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FORMULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS NA INDÚSTRIA DA CERÂMICA
VERMELHA DO RIO GRANDE DO NORTE COM ÊNFASE NA GESTÃO ESTRATÉGICA ORIENTADA
PARA RESULTADOS.
Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional
Paulo Ricardo Cosme Bezerra
Resumo: Durante as duas últimas décadas, tem sido crescente a pressão da sociedade e de agências de
controle externo para que as organizações que operam com recursos públicos adotem políticas e práticas
visando maior eficiência, eficácia e efetividade no uso desses recursos. Viana (1996) destaca as fases de
formação e desenvolvimento das políticas públicas em quatro etapas distintas: construção da
agenda, formulação das políticas, implementação de políticas, e avaliação de políticas que é o objeto de
estudo deste artigo e ainda verificar e analisar o processo de formação de desenvolvimento das políticas
públicas no projeto do SEBRAE/RN cerâmica vermelha potiguar, por meio da Gestão Estratégica
Orientada para Resultados (GEOR) em confronto com a literatura específica e sendo dado maior ênfase
no processo de avaliação.
Palavras-chaves:. políticas públicas, gestão para resultados, formulação de projetos
ISSN 1984-9354
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1. Contextualização
A exploração de qualquer bem natural de forma sustentável no Brasil ainda é algo
novo. Segundo GIANNINI (2002), esse conceito vem sendo mais debatido que
implementado produzindo resultados satisfatórios. Mesmo ainda insipiente, muitas
instituições, como é o caso do SEBRAE RN (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas Potiguares), atua na gestão de projetos cujo propósito é fomentar o
desenvolvimento de pequenas propriedades rurais do território potiguar, com o objetivo de
promover a geração de trabalho, renda e melhoria da alimentação das famílias de forma
integrada e sustentável, buscando atingir o bem estar social e estabelecer relações entre o
homem e a natureza analisando o processo de utilização dos recursos materiais por
populações humanas (MORAN, 1990).
A partir da metodologia de pesquisa proposta por Steward apresentada por Moran
(1990), se apresentará um aspecto essencialmente descritivo desses produtores
apresentando elementos da cultura material mais relacionados ao uso da produção, como
por exemplo, instrumentos utilizados para o plantio, dimensão da propriedade, aspectos da
organização social relativas ao uso de recursos específicos e aspectos da metodologia da
ecologia cultural investigando se os padrões de organização social e uso do ambiente
reconhecido pela população afetam de alguma maneira a dimensão da vida humana.
Durante todo o período de execução do projeto os produtores rurais produzem bens
destinados a comercialização e ao consumo próprio denominado “produtos
agroecológicos”.
Dentre as ações do projeto estão elencadas a busca de parcerias comerciais para
comercialização dos produtos, estabelecimento de metas, acompanhamento de premissas
que possam afetar a continuidade do projeto e a mensuração de resultados que busca
identificar se as metas estabelecidas foram alcanças e servem de base para a avaliação do
sucesso ou fracasso do projeto, visto que estamos desenvolvendo ações com recursos
públicos e estes necessitam ter clareza e transparência nas ações.
A problemática deste trabalho é entender como se dá as relações de organização
social, o uso do ambiente e ainda quem são estes pequenos produtores rurais do território
potiguar. A pesquisa de campo compreendendo uma amostra de 200 produtores rurais,
residentes nos municípios de Acari, Currais Novos, Frutuoso Gomes, Messias Targino,
Parelhas, Santa Cruz, São João do Sabugi, São Paulo do Potengi, São Tomé e Severiano
Melo.
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2. Objetivos
2.1. Objetivo Geral
Apresentar a evolução e benefícios advindos do projeto para o produtor rural do
território potiguar, além de viabilizar uma comparação entre as fases evolutivas do projeto,
T0 (2011), T1 (2012) e TF (2013), também diagnosticando a evolução e mostrando suas
perspectivas durante seu ciclo de execução.
2.2. Objetivos Específicos
- Identificar o perfil do produtor rural;
- Caracterizar a forma de organização social;
- Caracterizar o modo de produção;
- Apresentar os aspectos de comercialização e acesso a mercado;
- Avaliar a satisfação do produtor rural com a tecnologia PAIS.
3. Ecologia cultural e territorialidade
Julian Stewart citado por Diegues (2001) define ecologia cultural como sendo o
estudo dos processos adaptativos por meio dos quais as sociedades são afetadas pelos
ajustes básicos, para o homem poder assim utilizar o meio ambiente. Cita ainda que
aspectos culturais como atividades econômicas de subsistência, tecnologia e organização
social são o “núcleo central da cultura” gerando uma forte relação com o meio ambiente, e
que atividades de produção e comercialização são exemplos de estratégias adaptativas.
Miller (2009) expõe que o processo de adaptação é importantíssimo e se associa
intimamente ao conceito de sobrevivência, ou seja, “eles possuem a habilidade de reagir a
seu meio circundante de um modo favorável à sua própria operacionalidade ou
sobrevivência”. E para Sahlins (1968) adaptar-se é agir, o melhor que possível, diante das
circunstâncias apresentadas, que podem ser desfavoráveis. Já Moran (1990) enfatiza que
nenhuma sociedade está perfeitamente adaptada ao ambiente seja físico ou social. E diz
ainda que condições climáticas e variações de temperaturas são benéficas desde que não
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sejam extremas.
“A ecologia cultural é caracterizada por uma preocupação
com a adaptação, em dois níveis: primeiro, com relação à
forma pela qual os sistemas de adaptam ao seu ambiente
total e, segundo – como consequência desta adaptação
sistêmica – com relação à forma pela qual as instituições
de uma determinada cultura adaptam-se ou ajustam-se
umas às outras” Miller (2009, p. 69) apud Kaplan &
Manner (1975, p. 125).
De acordo com Morán (1990) apud Ellen (1982) as comunidades humanas
dependem de mediação social tanto ou mais do que dependem do ambiente físico. É
necessário que as relações ambientais dos homens só sejam compreendidas se for incluído
o papel da cultura e das instituições sociais que intervém entre o homem e o ambiente.
Miller (2009) enfatiza a necessidade de contar sempre com o físico e o social, sendo estes
dois aspectos do ambiente. Na relação entre populações tradicionais e a natureza o
território aparece como um elemento fundamental.
Diegues (2001) apud Godelier (1984) conceitua território como ”uma porção da
natureza e espaço sobre o qual uma determinada sociedade reivindica e garante a todos,
ou a uma parte de seus membros, direitos estáveis de acesso, controle ou uso sobre a
totalidade ou parte dos recursos naturais existentes que ela deseja ou é capaz de utilizar”.
O território além de fornecer a natureza do homem como espécie, também fornece
os meios de subsistência, de trabalho e de produção. Tem também tem um papel
importante na formação dos grupos sociais, podendo ser assim definido o termo
territorialidade:
“O esforço coletivo de um grupo social para ocupar, usar,
controlar e se identificar com uma parcela específica de seu
ambiente biofísico, convertendo-se assim em seu
território” (LITTLE, 2002).
Ainda segundo Little (2002) o território é um produto histórico de processos sociais
e políticos. Há uma variedade de expressões com particularidades socioculturais, saberes
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ambientais, ideologias e identidades. E para as populações do meio rural o território tem
definições mais definidas, há demarcações de amplas áreas de uso, sem limites muito
definidos.
Thomas (1988) aponta que a preocupação com a manutenção e preservação do
território já havia nos tempos dos antigos romanos, onde ocorria a exploração dos recursos
naturais no mundo pré-cristão de modo mais eficaz que seus sucessores medievais cristãos
e que na modernidade, o culto da natureza não evitou a poluição industrial no Japão.
É importante entender que no território deve haver a preocupação com a
preservação do ambiente em que o homem vive, buscando assim evitar problemas
ecológicos como erosão do solo, o desmatamento e a extinção de espécies, priorizando um
desenvolvimento sustentável.
4. Desenvolvimento Sustentável
Durante muito tempo, o sentido do termo desenvolvimento foi dado pelo grau de
industrialização alcançado por uma sociedade (AZANHA, 2002). Sinônimo de
industrialização e avanço tecnológico conotou e definiu o processo de transformação do
ambiente natural com a finalidade de gerar riquezas materiais (produtos), ao mesmo tempo
em que impôs à sociedade como “necessidades”. Já Ribeiro (1991) cita que o termo
desenvolvimento vem sendo apresentado como uma das noções mais inclusivas existentes
no senso comum e na literatura especializada e de grande importância nas organizações das
relações políticas, sociais e econômicas. Porém, apesar de todos falarem sobre
desenvolvimento ninguém é capaz de ancorá-lo em termos concretos.
Desenvolvimento abrange noção de direitos individuais, de cidadania, valor de
mudança, tradição, justiça social, bem estar, destino da humanidade, acumulação de poder
econômico, entre outros que leva a uma leitura divergente – fazendo estar diante de uma
caixa preta ou de uma noção vazia, assim como modernidade. “Todos falam sobre
desenvolvimento, mas ninguém parece capaz de ancorá-lo em termos concretos”
(RIBEIRO, 1991).
A consequência desta elasticidade leva a “noção de desenvolvimento” estar atrelado
ao processo de se transformar e ainda de “realizar as promessas feitas”. As diversas
mudanças nas formas de reprodução da vida política, econômica, social e cultural, na
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contemporaneidade, tem levado a uma reformulação da noção de desenvolvimento
marcadas pelas teorias criadas pelo sistema mundial no pós-segunda guerra.
Intensificado no século XIX, a partir dos desdobramentos políticos, sociais,
econômicos e filosóficos no século XVIII – formulações de Owen, de Fourier e de Saint-
simon. As variações apropriadas da ideia de desenvolvimento, assim como das tentativas
de reformá-la, criam adjetivações históricas - desenvolvimento industrial, capitalista,
socialista, etc. onde os atores coletivos estabelecem perspectivas particulares como sendo
as mais corretas.
Existe tensões aos conflitos interpretativos e políticos quanto as questões do
desenvolvimento que pode ser remetido a uma dupla face do próprio iluminismo –
momento de desdobramento de novos pactos econômicos, políticos e sociais da
modernidade e suas ideologias associadas – progresso, industrialismo, secularização,
nacionalização.
Ocorreram mudanças dramáticas na organização e fluxos de poder político e
econômico internamento ao mundial no momento presente e que no século XX se
testemunhou a decadência de certas ideologias e utopias enraizadas no século IX. E que no
ocidente, o marxismo, por exemplo, tem sido por muitas décadas um discurso provedor de
uma matriz alternativa, sistemática e organizada, ao sistema predominante de relações
sociais, econômicas e políticas.
O período pós segunda guerra é fundamental para a discussão sobre
desenvolvimento por diversos motivos. Além da redefinição dos pesos dos diferentes
estados-nação internamente a divisão internacional do trabalho, são instaurados novos
mecanismos para se operar a nível global – como o Banco Mundial, o BIRD (Banco
Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento), o FMI, o GATT (General
Agreement on Trade and Tariffs) e a ONU (Organização das Nações Unidas).
Truman, do alto poder do Estado-nação mais poderoso após a grande guerra,
estabelece o desenvolvimento como uma grande saída civilizatória para a humanidade.
Estabelece indicadores para medir o desenvolvimento como PIB, como sendo universais. E
a América latina não fica imune a essas tendências.
SANTILLI (2005) cita que um ponto importante sobre desenvolvimento sustentável
foi a divulgação, em 1987, do relatório das nações Unidas intitulado “Nosso Futuro
Comum”, também conhecido como “Relatório de Brundtland”. Ele utilizou e defendeu o
conceito de “desenvolvimento sustentável”, entendido como “aquele que satisfaz as
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necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
satisfazer as suas próprias necessidades”.
O relatório denuncia a rápida devastação ambiental, o risco de exaurimento dos
recursos ambientais do planeta. E destaca três componentes fundamentais do novo modelo
de desenvolvimento sustentável que são a proteção ambiental, o crescimento econômico e
a equidade social. Ou seja, o desenvolvimento deve não ser só ambientalmente sustentável,
mas também, socialmente sustentável e economicamente viável.
“Desenvolvimento sustentável é definido como aquele que
atende as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade e gerações futuras também de atenderem as
suas, é um processo de mudança no qual a exploração dos
recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do
desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional
estão de acordo com as necessidades atuais e futuras; é um
desenvolvimento que mantém possíveis as opções futuras;
é uma correção, uma retomada do crescimento alterando a
qualidade do desenvolvimento; é uma mudança no teor do
crescimento, a fim de torná-lo menos intensivo de matéria-
prima e mais equitativo em seu impacto” (RIBEIRO Apud
SANTOS, 1991).
Sob a ótica dos negócios, o desenvolvimento sustentável tem quatro implicações
básicas (RIBEIRO, 1991):
a) Uma mudança para a economia de oportunidade que facilite o acesso empresarial aos
mercados e a capacidade tecnológica – acesso ao crédito, mercados, tecnologia;
b) Uma mudança para uma economia de conservação que incentive a inclusão de valores
ambientais nas práticas comerciais;
c) uma mudança para uma economia que promova investimento a longo prazo e lucros
reais, ao invés de maximização de lucros a curto prazo;
d) Uma mudança de economia para uma cultura de poupança, ao invés de uma cultura
baseada no consumo imediato.
Ribeiro (1991) apud Márcio Fortes (1991) enfatiza que na ótica empresarial as
características que devem enfatizar o desenvolvimento sustentável são uso parcimonioso
dos recursos não renováveis, uso sustentável dos recursos renováveis, melhoria da
qualidade ambiental, conservação da biodiversidade, busca do equilíbrio econômico social
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(com redução da pobreza, melhor distribuição de renda entre os indivíduos e regiões,
aceleração da industrialização equalizadora dos países em desenvolvimento).
5. O projeto PAIS – Produção Agroecológica Integrada e Sustentável
Com vistas a adotar políticas e práticas de padrões de qualidade, eficiência1,
eficácia e efetividade, visando resultados para pequenos produtores rurais, o SEBRAE RN
desenvolveu o projeto PAIS – “Produção Agroecológica Integrada e Sustentável” nas
regiões Seridó, Oeste, Agreste e Trairi” sendo implantado no ano de 2010 e concluído em
2013, tendo como público-alvo pequenos produtores rurais familiares das regiões Seridó,
Oeste, Agreste e Trairi.
O objetivo do projeto é promover a geração de trabalho, renda e melhoria da
alimentação das famílias por intermédio da implantação da tecnologia social PAIS.
De acordo com Miller (2009) a inovação tecnológica teoricamente pode aumentar a
eficiência, logo a produção pode ser duplicada reduzindo o tempo de trabalho pela metade.
Entre os vários ciclos do projeto, a mensuração de resultados tem um papel
fundamental e é nessa fase que se identificam as mudanças, especialmente se os resultados
finalísticos e intermediários estão sendo alcançados.
Os resultados finalísticos são os efeitos que devem ser produzidos no público-alvo
ou junto a ele com a execução do projeto num determinado intervalo de tempo. Enquanto
que os resultados intermediários são os efeitos esperados da realização das ações do
projeto que contribuem para o alcance dos resultados finalísticos.
São quatro os principais resultados do projeto, distribuídos em finalísticos e
intermediários, apresentados a seguir.
a) Resultados Finalísticos
Atender 200 famílias através da Tecnologia Social PAIS, até Julho de 2014;
Obter a percepção do aumento de renda em 30% até Julho de 2014.
1 Miller (2009) destaca que o aumento da eficiência é visto como adaptação e aumentando a eficiência a vida
da sociedade se prolongará.
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b) Resultados Intermediários
Aumentar em 30% o volume físico de produção (quilos) em 30% até Julho de 2014;
Obter 01 (um) canal de comercialização – criação de feiras agroecológicas – até Julho
de 2014.
Para o não alcance dos resultados são apresentadas as seguintes premissas:
condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da produção, não incidência de
doenças e pragas de difícil controle e envolvimento dos produtores e parceiros.
O foco estratégico do projeto remete a diversificação da produção dos produtos
agroecológicos oriundo da pequena propriedade, melhoria da qualidade de vida dos
envolvidos através de uma alimentação mais saudável, criação e aumento do número de
locais para comercialização dos produtos.
A Tecnologia PAIS vai ensinar os produtores a construir hortas circulares, onde
diversas culturas são produzidas. No centro dessa horta, um criatório de galinhas é
montado. As plantas são regadas com a água de uma caixa colocada em um ponto mais
alto, onde a força da gravidade ajudará a aguar tudo igualmente com o sistema de irrigação
por gotejamento. O adubo vem da produção natural. Em localidades onde a energia elétrica
não existe, o SEBRAE RN apóia a instalação de placas para produção de energia solar.
Figura 1 – Modelo de horta aplicando a tecnologia PAIS
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6 – Metodologia da Pesquisa
A metodologia de pesquisa utilizada é a proposta por Steward apresentada por
Moran (1990) que abrange três aspectos fundamentais:
a) Análise descritiva, buscando identificar os elementos da cultura material referentes ao
uso de recursos pela população como habitação, máquinas e equipamentos, alimentos
cultivados, tamanho da propriedade, etc.;
b) Apresentar os aspectos da organização social;
c) Verificar se os aspectos da metodologia da ecologia cultural investigam se os padrões de
organização social e uso do ambiente interferem outros aspectos de cultura. Onde fatores
demográficos, de assentamento, de parentesco, de apropriação e uso da terra, entre outros
foram observados.
A pesquisa de campo junto ao público alvo do projeto, sendo adotada a
metodologia denominada Painel, na qual utiliza o mesmo público alvo em diferentes
momentos, com a finalidade de avaliar os resultados ao longo do tempo.
Público Alvo: Pequenos produtores rurais familiares das regiões Seridó, Oeste, Agreste
e Trairi;
Número de pesquisados: 200 produtores rurais, compreendendo os seguintes
municípios: Acari (15), Currais Novos (25), Frutuoso Gomes (20), Messias Targino
(20), Parelhas (25), Santa Cruz (20), São João do Sabugi (25), São Paulo do Potengi
(20), São Tomé (10), Severiano Melo (20);
Fase de Aferição: Fase inicial, T0 (janeiro a dezembro de 2011);
Fase intermediária, T1 (janeiro a dezembro de 2012);
Fase Final, TF (janeiro a dezembro de 2013).
Coleta de Dados: Os dados foram coletados por meio de entrevista junto aos
empresários constantes do painel, por meio de questionário. Os trabalhos de campo
foram executados pela equipe da área de Pesquisas do SEBRAE RN.
O instrumento de coleta de dados utilizado um questionário semi-estruturado,
dividido três em blocos de varáveis: Bloco 1 - Identificação do produtor; Bloco 2 – Dados
sociais; Bloco 3 – Produção; Bloco 4 – Comercialização; Avaliação do produtor em
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relação à tecnologia PAIS. Para o tratamento dos dados desse estudo foi utilizado o
programa SPSS (Versão 16.0) e as estatísticas geradas foram apresentadas em formatos de
tabelas e gráficos.
7. Resultados
Os produtores rurais pesquisados neste trabalho estão intrinsecamente relacionados
as culturas e sociedades tradicionais citados por Diegues (2001), que tem como principais
características:
a) dependência até a simbiose com a natureza, os ciclos naturais e os recursos renováveis a
partir dos quais se constrói um modo de vida humano;
b) conhecimento aprofundado da natureza e de seus ciclos que se reflete na elaboração de
estratégias de uso e de manejo dos recursos naturais;
c) noção de território ou espaço onde o grupo social se reproduz econômica e socialmente;
d) moradia e ocupação desse território por várias gerações, ainda que alguns membros
individuais possam ter-se deslocado para os centros urbanos e voltado para a terra de seus
antepassados;
e) importância das atividades de subsistência, ainda que a produção de mercadorias possa
estar mais ou menos desenvolvida, o que implica uma relação com o mercado.
f) reduzida acumulação de capital;
g) importância dada a unidade familiar, doméstica ou comunal e às relações de parentesco
ou compadrio para o exercício das atividades econômicas, sociais e culturais;
h) importância das simbologias, mitos e rituais associados à caça, à pesca e atividades
extrativas;
i) a tecnologia utilizada é relativamente simples, de impacto limitado sobre meio ambiente.
Há reduzida divisão técnica e social do trabalho, sobressaindo o artesanal, cujo produtor (e
sua família) domina o processo de trabalho até o produto final;
j) fraco poder político, que em geral reside com os grupos dos centros urbanos;
k) auto-identificação ou identificação pelos outros de se pertencer a uma cultura distinta
das outras.
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A seguir segue os resultados da pesquisa de campo:
7.1. Perfil do produtor rural – Aspectos demográficos
Gênero
Ambos os sexos caracterizam os produtores rurais, predominando o sexo masculino
com percentual de 74,39% e 25,61% são do sexo feminino.
Gráfico 1 - Distribuição por sexo
Faixa Etária
Na distribuição da faixa etária por sexo, verifica-se maior faixa etária para os
homens no intervalo de 45 a 49 anos de idade e para as mulheres a maior frequência esta
no intervalo de 50 a 54 anos de idade.
Gráfico 2 – Pirâmide etária dos produtores.
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Procedência
A Tabela 1 apresenta a concentração de produtores por município que para Mauss
(2003) é uma das condições que constituem a forma de agrupamento humano. Nessas
regiões é onde os grupos sociais se reproduzem de forma econômica e social, sendo esta
uma das características das sociedades tradicionais (DIEGUES, 2001).
Tabela 1 – Procedência de produtores por município atendidos pela tecnologia PAIS
Município Produtores Porcentagem
Acari 15 7,5%
São Tomé 10 5,0%
Severiano Melo 20 10,0%
São Paulo do Potengí 20 10,0%
Santa Cruz 20 10,0%
Frutuoso Gomes 20 10,0%
Messias Targino 20 10,0%
Parelhas 25 12,5%
São João do Sabugí 25 12,5%
Currais Novos 25 12,5%
Total 200 100,00%
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Figura 4 – Municípios dos produtores rurais
7.2. Organização Social
Desenvolvimento de atividades
A organização social é do parentesco que pode ser identificado pelo número de
pessoas que residem e trabalham com o produtor rural, prevalecendo o trabalho autônomo
ou familiar.
A Tabela 2 apresenta as medidas descritivas para o número de pessoas que
desenvolvem algum tipo de atividade com o produtor rural, seja residir ou residir e
trabalhar na propriedade, apenas trabalhar na atividade e ainda o número de pessoas
ocupadas no PAIS.
Tabela 2 – Medidas descritivas para o número de pessoas que desenvolvem algum tipo de atividade com o
produtor rural
Estatísticas
Pessoas que
residem com o
produtor
Pessoas que
residem e
trabalham com o
produtor
Pessoas que
trabalham na
agropecuária
Pessoas ocupadas
no PAIS
Média 4,29 2,50 2,40 2,06
Mediana 4,00 2,00 2,00 2,00
Desvio padrão 1,36 1,19 1,11 0,92
Mínimo 1,00 1,00 1,00 1,00
Máximo 8,00 6,00 6,00 5,00
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Acessibilidade a Programas Sociais
Em relação a acessibiliade aos programas socias, por pessoas que residem com o
produtor rural, na faze T0 era de 88,35%, na fase T1 era 84,82%, já na fase TF foi de
92,86%, conforme a tabela 3. A mairia dos produtores possuem Bolsa Família e ao longo
dos anos a acessibilidade aos programas socias aumentou.
Tabela 3 - Acesso a programas sociais entre as fases do projeto PAIS
Programas Sociais Etapas do projeto PAIS
T0 (2011) T1 (2012) TF (2013)
Bolsa Família 65,77% 53,79% 59,76%
Aposentadoria 26,13% 22,07% 41,46%
PETI 4,50% 0,69% -
Outros (Ver gráfico 4) 3,60% 23,45% 58,54%
O gráfico abaixo mostra a representatividade, em percentual, dos programas sociais
em cada fase do projeto. Ao longo das fases houve um incremento aos programas de
aposentadoria e outros benefícios. O acesso a outros programas aumentou
aproximadamente 54%.
Gráfico 3 - Representatividade de acesso aos programas socias nas fases do projeto
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Em relação aos outros programas sociais, correspondentes a 58,54% na fase TF, o
gráfico 4 descreve em percentuais cada um dos benefícios sociais a que tiveram acesso no
ano de 2013.
Gráfico 4 – Acesso a outros programas socias
Renda familiar
A Tabela 4 apresenta a renda média mensal das famílias sem e com os benefícios
do programa PAIS. É observado uma elevação na renda ao longo das fases de 65% com a
renda do PAIS, superando um dos resultados do projeto que é aumentar a renda em 30%
até o final do projeto.
Tabela 4 - Renda média familiar (R$) mensal
RENDA FAMILIAR (R$) MENSAL SEM O PAIS
Fase Mínimo Mediana Média Máximo
T0 (2011) R$ 42,00 R$ 600,00 R$ 630,06 R$ 1.714,00
T1 (2012) R$ 134,00 R$ 678,00 R$ 876,40 R$ 3.500,00
TF (2013) R$ 70,00 R$ 790,00 R$ 989,78 R$ 4.000,00
RENDA FAMILIAR (R$) MENSAL COM O PAIS
Fase Mínimo Mediana Média Máximo
T0 (2011) R$ 100,00 R$ 912,00 R$ 1.031,01 R$ 3.428,00
T1 (2012) R$ 134,00 R$ 840,00 R$ 1.065,18 R$ 6.988,50
TF (2013) R$ 70,00 R$ 1.431,30 R$ 1.704,49 R$ 6.759,50
Gráfico 5 – Renda média (R$) com a tecnologia PAIS
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Participação em organizações sociais
A organização social é um fator importante para a sobrevivência do indivíduo,
devendo os interesses do grupo se sobrepor ao interesse pessoal do indivíduo trazendo
vantagens como segurança e compartilhamento de recursos (MILLER, 2009, p. 108). No
caso a participação dos produtores em organizações sociais é bem intensa, onde verificou-
se que 96,34% participam de alguma organização social e apenas 3,66% não participam.
Gráfico 6 - Participação dos produtores em organizações socias.
Em relação as organizações sociais que o produtor rural participa, 72,15% referem-
se a associações, 21,52% a sindicatos, 3,50% a colonia de pescadores 1,27% a conselhos e
1,27% acooperativas.
Gráfico 7 – Participações em organizações sociais.
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De acordo com a pesquisa, o percentual de produtores que desenvolve outra
atividade além da agropecuária é de 34,15%. O percentual de 65,85% mostra o nível de
dedicação ao projeto PAIS.
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Gráfico 8 - Atividades além da agropecuária.
7.3. Propriedade Rural
Para Mauss (2003) ao escrever o habitat de uma população específica é necessário
saber como essas populações estão distribuídas no território que ocupam, de quais grupos
são compostos, qual o número, o tamanho e a disposição deles.
Referente a área da propriedade ocupada para a produção agropecuária, identificou-
se 60,98% dos produtores possuem área de produção acima de 10,1 hectares. Os
percentuais sobre as demias áreas são apresentadas no gráfico 9 a seguir.
Gráfico 9 - Área da propriedade em hectares
Posse do imóvel
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Em relação a forma de ocupação do imóvel foi identificado que 65,00% se refere a
compra de pequena propriedade, 21,25% têm lote de reforma agrária e 13,75% por
arrendamento.
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Gráfico 10 - Forma de posse do imóvel
Foi constatado na análise dos dados que 90,24% dos produtores residem na
propriedade, apenas 9,76% não residem.
Gráfico 11 - Produtores residentes na propriedade.
7.4. Produção e Renda
Produção
Quanto à renda mensal adquirida pelos produtores através da comercialização dos
produtos, constatou-se 36 (trinta e seis) itens de comercialização. Foi identificado o
volume total produzido por cada item, com seus respectivos preços médio unitário e a
arrecadação média total mensal por produto, os dados são apresentados na Tabela 5 mais à
frente.
O Quadro 1 a relação dos produtos com maiores detalhes quanto a valores, volume
e renda gerada mensal. Constatou-se que o volume mensal produzido e comercializado, em
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relação a todos os produtos, por todos os produtores, movimenta um valor mensal
aproximado de R$ 57.000,00 reais.
O gráfico abaixo remete ao resultado referente ao aumento do volume bruto de
produção que tem como meta aumentar em 30% o volume físico de produção até Julho de
2014 e na prática o volume aumentou 67,36% superando a meta planejada.
Gráfico 12 – Volume bruto de produção
Para Thomas (1988) o mundo vegetal sempre foi fonte de alimento e de
combustível. No grupo estudado os recursos naturais são fontes de alimentos e de trabalho,
sendo responsável por parte da renda dos produtores rurais. O tipo de agricultura é de
pequena produção mercantil2 destinado a venda e consumo próprio.
Nas roças se plantam abobrinha, acerola, alface, batata doce, beterraba, caju,
cebola, cebolinha/coentro, entre outros.
Figura 2 – Produtores atendidos pela Tecnologia
PAIS no município de Acari na comunidade rural de
Beira do Rio.
Figura 3 – uma horta ao redor (quintal
agroecológico) e um sistema de irrigação por
gotejamento, que economiza água. É um sistema
2 As culturas tradicionais decorrentes de pequena produção mercantil encontram-se articuladas ao modo de
produção capitalista (DIEGUES, 2001). Essa maior ou menor dependência do modo de produção capitalista,
muda a forma pela qual o pequeno produtor trata o mundo natural e seus recursos.
24
Quadro 1 – Relação de produtos, volume e valores por produtos.
Produto Nº
produtores Unidade
Volume mensal produzido Valor do produto em R$ Total
gerado
em R$ Média Mediana Desvio
padrão Mínimo
Máxim
o Total Média Mediana
Desvio
padrão Mínimo
Máxim
o
Abobrinha 40 Unid. 35,68 20 45,79 4 218 1427 1,80 2,00 0,88 0,15 3,50 2027,60
Acerola 4 Kg 8,75 9 5,06 3 15 35 1,85 1,75 1,80 1,00 5,00 83,00
Alface 72 Pés 123,04 80 131,60 1 600 8859 1,26 1,00 0,57 0,25 2,50 10051,00
Batata doce 2 Kg 15,00 15 7,07 10 20 30 2,00 2,00 0,71 1,50 2,50 65,00
Berinjela 41 Unid. 29,37 20 31,13 3 150 1204 1,34 0,50 1,21 0,20 5,00 1251,10
Beterraba 37 Kg 10,22 6 9,59 1 40 378 2,86 3,00 0,91 0,50 5,00 1182,00
Caju 1 Kg 10,00 10 0,00 10 10 10 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 10,00
Cebola 31 Kg 16,76 8 25,03 1 120 520 5,89 3,00 6,43 0,80 25,00 3760,70
Cebolinha/coentro 59 Molho 91,53 40 152,24 1 800 5400 0,78 0,50 0,48 0,25 2,50 4289,00
Cenoura 19 Kg 15,11 10 12,86 2 50 287 2,59 2,50 0,91 0,50 4,00 682,50
Coco 1 Unid. 10,00 10 0,00 10 10 10 1,00 1,00 0,00 1,00 1,00 10,00
Coentro 65 Molho 243,49 150 309,64 3 1800 15827 0,64 0,50 0,34 0,15 1,50 8432,80
Couve 31 Folhas 54,58 30 63,72 4 300 1692 0,84 1,00 0,62 0,15 3,00 1110,40
Feijão verde 2 Kg 18,50 19 9,19 12 25 37 3,50 3,50 0,71 3,00 4,00 136,00
Galinha 44 Unid. 15,86 10 18,62 1 80 698 24,07 25,00 6,77 8,00 40,00 16081,00
Goiaba 1 Kg 1,00 1 0,00 1 1 1 3,00 3,00 0,00 3,00 3,00 3,00
Jerimum 6 Unid. 11,83 13 9,00 2 20 71 2,50 2,25 0,89 1,50 4,00 161,00
Limão 4 Pct 21,50 18 13,00 10 40 86 1,00 1,00 0,00 1,00 1,00 86,00
Macaxeira 2 Kg 13,00 13 16,97 1 25 26 2,25 2,25 1,06 1,50 3,00 40,50
Mamão 2 Unid. 30,00 30 14,14 20 40 60 1,00 1,00 0,00 1,00 1,00 60,00
Manga 2 Kg 31,50 32 2,12 30 33 63 2,00 2,00 0,00 2,00 2,00 126,00
Maracujá 1 Kg 33,00 33 0,00 33 33 33 2,00 2,00 0,00 2,00 2,00 66,00
Maxixe 38 Kg 19,79 14 17,32 1 70 752 2,99 2,00 4,65 0,70 30,00 1873,00
26
Continuação do Quadro 1.
Produto Nº
produtores Unidade
Volume Valor do produto em R$ Total
gerado
em R$ Média Mediana Desvio
padrão Mínimo
Máxim
o Total Média Mediana
Desvio
padrão Mínimo
Máxim
o
Melancia 6 Unid. 8,00 8 3,74 2 12 40 6,50 6,50 3,15 3,00 10,00 282,00
Melão 1 Unid. 12,00 12 0,00 12 12 12 2,00 2,00 0,00 2,00 2,00 24,00
Ovos 42 Unid. 122,14 90 141,71 10 800 5130 0,46 0,50 0,09 0,15 0,70 2282,00
Pepino 3 Unid. 18,67 20 2,31 16 20 56 1,67 2,00 0,58 1,00 2,00 92,00
Pimenta 3 Pct. 7,00 4 7,94 1 16 21 2,00 2,00 1,00 1,00 3,00 27,00
Pimentão 53 Unid. 87,53 50 112,55 2 500 4639 0,54 0,30 0,68 0,10 4,00 1437,00
Pintos 1 Unid. 50,00 50 0,00 50 50 50 3,00 3,00 0,00 3,00 3,00 150,00
Quiabo 24 Kg 28,13 15 38,21 1 160 675 2,23 1,50 1,40 1,00 6,00 1209,00
Rabanete 2 Unid. 20,00 20 0,00 20 20 20 15,13 15,13 21,04 0,25 30,00 5,00
Rúcula 10 Molho 24,50 25 13,39 1 40 245 1,30 1,25 0,48 0,50 2,00 303,00
Salsinha 3 Molho 20,67 20 19,01 2 40 62 0,67 0,50 0,29 0,50 1,00 41,00
Seriguela 1 Pct. 25,00 25 0,00 25 25 25 2,00 2,00 0,00 2,00 2,00 50,00
Tomate 23 Kg 15,70 10 14,96 1 50 361,00 3,73 4,00 1,51 1,20 6,00 1294,80
28
Um dos objetivos do projeto é melhorar a qualidade de vida e proporcionar
sustentabilidade para as comunidades. Além disso, estimula a prática da agricultura
orgânica por meio de processo produtivo sem o uso de agrotóxicos. A figura 1 apresenta
um grupo de produtores da comunidade rural Beira do Rio, localizado no município de
Acari e na Figura 2 uma horta utilizando o sistema de gotejamento, que economiza água.
7.5. Acesso a Mercado
Comercialização
Em relação à forma de comercialização dos produtos observou-se que a maior parte
dos produtores comercializam seus produtos diretamente com o consumidor, 33,53%, e em
feiras agroecológicas, 30,59%. Há ainda a comercialização em feira livre (9,41%), por
meio de atravessadores (7,65%) e destinada à compra direta das prefeituras para a merenda
escolar (6,47%). Outras formas de comercialização (1,76%) foram citadas: Bar,
Restaurante e parte destinada ao consumo próprio.
Gráfico 13 - Forma de comercialização dos produtos
Investimento
Em relação aos investimentos realizados pelos produtores no programa, a Tabela 7
lista os produtos citados pelos produtores com os quais tiveram algum dispêndio referente
a investimetos com o PAIS. Os investimentos realizados pelos produtores no projeto PAIS
totalizam aproximadamente R$ 52.881,30.
29
Tabela 5 – Relação de materiais de investimentos pelos produtores na tecnologia PAIS
Investimento Quantidade Valor investido (R$)
Média Mínimo Máximo Total
Adubo 2 160,00 120,00 200,00 320,00
Ajudante 2 1.560,00 1.200,00 1.900,00 3.100,00
Arame 3 144,00 12,00 220,00 432,00
Areia/Barro 1 200,00 200,00 200,00 200,00
Bebedouro 75 75,00 75,00 75,00 75,00
Bomba 13 568,08 30,00 3.000,00 7.385,00
Caibros 5 182,00 50,00 300,00 910,00
Cano 2 261,25 240,00 282,50 522,50
Cerca 2 390,00 280,00 500,00 780,00
Chocadeira 1 480,00 480,00 480,00 480,00
Comedouro 1 150,00 150,00 150,00 150,00
Comprassol 1 25,00 25,00 25,00 25,00
Concreto 1 150,00 150,00 150,00 150,00
Construção/Alvenaria 1 750,00 750,00 750,00 750,00
Enxada 3 60,00 10,00 150,00 180,00
Equipamentos 4 58,50 18,00 150,00 234,00
Estacas 1 50,00 50,00 50,00 50,00
Fios 6 325,00 50,00 500,00 1.950,00
Frete 2 90,00 80,00 100,00 180,00
Galinhas 12 333,33 80,00 800,00 4.000,00
Irrigador 1 24,00 24,00 24,00 24,00
Madeira 1 100,00 100,00 100,00 100,00
Mangueira 12 141,36 40,00 400,00 1.555,00
Manutenção 2 50,00 30,00 70,00 100,00
Mão de obra 6 375,00 150,00 1.000,00 2.250,00
Mergulhão 2 140,00 130,00 150,00 280,00
Milho 1 200,00 200,00 200,00 200,00
Motor 1 300,00 300,00 300,00 300,00
Mourões 1 50,00 50,00 50,00 50,00
Pintos 6 1.172,33 100,00 5.400,00 7.034,00
Pneu 1 100,00 100,00 100,00 100,00
Pulverização 1 55,00 55,00 55,00 55,00
Quadro 1 1.300,00 1.300,00 1.300,00 1.300,00
Ração 11 775,82 25,00 6.000,00 8.534,00
Regador 2 10,00 10,00 10,00 20,00
Registro 2 60,00 20,00 100,00 120,00
Sementes 27 187,96 10,00 600,00 5.075,00
Somblite 9 165,00 40,00 350,00 1.485,00
Telas 9 245,22 10,00 525,00 2.207,00
Telhas 1 200,00 200,00 200,00 200,00
TNT 1 15,00 15,00 15,00 15,00
30
Torneiras 1 3,80 3,80 3,80 3,80
Canais de comercialização
Obter 01 (um) canal de comercialização – criação de feiras agroecológicas – até o
final do projeto seria a meta original pactuada entre os produtores rurais. Porém, existem
no término do projeto dez canais de comercialização nos municípios de Acari, Currais
Novos, Frutuoso Gomes, Messias Targino, Parelhas, Santa Cruz, São João do Sabugi, São
Paulo do Potengi, São Tomé e Severiano Melo.
7.6 Avaliação do produtor rural em relação ao PAIS
Foi questionado ao produtor rural quanto sua situação em relação a assistência
técnica, sobre a alimentação, saúde familiar e situação geral após implatação do programa
PAIS, o Gráfico 14 apresenta esses resultados.
Gráfco 14 - Situação do produtor pós implantação do PAIS.
Os pontos de maior destaque quanto a situação do produtor foram:
87,80% dos produtores afirmaram que, quanto a assistência técnica, melhorou
muito;
Em relação a alimentação familiar, 81,71% disseram ter melhorado muito;
31
No que tange a saúde, 78,05% dos produtores diseram ter melhorado muito. Já
13,41% afirmaram ter melhorado pouco, e apenas 8,54% confirmaram ter
permanecido igual;
Quanto a situação geral, 56,10% afirmaram que sua situação após o PAIS melhorou
muito, 41,46% disseram ter melhorado pouco, apenas 2,44% diseram ter
permanecido igual.
Quanto a situação atual do PAIS, 90,24% dos produtores afirmam que o programa está
em operacionalização/funcionameto. Apenas 9,76% disseram não estar em
operacionalização, que afirmaram ser pelo motivo da seca.
Gráfico 16 – O PAIS está em operacionalização?
Foi questionado aos produtores rurais se houve aquisição de bens após a
implantação do programa. Segundo a pesquisa, 54,88% afirmaram não ter adquirido
nenhum bém. Contudo, 45,12% disseram ter adquirido algum bém após o PAIS, e em
relação aos bens adquiridos, o Gráfico 16 especifica os bens mensionados.
Gráfico 17 - Adquiriu novos bens após o PAIS?
32
Gráfico 18 – Relação de bens adquiridos com o PAIS
Satisfação
Este item refere a visão do produtor em relação a satisfação, aplicabilidade e
efeitividade com os produtos/serviços do SEBRAE RN utilizados pelo produtor rural,
onde:
A satisfação mensura o resultado da experiência de um cliente ao consumir/utilizar
algum produto ou serviço;
A aplicabilidade é a medida de avaliação do quanto o usuário colocou em prática
os conhecimentos adquiridos nos serviços dos quais participou, onde busca apresentar a
prática dos conhecimentos adquiridos.
33
A efetividade é medida pela avaliação do quanto o entrevistado obteve resultados
esperados dos serviços dos quais participou.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de
2015
34
Conclusões
O SEBRAE RN busca fomentar o desenvolvimento de pequenas propriedades
rurais do território potiguar, promovendo a geração de trabalho, renda e melhoria da
alimentação das famílias de forma integrada e sustentável, como forma alternativa de
alcance do bem estar social através das relações entre o homem e a natureza. A atividade
econômica de subsistência, o uso da tecnologia e a organização social geram uma forte
relação com o meio ambiente, e que atividades de produção e comercialização são
exemplos de estratégias adaptativas.
A partir das metas estabelecidas no início do projeto verificou-se o alcance e
superação dos resultados acordados. Foram atendidas 200 famílias como pretendido. Com
relação ao resultado referente ao volume bruto de produção que tem como meta aumentar
em 30% o volume físico de produção até Julho de 2014, na prática aumentou 67,36%
superando a meta planejada.
Inicialmente desejava-se obter um canal de comercialização – criação de feiras
agroecológicas – e até o final do projeto foram criados dez canais de comercialização.
Sendo também verificada uma elevação na renda ao longo dos anos de 65% com a renda
do PAIS, superando um dos resultados do projeto que tinha como meta aumentar a renda
em 30%.
Os produtores rurais pesquisados são predominantes do sexo masculino com
percentual de 74,39%. Na distribuição por faixa etária e por sexo, verifica-se maior faixa
etária para os homens no intervalo de 45 a 49 anos de idade e para as mulheres a maior
frequência esta no intervalo de 50 a 54 anos de idade. A organização social é de
parentesco, prevalecendo o trabalho autônomo ou familiar, com acessibilidade a diversos
programas sociais como, por exemplo, o bolsa família. A participação dos produtores em
organizações sociais é bem intensa, onde foi constatado que 96,34% participam de alguma
organização social.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de
2015
35
Em relação a forma de ocupação do imóvel foi identificado que 65,00% se refere a
compra de pequena propriedade, 21,25% têm lote de reforma agrária e 13,75% por
arrendamento. 90,24% dos produtores residem na propriedade.
Os recursos naturais são fontes de alimentos e de trabalho, sendo responsável pela
renda dos produtores rurais. O tipo de agricultura é de pequena produção mercantil
destinado a venda e consumo próprio. São produzidos trinta e seis itens para
comercialização tais como abobrinha, acerola, alface, batata doce, beterraba, caju, cebola,
cebolinha, coentro, entre outros.
Em relação à forma de comercialização dos produtos observou-se que a maioria dos
produtores comercializa seus produtos diretamente com o consumidor 33,53%, e em feiras
agroecológicas, 30,59%.
Merece destaque a avaliação dos produtores com relação à tecnologia PAIS e
mudança de vida, pois segundo eles 87,80% dos produtores afirmaram que, quanto a
assistência técnica, melhorou muito. Em relação a alimentação familiar, 81,71% disseram
ter melhorado muito; no que tange a saúde, 78,05% dos produtores diseram ter melhorado
muito. Quanto a situação geral, 56,10% afirmaram que sua situação após o PAIS melhorou
muito, 41,46% disseram ter melhorado pouco, apenas 2,44% diseram ter permanecido
igual. Apenas 9,76% disseram não estar em operacionalização, que afirmaram ser pelo
motivo da seca.
45,12% dos produtores adquiriram algum bém após o PAIS, tais como como
aminais, televisão, motocicleta, terreno, eletrodomésticos, entre outros. Quanto ao nível de
satisfação 98,18% dos produtores rurais estão satisfeitos com o projeto, 92,73% aplicam os
conhecimentos adquiridos, assim como verificou que os resultados alcançados era o que se
esperava.
Por fim, o uso da tecnologia PAIS favorece o desenvolvimento sustentável, que sob
a ótica dos negócios gera oportunidades de acesso aos mercados e capacidade tecnológica,
incentiva a inclusão de valores ambientais nas práticas comerciais como a comercialização
de produtos agroecológicos, promovendo o investimento a longo prazo e lucros reais.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de
2015
36
O foco estratégico do projeto foi atendido remetendo a diversificação da produção
dos produtos agroecológicos oriundo da pequena propriedade, gerando melhoria da
qualidade de vida dos envolvidos através de uma alimentação mais saudável, criando e
aumento do número de locais para comercialização dos produtos.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de
2015
37
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