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faz parte integrante da edição n.º 1009 deste jornal e não pode ser vendido separadamente SEMANÁRIO REGIONAL - DIÁRIO ONLINE O MIRANTE SUPLEMENTO ESPECIAL GALARDÃO EMPRESA DO ANO 2009 Seis histórias de sucesso de empresários que sobreviveram em tempo de crise O MIRANTE e NERSANT premiaram dinamismo em mais uma edição do Galardão Empresa do Ano Seis premiados. Seis histórias de sucesso em tempos de crise. O momento é dos mais difíceis que o país já atravessou e por isso os empresários são hoje os novos navegadores. Destacam-se onde há um nicho de negócio bem explorado. Seja na área do vidro, engenharia, hotelaria, fabrico de material didáctico, rações ou panificação.

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SEMANÁRIO REGIONAL - DIÁRIO ONLINE O MIRANTE e NERSANT premiaram dinamismo em mais uma edição do Galardão Empresa do Ano Seis premiados. Seis histórias de sucesso em tempos de crise. O momento é dos mais difíceis que o país já atravessou e por isso os empresários são hoje os novos navegadores. Destacam-se onde há um nicho de negócio bem explorado. Seja na área do vidro, engenharia, hotelaria, fabrico de material didáctico, rações ou panificação. 03 NOVEMBRO 2011 | O MIRANTE GALARDÃO| 2 PUBLICIDADE

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Seis histórias de sucesso de empresários que sobreviveram em tempo de crise

O MIRANTE e NERSANT premiaram dinamismo em mais uma edição do Galardão Empresa do Ano

Seis premiados. Seis histórias de sucesso em tempos de crise. O momento é dos mais difíceis que o país já

atravessou e por isso os empresários são hoje os novos navegadores. Destacam-se onde há um nicho de negócio

bem explorado. Seja na área do vidro, engenharia, hotelaria, fabrico de material didáctico, rações ou panificação.

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Seis histórias de sucesso de empresários que sobreviveram em tempo de criseO MIRANTE e Nersant premiaram dinamismo em mais uma edição do Galardão Empresa do Ano

Seis premiados. Seis histórias de sucesso em tempos de crise. O momento é dos mais difíceis que o país já atravessou e por isso os empresários são hoje os novos navegadores. Destacam-se onde há um nicho de negócio bem explorado. Seja na área do vidro, engenharia, hotelaria, fabrico de material didáctico, rações ou panificação.

Seis histórias de sucesso de empre-sários que tiveram a audácia de desenvol-ver um projecto e resistiram mesmo em tempo de crise. A imagem, deixada pelo secretário de Estado da Economia, Antó-nio Almeida Henriques, diz respeito aos premiados do Galardão Empresa do Ano, uma iniciativa de O MIRANTE realizada em parceria com a Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém. A cerimónia da décima primeira edição decorreu na noite de quinta-feira, 27 de Outubro, durante um jantar com mais de duas centenas de pessoas que decor-reu no Hotel Lux, em Fátima, concelho de Ourém.

“Este é talvez o momento mais comple-xo que o nosso país já atravessou ao lon-go dos seus quase oito séculos de história mas nós somos os novos navegadores”, comparou. António Almeida Henriques acredita que de cada um dependerá a so-lução do problema do país. “As grandes reformas fazem-se em momentos de crise. Crise significa ameaça mas também signi-fica oportunidade”.

Para vencer a crise Deborah Barbosa, representante da Sociedade Panificado-ra Costa e Ferreira, com sede no Alto da Serra, concelho de Rio Maior, distinguida com o prémio empresa do ano, apelou a que se apoiem as empresas para que pos-

sam continuar a produzir. “A empresa tem crescido ao longo destes quase vinte anos. Trabalhamos todos os dias do ano 24 horas por dia e empregamos quase 120 colaboradores”, testemunhou.

O representante da Rações Zêzere, Jor-ge Fernandes, PME do ano, sediada em Gravulha, Águas Belas, no concelho de Ferreira do Zêzere, agradeceu e elogiou aos colaboradores que contribuem para o sucesso da empresa. “Numa altura em que o que vende é a crise e o desemprego é gratificante sentir que alguém se lembra de premiar o mérito também”, disse o em-presário que considera que não é só com subsídios que se apoiam as empresas. Na capital do ovo a ideia lançada pelo presi-dente de câmara de fazer a maior omolete do mundo para o Guiness é bem acolhida.

O empresário José Simões, da Trisca, no Entroncamento, prémio microempre-sa do ano, frisou num discurso divertido a relevância da formação para o sucesso de um negócio. “Há dez anos a minha empre-sa esteve quase a falir. Pensei para mim próprio que não percebia nada do negó-cio. Decidi apostar na formação”, resumiu o empresário da firma especializada em material didáctico.

Luísa Fernandes, sócia gerente da JM Fernandes, na Lapa, no concelho do Car-taxo, que construiu ao lado do marido, recebeu o prémio mulher empresária e agradeceu à família e à equipa. Dedicou a distinção às mulheres empresárias que acumulam ainda as funções de mãe e de esposas. “É-nos realmente difícil conciliar todas os afazeres. É necessário muito amor, muita dedicação e resiliência”.

O jovem empresário, Eduardo Russo Gomes, director da Lusiprojecto, Santa-rém, explorou uma nova oportunidade de mercado na área dos serviços de enge-nharias ligados às edificações. “Apesar da conjuntura económica e da inserção da Lusiprojecto num dos sectores mais afec-tados estamos convictos de que a aposta na formação, no rigor, cumprimento dos prazos e oferta de novos serviços nos per-mitirá resistir”.

António Marto, empresário do sector hoteleiro, em Fátima, concelho de Ou-rém, galardoado com o prémio carreira empresarial, lembrou os presentes e os ausentes num discurso emotivo e parco em palavras. “Sabe o que é que o meu pai costuma dizer? Que já falou muito ao longo da vida”, confidenciou a filha.

Uma crise sem fronteiras

“A crise é um tempo em que uns choram e outros vendem lenços. É uma frase em que nos devemos ins-pirar para ultrapassar os obstáculos com que nos vamos confrontando”. A sugestão foi deixada pelo presiden-te da Câmara Municipal de Ourém, Paulo Fonseca, anfitrião da cerimónia do Galardão Empresa do Ano, dina-mizado pela Nersant e O MIRANTE, “dois marcos fundamentais na vivên-cia quotidiana da região”.

“É a primeira vez que ocorre na his-tória uma crise sem fronteiras. Uma

crise na aldeia global. Uma crise que não permite aos governos sucessivos socorrerem-se dos instrumentos mo-netários, por exemplo, para poderem estancá-la, corrigi-la e inverter a sua tendência. É fácil perceber que esta-mos em cima de um barril de pólvora mas temos que ser positivos”.

Fátima, altar do mundo, terra mais conhecida no mundo que o próprio Portugal, sofre de um problema de sazonalidade. É visitada por cinco milhões de pessoas por ano de Maio a Outubro. “Cada turista é factor de ajuda ao grande problema financeiro que temos em Portugal. Temos que apostar nos sectores onde podemos crescer”, concluiu.

distinção. António Marto emocionou-se ao receber o prémio carreira empresarial

elogio. Representante das Rações Zêzere diz que os colaboradores contribuem para o sucesso da empresa

confiança. Eduardo Gomes, distinguido com o prémio jovem empresário está convicto que a sua empresa vai resistir neste momento menos bom do país

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Os pequenos e médios empresários são o grande motor da nossa economia e os grandes obreiros de qualquer sociedade. A frase é do director geral de O MIRANTE, Joaquim António Emídio, que admite que o país vive um processo muito agressivo mas inevitável de mudança.

“Não sei se vou desiludir muita gen-te mas não sinto angústia pelo trabalho acrescido que a crise está a provocar. Es-tava mais preocupado se as condições do país se mantivessem da forma que per-mitiu que os Berardos da vida, por serem amigos dos políticos e dos banqueiros, se mantivessem na mó de cima”, referiu não escondendo que é “visceralmente contra a sociedade capitalista que põe e tira o que está em cima da mesa quando sacia a fome independentemente da fome dos outros”.

Num momento em que os problemas da imprensa são discutidos como a gene-

ralidade dos problemas do país, com espe-cial turbulência por causa das televisões e da fraca economia que não chega para sustentar os grandes jornais, O MIRANTE está entre os dez maiores jornais do país com maior tiragem e maior sustentabilida-de. “Temos uma vantagem em relação aos outros. Estamos muito mais próximos dos nossos leitores e dos nossos anunciantes e não nos assustamos com a crise nem vamos fazer coro com os profetas da desgraça”.

Joaquim António Emídio lembra que O MIRANTE tem uma só agenda. “Fa-zemos um jornal para o nosso público e não fazemos um jornal para os leitores de uma determinada classe política ou empresarial. A primeira coisa que apren-demos neste ofício é que se o produto não for bom para consumo dos leitores acaba endividado e descredibilizado e nunca passará da cepa torta”.

Secretário de Estado diz que há verbas do QREN para distribuir

Os fundos comunitários disponí-veis no âmbito do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) po-dem ser uma tábua de salvação para alguns empresários. O secretário de Estado da economia e desenvolvimen-to regional, António Almeida Henri-ques, lembrou que o Governo está a reprogramar as verbas para ajudar os empresários a superar a crise.

“Nós temos neste momento 15 mil milhões de euros que ainda não estão executados. 74 por cento des-se dinheiro está alocado a projectos, mas alguns não terão capacidade para

sair do papel porque são de iniciativa pública e o Estado não vai ter capaci-dade para avançar com contrapartida nacional para os poder desenvolver. Também há projectos do sector pri-vado que neste momento não estão a ser desenvolvidos”. A reprograma-ção estratégica que está a ser feita no QREN pretende apoiar a economia e apoiar infra-estruturas que possam di-namizar a economia. “É a única dis-ponibilidade que o Governo tem para poder mexer a economia”, sublinha o governante que considera que é im-portante aproveitar a oportunidade.

A porta do Ministério da Econo-mia, sublinha, é uma porta aberta às empresas. “Às vezes podemos não ter dinheiro, mas se ouvirmos as pessoas e as ajudarmos a ultrapassar algumas dificuldades estamos a contribuir pa-ra a resolução de alguns problemas”, concluiu.

A dívida do Estado ao sector privado bastaria para dinamizar a economia

A presidente da direcção da Nersant, Salomé Rafael, aproveitou a presença de um elemento do Governo para falar das dificuldades sentidas pelos empresá-rios no que diz respeito à falta de finan-ciamento bancário, às candidaturas do QREN e às dívidas do Estado ao sector privado. A oportunidade foi aproveitada para deixar também algumas propostas.

Para minimizar o problema do fi-nanciamento bancário, que se não for resolvido levará ao encerramento de milhares de empresas, a Nersant pro-põe a criação de um fundo de obriga-ções participantes. A ideia é reforçar a estrutura de capitais permanentes das empresas. Poderia ser gerido pela So-ciedade Portuguesa de Garantia Mútua e pelo IAMPEI. “Na próxima revisão de memorando deveria ser garantida uma situação específica de financiamento às

empresas que não podem esperar mais”, sugeriu Salomé Rafael.

A presidente do Nersant pediu ainda que as regras de acesso ao QREN sejam simplificadas. As dívidas do Estado ao sector privado foram igualmente abor-dadas. “É fundamental que as entidades públicas regularizem as suas dívidas às empresas fornecedoras. A quantia em dívida, no valor de 2,3 mil milhões de euros, seria o bastante para voltar a di-namizar a economia”, avaliou.

Salomé Rafael congratulou-se pelo facto da iniciativa conjunta da Nersant e de O MIRANTE ter “tão grande acei-tação” apesar da conjuntura depressi-va em que o país mergulhou. “Gostaria de falar em crescimento mas seria uma utopia neste contexto. Neste momento trata-se apenas da sobrevivência de mi-lhares de empresas”.

“Os pequenos e médios empresários são o motor

da economia”

segredo. José Simões, da Trisca (Prémio Micro Empresa) diz que formação é um dos segredos do sucesso

apelo. Representante da Costa e Ferreira diz que é importante que se apoiem as empresas para que possam continuar a produzir

mérito. Luísa Fernandes recebeu o prémio mulher empresária das mãos de Paulo Varanda, novo presidente da Câmara do Cartaxo

As várias edições de O MIRANTE, a ti-ragem, o aumento da equipa de profissio-nais e as parcerias fazem do jornal, mais do que um caso de estudo, um projecto jovem e cheio de futuro. “Temos tanta confiança no que dizemos e realizamos que fazemos questão de dividir tudo o

que temos com os outros. O Galardão Empresa do Ano é em parceria com a Nersant a nossa iniciativa mais feliz e grandiosa porque nos aproxima de uma outra forma com a comunidade em que vivemos e trabalhamos”.

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À descoberta do Brasil

e de Angola

Empresa de referência nas áreas do software de gestão e consultoria infor-mática, a Risa não atraves-sa “problemas tão graves” como os de outros sectores de actividade, nomeada-mente a construção civil e obras públicas. “Paradoxal-mente vamos admitir mais pessoas, isto pode parecer um contra-senso”, diz o ad-ministrador João Artur Ro-sa. Mas nem tudo são rosas. “As questões financeiras e de tesouraria da minha empre-sa em 35 anos de existência nunca tiveram um nível tão ruim como o actual”. Tudo devido às dificuldades de fi-

nanciamento junto da banca e ao dinheiro que tem para receber dos clientes. A Risa está numa fase de crescimen-to, com a procura de novos mercados que se reflecte nos negócios recentes no Brasil e em Angola. “As coisas estão a correr bem em termos de trabalho, mas se não recebo como é que posso continu-ar a trabalhar?”, questiona.

Eduardo Russo Gomes cansou-se de esperar por emprego e fez a sua empresaAinda esteve na função pública mas o gosto pelo risco falou mais alto e ele “voou”

Sempre se imaginou a trabalhar numa pequena empresa. Cansado de esperar por um emprego, Eduardo Russo Gomes resolveu abrir um escritório na agência imobiliária do pai. Hoje lidera a Lusiprojecto, uma empresa especializada nas medições e ensaios acústicos. Não dispensa o exercício físico e durante o Verão gosta de ir ver uma corrida de toiros.

Em 2005, Eduardo Russo Gomes saiu da Universidade de Coimbra com a mensagem que o seu destino e o dos colegas deveria passar por uma grande empresa. Mas o jovem engenheiro civil de 26 anos entendia que o tecido empre-sarial passava maioritariamente pelas pequenas e médias empresas. É assim que regressa a Santarém, a terra que o viu nascer e crescer, cheio de vontade de começar a trabalhar e pronto a apro-veitar todos os contactos desenvolvidos ao longo dos anos. Traz consigo todo o conhecimento teórico adquirido ao lon-go do curso. Só precisava de descobrir como o colocar em prática. Não encon-trou qualquer facilidade em associar-se a alguma empresa e resolveu começar sozinho do zero. Montou um escritório na agência imobiliária do pai e em 2006 surgem os primeiros trabalhos relaciona-

dos com pequenas obras. Pouco tempo depois surge a possibilidade de realizar um estágio profissional na Câmara Mu-nicipal de Santarém. Não deixou escapar a oportunidade que lhe permitiu crescer a nível pessoal e profissional. Mesmo as-sim, Eduardo Russo Gomes descobre que a sua vocação não passava pela câmara e resolve juntar-se em finais de 2007 ao irmão que tinha criado a Lusiprojecto,

uma empresa especializada na área de medições e ensaios acústicos. Pouco tem-po depois o irmão decide sair para se de-dicar a outros projectos e o engenheiro civil assume a liderança da empresa em Agosto de 2009.

A Lusiprojecto desenvolve a sua ac-tividade no âmbito do licenciamento de obras de edificação e urbanização, fiscalização de obras e coordenação de

segurança. A especialização na área de medições e ensaios acústicos, motivou o aparecimento de um departamento es-pecífico, designado como ScalAcústica - Laboratório de Acústica. A Certicasa, de-senvolve a sua actividade no Diagnóstico, Avaliação Imobiliária e Certificação de Edificações ao nível energético. É uma empresa que está acreditada pelo Insti-tuto Português de Acreditação (IPAC).

Para o jovem empresário, a criação de valor passa pelo desenvolvimento de parcerias fortes com outros agentes económicos. Fomentar o empreendedo-rismo em redor, apresentar um leque di-versificado de serviços e apostar na for-mação regular de todos os colaboradores são alguns dos princípios que norteiam a empresa.

O empresário não gosta de rotinas. Tanto pode chegar ao escritório às 7h00 da manhã como às 11h00. É de manhã que resolve os trabalhos mais importan-tes da empresa. Aproveita o almoço para tratar de assuntos com clientes. Muitas vezes o dia de trabalho termina só lá pa-ra as 23h00. Durante o fim-de-semana o telemóvel não toca tantas vezes e o en-genheiro civil aproveita para continuar a trabalhar nos assuntos que exigem maior concentração. Garante que mesmo o tempo de descanso é usado para pensar em estratégias que permitam lutar pela sobrevivência do projecto.

Há três anos casado com a fadista Ma-ria Azóia, tem um filho de um mês e meio. Treina duas vezes por semana rugby no Rugby Clube Santarém. Também gosta de praticar natação ou andar de bicicle-ta. Embora já tivesse sido um acérrimo aficionado, continua a gostar de assistir a umas corridas de toiros durante o Verão.

Não pretende que a Lusiprojecto se-ja uma empresa muito grande, mas que atinja um ponto de equilíbrio adequado ao mercado disponível na cidade de San-tarém. Expandir o negócio para Moçam-bique ou Cabo Verde é outro dos sonhos para o qual trabalha diariamente.

objectivo. Eduardo Gomes pretende que empresa atinja ponto de equilíbrio adequado ao mercado disponível em Santarém

Receitas para enfrentar a criseO mundo mudou muito nos últimos tempos e os nossos empresários vão sentindo na pele as consequências dessa mudança. O que ontem eram verdades absolutas, como a facilidade no acesso ao crédito bancário, hoje são factos questionáveis. Os novos problemas exigem respostas diferentes e para se pegar a crise de caras é preciso engenho, arte e gosto pelo risco. A internacionalização e a criação de novos ramos de negócio são duas das opções encaradas como fundamentais para se atravessar os tempos difíceis que se vivem e que estão para durar. Outra é cortar nos custos. O MIRANTE foi ouvir alguns empresários que estiveram na cerimónia de entrega dos prémios Galardão Empresa do Ano realizada em Fátima.

Estado não paga e a solução

é reduzir pessoal

O administrador da construtora EcoEdifi-ca, empresa dedicada às obras públicas e en-genharia civil, diz que, fundamentalmente, a sua resposta para a crise é cortar postos de traba-lho. O engenheiro civil queixa-se da demora que o Estado leva a pagar as obras contratadas e exe-cutadas e que, face a es-sa realidade, não tem ou-tra alternativa. “O banco não empresta um cênti-

mo, cortou totalmente, o Estado não paga, só te-nho uma solução, é parar a empresa”. Mário Cor-reia diz que os cerca de 150 trabalhadores “estão a ir aos poucos até chegar a zero”. E reforça: “Não temos hipóteses de con-tinuar a trabalhar assim como isto está!”.

João Artur Rosa - Risa - Vila Moreira (Alcanena)

Mário Correia - EcoEdifica - Torres Novas

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Mergulhar no mundo empresarial pela mão do marido Luísa Fernandes é o rosto da empresa de vidros e alumínio JM Fernandes

Luísa Fernandes tinha apenas 28 anos quando mergulhou no negócio dos vidros apoiando o marido Joaquim Manuel Fernandes. A aventura dos dois empreendedores deu frutos. A empresa, sediada na Lapa, concelho do Cartaxo, tem 12 trabalhadores e já deixou marcas em grandes projectos.

Luísa Fernandes, 48 anos, é a prova de que atrás de um grande homem está sempre uma grande mulher. A empresa de vidros e alumínio JM Fernandes tem o nome do marido, Joaquim Manuel Fer-nandes, mas o empresário e criativo tem a seu lado desde o primeiro momento a esposa, um dos pilares da empresa actu-almente instalada na Lapa, no concelho do Cartaxo.

O casal criou a empresa há vinte anos. Ele tinha 27 e ela 28 anos. À experiência profissional de Joaquim Manuel Fernan-des, que trabalhava desde os 14 anos na vidreira do Cartaxo, juntou-se a multifa-cetada Luísa Fernandes. Abriram a pri-meira loja, no lugar de uma antiga ofi-cina, em Aveiras de Cima, concelho de Azambuja. “Foi uma aventura mas nessa idade não se tem medo”, confirma Luísa Fernandes à distância de duas décadas.

Joaquim Manuel Fernandes tinha sa-ído da empresa onde trabalhava há 14 anos e com o dinheiro da indemnização compraram os primeiros materiais. Lu-ísa Fernandes estava então desempre-gada. Já tinha trabalhado em armazéns de vinho e possuía o diploma de cabe-leireira. Agarrou o desafio com todas as forças. Tornou-se no rosto da empresa e aprendeu a cortar vidro. Nunca deixou um cliente enrascado.

A empresa tem crescido desde 1991 com passos pequenos sustentados. Só muitos anos depois de abrirem o espa-ço na Lapa se aventuraram, em 2008, a construir o actual edifício moderno e envidraçado em tons de vermelho que é visível da via rápida entre o Cartaxo e Aveiras de Cima.

Luísa Fernandes é a responsável pe-la área comercial, administrativa e fi-nanceira da empresa. Joaquim Manuel Fernandes, o criativo que domina a téc-nica, está mais ligado à produção como no início. A cobertura em vidro do edi-fício sede da Parque Expo, a fachada da Portugália no Cais do Sodré e os vidros com sistema de correr do Club House Belas Club de Campo são algumas das

obras que a empresa tem desenvolvido. Valorizam tanto a produção de um can-deeiro criativo como a participação num grande projecto arquitectónico.

A empresa tem actualmente 12 tra-balhadores. A palavra crise ouve-se mais fora do que dentro da firma. O volume de negócios é de 700 mil euros. A chave do sucesso resume-se a uma palavra: tra-balho. Luísa Fernandes continua a man-ter a mesma energia que a fez acreditar no projecto no início. E nem as dificul-dades, como o recente assalto às insta-lações da empresa e um prejuízo de 56 mil euros, a fazem abrandar.

Viaja regularmente entre Milão e Düsserdorf para conhecer as últimas no-vidades no meio. Em parceria com uma

competência. Luísa Fernandes é a responsável pela área comercial, administrativa e financeira da empresa

empresa a JM Fernandes está a desenvol-ver um projecto inovador que permite colocar imagem de televisão em vidros.

Além de sócios, Luísa Fernandes e o marido são almas gémeas. Estão casados há 26 anos. Foram viver na altura para um quarto na casa da mãe de Luísa Fer-nandes, na Lapa. O primeiro projecto do casal foi recuperar uma casa do avô de Joaquim Manuel Fernandes, no Carta-xo, onde residem. Desmancharam pare-des e foram construindo aos poucos. “A vida é para se viver assim. Se comprar-mos tudo de uma vez as coisas deixam de ter graça”.

A empresa surgiu igualmente como um projecto sustentável idealizado com os pés bem assentes na terra. “Quando iniciámos o projecto os juros estavam a 28 por cento. O meu primeiro carro foi comprado assim. Os bancos não em-prestavam dinheiro. Tínhamos que tra-balhar e economizar para poder com-prar”, conta.

Tem duas filhas com 25 anos e 18 anos. Estão ambas em Lisboa. Uma trabalha e a outra estuda. Quando a filha mais velha era pequena chegou a dormir no carro com uma manta à espera que os pais acabassem o trabalho. “É necessá-rio muito amor, dedicação e resiliência para levar isto por diante”, reconhece. Luísa Fernandes admite que é mais difí-cil à mulher impor-se no mundo empre-sarial mas considera que elas têm des-bravado caminho conseguindo manter o equilíbrio entre a família e o trabalho.

O marido faz mergulho e conseguiu que Luísa Fernandes tirasse o curso há pouco tempo. A experiência superou as melhores expectativas e lá em bai-xo a empresária consegue atingir uma grande paz. Ao fim de semana andam de bicicleta e fazem caminhadas a dois.

Luísa Fernandes gosta de ir ao cine-ma e ao teatro. Detesta fazer compras. Não gosta de perder tempo e é indecisa nas escolhas. Raramente se maquilha ou vai ao cabeleireiro. Não tem emprega-da doméstica mas a mãe, já reformada, ajuda-a em casa. As tarefas domésticas são uma das actividades que elege para aliviar o stress. O marido também par-ticipa. Adora cozinhar. O casal almoça e janta em casa todos os dias. A sua ca-sa, garante, é o melhor restaurante do mundo.

Cortar nos custos e procurar novos

negóciosO empresário do ramo imobiliário diz

que o sector “está completamente para-do”. Francisco Mendes revela que o que têm vindo a fazer desde há algum tempo é uma “completa redução de custos”, de-signadamente com pessoal e instalações, e também equacionar mudanças dentro do sector e até de ramo actividade. “Tem que se inovar e procurar novas alternati-vas, apesar de serem poucas nos tempos que correm. Temos alguns projectos em mente mas ainda é cedo para falar sobre eles”, conclui.

Resposta foi criar quase 100

empregos

O empresário do ramo dos curtumes afirma que as medidas que tomou para combater a crise foi meter 95 pessoas a trabalhar este ano, reconhecendo que está um pouco contra o ciclo da econo-mia onde a crise é palavra de ordem. “Nos curtumes tivemos muito traba-lho este ano. O grupo está a funcionar bem e não tem problemas com a ban-ca”, garante António Cruz Costa, afir-mando que o grupo empresarial quer continuar a estar entre os melhores.

Francisco MendesSó No Campo - Santarém

António Cruz Costa - Inducol - Amiais de Cima (Santarém)

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O primeiro hoteleiro de FátimaInvestimento de António Marto na restauração foi inspirado nas aparições

Ninguém da família Marto viu a virgem Maria em Fátima mas houve quem vislumbrasse no acontecimento uma possibilidade de negócio. António Marto foi uma espécie de visionário empresarial. Teve a seu lado uma esposa operacional que complementou o seu lado reservado. Aos 82 anos continua a trabalhar e também tem os filhos a trabalhar com ele.

António Marto é o mais antigo hoteleiro de Fátima. Após as aparições de Nossa Senhora de Fátima aos pastori-nhos os pais do empresário deslocaram--se de Lombo de Água nos arredores da cidade, para montarem um café perto da Cova da Iria com serviço de refeições e uma loja de artigos religiosos. Os mi-lhares de peregrinos que se deslocavam a Fátima precisavam de alojamento e a família começou a alugar quartos. Pou-co tempo depois surge a ideia de cons-truir um hotel, o primeiro na freguesia do concelho de Ourém.

O então Hotel Fátima começou a ga-nhar forma. António Marto, considera-do um visionário para a época, queria um hotel com as melhores condições e contactou o arquitecto Ernesto Korro-

di de origem Suíça, que se naturalizou português e que assinou mais de 400 projectos em Portugal. Korrodi foi uma grande influência na vida de António Marto que trabalhou com os pais e ir-mãos no hotel. Algum tempo depois de casar criou o seu próprio hotel, o Santa Maria, que também foi projectado por

Missão. António Marto sempre apostou num serviço de excelência que agradasse aos clientes

Korrodi há 45 anos. Em 2000 a unidade sofre uma profunda remodelação e passa a quatro estrelas e a disponibilizar 120 quartos. Em 2010 volta a receber obras e disponibiliza 173 quartos.

Homem reservado, de gabinete, ti-do pelos colaboradores como exigente mas justo, sempre primou por apresen-

tar um serviço de qualidade. Ele era o estratega e a mulher, Fernanda Marto, a operacional que garantia o funciona-mento do hotel. António Marto, nas-cido em 15 de Agosto de 1929, começa a expandir o negócio e em 1982 adqui-re um edifício onde instala o Hotel São José também em Fátima. Nesse mesmo ano incentivado pelo filho que estava a terminar o curso de gestão, decide com-prar o Hotel Roma em Lisboa. Depois constrói no ano 2000 o Hotel Marquês de Pombal também na capital, uma uni-dade de quatro estrelas com 120 quartos.

António Marto foi um dos fundadores da Associação dos Directores dos Hotéis de Portugal. Não é de ficar à espera que as oportunidades apareçam. Trabalha para que as coisas aconteçam. Andou a promover os seus hotéis quase de porta em porta, directamente nas agências e operadores turísticos, andou em feiras internacionais. Sempre quis ter os fi-lhos ao seu lado dando-lhes sociedades nas empresas. Há colaboradores que o acompanham desde o tempo em que abriu o Santa Maria. Aos 82 anos con-tinua a trabalhar. Tem casa de habita-ção mas vive no Hotel Roma por uma questão prática.

António Marto é sobretudo um hu-manista que tem um grande sentido prá-tico da vida. Sempre preferiu a qualidade à quantidade. A sua aposta sempre foi num serviço de excelência que agradas-se aos clientes. Há alguns que frequen-tam por exemplo o Hotel Santa Maria há anos. António Marto dá um grande valor à palavra e tudo o que combina cumpre à risca. É um homem de ir em frente e quem o conhece diz que nunca voltou atrás num negócio com fornece-dores ou clientes.

Sem trabalho não vamos a lado nenhum

A melhor for-ma de enfrentar a crise e os tem-pos difíceis é ter forças para traba-lhar. A sentença é de José Júlio Eloy, administrador da AgroRibatejo, em-presa de comercia-lização de máqui-nas e equipamen-tos para a lavoura e para terraplana-gens. “Sem traba-lho não vamos a lado nenhum, já se sabe há muito tempo, mas agora é pior. Estamos a travessar uma crise muitíssimo gran-de e estamos a ver se nos aguentamos”. O empresário queixa-se que os seus clientes não têm trabalho e isso reflecte-se nas vendas. “O Estado não lança obras, não há estradas, terraplanagens”. Mesmo assim a AgroRi-batejo mantém-se à tona. “Temos muitos clientes. Os grandes estão muito aflitos, sem trabalho. Dos peque-nos lá aparece um trabalho aqui, outro acolá, lá se vão defendendo e nós vamos com eles”.

Acesso a financiamento é uma questão crucial

Apoiar as em-presas nas áreas da formação e internacionali-zação e tentar encontrar alter-nativas para as ajudar em ter-mos de financia-mento são recei-tas que o presi-dente da comis-são executiva da Associação Em-presarial da Re-gião de Santa-rém - Nersant, considera fun-damentais para as tornar mais aptas a atraves-sar a crise. “A grande questão que as empresas nos colocam é a do financiamento. Essa é uma questão que compete muito ao Governo e nós já apresentámos um estudo com situações alterna-tivas que podem ser implementadas”, afirma An-tónio Campos.

José Júlio Eloy - AgroRibatejo - Santarém António Campos - presidente da comissão executiva da Nersant - Torres Novas

Internacionalização é o caminho a seguir

O administra-dor da Ribatel, em-presa que trabalha nas áreas das tele-comunicações, te-lemetria e sistemas de segurança, diz que a empresa está a enfrentar as difi-culdades com prag-matismo e alguma audácia. “Temos em curso projectos de internacionali-zação com os pro-dutos que desenvol-vemos e estamos já com projectos pilo-to no Brasil. Com uma das principais empresas brasileiras de distribuição de gás estamos neste momento a apostar na telemetria na área dos combustíveis e de gás”. Armando Rosa diz que se não for assim vai ser muito difícil sobreviver. “A internacionalização é a única resposta possível nes-te momento para sobreviver, porque não há mercado em Portugal nem se antevê também grande mercado na Europa. No Brasil esperamos que em 2012 as coisas corram bem”.

Armando Rosa - Ribatel - Santarém

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A brincar a brincar se faz um caso de sucessoA Trisca tem vindo a crescer e não é a crise que a consegue travar

Um dos desejos de José Simões e Manuel Amado, sócios gerentes da empresa, é participarem na maior feira de material didáctico que se realiza todos os anos em Nuremberga, na Alemanha. Mas isso só vai acontecer quando estiverem a trabalhar nas novas instalações na Zona industrial do Entroncamento.

Mudar de instalações para a Zona Industrial do Entroncamento é o princi-pal objectivo da Trisca, para continuar a crescer como tem acontecido todos os anos. A empresa, gerida pelos sócios José Simões e Manuel Amado, é especializada no fabrico e distribuição de produtos em espuma para o mercado escolar. O rés-do--chão de uma moradia, com vegetação à volta, esconde as instalações da empresa. As várias divisões foram transformadas em salas de corte e enchimento. O ano passado construíram um armazém ao lado da casa onde funciona a empresa mas até esse já se tornou pequeno para as encomendas que surgem diariamente.

A empresa começou a dar os primei-ros passos em 1995 numa loja no centro do Entroncamento onde vendiam mate-rial escolar e também jogos didácticos, onde fizeram sucesso. Mais tarde, con-trataram costureiras e começaram a fa-bricar fantoches e material para drama-tização. “A empresa tinha mão-de-obra intensiva mas produzíamos artigos que

tinham pouca rentabilidade. Dava muito trabalho e não podíamos vender muito caro”, explica José Simões, sócio-geren-te da Trisca.

O crescimento da empresa começou a fazer-se a partir de 2001 quando um cliente sugeriu que criassem produtos em espuma. Aceitaram o desafio e per-ceberam que podiam ter ali uma “voca-ção”. Desde 2005 que a empresa cresce cerca de 25 por cento por ano. Em 2010 facturaram cerca de 320 mil euros e este ano vão facturar aproximadamente 400 mil euros. Com as novas instalações vão ter condições para contratar novos fun-cionários. Actualmente a empresa con-ta com uma equipa de seis funcionários.

A Trisca produz todo o tipo de mate-rial em espuma para jardins-de-infância, atelier de tempos livres, bibliotecas e es-colas do primeiro ciclo. Sofás, almofadas, pufes, tapetes e estruturas para sentar. Trabalham exclusivamente em espuma forrada com tela colorida. A empresa dis-põe de uma rede de distribuidores por todo o país que dão a conhecer os seus produtos através dos catálogos da Trisca junto das escolas e creches.

Em 2005 apostaram na internacionali-zação e começaram a exportar para Espa-nha onde já têm alguns clientes. Também exportam para França embora as des-pesas de transporte tornem aquele país menos atractivo. Angola é outro país no qual têm apostado. José Simões diz que este é um mercado em expansão e que têm boas perspectivas de crescimento.

Um dos objectivos é participarem na maior feira de material didáctico que se realiza todos os anos em Nuremberga, na Alemanha. Mas isso só vai acontecer

segredo. José Simões diz que qualidade dos produtos é factor chave para o sucesso

quando tiverem as novas instalações. “Não podemos arriscar a ir à Alemanha expor o nosso material e no dia seguinte termos um volume de encomendas para o qual não temos capacidade de respos-ta”, explica José Simões.

Para os empresários o facto de serem fabricantes dos seus produtos é uma mais-valia uma vez que, em Portugal, a maioria das empresas que trabalha na área do material didáctico são importa-dores. José Simões salienta que os clientes reconhecem a qualidade com que traba-lham. São os próprios que desenham e concebem o material em função do que existe no mercado a nível mundial. Se os clientes quiserem os produtos são feitos ao seu gosto.

Continuar a conquistar novos mer-cados e alargar a abrangência a outros países europeus é outro dos objectivos da Trisca. Para José Simões, o segredo

do sucesso é estar sempre actualizado em relação às novidades e desenvolver estratégias de expansão. A qualidade dos produtos é, também, um dos factores chaves para o crescimento gradual que têm vindo a ter.

Controlar custos e adaptar preços

O responsável pelo Hotel Dom Gonçalo, em Fátima, diz que já “há largos anos” está habituado a viver com dificuldades de mercado e com diferentes conjunturas, com a em-presa a adaptar-se à realidade de ca-da período. “Neste momento é mais uma situação dessas, em que temos de puxar pela imaginação, controlar bastante os custos e adaptar os pre-ços ao mercado. De uma forma geral penso que as coisas irão correr bem”. Jorge Heleno refere que a indústria hoteleira tem um grande potencial e é um sector onde Portugal consegue posicionar-se correctamente e vender para exportar. “À partida estamos confiantes no futuro. O mercado de Fátima é um nicho muito particular.

Nós já há vários anos que temos vindo a trabalhar este mercado e estamos agora a colher os frutos de todo esse trabalho de longo prazo e de grande esforço e dedicação”, conclui.

Investir mais é a solução

“Para enfrentar a crise tenho que investir mais”, diz Carlos Hen-riques, do grupo El Galego, que ex-plora vários restaurantes e cafeta-rias em Santarém e ainda um talho e um restaurante na Póvoa de San-tarém. “A solução é investir. Isso é o que o nosso grupo tem feito e é o que vai continuar a fazer para ten-tarmos ser os melhores”, reforça Carlos Henriques, sócio-gerente da empresa que tem criado postos de trabalho e aberto novos estabeleci-mentos nos últimos anos, um pou-co em contraciclo com a tendência dominante na área da restauração. Quanto a 2012, as perspectivas não são muito risonhas. “Acredito que com a alteração do aumento do

IVA sobre o sector da restauração a vida vá ser mais complicada para o sector, mas criando condições e in-vestindo vamos tentar ultrapassar” mais esse obstáculo.

Carlos Henriquesgrupo El Galego - Santarém

Jorge Heleno - Hotel Dom Gonçalo - Fátima

Em 2005 apostaram na internacionalização e começaram a exportar para Espanha onde já têm alguns clientes. Também exportam para França embora as despesas de transporte tornem aquele país menos atractivo. Angola é outro país no qual têm apostado

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Estado demora a pagar mas

é ágil a cobrar

Jorge Pisca, patrão da Signatus, que se dedica às áreas da estampa-gem e gravação diz que o princi-pal problema com que se debate na gestão da sua empresa é a de cobrar a tempo e horas pelo tra-balho executado. Designadamen-te aos organismos do Estado, com quem trabalha muito. “O Estado paga tarde mas é muito ágil a co-brar”, considera. Uma situação que gostaria de ver ultrapassada, já que acaba por minar a economia afectando a saúde financeira das empresas. Por isso pede aos políti-cos que comecem a levar mais em atenção o valor dos empresários.

“Antes havia a possibilidade de ir com as facturas do Estado à banca e assim conseguíamos um emprés-timo para aliviar a tesouraria. Hoje isso já não acontece. A banca hoje está muito mais complicada”, diz.

Vale mais não vender do que vender e não

receberVale mais não vender do que vender

e não receber. A máxima é de Custódio Antunes, proprietário da empresa Móveis Antunes da Golegã que só vende a pronto pagamento. “Se não o fizermos não con-seguirmos sobreviver nestes momentos menos bons”, refere o proprietário da em-presa que em 2008 venceu o prémio Micro Empresa Galardão do Ano. Em alturas de crise o empresário garante que a solução é trabalhar mais e gastar menos. Além dis-so, andam a estudar a possibilidade de in-vestir em novos mercados. “O país é muito grande e ainda existem muitos locais para explorar”, diz.

Custódio Antunes também sente os efei-tos da crise no seu negócio de comércio de todo o tipo de mobiliário. Anda, no entan-to, à procura de mais funcionários e essa,

garante, nem sempre é uma tarefa fácil. O forte da empresa é fazer aquilo que os ou-tros não fazem. A Móveis Antunes execu-ta trabalhos por medida o que, na sua opi-nião, é uma enorme vantagem em relação à concorrência. “Estamos sempre a tentar inovar nos produtos que fabricamos para estarmos sempre na vanguarda da moder-nidade”, conclui.

Inovação tecnológica e funcionários motivadosJorge Fernandes explica o sucesso da Rações Zêzere

Num momento em que o mercado está em recessão a empresa está a crescer, estimando-se um acréscimo de 20% nas vendas em relação ao ano anterior. Números que se explicam pela produção de qualidade a baixos custos. A Rações Zêzere dá trabalho a 46 pessoas.

Os resultados de excelência da empresa que apresentamos nos próxi-mos momentos fizeram com que seja uma repetente no Galardão Empresa do Ano, iniciativa que O MIRANTE leva a cabo em conjunto com a Associação Empresarial do Distrito de Santarém. A Rações Zêzere, sedeada em Gravulha, Águas Belas, no concelho de Ferreira do Zêzere, conquistou o Galardão Em-presa do Ano 2008. Volta agora à ribal-ta para arrecadar o prémio de melhor Pequena e Média Empresa (PME) 2009.

Muito mudou neste curto espaço de tempo e mudou para melhor devido ao vector inovação que leva a que os seus produtos se distingam no mercado, não só pela qualidade como pela sua apre-sentação: não se encontra nenhuma embalagem de rações no mercado que tenha no exterior fotografias coloridas dos animais a que se destinam como aqui acontece.

A Rações Zêzere celebra este ano 30 anos no mercado, apesar de só há apenas meia dúzia de anos vender ao público em geral, pois destinava-se

apenas a consumos das explorações dos sócios da empresa. Fabrica rações e cereais para coelhos, pintos, frangos, galinhas, patos, perus, avestruzes, su-ínos, bovinos, ovinos, caprinos e cava-los. A base do seu sucesso, revela Jorge Fernandes, presidente do conselho de administração, assenta na capacidade de perceber, em cada momento, as exi-gências do mercado. O recurso à tecno-logia inovadora e a corrente satisfação dos funcionários fazem o resto.

Produzir mais com menos é a máxi-ma da empresa. Com apenas três fun-cionários - dois na parte de Embalagem, um na Sala de Comando - assegura-se o funcionamento de duas fábricas, cons-truídas com apoios comunitários e ape-trechadas com tecnologia avançada. Uma unidade fabrica Rações, a outra, fabrica uma Mistura de Cereais, para que o cliente final veja o cereal depois de limpo e tratado. Três turnos de três homens asseguram que diariamente se-jam descarregados 20 semi-reboques, o que representa uma produção de 12 mil toneladas de rações por mês.

Nos últimos dois anos, a Rações Zêzere cresceu em recursos humanos, infra-estruturas, tecnologia, produção, e, obviamente, em lucro. Para além de um logótipo diferente, a Rações Zêzere tem novas embalagens de plástico com pegas, que proporcionam mais comodi-dade ao consumidor que as adquire nas grandes superfícies comerciais, e produ-tos flocados de grande qualidade, fei-tos a altas temperaturas, que permitem uma melhor digestão pelos animais.

Num momento em que o mercado está em recessão a empresa está a cres-

cer, estimando-se um acréscimo de 20% nas vendas em relação ao ano anterior. Em 2010 obteve vendas de 27 milhões de euros. Este ano, a empresa estima atingir os 40 milhões de euros. Núme-ros que se explicam pela qualidade dos produtos e produção de qualidade a baixos custos. E se em 2008 a empresa assegurava 31 postos de trabalho con-ta agora com 46 colaboradores, muitos deles na área da investigação e certifi-cação de qualidade.

A Rações Zêzere faz parte de um grupo que inclui diversas empresas li-gadas ao ramo agro-alimentar como a Sicarze, Zêzerovo, Uniovo, Agropefe e Agrozel e outras ligadas ao ramo imobi-liário como a Conzel, Tomargest, Glo-balfer e Zarty´s. Tem negócios na área da distribuição alimentar em Angola e na área da construção civil no Brasil e

crescimento. A empresa obteve, em 2010, vendas de 27 milhões de euros

também em Angola. Na capital do ovo a ideia lançada pelo presidente de câ-mara, Jacinto Lopes, de fazer a maior omolete do mundo para o Guiness é bem acolhida.

As instalações das duas fábricas ocu-pam actualmente uma extensão de 17 mil m2 mas a tendência será para am-pliar as infra-estruturas a cada ano que passa, numa óptica de crescimento sus-tentável. Neste momento, a empresa está à espera que lhe seja atribuído o símbolo de primeira do mundo a ter produtos certificados para animais de criação, designação que já existe para a alimentação humana. O futuro pas-sa por apresentar no mercado produ-tos verdadeiramente inovadores, que conquistem os clientes, sempre com o selo de qualidade “Rações Zêzere”.

Jorge Pisca - Signatus - Cartaxo

Custódio Antunes - Móveis Antunes - Golegã

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Pão caseiro de Rio Maior para todo o paísJoaquim Costa e Rita Ferreira Costa amassaram o sucesso da Sociedade Panificadora Costa & Ferreira

Dos nove fornos a lenha da área de produção, saem 36 mil pães a cada quatro horas, fruto do trabalho de 120 colaboradores portugueses e estrangeiros, 24 horas por dia. As instalações têm uma área de cerca de 25 mil metros quadrados.

A Sociedade Panificadora Costa & Ferreira, com sede no Alto da Serra, concelho de Rio Maior, é a Empresa do Ano 2009. Com cerca de 20 anos de actividade no ramo da panificação, a empresa produz e fornece pão caseiro pré-cozido para as principais grandes su-perfícies comerciais dos grupos Sonae, Jerónimo Martins e Mosqueteiros, para norte e do sul país, e para o Carrefour de Espanha, enquanto o pão fresco é distribuído por 40 viaturas da empresa para uma larga faixa da zona centro, entre Setúbal e Coimbra.

À frente da empresa estão duas pesso-as, marido e mulher, mas em diferentes áreas. Joaquim Costa está ligado à pro-dução, enquanto Rita Ferreira Costa é a cara da empresa junto dos clientes, en-carregue da parte comercial.

Tudo começou quando já detinha outros negócios, pecuária, avicultura e uma churrasqueira na cidade onde falta-va vender pão face à grande procura da clientela. Num espaço alugado em Rio

mérito. Rita Ferreira Costa ficou honrada com a atribuição do prémio à sua empresa

André Natanael João Chora

Maior, abriram uma padaria com os co-nhecimentos obtidos por Joaquim Costa no fabrico do pão caseiro e daí germinou um negócio que dura há duas décadas no Alto da Serra, local onde nasceu Rita Fer-reira Costa, que a empresária se instalou num terreno comprado a um familiar.

Actualmente e para dar uma ideia da capacidade produtiva, dos nove fornos a lenha da área de produção, saem 36 mil pães a cada quatro horas, fruto do traba-lho de 120 colaboradores portugueses e estrangeiros, 24 horas por dia. As insta-lações têm uma área de cerca de 25 mil metros quadrados.

Uma frota de cerca de 50 viaturas faci-lita a distribuição do conhecido pão casei-ro de Rio Maior de que a Costa & Ferrei-ra é emblema e estandarte. Os produtos mais conhecidos são os pães de quilo e de 450 gramas, mas a gama de produtos da sociedade alargou-se fortemente pa-ra as bolas, broas, caralhotas, passando pelos croissants e pães de forma e várias outras opções.

Água, sal, fermento e farinha são os únicos ingredientes do pão, garante Ri-ta Ferreira Costa. Do resto trata a linha de produção e nove fornos fabricados no segredo dos deuses para garantir uma sa-bor únicos e clientes satisfeitos.

A Sociedade Panificadora Costa & Ferreira tem conseguido crescer susten-tadamente ao longo dos anos. A factu-ração subiu 13 por cento de 2008 para 2009 e oito por cento de 2009 para 2010. O corrente ano tem sido assinalado pela

estabilidade das vendas devendo a factu-ração manter o nível alcançado.

A empresa está a tratar da certificação de qualidade do pão de Rio Maior e tem implementado o sistema autocontrolo de segurança alimentar dos seus produtos em requisitos como as instalações, equi-pamentos de fabrico, viaturas de trans-porte, plano de higienização, plano de saúde e de formação dos colaboradores, diversos controlos internos, até à quali-ficação de fornecedores.

Há cinco anos a batalhar pela amplia-ção da capacidade de produção para o dobro, com mais dez fornos, havendo projecto e terreno próprio disponível, a Sociedade Panificadora Costa & Ferrei-ra espera que o plano director municipal de Rio Maior seja revisto brevemente e o investimento possa ser concretizado

em terreno que já está preparado para se avançar. Assim a administração pública acompanhe a vontade dos empresários e ritmo dos empresários.

Rita Ferreira Costa considera que a atribuição do galardão Empresa do Ano 2009 é merecido. “Pelo nosso trabalho, empenho e qualidade, fiquei muito hon-rada, devo tudo ao cliente do dia-a-dia, a esse é que tenho de agradecer por consu-mir diariamente o nosso pão”, comenta a empresária.

Quando não está no Alto da Serra, Ri-ta Ferreira Costa cuida de dois estabele-cimentos na cidade. Uma padaria-paste-laria e um restaurante especializado em grelhados, aproveitando para estar em contacto com o público. Os cães aban-donados são outra paixão e possui um canil para os tratar.

O acordeão de Natanael juntou-se à voz e guitarra

de João ChoraA voz e guitarra do consagrado fadista João Chora foi salpica-

da por sonoridades de acordeão na interpretação do tema “Ca-noas do Tejo”. O jovem acordeonista André Natanael Teixeira, de 20 anos, fez vibrar o público que se rendeu ao duo durante a cerimónia do Galardão Empresa do Ano.

André Natanael Teixeira actuou na cerimónia a convite do fadista. Dedilhou o acordeão a preto e branco e à música juntou gestos e expressões faciais. No final, depois de uma improvisa-ção, ecoou na sala um emocionado “Bravo!”. Natanael nasceu em Abrantes há 20 anos. Desde os dez que toca acordeão. Tocou com grupos de música popular, estudou no Conservatório de Lisboa e de Castelo Branco e desde Outubro de 2009 que está a viver em França com o objectivo de se tornar um mestre na arte de tocar acordeão. Treina cerca de dez horas por dia. É filho úni-co e os seus pais, ambos ligados ao mundo da música, foram os seus primeiros professores. Quer viver exclusivamente da música.

João Chora, natural da Chamusca, nasceu para a música. Can-tou no coro, tocou piano e guitarra e integrou conjuntos de baile até se tornar num dos fadistas mais conhecidos da região com trabalho quase diário nas casas de fado de Lisboa e em muitos espectáculos pelo país.

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A união que faz a força da família Marto Vencedor do Galardão Carreira Empresarial é adorado pela família

A vida de Eduardo Gomes não se resu-me à gestão da Lusiprojecto. O empresá-rio distinguido este ano com o galardão Jovem Empresário do Ano tem na famí-lia um importante pilar no equilíbrio entre estas duas facetas, que tem conse-guido conjugar de forma harmoniosa. A esposa, Maria Teresa, é a melhor teste-munha disso mesmo e reconhece, como ninguém, o esforço de Eduardo Gomes para não roubar muito tempo aos que lhe são queridos e, ao mesmo tempo, continuar a gerir de forma sustentada a empresa que tanto tempo lhe absorve.

Formada em Educação Social, Maria Teresa é, aos 27 anos, uma mulher mul-tifacetada. Há poucos meses que vive embrenhada no papel de mãe, ao qual se dedica, por agora, a tempo inteiro. Antes disso, dedicava-se à formação de adultos, no Centro Novas Oportunida-des do ISLA. A par de tudo isso ainda vai conseguindo arranjar tempo para ser fa-dista amadora. A referência à música é

No dia em que o António Marto re-cebeu o galardão Carreira Empresarial, a esposa, Fernanda Marto, que esteve sem-pre a seu lado desde que com ele casou em 1954, confessou a O MIRANTE que ao prémio daquele dia juntava de boa vontade o prémio de “excelente mari-do”, que sempre foi. As filhas, Cristina e Clara Marto, transbordantes de alegria acrescentar-lhe-iam outra distinção: a de “pai super-protector”.

Com tantos elogios, o veterano em-presário deve ter subido ao palco para receber o galardão com as orelhas bem quentes. “Ele teve sempre uma cabeça fantástica”, refere, orgulhosa a espo-sa comentando a distinção. “Não sei se há pessoas que merecerão mais do que

aqui citada para enaltecer o carácter do empresário. Embora não goste de fado, Eduardo Gomes faz questão de marcar presença na maior parte das suas actu-ações, sendo mesmo o seu principal ad-mirador e apoiante.

A mesma postura tem sido assumi-da pela esposa em relação à vida profis-sional dele. Maria Teresa Não participa activamente na empresa mas dá todo o apoio possível ao marido. Em casa, não raras vezes, o assunto é trabalho, mas a educadora social sabe que isso também se deve ao facto de ter acompanhado a empresa desde a sua génese. “Falamos e conversamos muito e eu acredito que ele também gosta de ouvir a minha opi-nião”, diz. “Como somos de áreas com-pletamente diferentes, acaba por ser en-riquecedor para ambas as partes, porque trocamos experiências”.

Ao marido atribui inúmeras qualida-des, mas destaca muito em particular a forma como se relaciona com os clien-

tes, sempre com “muito humanismo”, colocando os interesses daqueles em pri-meiro lugar. Se o prémio é merecedor? Maria Teresa não tem dúvidas. “Talvez fosse muito mais fácil nesta altura en-contrar um emprego em qualquer sítio

e viver descansado, mas não”, afirma. “O Eduardo sempre foi assim, empreende-dor, com um espírito de iniciativa mui-to grande”. Qualidades mais do que su-ficientes para que o galardão lhe tenha sido bem atribuído.

O fado da vida canta-se melhor a doisMaria Teresa esposa e admiradora do jovem empresário do ano

ele mas estou satisfeita por isso e mui-to agradecida” afirma. As filhas dizem que foi uma surpresa, não porque o pai não fosse merecedor, mas pela postura discreta que sempre assumiu. “Não gos-ta de se deixar fotografar, nem gosta de aparecer”, salienta Clara. “Mas foi uma surpresa boa”, afirma a irmã desta. “Te-mos muito orgulho no meu pai e na mi-nha mãe”, conclui.

De sorriso fácil, as duas irmãs dizem que o pai não gosta de falar de si. Prefere entrevistar a ser entrevistado, mas nada que o impeça de ser um homem afável no trato, com uma genuína simplicida-de e sentido de humor cativantes. Ca-racterísticas de uma personalidade que deixou bem patentes durante os breves

instantes em que esteve à conversa com O MIRANTE à entrada da sala onde de-correu o jantar de entrega dos prémios.

Fernanda Marto acompanhou e aju-dou a cimentar o sucesso empresarial do marido, no ramo hoteleiro. Enquanto ele tratava dos negócios ela assumia uma pa-nóplia de tarefas que revelavam uma mu-lher multifacetada. “Ele trabalhava mais na parte de escritório e eu fazia de tudo um pouco: cozinhava, arrumava quartos, estava na lavandaria”, recorda.

Os filhos - duas raparigas e um rapaz (recentemente falecido) - vieram firmar os alicerces da união do casal, mas con-ciliar o atarefado dia-a-dia no hotel com a vida pessoal nem sempre foi tarefa fá-cil. Fernanda Marto reconhece que “às

vezes os filhos sofriam com isso”. Mo-mentos havia em que se “agarravam à saia da mãe a chorar”, conta. Nestas al-turas, e para minimizar o sofrimento das crianças, Fernanda e o marido contavam com o apoio de alguns funcionários “que eram como se fossem da nossa família, e continuam a ser”. Ciente de que nem sempre podiam dar a atenção desejada aos filhos, o casal fazia questão, no en-tanto, de não abdicar de um conjunto de rotinas familiares, apesar de viverem no hotel. A hora das refeições era sagrada, assim como as férias em família.

Depois de longos anos a viver no Ho-tel Santa Maria, Fernanda Marto quis mudar-se para uma vivenda. “Eu estava um bocado saturada e pedi-lhe para ele fazer uma casa”, recorda. O marido ace-deu prontamente ao desejo, mas a vida sofreu nova reviravolta e eis que o casal acabou por não estrear a moradia que Fernanda tanto desejava. Tudo porque os negócios expandiram-se para Lisboa e a mudança para a capital tornou-se inevi-tável. Fernanda não se mostra angustia-da, muito pelo contrário. Em Lisboa con-tinua a viver num hotel, mas procura, tal como sempre fez em Fátima, resguardar um espaço só para a família.

Depois de António e Fernanda Marto se mudarem para a capital para acompa-nhar de perto os novos projectos hotelei-ros, coube às duas filhas dar continuidade aos negócios em Fátima, onde tudo come-çou. Para quem tem no pai - e também mãe - um modelo a seguir, é fácil falar sem hesitações. De ambos, Cristina e Cla-ra herdaram inúmeras competências pa-ra os negócios, mas sobretudo a singular capacidade de relacionamento humano. Dizem que António Marto fala mais com o olhar do que por palavras e que é “um pai super-protector, super vaidoso e su-per orgulhoso das filhas”. Cristina desta-ca aquele que considera ter sido o prin-cipal ensinamento do progenitor. “Ensi-nou-nos a ser sempre independentes”.

O empresário com a esposa, Fernanda Marto

Elogios. A fadista Maria Azoia, esposa do empresário Eduardo Gomes, diz que o marido sempre foi empreendedor

As filhas de António Marto Cristina e Clara

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