gazeta da costa - edição nº 5

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Maio de 2012 • Edição nº5 Canoas caiçaras Reforma do PS de Boiçucanga Rodoviária em obras Pág. 7 Pág. 5 Pág. 16 Prefeitura inicia reconstrução do terminal rodoviário. Obra vai custar mais de R$ 5 mil- hões e previsão de entrega é para dezembro. Pontos de embarque sofrem alterações. Um mês depois de entregue, obra já apre- senta problemas e precisa ser refeita. Vaza- mentos, bloquetes afundando e banheiros inadequados são alguns deles. Reportagem especial sobre a cultura das canoas, antes usada como o único meio de transporte. Caiçara antigo relembra o dia em que viajou até Santos a bordo de uma canoa. Quadras abandonadas A Gazeta da Costa visitou quadras esportivas de quatro bairros da Costa Sul e constatou diversos problemas. Ponte Sahy-Baleia Moradores cobram nova ponte de concreto para liberar tráfego de ônibus e ter mais segurança. Concurso suspenso Justiça decide manter suspensão do concurso oúblico da Prefeitura de São Sebastião. Quadra esportiva de Juquehy em estado precário Vereadora reclama das dificuldades que enfrentou durante sua passagem pela Secretaria das Administrações Regionais Págs. 8 e 9 Pág. 3 Pág. 6 Pág.4 Fotos: Helton Romano Solange desabafa: “Querem me derrubar” Depois de passar seis meses no comando das Regionais, a vereadora Solange Ramos voltou à Câmara e diz ter sido boicotada na Prefeitura. Ela mirou suas críticas no assessor da Secretaria de Obras, Luiz Laurentino, mais conhecido como Sombra, a quem avisou: “Não se meta comigo”. Dentre as acusa- ções, Solange falou até em desvio de rio. Sombra não quis usar a tri- buna para responder às acusa- ções, mas cutucou Solange no Facebook ao lembrar do envolvimento da vereadora num esquema de pagamento de propina. “Para ter as coi- sas graças a mensalinho, eu prefiro não ter”, publicou.

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Jornal da Costa Sul de São Sebastião.

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Page 1: Gazeta da Costa - edição nº 5

Maio de 2012 • Edição nº5

Canoascaiçaras

Reforma do PS de Boiçucanga

Rodoviáriaem obras

Pág. 7 Pág. 5 Pág. 16

Prefeitura inicia reconstrução do terminal rodoviário. Obra vai custar mais de R$ 5 mil-hões e previsão de entrega é para dezembro. Pontos de embarque sofrem alterações.

Um mês depois de entregue, obra já apre-senta problemas e precisa ser refeita. Vaza-mentos, bloquetes afundando e banheiros inadequados são alguns deles.

Reportagem especial sobre a cultura das canoas, antes usada como o único meio de transporte. Caiçara antigo relembra o dia em que viajou até Santos a bordo de uma canoa.

Quadras abandonadasA Gazeta da Costa visitou quadras esportivas de quatro bairros da Costa Sul e constatou diversos problemas.

Ponte Sahy-BaleiaMoradores cobram nova ponte de concreto para liberar tráfego de ônibus e ter mais segurança.

Concurso suspensoJustiça decide manter suspensão do concurso oúblico da Prefeitura de São Sebastião.Quadra esportiva de Juquehy em estado precário

Vereadora reclama das dificuldades que enfrentou durante suapassagem pela Secretaria das Administrações Regionais

Págs. 8 e 9

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Pág. 6

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Solange desabafa:“Querem me derrubar”

Depois de passar seis meses no comando das Regionais, a vereadora Solange Ramos voltou à Câmara e diz ter sido boicotada na Prefeitura.

Ela mirou suas críticas no assessor da Secretaria de Obras, Luiz Laurentino, mais conhecido como Sombra, a quem avisou: “Não se meta comigo”. Dentre as acusa-ções, Solange falou até em desvio de rio.

Sombra não quis usar a tri-buna para responder às acusa-ções, mas cutucou Solange no Facebook ao lembrar do envolvimento da vereadora num esquema de pagamento de propina. “Para ter as coi-sas graças a mensalinho, eu prefiro não ter”, publicou.

Page 2: Gazeta da Costa - edição nº 5

A maioria das pessoas talvez não tenha ideia da difi culdade em manter um jornal periódico (mensal, no caso da Gazeta da Costa). Ainda mais quando o trabalho de produção de ma-térias, fotos, edição, diagramação e venda de anúncios fi cam a cargo de uma única pessoa.

O jornal mal consegue se pagar. Seria mais fácil se eu aceitasse as ofertas de “parcerias” com pré-candidatos, fazendo propaganda ca-mufl ada e lucrando com isto. Ou quem sabe conseguir alguma verba da Prefeitura, publi-cando aquilo que lhes convém, como costumam fazer outros tablóides da cidade.

Mas não vendemos a alma ao diabo. A Gazeta da Costa nasceu para ser um jornal independente, sem rabo preso com ninguém, ainda que isso possa parecer uma utopia. Não lancei o jornal para ganhar dinheiro, ten-ho outra fonte de renda. Faço porque gosto e acredito que a Costa Sul era carente de um veículo de comunicação.

Pude notar esta necessidade nas diversas manifestações que recebi de leitores entusias-mados com o perfi l do jornal. Pessoas que se

Um leão a cada ediçãosentiram mais informadas após a leitura de a Gazeta da Costa; ou que se emocionaram com as fotos publicadas na seção Memória Caiçara. São esses incentivos espontâneos que nos fa-zem seguir em frente.

Nas cinco edições, cumprimos a função de ser o porta-voz da comunidade. Algumas das reivindicações publicadas pela Gazeta da Cos-ta foram atendidas: shows na Costa Sul; con-serto de deques; colocação de tubos em vala do Areião; melhorias na Vila Barreira; funcio-namento da sala de informática na escola do Sertão de Cambury; e aprovação do Conselho Tutelar na Costa Sul.

Até quando a Gazeta da Costa vai existir? Difícil dizer. É preciso que o comércio local abrace o jornal não apenas visando divulgar sua marca para aproximadamente 9 mil pes-soas (alcance do jornal), mas principalmente para manter um veículo que tem um papel so-cial e valoriza a região.

Memória Caiçara

Agenda

Datas Comemorativas

Mutirão no rio

10 - Dia do Cozinheiro

12 - Dia da Enfermagem

13 - Dia da Abolição da Escravatura

15 - Dia do Assistente Social

27 - Dia Nacional da Mata Atlântica

31 - Dia Mundial sem Tabaco

14 - Início da campanha de vacinação antirrábi-ca (veja a lista dos dias e locais na página 13)

19 - Mutirão para limpeza do Rio Cambury (pon-te entre Cambury e Camburizinho, 10 horas)

31 - Término da inscrição para a 6ª Copa Cos-ta Sul de Futsal (Regional Boiçucanga)

Maio

Gazeta da Costa2

Helton Romanojornalista e editor responsável da

Gazeta da Costa

O Jornal Gazeta da Costa é uma publicação mensal de distribuição gratuita e abrangência em toda a Costa Sul de São Sebastião.

No dia 19 de maio (se não chover), com o apoio da Sociedade Comunitária de Cambury (Sacy), faremos um mutirão para limpeza de um trecho do Rio Cambury.

Mutirão é a união de uma comunidade para resolver alguma questão comum a todos. E nós, moradores, comerciantes e freqüentado-res de Cambury, estamos nos unindo para sal-var o Rio Cambury que, além de prejudicado com tanto lixo e despejo de esgoto sem trata-mento, polui também as nossas praias que são a fonte do turismo local e do nosso lazer.

A última análise da água do rio foi feita em 2008 e já demonstrava alterações signifi ca-tivas na qualidade. Imaginem nossas praias impróprias para banho? Nós dependemos da Natureza e por isso precisamos preservá-la!

Participe! Traga sua família e amigos! A co-leta será feita na ponte entre Cambury e Cam-burizinho, a partir das 10 horas. Recomendo levar luvas e galocha.

A população deve colaborar não deposi-tando lixo nas margens, nem jogando lixo nos cursos d’água, pois atrai moscas, ratos e out-ros transmissores de doenças. Sempre que for possível, recolha o lixo que você vêr nas águas e nas margens.

Este é o espaço para você publicar sua opinião, crítica ou sugestão. Envie sua mensagem para a próxima edição: [email protected]

para manter um veículo que tem um papel so-

Helton Romano

Jornalista responsável: Helton Romano - MTB 48.099Contato publicitário: 8200-0217

E-mail: [email protected]

Facebook: /jornalgazetadacostaCNPJ: 14.460.181/0001-43

Tiragem: 3 mil exemplares

Homenagem póstuma ao pescador de Boiçucanga, Clóvis Teixeira de Oliveira, falecido no último dia 12 de abril, aos 60 anos de idade, deixando saudades a todos que o conheciam.

Suely Cárceles - Cambury

Page 3: Gazeta da Costa - edição nº 5

Gazeta da Costa 3

Fotos: Helton Romano

Diariamente, centenas de pessoas transi-tam pela ponte sobre o Rio Sahy. Em geral, são trabalhadores das mansões e condomínios situados na Baleia, além de alunos da escola de Barra do Sahy. Aos fins de semana, o movi-mento é ainda mais intenso com a chegada dos veranistas.

Todo esse fluxo de pedestres, ciclistas e motoristas é suportado (?) por uma ponte de madeira, com 24 metros de comprimento. Ao longo dos anos, a estrutura sofreu diversos reparos na tentativa de minimizar os riscos. Mas pouco adiantou. Relatos de acidentes no local são muito comuns.

“Está horrível. Minha irmã já caiu e machu-cou o joelho”, conta a doméstica Neusa Araú-jo, de 51 anos. “Teve um rapaz que se dese-quilibrou da moto quando o pneu passou pelo buraco”, reforça a doméstica Ducinéia Febo,

Ponte perigosaUsuários da ponte que liga Barra do Sahy à Baleia querem estrutura de concreto

Tábua solta na passarela construída ao lado da ponte

de 50 anos. A reportagem da Gazeta da Costa quase presenciou um destes acidentes quan-do uma senhora que caminhava pela ponte tropeçou numa viga desnivelada.

Paralela à ponte, foi construída uma estreita passarela para pedestres, mas ninguém se arrisca a utilizá-la, pois seu estado é ainda mais precário. Parte do corrimão está quebrado e qualquer de-sequilíbrio pode ser fatal. Tábuas soltas e pregos expostos completam o cenário assustador.

No final de 2009, a ponte chegou a ficar in-terditada durante 45 dias para que a estrutura fosse recuperada. Desde então, o tráfego de caminhões e ônibus está impedido, o que aca-bou gerando um novo transtorno para quem mora na Baleia. Isto porque, pais de alunos que estudam em Barra do Sahy não contam mais com transporte escolar. “Além da distân-cia que a gente é obrigada a andar com as cri-anças, ainda tem o problema da chuva”, diz a caseira Lucicleide Soares, de 30 anos.

Reclamação semelhante tem a doméstica Geni Bernado dos Santos, de 56 anos. Para chegar à casa onde trabalha em Juquehy, ela precisa caminhar até o ponto de ônibus da rodovia. “Saí de casa com chuva e o vento aca-bou quebrando o guarda-chuva. Cheguei ao serviço toda molhada”, recorda Geni.

Quem entrega mercadorias na Baleia tam-bém enfrenta dificuldades. “Para as entregas na Baleia, tenho que dar a volta pela rodovia e passar por Cambury. Se pudesse utilizar a ponte seria bem mais simples”, declara o mo-torista Adalton de Lemos.

Cobranças e promessas

A construção de uma nova ponte de con-creto, mais resistente, é apontada como a solução para os problemas. No ano passado um abaixo-assinado circulou entre moradores pedindo providências ao prefeito.

A Sociedade Amigos da Baleia (Sabaleia) teria, inclusive, entrado com uma representa-ção junto ao Ministério Público para reforçar a cobrança. A Gazeta da Costa tentou, insistente-mente, contato com o presidente Marcos Pen-teado, mas não obteve retorno.

Em julho de 2010, em resposta a um requeri-mento do vereador Marcos Jorge, o prefeito in-formou que já haviam sido realizados estudos para a construção de uma nova ponte, prevista para o primeiro trimestre de 2011.

Como isto não ocorreu, o prefeito voltou a ser cobrado em um novo requerimento, desta vez do vereador PH. O prefeito respondeu, em março deste ano, que haviam dois projetos sendo estudados e que estava buscando parce-rias para dividir os custos.

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Gazeta da Costa4

Vereadora Solange volta à Câmara e diz que foi boicotada na Prefeitura

Polêmica e sem papas na língua, a verea-dora Solange Ramos está de volta à Câmara depois de passar seis meses no comando da Secretaria das Administrações Regionais. Ao reassumir sua cadeira na sessão do dia 10 de abril, a vereadora fez questão de usar a tribuna para reclamar das dificuldades que enfrentou na Prefeitura.

Segundo Solange, “precisa de mais gente apta” para execução dos serviços. Ela diz que só começou a receber material depois de con-versar com o vereador Ernaninho, filho do pre-feito. “Querem me derrubar na minha praia”, acredita Solange.

Ela disparou contra o assessor da Secre-

Inimigo contra-ataca e lembra “mensalinho”

“Não se meta comigo”

Solange desabafa na tribuna

Em razão de ter sido citado pela vereadora, Sombra poderia requisitar o uso da tribuna para rebater as acusações, mas preferiu se man-ifestar apenas na internet. “Isso não vai ficar as-sim. Tenho a consciência tranquila que não co-meti nenhum tipo de delito e sempre lutei para o melhor da comunidade, sem me preocupar se vou ajudar fulano ou beltrano nas eleições para vereador. Sei bem o que faço e não me ar-rependo de nada que fiz”, publicou Sombra, no

Facebook – site de relacionamentos.Ele ainda cutucou Solange ao lembrar o es-

quema de pagamento de propina, denunciado em 2006, e que ficou conhecido como “men-salinho”. “O engraçado é ver uma pessoa condenada pelo mensalinho criticando eu por não ter casa própria. Para ter as coisas graças a mensalinhos, eu prefiro não ter”, comentou.

A mensagem provocou um bate-boca virtu-al com um assessor de Solange, que tomou as dores da vereadora (veja ao lado). Na página de Sombra no Facebook, um outro funcionário co-missionado, que atua na Regional Boiçucanga, aproveitou a ocasião para criticar o “colega”.

“A casa caiu, Sombra . Faz tempo que tento mostrar as barbaridades praticadas por pes-soas em cargos de confiança que só prejudi-cam a administração do prefeito Ernane”, apontou José Benes Filho, também conhecido como Pepisco.

Curiosamente, há dois anos, Sombra foi homenageado na Câ-mara pelo vereador Artur Balut. O as-sessor recebeu uma

Moção de Aplausos e Reconhecimento e po-sou para fotos ao lado de Solange.

Antes de Sombra, o chefe da Regional Ma-resias, Marcelo Moreira, já havia entrado em choque com a vereadora, conforme reportagem publicada na edição de março da Gazeta da Cos-ta. Solange acusava Marcelo de “mentir” sobre a execução de serviços de manutenção de ruas.

Helton Romano

taria de Obras, Luiz Laurentino, conhecido como Sombra, que assistia à sessão da plateia. A vereadora o acusou de “fazer picuinhas” e desviar o curso de um rio em Maresias. “Não se meta comigo”, avisou Solange. “Eu mal saí da secretaria e mandaram desinfetar meu gabinete como se eu estivesse doente”, queixou-se.

Ao seu estilo, a vereadora não parou por aí: “Quando ele tomar um pé na bunda só tem o carro para morar”. Usando expressões como “é melhor ser corno do que vereador ou cargo de confiança”, Solange afirma não temer caso não seja reeleita. “Volto a ser o que era: cam-bista de jogo do bicho. Não pode mais? Então vou vender bilhetinho”, declarou.

Em seguida, o vereador Ernaninho também foi à tribuna e alertou: “Nós estamos de olho em quem está trabalhando para si próprio. Ninguém é salvador da pátria”.

Sombra respondeu a Solange na internet ebateu boca com assessor da vereadora

Marcelo e Sombra: os dois últimos alvos de Solange

Facebook

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Gazeta da Costa 5

A reforma da reformaUm mês depois de concluída a reforma

do pronto-socorro de Boiçucanga, alguns problemas estruturais já começaram a surgir. Parte dos bloquetes colocados em frente ao pré-dio estava afundando. Na nova sala de espera, o piso não recebeu o devido acabamento e também precisou ser refeito.

Mas de acordo com o Conselho Mu-nicipal de Saúde (Co-mus), os problemas não param por aí.

Obra recém-entregue no PS de Boiçucanga já apresenta problemas e precisa ser refeita

Fiações expostas, telhas mal colocadas, alaga-mento, vazamento em ares-condicionados, necrotério sem ralo e banheiro para defici-ente inadequado são os principais problemas apontados no relatório do Comus. Segundo a vice-presidente Ana Soares, a Prefeitura não respondeu aos questionamentos. O órgão de-cidiu, então, encaminhar o documento para o Ministério Público.

A Gazeta da Costa verificou ainda que a sala de triagem não está sendo utilizada por não ter as condições ideais de ventilação. O espaço foi projetado sem janela.

A obra custou cerca de R$ 292 mil e foi executada em parceria com o Governo do Estado. Prevista, inicialmente, para ser con-cluída em dezembro, acabou se estendendo até o final de março. Apesar do atraso, a Prefeitura divulgou que a reforma durou “aproximadamente quatro meses”, con-forme o prazo estipulado.

O prefeito Ernane Primazzi, acompanha-do de secretários e vereadores, participou da cerimônia de entrega, realizada no dia 26 de março. Enquanto discursava, funcionários de uma empresa de paisagismo corriam para fi-nalizar a jardinagem da área externa. Bloquetes estavam afundando em frente ao PS

Banheiro interditado no PS de Boiçucanga (ao lado); piso sendo refeito na nova sala de espera (abaixo)

Bagunçou geralUsuários do posto de saúde do Cascalho

foram surpreendidos na manhã do dia 2 de maio com a notícia de que estava suspensa a coleta de exames. A sala onde acontece o atendimento es-tava completamente bagunçada, com resíduos de

tinta espalha-dos por todo lado.

P intores haviam tra-balhado nos dias anteri-ores, quando a unidade esteve fecha-da por conta do feriado prolongado. C o n f o r m e relatou um dos usuári-os, mesas,

materiais de coleta, documentos e pastas foram empilhados de qualquer jeito e cobe-rtos com papel toalha que serve para forrar as macas.

“Fizeram uma verdadeira porquice no local e deixaram tudo largado”, contou o usuário, que preferiu não se identificar. “Ainda teve o constrangimento da equipe de enfermagem que teve que se desdobrar para começar um mutirão de limpeza e organização no local, sem contar a possível contaminação dos equi-pamentos e materiais usados para a rotina dos exames”, completa.

Todas as coletas foram remarcadas para o dia seguinte, obrigando os usuários a se sub-meterem a um novo jejum de 12 horas. “Achei uma pouca vergonha porque a gente fica sem comer esse tempo todo, acorda cedo e chega aqui não consegue fazer o exame”, reclamou o segurança Jeise de Souza, 32 anos.

A diarista Sônia Regina Vitória, 47 anos, não se conformava em ter caminhado à toa por

quase toda a extensão da Estrada do Cascalho, debaixo de chuva. Com o adiamento, ela teve que chegar atrasada ao serviço, dois dias segui-dos. “Realmente, não tinha condição, estava muita bagunça”, diz Sônia.

Além da coleta de exames, as salas de vaci-nação e curativo também permaneceram inter-ditadas no período da manhã. Durante todo o dia, funcionários tiveram que suportar o forte cheiro de tinta que ainda era sentido no posto de saúde.

Sala para coleta de exames no posto de saúde do Cascalho

Fotos: Helton Romano

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Page 6: Gazeta da Costa - edição nº 5

Gazeta da Costa6

Se liga, prefeitoO leitor Evandro Carlos Marcon reclama da colocação de lixeiras em frente à escola de Barra do Sahy. Segundo ele, no dia em que fez a foto, o cheiro estava insuportável e havia até carcaça de peixe. “Com tanto lugar para se fazer uma lixeira, não é justo que nossos fi lhos tenham que suportar esse mau cheiro”, entende Marcon, pai de aluno.Os buracos na rua de acesso à Vila Sahy foram fotografados pelo leitor Tiago Marques, que pede providências. Ainda na Vila Sahy, a saída da Rua Luis Basilio dos Santos fi ca completa-mente alagada em dias chuvosos.Colabore com a seção “Se liga, prefeito”. Envie fotos dos problemas do seu bairro para o e-mail: [email protected]. Relate a situação e informe seu nome completo. As fotos poderão ser publicadas na próxima edição.

Helton Romano

Concurso suspenso

A Justiça manteve suspenso o concurso pú-blico da Prefeitura de São Sebastião, em de-cisão publicada dia 7 de maio. Desta forma, o juiz Antonio Carlos Martins atendeu, par-cialmente, à solicitação do Ministério Público (MP), que pede ainda a anulação do concurso alegando irregularidades no edital.

Em seu despacho, o juiz defi niu como “preocupante” a inexistência de espaço para assinatura do candidato no cartão de res-postas. Martins cita também fatos graves de-nunciados pelo MP, como o fi scal que teria preenchido o gabarito de uma candidata. O juiz considerou “no mínimo intrigante” a co-incidência de 90% das questões de Conheci-mento Específi co da prova de um candidato serem idênticas a um concurso da Prefeitura de Congonhas (MG).

Em entrevista à Rádio Morada, o prefeito Ernane Primazzi disse estar tranqüilo quanto à legalidade do concurso. Para ele, as suspeitas le-vantadas servem como desculpa para quem não foi aprovado. “Quem gosta de tumultuar, que tumultue. Os prejudicados são os classifi cados, não a gente”, declarou Ernane. Indagado sobre a possibilidade da anulação do concurso, o pre-feito respondeu: “O futuro a Deus pertence”.

Page 7: Gazeta da Costa - edição nº 5

Gazeta da Costa 7

Quem utiliza o terminal rodoviário deve es-tar atento às mudanças no local de embarque. Desde o início de maio, a Prefeitura, com din-heiro do Governo do Estado, está construindo um novo terminal. A previsão é que a obra se estenda até o final do ano.

Durante esse período, os usuários da Eco-bus devem embarcar na curva do Posto Kajiya. Este ponto de ônibus já era usado por quem vai para a Topolândia e, agora, passa a ser embarque também para a Costa Sul. O vale transporte poderá ser adquirido na agência da Ecobus, situada na Avenida Guarda Mor Lobo Viana, 189, loja 5, em frente ao restaurante Azul Marinho.

Já a Litorânea montou uma estrutura próxi-ma à balsa. As demais empresas – Breda, Útil, Penha, União do Litoral e Itapemerim – con-tam com uma base para os passageiros na Rua Minas Gerais, ao lado da rodoviária, próxima ao muro da Petrobras. Os horários e itinerários do transporte coletivo foram mantidos.

Reconstrução do terminal vai custar mais de R$ 5 milhões; local de embarque é alterado

A obraMais de R$ 5 milhões serão gastos na re-

construção do terminal. De acordo com a Prefeitura, a obra vai oferecer mais conforto, segurança e comodidade aos passageiros. Hoje, o terminal consegue movimentar, no máximo, cinco ônibus de forma simultânea. Não há lo-cal específico para embarque/desembarque. Após a reconstrução, o terminal terá sua área

ampliada em cinco vezes e poderá atender 11 ôni-bus ao mesmo tempo. Alem de espaço ad-equado para embarque/desembarque, ainda vai abrigar um ponto de táxi para sete veículos.

No pavimento térreo, serão cinco guichês para a venda de passa-gens, guarda-volumes e quatro espaços destina-dos a pontos comerciais. A obra também contem-

Rodoviária em obras

pla no térreo um gabinete para a Polícia Mili-tar e outro para informações turísticas.

O acesso ao pavimento superior poderá ser feito por escadas ou elevador panorâmico. O primeiro andar possui mais quatro grandes pontos comerciais, vestiários para funcionári-os e sala de administração. Bebedouros estão localizados em ambos os pavimentos, assim como banheiros masculinos e femininos e para portadores de necessidades especiais.

Na parte externa, os u s u á r i o s terão acesso ao bicicle-tário, vagas para esta-c i o n a m e n -to, bancos e telefones públicos adaptados. O paisagismo foi valorizado e árvores nativas da Mata Atlântica farão parte do cenário, como manacás, ipês e quaresmeiras. Outra preocu-pação ambiental é o aproveitamento das águas pluviais para manutenção do prédio e irrigação dos canteiros.

Passageiros lotam novo ponto de embarque para a Costa Sul

Máquina retira área verde do terminal

Maquete do projeto

Fotos: Helton Romano

Page 8: Gazeta da Costa - edição nº 5

Gazeta da Costa8

A prática de esportes é uma importante ali-ada na tentativa de afastar os jovens da crimi-nalidade. Esse discurso é decorado por todo político que promete investimentos no Esporte. Mas na Costa Sul faltam áreas esportivas e, as que existem, estão caindo aos pedaços.

Em Juquehy, a Prefeitura resolveu interditar a quadra, em dezembro do ano passado, para realizar melhorias. Segundo foi divulgado na época, os serviços incluiriam construção de mureta ao redor da quadra; pintura; troca de calhas; e reparo em todo o sistema de ilumi-nação. A previsão era de que o espaço fosse liberado em janeiro.

A Gazeta da Costa foi ao local no último dia 27 de abril e constatou que somente a mureta foi cumprida. O piso desgastado não oferece a aderência necessária para evitar escorregões. As calhas danificadas foram retiradas, mas ai-nda não houve reposição. Em dias de chuva, o alagamento é inevitável.

Quadras abandonadasMesmo sem segu-

rança para a prática de esportes, os portões ficam abertos para quem quiser jogar. Na falta de traves, blo-cos são improvisados na quadra do bairro que tem a maior ar-recadação de IPTU da cidade. Para piorar, o espaço deveria estar sendo utilizado para aulas de Educação Física das escolas Nair Ribeiro de Almeida e Plínio Gonçalves.

Problemas na cobertura também dificul-tam as atividades na quadra de Barra do Una. Quando chove, o jeito é pedir um rodo em-prestado na sede da associação do bairro ou na base da Polícia Militar. Os alambrados es-tão danificados e as traves sem redes. No dia da visita da reportagem, apenas um banheiro estava aberto, sem identificação se era mascu-lino ou feminino.

Às escurasA comunidade de Maresias conta com as três

quadras da Escola Edileusa Brasil de Souza. O principal problema do espaço diz respeito à ilu-minação. A reportagem foi ao local no dia 3 de maio e constatou que pelo menos 22 refletores estavam queimados. Na quadra central, uma partida de futsal era disputada praticamente às escuras. “Fica ruim de jogar, não dá para ver nada”, admitiu Tiago Carmona, de 16 anos.

Conselho do DesportoNo fim do ano passado, foi criado o Conselho Municipal do Desporto. Dentre as atribuições do órgão está a de orientar a construção, ampliação e recuperação de instalações esportivas.Passados quatro meses, o Conselho permanece inativo, pois ainda não foram nomeados os 14 membros - 7 representantes da Prefeitura e 7 de entidades esportivas.

Áreas esportivas de Maresias, Paúba, Juquehy e Barra do Una estão em péssimas condições

Segundo o estudante Danilo Santos, de 18 anos, o sistema de iluminação funciona parcial-mente graças a uma gambiarra. Outros garotos relataram um curto-circuito na caixa de força. Nas quadras de Maresias, a reportagem obser-vou ainda traves tombando, tabelas de basquete sem aros, poças d’água e muita sujeira.

Sem tetoNo governo passado, o ex-prefeito Juan Gar-

cia prometia cobrir todas as quadras da cidade, mas se esqueceu de Paúba. Há anos a comu-nidade pede a cobertura e reforma da única quadra esportiva do bairro. “Diversos ofícios já foram enviados à Prefeitura e aos vereadores solicitando melhorias”, diz Valdineia Moreira, presidente da associação de moradores.

A última reforma na quadra de Paúba ocor-reu em 1996. A atual Administração apenas pintou os muros. O piso da quadra está re-pleto de rachaduras; as traves enferrujadas; e os banheiros destruídos. A chance de perder a bola é grande, já que o local é cercado por muros com arames perfurantes. “Dá vontade de chorar. Passei minha infância toda nesta quadra e agora nem tem mais as tabelas”, lamenta Marcelo de Araújo, 27 anos.

Pior do que ter uma quadra em péssimo es-tado é não ter nenhuma quadra. A garotada de Cambury sabe muito bem disso. “Nós não temos onde jogar bola. No campo, é só para quem treina no time”, diz Lucas Lourenço, 12 anos, morador do Areião. Ele e um grupo de amigos brincavam atrás de um ponto de ôni-bus, na beira da rodovia. “A gente joga aqui an-tes de ir para a escola”, comentou o menino.

O garçom João Mário Pereira, 28 anos, re-força a necessidade de uma quadra esportiva

em Cambury. “As crianças chegam da escola e ficam na rua, sem ter o que fazer. Uma quadra dava maior tranqulidade aos pais”, opina Per-ereia, da Vila Barreira.

No fim do ano passado, o vereador Paulo Henrique, o PH, tentou destinar R$ 400 mil do orçamento para a construção de uma quadra em Cambury, mas a proposta foi rejeitada pela maioria dos vereadores. O equipamento es-portivo não existe nem mesmo nas duas esco-las do bairro.

Cambury não tem

Garotos jogam na escura quadra de Maresias, onde 22 refletores estão queimados

Meninos jogam na beira da rodovia em Cambury

Fotos: Helton Romano

Page 9: Gazeta da Costa - edição nº 5

Gazeta da Costa 9

Raio-X das quadras esportivas

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s: Helto

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ano

Barra do Una Cobertura não evita poças d'água Alambrados quebrados Traves sem rede Apenas um banheiro aberto

Juquehy Piso desgastado, sem aderência

Arquibancada deteriorada Traves retiradas

Sem calhas, chuva alaga quadra Não há banheiros

Maresias Iluminação precária Traves tombando Sujeira Tabelas de basquete sem aros Poças d’água

Paúba Piso repleto de rachaduras

Traves enferrujadas Banheiros destruídos

Não dispõe de cobertura Não há iluminação

Boiçucanga Mais de R$ 1 milhão foi gasto na reforma do ginásio do Cascalho, re-alizada entre 2010 e 2011. A reporta-gem teve acesso negado pela direção da Escola Antonio Luiz Monteiro.Barra do Sahy Uma quadra está sendo construída por iniciativa do Instituto Verdescola, em terredo cedido pela Prefeitura, na Vila Sahy.

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Gazeta da Costa10

Helton Romano

Recuperação prejudicadaVegetação nativa, devastada há 1 ano, enfrenta dificuldades para se recompor às margens do Rio Cambury

A enchente ocorrida na Páscoa do ano passado, que atingiu principalmente os núcleos de Cambury, também trouxe séri-as consequências ambientais. Na época, pressionada pela população que fechou a rodovia exigindo providências imediatas, a Prefeitura realizou serviços de desas-soreamento no Rio Cambury.

Durante os trabalhos, estima-se que cerca de mil árvores tenham sido derrubadas pela máquina utilizada na operação. Outras tantas acabaram soterradas pelo material retirado do fundo do rio. O curso d’água ainda teve seu trajeto desviado.

Dias depois um relatório da Secretaria de Meio Ambiente reconheceu os danos à mata ciliar. O documento também constatou que, independente do desassoreamento, as “ca-

sas próximas ao rio estarão sempre su-jeitas a enchentes”. O próprio secretário de Meio Ambiente, Eduardo Hipólito, ao visitar o local, definiu o cenário como “es-tarrecedor”.

No último dia 3 de maio, a Gazeta da Costa voltou à área devas-tada, acompanhada do engenheiro agrôno-mo Renato Benbassat. Foram vistoriados tre-chos no Lobo Guará, Areião e Piavú.

As margens do rio, onde antes existia vegetação nativa, agora são ocupadas por capim. “O problema é que foi depositado uma grossa camada de terra ao longo das

Justiça Morosa

24 de abril de 2011Enchentes causam prejuízos e deixam famílias desabrigadas

25 de abril de 2011Prefeito assina decreto autorizando serviços emergenciais de desassoreamento de rios

26 de abril de 2011Máquinas derrubam mais de mil árvores às margens do Rio Cambury

1º de junho de 2011Federação Pró-Costa Atlântica apresenta denúncia no Ministério Público

A Federação Pró-Costa Atlântica – entidade que reúne associações de bairros – denunciou, na época, o desmatamento à Justiça. Mas passa-do todo esse tempo, o caso ainda continua sen-do investigado pelo Ministério Público (MP).

O promotor Luiz Fernando Guedes chegou a decidir pelo arquivamento do processo. Ale-gou que a ação da Prefeitura “visou salvaguar-

4 de agosto de 2011Instaurado inquérito para averiguar o caso

8 de setembro de 2011Promotor Luiz Fernando Guedes encaminha processo para arquivamento

1º de dezembro de 2011Conselho Superior do Ministério Público recusa arquivamento e determina vistoria da Cetesb

5 de março de 2012Ainda sem o laudo da Cetesb, promotor Guedes prorroga o prazo de conclusão do in-quérito por até 180 dias

Acompanhe a cronologia dos fatos e o andamento do processo no MP

dar vidas humanas e danos ao patrimônio”. Na opinião de Guedes, o intuito foi o de “socorrer o meio ambiente e evitar outras catástrofes”.

Mas o Conselho Superior do Ministério Pú-blico (CSMP) não aceitou arquivar e determi-nou uma vistoria da Cetesb na área afetada. O processo agora está nas mãos da promotora Marcela Gomes de Oliveira.

margens, impedindo a germinação das se-mentes de espécies nativas”, explica Benbas-sat. Segundo ele, não houve qualquer me-dida de recuperação, apesar de prometida pela Prefeitura.

Mata ciliar agora é predominada por capim

Máquina flagrada no desmatamento

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A reurbanização da orla de Boiçucanga vem sendo anunciada desde junho de 2009. Em todas as cerimônias que participa, o pre-feito cita esta obra como uma das realizações na Costa Sul. Até mesmo um outdoor insta-lado em Barra do Sahy já destaca a reurbaniza-ção em Boiçucanga.

Mas enquanto a obra não começa, de fato, o rombo no telhado de um dos pavilhões da Praça Pôr do Sol chama a atenção de quem passa pelo local. Os remendos colocados para disfarçar o problema não resistiram à força dos ventos do último fim de semana de abril.

O espaço é utilizado para oficinas culturais e exposição de artesanatos. A Gazeta da Costa visitou o local, no dia 1º de maio, e encon-trou esculturas e piso encharcados em decor-rência do buraco no teto. O problema existe desde o ano passado, mas a única providên-cia tomada até o momento partiu de um fun-cionário que comprou uma lona na tentativa de evitar alagamentos.

Na área externa, os bancos estão destruídos e com ferragem exposta. A pista de skate apre-senta rachaduras e buracos por toda a parte. A reportagem ainda flagrou um menino utili-zando um cone para desentupir o bueiro por onde escoa a água da chuva.

O buraco é mais em cimaRombo em teto de pavilhão da Praça Pôr do Sol está cada vez maior; ban-cos destruídos e pista de skate com rachaduras completam o cenário

Prevenção ao InfluenzaTeve início, dia 5 de maio, a campanha de

vacinação contra o Influenza em todo o país. Segundo informações da Secretaria de Saúde, foram aplicadas 966 doses em São Sebastião, entre crianças de seis meses a dois anos, ges-tantes e idosos. A campanha prossegue até 25 de maio e, se necessário, pode ser prorrogada.

Somente no primeiro dia, em Boiçucanga, 108 pessoas receberam a vacina. A equipe de profissionais foi composta por uma enfermei-ra, cinco auxiliares de enfermagem, três agen-tes comunitários de saúde, um dentista e um auxiliar de dentista, além de dois serventes.

De acordo com a enfermeira da unidade, Débora de Carvalho, o objetivo é fazer um tra-balho de prevenção contra o vírus, principal-mente com os grupos considerados de risco.

“Com esse trabalho, conseguimos minimizar em até 20% o número de hospitalização para idosos”, declarou a enfermeira.

A moradora Maria Magalhães, 62 anos, de-staca a importância da participação na cam-panha. “Estou com as vacinas em dia, por isso é muito difícil ficar resfriada”, afirma.

Em Juquehy, foram vacinadas 142 pessoas. Para a moradora Juceli Farias, 38 anos, que le-vou seu filho de um ano, a prevenção é o mel-hor remédio.

Durante todo o dia, também foi realizado, nos postos e centros de saúde, o trabalho de prevenção ao câncer bucal apenas para o gru-po da terceira idade que, após a vacinação, dirigiu-se à consulta rápida com direito a in-speção e orientação.

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Fenômeno natural destrói casas em Juqhey

No domingo, dia 6, um fenômeno natural destruiu duas casas do bairro Juquehy e de-ixou a região sem energia por algumas horas. De acordo com levantamento da Defesa Civil, 14 casas foram atingidas no total e duas víti-mas tiveram ferimentos leves.

A região atingida abrange, aproximada-mente, uma faixa de 800 metros. “Uma das vítimas estava na praia e, ao deitar-se para se proteger, foi lançada pelo vento a uma distân-cia de 15 metros”, conta o chefe da Defesa Civil, Carlos Eduardo dos Santos. “O rapaz teve ape-nas escoriações, nada muito grave”, acrescen-tou. “Ao todo, foram retiradas 37 árvores que

caíram sobre as residências e fiação.De acordo com moradores locais, o fenôme-

no se formou na região da Ilha do Montão de Trigo e atingiu o continente minutos depois. Ernesto Luiz de Maranhães, proprietário de uma das pousadas atingidas, estima o prejuízo em cerca de R$ 200 mil. “Estou há 20 anos em Juquey. Nunca vi algo parecido, nem sequer havia ouvido falar sobre isso”, comenta.

O especialista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cepetec) não

Rastro de destruição deixado por fenômeno ainda desconhecido na orla de Juquehy

Fotos: Milton Fagundes/PMSS

E o vento levou

soube explicar o que aconteceu. “Não é pos-sível definir o que ocorreu, ou seja, se foi um tornado ou uma tromba d’água. Para definir, é necessária uma equipe para avaliar os es-tragos e colher informações com moradores do local”, explicou Gustavo Escobar.

Ele destacou que outros eventos do tipo po-dem ocorrer na região. “Mas não dá para saber quando e onde ocorrerá. Esse tipo de fenômeno costuma acontecer no verão, porém, pode ocor-rer fora desse período também”, declarou.

Estragos causados em casas atingi-das; somente numa pousada, o

prejuízo pode chegar a R$ 200 mil. Por sorte, ninguém se feriu com gravi-dade. Uma das vítimas foi lançada a

uma distância de 15 metros.

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Confi ra mais uma das delícias sugeridas por Eudes Assis, o “Chef Caiçara”. Aproveite e bom apetite!

Peixe Azul Marinho com pirãoRendimento: 4 porçõesIngredientes do peixe800g de fi lés ou posta de garoupa;50ml de azeite extra virgem; 4 tomates pica-dos, sem pele e sementes;4 bananas tipo São Tomé ou nanicas bem verdes, com as cascas;4 dentes de alho amassados;4 colheres (sopa) de salsinha picada;2 colheres (sopa) de suco de limão;1 cebola média picada;1 pimenta malagueta picada – sem as sementes;1 litro de caldo de peixeSal, pimenta malagueta e coentro a gosto.

Modo de preparoTempere os fi lés com sal e limão, e reserve. Em uma panela de ferro (indispensável para obter a cor azulada), aqueça o azeite e refogue a cebola, o alho e a pimenta malagueta. Acomode os fi lés de garoupa na panela e cubra-os com o caldo de peixe. Agregue as bananas com as cascas corta-das em quatro pedaços. Ferva até que o tanino das cascas deixe o caldo azul. Retire as cascas e retorne os pedaços à panela. Finalize com os to-mates em cubos, salsinha, coentro, sal e a pimenta do reino a gosto.

Ingredientes do pirão de farinha d’água50g de farinha d’agua;200ml do caldo do Azul Marinho;1 colher (sopa) de azeite;Pimenta biquinho para decorar;Ramos de salsinha.

Modo de preparoEm uma panela, adicione o caldo do peixe Azul Marinho e deixe ferver. Retire do fogo e incor-pore a farinha aos poucos, mexendo bem para o pirão não empelotar. Decore com pimenta biqui-nho e ramos de salsinha.

Contra a raiva

Receita do mês

Começa dia 14 a campanha de vacinação an-tirrábica em cães e gatos. A meta da Secretaria de Saúde é imunizar cerca de 12 mil animais. Para tanto, duas equipes serão instaladas em postos fi xos por toda a cidade. Os dois extremos do município, Boracéia e Canto do Mar, serão os primeiros bairros a receberem a campanha que deve se estender até o dia 4 de junho.

De acordo com a veterinária Wânia de Araújo Moreira, chefe da divisão de Zoono-ses e Vetores, qualquer cão e gato com mais de três meses de idade deve ser vacinado, in-

clusive cadelas que estejam prenhas. “A raiva é uma doença letal, transmitida ao homem pela mordedura, arranhadura ou até mesmo lambedura, permitindo o contato com a saliva de animais domésticos (cães e gatos) e silves-tres (morcegos, macacos e raposas)”, explica a veterinária. “É causada por um vírus que atinge o sistema nervoso da pessoa contami-nada”, acrescentou.

Wânia orienta que o cão que atacar uma pessoa deve ser observado por dez dias para que sejam procurados sintomas da doença.

Mulheres da Costa Sul criam associação

As mulheres da Costa Sul agora estão repre-sentadas por uma associação – AMCS. O objeti-vo da nova entidade é lutar por políticas públi-cas voltadas para o sexo feminino. Segundo a presidente Dinalva Tavares, 61 anos, a associa-ção deve atuar, especialmente, na eliminação da violência doméstica. “Queremos que a Lei Maria da Penha seja mais conhecida e utilizada

Clube da Luluzinhana proteção às mulheres vítimas de violência”, declara Dinalva.

Ela informa que as reuniões da AMCS são abertas à participação das mulheres que quiserem apresentar reivindicação ou mesmo receber alguma orientação. O próximo encon-tro acontece no dia 14 de maio, às 19h, na Vila Sahy, casa da dona Ângela.

“Nessa reunião queremos discutir, especial-mente, questões ligadas às jovens como gravi-dez na adolescência, violência escolar e uso de álcool e drogas”, conta Dinalva. Mais informa-ções podem ser obtidas pelos telefones 3865-1792 ou 9614-7664.

Além da presidente Dinalva Tavares, a di-retoria é formada pela primeira vice-presi-dente Elizabete Lamarque; segunda vice-presidente Ângela Silva,; primeira secretária Valdinéia Moreira; Maria Niva, segunda se-cretária; Dircéia Oliveira, primeira tesoureira e Márcia Santos, segunda tesoureira.

Entidade quer lutar contra a violência doméstica

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14/05 - Boracéia15/05 - Barra do Una16/05 - Abras do Una17 e 18/05 - Juquehy21/05 - Vila Sahy, Baleia Verde e Barra do Sahy22/05 - Areião e Cambury23/05 - Sertão do Cacau e Piavú

24 e 25/05 - Boiçucanga28/05 - Juréia e Sítio Velho29 e 30/05 - Maresias31/05 - Paúba e Santiago1/06 - Toque Toque Pequeno e Toque Toque GrandeAtendimento: 8h30 às 17h

Calendário da vacinação antirrábica na Costa Sul

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Gabriel Medina, 18 anos, confirmou o favorit-ismo e levou o título do ASP Prime Nike Lowers Pro, na Califórnia, ao vencer na final o irlandês Glenn Hall, 30 anos. Com a vitória no último dia 5 de maio, Medina garantiu os primeiros 6.500 pontos para o ranking unificado.

“Está é uma vitória especial após uma longa semana. Agora vou para o Brasil mais confiante”, disse Medina, que pulou para 10º colocado no ranking unificado, onde é o melhor brasuca, 70 pontos a frente de Mi-neirinho, o 11º.

O surfista de Maresias dominou os cinco dias de competição, registrando os maiores placares da competição, incluindo a nota 10 na bateria de semifinal, quando marcou 19.80 de 20 pontos possíveis. “Nem tenho pala-vras para explicar como estou me sentindo agora. Estou amarradão”, completou o ga-roto prodígio.

A Costa Sul de São Sebastião já havia rei-nado nesta competição disputada no ano pas-sado, quando o surfista de Cambury, Miguel Pupo, ficou com o título. Miguel, aliás, tam-bém aparece bem posicionado no ranking uni-ficado, ocupando o 12º lugar.

Show de Medina na CalifórniaSurfista de Maresias vence etapa nos EUA e já é o melhor brasileiro do ranking mundial

Circuito SebastianenseA segunda etapa do Circuito Sebastianense

de Surf ocorreu nos dias 28 e 29 de abril, com a participação de 108 surfistas, na Praia da Baleia. Há 19 anos esta praia não recebia uma etapa do circuito.

“Graças à parceria com a Aliança Surf Clube e Escola de Surf Canto Mágico foi possível levar essa etapa para a Baleia. O sucesso foi grande. Ondas perfeitas e apoio total dos atletas e co-

laboradores”, destaca Christóvão Marmo, pres-idente da Associação de Surf de São Sebastião (ASSS), organizadora do circuito. “Com certeza a Baleia fará parte do calendário municipal de surf nos próximos anos”, antecipa.

Cada categoria teve um vencedor diferente. Na Open, Igor Morais levou a melhor ficando com o título máximo. Fábio Pereira, Diogo Silva e Alessandro Bonguinha completaram o

pódio. A etapa também teve a disputa da Black Iron Expression Session ven-cida pelo surfista Renan Argemiro.

O próximo desafio do Circuito Se-bastianense acontece em julho, na praia do Guaecá. A data ainda será definida e divulgada no site da ASSS: www.surfasss.org.br.

A etapa na Baleia teve apoio da Pre-feitura, Wizard, Rudá, 100% Surf, Mon-ster Energy, Rusty, Guria, Empório da Isabel, Massucato Reabilitação & Ori-entação, Kinabalu, 20 Pés, Black Iron, Quilhas OZ, Free Surf, Wet Dreans,

OpenIgor Moraes

JuniorFelipe Oliveira

MirimPedro Tanaka

IniciantesRenan Peres

EstreantesLucas Leal

Vencedores da etapa da Baleia

WG, Surf Class, Terral Restaurante, Restau-rante Samburá, Mega Papelaria, Vieira Carim-bos, Brazilian Creations, Progression Session, Drik Academia, Escola de Surf Canto Mágico e NS Comunicação.

PetitKauê Germano

FemininoYohana Sarandini

MásterAlessandro Bonguinha

LongboardRafael Dias

SUPCarlos Bahia

fonte: ASSS

Gabriel Medina é carregado após mais uma conquista

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Igor Moraes faturou o título da Open na Praia da Baleia

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Arnaldo Klajn/ PMSS

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Treino no ginásio Gringão

O bairro de Boiçucanga foi palco, no úl-timo dia 6, do evento denominado de “1ª Convocação de Skatistas”. O encontro acon-teceu na pista de skate da Praça Pôr do Sol e atraiu skatistas de todas as idades bem como roqueiros da região para uma tarde muita ani-mada ao som das bandas locais que também marcaram presença.

Durante o evento, os atletas mostraram um alto nível técnico e muita habilidade na execução das manobras radicais. A organiza-ção premiou com camisetas, bonés e bermu-das os skatistas que completaram a melhor volta. Com um rock alternativo, a banda de Boiçucanga, Ro�on, agradou o público pre-sente com canções nacionais e internacionais de músicos famosos, entre eles, Pity, Everil Lavine e GreenDay.

A Antro (punk metal) e Method (hardcore)

Skate & RockBoiçucanga reúne skatistas e roqueiros na Praça Pôr do Sol

apresentaram covers de bandas conheci-das, além de músi-cas de sua autoria. A apresentação final ficou por conta da Trezedog (hardcore), de Maresias.

De acordo com o organizador do even-to, Flávio Medeiros, a intenção foi pro-mover um domingo de lazer com a inte-gração da música ao esporte. “Espero que esse seja o primeiro de muitos eventos”, comentou.

Para o skatista de Boiçucanga, Ro-

drigo Santos de Almeida,18 anos, a união do esporte com a música é uma parceria que deu certo. “Essa é uma iniciativa positiva que deveria acontecer com mais freqüência na região, principalmente porque essa pista de skate é considerada uma das melhores”, disse Almeida.

De Cambury, Lucas de Santana da Cruz, 22 anos, dividiu a mesma opinião sobre a pista. “Apesar de apresentar um grau de dificuldade nos obstáculos como corrimão, bordas e caix-otes, ao mesmo tempo temos um amplo espa-ço que nos permite usar muita criatividade e ousar nas manobras”, avaliou.

Para Fernado Bovino, 10 anos, a prática do esporte é muito importante e o contato com skatistas mais experientes, também. “Sempre acabo aprendendo algo mais com eles”, de-clarou o menino.

Caça-talentosno basqueteA equipe de basquete masculino Sub-19 de

São Sebastião está recrutando jovens, de 16 a 19 anos, interessados em participar do time principal de competição da cidade. Os treina-dores têm um desafio pela frente: estruturar a equipe em três semanas para a estréia na “Liga Paulista de Basquete”.

Até o momento, foram selecionados seis ga-rotos de Maresias e quatro de Boiçucanga. Na seletiva, estiveram presentes também atletas de Caraguatatuba.

Para os atletas que queiram participar, ai-nda dá tempo. O jogador deve comparecer ao treinamento com seu próprio uniforme (camiseta, short, tênis e meias) e procurar pelo treinador nos dias de preparação da equipe. É obrigatória a apresentação do documento de identidade.

Os treinos tiveram início dia 7, no Ginásio de Esportes José de Souza Gringo, “Gringão”, e acontecem todas as segundas, terças, quar-tas e sextas-feiras, das 16h às 18h. A estreia na competição está marcada para o dia 27 de maio, contra a equipe de Itanhaém, na casa do adversário.

Menino de 10 anos ‘voa’ na pista de skate de Boiçucanga

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O transporte dasobrevivência caiçaraA canoa foi, durante décadas, o único meio de transporte utilizado pelas comunidades caiçaras da Costa Sul

Em meados do século 19, retrocedendo para uma economia baseada na cana-de-açúcar e na produção de aguardente, o Litoral Norte encontrou na canoa seu meio de transporte. Com o desaparecimento dos grandes barcos que transportavam o café de Ubatuba, São Se-bastião e Ilhabela, surgiram as canoas de voga, movidas a vela e a remo, que faziam o trans-porte de tonéis de aguardente, fumo e produ-

tos agrícolas até Santos.Aos 99 anos de idade, o pescador Crisante

Manoel Moreira é um dos poucos persona-gens ainda vivos que tiveram essa experiência a bordo de uma canoa.

Falando com lucidez e apressadamente, esse típico caiçara de Boiçucanga lembra que, por volta dos 20 anos de idade, acompanhou o pai e outros três familiares para vender farinha, laranja e banana no mercado santista. Com o dinheiro arrecadado, aproveitaram para trazer alimentos como arroz, feijão e carne, que na época eram considerados itens de luxo na panela do caiçara.

Segundo Crisante, ainda era madrugada quando a canoa zarpou. Com o vento sopran-do a favor, chegaram a Santos ao anoitecer. A tripulação dormiu na própria canoa e retornou

A tradição do cerco

no dia seguinte, levando mantimentos para a sobrevivência da família.

Crisante passou boa parte da vida a bordo de uma canoa. Pescou até os 75 anos, quan-do problemas de saúde o afastaram do mar. Curiosamente, apesar de todo esse tempo navegando, Crisante nunca soube nadar e diz ter contado sempre com a proteção de Deus. “Saindo com fé, não acontece nada”, acredita.

Hoje, ele só enxerga com a vista esquerda e caminha com dificuldade. Não tem esposa, nem filhos. Vez ou outra sai para catar latas na praia, que depois são vendidas para a sucata e complementam a renda da aposentadoria. Ao recordar os momentos no mar, os olhos do pescador chegam a brilhar. “Tenho uma sau-dade danada desse tempo. Às vezes deito na cama e fico lembrando...”, confessa Crisante.

Olhar perdido na imensidão do mar: Crisante se lembra da viagem a Santos, realizada a bordo de

uma canoa de vogaAs facilidades para financiar um

barco de pesca, ou mesmo uma lancha de fibra, fizeram com que a canoa fosse sendo encostada ao longo dos anos. Mesmo assim, na barra de Boiçucanga, ainda é possível encontrar quem utiliza deste meio de transporte como instru-mento de trabalho.

Desde os 9 anos de idade, Ari Mano-el Moreira, hoje com 54, pesca a bordo de uma canoa. Ele teme pelo fim dessa tradição. “É uma coisa antiga que não pode se acabar”, diz Ari. Segundo ele, as leis ambientais, que proíbem o corte de árvore, dificultam a manutenção das canoas. “Tábua não serve para arrumar”, afirma.

O pescador Odair Maurício dos Passos, 40 anos, lembra que a canoa a remo é essencial para a pesca de cerco, em razão do seu cas-co liso. “Qualquer outro tipo de embarcação pode enganchar na rede”, explica.

Mas pescar a bordo de uma canoa não é para qualquer um. É preciso aliar equilíbrio, força e resistência. “Quando a rede vem com bastante

peixe, a borda da canoa chega na linha d’água. Se não tiver preparado, pode afundar a canoa ou cair no mar”, comenta Maurício.

Atualmente, apenas um cerco permanece ativo na baía de Boiçucanga. De duas a quatro vezes por dia, um grupo de pescadores colhe os peixes capturados há, aproximadamente, 600 metros da praia. Arildo José dos Santos, o popular Capixaba, 46 anos, vai na popa (parte traseira) da canoa controlando a direção. “É o modo de vida e de ganhar dinheiro que a gente tem”, resume Capixaba.

Pescadores trabalham em equipe na motagem do cerco

Fotos: Helton Romano