galinari, gabriel farias. projeto mestrado
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Projeto acerca das Políticas Públicas voltadas para crianças e adolescentes no município de Maringá.TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
ORIENTADOR (A): PROF.: RIVAIL CARVALHO ROLIM
ACADÊMICO (A): GABRIEL FARIAS GALINARI
LINHA: HISTÓRIA POLÍTICA
TÍTULO: AS POLÍTICAS PÚBLICAS E A INFÂNCIA E JUVENTUDE NO MUNICÍPIO
DE MARINGÁ – 2000 A 2010.
PROBLEMÁTICA DA PESQUISA E SUA DELIMITAÇÃO:
Esse projeto visa a problematização do histórico e das relações entre políticas públicas do
sistema de garantia de direitos e crianças e adolescentes no município de Maringá – PR, entre os
anos de 2000 e 2010.
Sobre os direitos das pessoas, em suas relações com a sociedade, tal como são estudados
hoje, pode-se entender que resultam de uma construção social, de conteúdo ético, resultante de um
processo histórico e dinâmico de conquistas e de consolidação de espaços emancipatórios da
dignidade humana. Nesses espaços, antes de seu reconhecimento como direitos, as necessidades,
os carecimetos e as aspirações já eram objeto de articulações, resistências, reivindicações e
pressões. Em relação a essa processualidade, Bobbio nos alerta que o problema da realização dos
direitos do homem:
Não é nem filosófico nem moral. Mas tampouco é um
problema jurídico. É um problema cuja solução depende de
um certo desenvolvimento da sociedade e, como tal, desafia
até mesmo a Constituição mais evoluída e põe em crise até
mesmo o mais perfeito mecanismo de garantia jurídica. (1992,
p. 45)
Esse processo secular de consolidação de direitos tem como marcos situações de profunda
transformação social e política, sendo que esses avanços estão ligados, também, a pautas definidas
nacionalmente ou por acordos internacionais, caudatários do campo judiciário e da sua
institucionalização.
São algumas dessas situações: na Inglaterra, a Magna Carta de 1215, que limitou o poder
real; a Revolução Inglesa de 1640; a instituição do habeas corpus em 1679; a Declaração de
Direitos de 1689; nos Estados Unidos, a Declaração de Direitos de Virgínia, em 1776 e, no mesmo
ano, a Declaração da Independência norte‑americana; na França, a Declaração dos Direitos do
Homem, no contexto da Revolução Francesa de 1789; a Revolução Russa, em 1917; na
Organização das Nações Unidas — ONU, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em
1948, após a Segunda Guerra Mundial — marco do início da adoção internacional de instrumentos
de proteção de direitos; a Revolução Cubana de 1950; e o Concílio Vaticano Segundo.
Por sua vez, a garantia de direitos, no âmbito de nossa sociedade, é de responsabilidade de
diferentes instituições que atuam de acordo com suas competências: as instituições legislativas nos
diferentes níveis governamentais; as instituições ligadas ao sistema de justiça — a promotoria, o
Judiciário, a defensoria pública, o conselho tutelar — aquelas responsáveis pelas políticas e pelo
conjunto de serviços e programas de atendimento direto (organizações governamentais e não
governamentais) nas áreas de educação, saúde, trabalho, esportes, lazer, cultura, assistência social;
aquelas que, representando a sociedade, são responsáveis pela formulação de políticas e pelo
controle das ações do poder público; e, ainda, aquelas que têm a possibilidade de disseminar
direitos fazendo chegar a diferentes espaços da sociedade o conhecimento e a discussão sobre os
mesmos: a mídia (escrita, falada e televisiva), o cinema e os diversificados espaços de apreensão
e de discussão de saberes, como as unidades de ensino (infantil, fundamental, médio, superior,
pós‑graduado) e de conhecimento e crítica (seminários, congressos, encontros, grupos de trabalho).
Dessa forma, um princípio norteador da construção de um sistema de garantia de direitos
é a sua transversalidade. Seus diferentes aspectos são mutuamente relacionados, e as reflexões, os
debates e as propostas de ações no sentido de garanti‑los apenas alcançarão a eficácia pretendida
se forem abordados integradamente de forma a fortalecer as iniciativas das suas diferentes
dimensões.
A organização e as conexões desse sistema complexo supõem, portanto, articulações
intersetoriais, interinstâncias estatais, interinstitucionais e inter‑regionais. Supõem também
ausência de acumulação de funções — o que exige uma definição clara dos papéis dos diversos
atores sociais, situando‑os em eixos estratégicos e inter‑relacionados; integralidade da ação,
conjugando transversal e intersetorialmente as normativas legais, as políticas e as práticas, sem
conformar políticas ou práticas setoriais independentes.
Em síntese, na perspectiva de sistema, a organização das ações governamentais e da
sociedade, face a determinada questão‑foco, precisa ser concebida e articulada como uma
totalidade complexa, composta por uma trama sociopolítico operativa: um sistema que agrega
conjuntos de sistemas espacial e setorialmente diferenciados.
Para a criança e o adolescente, a garantia dos direitos (conhecido como SGDCA) tem como
ponto de partida seu reconhecimento em lei, evidenciando o compromisso coletivo em torno da
proteção à criança e ao adolescente como sujeitos em condição de desenvolvimento. Mas sabemos
que a declaração dos direitos não é suficiente para que eles sejam assegurados. A materialização
desse compromisso depende em grande medida da sua realização sob a forma de serviços,
programas e projetos executados por órgãos governamentais ou da sociedade civil.
A definição oficial para o SGDCA se encontra na Resolução 113 do Conselho Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA de 19 de abril de 2006. Em seu artigo
primeiro a resolução afirma que o SGDCA:
Constitui-se na articulação e integração das instâncias
públicas governamentais e da sociedade civil, na aplicação de
instrumentos normativos e no funcionamento dos
mecanismos de promoção, defesa e controle para a efetivação
dos direitos humanos da criança e do adolescente, nos níveis
Federal, Estadual, Distrital e Municipal.
O sistema não é uma instituição, mas uma forma de ação, na qual cada um conhece seu
papel, além de conhecer o papel dos demais, percebendo e articulando as ligações, relações e
complementaridades destes papéis. Exemplos de sistemas são citados em todas as ciências, desde
a biologia ou medicina, quando ouvimos falar em sistema digestivo ou urinário, por exemplo.
Tecendo um paralelo, no sistema digestivo cada órgão tem seu papel e funciona de maneira
articulada com os demais. Já no momento da mastigação os demais órgãos estão produzindo as
enzimas necessárias e se preparando para receber os alimentos. São ações independentes, mas
interligadas. Cada órgão cumpre o seu papel específico, porém, não de maneira indiscriminada,
mas de forma a construir um todo que funciona rumo a um objetivo comum.
A definição também trata da aplicação dos instrumentos normativos, entendidos como todo
o conjunto de normas legais (leis, tratados, resoluções, convenções etc.), que se referem aos
direitos de crianças e adolescentes. Vale ressaltar que a resolução citou os instrumentos normativos
sem identificá-los como nacionais ou internacionais. Isso porque o Brasil, ao ratificar as
convenções internacionais, as incorporou à normativa legal brasileira, ou seja, estes documentos
passam a valer como instrumentais legais para o Brasil.
REFERENCIAIS TEÓRICOS:
Definindo-se assim a problemática do projeto, apontar-se-á aqui os referenciais teóricos
que nortearão o trabalho. Tais referenciais permeiam principalmente os estudos acerca da infância
e da garantia de direitos nas políticas públicas, conceitos esses entendidos enquanto instituições
sociais, sendo constituídas e agindo sobre os indivíduos.
Acerca do que se considerará como infância, Philippe Ariès (1978), historiador francês,
afirmou que a infância foi uma invenção da modernidade, constituindo-se numa categoria social
construída recentemente na história da humanidade. Para ele, a emergência do sentimento de
infância, como uma consciência da particularidade infantil, é decorrente de um longo processo
histórico, não sendo uma herança natural.
O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição
pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade
infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a
criança do adulto, mesmo jovem. (Ariès, 1981: 156)
Essa sua afirmação trouxe grandes mudanças na compreensão da infância, já que ela era
pensada como uma fase da vida, como qualquer outra, mas que revelada pelas “delícias de ser
criança e de habitar no país da infância”, de um modo idêntico a si mesmo. Os séculos XVI e XVII,
como bem demonstra Áriès, esboçam uma concepção de infância centrada na inocência e na
fragilidade infantil. O século XVIII inaugurou a construção da infância moderna, assumindo o
signo de liberdade, autonomia e independência.
Na verdade, o que Ariès quis dizer com a sua afirmação de que a infância foi uma invenção
da modernidade, é que a infância que conhecemos hoje foi uma criação de um tempo histórico e
de condições socioculturais determinadas, sendo um erro querer analisar todas as infâncias e todas
as crianças com o mesmo referencial. A partir disso, podemos considerar que a infância muda com
o tempo e com os diferentes contextos sociais, econômicos, geográficos, e até mesmo com as
peculiaridades individuais. Portanto, as crianças de hoje não são exatamente iguais às do século
passado, nem serão idênticas às que virão nos próximos séculos. E Morelli define bem esse
pensamento:
O sentimento de infância vai se consolidando paulatinamente
na sociedade ocidental, contando com a atenção dos
pensadores da época. Podemos encontrar muitos exemplos
dessas preocupações através das próprias reações que essas
novas atitudes começavam a gerar. A atenção dos pais diante
das "gracinhas" das crianças e a "paparicação" a elas dirigidas
foram alvo de muitas críticas, principalmente entre os
moralistas e educadores. Seus discursos possuíam como
principal objetivo: orientar todos os adultos para que
evitassem atitudes "promíscuas" com as crianças. Por serem
consideradas um ser humano em formação, as crianças eram
vistas como uma oposição ao ser racional. Eram
"incompletas" e dotadas ainda de atitudes que "deveriam" ser
eliminadas. (Morelli, 1996, p.43).
Para Ariès, o sentimento de infância data do século XIX. Até então, as crianças eram
tratadas como adultos em miniatura ou pequenos adultos. Os cuidados especiais que elas recebiam,
quando os recebiam, eram reservados apenas aos primeiros anos de vida, e aos que eram mais bem
localizados social e financeiramente. A partir dos três ou quatro anos, as crianças já participavam
das mesmas atividades dos adultos, inclusive orgias, enforcamentos públicos, trabalhos forçados
nos campos ou em locais insalubres, além de serem alvos de todos os tipos de atrocidades
praticados pelos adultos, não parecendo existir nenhuma diferenciação maior entre elas e os mais
velhos.
Ariès defende duas teses principais: na primeira, afirma que a sociedade tradicional da
Idade Média não via a criança como ser distinto do adulto. Na segunda, indica a transformação
pela qual a criança e a família passam, ocupando um lugar central na dinâmica social. Com essa
transformação, a família tornou-se o lugar de uma afeição necessária entre os cônjuges e entre pais
e filhos, o que não existia antes. A criança passou de um lugar sem importância a ser o centro da
família.
Mas nem todos defendem plenamente o trabalho de Ariès, apesar da clareza da sua
importância. Heywood (2004), por exemplo, faz uma crítica severa aos estudos de Ariès. Para ele,
o estudioso foi ingênuo no trato com suas fontes históricas, extremamente centrado na Idade
Média, e muito exagerado ao afirmar a inexistência de infância na civilização medieval. Suas teses
correm o risco de serem tomadas de modo simplista, é para o que alerta o historiador, risco que
considero muito possível de ser corrido por leitores menos críticos.
Heywood (2004) mostra, no seu trabalho, que havia uma infância presente na Idade Média,
mesmo que a sociedade não tivesse tempo para a criança. Ao mesmo tempo apresenta a tese de
que a Igreja já se preocupava com a educação de crianças, colocadas ao serviço do monastério. Já
no século XII, assegura o estudioso, é possível encontramos indícios de um investimento social e
psicológico nas crianças. Nos séculos XVI e XVII já existia “uma consciência de que as percepções
de uma criança eram diferentes das dos adultos” (p. 36-7).
Continuando na sua discussão, Heywood ressalta a emergência social da criança já no
século XVIII, fato marcado pelas obras de Locke, Rousseau e dos primeiros românticos. John
Locke difundiu a ideia de tábula rasa para o desenvolvimento infantil, afirmando que a criança
nascia apenas como uma folha em branco, na qual se poderia inscrever o que se quisesse. Assim
afirmando, questionou a ideia de criança como fruto do pecado original, portadora de uma
impureza cristã irremediável. Jean Jacques Rousseau defendeu a ideia de natureza boa, pura e
ingênua da criança, e da necessidade de respeitá-la e deixá-la livre para que a natureza pudesse
agir no seu curso normal, favorecendo o pleno desenvolvimento saudável das crianças. Já as
concepções românticas da infância trataram de apresentar as crianças como portadoras de
sabedoria e sensibilidade estética apurada, necessitando que se criassem condições favoráveis ao
seu pleno desenvolvimento.
Contudo, o que observamos no ocidente, foi que o movimento de particularização da
infância ganha forças a partir do século XVIII. A família sofre grandes transformações e criam-se
novas necessidades sociais nas quais a criança será valorizada enormemente, passando a ocupar
um lugar central na dinâmica familiar. A partir de então, o conceito de infância se evidencia pelo
valor do amor familiar: as crianças passam dos cuidados das amas para o controle dos pais e,
posteriormente, da escola, passando pelo acompanhamento dos diversos especialistas e das
diferentes ciências (Psicologia, Antropologia, Sociologia, Medicina, Fonoaudiologia, Pedagogia,
dentre outras tantas).
No Brasil moderno surgiu um termo que conceitua bem a criança desvalida: menor. Este
termo foi inicialmente utilizado para designar uma faixa etária associada, pelo Código de Menores
de 1927, às crianças pobres, passando a ter, posteriormente, uma conotação valorativa negativa.
Metaforicamente, menores passaram a ser todos aqueles ao quais a sociedade atribuía um
significado social negativo. Menores eram aquelas crianças e adolescentes pobres, pertencentes às
famílias com uma estrutura diferente da convencional (patriarcal, com pai e mãe presentes, com
pais trabalhadores, com uma boa estrutura financeira e emocional, dentre outros). Aquelas crianças
se caracterizaram como “menores” em situação de risco social, passíveis de tornarem-se marginais
e, como marginais, colocarem em risco a si mesmas e à sociedade. Deste modo, tornou-se uma
norma social atender à infância abandonada, pobre e desvalida, mas a partir de um olhar de
superioridade, na tentativa de salvamento ou de “adestramento”.
O “menor” foi entregue à alçada do Estado, que tratou de cuidar dele, institucionalizando-
o, submetendo-o a tratamentos e cuidados massificantes, cruéis, e preconceituosos. Por entender
o “menor” como uma situação de perigo social e individual, o primeiro código de menores, datado
de 1927, acabou por construir uma categoria de crianças menos humanas, menos crianças do que
as outras crianças, quase uma ameaça à sociedade. Com a aprovação do Estatuto da Criança e do
Adolescente, em 1990, o termo "menor" foi abolido, passando a definir todas as crianças como
sujeito de direitos, com necessidades específicas, decorrentes de seu desenvolvimento peculiar, e
que, por conta disso, deveriam receber uma política de atenção integral a seus direitos construídos
social e historicamente.
O menor não era pois o filho “de família" sujeito à autoridade
paterna, ou mesmo o órfão devidamente tutelado e sim a
criança ou o adolescente abandonado tanto material como
moralmente. Partindo dessa definição, através dos jornais, das
revistas jurídicas, dos discursos e das conferências
acadêmicas foi se definindo uma imagem do menor, que se
caracterizava principalmente como criança pobre, totalmente
desprotegida moral e materialmente pelos seus pais, seus
tutores, o Estado e a sociedade”. (LONDONO, 1991, p.132).
A mudança é radical, vai à raiz: o menor deixa de ser visto como menor e retoma seu lugar
de criança. O menor passa a ser visto como cidadão de direitos e não como u expectador das
tentativas de sabê-lo vítima ou responsável pelos descalabros sociais. A criança volta a ocupar o
seu lugar de um ser humano, de um sujeito construído historicamente, com direitos e deveres que
devem ser exercidos hoje, com uma vida concreta que pode ser muito dura e distante do sonho
dourado da infância mítica de classe média. Contudo, uma criança.
OBJETIVOS GERAIS:
Em linhas gerais, o que se almeja nessa proposta é a constituição de um histórico das
políticas públicas voltadas à criança e ao adolescente em um período que compreende dez anos no
município de Maringá.
A partir da construção deste histórico, analisando e resinificando valores, ideias, símbolos,
comportamentos, imagens, medidas e leis, ambiciona-se a conformação de um panorama das
composições políticas que nosso objeto e quadro temporal de análise possibilitaram.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Neste ponto, mais precisamente, as transformações políticas e sociais geradas na sociedade
local a partir das medidas adotadas com base no sistema de garantia de direitos são de maior
interesse. Nos é interessante avaliar até que ponto estas decisões legais influenciaram a infância e
juventude de maneira satisfatória ou não.
Do mesmo modo, pretendemos julgar sua relação com as ideias centrais que permeiam a
garantia de direito no Brasil, em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente –
ECA.
METODOLOGIA E FONTES:
O recorte centrado para este trabalho retrata práticas que pressupõem agentes nos quais as
experiências das feições se constituem. Nesse sentido, Michel Foucault nos apresenta ideias
fundamentais para o trabalho.
O autor francês pressupõe a partir de sua genealogia o foco na corporeidade enquanto
palco de atuação de um sem-número complexo de lutas, confrontos e embates entre saberes, diante
do processo da produção do poder. O corpo assim expõe o cotidiano, as paixões, as impressões e
contingências impostas por disciplinas e diversos mecanismos de controle.
A pesquisa, assim como se pretende lançar no campo empírico (a fim de aferir suas
hipóteses), impulsiona-se a partir de algumas práticas discursivas (ou formações discursivas):
primeiro, desdobra-se a partir dos estudos foucaultianos tal como sugerem alguns pesquisadores
da educação (Veiga-Netto, Ratto, Bujes, Larrosa, Kohan); segundo, no tocante ou em referência à
noção de experiência: porque ao longo da pesquisa o termo aborda conexões com as
normatividades, com a subjetivação e com as regras do sistema político e educacional;
terceiro, no que tange às inserções sobre a infância, ou melhor, do poder com as infâncias,
infância na escola, infância na educação, logo, infância institucionalizada.
Aqui neste marco inserem-se as discussões da sociologia da infância. Entendemos que ela
contrasta toda discussão teórica vigente, em específico, traz em relevo o aporte avançado dessa
clivagem epistemológica e histórica da infância, ou seja, faz isto à proporção em que tenta
visibilizar a infância como construção sócio-histórica e cultural pela via da epístême.
Acompanhamos também Michel de Cereal na obra A invenção do cotidiano (v.1. Artes de
fazer) ao dizer que estratégia é uma trajetória bem traçada, calculada, que reduz em seu desenho o
espaço e o tempo, compondo assim uma base de ações que se exteriorizam por alvos e ameaças
para com o outro (CERTEAU, 1994).
Porém, como em muito se articulará essa proposta, a questão da transformação política é
central. Alinhados com as tendências postuladas desde pelo menos a Escola dos Annales, tendo
expressões em suas gerações de abertura na utilização das fontes, com o trabalho envolto por isso
como pode ser visto em Marc Bloch, Fernand Braudel e Jacques Le Goff, por exemplo.
Desse modo, documentos coletadas em bibliotecas ou arquivos, como nos do Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), os da Prefeitura Municipal de
Maringá e a Biblioteca Municipal, fornecerão aparato para a discussão.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA PERTINENTE AO OBJETO DE ESTUDO PROPOSTO:
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São Paulo: Contexto, 2000. p. 289-316.
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BLOCH, Marc. Apologia da história ou O ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
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BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília: CBIA, 1990.
BRAUDEL, Fernand. Civilização material e capitalismo, séculos XV-XVIII. Tradução Maria
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São Paulo: UNESP, 1991.
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DOSSE, François. A história em migalhas: dos Annales à nova história. São Paulo/Campinas:
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FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal,
1988.
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HEYWOOD, Colin. Uma História da infância. Porto Alegre: Artmed, 2004
HOBSBAWM, E. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras, 1994.
LE GOFF, Jacques. Documento /Monumento História e Memória. 4. ed. Campinas: Unicamp,
1996.
LONDONO, F. T. A Origem do Conceito Menor. PRIORE, M. (Org.). História das crianças
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MORELLI, A. J. A criança, o menor e a lei: Uma discussão em torno do atendimento
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MOURA, E. Crianças operárias na recém-industrializada. São Paulo. In: PRIORE, M.
(Org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2000. p. 259-286
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SOIHET, R. História das Mulheres. In: CARDOSO, C. & VAINFAS, R. (Orgs.) Domínios da
História: ensaios de metodologia. Rio de Janeiro, Campus, 1997.
JUSTIFICATIVA DA OPÇÃO PELA LINHA DE PESQUISA:
A linha de História Política se caracteriza pela busca de revitalização da história política,
propondo sua aproximação com metodologias diferenciadas, sem, contudo, perder de vista a
especificidade de seu objeto. Nesse sentido foi por nós escolhida pois busca compreender o
desenvolvimento histórico dessas políticas sociais, tendo como enfoque principal as concepções
que embasaram as políticas voltadas para a educação dos trabalhadores e a saúde da população.
Considera os conceitos de Estado e sociedade civil e as dinâmicas entre eles, bem como as
tendências globais da economia e da divisão internacional do trabalho e do conhecimento. Entende
que a compreensão dos movimentos reivindicatórios e a formação de grupos de interesses impõem
a análise do processo político global e, portanto, do Estado e das formas de organização do poder
decisório na sociedade, em comparação com formas institucionalizadas de representação de
interesses.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES:
2015
Atividades/Período J
Jan.
F
Fev.
M
Mar.
A
Abr.
M
Maio
J
Jun.
J
Jul.
A
Ago.
S
Set.
O
Out.
N
Nov.
D
Dez.
Leitura e discussão da
bibliografia referente ao
tema da pesquisa pré-
definida e levantamento
bibliográfico pertinente
ao tema.
Análise e Interpretação
das Fontes Documentais
Frequência nas
disciplinas e
Sistematização de Dados
e das Notas de Leitura
Atividades/Período J
Jan.
F
Fev.
M
Mar.
A
Abr.
M
Maio
J
Jun.
J
Jul.
A
Ago.
S
Set.
O
Out.
N
Nov.
D
Dez.
Leitura e discussão da
bibliografia referente ao
tema da pesquisa pré-
definida e levantamento
bibliográfico pertinente
ao tema.
Análise e Interpretação
das Fontes Documentais
Sistematização de Dados
e das Notas de Leitura
Qualificação do
Mestrado
Elaboração da
Dissertação