno permanecemos
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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indistintos
na Paisagem dos Crepsculos Ns no
tememos
a nossa Fome das Aurorasnossa embriagus de Vinho Plido
enquanto passamos, e passamos,
exatamente
Agora
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Iluso das Sedes
agora, diante de ti est o Muro
que no existe
Construo mental
que esmaga
Mas teus cabelos, Antro de Musgo que te sonha, ainda sentem falta
das ramagens longas, das Ascenses
e da Floresta,
onde os teus Passos percorrendo insetos, mas te apoiando com Ternura nas Sementes,
te dizem:
que logo vir o Limo sobre a Pedra cravada nos teus Olhos
Pois continuas l, e a Fonte e o Fruto,
ainda L,
Agora
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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no dizerSim
infinito o que est Dentro in
terno?
Pois no magoas
esta Paisagem
Paraso
que sem rancor acolhes sob os Clios, ex
terna
na Pedra da Meditaoem que Te dormes
e te v
um Horizonte todo em torno de Miragens,sobre a Terra
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Para abolir os lances de dados
unes com a Asa o Vento e a rvore
e Agora ds adeus a ti, no Escuro
H gua e Fogo e Terra e Ar
e a Msica a Voz
que fala o que nenhum homem ainda Se disse
oO Eucriou a Si
e ao seu redor a Esfera o Crculo a Vida
e a Multido da Semente
Ests na Aurora do teu pensamento
oO d eu stem muitos eus
nossa habitada Constelao de Ser
seu Fruto e Cinzas
a Tua Criana Invisvel
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Mais simples que o sono da pedra
agora vem Aquele
que lana para Titua mo cheia de ervas, e no h Eras entre doishomens de limo
Agora,
te ouve em Teus Ouvidos te fala nos Teus Lbios Ej Sabias o que te dizcom gestos de aprendiz de Vinho e Sangue
Est te olhando dos Teus Olhos
Contempla: a Paisagem das Espcies
onde se faz a Colheita dos Dons
nenhum Espelho Nenhum espelho
O Semeado
Agora,ests onde Stu Te Esperas
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O que passou na Noite e no foi visto
Nada,
e Mais Alm
Uma Esperana de Murmrios
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Residncia Profunda
s tens a ti
e um Gesto se desfaz no Ar
Fala da Ponte
Onde a Palavra, oca, simula madeira
Para onde te voltes, no ests
E Ningum
que seja Algum espera, Se no existes
Dizer: Espelho de miragens
E Despertar dos Sentimentos de Ausncia,
abandonar os ps:
j no se movam nem te mantenham em ti
E no entanto uma Ave canta
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A Tarde j foi Manh
e h Leitos com promessas de Ternuras
noite, acolhe a Tua Penumbra
Tu lembras o Nome vago que no dizesTeu Alento ergue o p at Teus Olhos
Um animal antigo ainda teu irmoH Luta preenchendo o intervalo dos seresUm pensamento Deserto se nutre de areiaH ondas de Lgrimas nos Oceanos, longeCinzas retornando ao Fogo, com brandurasOssos de Flautas, ouves, se Incineram
E no entanto, uma Ave canta
e s aqutico como: No Princpio Era o Verbo,
sobre as guas
Silncio Silncio
Na Tarde houve uma Manh
S tens um Ti,
e um Gesto desfaz se no ar
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Lua das idades
Sob o Clio submerso
Onde um sol jamais ilumina
E no ar mais Elevado, vendo a Ave respirando o P
da Terra
Onde no houve o que Ver, do que passou na Noite
E depois das Lentides e Cantos
E Antigo como um homem de Madeira na janela,
se abrindo
flutuante
aos Oceanos
E no fundo de Ti
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Silncio dos nomes
Indiferente e lento
mas como um movimento Adormecido
E no Deserto Verde
Diante de uma Casa de Penumbra
Quem saberiaO que dizer desta Paisagem onde um homem
semeado
Diante de uma casa em um deserto verde
espera
Indiferente e Lento
Mas com um movimento Adormecido
Antes da Aurora
E a Vida, num Sussurro, ainda no nasceu em parte alguma
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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para subir montanhas Murmurantes
Ali,
onde em cada corpo humano h um s homem
L
onde se renem para as Festas do Medo
passa uma Ave que nos v: Espelhos ocultos emespelhos
Cinzas
dos Campos de SilnciosemeadosdeVida Ausente cada um em si
E Odor
vindo do Crculo do Horizonteguiar
os Passos a no dar,
pois ests A, Fantasma
da Amizade
Ponte
que sonha a Alucinao dos Gestos
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Para alegrar uma esquina deserta
Assim que tu habitas umaMeditao
Peixes de Estrelas e rvores e se apagando ao teu redor
no teu Rosto de Terra
Onde
No todos choram juntos noTodos riem juntos, e No se sabe
at Saber:que uma Lgrima Meditao de Tudo
E o Riso: Meditao de Tudo
e Essesso os Dons da Semente Una Oca
Escuta: O Eco,aqui
O sermoscomo Aves de Dois Cantos
enquanto, L,
O sorrindo chora O chorando ri
Enquanto passa uma Nau de Silncio
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Asa dos olhos
Quando um Lagofor lanado num Crculo
fora do tempo
por mos vazias antes do gesto
Quem
estar na Margempara receber, sem mos,
as Doaes do Centro adormecido
que Se amplia
despertado
em gratides gratides gratides
em Cinzas Cinzas Cinzas
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Quando descerem em Ti escuro e sol
A ltima
gota de gua acaba de subir aos Cus e a Terra
no mais
a Esfera de Miragens
Agora,
esses seres de Lgrimas banidos dos Teus Olhos
buscam Refgio
na Tua Mo de P
E no s o Lago
O Uivo em Tua em Memria no a Pedra que lanastevoltando tona
Um homem Sua Curva s por ter nascido
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Ests
entre a Aurora e o Crepsculo
como uma Ddiva
que se oculta antes do Gesto
Deita no Centro do leito da Serpente
Se
confundires os perdes escuros com a Lentido
da Tua Estrela,
ests perdido
Tudo Caverna e ecoa
Consulta os Clamores da Vida
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Se o Adormecido leva um Gesto aos lbios
no Falar
para no nascer do Seu Ouvido
em Rumor O
no dito, lentamente no
Ouvir
para no nascer no meu ouvido
em Ramagens A
no dita, lentamente no
para no assustar as Ramagens do Rumor
indo e vindo
entre ns
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Asa no Ar
Exalado pelo Alento: por que veio o Homem de VentoInalado pelo Alento, para Onde voltar?
E a O Que Quem perguntaaquina Breve Residncia
onde Asa de Sombra
dO sidoedO no ser
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Um passo antes das Cinzas
Bastante silencioso
e Ausente
mas caminhando atravs de Onde em si h Ningum
Um olhar mais fechado, para ser Amplo para acolher aConstelaoque no cabe nos olhos
para no esquecer que algum
onde no h ningum
E a Gotejante, ouam: Est chamando, a cada umpelo seu Nome
a Cada nenhum nome que no Diz
Ali,
onde a Fonte mais transforma Luz em Sombras
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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visto no Vazio
E ento entendes:
que tudo que Passa se sonha um Eu,
e toda neblina quer Ser
E essa a Origem
da Lgrima
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Fonte dos que dormem
como se fosse uma centelha: } a Transparente
com som de guas at o afogamento
e Asas cristalinas de Pudor
e O sangue
se desfazendo em lgrima a Gotaonde um relmpago de patas mais selvagens
e a desabrochando: } a Constelao
suas figuras de Musgo suas serpentes de espinho
e O Jamais se acabar [ Suas Serpentes de Espinhosde chegardAquelequeSempre passar
como o Cordo dO Tempo nos Teus Olhos }
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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III
SERDESPANTO
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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- Tu s o gro do espanto. Escuta
o ter nascido
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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ave do bico tranqilo
teme o ninho que os homens,entre naufrgios,chamamo lar,a terra
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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O som das guas, Filho
O som das guas, Filho, estou ouvindo
Estou ouvindo a hera e a ervae o teu espantoquando refeito , Filhoo milagre do tato
Estou ouvindo
Estamos juntos ouvindo a noite que mais geraos espinhos de sedae aquela que fabrica mais fantasmas
e no que fui, a seiva que no flui,a que mais permanecee a que no desespera em sua paixo pela pedra em nossa mo
Tu sabes o que no sabes, Filho, eu sei
Um sol mais negro vem nascendo em cada peitopara dar ao ouvido do homemum canto mais escuro
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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a Voz a Msica
A Voz
Existe a Noite sagradae nela Eu estou, no fundo dos cus que no existem
como uma criana em seu bero
velado
Velando.
Do fundo dos cus, do fundo da Noite sagrada que no noiteEu cintilo
a Luz
que envolve e anima a vida.
Eu sou a Origem. Eu estou L na origem de tudo.
Eu sou o Mantenedor, Eu sou o Destruidor. Por isso Eu tambm estou Aqui
vindo da Noite,
em plena luz
onde vocs esto
A Msica,
se desprendendo das cinzas de Serdespanto. Ouam a msica
A Msica
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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E primeiro eu vi: a senda : Viver Sem ViverE segundo eu vi: a senha : Viver Sem Viver Viver
E depois eu vi: a senha : tudo tem sentido
E depois eu vi: a senda : nada tem sentido
Ento eu vi: a senha OEu em mim
vendo
E a senda Oeu na vida
vivendo
A Msica
cessa e regressa,vindo das cinzas de Serdespanto
A Msica, ouam
nima que anima a vida desalmada da matria, estou te vendo
Matria e Mater, Me terra
- Me, eu chamava quando ainda ser de espanto,mas leve imergia em sonhos, longe do peso da terra
A Msica
Atravessar o que nos nega, chegar ao SimE assim
que tu vers o que eu vi das cinzas: a madeira incendiadae nela estava escrito, no: Tu, deixa toda a tua esperanae sim:um V que vela o caminho para o Eu grande
e um Z que zela no caminho do eu pequeno
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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pois pelo Eu vendoo eu na vida vivendo
que cessa a luta dos eus,entre asas negras e brancas
e o Eu grande e o eu pequeno
se unem no Eu Um, Eumque ex-sou serei sido sendo
Sendo L sido Aqui por onde flu, e no fui
Agora, dispersas as cinzassou sido ser o NoSim ser sempre sendo
A voz
vem ainda uma vez das cinzas de Serdes- panto,antes que se faa o silncio de Andara na terra inteira e em todo o cu
antes que uma brisa leve, vinda do cu ou da terra, no se sabe,sesomos s homenzinhos vivendo,doe essas cinzas a um invisvel e outro vento
A voz. E diz
A senha e a senda colher os ossos do osso Pai
E nessa voz um eco, sussurranteque tambm quer me falar, me diz: Vicente, ser de espanto, em teu espanto
e sem mimmas em mim
que tu sonhas Andara ir e vir, minha a tua viageme ela s
atravs da Origem e do Mantenedor e do Destruidor de ti
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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E dessa voz ainda uma vez o eco,
e sussurrante, a fonte de cinzas: Vicente, em meu Espanto
e sem mimmas em mim
que tu sonhas Andara ir e vir, e a tua viagemela s atravs da Origem e do Mantenedor e do Destruidor em ti
no fundo da Noite sagrada,Eu tambm sendo o Estrondo e o Espanto
e O espanto de mim
#
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Bem-vindo casa incendiada
Eu agradeo a vocs por existirem: meus ouvidos de madeiras sonoraspor existirem
e porque agora estou ouvindo as estrelase as cinzas
e as portas esto abertas para as chamas
e as luzes dos meus olhos sem infnciase parecema um amontoado de pedrinhas desbotadasque me falam cinzase me dizem cinzase sussurram e desbotadasmurmuramque o pior ainda no foi ter nascido das suspeitasdas montanhas
para as cinzas de outro ser
levado pelo ventonas tempestades da carnesob o cu e a rvore que doou a madeira
e doar seus frutos j sabemoss descendncias
e s chuvase s foices pouco brandas ah to pouco branca a veia aberta em nossos sonhosonde um rio de areia passa em outro sono
Em nossos sonhos as palavrassuspiros dos homensesperam
a msica que um dia nascer das heras
e j tendo escurecido em meus olhos de sonospendem estes jardins aflitosas nossas cabeas
e agradecem aos olhos os seus silncios
e por jamais sorrirempara as guas das lgrimas
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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e perdoam terra por ter nascido
e perdoam os caminhos rendas de ramos escurospor haverem de ns se perdido
onde a gua e as cinzas
j no bebem a alvura
a alvura
a alvura
a alvura
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Bem-vindo terra semeada
Oh Terra
Ah Me que no mente
e mata seu filho com um murmrio ardente
Dado ao nadadepois de semeado
quem de mim relanar o dado
quem sem mimsemear a semente?
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Bem-vindo ao rumor das cinzas
Mas eis que a gua chega
e j tarde demais para viver tarde demais
As cinzasvieram antes
e o fogo adormece apagado
E no entanto preciso beber precisoa gua das cinzas
E um sonho ser um homem at os ossose suas canes do corpoque nenhum ouvido ouveque nenhuma boca canta
Ou s a boca de uma sombra cantar
Ento que sejam assim as doaes mais purasE crepitantes sejamos ossos se doando s cinzasem que um dia iro se transformarAh crepitantes canes Ah sombras do corpo nu e nuas
Rendas tecida no escuro
por amor a um rumor de guas mais obscuras
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Bem-vindo ao estranho mundo
Em algum lugar do estranho mundomos se tocam em silncio brancoAh o encanto da carne
quando esquecida a existncia do deusque causa a dor
Uma ave vai pousando em seu ninho,traz nos olhos os espantos do dia que se acaba, se acaba
Mas a tarde nos serena, com a promessade que logo vai anoitecer
para novamente nos tornarmos sombras, nos tornarmos sombras,
nos tornarmos sombras
Devolvidos aos ninhos escuros, escuros, escuros
Ah como nos assusta caminhar sob um solA este lado da esferaainda no veio o tempo do repouso A terra geme,a fatigada, fatigada
Os homens nos caminhos do crepsculo da raa
perderam seus olhosnos clios pesados de bronzes antigos As esttuas com ndoas de vergonhas,a vergonha, a vergonha
Nunca mais tu ouvisteo sino que chamava os gestos brandos do fundodo templo
Ah a sina
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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do efmero encarnada em tudo que se move nossa voltaMas tu ouves num inseto de outono o Insetodo outonoAs folhas que se fecham sem desprezo
Num ramo que se parte e cai sozinho,nenhuma fora negativa pousou neste inverno
No estranho mundo, algum est deixandoo pequeno portoem seu leito de morte,
e isso nos faz mais lentos do que o cedro transformado em leito macio
porque de madrugada algum, que ser outro,acaba de nascer na casa verde ao lado
Ah o ir e vir dos viajantes pelas estrelas, as estrelas,as estrelasComo tem poder um gesto
branco brancoquando vm do fundo na noite os silnciosem que nasce a flor a rubra da ternura
noite a noite a noite
banhar as frontes que sonham serenas o serenoUm co se encosta ao donoe ao seu odor humano
Ah como lento este aprender a semelhana
entre a pata do animal e o gesto humano
Misteriosa, uma estrela agora desce sobre o bosquedos destinosA filha dos pntanos se agasalha em folhagens negrasO sol tem um ritmo de sangue,anunciando um novo despertar do mundo
Ah como renasce este outro lado da terra, a dourada, para a luzUm emblema de paixo te dado a cada diaE o vinho est servido nos sentidos
para ser bebido por aqueles que tiveram as suas mos feridas, feridas,as feridas
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Claro e escuro o mundoClaro e escuro o mundo
Ah o espanto daquele que desperta aps um breve sono O anjo, em ossose sangueSe adormeceu no fim da tardee abre os olhos na penumbraque no sabese anuncia um anoitecer de pedraou ainda a areia as auroras da vida
Por algum tempo, permanece mudoE no pode se dizer o que vir depois, se luz, se treva
Ah a garganta quando quer cantar uma cano de pura luz
Ah o irmo perdido Ah a voz que prefere calardiante do crime do irmo
Em algum lugar do estranho mundomos se tocam em silncio branco,olhos se olham em virtude azulada,
peles se roam na intimidade dos amigos
Ah os ninhos que se constri com o afagadoe o murmurado
Quem so aqueles dois que agora cruzam a ponte
entre suspiros e brumas,
ignorando o co de ferro que late em seus calcanhares
Levando um peixe de ouro, o pescador de sonhosEi-lo que vai voltando para o recanto do estranho mundo onde ergueu sua casade palha e centelha convivendo em paz
Ah a ave distendendo as asasno amanhecer do ninho, o ninho
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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para reiniciar a aventura da leveza
Como leve esta pedra no caminho
Como longo o culto rvore
em que se enterram as razes da famliae o choro da criana pela primeira vez
No tires a tua mo da claridade
da minha mo cansada que repousa em ti,para ocultar na sombra
Ah
no esperes o receiopara te abrigar em meu peito, diz a voz brandae longe uiva a fera do adeus
Quem so aqueles que atravessam a pontesem temer o co de ferro, a vidaE por que ainda est ausente o peixe
As plancies de escamas, ao longe, ao longe ao longe Mais uma estrelacaiu dos teus olhos
Ah os que caminham juntos sobre as guase a pacincia do homem com a madeira
para fazer a casa e a cama
onde o recm-nascido acaba de chorar pela primeira vez
enquanto a vida tambm constri para eleuma ponte
e um latir de ferro em seu calcanharapontado para o cu,enquanto o sangue verde lhe desce cabeaenquanto o olhar da me de lbios lvidos
Ah o nome que daremos a tudo issoque nos envolve,
e que chamamos vida,
quando voltarem os tempos perdidosao regressarmos aos ninhos de vero,
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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dois a doisatravessando a ponte,
pisando as marcas dos passos dados pelos anos puros
Aquela que tece a l generosa
porque cr no balido do amigo,
ahcomo a chamaremos depois que cessar nosso primeiro choroe a Casa ao lado for a nossa casa?
Ah o encanto da carne
quando esquecida a existncia do deusque causa a dor
Ah o encanto da dor
quando esquecida a existncia do deusque causa a carne
Mos se tocam em silncio branco
em algum lugar do branco e estranho mundo
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Silncio do gro agora. Silncio humano e vegetal
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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A voz humana
A voz do gro
O ter nascido, o renascido
o. O
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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IV
MSICA DO SANGUE DAS ESTRELAS
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Para aquele que cai
O principal terror desceu cantando a montanha Mximaat o Mnimo refgio do ser
E depois veio o tempo
Flor das mais estranhas, que jamais saberiao sabor da amizadeMesmo que fosse um mritodeclarar ao mundo que ali ainda um anjo, alionde desceste um dia, espera
soluando, negro e espiando a vida
A verdade no divina que tingiram o vinhodo teu sanguesem derramar uma gota no oceanoE o trabalho de purificar a renda negra do peitofoi para ti um corpo de criana
O que passou sem patas por a?
Os que temiam as vinhasno foram os mesmos que ofertavam com rigor fraternidade das rochas
Passaram os dias de recusa
Nas trevas,as pedras das trevas temendo um leite mais doce
Ento, sempre um excesso de nuvensO sol branco
nunca ser essa coisa de homens semeadosem campos de prantose colhidos por ningum
Ningum para viver com lbios que no dizem: Luz
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de murmurar na gua dos ossos,
Luz de tudo isso que se erguee se inclina para ti
como a onda que traz os peixes da Vergonha
O principal terror desceu cantando a montanha Mxima
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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A parte dos dons
A submisso das espcies E tudo isso que jaz
sob esses hinos aos musgos
Depois, viriam aqueles que escutassemas rvores murmuradas pelo ventoEm outras relvas, outros tambm j tiverama ma da inocncia
no lado esquerdo do peitoEu,
palavra desconhecida dos homens que dormem,no sou o dia claro sobre o tmulo de um reique sobreviveentre o centeio negroAinda poderia dizer, sem os lbios que perdinuma noite de sol,tudoo que esqueci, se aguardasse a pele nova
da serpente
Dizer: Quando o tronco da vida se retesae se abranda o arco,
para que no resseque,devia ser beijado pela mo humana
Dizer: Tambm eram pequenos os animais buscando o ninhodo rfo silencioso,
e ningum sabe o amanh
Ento, por um claro da carne,talvez o hmus iria sorrir o seu humor na pedra
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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A impacincia das sementes
O lao estava armado E o sol se ps,com um rumor escuro,
para que o animal conhecesse a armadilha,para que a armadilha conhecesse o animal
Quantas vezes euesperei por ti, minha Sombra
e em mim nenhum passo foi dado que anunciasse a Tua chegada
Para que haja um esprito, as florestas cantam ventosExiste uma rvore raradando seu fruto vida
E ningum sabe porqueos sis brotam todo dia
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Os grandes mestres
h Uma qualidade que os homens ignoram: viver menosQueda que a pedra da memria
e mais do que as serpentes reconhecem: O odor humano
Estentre as estrelas morrendo nos seus sonhose a terra fria afagada contra o peito
antes de lanar um sol sobre as suas vtimas
Se isso se parece um pouco com as residncias do male com casas perdidas em si mesmas,
foram os Clices da espcie que deram vida a nutrio e os tumultosEu falo da inveno da sedePorque o homem o animal de areia que d sentido s fontes do real
e quanto a noite cai,bebemos a gua escura do ventre das mulheres
Mas vejam: o escorpio instalou as suas ferragens
O cu tem suas lgrimas em silncio
O caracol da voz,quando sussurra os enigmas da chuva,sabe:Quase nunca tempoQuase nunca tempo
para o perfume do sangue
Quase nunca tempode permanecer humano
Esses rios tm espelhos partidos, e tudo o que foi submerso
um caos perdido
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Sete homens tristes
Agora nasce Aqueleque um lago fundo onde lanamos cinzas
Agora volta,para dizer a palavra nada
Agora senta pela primeira vez na pedra
e sonha com gua
e inclina a fronteOnde lanamos cinzas
sempre e ainda esta a terra sob estrelas,
a fruta noturnaonde a luz das nossas faces iluminava faces mais antigas
E sempre e ainda este o solque nos rene para os dias de irmos,
quando mos perdidas achavam as nossas mos
O alado e o fervilhante,
o cu,
ainda dura aps a lua dos olhos
Mas se um homem se turva na esperana,como salgar a palavra dos aflitos?
Aqui ningum mais nutrea boca seca das hipteses
Levantar uma pedra mais leve,despertar todo o ninho da espcie
Tudo isso ainda seria a vida
para o ausente
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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indo pelos vales onde baliu a amizade extraviadadas coisas pelas coisasSe voltasse em ns Aquilo que pela primeira vez sentou na pedra
e, para beber a gua,
inclinou a fronte
para sonhar a inexistente fonte
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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quele que dorme sem sono
Os teus corpos, Um de Carne e Outro de Sombra,envolve em leos
pois so dois, e o segundo mais real
preciso ver num sonhoa paisagem das verdades
onde insetos vm pousar em nossas mosH palavras que os homens no dizem
H guas to amargas,filho,
que se recusam a devolver s fontesas antigas possibilidades musicais da espcie
Mas as luas da febre
esto passando
sobre os lugares onde a sombra humana ainda ir passar
Um longo caminho no sinal de eternidade
Ningum ainda foi ouvir o silncio das estrelas
E no ter colhido o mel,a um murmrio de distncia dos teus lbios,salgou ainda mais as colmias eternas
lenta a economia daqueles que aqui esquecem o sabor do sal
E h uns que temem a queda das unhas no inverno,e h outros que pararam a vidanuma estao vazia
preciso ir paisagem das verdades: Insetos pousariamem nossas mos: Os ouvidos humanosso cavernas escuras
Agora nascero razes,quando esperavas asas
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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E quem sabe um dia viro frutos
para te dar ao leite coagulado,
suficiente ter nascido
Suficiente ser a sede, pois s por isso se obtevea ddivados lagos e da gota de veneno
e um oceano de lgrimaspara encher os olhos de ternura
O que tu sabes de ti?Somente que j vai comeando a desacelerao do ventoem teus cabelos
A menos que desas no caminho, para colher as imagensque foram caindo da nossa memria,
ests perdidoA menos que subas, ao avistar uma montanha de homens
que foram virados do avesso, os ossos por fora,a carne por dentro,
e te prostres em adorao ao p,
em que esses homens se tornaro?
Chama o vento com o ar dos teus pulmespor amor s cinzas
Estas perdido
Entre a festa para receber,com festa humana,
e uma esperana de ferrugensSob os sons das estrelas,uma esperana de ferrugens
o que te fere a sombra
e ests perdido
A melhor coisa que fazese a pior, ser parar a circulao contnua da mquina
Prova uma gota do nosso sangue,
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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e aceita, sorrindo,que isso aconteceu,
que foram caindo da nossa memriaa polpa e a seiva, tingidas de vermelho
Um futuro de rodas que j no rodaropara as colheitas do destino
Entrega o nosso trem ao delrio de uma florestavirgem a cada dia
E a voz que te diz isso:
ao menos uma vezteremos o ferro do nosso dispensvel corao
Ento, por que no semear de mos vazias?
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Caminho que os olhos no viram
Vento e passagem,
vento e passagem
Agora, jogar num poo
Agora, beber sem sede
Agora, dormir de novoaninhado no peito do animal que semeiaa semente de areia
Os dias de nascer no so os dias de sorte
Na Casa dos homens as sombras vm cedo,mal nasce c
da dia
de fazer o bem e o mal
Estamos buscando a fonteE ningum pode ver a invisvel, A
pensativa fronteFogo
apagado, enquanto ardemos no ser,
e vamos de ser em sersem poder dar nem receber
Se ouve essa voz na folhagemSe entra com passoscaiados, e se vai por entre sombras nas paisagens da verdadeVento e passagem,
vento e passagem
Agora, jogar num poo
Agora, beber sem sede
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Agora, dormir de novo
Agora, descer sem olhosrumo gua que salgou os oceanos e as lgrimas
Agora apagarcom dedosde ervasa chama de uma vela
e ver que escureceu mais uma estrela
Vento e passagem,
vento e passagem
Quais so os gestos para brilhar mais de uma noite?S h
sis se pondo e luas pela metade?Se isso j fosse a percorrida paisagem
Acima, embaixo
eis o caminho da ida
De puro amor pelas cinzas,frutos entram pelos ps descalosdando adeus ao lugar luminoso da partida
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Para lavar o tecido em outras guas
O que veste o homempara os dias do animal?
As rendas da carne,elas vestem o homem para os dias do animal
As rendas do nascimento, as rendas da morte,
elas vestem o homem para os dias
e as noites do animal
pastando em campos que se erguempara o cu, que acima um outro vu,
que oculta o amor do paiquando descobre a me terra, dilacerada nas sombras
que do o frio e a luzpara que eu me veja humano
nos meus sonhos de animalque se despe de ternura, quando se esconde a lua,
que se nutre de aflionos crepsculos da raa
e arrependido deseja ser a pele da serpente
Tudo isso o tempo finoque flutua entre essas mos
que desfiamnossos panos, com que cubro a nudez da minha casinha de osso
Trabalho a que me dedico ouvindo os sons que no ouoda catedral invisvel que s posso visitar
nesses meus sonos sem sonhos
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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onde so iguais o filho, a renda e o pai calado do silncio,
que vai queimando as estrelas
e se desfazendo em cinzas
para chover sobre mim,
aprendizado serenode dias que acabam assim
Chama sem nome ou fulgor de lama que os homens chamam:
O fruto do jbilo obscuro
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Permisso para salgar o mrmore
Porque se erguem da terra
e em toda a terraainda no se ouve o rumor negro da colheita,
que esperam a tua sombra no crepsculo
quando j passaste na manh
a paciente,a pedra
e a impaciente semente
Ests passando na amizade das coisas pelas coisas,ests seguindo
e a luz terrvel
Paisagensonde a infncia doou seu fruto s Sombras
Sers azuls na noiteem que partirem as tuas crinas
e o sol que semeamos ao redor da tua fronte,com pensamentos de terra,
para dar ao aridiase os seus movimentos de nuvens
que s vezes formam a Lenta: A cabea de um cavalo
No h beijoque console quem v estrelas cadentes
No h sede que apague esses fogos sobre nsAquilo
te deu mos para cobrires teus olhos,
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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mas porque no so tuas mos,pra e colhe sem mgoa as lgrimas e a nossa guaTeus passos ainda so a fonte
Tu sempre estars aqui,
pois em tise ergue o monte
Para que talhar nos lbios o esprito das runas?
As mos so formas perdidas
e toda pedra torturada encontrada no caminhoj a imagem de um deus
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Para adormecer aquele que vela
H montanhas em sonhosto antigas,
onde sonham
os gros da areia que te sonha
O que sobrevive na horaque apaga a ltima claridade?
De quem faz a Noite a vontade?
Dia ou homem,
uma tnica de rancor o que eles vestem,e as montanhas vm rugirCaladas
Se veio o Tempo, que tempo de colher sob as estrelaso centeio negro com mos mais brancas, caiadas
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Vinho do encontro
Por sua chegada com o acontecimentodos repousos
Das regies selvagensPor sua chegada
Por sua vinda ao Encontro
daquele que na sombra treme de prazer
sua chegada de lodoe sua chegada de fonte
que ali espera e guarda residncia
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Dever de nutrir as sombras
uma construo em forma de crculoPor que chamada a Casa da Vida?
Caminhos que do voltas, onde no se encontra ningumNingum
que seja algum A Companhia
Como empalideceu o gro, aqui,agora que caiu
para crescer da terra,
rfo de uma estrela que se apaga na chamade uma velaComo teme
o rugidoda noite encerrada em si mesma o animalque adormeceusem resolver o enigma
Uma construo em forma de crculo
onde homens-pssaroscom asas de pedras, impedidos de voar,
perseguidos pelo vento
e a ameaa das sementes,
ouvem no ninho das coisas nascidas de coisas nascidasum voz que recita: Isto passarEsse o gro da m sorte
uma construo em forma de crculo
Em forma de homemabraado a si mesmo,
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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como dois irmos que se quisessem bemFrgeis como a linha do horizonte
e o murmrio das cinzas e das fontes
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Fonte dos que choram
No, no adianta temer O Que virum dia,
terrvel e com prantos, a lua sangrando sobre ns,
pelos nomes das coisas perseguido
As coisas so pedras nas sombras,a lua sangrando sobre ns
No, noPois o sacrifcio,a lua sangrando sobre ns
Aqueleque espera a voz da semente j no teve os olhos perfurados?Como ver
a lua sangrado sobre ns?Aqueleque esperava o leite do cu no teve suas mos pregadascom o Espinho?
No dir os nomes das pedras nas sombrasNo,
no o sol sangrando sobre ns,
se ainda o sacrifcioIndoao encontro dos cardumes dos seres
Meu mais estranho som sai porta e chama
do fundo do peito,clama
para descer o abismoLongo leito de areia para ti tambm l
Tenho esses ps sempre perto das fontes,
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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que s dizem seus nomes jorrando Por isso, No, no adianta temer O Que virum dia,
descendo das encostasdas fontes, que j nem se murmuram
Bosque sem paixes
quantas vezes aindao corpo de demnio
e o Outro corpo de vidro,enquanto o ausente se transforma em cinzasque um vento leva, leve
para a muralha do que no ,
cravado nos lbiosO nome do Nome
um dia passou coberto de eras,
sem haver vindo
Quando vier o tempo bom renascer da semente OBosque sem paixes
O nome do fruto eu no digoTu no dizes O nome do frutoO nome do fruto nenhum de ns dirBosque sem paixes
enquanto isso sangra pelos ps
Mas eu tenho os meus ps sempre perto das fontespara o bem dos meus ps,para o mal da fontes
O Crime : a gua cristalina se tingindode vermelhoE o rumor que cala
sem dizer o nome da gua das lgrimas, sem dizer o nomedas cores, no diro nome da cor vermelha desse sangue
que marca os caminhos por onde ps te procuram, O cado, O tropeadoA lua sangrando sobre tiBosque sem paixes,
meu mais estranho som
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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sai do fundo do peito,
l no fundo eu espero encontrar o nome das palavras
O Centeio Negro no o centeio branco
O Centeio Branco no o centeio negro
A palavra Palavrano grita o nome das palavrascravado nos lbiosdurante o sacrifcio,
longo leito de arei para ti tambm l
O centeio negro no o Centeio Negro
O centeio branco no o Centeio Branco
Lbios no se abrem para ns dizer o nomeda rvore, o nomedo homem, o nomedaquilo que um dia vir
sem achar o Caminho
da vozque dir o nome da rvore, o nomeda Estrela, o nomedaquele que ainda no veio,
e est passando coberto de heras,
O Nome
do Bosque sem paixes
logo leto de arei para ti tambm l
No,no adianta temer O Que virum dia
descendo das encostasdas fontes, que j nem se murmuramBosque sem paixes
terrvel e com prantos, a lua sangrando sobre ns,
pelos nomes perseguido
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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No o sol sangrando sobre ns
Os nomes das coisas so pedras nas sombras,a lua sangrando sobre ns
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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A lua o sol
Um homem sorrindo um Templo,
e os mortos
so os Belos Sagrados
Um homem chorando um Templo
e ainda por cima da terraflutua
o cemitrio lunar :: A lua cheia de flores guardao teu lugar, o teu
lugar
Podes rugir nas noites, mas quem te ouvir?
Ou, se preferires, uma residncia com heras vai desmoronar
Onde s,
o tigre e o homemAqui
no h tempo, nem o lugar lunar
noite,sempre rosnam os animais dos dias
Nos dias,sempre rondam os animais das noites No tua a fomedaquele que come
as flores visionrias do ar?
M sorte ter nascido sem saber jogar com as sombras
Melhor ser dormir abraados garras de um deus
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Pudesse um homem
Sentado esquerdaobserva
Odesgarrado
Os dias de temer agora esto ao teu ladoComo aquele que est ao teu lado,
como a tua sombra est ao teu lado,
como o teu corpo est ao teu ladotentando achar uma sada na carne
Sobre o dia em que nasceste, lembra:o cu foi um lago coagulado
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Aos deuses do fogo
Para o encontro entre a me e o filho,
que continua
na noite escura,
a rvore do cu deu a lenha e as cinzas
Ddivas e alvura,Ddivas e alvura
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Rumor de ramos quebrados
Sim,
poderia ter sidoo que no foiO silncio
e o Grito
Sim, O animal da treva na gua escura
que reflete embaixo o Alto, o Altssimo
Quem assustou o cu a esse ponto
Poderia ter sido ainda maisUm abismo
E o ter nascido assimNo com um Rosto,
mas com um enigma com Olhos
Se te perguntas Como poderia ter sidoo No sido,
O que te escuta?
O que te escutas?
Fontes por jorrar Pedras,e pensativas frontes
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Msica com sombras
Porque te vestes de Sombra que eu te espero onde os dias morrem para sempre
Escuta a voz humana
essa areia sufocada em tua garganta: isso, a areiasoprada por um vento,
a coisa que os homens chamam a Voz humanaA Nossa voz,ah
Dela, nada dizer Calar na brumaPorque tu vestes de sombras
a criana que trazes pela mo,torturada como um vcio, branca como uma virtude tristecomo uma flor presa em sua Raiz
Onde est o colar dos desesperos, alipuseste os pulsos das manhs nascentes Nenhum Anjo, nenhum AnjoEstamos presos no Centro,
ou livres caindo no escuroE eu no sei qual das duas portas, assim abertas, so mais terrveis somais belasSes sei
que te espera
a que vir coberta pela Sombratrazendo pela mo essa criana sem Face, sem rugas tambmsem ter nascido
Se assim escurecesse em silncio esta paisagemonde pousamos ausentes para os olhosdos cegos,
toda Serpente seria caridosa, todo encanto teria nervos azuis de pedras de fontesde lamentos no-nascidos do fundo da garganta
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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nem a tua nem a da menor que tu, a tua criana
que devolves claridadecom um gesto de amargura
e recuperaspara o negro dia dos meus olhoscom um gesto de ternura
Ela, a fonte em nossas frontes, pensativamente est pousada,
observaPaisagem de deserto, e mo cheia de p:um sonho para olhos de vidros sonharem
com torturas
Ela: a Paisagem: o Lugar, e o Prantodo lugar onde os dias morrem
para sempre
Nenhum anjo, nenhum anjo
No a Voz humana, nem ao menos murmurando
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Para obter do cu um animal sem asas
quando tu vens com o Sangue que eu me dirijo Fontecom a lanterna
Em busca de uma pedra de esquecimento
Dando adeuscom mos vazias paisagem
Que nos persegue: Um animal de msculos nas montanhasQue nos persegue: Um animal de lodo nos lagos do vcioQue nos persegue: Um animal sem alma
ainda maior que os sis inchados dos poentes,
e ainda mais vasto que os desmoronamentosdo cu
que sempre vemos em nossos sonhos
Horizonte e olhar severo
Olha para dentro: o lapsodistante
Minrios e memria, e corpos ainda mais nusque o Tempo e os nossos tempos decorridosnos flagelam
Tudo nos ensinaa ser um ser menos docee mais temvel
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Cobertor feito de ervas
O animal do friodormiu trs noites em meus ossos
A vida no guardar as pedras do caminhonos olhos
no deve ficar a paisagem ultrapassada
Os passos no sabem nadaA prxima ser a ltima
e ningum sabe onde est
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Ouviram?
Silncio
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Silncio
Esses cantos
sendo em Andara
o vento da voz
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Msica do sangue das estrelas
Nos clios do tempo, as Sombrasdas coisas aladas
repousam,
depositadas
Nossa Compaixo
no pode com a gua Salgada dos olhos,
no pode
com a areia da vida, no pode com ela, no pode
Um corpo no templo de um lago geladoNingum beber dessa guaUm instante de fora passado
No fundo do lago pousa
o naufragado Nossa Compaixo no pode com ela,no pode com ela
o
amor, no pode nada com a vida salgada,um instante de fora, depois esgotado
O homem de p deixou a sua sombra na estrada
Contra o sol,
as estrelas dos olhos
no podem nadaOs frutos dos olhos, as luzes das cinzas geladas
O homem de p deixou a sua sombra na estrada
Foi pelo silncio dos frutos madurosque o fim da amizade foi anunciadoDepois se apagaram, nos frutos maduros,os olhos fechados
Na encruzilhada, da vida, da estrada
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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crianas
brincavamBosque com paixes,
onde as crianas brincavam,nossa Compaixo no pode com ela,no pode com a vida,
no pode com nada O que fazer, no h nada fazer
Atravs das distncias geladas
e da carne geladae dos gestos gelados
no fundo do templo de um lago gelado
Ali, se esperas pelos no-nascidos, os Calados, osno-suscitadoseles
no chegam na hora da ceia,no chegam na noite, enjaulados No fundodo templode um lago gelado,a nossa Compaixo
no pode com a fora que o cuescuro derrama
na mo das montanhas derrama
O estranho subiuO estranho
querendo as estrelas o estranho, mas o cu no desceu
ao encontro da terra a sua chamaNo no fundo
do lago geladoa terra
dos homens alados
A terra est cheia de homens no p naufragadosVoc pisa o p, e um crnio rachado
Do escuro,
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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do cu, quem viu o homem de p deixando a sua sombra na estradaAnimais, procurando abrigo,onde os homens de fogo foram pagados
A nossa Compaixo no pode nada
Bosque das paixes,a nossa Compaixo no pode com a gua salgada,
crescendo nos olhosA rvore da Compaixo, crescendo nos olhos, no pode nada, no pode nada
No d frutos a rvoreda Compaixo no dfrutos, no pode dar frutos, no pode com ela, no poder nada
Para onde foram as crianas
no Bosque das paixes sonhadas
A tua Compaixo no pode nada A Minhano pode,no pode com ela, no pode nada
No ramos mais do que pedras no fundo de um lago,
e a Compaixo no podia nada,
no mergulhava nada no silncio cantadodas guasA gua dos olhos tambm no cantava
Contra a Pedra
e a Sombra daquele que foi pelas guas escuras banhado,
debaixo da pedra largado, afundado,
os silncios dos teus olhos sobre um nome escrito no podem nada,
a gua dos teus olhos no pode nadaO sal dos teus olhos, o SalUm sol
por cima de ns ainda o brilho das coisas doadas,
mas sob o cu no se pode nada
contra a gua Salgada dos olhos,no se pode nada
Bosque das paixes,
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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quem vai beber nas mos a gua dos olhos, salgada
Nossa Compaixo foi bebidapela areia molhada
O homem de p que deixou a sua sombra na estrada
No podia fazer mesmo nadapor ns, no podia com ela, nopodia com nada
Apedrejados com os frutos, doendo
de tanto ver,
eis
os teus Olhosna estrada
e a Compaixo no pode mesmo nada, no poder com ela, no pode
com a gua dos olhos
Crianas sempre partem, depois de sonhadasAs crianas no esto mais na encruzilhadaO Bosque das paixes ficou vazio Ningum podia mesmo nada,
no poderia com ela, no poderia,
com a areia no poderia,no poderia com a gua salgada
dos Olhos
Os olhos no viram as crianas partirem
e deixarem a inocnciajogada
Animais vm olhar a ali soluadaO animal dos teus olhosfarejaa inocncia largada, foi abandonada, eis o embrulhona estrada
que leva ao
Bosque das paixes,
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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e a Compaixo no podia mesmo nada
A Compaixo no podia enxugar e levar no coloos nossos olhos molhadosde gua estagnada
As crianas deixaram embrulhadas, em peles humanas, como roupas usadas,a compaixo e a inocncia na encruzilhadaAqueleque achar o embrulho ter o direito primeira gota sangrada
As crianas depois foram embora, depoisde sonhadas
Quem ficou no Bosque das Paixes
No Bosque das paixes no ficou ningum, no ficar mesmo nada
A nossa Compaixo no pode nadacom a gua salgada
No pode com
o embrulho deixado na estrada,onde a compaixo e a inocnciaesto abraadas
Em sacrifcio, tens de oferecer teus silncios a nada
Para merecer a Estrela Sangrada,
gotejando vermelha a Centelha, a Chorada
Os vinhos das palmas das mos podem ser tiradosda gua gelada,mas ningum beber dessa gua
Bosque das paixes,
dos risos das crianas sobraram os ecose as alucinaes
A nossa Compaixo no pode mesmo nada
As luzes se apagam, e ela nopode com elas, no pode com as luzes agora apagadas,no pode mesmo nada
Sob sangue da Estrela Sagrada, as areiasdas runas esto paradas
Dias sem velas, noites veladas
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Tambm na noite a nossa Compaixo no pode nada
Num sonhose viu, no fundo do mar, uma grande embarcao
dos homens afundada,
e as vozes cantavam: nossa Compaixo no pode mesmo nada,
no pode com a gua salgada dos Olhos,
no pode com ela,
no pode nadano pode nada
O que fazer No h nada a fazerSomente ser no ser
Mas se ainda uma gotado sangue das estrelas for gotejada
na tua fronte, da fonte sagrada,
a sombra do homem de p outra vez ir cintilarno p da estradaMsica e luz,
pela Luz dedilhada
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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V
FESTA DOS CABELOS TRANADOS
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Aqueles crculos, aquelas quedas, como se no devssemos chegar.
Sempre voltariam?
As guas de uma mais clara penumbra
Evitamos os riosE tendo bebido novamente desta gua amarga que bebes tambm agora comigo
enquanto me escutas, Andara ento nos faria ver coisas.
Veja voc Andara.O que ns iramos achar.
Uma casa em runas estaria aparecendo bem diante dos nossos olhos, aquela casa,s ela, na floresta, como se tivesse que ser assim
- Parece longe, tu me dirias.
- Parece perto, eu te diria.
E no entanto nem longe nem perto, aquela casa estava ali.
Grande.
Diante de ns.
Era s o cansao maior em um de ns fazendo v-la longe, e menor no outrofazendo v-la perto.
Os ossos mais pesados em ti do que em mim.
Entraramos.
E ali estava o primeiro adormecido. Ali estaria ele. Um menino.
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Tentaramos acord-lo, mas viraria para o lado, continuaria a dormir.
Outros estavam ali tambm adormecidos. Homens, umas mulheres, os nos e ossins com que a vida nos faz
E veramos tambm aves numas gaiolas, adormecidas.
E tropearamos. No cho daquela casa, espalhados por toda parte, uns ces latiamsilenciosamente em sonhos, mas ainda tentavam morder.
Entenderamos que seria preciso lutar para no sermos tambm tragados poraquela noite que havia em tudo ali, enquanto era dia l fora, e assim esqueceramosa festa, no iramos mais
As vezes, se te narro isso com um tempo mais vivo, tu notas, porque mais real
quando fecho os meus olhosOuve:
H uma mulher na casa que adormeceu em p, encostada numa parede, e por umaleve vibrao do ar, quando passas, se desequilibra, cai para frente, e em sonho querse apoiar em ti, suas unhas cresceram durante o sono e rasgam a tua carne
Mas no a deixarias cair. E verias os olhos da mulher se abrirem um instante, semte ver, e a depositarias no cho suavemente.
Tu ests abrindo uma gaiola agora, posso te ver, tiras uma ave adormecida da
gaiola. Parece que vai acordar, pois bica a tua mo vazia. Procura alimento essa ave.
Jogarias a ave para o alto. No voaria. No cairia.
E ento tu a pegas no ar e pes de novo na gaiola.
Mas depois de uns passos, ests de volta. Abres a gaiola. Se a ave um dia acordar
Aquilo era assim naquela casa.Uma criana adormecida quer dizer algo. Ponho o ouvido em sua boca. Mas s
ouo um som de guas profundas.
Uma ave voa em sua gaiola como se estivesse sendo perseguida. Quer escapar.Depois no se mexe mais. Teria sido devorada em sonhos?
V agora:
Dos adormecidos, todos, ento comearia a vir o mesmo som de guas,redemoinhos, que viera da criana.
Era a carne talando neles, agora s a carne estando todo o resto adormecido?
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Se pudssemos ouvir o que a carne tinha a nos dizer naquela casa
Ouviramos:
Os sons de guas se transformavam em vozes nos adormecidos.
E nas gaiolas as aves adormecidas perguntariam: Por que a carne, de olhosabertos, vira p, e de olhos fecha dos eterna em sonhos?
E as crianas, adormecidas, naquela casa, perguntariam: Por que a carne, de olhosabertos, vira p, e de olhos fechados eterna em sonhos?
E os homens c mulheres, adormecidos: Por que a carne
E os ces, adormecidos, roendo seus ossos de sono: Por qu?
Depois, o silncio voltava. As vozes paravam.
E ento foi que comeamos a ouvir, comearamos a ouvir aquele canto.
Nele, tu vers, aqueles adormecidos iriam falar com a carne, dizer-lhe coisas,fazer perguntas a ela.
Um dos adormecidos, abrindo os lbios, deixava ouvir, num murmrio: Cano deareia
E o canto estava comeando:
Viver a cada dia o mais estranho ouro, eles cantavam
Eles cantariam: A concebida areia,
e a caminhante em volta da pedra, a areiae o vento em volta da pedra
e na areiae reunida areia, a carne
E a concebida da asa,
e na areia aindaa reunida areia
Voltava o silncio. Uma pausa. E o canto voltava:
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Fomos aqueles que primeiro uivou para ti,e na primeira noite, o que primeiro riu nos temposFomos os nossos arrependidos ossos curvos
pois tu trituras amorosamente o que contns,
e incontidaSilenciosos sob o silncio da erva: sensveis dor e tua ervaSilenciosos at a altura dos ramos voltados
para a nascente, grande a Face que te espia daoutra margem
Pois se das coisas temos um sol tombado, e a descidasombra
e o canto aviltado da voz rouca,e ainda os olhos da primeira vez
da primeira, inesquecvel
e sem podermos ver
deitados sob o silncio da erva, e sensveis ao que fomosAo uivo aos ossos face erva
Novo silncio. E o canto:
Pelos tempos e as geleiras,animais fizeram a curva luminosa do teu dorso
Vero sobrenatural: no damos um passosem a tua companhia
Pelo espesso: dele a espessura se desprendena forma dos cheiros selvagens que tanto
nos empalidecem noite:cada um de ns um claro visto distncia
Tu s o escndalo do deus que se desfez
do lado mudo dos seus gonzos. E se abres
a porta escura deste ombro,
fatigados plos campos
semeamos nossos ossos mais humanos
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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nos lugares onde tivemos lbios e ressecam da orao
O canto. Os adormecidos
Se ests deitada, quando s a beleza
ainda que no corpo em movimento habite um msculode seduo
Se vem a morte, que ests te exercitando no cansao
Casse algo ali, mas estando de costas no verias
Se curva a rvore, gua reduz
seu ritmo de msica
a cada homem um outro pela mo
se as pernas o abandonam,
a escura lua que assombra
Pois voltas o rosto para uma parede
e a uma vida de ti est passando e vspassar um insetosado do mais estranho sono, que estar vivo
Existe um passo que no existe
Voltava o silncio, toda a casa parecia adormecer, mas a boca de um dosadormecidos fazia novamente aquele som de guas, e voltava o canto:
Pois tua a sombra,
e o teu deserto percorrido diz:a concebida da areia,
e na areia a reunida areia, a carne
O canto outra vez se elevando:
Tua lentido me atravessa pelo corredor de mim,
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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os passos so antigos neste ouro
e ainda que se tenha um sol e um corrimo de apoiopara tudoa ausente se esmerando
a sombraNo passarias se um outro conspirasseNo nome que a senha da imensa floraoainda uma veia d sentido ao nico
Camadas aps camadas, as invisveis tintas te cobrindo,
no saberia um homem nunca qual seria: a nave a florao
desde que um p arrastado pela luz
se quis ali nas guas, a rvore da tua seiva vindo
ao encontro dos mais jovens, tona
Se devamos estar vestidos para a fonte,
que a transformao do ouro em ferros, nisso tudo,
o que menos nos oprime a ncora da vida
O canto. Seus cantos. Aquilo seria assim naquela casa entre rvores. Este outroagora:
Tua gua estagnada est bebendo no escuro
um animal de bruma
Os ausentes deixaram seus cheiros
ali, uns ossos esperam s a febre para desmoronarAqui a pele a residncia, e nela habitamuma alegria e saras, o msico
Sua msica: teus animais esto escoiceandoa msica: paredes que se batem umas nas outras
O corpo s um homem junto da sua pedra de ternura
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Aqueles adormecidos falando com a carne. O canto:
Ests acumulando lentamente uma ferida na lminareal
do teu veroDaqui podemos ver que o dia coagula
E aves como homens batem as asas, para se elevarnosso anzol de nuvensum rosto de pedra voltado para o cuuma caminhada de monstros andando dentroDesce a sombra da sentena sobre a mo que acena
adeus
No passe o prximo minuto sem que soe
a voz da desfolhada
A lmina a oferta de um grito: pelos olhos,
quando ainda mais bela a estao das febres,
pelos tempos, se foi a mais antiga raiz a que deu frutos
O canto: isso nos retm, isso nos retm, isso nos retm
Temos por ti a considerao de um vasoonde est depositada a espcie
mas se abrindo, a terra mostra-se floresta dos homensque se estende
A pele, a gelada residncia
E o corpo busca outras passagens clandestinaspara a regio do fundo do peito,
seu claro de incndios,
flutuando num mar de cortias, cedendo
aos silvos desta noite
Ritual de vus: o lodoPois sonhas em ti mesmo a tua visibilidade
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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se sonhas o limo
Uma ave novamente estaria esvoaando em sua gaiola, talvez um outro sonho da
carne perseguida, e ns continuvamos ali ouvindo aquele canto, a carne dosadormecidos falando com a carne
Pois se tambm s forma slida da msica: o sino,e o homem planta em sua estao de fruta
do alto das atenes simuladas, sem o artifcio nuloconspirando pelo talo do teu corpo
perdida est toda a colheita
Te toca a voz anunciando a quebradia que se dobra,imvel junto a um muro est o muro
- Senha, ento anunciaria uma voz entre os adormecidos. E os adormecidos todosrespondiam:
- A senha no sonhar teu nome.
E o canto, prosseguindo:
Liblulas dos ossos, liblulas da cara quando meia-noite se estremece de ansiedade em sonhosA revoada dos teus desejos me sobrepassaem muito as costas voltadas para a casados meus pais: o carrilho de sombras
O canto: isso nos invade, quer nos habitar pelos ouvidos para sempre
Pois tua a sombra e a Sombra
e na areiaa reunida areia, a carne
E a concebida asa,
e na areia ainda a reunida asa de areia
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Iramos tambm adormecer ouvindo aquele canto, aquelas vozes? Nunca maissairamos daquela casa?
Saber o que a carne tinha a nos dizer, sim, isso ns queramos. Mas viria vindoento em ns, negro, um medo.
Nunca mais sair daqui? O canto:
No nos deixa esquecer a casa alta,l tempo repete: cascas,
ainda que nascidas pele leve e mesmose ergues no ar a nossa infncia
E h ventos nos ramos, a areia do teu sonoPois uma a lei severa que se expressa: sereverdecem se inclinando para a morte sero homens.se escurecem e pontiagudos so espinhosMas a floresta genuna estranhar
Temos as aberturas do ser para observar dos olhosos outros seres,tanto melhor para a euforia da terraRelva do destino suculento, vem a mim, lenta
antes da noite lenta
No terminaria nunca aquele canto, no iria nunca acabar?
Em ti estou plantado pelos ossos at os sonhos,temente s chuvas, e um estranho para os peixes,
aqueles adormecidos cantavam
Andara cantava para a carne naquela casa.E antes de adormecermos para sempre, nos afastaramos dali
Pois tua a sombra
e na areia a reunida areia, a carne
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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ainda ouviramos, longe.
Pois tua a sombra
teramos ouvido aquele canto se extinguindo ou eram apenas os nossos passos queagora j nos levavam para mais longe?
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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VIpreHISTRIA DO SONO
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a Areia de que somos feitos
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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no escuro da semente
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Homens e cinzas
homens e cinzas enveredaram cedoDeserto, passos de centeio negro
Alihorizonte e noite e alimento Uno
As estaes por onde passam
A mais rtmica terra uiva longe Silncioentre claresE clamo
Os trigais sagradosA relva das desordens
Ex-voz interminavelmente sempre retorna um xtase
Retorna a vaga espcie em turnos pela terra
Teu canto e sonho e sons do olhar Claro da vozNascente e ida de outros homens para a morte e bebo ainda de um trigal,prazer e noite
Agora ex-gua a tua areiae h dias mpares a par das fontes, dizesRetorna a vaga espcie em turnos
pela terrarondando imagem e runas de um rival de luz
e o belo som no escutas mais, longe te selae perto negas o ouvido azul do tempo
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Tarde da carne, entoTempo e adeus E um grito estrela
antes que residncia extraviada torne
Clarear esta paisagem
gua e agonia
e annimo atearum mar ao ossrio luminoso dos teus dias
Tempo e tribo
Tua era a janela de longa ascenso e abria-se A lua Seduo de profundezas
Escndalo de escama e lodoE um mar ali
Trofu de sombra
Tempo e tribo,
e as tuas revelaes tarde demais
Tais so os gestose msica de limo, ela vir insone sala de torturas de um instante
Esfera Reta do Fim,temos a carne para a fome de si mesma
e h cantos percorrendo a nua vozCampos de som que no ignoram o eclipse prximo e as runas
Face de puras asas
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Teu p fronteira de um passo silenciosoForaexcluindo-se,toda a luz e um retorno de cinzasExlio e reino oculto, Paz Vegetal
E eis: as formaes, cruis em bando
Se ali
revoada e festa interditada,febre lunar
Onde as runas consagradas? noitea forma cega de um altar de fogo
Renovemos neste instante pacficos ante um mar mais doce o sangueE as sedesem torno, dentroA voz
Esta se eleva entre duas rvores de murmrio e sombra nua, unaface de puras asas
Vegetais e margens
De p teu animal em ti adormecido e a tua ida ao marque te incinera,
as cinzas nunca falham
Os ventos na memria tm desertos e o passo onde me nego antigo e uivoe eco
e ao longe acenam adeus os vegetais e margensnegam em silncio um nmero mortal as esgotadasmultides
Colmia e culto,caminhos negrosEspelho sem paisagens
Vem rever sem flego um rosto de desejos, olhos do imensoazul em teus delrios
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8/22/2019 Fonte dos que dormem/Viagem a Andara oO livro invisvel Vicente Franz Cecim
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Sorte ter ainda a rvore da Voz, a asa e um grito
A relva negra dos sons
Quem nega este deserto a runa da mais antigaresidncia, A Aniquilada
As esmeraldas deste funeralEste trabalho luminoso quando passo flagrado em crime contra a terra,em sonhos
Vero,e noite te viro os cantos, a relvanegra dos sons
em sonhos
nua, a tua plancie entre aves
e o teu anoitecer de l de homem ao mar
Tambor de hmus
Avanava o veculo todo santo as multides tinhamvertigens de azul
Murmurando entre dois homensque no soue dando gritos
ali me esconde meu documento ntimo de sombra
e o teu incndio E o meu
E o fogo ftuo e a Fruta de estar vivo
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Tremor da pele, dias de sina
Ilha a terra,o animal respira lento em sua caverna
Tambor de hmus e hiptese de cinzas e quarta porta um sol de sal e um espelho
Tensa se ergue por sobre a residncia entre claresa mais rida hera,a ira
Centeio e luz
Eis a colheita e em ti nem ave h, e l a fruta, fmea de cinzaTe deixam as rvores, a fibra e a residncia E vens
noite,segue em crculos a vida e a colmia Abelhae vtima, os vcios do mal
Espera e cantoAs estaesTrigal azul os dias
e os homens bebem um mar indo deriva e invisvelescura hora passa em ti, Lugar de Vus
Centeio e luz, ento
S amanhecem o gro e a solidoE na manh, o teu chamado mais selvagem
Te anunciam eclipse e alimentoe a voz incineradae a incinerada asa entre clares
e o limo e o vento e a ilha das desordens, pois s a erva real do vero
e dando adeus s sinas e runas, uma vez mais est pronta a semente
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Teu lodo e o que te esquece
As armas submersas Teu lodo e o que esquece e l
revelaes
Tempos de cinza afundam Os teus clares
Plantas sombra um rival de musgo,a rvore dos diasSe inclinam frutosTeu peixe antigo sonha
a negrae dartro luminoso te entreabrem a porta
e noite os teus cardumes Vem morder um sonhoe o Selo, o labialde uma promessa
Tua floresta de estrelas pende Astro maduroTe busca o teu vero
A voz narrando histrias E ainda mais se inclinam para ns
memria e marEntre razes
teu lodo sonhar
Navio da vozCarne fantasmaRenasce a arma amada, teu mar renascer
Ave, fantasma
Nas fronteiras da carne, Horizonte Veladopassas tona,a variedade sempre nica de um vo e velas lentasA carne tem golfos de luz que te incineram
aVe, fantasma
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Fim de Fonte dos que dormem
A viagem a Andara no tem fim
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