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Quinta-feira, 28 de fevereiro de 2014 Gazeta do Povo Entrelinhas / De portas fechadas (quase caindo) Marcela Campos O grande edifício Policlínica Garcez do Nascimento, localizado na Rua Ébano Pereira, já foi destaque na cidade em meados do século passado, mas agora estampa o abandono no Centro de Curitiba. Ele pertence à Universidade Federal do Paraná (UFPR), que o recebeu como doação da família do médico Garcez do Nascimento. No ano de 1950 um andar foi cedido para uso da Associação Médica do Paraná (AMP) e os outros andares eram ocupados pelo Diretório Acadêmico Nilo Cairo (Danc), de Medicina. Por causa das más condições do local, no ano passado, a pedido da vigilância sanitária e recomendação do Ministério Público, o prédio foi esvaziado. Segundo o pró-reitor de Administração da UFPR, Alvaro Pereira de Souza, existe a intenção da universidade de revitalizar o local para que volte a abrigar o Danc e também um novo espaço direcionado à Saúde, ainda não definido. Não há previsão para a reforma, mas a expectativa é que a fase de projeto seja concluída ainda neste ano. Crime / Juiz indicia mais nove médicos na “Máfia dos Órgãos” A Justiça de Poços de Caldas (MG) indiciou na quarta-feira mais nove médicos por envolvimento na chamada “Máfia dos Órgãos”. A decisão foi tomada um dia após o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) manter as condenações no primeiro processo que já foi julgado e que chegou agora à segunda instância. Dessa vez, os citados estão sendo denunciados por retirada ilegal de órgãos e homicídio qualificado. O juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro disse ter acatado três novas denúncias do Ministério Público contra eles. São duas médicas e sete médicos que poderão ser mandados a júri popular. Eles estariam envolvidos na retirada ilegal de órgãos de pacientes como o menino Paulo Pavesi, de 10 anos, que morreu há quase 14 anos. O caso ganhou repercussão internacional e gerou várias ações na Justiça. Neste mês, quatro médicos tiveram a prisão decretada, mas um deles fugiu e é considerado foragido. Notas Políticas / Procuradores Membros do Ministério Público do Paraná que desejem concorrer ao cargo de procurador-geral de Justiça têm até as 18 horas de hoje para se inscrever. As inscrições devem ser feitas junto ao Protocolo-Geral da sede do MP-PR (Edifício Afonso Alves de Camargo, Rua Marechal Hermes, 751, Centro Cívico), em Curitiba. Podem candidatar-se procuradores e promotores de Justiça integrantes vitalícios da carreira.

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Quinta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Gazeta do Povo Entrelinhas / De portas fechadas (quase caindo) Marcela Campos

O grande edifício Policlínica Garcez do Nascimento, localizado na Rua Ébano Pereira, já foi destaque na cidade em meados do século passado, mas agora estampa o abandono no Centro de Curitiba. Ele pertence à Universidade Federal do Paraná (UFPR), que o recebeu como doação da família do médico Garcez do Nascimento. No ano de 1950 um andar foi cedido para uso da Associação Médica do Paraná (AMP) e os outros andares eram ocupados pelo Diretório Acadêmico Nilo Cairo (Danc), de Medicina. Por causa das más condições do local, no ano passado, a pedido da vigilância sanitária e recomendação do Ministério Público, o prédio foi esvaziado. Segundo o pró-reitor de Administração da UFPR, Alvaro Pereira de Souza, existe a intenção da universidade de revitalizar o local para que volte a abrigar o Danc e também um novo espaço direcionado à Saúde, ainda não definido. Não há previsão para a reforma, mas a expectativa é que a fase de projeto seja concluída ainda neste ano. Crime / Juiz indicia mais nove médicos na “Máfia dos Órgãos”

A Justiça de Poços de Caldas (MG) indiciou na quarta-feira mais nove médicos por envolvimento na chamada “Máfia dos Órgãos”. A decisão foi tomada um dia após o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) manter as condenações no primeiro processo que já foi julgado e que chegou agora à segunda instância. Dessa vez, os citados estão sendo denunciados por retirada ilegal de órgãos e homicídio qualificado. O juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro disse ter acatado três novas denúncias do Ministério Público contra eles. São duas médicas e sete médicos que poderão ser mandados a júri popular. Eles estariam envolvidos na retirada ilegal de órgãos de pacientes como o menino Paulo Pavesi, de 10 anos, que morreu há quase 14 anos. O caso ganhou repercussão internacional e gerou várias ações na Justiça. Neste mês, quatro médicos tiveram a prisão decretada, mas um deles fugiu e é considerado foragido. Notas Políticas / Procuradores

Membros do Ministério Público do Paraná que desejem concorrer ao cargo de procurador-geral de Justiça têm até as 18 horas de hoje para se inscrever. As inscrições devem ser feitas junto ao Protocolo-Geral da sede do MP-PR (Edifício Afonso Alves de Camargo, Rua Marechal Hermes, 751, Centro Cívico), em Curitiba. Podem candidatar-se procuradores e promotores de Justiça integrantes vitalícios da carreira.

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O coro da multidão / 14 pontos sobre o auxílio-moradia Rhodrigo Deda

Algumas reflexões sobre o auxílio-moradia para juízes aprovado pela Assembleia Legislativa do Paraná:

• 1) Os magistrados reclamam há anos da defasagem de salário causada pela falta de reajustes. A remuneração deles está vinculada ao teto do funcionalismo público no país – o subsídio pago a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

• 2) Como a remuneração dos ministros do STF precisa da aprovação do Congresso Nacional, o que tem dificultado a implementação de reajustes para os demais magistrados, em todo o país os tribunais passaram a criar benefícios adicionais, entre eles o auxílio-moradia.

• 3) Mas o artigo 39, 4§, da Constituição Federal determina que membros de poder sejam exclusivamente remunerados por subsídio “fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória”. Ou seja, a Constituição literalmente proíbe recebimento de adicionais.

• 4) Para criar benefícios proibidos, só com malabarismos linguísticos. Os defensores desses auxílios argumentam que a Constituição proíbe adicionais “remuneratórios”, mas não impede a criação de vantagens “indenizatórias”. Por essa linha de raciocínio os auxílios indenizatórios não violariam a Constituição. É o “jeitinho jurídico”, algo que quando usado por altos agentes públicos tem o poder de minar a credibilidade das instituições.

• 5) A concessão de auxílio-moradia é polêmica e está em discussão no STF. Se o Supremo aceitar julgar válida a concessão do benefício, será uma vitória do patrimonialismo corporativo sobre o texto literal da Constituição.

• 6) Ao aprovar o projeto do auxílio-moradia sem discussão com a sociedade, a Assembleia foi antidemocrática e irresponsável. Aprovou um projeto obscuro, que não apresenta impacto orçamentário, nem especifica em que circunstâncias o benefício será pago, contrário à letra da Constituição, e em disputa judicial sob o qual o STF ainda não se pronunciou.

• 7) É equivocado o argumento de que magistrados devem receber salários semelhantes aos de advogados bem sucedidos e que o auxílio-moradia seria uma forma de compensar salários inferiores aos da advocacia. É também equivocado o argumento de que é preciso valorizar a carreira porque seus membros vão desistir dela.

• 8) Se a intenção é enriquecer, o caminho é a iniciativa privada, assumindo os riscos inerentes à ela. Quem escolhe uma carreira pública deve encará-la como missão de vida.

• 9) O Ministério Público está pronto para criar o seu auxílio-moradia. Em entrevista à Gazeta publicada em 11 de janeiro deste ano, o procurador-geral do MP, Gilberto Giacoia, considera que não existe “uma vedação constitucional tão explícita” para o auxílio-moradia e que o órgão não trabalha com a questão de “se é certo ou errado, mas sim se é justo defender uma categoria funcional”, a fim de ter os mesmos benefícios que os magistrados. É uma argumentação em que a defesa corporativa se sobrepõe à prudência.

• 10) As instituições precisam de gente com vocação para o serviço público. Vocação para ser promotor, para ser juiz, para ser deputado. Jamais interesses corporativos deveriam se sobrepor ao que diz à Constituição. Em casos de dúvidas sobre a validade de um ato do poder público é recomendável a prudência - no caso, aguardar o julgamento do STF.

• 11) Evidentemente as carreiras de magistrado e promotor devem ter bons salários. E como contrapartida à remuneração espera-se celeridade na administração da

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Justiça, eficiência da atuação do Ministério Público, transparência total e facilidade de acesso a dados públicos de posse do Judiciário e do MP, livre acesso a sistemas digitais de estatísticas de produtividade de promotores, procuradores e magistrados.

• 12) Afinal, as instituições existem para servir os cidadãos. Não o oposto. • 13) Contra o corporativismo, o cidadão pode começar a resolver o problema em

outubro – não reelegendo os deputados que aprovaram os benefícios de constitucionalidade duvidosa.

• 14) Diferentemente dos parlamentares, os membros do MP e do Judiciário são escolhidos mediante concurso público e eles próprios presidem essas instituições. Insistir em um caminho de imprudência na defesa corporativa de benefícios pode causar danos duradouros à imagem dessas instituições. Já pensou se a sociedade começar a achar que a melhor forma de evitar o corporativismo é escolher os dirigentes do Judiciário e do MP mediante voto popular? Administração / Governo do Paraná quer implantar banco de horas para servidores Projeto prevê compensação com descanso para funcionários que excederem a carga horária diária. Objetivo é reduzir as horas extras Katna Baran

Com os cofres comprometidos, o governo do Paraná quer implantar um sistema de banco de horas para servidores da administração direta e indireta ligados ao Executivo. O projeto de lei, encaminhado à Assembleia Legislativa na última segunda-feira, prevê a compensação com descanso para funcionários que excederem o tempo normal de trabalho diário ao invés do pagamento de horas extras, como ocorre hoje.

Segundo o texto do projeto de lei, a medida deve representar uma economia anual de até R$ 21 milhões aos cofres públicos. O valor é o que foi gasto com o pagamento de horas extras aos servidores públicos da administração direta e indireta – excluindo as universidades – em 2012. A média mensal de despesas dessa ordem naquele ano foi de R$ 1,775 milhão, com o pagamento de quase 72 mil horas extras efetuadas por 3,5 mil servidores por mês.

Conforme o projeto, o banco de horas prevê um total anual de 480 horas para compensação – cerca de 40 horas mensais. Cada servidor não poderá ultrapassar 20 dias no saldo excedente de horas e, atingindo esse limite, terá que tirar folga de pelo menos 15 dias. O regime de compensação, segundo o texto, não será aplicado aos servidores contratados pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de contrato especial, além dos ocupantes de cargos comissionados.

A justificativa do projeto cita que a medida faz parte de um pacote de contenção de despesas do executivo para respeitar o limite prudencial de gastos com pessoal conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal. O texto do governador Beto Richa (PSDB) cita ainda que se trata de uma opção “benéfica” para os funcionários que poderão programar “de comum acordo com a chefia, o melhor momento de usufruir suas folgas e, assim, equilibrar a carga de trabalho”. Bem Paraná Política em debate / Concessão

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A bancada estadual do PT na Assembleia protocolou ontem uma representação ao Ministério Público Estadual (MP-PR) solicitando investigação de possíveis irregularidades no processo de licitação de duplicação da PR-323 (trecho que liga Maringá a Guaíra) em regime de parceria público-privada (PPP), do governo estadual. O objetivo é denunciar supostos “vícios de origem, falta de transparência no processo licitatório e nulidade de consulta pública”, diz o partido. “Não somos contra a PPP, que se cobre pedágio desde que a tarifa seja justa, mas o processo, acima de tudo, necessita de transparência. Não sabemos como se chegou à tarifa de R$ 4,20 e quanto custará a obra de duplicação”, afirmou o deputado Péricles de Mello, membro da CPI do Pedágio.

Publicidade De acordo com o parlamentar, o Departamento de Estradas e Rodagem (DER-PR) recusou inúmeras vezes enviar documentos sobre os estudos preliminares, viabilidade econômica e investimentos iniciais da concessão da rodovia aos deputados. Na representação, os deputados apontam suposta falta de publicidade dos estudos de viabilidade, ausência de autorização legislativa para abertura da licitação, uma vez que a remuneração a ser paga pela administração pública ao parceiro privado ultrapassará o limite de 70%, além de desproporcionalidade entre os aportes públicos de recursos e a execução fiscal das obras. Folha de Londrina Informe Folha /‘Mandato’ de juízes

Prevista para ocorrer na última quarta-feira, a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 58/2012, que limita para 8 anos a atuação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), foi adiada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado. De autoria do senador Roberto Requião (PMDB), a PEC também veda a aposentadoria compulsória, aos 70 anos, e proíbe a recondução ao cargo. Com o adiamento, a expectativa é que a matéria seja apreciada apenas na segunda semana de março, no retorno após o carnaval. Política / Gaeco denuncia servidores da Codel e livra 4 empresários Propina seria cobrada para agilizar trâmite de doação de terrenos do município a empresas; sindicância interna ainda não foi concluída Edson Ferreira - Reportagem Local

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do

Ministério Público (MP) do Paraná, apresentou à Justiça denúncia criminal por suposta corrupção na doação de áreas públicas para empresários em Londrina. Entre os cinco denunciados estão os servidores do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel) Eduardo Ivan Reale, por corrupção passiva e associação criminosa, e José Hilário, por corrupção passiva. Também são citados na denúncia a enfermeira Eliana Teixeira Gonzaga Zamboni, o empresário Dorival Pereira e a secretária dele, Ana Lucia Soares. Se condenados, as penas previstas variam de 2 a 12 anos de prisão, no caso de corrupção, e de 1 a 3 anos, no caso de associação.

Segundo a investigação, iniciada no ano passado, Reale, Eliana, Dorival e Ana Lucia "foram estabelecendo ao longo do tempo, ainda que de maneira tácita e rudimentar, metodologia para a consecução das corrupções pretendidas". Os três primeiros chegaram a ficar presos por cinco dias no final do ano passado. Reale, na condição de gerente de Desenvolvimento Industrial da Codel, cuidaria da tramitação dos

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processos referentes à doação de áreas para empresários e, junto com Eliana, que atuaria informalmente como corretora de imóveis, pediam aos interessados no programa de incentivos do município quantias a partir de R$ 350, em diferentes fases da tramitação, para agilizar documentos. As cobranças podiam chegar a R$ 10 mil.

O empresário Dorival Pereira, dono da Artlondre, aceitou pagar para obter supostas facilidades na aquisição de uma área pública. Entretanto, narra o Gaeco, "antevendo a possibilidade de auferir ganhos fáceis", o empresário teria aderido "aos propósitos ilícitos perseguidos pelos demais denunciados". Pereira teria se associado aos demais para arregimentar empreendedores.

Hilário, segundo a denúncia, recebeu indevidamente R$ 2,4 mil para acelerar o andamento de um projeto, porém, não teria agido em associação com os outros denunciados. Quatro empresários indiciados pelo crime de corrupção ativa escaparam da denúncia criminal porque o MP entendeu que não houve oferta ou promessa de vantagem indevida por parte deles. Eles cederam às solicitações pelo pagamento de propina feitas pelo grupo.

Outro lado O advogado de Reale, Jorge Alexandre Karatzios, antecipou que deve apontar eventuais nulidades no processo, como interceptações telefônicas que considera ilegal. No mérito, afirma que "não aconteceu nada irregular". "No curso da ação penal poderemos exercer o contraditório, com perguntas às testemunhas, diferente do que ocorre na fase do inquérito policial."

Ronan Botelho, advogado de Eliana, informou que ainda não tinha conhecimento da denúncia, mas reagiu às acusações. "Ela prestava serviço, reunindo documentos necessários para que os empresários dessem entrada na Codel. São exigidos pelo município muitos documentos e Eliana, pelo conhecimento que tinha, fazia esse serviço."

Botelho informou que a cliente, enfermeira, reuniu documentação para dois empresários. Pereira e Ana Lucia não quiseram falar. Hilário não foi localizado. A sindicância instaurada pela própria Codel, para apurar o envolvimento dos servidores, deve ser finalizada na semana que vem. Prefeito e Câmara de Cambé em colisão por autarquia Edson Ferreira – Reportagem Local

A tramitação do projeto de lei que prevê a criação da Autarquia Cambé-

Previdência gerou novo desentendimento entre Executivo e Legislativo de Cambé (Região Metropolitana de Londrina). Desta vez, o prefeito João Pavinato (PSDB) acusa membros da Mesa Diretiva da Casa de terem fraudado "cirurgicamente" o texto original do projeto depois de aprovado pelo plenário. A confusão suspendeu a sanção da lei. Para o prefeito, a manobra teve o objetivo de adiar a criação do órgão. "Estão tentando protelar mais do que já protelaram", acusou Pavinato. O projeto chegou à Câmara em junho do ano passado.

Segundo o prefeito, as mudanças "intencionais" feitas na Câmara atribuem competências ao Conselho de Administração da Cambé-Previdência para enfraquecer a Diretoria Executiva, cujos quatro integrantes são escolhidos pelo chefe do Executivo. No caso do Conselho, são três membros eleitos entre os servidores municipais, um indicado pela Câmara e dois indicados pela prefeitura. A discórdia está concentrada no artigo 9º do corpo do texto, no qual constam as funções do Conselho. A prefeitura afirma que além do texto "acompanhar e avaliar a gestão" teria sido acrescentada a palavra "conceber". Em outro trecho, teria sido suprimida a expressão "em parceria com a Diretoria Executiva", deixando apenas para o Conselho a possibilidade de elaborar o regimento interno da autarquia.

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O presidente da Câmara, Elizeu Vidotti (Pros), do grupo da oposição, rechaçou as acusações do prefeito e disse que é "tempestade em copo d´água". Ele negou a intenção de adiar a sanção da lei, alegando que a polêmica teve início quando o Executivo enviou "texto errado" para a Câmara. "Em junho a assessoria do prefeito mandou por e-mail o projeto que tinha essas palavras que agora ele (Pavinato) diz que foram criadas. Depois foi corrigido. Aquele texto errado ficou no arquivo aqui e teve a segunda falha, quando a minha secretária enviou para a sanção esse texto que não tinha sido votado."

Pavinato rebateu. "Não sou eu que mando o projeto para a Câmara", disse ele, sobre eventual erro do Executivo. "Pelo conjunto da obra, não acredito na boa-fé deles. A obrigação era olhar o texto que é mandado para a sanção." Por fim, o texto correto deve ser enviado ao Executivo na semana que vem, segundo Vidotti.

Histórico Quando fala em "conjunto da obra", o prefeito de Cambé se refere ao embate com a Câmara para ter a aprovação do projeto que cria a Autarquia Cambé-Previdência. Elaborado pelo Executivo, o projeto segue recomendação do Ministério Público (MP) do Paraná para acabar com o Instituto Municipal de Previdência (IMP), órgão privado, responsável pelo regime próprio de previdência dos servidores municipais.

Segundo a procuradora da prefeitura, Josiane Santos Brito, "por gerenciar recursos públicos, é necessário criar um órgão público, com regras claras para essa função".

A matéria teve parecer contrário na Comissão de Justiça da Câmara e para continuar a tramitar era preciso que o entendimento fosse derrubado em plenário. Na votação de 5 a 4 contra o parecer, Vidotti entendeu que era preciso maioria qualificada e mandou o projeto para arquivamento. A prefeitura recorreu à Justiça e conseguiu liminar para fazer valer o placar.

Executivo e Câmara divergem ainda quanto aos custos. Para vereadores de oposição, a autarquia vai criar cargos, dando autonomia ao prefeito para nomeações, e elevar gastos na administração em R$ 500 mil por ano. O prefeito alega que o órgão vai reduzir os custos e dar mais transparência na gestão previdenciária. Luiz Geraldo Mazza / Acefalia na segurança

Embora os bons resultados estatísticos com queda em níveis de violência, a área de Segurança foi a que teve maior instabilidade de direção: primeiro com a surpreendente provisoriedade de Reinaldo de Almeida Cesar, homem de ouro da Polícia Federal; depois com a sequência produtiva de Cid Vasques, conquanto afetada pelos atritos com o Ministério Público e em meio a tudo isso a sucessão de três comandos da Polícia Militar. Como se vê os percalços não têm sido pequenos, o que não impediu um desempenho acima do razoável.

A área tem tal delicadeza que não pode ser entregue à direção provisória como se dá no momento em que a licença do delegado PF não é autorizada e o governo deixa tudo pra depois do carnaval quando volta de sua viagem a lugar incerto e não sabido e num momento sensível na decisão da questão das tarifas dos transportes que envolve a gestão metropolitana do sistema, dependente de subsídio bem maior do que o anunciado. Bom momento para viajar e deixar o hoje adversário Gustavo Fruet, a quem esnobou quando no PSDB, com todos os ônus da decisão. Escapismo ou malícia, tudo vale como suposição.

Urbs zero Nota da Urbs nos pródromos e sequência da greve: zero. Não tinha plano B para a hipótese da greve, bem concreta (e tanto que obteve no TRT a cautelar antes de sua deflagração) e não colocou qualquer programação contingencial e pior, ontem, mostrou-se inábil no monitoramento da frota para que a decisão judicial fosse seguida à risca. Bateu cabeça, embaralhou, e ficou visível que a frota circulante era bem menor do que a colocada pelo TRT.

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Já tinha zero na gestão passada com o papelão da licitação, contestada por todos e obra de Beto Richa prefeito e do seu procurador Ivan Bonilha, mais os dirigentes da empresa municipal, Marcos Isfer e Fernando Guignone. Como ela produziu efeitos jurídicos não dá para considerá-la nula, anulável e até, como querem alguns, inexistente. Mas o pepino está aí, azedíssimo, em compota.

Impasse Negociação dos ônibus em impasse: trabalhadores querem 10,5% e empresários ofertam no máximo 7,36% e isso ameaçava manter a greve. Se isso ocorrer é de esperar-se que o monitoramento da frota disponível pela Urbs seja eficaz. Tribuna do Norte Leitor / Polêmica entre Câmara e MP I

Também discordo da honraria ao deputado, contudo, há de se ponderar que a intromissão do Ministério Público nas decisões do Poder Legislativo é inaceitável, haja vista que a Constituição delimita de forma clara e cristalina, que os poderes executivo, legislativo e judiciário são independentes e harmônicos entre si. O MP jamais deveria interferir. Allkan Zanotti

Polêmica entre Câmara e MP II O TÍTULO DE Cidadão Honorário equipara a pessoa homenageada a uma adoção oficial. A pessoa agraciada passa a ser um irmão, um conterrâneo, uma pessoa da terra natal. Mesmo que um homenageado não tenha nascido ou não resida no município, para que se lhe conceda tal homenagem, faz-se necessário que se diga o que ele faz sem visar lucros. Wagner Dutra da Silva

Polêmica entre MP III De Fato, é uma questão polêmica. Afinal, indiscutivelmente a concessão do título pode trazer benefícios para o político em pleno ano de eleição, como já ocorreu nem anos enateriores. Por outro lado, O Ministério Público (MP) não pode interferir, se a lei permite aprovação. O ponto central é quando esse título será entregue, se for perto da eleição, aí sim a coisa vira eleitoral. Júlio Silva Gazeta do Povo Editorial / Um alerta poderoso O contundente desabafo de Joaquim Barbosa após a absolvição de mensaleiros permite prever mais “tardes tristes” para o Supremo

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, mostrou-se profundamente contrariado com o resultado do julgamento dos embargos infringentes dos mensaleiros que tinham sido condenados por formação de quadrilha. A absolvição reduziu as penas totais de oito deles, incluindo os petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. A decisão ainda fez Dirceu e Delúbio passarem do regime fechado para o semiaberto. O desabafo do presidente do STF e relator do processo do mensalão é o lamento de alguém que se vê lutando contra forças que considera muito superiores, e é um alerta poderoso à nação brasileira.

O resultado não era inesperado. Em 19 de setembro, após o Supremo ter decidido, também por 6 a 5, aceitar os embargos, a Gazeta do Povo já lembrava em editorial que a composição do plenário havia mudado em favor dos mensaleiros. Afinal, um dos ministros que haviam condenado os réus por formação de quadrilha, Carlos Ayres Britto, tinha se aposentado, enquanto os dois recém-chegados, Teori Zavascki e

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Luís Roberto Barroso, que não tinham participado do julgamento original, já tinham dado indícios de que se posicionariam a favor dos réus – especialmente Barroso que já havia criticado o Supremo pela severidade das penas e feito diversos elogios a José Genoino.

E as críticas de Barbosa se dirigiram exatamente aos dois ministros recém-chegados, com toda a razão. Barroso adotou uma estratégia absolutamente tortuosa para absolver os réus. Alegou que, em 2012, o Supremo só havia sido especialmente duro na definição das penas para impedir que o crime prescrevesse e para garantir regimes de cumprimento de pena mais severos. Por causa dessa “exacerbação nas penas aplicadas de quadrilha ou bando”, nas palavras de Barroso, ele decidiu absolvê-los. Ou seja, Barroso se apoiou mais em um debate sobre a dosimetria que sobre a formação de quadrilha em si.

Ainda pior foi o desempenho de Teori Zavascki, para quem simplesmente não havia quadrilha. “É difícil afirmar que Dirceu e Genoino tivessem se unido a outros agentes com o objetivo e interesse comum de praticar crimes contra o sistema financeiro nacional ou de lavagem de dinheiro”, disse o ministro, ignorando completamente todas as provas levantadas ao longo de anos de investigação. Por isso é completamente pertinente a indignação de Joaquim Barbosa. “Há dúvidas de que eles se reuniram? De que se associaram? E de que essa associação perdurou por mais três anos? E o que dizer dos crimes que eles praticaram e pelos quais cumprem pena?”, questionou, com toda a razão. Pois negar a existência de quadrilha é negar o próprio mensalão – tanto que o advogado de defesa de Dirceu, José Luís Oliveira Lima, escreveu, em nota, que a absolvição “atinge o coração, o cerne da acusação”. É de se imaginar que, se estivessem no Supremo desde o início do julgamento, em 2012, Barroso e Zavascki teriam absolvido todos os mensaleiros das mais diversas acusações, jogando no lixo a reputação da própria corte e consolidando a imagem do Brasil como o país da impunidade. Por isso se torna cada vez mais importante ressaltar o papel de Barbosa na relatoria do processo. Sem sua persistência em buscar a condenação dos responsáveis por esse atentado à democracia que foi o mensalão, o resultado poderia ter sido bem diferente.

Outros dois personagens ainda são dignos de menção: pelo lado positivo, Celso de Mello, o decano do STF, repetiu o tom duro de reprovação aos mensaleiros e rebateu os críticos do julgamento. “A ‘maior farsa da história política brasileira’ residiu nos comportamentos moralmente desprezíveis, cinicamente transgressores da ética republicana de delinquentes travestidos então da condição de altos dirigentes governamentais políticos e partidários, que fraudaram despudoradamente os cidadãos dignos de nosso país”, afirmou. Por outro lado, nunca será demais recordar o triste papel desempenhado por José Antonio Dias Toffoli desde o início do julgamento, quando não se declarou impedido de participar do julgamento, mesmo tendo sido advogado do PT e trabalhado sob José Dirceu na Casa Civil. Sem ele, os réus não teriam tido quatro votos pela absolvição e, portanto, não teriam direito aos embargos infringentes.

Barbosa, em seu desabafo, ainda falou de uma “maioria de circunstância formada sob medida para lançar por terra todo um trabalho primoroso”. É impossível avaliar com certeza absoluta se Barroso e Zavascki foram nomeados para o STF com a missão específica de minorar o estrago à reputação dos petistas e do partido. Mas, ainda que os dois ministros tenham sido guiados por profunda convicção e não por conveniência, seus votos indicam um péssimo grau de discernimento que poderá afetar outros julgamentos importantes no futuro. É o prenúncio de mais tardes tristes para o STF. Coluna do Leitor / Mensalão 1

Como esperado, os mensaleiros foram absolvidos da acusação de formação de quadrilha (Gazeta, 27/2) pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em sua maioria nomeados pelo PT. Lamentavelmente, mais um capítulo de vergonha para o povo

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brasileiro, que esperava muito mais do STF. Essa pizzaria do PT está fazendo sucesso e provavelmente vai abrir franquias em outros países. Hélio Ishida

Mensalão 2 A votação do STF foi uma vergonha! Venceu a turma do PT e mais uma vez vimos que a impunidade vai reinar por muito tempo neste país. O negócio é sair às ruas mesmo e protestar. Nosso país virou terra de ninguém. Luciano Della Coletta

Mensalão 3 Não bastasse a complacência dos eleitores em reeleger políticos “carimbados” pela corrupção, vem agora o STF abalizar a delinquência. Estão ratificando o velho ditado popular de que “o crime compensa”. Toda vez que pago um imposto – e não são poucos –, lembro da sigla do Darf , que até poderia significar “Documento de Arrecadação para Ressarcir as Falcatruas”.Cenio Roos, representante comercial

Auxílio-moradia 1 Charles de Gaulle realmente tinha razão ao dizer que este país não é sério. Os políticos fazem o que querem, mandam e desmandam. Transformaram-nos em cobaias e somos jogados diariamente de um lado para outro sem a menor consideração e respeito. O auxílio-moradia é justo apenas para os juízes em início de carreira, quando estão em período probatório e nada mais. Depois disso, com o salário que ganham, têm condições suficientes de pagar aluguel ou mesmo comprar seu imóvel residencial. Marcelo Oliva Murara

Auxílio-moradia 2 A entrevista com o juiz Frederico Mendes Júnior (Gazeta, 26/2) nos leva a acreditar que os poderosos não entenderam a mensagem dos movimentos de rua. Acham que isso não os atinge. E tudo com o apoio dos que se dizem representantes do povo. Uma vergonha! Não me surpreenderia se suas excelências propuserem a criação, por exemplo, do “Minha BMW, Minha Vida”. Adair Faria Zawadzki

Auxílio-moradia 3 Está cada dia mais difícil acompanhar as notícias de nosso país sem sentir revolta. Enquanto lemos que os “pobres” juízes terão um pequeno favorecimento acima de seus significativos salários, o auxílio-moradia, outra página mostra a triste situação dos PMs que estão simplesmente tendo de trabalhar com fome. Como podemos ser felizes num país com extrema desigualdade? Inês Slomuszynski, professora

Secretário de Segurança De fato, os argumentos do ministro da Justiça para não liberar o delegado Iegas para a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Gazeta, 26/2) não se sustentam. Se a cessão fosse para outro estado, os impedimentos não existiriam. Esse episódio é mais uma tentativa para desestabilizar o atual governo estadual. Podemos concluir que para o governo federal a segurança pública não é prioridade. Prioridade é enfraquecer adversários políticos nos estados onde o PT até agora não conquistou o poder. João Candido de Oliveira Neto Impasse / Prefeitura recorre à Justiça para seguir com negociações Recurso ao plantão judiciário do TRT-9ª garantiu uma nova rodada de debates para hoje, mas não conseguiu suspender paralisação Raphael Marchiori

A greve iniciada na última quarta-feira por trabalhadores do transporte coletivo de

Curitiba e Região Metropolitana chega hoje ao terceiro dia. A audiência conciliatória realizada ontem, no Tribunal Regional do Trabalho da 9.ª região (TRT-9.ª), chegou a ser suspensa para a próxima quinta-feira, depois do feriado de carnaval, mas decisão foi revertida por um recurso da Prefeitura de Curitiba.

O recurso por motivado pelo flagrante de uma obstrução ao terminal do Pinheirinho pelas câmeras da Urbs. Grevistas cercaram o local com alguns ônibus e abandonaram os veículos. A ação motivou um recurso da administração municipal ao plantão judiciário do TRT-9.ª, pedindo a suspensão da greve e uma nova audiência de negociação para esta sexta-feira. Antes das 23 horas, a magistrada Ana Carolina Zaina, a

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mesma que tem intermediado as negociações entre trabalhadores e patrões, aceitou o pedido de uma nova audiência, mas não acatou a solicitação de suspensão da greve.

Histórico A audiência de ontem avançou em relação às propostas patronal e dos empregados, mas de forma insuficiente para que as partes colocassem fim à greve. Pelos empregados, houve um recuou da pedida inicial – que era 16% de ganho real para motoristas e 22% para cobradores. Eles aceitaram proposta de Ana Carolina para que o reajuste fosse de 10,5% para ambas as categorias – ontem ela reduziu para 7,5%.

Já os empregadores avançaram de 5,26% – índice equivalente à inflação acumulada – para 7,26%. Essa nova proposta foi rejeitada pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc). Esse índice elevaria os salários dos cobradores de R$ 940 para R$ 1.009 e dos motoristas de 1.660 para 1.781.

De acordo com a Urbs, a proposta dos empregados para reajuste de 10,5% elevaria a tarifa técnica da Rede Integrada de Transportes (RIT) dos atuais 2,9353 para 3,2586. Mantida a tarifa atual cobrada do usuário (R$ 2,70), a empresa diz que esse reajuste representaria um déficit mensal de 13,9 milhões ao sistema – sendo R$ 7,9 milhões do transporte metropolitano.

De acordo com a desembargadora Ana Carolina Zaina, a próxima audiência foi marcada apenas para a quinta-feira em função de um pedido das partes para que tivessem mais tempo para “refletir” sobre as novas propostas.

Anderson Teixeira, presidente do Sindimoc, disse que a manutenção da greve é responsabilidade do sindicato patronal. “Os trabalhadores entenderam que a proposta do juízo contempla alguns dos anseios da categoria e poderia resolver esse impasse. Mas o sindicato patronal se tornou irredutível e nem no posicionamento da juíza conseguiu chegar. Não temos vontade de continuar em greve, queremos chegar a uma solução”.

Carlos Roberto Ribas Santiago, advogado do Setransp, disse que estava frustrado por não ter avançado. “Como iríamos negociar se o limite colocado pelos trabalhadores foi de 10,5% e eles se mostraram irredutíveis em baixar?”, indagou. Obstrução de terminal motivou ação

O bloqueio ao terminal do Pinheirinho, por volta das 19h30 de ontem, foi confirmado pela Prefeitura de Curitiba por meio das imagens do Centro de Controle Operacional (CCO), sistema operado pela Urbanização de Curitiba, a Urbs. Segundo as imagens e o relato de fiscais da administração municipal, vários ônibus foram usados para cercar e bloquear o terminal. Um veículo que estaria com passageiros também teria sido impedido de seguir viagem e os passageiros, detidos dentro do ônibus.

No entendimento da administração municipal, a ação dos grevistas burla a determinação de manter 50% da frota em circulação nos momentos de pico e 30% nos demais horários. A liminar da justiça trabalhista que determinou a circulação parcial da frota de acordo com horários pré-estabelecidos também estabeleceu multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento. A Justiça também expediu um mandato proibitório, no qual foi determinado que seja aplicada multa caso “o Sindimoc e os participantes da greve pratiquem atos que subvertam o sistema”.

Procurado, o vice-presidente do Sindimoc, Dino Cezar, afirmou só que vai comentar o incidente após verificar os fatos. Negociação / Ministério Público do Trabalho também fez sua proposta de reajuste

Antes do fim da audiência no TRT-9ª, os representantes do Ministério Público do Trabalho apresentaram às partes uma contraproposta e fizeram o debate retroceder. O órgão propôs 8,5% para motoristas e 10,5% para cobradores. Carlos Roberto Ribas

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Santiago, advogado que representou as empresas de ônibus, abriu espaço para a sugestão. “Nesse momento, o limite é 7,26%. Mas em negociações coletivas os limites são flexíveis”, afirmou.

Irredutível Já Anderson Teixeira, presidente do Sindimoc, afirmou que o mínimo, neste momento, para todos os trabalhadores da categoria, sejam motoristas ou cobradores, são os 10,5 % propostos pela própria magistrada Ana Carolina Zaina. Para ele, não há possibilidade de redução desse porcentual. Custos / Com 10,5%, peso na tarifa técnica é de R$ 0,32 Cálculo da Urbs mostra que, caso o preço atual seja mantido para o usuário, déficit mensal no sistema será de R$ 13,95 milhões Raphael Marchiori

A tarifa técnica, aquela que é repassada aos empresários por passageiro pagante, subirá R$ 0,32 caso o reajuste dos trabalhadores do transporte coletivo fiquem em 10,5%. A informação é da Urbanização de Curitiba (Urbs) e vai ao encontro das discussões que têm sido travadas em torno da tarifa em paralelo ao debate pelo reajuste de motoristas e cobradores. De acordo com a empresa que administra o transporte coletivo em Curitiba e Região Metropolitana, o reajuste na tarifa técnica sem uma alta no valor cobrado dos usuários traria um rombo de R$ 13,95 milhões mensais ao sistema – sendo a maior parte do déficit (R$ 8 milhões) relacionado à operação do transporte metropolitano integrado.

A reportagem também questionou a empresa sobre o impacto no sistema caso fosse aprovada a proposta do sindicato patronal, que ficou ontem em 7,26% – apenas 2% acima da inflação, mas a empresa disse que ainda não tinha essa conta pronta. O porcentual de 10,5% foi sugerido anteontem pela desembargadora Ana Carolina Zaina na primeira audiência conciliatória e foi aprovado, ontem, durante uma assembleia realizada pelos trabalhadores. Os empresários que operam o sistema, porém, dizem não poder arcar com esse reajuste.

Ontem, pelo segundo dia consecutivo, Roberto Gregório, presidente da Urbs, voltou a cobrar do governo do estado maior contrapartida para equacionar o déficit do sistema metropolitano. O governador Beto Richa anunciou, no último domingo, que renovaria até dezembro o subsídio mensal de R$ 5 milhões que repassa para a Urbs.

“O transporte intermunicipal é responsabilidade do governo do estado e esse valor de R$ 5 milhões não cobre o déficit nem do ano passado – quando a prefeitura colocou R$ 2 milhões mensais a mais”, disse Gregório.

Até mesmo o líder sindical Anderson Teixeira entrou na discussão. “O grande impasse hoje é com a questão tarifária. Principalmente, pela irredutibilidade do governo do estado em querer manter um subsídio que está há dois anos sem correção”, afirmou o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc). Imbróglio / Justiça notifica TCE-PR sobre veto à liminar

O Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR) informou que foi notificado, anteontem, da decisão do desembargador Marques Cury que suspendeu os efeitos da liminar que havia derrubado a tarifa técnica em R$ 0,43. A notificação ocorreu cinco dias após o magistrado ter decidido em favor de um mandado de segurança impetrado pelas empresas de ônibus. A assessoria do TCE-PR informou que uma área técnica está analisando a possibilidade de recurso e a questão pode até ser levada a plenário. Como o mérito do relatório ainda será julgado, o conselheiro Nestor Baptista emitiu uma cautelar liminar no último dia 6 para determinar a redução da tarifa técnica devido a

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irregularidades encontradas na planilha que a define. A decisão teria efeito a partir do próximo reajuste, previsto para 26 de fevereiro. Essa revisão, porém, ainda não ocorreu devido à greve que discute o reajuste dos trabalhadores. Transporte Coletivo / Espera por ônibus foi, no mínimo, de meia hora Ágatha Dea, especial para a Gazeta do Povo

Enquanto pela manhã ficaram dúvidas sobre se os motoristas cumpriram ou não

os 50% de frota em horários de pico, no fim da tarde a volta para casa parece ter sido mais tranquila. A espera em algumas linhas, como Centenário Campo Comprido, Ligeirão, Canal Belém e Vila Rex, foi de 30 a 60 minutos. Ainda assim, segundo informações do serviço de monitoramento de trânsito do Google, os pontos de lentidão ficaram acima do normal para o registrado tipicamente pela cidade.

Durante a tarde, quem ainda tentava ir dos municípios vizinhos para Curitiba sofreu. “Sou de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, vim à Curitiba para fazer um curso e não imaginava encontrar isso aqui do jeito que está. Entre todas as esperas do dia foram 3h30 perdidas desde manhã”, relatou a professora Vanessa Piasson, 31 anos.

Perto dali, no centrinho de Colombo, algum lado bom na greve. “O movimento dessa loja não é muito forte, mas com a greve de ontem fomos beneficiados, quem ficou em casa veio comprar sapato e o lucro foi maravilhoso. Hoje já voltou ao normal novamente”, contou o gerente da loja Fama Calçados, Wander Alves, 32 anos.

Ainda em Colombo, próximo ao terminal Guaraituba, o taxista Pedro Paulo Lourenço, disse ter praticamente dobrado os ganhos no primeiro dia de greve. “Hoje de manhã bem cedo também foi bom igual a ontem, mas na hora do almoço e à tarde o movimento parou totalmente para a gente e também no terminal”.

Comércio Nas lojas de Curitiba, o impacto foi grande. As do centro fecharam antes das 19 horas ontem, em vista do movimento fraco e para dar mais tempo para os funcionários irem embora aproveitando o movimento maior dos ônibus no horário de pico. A gerente Leonilda Montaglini disse que o movimento da loja está “horrível”. “Ontem não valeu a pena e hoje caiu para menos da metade”.

Logo ali no tubo da praça, a cobradora Irani Santos desabafou: “essa greve tinha que acontecer, só assim conseguimos lutar pelos nossos direitos. Por outro lado, sei que o povo sai perdendo.” Esquema alternativo / “Caronaço” oficial deve ganhar as ruas hoje Oferta de viaturas à população surgiu no Twitter do prefeito Gustavo Fruet ainda ontem à tarde. Segundo especialistas, proposta é válida Antonio Senkovski e Katia Brembatti

Para tentar amenizar os problemas da falta de frota mínima de transporte coletivo

nas ruas, a Prefeitura de Curitiba pretende oferecer, a partir de hoje, carona nos veículos oficiais. O anúncio foi feito na tarde de ontem, via Twitter, pelo prefeito Gustavo Fruet. Entre veículos próprios e alugados, 800 carros compõem a frota municipal. Contudo, nem todos vão colaborar para diminuir o suplício de quem precisa de transporte em períodos de greve. Um levantamento está sendo realizado para definir quantos carros podem ser cedidos ao transporte coletivo sem que seja necessário interromper todas as atividades da prefeitura. Também não foi definido em que horário o serviço começa, nem quais rotas serão priorizadas. Tampouco está claro quem terá direito a usar os veículos.

Professor de Direito Administrativo na Universidade de Brasília (UnB), Mamede Said conta que, mesmo que sejam veículos alugados com uma determinada finalidade –

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como transportar doentes ou beneficiários da assistência social –, há a possibilidade de, em situações excepcionais, adaptar o uso do bem público para necessidades urgentes. “É legal porque o interesse público justifica a medida”, diz. Ele reforça que uma greve de transporte coletivo afeta milhares de pessoas – impedidas de chegar ao trabalho, por exemplo – e que não há desvio de finalidade em promover uma adaptação em situações como essas.

Outras medidas Além dos veículos da frota oficial, vans e carros cadastrados pela Urbs continuarão autorizados a fazer transporte alternativo. Até o momento, 493 veículos têm liberação excepcional para carregar passageiros. Mas como não estão sujeitos a qualquer tipo de controle sobre locais e horários de atuação, os motoristas do transporte alternativo podem escolher se atendem a população em momentos de pico e na periferia, por exemplo – ontem muitos passageiros relataram o “sumiço” do serviço em algumas regiões. A passagem pode custar até R$ 6. O cadastro feito no primeiro dia da greve, quarta-feira, permanece válido enquanto durar a restrição do serviço.

Com o retorno de parte da frota do transporte coletivo às ruas, o uso das canaletas exclusivas pelos veículos de transporte alternativo e táxis está vetado. A Urbs recomenda que a circulação seja concentrada nas vias laterais às canaletas.

Tabela Um detalhe faz o número de ônibus nas ruas ser bem menor do que a demanda. O cálculo para definir a frota mínima que deve circular – atendendo a determinação do Tribunal Regional do Trabalho, que é de 50% dos veículos em horário de pico e 30% nos demais horários – é baseado na tabela de horários de feriados, quando a frota já é reduzida. Entretanto, o acordo prevê que o número seja arredondado para cima. Assim, se a conta indicar que uma linha precisa ter 2,6 veículos, ao menos 3 precisarão estar rodando para cumprir a determinação judicial. Ontem, um levantamento da Urbs apontou que o mínimo exigido não estava sendo cumprido. Pela manhã, a quantidade máxima de veículos chegou a 44%. À tarde, fora do pico, pouco mais da metade dos veículos estavam circulando. O monitoramento será enviado ao TRT, que avaliará se os mínimos exigidos foram cumpridos. Campo Magro / Suspeito assume ter ajudado a matar músico Antônio Gilberto Lago tinha 62 anos e estava desaparecido desde terça-feira. Seu corpo foi encontrado em carro carbonizado na RMC Fernanda Leitóles e Ellen Miecoanski

Um rapaz de 18 anos preso na tarde de quarta-feira confessou ter participado do assassinato do músico Antônio Gilberto Lago, conhecido como Gigante, na madrugada do mesmo dia. A motivação, segundo Jean dos Santos Jacinto relatou à polícia, seria por vingança. O corpo do músico curitibano e funcionário da prefeitura foi encontrado carbonizado no interior do próprio carro, em uma estrada rural de Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele estava desaparecido desde terça-feira. Lago tinha 62 anos.

Jacinto foi preso por policiais civis da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) acusado de participar de uma quadrilha que roubava carros e residências em Curitiba usando armas de brinquedo. Na casa onde o jovem foi preso, a polícia encontrou diversos documentos de vítimas de assalto e um celular, que pertencia a Lago. “Como encontramos o aparelho na casa não tinha como ele negar envolvimento no assassinato de Campo Magro, então resolveu confessar o crime”, explicou o delegado-titular da DFRV, Cassiano Aufiero.

Jacinto contou à polícia que Lago foi morto por causa de uma rixa envolvendo a irmã de um dos membros da quadrilha. O músico teria sido atraído por essa mulher até um local onde os demais integrantes o esperavam. Ele foi feito refém por diversas horas

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e obrigado a sacar dinheiro em caixas eletrônicos de Curitiba. Conforme Jacinto relatou aos policiais da DFRV, uma quantia de R$ 1,3 mil foi levada pela quadrilha, que depois conduziu a vítima e seu carro até a Rua Ana Bienarski, na área rural de Campo Magro, onde Lago foi morto e o veículo e o corpo dele incendiados. Acordo / Após 7 anos, patrão e ex-empregado dividem prêmio da Mega

Depois de sete anos de disputa na Justiça, patrão e ex-empregado fizeram acordo para dividir um prêmio de 2007 da Mega-Sena. Até então, o valor estava bloqueado. Os R$ 27,7 milhões sorteados à época hoje chegam a R$ 40 milhões. Ambos concordaram em dividir o prêmio para encurtar a espera pela decisão da Justiça. O empresário Altamir José da Igreja, 52, de Joaçaba (SC), negava que os números sorteados eram escolha do empregado, o marceneiro Flávio Júnior de Biassi, 21. Saúde / Anvisa retira do mercado 20 lotes de suplementos

A Anvisa vai retirar do mercado 20 lotes de suplementos para atletas com a “whey protein” de 14 fabricantes nacionais. Em todos os casos, por haver diferença significativa entre a quantidade de carboidratos ou proteínas informada no rótulo e o teor de fato presente no produto. Um dos produtos chega a ter 1.003% mais carboidratos do que informado no rótulo e apenas 40,7% do total de proteínas informado. Os 20 lotes dos produtos e suas respectivas marcas serão publicados no “Diário Oficial” da União de hoje. Segundo a Anvisa, os produtos proibidos não apresentam risco à saúde dos consumidores, mas as distorções na rotulagem caracterizam “fraude contra o consumidor e prática desleal de comércio”. A suspensão recai apenas sobre os 20 lotes analisados por laboratórios públicos a pedido da Anvisa. Copa do Mundo / Estados definirão sozinhos estratégia de segurança Da Redação

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, declarou que a definição das estratégias utilizadas pelas polícias para enfrentar manifestações na Copa do Mundo, como a criação da chamada “tropa do braço”, vai depender de cada estado. “A forma como as polícias vão agir, isso é responsabilidade de cada secretaria de Segurança, do comando da Polícia Militar”, disse ele. As informações são da Agência Brasil.

A “tropa do braço”, uma equipe com treinamento em artes maciais, foi usada no último sábado, pela PM paulista, para conter um protesto contra a Copa na capital. A tática consiste em isolar os black blocs antes que comecem a praticar atos de vandalismo. Foram usados 2,3 mil policiais para acompanhar 1,5 mil manifestantes, segundo a polícia, e 262 pessoas foram detidas.

Segundo o ministro, o papel do governo federal é apenas discutir com as secretarias de Segurança dos estados qual a forma de atuação do policiamento em possíveis manifestações durante a Copa do Mundo. Rebelo fez uma palestra sobre a Justiça e a Copa no Brasil, no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP). Ele comentou sobre a violência das torcidas de futebol e destacou que a punição é fundamental em casos como o do santista morto na última segunda-feira. “É a impunidade que estimula, muitas vezes, esse tipo de ação.” Embargos infringentes / Livres do crime de quadrilha, petistas podem sair da prisão já neste ano

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Se tiverem bom comportamento, Genoino, Delúbio e Dirceu podem deixar a cadeia entre agosto de 2014 e março de 2015 Katna Baran, com agências

Absolvidos do crime de formação de quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e beneficiados pela consequente redução da pena de prisão, os antigos dirigentes petistas condenados no processo do mensalão poderão sair da cadeia entre agosto deste ano e março de 2015. Isso porque a lei permite que condenados que tenham bom comportamento mudem do regime de punição quando cumprirem um sexto da pena. Além disso, detentos que trabalham e estudam também podem reduzir a punição.

Com a absolvição do crime de quadrilha decretada ontem pelo STF, a pena do ex-ministro José Dirceu cai dos 10 anos e 10 meses de prisão em regime fechado (determinada na primeira fase do julgamento) para 7 anos e 11 meses no semiaberto – referente ao crime de corrupção, do qual ele não pode mais ser inocentado. Caso tenha bom comportamento, Dirceu poderia pleitear a migração para o regime aberto em março de 2015 – quando não mais precisará nem dormir na cadeia.

Já o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-presidente do PT José Genoino podem deixar a prisão ainda neste ano – em dezembro e agosto, respectivamente (veja o que ocorrerá com os demais condenados no infográfico desta página).

Além do bom comportamento, os petistas também podem ser beneficiados por outros recursos de progressão de pena previstos em lei – o que os levaria a deixar a cadeia ainda antes. Por exemplo: a cada três dias trabalhados, desconta-se um dia da pena. Se estudarem, também poderão abater mais um dia de pena a cada três dedicados aos estudos. Por fim, outros quatro dias podem ser descontados por mês se o preso ler um livro e escrever uma resenha sobre a obra.

Aliados de Dirceu, por exemplo, avaliam que ele poderá deixar a cadeia já em outubro porque está trabalhando na Penitenciária da Papuda, em Brasília, desde dezembro – inicialmente na faxina e agora na biblioteca. Os cálculos de Dirceu preveem que ele poderia sair já em outubro. Delúbio, que estava trabalhando até ontem, é outro que espera sair antes – em outubro, como Dirceu. Mas a Justiça suspendeu nesta quinta-feira o trabalho externo de Delúbio por suspeita de que ele estaria recebendo privilégios indevidos na cadeia.

Essa suspeita também pode prejudicá-lo para obter o benefício da progressão de regime por bom comportamento. Isso porque o juiz responsável pela execução da pena pode entender que ele não teve uma conduta apropriada. José Dirceu também está ameaçado de não desfrutar do benefício caso seja comprovado que ele utilizou um telefone celular dentro da penitenciária, acusação à qual está respondendo.

Operador Além de Dirceu, Genoino e Delúbio, outros seis condenados por formação de quadrilha na primeira fase do julgamento se beneficiaram ontem da aceitação pelo STF dos chamados embargos infringentes – os últimos recursos a que os réus tinham direito. Apesar disso, o grupo não tinha mais como recorrer das condenações de outros crimes e, portanto, continuará a ter de cumprir alguma punição.

Oito dos nove absolvidos terão redução de pena – incluindo o publicitário Marcos Valério, operador do mensalão. Ele, porém, continuará preso por muito tempo – só terá direito a progressão da pena em fevereiro de 2020, ainda assim para passar da prisão em regime fechado para o semiaberto, quando só precisará dormir na cadeia.

Uma única absolvida não terá nenhum benefício prático: Simone Vasconcelos, ex-diretora da agência de publicidade SMP&B, de Marcos Valério. Ela inicialmente havia sido condenada por quadrilha, mas sua pena estava prescrita e ela não seria punida por isso. A absolvição de ontem pelos ministros do STF, portanto, teve apenas um caráter simbólico.

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Guerra de gerações/ Absolvição no STF opôs ministros novos aos veteranos da corte Das agências

A sessão de ontem do STF foi iniciada com o placar de quatro a um a favor da absolvição dos réus. O placar final acabou sendo de seis a cinco. A maioria dos ministros mais novos votaram pelo abrandamento da pena – incluindo os dois que não haviam participado da primeira etapa do processo: Luís Roberto Barroso e Teori Zavascki. Os mais antigos da corte tenderam a manter a condenação estabelecida na primeira fase do julgamento.

Além de Barroso e Zavascki, votaram pela absolvição os ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Rosa Weber. O entendimento deles foi de que os condenados não se organizaram em quadrilha com o fim específico de cometer crimes. Discordaram desse entendimento os ministros Luiz Fux, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e o presidente da Supremo, Joaquim Barbosa. Desabafo / “Foi uma tarde triste”, diz Barbosa Presidente do STF insinua que ministros Luís Roberto Barroso e Teori Zavascki foram indicados por Dilma para mudar sentenças do mensalão Agência Estado

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, lamentou ontem as absolvições do crime de formação de quadrilha no julgamento dos embargos infringentes do mensalão. “Esta é uma tarde triste para este Supremo Tribunal Federal, porque, com argumentos pífios, foi reformada, jogada por terra, extirpada do mundo jurídico, uma decisão plenária sólida, extremamente bem fundamentada, que foi aquela tomada por este plenário no segundo semestre de 2012”, disse Barbosa.

Ele ainda insinuou que os ministros Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso, que passaram a integrar a corte após a primeira fase do julgamento, foram indicados ao cargo pela presidente Dilma Rousseff para reverter as sentenças do mensalão. Os dois ministros votaram pela absolvição. Anteontem, Barbosa já havia acusado Barroso de votar de forma política e não técnica.

Indignação Barbosa começou a se mostrar indignado quando o placar já estava formado. “Temos uma maioria formada sob medida para lançar por terra o trabalho primoroso levado a cabo por esta corte no segundo semestre de 2012”, afirmou. “Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que esse é apenas o primeiro passo. É uma maioria de circunstância que tem todo tempo a seu favor para continuar sua sanha reformadora”, atacou.

Para Barbosa, o desmonte do julgamento ocorreu em 2013, quando o tribunal, por maioria, resolveu aceitar os embargos infringentes – quando um réu é condenado com pelo menos quatro votos pela absolvição, pode pedir um novo julgamento. “Inventou-se um recurso regimental totalmente à margem da lei com o objetivo específico de anular e reduzir a nada um trabalho que fora feito”, disse. Comemoração / Após absolvições, PT quer construir “nova narrativa” do mensalão Partido comemora o fato de poder apagar a marca de ter “quadrilheiros” em seus quadros Das agências

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O PT comemorou ontem a derrubada, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da tese de que uma quadrilha comandou o esquema do mensalão. Para integrantes da legenda, a decisão vai ajudar a construir uma nova narrativa do escândalo e afastar do partido a marca de ter “quadrilheiros” em seus quadros.

“Caiu a farsa do crime de formação de quadrilha”, afirmou o presidente nacional do PT, Rui Falcão. “Dizer que [José] Genoino é quadrilheiro, que o João Paulo [Cunha] é quadrilheiro, é um desrespeito a essas pessoas”, disse o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP). “Mesmo que tardiamente, o STF fez Justiça. O PT já dizia, antes da decisão, que não havia quadrilheiro no partido.”

No Senado, o líder do PT na Casa, Wellington Dias (PI), disse que os presos pelo processo do mensalão foram julgados de forma precipitada. “Isso fica de reflexão não só para eles, políticos e empresários, mas para todo cidadão, que tem direito de ter uma condenação apenas após o trânsito em julgado de um processo”, disse Wellington Dias.

O advogado do ex-ministro José Dirceu, José Luis Oliveira Lima, divulgou nota dizendo que a absolvição de seu cliente atinge o “coração” da acusação apresentada pela Procuradoria-Geral da República e demonstra “de maneira cabal” que “jamais existiu uma organização criminosa” chefiada pelo seu cliente. E disse que, com a absolvição, fica demonstrado que a acusação foi uma “peça de ficção”.

Sem holofotes Já o vice-presidente da Câmara, o deputado paranaense André Vargas (PT-PR), preferiu criticar a antiga postura do STF e elogiar a nova. “Estamos voltando a um Supremo equilibrado, sóbrio e técnico. Sempre disse que os juízes devem falar nos autos, não para os holofotes”, afirmou Vargas. Insinuações / Gleisi muda o tom e critica Joaquim Barbosa Das agências

A ex-ministra e senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que quando ocupava a Casa Civil costumava ser comedida ao comentar o caso do mensalão, criticou ontem as declarações do presidente do STF, Joaquim Barbosa (veja o que ele disse na página 14). Ela o acusou de levantar “ilações” sobre o processo de indicação dos ministros da corte pela presidente Dilma Rousseff, para abrandar as penas dos condenados. “Ele abre mão da argumentação jurídica e técnica para insinuar que o processo de escolha carece de seriedade e responsabilidade. Estaria sua indicação também sujeita à suspeição?”, discursou Gleisi no plenário do Senado. Justiça bloqueia bens de ex-prefeito de Paranaguá Oswaldo Eustáquio, correspondente

A Vara da Fazenda Pública de Paranaguá decretou liminarmente a

indisponibilidade de bens do ex-prefeito de Paranaguá José Baka Filho e do ex-presidente da Empresa de Desenvolvimento de Paranaguá (Emdepar), Antônio Carlos Abud. Um total de R$ 53 milhões foi bloqueado. Baka Filho disse que o valor que realmente foi bloqueado foi o de R$ 10.300, referente ao seu salário como servidor da Administração dos Portos de Antonina e Paranaguá (Appa). “Fui ao banco para pagar as contas do mês e percebi que o meu salário estava bloqueado a pedido da justiça”, disse.

A Justiça entendeu que os dois causaram prejuízos aos cofres públicos ao ordenar despesas de maneira irregular por meio de uma empresa de economia mista, a Emdepar, que aplicava os recursos sem licitação. “Os números apontados são irreais, mais que o dobro do que a Emdepar movimentou nos oito anos”, disse Baka.

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Obra demolida / Ex-prefeitos de Pato Branco terão de devolver R$ 58 mil A demolição de uma obra levou o Tribunal de Contas do Paraná a determinar a

devolução de R$ 58.726,82. Valor será pago dois ex-prefeitos de Pato Branco, Alceni Ângelo Guerra e Roberto Salvador Viganó, e pela ex-secretária estadual de Educação Yvelise Freitas Arco-Verde. Entre 1998 e 2000, o município do Sudoeste, então sob a gestão de Alceni, recebeu R$ 79,3 mil do Instituto de Desenvolvimento Educacional (Fundepar) para a construção da Usina do Conhecimento. A obra foi demolida na em 2009, já na gestão de Roberto Viganó. Eles ainda podem recorrer. Decisão / Justiça manda Requião indenizar Paulo Bernardo por danos morais Amanda Audi

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) foi condenado a pagar multa de R$ 40 mil por danos morais ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT). Em valores atualizados e pagamentos de honorários, a indenização chega a R$ 75 mil. A decisão foi tomada ontem pela 8.ª Câmara Cívil do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).

Em 2010, quando era governador do Paraná, Requião acusou o então ministro do Planejamento de ter proposto o superfaturamento de uma obra ferroviária com o objetivo de beneficiar a si mesmo e a uma empresa multinacional. As acusações foram ditas por Requião à imprensa, na Escola de Governo e em sua conta no Twitter.

Segundo o ex-governador, Paulo Bernardo teria pedido a ele apoio para a liberação de recursos para a construção do ramal ferroviário Guarapuava-Ipiranga. Requião afirmou que o processo seria superfaturado em R$ 350 milhões.

O advogado do ministro, Luiz Fernando Pereira, diz que não há mais possibilidade para a defesa de Requião pedir efeito suspensivo do recursos. Com isso, haveria a obrigatoriedade de o peemedebista depositar o dinheiro assim que for notificado oficialmente, mesmo se optar por recorrer da decisão. O senador já havia perdido o processo em primeira instância há dois anos. O TJ porém, não acatou o pedido de Bernardo para que o valor inicial da multa – estipulada ainda em 2011 – fosse aumentado para um valor acima de R$ 40 mil, o que faria com que o valor atualizado subisse mais.

A defesa de Requião afirma que vai esperar a publicação da decisão para avaliar se recorrerá. “Mas ao que tudo indica, devemos entrar com recurso sim, porque ele foi condenado sem a produção de provas”, afirma o advogado Julio César Brotto. Projeto/ Senador paranaense diz que vai tentar se candidatar à Presidência

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) anunciou que vai se apresentar à convenção nacional do PMDB como candidato do partido à Presidência da República. Ele fez o anúncio ontem no Senado. “Governo e oposição não têm programa para o desenvolvimento brasileiro, com começo, meio e fim, com táticas e estratégias claramente definidas”, disse Requião, segundo a agência de notícias do Senado. “Governo e oposição estão distantes de oferecer ao brasileiro um projeto de nação. Os partidos alinhavados às vésperas de cada eleição não podem ser considerados seriamente como projetos para o desenvolvimento brasileiro.” Direito & Justiça / Os caminhos para a aprovação em concurso público Salário e carga horária animam quem pretende se tornar servidor público. Mas preparo para as provas exige tempo e investimento Taiana Bubniak

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Para todo o ano de 2014, há previsão de 10 editais de concursos para órgãos regionais e nacionais no Paraná. Em todo o país, são cerca de 100 editais previstos, que somam, em média, 60 mil vagas. E eles vendem o “emprego dos sonhos”: 30 horas semanais em média, salários altos, estabilidade no cargo. Porém, quem se aventura no mundo dos concursos públicos, inclusive na área jurídica, precisa saber de antemão que serão necessárias muitas horas de estudo, eventual investimento em cursos preparatórios e dedicação para atuar no cargo.

Essa equação tem de ser analisada pelos mais de 67 mil inscritos (até o dia 25/02) para as 160 vagas de técnico judiciário do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), com salário a partir de R$ 5 mil. A concorrência acirrada – de cerca de 420 pessoas por vaga – promoveu uma corrida à preparação. Há cursinhos preparatórios desde meados de 2013, quando o órgão anunciou que abriria concurso para as vagas ociosas.

Quem quer ingressar na carreira pública precisa passar por uma prova, que é a tentativa de selecionar os melhores candidatos de forma isenta. Para passar em avaliações tão concorridas quanto a do TJ-PR, a dica é manter a rotina de estudos, independente de haver provas marcadas.

“Quem faz concursos sempre sabe que é preciso estudar independente de prova. Se fez uma prova, sabe que em breve haverá outras similares, com edital parecido. Por isso, quem quer ser aprovado não pode parar de estudar”, aconselha Gustavo Arns, uma dos diretores do Curso Luiz Carlos. De acordo com ele, o candidato “de ocasião” tem poucas chances. “Tem muita gente que se prepara há muito tempo e com estudos específicos para cada edital. Com certeza esse candidato sai na frente”, aponta.

Embora os concursos públicos chamem muita atenção por conta dos benefícios, é preciso pensar na realidade da profissão. “É claro que a remuneração é satisfatória e não seria encontrada em outro local, principalmente para quem tem ensino médio. Mas é preciso vocação”, afirma Ana Paula Liberato, coordenadora do curso Ordem Mais. Em vários cargos, o serviço é bastante burocrático. “Será preciso se manter naquela função e aí, além dos benefícios, tem de se pensar em qual carreira vai seguir, se é nos tribunais, na polícia, na Receita Federal”, exemplifica Ana. Técnico do TJ-PR fará trabalho burocrático

Sondagem dos cursos preparatórios em turmas de inscritos no concurso de técnico judiciário para o TJ-PR aponta que não há um perfil específico do concorrente. Há estudantes, trabalhadores que estão há pouco tempo no mercado de trabalho e também pessoas mais velhas. “Há quem busque uma primeira oportunidade, mas também há profissionais mais experientes, que buscam a estabilidade e os benefícios da aposentadoria no serviço público”, explica Ana Paula Liberato, coordenadora do curso Ordem Mais.

Entre os que querem estabilidade, está a administradora Hana Paula Nikitin. Desde julho do ano passado ela começou a fazer cursinhos preparatórios para o concurso do TJ-PR, sua oitava tentativa de ingressar no serviço público. Em setembro, ela saiu do emprego na área de saúde para se dedicar totalmente aos estudos.“Eu me formei na área de administração, mas ao longo do curso me apaixonei pelo direito. Agora quero trabalhar na área e fazer a graduação”, planeja. Ela calcula que já investiu R$ 3,5 mil em cursos preparatórios para o concurso do TJ-PR.

Função Quem passar no concurso do TJ-PR deve estar preparado para assumir variadas funções dentro a secretaria do Tribunal. “O técnico é um servidor coringa, ele precisa ter maleabilidade para trabalhar em diversos setores”, comenta Antônio Marcos Pacheco, diretor do Sindicato dos Servidos do Judiciário no Paraná (Sindijus-PR).

O aprovado poderá trabalhar em recursos humanos, financeiro, patrimônio, expedição ou em gabinetes de desembargadores ou juízes auxiliares de 2º grau.

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Há funções gratificadas que variam entre R$ 400 e R$ 3 mil para servidores que se destacarem em alguma função ou área de interesse. “A imagem de trabalho ‘fácil’ ficou no passado. Há servidores que acumulam funções e passam a trabalhar mais horas e se o funcionário não está rendendo em um setor, será transferido ou passará por curso de qualificação”, explica Pacheco.

Curso preparatório Aulas específicas para um concurso exigem um investimento que varia de R$ 500 até R$ 3 mil. O preço vai depender da carga horária do curso. O aspecto positivo dos preparatórios é o foco: como os professores já conhecem o perfil das empresas que vão aplicar a prova, conseguem direcionar o aluno no que estudar.

Estudo Os estudos devem ser parte da rotina. Independente da prova estar marcada ou o edital aberto, o ideal é incluir no dia-a-dia as matérias que costumam ser comuns aos editais, como direito constitucional. Além de estudar a teoria, é importante resolver exercícios que já foram cobrados em outras provas. As instituições que fazem as provas costumam fazer avaliações com perfis semelhantes, então é importante fazer provas antigas para entender a sistemática das provas.

Eleição Em ano eleitoral, há restrição para concursos públicos. O edital pode ser lançado e as provas podem ser feitas. O que é proibido no prazo de 60 dias antes das eleições é a homologação da aprovação do candidato, que é a última medida antes da tomada de posse.

Validade dos concursos O tempo que vale a seleção feita pelo concurso deve estar descrito no edital. Em geral, concursos tem validade de dois anos, prorrogável por igual período. Nesses dois ou quatro anos, caso sejam abertas novas vagas para um cargo que havia selecionado profissionais por meio do concurso, os classificados nessa prova devem ser chamados a assumir o cargo.

Fonte: Ana Paula Liberato (curso Ordem Mais) e Gustavo Arns (curso Luiz Carlos) Onde tem material?

Se antes as matérias para estudo estavam exclusivamente nos livros e em cursos presenciais, agora, a internet amplia o acesso ao conhecimento. Os sites das empresas que fazem concursos divulgam provas anteriores e são um banco de dados confiável. Além disso, há uma série de endereços que reúnem os concurseiros e disponibilizam material de estudo. Veja alguns:

• Gazeta do Povo: em parceria com o curso Luiz Carlos, a Gazeta do Povo está publicando aulas em vídeo semanalmente sobre o conteúdo que será cobrado na prova de técnico judiciário do TJ-PR. Endereço: www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/justica-direito

• Jurisway: mais de 4 mil vídeos sobre diversas áreas do direito. Endereço: http://www.jurisway.org.br/videos/

• PCI Concursos: Site reúne informações sobre editais abertos e disponibiliza provas anteriores. Endereço: http://www.pciconcursos.com.br/

• Gramática online: página do professor Dilson Catarino, traz dicas sobre sintaxe, ortografia e regras do idioma. Endereço: http://www.gramaticaonline.com.br/

Definições O edital para o concurso de técnico judiciário do TJ-PR foi publicado em julho do ano passado, mas houve demora na definição do local e da data da prova. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal, o grande número de inscritos exigiu o uso de várias instituições de ensino em Curitiba e foi necessário ajustar-se ao calendário de todas. Ainda conforme o órgão, não há previsão para homologação dos candidatos aprovados. Direito & Justiça / Artigo / A responsabilização civil sobre o conteúdo ilícito no Projeto de Lei do Marco Civil da Internet

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Maurício de Freitas Silveira

Busca-se, neste artigo comentar rapidamente sobre o que o Projeto de Lei do Marco Civil da Internet diz inerente ao conteúdo ofensivo posto na web, bem como o que prevê sobre as ferramentas processuais para responsabilizar o autor do conteúdo dito como ilícito.

O Poder Judiciário, através do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e demais tribunais, vem corriqueiramente decidindo sobre a matéria, aplicando dispositivos da Constituição Federal, do Código Civil e do Código de Defesa ao Consumidor para resolver as demandas postas sob sua jurisdição, criando um verdadeiro ativismo judicial sobre a web, repita-se, por falta de lei específica.

Um levantamento feito pelo jornal O Globo mostra que o Brasil é o país que mais faz pedidos de remoção de conteúdos ao Google. Entre 2009 e 2012, foram contabilizadas 2.258 notificações judiciais e governamentais. O Brasil está à frente de países como Estados Unidos (1.178), Alemanha (1.136) e Turquia (753).

No termos do Projeto de Lei 2.126/2011, o art. 7º protege e estabelece ao internauta quanto à violação acima suscitada. Vejamos: “O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania e ao usuário são assegurados os seguintes direitos: I - à inviolabilidade da intimidade e da vida privada, assegurado o direito à sua proteção e à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Já os artigos 14 e 15 do referido Projeto, em harmonia ao entendimento já pacificado no STJ (Terceira Turma do STJ no Recurso Especial 1.193.764) enaltece que só será responsabilizado o provedor de conexão à internet por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo ofensivo. Em outras palavras, o responsável principal é o terceiro e responderá por omissão e solidariamente o provedor que não atender ordem judicial.

Ocorre que, novamente a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em outro julgado, rejeitou recurso da empresa Google Brasil Internet Ltda., entendendo que, uma vez notificado (destaca-se: essa notificação não é judicial conforme quer o projeto de lei, essa notificação é por via administrativa pela ferramenta disponível pelo provedor – para denunciar abusos) de que determinado texto ou imagem possui conteúdo ilícito, o provedor deve retirar o material do ar no prazo de 24 horas, ou poderá responder por omissão. (REsp 1.323.754). Tal entendimento é o mesmo do TJPR, (TJPR - 10ª C.Cível - AC - 1040716-6 - Morretes - Rel.: Marcelo Gobbo Dalla Dea - Unânime - J. 10.10.2013).

Vejamos que, como posto no projeto existe uma divergência com as atuais decisões dos tribunais, em que entendem que a notificação extrajudicial pela ferramenta disponibilizada pelo provedor “denúncia de abuso” basta para gerar o descumprimento por omissão do provedor, sendo desnecessária ordem judicial. Pois bem, como caberá ao órgão judicial determinar o prazo para retirada do conteúdo ofensivo na rede, deverá conter, sob pena de nulidade, identificação clara e específica do conteúdo apontado como infringente, que permita a localização inequívoca do material, isso prevê o projeto de acordo com que o STJ decidiu no REsp 1396417. Em contrário ao decidido pelo STJ enunciado 554 da VI Jornada de Direito Civil.

Por derradeiro o art. 17 vaticina como mecanismo processual (medida cautelar incidental ou autônoma) onde a parte interessada poderá com o propósito de formar conjunto probatório em processo judicial cível ou penal, requerer ao juiz que ordene ao responsável pela guarda e o fornecimento de registros de conexão ou de registros de acesso a aplicações de internet, cujo objetivo primeiramente é remover o conteúdo e posteriormente descobrir o endereço IP.

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Em se tratando da rede social Facebook a responsabilidade civil ou criminal é do autor que postou e não de terceiros que certa forma “curtiram” o conteúdo, a não ser que tenham compartilhado ou comentado a publicação ofensiva (APELAÇÃO Nº 4000515-21.2013.8.26.0451 PIRACICABA VOTO N. 16827, TJSP. Des. Neves Amorim).

Em que pese o Projeto de Lei do Marco Civil da Internet possuir um texto com dispositivos parcialmente antagônicos ao que os tribunais vêm decidindo, sua regulamentação é necessária para a segurança jurídica dos usuários ofendidos na rede, através dos mecanismos processuais específicos ao efetivo cumprimento das liminares, inerente à responsabilização civil de terceiros ou do próprio provedor que não atende as providências da retirada do conteúdo ofensivo, seja mediante ordem judicial ou por notificação administrativa (ferramenta “denúncia de abusos”) contida no site da rede social.

Maurício de Freitas Silveira, advogado, éspecialista em Direito Processual Civil e Inovações ao Direito Civil e seus Instrumentos de Tutela. Membro da Comissão de Trabalhos da VI Jornada de Direito Civil – Brasília-DF. Direito & Justiça / Artigo / Crime Organizado e Técnicas Especiais de Investigação Danilo Andreato

No dia 19 de setembro 2013, entrou em vigor a Lei 12.850/2013, dispondo em especial sobre a repressão ao crime organizado e regulando algumas técnicas especiais de investigação (TEI), a exemplo da colaboração premiada, ação controlada e infiltração de agentes. Mas o que são esses métodos, afinal?

Dá-se o nome de técnicas especiais de investigação aos meios de prova ou de obtenção de elementos de prova utilizados quando da inviabilidade de os obtê-los por intermédio dos instrumentos investigativos convencionais, insuficientes para dar corpo ao dever de proteção e direito à segurança principalmente em face das características estruturais do crime organizado e da complexidade dos delitos econômicos e transnacionais cometidos por grupos dessa espécie.

Em meio a discussões quanto à gravidade das revelações feitas por Edward Snowden sobre a desmedida coleta eletrônica de informações pelo governo dos Estados Unidos por meio da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), afetando a soberania de diversos países, inclusive a do Brasil, é fora de dúvida que o bom emprego das inovações tecnológicas traz facilidades à vida, inovações essas que amplificaram a velocidade e o fluxo de pessoas e bens entre várias regiões do globo. Lamentavelmente, porém, também se constata o seu manejo com propósitos ilícitos, em prejuízo da sociedade e dos valores constitucionalmente consagrados, tendo em vista que a versatilidade das tecnologias da informação e das comunicações viabilizou espaços e composições favoráveis ao cometimento de delitos patrimoniais e contra a ordem socioeconômica.

Descortinaram-se oportunidades para mais agilmente serem ocultados ganhos, de maneira a impedir ou erigir maiores obstáculos à ação das autoridades públicas. Ao apertar uma tecla, em uma fração de segundos envia-se o produto da atividade criminosa a um país distante, não raro intensificando a dificuldade ou até mesmo impossibilitando o rastreamento dessas somas mediante a realização de sucessivas e complexas transações financeiras ou corporativas. Afinal de contas, em um mundo globalizado, a vizinhança é logo ali. Com o incremento dos delitos transnacionais, a comunidade internacional buscou construir, principalmente por meio de tratados bilaterais ou multilaterais, um sistema global de prevenção e repressão, do qual

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despontam a Convenção de Viena de 1988, a Convenção de Palermo e a Convenção de Mérida como fundamentos normativos internacionais das TEI.

É imperativo de estatura constitucional que o Estado, além de não violar os direitos humanos, aja de maneira a promovê-los e protegê-los, inclusive valendo-se do direito penal e processual penal, quando necessidade houver. Ao possibilitar que sejam supridas insuficiências ou inaptidões dos tradicionais meios de prova ou de obtenção de elementos de prova na apuração e persecução penal, a utilização das TEI atende a mandamentos constitucionais e compromissos assumidos pelo Brasil perante a comunidade internacional. Ela também qualifica a tutela preventiva e repressiva de bens jurídicos caros à sociedade, preservando o Estado Democrático de Direito. Nessa perspectiva, a omissão estatal corresponde à violação de tais direitos, contexto no qual estão os direitos à segurança, à paz e à liberdade.

Essa sintonia com a Constituição obviamente também deve se dar quanto aos limites da utilização desses instrumentos investigativos em face dos parâmetros do Estado Democrático de Direito. São ferramentas cujo manejo não pode ser vulgarizado, pois lidam com direitos sensíveis, como a vida e a privacidade, e comportam graves riscos, a exemplo das circunstâncias que envolvem colaboradores da Justiça e testemunhas de delitos praticados por organizações criminosas, o que, no ponto, eleva a importância da existência de um especial sistema de proteção.

Lançar mão de instrumentos processuais penais como as TEI, alicerçadas no imprescindível respeito à dignidade da pessoa humana e voltadas a tutelar a paz e a segurança, significa um atuar estatal pautado em princípios democráticos com vistas a uma política criminal destinada a concretizar o programa constitucional por meio de uma tutela jurisdicional efetiva.

Com a presença ou não das técnicas especiais de investigação, certamente não se conseguirá eliminar a criminalidade, reduzi-la a zero no plano nacional ou global. No entanto, inegavelmente são destacados meios de prevenção e repressão aos crimes em que o uso dessas medidas se apresente necessário, de forma que os ilícitos penais sejam reduzidos a um patamar hábil a ser considerado socialmente tolerável, sem maiores afetações nas estruturas sociais e institucionais.

Danilo Andreato, professor adjunto das Faculdades Santa Cruz, é mestre em Direito (PUC/PR). Direito & Justiça / Entrevista / Convenção de Viena dá mais liberdade às partes Cesar A. Guimarães Pereira, presidente da Câmara de Arbitragem da FIEP Joana Neitsch

As negociações de compra e venda de mercadorias entre 80 países, incluindo o Brasil, estão unificadas: todos se submetem às regras da Convenção de Viena das Nações Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias (CISG, na sigla em inglês). O Brasil consolidou a adesão à regra em março de 2013 e agora passa por um processo de adaptação às normas. A CISG é uma lei uniforme sobre trocas mercantis e reúne regras para a formatação dos contratos de compra e venda internacional, além das obrigações das partes envolvidas. O advogado Cesar Augusto Guimarães Pereira, presidente da Câmara de Arbitragem da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), estuda e dá treinamentos a estudantes acerca das regras da CISG e questões relacionadas à arbitragem comercial internacional. Para ele, a adesão do Brasil ao tratado é positiva e aconteceu em um momento em que o sistema jurídico e de comércio do país está amadurecido para receber as novidades. Ele conversou com a Gazeta do Povo sobre o tema. Abaixo, confira os principais trechos da conversa:

A CISG entrou em vigor em 1988 e só agora o Brasil aderiu. Demorou muito?

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De fato, a CISG, essa convenção das Nações Unidas para venda internacional de mercadorias, foi assinada em 1980 e passou a valer em 1988, quando atingiu número mínimo de ratificações para ter validade. O Brasil demorou esse tempo que foi talvez até um pouco longo demais para aderir a esse sistema. Mas não podemos esquecer que Brasil se inseriu no contexto de comércio internacional a partir da década de 1990, e só hoje nós somos um agente, um personagem importante no comércio internacional, mas demorou até que isso tenha acontecido. Acredito que levou o tempo necessário para que nós, como país e como sistema jurídico, tivéssemos amadurecido o suficiente.

Podemos dizer que agora o Brasil está preparado para essa lei? Sem dúvida. O Brasil está preparado no sentido em que tem condições de saber

aplicar bem essa lei uniforme. Isso não significa que não haja grandes desafios. Um deles é a preparação dos advogados e dos juízes para aplicar uma legislação que tenha vocação de ser uniforme de vários países. O único jeito é que o Judiciário e advogados de cada um deles conheça o que se passa nos outros. Essa nova legislação envolve o desafio de um juiz brasileiro estar disposto a conhecer – não como ilustração, mas como matéria fundamental para decisão – a doutrina e jurisprudência que são conhecidas e efetuadas em outros países.

Mas esse processo é recente, ainda está começando. O senhor acredita que vai haver uma movimentação do Judiciário sobre esse assunto, como a promoção de debates e treinamentos? Há vontade para isso?

Claro. Aqui no Paraná, a Escola da Magistratura, em conjunto com a Câmara de Arbitragem da Fiep já produziu cinco eventos destinados a despertar a atenção dos advogados e juízes a respeito desse tema. O primeiro foi feito em 2011. E desde então, tem havido sucessivas iniciativas do Judiciário, em parceria com o FIEP, em relação a isso. Além disso, nos dias 19 e 20 de março haverá um grande evento internacional sobre o tema aqui em Curitiba, cuja iniciativa é do poder judiciário. A iniciativa é do STJ e do Conselho da Justiça Federal e há o apoio de organizações privadas, principalmente do Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá de São Paulo, da Fiep e do Brazil Infrastructure Institute. O fato de esse evento ser realizado por iniciativa do Judiciário é significativo; mostra que juízes estão atentos a respeito de como aplicar uma lei uniforme.

E como fica a formação dos advogados com relação à norma? Às vezes a legislação muda e isso demora até chegar nos cursos de graduação e pós-graduação. O senhor acredita que essa nova legislação vai começar a ser discutida nas universidades?

Curiosamente, essa legislação já vem sendo discutida nas universidades. Por meio de um excelente exercício educacional que foi criado em Viena e em Hong Kong, há mais de 21 anos e que envolve 400 universidades de todo o mundo. É uma competição internacional entre universidades e quatro delas são daqui de Curitiba. Alunos da UFPR, Universidade Positivo, PUC-PR e UniCuritiba participam. Essa competição tem como substância exatamente um caso que envolve a CISG. Mesmo antes de a legislação estar em vigor, estudantes brasileiros vinham se exercitando com essa legislação e hoje existe certo contingente de advogados que participaram dessas competições e que tem boa consciência a respeito do tema. Existe sempre o desafio que é que, o que se produz nessa legislação, não é em língua portuguesa. Por isso, eu e mais dois professores brasileiros estamos coordenando a tradução da principal obra internacional a respeito desse tema, que são comentários sobre a lei uniforme. Isso é importante porque a CISG vai ordenar os contratos internacionais de qualquer porte. Não são necessariamente os contratos caros, em que há grandes escritórios de advocacia nas duas pontas. Vai se aplicar a qualquer espécie de compra e venda internacional.

As principais vantagens da CISG são previsibilidade, segurança jurídica, quebra de barreiras culturais e menos custo de transação. Para a realidade do

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Brasil, há alguma vantagem que pode ser destacada com a adoção do regramento?

Do ponto de vista das empresas que atuam no comércio exterior é a redução de custos da transação. Em vez que de uma empresa que negocia um contrato de compra e venda com outro país ter de se informar a respeito da legislação estrangeira para poder ter consciência dos riscos dessa operação, as duas empresas podem se submeter às regras da CISG e se valer de seus próprios serviços jurídicos de origem, porque a legislação vai ser a mesma aqui, na Índia, na Argentina, na França.

A CISG derruba ou contraria algum ponto da legislação vigente no Brasil? Sim e não. A CISG é uma legislação muito flexível, ela serve para ser aplicada em

determinados contratos, na hipótese de as partes não terem compactuado regras diferentes, se não houver nada previsto antes. Ela muda radicalmente alguns conceitos como o de liberdade de forma. No Brasil, nós temos algumas regras mais rígidas a respeito dos limites para contratos puramente orais. A CISG não tem limite nenhum nesse sentido. Pode haver um contrato puramente oral, sem nada por escrito, entre duas empresas internacionais e ele vai ter validade.

Em caso de contrato oral, como provar os termos quando houver litígio, por exemplo?

Pode haver dificuldade. Mas também prestigia a liberdade para conseguir provas, pois determina que se investiguem as circunstâncias do negócio. Prova de contrato oral é difícil de fazer, mas na legislação que vai valer a partir de abril, um contrato puramente oral vai valer como qualquer outro.

Na arbitragem, o que muda com a CISG? Na arbitragem não há mudanças muitos radicais. Talvez haja uma questão

específica, que é uma regra da CISG que prestigia a criação de deveres a partir dos usos e costumes do comércio internacional. Uma discussão possível é saber se uma convenção arbitral poderia surgir a partir dos usos e costumes do comércio internacional naquele setor ou do acordo estabelecido entre as partes em algum contrato. Nós estamos acostumados a pensar em uma convenção de arbitragem como tendo sido estabelecida de modo claro no contrato, mas ela pode, com essa legislação, derivar da aplicação dessa regra que incorpora os usos e costumes do comércio internacional. Colaborou: Taiana Bubniak Bem Paraná Política / TJ condena Requião a indenizar ministro Senador terá que pagar R$ 75 mil por ofensas a Paulo Bernardo na “escolinha” da RTVE Ivan Santos

O Tribunal de Justiça confirmou ontem, por unanimidade, a condenação do

senador Roberto Requião por supostas ofensas contra o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, marido da senadora e pré-candidata do PT ao governo do Estado, Gleisi Hoffmann. O valor da condenação, já com os honorários que Requião terá de pagar a Luiz Fernando Pereira – advogado do ministro –, passa de R$ 75 mil. Requião já estava condenado em primeira instância pelas mesmas acusações.

A discussão começou em 2010, depois que Requião sugeriu que Paulo Bernardo teria apresentado um projeto superfaturado para a Ferroeste, durante reunião da chamada “escolinha” de governo, transmitida na época pela rádio e TV Educativa. Como Requião fez inúmeras acusações, Bernardo propôs a ação por danos morais.

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O Tribunal de Justiça ainda entendeu que também o estado do Paraná poderá ter de indenizar Bernardo pela parcela das acusações que foram veiculadas na escolinha de governo. Requião queria que tudo fosse arcado pelo Estado, inclusive as acusações pelo twitter. O TJ recusou a tese de jogar a conta toda para o erário. Como os recursos judiciais não têm mais efeito suspensivo, em algumas semanas Requião receberá a visita do oficial de justiça com a execução.

Em novembro de 2011, a juíza 3ª Vara Cível de Curitiba, Adriana de Lourdes Simette, havia condenado o senador a pagar multa de R$ 40 mil pelas acusações contra o petista. O caso começou em 2010 quando Requião era governador e apontou que Bernardo teria proposto, em 2007, o superfaturamento de uma obra ferroviária no Paraná. Na sentença, a juíza apontou que o senador não apresentou qualquer prova das acusações, e atribui-as ao fato da atual ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), esposa do ministro, ser na época pré-candidata ao Senado.

Na ocasião, Requião usou a transmissão da “escolinha” de governo pela RTVE para dizer que Bernardo, então ministro do Planejamento, ter proposto a construção de uma ferrovia no Paraná por R$ 550 milhões. Segundo o peemedebista, a obra custaria somente R$ 150 milhões. Paulo Bernardo comprovou depois que o próprio Requião havia assinado um documento encaminhado ao governo federal solicitando R$ 550 milhões para a mesma obra.

Motivação — Na decisão, a juíza apontou que “o próprio Governo Estadual divulgava valores de R$ 550.000.000,00 para a obra, relativo ao ano de 2007”, e que “o discurso de existência de superfaturamento por proposição semelhante que teria sido apresentada pelo autor perde totalmente qualquer lastro”. “Não se pode admitir que estas pessoas públicas ajam de forma desconectada da realidade, criem factóides, lancem dúvidas, sem que antes haja um mínimo de fundamento fático para tal fim”, afirmou ela, citando o documento assinado pelo ex-governador.

Ainda segundo o advogado de Bernardo, Requião tentou também se livrar do prejuízo, repassando a responsabilidade pelo pagamento de eventuais indenizações ao Estado. A setença da juíza rejeitou a manobra, apontando que se as acusações fossem de interesse público, como alegou o ex-governador, ele não teria esperado três anos para divulgá-las, já que segundo Requião, a proposta de superfaturamento teria sido supostamente feita pelo ministro em 2007, e ele só trouxe as informações à tona em 2010, às vésperas do período eleitoral. Karlos Kolhbach / Mais um round da briga Requião x Paulo Bernardo /

A briga entre o senador Roberto Requião (PMDB) e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT), é antiga e já pública. Quando governou o Paraná, o peemedebista fazia duras críticas ao petista na Escolinha de Governo – o que lhe rendeu derrotas em processos judiciais por calúnia e difamação. Ontem, aconteceu um novo round nesta briga. Requião protocolou na Mesa do Senado Federal um requerimento pedindo informações ao Ministério das Comunicações sobre atos administrativos que, segundo ele, comprovariam irregularidades na transferência do canal 5 de São Paulo (antiga TV Paulista, hoje TV Globo de São Paulo) ao jornalista Roberto Marinho na década de 70. No ano passado, intimado pela Presidência a prestar esclarecimentos, o ministro Paulo Bernardo, negou-se a abrir procedimento por prescrição desse tipo de ação punitiva.

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Transporte Público / TRT antecipa audiência para tentar pôr fim em greve de ônibus antes do Carnaval Em resposta à ação da Prefeitura, desembargadora acatou antecipar audiência com motoristas e empresas, mas negou suspensão da paralisação

A greve dos motoristas e cobradores de ônibus prossegue nesta sexta-feira (28),

mas as negociações serão retomadas, às 14 horas, na sede do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR). Nesta quinta-feira (27) à noite a desembargadora Ana Carolina Zaina, decidiu antecipar as negociações agendadas para o dia 6 de março, em atendimento a uma petição feita pela Prefeitura de Curitiba, dentro do dissídio coletivo, ao plantão da Justiça do Trabalho.

O pedido foi protocolado por volta das 21 horas. A decisão foi tomada após a Prefeitura denunciar o descumprimento da decisão judicial de que 50% da frota deveria circular nos horários de pico. Grevistas, segundo as informações da Urbs, fecharam o Terminal do Pinheirinho — entre as 18 e 19 horas — com um ônibus bi articulado. A Prefeitura solicitou ainda a suspensão imediata da greve na petição. Mas ontem, por voltas das 22h30, a desembargadora decidiu deixar a discussão para hoje à tarde sem tocar no mérito da paralisação, mas acatou antecipar o novo encontro.

O dia ontem começou com assembleia de motoristas e cobradores aprovando a proposta sugerida pela desembargadora de reajuste de 10,5% um dia antes. Depois, às 14 horas, começou nova audiência de conciliação no TRT, que se estendeu por toda a tarde, até a Ana Carolina determinar nova audiência para o dia 6 de março, após o C arnaval.

Foi a partir deste momento que a situação se complicou. A Prefeitura acusa que a medida de manter 50% da frota de ônibus em horário de pico não era cumprida, além de ter verificado que ocorria bloqueio do Terminal do Pinheirinho. Foi quando ingressou com a ação pedindo a suspensão da greve e a retomada da conciliação para hoje.

Índices — Durante as negociações na tarde de ontem, vários índices de reajuste foram sugeridos e discutidos. O sindicato patronal acenou no início com 7,36% de reajuste. Ana Carolina propôs arredondar para 7,5%. Motoristas e cobradores insistiram em um aumento maior. A desembargadora do TRT voltou a fazer nova proposta, desta vez de 8,5% para os motoristas e 10,5% para os cobradores.

Ao final das negociações, já perto das 17 horas, Ana Carolina definiu que nova audiência ficava marcada para após o Carnaval, mas que os trabalhadores e empresas de ônibus se comprometiam em manter 50% da frota nos horários de pico e 30% nos horários normais. Prefeitos da RMC querem ser ouvidos

Na primeira reunião realizada pela Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec) o assunto principal não poderia ser outro: transporte coletivo. O presidente da Assomec e prefeito de Pinhais, Luizão Goulart classifica como “caótico” o momento que vive os municípios metropolitanos.

“Precisamos de soluções efetivas, mais transparência, maior participação nas decisões, novas licitações”, comentou. Para o prefeito é lamentável ver milhares de trabalhadores sendo lesados devido ao impasse que afeta o transporte. “Hoje, infelizmente, ficamos de mãos atadas esperando um posicionamento por parte da Comec e Urbs, precisamos de maior autonomia para tomar decisões em relação ao transporte em nossos municípios”, completou.

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“Nós da região metropolitana precisamos propor uma nova forma de gerenciamento das linhas metropolitanas, pois a população nos cobra uma resposta”, salientou o prefeito de Araucária, Olizandro Ferreira.

O secretário de Assuntos Metropolitanos de Curitiba, Neco Prado relatou a dificuldade que Curitiba está tendo para administrar o sistema integrado de transporte. Segundo Prado, o convênio entre Urbs e Comec está se expirando. “Se não houver renovação, todo o transporte da Região Metropolitana será administrado pela Comec e a Urbs passará a se responsabilizar apenas pelas linhas de Curitiba”, explicou. Folha de Londrina Prevenção / Campanha de vacinação contra HPV começa em 10 de março Cerca de 273 mil meninas entre 11 e 13 anos deverão ser imunizadas no Paraná Marian Tigueiros – Reportagem Local

Londrina – A pouco mais de dez dias do início da campanha nacional de vacinação

contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) em meninas de de 11 a 13 anos, as estratégias, bem como planos de mobilização e combate do Estado e do município de Londrina, ainda não estão bem traçadas.

O papel do HPV no desenvolvimento do câncer já está cientificamente comprovado, não só no câncer do colo do útero, mas também no de vagina, vulva, ânus e laringe. No entanto, as dúvidas com relação à eficácia da vacina, riscos e pertinência do tratamento geram preocupação entre os pais de meninas na faixa a ser atingida.

O Ministério da Saúde (MS) preparou uma campanha informativa para orientar a população sobre a importância da prevenção contra o câncer do colo de útero. Com o tema "Cada menina é de um jeito, mas todas precisam de proteção", as peças convocam as jovens para se vacinar. Na campanha, as mulheres também são alertadas de que a prevenção do câncer de colo do útero deve ser permanente.

Para obter uma adesão maior, o MS está incentivando secretarias estaduais e municipais de saúde para que promovam, em parceria com as secretarias de educação, a vacinação em escolas públicas e privadas.

Porém, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), por enquanto, só irá realizar a distribuição das doses às Regionais do Estado. No município, as conversas ainda estão em fase embrionária, tanto com a secretaria municipal quanto com o Núcleo Regional de Educação (NER) e uma campanha de vacinação nas instituições de ensino está descartada neste início.

Segundo o secretário municipal de Saúde, Mohamad El Kadri, eventuais ajustes serão feitos ao longo do primeiro semestre. "A princípio, as vacinas estarão disponíveis apenas nos postos de saúde. Optamos por essa medida porque os pais que realmente quiserem vão levar suas filhas. Nas escolas, aqueles que não desejassem, teriam de enviar um documento por escrito."

A partir de 10 de março, a vacina estará disponível nos 36 mil postos da rede pública de todo o País durante 2014. Para o primeiro ano de vacinação, o MS adquiriu 15 milhões de doses. A meta é atingir 80% do público-alvo, composto por 5,2 milhões de meninas.

Ao Paraná, serão enviadas 573,3 mil doses ao longo de 2014, sendo que 272,9 mil adolescentes deverão ser imunizadas somente no primeiro semestre. Em 2015, a vacina passa a ser oferecida para as adolescentes de 9 a 11 anos. Segundo informações da Sesa, serão enviadas 21 mil doses à 17ª Regional de Saúde; Londrina receberá 11,8 mil.

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Cada adolescente deverá tomar três doses para completar a proteção, sendo que a segunda seis meses depois e a terceira cinco anos após a primeira dose. Apesar de existirem mais de cem tipo de vírus, de acordo com o MS, será utilizada a vacina quadrivalente, que confere proteção contra quatro subtipos (6, 11, 16 e 18). Os subtipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero no mundo.

O ministério garante que a vacina contra HPV a ser utilizada garante proteção de 98% contra o câncer de colo do útero. Para receber a dose gratuitamente nos postos, é necessário apresentar o cartão de vacinação ou documento de identificação. Na rede particular, cada dose custa, em média, R$ 300. Difusão da vacina pode reduzir câncer do colo do útero em 70% Marian Trigueiros, Reportagem Local

Londrina - Segundo o ginecologista José Carlos de Jesus Conceição, do HC III do

Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, apesar da grande eficácia da vacina, é essencial que as meninas não deixem de seguir outras recomendações para evitar o câncer do colo do útero.

"Não se pode esperar da vacina contra o HPV uma redução de 100% na incidência de câncer. Por isso, é muito importante lembrar que o exame de Papanicolau (preventivo) precisa continuar a ser feito regularmente, mesmo para as mulheres que se vacinarem, porque não se pode garantir que a chance de ter câncer estará anulada", explica.

Conceição afirma que estudiosos de epidemiologia, baseados em cálculos estatísticos, estimam que a redução dos casos de câncer do colo do útero na população feminina, em geral, poderá ser da ordem de 70% com a difusão do uso da vacina. "Acredita-se que a quase totalidade dos casos de câncer do colo do útero estão relacionados à infecção pelo HPV. A infecção pelo HPV é preocupante, porque atua induzindo transformações no tecido normal. Mas é preciso lembrar que não basta haver a infecção pelo HPV para desenvolver o câncer; muitos outros fatores, genéticos e ambientais, devem concorrer, como multiplicidade de parceiros sexuais e tabagismo. Com base nesses fatos podemos deduzir que a prevenção e o combate ao câncer envolvem várias medidas, como vacina anti-HPV, exames preventivos regulares, seleção de parceiros sexuais e não fumar."

Na maioria dos casos de câncer do colo do útero, a doença não se desenvolve de maneira súbita. "O tecido normal passa por uma série de transformações e vai adquirindo aspectos anormais, progressivamente, até que se instale o câncer. Esse processo pode levar anos para que o tecido normal se transforme em câncer. Além disso, essas transformações podem ser diagnosticadas e tratadas antes que cheguem a se constituir uma doença maligna", comenta, complementando que a maioria das mulheres infectadas pelo HPV jamais chegará a ter câncer, já que o próprio sistema imunológico se encarrega de eliminar o vírus espontaneamente.

Conforme Conceição, a infecção pelo HPV pode se manifestar com o aparecimento de verrugas genitais, que podem ser volumosas, dolorosas e até sangrarem. Não são malignas, mas causam muito sofrimento.

O HPV é um vírus transmitido pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas por meio de relação sexual. Também pode ser transmitido da mãe para filho no momento do parto. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 290 milhões de mulheres no mundo são portadoras da doença, sendo 32% infectadas pelos tipos 16 e 18. Em 2011, 5,1 mil mulheres morreram em decorrência da doença no Brasil.

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‘Abrangência é mais ampla do que imaginava’ Londrina - Enquanto muitos pais têm medo de que as filhas interpretem a vacina

como uma permissão ao início das atividades sexuais, até mesmo precoce, outros se conscientizaram da importância e deixaram o preconceito de lado. Desde a disponibilização da vacina contra o HPV na rede particular em 2006, a assistente social Ingrid Zamariam Businhani teve o interesse que a filha adolescente fosse imunizada.

"Procurei me informar da eficácia da vacina e o que ela abrangia. Percebi que era bem mais ampla do que eu imaginava e, então, a preocupação para que minha filha recebesse só aumentou. Só não a levei antes porque o valor era muito alto. Agora está mais acessível", disse.

A menina, hoje com 15 anos, já tomou duas doses da vacina e deve tomar a terceira e última ainda este ano. "Me conscientizei do quão importante era para o bem da saúde dela e fizemos uma economia em alguns gastos. O próximo será meu filho, de 17 anos, mas que ainda tem muita resistência quanto a necessidade para os homens." Segundo ela, a pertinência da vacina abriu um canal de comunicação com os filhos para discutirem a prevenção a doenças sexualmente transmissíveis. "Pesquisamos juntos na internet sobre o vírus e o que ele pode causar. Houve uma troca muito grande de informações entre nós", contou.

Apesar do foco da campanha serem as adolescentes, as mulheres também são alertadas de que a prevenção do câncer do colo do útero deve ser permanente. O Ministério da Saúde orienta que mulheres na faixa etária dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo, o Papanicolau, anualmente. A campanha alerta também que a vacina não substitui a realização do exame preventivo nem o uso do preservativo nas relações sexuais. Decisão sobre greve fica para depois do Carnaval Rodrigo Batista e Andréa Bertoldi Reportagem Local

Curitiba - A greve no transporte coletivo de Curitiba e região deve continuar durante o Carnaval. Ontem, no segundo dia de paralisação, os empregados e patrões se reuniram novamente no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e, na falta de acordo, a desembargadora Ana Carolina Zaina decidiu marcar a nova audiência somente para 6 de março.

Com a decisão da magistrada, permanece na Grande Curitiba, até depois do Carnaval, a circulação de 50% da frota de ônibus em horários de pico e 30% no resto do dia. Em caso de descumprimento dessa decisão, a multa para o sindicato da categoria é de R$ 100 mil por dia.

De acordo com a desembargadora, apesar do feriado, ainda há possibilidade, caso as partes decidam, de convocar uma audiência durante o Carnaval. "Possibilidade de antecipar a audiência sempre há. Permaneceremos na cidade e o TRT tem plantões", disse.

Antes da audiência, o Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc), reunido com a categoria, acatou, em assembleia, a sugestão de Ana Carolina de reajuste de 10,5%. Porém, os empresários propuseram aumento de 7,26%. O Ministério Público do Trabalho (MPT) fez nova proposta, de aumento de 8,5% para motoristas e 10,5% para cobradores.

O advogado dos empresários, Carlos Santiago, disse que essa porcentagem será avaliada pelo patronal. Já o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, apesar de confirmar a mesma análise pelos empregados, diz que a categoria chegou ao limite de redução das propostas. "Nós entendemos que o mínimo que a categoria exige é de 10,5%."

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Comércio O primeiro dia de greve dos motoristas e cobradores de ônibus provocou queda de 70% do movimento de vendas do comércio na capital. Os dados foram levantados pela pesquisa da ACP - Datacenso, realizada ontem com 200 comerciantes. Os entrevistados disseram que apenas 54% dos empregados compareceram ao trabalho, enquanto 46% não tiveram condições de chegar aos estabelecimentos comerciais.

O diretor do Instituto Datacenso, Cláudio Shimoyama, disse que muitas lojas acabaram fechando as portas por falta de funcionários. "Algumas não puderam funcionar porque, devido à falta de empregados no setor de caixa, as vendas não poderiam ser finalizadas", afirmou. Servidores da Saúde anunciam greve Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Curitiba - Os servidores estaduais da Saúde entrarão em greve por tempo indeterminado a partir de 18 de março. A paralisação foi definida no último dia 20, mas ganhou força após a aprovação, pela Assembleia Legislativa (AL), do projeto de lei que institui a Fundação Estatal de Atenção em Saúde (Funeas).

Enquanto o Poder Executivo argumenta que a nova entidade, de direito privado e sem fins lucrativos, irá agilizar o atendimento, os trabalhadores dizem que o órgão representa a privatização do setor.

Segundo a diretora-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Paraná (SindSaúde), Elaine Rodella, mais de mil funcionários devem cruzar os braços em todo o Estado. Em Londrina, a paralisação deve atingir cerca de 700 servidores, nos hospitais da Zona Norte e da Zona Sul e na 17ª Regional de Saúde.

A pauta de reivindicações inclui itens como plano de cargos e carreiras, pagamento de promoções e progressões atrasadas e reajuste de 30%, mais a data-base. O SindSaúde deve manter 30% de cada área em funcionamento.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que não foi notificada sobre a greve. Também declarou que a administração está elaborando um projeto para criar o quadro próprio dos servidores, o que facilitaria a concessão das progressões na carreira. Governo vai pedir isolamento de presos ligados ao PCC Plano de fuga de integrantes da facção previa passagem pelo Noroeste do Paraná Folhapress

São Paulo - As secretarias de Segurança Pública e da Administração Penitenciária

afirmaram ontem que vão pedir a transferência de quatro presos ligados à facção criminosa PCC para o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) do Presídio Presidente Bernardes, no interior paulista.

O pedido de transferência ocorre um dia depois da polícia descobrir um plano da facção para soltar os quatro presos Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola; Cláudio Barbará; Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden; e Luiz Eduardo Marcondes, o Du Bela Vista. O RDD do presídio Presidente Bernardes prevê isolamento do preso 22 horas por dia.

O plano incluía a utilização de dois helicópteros blindados camuflados com adesivos da Polícia Militar, para retirar os criminosos da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (a 611 km de São Paulo), e um avião para a fuga do grupo para uma fazenda no Paraguai, passando primeiro por Porto Rico e Loanda, no Noroeste do Paraná.

As informações são de um relatório da inteligência das polícias Civil e Militar e do Ministério Público. As investigações começaram em janeiro de 2013, quando uma escuta

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telefônica flagrou Barbará contando a sua mulher que o PCC estava pagando um curso de pilotagem para três integrantes da facção.

Um dos professores dos criminosos, segundo o relatório, foi Alexandre José de Oliveira Junior, copiloto de um helicóptero flagrado em novembro passado com 450 kg de cocaína em uma fazenda no Espírito Santo.

O helicóptero usado na ocasião para transportar a droga era da empresa do deputado mineiro Gustavo Perrella (SDD), filho do senador Zezé Perrela (PDT-MG).

Após a descoberta do plano de fuga, a segurança na penitenciária 2 de Presidente Venceslau foi reforçada pela polícia. Chuva e calor atraem a dengue O clima dos últimos dias é propício para a proliferação do mosquito transmissor Aedes aegypti Micaela Orikasa - Reportagem Local

Londrina - Para o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, nada melhor

que a combinação de chuva e calor. Esse clima típico do verão e que atinge Londrina nos últimos dias requer não só mais trabalho para os agentes de Endemias da Secretaria de Saúde, mas principalmente uma maior atenção da população.

Além disso, com o feriado de Carnaval, quem irá pegar a estrada deve tomar todos os cuidados antes de deixar a casa. A recomendação do supervisor de Endemias do município, Luiz Alfredo Gonçalves, é fazer uma vistoria geral no quintal e dentro da residência, antes e depois da viagem. Para quem for se ausentar por mais de 10 dias, ele ressalta que é válido deixar alguém responsável pela residência.

"Alguns pontos que não se deve esquecer são as calhas, que devem estar limpas, assim como os recipientes de água dos cachorros e vasos de plantas. É importante tampar os ralos, até mesmo com tapetes e manter os vasos sanitários fechados", orienta o supervisor.

Apesar de muita gente saber a importância de vistoriar todo e qualquer recipiente que possa acumular água, a maioria desconhece que o mosquito sofreu adaptações e aquela história de que ele procura somente água limpa e cristalina para botar seus ovos, não é mais verdade. "Já encontramos larvas em água suja, até mesmo porque elas se alimentam de micro-organismos", explica.

Gonçalves ainda comenta que o tempo abafado intercalado com pancadas de chuva é propício para a rápida evolução dos ovos para o mosquito adulto, que pode acontecer entre 5 e 12 dias. "Para se ter uma ideia, uma fêmea jovem põe em torno de 50 a 70 ovos", diz.

Nesta semana, os agentes de Endemias percorreram bairros da região central e da zona leste, onde se concentra o maior número de casos confirmados. Entre eles estão o Jardim Castelo, Pindorama e as vilas Casoni, Fraternidade e Recreio.

Na casa de Deolinda Zambrin, a agente Juliana Dantas de Carvalho encontrou água acumulada em vasos de plantas e vasilhas de animais, porém sem nenhum foco. "Com essa chuva fica difícil evitar que isso aconteça", justifica a dona de casa, que foi orientada a fazer a remoção da água logo após a chuva.

A orientadora de equipe Adriana Gonçalves também lembra os moradores que no último Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa), realizado em janeiro, apontou um índice de risco de 6% - o considerado tolerável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é 1%. "A gente percebe que a maioria das pessoas está bem informada sobre os sintomas e cuidados básicos, mas sempre fica alguma coisa para trás em relação aos criadouros do mosquito. Nesta época de chuva e calor, todo dia encontramos focos", ressalta.

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Londrina registra 81 casos Londrina - Em toda o município, desde o início do ano, o setor de Endemias da

Secretaria de Saúde de Londrina registrou 81 casos confirmados de dengue, sendo apenas um importado – de Minas Gerais.

De acordo com informações repassadas pelo setor, do total de ocorrências, 37 estão na área central, 13 na zona norte, 11 na zona leste, 10 na zona sul, 8 na zona oeste e dois se concentram na zona rural.

No sábado de manhã haverá uma atividade educativa na feira livre em frente ao Lar Anália Franco (zona leste de Londrina), com a participação da comunidade e educadores do setor de Endemias. Haverá distribuição de panfletos e orientações. Na próxima semana, agentes farão um "bloqueio" nas áreas mais críticas. A ação consiste em visitar as residências em um raio de 300 metros a partir do local onde há suspeita de dengue. "Não esperamos o caso se confirmar para agirmos", conta o supervisor do setor de Endemias da Secretaria de Saúde, Luiz Alfredo Gonçalves. (Micaela Orikasa e Vítor Ogawa/Reportagem Local)