franz bardon frabato o mago
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FRABATO O MAGO 2222
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C O N T E D OC O N T E D OC O N T E D OC O N T E D O
SobreAutor............................................................................................5
Captulo I..............................................................................................8
Captulo II...........................................................................................18
Captulo III..........................................................................................30
Captulo IV..........................................................................................40
Captulo V............................................................................................50
Captulo VI...........................................................................................64
Captulo VII.........................................................................................88
Captulo VIII........................................................................................95
Captulo IX........................................................................................113
Captulo X..........................................................................................124
Captulo XI.........................................................................................143
Eplogo...............................................................................................161
InMemoriam......................................................................................153
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S O B R E O A U T O R
Franz Bardon nasceu em 01 de dezembro de 1909, em Katherein,
perto de Opava, na atual Repblica Tcheca. Vindo a falecer em 10
de Julho de 1958, em Brno, tambm na Repblica Tcheca. F.B
frequentou a escola pblica em Opava, e logo virou aprediz de um
mecnico. Seu nome artstico foi "Frabato"; que a abreviao de
Franz-Bardon-Troppau-Opava.
A natureza especial deste trabalho exigiu sria considerao antes
de que pudesse public-lo sob o nome de Franz Bardon; a
importncia do assunto finalmente decidiu a questo. Para pagar
tributos verdade, no gostaria de ocultar do leitor o fato de que,
na realidade, Franz Bardon forneceu apenas o esboo dos fatos
deste livro. Sendo pressionado pelo tempo, ele deixou toda sua
concluso e embelezamento sua secretria, Otti Votavova.
Infelizmente, o manuscrito pstumo de Bardon no ficou pronto
para impresso, e portanto, tive que reconsiderar.
Gostaria de passar algumas das informaes que, de acordo com
Otti Votavova, ela recebeu diretamente de Franz Bardon: Segundo
ela, Adolf Hitler era um membro da Loja 99. Alm disso, Hitler e
alguns de seus confidentes eram membros da Sociedade Thule, que
era simplesmente o instrumento externo de um grupo de poderosos
magos negros tibetanos que usaram esta sociedade para seus
prprios propsitos. Hitler tambm empregou uma srie de duplas
em vrias ocasies como camuflagem.
Franz Bardon atraiu a ateno dos Nazistas pela negligncia de
seu aluno e amigo: Wilhelm Quintscher (Rah Omir Quintscher).
Quintscher no teria destrudo sua correspondncia com Bardon,
embora tivesse sido solicitado por Bardon a assim fazer; e foi assim
que os nacional-socialistas tornar-se informados sobre ele.
Enquanto eles eram chicoteados, Quintscher perdeu o controle.
Ele proferiu uma frmula cabalstica, no qual os torturadores
ficaram completamente paralisados imediatamente. Mais tarde,
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quando ele neutralizou o efeito da frmula, acabou sendo baleado
por vingana.
Foi oferecido altos cargos no Terceiro Reich de Adolf Hitler para
F.B, mas exceto em troca de sua ajuda na vitria da guerra com
suas habilidades mgicas. Ademais, Adol Hitler esperava que Franz
Bardon revelasse a localizao das outras 98 loja ao redor do
mundo. Quando recusou-se a ajudar, foi exposto a mais cruel das
torturas. Entre outras coisas, Cirurgias foram realizadas em F.B
sem ele estar anestesiado. Forjaram anis de ao em volta de seus
tornozelos e fixaram pesadas bolas de ferro neles.
Franz Bardon compartilhou o destino de seus companheiros de
priso em campos de concentrao nazistas durante trs anos e
meio. Em 1945, pouco antes da guerra terminar, ele foi
sentenciado morte. Contudo, antes da sentena poder ser
realizada, a priso em que ele estava foi bombardeada. Frabato foi
resgatado do edifcio profundamente danificado por alguns
prisioneiros russos e conseguiu se esconder da polcia em seu pas
natal at o final da guerra. Ento, ele voltou sua vila natal.
Aps a guerra, Franz Bardon usou suas habilidades mgicas para
determinar que Adolf Hitler fugira ao exterior, e que ele havia
passado por uma srie de cirurgias no rosto para no ser
reconhecido.
As fotografias de Hermes Trismegisto, Lao Tse, Mahum Tah-Ta e
Shambalah apresentadas neste volume foram publicadas
originalmente no livro "Das Buck vom Buddha das Westens", de
Hans Albert Muller (Verlag der Ordens des Weltvollendung, 1930).
Este fato tornou-se conhecido a mim recentemente; estas fotos
foram primeiro pintadas por um artista medinico pelo espelho
mgico de Franz Bardon.
Este o fim do relato dos fatos de Otti Votavova. Em muitos anos
de minha convivncia com ela, fui capaz de me convencer de seu
amor de verdade. Em seu livro" A Prtica da Evocao Mgica",
Franz Bardon escreveu em detalhes acerca do fato que certas
desvantagens devem sempre ser tomadas em conta quando
qualquer espcie de pacto feito. Qualquer um que tenha estudado
cincias ocultas meticulosamente no encontrar dificuldades em
julgar lojas, ordens, seitas e grupos. Deve-se sempre estar em
extrema guarda, sempre que o dinheiro ou juramentos so exigidos
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em troca de instruo espiritual, e onde quer que os segredos
sejam guardados pelos graus mais altos e escondidos dos
inferiores.
As evidncias ao tocante dos eventos relatados neste livro sero
reservadas s pessoas treinadas e desenvolvidas espiritualmente. A
humanidade dever resignar-se ao fato de que uma grande
quantidade de provas relativas ao funcionamento de nosso cosmo
s podem ser efetuadas atravs dos meios espirituais.
Wuppertal, Junho 1979, Dieter Rggeberg.
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O abarrotado auditrio do clube foi tomado por intensa agitao
devido ao suspense que a primeira parte do programa despertou, gerando
uma acalorada discusso:
"Quem este Frabato?"
"Aqui esto os fatos, afinal!"
"Isso tudo no passa de truque e iluso!"
Poderia algum desconfiar dos prprios sentidos? Uma mistura de
alegria e entusiasmo preencheu a mente de todos e quando o som do sino
marcou o fim do intervalo, a platia rapidamente acomodou-se, diminuindo a
conversao. Ao tempo em que as luzes apagavam-se no auditrio, a cortina
do palco subiu lentamente. O cenrio dava poucos indcios de que um
mgico iniciaria sua apresentao, devido ausncia do tradicional aparato
dos shows de mgica. Um grande lustre de cristal iluminava o palco, no
centro do qual havia uma mesa redonda coberta por uma toalha de brocado
azul-escuro. Dez cadeiras dispostas atrs da mesa formavam um semi-
crculo, enquanto direita, o pblico podia ver uma solitria poltrona.
Frabato entrou calmamente, saudando a platia com uma informal
reverncia. Apesar do tom srio conferido pelo smoking, seu sorriso
simptico colocava vontade os que normalmente aterrorizavam-se com
experincias mgicas. Quando os aplausos diminuram, dirigiu-se ao pblico:
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"Senhoras e senhores - Aps explicar a vocs na primeira parte do
programa, os fundamentos da sugesto e auto-sugesto e t-los
demonstrado, gostaria de passar agora a outro tema. O magnetismo animal
de grande importncia prpria existncia da humanidade. Sendo assim,
no gostaria de negligenciar a oportunidade de introduzir este poderoso
conhecimento a vocs... Tudo neste mundo controlado por foras eltricas
e magnticas. No entanto, a capacidade que determinadas substncias tm
de acumular e conduzir essas foras varia muito. Este conhecimento de
grande importncia quando confeccionamos amuletos - mas por ora no
entraremos nessa questo. Ao invs disso, explicarei a essncia do
magnetismo provando sua existncia, com demonstraes prticas.
"O magnetismo animal o elemento mais perfeito da vida. Energia Vital
e Matria Fundamental, eis os constituintes bsicos da vida terrena. Esse
magnetismo vital liga o globo terrestre sua zona circundante, a qual
comumente chamada mundo astral ou simplesmente "o alm". O
Magnetismo vital tambm conecta as pessoas entre si por meio das
irradiaes energticas humanas, as quais so puramente animais. O poder e
pureza destas energias so dependentes da vontade das pessoas, de suas
caractersticas e de sua maturidade mental. Sua sade depende dessas trs
qualidades ao mesmo tempo .
"O magnetismo especialmente forte nas pessoas que conscientemente
treinam seus espritos e almas, possuindo auto-controle e sabendo como
dominar seus destinos. Atravs dessa energia vital so capazes de fortalecer
seus pensamentos, impulsos da vontade e consequentemente, realizam feitos
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extraordinrios.
"Visto que o magnetismo animal uma fora objetiva, pode ser
utilizado tanto para fins positivos quanto negativos. O ditado "O que voc
semear, tambm dever colher " uma expresso da justa lei Krmica e
portanto o verdadeiro mago deve perseguir apenas objetivos positivos. Um
mago treinado pode ser muito bem sucedido na cura de pessoas atravs do
magnetismo vital e por isso sempre tive grande interesse nesse fenmeno.
Atravs de uma srie de manifestaes, pretendo mostrar outros segredos e
foras ligados ao magnetismo animal e para isso, peo a ajuda de trs
voluntrios. "
Como Frabato imaginara, um murmrio ouviu-se por todo o salo. Para
estimular a platia, disse sorrindo: "Vocs no precisam temer. Ningum
ser prejudicado. Basta que venham at o palco. "
Uma atraente loira levantou-se e aproximou-se hesitante. "Vejam s",
brincou Frabato, "As pessoas sempre dizem que as mulheres so o sexo
frgil, mas esta senhora provou o contrrio a todos os colegas presentes
nesta sala." A platia riu e instantaneamente outro rapaz dirigiu-se ao palco,
seguido por uma mulher idosa.
"Muito obrigado pela ajuda", disse Frabato aos voluntrios. "Agora
gostaria que colocassem alguns de seus pertences pessoais minha
disposio sobre a mesa, por favor."
A loira antecipou-se, colocando seu relgio de prata sobre a mesa. O
jovem rapaz, um tipo extrovertido, acomodou sua carteira ao lado do relgio
de pulso. Depois do sorriso encorajador de Frabato, a senhora idosa retirou
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seu colar e adicionou-o aos outros dois objetos.
"Como introduo," disse Frbato, voltando-se ao pblico: "Vou dar-lhes
uma breve demonstrao da Psicometria. Isso vai lhes provar que cada ser
humano deixa vestgios de sua energia nos objetos com os quais seu corpo
toma contato A idade do objeto no tem nenhuma conseqncia. Mesmo que
um objeto tenha milhares de anos, tudo o que foi gravado nele revelado aos
olhos clarividentes. Com a ajuda destes trs objetos, vou revelar-lhes a
validade desta declarao." Frabato aproximou-se da mesa, pegou o relgio
de pulso prateado e caminhou lentamente de um lado a outro,
profundamente absorto em seus pensamentos. Repentinamente parou,
colocou o relgio de pulso sobre a testa e por alguns momentos permaneceu
completamente imvel, com uma expresso distante no olhar. Sbito, como
se despertasse de um sonho, virou-se para a loira.
"Voc parece duvidar seriamente de minhas habilidades, caso
contrrio, no teria trazido ao palco um relgio que tomou emprestado de
sua irm. Posso ver que o utiliza muitas vezes, e sem o seu conhecimento , j
que ela trabalha em Berlim. Este relgio foi um presente de uma falecida tia,
morta em um acidente, motivo pelo qual, alis, sua irm no o usa mais.
Certamente seria constrangedor se ela soubesse que voc o carrega consigo.
"
Pde-se ver claramente o embarao refletido no rosto da mulher,
deixando claro que Frabato estava realmente correto.
O rapaz rapidamente tentou retirar sua carteira da mesa mas Frabato
antecipou-se, pegando-a e pesando-a cuidadosamente.
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"Voc parece estar com a conscincia pesada, senhor. Permita-me
investigar os motivos... " Depois de analisar a carteira de perto por alguns
segundos, prosseguiu:
"Apesar de muito jovem, voc j foi um pouco longe demais, rapaz...
est enganando duas garotas! A pessoa cuja fotografia voc carrega na
carteira comeou a demonstrar seu afeto aps os castelos de areia que voc
lhe construiu.... - ela acreditou neles.
Alm disso, vejo uma carta de amor endereada a outra jovem que
conheceu recentemente em um evento, a qual chamou sua ateno pela
sensualidade. Sua vida vida amorosa no do meu interesse... mas posso
garantir que no ser feliz com nenhuma das duas. "
O jovem ficou bastante envergonhado ao perceber que tivera sua
intimidade exposta e com ntida insegurana, disse: "No gostaria de viver
perto de voc. No me sentiria seguro com meus pensamentos mais ntimos
mostra. " Frabato colocou a carteira de volta na mesa, pegando em seguida
o colar, que manejou por entre os dedos, examinando-o.
"J sobre esta jia eu poderia escrever um romance...", disse ele
proprietria, " pois ele carrega a marca de bons e maus momentos... seus
primeiros proprietrios eram ricos aristocratas franceses que foram para a
guilhotina durante a revoluo... e pelo que posso ver este colar tambm
trouxe a cada um dos seus donos uma certa dose de infelicidade - depois que
seu marido foi morto na Grande Guerra, voc teve que viver numa pequena
penso militar durante um longo perodo. Vejo que a jia passou pelo penhor
duas vezes, mas voc sempre conseguiu recuper-la. "
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Frabato silenciou quando a mulher comeou a chorar. A platia ficou
imvel aps ouvir a fatalidade. Frabato colocou o colar de volta na mesa e
novamente dirigiu-se ao pblico:
"Senhoras e Senhores, como acabo de comprovar a vocs, cada objeto
carrega a sua prpria histria. Alm disso, tiveram a oportunidade de se
convencer das vrias aplicaes da clarividncia ".
Aplausos entusiasmados da platia aliviaram a tenso e quando todos
silenciaram Frabato prosseguiu: "Agora, gostaria de pedir aos trs
voluntrios que deixassem a sala, acompanhados por dois observadores
neutros".
Um senhor de culos e uma mulher com um vestido escuro
concordaram em acompanhar os voluntrios.
"Para demonstrar-lhes os efeitos do magnetismo em relao fora de
vontade, impregnarei esses objetos com sensaes peculiares que sero
despertadas naqueles que os tocarem. Gostaria saber quais tipos de
sensaes vocs preferem. Por favor, digam-me quais sensaes estes trs
objetos sobre a mesa devem evocar primeira pessoa que os tocar. "
Um cavalheiro no meio da sala sugeriu que o relgio de prata
provocasse gargalhadas. Frabato concordou. A segunda sugesto tambm foi
aceita por todos: a de que a carteira deveria causar choro e lgrimas.
Ainda restava a sugesto sobre o colar. Uma mulher na primeira fila
falou:
"J que esse colar trouxe infelicidade a vrias pessoas, sugiro que seja
impregnado de tal forma que a primeira pessoa que o tocar seja obrigada a
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jog-lo fora por repulsa".
Aplausos prolongados tornaram qualquer outro comentrio
desnecessrio.
Frabato disps os trs objetos sobre a mesa deixando um espao bem
definido entre eles. Ficou totalmente imvel diante de cada item e com
intensa concentrao fez alguns gestos com a mo direita sobre os objetos.
Ento, dirigiu-se ao pblico novamente.
"Senhoras e senhores, meu trabalho est feito. A fim de que ningum
possa dizer que utilizei hipnose, devo ir agora para Hall de entrada do Clube.
Dois observadores independentes da platia iro acompanhar-me at l e
depois traro de volta os voluntrios, pedindo-lhes que peguem seus
pertenes. Voltarei ao palco em exatos dez minutos. "
Frabato deixou a sala acompanhado por dois colegas, que voltaram com
os voluntrios e seus acompanhantes pouco tempo depois. Um tanto
receosos, a mulher loira, o jovem e a senhora idosa aproximaram-se da mesa.
O pblico foi tomado pela expectativa.
Chegando ao palco, os voluntrios foram informados pelos colegas que
os acompanhavam que poderiam recolher seus objetos pessoais e retornar a
seus lugares. A loira estava apressada e com um movimento rpido agarrou
seu relgio de pulso para no momento seguinte soltar uma gargalhada
contagiante que rapidamente se espalhou por todo o auditrio.
Quando voltou ao seu lugar os outros dois voluntrios estavam l,
hesitantes e um tanto surpresos. Ento o jovem pegou sua carteira. Mal
terminara de coloc-la no bolso, lgrimas rolaram-lhe pelo rosto, as quais
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tentou esconder com as mos. Recuperou-se aps alguns instantes e deixou
o palco acompanhado por aplausos.
Diante das estranhas experincias que os voluntrios anteriores tinham
acabado de vivenciar, a senhora idosa ficou hesitante diante do colar.
Finalmente o pegou, mas aps alguns instantes atirou-o imediatamente num
canto do palco. Ainda surpresa com a prpria reao, aceitou quando um
cavalheiro da platia devolveu-lhe a jia, prestativamente. Aplausos ecoaram
da platia.
Como no havia mais ningum no palco, a porta de acesso ao Hall foi
aberta e Frabato reapareceu, saudado entusiasticamente pela platia.
Lentamente caminhou para o palco e disse com um sorriso: "Que grande
atmosfera aqui! Parecem ter gostado do desempenho. Agora eu gostaria de
convidar dez pessoas que estejam aflitas, com algum tipo de enfermidade, a
subirem ao palco. "
Um grande nmero de espectadores correu para o palco. As dez
cadeiras atrs da mesa foram tomadas rapidamente forando muitos a
retornarem a seus lugares
Frabato passou por todos, parando diante de cada pessoa por alguns
segundos e em seguida, usando a terminologia mdica adequada, descreveu
a doena das dez pessoas que se mostraram surpresas com o diagnstico
rpido e correto. Ele ento dirigiu-se a eles:
"Meus queridos visitantes, posso ver por suas expresses que tm uma
grande confiana em mim e que esperam uma recuperao completa, ou
pelo menos alvio para suas doenas. Com a ajuda da minha fora de vontade
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treinada, tentarei ajudar a todos tanto quanto possvel. Embora uma cura
completa possa no ser possvel de imediato para os casos graves, posso
prometer a todos pelo menos um alvio perceptvel. Por favor, permaneam
calmos e acomodem-se em uma posio confortvel e relaxada. "
Ele pediu silncio platia e sentou-se em uma cadeira a fim de que
todos pudessem v-lo claramente. Em seguida fechou os olhos e em poucos
segundos parecia estar completamente relaxado. Aps um minuto, abriu os
olhos novamente, saltando da cadeira e perguntando a seus pacientes como
se sentiam.
"Excelente!" "Maravilhoso." "Que alvio!" , foram as respostas. Os
semblantes dos pacientes estavam iluminados pela influncia do aumento da
vitalidade, e cada um deles manifestou seus agradecimentos pessoais antes
de deixar o palco.
"Este o fim do show por hoje", anunciou Frabato. "No entanto, no
posso deixar de convid-los para minha prxima apresentao, depois de
amanh. Boa noite a todos. "
Ele foi para o camarim, acompanhado pelos reiterados aplausos. Pouco
depois, deixou o auditrio atravs de uma porta lateral e pegou um txi para
o hotel. L chegando, pediu um refresco e ento trancou-se no quarto.
Mal terminara de concluir as meditaes, executadas todas as noites,
quando algum bateu porta. O mensageiro do Hotel desculpou-se pelo
incmodo quela hora informando que um senhor queria falar-lhe
urgentemente e que o aguardava no lobby do hotel.
Cuidadosamente, Frabato leu o singular carto de visitas que o
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mensageiro lhe entregou. No centro, havia dois crculos concntricos
coroados por um tringulo com duas linhas intersectadas. Em ambos os
lados do crculo externo havia dois drages e no verso do carto apenas um
nome: "Hermes". O carto estava impresso em ouro.
Depois de rpida anlise, Frabato instruiu o jovem a que escoltasse o
visitante at seu quarto. Alguns momentos depois, recebia um grisalho e
muito bem-vestido cavalheiro.
Quase amanhecia quando o visitante deixou o hotel e seu semblante
perturbado parecia sugerir que tivera uma experincia extraordinria.
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C A P T U L O C A P T U L O C A P T U L O C A P T U L O I I I I I I I I
Os membros da loja secreta F.O.G.C muito temida nos crculos
ocultistas haviam se reunido para uma assemblia geral em Dresden. A
sala de reunies ficava numa grande casa de campo, escondida no meio de
um parque privado por trs de uma cerca alta e de rvores de grande porte.
O Gro-Mestre da Loja convidara noventa e oito dos noventa e nove
membros para comparecer reunio. Muito antes do incio da reunio, os
membros tomaram seus lugares em duas longas mesas.
Todas as conversas no salo emudeceram-se quando o Gro-Mestre
entrou acompanhado do segundo homem no comando, que tambm atuava
como Secretrio. Havia uma plataforma oposta entrada do salo, onde o
Gro-Mestre sentou-se atrs de uma mesa. Ele tocou uma sino, e ento, tudo
ficou em completo silncio. Numa voz intensa e penetrande, ele se dirigiu
aos irmos:
"Meus queridos irmos, sinto-me honrado em abrir a reunio de hoje,
fico satisfeito que todos vs tenhais aceito meu convite. Como sabeis, de
acordo com as leis de nossa loja, uma assemblia geral tal como esta s
convocada em casos muito especiais. J deveis ter notado que o Irmo
Silesius no est presente. Infelizmente, ele foi considerado culpado por
revelar segredos da loja e; como primeiro ponto da agenda, discutiremos sua
sentena. O segundo ponto ser relativo a Frabato , o mago, que tem se
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tornado bem conhecido aqui em Dresden.
"Caros irmos, todos sabes que o irmo Silesius chegou ao vigsimo
quinto grau de iniciao em nossa loja, e, portanto, deve ter plena
conscincia de suas violaes. Seu zelo excessivo seduziu-lhe a revelar para
um de seus amigos os rituais que usamos para invocar os seres elementais.
De acordo com as leis de nossa loja, a quebra de um juramento e a
divulgao de nossos segredos so punveis com a morte. Contudo, a
sentena s se tornar definitiva aps a votao secreta por todos os
membros presentes. Embora a pessoa em questo seja meu amigo, no
posso perdoar seu comportamento e ,assim, Deixou-lhe sobre vosso
julgamento. "
A tenso rapidamente oprimia a fraternidade; os membros sussurravam
excitadamente entre eles. Alguns exibiam raiva, outros ficaram sentados
como se estivessem paralisados. O secretrio distribuiu envelopes com um
pedao de papel em branco a todos os presentes. Um simples "sim" ou "no"
determinaria a vida ou morte de um irmo. "Sim" significaria morte por
ataque psquico, "no" significaria liberdade e vida.
Muitos escreveram seus julgamentos rapidamente, outros hesitaram
por um momento, e alguns eram at mesmo incapazes de controlar suas
mos trmulas enquanto escreviam seus veredictos. Embora Silesius fosse
querido por muitos deles, um falso sentimento de compaixo seria um
equivoco, pois a traio por apresentar segredos da loja poderia ser muito
perigosa a todos os interessados.
Por fim, o Secretrio recolheu todos os envelopes numa pequena caixa
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de madeira, pegou as tiras de papel, e dividiu-as em duas pequenas pilhas;
de acordo com as respostas dadas. Todos os presentes assistiam em silncio.
O secretrio contava as tiras de papel cuidadosamente, fazendo uma
anotao do resultado. Sua face normalmente rossa empalidecera enquanto
verificou o resultado novamente.Deste modo, ele enviou sua anotao ao
Gro-mestre, que olhava fixamente aos nmeros; sua face refletia o choque
um grande amigo havia sido condenado morte. O gro-mestre levantou-se,
bastante perturbado. "Queridos irmos", disse ele numa voz trmula,
"infelizmente, a votao foi contra Silesius, que foi inrrevogavelmente
condenado morte por uma margem de 51 a 47. De acordo com nossas leis,
esta sentena deve ser executada dentro de um ms, mas desde que, usando
suas faculdades ocultas, Silesius informar-se- o que foi decidido na loja para
ele e, provavelmente, tentar escapar da morte. Ns devemos executar esta
sentena num prazo de 24 horas. O amigo a quem ele revelou os segredos de
nossa loja sofrer o mesmo destino. Convido os vinte e um irmos que so
mestres em combate telepticos a permanecerem aqui aps a reunio e
auxiliar-me no ataque psquico."
Mesmo que o veredicto tivesse agitado profundamente o Gro-Mestre,
ele rapidamente se reabilitou e continuou a falar numa voz mais calma:
"Desde que o ponto n 1 da agenda foi decidido, vamos tratar agora o
caso de "Frabato". Alguns dos irmos presentes assistiram suas
performances e foram capazes de convencer a si mesmo de suas habilidades
de perto. J foi provado que ele trabalha sem a ajuda de truques
convencionais. Seus experimentos obtiveram xito acima de todas as
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expectativas, e sim; eles foram melhores realizados do que muitos de nossos
irmos foram capazes de desempenhar. Hermes, um de nossos irmos mais
versteis, fez uma visita a Frabato, a fim de test-lo. Agora, ele dizer-nos-
sobre sua experincia. "
O distinto cavalheiro que visitara Frabato tarde da noite, agora surgiu
entre os irmos.
"Escolhi a melhor hora astrolgica para minha visita a Frabato.
Tambm levei em conta as correspondncias dos elementos de modo a
colocar-me numa posio inicial favorvel. Alm disso, Esperava que ele
estivesse esgotado aps a exibio que ele acabara de realizar; que serei
uma vantagem. Expliquei-lhe a hora invulgar de minha visita, dizendo-lhe
que tinhaa uma viagem para fazer, e que no poderia ser postergada. Ao
ouvir isso, Frabato olhou para mim de forma penetrande e, ento, sorriu
levemente, sem proferir uma nica palavra.
"Ento, pintei um quadro bem colorido dos membros de nossa loja ,
apontanto suas muitas vantagens; prometendo-lhe uma grande soma de
dinheiro de nossos fundos caso ele decidisse participar. Mas Frabato ignorou
completamente minhas propostas e comeou a falar sobre suas viagens, suas
apresentaes e abruptamente, um efeito exaustivo caiu sobre meu corpo.
Eu no desejava parecer um nscio, e reunindo toda minha fora de vontade,
consegui ficar acordado por toda a demonstrao.
"A luz opalescente iluminava todo o quarto, todavia, ela gradualmente
comeou a vaporizar-se dentro de uma esfera. Havia nuvens multi-coloridas
flutuando dentro dela, mas, logo se dissolveram e foram substitudas por um
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nuana violeta. Em seguida, a imagem de nosso Grande Mestre condensou-
se, como num panorama. As figuras moviam-se rapidamente, da sua infncia
at os dias atuais. Muitos dos eventos que vi chocaram-me; um arrepio
corria em minha espinha. A mais incriveis imagens l foram reveladas, e no
podia evita-las, pois era incapaz de me mover. "
A cor do rosto do Gro-Mestre mudou algumas vezes. Quando Hermes
comeou a relatar alguns dos acontecimentos mais surpreendentes da vida
do Gro-Mestre, como revelados a ele no espelho mgico, o lder
discretamente deu-lhe a entender que isto no era desejvel. Hermes
entendeu, e habilmente moveu-se a temas mais gerais.
"Depois que tive a oportunidade de seguir de um modo oculto o
destino de nosso gro-mestre, e de todos os membros da loja at os dias
atuais, Frabato fez um crculo sobre a esfera com sua mo direita com seu
dedo indicador , desenhando uma figura que no conhecia . As imagens
desapareceram.
"Um tanto aliviado, quis me afastar da esfera, quando inesperadamente
a forma de nosso secretrio condensou-se dentro dela. Sua vida ,tambm,
passou como um filme diante dos meus olhos. Todos os crimes da loja eram
revelados sem piedade. Desta forma, Frabato continuou a expor-me a vida
dos sete membros mais velhos de nossa loja. Quando ele quis mostrar minha
prpria vida, me senti to constrangido e envergonhado que ele se deteve.
Depois, ele desenhou outra figura sobre a esfera e murmurou uma frmula; a
luz finalmente desapareceu.
"Frabato levantou-se, acendeu a luz e extinguiu a chama do lampio.
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Silenciosamente, ele recolocou a esfera e o lampio em suas caixas
respectivas e trancou tudo em sua mala. Quando terminou, ele me perguntou
com ar de desdm: "Agora, senhor, tu ainda gostarias de me recomendar
algo mais?"
"Fiquei completamente confuso com o poderes daquele homem e,
conseqentemente, incapaz de pronunciar uma nica palavra. Peguei meu
chapu e meu casaco e me precipitei porta sem se atrever a fazer qualquer
comentrio. Nem sequer coloquei minhas vestimentas quando cheguei ao
corredor, e ento deixei o hotel s pressas. Minha crena no poder de nossa
loja fora fortemente abalada; nem pude descanar naquela noite . "
O relato desta experincia com Frabato causara uma forte impresso
em todos os presentes. Ningum ousou se mover; um silncio mortal pesava
sobre eles . O Gro-Mestre levantou apressadamente e quebrou o silncio
desanimador com uma voz aguda:
"Caro irmo Hermes, em nome de nossa irmandade, Agradeo-te pelo
esforo nesta difcil misso. Considero as revelaes de Frabato acerca das
atividades de nossa loja e de alguns de nossos mais elevados e antigos
membros como um grande insulto. Juro pelo nome do Senhor das Trevas
que liberaremos toda a colra do inferno em Frabato, de modo que ele
aprender com o qu est a lidar! No permitirei que nossa loja seja
insultada! Ele ser submetido ao poder fatal de nossa vibrao, at que
perea miseravelmente! Qu seja condenado em nome de Satans, em nome
de Ashtaroth, e emo nome de Belial!
O enraivecido gro-mestre gritara sua terrvel maldio; A mais severa
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maldio que j havia proferido em pblico. Nenhuma vitma poderia
escapar de tal maldio, ou mesmo escapar da perseguio da Ordem.
Depois de pedir que os 21 executores da loja permanecessem,
agradeceu a assemblia pela cooperao e encerrou a sesso tocando o sino.
Alguns foram para casa aps fazer o sinal secreto da loja, desaparecendo no
trnsito da cidade. O comportamento velado era uma das regras mais
estrictas da Loja, era necessrio para que a Ordem no incitasse a ateno
do grande pblico ou de curiosos.
O Gro-Mestre sentou em seu lugar novamente, um sorriso de
contentamento estava pregado em seu rosto. Sentia-se instintivamente que
estre era um oponente poderoso, no entanto, no havia volta aps proferir
seu discurso. Esta batalha seria combatida at o final, mesmo que isso
significasse sua prpria vida. Sob circunstncia alguma ele poderia permitir
que sua autoridade sobre os irmos fosse perdida, ou mesmo debilitada.
Os presentes discutiam detalhadamente como Frabato poderia ser
melhor atacado. Muitos sugestes diferentes eram feitas e registradas pelo
Secretrio, a fim de ser submetida votao na prxima reunio.
O caso do irmo Silesius era para ser resolvido da maneira tradicional,
e, portanto, no era necessrio discutir o assunto. Aps um sinal do Gro-
Mestre, o secretrio deixou a sala e entrou num quarto situado na parte de
trs da casa. Este aposento, que no tinha janelas e que as portas estavam
equipadas com fechaduras especial, continha armrios com formas bizarras,
onde vrios instrumentos mgicos estavam guardados. O mago negro abriu
uma arca de ferro e removeu um caixo de tamanho mdio.
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Nele estava contido a figura de um homem de cera. De um cofre na
parede, ele pegou uma grande garrafa marrom selada com uma rolha de
vidro. Posteriormente, colocou os objetos numa mesa no meio da sala. Com
um canivete, ele soltou uma pequena placa da tampa do crnio da figura de
cera, revelando uma pequena abertura. Um canal da largura de um dedo
corria por toda a extenso da parte traseira da figura.
Assim, o secretrio tirou o selo e abriu a garrafa; cuidadosamente
derramou lquido suficiente para que ficasse ele preenchido at a cabea.
Em seguida, ele cobriu a abertura com a placa e a fixou com cera lquida. Ele
modelou e alisou a cera, ocultando qualquer vestgio da abertura. Fechou a
garrafa e a selou com a ajuda de seu anel de sinete.
Havia um crculo aplanado no peito da figura, no qual o secretrio
agora escrevia o nome da vtima da loja. Pegando um dirio no armrio e, no
cdigo secreto da Loja, escreveu a data do dia e o nome do homem a ser
executado, colocando o dirio devolta em seu lugar. Aps isso, ele abriu a
gaveta de uma mesa em que estavam adagas de vrios tamanhos, formas e
comprimentos. Desta coleo, ele escolheu um punhal que era pequeno e
afiado. Aps verificar que no havia esquecido nada, ele colocou tanto a
figura de cera eo punhal no caixo, em seguida, saiu da sala.
Com o caixo debaixo do brao, o secretrio cuidadosamente trancou a
porta e voltou sala de reunio. O Gro-Mestre pegou o caixo. Verificando
se a figura tinha sido corretamente preparada, posicionando o caixo
verticalmente no cho. Trs grandes velas foram acesas e as luzes foram
desligadas.
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Os 21 executores agora formavam um crculo sobre a figura, o gro-
mestre permanecia fora da roda, com o propsito de ser um observador. Os
irmos deram as mos,e comearam a rodearam vagarosamente a figura
sete vezes; encarando-a intensamente sem nenhuma interrupo. Eles
comearam a respirar ritmicamente em unssono, levantando e abaixando os
braos. Cada vez que expiravam e abaixavam os braos, uma frmula era
repitida, cada vez mais alto.
A cerimnia toda foi repetida e o andamento acelerava. Um nevoeiro
comeou a se formar em torno da figura, condensando-se em nuvens e,
eventualmente, solidificando numa forma esfrica que engoliu toda a figura
de cera. A cor acinzentada que era visvel no incio agora ficava vermelha.
Figuras negras pareciam ser condensadas nela, e, em pouco tempo, a
formao de nuvens adquiriu uma cor vermelha gnea. O Gro-Mestre se
aproximou, e fez um sinal no ar com a mo direita. Ento, quebrou a
corrente formada pelos irmos. Lentamente, a nuvem rubra que
desapareceu dentro da figura de cera. Os Irmos exaustos sentaram-se.
O Gro-Mestre pegou a figura e a colocou no caixo. Solenemente, ele
acendeu as velas no candelabros que se situavam em cada extremidade da
urna morturia. A sala estava em completo silncio. Os 21 irmos ficaram
imveis com o suspense, no ousando se mover.
O rosto do gro-mestre estava imvel, como uma mscara. Seus olhos
eram frios e fixos enquanto ele alcanava a adaga espera para o servio.
Sua mo subiu lentamente, seus olhos estavam cravados no objeto - o crculo
com o nome da vtima. Ento, a lmina brilhou na luz das velas e perfurou o
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peito da figura. Um estampido estrondoso abalou da sala s suas fundaes;
um enorme brmido enchia o ar, como se uma tempestade estivesse prestes
a eclodir. Isso durou alguns instantes, logo, este fenmeno comeou a cessar
gradualmente, se tornando um troar distante, finalmente retrocedendo
totalmente, tomou lugar uma estranha calma.
O rosto do Gro-Mestre espelhava o triunfo, pois ele sentia que era o
senhor da vida e da morte. Aliviado, ele despencou numa cadeira prxima.
Embora todos os presentes estivessem familiarizados com tais
fenmenos, eles eram, apesar de tudo, feridos com o terror cada vez que
realizavam rituais daquela espcie. O secretrio foi o primeiro a se
recuperar. Ele acendeu a luz, apagou as velas, e removeu o caixo.
Os outros irmos tambm recuperaram sua compostura. O fenmeno
que eles haviam experimentado era a prova que o propsito de seus esforos
havia sido alcanado. Eles conversaram calmamente entre si enquanto o
mestre escrevia os dados daquela operao mgica no dirio. Ento,
levantou e se dirigiu a eles.
"Queridos irmos, agradeo-vos pela participao bem sucedida. Nosso
irmo Silesius morreu de ataque crdiaco s 10 horas da noite. Executamos
a sentena de acordo com as regras de nossa santa ordem , e , assim,
vingamo-nos da traio por ele cometida. Seu amigo foi condenado morte
tambm, mas sua execuo ocorrer em uma data posterior. Discutiremos as
razes para isso em nossa prxima reunio. A admisso de um novo membro
para substituir o Irmo Silesius poder ser combinada com a reunio do dia
de So Joo. Espero-vos ver aqui amanh noite, s oito horas. O caso de
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Frabato est na agenda. Assim sendo, a sesso de hoje est encerrada. Boa
noite".
Um aps outro, os irmos deixaram a loja e desapareceram
discretamente na noite.
O ponteiro dos minutos no grande relgio eltrico na estao de trem
se movia vagarosamente em direo das 10:00. No ptio da estao alguns
viajantes estavam espera do trem expresso de Bad Schandau a Berlim.
Uma voz no alto-falante anunciava a chegada do trem, e aqueles que
estavam espera subiram na plataforma rapidamente, pois o trem ficaria
parado em Dresden por apenas alguns minutos. Frabato estava parado na
frente da lista de horrios do trem, fazendo algumas anotaes. Logo que o
trem chegara, Frabatou colocou seu caderno de anotaes no bolso. A porta
do compartimento abriu diretamente na frente dele, um jovem rapaz num
terno saltou do trem, correndo barraca de refrescos. Pagou por um pacote
de bolachas e logo estava de volta a seu percurso para o trem, quando,
depois de poucos passos, bruscamente levou as mos ao peito e desmaiou
com um gemido. Contorceu-se com a dor por apenas alguns segundos, sua
face se deformou num espamo; ento, seu corpo jazia imvel.
Curiosos imediatamente se reuniram em torno do rapaz. A polcia
chegou rapidamente e levou o corpo sem vida ao escritrio da estao.
Algum chamou um mdico pelo telefone e as testemunhas deram seus
depoimentos.
Observando de perto, Frabato silenciosamente observava o curso dos
eventos. Instintivamente, ele sabia que o homem desconhecido no havia
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morrido por uma morte natural, e, como um magista, tambm sabia que era
muito tarde para ajud-lo. Lentamente, ele deixou a estao e caminhou em
direo do Leipzigerstrae. Depois de um passeio de cerca de uma hora,
parou em um pequeno bosque na periferia da cidade e sentou-se para
descansar.
A noite estava maravilhosamente suave, a lua e as estrelas brilhavam
num cu limpdo. Absorvido nesta meditao, Frabato ficou l mais um
pouco, s mais tarde voltando para seu Hotel. Ele parou um txi perto do
porto de Elba e pegou carona pelo resto do caminho. Eram duas horas da
manh quando ele entrou em seu quarto. Trancando porta, pegou sua mala e
preparou sua esfera mgica. O que ele viu nela confirmou suas suspeitas: a
morte do moo fora causada por uma violenta ao da parte da F.O.G.C.
Frabato trancou a bola dentro de sua mala, e retirou-se pela noite.
Na manh seguinte, ele comprou uma cpia do maior jornal de
Dresden, e achou o que ele estava procurando na primeira pgina. O relato a
seguir fora dado abaixo da chamda: " Morte na Estao Central de Dresden".
"O Popular autor Dr. Alfred M. morreu subitamente na estao central
s dez da noite passada, nossa cidade lamenta o fim imprevisto deste jovem
e promissor talento, cujos trabalhos eram saudados com tanto entusiasmo".
Seu ltimo drama, O testamento, s recentemente foi impresso. Manteremos
este talentoso e ambicioso homem em nossos coraes, em memrias fieis."
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C A P T U L O I I I C A P T U L O I I I C A P T U L O I I I C A P T U L O I I I
Conforme fra combinado, os 21 especialistas na arte do ataque
psquico reuniram-se mais uma vez com o Gro-Mestre da Loja FOGC.
Trataram primeiramente da questo do Diretor Z., presidente de uma grande
instituio financeira e sabedor de importantes segredos dos 28 graus da
Loja de Silesius. No sendo um irmo oficial da confraria, havia apenas duas
sadas para o Diretor Z.: ou tornava-se um membro, ou teria que perder a
vida. Como sua personalidade no se adequasse loja, foi determinado que
deveria morrer. Seu cargo, porm, conferia-lhe grande poder e influncia,
sendo decidido que primeiramente seria usado como instrumento para
angariar altas somas em dinheiro.
A loja era constituda basicamente por poderosos capitalistas cujas
posses e riquezas, obtidas por meios ocultos, tambm lhes permitia acesso
s principais fontes do capital, mesmo em tempos difceis. Estavam eles
prontos a empregar quaisquer meios para atingir seus objetivos, mesmo
custa de vidas humanas. Eram hbeis em explorar os mecanismos legais do
estado para objetivos pessoais e por meio de complexos mtodos,
treinamento, experincia, exerciam negcios criminosos sob o nariz de
todos, sem despertar a menor suspeita - explorao facilitada pela pouca
ateno dispensada pelo pblico alemo ao estudo das leis mentais e
poderes ocultos.
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Frequentemente a Loja realizava apresentaes pblicas sobre o
ocultismo, destinadas a convencer a populao de que o tema era apenas um
amontoado de mentiras e fraudes - sabiam muito bem que um conhecimento
generalizado sobre filosofia oculta criaria uma nova ordem social a qual
dificultaria enormemente seus objetivos. Alm disso, suas palestras tambm
funcionavam como uma forma de desacreditar os ocultistas genunos, magos
brancos, que poderiam denunci-los ao mundo.
Naturalmente que o trabalho realizado por Frabato, ao demonstrar de
modo convincente a existncia de leis e poderes espirituais, despertava a
hostilidade da loja. Fosse ele apenas um dos muitos e to populares pseudo-
ocultistas, a FOGC no teria motivos para intervir - o Gro-Mestre
particularmente, nutria-lhe imenso dio, no o perdoando por revelar seu
passado ao irmo Hermes. Assim, os membros da loja decidiram usar de
todos os meios possveis para impedir que Frabato continuasse seu trabalho.
Antes, porm, era necessrio preparar a morte do director Z. O secretrio foi
ao subsolo buscar Elli, filha do zelador e acostumada a atuar como mdium
clarividente em vrios experimentos da loja. A menina vivia com o pai, tendo
a me morrido vrios anos antes. Elli tinha dezoito anos, era magra e tinha
os cabelos castanhos-ondulados contrastantes com os imensos olhos azuis.
Embora no gostasse de ser mdium, no ousaria recusar uma ordem da
loja, ato que custaria o trabalho do pai.
Aps alguns minutos, Elli apareceu na sala de reunies acompanhada
pelo secretrio. Um sinal foi dado e um sof revestido por uma capa de seda
branca colocado no centro da sala. Uma segunda capa de seda foi mantida
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prxima caso fosse necessrio isolar a mdium durante o experimento.
O Gro-Mestre deu o sinal para iniciar a sesso. Elli deitou-se no sof e
o Secretrio, sentado numa cadeira ao lado, olhou-a profundamente
sussurrando poderosas palavras. Em instantes Elli entrou no primeiro
estgio hipntico e atravs de passes magnticos o mago conseguiu coloc-la
no estado mais profundo possvel, enfatizando a regio da garganta, para
que a garota pudesse falar durante a sesso.
Elli estava to habituada a esses estados de transe que era capaz de
executar qualquer comando sem dificuldades. Primeiramente, foi-lhe
ordenado que visitasse Frabato mentalmente a fim de descobrir o que fazia
naquele exato momento; ela imediatamente informou que o mago realizava
experimentos mgicos em um palco. Ao ouvir isso, o secretrio rapidamente
chamou o esprito da jovem de volta, temendo que Frabato pudesse not-la e
assim descobrisse as atividades.
Elli foi ento ordenada a relatar as atividades do Director Z. A jovem
respondeu que ele se encontrava sozinho em casa, lendo os jornais do dia.
De posse deste conhecimento, o Gro-Mestre fez um sinal e os irmos
formaram um crculo em torno de Elli e do Secretrio. O grupo carregou-os
magnticamente e quando a tenso tornou-se suficientemente forte, o Gro-
Mestre ordenou jovem que fizesse o diretor adormecer para que pudessem
control-lo mais atentamente.
Assim, no demorou muito para que Z. fosse tomado por uma repentina
sonolncia, adormecendo assim que colocou a cabea no travesseiro. Atravs
deste ataque mgico, Z. tornara-se alvo do poder da loja.
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O secretrio, com expresso grave, imprimiu o nome de Z. em um disco
de cera especialmente preparado para a atividade. Colocou-o no centro do
plexo solar, estabelecendo assim estreita relao espiritual com a vtima. Em
seguida, o disco foi colocado na testa da garota por alguns minutos a fim de
tornar o esprito do diretor suscetvel a receber ordens longa distncia. O
secretrio tocou os ouvidos e o corao da mdium, aps o que afastou-se
silenciosamente.
A corrente formada pelos irmos abriu-se por um instante, o sof com a
jovem foi arrastado para um canto e o Gro-Mestre acomodou-se no centro
do crculo. Em seguida, aqueceu ligeiramente o pequeno disco de cera e
moldou-o em forma de concha. Entoando continuamente uma frmula
mgica, colocou-se em um estado de transe de modo a estabelecer contato
psquico profundo com o receptor, enquanto ele mesmo recebia o poder
energtico do crculo, formado pelos irmos. Com uma voz preenchida com o
poder da sugesto, dirigiu-se ao pequeno artefato de cera que trazia nas
mos:
"Um jovem ir ao seu escritrio amanh de manh, pontualmente s
11:45. Ele estar vestindo um terno escuro e uma gravata vermelha. Este
homem vai lhe pedir um emprstimo de um milho de marcos para um
projeto de construo na Sua. Voc ser incapaz de resistir e prontamente
far o que lhe foi pedido. Depois que ele tocar a testa com a mo direita trs
vezes, voc assinar um cheque de um milho de marcos e o entregar ao
homem. Aps isso, sentir-se-ir muito cansado e adormecer por exatamente
cinco minutos. Quando despertar esquecer tudo o que ocorreu e em
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nenhuma hiptese vai lembrar a aparncia do homem. Todos os detalhes do
incidente desaparecero de sua memria e desse momento em diante, voc
comear a sentir-se mal, ter as mesmas sensaes de algum
profundamente doente, sendo assombrado por terrveis pensamentos. Sua
mente ficar completamente desordenada durante algumas horas e a cada
novo dia, voc se sentir cada vez mais cansado e deprimido. Ficar irritado
com as menores coisas e, conseqentemente, no encontrar descanso em
coisa alguma. Nada neste mundo poder lhe trazer alegria e finalmente,
quando todos sua volta j no puderem suportar sua presena... voc, aps
exatos 14 dias, cometer suicdio com seu revlver. "
Diretor Z. era considerado um homem honrado, famoso por seu talento
financeiro. Certa vez em Londres fra roubado e desde ento tornara-se
muito cauteloso, mantendo sempre uma pistola consigo. Aps o Gro-Mestre
ter concluido suas sugestes hipnticas, olhou para a concha de cera por
mais alguns minutos, fez um sinal ritual e envolveu o artefato no tecido de
seda lils que o secretrio trouxera.
Lentamente os irmos dissolveram o crculo mgico, tomando seus
lugares na sala. O sof com a mdium ainda em transe foi levado de volta ao
centro e o secretrio ordenou que o esprito da garota voltasse da casa do
diretor para ser novamente enviada a Frabato,
o qual a esta altura j terminara sua apresentao encontrando-se em
visita casa de um amigo. A mdium deu aos irmos o endereo exato,
relatando que os membros daquela casa j dormiam, exceto pelos dois
homens que dissertavam animadamente sobre os problemas do ocultismo. O
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nimo da conversa impediu Frabato de notar que era observado.
Tendo recebido estas informaes, o secretrio chamou o esprito da
mdium novamente e com alguns passes magnticos seguidos de frmulas
correspondentes, Elli voltou conscincia, sem ter a menor idia do trabalho
que realizara para a loja. Ela sempre achara sinistras aquelas reunies, mas
consentia em troca de um dinheiro extra. O secretrio ento gentilmente
conduziu-a para fora da sala, dando-lhe algumas notas como recompensa.
Um dos segredos dos membros da FOGC era sua capacidade de colocar
algum em estado de sono profundo, despertar esse algum, torn-lo doente
ou saudvel, revigor-lo ou at mesmo mat-lo, sempre que quisessem. Os
principais membros da Loja, entretanto, s adquiriram estes conhecimentos
atravs do pacto celebrado com um prncipe dos demnios. Com seus
mtodos mgicos, eram capazes de influenciar qualquer pessoa
inexperiente, a qual tornava-se totalmente incapaz de descobrir a fonte das
influncias malignas.
Frabato era um caso especial para a loja, j que alm de estar
totalmente familiarizado com prticas ocultas de toda espcie, estava
tambm sob a proteo dos Irmos da Luz, j conhecidos da FOGC, mas no
em profundidade, pois estes desconheciam a verdadeira extenso dos
poderes daquela fraternidade branca. Decidiram ento, aps breve
discusso, colocar Frabato sob um ataque mgico e para isso o secretrio
trouxe da sala de mquinas um aparelho chamado Tepaphone e colocou-o
cuidadosamente no centro da sala. Essa arma era o segredo mais importante
e letal do arsenal da loja: um instrumento mgico vibratrio cujas
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irradiaes eram capazes de matar distncia. Seu funcionamento consistia
na colocao de uma fotografia (ou o boneco representativo de qualquer
animal, humano ou no) sob seu foco vibratrio, fazendo com que a vtima
fosse afetada em seus corpos astral e fsico. Substncias de qualquer espcie
poderiam ser destrudas por este instrumento e alm disso ele tambm
servia como um transmissor energtico sem fio - algo desconhecido da
cincia poca. Como qualquer tipo de pensamento pudesse ser transmitido
pelo aparelho, as vrias mazelas causadas por ele, entre as quais doenas
nervosas e envenenamentos, frequentemente confundiam a medicina.
Tipicamente, uma imagem ou objeto pessoal era suficiente para estabelecer
contato com a vtima - lembrando que no havia limites de distncia.
Como Frabato era uma personalidade pblica, no foi difcil FOGC
obter uma foto do mago nos jornais para o ataque. Assim, para iniciar a
sesso Gro-Mestre disps a imagem de Frabato na mira do raio do
Tepaphone e acendeu o combustvel composto por elevada porcentagem de
lcool. Ao mesmo tempo os outros irmos formaram um crculo mgico em
torno do aparelho para iniciar o combate teleptico, condensando o
elemento fogo no plano fsico. Os magos negros geralmente recorrem a este
mtodo de aniquilamento no caso de a vtima possuir grandes habilidades
ocultas. Usado frequentemente para as execues da loja, o Tepaphone
nunca falhara em seus resultados letais sendo o bito de suas vtimas
habitualmente diagnosticados como "acidente vascular cerebral."
Frabato prosseguia em animada conversa na casa de seu amigo, to
absorto na discusso que a princpio no percebeu o ataque empreendido
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pela FOGC. Foi somente quando sentiu um repentino excesso de
transpirao que notou circunstncias anormais sua volta. Desconfiado,
subiu e desceu do quarto algumas vezes, procurando a causa do calor
incomum, o qual nunca experimentara antes. A temperatura elevou-se
progressivamente, atingindo o outro homem na sala, o que fez Frabato
compreender que a causa do sbito aumento de temperatura no estava em
seu corpo fsico. Quando o relgio e o anel comearam a queimar-lhe a pele,
no teve dvidas de que alguma fora estranha tentava destru-lo. Tentou
lutar e confrontar o poder, mas o calor j era de tal modo intenso que no
lhe foi possvel se concentrar, deixando-se cair numa cadeira, observado pelo
perplexo e impotente amigo. O que se poderia fazer num caso destes?
Procurar ajuda mdica no teria sentido - o que um mdico poderia fazer
contra ataques mgicos? O sangue fervia-lhe nas veias e embora tentasse
resistir, no conseguia influenciar o corpo atravs da mente. Desesperado,
rogou a Deus por ajuda e inspirao. Estava convencido de que se esse no
fosse o momento final de sua encarnao, conseguiria a ajuda necessria.
O amigo tentou magnetiz-lo mas logo recuou devido ao insuportvel
calor na sala. Subitamente, Frabato ouviu uma voz interior dizendo: "Desvie
com gua!" Ele abriu os lbios e sussurrou: "gua! Muita gua! "
Rapidamente seu amigo saiu pela porta, retornando com um balde
cheio e instantaneamente Frbato recobrou a clareza e o poder de seus
pensamentos. A gua foi ficando mais e mais quente enquanto o amigo trazia
mais baldes cheios. O calor continuou sendo transferido para a gua por um
longo tempo, visto que o ataque da loja continuou incansvel. Como as
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vibraes destrutivas tornaram-se ineficazes sobre seu corpo, Frabato logo
se sentiu forte o bastante para empregar a clarividncia. Espiritualmente,
rastreou o campo energtico descobrindo que tinham sua origem na Loja
FOGC.
"Vocs iro se arrepender por me atacarem desta forma", pensou.
"Tanto quanto permitir a lei espiritual, trabalharei para derrotar todos os
seus planos futuros."
Frbato prosseguiu desviando as sombrias energias para a agua.
Atravs da clarividncia, observou que a sesso macabra na FOGC ainda
prosseguiria por uma hora e aps seu trmino os magos interromperam o
crculo mgico, retirando a foto de Frabato da mira do Tephaphone; o Gro-
mestre e o secretrio fecharam o perigoso aparelho trancando-o em seguida
na sala de equipamentos. Ainda conversaram por um breve perodo,
satisfeitos ao imaginarem a morte de Frbato estampada nas manchetes dos
jornais com o posterior cancelamento de suas apresentaes. Outro encontro
foi marcado para a prxima noite, a fim de comemorarem a vitria sobre o
odiado inimigo, sendo os trabalhos dissolvidos naquele dia.
Nesse momento Frabato abandonou as observaes e como no tinha
conhecidos em seu hotel, aceitou o convite do amigo para passar a noite por
ali mesmo. Antes de ir para a cama, porm, pediu um pedao de fio de cobre
ou ferro e uma faca de cozinha afiada. Seu amigo atendeu ao estranho
pedido e observou o mago puxando o fio em volta da cama, ligando-os s
extremidades da faca e colocando-os no cho. Concentrou-se profundamente
por alguns momentos, carregando o fio protetor nos trs mundos. Com esse
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procedimento, isolava-se contra qualquer influncia espiritual nociva.
Aps despedir-se do amigo, Frabato agradeceu a Deus pelo maravilhoso
resgate e logo adormeceu profundamente.
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C A P T U L O I V C A P T U L O I V C A P T U L O I V C A P T U L O I V
O gro-mestre da F.O.G.C sentou-se num elegante caf em
Pragerstrae, bebia um copo de caf e folheava as pginas do jornal de
Dresden.
"Nenhuma notcia sobre a morte de Frabato? Isso no pode ser
verdade! O tepafone nunca falhou. E por qual outro motivo ns fizemos um
pacto com o princpe dos demnios?
Estes eram os pensamentos que martelavam em sua mente.
Raiva e desapontamento fadigavam seus nervos. Os irmo da Loja
queriam celebrar o sucesso naquela noite e agora esta desgraa! Tal falta,
sem dvida, abalaria a convico de alguns membros no poder da loja. E
acima de tudo, o gro-mestre tambm notava que sua prpria autoridade
estava em perigo.
Ele ordenou o cancelamento da reunio daquela noite e foi Loja
sozinho. Logo que chegou, foi para uma sala do templo usada apenas para
operaes magicas executadas pelo gro-mestre.
A sala tinha uma nica janela que podia ser tapada com uma cortina.
Perto da parede leste, um coluna tetragonal ornamentada com signos
mgicos servia como um altar; o equipamento magico j esta disposto l.
Acima dela, estava a figura de Baphomet, o supremo deus dos magos negros.
A paredes estavam cobertas com um veludo azul escuro. Havia um grande
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lustre pendurado no centro de um forro azul claro. No altar estava um
pequena lmpada magica, chamada de "Laterna Magica" pelos ocultistas,
nela brilhavam as setes cores do arco-ris, simbolizando aa aliana com as
sete esferas planetrias. Em cada canto da sala, havia duas velas grandes,
em magnficos candelabros de prata. Embora a sala pudesse ser iluminada
por luz eltrica, apenas as velas e a laterna magica foram usadas para a
operao mgica.
O Gro-Mestre tirou um casaco de seda azul escuro e um leno de
cabea da mesma cor de um armrio. Ele fechou a porta do templo, despiu-
se, e vestiu o leno e o casaco. A parte do leno que cobria sua testa era
ornamentada com um pentagrama invertido bordado em prata. Um par de
chinelos de seda violeta adornavam seus ps. Ele abriu um cofre e retirou
dele uma enorme capa branca, que colocou no cho. A capa era bordada com
um crculo mgico multi-colorido, em forma de uma cobra cujas costas eram
ornamentadas com vrios nomes. Havia um tringulo acima do circulo
bordado; ele apontava para cima e havia letras em seus cantos. O centro do
crculo continha um pentagrama invertido, bordado em vermelho prpura.
Cada canto do pentagrama era ornamentado com uma letra, lidas juntas
como "Satan".
O Grande Mestre colocou uma travessa come incenso sobre o tringulo
e ps cinco velas lisas em volta do crculo. Ento, ele examinou
cuidadosamente cada parte do equipamento mgico , pois nada deveria ser
esquecido durante as invocaes que ele tencionava fazer. Apesar da
proteo que ele havia adquirido atravs do pacto demonaco, o menor
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descuido poderia ter severas conseqencias.
Aps a adio do p de incenso, O gro-mestre acendeu o carvo no
turculo e um forte odor preencheu a sala. Logo, ele acendeu as velas e
desligou as luzes. As cortinas mantinham fora a luz do dia.
O Gro-Mestre entrou majestosamente no crculo mgico. Sua mo
esquerda agarrou a espada mgica, a mo direita a baqueta . No seu
pescoo estava pendurado um lamen com o selo da criatura que estava
prestes a invocar. De frente para o leste, ele recitou a frmula de invocao
com fervor:
"Estou unido a vs, salamandras e espirtos do fogo infernal. Vosso
elemento est sujeito a mim em todos os trs mundos. Chamo-te e invoco,
prncipe dos espritos do fogo infernal! Invoco-te, em nome de Satan, teu
sagrado mestre, que nosso lorde e soberano! Como aliado de teu mestre, te
ordeno em seu nome a sucumbir a minha vontade e apoiar meus propsitos
atravs de teu elemento. Imponho-te minha espada mgica, e te foro a
absoluta obedincia. Demando de ti que teus cruis espirtos do fogo sejam
submetidos minha vontade e que eles me ajudem com meus planos em
qualquer hora. Em nome de teu mais elevado lorde e soberano, com quem
sou ligado pelo pacto, te ordeno a perseguir e destruir Frabato. Prncipe dos
espritos do fogo infernal! Aparea aqui agora, visvel ante o crculo, para
confirmar a recepo de minhas ordens!"
Aps o grande mestre ter recitado apaixonadamente esta evocao, as
chamas das velas aumentaram e o cho comeou a vibrar. Um raio brilhante
apareceu no meio do tringulo e uma voz estridente agora era ouvida: " Eu
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ouvi seu pedido, grande mago!" Ns devemos te servir, pois nosso supremo
lorde est submetido a ti. Por isso, meus sditos e eu perseguiremos Frabato
onde a influncia de nosso elemento tornar isso possvel. Porm, eu no
posso garantir sucesso total Pois Frabato deve cumprir uma misso
especial na Terra. Seu destino no como os dos simples mortais!"
A forma da criatura se tornava cada vez mais visvel, lnguas de fogo
danavam ao seu redor. Um calor intolervel emanava da criatura, cujo
poder era to penetrante que o prprio gro-mestre se sentia em perigo. Ele
levantou sua espada e apontou entidade. A ser de fogo sumiu com o
estalido de um trovo, fazendo o cho abaixo dos ps do gro-mestre vibrar.
Depois de descanar e se concentrar por algum tempo, o mago negro
virou-se ao sul:
"Vs, foras do elemento do ar! Todo meu ser est agora em contacto
com vosso elemento. Rei das criaturas demoniacas do ar, oua meu chamado
e obedea minha vontade. Como um aliado de teu altssimo lorde, te evoco
no nome dele! Tu e teus espritos alados que passam atravs da atmosfera
em tremendas velocidades devem obedecer s minhas ordens. Eu te invoco,
rei dos espritos demoniacos do ar! Torne-se visvel aqui ante meu crculo e
confirme a recepo da demanda, Caso tu hesites, pois caso assim faa,
tortur-lo-ei e atorment-lo-ei em nome de teu mestre! Rei do ar, aparea
para mim agora!"
Em meio a gritos ensurdecedores, o esprito do ar tornou-se visvel no
tringulo mgico. "Seu verme! Se tu no fostes aliado de meu altssimo
lorde, Eu cortaria-te em pedaos com meu elemento. Como se atreve a
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ameaar-me de tal maneira? somente devido ao teu pacto que devo-lhe
obedincia. Agora, fale logo! "
"Eu peo a destruio de Frabato", o Gro-Mestre gritou
autoritariamente.
Teus espiritos do ar persegui-lo-o continuamente e frustraro cada
ao dele. Faa-o um fraco impotente. "
Farei o que estiver dentro do meu poder, mas no posso prometer
nada, pois os irmos de luz esto do lado de Frabato" O rei do ar respondera
desdenhoso e ento ele tambm se foi. A menao da posio especial de
Frabato, seu poder e a fonte de sua proteo causaram ataques de dio e
raiva na alma do gro mestre. Neste estado de espirito, ele virou-se ao oeste:
" Foras da gua, eu vos conjuro! Oua minha demanda, seres elementais
da gua! Possante prncipe demnio das guas, eu te invoco. Sou unido ao
teu Elemento e falo tua lngua. Te chamo em nome de Satan, teu lorde. Eu, o
aliado de seu soberano, devo ser obedecido imediatamente; suba do oceano
bribombante e torne-se visvel aqui ante o meu crculo para confirmar a
recepo de meu pedido. No recuse vir ou eu persegui-lo-ei em nome de teu
regente infernal com o elemento fogo! Prncipe das guas, aparea para
mim! "
Com um estrondo imenso, um estranho ser, metade peixe, metade
humano, materializou no tringulo mgico e dirigiu-se ao mago com uma voz
rouca:
" Tu me evocaste pelo meu elemento, mesmo ainda sabendo detesto
grandes cidades. Se tu no foste aliado de meu mestre, eu teria te aflingido
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pelo meu elemento, graas as tuas ameaas. Agora, diga-me o que tu queres
e farei isso rapidamente! Fervilhando de raiva e dio, o gro-mestre clamou:
" eu no te chamei das profundezas do mar sem razo. Em nome de teu
Senhor e Mestre, exijo a perseguio e destruio de Frabato. Ele o
primeiro a resistir nossa loja, e, portanto, quero ele destruido! "
"Tentarei cumprir teu desejo. O que est em meu poder ser feito, mas
o sucesso no pode ser garantido. " Muito depender se pudermos agarrar
Frabato num momento de fraqueza." O mago dispensou a criatura com sua
baqueta magica; ela desapareceu.
O gro-mestre ficou enraivecido que os prncipes dos elementos no
prometeram-lhe sucesso pleno; ele comeou compreender as grandes
dificuldades que estavam por vir. Para poder completar seu quadrado
mgico, foi evocado o prncipe da terra tambm. Ele virou-se ao Norte e
disse: "Tervel prncipe infernal do elemento terra, o aliado de teu senhor te
chama. Em nome de Satan, saia das profundezas e aparea ante meu crculo
e confirme que recebestes meu desejo. Obedea meus comandos
imediatamente, seno atorment-lo-ei em nome de teu mestre. Prncipe da
Terra, aparea agora! "
O cho sob os ps do grande mestre estremeceu e, com um rugido
estridente, um pequeno homem com o cabelo cinza e um longo queixo
apareceu no tringulo mgico. Seus grandes, escuros e profundos olhos
cintilavam para o mago negro. Em sua mo direita, ele erguia uma lanterna
que emitia uma luz estranhamente opaca, contudo intensa. O esprito da
terra olhava para o mago com um olhar penetrande, e disse:
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" Relutante, deixei meu reino para tua vontade obedecer. De acordo
com as leis espirituais e pelo teu pacto devo obedincia a ti at morrer. Qual
... teu desejo? " A voz profunda e o poderoso olhar geldo da criatura
causavam arrepios na espinha do magista. De repente, ocorreu-lhe que em
sua morte, ele se tornaria um servo desta criatura.
O prncipe de elementais da terra esperava calmamente no tringulo
mgico. Ele podia ler os pensamentos e sentimentos do magista facilmente, e
parecia ench-lo de grande prazer que aquele homem louco seria seu vassalo
no futuro. Embora quase paralisado, o Gro-Mestre se recomps, dizendo:
"Eu sei o que me espeta; mas no presente momento no posso permanecer
inativo e assitir um estranho celebrar seu sucesso e ridicularizar nossa loja."
Portanto, exijo que tu persigas e destruas Frabato com todos os teus
poderes. Leve-o s profundezas de teu reino e o cerque com um vu de
escurido, assim ele no poder escapar. Esta a minha vontade! O
extermnio de Frabato servir imagem de teu mestre e de nossa
fraternidade ". "Farei o que est em meu poder", respondeu o esprito da
terra " mas no posso garantir o pleno sucesso no caso de um homem como
Frabato".
O esprito da terra desapareceu e todo o edifcio tornou-se silencioso
como um cemitrio. A evocao dos seres elementais havia esgotado o gro-
mestre de tal maneira que ele permaneceu no crculo mgico como se
estivesse fisicamente castigado. Respirava pesadamente e um vazio invadira
sua mente. Ele viu o esprito que o servia todos os dias em p num canto da
sala. Esta entidade estava ao seu lado por muitos anos, o ajudando a realizar
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suas vontades; o magista havia se tornado completamente dependente da
criatura. Ele estava ciente que no mais tinha poder para soltar a si mesmo
de suas correntes; as leis espirituais no lhe davam nenhuma chance para
anular seu pacto com os regentes das foras demonacas. O poder que ele
havia ganhado atravs do pacto no duraria para sempre, e , tal como era
um mestre hoje, poderia ser um escravo amanh. O gro-mestre era incapaz
de satisfazer sua cobia por poder material e riqueza com suas habilidades
ocultas; deste modo, acabou sucumbindo a tentao do pacto. Um
sentimento de dependncia recaa sobre ele como um pesadelo; neste exato
momento, O gro-mestre sofria tormentos infernais que nunca antes haviam
sido experimentados na vida. Seu dio por Frabato era imenso, no obstante,
sua averso fora incendiada pelo fracasso dos prncipes dos quatro
elementos em lhe garantir sucesso.
A pergunta era: "Que poderosa autoridade est por detrs de Frabato?"
Isso martelava a cabea dele. "Quero ele destruido, mesmo que eu tenha que
arriscar minha prpria vida!" Dirigido por estes pensamentos, o gro-mestre
decidira evocar o grande mestre das foras infernais ele mesmo, para pedir
que ele satisfazesse seu desejo. O mago negro colocou a espada no cho,
dentro do crculo, e logo posicionou seu p esquerdo em cima dela. Ento,
levantou a varinha mgica com a mo direita e desenhou o selo da escurido
no ar, o acordado sinal que evocaria o demnio supremo.
Ele mal havia completado o selo quando um raio brilhante ascendeu do
solo e iluminou todo o quarto . O Gro-Mestre estava ali, como se atingido
por um raio, lutando para se manter consciente; j que o quarto estava
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preenchido com uma vibrao paralisante e mortal. Nenhum mortal comum
estaria apto a sobreviver quela terrvel energia; apenas o pacto do gro-
mestre o salvava da aniquilao imediata.
Uma figura muito peculiar condensou-se lentamente no tringulo,
onstentando uma cabea com chifres de um bode, e um peito humano com
plos. As mos da criatura eram bizarras, com dedos semelhante garras,
seus ps eram como cascos de um boi. Uma cauda longa e grossa
completava a figura.
Depois que apario tornou-se totalmente visvel, o raio de desapareceu
no cho. Muito raramente o magista havia visto este esprito, pois isto era
Baphomet, o mestre dos demnios!
Baphomet falou ironicamente para o vacilante gro-mestre:
"Bem, grande mago, conheo seu desejo de destruir Frabato. uma
boa idia e apoi-la-ei com todas minhas foras. No entanto, no ser fcil,
pois este Frabato um homem com uma misso espiritual especial. por
isso que os nossos mtodos falharam at agora. Caso voc insista em teu
pedido, enfrentaremos uma tarefa difcil. Talvez tu devesses gastar o resto
de tua vida aproveitando outros prazeres."
Uma batalha era travada entre a conscincia do gro-mestre, seu medo
e seu dio. Finalmente, o dio fora vitorioso e numa fria cega ele balbuciou,
" Eu fiz este pacto para qu? Tu ests obrigado a ajudar-me at o final de
minha vida. Talvez tu possas triunfar sobre mim aps minha morte, mas
agora exijo tua ajuda para exterminar Frabato. S assim terei prazer em
minha vida. Qu ele seja eternamente condenado!"
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Aps o magista ter proferido sua maldio, o sinistro visitante
desapareceu sem nada responder. A tenso paralizante havia se dissolvido.
Completamente esgotado, o Gro-Mestre proferiu a frmula de despedida
para todos os seres que tinham sido evocados, ao passo que fora feito a
adio de algumas frmulas de proteo, apenas por precauo. Ele trancou
apressadamente todo o aparato mgico em seus respectivos armrios e
deixou o templo.
Logo, ele estava caido num sof numa sala adjacente, incapaz, por
algum tempo, de pensar com clareza. depois de uma forte xcara de caf, o
gro-mestre se sentia um pouco revivado, todavia, era incapaz de abandonar
os dramticos eventos do dia.
O sol estava brilhando no cu azul, mas o Grande Mestre estava
carrancudo enquanto deixava a Loja, rapidamente fazendo o seu caminho de
casa.
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Na noite desse mesmo dia, as reservas para a sala de conferncias do
clube Eccentric estavam esgotadas. Frabato realizava uma entrevista
coletiva para um seleto grupo de jornalistas e cientistas - entre os quais
alguns membros FOGC, o que mostrava que a loja tinha representantes em
todas as classes sociais.
Quando a sesso terminou, os jornalistas inundaram Frabato com
perguntas, as quais foram respondidas rapidamente de modo a satisfazer os
sensacionalistas. Em seguida Frabato retirou-se para outra sala a fim de
manter uma discusso mais aprofundada com um grupo menor. Ao ser
levantado o assunto da hipnose, explicou com pesar que no mais realizaria
as sesses pois fra admoestado pelo inspetor de policia sobre uma nova lei,
proibindo demonstraes pblicas do fenmeno e a qual ele prometera
respeitar.
A meno sobre a nova lei provocou imediata reao no grupo. Um
reprter gritou: "Aposto quinhentos marcos que voc no ter mais coragem
de realizar demonstraes de hipnose em suas apresentaes!"
Frabato sentiu-se constrangido. No fazia parte de sua tica
transgredir o cdigo civil mas por outro lado, ia contra sua dignidade ser
chamado de covarde - sobretudo aps ter sido fortemente assediado pelos
sensacionalistas da mdia. Confiante de que alguma idia pudesse lhe
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ocorrer, aceitou a aposta.
Deixou o clube em seu carro, rumando para o hotel e na manh
seguinte refletiu uma vez mais sobre os acontecimentos. Desconfiava que a
aposta fosse na verdade uma cilada da Loja FOGC e sbito, teve a idia de
como escapar da armadilha. Vestiu-se rapidamente e saiu para uma
caminhada, aperfeioando cada detalhe de seu plano. Depois do almoo
verificou sua caixa de correspondncias e em seguida dirigiu-se para a
cidade.
Entrou numa grande loja de msicas em Wilhelmstrae, que possua
nos fundos um pequeno estdio de gravao. Dirigiu-se vendedora e
perguntou se era possvel gravar sua voz imediatamente, levando o disco
naquele mesmo dia. A mulher consentiu, encaminhando-o ao anexo do qual
s saiu na parte da tarde levando consigo um grande nmero de registros
com os quais, alegremente, rumou de volta ao hotel.
Os corredores principais da galeria de arte estavam animados naquela
noite. Reprteres dos jornais de Dresden, ansiosos, perdiam-se no fluxo
constante de pessoas em direo ao auditrio, j lotado, a fim de
testemunhar as manifestaes do misterioso Frabato que sorrindo, apareceu
no palco. Quando os aplausos acolhedores cessaram, dirigiu-se platia:
"Senhoras e senhores, agradeo pelas calorosas boas-vindas e pelo
grande interesse em minhas apresentaes. Em uma de minhas palestras
anteriores indiquei que existem muitas coisas entre o cu e a terra que os
mortais comuns no podem compreender ou dominar facilmente. Fui
autorizado a apresentar-lhes, com a evidncia do poder magntico, a
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influncia da vontade humana a qualquer distncia, bem como o poder da
clarividncia e telepatia.
"Como nas performances anteriores, precisarei de um voluntrio para
me ajudar nas demonstraes. Para comear quero apresent-los ao mundo
dos mortos, mostrando que a existncia humana no finaliza com o que
chamamos morte, mas pelo contrrio, nesse ponto que a verdadeira vida
inicia. A vida no corpo fsico deve ser considerada como uma espcie de
preparao para esse momento.
Vou abster-me de mesas girantes ou similares j que estes so mtodos
tradicionalmente empregados por charlates. Espero proporcionar-lhes um
espetculo ainda mais impressionante, chamando para c alguns espritos
que em nosso plano so conhecidos como "mortos". "
Um murmrio percorreu o salo seguido de silenciosa expectativa. Por
fim, um cavalheiro deixou seu lugar e subiu ao palco.
"Meu nome Schneider", disse ele, apresentando-se a Frabato, " sou
professor de qumica. Voc fala de forma muito convincente sobre os
poderes espirituais e sobre entidades cuja existncia so, at o momento,
negadas pela cincia ortodoxa. Ficaria muito grato se pudesse fornecer-me
qualquer prova dos poderes espirituais que descreve... Sendo um cientista e
um ctico, no serei facilmente convencido. "
Frabato perguntou platia se tinha a permisso dos presentes para
responder s perguntas do professor com evidncias relevantes. A resposta
foi um unnime "sim" seguida de aplausos entusiasmados. Todos estavam
ansiosos e curiosos para saber que tipo de experimento Frabato iria realizar.
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Frabato indicou ao professor um lugar no canto do palco e pediu-lhe
que fosse paciente por alguns momentos pois primeiramente introduziria
alguns ensinamentos sobre Espiritismo platia. Entretanto, mal dissera a
primeira frase, o voluntrio transformou-se visivelmente. O homem tornou-se
plido, olhos voltados para o espao e em segundos caiu de sua cadeira,
como que possudo, prostrando-se rgidamente no cho. Alguns gritaram,
outros levantaram-se de seus assentos, esticando o pescoo para ver o que
acontecera.
Durante o tumulto, Frabato manteve-se impassvel, sequer olhando o
professor. Tranquilamente levantou as mos pedindo silncio:
"Senhoras e senhores, por favor... nenhum mal ocorrer ao professor.
Para surpresa de vocs, eu desloquei parte de minha personalidade
enquanto falava e a enviei para que pudesse extrair certa quantidade de
vitalidade astral desse senhor. Ao fazer isso, induzi-o a um estado
semelhante ao da morte. Ele no mais respira e os batimentos cardacos
cessaram. Um diagnstico mdico relataria insuficincia cardaca ". Frabato
pensava na FOGC - que tinha membros espalhados pelo pblico - e o quanto
estariam apreensivos j que a experincia demonstrava claramente que a
insuficincia cardaca podia ser causada por meios ocultos.
Frabato dirigiu-se ento ao professor, apoiando-o qual uma marionete
rgida e logo sendo auxiliado pelos assistentes que colocaram o homem
suspenso sobre duas cadeiras dispostas em distncia suficiente para
suportar-lhe o pescoo e os calcanhares.
Depois que um cobertor foi colocado sobre o corpo, Frabato subiu no
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abdmen do professor, pedindo a seus assistentes que o acompanhassem;
logo havia trs pessoas de p sobre o corpo imvel do voluntrio que
suportava o peso dos trs homens, como se fora feito de ao.
Quando os trs desceram, a tenso da platia explodiu em aplausos. A
um sinal de Frabato os assistentes levaram o professor ao cho e o mago
apoiou-o com os braos, pedindo silncio. Mirou um canto distante do palco
e imperceptivelmente,
a aparncia do professor transformou-se por completo. A rigidez de seu
rosto desapareceu dando lugar a uma colorao normal.
Frabato fitou o professor que aps um curto perodo de tempo,
comeou a respirar e movimentar normalmente as plpebras.
Como que despertando de um sono profundo, estendeu as pernas e
olhou o entorno, atnito, at avistar Frabato, que lhe sorriu:
"Bem, professor, estou certo de que poderia relatar ao pblico sua
interessante experincia."
Como as pernas ainda estivessem trmulas, o voluntrio sentou-se em
uma das cadeiras, ajudado pelos assistentes. Frabato tornou a olh-lo
fixamente por alguns segundos, restaurando-lhe o estado em que se
encontrava no incio do fenmeno. O professor levantou-se empurrando a
cadeira para o lado e apertou a mo Frabato, entusiasticamente.
"No esperava por algo assim! Vou lembrar desse momento at o fim
dos meus dias. ...embora esteja ainda completamente confuso sobre como
pde ter me influenciado dessa forma durante a apresentao.
Com uma risada, Frabato respondeu: "Essa capacidade resultado de
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vrios anos de meditao e treinamento... voc experimentou por si mesmo
como ela eficaz. Mas por favor, no faa o pblico aguardar por seu
depoimento, professor..."
"Como estava ouvindo atentamente as palavras de Frabato", comeou o
professor, "No percebi que estava sob uma influncia externa. Mas de
repente senti minha cabea completamente vazia e fui incapaz de me mover.
Para meu horror, vi meu prprio corpo cair no cho do palco e a rigidez
abandonou-me, dando lugar a uma sensao de liberdade, tranqilidade e
leveza que nunca experimentara antes. Pude flutuar sobre o palco
livremente, ligado ao corpo fsico apenas por um fino cordo de prata. Dessa
maneira, testemunhei o que Frabato e seus assistentes fizeram, ficando
extremamente aliviado ao perceber que no havia perigo na experincia.
Quando um dos assistentes caminhou sobre mim, percebi que meu corpo no
projetava nenhuma sombra, apesar de me sentir totalmente como um ser
carnal; depois, quando os assistentes apoiaram novamente meu corpo no
cho, Frabato olhou-me de maneira profunda e vinculei-me ao meu corpo
como se atrado por um im. Embora tentasse resistir a essa fora, meus
esforos foram em vo e perdi a conscincia. Quando acordei, vi-me de volta
ao corpo fsico.
"No tenho mais qualquer dvida de que o esprito humano sobrevive
morte do corpo fsico, e que este esprito move-se na forma descrita por
Frabato em sua palestra."
Tendo prestado a Frbato calorosos agradecimentos, o professor voltou
ao seu lugar, acompanhado por aplausos. A expectativa espalhou-se
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