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Universidade de Ribeirão Preto
UNAERP
Licenciatura Plena em Música
GABRIEL CARESSATO DE CARVALHO
MANUAL DO PEDAL DUPLO DE BATERIA
Ribeirão Preto
2012
1
GABRIEL CARESSATO DE CARVALHO
MANUAL DO PEDAL DUPLO DE BATERIA
Monografia apresentada à
Universidade de Ribeirão Preto
UNAERP, como requisito para
obtenção do titulo de Licenciado
Pleno em Musica.
Orientador: Prof. Dr. Erico
Artioli Firmino
Ribeirão Preto
2012
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3
Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento Técnico da Biblioteca Central da UNAERP
- Universidade de Ribeirão Preto -
Carvalho, Gabriel Caressato de, 1992 -.
C331m Manual do pedal duplo de bateria / Gabriel Caressato de Carvalho. - - Ribeirão Preto, 2012. 26 f. : il. color.
Orientador: Prof. Dr. Érico Artioli Firmino.
Monografia (graduação) - Universidade de Ribeirão Preto, UNAERP, Música. Ribeirão Preto, 2012.
1. Música. 2. Bateria (Música) - Pedal. I. Título.
CDD: 780
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pois sem sua força nada seria possível.
Aos meus Pais, meu irmão e toda minha família que não mediram esforços
para me apoiar nesse importante passo na minha vida.
Ao Prof. Érico que com toda sua competência e empenho na orientação
tornou possível a conclusão desse trabalho.
À Prof.ª e coordenadora Érika pela compreensão, apoio e amizade.
Ao Prof. Armando que durante todo o curso foi meu guru da bateria.
A todos os professores e funcionários que foram muito importantes para
minha vida acadêmica e conclusão do trabalho.
Aos meus mestres da bateria Mauricio Leite, Aquiles Priester, Zezinho Batera
e Alex de Rizzo pela sabedoria da arte de tocar bateria.
A todos os colegas pela convivência e amizade.
5
RESUMO
O presente trabalho foi desenvolvido em forma de um guia do pedal duplo para
o auxilio do baterista que esta iniciando seus estudos e também aos mais
avançados para complementar seus conhecimentos. De uma forma sintetizada e
simplificada, reúne informações de importantes métodos de pedal e revistas
especializadas, que são necessárias para o estudo do pedal duplo. O trabalho
engloba contexto histórico da bateria, linha do tempo do bumbo duplo, conceitos de
regulagens, técnica e exercícios. A partir de todos esses elementos, o estudo do
pedal duplo se torna mais sólido com uma bagagem maior para a busca do seu som.
Palavras-chave: Pedal Duplo de Bateria. Manual. Bateria.
6
ABSTRACT
This work was developed in the form of a guide of double bass pedal in order to
help the drummer who is starting his studies and also the most advanced one in
complementing their knowledge. In a simplified and synthesized fashion, it gathers
relevant information of methods and magazines about pedal, which are necessary to
the study of double bass pedal. The work encompasses historical context of drum
set, timeline of double bass, adjustment concepts, technique, and exercises. From all
these elements, the study of double bass pedal becomes more solid with a larger
luggage to the search of its sound.
Keywords: Double Bass Pedal. Guide. Drum Set.
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SUMARIO
PRELÚDIO...........................................................................................................................
1
HISTORIA DA BATERIA...................................................................................................
2
LINHA DO TEMPO DO BUMBO DUPLO.........................................................................
3
O BUMBO DUPLO NO BRASIL........................................................................................
6
ENGENHARIA DO PEDAL DUPLO..................................................................................
7
TÉCNICA..............................................................................................................................
9
PRINCIPAIS MODELOS E SUAS CARACTERISTICAS.................................................
10
REGUAGEM........................................................................................................................
12
CALÇADOS..........................................................................................................................
13
EXERCÍCIOS........................................................................................................................
13
POSLUDIO...........................................................................................................................
17
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 18
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PRELÚDIO
A bateria moderna como conhecemos hoje tem pouco mais de cem anos e
vem se modificando ao longo dos anos com vários padrões a partir de um kit básico
ou standard (padrão). Por muitos anos, o pedal de bumbo simples foi um padrão
encontrado nas baterias do mercado. Isso fez com que o baterista tivesse como
função única para o pé esquerdo a máquina de chimbal. A popularização da
utilização de dois bumbos ou double bass nas antigas bandas de Jazz nos anos 40
fez com que, com o passar dos anos, cada vez mais, os dois bumbos fossem
difundidos para outros estilos. A bateria tem a característica de ser um instrumento
volumoso e pesado. Devido a isso, levar mais um bumbo se torna uma tarefa
inviável em alguns casos. Assim, surgiu a necessidade de um sistema que
simplificasse a função do segundo bumbo, isto é, o pedal duplo foi criado.
Atualmente, o pedal duplo se tornou uma ferramenta essencial para todo
baterista. Isso muda todo o conceito de aplicações, padrões rítmicos, viradas, e
também faz com que o baterista tenha um desenvolvimento motor do pé esquerdo
muito maior. O pé esquerdo que antes se responsabilizava por somente abrir e
fechar o chimbal passou a ter a tarefa de tocar o pedal de bumbo, o que faz com que
a independência motora seja trabalhada um pouco mais.
Todo esse ambiente sobre o estudo de pedal duplo em muitos momentos é
visto de uma forma não clara, dificultando, em alguns casos, a escolha de um
equipamento, a regulagem e o estudo adequado para determinada necessidade.
O presente trabalho traz um panorama geral do pedal duplo em forma de
manual, para que os bateristas possam encontrar uma referência em português mais
aprofundada em detalhes técnicos, e assim, favorecer o aprimoramento de sua
técnica e musicalidade. O trabalho aborda um breve contexto histórico da bateria, e
mais especificamente, do pedal duplo. As principais técnicas, os principais pedais do
mercado e bateristas destacados são contemplados. Ademais, são pormenorizados
os conceitos mecânicos e físicos do pedal e de suas regulagens, indicando, assim, o
modo de se obter a melhor performance ou desempenho dele.
Esse material tem como fonte bibliográfica apostilas e revistas especializadas.
A Encyclopedia of Double Bass Drumming (Enciclopédia do Pedal Duplo) de Bobby
Rondinelli e Michael Lauren é mais particularmente referida nesse trabalho porque
traz o contexto histórico do double bass mundial.
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HISTORIA DA BATERIA
O presente tópico teve como principal fonte de busca o trabalho “Escovinhas
e os ritmos brasileiros” Angelo Lazarini que traz um completo contexto histórico da
bateria, também artigos de revistas especializadas além de conversas com Mauricio
Leite.
A bateria somente se transformou naquilo que conhecemos hoje devido às
novas tecnologias que possibilitaram que apenas uma pessoa conseguisse tocar o
instrumento. De fato, a bateria surgiu no final do século XIX juntamente com as
peças de teatro, onde os músicos ficavam em fossos, orquestras e Big Bands. Eram
necessários três percussionistas, um que tocava o bumbo, outro a caixa e o outro o
chamado prato a dois ou chimbal, mas que consistia de dois pratos tocados um
contra o outro com as mãos. O número de músicos variava dependendo do estilo da
banda.
Tudo isso mudou em 1905 com a invenção do primeiro pedal de bumbo. Esse
foi o principal fator que transformou a bateria no que conhecemos hoje, uma vez que
coloca o baterista sentado e também possibilita tocar a caixa e o bumbo juntos. Os
primeiros modelos de pedais foram feitos de madeira. Em 1910, é lançado o primeiro
pedal feito de aço por Willian F. Ludwing avançando mais um passo na tecnologia
do instrumento. Outro passo importante foi a criação da estante de caixa e a
máquina de chimbal. Anteriormente, a caixa era apoiada em cadeiras, depois, foi
criado a estante de caixa. A máquina de chimbal não era como a que conhecemos
hoje; antes, o prato era posicionado em um mecanismo próximo ao chão que não
possibilitava que o baterista tocasse os pratos com as baquetas. Somente na
década de 30, foram criadas as primeiras máquinas de chimbal mais altas como as
de hoje chamadas high hats. Após todos esses passos, então, a bateria toma a
forma como é conhecida, em que é necessário apenas um músico para realizar o
trabalho que antes era feito por três.
A partir dessa época a bateria é colocada em um lugar de destaque nas Big
Bands americanas e começam a surgir nomes que se tornaram lendas da bateria
como Bud Rich, Gene Krupa, Keny Clark, etc. Cada um desses bateristas trouxe um
avanço para o fazer musical da bateria. Max Roach e Art Blakey trouxeram um novo
conceito, aplicando a bateria de forma a interagir com a música tanto na harmonia
quanto na melodia.
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Para Mauricio Leite, para que o bumbo duplo pudesse ser aplicado à musica
teve que ocorrer toda uma evolução do conceito de aplicação de bumbo, para que o
bumbo duplo tivesse espaço na musica. Pois antes os bumbos antes tinham como
função a marcação do tempo, podemos ouvir esses padrões de marcação de bumbo
nas antigas Big Bands.
Com a as bandas de jazz de Nova Orleans os bateristas começaram a mudar
o conceito de aplicação do bumbo, começando assim uma interação mais musical
com a melodia e a harmonia, Tony Williams considerado um expoente dos bateristas
de Jazz, traz para a o jazz um crescimento rítmico enorme utilizando novos padrões
de bumbo e poli-ritmos que se tornariam os primeiros passos para que o conceito
musical fosse se transformando e o bumbo duplo tivesse seu espaço. O baterista
John Boham traz esse conceito para o rock um pouco mais a frente de Tony.
O pedal duplo como é conhecido atualmente foi lançado pela Drum Workshop
conhecida como Dw em 1983, utilizando de conceitos antigos para desenvolver um
pedal mais moderno e funcional, essa nova ferramenta só teve um “boom” de
popularidade em fato do conceito musical de aplicação de bumbo ter mudado e
aberto esse espaço para as diversas aplicações do pedal duplo.
LINHA DO TEMPO DO BUMBO DUPLO
O presente tópico teve como fonte o livro A Encyclopedia of Double Bass
Drumming de Bobby Rondinelli e Michael Lauren.
O bumbo duplo começa nos anos 40 com o pioneiro Ray Mckinley que tocava
na The Will Bradley Orchestra quando adicionou um segundo bumbo de 24 por 12
polegadas em seu kit Slingerland tradicional. Mckinley abandona essa ideia do
bumbo duplo por perceber que tocar padrões de colcheias não soasse uma coisa
musical.
Nos anos 50, Louie Bellson garante um papel permanente do bumbo duplo
quando tocava com a The Duke Ellington Orchestra. Ele usava um par de bumbos
Gretsch de 24 ou 26 polegadas em seu kit de bateria.
Nos anos 60, o bumbo duplo começa a ficar mais conhecido. O baterista
Ginger Baker inspirou toda uma geração de bateristas a tocar com bumbo duplo. O
destaque fica com seu trabalho na banda Cream que impulsionou o bumbo duplo
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com novas possibilidades e idéias rítmicas. Keith Moon também aparece na cena
com seu trabalho em sua banda The Who, apesar do seu uso do bumbo duplo não
ser sua principal característica. Moon foi um dos primeiros a introduzir o bumbo
duplo no gênero rock. Ele se destacou pelo seu kit “monstruoso” de bateria com
vários tons e os dois bumbos. Carmine Appice traz outra abordagem do bumbo
duplo mais voltada para os gêneros funk e rhythm and blues (ou R&B). Ele possui
uma grande independência entre a mão e o pé que o faz se destacar.
Ed Shaughnessy popularizou o bumbo duplo em Big Band. Ele podia ser visto
e ouvido toda noite no programa The Tonight Show com Johnny Carson.
Cozy Powell se destaca pelo uso “poderoso” do bumbo duplo e também pela
sua forma de usar os chamados quads que são combinações de mão direita, mão
esquerda, pé direito e pé esquerdo. Sua técnica pode ser vista em alguns solos em
álbuns de Jeff Beck e do grupo Rainbow.
Nos anos 70, novas técnicas são criadas e muitos bateristas adotaram essa
nova ferramenta. Surge, nesse momento, então, Tommy Aldridge que cria os
famosos “threes” (são três notas tocadas com o bumbo duplo combinadas com
aplicações das mãos). O trabalho de Aldridge com bumbo duplo pode ser ouvido nos
álbuns de Whitesnake, Black Oak, Arkansas e Pat Travers.
Billy Cobham se destaca por introduzir o bumbo duplo no gênero Fusion. Com
sua notável técnica, ele tocou na The Mahavishnu Orchestra’s Birds of Fire, nos
álbuns Spectrum Total Eclipse, A Funky Thide of Sings e Magic.
Narada Michael Walden, assim como Billy Cobham, ajudou a difusão do
bumbo duplo fusion. Seu trabalho pode ser visto também na The Mahavishnu
Orchestra’s Birds of Fire nos álbuns Visions of the Emrald Beyond e também no
álbum de Jeff Beck chamado Jeff Beck’s Wired.
Com sua dinâmica e rítmica complexas, Terry Bozio usa o bumbo duplo
aplicando flans e ostinatos de uma maneirs notável o qual pode ser visto em seus
trabalhos com Frank Zappa e The Bercker Brothers.
Neil Peart se destaca pelo uso do bumbo duplo no gênero rock progressivo
com um grade vocabulário de frases do mesmo em sua banda Rush que inspirou
uma legião de bateristas.
Rod Morgenstein sempre foi considerado um favorito nas enquetes da revista
Modern Drummer especializada em bateria. Em seus trabalhos com Dixie Dregs e
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mais tarde com a Steve Morse Band e Winger, ele sempre aplicou o bumbo duplo de
uma forma criativa e bem integrada.
Nos anos 80, surgiram novos nomes com novas abordagens de bumbo duplo.
Simon Phillips se destacava pelo seu shuffle nos bumbos tocando com Jeff Beck.
Simon é considerado um dos mais importantes bateristas de bumbo duplo. Seu
incrível trabalho pode ser conferido também na produção de artistas com quem ele
já tocou, por exemplo, Pete Townshend, Jack Bruce e Stanley Clarke.
Steve Smith usa seu bumbo duplo de uma maneira muito versátil em diversas
situações musicais, desde o rock, tocando no grupo Journey, ao fusion, tocando no
grupo Vital Information. Smith também se destaca por executar solos utilizando o
bumbo duplo.
Alex Van Halen musico da banda Van Halen se destacou pelos seus solos
emblemáticos utilizando o bumbo duplo de uma forma incrível.
Joe Franco é autor de um influente livro chamado Double Bass Drumming que
teve sua primeira publicação em 1984.
Lars Ulrich estabelece um novo padrão para a bateria do gênero heavy metal
com sua velocidade e força que pode ser ouvido em todos os álbuns de sua banda
Metallica.
Gregg Bissonette chamou atenção da comunidade de bateristas com seu
sólido trabalho com Maynard Ferguson. Porém, sua grande habilidade com os dois
bumbos aparece mais marcadamente em seus trabalhos com David Lee Roth.
Bissonette é considerado um dos bateristas mais “musicais” com o bumbo duplo.
Dave Lombardo é considerado um expoente do gênero speed metal com um
impressionante trabalho dos dois bumbos na banda Slayer. Com sua técnica
extremamente veloz e agressiva aplicada em seu gigantesco kit de bateria fez com
que ele conquistasse muitos fãs.
Dennis Chambers usando seu pedal duplo de uma forma muito criativa pode
ser ouvido em suas gravações com John Scofield e muitos outros artistas. Com sua
excelente técnica de pé ele adiciona poder e emoção a suas levadas. Chambers é
considerado um dos bateras mais “explosivos” e completos da atualidade.
Vinnie Paul se destaca com sua incrível velocidade nos álbuns de sua banda
Pantera.
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Tim “Herb” Alexander durante o período em que tocou com a twisted rock trio
de nome Primus, ele criou alguns dos padrões de bumbo duplo mais originais já
gravados.
No período em que tocou com o grupo Dream Theater, Mike Portnoy tem a
incrível capacidade de colocar o bumbo duplo na música e fazer com que soem
“musicais”, na sua proposta para o rock progressivo.
Carter Beauford em seu trabalho com a banda Dave Matthews Band tornou a
técnica de pedal duplo mais visível. O uso do pedal duplo em gênero pop tem
animado bandas e influenciado gerações de bateristas.
Virgil Donati estabeleceu um novo padrão de técnica de pedal duplo. Sua
extraordinária capacidade de aplicação de toques duplos e padrões polirrítmicos
com os pés é revolucionária.
O BUMBO DUPLO NO BRASIL
Flávio Pimenta um dos pioneiros do bumbo duplo tinha sua carreira voltada
para a área pedagógica da bateria, foi um grande mestre e professor de grandes
nomes da bateria do Brasil como Mauricio Leite, Fernando Schaefer, Ivam Busic
entre outros.
Oscar Bolão é muito conhecido por resgatar e adaptar ritmos brasileiros no kit
de bateria. Bolão utiliza o pedal duplo para executar os padrões dos surdos das
escolas de samba. Lançou o livro Batuque é um privilegio no qual contém padrões
de pedal duplo aplicado à música brasileira.
Albino Infantozi, um ícone das gravações de bateria no Brasil, lança a
primeira vídeo aula brasileira focada no bumbo duplo chamada The Double Bass.
Maurício Leite hoje em dia é considerado um mestre em bateria. Já trabalhou
na empresa de baterias RMV onde participava efetivamente no desenvolvimento das
baterias. Mauricio já excursionou com diversos músicos. Tem destaque para a
banda V8 na qual o pedal duplo tinha grande atuação. Lançou também um CD solo
chamado Black and White mostrando toda sua técnica apurada e musicalidade. Seu
destaque para o uso do pedal duplo se dá nos tripets (sextinas divididas em
esquerda, direita, direita).
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Igor Cavaleira se destaca pelo seu trabalho na sua ex-banda Sepultura, que
foi a banda brasileira com mais repercussão mundial. Seus trabalhos são muito bem
reconhecidos mundialmente englobando, junto ao new metal e trash metal, ritmos
tribais e ritmos brasileiros aliado a uma incrível técnica com bumbos muito velozes e
uma “pegada” agressiva. Atualmente, Igor atua na banda Cavaleira Conspiracy.
Ricardo Confessori é um dos membros da formação original da banda Angra.
Confessori foi um dos primeiros bateristas a popularizar o estilo metal melódico e
consequentemente os dois bumbos no Brasil dos anos 90, que influenciou diversas
bandas que vieram posteriormente.
Aquiles Priester tem como principal característica a velocidade aliada a uma
pegada extremamente forte e um kit de bateria “monstruoso” que se tornou sua
marca registrada. Aquiles é considerado por 10 anos consecutivos pela revista
Modern Drummer Brasil o melhor baterista do gênero metal. Ele foi integrante da
banda Angra a partir da qual teve seu trabalho reconhecido mundialmente. Já
excursionou com grandes nomes da guitarra mundial como Vinie More e Tony
Macalpine. Participou de diversos e importantes festivais mundiais de bateria,
levando o nome do baterista brasileiro a um alto nível e influenciou uma legião de
bateristas com seu estilo marcante.
ENGENHARIA DO PEDAL DUPLO
O pedal duplo é composto pelo pedal principal contendo dois batedores, um
acionado pelo próprio pedal e o outro através do pedal auxiliar ou pedal escravo. A
transmissão do pedal escravo para o pedal principal é feito a partir de um eixo
cardan. Sua função é transmitir o movimento em varias posições.
A maioria dos pedais tem a mola como sistema de tensão. Atualmente, têm-se
várias opções de acionamentos. Os mais comuns são os modelos acionados por
corrente simples ou dupla, por fita ou tira de kevlar, bem como os modelos direct
drive que se constituem de uma chapa de metal fixo no lugar da corrente.
Existem dois tipos principais de sapatas (base onde o pedal é tocado): os
modelos longboard, ou sapata longa, e o shortboard, ou sapata curta. Os longboard
são originários dos pedais mais antigos da década de 70 que eram tidos como
pedais mais lentos e mais rudimentares. Porém, atualmente, estão surgindo novos
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modelos com tecnologia mais aprimorada e, assim, têm se tornado uma nova
tendência do mercado. São muito indicados para serem usados com a técnica de
heel toe por ter uma sapata mais comprida facilitando o uso da técnica. Não é tão
popular quanto o shortboard e também não são todas as empresas que o produzem.
Os modelos shortboard são uma “evolução’’ dos longboard e chegaram com a
proposta de serem menores, mais leves e mais rápidos. Esse modelo é o mais
popular atualmente uma vez que assumem grande parte do mercado de pedais.
Em questão de batedores “pirulitos” conhecidos no Brasil, são muitas as opções
(Figura 1). Os mais conhecidos são os de feltro, plástico, borracha e madeira. Várias
empresas produzem diversos modelos com vários formatos, pesos e altura que
influenciam diferentemente a sonoridade e a ação do pedal.
Figura 1. Batedores do pedal.
A polia é o dispositivo em que a corrente é apoiada e tem grande importância no
funcionamento (Figura 2). Seu desenho pode ser o do modelo de circulo completo,
conhecido como turbo pela Dw, com uma ação mais progressiva e suave, ou de
circulo incompleto, conhecido como accelerator, com uma ação excêntrica e mais
veloz. Há também pedais com polias ajustáveis para que se possa encontrar uma
regulagem customizada entre esses estilos de polias.
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Figura 2. Demonstração das partes do pedal duplo.
TÉCNICA
As principais técnicas de pedal são heel up, heel down, pivot e heel toe.
O heel up é uma técnica em que o pedal é tocado com a ponta do pé
deixando o calcanhar levemente erguido como na Figura 3. Sua aplicação é voltada
para dinâmicas mais fortes e com mais velocidade. Os músculos mais utilizados são
as coxas panturrilhas e lombar.
Figura 3. Posição heel up.
O heel down é uma técnica em que o pedal é tocado com toda a planta do pé
apoiando o calcanhar na base do pedal (Figura 4). Sua aplicação tem o foco em
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dinâmicas mais baixas e ritmos não tão rápidos. Dessa forma, existe um
relaxamento maior do músculo da coxa e da lombar fazendo com que seja mais
confortável para determinados estilos.
Figura 4. Posição heel down.
Pivot é uma técnica derivada do heel up utilizada para toques duplos ou
double strokes com grande velocidade e uma dinâmica forte. O pedal é tocado com
a ponta do pé imediatamente é dado um segundo toque em uma posição mais a
frente da sapata utilizando o rebote, aproveitando movimento natural de rebote do
pedal.
Heel toe é uma técnica derivada do heel up e heel down e é dividida em dois
toques: o pedal é tocado com a ponta do pé e depois é dado outro toque com o
calcanhar na sapata (Figura 5). Desse modo, é possível executar semicolcheias e
toques duplos em alta velocidade, mas com uma dinâmica um pouco mais fraca.
Figura 5. Posição Heel toe.
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PRINCIPAIS MODELOS E SUAS CARACTERISTICAS
No presente tópico foi utilizado informações disponíveis nos sites oficiais das
marcas Drum Worshop, Axis Pedals e Pearl Drum.
O pedal Dw 9002 possui sapata shortboard, sistema de acionamento por
corrente ou tira de kevlar, polia ajustável, sistema free-floating rotor-drive, que é um
eixo flutuante otimizando a transferência de energia da sapata para o batedor, e
possui rolamentos em todas as partes moveis (Figura 6).
Figura 6. Pedal Dw 9002.
O pedal Axis Longboard possui sapata longboard, sistema de acionamento
por direct drive, desenvolvido em alumínio aeronáutico, polia ajustável e rolamentos
em todas as partes móveis (Figura 7).
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Figura 7. Pedal Axis Al2.
O pedal Pearl P3002 Demon Drive possui sapata conversível para shortboard e
longboard, acionamento por direct drive, polia ajustável e rolamento em todas as
partes móveis (Figura 8).
Figura 8. Pedal Pearl P3002 Demon Drive.
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REGULAGEM
O pedal de bumbo deve ser uma ferramenta para auxiliar na execução nos
bumbos das idéias musicais dos bateristas. Devido a isso, uma regulagem adequada
é importante uma vez que facilita o uso da técnica e da execução das notas.
Apesar da regulagem ser um assunto bastante pessoal, alguns critérios
devem ser seguidos para se ter um melhor aproveitamento do equipamento.
Extraído de entrevistas com grandes nomes do pedal duplo mundial, o modelo de
regulagem mais pertinente com noções em geral do pedal segue a seguir.
O princípio mais básico ao regular um pedal é o equilíbrio entre as peças
moveis. Essas peças tem relação umas com a outras que vão definir o
funcionamento. Um deles é a altura do batedor referente ao peso da sapata: um
batedor muito alto faz com que o pedal tenha bastante volume, mas perde na
velocidade; um batedor muito baixo faz com que o pedal se torne mais veloz, mas
com menos volume. Uma regulagem padrão que funciona bem na maioria dos
pedais é a de 6/8 da altura total do batedor. Dessa forma, o pedal trabalha com o
baterista reduzindo o desgaste físico e potencializando o volume e a projeção do
som.
Outro fator importante é a tensão da mola referente ao posicionamento do
batedor: quanto mais para traz o batedor é posicionado, menor deve ser a tensão da
mola; quanto mais para frente o batedor é posicionado, maior deve ser a tensão da
mola. Uma regulagem padrão é a do batedor em um ângulo de 45º da pele batedeira
do bumbo e a mola em uma tensão média.
Os pedais mais atuais trazem também regulagem de polia de acionamento e
de altura da sapata. A regulagem de altura de sapata se dá mais para que ela fique
em uma posição confortável já que, mudando a posição do batedor muito para traz
ou muito para frente, a sapata pode ficar em uma posição muito inclinada ou muito
reta. O ideal é que ela fique entre 30º e 40º visto que com essa regulagem o pedal
fica em uma posição mais anatômica para se tocar.
A regulagem da polia pode mudar completamente o comportamento do pedal.
Seguindo o conceito físico de alavanca, a aplicação de força enquanto mais longe
do eixo resulta em um pedal mais leve e rápido com um volume menor, e enquanto
mais perto do eixo resulta em um pedal mais pesado e mais lento com um volume
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maior. No gráfico do fabricante Pearl (Figura 9), é possível observar a influência da
ação do pedal referente ao seu modelo.
Figura 9. Gráfico dos modelos de polias Pearl demonstrando
a ação do pedal (extraído do site: www.pearldrum.com).
CALÇADOS
As mãos sempre foram calçadas com diversos pares de baquetas. Hoje em
dia, os pés também têm essa opção de um calçado especial. Existem empresas que
produzem tênis especializados para bateristas com diversos modelos e desenhos
para ajustar melhor a sua técnica. O tênis para bateristas proporciona uma
flexibilidade e uma sensibilidade muito maior do que um tênis comum, uma vez que
ele é todo preparado para a bateria com uma sola especial, que proporciona um grip
ideal para o pedal. O pé não escorrega e nem se prende demais na sapata do pedal,
o que resulta em um controle de pedal maior e com mais precisão, ao se executar as
notas, e muito mais conforto para o baterista.
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EXERCÍCIOS
Os exercícios sugeridos a seguir foram elaborados com a proposta de ser o
rudimento mais básico, para facilitar ao máximo o desenvolvimento da técnica do
pedal duplo. Os exercícios foram baseados nas principais apostilas de pedal duplo
do mercado como a Encyclopedia of Double Bass Drumming mencionada acima e a
Double Bass Drum Freedom de Virgil Donati. Toda a série de exercícios segue o
padrão de chimbal em colcheia e a caixa nos tempos dois e quatro visando um foco
maior no estudo da técnica de pedal duplo.
Chave Musical
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Os próximos seis compassos foram desenvolvidos para ser um exercício
progressivo, começando da colcheia até a semicolcheia de forma gradativa, afim de
aumentar a resistência física das pernas.
POSLÚDIO
O pedal duplo realmente é uma ferramenta que, para além de ser um mero
acessório, mudou todo um conceito musical de percutir. Sua aparição e todo seu
desenvolvimento incidiram diretamente sobre o modo de se fazer musica. A cada
baterista que surge com novidades técnicas, grandes transformações no modo de
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conceber os arranjos de bateria surgem. De forma bem aplicada, o pedal duplo pode
enriquecer muito uma composição. Um estudo embasado em referências adequadas
se traduz na forma de perceber e fazer música inevitavelmente. O estudo de um
instrumento realmente é infinito, e cada vez que é buscado, novas informações
surgem para complementar o aprendizado e a técnica. A partir de todas as
influencias agregadas e aliando à identidade musical própria a fim se buscar uma
certa evolução no instrumento, faz com que a historia dê um passo à frente,
quebrando as barreiras do que já foi tradicionalmente criado.
Enfim, esse trabalho tem o intuito de reunir informações de várias fontes para
que seja uma proposta de auxilio no estudo do pedal duplo.
REFERÊNCIAS
DONATI, Virgil. Double Bass Drum Freedon (apostila), 2009.
LAZARINI FILHO, Angelo. A Escovinha e os Ritmos Brasileiros. Ribeirão Preto,
2010.
LEITE, Mauricio. Novos Conceitos de Pedal Duplo. Revista Batera & Percussão,
nº140. São Paulo: HMP, 2009.
ROCHA, Vlad. Bumbo Duplo. Revista Modern Drummer Brasil, nº 107. São Paulo:
Melody, 2011.
RONDINELLI, Bobby; e LAUREN, Michael. The Encyclopedia of Double Bass
Druming (apostila).
SOUZA, Mariana. Dois Bumbos. Revista Batera & Percussão, nº 69. São Paulo:
HMP, 2003.
SOUZA, Mariana. Precisão e Pegada. Revista Batera & Percussão, nº 96. São
Paulo: HMP, 2005.
Drum workshop, The Dw Story (A historia da Dw). Acesso em: 12 set. 2012, às 23:00
horas, http://www.dwdrums.com/info/dwstory.asp
Pearl Drums, Pearl Drum History (Historia da Bateria Pearl). Acesso em: 20 set.
2012, às 16:40 horas, http://www.pearldrum.com/About-Pearl/Pearl-Drum-
History.aspx