garantismo penal

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Faculdade Dom Pedro II Prof. Dr. Urbano Félix Pugliese E-mail: urbanofelixpugliese@gmail. com Garantismo penal

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Page 1: Garantismo penal

Faculdade Dom Pedro II

Prof. Dr. Urbano Félix PuglieseE-mail:

[email protected]

Garantismo penal

Page 2: Garantismo penal

Ciências criminais (segundo Franz Von Lizst):

1) Dogmática penal (comandos normativos);2) Política criminal (diretrizes); e3) Criminologia (origens).

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Política criminal:

1) Expansionismo penal;2) Minimalismo penal; e3) Abolicionismo penal.

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Minimalismo penal:

Garantismo penal

Direito e razão (obra principal)

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Luigi Ferrajoli (06/08/1940): Filósofo italiano (Florença); Professor de Filosofia do Direito e Teoria Geral do

Direito; Juiz de Direito (1967-1975); e Sistematizador do “Garantismo” e do “Garantismo

penal”.

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Luigi Ferrajoli (06/08/1940): Geração “Baby Boom” ou boomer’s – 40/50 - (os bebês

começaram a vingar por conta dos avanços médicos); Geração de 1960 a 1970 – Coca cola; 1970-1980 – Geração “X”; 1980-1990 – Geração “Y”; 1990-2000 – Geração “Z”; e a partir de 2000 – “Milenais”.

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Século XX (marcos de Direitos Humanos): Primeira guerra: 1.914-1.918; Segunda guerra: 1.939-1.945; Atrocidades geram inúmeros reflexos mundiais; 1.919: Tratado de Versailles criou a Organização

Internacional do Trabalho; Carta de São Francisco (1.945) cria a

Organizações das Nações Unidas (ONU); e 1.948, em Paris, Resolução da Assembléia

Geral da ONU.

Page 8: Garantismo penal

Dignidade da pessoa humana: Dignidade vem do latim dignus/dignitate: Mérito,

que possui honra, importância; Qualidade intrínseca e distintiva de cada ser

humano; Conceito polissêmico e aberto (proibição de

tratamento ofensivo ou degradante [negativo] e defesa de condições materiais mínimas de existência [positivo]);

Para São Tomás de Aquino: O intelecto e a semelhança com Deus geram a dignidade; e

Para Kant: Coisas têm preço e pessoas têm dignidade.

Page 9: Garantismo penal

Dignidade da pessoa humana:

Page 10: Garantismo penal

Dignidade da pessoa humana:

Page 11: Garantismo penal

Características dos DH: Não podem retroagir/Effet cliquet/effet de

cliquet/efeito catraca/efeito presilha: Conquistas não podem ser mitigadas ou exterminadas (há uma proibição do regresso ao status quo ante); e

Efeito de memória usado metaforicamente em DH.

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Direitos dos seres humanos x Estado/outras pessoas/instituições: 1) Direito de defesa: Defende o indivíduo do

Estado (relação vertical) ou de outro indivíduo (relação horizonta); respeito à privacidade, intimidade e segredo ;

2) Direitos à prestações: O indivíduo tem direito a que o Estado se movimente na realização dos valores sociais (obrigação estatal pela Educação universal); e

3) Direitos a procedimentos e instituições: O indivíduo tem direito a estruturação estatal para defender os DH’s.

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Universalismo vs relativismo cultural: Mulheres girafa, pés das chinesas, mutilação

genital feminina; e Somos todos diferentes. 130 milhões de

mulheres mutiladas/ 29

países

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Direito das mulheres:

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Universalismo vs relativismo cultural: Há equivalentes homeomórficos (Raimon

Panikkar) no “ocidente avançado”?

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Será que somos livres para sentir, pensar e agir: Habitus: Uma estrutura social é

imposta/assimilada pelas pessoas por meio de disposições para sentir, pensar e agir naturalizadas/incorporadas ao inconsciente;

Acredita-se na naturalidade das imposições estruturais;

O belo, o bom, o útil, a cultura, o nativo de determinada cultura; e

Podemos ter habitus vulnerabilizadores?

Page 17: Garantismo penal

Pierre Bourdieu: O coletivo influencia a vida/viver individual;

Os indivíduos podem romper com o quanto determinado pelo habitus; e

Currículo oculto; normas invisíveis; silêncios eloquentes; tradições inventadas (Eric Hobsbawn).

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Obra: “Direito e razão: Teoria do garantismo penal” (1989): Obra sistematizadora do termo “garantismo penal”; Antes já havia escritos sobre o garantismo (como

vertente de constitucionalismo e Estado democrático de Direito); e

Prega o respeito às normas estatais.

Page 19: Garantismo penal

Conceito de Garantismo Penal: Para Luigi Ferrajoli: “Garantismo é sinônimo de

Estado Constitucional de Direito”; Busca da racionalidade; Foco na civilidade; e Equilíbrio social.

Page 20: Garantismo penal

Fundamentos do garantismo: Dignidade da pessoa humana: Os seres

humanos devem ser respeitados por serem humanos (não importa o corpo/mente/moral);

Autonomia da pessoa humana: Cada ser humano deve ser capaz de decidir a respeito da própria vida (não deve haver manipulação da vida/viver dos seres humanos); e

Inviolabilidade dos seres humanos: Outras pessoas não devem se beneficiar “demais” (fora do comum) das vidas dos outros seres humanas.

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Três vertentes de Garantismo:

1) Modelo normativo; 2) Teoria do Direito; e 3) Filosofia política.

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Divisão do livro: 1) Epistemologia: A razão do Direito Penal; 2) Axiologia: A razão do Direito Penal; 3) Teoria: As razões do Direito Penal; 4) Fenomenologia: A ineficácia das garantias do

Direito Penal italiano; e 5) Para uma teoria geral do garantismo.

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1) Epistemologia:

Busca da verdade através do Direito Penal; 10 (dez) axiomas do garantismo; Graus de garantismo; e Utilização equívoca dos métodos/interpretações

(indução e dedução)

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Axiomas do garantismo:1) Nulla poena sine crimine (Não há pena sem crime);2) Nullum crimen sine lege (Não há crime sem lei)3) Nulla lex (poenalis) sine necessitate (Não há lei penal sem necessidade);4) Nulla necessitas sine injuria (Não há necessidade sem ofensa a bem jurídico);5) Nulla injuria sine actione (Não há ofensa ao bem jurídico sem ação);

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Axiomas do garantismo:6) Nulla actio sine culpa (Não há ação sem culpa);7) Nulla culpa sine judicio (Não há culpa sem processo);8) Nulla judicium sine accustone (Não há processo sem acusação);9) Nulla accusatio sine probatione (Não há acusação sem prova); e10) Nulla probatio sine defensione (Não há prova sem defesa).

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Graus de garantismo:

1) Estado mínimo em punição (aplicação de todos os axiomas);

2) Estado médio em punição (aplicação de alguns axiomas); e

3) Estado máximo em punição (Estado dos quebra culhões/máxima punitividade do cidadão através do Direito Penal – não aplicação dos axiomas garantistas)

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Métodos equívocos:1) Indução: Quando não há todos os dados nas

premissas capazes de resultar, logicamente, na conclusão;

2) Dedução: Quando há todos os dados nas premissas capazes de resultar, logicamente, na conclusão;

João Pedro morreu; João Pedro é humano = Todo humano morre (indutivo); e

Todo humano morre; João Pedro é humano = João Pedro morrerá (dedutivo)

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2) Axiologia:

1) Custos do Direito Penal; 2) Moral x Direito; e 3) Por que punir, proibir alguma

conduta ou julgar alguém.

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Custo do Direito Penal: Cifras ocultas; Cifras de ineficiência; Cifras de injustiças; Comportamentos importantes (estruturantes) que não são punidos; e Princípio da intervenção mínima x princípio da máxima eficiência

protetiva.

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Moral x Direito: As regras morais devem ser as mesmas para todos

os conviventes? A religião deve pautar as ordenações gerais; e As diferenças de crenças/culturas/vidas devem

fazer parte da preocupação jurídica em que sentido?

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Moral x Direito:PROJETO DE LEI N. DE 2009. (Dos Senhores Paes de Lira e Capitão Assumção) Altera o art. 1.521 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil.O Congresso Nacional Decreta: Art. 1º Esta lei altera a redação do art.. 1.521 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, do Código Civil. Art. 2º O art. 1.521 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Código Civil, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 1.521 [...] Parágrafo único. Nos termos constitucionais, nenhum a relação entre pessoas do mesmo sexo pode equiparar-se ao casamento ou a entidade familiar.” (NR) Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

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Fundamentação do projeto:“Somente a morte deveria cortar este laço (Romanos 7:1-3). Deus aprovou as relações sexuais dentro do casamento, mas relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são absolutamente proibidas por Deus (Romanos 1:24-27; 1 Coríntios 6:9-11). Deus não criou Adão e um outro Adão. Ele fez uma mulher, Eva, como parceira apropriada para Adão. Os evolucionistas, os cínicos e os materialistas poderão sempre argumentar que o texto bíblico é meramente simbólico, uma alegoria sobre a origem da espécie humana. Mesmo assim, a simbologia é clara: a espécie teve origem, e só pode continuar, na ligação entre um homem e uma mulher.”

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Por que punir, proibir alguma conduta e julgar alguém: Como escolhemos as condutas que serão punidas? Por que punimos algumas condutas com penas maiores

e outras menores? Os crimes-penas-ânsia punitiva tem a ver com a busca

da civilidade das relações sociais?

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Crimes curiosos pelo mundo: Os crimes são os mesmos em todos os países? Denver – EUA – É ilegal emprestar o

aspirador de pó aos vizinhos; México - É proibido queimar bonecas em

qualquer região do país; e Kentucky – EUA - Todo o cidadão é obrigado,

por lei, a tomar pelo menos um banho por ano, para permanecer em liberdade no território.

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Crimes curiosos pelo mundo: Cingapura - De acordo com a lei, é proibida a

venda de chicletes. A medida foi imposta em 1992, devido ao descarte inadequado das gomas de mascar. A partir de 2004, o governo abriu uma exceção e chicletes de nicotina e aqueles para fins dentários passaram a ser liberados. No entanto, eles só são vendidos em farmácias e sob prescrição médica.

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Crime famoso:Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico.

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Vejam isso:Homicídio Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de

seis a vinte anos. Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos.

Disparo de arma de fogo Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.

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Ainda: Lei n. 7.643/87: Art. 1º. Fica proibida a pesca, ou

qualquer forma de molestamento intencional, de toda espécie de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras; e

Quebra de princípios cruciais para a dogmática penal (taxatividade/clareza).

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3) Teoria:

1) Legalidade e intervenção mínima; 2) Atores do Direito Penal; e 3) Quem deve provar a conduta

infracional.

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Atores importantes:

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O estado de inocência: “Cristiano Farias e Nelson Rosenvald (2010, p. 283), no livro Direito

Civil: teoria geral afirmam: ―Estado civil é a qualificação jurídica da pessoa, resultante das diferentes posições que ocupa na sociedade, hábeis a produzir diferentes consequências.‖ Mais adiante, os mesmo autores (p. 284), na mesma obra, dividem o status individual em três instâncias: a) Individual; b) Familiar; e c) Político.”;

A pessoa é inocente (não é presumida inocente); e A prova do ato infracional precisa ser provada (certeza) por quem acusa.

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4) Fenomenologia: 1) A sociedade brasileira diante do Direito Penal (função social); Expectativas de controle social; Busca de melhoras do Estado do bem estar social (saúde,

educação, moradia, segurança); e Sensações que podem ser criadas pela mídia e outras instituições

(formação de realidade).

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5) Teoria geral do garantismo:

1) Busca da igualdade; 2) Desobediência e resistência; e3) Estados criminosos.

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Igualdade:

Formal x material; Identitária; Vulnerabilidades; e a busca pela igualdade como um processo racional e

civilizatório da humanidade.

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Desobedecer x resistir: Hierarquias formadas; e Como devemos fazer para não introjetar os comandos

incivilizados?

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Dados de 2014:

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Estados criminosos: Desequilíbrios estatais

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