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2018 GEOGRAFIA ECONÔMICA Prof. Talita Cristina Zechner Lenz

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Page 1: GeoGrafia econômica - UNIASSELVI

2018

GeoGrafia econômica

Prof. Talita Cristina Zechner Lenz

Page 2: GeoGrafia econômica - UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2018

Elaboração:

Prof. Talita Cristina Zechner Lenz

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:

L575g

Lenz, Talita Cristina Zechner

Geografia econômica. / Talita Cristina Zechner Lenz. – Indaial: UNIASSELVI, 2018.

202 p.; il. ISBN 978-85-515-0226-6

1.Geografia econômica. – Brasil. 2.Brasil – Condições econômicas. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 330.981

Page 3: GeoGrafia econômica - UNIASSELVI

III

apresentação

Olá, acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina de Geografia Econômica. Esta disciplina procura analisar como estão distribuídas e localizadas as atividades econômicas ao longo do globo e quais são as causas e condições que nos ajudam a compreender quais os fatores econômicos, sociais, culturais e ambientais interferem nos padrões de distribuição. Trata-se de uma disciplina abrangente, que envolve tanto conteúdos teóricos e conceituais, bem como contempla elementos de natureza empírica.

A primeira unidade do livro didático introduz as bases conceituais que norteiam a disciplina de geografia econômica. Inicia-se o estudo da disciplina com a exposição da retrospectiva história da geografia econômica, que remonta ao século XVI, quando o conhecimento mais abrangente da geografia foi se aprimorando ao longo dos anos devido ao desenvolvimento de mapas e diários de viagem que tinham várias descrições dos povos nativos, do clima, da paisagem e dos níveis de produtividade de vários locais. Na sequência será tratado e explicado quais campos do conhecimento estão atrelados à geografia econômica na atualidade. Outro assunto relevante da unidade é a explicação sobre as principais teorias de localização, consideradas basilares no estudo da geografia econômica. Serão estudadas ainda as diferenças entre crescimento econômico e desenvolvimento. Além disso, aborda-se a questão do desenvolvimento regional sob o prisma econômico.

Na segunda unidade são trabalhados os conceitos de sistemas econômicos apresentando os elementos que o caracterizam. Avançando, discute-se a temática dos blocos econômicos e das diferentes formas de regionalismos e de acordos regionais, que são estabelecidos entre os países. São analisadas a natureza e a intensidade das relações que se firmam entre os membros envolvidos. Ademais, a segunda unidade versa ainda sobre globalização e alguns dos seus impactos na divisão territorial do trabalho.

A terceira unidade do livro de estudos trata do panorama da geografia econômica no Brasil. Neste sentido, o primeiro tema trabalhado são os marcos históricos relacionados à formação econômica do Brasil. Em seguida, discorre-se sobre a produção agropecuária no Brasil. Por fim, apresentam-se alguns aspectos relevantes da produção industrial no Brasil na atualidade.

Aproveite o seu livro didático e bons estudos!

Profª Talita Cristina Zechner Lenz

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IV

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

NOTA

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

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VII

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA ...................... 1

TÓPICO 1 – O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA? ...................................................................... 31 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 32 BREVE HISTÓRICO ............................................................................................................................ 33 DISCUSSÕES CONCEITUAIS .......................................................................................................... 4RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 17AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 18

TÓPICO 2 – A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO ................. 191 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 192 UM OLHAR SOBRE AS PRINCIPAIS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO ................................... 19

2.1 JOHANN H. VON THUNEN E O ESTADO ISOLADO (1826) ................................................ 202.2 ALFRED WEBER – TEORIA DA LOCALIZAÇÃO DAS INDÚSTRIAS (1909) ..................... 222.3 AUGUST LÖSCH – A ECONOMIA DA LOCALIZAÇÃO (1940) ............................................ 25

3 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO ............................................... 26RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 34AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 35

TÓPICO 3 – CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO ....... 371 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 372 BUSCANDO EXPLICAÇÕES NAS ORIGENS ............................................................................... 373 A IDEIA DE CRESCIMENTO ECONÔMICO ................................................................................ 384 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO ..................................................................................... 42RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 49AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 50

TÓPICO 4 – GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL .............................................. 531 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 532 O QUE SE ENTENDE POR DESENVOLVIMENTO REGIONAL? ............................................ 53LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 55RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 64AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 65

UNIDADE 2 – SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO ..................................................................................................... 67

TÓPICO 1 – SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS ................................. 691 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 692 O QUE SÃO SISTEMAS ECONÔMICOS? ..................................................................................... 693 OS SEIS MOTIVOS QUE LEVARAM O IMPÉRIO SOVIÉTICO À RUÍNA DE MANEIRA SURPREENDENTE ............................................................................... 764 SUGESTÃO DE AULA ....................................................................................................................... 84RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 89AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 90

sumário

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VIII

TÓPICO 2 – BLOCOS ECONÔMICOS .............................................................................................. 911 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 912 REGIONALISMOS E BLOCOS COMERCIAIS ............................................................................. 913 EXEMPLOS DE BLOCOS ECONÔMICOS .................................................................................... 98

3.1 UNIÃO EUROPEIA .......................................................................................................................1024 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ACORDOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL ....................................................................................................1075 PARLAMENTO DO MERCOSUL ...................................................................................................108RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................113AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................114

TÓPICO 3 – GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO .....................................................................1151 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1152 GLOBALIZAÇÃO ..............................................................................................................................1163 DIVISÃO TERRITORIAL DO TRABALHO ................................................................................120LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................123RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................130AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................131

UNIDADE 3 – BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL .....................................................................133

TÓPICO 1 – BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL .................................................1351 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1352 CICLO DO PAU-BRASIL ..................................................................................................................1353 CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR ....................................................................................................1414 CICLO DO OURO ..............................................................................................................................1465 CICLO DO ALGODÃO ....................................................................................................................1496 CICLO DA BORRACHA ...................................................................................................................1517 CICLO DO CAFÉ ...............................................................................................................................154RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................157AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................159

TÓPICO 2 – O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA ..................................................1611 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1612 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA AGRICULTURA BRASILEIRA ..............................1613 PRINCIPAIS CARACTERÍSTCAS DA PECUÁRIA NO BRASIL ...........................................168RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................174AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................175

TÓPICO 3 – O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA .........................................................1771 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1772 BREVES APONTAMENTOS SOBRE A HISTÓRIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA............................................................................................1773 A DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS INDÚSTRIAS ..........................................................180LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................186RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................191AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................192

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................195

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UNIDADE 1

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

Esta unidade tem por objetivos:

• conhecer a evolução histórica do conceito de Geografia Econômica; • compreender as principais definições de Geografia Econômica;

• conhecer as principais Teorias de Localização Relacionadas à Geografia Econômica;

• distinguir as diferenças conceituais entre crescimento e desenvolvimento econômico;

• conhecer o conceito de desenvolvimento regional.

Esta unidade está organizada em quatro tópicos. Ao final de cada um deles, você encontrará atividades que o farão compreender o processo de aprendizagem dos temas abordados.

TÓPICO 1 – O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

TÓPICO 2 – A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO

TÓPICO 3 – CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA – CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO

TÓPICO 4 – GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

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TÓPICO 1UNIDADE 1

O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

1 INTRODUÇÃO

Para iniciar o estudo da Geografia Econômica é necessário explicar a gênese desta disciplina. Assim como ocorre em outras áreas da geografia, como geografia humana ou da população, a Geografia Econômica surge entrelaçada com outras áreas do conhecimento, como a economia, história e a agricultura. Neste tópico, iremos fazer esse retrospecto histórico e entender qual é a delimitação, isto é, a área de alcance, dos estudos da Geografia Econômica.

2 BREVE HISTÓRICO

Para começar o estudo da Geografia Econômica, inicialmente será feito um breve retrospecto histórico sobre este campo de conhecimento da geografia. De acordo com Krugman (2017), a retrospectiva histórica da geografia econômica remonta ao século XVI, quando o conhecimento mais abrangente da geografia foi se aprimorando ao longo dos anos devido ao desenvolvimento de mapas e diários de viagem que tinham várias descrições dos povos nativos, do clima, da paisagem e dos níveis de produtividade de vários locais. Ou seja, os avanços da ciência denominada cartográfica contribuíram para que se formasse o campo de estudos da Geografia Econômica.

UNI

Ademais, convém mencionar que as relações econômicas e espaciais que se estabelecem são fruto de dinâmicas sociais. Neste sentido, a Geografia Econômica constitui-se em um campo de estudos ligados à Geografia Humana.

Devido ao vasto conhecimento fornecido por esses periódicos e documentos cartográficos, foi possível identificar e estabelecer padrões de comércio transcontinental que levaram ao desenvolvimento da teoria e prática econômica a partir do século XVI (KRUGMAN, 2017).

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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Posteriormente, o conhecimento geográfico foi se popularizando e entre os fatores que ajudam a explicar esta popularização destaca-se a contribuição da Segunda Guerra Mundial. Após o término da Segunda Guerra Mundial, o mundo enfrentava uma série de mazelas econômicas e dificuldades sociais e, neste sentido, a Geografia Econômica passou a ser vista como uma área de estudo apta a contribuir com a recuperação, desenvolvimento e crescimento da economia (KRUGMAN, 2017). Várias teorias, como o Determinismo Climático, de Ellsworth Huntington, e a Teoria dos Lugares Centrais, de Walter Christaller, desempenharam papel relevante neste período. Na sequência, iremos analisar algumas destas teorias precursoras.

3 DISCUSSÕES CONCEITUAIS

Segundo Araújo Júnior (2015, p. 141), “a geografia econômica estuda as relações econômicas que se dão no espaço do globo terrestre entre os países e dentro deles e explica porque determinadas áreas crescem e outras não”. Além disso, segundo o referido autor, a geografia econômica “tenta compreender os processos de evolução da economia mundial, a importância da mão de obra, dos recursos naturais e energéticos no desenvolvimento econômico das sociedades, estruturados em conceitos como sociedade em rede, espaços de fluxos e espaço de lugares. “(ARAÚJO JÚNIOR, 2015, p. 141).

A Geografia Econômica é a área acadêmica que estuda a dimensão geográfica da escala das economias no contexto das mudanças econômicas. Por dimensão geográfica, compreende-se aspectos como localização, distância, proximidade/separação, vizinhança e aglomeração, enfim, preocupa-se em estudar a organização espacial das atividades econômicas em todo o mundo (KRUGMAN, 2017; TARTARUGA, 2017).

A Geografia Econômica vale-se de vários conceitos fundamentais da geografia, tais como espaço, território, região, entre outros, para procurar descrever e explicar a estrutura e a dinâmica dos fenômenos econômicos (TARTARUGA, 2017).

Sánchez Hernández (2003) pontua que a Geografia Econômica pode ser definida como o estudo da materialização desigual e diferenciada das atividades econômicas no território. Além disso, Sánches Hernández (2003) ressalta que a referida materialização não assume o lugar e a mesma forma nas distintas escalas geográficas de análises, porque os fatores e agentes dominantes não são idênticos em cada nível. Por isso, o estudo particular de cada escala de materialização precisa combinar-se com os estudos dos mecanismos de articulação interescalar, com o intuito de permitir que a Geografia Econômica possa estudar de maneira coerente a interação que se estabelece entre economia e território (SANCHES HERNÁNDEZ, 2003).

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TÓPICO 1 | O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

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UNI

Você lembra o que significa escala, no âmbito dos estudos geográficos?

FIGURA 1 – ESCALA CARTOGRÁFICA X ESCALA GEOGRÁFICA

FONTES: <https://degeografiayotrascosas.wordpress.com/actividades-del-mes/representacion-del-espacio-geografico/> e <https://br.pinterest.com/pin/529665606157732275/>.

Acesso em: 28 maio 2018.

Para recordar este conteúdo, selecionamos um fragmento de artigo publicado no Boletim de Geografia para esclarecer a distinção entre escala cartográfica e escala geográfica. Acompanhe conosco!

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ESCALA

Para os geógrafos e cartógrafos, a escala como medição/cálculo ou como recortes do território é um conceito muito importante. Não há leitura em um mapa sem determinação da escala, assim como não há análise de fenômenos sem que seja esclarecida a escala geográfica adotada.

Segundo Turner (1989), a palavra escala é usada em muitos contextos, denotando frequentemente diferentes aspectos no espaço e no tempo. O entendimento e o uso correto da escala são fundamentais em pesquisas geográficas, cartográficas e ambientais, ou em todas aquelas que se realizem sobre o espaço geográfico no qual ocorrem os fenômenos (MENEZES; COELHO NETO, 2002). [...]

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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Com base no fragmento apresentado é possível afirmar, de maneira resumida, que a ideia de escala cartográfica nos remete à noção de medição e fração, isto é, uma delimitação baseada em cálculos, elemento indispensável para a construção de mapas. Já a escolha da escala de análise de um determinado estudo geográfico fica a critério do pesquisador, que irá optar por uma escala para analisar um fenômeno. Neste sentido, a escala tanto pode ser um recorte conhecido como o nível “estadual” ou “municipal”, bem como pode ser um bairro ou, ainda, uma determinada área onde se concentram empresas de determinado setor. Portanto, no plano dos estudos geográficos, é preciso ter cuidado ao afirmar que um fenômeno é de grande ou de pequena escala, porque esta interpretação depende dos caminhos metodológicos percorridos em cada pesquisa.

Agora que você retomou esta distinção, lembre-se de tomar em conta a diferença ao longo dos seus estudos no Curso de Geografia.

Retomando o debate sobre a Geografia Econômica, ao longo dos anos a disciplina adotou várias abordagens para diferentes assuntos, como a localização das indústrias, os benefícios que as empresas obtêm ao se localizarem próximas umas das outras (economias de aglomeração), a geografia de transportes que estuda a conexão e o movimento entre pessoas e bens. Outros assuntos estudados no plano da geografia econômica incluem a relação entre meio ambiente e economia, comércio internacional, economia em áreas urbanas e economia e planejamento urbano (KRUGMAN, 2017).

Para auxiliar sua compreensão, apresenta-se na sequência uma figura que mostra de maneira resumida aspectos relevantes discutidos no plano da Geografia Econômica.

Devido à inexistência de clareza e à falta de consenso sobre o que seria o conceito de escala geográfica, ou ainda, um conceito de escala útil, que permitisse a análise geográfica dos fenômenos, que se confunde com a escala cartográfica (CASTRO, 1996). Segundo a autora, a escala geográfica é “a escolha de uma forma de dividir o espaço, definindo uma realidade percebida/concebida, é uma forma de dar-lhe uma figuração, uma representação, um ponto de vista que modifica a percepção da natureza deste espaço e, finalmente, um conjunto de representações coerentes e lógicas que substituem o espaço observado”. A autora enfatiza ainda a inversão do conceito de escala fração (escala cartográfica) e a escala geográfica, argumentando que seria no mínimo estranho dizer que a evolução de uma voçoroca é um fenômeno de grande escala, enquanto que a deriva continental é um fenômeno de pequena escala, colocando em voga o entendimento disto ao cartógrafo, que pensaria nas escalas adequadas para a representação no mapa. [...] Grifo nosso.

FONTE: MARQUES, Américo José; GALO, Maria de Lourdes Bueno Trindade. Escala geográfica e escala cartográfica: distinção necessária. Boletim de Geografia, p. 47-55, 2009.

Disponível em: <https://bit.ly/2NUti59>. Acesso em: 28 maio 2018.

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TÓPICO 1 | O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

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FIGURA 2 - GEOGRAFIA ECÔNOMICA E SUAS RELAÇÕES

Localização

Organizaçãoespacial

Diferenciação

Interação

EconomiaTerritório

Lugar

Região

Escala

O conceito de Geografia

Econômica nos remete a quais

expressões?

FONTE: A autora (2018)

O propósito desta imagem é que ela possa lhe auxiliar no seu processo de estudo, reforçando os principais elementos que compõem o leque de estudos da Geografia Econômica. Krugman (2017) observa que, tendo em vista a ampla área de estudos da Geografia Econômica, esta disciplina envolve vários ramos de atuação, conforme se observa na figura a seguir.

FIGURA 3 – RAMOS DE ATUAÇÃO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Geografia da AgriculturaEste é o ramo que investiga a superfície da Terra que foi transformada por atividades humanas cujo foco principal é as estruturas e a paisagem agrícola.

Geografia da IndústriaEste ramo está atrelado ao estudo da posição ou localização de uma determinada indústria, matérias-primas, produtos e distribuição e como isso afeta sua produtividade.

Geografia do Comércio InternacionalO comércio internacional é feito através das fronteiras internacionais. A geografia do comércio internacional estuda os padrões e teorias utilizadas.

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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FONTE: Adaptado de Krugman (2017)

Convém observar que, independentemente do ramo de atuação da Geografia Econômica, observa-se que, de maneira geral, existem alguns agentes em comum que fazem parte do objeto de estudo desta ciência. Segundo Tartaruga (2017, p. 191), tais agentes seriam: trabalho, empresa e Estado.

O trabalho é considerado, há muito tempo, um elemento central para a geração de valor na economia. Nos últimos aos, a natureza da força de trabalho e do próprio trabalho vem sofrendo importantes mudanças, em função da globalização da economia, como no nível de qualificação da mão de obra, no padrão do emprego (a exemplo da flexibilização) e nas questões de gênero. As pesquisas têm direcionado forte atenção, também, no desempenho econômico da empresa em novas formas de análise, como as redes empresariais e as perspectivas culturais e institucionais das firmas. Igualmente, o papel do Estado é um aspecto essencial para os estudos geográficos-econômicos, no sentido de sua atuação no território para criar as condições econômicas e sociais para o desenvolvimento geral.

Além disso, Aoyama et al. (2011) (apud TARTARUGA, 2017) explicam que também compete à Geografia Econômica examinar algumas das fontes de dinamismo econômico em regiões e países, que são a inovação, o empreendedorismo e a acessibilidade.

Os debates sobre inovação centralizam reflexões de pesquisadores e tomadores de decisões, sobretudo em países mais desenvolvidos. Neste sentido, estudos de Geografia Econômica têm comprovado que os processos de inovação são altamente dependentes do contexto e da história de cada território, sendo influenciados por fatores sociais e institucionais (TARTARUGA, 2017).

Sobre o aspecto do empreendedorismo, Tartaruga (2017) explica que este é um elemento considerado bastante relevante para a inovação e para a mudança econômica. No plano da geografia, tal fenômeno é estudado por meio de sua relação com os diferentes lugares, isto é, analisa a disponibilidade de trabalhadores qualificados, a estrutura industrial, além de aspectos como cultura regional e redes de empresas.

Geografia de Transporte e ComunicaçãoEste ramo investiga o movimento e a conexão de pessoas e bens ao tentar entender os complexos modos de transporte disponíveis na superfície da Terra.

Geografia das FinançasEste ramo estuda principalmente os padrões geográficos das finanças globais e se concentra em compreender a criação de novos centros financeiros no mundo. Também estuda como vários fatores, como soberania e cultura, afetam a distribuição financeira.

Geografia de RecursosEste é outro ramo importante que ajuda a determinar a localização dos recursos naturais, sua disponibilidade e como estes satisfazem as necessidades e desejos humanos.

Page 17: GeoGrafia econômica - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

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Acerca da acessibilidade, Tartaruga (2017) esclarece que, historicamente, no plano da Geografia Econômica, esta dimensão vem sendo analisada em termos da distância separando as pessoas e os lugares e os desafios para aproximar estes dois elementos. No período recente, incorporou-se no escopo de tais discussões o acesso às informações e ao conhecimento, face ao advento das tecnologias da informação e comunicação.

Agora que discorremos sobre os principais elementos teóricos que compõem o campo de estudo da Geografia Econômica, vamos observar alguns exemplos práticos de seus desdobramentos? Para isso, selecionamos uma matéria de jornal que traz à tona alguns dos elementos mencionados. Acompanhe!

Matéria publicada no jornal Diário Catarinense em 26 de janeiro de 2018.

SC LIDEROU GERAÇÃO DE EMPREGO NO BRASIL EM 2017

FÁBRICA DE PORTAS EM CAÇADOR: INDÚSTRIA PUXOU CRIAÇÃO DE VAGAS NO ESTADO

FONTE: Foto: Marco Favero / Diário Catarinense (2017)

Não é que a economia esteja pujante, mas há sinais de que, pouco a pouco, caminha-se no sentido da recuperação. Com atividade econômica diversificada, Santa Catarina vem retomando o crescimento mais rapidamente que outros estados. Prova disso é que foi o que mais gerou empregos em 2017, saldo de 29.441 postos de trabalho formais, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado nesta sexta-feira, 26, pelo Ministério do Trabalho.

Santa Catarina foi na contramão do Brasil, que fechou 20,8 mil vagas, e o

cenário catarinense foi muito melhor que nos anos anteriores. Em 2016 o Estado fechou 32,7 mil postos, e em 2015 bateu recorde negativo ao encerrar 58,6 mil. No entanto, o resultado de 2017 ainda é tímido comparado com os anos pré-crise. Para se ter uma ideia, o saldo do ano passado foi o terceiro pior da série histórica do Caged, que começa em 2002. Em 2014, que esteve longe de ter um grande saldo, SC criou 53 mil postos.

Page 18: GeoGrafia econômica - UNIASSELVI

UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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Observou como são analisados na prática alguns elementos teóricos tratados no texto? Note que aspectos como empregos, diversificação da indústria e desconcentração industrial são relevantes para compreender a dinâmica da geografia econômica de uma unidade federativa.

Como sugestão de atividade prática do conteúdo deste tópico, selecionamos um plano de aula direcionado para alunos do primeiro ano do Ensino Médio e disponível no Portal do Professor. O tema da aula é Geografia e Economia: lições do cotidiano. Nesta sugestão de aula, o aluno é conduzido a observar na prática, sobretudo, como se engendram os fluxos geográficos relacionados à atividade econômica.

Aproveite esta sugestão de aula para se inspirar e para pensar em formas de inovar no processo de condução das suas aulas (seja no momento atual ou no futuro). Acompanhe!

Aula Geografia e Economia: lições do cotidiano, elaborada pela professora Izabel Castanha Gil.

FONTE: <http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2018/01/sc-liderougeracao-de-emprego-no-brasil-em-2017-10134396.html>. Acesso em: 28 maio 2018.

— O ambiente de negócios em SC se manteve bastante propício, favorecendo o emprego, sem elevação de impostos, por exemplo, como aconteceu em outros Estados. Mesmo assim, não foi o suficiente para recuperar os resultados negativos dos outros anos, ainda há bastante capacidade ociosa – diz o economista da Fecomércio SC, Luciano Córdova.

Ao longo de todo o ano passado, a alta foi puxada pela indústria, que, de janeiro a dezembro gerou 12,4 mil vagas. A seguir aparecem os serviços, com 11,1 mil e comércio, com 8,7 mil. Foi um contexto diferente do observado em nível nacional, no qual a indústria teve a segunda maior redução entre os setores (-19,9 mil), atrás apenas da construção civil (-104 mil). O comércio foi o líder em criação de empregos no Brasil em 2017 ao gerar 40 mil vagas.

Para o presidente da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Glauco José Côrte, o modelo do setor industrial no Estado é o que faz a diferença:

— Temos a indústria mais diversificada do país e mais desconcentrada, espalhada por todo o Estado, então isso nos dá um equilíbrio, a nossa dependência de alguns setores é menor que de outros Estados – avalia Côrte.

Dentre as unidades da federação que tiveram redução no número de vagas formais, os líderes foram Rio de Janeiro (-92.192 postos), Alagoas (-8.255 postos) e Rio Grande do Sul (-8.173 postos). Do lado oposto, entre as que mais geraram empregos, depois de SC aparecem Goiás (25.370 postos) e Minas Gerais (24.296 postos). [...]

Page 19: GeoGrafia econômica - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

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Dados da aulaO que o aluno poderá aprender com esta aula?

• Identificar relações básicas entre geografia e economia, a partir da decodificação de produtos consumidos diariamente.

• Reconhecer a complexidade das relações estabelecidas entre a sociedade e a natureza para obtenção de recursos necessários à sobrevivência humana.

• Reconhecer a globalização econômica como a etapa contemporânea do modo capitalista de produção.

Duração das atividades4 aulas de 50 minutos

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno:

• Espaço geográfico como produto das relações humanas.• Elementos da economia: produção, circulação e consumo.• Meio técnico científico informacional: conceito.

Estratégias e recursos da aulaAula indicada para a 1ª série do Ensino Médio.

Atividade 1

FIGURA 4 – MODO DE DISPOSIÇÃO DE ALIMENTOS

FONTE: <http://supergostei.blogspot.com.br/2011/04/despensa.html>.Acesso em: 20 set. 2018.

O professor deverá entregar aos alunos a planilha sugerida no Quadro 1, solicitando que observem embalagens de produtos utilizados pela sua família. Eles poderão trazer embalagens vazias para a sala de aula ou levar a planilha para ser preenchida em casa. Essa planilha formará uma base de dados que subsidiará o preenchimento do Quadro 2, cujos itens constantes nos alvéolos ajudam a compreender a relação entre economia e geografia.

Page 20: GeoGrafia econômica - UNIASSELVI

UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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QUADRO 1 – DECODIFICAÇÃO DE PRODUTOS CONSUMIDOS NO COTIDIANO

Produto

Ingredientes ou substâncias

químicasutilizadas na composição

Cidade e estado de origem

Nome do fabricante ou

produtor

Nome do estabelecimento comercial ou do

vendedor

Arroz

Feijão

Açúcar

Sal

Farinha de trigo

Café

Nescau

Carne bovina

Carne de frango

Peixe

Frutas, verduras e legumes frescos

Alho

Leite

Ovos

Refrigerante

Margarina

Sabonete

Xampu

Sabão em pó

Outros

FONTE: Gil (2013)

Considerando a diversidade de dados coletados, essa etapa do trabalho deverá ser feita individualmente. A partir da observação dos dados gerados, os alunos deverão responder ao que se pede:

Page 21: GeoGrafia econômica - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

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QUADRO 2 - INTERPRETAÇÃO DA BASE DE DADOS AUTOGERADA

1 – Identifique os produtos:a) Consumidos in natura.b) Minimamente processados.c) Transformados industrialmente.

2 – Identifique os estados e regiões de origem dos produtos.

3 – Identifique onde ocorre maior concentração de:a) Produção agrícola e pecuária.b) Produção industrial.

4 – Identifique indústrias nacionais e multinacionais fabricantes dos produtos consultados.

5 – Em muitos produtos fabricados por indústrias multinacionais, lê- se: Indústria brasileira. Como se explica isso?

6 – Nas compras realizadas diretamente do produtor, é mais fácil sabermos os nomes das pessoas produtoras e vendedoras. Nas compras realizadas nos supermercados e lojas de grande porte, a impessoalidade é maior. Como se explica esse fato?

FONTE: Gil (2013)

Objetivando o aprofundamento conceitual do tema em estudo, o professor deverá distribuir cópias do organograma sugerido no Quadro 3 para que os quadros sejam respondidos, tendo como referência a planilha sugerida no Quadro 1. O acesso a esse recurso didático poderá ser feito por meio de cópia impressa ou virtual, esta última acessada no laboratório de informática.

Essa atividade deverá ser respondida em grupo de quatro pessoas, considerando a importância do compartilhamento das informações e, principalmente, da interpretação das mesmas. A observação do organograma facilita a formação de uma visão geral sobre o tema.

Page 22: GeoGrafia econômica - UNIASSELVI

UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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QUADRO 3 – DECODIFICAÇÃO DA BASE DE DADOS GERADA PELOS ALUNOS

Alimentos e higiene – relação entre geografia e econômia

Elementos estruturantes da economia de mercado

Prod. produzidos

em pequenas propriedades

rurais

Prod. de indústrias brasileiras

Prod. produzidos em grandes

propriedades

Prod. de indústrias

multinacionais

Produção manual ou artesanal

Matérias primas retiradas diretamente da natureza

Matérias primas artificiais

Elementos essenciais à produção

Elementos essenciais à transformação

Elementos essenciais à distribuição

FONTE: Gil (2013)

Com base nas informações dispostas no organograma, os grupos de alunos deverão responder aos seguintes questionamentos:

QUADRO 4 – INTEPRETAÇÃO DO ORGANOGRAMA PREENCHIDO NO QUADRO 3

1 – Quais relações se observam entre geografia e economia?

2 – Identifique o papel do trabalho nessas relações.

3 – Identifique o papel do capital nessas relações.

4 – Identifique o papel do Estado nessas relações.

5 – É possível identificar o processo de globalização econômica nessas relações? Justifique.

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TÓPICO 1 | O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

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6 – Nas relações representadas no organograma, identifique circunstâncias em que podem ocorrer:

a) desigualdades sociais. b) impactos ambientais. c) trocas econômicas desiguais.

FONTE: Gil (2013)

As respostas deverão ser anotadas no livro do aluno e a socialização ocorrerá por meio de um debate. O professor deverá promover a formação de um grande círculo na sala de aula, estimulando a participação de todos.

Nesse momento, eles deverão estar com o Atlas geográfico em mãos para confirmação de alguns dados, por exemplo:

a) localização espacial das áreas de maior e menor concentração industrial;b) áreas de produção agrícola e pecuária;c) áreas de maior e menor concentração populacional (mercado consumidor),

entre outras informações.

Além dos itens para observação no parágrafo anterior, os alunos poderão estabelecer conexão entre a planilha preenchida com os produtos existentes em casa e o mapa conceitual. A partir da prática, poderão perceber a fundamentação teórica do tema.

Atividade 2

A conclusão da aula será feita com duas atividades:

1 – Os alunos receberão o artigo Conceitos e importância da geografia econômica, disponível em: <http://meuartigo.brasilescola.com/geografia/conceitos-importancia-geografia-economica*.htm>, ou se for o caso, o professor poderá promover a sua leitura com o uso de um projetor com leitura, pelos alunos, em voz alta. Caso haja mais de uma turma na escola desenvolvendo a mesma atividade, é possível promover um debate entre elas, ampliando a visão dos estudantes.

2 – Num segundo momento, cada aluno do grupo deverá garimpar uma questão de vestibular, ENEM ou concurso público sobre a temática da geografia econômica, definir um aluno voluntário, com disponibilidade de tempo, para receber essas questões por e-mail, excluir aquelas repetidas, montar um arquivo e enviar ao professor, em nome do grupo. Este, por sua vez, selecionará algumas questões para discussão em sala de aula, reforçando conceitos ou esclarecendo dúvidas. Esse banco de questões dos alunos poderá ser aproveitado na avaliação institucional, quando se verificará a compreensão da temática estudada.

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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Recursos complementaresConhecendo os setores da economia. Disponível em: <http://

portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=667>.

Geografia econômica: encontros e desencontros de uma ciência de encruzilhada <http://www.apgeo.pt/files/section44/1227097241_Inforgeo_16_17_p111a125.pdf>.

Matriz de referências do ENEM:<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=arti-

cle&id=13318&Itemid=310&msg=1>.

AvaliaçãoParticipação, interesse, pontualidade, são aspectos comportamentais

e atitudinais que devem ser considerados na composição da média final. Em relação ao conhecimento, o professor deverá considerar o desempenho dos alunos nas interpretações propostas e na avaliação institucional.

FONTE: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=51785>.Acesso em 25 jun. 2018.

UNI

Caro acadêmico! Os conteúdos trabalhados nesta disciplina de Geografia Econômica, são trabalhados de forma diluída tanto no ensino médio como no ensino fundamental. Nos livros didáticos direcionados para estas fases do ensino, você irá notar que temas como globalização, sistemas econômicos e regiões serão debatidos em distintos níveis de profundidade, condizentes com cada etapa dos estudos.

Page 25: GeoGrafia econômica - UNIASSELVI

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Neste tópico, você aprendeu que:

• A Geografia Econômica estuda as relações econômicas que se dão no espaço do globo terrestre entre os países e dentro deles e explica porque determinadas áreas crescem e outras não.

• A Geografia Econômica pode ser definida como o estudo da materialização desigual e diferenciada das atividades econômicas no território.

• Ao longo dos anos, a Geografia Econômica adotou várias abordagens para diferentes assuntos, como a localização das indústrias, os benefícios que as empresas obtêm ao se localizarem próximas umas das outras (economias de aglomeração), a geografia de transportes, que estuda a conexão e o movimento entre pessoas e bens.

• Outros assuntos estudados no plano da Geografia Econômica incluem a relação entre meio ambiente e economia, comércio internacional, economia em áreas urbanas e economia e planejamento urbano.

• Independentemente do ramo de atuação da Geografia Econômica, existem alguns agentes em comum fazem parte do objeto de estudo da geografia econômica: trabalho, empresa e Estado.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 De maneira geral, é possível afirmar que a geografia é a ciência que se dedica a compreender o espaço e a relação que ele estabelece com a sociedade e a natureza. Para atender este objetivo abrangente, a geografia se divide em várias áreas. Com relação à Geografia Econômica, assinale a alternativa CORRETA:

( ) O escopo de atuação da Geografia Econômica está restrito aos fenômenos de escala global, visto sua relevância no plano econômico internacional.

( ) A Geografia Econômica é uma área de pesquisa dedicada a entender a relação entre os processos sociais e os processos ambientais.

( ) A agricultura constitui-se no principal elemento de estudo da Geografia Econômica, considerando seu caráter estratégico na produção de alimentos.

( ) A Geografia Econômica é o ramo do conhecimento responsável por compreender a lógica da produção e distribuição das atividades econômicas.

2 Entre as atribuições da ciência geográfica, menciona-se que a geografia procura estudar a relação que se estabelece entre o conjunto inseparável de fixos e fluxos. Particularmente, no que se refere às atribuições da chamada geografia das finanças, assinale a alternativa CORRETA:

( ) A geografia das finanças analisa principalmente como a inflação interfere na taxa de desemprego dos países subdesenvolvidos.

( ) Os geógrafos financeiros investigam a relação entre a microeconomia e os custos operacionais da produção de artefatos.

( ) A geografia das finanças estuda os padrões das finanças globais e busca compreender como se formam os novos centros financeiros mundiais.

( ) A geografia financeira estuda os padrões ocupacionais nos grandes centros urbanos, entendendo os mecanismos de variação dos preços.

3 Historicamente, a atividade industrial constitui-se em um importante elemento do quadro econômico internacional. Tendo em vista sua relevância para a sociedade, de modo geral, alguns campos disciplinares procuram estudar a sua dinâmica. Neste sentido, disserte sobre a área de estudo da Geografia da Indústria.

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 2

A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS

DE LOCALIZAÇÃO

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Conforme vimos no tópico anterior, o estudo da Geografia Econômica é abrangente e envolve o estudo de diferentes dimensões do objeto geográfico. Após aprendermos como se formou historicamente o campo disciplinar da Geografia Econômica e após identificar que elementos fazem parte do escopo de estudos desta disciplina, neste tópico iremos examinar algumas teorias fundamentais no campo da geografia econômica. Particularmente, neste momento, vamos estudar as chamadas teorias de localização, que historicamente tiveram um papel relevante na geografia.

Tratando deste assunto, Santos (1977, p. 87) explica que:

[...] as diferenças entre lugares são o resultado do arranjo espacial dos modos de produção particulares. O ‘valor’ de cada local depende de níveis qualitativos e quantitativos dos modos de produção e da maneira como eles se combinam. Assim, a organização local da sociedade e do espaço reproduz a ordem internacional. [...] a localização dos homens, das atividades e das coisas no espaço explica-se tanto pelas necessidades ‘externas’, aquelas do modo de produção ‘puro’, quanto pelas necessidades ‘internas’, representadas essencialmente pela estrutura de todas as procuras e a estrutura de classes, isto é, a formação social propriamente dita.

2 UM OLHAR SOBRE AS PRINCIPAIS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO

Para que possamos compreender como se estruturou a Geografia Econômica, é necessário compreender que existe um estreito entrelaçamento entre geografia econômica e economia espacial. Embora recebam denominações diferentes e a intensidade dos seus enfoques possa variar, é notável a aproximação destas duas áreas “irmãs”. O interesse de ambas está centrado em entender como os fenômenos econômicos se engendram no espaço. Lan (2017) pontua que é depois do começo da Revolução Industrial que economistas e geógrafos passaram a se dedicar e construir os fundamentos da localização industrial. Von Thünen é considerado pioneiro, como observa Lan (2017, p. 241): “é no começo do século XIX que nasceu a economia espacial, quando Von Thünen (1826) apresentou a teoria de localização das atividades agrícolas”. Vamos conhecer esta teoria?

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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2.1 JOHANN H. VON THUNEN E O ESTADO ISOLADO (1826)

Waibel (1948) explica que o primeiro economista que tratou, clara e sistematicamente, a influência da distância do mercado em relação à economia agrária foi Johann Heinrich von Thünen. Thünen buscou explicar o padrão das atividades agrícolas em torno das cidades na Alemanha pré-industrial (THISSE, 2011). Conhecida como Teoria do Estado Isolado, Von Thünen propôs um modelo para explicar a variação do uso do solo agrícola. Waibel (1948, p. 3) ressalta que: “o Estado Isolado é uma abstração relativamente ao espaço, à natureza e à economia”. (grifo nosso)

Como se trata de um modelo abstrato, precisamos ter em mente que Von Thünen procurou explicar as formas de uso do solo agrícola considerando que algumas condições e circunstâncias se manteriam “estáveis”. Ou seja, trata-se de um “modelo ideal” que procurou, à sua época, qual seria a melhor forma de utilizar e de tirar o melhor proveito possível do solo decorrente da atividade agrícola. Tenha em mente que mesmo em seu tempo, o propósito do modelo não era uma mera replicação e repetição do mesmo em vários recortes espaciais. O objetivo era criar um modelo apto para lançar luz e ajudar a entender como a produtividade da terra poderia ser incrementada. Vamos entender, então, quais eram as premissas consideradas “dadas” e “estáveis” neste modelo?

FIGURA 5 – POSTULADOS DA TEORIA DE VON THÜNEN

O modelo Von Thünen baseia-se nos

seguintes postulados

1) área homogênea, economicamente ilhada, com as mesmas condições naturais e de transporte; isso significa que os custos de produção por unidade ficam iguais;

3) no mercado, há uma competição viva entre produtores de tal maneira que eles mesmos não podem determinar os preços;

2) a demanda de bens agrícolas está concentrada na cidade;

4) a oferta de bens agrícolas está dispersa em uma planície uniforme.

FONTE: Adaptado de Lan (2017, p. 242)

De modo resumido, “Thünen postula a maximização da renda em função da distância e dos custos de transporte” (LAN, 2017, p. 242). Ou seja, o autor estava preocupado em explicar onde deveriam estar localizadas determinadas atividades agrícolas. Para isso, entendia que o fator fundamental para análise era o custo de transporte entre a área de plantio e o mercado consumidor. Para

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TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS

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balizar este seu entendimento, Thünen desenvolveu a ideia de círculos (ou anéis) concêntricos. Lan (2017, p. 242) explica que “para Von Thünen, os cultivos se repartem em áreas concêntricas especializadas em atividades agrícolas, em função da distância da vila, e a competição pela terra determina a renda máxima que pode pagar um produtor agrícola”. Na sequência, apresentam-se os círculos concêntricos propostos por Von Thünen.

FIGURA 6 – CÍRCULOS CONCÊNTRICOS DE VON THÜNEN

FONTE: CABRAL, D. Von Thünen e o abastecimento madeireiro de centros urbanos pré-industriais. Revista Brasileira de Estudos de População, 28 (2), 2011.

Conforme se observa na figura, os círculos mais próximos da cidade (mercado consumidor) devem abrigar os produtos que são requeridos com maior frequência e que são mais perecíveis, isto é, produtos da horticultura. Por sua vez, os círculos mais distantes deveriam abrigar atividades como o cultivo de gado e conservação da floresta – atividades que não precisam estar tão próximas do mercado consumidor. A este respeito, Waibel (1948, p. 4) sustenta que:

Assim, com o aumento da distância da cidade, a produção agrícola deve ser a que – de acordo com seu valor – exige menores tarifas de transporte e, além disso, a que não se deteriora com facilidade e não precisa ser consumida ainda fresca. Como a despesa de transporte dos produtos do campo até a cidade é igual para todos os pontos equidistantes do mercado urbano, os tipos de cultura agrária situar-se-ão em anéis ou faixas concêntricas, em torno da cidade, dispondo-se dos de maior intensidade, estes próximos ao centro, aos de menor, na periferia do Estado.

Mercado Urbano

I – Horticultura intensiva

II – Silvicultura

III – Sistema rotativo de cereais e raízes

IV – Sistema rotativo de cultura e pastagem

V – Sistema de três campos

VI – Criação de gado

VII – Floresta virgem

VIVII IV III II IV

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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Conforme podemos observar, a principal preocupação de Von Thünen é o efeito da localização sobre a atividade econômica. Embora atualmente este modelo seja considerado antigo e ultrapassado em alguns aspectos, ele continua a apresentar elementos relevantes para serem tomados em conta tanto para determinar as escolhas locacionais de produtores agrícolas, bem como, oferece pistas para se pensar em propostas de planejamento urbano mais alinhadas com as expectativas da população.

2.2 ALFRED WEBER – TEORIA DA LOCALIZAÇÃO DAS INDÚSTRIAS (1909)

Seguindo a trajetória dos importantes teóricos que contribuíram para a formação da geografia econômica, outra contribuição importante foi a do economista alemão Alfred Weber – primeiro autor a desenvolver uma teoria global da localização industrial. O ponto de partida da teoria de Weber é a empresa (LAN, 2017). “Alfred Weber (1909) pretendeu definir uma teoria da localização industrial, tal como Von Thünen tinha pretendido definir uma de localização agrícola” (RAMOS, 2000, p. 21).

No entendimento de Weber (2016), torna-se primordial saber onde determinada indústria está situada, levando em consideração a relação entre os custos de transporte, fontes de matérias-primas, a distância aos insumos e ao mercado. Ramos (2000) esclarece que para conceber sua teoria, Weber analisou os fatores que tinham capacidade de influenciar a localização das indústrias e, então, selecionou os três fatores de localização que considerou mais relevantes, a saber: ponto mínimo de custos de transporte; distorção do trabalho e, forças de aglomeração ou desaglomeração. Vamos entender melhor o que significa cada um destes fatores locacionais mencionados? Para começar, vamos acompanhar a definição trazida por Ramos (2000, p. 22) sobre cada fator, acompanhe:

a) o ponto mínimo de custos de transporte é determinado geometricamente, tendo em conta os dois elementos que condicionam esse custo, isto é, o peso e a distância. A decisão de localização tomada pelos responsáveis das empresas depende, em grande medida, da comparação de preço entre o transporte das matérias-primas e dos produtos. [...] b) a distorção do trabalho corresponde à atração exercida por centros vantajosos em mão de obra. Esta distorção depende essencialmente das diferenças entre os níveis salariais dos diferentes locais, considerando a mão de obra imóvel e a oferta ilimitada [...] c) forças de aglomeração e desaglomeração [...] a primeira consiste em economias de aglomeração, resultantes do reagrupamento geográfico das empresas em termos de produção e de escoamento (existência de preços mais favoráveis, melhores adaptações às condições de mercado, integração de maior número de unidades fabris). A segunda traduz-se num aumento das rendas fundiárias provocado por uma concentração excessiva, que reduz os locais disponíveis e faz aumentar o preço dos solos. (grifo nosso)

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TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS

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Note na explicação de Ramos (2000) que embora a teoria de Weber tenha sido pioneira nas teorias de localização industrial, ela contempla uma série de aspectos que seguem em evidência quando o que está em questão é decidir onde instalar uma indústria. A preocupação fundamental em determinar o custo mínimo de transporte é parte fundamental desta teoria. Neste sentido, a preocupação com os custos de transporte envolve tanto a variável matéria-prima – o quão distante ou próximos estão os insumos necessários para que ocorra a produção industrial efetivamente e, por sua vez, o custo de transporte relacionado ao mercado – quanto envolve questões como: que distância e com qual custo o mercado está disposto a percorrer para acessar determinado produto?

Outro ponto importante da teoria de Weber é a ideia de distorção do trabalho, que está relacionada à localização e à remuneração da mão de obra. A este respeito, vale lembrar que trabalhadores com níveis de qualificação similares podem receber salários diferentes, dependendo de onde estiverem localizados. De forma similar, Weber – já à sua época – percebeu que o modo como a mão de obra se encontra disponível pelo território não é homogêneo. Cada local concentra um volume de trabalhadores específicos e com aptidões particulares. Assim, este ponto da teoria chama a atenção para a necessidade de identificar e conhecer as particularidades de custo e de localização da força de trabalho que irá atuar em determinada indústria.

Por fim, Weber (2016) entende que alguns aspectos podem ser favoráveis para a decisão de instalar uma indústria em determinado local, enquanto outros seriam capazes de interferir negativamente. De modo geral, os aspectos considerados favoráveis seriam aqueles decorrentes das vantagens da concentração de empresas, tais como melhores adaptações relacionadas ao mercado de trabalho, isto é, vantagens decorrentes de uma melhor preparação da mão de obra para atuar em um setor específico e, além disso, várias empresas de um mesmo setor situadas geograficamente próximas podem se beneficiar de efeitos de integração e sinergia. Dentre os efeitos negativos, pode-se mencionar a especulação imobiliária, ou seja, a possível atratividade de um local para a instalação de indústria, quando exacerbada, pode levar a um aumento dos preços dos terrenos.

Agora que compreendemos os pressupostos teóricos abordados por Weber à sua época, vamos tentar transpor algumas de suas ideias para a atualidade? Para procurar ilustrar alguns fatores locacionais capazes de atrair a instalação de indústrias, selecionamos uma notícia relacionada ao Município de Bauru, acompanhe a leitura:

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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Observou como os apontamentos de Weber ajudam a refletir sobre o quadro industrial atual? A identificação de fatores geográficos considerados favoráveis ou desfavoráveis para a indústria constitui uma etapa fundamental tanto para o planejamento urbano das cidades, bem como, interfere diretamente nas decisões de investimento. Vamos para a próxima teoria dos autores considerados clássicos da localização industrial?

Água farta atrai indústrias na região

Disponibilidade de gás natural e energia elétrica também são fatores importantes nas cidades com Distritos Industriais no entorno de Bauru

Rita de Cássia Cornélio

A região de Bauru está sendo cobiçada por empresas de pequeno e médio porte para a instalação de matrizes e filiais. A doação de áreas, a isenção de impostos e a facilitação na documentação têm atraído os empresários da capital, cansados de sofrer com trânsito e outras dificuldades.

Para o diretor de Desenvolvimento, Geração de Emprego e Renda de Lençóis Paulista, Altair Aparecido Toniolo, a região é a bola da vez. “Temos olhado o desenvolvimento de forma regionalizada. Acredito que estamos vivendo o momento da interiorização do desenvolvimento, Lençóis, Agudos e toda a região é a bola da vez.

Além da infraestrutura disponível, Toniolo enfatiza a disponibilidade de energia elétrica, gás natural e especialmente água. “O gasoduto corta a região. No Distrito Empresarial de Lençóis está presente. Temos água de boa qualidade. Esses são itens atrativos. As coisas estão acontecendo na cidade e na região. As empresas descobrem os locais ideais para se instalarem.”

Na opinião dele, as cidades se estruturaram regionalmente para o desenvolvimento. “Temos a infraestrutura local. A facilitação das legislações municipais que permitem isenções de impostos. Estamos cercados de boas rodovias, hidrovia, aeroporto, enfim, acesso às principais vias de transportes que atraem os empresários para as cidades da região. Os municípios se prepararam e com certeza estão acima da média nacional.”

O cadastro municipal de Lençóis Paulista mostra que a cidade tem 6.167 empresas ativas, que empregam 25.908 mil pessoas. Entre os anos de 2009 e 2014, foram abertas 2.338 empresas. Para cumprir as diretrizes municipais e gerar oportunidades aos moradores, o município investiu na educação profissional. “A Escola de Negócios é um projeto que objetiva a disseminação do empreendedorismo em cursos técnicos.” [...]

FONTE: <https://www.jcnet.com.br/Regional/2015/01/gua-farta-atrai-industrias-na-regiao.html>. Acesso em: 11 jun. 2018.

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TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS

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Entre os autores considerados basilares nos estudos precursores da Geografia Econômica, menciona-se o trabalho do geógrafo alemão August Lösch. O referido autor elaborou um modelo de economia espacial em condições de concorrência imperfeita em que o espaço resulta uma variável fundamental (LÖSCH, 1954). Colocando de forma mais detalhada:

August Lösch (1939) propõe o desenvolvimento de uma teoria geral do equilíbrio das localizações no sistema econômico. Em contraposição a Weber, que definia a localização ótima pela minimização dos custos de transporte, Lösch disse que o produtor vai se localizar no lugar de maximização dos ganhos. É o ganho que guia a localização. O acento está posto sobre a demanda e a interdependência das firmas (LAN, 2017, p. 244).

É importante ressaltar que nesta teoria a ênfase está na questão da demanda. Entendendo a demanda como um aspecto fundamental de sua teoria, Lösch admite que a demanda por um produto varia segundo as regiões, conforme a preferência dos consumidores e, principalmente, de acordo com o seu poder aquisitivo (MANZAGOL, 1985). Assim como na teoria proposta por Weber, a ideia de forças aglomerativas também aparece no trabalho de Lösch. Donda Júnior (2002, p. 34) descreve as forças aglomerativas mencionadas por Lösch de forma detalhada, acompanhe:

a) economias de escala – referem-se às economias internas das firmas, que aumentam de acordo com o seu tamanho, ou seja, há diminuição nos custos unitários de produção em virtude do aumento na escala de produção da própria firma; b) as economias de localização – resultam da redução dos custos unitários graças à aglomeração de firmas do mesmo setor ou vinculadas em um mesmo espaço restrito; c) economias de urbanização – resultam das vantagens internas à área urbana, independentes da natureza da firma, em decorrência da oferta de: 1. infraestrutura – como transporte, energia elétrica, água, comunicações etc.; 2. serviços especializados – como instituições bancárias, técnicos de suporte, consultores etc.; 3. mercado – capaz de permitir a utilização das economias de escala; d) economias de complexo industrial – referem-se às economias internas, ao conglomerado de setores mutuamente inter-relacionados, também denominados de clusters. (grifo meu)

Observe na citação em destaque que os elementos que aparecem para ser discutidos na teoria de Lösch (custos de transportes, localização do mercado, ganhos relacionados à escala, facilidades decorrentes da urbanização etc.) são, em vários aspectos, similares aos elementos presentes na teoria de Weber e de Von Thünen. O que ocorre é que, a partir de alguns elementos previamente identificados, procura-se construir leis e modelos explicativos capazes de contribuir e lançar luz sobre dimensões desconsideradas nos modelos antecessores. O que muda é a ênfase e a leitura acerca da combinação de tais fatores.

2.3 AUGUST LÖSCH – A ECONOMIA DA LOCALIZAÇÃO (1940)

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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Pensando em uma analogia bem simples do nosso dia a dia, podemos pensar que alguns “ingredientes” presentes em cada teoria podem até ser similares. Contudo, as “receitas”, isto é, o modo como eles são “misturados” e “combinados” para gerar um resultado e, seguindo a linha de pensamento da metáfora proposta, os “pratos” gerados são diferentes e particularidades. Isso porque cada teoria procura ressaltar e evidenciar aspectos distintos inerentes ao processo de localização industrial.

Assim, vale frisar que a preocupação de Lösch era, sobretudo, entender as oscilações da demanda e delimitar áreas de mercado. Cavalcante (2008) ponderam que de acordo com Lösch (1954), as áreas de mercado serão tão maiores quanto menores forem a densidade da demanda, a variação dos preços e os custos de transporte. Os autores lembram que tais características são específicas de cada bem ou serviço, e que por isso, deveria haver centros e áreas de mercado de todos os tamanhos para cada produto. É desta forma que a teoria de Lösch contribui, ainda que em caráter preliminar, com a ideia de hierarquia urbana – pensada neste momento, sobretudo, a partir da lógica de acessos a mercadorias e serviços.

3 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO

Embora se trate de um conteúdo de natureza teórica e histórica e que talvez possa parecer um pouco “antigo”, é fundamental que você, futuro professor de Geografia, possa compreender que há uma ampla gama de estudiosos que ajudaram a formar esta área disciplinar, hoje conhecida como Geografia Econômica. As distintas contribuições teóricas ora são contraditórias e ora se sobrepõem. O leque de teóricos é mais abrangente do que os autores que foram apresentando, incluindo autores como Christaller (1933) e Isard (1956). Para o contexto desta disciplina, é importante recordar e ter em mente que o debate acerca da localização industrial é muito rico e permite várias possibilidades de análises teóricas e metodológicas, dependendo da abordagem selecionada.

Pensando de modo abrangente, resta o fato de que "[...] o modo de produção capitalista tem a capacidade de criar estruturas e formas espaciais que contemplem a otimização do processo de produção (ARAÚJO JÚNIOR, 2015, p. 137). Outro ponto importante para ser recordado a respeito das teorias de localização é que existe um dinamismo espacial inerente a esta atividade, que desencadeia um amplo conjunto de fluxos materiais e imateriais. Corroborando com esta linha de pensamento, Lan (2017, p. 241) salienta que:

O espaço industrial não se reduz à fração restrita do território ocupado pelas indústrias, mas se trata da produção de uma rede de fluxos visíveis (mercadorias) e invisíveis (capital, informação, tecnologia) que se materializam nas relações de produção e de gestão. A indústria, por seu uso do território e pela mobilização da força de trabalho, foi considerada, por muito tempo, como base do desenvolvimento econômico dos lugares. A política de localização da indústria varia em função da evolução dos mercados e da estrutura mesma das empresas. (grifo nosso).

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TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS

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DICAS

Quer aprofundar seus conhecimentos sobre este assunto?

Recomendamos a leitura do livro Economia Regional e Urbana: teorias e métodos com ênfase no Brasil. Você pode acessar este livro pela internet, pelo link a seguir: <http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3008/1/Livro_Economia%20regional%20e%20urbana_teorias%20e%20m%C3%A9todos%20com%20%C3%AAnfase%20no%20Brasil.pdf>.

Conforme consta na apresentação do livro, ele está dividido em três partes: uma primeira com abordagem teórica (Parte I: fundamentos teóricos da economia regional e urbana); uma segunda, com uma abordagem histórica das políticas regionais e do pensamento regional no Brasil (Parte II: Formação e evolução do planejamento regional no Brasil); e uma terceira, com metodologias para abordar a questão regional e urbana (Parte III: Métodos aplicados à análise espacial).

Além desta dica de livro, aproveitamos para recomendar uma sugestão de plano de aula para trabalhar a ideia de localização na geografia, de maneira mais abrangente, com os alunos do Ensino Médio. A sequência de aulas elaboradas pela professora Izabel Castanha Gil e disponível no Portal do Professor (MEC) permite relacionar a reflexão sobre localização com um tema prático e de maneira multidisciplinar, permitindo envolver as disciplinas de Matemática, Língua Portuguesa, Sociologia e Artes. Após a exposição de conteúdos teóricos, sabemos que atividades práticas e experiências criativas ajudam no processo de aprendizado dos alunos e, de certa forma, inovam as estratégias de ensino, envolvendo e estimulando o trabalho em grupo entre colegas e professores. Acompanhe a sequência de aulas e atividades!

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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Dados da aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula?

• Reconhecer a organização espacial de um supermercado e os interesses que permeiam essa organização.

• Reconhecer características comportamentais dos consumidores, como elas são captadas pelos fabricantes ou como elas podem contribuir para a independência e o consumo consciente.

Duração das atividades6 aulas de 50 minutos

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

• Modo capitalista de produção: conceito, histórico e características.• A formação da sociedade de consumo: histórico e características.

Estratégias e recursos da aula

Aula sugerida para a 1ª série do Ensino Médio. Para esta atividade sugere-se a participação dos professores de Matemática, Língua Portuguesa, Sociologia e Artes.

Atividade 1

FIGURA 7 – A REALIZAÇÃO DE COMPRAS EM UM SUPERMERCADO

FONTE: <http://www.colorirgratis.com/desenhos-de-comida-para-colorir.html>. Acesso em: 27 ago. 2018.

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TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS

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O texto base para esta aula está disponível em espanhol, sugerindo um trabalho em conjunto com o professor desse idioma. Caso a escola não ofereça essa disciplina, o professor de Geografia poderá auxiliar os alunos na compreensão do texto, contando com o apoio de tradutores on-line. O título da matéria é Geografía de un súper: qué "secretos" esconde la ubicación de los productos y cómo influyen en sus decisiones de compra, e o link para acesso é <http://marketing.iprofesional.com/notas/136384-Geografa-del-supermercado-qu-secretos-esconde-la-ubicacin-de-los-productos-y-cmo-influyen-en-sus-decisiones-de-compra>. O acesso a um tradutor on-line pode ser feito em: <http://tradutor.babylon.com/>.

Caso os alunos não disponham de um computador ou de um tradutor on-line sugere-se as seguintes fontes, em português, que tratam de assuntos semelhantes:

1 A influência do merchandising no comportamento de compra de produtos de higiene pessoal, disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/semead/13semead/resultado/trabalhosPDF/737.pdf>.

2 A ciência que faz você comprar mais. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI317687-17579,00-A+CIENCIA+QUE+FAZ+VOCE+COMPRAR+MAIS.html>.

O professor deverá entregar o texto impresso ou solicitar que os alunos o acessem no laboratório de informática. Para o aproveitamento da leitura em espanhol, a leitura deverá ser feita vagarosamente, com a ajuda de um dicionário de espanhol impresso ou com o tradutor on-line, e os alunos deverão anotar a tradução de palavras desconhecidas. Em grupos de dois alunos, eles deverão responder ao roteiro a seguir:

QUADRO - QUESTÕES PARA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO GEOGRAFÍA DEL SUPERMERCADO: QUÉ "SECRETOS" ESCONDE LA UBICACIÓN DE LOS PRODUCTOS Y CÓMO INFLUYEN EN SUS

DECISIONES DE COMPRA

1 - Você costuma fazer compras em supermercados? Já havia observado a disposição dos produtos nas prateleiras e no espaço geral daquele ambiente?

2 - Identifique as características apontadas no texto para a distribuição dos produtos.

3 - Quem define essa distribuição espacial: o dono do supermercado e seu gerente, os fabricantes, ou os consumidores? Por quê?

4 - Estabeleça uma relação entre o comportamento dos consumidores e a distribuição espacial dos produtos.

5 - Identifique os espaços mais valorizados num supermercado. Por quê?

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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6 - A distribuição espacial das marcas ocorre de modo aleatório? Explique.

7 - Muitas empresas estudam minuciosamente o comportamento dos consumidores em três momentos: antes, durante e depois das compras.

a) Como esses diferentes comportamentos influenciam a distribuição espacial dos produtos?

b) Qual é a intenção desses estudos?

8 - As estratégias das marcas para escolha da melhor localização para seus produtos podem fazer diferença em:

a) consumidores desinformados? Comente.b) consumidores informados? Comente.

FONTE: Gil (2013)

As respostas serão anotadas no livro do aluno e a socialização ocorrerá por meio de um debate, com a turma disposta num grande círculo. Todos devem participar, contando também suas experiências pessoais como consumidores.

Atividade 2

O professor deverá propor aos alunos, dispostos em grupo de quatro pessoas, que elaborem o croqui de um supermercado tendo como referência o texto que acabaram de ler. Para essa atividade, a integração com o professor de Artes facilita e enriquece o trabalho. Informações sobre elaboração de croqui podem ser acessadas em: <http://www.youtube.com/watch?v=NzxRZZYu9CQ>.

Caso haja possibilidade, o professor poderá propor a ida a um supermercado, quando os grupos confrontarão seus croquis com a organização espacial encontrada. A visita deverá ser agendada, pois os alunos precisarão circular pelo supermercado na condição de observadores e entrevistadores e tirar algumas fotos. Caso isso não seja possível, o professor poderá propor que os alunos realizem individualmente essa tarefa, em momento diferente do seu período escolar. Alerta-se para a necessidade de autorização para essa visita e, principalmente, para as fotos. Nesse caso, o professor deverá comunicar o proprietário sobre a visita dos alunos e solicitar autorização para as fotografias.

Além da observação, os alunos deverão entrevistar pessoas, como: consumidores, funcionários, gerente, proprietário do estabelecimento e fornecedores. Se houver o consentimento, eles deverão fotografar aspectos que representem as constatações feitas durante a leitura. Algumas sugestões de questionamentos aos entrevistados estão dispostas no quadro a seguir:

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TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS

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QUADRO 5 – ENTREVISTAS COM PESSOAS DE DIFERENTES PERFIS E SEGMENTOS

Dona de casa experiente

1- Nome, idade e escolaridade da pessoa.2- A senhora sempre vem a este

supermercado? Por quê?3- Costuma trazer uma lista de compras ou já

tem na cabeça o que deseja comprar?4- A senhora mantém uma sequência de

locais e produtos para a realização das compras ou cada dia começa por um lugar diferente? Por quê?

5- A senhora compra sempre produtos das mesmas marcas ou gosta de variar? Por quê?

6- O que mais chama sua atenção: preço, oferta, marca, ou outro fator?

7- Produtos como arroz, feijão, sal, alho, cebola, costumam ficar no fundo ou na lateral esquerda de quem entra no prédio. Saberia dizer por que?

8- A senhora sabe por que, geralmente, os refrigerantes e bebidas ficam do lado direito de quem entra no supermercado?

9- A senhora se sente atraída por produtos colocados próximo aos caixas, enquanto está aguardando para pagar a conta? Por quê?

Funcionário

1- Nome e idade do funcionário.2- Há quanto tempo trabalha neste

supermercado? Qual é a sua função?3- Você sabe quem define a localização

espacial dos produtos dispostos nas prateleiras?

4- As pessoas pedem sua ajuda para localização dos produtos ou costumam saber onde estão?

5- Você saberia indicar alguma estratégia utilizada na distribuição dos produtos, que acabam resultando em maior quantidade de vendas?

6- Indique alguns hábitos dos consumidores quanto à escolha dos produtos, que você considera interessante.

Alguma pessoa visivelmente inexperiente

1- Nome, idade e escolaridade da pessoa.2- Você sempre vem a este supermercado?

Por quê?3- Costuma trazer uma lista de compras ou já

tem na cabeça o que deseja comprar?4- Você mantém uma sequência de locais e

produtos para a realização das compras ou cada dia começa por um lugar diferente? Por quê?

5- Você compra sempre produtos das mesmas marcas ou gosta de variar? Por quê?

6- O que mais chama sua atenção: preço, oferta, marca, ou outro fator?

7- Produtos como arroz, feijão, sal, alho, cebola, costumam ficar no fundo ou na lateral esquerda de quem entra no prédio. Saberia dizer por quê?

8- A senhora sabe por que, geralmente, os refrigerantes e bebidas ficam do lado direito de quem entra no supermercado?

9- A senhora se sente atraída por produtos colocados próximo aos caixas, enquanto está aguardando para pagar a conta? Por quê?

Gerente ou dono do supermercado

1- Nome e idade do gerente ou proprietário.2- Há quanto tempo trabalha ou é dono deste

supermercado?3- Quem define a localização espacial dos

produtos dispostos nas prateleiras? Há marcas que fazem algum tipo de exigência? Comente.

4- A administração tem algum benefício com essas exigências?

5- As pessoas costumam pedir ajuda para localização dos produtos ou geralmente sabem onde estão?

6- Você saberia indicar alguma estratégia utilizada na distribuição dos produtos, que acabam resultando em maior quantidade de vendas?

7- Indique alguns hábitos dos consumidores quanto à escolha dos produtos, que você considera interessante.

8- Indique alguma iniciativa tomada pelos organizadores, que não deu o resultado esperado.

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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Repositor de estoque ou designer vinculado a algum fabricante

1- Nome, idade e escolaridade do profissional.2- Qual é a sua função neste supermercado?3- Para qual empresa você trabalha?4- Quais critérios você utiliza para escolher o

local onde colocará os produtos?5- Há lugares mais e menos apropriados para

os produtos? Explique.6- A empresa paga para que seus produtos

sejam colocados onde ela deseja?7- Em relação à escolaridade e ao grau

de informação, os consumidores têm reações diferentes quanto às estratégias de distribuição espacial dos produtos?

Itens para observação do comportamento dos consumidores

1- Lado que as pessoas, espontaneamente, mais se dirigem quando entram no supermercado (direito, esquerdo ou centro).

2- Se levam ou não uma lista de compra.3- Se iniciam suas compras por produtos de

primeira necessidade, como alimentos básicos (arroz, feijão, óleo etc.) ou pelos chamados produtos supérfluos (refrigerantes, guloseimas etc.).

4- Se observam o preço, o prazo de validade, a marca, ou se pegam o produto mecanicamente.

5- Outros aspectos.

FONTE: GIL (2013)

Além das entrevistas, os alunos deverão posicionar-se em pontos estratégicos do supermercado, de modo respeitoso e discreto, para observar o comportamento de alguns consumidores. Essa observação deverá ser feita num intervalo de, no máximo, dez minutos e descrita com detalhes. Eles deverão observar alguns hábitos, como:

a) o lado que as pessoas, espontaneamente, mais se dirigem quando entram no supermercado (direito, esquerdo ou centro);

b) se levam ou não uma lista de compra; c) se iniciam suas compras por produtos de primeira necessidade, como alimentos

básicos (arroz, feijão, óleo etc.) ou pelos chamados produtos supérfluos (refrigerantes, guloseimas etc.);

d) se observam o preço, o prazo de validade, a marca, ou se pegam o produto mecanicamente, entre outros itens.

O professor de Matemática poderá contribuir indicando elementos que

auxiliam na observação do layout do supermercado, tais como:

a) altura, largura e profundidade das prateleiras; b) distância entre as gôndolas;c) área reservada para cada marca, entre outros.

O resultado das entrevistas deverá ser socializado por meio de um debate em sala de aula, com os alunos dispostos num grande círculo. O professor deverá estimular o relato das experiências vivenciadas, pois se trata também da construção de referenciais educacionais para a condição de consumidor dos adolescentes.

Atividade 3

Com a contribuição do professor de Artes, os alunos deverão organizar o layout de uma exposição no mural da escola utilizando os croquis, as fotografias

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TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS

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tiradas no supermercado, e as sínteses impressas das informações adquiridas. Com o apoio da coordenação de área ou da direção, as fotos poderão ser impressas na secretaria da escola.

Em data pré-agendada com outros professores, os alunos ficarão ao lado do trabalho do seu grupo para explicar suas descobertas aos colegas. Essa atividade permitirá a interação e o compartilhamento do conhecimento, ao mesmo tempo em que servirá para estimular o exercício da comunicação oral e da síntese.

Atividade 4

Para encerramento da atividade, o professor deverá solicitar que cada grupo redija uma síntese da experiência vivenciada e dos novos conhecimentos adquiridos, destacando aspectos que poderão incorporar aos seus hábitos cotidianos ou de que forma eles poderão contribuir com a comunidade e quais informações deverão ser disponibilizadas para ajudar no consumo consciente e na compra responsável.

O professor poderá selecionar alguns textos e, com a ajuda do professor de Língua Portuguesa, solicitar aos alunos para que transformem o conteúdo redigido em pequenas mensagens para divulgação na rádio local. O objetivo dessas mensagens é ampliar a escala de contribuição social da escola, estendendo para a comunidade algumas informações reflexivas. As rádios educativas ou comunitárias são emissoras ideais para esse tipo de comunicação. Mesmo as rádios comerciais costumam ser bastante receptivas a esse tipo de trabalho escolar.

Matriz de referência para o ENEM 2009:

<http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2009/Enem2009_matriz.pdf>.

Nas ondas do rádio: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=2062>.

Podcasts: ferramentas a serviço da educação:<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=25466>.

Avaliação

Participação, interesse, pontualidade, são aspectos comportamentais e atitudinais que devem ser considerados na composição da média final. Em relação ao conhecimento, o professor deverá considerar o desempenho dos alunos nas interpretações propostas.

FONTE: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=52020>. Acesso em: 20 jun. 2018.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico você viu que:

• As diferenças entre lugares são o resultado do arranjo espacial dos modos de produção particulares.

• O ‘valor’ de cada local depende de níveis qualitativos e quantitativos dos modos de produção e da maneira como eles se combinam.

• Conhecida como Teoria do Estado Isolado, Von Thünen propôs um modelo para explicar a variação do uso do solo agrícola.

• Thünen postula a maximização da renda em função da distância e dos custos de transporte.

• Alfred Weber (1909) pretendeu definir uma teoria da localização industrial, tal como Von Thünen tinha pretendido definir uma de localização agrícola.

• No entendimento de Weber, torna-se primordial saber onde determinada indústria está situada, levando em consideração a relação entre os custos de transporte, fontes de matérias-primas, a distância aos insumos e ao mercado.

• Em sua teoria, Weber selecionou os três fatores de localização que considerou mais relevantes: ponto mínimo de custos de transporte; distorção do trabalho e, forças de aglomeração ou desaglomeração.

• August Lösch propõe o desenvolvimento de uma teoria geral do equilíbrio das localizações no sistema econômico.

• Lösch postula que o produtor vai se localizar no lugar de maximização dos ganhos, ou seja, é o ganho que guia a localização.

• A preocupação de Lösch era, sobretudo, entender as oscilações da demanda e delimitar áreas de mercado.

• O espaço industrial não se reduz à fração restrita do território ocupado pelas indústrias, mas se trata da produção de uma rede de fluxos visíveis (mercadorias) e invisíveis (capital, informação, tecnologia) que se materializam nas relações de produção e de gestão.

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1 No âmbito da Geografia Econômica, as teorias de localização constituem-se em um elemento importante para compreender as relações entre dinâmica econômica e dinâmica espacial. A respeito das teorias de localização, assinale a alternativa INCORRETA:

( ) As diferenças entre lugares são o resultado do arranjo espacial dos modos de produção particulares.

( ) O modo como se articulam os fatores de produção revelam as intenções dos agricultores e permanecem fixos ao longo do tempo.

( ) O valor de cada local depende de níveis qualitativos e quantitativos dos modos de produção e da maneira como eles se combinam.

( ) A localização dos homens, das atividades e das coisas no espaço explica-se tanto pelas necessidades externas quanto pelas necessidades ‘internas’.

2 Diversos personagens nos ajudam a contar a história da geografia econômica. Entre tais personagens, Johann Heinrich von Thünen foi um economista muito conhecido pela sua teoria da localização. Acerca das contribuições de Von Thünen, assinale a alternativa INCORRETA:

( ) Conhecida como Teoria do Estado Isolado, Von Thünen procurou analisar

os processos de localização das indústrias europeias. ( ) Thünen buscou explicar o padrão das atividades agrícolas em torno das

cidades na Alemanha pré-industrial.( ) Conhecida como Teoria do Estado Isolado, Von Thünen propôs um

modelo para explicar a variação do uso do solo agrícola.( ) Thünen postula a maximização da renda em função da distância e dos

custos de transporte.

3 August Lösch teve relevante contribuição no campo da Geografia Econômica. Em sua abordagem, o enfoque apropriado é o de encontrar o lugar do lucro máximo. Para tanto, o autor apoia-se em vários elementos explicativos. Neste sentido, disserte sobre as economias de escala.

4 (ENADE 2014) Um prática tradicional no Ensino Fundamental adotada nas aulas de Estudos Sociais, mas desenvolvidas não apenas sob a sua égide, é o estudo do meio considerando que se deve partir do próprio sujeito, estudando a criança particularmente, a sua vida, a sua família, a escola, o bairro, a cidade, e, assim, ir, sucessivamente, ampliando espacialmente aquilo que é o conteúdo a ser trabalhado. São os círculos concêntricos, que se sucedem numa sequência linear, do mais simples e próximo ao mais distante.

FONTE: CALLAI, H. C. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Caderno Cedes, Campinas, v. 25, n. 66, maio-ago.2005.

AUTOATIVIDADE

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Ao trabalhar determinado tema – um conflito territorial que ocorre em outro continente, por exemplo –, recomenda-se buscar a ligação desse fenômeno com a experiência cotidiana dos alunos, destacando elementos correlatos em outros conflitos, que sejam mais próximos da sua vivência. Nessa abordagem, há uma articulação dialética entre escalas locais e globais na construção de raciocínios espaciais complexos.

FONTE: CAVALCANTI, L. S. O ensino de geografia com novas abordagens. Revista Nova Escola, Ed. 238, dez. 2010.

Para sedimentar tais conteúdos e estabelecer relações a partir de diferentes escalas, tendo o conceito de redes como referência, pode-se fazer uso de mapas e textos que estabelecem relações interescalares no mundo – do local para o global – e apresentam também outros agentes, tão importantes como os EUA, produtores do espaço geográfico mundial.

FONTE: SÃO PAULO. Orientações para o planejamento escolar 2014. Coordenadoria de Gestão Educação Básica. São Paulo, FEV. 2014.

A partir dos textos acima, avalie as seguintes afirmações.

I. Os textos apresentam indicações para o planejamento e desenvolvimento de ações didático-pedagógicas correlacionadas ao ensino de Geografia, contribuindo para a construção do pensamento espacial complexo.

II. Os textos narram a perspectiva de ensino sob abordagens conceituais de educação e de geografia escolar, considerando a interescalaridade e o conceito de redes como caminhos metodológicos complementares, numa análise que foge ao método padronizado de leitura do espaço de forma linearizada.

III. Os textos tratam de assuntos diversos no contexto das mudanças no ensino tradicional de Geografia ocorridas após a década de 1970, mas apresentam perspectivas similares de abordagens metodológicas ainda postas em prática na atualidade, a exemplo dos círculos concêntricos.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.b) III, apenas.c) I e II, apenas.d) II e III apenas.e) I, II e III.

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TÓPICO 3

CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA

GEOGRAFIA ECONÔMICA: CRESCIMENTO

ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Agora que você já aprendeu com o que se ocupa a Geografia Econômica, é bastante provável que venham à sua mente expressões como crescimento e desenvolvimento. Afinal, conforme vimos no Tópico 1, tais assuntos são centrais nos debates sobre Geografia Econômica. Contudo, há que se admitir que existe certa imprecisão no emprego de tais termos, tanto no âmbito acadêmico como no plano político ou cotidiano. Como se não bastassem as divergências relacionadas a estes dois termos, vêm tomando força no cenário atual diversos adjetivos que procuram qualificar e delimitar diferentes processos de crescimento – econômico, sustentado, endógeno –, assim como ocorre com o termo desenvolvimento – que poderia ser sustentável, social, inclusivo, justo etc. A intenção é, primeiramente, fazer um retrospecto histórico para explicar como surgem estes termos e tentar explicar os principais motivos que justificam a “confusão” em torno da temática. Venha acompanhar!

2 BUSCANDO EXPLICAÇÕES NAS ORIGENS

Para que possamos compreender como se estruturou a ideia de desenvolvimento na atualidade, vamos contar brevemente a trajetória histórica deste conceito. Você vai notar que neste processo histórico houve uma intensa aproximação com a área disciplinar da economia, tendo em vista a proximidade de alguns temas de interesse tanto da geografia como da economia. Outro ponto importante de ser comentado é o de que nem sempre houve uma área de concentração de estudos exclusiva para pensar o crescimento ou o desenvolvimento. Em vários casos, este conceito estava difuso em outras teorias.

Santos e Oliveira (2017) explicam que, ainda que de modo indireto, as abordagens de desenvolvimento já comparecem em obras de economistas clássicos, neoclássicos, na obra de Karl Marx e de Joseph Schumpeter. “Mas é apenas a partir da década de 1950 que o desenvolvimento adquire notoriedade e se torna um tema especificamente novo na economia, quanto alvo de políticas públicas internacionais e nacionais” (SANTOS; OLIVEIRA, 2017, p. 119).

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

3 A IDEIA DE CRESCIMENTO ECONÔMICO

Tratando das contribuições da Geografia Econômica nos estudos sobre crescimento e desenvolvimento, Araújo Júnior (2015, p. 133) explica que:

Um dos temas em que a geografia econômica pode e deve se aprofundar diz respeito às questões entre crescimento e desenvolvimento econômico. É preciso ressaltar que são conceitos diferentes. Crescimento econômico é o crescimento contínuo da renda per capita ao longo do tempo, isto é, a quantidade de bens e serviços cresce mais rapidamente que a coletividade que os produz; é o aumento constante da produtividade da força de trabalho. Já o desenvolvimento econômico é mais amplo e se refere à composição do produto e à alocação dos recursos pelos diferentes setores da economia que melhoram os indicadores de bem-estar social e econômico.

É adequado mencionar que não se tratam de conceitos melhores ou piores. Apenas é preciso ter o cuidado adequado ao selecionar o termo que melhor se aplica à questão ou elemento que se pretende ressaltar. De modo simples, a ideia de crescimento remete às transformações de natureza quantitativa. Siedenberg e Valentim (2006, p. 63) esclarecem que crescimento econômico é o aumento da capacidade produtiva e da produção de uma economia observado em determinado local (município, unidade federativa, região ou país). Para mensurar o crescimento é necessário utilizar um indicador quantitativo. Usualmente, utilizam-se o PIB ou o PNB. Mas o que mede cada um destes indicadores?

O PIB é uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz num período, na agropecuária, indústria e serviços, trata-se do valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro de um país ou de outro recorte espacial selecionado (SIEDENBERG; VALENTIM, 2006). Neste sentido, o PIB pode ser medido em termos de país ou estimado a partir de uma média por pessoa, veja:

FIGURA 8 – PIB

FONTE: <http://g1.globo.com/economia/pib-o-que-e/platb/>. Acesso em: 11 jun. 2018.

ObjetivoMedir a atividade econômica e o nível de riqueza de uma região. Quanto mais se produz, mais se está consumindo, investindo e vendendo

Por pessoa/per capitaO Produto Interno Bruto per capita (ou por pessoa) mede quanto, do total produzido, 'cabe' a cada brasileiro se todos tivessem partes iguais

RestriçõesO PIB per capita não é um dado 'definitivo'. Porém, um país com maior PIB per capita tende a ter maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

AGRICULTURA

INDÚSTRIA

SERVIÇOS

Quanto maior o PIB por pessoa...

O PIB não leva em contra a distribuição

de renda desigual em que alguns são

muito ricos e outros extremamente pobres

... aumenta a qualidade de vida e o acesso a serviços

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TÓPICO 3 | CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO

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DICAS

Aproveite para assistir a este vídeo de apenas quatro minutos sobre o PIB, elaborado pelo IBGE. Basta acessar o link a seguir: <https://www.youtube.com/watch?v=lVjPv33T0hk>.

Seguindo com a explicação sobre o crescimento econômico, outra possibilidade de mensurá-lo é medir a variação do PNB – Produto Nacional Bruto (SIEDENBERG; VALENTIM, 2006). Mas o que se entende por Produto Nacional Bruto?

*Produto Nacional Bruto (PNB) consiste no somatório de todos os bens e serviços finais produzidos por empresas que são de propriedade de residentes no país.

Não inclui as multinacionais estrangeiras, ou seja, o PNB compreende

tudo o que é produzido por empresas nacionais, estejam elas atuando no Brasil ou no exterior.

FONTE: PORTAL EDUCAÇÃO (2018, p. 1). Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/administracao/produto-interno-bruto-

pib-e-o-produto-nacional-bruto-pnb/29781>.

Observe que há uma distinção entre os elementos que são mensurados na contagem do PIB e do PNB. Dependendo de qual aspecto atrelado ao crescimento econômico que se pretende realçar, poderá ser adotado um ou outro indicador. Para facilitar o entendimento e não esquecer estas diferenças, veja a figura a seguir, elaborada pelo Banco Central do Brasil.

FIGURA 9 – ENTENDENDO A DIFERENÇA ENTRE PIB E PNB

FONTE: <https://twitter.com/hashtag/bcexplica>. Acesso em: 25 jun. 2018.

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40

UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Conforme fica evidente no quadro, é importante deixar claro que quando falamos de crescimento econômico, estamos falando de variações quantitativas e que, portanto, precisam do suporte de indicadores aptos para mensurar a variação que se pretende observar. A escolha do indicador econômico fica a critério do pesquisador que conduz o estudo e é possível, inclusive, que o mesmo elabore um indicador próprio para ser utilizado. O importante é que esteja claro qual foi o indicador utilizado e quais critérios foram levados em conta na construção de sua metodologia.

Levando em consideração a vantagem que a utilização do PIB representa, no sentido de permitir comparar o desempenho de diferentes países – visto que este é um indicador de ampla utilização internacional, historicamente ele vem sendo utilizado para comparar e analisar o comportamento econômico de diferentes países, conforme nos mostra o mapa a seguir.

FIGURA 10 – VARIAÇÃO DO PIB DOS PAÍSES EM 2015

FONTE: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/03/pib-do-brasil-cai-38-em-2015.html>. Acesso em: 25 jun. 2018.

Os dados apresentados no gráfico revelam a acentuada ascensão do PIB na China e expressam a situação de similaridade no que tange ao crescimento do PIB ocorrido tanto no Reino Unido como nos Estados Unidos. Mostra ainda as dificuldades econômicas enfrentadas no Brasil, em decorrência da conjuntura política e econômica.

Variação do PIB dospaíses em 2015Em % sobre o ano anterior

Infográfico elaborado em: 3/3/2016

China 6,9

2,2Reino Unido

1,7Alemanha

-3,8Brasil

1,2França

2,4EUA

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TÓPICO 3 | CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO

41

Além de retratar as diferenças entre o crescimento dos países, este indicador é também utilizado na escala local, conforme podemos observar no mapa exposto a seguir:

FIGURA 11 – MAPA PIB TOTAL POR MUNICÍPIOS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL REFERENTE AO ANO DE 2015

FONTE: <http://www.atlassocioeconomico.rs.gov.br/pib-total>. Acesso em: 26 jun. 2018.

Observe no mapa como é elevada a concentração de municípios com PIB elevado na capital Porto Alegre e nos munícipios situados no seu entorno. Note também o valor expressivo do PIB de Rio Grande, município que contribui significativamente para a economia devido ao fato de abrigar um porto. Observe como é discreta a contribuição do PIB dos pequenos municípios situados na porção oeste do Estado. Como você pode notar, um mapa que apresente os PIB de cada município pode ser um importante ponto de partida para os estudos de Geografia Econômica, pois ele pode motivar o pesquisador a fazer perguntas e ir atrás das respostas. Isto, buscar explicações para os padrões locacionais observados. O que

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42

UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

ocorre em tal município para a contribuição ser tão discreta? Ou ainda, por que em determinada área, onde se situam vários pequenos municípios, nota-se uma posição de destaque de determinado município? Este é um importante papel dos geógrafos, buscar explicações para os padrões espaciais.

Retomando as definições conceituais de crescimento econômico, Siedenberg e Valentim (2006, p. 64) realçam que:

[...] é necessário considerar que nem sempre o crescimento econômico beneficia a economia como um todo: pode estar ocorrendo a transferência de excedentes para outros países ou o excedente produzido pode estar sendo apropriado apenas por poucas pessoas ou grupos sociais.

Considerando a limitação do conceito de crescimento econômico para

interpretar e compreender determinadas transformações econômicas que ocorrem no espaço, emerge o debate sobre o conceito de desenvolvimento, conforme será exposto a seguir.

4 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO

Ao começarmos o debate sobre o tema “desenvolvimento”, parece providencial adiantar que se trata de um tema polêmico e que alcança diversos campos disciplinares: geografia, economia, sociologia, história, administração e vários outras –, sem esquecer sua ampla utilização no plano político, com realce para os discursos eleitorais.

Talvez as primeiras perguntas que surgem em nossas mentes ao introduzir o termo sejam: de que desenvolvimento se está falando e para quem é este desenvolvimento? Provavelmente, você leitor já tenha ouvido falar de “vários desenvolvimentos”, no contexto da geografia e também no plano extrínseco a esta disciplina: desenvolvimento social, desenvolvimento sustentável, desenvolvimento regional, desenvolvimento humano, desenvolvimento local, desenvolvimento territorial, desenvolvimento desigual e por aí vai. Discorrendo sobre o amplo uso do termo desenvolvimento, Riedl (2017, p. 97) pontua que:

Provavelmente, trata-se do conceito de mais larga difusão e utilização em todos os setores de atividades. A noção de desenvolvimento está presente na literatura desde os primórdios da ciência. Independentemente das concepções políticas e ideológicas, todos os regimes políticos, autoritários ou democráticos, conservadores ou liberais, valem-se das projeções e concepções de desenvolvimento em busca de sua legitimação.

Nesse sentido, a primeira ressalva a ser feita é que neste tópico iremos discutir o conceito de desenvolvimento atrelado ao debate da Geografia Econômica. Por isso, a dimensão econômica será privilegiada no sentido de conduzir as explicações para o enfoque disciplinar proposto para este livro didático, sem, contudo, desconsiderar ou atribuir menor importância às outras esferas envolvidas no debate sobre o desenvolvimento.

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TÓPICO 3 | CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO

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Em uma retrospectiva histórica, o conceito de desenvolvimento surge vinculado à ideia de crescimento econômico. Assim, diversos economistas, incluindo boa parte dos teóricos da localização apresentados no tópico anterior, procuraram, a partir de diferentes perspectivas, entender quais fatores levariam a uma melhora das condições econômicas de determinados países, ou seja, seriam capazes de promover o desenvolvimento.

No plano político, paulatinamente passou-se a difundir a ideia de plano de desenvolvimento como um instrumento que seria adequado para conduzir ações de natureza desenvolvimentista. A este respeito, Santos e Oliveira (2017, p. 120) pontuam que:

Em princípio, as políticas desenvolvimentistas dos governos estavam ligadas diretamente aos elementos macroeconômicos, como a geração de emprego e de renda per capita. É com o aumento das desigualdades inter-regionais que surgem proposições de desenvolvimento que visam uma maior equalização entre as regiões. O relativo atraso entre os países é visto pela existência de obstáculos ao crescimento, e a “etapa de decolagem” ou a passagem de uma sociedade tradicional para uma sociedade moderna seria marcada pelo crescimento da indústria e pelo aumento do consumo de massa.

Note, na fala de Santos e Oliveira (2017), que as políticas de desenvolvimento estão apoiadas na ideia de progresso e de evolução. Neste sentido, emergiram teorias ocupadas em entender como seria possível alcançar estes “estágios” ou “etapas” de desenvolvimento, entre as quais se menciona a ideia de desenvolvimento econômico. Madureira (2015, p. 8) explica que:

Aumentos constantes no nível de produção são sinais evidentes de crescimento econômico, mas, para configurarem-se em desenvolvimento econômico, esses incrementos precisam chegar a toda a comunidade analisada, via melhorias na saúde, renda, educação, entre outros.

Madureira (2015) explica em que contexto histórico foi cunhado o conceito de desenvolvimento econômico. Por isso, acompanhe o fragmento do seu artigo que explica a origem deste conceito.

O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O desenvolvimento econômico é um conceito, de certa forma, bastante antigo, e não obstante cercado de controvérsias. Meier e Baldwin (1968) acreditavam que nenhuma definição dada ao desenvolvimento econômico poderia ser definitiva, tendo em vista a complexidade do tema. No momento histórico da sua publicação, esses autores não apontavam diferenças significativas entre os fenômenos do crescimento econômico e do desenvolvimento econômico. “Embora seja possível estabelecer algumas específicas distinções entre estes termos, eles são, em essência, sinônimos” (MEIER; BALDWIN, 1968 p. 12).

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Um ano antes do término da Segunda Guerra, problemas de toda a sorte começaram a ser percebidos na economia mundial. Havia escassez de recursos monetários em virtude da guerra e a reconstrução se fazia necessária. A reestruturação das economias atingidas era urgente. Diante disso, em julho de 1944 foi realizada uma Conferência na Cidade de Bretton Woods, nos EUA, visando criar regras para as operações comerciais e financeiras dos países industrializados, bem como o auxílio às economias em crise (MADUREIRA, 1998).

Nesse ínterim foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas), um

organismo que, segundo Haffner (1996), trataria da paz mundial, educação, alimentação e coordenaria programas que auxiliassem no desenvolvimento de países mais atrasados e afetados pela guerra. Vinculada à ONU, nasce a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), que, por meio de seus estudos, visava entender as peculiaridades da América Latina e Caribe, e fomentar, por meio de seus relatórios, alternativas para o desenvolvimento dessa região.

No ambiente da Terceira Revolução Industrial desenvolveu-se o Welfare State, que de acordo com Galbraith (1994), visava ajudar os menos afortunados. O BIRD e o FMI dispunham, segundo esse autor, de nove bilhões de dólares para reconstrução de países afetados pela guerra e para o desenvolvimento econômico dos novos países independentes.

É nesse ambiente que o desenvolvimento econômico volta à tona, e

sua definição passa a contar com novas abordagens teóricas em consequência no novo cenário mundial. Essas novas abordagens consideram crescimento econômico e desenvolvimento econômico como dois fenômenos distintos, mas complementares. Nesse sentido, o desenvolvimento econômico não se manifestará obrigatoriamente num ambiente de crescimento econômico, porém, não há como conceber desenvolvimento econômico sem a presença do crescimento econômico. “[...] desenvolvimento é, basicamente, aumento do fluxo de renda real, isto é, incremento na quantidade de bens e serviços por unidade de tempo, à disposição de determinada coletividade” (FURTADO, 1963, p. 115)

Para Kuznets (1970 p. 10), “[...] o aspecto característico do moderno desenvolvimento econômico é a frequente combinação de altas taxas de aumento populacional total e do produto per capita, implicando taxas ainda mais elevadas de expansão do produto total”. O autor ressalta que tal ênfase dada sobre o aumento do produto per capita configura-se de fundamental importância para o desenvolvimento econômico, na medida em que o aumento da produção per capita do país transfigura-se em mudanças no padrão de demanda, bem como num melhor padrão de vida para a população e uma melhora nas relações internacionais.

Oliveira (2002) acredita que, de forma geral, o desenvolvimento econômico deve resultar do crescimento econômico e necessariamente deverá estar acompanhado de melhorias visíveis na qualidade de vida da população.

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TÓPICO 3 | CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO

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Observe no texto de Madureira (2015) como a dimensão qualitativa é privilegiada no conceito de desenvolvimento econômico. Note que a ideia de crescimento versus desenvolvimento implica que não são necessariamente concorrentes em sua essência. Com base no retrospecto histórico apresentado sinteticamente por Madureira (2015), podemos entender um pouco das origens do conceito, e assim, torna-se mais fácil compreender um pouco da imprecisão de definição de termos que permeiam este assunto.

Com relação aos conceitos que são criados, é importante termos em mente que eles são cunhados em determinado momento histórico e com determinado propósito. Por isso, ao utilizarmos os conceitos, precisamos levar em conta sua bagagem histórica e deixar claro o que pretendemos realçar com a utilização de cada conceito.

No texto de Madureira (2015, p. 8), o autor explica que: “o desenvolvimento econômico não se manifestará obrigatoriamente num ambiente de crescimento econômico, porém, não há como conceber desenvolvimento econômico sem a presença do crescimento econômico”. Com o intuito de melhor ilustrar esta definição, vamos

“O desenvolvimento econômico é um conceito mais qualitativo, incluindo as alterações da composição do produto e alocação de recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde, alimentação, educação e moradia)” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2008, p. 255).

O desenvolvimento econômico é um processo de mudanças estruturais na economia, na política e principalmente nas relações sociais, tanto que para Cardoso e Faletto (1970, p. 16), “[...] o desenvolvimento é em si mesmo um processo social; mesmo seus aspectos puramente econômicos deixam transparecer a trama de relações sociais subjacentes”. O desenvolvimento advém de aumentos constantes do produto e da renda (crescimento econômico), gerando uma maior satisfação das necessidades humanas e uma consequente melhora nos índices sociais.

Ao contrário das teorias que dispõem que, uma vez iniciado o processo de desenvolvimento econômico, esse caminha de uma forma natural, cumprindo o ciclo da maturidade à velhice, Hirschman (1961) e Myrdal (1965) posicionam-se de forma contrária, principalmente em relação aos países subdesenvolvidos, que apresentam inúmeros problemas relacionados ao crescimento econômico. Nesse sentido, ambos os autores citam a teoria de Rostow (1974) como fundamental para estabelecer etapas para um desenvolvimento duradouro em países subdesenvolvidos, em razão desse autor não estipular receitas, e sim, versar sobre as etapas que cada nação desenvolvida superou para atingir seu grau de desenvolvimento.

FONTE: MADUREIRA, Eduardo Miguel Prata. Desenvolvimento regional: principais teorias. Revista Thêma et Scientia. Vol., v. 5, n. 2, p. 9, 2015. (Grifo nosso). Disponível em: <https://www.fag.edu.

br/upload/arquivo/1457726705.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2018.

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

FIGURA 12 – NORUEGA

(Dalbera/CreativeCommons)Esperança de Vida: 81,1 anos Média de Anos de Escolaridade: 12,6 Expectativa de Anos de

Escolaridade: 17,3 PIB Per Capita: US$ 47.557

FONTE: <https://exame.abril.com.br/economia/os-10-paises-com-maior-indice-de-desenvolvimento-humano-do-mundo/>. Acesso em 26 jun. 2018.

Por outro lado, temos a situação da China, que embora ocupe posição de destaque nos índices de crescimento econômico, ainda precisa lidar com diversos problemas ambientas e sociais, com destaque para os elevados índices de poluição, como fica evidente na reportagem selecionada e exposta a seguir:

Poluição afeta quase 90% das principais cidades da China

FIGURA 13 – POLUIÇÃO NA CHINA

FONTE: <https://www.google.com.br/search?q=polui%C3%A7%C3%A3o+china&source=l-nms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiDyrOox4DcAhUBWywKHZlyDeUQ_AUICigB&bi-

w=1920&bih=974#imgrc=iGPejZ_MGNPQ8M>. Acesso em: 25 jun. 2018.

analisar, ainda que em caráter incipiente, dois exemplos reais. Para começar, tomemos como exemplo o caso da Noruega. Trata-se de um caso emblemático, no qual o excelente desempenho econômico do país acompanha elevados índices de desenvolvimento humano e de qualidade de vida, como evidenciam os números a seguir:

Fragmento da reportagem publicada na Revista Exame.

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TÓPICO 3 | CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO

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O ar que se respira em quase 90% das principais cidades chinesas continua aquém dos padrões de qualidade, apesar da "melhoria" registrada em 2014, segundo avaliação divulgada hoje (2) pelo Ministério chinês da Proteção Ambiental.

Das 74 cidades avaliadas, apenas oito satisfizeram os padrões nacionais de qualidade do ar, principalmente quanto à densidade das pequenas partículas, as mais suscetíveis de se infiltrarem nos pulmões e de atacarem o sistema respiratório. Em 2013, só três cidades (Haikou, Lhasa e Zhoushan) cumpriram os padrões, diz o ministério.

Pequim, considerada uma das capitais mais poluídas do mundo, "não está entre as dez piores nem entre as dez melhores", informa o jornal China Daily, sem precisar o lugar ocupado pela cidade. Mas sete das dez cidades chinesas com pior qualidade do ar em 2014 estão em volta da capital.

Hoje, o índice municipal de qualidade do ar em Pequim estava no nível "moderadamente poluído".

A poluição tornou-se nos últimos anos uma das principais fontes de descontentamento popular na China, além da corrupção e das crescentes desigualdades sociais. Em março de 2013, o novo primeiro-ministro, Li Keqiang, prometeu que o governo ia "declarar guerra à poluição".

Seis empresas de Taizhou, na província de Jiangsu, no Leste da China, foram condenadas em dezembro passado a pagar 160 milhões de yuans (cerca de 23 milhões de euros) por terem descarregado 25 mil toneladas de detritos químicos em dois rios, na maior multa desse tipo ordenada por um tribunal chinês.

Das dez cidades com melhor qualidade do ar em 2014, quatro (Shenzhen Zhuhai, Huizhou e Zhongshan) ficam na província de Guangdong.

Entre as dez piores, a lista é liderada por Baoding, cidade da província de Hebei situada a cerca de 200 quilômetros ao sul de Pequim e que é a sede de uma das mais conhecidas fábricas chinesas de painéis solares.

Em 2014, o número de dias "altamente poluídos" na capital chinesa diminuiu para 45, treze a menos do que em 2013. Houve 93 dias com qualidade do ar "excelente", 22 a mais do que no ano anterior.

FONTE: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2015-02/poluicao-afeta-quase-90-das-principais-cidades-da-china>. Acesso em: 22 jun. 2018.

Conforme se observa nos exemplos apontados, o desenvolvimento econômico, ao abarcar melhorias nas condições de qualidade de vida da população, por conta disso, está amarrado aos Índices de Desenvolvimento Humano. Acerca deste indicador, Riedl (2017, p. 98) reforça que:

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Basicamente, o IDH utiliza a média aritmética de três indicadores para medir o desenvolvimento de um país: esperança de vida ao nascer, taxa de mortalidade de menores de cinco anos e as taxas de alfabetização da população. Esses indicadores sintetizam a vantagem de transmitir a percepção do perfil da distribuição do PIB na população, contornando em parte as restrições ao uso indiscriminado da renda per capita como sinônimo de desenvolvimento.

É pertinente mencionar ainda que o debate atual em torno do desenvolvimento econômico está atrelado à ideia de desenvolvimento sustentável.

UNI

O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, esta é a definição mais comum de desenvolvimento sustentável. Ela implica possibilitar às pessoas, agora e no futuro, atingir um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. Em resumo, é o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Um desenvolvimento sustentável requer planejamento e o reconhecimento de que os recursos são finitos. [...] O conceito de desenvolvimento sustentável procura harmonizar os objetivos de desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e a conservação ambiental.

FONTE: <http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28588-o-que-e-desenvolvimen-to-sustentavel/>.  Acesso em: 13 ago. 2018.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico você aprendeu que:

• É a partir da década de 1950 que o desenvolvimento adquire notoriedade e se torna um tema especificamente novo na economia e alvo de políticas públicas internacionais e nacionais.

• Crescimento econômico é o crescimento contínuo da renda per capita ao longo do tempo, isto é, a quantidade de bens e serviços cresce mais rapidamente que a coletividade que os produz; é o aumento constante da produtividade da força de trabalho.

• O PIB é uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz num período, na agropecuária, indústria e serviços, trata-se do valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro de um país ou de outro recorte espacial selecionado.

• Produto Nacional Bruto (PNB) consiste no somatório de todos os bens e serviços finais produzidos por empresas que são de propriedade de residentes no país. Não inclui as multinacionais estrangeiras, ou seja, o PNB compreende tudo o que é produzido por empresas nacionais, estejam elas atuando no Brasil ou no exterior.

• Aumentos constantes no nível de produção são sinais evidentes de crescimento econômico, mas para se configurarem em desenvolvimento econômico, esses incrementos precisam chegar a toda comunidade analisada, via melhorias na saúde, renda, educação, entre outros.

• O IDH utiliza a média aritmética de três indicadores para medir o desenvolvimento de um país: esperança de vida ao nascer, taxa de mortalidade de menores de cinco anos e as taxas de alfabetização da população.

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1 A Geografia Econômica, ao estudar as transformações espaciais decorrentes das atividades econômicas, precisa conhecer e acompanhar os índices de crescimento econômico. A respeito do conceito de crescimento econômico, analise as sentenças e assinale a alternativa CORRETA:

( ) Crescimento econômico está relacionado com a diminuição das taxas de juros e com o aumento da oferta de crédito.

( ) Crescimento econômico é um processo que implica necessariamente melhorias das condições educacionais da população.

( ) Crescimento econômico é o aumento da capacidade produtiva e da produção de uma economia observado em determinado local.

( ) Crescimento econômico é um processo que implica necessariamente melhorias das condições de saúde da população.

2 Diferentes indicadores, seja de natureza quantitativa ou qualitativa, podem ser utilizados para mensurar o desempenho de municípios, unidades federativas e países. Com relação ao PIB, assinale a alternativa incorreta:

( ) É uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz num período, na agropecuária, indústria e serviços.

( ) É o valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro de um país ou de outro recorte espacial selecionado.

( ) É um indicador que está em desuso, visto sua incapacidade de mensurar os reais níveis de pobreza de uma população.

( ) É utilizado para medir e comparar o crescimento econômico de municípios sediados dentro de uma mesma unidade federativa.

3 Para que se possa desenvolver os planos de desenvolvimento capazes de fomentar a economia de municípios, unidades federativas ou países, é preciso ter em mãos indicadores capazes de retratar, de alguma forma, o desempenho econômico de uma dada localidade. A este respeito, disserte sobre os objetivos do PIB.

AUTOATIVIDADE

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4 (ENADE 2011)

A expressão “o Xis da questão” usada no título do infográfico diz respeito:

a) À quantidade de anos de estudos necessários para garantir um emprego estável com salário digno.

b) Às oportunidades de melhoria salarial que surgem à medida que aumenta o nível de escolaridade dos indivíduos.

c) À influência que o ensino de língua estrangeira nas escolas tem exercido na vida profissional dos indivíduos.

d) Aos questionamentos que são feitos acerca da quantidade mínima de anos de estudo que os indivíduos precisam ter para ter uma boa educação.

e) À redução da taxa de desemprego em razão da política atual de controle da evasão escolar e de aprovação automática de ano de acordo com a idade.

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TÓPICO 4

GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

No campo da Geografia, o desenvolvimento regional é tanto um conceito amplamente debatido na arena teórica, como também possui ampla difusão e utilização no plano empírico. Por este e outros motivos é que o desenvolvimento regional se constitui também em importante linha de pesquisa dentro da geografia. Para conduzir investigações neste sentido, programas de pós-graduação em nível de mestrado e doutorado dispõem de linhas de pesquisa nesta área.

A relação entre o desenvolvimento regional e a geografia econômica é estreita, visto que a preocupação central da geografia econômica de entender os motivos que explicam a localização de empresas e os padrões de desenvolvimento observados em determinado recorte espacial, podem ser estudados à luz das teorias de desenvolvimento regional.

2 O QUE SE ENTENDE POR DESENVOLVIMENTO REGIONAL?

Para responder a esta pergunta, iremos tomar como referência a definição de desenvolvimento regional trabalhada por Dieter R. Siedenberg no Dicionário de Desenvolvimento Regional, acompanhe:

Desenvolvimento Regional

Nas análises concernentes ao assunto, esse termo aparece tanto relacionado a um processo quanto a um estágio. No primeiro caso, refere-se a um processo de mudanças sociais e econômicas que ocorrem numa determinada região. Nesse caso, é necessário considerar duas dimensões intrínsecas ao conceito, uma temporal e outra espacial, ao passo que as mudanças podem ser de ordem qualitativa e/ou quantitativa, podendo ser mensuradas através de diferentes indicadores e parâmetros.

A dimensão temporal está relacionada à evolução do processo de mudanças ao longo do tempo, enquanto que a dimensão espacial varia de acordo com o enfoque pretendido: por desenvolvimento regional pode-se entender tanto o recorte de uma dimensão continental (por exemplo,

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

A definição de desenvolvimento regional cunhada por Siedenberg (2006) é bastante completa e esclarecedora. Observe como as duas dimensões intrínsecas ao conceito de desenvolvimento regional – temporal e espacial – estão próximas da geografia. Afinal, a geografia está sempre atenta e interessada em compreender como as transformações se manifestam no tempo e no espaço.

Com relação à dimensão espacial, cumpre reforçar que o recorte da região não precisa ser dado a priori. Isto é, estamos habituados a utilizar delimitações de regiões já conhecidas, por exemplo, Sul e Sudeste. Mas vale lembrar que podemos criar um critério próprio, em nossos estudos, para delimitar espacialmente a região que iremos estudar, por exemplo, a Região dos Municípios Produtores de Mel. O importante é deixar claro qual será o critério de delimitação utilizado.

Para auxiliar na compreensão do conceito de desenvolvimento regional, elaboramos um diagrama com as ideias centrais trabalhadas por Siedenberg (2006).

o Mercosul), quanto uma dimensão intermediária entre as delimitações administrativas de um país e seus estados (por exemplo, região Nordeste) ou mesmo uma dimensão intermediária entre estados e municípios (por exemplo, Região do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul). Decorre daí que o adjetivo regional pressupõe a existência de outros espaços geográficos comparáveis à unidade espacial em questão. É necessário considerar também que a delimitação pode se dar através de diferentes aspectos: geográficos, administrativos, econômicos, físico-naturais, culturais, políticos, etnográficos, entre outros.

A utilização do termo desenvolvimento regional normalmente está associada às mudanças sociais e econômicas que ocorrem num determinado espaço, porém é necessário considerar que a abrangência dessas mudanças vai além desses aspectos, estabelecendo uma série de inter-relações com outros elementos e estruturas presentes na região considerada, configurando um complexo sistema de interações e abordagens.

Muitas vezes, o termo desenvolvimento regional também é associado a um estágio (ou estado temporal) social e econômico de uma região ou país, referindo-se à posição relativa destes, medida através de diferentes indicadores socioeconômicos, em comparação com outras regiões e países, ou seja, nesse contexto, são explicitadas apenas algumas características de um determinado momento do processo de mudanças.

FONTE: SIEDENBERG, Dieter. Desenvolvimento Regional. In: SIEDENBERG, Dieter (Coord.). Dicionário de Desenvolvimento Regional. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2006.

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TÓPICO 4 | GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

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FIGURA 14 – SÍNTESE DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Regional: pressupõe a existência de outros espaços geográficos

comparáveis à unidade espacial em

questão.

Delimitação da região pode se dar a partir de diferentes aspectos: administrativos,

econômicos, físico-naturais, políticos etc.

Relacionada à evolução do processo de mudança ao

longo do tempo.

Estágio social e econômico de uma

região ou país. Posição relativa em comparação a outra

região ou país.

Termo relacionado a um ESTÁGIO

Dimensão Temporal

DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Processo de mudanças sociais ou econômicas.

Mudanças quantitativas ou

qualitativas.

Termo relacionado a um ESTÁGIO

Dimensão Espacial

Varia de acordo com o enfoque

pretendido: continental,

regional, municipal, etc.

FONTE: Adaptado de Siedenberg (2006)

Para articular e complementar os conteúdos abordados nos tópicos 3 e 4, leia o artigo a seguir. Boa leitura!

LEITURA COMPLEMENTAR

DESENVOLVIMENTO E REGIÃO: A MULTIPLURALIDADE DOS CONCEITOS

Arlete Longhi Weber Gilberto Friedenreich dos Santos

INTRODUÇÃO Desenvolvimento é algo bastante almejado pelas diferentes sociedades

mundiais, há uma busca incessante por parte de governantes e populações para alcançar o desenvolvimento. Mas o que realmente significa ser um país ou uma região desenvolvida?

Conforme Boisier (2006), o conceito de desenvolvimento se encontra em processo de transição entre sua antiga concepção, centrada na ideia de crescimento econômico, e a nova concepção associada mais às atitudes e menos à aquisição material.

Agora é possível, inclusive, reconhecer situações nas quais níveis baixos de conquistas materiais estão acompanhados de altos níveis de satisfação pessoal, situações que podemos identificar com situações de desenvolvimento, desde que as necessidades básicas estejam satisfeitas (BOISIER, 2006, p. 69).

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Celso Furtado (1980) afirma que o conceito de desenvolvimento apresenta dois sentidos, um relacionado à acumulação e ao progresso e outro relacionado com a satisfação humana.

O termo região também, dependendo de sua perspectiva e enfoque, apresenta diferentes sentidos. Roberto Lobato Corrêa, em seu livro “Região e Organização Espacial”, no capítulo que trata do conceito de região, já o faz dizendo que é um conceito complexo. Gomes (1995) diz que não há um conceito definido de região e que este transita dentro e fora da ciência. Souza (2013) também relata que muito já foi escrito e estudado acerca do conceito de região e que estes ainda não estão encerrados.

O termo desenvolvimento, assim como o termo região, foram, no decorrer dos tempos, se tornando parte de estudos e pesquisas como tentativas de explicar e contextualizar causas e dinâmicas de progresso e evolução das sociedades e nações. Neste sentido, cabe aqui fazer uma breve exposição dos sentidos e concepções destes dois conceitos presentes em muitas propostas, projetos e políticas públicas.

Concepções de desenvolvimento

Vários são os estudos e as tentativas de definir um conceito para desenvolvimento, no entanto ainda não se encontrou e nem se sabe se é possível encontrar uma definição definitiva. O que se tem são percepções acerca das causas e consequências do desenvolvimento a partir de basicamente dois enfoques: um ligado ao crescimento econômico, onde crescimento e desenvolvimento são sinônimos; outro que não relaciona desenvolvimento com crescimento, ou pelo menos não dá o mérito do desenvolvimento ao crescimento econômico.

Ainda hoje, em muitos estudos, projetos e planos de desenvolvimento, o crescimento econômico aparece como base para o progresso, chegando a ser característica deste.

Conforme Caiden e Caravantes (1982), o termo desenvolvimento ganhou dimensão de valor a partir do Renascimento, com as ideias de progresso impulsionadas pelos estudos e experimentos de Newton, a dialética de Hegel e as teorias de livre mercado de Adam Smith.

Assim, o significado de desenvolvimento foi acrescido de uma dimensão de valor. Não se tratava apenas de uma questão de revelar como as coisas funcionavam ou se desenrolavam, era também uma questão de fazer com que funcionassem melhor, ou se desenrolassem bem e não de forma indesejável. O objetivo era o progresso, o domínio das forças secretas – a física de Newton, a dialética de Hegel, a "mão oculta do mercado" de Smith – para benefício da humanidade (CAIDEN; CARAVANTES, 1982, p. 5).

De acordo com Caiden e Caravantes (1982), os países ocidentais foram os precursores dessa ideologia desenvolvimentista que tem como base o despontar da ciência, da tecnologia e da reorganização social, tornando-se modelo de progresso e desenvolvimento, chegando a impor-se aos demais países.

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TÓPICO 4 | GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

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Para o Ocidente e até, pelo menos, a década de 40, desenvolvimento significava pura e simplesmente ocidentalização, e os países ocidentais não tinham muito escrúpulo quanto à maneira segundo a qual convertiam o resto do mundo. Não se permitia que as regiões atrasadas impedissem o caminho do progresso: teriam de ser modernizadas, a menos que tivessem condições de resistir à intromissão do Ocidente, ou nada tivessem que a este pudesse interessar (CAIDEN; CARAVANTES, 1982 p. 6).

Adam Smith, em “A Riqueza das Nações”, publicado em 1776, relata que o produto anual per capita reflete a riqueza ou o bem-estar das nações. Smith diz ainda que “[...] os hábitos de ordem, economia e cuidado, para os quais a profissão do comércio naturalmente molda o comerciante, o tornam muito mais apto a executar, com lucro e sucesso, qualquer projeto de desenvolvimento” (SMITH, 1996, p. 400).

Malthus, em sua obra “Princípios de Economia Política”, publicada em 1820, relata a questão da oferta e da demanda por produtos como estímulo ao desenvolvimento de um país.

Se uma demanda intensa e contínua dos produtos agrícolas de determinado país ocorresse em nações vizinhas, o preço desses produtos aumentaria consideravelmente. Como as despesas de cultivo só aumentariam de forma lenta e gradual até equiparar-se ao aumento da demanda, o preço do produto manteria a dianteira durante tanto tempo que haveria um estímulo prodigioso ao desenvolvimento, encorajando o emprego de muito capital para cultivar terras virgens, e tornando as antigas muito mais produtivas (MALTHUS, 1996, p. 99).

Bresser-Pereira (2008) diz que os países, no decorrer da história, adotaram esse modelo de desenvolvimento e que perdura ainda nos dias atuais.

Identificar o processo histórico do desenvolvimento econômico com crescimento econômico ou com aumento do valor adicionado per capita não implica apenas dar um sentido econômico claro ao conceito, mas, adicionalmente identificá-lo com a realização de um dos objetivos políticos fundamentais das sociedades modernas (BRESSER-PEREIRA, 2008, p. 8).

Notícias e dados que vemos todos os dias nos telejornais e jornais impressos, como crescimento do Produto Interno Bruto, taxas de emprego/desemprego, taxas de importação/exportação, entre outros, relatam a real importância do crescimento econômico para os mais diversos países e regiões, fazendo-nos perceber o quão atrelado estão estes fatores às questões do desenvolvimento.

Mas para muitos estudiosos a ligação direta entre crescimento econômico e desenvolvimento não se fundamenta, tendo em vista que o crescimento econômico por muitas vezes acarreta num desequilíbrio social com dimensões econômicas desproporcionais. Dudley Sears apud Sachs (2009) relata que mesmo com uma taxa de crescimento positiva não é possível falar em desenvolvimento se houver retrocesso nas taxas de emprego e aumento nas taxas de desigualdade e pobreza.

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

A ideia de que desenvolvimento consiste em crescimento econômico e que o modelo desenvolvimentista ocidental é o ideal ao progresso começa a ser questionada. Segundo Caiden e Caravantes (1982), o próprio Malthus, que via na demanda intensa um incentivo ao desenvolvimento, já previu no início do século XIX que o modelo desenvolvimentista dos ocidentais era um equívoco, pois os recursos são finitos, e que mais cedo ou mais tarde se limitariam, impossibilitando tamanha demanda mundial a níveis do Ocidente.

Bresser-Pereira (2008), embora acredite que crescimento econômico e

desenvolvimento são sinônimos, afirma que Schumpeter foi o primeiro a fazer a distinção entre os dois termos. Na obra Teoria do Desenvolvimento Econômico, de 1911, Schumpeter (1997, p. 74) diz que:

[...] as causas e, portanto, a explicação do desenvolvimento devem ser procuradas fora do grupo de fatos que são descritos pela teoria econômica. Nem será designado aqui como um processo de desenvolvimento o mero crescimento da economia, demonstrado pelo crescimento da população e da riqueza.

Schumpeter (1997) vê o desenvolvimento como mudanças que surgem de dentro, ou seja, de iniciativa própria, de algo novo, espontâneas e que perturbam ou alteram o estado de equilíbrio existente. Já o crescimento, conforme Schumpeter (1997), são mudanças que ocorrem a partir de algo já existente, como um processo contínuo.

Na medida em que as “novas combinações” podem, com o tempo, originar-se das antigas por ajuste contínuo mediante pequenas etapas, há certamente mudança, possivelmente há crescimento, mas não um fenômeno novo nem um desenvolvimento em nosso sentido (SCHUMPETER, 1997, p. 76).

Apesar de Malthus (início do século XIX) e Schumpeter (início do século XX) já terem apontado falhas e contradições na forma capitalista ocidental de desenvolvimento, Caiden e Caravantes (1982) apontam que a efetiva desconfiança do modo desenvolvimentista do Ocidente começou a ocorrer na década de 40 do século XX, e delatam algumas causas:

a) os próprios países ocidentais começam a discordar entre si de estratégias, objetivos, instrumentos e traços do desenvolvimento;

b) abordagens marxistas sobre o capitalismo ocidental e o desenvolvimento limitado em outras áreas em prol do seu enriquecimento alertam para as desigualdades do desenvolvimento e o contraste entre países ricos e pobres.

c) o progresso ocidental foi acompanhado de guerras, extermínio de povos, fabricação de armas de alta destruição, uso indiscriminado de recursos escassos e poluição ambiental, elevando os custos sociais;

d) a ideia de expansão sem limites, levantando a questão já prevista por Malthus se haveria recursos para sempre.

e) maior preocupação com o crescimento do que com a distribuição.

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TÓPICO 4 | GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

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O surgimento da Organização das Nações Unidas em 1945 intensifica os debates acerca do conceito de desenvolvimento e dos métodos para sua conquista (OLIVEIRA, 2002). Scatolin (1989) diz que a visão de desenvolvimento como um processo de mudanças e transformações econômicas, políticas, mas, principalmente humanas e sociais, se deu no final dos anos 1940 com o surgimento da CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe).

De acordo com Siedenberg (2006), o conceito de desenvolvimento se consolidou na década de 50 do século XX, sendo aplicado em estratégias e políticas, passando a ser mais estudado e também contemplando vários campos do conhecimento.

O Clube de Roma publica, em 1972, um relatório denominado Limites do Crescimento, onde são apresentadas cinco preocupações globais: 1) aceleração da industrialização; 2) aumento da desnutrição; 3) crescimento populacional rápido; 4) deploração dos recursos naturais e; 5) deterioração do meio ambiente (MEADOWS et al., 1972 apud OLIVEIRA, 2002). Reacendendo a chama do debate sobre o sentido do desenvolvimento (OLIVEIRA, 2002).

Nos anos 80, a Independent Commission on International Development Issues (Brandt Commission) afirmou que desenvolvimento não significa apenas sair da condição de pobreza.

Desenvolvimento é mais do que a passagem da condição de pobre para a de rico, de uma economia rural tradicional para uma sofisticada: carrega ele consigo não apenas a ideia da melhor condição econômica, mas também a de maior dignidade humana, mais segurança, justiça e equidade (BRANDT COMISSION, 1980, p. 49).

Em 1987 é apresentado o Relatório Nosso Futuro Comum (também conhecido como Relatório Brundtland), onde a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) adere ao conceito de desenvolvimento sustentável como uma proposta que visa atender as necessidades básicas em níveis sociais e culturais e propiciar oportunidade de vida melhor, mantendo padrões de consumo dentro dos limites do meio ambiente.

Siedenberg (2006) apresenta o conceito de desenvolvimento num contexto epistêmico-sistemático a partir do modelo de Heidemann (1993), onde desenvolvimento consiste num processo de mudança que envolve assimilação e adaptação tendo como objetivo o melhoramento. Conforme Heidemann (1993) apud Siedenberg (2006), o crescimento consiste em uma acumulação/expansão com objetivo de aumentar – “mais do mesmo”.

Amartya Sen (2000), ganhadora do Nobel de Economia em 1998 e colaboradora na criação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), adverte que para um processo pleno de desenvolvimento é inadequado ter como objetivos apenas a maximização da riqueza e da renda, reforçando que “desenvolvimento tem que estar relacionado sobretudo com a melhora de vida que levamos” (SEN, 2000, p. 29).

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Conforme Siedenberg (2006), nos projetos de desenvolvimento dos últimos tempos o foco em fatores econômicos vem perdendo terreno e dando espaço aos fatores sociais e ambientais.

Para Santos et al. (2012), desenvolvimento é um fenômeno complexo ainda sem definições conclusivas, mas que se apresenta em suas abordagens mais recentes numa perspectiva multidimensional e interdisciplinar.

Souza (2013) traz o conceito de desenvolvimento socioespacial, que se refere “a um processo de enfrentamento da heteronomia e tendo a autonomia como um horizonte de pensamento e ação” (SOUZA, 2013, p. 275). Segundo o autor, este é uma antítese do desenvolvimento econômico capitalista.

Como visto, no decorrer dos tempos, o entendimento sobre o desenvolvimento de uma região ou lugar passa por vários estágios e processos e estes marcam de alguma forma todas as variáveis presentes e futuras, constituindo um desenvolvimento que pode ou não ter consequências positivas, dependendo do seu foco e perspectiva.

Sachs (2006), em seu texto sobre estratégias de transição para o século XXI, fala da passagem de um mau desenvolvimento, que explora e aniquila os recursos naturais, para um bom desenvolvimento, o ecodesenvolvimento. Souza (2013) relata que mesmo em países ditos desenvolvidos, muitas desigualdades podem ser encontradas. Santos et al. (2012) apresentam essa visão do lado positivo e do lado negativo do desenvolvimento:

Falar em desenvolvimento é falar também em crescimento, decrescimento, humano, não humano, sustentável e não sustentável, e isso depende do ponto de partida e do ponto de chegada de quem apresenta o conceito (SANTOS et al., 2012, p. 58).

É fato que existem divergências acerca do conceito de desenvolvimento e sua relação com crescimento econômico, bem como das suas abordagens no campo social e ambiental. Não obstante estas contradições e tendo em vista o que foi aqui apresentado, conclui-se que desenvolvimento é um termo em construção e que sofre mutações dependendo das instâncias e contextos. Pode-se dizer também que é um processo de mudança que pode ocorrer tanto de forma planejada, com foco nos objetivos e anseios de quem o planeja, como aleatoriamente, empurrado por consequências de planejamentos ou como processo natural. Consiste ainda na passagem de um estágio a outro, algo com relevância tanto econômica, social e ambiental, com efeitos que podem ser positivos ou negativos.

Região e suas concepções

Gomes (1995) adverte que não há um conceito definitivo de região e diz ainda que este termo transita fora e dentro da ciência e da geografia, apresentando uma variedade de emprego do mesmo. O autor relata que no domínio do senso comum o conceito de região está atrelado a localização, extensão e domínio, e que

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TÓPICO 4 | GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

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no campo da ciência este conceito ficou a cargo da geografia, que adjetivou o termo para cientificá-lo, dividindo-o em: região natural, região geográfica e região como classe de área. Dentro do conceito científico do termo região, ambos os adjetivos se constituem como saberes complementares e importantes para estudos acerca do Desenvolvimento Regional.

Conforme Gomes (1995), o conceito de Região Natural pressupõe que o ambiente natural tem certa influência no desenvolvimento de uma sociedade. Corrêa define região natural como:

A região natural é entendida como uma parte da superfície da Terra, dimensionada segundo escalas territoriais diversificadas, e caracterizadas pela uniformidade resultante da combinação ou integração em área dos elementos da natureza: clima, a vegetação, o relevo, a geologia e outros adicionais que diferenciariam ainda mais cada uma destas partes (CORRÊA, 1991, p. 24).

De acordo com Corrêa (1991), o geógrafo americano Charles Dryer, em 1915, já mencionava a relação homem/natureza e vida econômica:

Muito sintomático é o fato de Dryer referir-se às regiões econômicas como sendo determinadas pela natureza: justifica-se assim, em última instância, a superioridade natural das regiões e dos países desenvolvidos, que teriam uma natureza mais pródiga (CORRÊA, 1991, p. 25).

Pelo exposto, entende-se que região natural constitui uma terminologia que caracteriza uma região a partir de suas características físicas, como relevo, clima, vegetação, e que as variações destas predispõem o desenvolvimento ou não de uma sociedade.

No conceito de Região Geográfica, Gomes (1995) menciona que o homem transforma o ambiente, não existindo aqui um traço ou característica física que distingue uma comunidade territorial de outra, mas sim formas de adaptação de cada sociedade. Segundo Corrêa (1991), este conceito de região vem de uma corrente possibilista, onde o homem modela a paisagem criando um gênero de vida.

A região geográfica abrange uma paisagem e sua extensão territorial, onde se entrelaçam de modo harmonioso componentes humanos e natureza. A ideia de harmonia, de equilíbrio [...] constitui o resultado de um longo processo de evolução, de maturação da região, onde muitas obras do homem fixaram-se, ao mesmo tempo com grande força de permanência e incorporadas sem contradições ao quadro final da ação humana sobre a natureza (CORRÊA, 1991, p. 28).

A concepção de região geográfica permite a modificação dos espaços pelo homem, possibilitando uma adaptação homem/natureza, fazendo com que as condições do meio já não mais sejam desafios ou incentivos ao desenvolvimento de um determinado lugar.

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Na abordagem de Região como classe de área se faz uma divisão do espaço de acordo com variáveis e critérios arbitrários a partir de julgamentos relevantes para certa explicação (GOMES, 1995). “A região, neste novo contexto, é definida como um conjunto de lugares onde as diferenças internas entre esses lugares são menores que as existentes entre eles e qualquer elemento de outro conjunto de lugares” (CORRÊA, 1991, p. 33). Segundo Gomes (1995), nesta caracterização de região há uma divisão do espaço a partir de critérios uniformes, interessando apenas aquilo que está sempre presente.

Região como classe de área já consiste em uma delimitação imposta pelos

estudiosos e/ou pesquisadores de um determinado espaço para explicar certas ocorrências. Vale-se de critérios um tanto arbitrários, mas com certa homogeneidade para estipular uma e outra região. Neste conceito, o que delimita são as variáveis mais comuns existentes em um determinado espaço.

A geografia crítica revê os moldes conceituais de região, reestruturando e reorganizando os espaços a partir da divisão do trabalho e do processo de acumulação capitalista, separando possuidores de despossuídos (GOMES, 1995). “[...] a identificação de regiões deve se ater àquilo que é essencial no processo de produção do espaço, isto é, à divisão socioespacial do trabalho” (MASSEY, 1978 apud GOMES, 1995, p. 65).

Esta concepção de região abordada pela geografia crítica traz à luz variáveis relacionadas ao capitalismo, com uma proposta pautada na existência de regiões mais e menos promissoras. Conforme Corrêa (1991), este processo de regionalização se traduz na Lei do Desenvolvimento Desigual e Combinado, onde regiões mais desenvolvidas se articulam com as menos desenvolvidas.

Dallabrida (2006, p. 141) sintetiza região como sendo um “espaço

demarcado a partir de propósitos políticos, econômicos ou administrativos” e, ainda, “identificando-se como um subespaço do espaço total”, com suas “diferenças funcionais e espaciais”.

Haesbaert (2010) traz o conceito de região como artefato, onde o regional é abordado como criação e autofazer-se (arte), e também como construção já produzida e articulada (fato). Haesbaert (2010, p. 7) fundamenta essa proposta de região em três pontos:

• Região como produto-produtora das dinâmicas de globalização e fragmentação;• Região construída pela atuação de diferentes sujeitos sociais (Estado, empresas,

instituições não estatais, grupos socioculturais distintos e classes econômico-políticas).

• Região como produto-produtora dos processos de diferenciação espacial (grau, tipo e natureza - desigualdades).

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TÓPICO 4 | GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

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Para Souza (2013), uma identidade regional não depende de uma vivência cotidiana e direta, podendo se dar através de um compartilhamento de dialetos, valores, tradições, interesses, que pode ocorrer a partir de contatos esporádicos com outros moradores da mesma região e nas informações que circulam pela imprensa. Souza (2013) enfatiza que a discussão sobre região é ampla e requer cuidados.

Segundo Alves (2016, p. 43), região é uma construção social que resulta de um processo em função dos objetivos “daqueles que a põem em curso”.

Região tal como um agrupamento de características físicas, sociais, culturais, econômicas, interações ou como um processo de construção de seus atores constitui objeto de estudo amplamente utilizado e que, para além de suas concepções no decorrer dos tempos, ainda hoje se configura fortemente como um subespaço, uma parte de um todo utilizada como parâmetro para análises, parâmetros estes que são apresentados de acordo com as características e configurações necessárias no momento de sua utilização.

Considerações finais

Desenvolvimento e região, dois termos largamente utilizados em estudos, pesquisas e políticas públicas, mas que apesar de muitas discussões, não apresentam uma concepção única e padronizada. As variadas concepções dos termos em questão permitem que estes transitem livremente por diversas áreas do conhecimento tanto num contexto inter como transdisciplinar, abordando temas econômicos, sociais e ambientais com características e especificidades variadas. A partir da análise conceitual e interpretativa dos conceitos de região e desenvolvimento aqui explanadas, a pergunta que se faz é: seria possível a homogeneização ou padronização destes conceitos nas questões relacionadas ao Desenvolvimento Regional?

FONTE: WEBER, Arlete Longhi; SANTOS, Gilberto Friedenreich dos. Desenvolvimento e Região: a multipluralidade dos conceitos. Anais... III Seminário de Desenvolvimento Regional, Estado e Sociedade. Blumenau, 2016. Disponível em: <http://proxy.furb.br/soac/index.php/sedres/

iiisedres>. Acesso em: 30 jun. 2018.

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RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você estudou:

• No campo da Geografia, o desenvolvimento regional é tanto um conceito amplamente debatido na arena teórica, como também possui ampla difusão e utilização no plano empírico.

• Desenvolvimento regional envolve duas dimensões: uma temporal e outra espacial.

• A utilização do termo desenvolvimento regional normalmente está associada às mudanças sociais e econômicas, que ocorrem num determinado espaço.

• O termo desenvolvimento regional também é associado a um estágio.

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AUTOATIVIDADE

1 Conforme foi visto na Leitura Complementar deste tópico, existem várias definições para o conceito de região. A respeito do conceito de região como classe de área, assinale a alternativa INCORRETA:

( ) Região como classe de área já consiste em uma delimitação imposta pelos estudiosos de um determinado espaço para explicar certas ocorrências.

( ) Neste conceito, o aspecto que separa uma área de outra é hidrográfico, podendo ser um rio, ribeirão ou córrego.

( ) Região como classe de área se vale de critérios um tanto arbitrários, mas com certa homogeneidade para estipular uma e outra região.

( ) Neste conceito, o elemento delimitador são as variáveis mais comuns existentes em um determinado espaço.

2 Desenvolvimento e região são duas categorias de análise que permitem analisar as transformações que ocorrem no campo da geografia econômica. A respeito deste termo, assinale a alternativa INCORRETA:

( ) A utilização do termo desenvolvimento regional normalmente está associada às mudanças sociais e econômicas que ocorrem num determinado espaço.

( ) A abrangência dessas mudanças relacionadas ao desenvolvimento regional vai além das modificações sociais e econômicas.

( ) A utilização do termo desenvolvimento regional normalmente está associada a condições constantes e estáticas de ordem cultural.

( ) O desenvolvimento regional permite que se estabeleça uma série de inter-relações com outros elementos e estruturas presentes na região considerada.

3 A região é um conceito de recorrente utilização no campo da Geografia Econômica e do desenvolvimento regional. A este respeito, sabe-se que a região pode ser delimitada a partir de diferentes critérios. Neste sentido, disserte sobre três possíveis critérios de delimitação da região.

(ENADE 2008) Entre os conceitos-chave da ciência geográfica, figura o de região, que, marcado por diferentes acepções conforme a época ou a corrente do pensamento geográfico, frequentemente ocupa lugar central nos debates acadêmicos. Acerca desse conceito, assinale a opção correta.

a) Conceitualmente, a região natural, neste século XXI, ainda constitui, do ponto de vista espacial, referência-chave para explicar diferenças no processo de desenvolvimento socioeconômico.

b) Nos anos 50 do século passado, prevalecia a ideia de que região corresponde à área de ocorrência de uma mesma paisagem cultural, caracterizada, portanto, como região paisagem, ou landscape.

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c) Conceitualmente, o termo região tem sido empregado para designar uma classe de área que apresenta grande uniformidade interna e grande diferença em relação ao seu entorno.

d) Após a década de 80 do século XX, no âmbito da geografia cultural, região passou a ser entendida como organização do processo social vinculada ao modo de produção capitalista.

e) Conceitualmente, do ponto de vista da geografia crítica, a região assumiu o caráter de conjunto específico de relações culturais no qual a apropriação simbólica do espaço geográfico é determinada pelo grupo social.

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UNIDADE 2

SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E

GLOBALIZAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• compreender o conceito de sistema econômico e suas características; • conhecer os principais acordos de integração regional e analisar suas

particularidades; • conhecer o conceito de globalização e entender como se articula com a

ideia de divisão territorial do trabalho.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

TÓPICO 2 – BLOCOS ECONÔMICOS

TÓPICO 3 – GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

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TÓPICO 1UNIDADE 2

SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES

CONCEITUAIS

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico iremos abordar alguns conceitos relevantes no plano da Geografia Econômica. Parte destes conceitos são conhecidos por conta do seu uso cotidiano, mas ainda assim, merecem ser explanados sob o ponto de vista teórico para assegurar que a compreensão, no plano desta disciplina, seja coerente e coesa entre a nossa comunidade de acadêmicos. Para começar iremos apresentar as definições de sistemas econômicos e na sequência, iremos descrever cada um deles.

2 O QUE SÃO SISTEMAS ECONÔMICOS?

Colocando de um modo bem simples, poderíamos afirmar que um sistema de produção se refere ao modo como se organizam e se estruturam os processos de produção, distribuição e consumo de bens e serviços de uma economia. Historicamente, os principais sistemas econômicos foram o capitalismo e o socialismo.

O historiador Kula (1970, p. 47 apud BARROS, 2012, p. 111) formulou a seguinte definição de sistema econômico:

Um sistema econômico é, pois, um conjunto de dependências econômicas reciprocamente ligadas que, pelo fato de estarem vinculadas, surgem mais ou menos ao mesmo tempo e se desfazem, também, aproximadamente no mesmo momento. Datar empiricamente a sua aparição e desaparição é fixar os limites cronológicos de um dado sistema econômico. E elaborar a teoria econômica de um sistema econômico dado é determinar (e ainda empiricamente) a lista mais completa possível das relações de dependência que o mesmo admite e determinar as vinculações recíprocas que fazem deste conjunto de relações um sistema único. (grifo nosso)

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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Com base na definição de Kula (apud BARROS, 2012), podemos realçar alguns elementos que são inerentes à ideia de sistema econômico: conjunto de dependências, isto é, parte-se da ideia de entrelaçamentos e relações que se estabelecem entre as partes envolvidas; presença de vínculos, ou seja, parte do princípio que os agentes econômicos estão ligados/conectados e, por fim, realce para a ideia de limite cronológico, isto é, os sistemas econômicos estão atrelados a um determinado momento histórico. Vale apontar que os sistemas econômicos também estão condicionados a sua condição espacial e por isso, estão circunscritos há um tempo e um espaço.

Barros (2012, p. 111), refletindo sobre a definição de Kula (1970), reforça que:

Em primeiro lugar, Kula admite falar em um “sistema econômico” como um conjunto maior que integra de maneira coerente certos fatos econômicos que de outra maneira estariam dispersos, ressaltando que este sistema possui uma historicidade definida – esta definida por um conjunto de relações recíprocas que os fatos econômicos de determinado tipo estabelecem entre si. Assim, do mesmo modo que surgem em uma determinada sociedade historicamente localizada estas interações específicas de fatos econômicos, relacionadas a certo padrão que pode ser identificado e decifrado por historiadores e economistas, estas relações se desfazem a certa altura. Vale dizer, um sistema econômico não é uma realidade nem estática e eterna – ele, de um lado, apresenta uma dinamicidade própria e uma tendência a se transformar; e, de outro lado, as transformações podem conduzi-lo, a certa altura, a adquirir uma outra identidade que já pouco tem a ver com a situação inicial do sistema. Em uma palavra, um “sistema econômico” possui uma historicidade (grifo nosso).

Com base nos comentários de Barros (2012), podemos entender quão dinâmico é o conceito de sistema econômico que, por abarcar um amplo conjunto de interações entre os fatos econômicos, conduzem a um processo de constantes transformações. Na prática, isto implica entender que a ideia de capitalismo que temos compartilhada hoje – um capitalismo global e sem fronteiras – não é a mesma ideia de capitalismo que era compartilhada na ocasião em que o termo foi empregado nos primórdios. Neste sentido, a Geografia Econômica está especialmente interessada em desvendar como estas interações dos fatos econômicos interferem e engendram novas formas espaciais.

Por sua vez, Vasconcellos e Garcia (2004, p. 2) afirmam que “um sistema

econômico pode ser definido como a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade”. Além disso, acrescentam que “é um particular sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004, p. 2).

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TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

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QUADRO 1 – ELEMENTOS BÁSICOS DE UM SISTEMA ECONÔMICO

Elemento Descrição

Estoque de recursos produtivos ou fatores de

produção.

Aqui incluem-se os recursos humanos

(trabalho e capacidade empresarial), o capital,

a terra, as reservas naturais e a tecnologia.

FONTE: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2004, p. 2)

Complexo de unidades de produção.

Constituído pelas empresas.

Conjunto de instituições políticas, jurídicas,

econômicas e sociais.

Que são a base da organização da

sociedade.

Complementando, Sandroni (1999, p. 561) sustenta que sistema econômico é a “forma organizada que a estrutura econômica de uma sociedade assume. Engloba o tipo de propriedade, a gestão da economia, os processos de circulação de mercadorias, o consumo e os níveis de desenvolvimento tecnológico e de divisão do trabalho”.

Tratando dos sistemas econômicos, o capitalismo e o socialismo são os dois sistemas econômicos existentes. A principal diferença entre ele reside na questão do direito à propriedade. No capitalismo, a lógica está pautada na propriedade privada e enquanto que no socialismo, a propriedade é do Estado.

De acordo com Vasconcellos e Garcia (2004), existem alguns elementos básicos que compõem um sistema econômico, conforme nos mostra o quadro a seguir:

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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Colocando de uma forma simplificada, no capitalismo, tal como experimentos na atualidade, se você decidir juntar dinheiro ou buscar um investimento junto a uma entidade financiadora, e decidir empreender e abrir uma padaria você: será o dono do empreendimento e dos meios de produção (fornos, batedeiras, refrigeradores etc.), será responsável por contratar os funcionários e combinar com eles o valor dos salários e combinar quais tarefas serão desenvolvidas (respeitando a legislação e a CLT) e o valor que exceder os custos de produção e os demais custos, isto é, os lucros, serão seus. O quanto você irá receber de lucro dependerá da lei da oferta e da procura: se seus produtos tiverem boa aceitação, se você escolher um local adequado para instalar seu negócio, se o atendimento for de qualidade, se você conseguir inovar e/ou se destacar de alguma forma de seus concorrentes, suas chances de ter um bom retorno de lucros serão significativas.

Por outro lado, utilizando o mesmo exemplo simplista, no socialismo, o Estado seria o dono da padaria e seria o responsável por gerir a padaria: seria dele a atribuição de definir quais produtos seriam ofertados e ele seria o dono do meio de produção. Quanto à remuneração, ela seria homogênea entre os trabalhadores e caberia ao Estado distribuir estes valores.

Ocorre que a experiência histórica acaba por nos mostrar, conforme examinaremos adiante, que o processo de motivação do ser humano e o delineamento de diretrizes pautadas em igualdade e no entendimento de que os indivíduos, mediante estímulos idênticos e em condições similares, seriam capazes de manter elevados níveis de produção em condições harmoniosas, não se mostrou muito sólido. Retomando o exemplo da padaria, vários estudiosos têm tentado entender as motivações e as condições que estimulam o trabalhador a atingir melhores níveis de rendimento. Isto é, no exemplo da padaria, no capitalismo, aquele funcionário que começa a trabalhar como assistente de padeiro, pode se sentir estimulado a aprender mais, a se esforçar e, pela meritocracia, poderá galgar uma posição de confeiteiro e atingir uma remuneração maior. No socialismo, como as condições e a remuneração são constantes, verificou-se que os níveis de produtividade, depois de um certo tempo não evoluíram muito.

Este é apenas um exemplo inicial para incitar a reflexão. Outros elementos e acontecimentos históricos interferiram no processo de declínio do socialismo e ascensão do capitalismo. Vamos explorar mais este assunto.

Para Giddens e Sutton (2017, p. 100) “capitalismo é o sistema econômico originado no Ocidente baseado no intercâmbio comercial e na geração de lucro visando ao reinvestimento e crescimento dos negócios”.

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TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

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Por sua vez, Sandroni (1999, p. 80) afirma que:

Capitalismo é o sistema econômico e social predominante na maioria dos países industrializados ou em fase de industrialização. Neles, a economia baseia-se na separação entre trabalhadores juridicamente livres, que dispõem apenas da força de trabalho e a vendem em troca de salários, e capitalistas, os quais são os proprietários dos meios de produção e contratam os trabalhadores para produzir mercadorias (bens dirigidos para o mercado) visando à obtenção de lucro.

O capitalismo também é chamado de economia de mercado e caracteriza-se fundamentalmente por ser regido pelas forças de mercado, pela livre iniciativa e pela propriedade privada dos fatores de produção (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004).

Como foi mencionado, ao longo de sua trajetória o capitalismo passou

por diversas transformações. No intuito de expor de forma sintética as principais alterações ocorridas, o infográfico a seguir revela quais foram as fases mais relevantes do capitalismo.

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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FIGURA 1 – INFOGRÁFICO FASES DO CAPITALISMO

FONTE: <http://sites.aticascipione.com.br/ggb/infograficos.aspx>. Acesso em: 8 jul. 2018.

Surgiu com os Estados nacionais absolutistas e vigorou duranteo capitalismo comercial. Defendia a intervenção do Estado naeconomia e o protecionismo. Seus objetivos princiapais: fortalecero Estado e aumentar a riqueza ancional via acúmulo de metaisperciosos (ouro e prata) e obtenção de superávits comerciais.Para seus teóricos a riqueza vinha do comércio (circulação).

No início, Espanha e Portugal; depois,Inglaterra, Países Baixos e França.

No início, Grã-Bretanha; depois, EstadosUnidos, França, Alemanha e Japão.

Tratado deTordesilhas

Independênciados EstadosUnidos

Início do processo deindependência das

colônias americanas

Viagem de Vascoda Gama às Índiasvia Atlântico

RevoluçãoGloriosa(Inglaterra)

Aperfeiçoamentoda máquina a vaporpor James Watt(Inglaterra)

Grandes navegações (Expansão marítma europeia)

Mundializaçãodo comércioUtilização do trabalhoescrabo na AméricaAcumulação primitivade capitais na Europa

Utilização docarvão mineralIndústriasinovadoras: têxtil,siderúrgica e navalDisseminação dotrabalho assalariado

14941776

1498

1500 1600 1700 1750 1800

1688 1765-85

Thomas Mun (1571 - 1641)

Economista ingês, umdos principais teóricos dadoutrina mercantilista.

Jean-Baptiste Colbert (1619 - 1683)

Ministro das finanças de Luis XIV,responsável pela aplicação daspolíticas mercantilistas na França.

Adam Smith (1723 - 1790)

Economista escocês, um dos maisimportantes teóricos do liberalismoclássico e um de seus fundadores.

David Ricardo (1772 - 1823)

Economista inglês, tido comosucessor de Smith, deu importantecontribuição à teoria econômica.

Criticava o absolutismo e o mercantilismo: defnedia, no plano políticoa democravia representativa, a independência dos três poderes ea liberdade do indivíduo; e no econômico, o direito à propriedade, alivre iniciativa e a concorrência. Era contra a intervenção do Estado naeconomia e favoráv el à livre ação das forças do mercado. Para seusteóricos a riqueza vinha da indústria (produção).

Ocupação da África: interiorizaçãoColonialismo: partilha e exploração da América; comércio com Ásia e África

Auge da Revolução Comercial Primeira Revolução Industrial

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TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

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EUA emergem como potência, seguidos porAlemanaha e Japão; Grã-Bretanha perde influência.

EUA se mantém como principal potência, seguidospor Japão e maiores economias da União Europeia.

Independênciado Brasil

Congresso de Berlim:partilha da África entreas potências Europeias

Independência das colôniase surgimento dos paísessubdesenvolvidos.

Emergência da China comopotência e surgimento das

economias emergentes

Utilização do petróleoe da eletricidade

Indústrias inovadoras:petroquímica, elétrica

e automobilísticaExpansão mundial

do processo deindustrialização

Monopólios eoligopólios

Crescentes investimentosem P&D e agregação devalor aos produtosAmpliação do meio técnico-científico-informacionalIndústrias invoadoras::informática, robótica,telecomunicações e biotecnologiaIndustrialização de países emdesenvolvimento e expansãodas multinacionais

Neoliberalismoem xeque

Construção doprimeiro carrocom motor agasolina porGottlieb Daimler(Alemanha)

Construção do ENIAC*, oprimeiro computador pelaEletronic Control Company(Estados Unidos)*Electrical Numerical INtegrator and Computer

Primeira GuerraMundial

Crise econômicamundial

Segunda GuerraMundial

Crises financeirasem diversos países

Criaçãodo G-20

Crise financeiramundial

18221844-85 Pós-guerra 1990-2000

1886

1914-1978

1939-1945

1946

1980-1990 1999

20081929

John M. Keynes (1883 - 1946)

Economista inglês. O maisimportante até meados do séc.XX; influenciou as políticas derecuperação da crise de 1929.

Alexander Ristow (1885 - 1963)

Economista alemão, crítico doliberalismo clássico e criador dotermo neoliberalismo (1938).

Milton Friedman (1912 - 2006)

Norte-americano, Nobel de economia(1976) e um dos continuadores daspropostas neoliberais; assessoriou osgovernos Reagan e Thatcher.

Joan Robinson (1903 - 1983)

Economista inglesa, seguiuas propostas keynesianas eaperfeiçoou algumas delas.

Criticava o pensamento econômico clássico e o princípio da"mão invisível", do suposto equilíbrio espontâneo do mercado,por isso defendia a intervenção do Estado na economia paraevitar crises de superprodução como foi a de 1929. Propunha oaumento dos gastos públicos como mecanismo para estimularo crescimento econômico e a geração de empregos..

Busca aplicar os princípios do liberalismo clássico ao capitalismoatual. Diversamente daqueles, os teóricos neoliberais não creem naregulação espontânea do sistema. Visando disciplinar a economia demercado, aceitam uma intervenção mínima do Estado para assegurara estabilidade monetária e a livre concorrência. Também defendem aabertura econômica/financeira e a privatização de estatais.

1850 1900 1950 2000

Sistema socioeconômico que se desenvolveu na Europa com a crise do feudalismo e seexpandiu econômica e territorialmente pelo mundo partir do século XVI. Desde então vemse transformando: passou por diversas etapas marcadas por características diferentesno que tange às relações de produção e de trabalho, às tecnologias empregadas e àsdoutrinas que orientam seu funcionamento. É também chamado de economia de mercado.

Terceira Revolução Industrial ou Revolução Técnico-científicaSegunda Revolução Industrial

Globalização: expansão de capitais produtivos e especulativosImperialismo: partilha e exploração das colônias africanas e asiáticas

FONTE: <http://sites.aticascipione.com.br/ggb/infograficos.aspx>. Acesso em: 8 jul. 2018.

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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A respeito do sistema socialista, ele também é chamado de economia centralizada ou ainda economia planificada. Vasconcellos e Garcia (2004, p. 3) definem o sistema socialista da seguinte forma:

É aquele em que as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção, chamados nessas economias de meio de produção, englobando os bens de capital, terra, prédios, bancos e matérias-primas.

Conforme realçamos anteriormente, a tônica na propriedade pública dos meios de produção é o aspecto central inerente a este conceito. Complementando esta definição, Sandroni (1999, p. 567) explica que socialismo é o:

Conjunto de doutrinas e movimentos políticos voltados para os interesses dos trabalhadores, tendo como objetivo uma sociedade onde não exista a propriedade privada dos meios de produção. Pretende eliminar as diferenças entre as classes sociais e planificar a economia, para obter uma distribuição racional e justa da riqueza social.

O declínio do socialismo está estreitamente relacionado à queda da União Soviética. Para explicar como aconteceu esse processo, será exposta uma reportagem publicada pela BBC em 25 de dezembro de 2016. Nesta matéria, o entrevistado Archie Brown, professor emérito de Política e especialista em temas soviéticos da Universidade de Oxford, no Reino Unido, expõe de maneira didática os seis principais fatores e fatos históricos que conduziram ao declínio do socialismo.

3 OS SEIS MOTIVOS QUE LEVARAM O IMPÉRIO SOVIÉTICO À RUÍNA DE MANEIRA SURPREENDENTE

Em muitas repúblicas soviéticas, o desmanche causou comoção e desorientação

Como a União Soviética, uma superpotência integrada por 15 repúblicas, desmanchou-se de forma tão rápida e inesperada em dezembro de 1991?

Como o bloco socialista, dono de enorme influência política, ideológica, econômica e tecnológica, e que marcou a história do século 20, deixou de existir quase de um dia para outro?

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TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

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Estamos falando de um império que nasceu da Revolução Comunista de 1917 e chegou a ocupar um sexto do território do planeta, abrigando cem nacionalidades.

E que ajudou a derrotar Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, protagonizou a Guerra Fria junto com os EUA, além de ser pioneiro na corrida espacial, enviando o primeiro satélite da história, o Sputnik, e colocando o primeiro homem no espaço, Yuri Gagárin.

Isso sem falar em destaques nos esportes, nas artes e na literatura.

Yuri Gagarin, o primeiro homem no espaço

Josef Stalin promoveu a centralização e a burocracia

"A velocidade com que o Estado soviético se desintegrou foi uma surpresa para quase todos", disse à BBC Mundo (o serviço espanhol da BBC) Archie Brown, professor emérito de Política e especialista em temas soviéticos da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Segundo Brown e outros especialistas que estudaram o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), há seis razões principais para explicar o colapso da superpotência, oficializado no Dia de Natal de 1991.

1 Autoritarismo e centralização

A origem da URSS remonta a 1917, quando a revolução bolchevique depôs o czar Nicolau 2º e estabeleceu um Estado socialista nos territórios do que até então era o Império Russo. Em 1922, logo após a Rússia anexar repúblicas

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O Soviete Supremo em 1991

mais distantes, foi estabelecida então a gigantesca união, cujo primeiro líder foi o revolucionário marxista Vladimir Lênin. Mas, desde o início, governar um Estado tão complexo e diverso era extremamente difícil.

Ainda que originalmente o plano era que a URSS tivesse uma sociedade democrática, em substituição à autocracia czarista, o bloco acabou tomando o caminho do autoritarismo, consolidado com a ascensão de Josef Stalin ao poder, em meados da década de 1920.

A Constituição soviética, adotada nos anos 1930 e modificada nos anos 1970, estabelecia que as regiões e nacionalidades estariam representadas em um parlamento conhecido como Soviete Supremo.

Na prática, porém, todas as decisões, incluindo a eleição do líder da URSS, ficavam nas mãos do Partido Comunista - mais precisamente um pequeno grupo de dirigentes poderoso, o Politburo. Com Stálin, o Estado começou a controlar cada aspecto da vida política, econômica e social. Aqueles que se opunham a suas medidas eram presos e enviados a campos de trabalhos forçados (os Gulags) ou executados.

O cotidiano de 290 milhões de soviéticos era de opressão e exclusão das decisões que tinham um forte impacto em sua existência. Mesmo após a morte de Stálin, em 1953, e a condenação pública de suas atrocidades pelos líderes soviéticos, o Partido Comunista continuou ditando o destino do país.

2 O 'inferno' da burocracia

Economia soviética perdeu fôlego gradativamente a partir dos anos 50

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TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

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O autoritarismo e a centralização da União Soviética resultaram em uma burocracia sem fim e que estendia seus tentáculos a todos os cantos do território e a todos os aspectos da vida cotidiana. Tudo era uma questão de documentos, selos, procedimentos de identificação e notas. "A União Soviética acabou sendo um estado ineficiente", explica Archie Brown.

3 Economia falida

A centralização e a burocracia tiveram impacto no sistema econômico soviético, que tinha como base a ideia do teórico do comunismo Karl Marx (1818-1883) de socializar os meios de produção, distribuição e intercâmbio. Isso significou que a economia do enorme bloco foi planificada e regida pelos chamados planos quinquenais, que estabeleciam metas para todas as atividades.

A força de trabalho, que alcançou 150 milhões de pessoas, dedicava-se majoritariamente à indústria, e em muito menor proporção à agricultura. Stálin patrocinou um forte processo de industrialização que se concentrou nos setores petrolífero, siderúrgico, químico, minerador, processamento de alimentos, automotivo, aeroespacial e defesa. Mas a URSS perdeu a corrida pela hegemonia econômica com os EUA, seu principal rival. No final dos anos 1980, o PIB soviético era apenas a metade do americano.

"Estava claro que as políticas econômicas soviéticas falhavam. A taxa de crescimento vinha caindo desde o final dos anos 1950", explica Brown. O cineasta britânico Adam Curtis, autor do documentário Hypernormalisation, que tem o colapso da URSS como parte da narrativa, diz que a economia soviética durante muito tempo se baseou em ilusões.

Karl Marx propôs a socialização dos meios de produção

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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Archie Brown ressalta que, devido aos problemas econômicos, a expectativa de vida dos homens soviéticos se reduziu (algo também atribuído por analistas ao consumo excessivo de álcool), ao mesmo tempo em que a mortalidade infantil aumentou. E a estagnação econômica fortaleceu o setor informal e o mercado negro.

4 Melhor educação

Com o passar dos anos, o nível geral de instrução dos soviéticos melhorou e milhões de pessoas foram para a universidade. Apesar de o Estado restringir o contato com o exterior, esses indivíduos começaram a ter maior conhecimento sobre o mundo. "Profissionais bem-educados transformaram-se em um grupo social significativo e influente", diz Brown. "Estavam abertos à liberalização que viria em meados da década de 1980, com o reformista Mikhail Gorbachev", completa.

5 As reformas de Gorbachev

Problemas econômicos fortaleceram o mercado paralelo na URSS

Melhoras educacionais criaram geração ansiosa por mudanças

Mikhail Gorbachev foi o último líder da União Soviética

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TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

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Para Brown, Mikhail Gorbachev, o homem que ocupou a presidência da União Soviética entre 1985 e 1991, é um fator determinante para explicar o desmanche da superpotência - chegou ao poder como um reformista do sistema, mas terminou como seu "coveiro". Quando se converteu em secretário-geral do Partido Comunista, em março de 1985, Gorbachev lançou um dramático programa de reformas para tentar equilibrar uma economia problemática e uma estrutura política ineficiente e insustentável. Seu plano tinha dois elementos cruciais: a "Perestroika" e a "Glasnost" (respectivamente reestruturação e abertura, em russo).

A "perestroika" consistia em relaxar o controle do governo sobre a economia. Gorbachev acreditava que a iniciativa privada impulsionaria a inovação, por isso permitiu que indivíduos e cooperativas fossem donos de negócios pela primeira vez desde os anos 1920. E promoveu investimentos estrangeiros em empresas soviéticas. Gorbachev também concedeu aos trabalhadores direito de greve.

Já a "glasnost" consistia em eliminar os resquícios da repressão stalinista, como a proibição da publicação de livros de autores como George Orwell e Alexander Solzhenitsyn, e dar mais liberdade aos cidadãos soviéticos. Gorbachev libertou presos políticos e permitiu que a imprensa publicasse críticas ao governo. Ele também determinou a realização de eleições para o Legislativo e pela primeira vez permitiu que outros partidos políticos fizessem campanha.

Ao final do governo de Gorbachev, a escassez de produtos e as filas para consegui-los tornaram-se calvários para os soviéticos

Os soviéticos celebraram a democratização, mas as reformas para introduzir a economia de mercado no país demoraram demais para dar frutos. Houve aumento de preços, racionamento, filas intermináveis para obter produtos. Tudo isso gerou frustração cada vez maior com a administração de Gorbachev.

O líder também enfrentou enorme oposição das alas mais conservadoras do Partido Comunista, que em 1991 articularam um golpe para tentar derrubá-lo. O levante fracassou por causa da rejeição popular e o respaldo do então

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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Queda do Muro de Berlim foi consequência de reformas de Gorbachev

presidente da Rússia, a principal república soviética, Boris Yeltsin. Ainda assim, Gorbachev renunciou ao cargo em 25 de dezembro daquele ano. No dia seguinte, assinou a declaração de dissolução da União Soviética. Em seu discurso de despedida, o último líder da URSS fez um mea culpa: "O velho sistema desabou antes que o novo começasse a funcionar".

Archie Brown explica que o caso soviético fugiu de um típico processo em que crises políticas e econômicas levam à liberalização e à democratização. "Foram justamente a liberalização e a democratização que levaram o sistema a um ponto de crise, pois permitiram a expressão do descontentamento"

"Sem reformar, era capaz de a URSS seguir existindo nos dias de hoje", acrescenta.

6 Revoluções e movimentos separatistas

O objetivo de Gorbachev não era apenas transformar as práticas econômicas e a política interna da União Soviética, mas também mudar a maneira como o bloco encarava as relações internacionais. O líder tinha claro que o mundo estava mais interdependente e que o êxito da economia soviética estava condicionado a melhores vínculos internacionais. Ele também acreditava que havia interesses e valores universais que se sobrepunham à divisão entre Ocidente e Oriente.

E que nações tinham direito por si mesmas a decidir que sistema político e econômico queriam. Foi por isso que Gorbachev decidiu abandonar a corrida armamentista, além de retirar as tropas soviéticas estacionadas no Afeganistão desde 1979, reduzindo ainda sua presença militar na Europa Oriental.

Essas decisões levaram ao fim da Guerra Fria e à derrocada dos governos comunistas dos países satélites da URSS na Europa: o movimento teve início em 1989, na Polônia, com a vitória do movimento sindicalista Solidariedade nas eleições nacionais. Naquele mesmo ano, caiu o Muro de Berlim, o grande símbolo da divisão Leste-Oeste e, na Checoslováquia, a "Revolução de Veludo" derrubou o governo comunista. Na Romênia, o levante

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TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

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Conforme nos mostra a reportagem, as principais fragilidades do sistema econômico socialista, que contribuíram para o seu declínio, decorrem das dificuldades na condução de sua gestão em virtude do excesso de autoritarismo e centralização, inerentes a este sistema. Além disso, no afã de se criarem condições de igualdade entre a população, criaram-se excessivas regras e procedimentos burocráticos que acabaram se mostrando ineficientes.

Ademais, as dificuldades no plano econômico acabaram por engendrar um mercado paralelo que foi incapaz de se sustentar em longo prazo. Outro elemento que ajuda a contar esta história foi o plano de governo "Perestroika", que tinha como principal objetivo a modernização da economia soviética. Com este plano, a economia começou a se abrir inclusive para empresas multinacionais. Outro programa de governo, o "Glasnost", buscava reintroduzir um estado constitucional e democrático. Por fim, a queda do muro de Berlim foi outro evento emblemático relacionado ao declínio do socialismo.

se tornou violento: o líder comunista Nicolae Ceaucescu e sua esposa foram fuzilados. "Quando poloneses, tchecos e outros povos conseguiram tomar o controle, isso teve um efeito desestabilizador na própria URSS", explica Archie Brown. A política não intervencionista de Gorbachev e os problemas econômicos soviéticos alimentaram movimentos separatistas nas repúblicas do bloco. Os países Bálticos (Estônia, Lituânia e Letônia) foram os primeiros a romper com Moscou. Logo depois, Belarus, Rússia e Ucrânia se separaram e criaram a Comunidade de Estados Independentes. No final de 1991, oito das nove repúblicas que ainda se mantinham na URSS declararam independência - a Geórgia o faria alguns anos depois. Assim, extinguiu-se a outrora toda poderosa União Soviética.

FONTE: SEITZ, Max. BBC. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-38391137>. Acesso em: 8 jul. 2018.

UNI

Caro acadêmico! Apresentamos na sequência uma sugestão de aula que permite que você discuta com seus alunos o conceito de Guerra Fria. Acompanhe!

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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GUERRA FRIA: UM CONFLITO IDEOLÓGICO

Autor e coautor(es)Autor: Rosângela Nasser Ganimi Coautor(es): Nelson V. F. Faria

Dados da aulaO que o aluno poderá aprender com esta aula.O aluno deverá entender o contexto que desencadeia a Guerra Fria. E

compreender a Guerra Fria e a consolidação do mundo bipolar como um conflito ideológico.

Duração das atividadesUma aula de cinquenta minutos.

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o alunoOs alunos deverão ter conhecimento, em âmbito geral, da (des)organização

do espaço mundial antes e durante o período da 2ª Guerra Mundial. Deverão ter noção dos sistemas capitalista e socialista vivenciados durante o período da Guerra Fria.

Estratégias e recursos da aula1º passo:O professor deve iniciar a aula perguntando qual é o conhecimento dos

alunos sobre os sistemas capitalista e socialista. Para o melhor entendimento da ideia, o professor deve dividir o quadro ao meio e anotar de um lado as questões que surgirem dos alunos a respeito do capitalismo e do outro lado da lousa as questões e/ou fatos referentes ao socialismo.

2º passo:Trabalhar com os alunos a imagem (a situação da Alemanha antes e depois

da 2ª Grande Guerra) e os fragmentos de texto abaixo, chamando atenção para termos e conceitos fundamentais para o entendimento do assunto.

4 SUGESTÃO DE AULA

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TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

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Introdução

FIGURA 2 – MURO DE BERLIM EM CONSTRUÇÃO

FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/_yAQK89_8rDY/SBYZtoCm0zI/AAAAAAAAADE/DeHMwxaOxg0/s320/constr_muro.jpg>. Aceso em: 17 set. 2018.

Construção do Muro de Berlim

A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia política, econômica e militar no mundo.

A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia. Já os Estados Unidos, a outra potência mundial, defendiam a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e propriedade privada. Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram implantar em outros países os seus sistemas políticos e econômicos.

A definição para a expressão “guerra fria” é de um conflito que aconteceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo um embate militar declarado e direto entre Estados Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes dois países estavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra, porém ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por exemplo, na Coreia e no Vietnã.

Paz armada

Na verdade, uma expressão explica muito bem este período: a existência da Paz armada. As duas potências envolveram-se numa corrida armamentista, espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e nos países aliados. Enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas potências, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do ataque inimigo.

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo objetivo era defender os interesses militares dos países membros. A OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados Unidos e tinha suas bases nos países membros, principalmente, na Europa Ocidental. O Pacto de Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia militarmente os países socialistas.

Alguns países membros da OTAN: Estados Unidos, Canadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia.

Alguns países membros do Pacto de Varsóvia: URSS, Cuba, China, Coreia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.

FONTE: <http://www.suapesquisa.com/guerrafria/>. Acesso em: 17 set. 2018.

3º passo:Mostrar as imagens a seguir e pedir aos alunos que discutam em grupos

de três ou quatro (de acordo com a dinâmica da turma) o que elas representam. Pedir que construam pequenos textos explicativos de cada uma delas.

FIGURA 3 – CORRIDA ARMAMENTÍSTA

FONTE: <http://geoconceicao.blogspot.com/2010/04/guerra-fria-causas-e-consequencias.html>. Acesso em: 17 set. 2018.

Ogivas nucleares

Ogivas nucleares

Megatons de TNT

Megatons de TNTBomba de Hiroshima (potência de 0,015 Kilotons de TNT)

Corrida Armamentista 1950 – 1989

GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL • PARA TODOS

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TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

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FIGURA 4 – MAPA DA EUROPA DIVIDIDO PELA CORTINA DE FERRO

FONTE: <http://cursinhomzm.blogspot.com/2009_05_01_archive.html>. Acesso em: 18 set. 2018.

4º passo:Trabalhar com a imagem e as seguintes questões:

FIGURA 5 – MURO DE BERLIM

FONTE: <http://geo-ieees.blogspot.com/2010/05/2-ano-geopolitica-i-muro-de-berlim.html>. Acesso em: 18 set. 2018.

O que representou para a Alemanha, para a Europa e para o mundo a construção e a queda do Muro de Berlim?

A partir dos conhecimentos adquiridos, pode-se dizer que a ideologia do capitalismo vence a Guerra Fria. No que isso interfere na vida pessoal de cada um de vocês e na sociedade mundial?

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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Dica: o material escrito produzido pelos grupos deverá ser lido para a turma, objetivando uma troca de visões sobre o mesmo assunto. Poderá ser escolhido um redator na turma que anote os pontos-chave das leituras, em seguida, poderá ser construído um texto de toda a turma, que conterá opiniões e leituras diversas sobre as imagens trabalhadas.

Recursos complementares

- Fragmentos de texto.- Imagens.- Bibliografia complementar: CARVALHO, André; MARTINS, Sebastião. Capitalismo. 10. ed. Belo Horizonte:

Ed. Lê, 1995. CARVALHO, André; MARTINS, Kao. Socialismo. 2. ed. Belo Horizonte: Ed.

Lê, 1993.- Sites: <www.tvcultura.com.br>. <www.guerras.brasilescola.com>. <www.mundoeducacao.com.br/guerra-fria>.

Avaliação

Os alunos deverão ser avaliados a partir da participação oral e escrita nas atividades propostas. Os textos construídos sobre as imagens do 3º passo e as questões respondidas no 4º passo poderão ser lidos para a turma, objetivando, além da avaliação, a troca de visões sobre o mesmo assunto.

FONTE: PORTAL DO PROFESSOR. <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28705>. Acesso em: 3 set. 2018.

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RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• Um sistema econômico pode ser definido como a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade.

• Sistema econômico é a forma organizada que a estrutura econômica de uma sociedade assume. Engloba o tipo de propriedade, a gestão da economia, os processos de circulação de mercadorias, o consumo e os níveis de desenvolvimento tecnológico e de divisão do trabalho.

• Os elementos básicos de um sistema econômico são o estoque de recursos produtivos, o complexo de unidade de produção e o conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais.

• Capitalismo é o sistema econômico originado no Ocidente baseado no intercâmbio comercial e na geração de lucro visando ao reinvestimento e crescimento dos negócios.

• O capitalismo também é chamado de economia de mercado.

• Socialismo é o sistema econômico em que as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção.

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AUTOATIVIDADE

1 A ideia de sistema econômico é relevante para a Geografia Econômica porque ela nos ajuda a pensar as relações que se estabelecem no plano da economia de um país. A respeito do conceito de sistema econômico, assinale a alternativa INCORRETA:

( ) Sistema econômico é um conjunto abrangente que integra de maneira coerente certos fatos econômicos.

( ) Os sistemas econômicos são uma realidade estática e eterna, podendo perdurar por gerações.

( ) Um sistema econômico é um conjunto de dependências econômicas reciprocamente ligadas.

( ) Os sistemas econômicos possuem uma historicidade, isto é, estão atrelados a um determinado tempo.

2 O capitalismo é o sistema econômico predominante e caracteriza-se por suas constantes transformações. Este sistema econômico também é conhecido por outra nomenclatura. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta esta outra denominação do capitalismo:

( ) Economia planificada.( ) Economia de mercado.( ) Sistema de livre comércio.( ) Sistema de livre produção.

3 Para existirem, os sistemas econômicos precisam contar com alguns elementos básicos. Neste sentido, disserte sobre os três elementos básicos de um sistema econômico.

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TÓPICO 2

BLOCOS ECONÔMICOS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

No plano da Geografia Econômica, uma área de estudos tem chamado atenção nas últimas décadas: os processos de integração, regionalização e acordos entre os países. Formações econômicas como o Mercosul vêm sendo firmadas, de modo geral, com o intuito de facilitar as transações comerciais entre países situados geograficamente próximos.

Neste tópico, iremos examinar qual é a natureza destas formações econômicas conjuntas e quais são os principais blocos ou acordos comerciais deste tipo existentes entre os países.

Vale observar que, este é um debate que permeia outros campos disciplinares, como a economia e o comércio internacional. Almeida (2013) explica que o regionalismo, ou seja, os acordos regionais de integração são um componente indissociável da economia mundial contemporânea, sendo que na atualidade cresce paulatinamente a intensidade de relações do comércio internacional que ocorre entre blocos comerciais ou em acordos regionais de integração, que revelam assim, sua importância na história econômica das últimas décadas.

2 REGIONALISMOS E BLOCOS COMERCIAIS

Almeida, Lessa e Oliveira (2013) explicam que em todos os continentes, grupos de países se unem em acordos de liberalização comercial preferencial, transformando as bases do sistema mundial de comércio. Tais acordos surgiram a partir do chamado Gatt de 1947. E o que seria isso? Confira a definição das Nações Unidas:

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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UNI

O que significa “GATT”? O acrônimo “GATT” significa “Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio”. É um acordo entre Estados objetivando eliminar a discriminação e reduzir tarifas e outras barreiras ao comércio de bens. Comércio de bens – O GATT estava originalmente, e continua até hoje, relacionado apenas ao comércio de bens, apesar de seus princípios fundamentais se aplicarem atualmente também ao comércio de serviços e aos direitos de propriedade intelectual, tal como tratados no Acordo Geral sobre Comércio de Serviços e no Acordo TRIPS, respectivamente. O GATT é um acordo da OMC que trata exclusivamente do comércio de bens, mas não é o único.

FONTE: NAÇÕES UNIDAS. Conferência das Nações Unidas para o comércio e desenvolvimento: solução de controvérsias. Disponível em: <http://unctad.org/pt/docs/

edmmisc232add33_pt.pdf>. Acesso em: 9 jul. 2018.

Para compreendermos como os blocos econômicos e comerciais são formados, é preciso ter em mente que se destinam a permitir a cooperação entre parceiros voluntários. Posteriormente, numa etapa mais avançada, é possível estabelecer as bases de um processo de integração entre esses parceiros (ALMEIDA; LESSA; OLIVEIRA, 2013).

Vale destacar que a articulação dos países em um bloco econômico e comercial não requer que eles sejam geograficamente contíguos, embora esta seja a forma mais comum de integração observada. Para que se estabeleçam esses acordos, os primeiros passos envolvem a eliminação recíproca de barreiras tarifárias e não alfandegárias entre os membros, seguida da definição de regras de acesso e outras normas que visam estimular a complementaridade entre suas respectivas economias (ALMEIDA; LESSA; OLIVEIRA, 2013).

Para facilitar o entendimento do conteúdo vamos fazer uma pausa e entender o que é uma barreira tarifária e o que é uma barreira alfandegária?

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TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

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FIGURA 6 – O QUE SÃO BARREIRAS TARIFÁRIAS?

BARREIRAS COMERCIAIS

1. Tarifárias

Imposto de importaçãoImposto de exportaçãoQuotas tarifárias de importaçãoQuotas tarifárias de exportação

2. Não Tarifárias

Restrições quantitativasRegulamentos técnicosMedidas sanitárias e fitossanitáriasPadrões privados / normas voluntáriasServiçosSubsídiosPropriedade intelectualCompras governamentaisRegras de origem

FONTE: Confederação Nacional da Indústria (2017, p. 16)

Por sua vez, apresenta-se a seguinte definição de barreira alfandegária:

UNI

Definição de barreira alfandegária

Qualquer medida destinada a limitar o comércio internacional. Uma barreira alfandegária atuará para limitar o nível de comércio através das fronteiras internacionais, implementando restrições às importações e/ou exportações. Os governos podem impor tais restrições a fim de proteger uma indústria doméstica da concorrência estrangeira ou limitar a exportação de bens ou serviços considerados vitais para a saúde de uma economia doméstica.

FONTE: <https://www.investopedia.com/terms/c/customs-barrier.asp#ixzz5LQNWREeW>. Acesso em: 16 jul. 2018 (Tradução nossa).

A respeito da origem do termo regionalismo, utilizada de forma genérica para caracterizar diferentes acordos comerciais e econômicos entre os países, Almeida, Lessa e Oliveira (2013, p. 15) explicam que:

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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Geralmente, essas trocas de privilégios, ou concessões recíprocas se fazem entre parceiros geograficamente próximos, mais frequentemente entre os países limítrofes, daí o nome de regionalismo aplicado a esses acordos de comércio preferencial entre vizinhos de uma mesma região.

Conforme discutimos no tópico anterior, observe que há nesta definição certa aproximação com a ideia clássica de região, vinculada ao pensamento de recorte espacial com bases em limites físicos previamente estabelecidos. Para buscar um exemplo concreto, pense que esta definição clássica de regionalismo econômico se assemelha ao recorte das regiões brasileiras, que são formadas a partir de um conjunto de unidades federativas situadas geograficamente próximas. De modo análogo, alguns blocos comerciais e econômicos também foram cunhados desta forma. Contudo, em face as constantes transformações vigentes no capitalismo atual, despontam-se novas formas de regionalismos econômicos. Neste sentido, Almeida, Lessa e Oliveira (2013, p. 16) esclarecem que:

No entanto nem todo bloco comercial, ou acordo “regional”, precisa ser feito entre países geograficamente contíguos, sequer da mesma região. O mundo contemporâneo avançou para “zonas de livre-comércio” absolutamente separadas no espaço, como é o caso do “acordo regional” entre os Estados Unidos e Israel, separados por milhares de quilômetros de distância. [...] Em outros termos, o novo regionalismo obedece muito mais a critérios de conveniência política do que a razões de ordem prática, que seriam aquelas derivadas da proximidade geográfica e da contiguidade territorial. [...] Aliás, com os progressos das comunicações, tanto no plano dos transportes, como nas comunicações, estrito senso, a vizinhança geográfica torna-se relativa, uma vez que os novos intercâmbios globais passam a concentrar “volumes” cada vez maiores de serviços, muitos deles intangíveis, ou seja, prescindindo totalmente de uma prestação local ou presencial [...] (grifo nosso).

Seguindo esta linha de pensamento, constata-se que este entendimento acerca do novo regionalismo se aproxima com a discussão apresentada na Unidade 1, referente ao conceito de região. Isto é, as regiões não são “dadas” a priori, de antemão. Elas são formadas e construídas a partir de um elemento aglutinador. No caso dos blocos econômicos e comerciais, referem-se à presença ou não de condições comerciais favoráveis para que se teçam acordos comerciais.

Há que se ponderar também a relevância do setor de serviços na economia mundial. Se, conforme vimos na Unidade 1, as primeiras teorias de localização estavam centradas na análise dos fluxos materiais e na forma de reduzir os custos relacionados a estas transações, com o advento das tecnologias somados à expansão do segmento de serviços, aliados à intensificação da globalização, engendram-se no plano da geografia econômicos fluxos informacionais e financeiros cada vez mais fluídos. Ou seja, o critério de “vizinhança” sofre transformações.

Por conta destas transformações na ambiência dos acordos comerciais e

econômicos recentes, a denominação bloco econômico é questionada por alguns autores, tendo em vista que as regiões econômicas que se formam não obedecem, necessariamente, à forma de “blocos”. Ainda assim, tendo em vista a relevância histórica deste conceito no campo da geografia, o Uni a seguir apresenta a definição de bloco econômico, acompanhe:

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Blocos econômicos são associações de países que estabelecem  relações econômicas privilegiadas entre si e que tendem a adotar uma soberania comum, ou seja, os parceiros concordam em abrir mão de parte da soberania nacional em proveito do todo associado.

Os desenhos desses novos mercados, antes de representar uma nova realidade comercial em escala mundial, tendem a transformar-se em um projeto político, resultante de uma decisão de Estados, que pode resultar ou não no aprofundamento da integração entre os países que formam um bloco econômico.

Os blocos econômicos podem classificar-se em zona de preferência tarifária, zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum e união econômica e monetária.

FONTE: CONGRESSO NACIONAL, COMISSÃO PARLAMENTAR CONJUNTA DO MERCOSUL. <http://www.camara.leg.br/mercosul/blocos/introd.htm>. Acesso em: 9 jul. 2018.

Integração

Nome genérico atribuído a qualquer experimento ou processo de derrubada de barreiras a fluxos de fatores produtivos entre países ou territórios aduaneiros, que passam a ser regulados por meio de políticas comuns ou convergentes. Um acordo de comércio regional visa, em princípio, à integração econômica entre seus membros, embora eles possam se contentar com suas fases mais elementares (áreas preferencias de comércio) e não caminhar verdadeiramente para a formação de

um espaço econômico. Em suas fases mais avançadas, a integração pode implicar moeda comum, ou única, a gestão conjunta de políticas de segurança e defesa (interna e externa) de relações internacionais. A passagem da mera liberalização comercial e da abertura econômica recíproca para etapas mais profundas é, no entanto, complicada, tendo em vista a necessidade de coordenação, de convergência ou até de gestão unificada de políticas cruciais de gestão macroeconômica (fiscal, cambial, monetária) ou setorial (agrícola, comercial, tecnológica etc.).

FONTE: ALMEIDA, Paulo Roberto de; LESSA, Antônio Carlos; OLIVEIRA, Altemani. Integração regional: uma introdução. Editora Saraiva, 2013, p. 145.

Conforme nos mostra a definição, o termo Bloco Econômico é abrangente e envolve diferentes níveis de envolvimento e de acordos entre as partes envolvidas. Neste sentido, vale ressaltar que existem diferentes objetivos e distintos níveis de avanço em termos econômicos entre cada tipo de acordo de integração regional.

Antes de explicar a natureza de cada tipo específico de acordo que se estabelece, convém realçar qual é o sentido atribuído à ideia de integração no plano das discussões sobre regionalismo e blocos econômicos.

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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No quadro a seguir, iremos examinar, sinteticamente, as características e aspectos gerais de cada um destes blocos econômicos, que apresentam distintos níveis de integração. Acompanhe!

ACORDOS DE INTEGRAÇÃO SUPERFICIALÁrea de preferência tarifária (APT) Nas APT existe a redução ou eliminação de tarifas e outras barreiras tarifárias entre duas (ou mais) economias, para vários produtos, mas não todos. Produtos sensíveis, ou essências, podem ser eximidos da liberalização. Tampouco envolve regras de política comercial, já que cada parceiro conserva inteira liberdade em suas políticas. Predominam acordos setoriais com regras limitadas de acesso e sem quaisquer outras obrigações substantivas. Exemplo: Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).Zona de livre-comércio (ZLC)A ZLC estabelece a eliminação total, ou pelo menos substancial, das tarifas e outras barreiras entre duas ou mais partes ao acordo, além da supressão de quotas e outras medidas limitadoras do comércio de bens. Exemplo: Acordo de Livre-comércio da América do Norte (Nafta).

ACORDOS DE INTEGRAÇÃO PROFUNDAUnião aduaneira (UA)Constitui uma etapa além da ZLC. Além da eliminação completa de tarifas e de outras barreiras ao comércio de bens entre as partes contratantes, a UA implica a negociação de uma Tarifa Externa Comum (TEC) e a adoção de uma política comercial comum em face a terceiras partes (isto é, demais países externos a UA), o que representa um grande salto na cessão de soberania. O mesmo país pode participar de mais de uma ZLC, mas de apenas uma UA. Exemplos: Mercosul e Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) Mercado comum (MC)Forma complexa de integração que abarca uma ZLC e uma UA. Um MC compreende uma cessão quase completa de soberania econômica, pois o seu pressuposto é a aceitação de uma autoridade comum para estabelecer normas internas. Inclui a livre circulação de todos os fatores de produção (bens, serviços, capitais e pessoas) e o estabelecimento de políticas comuns em todas estas áreas. Exemplo: União Europeia. União econômica e monetária (UEM)Constitui o estágio mais avançado do processo de formação de blocos econômicos, contando com uma moeda única e um fórum político.No estágio de União Econômica e Monetária tem de existir uma moeda única e uma política monetária inteiramente unificada e conduzida por um Banco Central comunitário.Para se chegar ao estágio de União Econômica e Monetária, há que se atravessar toda uma série de momentos que demandam tempo e discussões entre os países-membros.Exemplo: O único exemplo de mercado comum e, simultaneamente, de união política e monetária é a União Europeia.

QUADRO 2 – TIPOS DE ACORDOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL

FONTE: Lenz (2018) apud Almeida, Lessa e Oliveira (2013) e Congresso Nacional (2018)

Agora que você já conhece as diferenças conceituais que existem em cada tipo de acordo regional, observe no mapa a seguir como eles estão geograficamente distribuídos.

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FIGURA 7 – MAPA DISTRIBUIÇÃO DOS BLOCOS ECONÔMICOS EM 2015

FONTE: IBGE. <https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_mundo/mundo_blocos_economicos_1.pdf>. Acesso em: 8 jul. 2018.

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Observe no mapa como é elevado o número de países que fazem parte da União Europeia. Do mesmo modo, note também como é expressiva a quantidade de países que compõem a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral. Ademais, chama atenção no mapa o fato de ainda existirem áreas “descobertas” e que não estão vinculadas a nenhum bloco econômico.

Prosseguindo com os estudos sobre os blocos econômicos, iremos examinar alguns dos exemplos identificados no quadro anterior e no mapa apresentado para que você possa ampliar seus conhecimentos sobre geografia economia no plano internacional.

3 EXEMPLOS DE BLOCOS ECONÔMICOS

Visando aproximar o debate conceitual com aspectos práticos, na sequência iremos apresentar três exemplos de experiências de integração regional. A primeira a ser apresentada, enquadra-se na definição de Zona de Livre Comércio e denomina-se NAFTA.

a. NAFTA

FIGURA 8 – NAFTA

FONTE: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/nafta.htm>. Acesso em: 16 jul. 2018.

O Tratado de Livre Comércio da América do Norte é um tratado entre o Canadá, o México e os Estados Unidos. Sua denominação NAFTA deriva de sua nomenclatura na língua inglesa: North American Free Trade Agreement. Trata-se do maior acordo de livre comércio do mundo. O objetivo do NAFTA é estimular a atividade econômica entre as três principais potências econômicas da América do Norte (INVESTOPEDIA, 2018).

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TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

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O referido acordo foi firmado em 1992, entrando em vigor em janeiro de 1994, com a eliminação das barreiras alfandegárias entre os três países signatários. Neste sentido, as restrições comerciais foram removidas em diversas categorias de manufaturas, incluindo veículos e peças automotivas, computadores, têxteis e agricultura. Com relação ao modo como o acordo foi estabelecido, vale realçar que alguns aspectos do acordo foram progredindo gradativamente. Especificamente foi estabelecido um prazo de dez anos, a contar de 1994, para a eliminação progressiva de tarifas, de modo que em 2004 as barreiras comerciais deixassem de existir nos três países (ENCICLOPÉDIA LATIONO AMERICANA, 2018).

Os principais objetivos deste acordo são:a) Reduzir as barreiras ao comércio entre os países-membros.b) Ampliar a cooperação visando à melhoria das condições de trabalho na América

do Norte.c) Criar um mercado amplo e seguro para a circulação e comercialização de bens

e serviços produzidos na América do Norte.d) Estabelecer regras comerciais claras e igualmente vantajosas para os países.e) Ajudar a desenvolver e expandir o comércio mundial e converter-se em um

dinamizador da ampla cooperação internacional (MUNDO EDUCAÇÃO, 2018).

Com relação às particularidades deste acordo, vale destacar que os países membros têm autonomia quanto às tarifas externas cobradas e não há o livre fluxo de pessoas. Portanto, é um acordo meramente comercial, não abrangendo as possibilidades de deslocamento de pessoas entre os países membros (ESTUDO PRÁTICO, 2018).

b. MERCOSUL

Para introduzir o assunto Mercosul, observe sua bandeira:

FIGURA 9 – BANDEIRA DO MERCOSUL

FONTE: <http://www.mercosur.int/innovaportal/v/7076/10/innova.front/mercosul-escolar>. Acesso em: 16 jul. 2018.

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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UNI

O Mercosul tem uma bandeira oficial representada pelas quatro estrelas da constelação do Cruzeiro do Sul – que só pode ser observada nas noites do hemisfério sul – acima de uma linha curva verde que simboliza o horizonte, sobre a palavra MERCOSUL. O desenho foi escolhido mediante concurso, no qual se apresentaram mais de 1.400 trabalhos, resultando vencedor um designer gráfico argentino.

FONTE: <http://www.mercosur.int/innovaportal/v/7076/10/innova.front/mercosul-escolar>. Acesso em: 16 jul. 2018.

Dados da página institucional do Mercosul no Brasil informam, que com mais de duas décadas de existência, o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) é a mais abrangente iniciativa de integração regional da América Latina, surgida no contexto da redemocratização e reaproximação dos países da região ao final da década de 80. Os membros fundadores do MERCOSUL são Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, signatários do Tratado de Assunção de 1991 (MERCOSUL, 2018).

A Venezuela aderiu ao Bloco em 2012, mas está suspensa, desde dezembro de 2016, por descumprimento de seu Protocolo de Adesão e, desde agosto de 2017, por violação da Cláusula Democrática do Bloco. Todos os demais países sul-americanos estão vinculados ao MERCOSUL como Estados Associados. A Bolívia, por sua vez, tem o “status” de Estado Associado em processo de adesão (MERCOSUL, 2018).

No mapa exposto a seguir, destacam-se os países que constituem o Mercosul.

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FIGURA 10 – MAPA MEMBROS DO MERCOSUL

*A República Bolivariana da Venezuela se encontra suspensa de todos os direitos e obrigações a sua condição de Estado Parte do MERCOSUL, em conformidade com o disposto no segundo

parágrafo do artigo 5° do Protocolo de Ushuaia.** O Estado Plurinacional da Bolívia atualmente se encontra em processo de adesão.

FONTE: <http://www.mercosur.int/innovaportal/v/5908/10/innova.front/em-poucas-palavras>. Acesso em: 16 jul. 2018.

A respeito de sua finalidade, desde a ocasião de sua criação, o MERCOSUL teve como objetivo central propiciar um espaço comum apto para gerar oportunidades comerciais e de investimentos mediante a integração competitiva das economias nacionais ao mercado internacional. Neste sentido foram concluídos múltiplos acordos com países ou grupos de países, outorgando-lhes, em alguns casos, status de Estados Associados, como é a situação dos países sul-americanos. Os países membros participam de atividades e reuniões do bloco e desfrutam de preferências comerciais entre os países membros (MERCOSUR, 2018).

Embora a denominação Mercosul esteja vinculada ao conceito de mercado comum, na prática, o Mercosul ainda não alcançou este estágio e sua estrutura ainda é mais característica de uma união aduaneira. Entre os motivos que ajudam a entender porque este bloco ainda não pode apresentar características de um mercado comum, encontra-se uma série de questões políticas, econômicas e de divergências entre as nações participantes do bloco (INFOESCOLA, 2018).

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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Entre as insuficiências que fazem com que o Mercosul não possa ser considerado, efetivamente, um mercado comum, menciona-se o fato de que a estrutura política do referido bloco não conta comum órgão supranacional. Ao invés disso, foi adotado um sistema de presidência rotativa, no qual respeitando o critério de ordem alfabética, os países membros assumem a chefia do bloco durante um período de seis meses (INFOESCOLA, 2018).

Para completar seus estudos, selecionamos um fragmento de reportagem a respeito das características econômicas da economia do Mercosul.

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Qual é a economia do Mercosul? O Mercosul tem PIB nominal de US$ 3,2 trilhões, o que significa que se ele fosse considerado como um único país, ocuparia a quinta economia do mundo.

De acordo com informações do próprio Mercosul, o comércio dentro do bloco multiplicou-se mais de 12 vezes em 20 anos. Ele saltou de US$ 4,5 bilhões, em 1991, para US$ 59,4 bilhões, em 2013. Das exportações brasileiras para o Mercosul, 87% é composta de produtos industrializados.

O bloco como um todo é uma potência no ramo agrícola, principalmente na produção de trigo, milho, soja, açúcar e arroz. O Mercosul é o maior exportador líquido mundial de açúcar; o maior produtor exportador mundial de soja, o 1º produtor e o 2º maior exportador mundial de carne bovina, o 4º produtor mundial de vinho, o 9º produtor mundial de arroz, além de ser grande produtor e importador de trigo e milho.

E não para por aí. O bloco é uma grande potência energética. Ele detém 19,6% das reservas provadas de petróleo do mundo, 3,1% das reservas de gás natural e 16% das reservas de gás recuperáveis de xisto. A maior reserva de petróleo do mundo é do Mercosul, com mais de 310 bilhões de barris de petróleo em reservas certificadas pela OPEP. Desse montante, a Venezuela – que têm 92,7% das reservas de petróleo do Mercosul – concorre com uma reserva de 296 milhões de barris.

FONTE: Economia IG. Mercosul. Disponível em: <http://economia.ig.com.br/2016-07-01/mercosul-paises-objetivos-economia.html>. Acesso em: 16 jul. 2018.

3.1 UNIÃO EUROPEIA

A União Europeia é o exemplo de integração regional mais denso e sofisticado que existe na atualidade. Trata-se de uma modalidade de acordo de integração regional marcada por uma união econômica e política de características únicas, constituída por 28 países europeus que, em conjunto, abarcam grande parte do continente europeu (UNIÃO EUROPEIA, 2018).

O mapa exposto na sequência apresenta os países que compõem a União Europeia.

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FIGURA 11 – PAÍSES MEMBROS DA UNIÃO EUROPEIA

FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/-Q8AduZy5kPc/VFeY7keMleI/AAAAAAAAKaM/BzfEgBgyVgs/s1600/UE28.png>. Acesso em: 16 jul. 2018.

Por se tratar de uma união econômica e monetária, Iandoli (2017, p. 1) comenta que:

Isso significa que todos os seus membros coordenam políticas econômicas entre si e formam um grande mercado único, congregando suas capacidades produtivas e se transformando em um dos atores internacionais mais poderosos. Além disso, boa parte deles compartilha a mesma moeda: o euro. Para facilitar essa coordenação política, foram criadas instituições supranacionais, competentes para impor leis e sanções aos países-membros do bloco nas mais diferentes áreas – desde a econômica até de direitos humanos, cultura, educação e meio ambiente.

A respeito da história da União Europeia, observa-se que para alcançar a denominação e o nível de integração necessários para que ela fosse instituída como uma União Econômica e Monetária, atravessou um longo processo de estruturação e de transformações. Isto é, em termos simples, ela começou como um acordo regional menos elaborado e foi, paulatinamente, transformando-se até chegar ao estágio de União Econômica e Monetária.

Conforme explicam Almeida, Lessa e Oliveira (2013, p. 168), a União

Europeia:

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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Unificou, em 1992, por meio do tratado de Maastricht, as diferentes instituições existindo anteriormente sob o epíteto de Comunidades Europeias, notadamente a Ceca, a CEE e a Eurotom, e consolidando os pilares da segurança e da política externa, da cooperação penal e judicial e, ainda que parcialmente, a união monetária entre alguns de seus membros. O Conselho Europeu, a Comissão de Bruxelas e o Parlamento Europeu constituem seus órgãos mais importantes.

Sobre as principais instituições que antecederam a formação da União Europeia, a Ceca (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço) é considerada um elemento fundamental na história da União Europeia.

Vamos conhecer quais são os principais objetivos da União Europeia? Acompanhe no quadro a seguir no qual são apesentados os objetivos declarados pela organização:

QUADRO 3 – OBJETIVOS DA UNIÃO EUROPEIA

Os objetivos da União Europeia são:

• promover a paz, os seus valores e o bem-estar dos seus cidadãos;• garantir a liberdade, a segurança e a justiça, sem fronteiras internas;• favorecer o desenvolvimento sustentável, assente num crescimento

econômico equilibrado e na estabilidade dos preços, uma economia de mercado altamente competitiva, com pleno emprego e progresso social, e a proteção do ambiente;

• lutar contra a exclusão social e a discriminação;• promover o progresso científico e tecnológico;• reforçar a coesão econômica, social e territorial e a solidariedade entre os

países da EU;• respeitar a grande diversidade cultural e linguística da EU;• estabelecer uma união econômica e monetária cuja moeda é o euro.

FONTE: <https://europa.eu/european-union/about-eu/eu-in-brief_pt>.Acesso em: 16 jul. 2018.

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TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

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Observe na declaração dos objetivos da União Europeia como o escopo dos temas envolvidos nos mesmos extrapola a dimensão econômica, revelando um nível de integração regional denso e coeso.

Contribuindo com o assunto, Iandoli (2017, p. 1) cita e comenta quais são os critérios de adesão para os países que desejam integrar a União Europeia, acompanhe:

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As exigências para adesão:

ESTABILIDADE POLÍTICA

A primeira exigência é que o país tenha instituições estáveis que garantam a “democracia, o Estado de direito, os direitos humanos e o respeito e proteção às minorias”.

ESTABILIDADE ECONÔMICA

O candidato também deve ter necessariamente uma economia de mercado em funcionamento, com a capacidade de se integrar à “concorrência e às forças de mercado existentes na União Europeia”.

ACEITAR AS NORMAS DO BLOCO

Além da compatibilidade política e jurídica, o Estado também deve aceitar e internalizar leis de 35 diferentes tópicos, que regulam desde a livre circulação de capitais até as bases para o desenvolvimento de transporte integrado. Caso a União Europeia, através de sua Comissão, entenda que um candidato ainda tem problemas internos para se adequar às normas coletivas, ele será mantido como apenas um candidato até que consiga resolver essas questões. Hoje, cinco países estão nessa situação.

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FIGURA 12 – OS CANDIDATOS À UNIÃO EUROPEIA

FONTE: <https://www.nexojornal.com.br/explicado/2017/03/03/Uni%C3%A3o-Europeia-o-maior-projeto-de-integra%C3%A7%C3%A3o-regional-em-seus-piores-momentos>.

Acesso em: 16 jul. 2018.

Além dos candidatos oficiais – Albânia, Macedônia, Montenegro, Sérvia e Turquia, Bósnia-Herzegovina e Kosovo são considerados “potenciais candidatos”, sem o status formal.

Conforme podemos observar, em virtude das vantagens decorrentes da inclusão de um país no referido bloco econômico, é compreensível que se países se apresentem como candidatos para adentrarem ao acordo, revelando o caráter dinâmico e transformados dos acordos de integração regional.

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4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ACORDOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL

Para finalizar a discussão sobre os acordos de integração regional, apontamos algumas possíveis vantagens e desvantagens decorrentes quando da efetivação de tais acordos.

Para refletir sobre os efeitos negativos da adesão a um bloco comercial, leia a seguir o fragmento do texto de Almeida, Lessa e Oliveira (2013):

1. Possível redução da arrecadação de receitas fiscais e outros tributos aplicados ao comércio exterior. Isto é, em situações nas quais são construídos acordos regionais de integração, o Estado renuncia a certos montantes de receitas fiscais e tais renúncias podem ser importantes nos países muito dependentes de tributos nessa área.

2. Possível diminuição da capacidade do Estado em decidir sozinho sobre questões relacionadas à macroeconomia. Quando um país passa a integrar um bloco econômico, dependendo da natureza do acordo que se estabelece, o Estado perde a capacidade de deliberar isoladamente sobre várias políticas macroeconômicas e setoriais que afetam o perfil e o funcionamento da área de integração à qual passa a pertencer, ou seja, torna-se conforme for o âmbito da decisão, passa a ser necessário consultar os demais integrantes do acordo.

3. No plano microeconômico, a capacidade de competição das empresas locais pode ser comprometida. Tendo em vista a abertura dos mercados a concorrentes estrangeiros, pode ocorrer que tais concorrentes estejam mais bem posicionados na escala tecnológica ou que disponham de melhores condições no local de produção para oferecer produtos mais baratos e de qualidade superior. Nesses casos, dependendo conforme for o nível de profundidade do acordo estabelecido, isto é, de quantos setores ele for capaz de afetar, simultânea ou sucessivamente, a exposição das empresas poderá gerar distintos resultados. Indústrias, produtores agrícolas, provedores de serviços etc. em contato com outras empresas competidoras estrangeiras, poderão sobreviver e até prosperar no novo ambiente de negócios; pode ocorrer que elas tenham que se adaptar produtivamente; outro cenário possível é que as empresas locais tenham que se associar ao concorrente estrangeiro e; por fim, pode ocorrer também que algumas empresas não consigam se manter e desapareçam.

E quais seriam os argumentos em favor da integração? Eles são apresentados no quadro a seguir. Vale ressaltar que estes possíveis efeitos positivos variam conforme o tipo de acordo estabelecido e do grau de intensidade do relacionamento estabelecido.

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

108

QUADRO 4 – POSSÍVEIS EFEITOS POSITIVOS DECORRENTES DE ACORDOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL

1. Maior eficiência na produção, por meio da especialização crescente dos agentes econômicos segundo suas vantagens comparativas ou competitivas. 2. Altos níveis de produção em virtude do maior aproveitamento das economias de escala permitida pela ampliação dos mercados. 3. Uma melhor posição de barganha no plano internacional, em virtude das dimensões ampliadas nas novas áreas, resultando em melhores termos de negociações.4. Mudanças positivas na eficiência econômica dos agentes em virtude de maior concorrência intrassetorial e de maiores vínculos entre setores.5. Transformações tanto na qualidade quanto na quantidade dos fatores de produção por força de inovações incrementais e de avanços tecnológicos.6. Mobilidade de fatores através das fronteiras dos países-membros, permitindo uma alocação “ótima” de recursos. 7. Coordenação de políticas monetárias e fiscais num sentido teoricamente mais racional, já que subordinadas a uma lógica impessoal e não à pressão de grupos setoriais ou correntes politicamente influentes em escala nacional.8. Os objetivos do pleno emprego (ou quase), altas taxas de crescimento econômico e de uma melhor distribuição de renda tornam-se metas comuns nos países-membros.

FONTE: Almeida, Lessa e Oliveira (2013, p. 27)

5 PARLAMENTO DO MERCOSUL

Autor: Leda Maria Correa Moura Coautor(es): Suelen Fernanda Machado

Dados da AulaO que o aluno poderá aprender com esta aula:- listar os países que formam o MERCOSUL;- localizar os países que formam o MERCOSUL;- discutir sobre o parlamento do MERCOSUL, os objetivos de sua criação

e seu funcionamento.

Duração das atividades5 aulas de 50 minutos.

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno:- dominar o conceito de bloco econômico.

Estratégias e recursos da aula

Aula 1 – ProblematizaçãoProfessor, inicie essa aula perguntando aos seus alunos: "o que é

MERCOSUL?" e "para que serve o MERCOSUL?". Faça como numa tempestade mental, e anote no quadro ou em um papel grande as respostas dos alunos (uma coluna para as respostas para a primeira pergunta e uma coluna para as respostas relativas à segunda pergunta).

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TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

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Tempestade Mental

Técnica que busca encontrar solução para

um problema. Consiste na apresentação

de grande número de ideias acerca de um

assunto para, depois, avaliá-las e chegar à

melhor solução. O mesmo que Brainstorm.

Em seguida, a partir das respostas, discuta com eles e descartem respostas incoerentes. Nessa discussão, apresente a palavra "parlamento"; pergunte se o parlamento brasileiro teve envolvimento com a participação do Brasil no bloco econômico. Conversem sobre as ações das bancadas brasileiras nas ações de seu município (Câmara Municipal/vereadores), do seu estado (Assembleia Legislativa Estadual/Deputados Estaduais) e nas ações referentes à nação brasileira (Câmara Nacional/Deputados Federais e Senado/Senadores).

Peça que os alunos anotem, em seus cadernos, as respostas que permaneceram na lista (anote você também, pois vai precisar delas para a revisão de seu planejamento). Peça ainda que os alunos perguntem, em casa, a seus familiares, o que sabem sobre o MERCOSUL e sobre sua representação nas esferas legislativas. Eles devem trazer anotado, no caderno, as respostas que obtiveram. Nesta aula você não vai explicitar nada sobre o tema, a ideia é deixar muitas dúvidas.

Aula 2 – Desenvolvimento do conteúdo Nesta aula, você precisa discutir com os alunos tudo sobre o MERCOSUL.

Comece fazendo uma revisão sobre Blocos Econômicos e passe a apresentar aos alunos, de forma dialogada, o Mercado Comum do Sul. Cobre dos alunos as perguntas que fizeram em casa para enriquecer o conteúdo e reduzir dúvidas e equívocos que podem haver no entendimento dos alunos e/ou de seus familiares. Converse sobre os principais tratados, protocolos e acordos que foram sendo feitos desde a instituição do MERCOSUL:

Tratado de Assunção (1991). Protocolo de Ouro Preto (1994).Protocolo Constitutivo do Parlamento do MERCOSUL (2005).

Faça relações entre o Parlamento Nacional e o Parlamento do MERCOSUL: para que serve um parlamento, o que faz um parlamento, quem são os representantes brasileiros no Parlamento do MERCOSUL.

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

110

Aula 3 – Trabalhando o conteúdoPara essa aula, professor, tenha mapas-múndi (político e relevo) e mapas

da América do Sul (político e relevo) – ambos de parede – e Atlas, cerca de 8, para ter um para cada grupo de trabalho. Inicie ouvindo o recurso educacional "Canta cantos – aquarela", disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/recursos/23210/aquarela.mp3>. Acesso em: 27 set. 2018.

Aquarela [Canta cantos]

Converse sobre o áudio, mostre aos alunos os mapas históricos para que eles percebam a evolução da cartografia e as possibilidades de leitura que mapas oferecem. Se houver informações sobre a evolução da cartografia no livro didático, explore-as. Solicite que os alunos agrupem-se (grupos com três ou quatro pessoas), em seguida, trabalhe com eles os elementos essenciais de um mapa (título, escala, legenda); localize com eles esses elementos nos mapas que você colocou na parede, conversando a respeito de cada um; peça que eles abram os atlas, aleatoriamente, e verifiquem tais elementos nos mapas ali presentes. Cada grupo pode apresentar sua leitura do mapa verificado para a turma: o mapa trata de ???, traz informações sobre ???. Então, inicie pelo mapa-múndi, relembrando os continentes e localizando a América do Sul; passe para o mapa da América do Sul, identificando os países.

Verifiquem os países que formam o MERCOSUL. Aproveite para apresentar as capitais e algumas características de cada país como as culturais e econômicas.

Atividade:

Solicite aos alunos que organizem uma Feira das Nações MERCOSUL. Serão tantos grupos quantos são os países que formam o bloco econômico. Se, quando você solicitar a pesquisa houver algum país com processo de entrada no bloco em andamento, ele deve ser considerado. A pesquisa deve conter, além das características do país (culturais, apropriação da natureza, economia, sistema político), mapas com sua localização, os principais produtos que produz e como é sua participação no Parlamento do MERCOSUL.

Aula 4 – Interagindo com os colegas e com os materiais de cada grupoEssa aula deve ser pelo menos 10 dias depois da anterior para dar

tempo aos alunos prepararem a tarefa. Cada grupo vai apresentar aos colegas a pesquisa. Se for início de ano, você pode combinar na escola e comemorar o Dia do MERCOSUL com as apresentações. (Dia do MERCOSUL: 26 de março, data em que o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai assinaram, em 1991, o Tratado de Assunção que constituiu o Mercado Comum do Sul). Se a turma tiver um blog, você pode fazer um cronograma de inserção das informações sobre o MERCOSUL. Poderia ser, por exemplo, o dia 26 de cada mês.

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TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

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Blog

É um espaço gratuíto, interativo, online, para dialogar com seus colegas, com a comunidade, onde o autor pode inserir textos, imagens, vídeos, áudios, etc.

No site www.escolabr.com, existem muitas sugestões de sites para o trabalho com blogs e a orientação pedagógica para isso.

Veja mais sobre blogs na educação no Portal do MEC em:http://portaldoprofessor.mec.gov.br/links_interacao.html?categoria=198

Se a turma não tiver um blog, o tema merece sua construção. Crie você mesmo e combine com as equipes o cronograma de atualização. O blog pode e deve ser utilizado para outros temas que você vier a desenvolver no decorrer do ano. Aproveite bastante a possibilidade, com o blog você desenvolve o uso consciente da internet e divulga os trabalhos de seus alunos, contribuindo para a inclusão digital.

Aula 5 - Tomando decisões (opcional)

Prática Social Final do Conteúdo

Você pode fazer, junto com seus alunos, uma simulação das discussões do parlamento do Mercosul.

Os grupos já foram formados para a pesquisa (cada grupo representa um país) e, a partir das informações que forem sendo colocadas no blog, debatem sobre a viabilidade de projetos, pontos positivos e negativos para cada país, decidindo ficticiamente se o projeto será desenvolvido ou não.

Caso opte em fazer esta simulação, lembre-se de que deve ter um espaço de tempo entre a combinação dos critérios e a realização da atividade.

Recursos educacionais

Aquarela [Canta cantos] Áudio

Para a pesquisa dos grupos você pode sugerir os seguintes endereços:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado_Comum_do_Sul>.<http://www.parlamentodelmercosur.org/index1_portugues.asp>.<http://www2.camara.gov.br/comissoes/cpcms>.

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

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Avaliação

A avaliação dever ser processual, todo o processo pode e deve ser avaliado. Verifique se os alunos:

• participaram da tempestade mental inicial;• participaram das discussões para exclusão de respostas incoerentes;• fizeram as anotações solicitadas;• questionaram, em casa, sobre o tema tratado, trazendo o resultado de suas

indagações;• dialogaram com você e os demais colegas sobre o MERCOSUL e sobre o Parlamento

do MERCOSUL, contribuindo para ampliar os conhecimentos de todos;• trabalharam com os mapas e atlas, localizando os países e fazendo leitura das

informações ali presentes;• participaram de um grupo de trabalho e fizeram a pesquisa solicitada;• apresentaram a pesquisa para o grande grupo.

Caso tenha realizado a atividade do blog e feito a simulação do parlamento, acrescente aos critérios:

• participaram de grupo de atualização do conteúdo do blog;• debateram sobre os temas propostos no parlamento simulado.

FONTE: PORTAL DO PROFESSOR. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18587>. Acesso em: 3 set. 2018.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Blocos econômicos são associações de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si e que tendem a adotar uma soberania comum, ou seja, os parceiros concordam em abrir mão de parte da soberania nacional em proveito do todo associado.

• Integração é o nome genérico atribuído a qualquer experimento ou processo de derrubada de barreiras a fluxos de fatores produtivos entre países ou territórios aduaneiros, que passam a ser regulados por meio de políticas comuns ou convergentes.

• NAFTA, Mercosul e União Europeia são exemplos de blocos econômicos.

• Alguns efeitos negativos decorrentes dos acordos regionais de integração são: possível redução da arrecadação de receitas fiscais e outros tributos aplicados ao comércio exterior, possível diminuição da capacidade do Estado em decidir sozinho sobre questões relacionadas à macroeconomia e; no plano microeconômico, a capacidade de competição das empresas locais pode ser comprometida.

• Maior eficiência na produção, melhor posição de barganha no plano internacional e Mobilidade de fatores através das fronteiras dos países-membros são alguns dos possíveis efeitos positivos dos acordos de integração regional.

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AUTOATIVIDADE

1 No plano dos acordos de integração regional, as barreiras comerciais que se estabelecem entre os membros de um mesmo bloco comercial podem ser tarifárias ou não tarifárias. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta apenas exemplos de barreiras comerciais não tarifárias:

( ) Restrições quantitativas, regulamentos técnicos e medidas sanitárias.( ) Quotas tarifárias de exportação, imposto de importação e imposto de

exportação.( ) Quotas tarifárias de exportação, regras de origem e compras governamentais. ( ) Propriedade intelectual, quotas tarifárias de importação e imposto de

exportação.

2 Para que ocorram relações comerciais entre distintos países, é necessário que se estabeleçam regras entre os países participantes de um determinado bloco econômico. Acerca da definição de barreira alfandegária, analise as sentenças a seguir:

I - Trata-se de qualquer medida destinada a limitar o comércio internacional.

PORQUE

II - Uma barreira alfandegária atuará para limitar o nível de comércio através das fronteiras internacionais, implementando restrições às importações e / ou exportações.

A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA:

( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa da I. ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. ( ) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.

3 A geografia econômica, no escopo de sua área de estudo, analisa as formas espaciais e econômicas que se formam a partir da articulação que se estabelece entre os diversos países pautadas em objetivos de natureza comercial. Sobre o conceito de bloco econômico, assinale a alternativa CORRETA:

( ) São associações de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si.

( ) São associações de continentes que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si.

( ) São agrupamentos de estados que estabelecem relações comerciais vantajosas entre si.

( ) São agrupamentos federativos que estabelecem relações institucionais benéficas entre si.

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TÓPICO 3

GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E

INTERNACIONAL DO TRABALHO

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

A globalização tem se constituído em um tema central nos estudos da geografia econômica na atualidade. Neste sentido, o advento da globalização está atrelado ao processo de encurtamento relativo das distâncias globais, motivados sobretudo, pelos avanços tecnológicos dos transportes e da comunicação. A aceleração dos fluxos informacionais, financeiros e de bens é uma característica emblemática da globalização.

A globalização resulta da expansão do capitalismo enquanto sistema econômico. Outra característica relevante da globalização, segundo Ianni (2001), é que se mundializaram as instituições sedimentadas da sociedade capitalista, de modo que os princípios envolvidos no mercado e no contrato, de certa forma, se generalizam e passam a vigorar entre os mais diversos povos. Ou seja, algumas práticas econômicas passam a ser difundidas e incorporadas em distintos espaços. Como exemplo, mencionam-se a terceirização e o trabalho remoto, que se tornaram mais recorrentes no período da globalização.

No ambiente escolar compete principalmente ao professor de geografia cumprir a tarefa de relacionar os conteúdos e conceitos atrelados à globalização com elementos que compõem a experiência cotidiana dos alunos. A este respeito, Lopes (2010, p. 176), relata:

[...] para entender o mundo globalizado faz-se necessário a construção de uma “pedagogia da realidade” a partir da vida cotidiana, da dimensão do lugar globalizado, mas para tanto o professor precisa fazer uma releitura de como se ensina, dos conteúdos, e dos seus instrumentos pedagógicos para colaborar na formação de alunos que compreendam o mundo real a partir de sua condição de existência.

Particularmente, neste tópico, iremos analisar as principais características deste fenômeno e entender como a globalização exerce influência na divisão internacional do trabalho.

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

2 GLOBALIZAÇÃO

O estudo da temática globalização é abrangente e pode ser conduzido a partir de diferentes campos disciplinares e com base em distintos embasamentos teóricos, advindo da área da sociologia, antropologia, economia, direito, comércio internacional entre outros. Araújo Júnior (2015, p. 147) ressalta que:

O ensino de Geografia – e em particular a geografia econômica – deve ter em conta a complexa relação da sociedade com a natureza e dos homens em sociedade, onde os alunos possam se aproximar de uma imagem territorial, independentemente de sua localização, que mostre suas complexidades, diversidades, transformações, continuidades e descontinuidades do espaço.

Neste sentido, a globalização é um fenômeno que envolve uma complexa trama de fluxos e fixos. Para iniciar a discussão sobre a globalização, apresenta-se a definição cunhada por Giddens e Sutton (2017, p. 170) advinda do campo da sociologia: “globalização são os diversos processos pelos quais populações humanas geograficamente dispersas são levadas ao contato mais próximo e imediato entre si, criando uma comunidade única ou uma sociedade global”,

No box a seguir, apresenta-se o fragmento da definição de Ramos e

Wittmann (2006, p. 92) para globalização:

Globalização

Globalização é entendida como uma crescente consciência de que o globo terrestre se constitui em um ambiente contínuo, ou seja, caracteriza-se por um processo social no qual os limites territoriais dos arranjos sociais, econômicos e culturais desaparecem e as pessoas se tornam conscientes desse desaparecimento (WATERS, 1995).

A globalização se constitui em uma ordem mundial que estimula sistemas interdependentes internacionalizados, de forma que países, regiões, estados e empresas estejam estruturados para produzir e comercializar produtos e componentes a partir de relações e vantagens competitivas internacionalizadas. Globalização é a existência de valores locais alicerçados em ambientes competitivos em escala planetária que estimulam reações em dimensões intercontinentais, fazendo com que sistemas locais se subordinem a sistemas globais (CASTELLS, 2000).

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TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

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FIGURA 13 – GLOBALIZAÇÃO E OS FLUXOS INFORMACIONAIS QUE CONECTAM PESSOAS

FONTE: <https://theshininggem.wordpress.com/2017/07/09/globalization-and-jingoism-always-coexist/>. Acesso em: 18 set. 2018.

Analisando a globalização como processo histórico, Sene (2012, p. 38) faz notar que:

[...] a globalização pode ser interpretada como a atual fase de expansão do capitalismo com impactos na economia, na política, na cultura e no espaço geográfico. Embora tenha suas raízes na expansão econômica do pós-Segunda Guerra como um fenômeno que apresenta características próprias e específicas, trata-se da continuidade do longo processo histórico de mundialização capitalista, de formação da economia-mundo, que já se arrasta por séculos, mas que se acelerou desde meados do século passado (grifo nosso).

Observe na fala de Sene (2012) a relevância atribuída ao término da Segunda Guerra Mundial, vista sob o prisma econômico. Por conta da destruição que havia ocorrido, havia uma carência para reconstruir as cidades e retomar a vida comercial e industrial das cidades, estimulando e fomentando diversos setores econômicos. Ressaltando a ideia de que a globalização é resultante de um processo histórico, Coutinho (1995, p. 21) apud Sene (2012) realça que:

[...] a globalização pode ser entendida como um estágio mais avançado do processo histórico de internacionalização, correspondente a uma etapa de forte aceleração da mudança tecnológica, caracterizada pela intensa difusão das inovações telemáticas e pela emergência de um novo padrão de organização da produção e da gestão na indústria e nos serviços [...] (grifo nosso).

Complementando, Sene (2012, p. 39) pontua que:

Essa aceleração, especialmente dos fluxos, tem provocado mudanças econômicas, sociais, culturais, políticas e espaciais, mudando mesmo a percepção das pessoas e das empresas em relação ao espaço geográfico local e mundial. Isso não seria possível sem os enormes avanços dos sistemas técnicos, como consequência da revolução técnico-científica ou informacional.

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Agora que já entendemos as principais definições conceituais que permeiam o ideário da globalização, vamos analisar alguns aspectos práticos deste fenômeno? Para tanto, selecionamos uma reportagem publicada pela BBC que traz a definição e algumas considerações empíricas sobre a globalização, acompanhe:

UNI

Alguns aspectos práticos sobre a globalização

O que é globalização?

A globalização é o processo pelo qual o mundo está se tornando cada vez mais interconectado como resultado do aumento massivo do comércio e do intercâmbio cultural. A globalização aumentou a produção de bens e serviços. As maiores empresas não são mais empresas nacionais, mas corporações multinacionais com subsidiárias em muitos países.A globalização vem ocorrendo há centenas de anos, mas acelerou enormemente ao longo do último meio século.

A globalização resultou em:· aumento do comércio internacional;·possibilidade de uma empresa operar em mais de um país;·maior dependência da economia global;·maior liberdade no movimento de capital, bens e serviços;· reconhecimento de empresas globais como McDonald e Starbucks, mesmo em países

considerados “subdesenvolvidos”.

Razões para a globalizaçãoExistem vários fatores-chave que influenciaram o processo de globalização:

·Melhorias no transporte – navios de carga maiores permitem que o custo de transporte de mercadorias entre os países diminua. Economias de escala significam que o custo por item pode reduzir quando operando em uma escala maior. Melhorias no transporte também permitem que bens e pessoas possam viajar mais rapidamente.

·Liberdade de comércio – organizações como a Organização Mundial do Comércio (OMC) incentivam o livre comércio entre os países, o que pode ajudar a remover as barreiras entre os países.

·Melhorias nas comunicações – a internet e outras tecnologias móveis permitiram maior comunicação entre pessoas em diferentes países.

·Disponibilidade de mão de obra e habilidades para o trabalho – outra característica da globalização refere-se à possibilidade de buscar mão de obra considerada qualificada e com custo baixo. Países como a Índia têm custos trabalhistas considerados baixos e também altos níveis de qualificação. Indústrias intensivas em mão de obra têm optado por alocar parte de suas atividades em países com menores custos trabalhistas.

Corporações transnacionaisA globalização resultou em muitas empresas que criam ou compram operações em outros países. Neste sentido, empresas que operam em vários países são chamadas corporações multinacionais ou corporações transnacionais. A cadeia de fast-food dos EUA, McDonald's, é uma grande multinacional – tem quase 30.000 restaurantes em 119 países.

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TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

119

Os fatores que atraem as transnacionais para um país podem incluir:·matérias-primas baratas;·oferta de mão de obra barata;·boa infraestrutura de transporte;·acesso a mercados onde as mercadorias são vendidas;·políticas governamentais amigáveis.

Possíveis impactos negativos da globalizaçãoAs vozes que criticam a globalização incluem grupos como ambientalistas, ativistas sociais e sindicalistas. Alguns dos argumentos mencionados pelos críticos da globalização são:

·A globalização opera principalmente no interesse dos países mais ricos, que continuam a dominar o comércio mundial.

·Não há garantias de que a riqueza do investimento interno realizado por empresas estrangeiras beneficie a comunidade local.

·Empresas transnacionais, com suas enormes economias de escala, podem prejudicar o desempenho comercial de empresas locais em seu ramo de negócios.

·Em algumas situações, empresas transnacionais podem poluir o meio ambiente, correr riscos com segurança ou impor más condições de trabalho e baixos salários aos trabalhadores locais, sem que ocorra uma fiscalização adequada.

·A globalização é vista por muitos como uma ameaça à diversidade cultural do mundo. Teme-se que possa abafar economias, tradições e idiomas locais e simplesmente recolocar o mundo inteiro nos moldes do Norte e do Ocidente capitalistas.

FONTE: Adaptado de: BBC UK. Tradução nossa. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/schools/gcsebitesize/geography/globalisation/globalisation_rev1.shtml>. Acesso em: 30 jul. 2018.

Contribuindo, Santos (1996, p. 271) menciona que:

Não existe um espaço global, mas, apenas, espaços da globalização. [...] O Mundo, porém, é apenas um conjunto de possibilidades, cuja efetivação depende das oportunidades oferecidas pelos lugares. [...] Mas o território termina por ser a grande mediação entre o Mundo e a sociedade nacional e local, já que, em sua funcionalização, o ‘Mundo’ necessita da mediação dos lugares, segundo as virtualidades destes para usos específicos. Num dado momento, o ‘Mundo’ escolhe alguns lugares e rejeita outros e, nesse movimento, modifica o conjunto dos lugares, o espaço como um todo. É o lugar que oferece ao movimento do mundo a possibilidade de sua realização mais eficaz. Para se tornar espaço, o Mundo depende das virtualidades do Lugar.

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

3 DIVISÃO TERRITORIAL DO TRABALHO

FIGURA 14 – DIVISÃO DO TRABALHO

FONTE: <http://marlivieira.blogspot.com/2016/11/divisao-do-trabalho.html>. Acesso em: 18 set. 2018.

Segundo Giddens e Sutton (2017, p. 122) tem-se a seguinte definição prática de divisão do trabalho “separação das tarefas e ocupações do trabalho em processo de produção que cria uma abrangente interdependência econômica”. Neste sentido, a preocupação em desenhar processos e buscar estruturar os processos produtivos do modo mais eficiente possível tornou-se uma máxima para as empresas. Por isso, grande empenho é empreendido no sentido de conceber setores e selecionar pessoas aptas para realizar as tarefas da melhor forma possível.

Partindo de uma analogia bastante simples e, de certa forma, metafórica, assim como historicamente, vários esforços vêm sendo realizados para procurar identificar qual o perfil de profissional é o mais indicado para realizar determinada tarefa dentro de uma empresa, pensando em uma escala maior, reflexões tem sido feitas para tentar entender como esta divisão do trabalho ocorre entre os territórios. Seguindo a metáfora do início do parágrafo, seria como pensar em qual país apresenta melhores condições para executar determinadas “tarefas”.

Sobre o processo de divisão do trabalho pelos territórios, Santos (1988, p. 51) pontua que:

Antes [...], a maioria das regiões produzia quase tudo de que necessitava para sua reprodução, produzia-se de quase tudo em todos os lugares; vivia-se praticamente em autarquia. Hoje, assistimos à especialização funcional das áreas e lugares, o que leva à intensificação do movimento e à possibilidade crescente das trocas (SANTOS, 1988, p. 51).

Nesse sentido, a divisão territorial do trabalho diz respeito a este movimento, que ocorre quando diferentes regiões ou países se especializam na produção de um ou mais produtos, aproveitando assim o benefício da vantagem comparativa. Trata-se de um fenômeno associado à globalização (SHARP, 2006). A este respeito, Araújo Júnior (2015, p. 139) explica que:

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TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

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A mundialização do capital forçou a uma redefinição dos espaços nacionais (não a dissolução de suas fronteiras), regionais e locais e seus papéis na divisão territorial e social do trabalho, quanto a processos, constituições e significações.

Assim, analisando sob o prisma internacional, observa-se que o processo de divisão do trabalho sofreu alterações ao longo do tempo. No quadro a seguir, apresenta-se de modo resumido a evolução dos padrões de divisão internacional do trabalho.

UNI

Evolução dos padrões de divisão internacional do trabalho

Desde o final do século XX têm ocorrido algumas mudanças nos padrões da divisão da produção e do comércio internacional, com o crescimento da participação dos países em desenvolvimento nas exportações de manufaturados. Vejamos como este processo ocorreu.No início do século XX, diversos países subdesenvolvidos, incluindo o Brasil, eram predominantemente agroexportadores. Na tradicional divisão internacional do trabalho essas economias estavam assentadas principalmente na exportação de matérias-primas ou produtos primários (agropecuários, extrativos, minerais) para os países ricos. Em contrapartida, os países subdesenvolvidos recebiam dos países desenvolvidos produtos do setor secundário (industrializados) e do setor terciário (comércio, capital, tecnologia). Na produção industrial e no intensivo de tecnologia estão os produtos de maior valor agregado, ou seja, com maior quantidade de riqueza incorporada. Por isso, os produtos exportados pelos países em desenvolvimento têm menor valor que os exportados pelos países desenvolvidos.

As mercadorias que circulam entre os países podem ser classificadas em:

·Commodities primárias: mercadorias em estado bruto ou produtos primários que sofrem pouca ou nenhuma transformação, como café, soja, carnes, óleos vegetais e minérios.

·Produtos com intenso uso de mão de obra e recursos naturais: produto de baixa intensidade tecnológica que utiliza tecnologia manual, incluindo por exemplo, os têxteis de algodão (intensivos em trabalho), o papel e a celulose (intensivos em recursos naturais) e os calçados.

·Produtos de média intensidade tecnológica: borrachas e produtos plásticos, derivados do petróleo e outros combustíveis.

·Produtos de média alta tecnologia: equipamentos mecânicos, produtos químicos, automóveis e máquinas elétricas.

·Produtos de alta intensidade tecnológica: mercadorias que exigem mão de obra mais qualificada, como aparelhos eletrônicos, de informática, produtos da indústria farmacêutica e aviões.

O êxito no mercado internacional não ocorre apenas pela produção e exportação de grande volume de mercadorias. O importante é o valor agregado à mercadoria. No caso, o valor que os países desenvolvidos agregam é a alta tecnologia.

FONTE: TERRA; ARAÚJO; GUIMARÃES (2015, p. 567)

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Convém ressaltar que “as divisões do trabalho que vão se sucedendo historicamente criam novas atribuições aos territórios, transformando e recombinando as características de cada lugar e exigindo, portanto, uma nova organização econômico-espacial” (ARAÚJO JÚNIOR, 2015, p. 139).

Para finalizar o assunto, acrescentamos a fala de Silveira (2010) que ressalta o quanto o estágio atual da globalização tem interferido na dinâmica da divisão territorial do trabalho. Com o advento de empresas cada vez mais internacionalizadas, os aspectos atrelados às decisões locacionais variam de acordo com as alterações com as demandas de cada empresa. Acompanhe o fragmento de Silveira (2010, p. 78):

O número de empresas globais é diferente segundo as nações, assim como o ritmo de expansão e os setores econômicos, pois dependem do grau de maturidade de cada economia e do grau de inserção de cada país na divisão internacional do trabalho. Por sua vez, cada empresa possui uma lógica internacional fundada nas regras de competitividade derivadas dos produtos que produz e comercializa. É também a partir dessas regras que as empresas buscam, em cada território nacional, a localização que mais lhes convém. Essa localização pode ser imediata se todas as condições requeridas estão aí presentes, ou pode ser preparada ao acrescentar-lhe os requisitos exigidos para que a operação empresária seja rentável. Assim podem compreender-se as atuais localizações de firmas, tanto em escala nacional como em escala global, pois essas empresas não hesitam em mudar de sítio quando este deixa de oferecer-lhes vantagens para o exercício de sua própria competitividade. Dessa maneira, as grandes empresas escolhem pontos e áreas aptos para o seu exercício, desenhando no território verdadeiras topologias. Cada ponto ou área representa uma ou alguma etapa técnica, geralmente a produção de matérias-primas agropecuárias ou minerais ou, inclusive quando se trata de etapas industriais, a fabricação de peças ou a montagem de partes. Instalam-se, desse modo, divisões territoriais do trabalho particulares, próprias de grandes corporações, cujo território e equação de lucro são planetários. Nessa dinâmica, as regras da competitividade se referem mais ao produto global do que à dinâmica do lugar, subordinando o trabalho local e nacional às demandas das firmas (grifo nosso).

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TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

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LEITURA COMPLEMENTAR

Os desafios da geografia econômica na atualidade: território, globalização e desenvolvimento

Iván Gerardo Peyré Tartaruga

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, mais precisamente desde o último quartel do século passado, a tese do “fim da geografia” vem aparecendo vivamente no senso-comum, sobretudo no campo econômico, e possui como traço fundamental a emergência dos processos de informatização – relacionados principalmente às tecnologias de informação e comunicação (TIC) – e da globalização – financeira e produtiva –, elementos constituintes do atual meio técnico científico-informacional. Essa tese, em termos econômicos, defende a irrelevância das especificidades territoriais para a escolha da localização das atividades produtivas, respaldada na expansão do comércio, na internacionalização das empresas e nas possibilidades das conexões em rede (virtuais e de transportes) a custos reduzidos.

Dentro dessa linha de pensamento encontram-se trabalhos que defendem “a morte da distância” (CAIRNCROSS, 2001), uma “economia sem peso” (QUAH, 1999) ou “o fim da geografia” (O’BRIEN; KEITH, 2009), sendo que alguns tiveram e ainda têm forte repercussão mundial nos meios empresariais e governamentais de muitos países. Entretanto, os seus principais expoentes provavelmente vêm das obras do estrategista empresarial Kenichi Ohmae e do jornalista Thomas Friedman. O primeiro propunha o “fim das nações” (OHMAE, 1996), situação na qual as fronteiras políticas internacionais estariam rapidamente desaparecendo, ou perdendo seu significado, em função do fortalecimento das multinacionais e do crescimento dos mercados globais.

O segundo anunciava um “mundo plano” (FRIEDMAN, 2005), uma metáfora na qual o planeta apresentaria uma superfície homogênea e sem restrições para o capital e as finanças. Na verdade, a obra de Friedman não traz grandes novidades já que os autores citados anteriormente vêm defendendo ideias semelhantes nas últimas duas décadas (RODRÍGUEZPOSE; CRESCENZI, 2008, 2009). Junto ao enorme prestígio alcançado pelo livro de Friedman, ele torna-se importante, e original, em função de ressaltar o aumento das possibilidades de desenvolvimento, sobretudo econômico, dos indivíduos nesse mundo cada vez mais globalizado, enquanto os autores da mesma linha supracitados ressaltavam quase que exclusivamente o fortalecimento das multinacionais. Conforme ele, a metáfora da superfície terrestre lisa serve para mostrar a enorme melhoria das condições de qualquer pessoa de competir, conectar e colaborar com outros atores localizados em qualquer canto da terra de modo mais rápido, mais profundo e mais barato como em nenhuma outra época.

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Segundo Friedman (2005), as possibilidades do mundo se tornarem melhor para todos e em todos os lugares estariam intrinsicamente ligadas à globalização. Essas oportunidades nunca antes vistas de conexão com qualquer lugar estão fundamentadas em diversas “forças que alisaram o planeta” (FRIEDMAN, 2005, p. 51), ou causas do processo de globalização, das quais as principais, de modo resumido, são:

• A intensificação dos processos de conectividade entre as pessoas por meio das TIC – popularização dos computadores pessoais e, conjuntamente, do acesso à Internet (uso de e-mails, envio e/ou carregamento de arquivos digitais, estabelecimento de contatos via redes sociais etc.).

• O incremento cada vez maior da terceirização de certas atividades de empresas, principalmente, para com empresas localizadas em diferentes países como uma forma de colaboração importante.

• O deslocamento de uma ou mais fábricas de uma companhia para outro país (off-shoring).

• A ampliação e fortalecimento das cadeias de fornecedores em nível global. • A sincronização dessas cadeias através da maior colaboração

entre empresa fornecedora e empresa-demandante para o melhor atendimento do cliente final por meio da otimização da logística dos produtos (armazenamento, transporte, distribuição, reparação e manutenção), algumas vezes até com a internalização, de modo colaborativo, da demandante de atividades de uma de suas fornecedoras (insourcing).

• A possibilidade de criação de cadeias pessoais de fornecimento de informações, conhecimento e entretenimento por meio de sítios na Web como Google, Yahoo, Microsoft e Amazon, configurando uma nova forma de colaboração (virtual), um modo análogo em nível pessoal de terceirização, insourcing e cadeias de fornecedores globais.

• Por último, alguns elementos que aumentam exponencialmente a capacidade e a velocidade de interconexão virtual dos indivíduos, o que Friedman denomina curiosamente de “esteroides” – maior capacidade de processamento e de armazenagem de dados em computadores pessoais; avanço no envio instantâneo de mensagens e no compartilhamento de arquivos; realização de videoconferências (copresença virtual); impulsos recentes em computação gráfica; e o desenvolvimento das tecnologias das redes sem fio (wireless).

Por conseguinte, essas forças estruturantes de uma mudança em nível mundial apontariam para a irrelevância da proximidade física entre os indivíduos ou as organizações para a realização de seus desejos e atividades, o que concorda com as ideias de Cairncross (2001) e O’Brien e Keith (2009), respectivamente, das “mortes” da distância e da geografia. Ademais, a atuação dessas forças ressaltaria o fato da redução da distância entre consumidores e os produtores de conhecimento (especialmente, os baseados nas tecnologias computacionais), na linha da “economia sem peso” de Quah (1999). Um gerente de produção de computadores ou um desenvolvedor de software de uma empresa localizada em São Paulo poderia facilmente se mudar para Paris para trabalhar de lá e todo o final de semana visitar o Museu de Louvre e tomar café na Champs-Élysées, ou mudar para uma praia paradisíaca do Caribe onde, além do mais, os aluguéis são mais baratos. Assim, as cadeias globais de produção e de serviços poderiam criar centenas de novos negócios e milhares de postos de emprego em qualquer lugar do planeta.

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TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

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Entretanto, em contrapartida a cada um dos exemplos positivos de cidades que se beneficiam da globalização, como Bangalore na Índia ou Dalian na China (citados por Friedman), existem dezenas de outras que estão fora dos circuitos globais. Algumas vezes vítimas da própria globalização em casos de deslocalização de fábricas (off-shoring) como ocorreram em diversos países europeus na última década. O que aponta para a relevância das especificidades locais e regionais para a realização da atividade produtiva.

O erro do pensamento da globalização como panaceia de todos os problemas econômicos e, até sociais, está no seu caráter redutor tanto em termos sociais quanto espaciais. Evidentemente, não se questiona a importância do acesso aos computadores e às redes virtuais de informação e comunicação como elementos que podem auxiliar na emancipação da humanidade para uma situação geral de maior liberdade e justiça social. Contudo, em primeiro lugar, a plena utilização das TIC está longe de alcançar todas as pessoas e localidades, pelo contrário, os melhores e maiores recursos (humanos e de capital) vinculados a essas tecnologias ainda estão muito concentradas em poucas empresas (players globais). Além do mais, a distribuição espacial desses recursos por essas firmas, alegada por Friedman, para cada vez mais indivíduos e lugares não parece estar ocorrendo, pelo menos na velocidade que seria necessária para acompanhar o crescimento demográfico mundial. O que se percebe é uma enorme concentração do capital e das melhores mentes em poucos lugares no planeta. Com efeito, as firmas possuem, em geral, uma visão seletiva no que diz respeito às escolhas de empregados (os mais capacitados), e de locais para produção (os que possuem as melhores condições) e para consumo (os que têm mais recursos ou, minimamente, suficientes). Situação que ressalta a necessidade da atuação dos Estados como promotor da qualificação, em todos os níveis, do capital humano e das condições básicas para a criação e o desenvolvimento de empresas em seus territórios.

Em segundo lugar, a alta conectividade via TIC entre indivíduos ou empresas, uma forte promotora de relações de colaboração conforme Friedman, considera-se como geradora somente de formas complementares de colaboração, especialmente em atividades mais complexas como são, por exemplo, as que se referem a inovações tecnológicas (MORGAN, 2004). Nenhum outro tipo de colaboração pode substituir, em qualidade e complexidade, as que são realizadas face a face, porém aquelas podem ser complementares ou iniciadoras de estas.

Contrárias a essas teses há várias vozes que ressaltam justamente que os espaços geográficos das cidades, das regiões e das nações têm um papel importante no desenvolvimento econômico e social (SANTOS, 1999; MORGAN, 2004; STORPER, 1997; RODRÍGUEZ-POSE e CRESCENZI, 2008; dentre outros). Segundo estes, a dimensão espacial – localização, proximidade física, vizinhança, distância, aglomeração etc. – ainda importa para as atividades econômicas em geral.

Nesse sentido, está colocado o principal dilema da geografia econômica contemporânea: o ressurgimento das economias regionais e da especialização territorial em um período histórico que apresenta um crescimento extraordinário, de

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

um lado, das possibilidades de transporte (de pessoas e objetos) e comunicacionais (entre pessoas, governos, firmas) entre os diversos lugares numa escala global e, de outro, do teor científico e tecnológico destas possibilidades (STORPER, 1997). Situação em que as cidades e as regiões são consideradas como elementos essenciais nos processos de crescimento econômico. Dessa forma, o desenvolvimento econômico de uma cidade ou região resultaria de uma combinação única de forças (não exclusivamente econômicas) dirigida pelo contexto e específica do local (STORPER, 2010).

Respondendo, parcialmente, a esse dilema e fazendo uma contraposição direta à tese do “mundo plano” de Friedman (2005), Rodríguez-Pose e Crescenzi (2008, 2009) escrevem um belo artigo sustentando que, na verdade, existem “montanhas em um mundo plano”. Essas elevações na terra seriam as cidades e regiões mais desenvolvidas economicamente, as que conseguem reunir em seus territórios as empresas e pessoas mais inovadoras, e riqueza. Continuando na esteira da terminologia geológica, essas montanhas originam-se de movimentos tectônicos de placas, grandes forças que as tornam cada vez mais altas. Essas forças ou fatores de desenvolvimento seriam, dentre outros, os seguintes (RODRÍGUEZ-POSE; CRESCENZI, 2008): a inovação e o desempenho econômico; o impacto da difusão de conhecimento; especialização versus diversificação; a comunidade e o capital social; e o “burburinho” (buzz) da cidade. As intensas inter-relações entre esses fatores presentes, sobretudo, nos grandes espaços urbanos estabelecem uma complexa geografia da economia mundial.

A inovação tecnológica de produtos (bens e serviços) e de processos de produção é considerada um elemento crucial para o desenvolvimento social e econômico das regiões e dos países, em que, a incorporação de conhecimentos é imprescindível para as atividades produtivas. Entretanto, o processo de inovação, ultrapassando suas facetas estritamente tecnológicas, deve ser compreendido em um sentido mais amplo incluindo aspectos organizacionais das empresas, como também as inovações sociais e institucionais no âmbito de uma indústria, uma região ou uma nação (MORGAN, 1997). E como se verá a seguir o surgimento das inovações e a manutenção de sua produção ocorrem em poucos lugares com uma clara tendência à concentração espacial.

Junto a isso, a difusão de conhecimentos, novos e já consolidados, pode causar impacto importante no desempenho econômico de uma região. Assim, a distribuição de práticas, rotinas, informações e ideias complexas, procedentes dos mais diferentes atores individuais e coletivos (empresas, universidades, clientes, concorrentes, dentre outros), podem fortalecer as atividades produtivas de uma localidade pelo consequente aumento dos conhecimentos de cada ator que não se daria se estivessem isolados. No entanto, os transbordamentos de conhecimentos não ocorrem de forma contínua e espontânea, nem na escala local nem na global. Primeiro, deve existir uma quantidade mínima suficiente de conhecimentos relevantes para a produção e, segundo, são necessários esforços no sentido de sua difusão por meio de contatos pessoas, parcerias, contratos ou políticas públicas. E, efetivamente, essas condições e capacidades não são encontradas em todo lugar.

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TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

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Caracterizadas como externalidades (benefícios) de aglomeração, a especialização e a diversificação na inovação e no desempenho econômico parecem providenciar explicações promissoras para o sucesso de cidades e regiões (RODRÍGUEZ-POSE; CRESCENZI, 2009; BOSCHMA; FRENKEN, 2011). De um lado, a especialização proporciona vantagens no âmbito de um aglomerado de firmas de um mesmo tipo de indústria (economias de especialização) em razão da presença densa de mercados de trabalho especializados, do acesso a fornecedores e a mercados especializados, e do transbordamento de conhecimento local. Seguindo as excelentes interpretações do economista Alfred Marshall (1982) a respeito das aglomerações econômicas inglesas do século XIX. De outro, a diversificação de atividades econômicas num local (economias de diversificação) permite o aproveitamento de complementaridades entre diferentes conhecimentos dentro de processos de troca entre setores diferentes, gerando oportunidades de inovação, ao estilo do pensamento de Jane Jacobs (1969) sobre os benefícios das cidades diversificadas.

A comunidade, o capital social e a classe criativa são outros fatores importantes de aglomeração. As normas informais, as tradições e os relacionamentos pessoais que caracterizam uma comunidade podem ser elementos decisivos para o desenvolvimento econômico de uma região. Quando esses fatores favorecem a integração e a organização dos indivíduos – coordenação social – em torno de um projeto de desenvolvimento comum, as chances de sucesso econômico são maiores. Nesses contextos haveria um maior capital social disponível, na linha de Robert Putnam (2005), ou seja, maior confiança entre as pessoas.

E, por fim, a questão do contato face a face entre pessoas no contexto dos processos de aprendizagem e de inovação, questão importante e, ao mesmo tempo, ausente na teoria da aglomeração e do crescimento urbano (STORPER; VENABLES, 2004, 2005). O “burburinho” das cidades (buzz cities) trata da intensificação dos contatos face a face, essa copresença física intensificada onde surgem, como possibilidades, as oportunidades da circulação e troca de informações planejadas e ocasionais, e da participação de redes de colaboração. A interação face a face é interessante porque auxilia a resolução de problemas de incentivo, facilita a socialização e o desenvolvimento do saber, e proporciona motivações psicológicas, o que favorece as ações econômicas.

FONTE: TARTARUGA, Iván Gerardo Peyré. Os desafios da geografia econômica na atualidade: território, globalização e desenvolvimento. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/Ivan_G_Peyre_

Tartaruga/publication/293886341_Os_desafios_da_geografia_economica_na_atualidade_territorio_globalizacao_e_desenvolvimento/links/56bcd6ba08aed6959945be71.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2018.

Leia também esta sugestão de aula sobre globalização!

4 AULA BRASIL GLOBALIZADO

Plano de aulaTema: Brasil globalizadoPúblico alvo: alunos das séries iniciais

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UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

1. Objetivos: Identificar as características da globalização e o impacto econômico,

social, político e cultural do país e a influência na vida das pessoas e no ambiente. Entender o processo de globalização como sendo diferenciado para

países pobres e países ricos.

2. Metodologia:• Diálogo onde todos podem expressar suas opiniões.• Aula passeio.• Debates.• Videoaula.• Trabalho em grupo e individual.• Pesquisa de campo.• Entrevista.• Tabelas e gráficos.

3. Recursos:• Rótulos e etiquetas de produtos diversos.• Vídeos.• DVD.• Papel pardo.• Caneta pilot.• Jornais e revistas.

4. Desenvolvimento:1º momento:§ Na roda de conversa, buscar o conhecimento prévio dos alunos sobre

Globalização. Pedir para fazerem anotações de suas hipóteses. Perguntar, para aguçar a temática, se eles gostam de jogos, se tem acesso à celular ou vídeo game, por exemplo, dando início à conversação. Influir o debate sobre propagandas e compras, necessidade e supérfluo;

§ Após ouvi-los, buscando registrar tudo que disserem sobre o tema, levá-los a debater sobre a influência de outros países e suas culturas em nossas vidas. Logo em seguida induzi-los a assistir o vídeo “Globalização – Tecnologia e a mudança na vida das Crianças”.

§ Instigá-los a responder às perguntas contidas no vídeo e realizar uma pesquisa com outros alunos do colégio utilizando a mesma temática do vídeo. Promover debate sobre o resultado.

§ Produzir tabela e gráfico com o resultado da pesquisa, expondo na escola.

2º momento:§ Sair da escola para aula-passeio em comércio local com a finalidade

de pesquisa e análise dos produtos que utilizamos e os locais de sua fabricação. Tomar notas do nome do produto, o preço, para que serve, e onde foi produzido. Fazer isso em pelo menos três lojas diferentes.

§ Retornar à classe e tabular a pesquisa registrando em tabelas e gráficos.§ Recortar de encartes, jornais ou revistas os produtos pesquisados e

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TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

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montar um mural localizando no mapa o lugar de onde veio o produto pronto e de onde saiu o material para fabricá-lo.

3º momento:Trabalhar o efeito positivo e negativo da Globalização influindo em

nossa vida.§ Levá-los a debate sobre pontos negativos e positivos da globalização.§ Realizar pesquisa na Internet, anotar pontos principais que se

contrapõe.

4º momento:§ Assistir ao vídeo “História das coisas”§ Debater sobre as informações contidas no vídeo, com reflexão crítica

sobre a atuação de todos nós no processo. § Redigir textos informativos sobre o assunto e o que entenderam do

vídeo ressaltando as informações que mais chamaram a atenção.

5º momento:§ Montar jornal mural com representação de toda pesquisa realizada

desde o 1º momento e expor para a comunidade escolar.§ Para finalizar, comparar as informações com o conhecimento prévio e

concluir se suas hipóteses foram confirmadas ou precisaram ser reformuladas.

5. Referências:Universidade Santa'Anna. Grupo de trabalho do Grupo Evolução, do curso

de Pedagogia – 6º semestre, disciplina: Tecnologia Aplicada a Educação. Sob ori-entação do Professor-Orientador: Jonatas. Globalização – Tecnologia e a mudança na vida das Crianças. Disponível em: <http://mais.uol.com.br/view/qk2yl9p7c9v0/globalizacao--tecnologia-e-a-mudanca-na-vida-das-criancas-0402CD993362DC-C13326?types=V&> e também <http://www.youtube.com/watch?v=RXCFs2wUN-Qo>. Acesso em: 20 abr. 2014.

HISTÓRIA DAS COISAS. <http://www.youtube.com/watch?v=x_PmgS-f3LSs>. Acesso em: 21 abr. 2014.

GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO 2 – Volume 2, Cederj, 2012, aulas 16 e 17.

FONTE: <https://colheitadeaprendizagem.blogspot.com/2014/04/brasil-globalizado-plano-de-aula.html>. Acesso em: 2 set. 2018.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Globalização são os diversos processos pelos quais populações humanas geograficamente dispersas são levadas ao contato mais próximo e imediato entre si, criando uma comunidade única ou uma sociedade global.

• A globalização se constitui em uma ordem mundial que estimula sistemas interdependentes internacionalizados, de forma que países, regiões, estados e empresas estejam estruturados para produzir e comercializar produtos e componentes a partir de relações e vantagens competitivas internacionalizadas.

• A globalização pode ser interpretada como a atual fase de expansão do capitalismo com impactos na economia, na política, na cultura e no espaço geográfico.

• Divisão do trabalho pode ser definida como a separação das tarefas e ocupações do trabalho em processo de produção que cria uma abrangente interdependência econômica.

• A divisão territorial do trabalho diz respeito a este movimento, que ocorre quando diferentes regiões ou países se especializam na produção de um ou mais produtos, aproveitando assim o benefício da vantagem comparativa. Trata-se de um fenômeno associado à globalização.

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1 A globalização é um tema recorrente nos estudos de geografia econômica. Trata-se de um conteúdo que permite incorporar muitos exemplos e debates em suas estratégias de ensino. Sobre este assunto, analise as sentenças a seguir: A globalização é um tema recorrente nos estudos de geografia econômica. Trata-se de um conteúdo que permite incorporar muitos exemplos e debates em suas estratégias de ensino. Sobre este assunto, analise as sentenças a seguir:

I - O ensino de Geografia Econômica deve ter em conta a complexa relação da sociedade com a natureza e dos homens em sociedade, em que os alunos possam se aproximar de uma imagem territorial.

PORQUE

II - O estudo da localização retrata o uso dos solos internacionais e o modo como eles vigoram no plano das políticas púbicas.

A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA:( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma

justificativa da I. ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.

2 O estudo da globalização pode ser feito a partir de distintas disciplinas e abordagens teóricas dependendo do enfoque pretendido. Com relação ao conceito de globalização, analise as sentenças a seguir:

I - Globalização é entendida como uma crescente consciência de que o globo terrestre se constitui em um ambiente contínuo.

PORQUE

II - Caracteriza-se por um processo social no qual os limites territoriais dos arranjos sociais, econômicos e culturais desaparecem e as pessoas se tornam conscientes desse desaparecimento.

A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA:

( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa da I. ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma

justificativa da I. ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.

AUTOATIVIDADE

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3 Nos dias de hoje, muito se fala sobre a internacionalização da economia. Trata-se de um processo histórico de longa data e que segue se transformando. Neste sentido, analise a alternativa CORRETA relacionada à globalização:

( ) A globalização é um desdobramento do mercantilismo direto, no qual compradores e consumidores podem se relacionar de modo mais estreito e direto.

( ) A globalização pode ser interpretada como a atual fase de expansão do capitalismo com impactos na economia, na política, na cultura e no espaço geográfico.

( ) A globalização é um resultado do feudalismo, no qual a propriedade privada passa a ser guiada por uma ordem internacional de poder.

( ) A globalização pode ser definida como a etapa de crescimento do capitalismo cíclico impactando a economia e a expectativa de vida.

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UNIDADE 3

BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO

ECONÔMICO ATUAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade, você será capaz de:

• conhecer a história da economia do Brasil;

• compreender as principais características da produção agropecuária do Brasil;

• reconhecer as principais características do setor industrial do Brasil.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

TÓPICO 2 – O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

TÓPICO 3 – O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

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TÓPICO 1

BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Existem várias maneiras de se contar a história econômica de um país. Entender o modo como as atividades produtivas foram se estabelecendo e se engendrando no território é um esforço relevante para que se possa compreender os passos que antecederam a base econômica anterior.

Neste tópico, a história econômica do Brasil será contada a partir dos seus principais ciclos, a saber: ciclo do pau-brasil, ciclo da cana-de-açúcar, ciclo do ouro, ciclo do algodão, ciclo da borracha e ciclo do café.

Para tanto, iremos discorrer brevemente sobre a trajetória de cada um dos elementos mencionados, seguidos por um sucinto contraponto referente ao estágio atual de produção dos referidos produtos.

2 CICLO DO PAU-BRASIL

A exploração do pau-brasil foi a primeira atividade econômica de relevância do Brasil. Pautada em seu caráter extrativista, o desenvolvimento, no plano geográfico, esta atividade impactou o território de duas formas principais: contribuiu para que se formassem as chamadas companhias hereditárias (o que nos remete à ideia de território e poder); bem como, estimulou a formação das primeiras concepções de um ideário de “cidade”. Acompanhe a explicação deste ciclo no espaço apresentado a seguir:

Ciclo do pau-brasil

Primeiro período da história econômica do Brasil, caracterizado pela exploração da árvore do mesmo nome [...]. Estendeu-se desde os primeiros anos após a descoberta até o início da segunda metade do século XVI, quando perdeu a primazia para a cultura da cana-de-açúcar. Sendo atividade apenas extrativa, consistia na coleta da madeira e sua remessa para a metrópole, onde era utilizada em marcenaria de luxo, fabricação de violinos, indústria naval e, principalmente, como corante. A Coroa portuguesa arrendava partes da região litorânea a comerciantes, que lhe deveriam entregar uma renda fixa e obrigavam-se a construir feitorias: os primeiros núcleos de população europeia no Brasil. Um dos primeiros arrendatários da Coroa foi Fernão de Noronha. Ao lado dos portugueses, os espanhóis e, principalmente, os

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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franceses, também se dedicaram à extração do pau-brasil na costa brasileira, disso surgindo inúmeros conflitos que levaram a Coroa a criar as capitanias hereditárias. A extração do pau-brasil continuou sendo uma atividade relativamente rendosa até meados do século XIX, quando a invenção de corantes artificiais a tornou dispensável.

FONTE: Novíssimo dicionário de economia. 1999, p. 95. Disponível em: <http://sinus.org.br/2014/wp-content/uploads/2013/11/FMI.BMNov%C3%ADssimo-Dicion%C3%A1rio-de-

Economia.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2018 (grifo nosso).

Conforme se observa na explicação disposta no quadro, a exploração de atividades econômicas – ainda em caráter extrativista – interferem na configuração do território ocupado e no modo como a população se estabelece sobre ele. As chamadas feitorias eram:

[...] um local, fortificado ou não, geralmente próximo a um porto. Funcionavam como entreposto comercial nas colônias das potências europeias na época da expansão marítima. [...] Era também uma forma de defender os interesses comuns dos mercadores, interferindo nas relações econômicas e políticas. Quem administrava as feitorias eram os feitores (posto de confiança do Rei, sendo escolhidos entre a nobreza) cujas funções eram gerenciar o comércio, os mercadores e fiscalizar os escravos. Espalhadas por terras litorâneas onde havia passagens de navegadores, garantiam ainda a segurança e a jurisdição do país que representavam. Importante também esclarecer que elas monopolizavam a cobrança de taxas de navegação e impostos sobre os navios e sobre as mercadorias. As mesmas funcionavam como mercado, armazém, alfândega, defesa e ponto de apoio à navegação e exploração. Em muitas ocasiões, essas mesmas feitorias, serviam ainda como sede do governo das comunidades do local (BRITO, 2016, p. 1).

FIGURA 1 – EXPLORAÇÃO DO PAU-BRASIL

FONTE: <http://geografia708nossoblog.blogspot.com/2016/04/extracao-do-pau-brasil.html>. Acesso em: 10 ago. 2018.

Atualmente, a exploração do pau-brasil não se constitui em atividade econômica. Muito explorada no período de colonização, em 2004, entrou na lista de ameaçadas de extinção (SENADO NOTÍCIAS, 2011)

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TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

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FIGURA 2 – INFOGRÁFICO PAU-BRASIL

FONTE: <https://www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2013/05/pau-brasil-infografico-estadao.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2018.

O infográfico exposto a seguir revela outros detalhes relacionados à exploração do pau-brasil, acompanhe:

A exploração ao longo dos séculos1500Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil e envia embarcação para Portugal com carta de Pero Vaz de Caminha e amostras de produtos, como o pau-brasil

1605Regimento proíbe o uso

do fogo na exploração da madeira e determina pena

de morte para a exploração ilegal; o rei Filipe II suspende temporariamente o comércio para eliminar falhas no sistema de fiscalização

1624Holandeses que cobiçavam o pau-brasil e o açúcar invadem a Bahia e são expulsos em 1625: em 1630, ocupam Pernambuco

1625Os jesuítas passam a ter o monopólio para recolher, transportar e guardar o pau-brasil até o embarque para a Europa

1831Uma lei imperial reforça que o pau-brasil continue a auxiliar no pagamento da dívida externa; a atividade está retraída e pensa-se que a espécie está extinta em algumas regiões

1875A produção de corante sintético para tecidos provoca o abandono quase total do pau-brasil como matéria-prima para a indústria têxtil. Ele passa a ser usado na produção de arcos

2000Iniciam estudos de proteínas encontradas nas sementes do pau-brasil, que seguem algumas iniciativas esparsas

1501Fernão de Loronha (Fernando de Noronha) assina contrato de exploração do pau-brasil com a Coroa Portuguesa, para ser usado como corante: quatro navios percorrem a costa entre 1502 e 1503

1503Gonçalo Coelho realiza uma segunda expedição de exploração e funda a primeira feitoria, depósito de entrega e preparação para o embarque

1506O papa Alexandre VI homologa o Tratado de Tordesilhas; assim, Portugal tem o controle da costa brasileira e, como consequência, da exploração do pau-brasil

1516Primeira expedição de vigilância da costa tenta expulsar traficantes de pau-brasil, especialmente franceses

1530O pau-brasil representa 90% dos produtos brasileiros exportados, usado como corante de roupas, mas apenas 5% da receita total do tesouro português

1534O sistema de capitanias hereditárias muda a política portuguesa de ocupação do Brasil, de exclusivamente extrativista para agrícola colonizadora

Ficha técnica

Nomes popularespau-brasil ou ibirapitanga

Nome científicoCaesalpinia echinata

FONTE: LIVRO PAU-BRASIL: DA SEMENTE À MADEIRA INFOGRÁFICO: FARRELL E WILLIAM MARIOTTO

Área de ocorrência originalCosta do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro

Flores: amarelas, com manchas vermelhas em uma das cinco pétalas

Sementes: com cerca de 1 cm de diâmetro, passam do verde ao castanho-escuro; são liberadas de forma explosiva pelos frutos, espalhando-se no terreno

Frutas: folhas modificadas, unidas pelas margens e cobertas de "espinhos"

pode chegar a 30 metros

Altura

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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UNI

Confira esta sugestão de aula para turmas de ensino fundamental para trabalhar a temática “Ciclo do Pau-Brasil”.

Autora: Regia Maria  Coautor(es): Raimunda Porfirio Ribeiro

Dados da aulaO que o aluno poderá aprender com esta aula:

·Compreender que a exploração do pau-brasil se constituiu em uma atividade comercial dos portugueses, que implicou no trabalho escravo dos índios.

·Discutir quais foram as relações estabelecidas entre colonizadores e colonizados, as lutas indígenas que expressaram a ação de invasão e domínio dos portugueses.

Duração das atividades6 aulas de 50 minutos. Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

·Saber quem foram os primeiros habitantes do Brasil.·Saber que os nativos eram os índios que habitavam o Brasil no período da chegada dos

portugueses.

Estratégias e recursos da aula

ATIVIDADE 1 – Discutir os motivos pelos quais a coroa portuguesa se interessou pelo pau-Brasil.     

1º momento – Professor, propicie a construção de um conhecimento inicial sobre o pau-Brasil.  Para começar, você pode despertar o desejo das crianças saberem mais sobre essa riqueza natural. Mostre várias figuras e peça para que as crianças falem um pouco do que estão vendo e digam que árvore é essa.

FONTE: <http://www.google.com/images?client=firefox-a&rls=org.mozilla:pt-BR:official&channel=s&hl=pt-BR&q=ciclo%20do%20pau%20brasil&lr=&um=1&ie=UTF-

8&source=og&sa=N&tab=wi&biw=1280&bih=619>. Acesso em: 26 set. 2018. 

2º momento – pergunte aos seus alunos o que eles sabem sobre o pau-brasil, organize-os em grupos de quatro componentes, para discutir e escrever tudo que sabem sobre o pau-brasil.    Oportunize que compartilhem com os demais colegas em uma reunião pública. Você, nesse momento, não interfere, apenas coordena a fala dos participantes dos grupos. Também não introduz conhecimento novo, apenas diagnostica e questiona para verificar a consistência do conhecimento dos alunos. 3º momento – inicie a sistematização do tema, comece pela orientação da leitura das crianças sobre o assunto, você pode encontrar no livro didático, em outras fontes que achar adequada ou nos textos indicados:   “O mundo das plantas”. Pau-brasil. Canal Kids. Disponível em: <http://www.canalkids.com.br/meioambiente/mundodasplantas/pau.htm> <http://www.canalkids.com.br/meioambiente/mundodasplantas/pau2.htm>. Acesso em: 10 set. 2010.   “Uma história de muitas curiosidades”.  Disponível em: <http://www.sescsp.org.br/sesc/hotsites/paubrasil/cap4/curiosidades.htm>. Acesso em: 10 set. 2010.

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TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

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Observação – Professor, depois da apresentação e motivação do tema, oriente os alunos a registrar em um portfólio tudo que fizerem e aprenderem.  Deixe um momento em todos os dias no final da aula, para que eles realizem um registro e uma análise do que aprenderam, do que entenderam ou deixaram de entender; o que foi difícil e o que fizeram com facilidade; quando o professor foi esclarecedor e quando não conseguiu estabelecer uma relação de comunicação; que eles apontem a responsabilidade que assumiram na atividade e a sua relação com os colegas no momento de construção, no momento de diálogos.  Em cada reflexão, devem anexar as tarefas desenvolvidas.    

ATIVIDADE 2 – Listar as ações da coroa para explorar o pau-brasil e manter o domínio do território brasileiro. 1º momento – Professor, possibilite aos seus alunos a assistirem ao vídeo “Cor do pau-brasil”, parte 1 e 2.

A cor do pau-brasil: parte 2. A cor do pau-brasil: parte 1. 

FONTE: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=2065>.

Em seguida, os alunos fazem o registro do que perceberem no vídeo:

·O nome que denominava o Brasil no século XV. Como era o contexto natural e cultural do Brasil.  

·A riqueza natural que o rei de Portugal se interessou. ·O nome do rei da época (1502). ·O imaginário dos portugueses sobre as terras brasileiras. ·As ações do rei para explorar a terra brasileira. ·Como se procedeu a exploração do pau-brasil. ·As atividades dos nativos nesse processo de exploração. ·Os exploradores visavam a lucros, para isso verifique como eles agiam.   ·As ações tomadas pelo novo rei D. João III e o motivo.    ·As ações do rei para explorar a terra brasileira. ·Como se procedeu a exploração do pau-brasil. ·As atividades dos nativos nesse processo de exploração. ·Os exploradores visavam a lucros, para isso verifique como eles agiam.    

As ações tomadas pelo novo rei D. João III e o motivo.

2º momento – Professor, você pode usar a sala de multimídia, caso sua escola não tenha esse tipo de laboratório, o trabalho pode ser manual, para orientar a escrita de uma tira, feita com os registros os registros do vídeo. Você, nesse momento, organiza a turma em duplas, leva-os até ao computador e ensina-os como elaborar a tira no paint.   Primeiro você aprende com a ferramenta do YouTube. Para ensinar, veja os seguintes links:   <http://www.youtube.com/watch?v=WF6464aEPc8>.    <http://www.youtube.com/watch?v=ZsP7eMdNclo&feature=related>.   

Observação: se a sua escola tiver datashow, você faz os desenhos e os quadrinhos bem devagar para seus alunos acompanharem os passos, depois é a vez deles de usarem a ferramenta até conseguirem desenvolver a habilidade de trabalhar no paint para construir tirinhas. Aqueles que já tiverem domínio podem ajudar os outros. 3º momento – quando seus alunos dominarem a ferramenta, você solicita que eles sentem em duplas e planejem como irão construir as tirinhas com o registro do vídeo “Cor do pau-brasil” (PORTAL/MEC, 2008). Devem destacar: cenário; personagens falas. Quadrinhos das falas. Para isso é preciso orientar, o que eles devem fazer:

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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·planejar o que vai expressar; ·desenhar os personagens (sujeito histórico); · fazer os retângulos para a escrita; ·escrever a fala de cada personagem; ·colocar um personagem para se comunicar com o outro.

Nesse momento, você pode ajudar os alunos a definirem as personagens, as falas e os desenhos que podem criar.  

Caso não tenha computador na sua escola, você ensina a fazer as tirinhas manualmente, com criação de desenhos do próprio pulso.

4º momento - professor, crie um momento para os alunos compartilharem suas tirinhas, ensine as crianças a colaborar com as outras, lendo e fazendo sugestões para melhorar. Você coordena e verifica se as sugestões têm fundamento e incentiva essa prática de ajuda de uns para com os outros, mostre que o trabalho coletivo fica mais organizado e com maior perfeição.

ATIVIDADE 3 – Estabelecer diálogo sobre a exploração dos colonizadores e as lutas indígenas.

1º momento - Professor, faça uma síntese do que foi esse período para a formação e história do nosso povo.  Discuta as relações de exploração. Envolva os alunos, despertando curiosidades, promovendo a fala e o diálogo, com você e com os outros colegas.

<http://www.escolakids.com/colonizacao-do-brasil.htm>.  

Nesse momento, você pode usar como recurso a imagem de um pau-brasil com o desenvolvimento histórico desse ciclo econômico.

2º momento - organize os alunos em uma grande roda e combine a construção de uma representação (teatro). Discuta com as crianças o estilo de um texto teatral, no qual pode haver um narrador com um discurso indireto e as personagens com discurso direto. Planeje com os alunos a elaboração do texto, o que fala o narrador e o que fala as personagens, em uma elaboração conjunta construa o texto. Combine e confeccione o cenário e o figurino, pode pedir ajuda de alguns pais e funcionários da escola que possam contribuir. Passe o texto e no final as crianças apresentam a história da colonização no período do ciclo do pau-brasil. Os convidados são os alunos e pais da escola.

3º momento – os alunos apresentam o portfólio, que já havia sido orientado no início do estudo, fazendo uma autoavaliação e avaliando o professor na atividade de ensino. Esse feedback é importante para a construção, reconstrução da formação integral dos alunos e para a construção, reconstrução da profissionalidade docente.

Recursos complementares

O processo evolutivo da produção de texto infantil      Carla Andréa Brande (UFSCar). Orientadora: Prof. Dra. Claudia Raimundo Reyes (UFSCar)

FONTE: <http://blig.ig.com.br/maeducacao/2009/>. 

Avaliação

Na avaliação, você deve verificar se as crianças participaram de modo a se apropriar do conhecimento histórico. Você vai fazendo um acompanhamento, um a um. Durante o processo de ensino-aprendizagem, analisando o diálogo que eles conseguem estabelecer com as informações, se utilizam as informações para desenvolver as atividades propostas,

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para compreender que a exploração do pau-brasil se constituiu em uma atividade comercial dos portugueses, que implicou o trabalho escravo dos índios; discutir quais foram as relações estabelecidas entre colonizadores e colonizados, as lutas indígenas que expressaram a ação de invasão e domínio dos portugueses.

FONTE: Portal do Professor. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23428>. Acesso em: 27 ago. 2018.

3 CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR

O ciclo da cana-de -açúcar foi o segundo importante ciclo da história econômica do Brasil. Vamos conhecer quais foram suas principais características? Acompanhe a leitura do quadro a seguir:

CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR

Período da história econômica do Brasil em que a cultura açucareira era a principal atividade produtiva da colônia. As primeiras mudas de cana-de-açúcar foram trazidas da ilha da Madeira, em 1502, e em meados do século XVI as plantações canavieiras se estendiam por grandes extensões do litoral brasileiro, concentrando-se sobretudo em Pernambuco e na Bahia. Na metade do século XVII, o Brasil era o maior produtor mundial de açúcar, mas gradativamente perdeu essa posição para as concorrentes mundiais, particularmente as Antilhas. Embora nunca tenha desaparecido no Brasil colonial, a cultura canavieira foi substituída no século XVIII como principal fonte de renda da colônia pela atividade mineradora, que deu origem ao Ciclo do Ouro. O comércio açucareiro, segundo as normas do Pacto Colonial e da política mercantilista, era monopólio da Coroa e toda a produção, destinada ao mercado externo. Em decorrência disso, a economia canavieira moldou no Brasil uma sociedade que correspondia aos objetivos de sua produção: os engenhos localizavam-se em latifúndios e a mão de obra empregada, o escravo negro, tornar-se-ia a base da economia brasileira até o final do século XIX. Praticamente não existia uma camada social intermediária entre o senhor e o escravo, o que configurava uma sociedade tipicamente patriarcal.

FONTE: Novíssimo dicionário de economia, p. 95. Disponível em: <http://sinus.org.br/2014/wp-content/uploads/2013/11/FMI.BMNov%C3%ADssimo-Dicion%C3%A1rio-de-Economia.pdf>.

Acesso em: 10 ago. 2018 (grifo nosso).

Note na explicação que assim como havia ocorrido com o ciclo do pau-brasil, novamente, a exploração da cana-de-açúcar visava satisfazer as necessidades do mercado externo. Outra similaridade que se estabelece em relação ao ciclo econômico anterior diz respeito à concentração das atividades econômicas próximas à costa litorânea.

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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O cultivo da cana-de-açúcar gerava um montante expressivo de lucro para a Coroa e, além disso, colaborava com o objetivo de concretizar a colonização portuguesa no Brasil. A decisão da Coroa no que diz respeito à escolha da cana como espécie a ser cultivada baseou-se no fato de a cana-de-açúcar ter como característica o rápido cultivo. Ademais, o fator locacional também foi relevante, considerando que a exploração da atividade na costa nordestina, especialmente, Pernambuco, facilitaria o escoamento do açúcar produzido para a Europa (CALDEIRA, 2010). Caldeira (2010) realça que:

A mão de obra era composta por indígenas e escravos africanos. Por mais que o lucro fosse certo, Portugal necessitava investir alto para a instalação da empresa açucareira no Brasil; com isso eles foram buscar ajuda na Europa, pois sabiam que não tinham todos os recursos necessários para a implantação. Sendo assim, os portugueses se associaram com os holandeses. Em troca os holandeses seriam os responsáveis pela distribuição e comercialização do açúcar na Europa. Durante o ciclo, os holandeses vendo o gordo resultado que a colônia de Portugal rendia, ocuparam o nordeste brasileiro. Com a ocupação holandesa, a exportação de açúcar teve um considerável crescimento. Eles estimulavam a imigração de europeus com qualidades para serem senhores de engenho e agricultores em Pernambuco.

FIGURA 3 – CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR

FONTE: <http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/ciclo-da-cana-de-acucar/>. Acesso em: 13 ago. 2018.

E na atualidade? Qual é o quadro da exploração da cana-de-açúcar? Segundo dados do IBGE (2017, p. 8), “atualmente, a cana-de-açúcar é o terceiro maior cultivo brasileiro em área plantada, atrás apenas da soja e do milho. Em 2016, os canaviais ocupavam 10,5 milhões de hectares, ou seja, 13,5% do total nacional de área plantada no País”. Complementando, ressalta-se que “no Brasil e no mundo, a principal finalidade do cultivo da cana-de-açúcar é a obtenção de sacarose para a produção de açúcar, aguardente e etanol” (IBGE, 2017, p. 13).

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TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

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Retomando o debate apresentado na Unidade 1 deste Livro de estudos, referente às teorias da localização, é pertinente pontuar alguns aspectos locacionais relevantes no que se refere ao cultivo da cana-de-açúcar:

O cultivo mecanizado da cana requer certos tipos de relevo, a determinada distância da usina, sendo que esta precisa estar próxima de fontes hídricas e também, preferencialmente, dos centros de comercialização. A distância da usina em relação a um porto oceânico influencia largamente o escoamento da produção para o mercado interno ou externo. Em caso de colheita manual, é preciso articular as plantações com as áreas fornecedoras de trabalhadores safristas (IBGE, 2017, p. 8).

Do período colonial até a economia recente, a produção da cana-de-açúcar sofreu oscilações em virtude da conjuntura econômica, política e social que transcorreu ao longo do largo período (tais variações não serão examinadas de maneira pormenorizada tendo em vista o enfoque da disciplina). Interessa-nos ressaltar que, no período recente, a produção da cana-de-açúcar apresentou notável expansão, conforme nos revela o gráfico exposto a seguir:

GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR ENTRE 1975-2015

FONTE: IBGE (2017)

Curioso para entender os fatores que desencadearam esta expansão da atividade? Acompanhe então o apontamento dos principais fatores explicativos identificados e realçados no texto a seguir:

Em 1975, o Brasil produzia 91,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar ao ano. Em 1982, esse valor havia mais do que dobrado (crescimento de 104%), atingindo 186,5 milhões de toneladas;

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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em 1987, a produção atingiu 268,4 milhões de toneladas, com um crescimento de 193,58% sobre a produção de 1975. No geral, neste primeiro momento, impulsionada pelo PROÁLCOOL, a produção canavieira do Brasil apresentou o impressionante crescimento médio de 9,39% ao ano. Entre 1987 e 2000, porém, a produção nacional registrou baixos índices de crescimento, com uma expansão de somente 20,47% [...] A canavicultura tomou novo impulso a partir dos anos 2000. No decênio que separa 2000 e 2010, observa-se um verdadeiro salto quantitativo na produção de cana-de-açúcar no Brasil. A produção nacional saltou outros 120% [...] Ao longo da década de 2000, a produção do País expandiu-se a taxas médias de 8,20% anuais [...] A expansão nos anos 2000 foi impulsionada pelo aumento da produção na Região Sudeste, com o Estado de São Paulo como destaque, representando entre 55% e 60% da produção total de cana-de-açúcar do País. Também a Região Centro-Oeste experimentou notável crescimento de 449% entre 2000 e 2015, atingindo 17,9% do total brasileiro. A Região Nordeste, por sua vez, viu sua produção estagnar-se, com um crescimento de apenas 4% entre 2000 e 2015. No entanto, não se pode atribuir todo esse crescimento unicamente ao já distante PROÁLCOOL, de 1975 (IBGE, 2017, p. 39).

Complementando as explicações a respeito do notável crescimento produtivo verificado após os anos 2000, em suma, é possível identificar que:

• Tal aumento esteve atrelado tanto à expansão da indústria de etanol, quanto à expansão da indústria brasileira de açúcar.

• Em se tratando da expansão da produção do etanol, a Região Sudeste, liderada pelo Estado de São Paulo contribuiu significativamente com o quadro nacional, representando 52,9% da produção brasileira em 2015.

• A Região Centro-Oeste passou a se destacar no plano nacional expandindo sua participação de 13% em 2000 para 35% do total da produção brasileira de etanol em 2015.

• A alta do preço do petróleo nos mercados internacionais foi um dos fatores que contribuíram para o aumento da produção de etanol a partir dos anos 2000.

• O surgimento dos automóveis conhecidos como “flex” (que permitem o abastecimento tanto com álcool como com gasolina) também promoveu elevação na demanda doméstica por etanol (IBGE, 2017).

No âmbito da geografia econômica, observa-se que a dinâmica espacial do cultivo da cana-de-açúcar sofreu importantes alterações espaciais ao longo de sua história. Observe nos mapas expostos na sequência como a atividade foi se espraiando e passando a ocupar novas regiões e unidades federativas.

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TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

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GRÁFICO 2 – EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR ENTRE 1975/2015

FONTE: IBGE (2017, p. 40)

Observe no mapa como o cultivo da cana-de-açúcar foi se modificando espacialmente. Enquanto no período de 1975 o cultivo estava centrado no Região Nordeste, com discreta participação na Região Sudeste, em 2005, verifica-se que espacialmente, a participação da Região Nordeste foi reduzida, enquanto a do Sudeste aumentou. Chama atenção também que em 2005, cresceu a participação da Região Centro-Oeste no cultivo da cana, revelando transformações espaciais expressivas.

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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4 CICLO DO OURO

Historicamente, a extração do ouro foi considerada relevante na trajetória econômica do país. A mineração do ouro tinha como finalidade central atender aos mercados externos. Vamos entender quais foram as características deste ciclo econômico?

Observe que este ciclo econômico está relacionado a uma atividade de caráter exclusivamente extrativista. Ademais, este ciclo esteve circunscrito em um raio espacial bem delimitado, com destaque para a área de Minas Gerais e acompanhada pelas áreas de Mato Grosso e Bahia. Por demandar volume expressivo de trabalhadores para a sua extração, esta atividade econômica acabou interferido na dinâmica populacional do período, primeiramente em termos quantitativos e, além disso, engendrou um fluxo populacional em direção ao interior do país – fato relevante no âmbito populacional, tendo em vista que nos ciclos anteriores, a população estava predominante localizada próxima a faixa litorânea do país.

UNI

CICLO DO OURO

Período da história colonial do Brasil, entre o final do século XVII e o final do século XVIII, em que a extração de ouro e diamantes teve decisiva importância econômica. Cerca de dois terços das lavras se concentravam em Minas Gerais, com o restante distribuído em Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia. A exploração do ouro determinou um rápido crescimento da população brasileira e sua interiorização. A importação de escravos africanos triplicou em relação aos dois séculos anteriores. Surgiram cidades ricas em Minas Gerais, e estreitaram-se os lações entre as várias regiões da colônia. O ouro brasileiro favoreceu o esplendor da Corte de dom João V e as iniciativas econômicas do marquês de Pombal, mas fluiu, em sua maior parte, para a Inglaterra, estimulando a Revolução Industrial. Com o esgotamento das jazidas, aguçou-se a contradição entre a metrópole e sua colônia, dando origem à Inconfidência Mineira.

FONTE: Novíssimo dicionário de economia, p. 95. Disponível em: <http://sinus.org.br/2014/wp-content/uploads/2013/11/FMI.BMNov%C3%ADssimo-Dicion%C3%A1rio-de-

Economia.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2018 (grifo nosso).

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TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

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FIGURA 4 – CICLO DO OURO

FONTE: <http://www.universiaenem.com.br/sistema/faces/pagina/publica/conteudo/texto-html.xhtml?redirect=58772278220846712441030618748>. Acesso em: 20 ago. 2018.

IMPORTANTE

Inconfidência Mineira

O que foi:·A Conjuração Mineira, também conhecida como Inconfidência Mineira, foi um movimento de caráter separatista, ocorrido em Minas Gerais no ano de 1789, cujo principal objetivo era libertar o Brasil do domínio português. O lema da Conjuração Mineira era “Liberdade, ainda que tardia”.

Principais causas:·Exploração política e econômica exercida por Portugal sobre sua principal colônia, o Brasil.·Derrama: caso uma região não conseguisse pagar 1500 quilos de ouro para Portugal,

soldados entravam nas casas das pessoas para pegar bens até completar o valor devido.·A proibição da instalação de manufaturas no Brasil.

Objetivos principais:·Obter a independência do Brasil em relação a Portugal.· Implantar uma República no Brasil.·Liberar e favorecer a implantação de manufaturas no Brasil.·Criação de uma universidade pública na cidade de Vila Rica.

Conforme vimos no quadro explicativo, o declínio do ciclo do ouro está atrelado ao movimento denominado Inconfidência Mineira. Vamos recapitular o que foi este movimento?

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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A questão da escravidão:·Não havia consenso com relação à libertação dos escravos. Alguns inconfidentes,

entre eles Tiradentes, eram favoráveis à abolição da escravidão, enquanto outros eram contrários e queriam a independência sem transformações sociais de grande impacto.

O fim da Conjuração Mineira: ·O movimento foi delatado por Joaquim Silvério dos Reis ao governador da província,

em troca do perdão de suas dívidas com o governo. Os inconfidentes foram presos e condenados. Enquanto Tiradentes foi enforcado e teve seu corpo esquartejado, os outros foram exilados na África.

FONTE: <https://www.historiadobrasil.net/resumos/conjuracao_mineira.htm>. Acesso em: 20 ago. 2018.

Saindo do período colonial, partimos para uma reflexão da exploração do ouro na atualidade. Seria possível pensar em um “Moderno ciclo do ouro”? Como esta atividade vem sendo realizada no Brasil? Acompanhe o fragmento da reportagem a seguir a respeito da extração de ouro na atualidade:

UNI

Novo ciclo brasileiro do ouro

Vivian Oswald

Quatro séculos depois do ciclo do ouro que encheu os olhos da Coroa Portuguesa e levou brasileiros e estrangeiros atrás do enriquecimento rápido, o Brasil está diante da maior corrida de todos os tempos pelo metal. Novos equipamentos sofisticados já permitem às gigantes estrangeiras que dominam o mercado nacional chegar ao que poderia ser chamado de "o pré-sal da mineração". No Centro-Oeste e no Norte, minas até então intocadas tornaram-se economicamente viáveis, assim como outras consideradas esgotadas em Minas Gerais e no Nordeste.

Tudo isso graças ao aumento, em todo o planeta, da demanda pelo ouro – cuja cotação deu um salto de 540% na última década – estimulada pelo crescimento econômico mundial, sobretudo da China, e pela necessidade dos países de acumular o metal, que é considerado um dos ativos financeiros mais confiáveis do mundo. [...] Se a crise financeira global de 2008 impôs um ritmo bem menos acelerado às economias desenvolvidas, o que, em tese, diminuiria a demanda pelo ouro, ela acabou por ajudar a desvalorizar o dólar e pressionar os preços do metal, considerado historicamente porto seguro pelos investidores. Os bancos centrais mundiais nunca compraram tanto ouro para manter em suas reservas internacionais desde a década de 80. A escalada dos preços viabilizou novos investimentos milionários em pesquisas e tecnologia.

No passado, o ouro brotava da terra, ou dos rios, e retirá-lo não exigia muito esforço. Hoje ele é encontrado em profundidades de até quatro mil metros na África do Sul, mas já está em 2.500 metros no Brasil. Máquinas sofisticadas são capazes de extrair menos de um grama de ouro de uma pedra de uma tonelada, ou seja, algo equivalente a um automóvel de passeio.

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TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

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Isso explica o motivo de o Brasil, que já foi o maior produtor do mundo, mas perdeu posições no passado recente, ter voltado ao páreo e estar em 13 lugar na lista dos grandes globais. Em 2010, produziu 62 toneladas nos garimpos legais, o maior volume da década, e se prepara para dobrar a marca. O maior produtor do mundo é a China, com 341 toneladas/ano, seguida por Austrália (259 toneladas), Estados Unidos (240 toneladas) e África do Sul (192 toneladas). A produção brasileira é muito pequena, apenas 12% de seu potencial. [...]

A expectativa do governo e de especialistas é que justamente a tecnologia deverá mudar este quadro e alçar o Brasil ao topo da lista novamente. Em vez dos tradicionais garimpos artesanais que enchiam de mercúrio os rios brasileiros, o país já tem 93,7% da sua produção feita de maneira industrial, segundo o DNPM [...]. FONTE: Jornal O Globo. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/novo-ciclo-

brasileiro-do-ouro-3278029>. Acesso em: 20 ago. 2018.

Com relação à distribuição espacial da atividade de extração do ouro, dados do documento intitulado Sumário Mineral revelam que:

Em 2015, o Brasil produziu cerca de 85 t de ouro (sendo 71,2 toneladas de ouro primário), posicionando-se como 11º maior produtor mundial. As maiores empresas no país foram: AngloGold Ashanti, Kinross, Yamana/Briogold, VALE, Beadell, Jaguar, Apoema/Aura, Aurizona, Caraíba/NxGold, Carpathian, Serabi, Troy e Tabipora. Considerando somente a produção de ouro primário, Minas Gerais continua como destaque na produção nacional, com 46,00%, seguido por Pará (16,94%), Goiás (14,89), Mato Grosso (6,1149%), Bahia (7,50%), Amapá (5,52%) e Maranhão (1,75%) (BRASIL, 2018, p. 84) (grifo nosso).

5 CICLO DO ALGODÃO

O ciclo do algodão se estendeu entre o século XVIII até o começo do XIX. A principal característica do período foi a produção expressiva de algodão nos estados de Pernambuco, Bahia, São Paulo e Ceará. A produção estava voltada para o mercado externo, principalmente Europa e Estados Unidos. Esta matéria-prima estava relacionada ao desenvolvimento industrial, principalmente da indústria fabril, que estava em ascensão nos referidos países (HISTÓRIA DO BRASIL, 2018).

No contexto da economia colonial, o algodão surge como mais um produto agrícola que se estabeleceu nas bases do trabalho escravo, da grande propriedade e da monocultura voltada para o mercado externo. [...] O Maranhão foi a principal área produtora de algodão da Colônia esse período [...] (ABREU; BARROS, 2009, p. 55).

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

150

FIGURA 5 – CICLO DO ALGODÃO

FONTE: <http://historiainte.blogspot.com/2014/05/o-ciclo-do-algodao.html>. Acesso em: 20 ago. 2018.

Dados da Sociedade Nacional da Agricultura (2015) anunciam que:

O Brasil é o terceiro maior exportador de algodão do mundo. [...] Os principais países importadores foram Indonésia, Vietnã e Coreia do Sul. No Brasil, o algodão é produzido principalmente nos estados de Mato Grosso, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Maranhão. Como 5º produtor, atrás de China, Índia, Estados Unidos e Paquistão, o País produziu 1.467 milhão de toneladas na safra 2014/2015 (SNA, 2015, p. 1).

No mapa exposto a seguir estão evidenciadas as Unidades Federativas

que concentram a produção de algodão no Brasil no período atual.

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TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

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FIGURA 6 – UNIDADES FEDERATIVAS ONDE SE CONCENTRA A PRODUÇÃO DE ALGODÃO

FONTE: <http://www.abrapa.com.br/Paginas/dados/area-estado-algodao_backup2017.aspx>. Acesso em: 20 ago. 2018.

Conforme se observa no mapa, os estados produtores de algodão no Brasil estão situados em uma espécie de cinturão que abarca unidades federativas próximas entre si. Esta proximidade é decorrente das condições climáticas favoráveis para o cultivo do algodão encontrada em tais áreas.

6 CICLO DA BORRACHA

Outra importante atividade econômica na formação econômica do Brasil foi a extração do látex, que ficou conhecida como o Ciclo da Borracha. Acompanhe as características deste ciclo a seguir:

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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UNI

CICLO DA BORRACHA

Período da história econômica do Brasil marcado pela grande atividade de extração de látex da borracha nos seringais da Amazônia, para exportação. Essa atividade atingiu seu apogeu na primeira década do século XX, quando o Brasil era o maior produtor mundial do látex, que respondia por 26% do valor das exportações nacionais. A valorização da borracha no mercado internacional decorria do desempenho da indústria automobilística na Europa e nos Estados Unidos, o que intensificou a procura de matéria-prima para a produção de pneus. O predomínio brasileiro na produção passou a declinar depois que os ingleses iniciaram a cultura da seringueira no Oriente sobretudo na Tailândia e em Cingapura. Em 1914, o Brasil respondia apenas por metade da produção, e, em 1930, contribuía somente com 3%.

FONTE: <http://sinus.org.br/2014/wp-content/uploads/2013/11/FMI.BMNov%C3%ADssimo-Dicion%C3%A1rio-de-Economia.pdf>. Acesso em: 10 ago. (grifo nosso).

FIGURA 7 – CICLO DA BORRACHA

FONTE: <http://historiainte.blogspot.com/2014/05/o-ciclo-do-algodao.html>. Acesso em: 20 ago. 2018.

Saindo do período colonial e saltando para a atualidade, o mapa apresentado a seguir evidencia a relação entre a produção e o consumo da borracha em diversos países:

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TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

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FIGURA 8 – RELAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO E CONSUMO DA BORRACHA NO PLANO GLOBAL

FONTE: <http://www.iac.sp.gov.br/areasdepesquisa/seringueira/importancia.php>. Acesso em: 20 ago. 2018.

No mapa da produção e consumo da borracha é possível verificar que a produção mundial se concentra em poucos países, sendo liderada pela Tailândia e seguida pela Indonésia. Verifica-se também que vários países precisam importar esta matéria-prima, tendo em vista que não produzem este insumo. No caso do Brasil, é importante realçar que a quantidade de toneladas de borracha produzida é insuficiente para suprir o consumo interno.

Considerando a produção interna, o gráfico, a seguir, evidencia os principais estados brasileiros produtores de borracha natural no ano de 2016.

Produção mundial11,327mil toneladas

Consumo mundial11,005mil toneladas

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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GRÁFICO 3 – PRINCIPAIS ESTADOS BRASILEIROS PRODUTORES DE BORRACHA NATURAL (2016)

FONTE: <http://borrachanatural.agr.br/cms/index.php?option=com_con-tent&task=view&id=25710&Itemid=10>. Acesso em: 20 ago. 2018.

Borracha natural

Produção (mil toneladas)

Em termos percentuais, São Paulo é o principal estado produtor da commodity, com 57,8%, seguido de Bahia (12,7%), Minas Gerais (8,1%), Mato Grosso (7,5%) e Goiás (6,0%) (BORRACHA BRASILEIRA, 2016).

7 CICLO DO CAFÉ

Para finalizarmos a trajetória dos principais ciclos da história econômica brasileira, iremos discorrer sobre o ciclo do café.

CICLO DO CAFÉ

Período da história econômica do Brasil, compreendido entre 1830 e 1930, marcado pelo desenvolvimento da cultura do café, produto dominante no comércio exterior do país e motivador da expansão da fronteira agrícola na época. Introduzido no Brasil por volta de 1727, o cultivo do café atingiu um peso significativo no conjunto da economia nacional em meados do século XIX, quando se tornou o principal produto de exportação. Contribuíram para isso o declínio da economia açucareira do Nordeste, a ruína da cultura do algodão e a decadência da mineração, que liberaram grandes contingentes de mão-de-obra escrava e recursos financeiros para serem empregados em atividades mais lucrativas. Ao mesmo tempo ocorria um aumento da demanda de café na Europa e nos Estados Unidos, e a ruína da agricultura cafeeira em Java (devido a uma praga) e no Haiti (por levantes de escravos), fatos que contribuíram para transformar o Brasil no maior fornecedor do mercado mundial (desde 1840). Até 1870, o principal centro de comercialização

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TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

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e exportação do produto foi o Rio de Janeiro, pois a principal área produtora era o vale do rio Paraíba. Com o esgotamento das possibilidades agrícolas da região, a expansão da cultura do café deslocou-se para o Oeste paulista (região de Campinas), atingindo em seguida o Oeste novo, rumo a Ribeirão Preto e Araraquara. Então, Santos tornou-se o principal centro exportador do produto e expandiram-se as ferrovias. O desenvolvimento da economia cafeeira em São Paulo teve profundas consequências para o conjunto da sociedade brasileira. A necessidade de mão-de-obra provocou o incremento à imigração de europeus (paralelamente à desagregação do trabalho escravo) e as riquezas acumuladas na comercialização do café proporcionaram a ampliação, sem precedentes, das atividades industriais, comerciais e financeiras. No plano político, implantou-se a hegemonia de São Paulo, cujo papel foi decisivo na proclamação da República. [...]

FONTE: Novíssimo dicionário de economia, p. 94. Disponível em: <http://sinus.org.br/2014/

wp-content/uploads/2013/11/FMI.BMNov%C3%ADssimo-Dicion%C3%A1rio-de-Economia.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2018 (grifo nosso).

O cultivo do café continua sendo relevante para a economia nacional e na atualidade, a atividade retoma um ritmo de ascensão, conforme evidencia o gráfico a seguir:

GRÁFICO 4 – EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE CAFÉ ENTRE 1991 E 2013

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>. Acesso em: 20 ago. 2018.

No que diz respeito à distribuição espacial das áreas de cultivo de café no Brasil, acompanhe o mapa a seguir:

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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FIGURA 9 – BRASIL: PRODUÇÃO MUNICIPAL DE CAFÉ EM 2013

Observe no mapa como permanece expressiva a concentração de produtores de café nos estados da Região Sudeste, com destaque para os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. Uma novidade espacial, no que diz respeito à produção de café na atualidade, diz respeito a participação do Estado no Rondônia no quadro de produtores.

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>. Acesso em: 20 ago. 2018.

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157

Neste tópico, você aprendeu que:

• A exploração do pau-brasil foi a primeira atividade econômica de relevância do Brasil.

• A coleta do pau-brasil caracterizava-se como uma atividade apenas extrativa, consistia na coleta da madeira e sua remessa para a metrópole, a qual era utilizada em marcenaria de luxo, fabricação de violinos, indústria naval e, principalmente, como corante.

• O ciclo da cana-de-açúcar foi o período da história econômica do Brasil em que a cultura açucareira era a principal atividade produtiva da colônia.

• Na metade do século XVII, o Brasil era o maior produtor mundial de açúcar, mas gradativamente perdeu essa posição para as concorrentes mundiais.

• O cultivo da cana-de-açúcar gerava um montante expressivo de lucro para a Coroa e, além disso, colaborava com o objetivo de concretizar a colonização portuguesa no Brasil.

• O cultivo mecanizado da cana requer certos tipos de relevo, a determinada distância da usina, sendo que esta precisa estar próxima de fontes hídricas e também, preferencialmente, dos centros de comercialização.

• No âmbito da geografia econômica, observa-se que a dinâmica espacial do cultivo da cana-de-açúcar sofreu importantes alterações espaciais ao longo de sua história.

• O ciclo do ouro foi o período da história colonial do Brasil, entre o final do século XVII e o final do século XVIII, em que a extração de ouro e diamantes teve decisiva importância econômica.

• Durante o ciclo do ouro, cerca de dois terços das lavras se concentravam em Minas Gerais, com o restante distribuído em Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia.

• A exploração do ouro determinou um rápido crescimento da população brasileira e sua interiorização.

• A Conjuração Mineira, também conhecida como Inconfidência Mineira, foi um movimento de caráter separatista, ocorrido em Minas Gerais no ano de 1789, cujo principal objetivo era libertar o Brasil do domínio português.

RESUMO DO TÓPICO 1

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• O ciclo do algodão se estendeu entre o século XVIII até o começo do XIX. A principal característica do período foi a produção expressiva de algodão nos estados de Pernambuco, Bahia, São Paulo e Ceará. A produção estava voltada para o mercado externo, principalmente Europa e Estados Unidos.

• Atualmente, o Brasil é o terceiro maior exportador de algodão do mundo.

• O ciclo da borracha foi o período da história econômica do Brasil marcado pela grande atividade de extração de látex da borracha nos seringais da Amazônia, para exportação. Essa atividade atingiu seu apogeu na primeira década do século XX, quando o Brasil era o maior produtor mundial do látex.

• O ciclo do café foi o período da história econômica do Brasil, compreendido entre 1830 e 1930, marcado pelo desenvolvimento da cultura do café, produto dominante no comércio exterior do país e motivador da expansão da fronteira agrícola na época.

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1 (UFRJ) Para garantir a posse da terra, Portugal decidiu colonizar o Brasil, mas para isso, seria preciso desenvolver uma atividade econômica lucrativa. A solução encontrada foi implantar em certos trechos do litoral:

a) ( ) A produção açucareira.b) ( ) A exploração do ouro.c) ( ) A extração do pau-brasil.d) ( ) A criação de gado.e) ( ) O comércio de especiarias.

2 Qual era a estrutura básica da produção de açúcar implantada por Portugal no Brasil?

a) ( ) Policultura, trabalho assalariado e grande propriedade.b) ( ) Monocultura, trabalho escravo e pequena propriedade familiar.c) ( ) Monocultura, trabalho assalariado e pequena propriedade familiar.d) ( ) Monocultura, trabalho escravo e grande propriedade.e) ( ) Policultura, trabalho escravo e grande propriedade.

3 (UNIRIO) A história econômica e social do Brasil Colonial está pontilhada de crises de abastecimento que podem ser explicadas por:

a) ( ) Desvio da produção de alimentos para o consumo das tropas e abastecimento do Oriente.

b) ( ) Maior atenção e investimento nos setores extrativos da economia colonial, durante o primeiro século da colonização.

c) ( ) Predominância dos setores voltados para a produção de exportação.d) ( ) Baixa produtividade das lavouras indígenas responsáveis pelo

abastecimento das cidades.e) ( ) Constantes ataques de piratas, que paralisavam a importação de

gêneros alimentícios da Europa.

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 2

O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA

ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA

BRASILEIRA

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste tópico é caracterizar a geografia econômica do Brasil no período atual, no que diz respeito ao uso do espaço destinado às atividades agropecuárias. A definição de agropecuária abarca o conjunto de atividades primárias, associada ao cultivo de plantas (agricultura) e à criação de animais (pecuária) para o consumo humano ou para o fornecimento de matérias-primas na fabricação de roupas, medicamentos, biocombustíveis etc. Esse segmento da economia é dos elementos que compõem o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar (FRANCISCO, 2010).

Tanto a agricultura quanto a pecuária compõem o setor primário da economia e historicamente, constituem-se em uma prática primordial para o desenvolvimento das sociedades. A agricultura transforma o espaço geográfico. Trata-se de uma prática econômica que consiste no uso dos solos para cultivo de vegetais com o intuito de garantir a subsistência alimentar do ser humano, bem como produzir matérias-primas que são transformadas em produtos secundários em outros campos da atividade econômica (PENA, 2014).

2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA AGRICULTURA BRASILEIRA

No contexto da geografia econômica do Brasil é relevante a participação da agricultura e da agropecuária na composição da economia nacional. Especificamente, a “agricultura e o agronegócio no Brasil contribuíram com 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2017” (G1, 2017). Ainda num plano geral, observa-se que:

Nos últimos anos, o Brasil consolidou sua posição como um dos maiores produtores e fornecedores de alimentos e fibras para o mundo. Sua participação crescente no comércio internacional de produtos do agronegócio é resultado de uma combinação de fatores, como investimento em tecnologia e pesquisa, extensão territorial agricultável, clima propício e capacidade empreendedora, além de elevados investimentos e regulamentação em sanidade e qualidade dos produtos. Também contribuiu para essa conquista a integração das cadeias produtivas, englobando fornecedores de insumos, produtores, indústrias processadoras, distribuidores e prestadores de serviços (BRASIL, 2017) (grifo nosso).

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

Partindo para uma leitura geográfica mais pormenorizada da atividade agrícola no Brasil, é necessário entendermos que a área agrícola brasileira pode ser dividida em dois tipos de lavoura: cultura permanente e cultura temporária.

No primeiro caso, as plantas levam mais de um para produzir; podem ser retiradas após a primeira colheita ou permanecem produtivas, como as árvores frutíferas. Já as lavouras temporárias são formadas por plantas com ciclo de vida curto, que precisam ser replantadas todos os anos (TERRA; ARAÚJO; GUIMARÃES, 2015, p. 248).

Feito este esclarecimento, observe, nos mapas a seguir, a distribuição espacial das principais lavouras permanentes no Brasil.

FIGURA 10 – COLEÇÃO DE MAPAS: PRINCIPAIS LAVOURAS PERMANENTES NO BRASIL, PRODUÇÃO MUNICIPAL EM 2013

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>. Acesso em: 27 ago. 2018.

Banana LaranjaPlantio de banana

Plantio de banana

Maçã Manga Tangerina

Mamão Uva Coco

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TÓPICO 2 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

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Note como é relevante a produção de frutas no Brasil. A distribuição de cada tipo de plantio está condicionada às condições climáticas de cada região. Observe por exemplo, como é expressivo o cultivo de banana na faixa entre os estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo e como o cultivo desta espécie espraia-se pelo Brasil (ainda que com uma concentração menor). A produção de maça, por sua vez, apresenta um padrão de localização bastante pontual. Ainda quanto à produção de frutas no Brasil, nota-se que:

Em função do privilegiado clima brasileiro, é possível cultivar em todo o País frutas tropicais, subtropicais e temperadas, com polos produtivos já consolidados de laranja, mamão, banana, abacaxi, abacate, castanha-de-caju, coco, cacau, limão, caju, manga, maçã, maracujá, melão, goiaba, uva, pêssego, melancia, caqui e figo [...] Mas o grande destaque brasileiro no setor é a laranja: o País é o maior produtor e exportador mundial de suco dessa fruta [...] O Brasil conta ainda com a vantagem locacional de estar situado no hemisfério sul, onde se podem produzir frutas em períodos diferentes dos principais mercados consumidores mundiais.

Em termo comparativos, o Brasil ocupou a terceira colocação na produção mundial de frutas em 2012, conforme se verifica na figura a seguir:

FIGURA 11 – PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE FRUTAS

FONTE: <http://www.sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2015/11/Panorama-do-mercado-de-fruticultura-no-Brasil.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2018.

E quais frutas são as mais exportadas? Observe na sequência:

Principais produtores mundiais*

*Produção em milhões de toneladas, conforme dados de 2012 da Organização das Nações Unidas para

Alimentação e Agricultura (FAQ).

China137,06

Índia71,07

Brasil38,06

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

196.850 133.033 92.301 83.944 44.294 33.688 30.682 28.347

Manga

Melão

Banana

MaçãUvaMelancia

Limão e Lima

Mamãopapaia

Frutas mais exportadas em 2014 (em toneladas)

Juntas, estas oito frutas respondem por mais de 95% das exportações brasileiras em 2014.

Outras frutas menos exportadas: Laranja, Abacate, Abacaxi, Figo, Coco, Caqui, Goiaba, Tangerina, Mangostão, Ameixa, dentre outros.

FIGURA 12 – FRUTAS MAIS EXPORTADAS EM 2014

FONTE: <http://www.sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2015/11/Panorama-do-mercado-de-fruticultura-no-Brasil.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2018.

Vale realçar que em se tratando de frutas processadas, a exportação do suco de laranja merece destaque.

FIGURA 13 – EXPORTAÇÃO SUCO DE LARANJA

FONTE: <http://www.sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2015/11/Panorama-do-mercado-de-fruticultura-no-Brasil.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2018.

Para as frutas processadas, o suco de laranja continua sendo

o grande destaque, com um total de 1,9 milhão de toneladas exportadas em 2014.

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TÓPICO 2 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

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A respeito do cultivo de culturas temporárias, o Brasil apresenta a seguinte distribuição espacial:

FIGURA 14 – COLEÇÃO DE MAPAS: PRINCIPAIS LAVOURAS PERMANENTES NO BRASIL, PRODUÇÃO MUNICIPAL EM 2013

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>. Acesso em: 27 ago. 2018.

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

Conforme se verifica nos mapas acima, consideram-se bastante diversificadas as lavouras temporárias cultivadas no Brasil. O padrão de distribuição espacial é bastante variado entre cada uma das espécies selecionadas. Enquanto o cultivo de trigo, por exemplo, encontra-se majoritariamente concentrado na Região Sul, o plantio de mandioca, por sua vez, abarca todas as regiões do Brasil.

Outro produto de relevante contribuição no panorama da agricultura brasileira é a soja. A produção da soja no Brasil segue em ritmo de expansão, conforme se observa no gráfico que segue:

GRÁFICO 45 – QUANTIDADE DE SOJA PRODUZIDA NO BRASIL – 1991-2013

Quantidade de soja produzida no Brasil – 1991-2013

(milh

ões

de t)

90

80

70

60

50

40

30

20

10

1991 1995 1991 20071993 1999 20051997 2003 2009 201320110

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>. Acesso em: 27 ago. 2018

Observe no texto a seguir as principais características da produção de soja no Brasil.

UNI

Produção da soja no Brasil A sojicultura é a grande responsável pelo recente crescimento da agricultura brasileira. Atualmente, o País é o segundo maior produtor mundial e lidera as exportações do complexo soja – grão, farelo e óleo.

A soja é cultivada em 17 dos 27 estados brasileiros, envolve 240 mil produtores e alcança uma produção anual de 50 milhões de toneladas – um quinto da produção global. Ela responde por 12% das exportações brasileiras, ou 25% das exportações do agronegócio, gerando US$10 bilhões anuais em receita cambial. A indústria nacional transforma, por ano, cerca

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TÓPICO 2 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

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de 30 milhões de toneladas dessa oleaginosa, produzindo 8 milhões de toneladas de óleo comestível e 22 milhões de toneladas de farelo proteico, contribuindo para a competitividade nacional na produção de carnes, ovos e leite.

O cultivo da soja no cerrado, região até há pouco tempo considerada inóspita à agricultura comercial, tornou-se possível graças aos resultados obtidos pelas pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com produtores, industriais e centros privados de pesquisa. Outro resultado foi o aumento da produtividade média, atingindo os maiores índices mundiais, superando os 3 mil kg por hectare.

A soja e o farelo de soja brasileiros possuem alto teor de proteína, padrão de qualidade premium, o que permite sua entrada nos exigentes mercados da União Europeia e do Japão (...).

A soja é, ainda, ótima alternativa para a fabricação do biodiesel, combustível capaz de reduzir em 78% a emissão dos gases causadores do efeito estufa. O cultivo de soja no Brasil busca encontrar um padrão ecologicamente responsável com o uso de práticas de agricultura sustentável. Entre elas, destacam-se o sistema de integração da lavoura com a pecuária e a utilização da técnica de plantio direto. A terra é, assim, usada de forma intensiva e com menor impacto ambiental, o que reduz a pressão pela abertura de novas áreas e contribui para a preservação do meio ambiente.

FONTE: <www.agricultura.gov.br/...internacionais/.../LAMINAS_0-ilovepdf-compressed.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2018.

Concernente à localização espacial das áreas produtoras de soja no Brasil, é pertinente realçar que por estar distribuída em um amplo espectro de unidades federativas – 17 dos 27 estados – as áreas produtoras perpassam domínios fitoecológicos, conforme fica evidente no mapa exposto a seguir:

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

FIGURA 17 – DISTRIBUIÇÃO DA SOJA EM DIFERENTES DOMÍNIOS FITOECOLÓGICOS, EM 2013

Domínios fitoecológicos

Campinarana

Estepe

Floresta estacional

Floresta ombrófila aberta

Floresta ombrófila densa

Floresta ombrófila mista

Formações pioneiras

Savana

Savana estépica

Tensão ecológica

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>. Acesso em: 27 ago. 2018.

Observe que o maior produtor brasileiro de soja é o estado do Mato Grosso. A segunda posição é ocupada pelo estado do Paraná e, em terceiro lugar, está o estado do Rio Grande do Sul.

3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTCAS DA PECUÁRIA NO BRASIL

Após examinarmos o panorama das principais atividades agrícolas do Brasil, vamos nos debruçar sobre a análise da pecuária sob o prisma da geografia econômica. Para começar, vamos a algumas definições conceituais:

O que é pecuária?

A Pecuária é o conjunto de processos técnicos usados na domesticação de animais para obtenção de produtos com objetivos econômicos. Também é conhecida como criação animal. A pecuária é mais antiga do que a agricultura. Apesar do significado do nome estar relacionado à cabeça de gado, (...) a pecuária tem um sentido mais amplo, que inclui a criação animal desde abelhas a búfalos.

Produção municipal(1 000 t)

10,0 a 100,0100,1 a 250,0250,1 a 500,0500,1 a 1 840,8

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TÓPICO 2 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

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A produção animal é a principal fonte de proteína para a população humana, e tem grande valor econômico e estratégico para os países. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de carnes, garantindo saldos significativos na nossa balança comercial.

Os produtos da pecuária podem ser:

1. Originados de animais vivos – são classificados em:

Produtos primários – leite, ovos, mel, cera de abelhas e fibras de origem animal.

Produtos processados – são aqueles derivados de produtos primários, ou

seja, industrializados: leite em pó, ovo desidratado etc. 2. Originados de animais abatidos – são classificados em:

Produtos primários – Produtos originados diretamente dos animais abatidos, incluindo a carne, os miúdos, as gorduras cruas, couro cru e peles.

Produtos processados – Estes são derivados de processamento de produtos primários e incluem salsichas, toucinho e couros curtidos.

FONTE: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/instrumentos_de_coleta/doc3558.pdf>. Acesso em 29 ago. 2018.

Vamos entender um pouco melhor como estão espacialmente distribuídas as atividades pecuárias no Brasil? Para tanto selecionamos as principais espécies que são criadas no país e verificamos em quais regiões elas se concentram, observe:

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170

UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

FIGURA 16 – PECUÁRIA NO BRASIL: DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES POR REGIÕES

FONTE: <https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/11/22/4-d%C3%A9cadas-de-expans%C3%A3o-pecu%C3%A1ria-no-Brasil-em-mapas>. Acesso em: 29 ago. 2018.

Note como a distribuição das espécies pelas regiões é distinta: enquanto o rebanho suíno se concentra majoritariamente na Região Sul, no Nordeste o destaque fica por conta dos rebanhos de ovinos e caprinos. Observe no mapa, a distribuição do rebanho suíno.

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TÓPICO 2 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

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FIGURA 17 – PRODUÇÃO DE SUÍNOS NO BRASIL

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>. Acesso em: 27 ago. 2018.

Principais regiões produtoras de suínas(1 000 porcos)

Ciração de porcos

100,0 a 500,0500,1 a 1 000,01 000,0 a 2 129,0

Veja como é expressiva a área de produção de suínos na porção oeste do estado de Santa Catarina e nas áreas vizinhas, também na parte oeste do Paraná e do Rio Grande do Sul. Acerca da produção de suínos no Brasil, cumpre realçar que:

A modernização da suinocultura brasileira começou nos anos 70, com a implementação da integração entre suinocultores e indústria frigorífica processadora na região Sul do País, mais especificamente no oeste do estado de Santa Catarina. De lá para cá, a atividade se expandiu, ampliando em direção à fronteira agrícola do Cerrado, onde a oferta de grãos é maior e consequentemente os preços mais competitivos. O perfil do produtor nesta nova região também é outro. Enquanto no Sul prevalecem os pequenos produtores e muitas vezes de ciclo completo, na região Centro-Oeste, as granjas são bem maiores e segmentadas em módulos de produção. Esta nova estrutura produtiva proporciona a especialização e maior controle sanitário [...] As exportações brasileiras de carne suína apresentaram um surpreendente crescimento de dez vezes na última década, sendo o grande responsável pelo aumento produtivo que atualmente chega próximo às três milhões de toneladas; porém, para que o setor possa continuar apresentando elevadas taxas de crescimento, o grande desafio atual é a ampliação de acesso a novos mercados, principalmente aos protegidos pelos países desenvolvidos (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E DESENVOLVIMENTO, 2018, p. 13) (grifo nosso).

Retomando os dados do gráfico, por sua vez, o rebanho de búfalos concentra-se predominantemente na Região Norte. Outro realce é a expressiva concentração do rebanho bovino na Região Centro-Oeste. Observe de maneira mais detalhada no mapa que embora a participação da Região Centro-Oeste seja expressiva, o rebanho bovino está espalhado por todas as regiões brasileiras.

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172

UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>. Acesso em: 27 ago. 2018.

FIGURA 18 – REBANHO BOVINO NO BRASIL

Principais regiões com rebanho bovino(1 000 cabeças)

200 a 400

1 701 a 3 673801 a 1 700401 a 800

Com relação à produção de bovinos, é pertinente realçar que a atividade desempenha relevante papel na balança comercial brasileira contribuindo com as exportações. Neste sentido,

O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e esta produção é uma das principais atividades da economia brasileira. Em 2016, a receita atingiu os US$ 5,3 bilhões. Em fazendas e frigoríficos, a pecuária de corte, como é conhecida a produção de carne, emprega 1,6 milhões de pessoas. Atualmente, o rebanho brasileiro é de 215 milhões de cabeças de gado. O número é maior que o da população brasileira, que passou dos 207 milhões de pessoas em 2017, segundo dados do IBGE (PORTAL G1, 2017).

Por sua vez, a produção de aves está predominantemente concentrada nas regiões Sul e Sudeste, como nos revela o mapa a seguir.

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TÓPICO 2 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

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FIGURA 19 – ABATE DA CARNE DE FRANGO NO BRASIL EM 2017

FONTE: <http://abpa-br.com.br/storage/files/relatorio-anual-2018.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2018.

A respeito da produção de carne de frango no Brasil, ela visa atender tanto ao mercado interno quanto ao externo, como nos mostra o gráfico a seguir.

FIGURA 20 – DESTINO DA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE DE FRANGO

FONTE: <http://abpa-br.com.br/storage/files/relatorio-anual-2018.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2018.

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174

Neste tópico, você aprendeu que:

• É relevante a produção de frutas no Brasil. A distribuição de cada tipo de plantio está condicionada às condições climáticas de cada região.

• O País é o maior produtor e exportador mundial de suco de laranja.

• Consideram-se bastante diversificadas as lavouras temporárias cultivadas no Brasil.

• A sojicultura é a grande responsável pelo recente crescimento da agricultura brasileira. Atualmente, o País é o segundo maior produtor mundial e lidera as exportações do complexo soja – grão, farelo e óleo.

• Sobre a localização espacial das áreas produtoras de soja no Brasil, é pertinente realçar que por estar distribuída em um amplo espectro de unidades federativas – 17 dos 27 estados.

• A pecuária é o conjunto de processos técnicos usados na domesticação de animais para obtenção de produtos com objetivos econômicos.

• O rebanho suíno concentra-se majoritariamente na Região Sul.

• No Nordeste, o destaque fica por conta dos rebanhos de ovinos e caprinos.

• A modernização da suinocultura brasileira começou nos anos 1970, com a implementação da integração entre suinocultores e indústria frigorífica processadora na Região Sul do País, mais especificamente, no oeste do estado de Santa Catarina.

• O rebanho de búfalos concentra-se predominantemente na Região Norte.

• O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e esta produção é uma das principais atividades da economia brasileira.

RESUMO DO TÓPICO 2

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175

AUTOATIVIDADE

1 Dentro do agronegócio, uma área na qual o Brasil se destaca é a produção de frutas, chamada de fruticultura. A respeito da fruticultura no Brasil, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A distribuição de cada tipo de plantio está condicionada às condições climáticas de cada região.

b) ( ) A produção de bananas concentra-se majoritariamente na Região Norte.c) ( ) O Brasil é líder na exportação de suco de uvas. d) ( ) A distribuição de cada tipo de plantio varia conforme as determinações

sanitárias vigentes.

2 No mundo todo a produção de frutas vem aumentando, bem como o interesse da população em consumi-las. Acerca da produção de frutas no Brasil, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O Brasil conta com a vantagem locacional de estar situado no

hemisfério sul, onde se podem produzir frutas em períodos diferentes dos principais mercados consumidores mundiais.

b) ( ) Diferente de seus concorrentes internacionais, no Brasil é discreta a variedade na produção de frutas, já que as lavouras estão concentradas na região Centro-Oeste.

c) ( ) O Brasil sofre com o fato de estar situado no hemisfério sul, onde a produção de frutas concentra-se nas safras de maio/junho de novembro/dezembro, período reconhecido pelo aumento relevante das chuvas.

d) ( ) A fruta mais exportada pelo Brasil, em termos de volume, é a maçã, sendo o Ceará o maior produtor e exportador da fruta.

3 ENADE 2008 - Analise as asserções a seguir.

No século XX, os aos 1970, no Brasil, foram marcados pela modernização da agricultura, influenciados pelo desenvolvimento do capitalismo agrário, pela expansão das fronteiras agrícolas para o Centro-Oeste e pela intensificação dos movimentos sociais para o campo,

PORQUE

houve, nessa época, a inserção de tecnologias para a agricultura de precisão, ampliação do acesso ao crédito agrícola e a forte mecanização em substituição à mão de obra tradicional.

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176

Acerca dessas asserções, assinale a opção CORRETA:

a) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.

b) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma justificativa da primeira.

c) ( ) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.

d) ( ) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.

e) ( ) As duas asserções são proposições falsas.

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177

TÓPICO 3

O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA

ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL

BRASILEIRA

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico iremos examinar as principais características das atividades industriais distribuídas pelo país. É pertinente mencionar que o processo de globalização repercutiu na economia brasileira sobretudo, a partir da década de 1980. Terra, Araújo e Guimarães (2015) ressaltam que antes da década de 1980, o modelo econômico nacional era baseado na política de substituição de importações, caracterizada por um protecionismo do mercado que, em tese, estaria pautado no aumento da produção industrial interna e na diminuição das importações. Esta política econômica tinha forte intervenção do Estado que impunha barreiras alfandegárias aos mercados externos.

A respeito do início do processo de industrialização brasileira, verifica-se que ele iniciou na Região Sudeste ao final do século XIX, em um momento histórico marcado pela ascensão da economia cafeeira, pela chegada de um expressivo número de imigrantes, pela abolição da escravatura e pela passagem do país da condição de Império para a de Estado republicano (INTERNA, 2018). Tais fatores foram fundamentais para que as atividades industriais pudessem ser desenvolvidas no país. Neste momento inicial, os estabelecimentos fabris predominantes eram representados pelos bens de consumo não duráveis, como as indústrias alimentares, têxteis, de vestuários e calçados, com vistas a atender ao mercado interno (INTERNA, 2018).

Neste tópico, vamos apresentar de modo resumido os principais eventos históricos atrelados a trajetória da indústria no Brasil e em seguida, identificaremos os principais padrões de localização industrial no Brasil.

2 BREVES APONTAMENTOS SOBRE A HISTÓRIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

Para iniciarmos o estudo da indústria brasileira, apontamos alguns aspectos históricos relevantes. Para isso, acompanhe os principais eventos históricos atrelados à história da industrialização brasileira.

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

178

Brasil: a economia e o território no século XIX

MateCacau

Café

FumoAlgodão

Ferrovia

Drogas do sertão e borrachaOuro e diamantes

ManausBelém

São Luis

Fortaleza

Recife

Maceió

Aracaju

Salvador

Vitória

Rio de JaneiroSantos

Florianópolis

Porto Alegre

São Paulo

Curitiba

Ouro Preto

GoiásCuiabá

Paraíba

Natal

Cana-de-açúcarPecuária

Limite dos Estados atuais

Brasil: a economia e o território no século XIX. Fonte: THÉRY, Hervé; MELLO, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005. p. 41.

Cidades e vilas

Fonte: baseado em Manoel Maurício de Albuquerque, Atlas histórico. © HT-2003 MGM-Libergéo

0 500 km

Impulso industrial

Cabe destacarmos, aqui, o fato de que, ao apontarmos o início de integração nacional e da industrialização do Brasil a partir de 1930 não estamos, de modo algum, desmerecendo a presença de um incipiente número de fábricas em nosso território, mas buscamos ressaltar que o fenômeno entendido como industrialização passa a ser uma preocupação governamental, incentivada e sistematizada, em seu primeiro momento, pelo Estado.

A crise do modelo agrário-exportador, em fins de 1929, é sentida, no Brasil ao longo da década de 1930. Assim, temos uma relativização deste padrão econômico. Ao passo que os cafezais apontavam um declínio assustador de rendimento, os capitais (lê-se, investimentos) antes alocados no setor primário passam a ter seu eixo de gravidade modificado para as atividades tipicamente urbanas e, em especial, no setor secundário. A crise do café gerou, assim, diversas condições para a industrialização brasileira.

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TÓPICO 3 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

179

Também estimulou a necessidade de produção de bens de consumo no país por conta da redução drástica das importações.

A concentração de riqueza na Região Sudeste, principalmente, no eixo Rio-São Paulo, faz com que haja também uma concentração de indústrias na região, destacando-se como pioneira na industrialização nacional. Diversos são os fatores, que concorreram a favor do fenômeno, conhecidos por formarem a chamada economia de escala (ou de aglomeração):

I. concentração de infraestrutura de energia, comunicação e, sobretudo, transportes;

II. concentração de mão de obra qualificada (lembrando a entrada de mão de obra estrangeira, em sua maior parte, já qualificada para os serviços fabris);

III. concentração de mercado consumidor;IV. rede bancária desenvolvida por conta da presença de centros de produção

de café.

A organização do espaço industrial brasileiro é, assim, melhor compreendida por meio da atuação de diferentes administrações públicas federais. Algumas administrações merecem destaque: Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, o período compreendido pela Ditadura Militar e, por fim, os governos Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.

Getúlio Vargas (1930-1945/1950-1954)

Caracterizado pela nacionalização da economia, em que foi adotado o modelo de Substituição das Importações, criando as chamadas indústrias de base necessárias para o impulso de outros ramos industriais. Foram criadas neste período a Companhia Siderúrgica Nacional, importante centro de produção de aço, a Companhia Vale do Rio Doce, atual Vale, empresa responsável pela exploração dos diversos minerais utilizados pelas indústrias e criou a Petrobras, importante produtora de energia. Cabe lembrar, também, a sistematização da Consolidação das Leis Trabalhistas, necessária para a organização das relações de trabalho que vinham sendo estabelecidas no país.

Juscelino Kubitschek (1956-1961)

JK, por sua vez, participa da organização do espaço industrial brasileiro por meio da internacionalização da economia. Tal prática política abriu espaço para a entrada de capitais.

Esse período é marcado pelo tripé da economia: capital estatal alocado em indústrias de base e em investimentos em comunicação, energia e transportes notadamente, ao passo que o capital privado nacional se concentrou no investimento de indústrias de bens de consumo não duráveis e o capital privado internacional voltado ao desenvolvimento de indústrias

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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de bens de consumo duráveis. O slogan “50 anos em 5” marcou o período em questão, em que foram edificadas altas taxas de crescimento econômico às custas da abertura da dívida externa.

GOVERNOS MILITARES

Os diversos presidentes que compunham o período militar, entre 1964 e 1985, apresentaram duas características marcantes: modernização da economia e autoritarismo político. A modernização da economia deu-se via aprofundamento da dívida externa, responsável pela experiência do Milagre Econômico (1968-73), quando o Brasil apresentou exorbitantes taxas de crescimento econômico, acima de 10% ao ano.

Ao longo dos governos militares, foram surgindo sinais de desgaste do modelo político-econômico adotado nesse período. A década de 1980 é conhecida, nesse contexto, como “a década perdida”, pois neste período o Brasil vivenciou os maiores índices de inflação, com constantes correções monetárias diárias e retração da atividade industrial.

COLLOR E FHC

A década de 1990 é marcada pela implementação do modelo político-econômico neoliberal na administração pública federal, em que surgem as ondas de privatizações de nossas estatais. Período em que há um processo de desregulamentação da economia por meio da flexibilização das leis trabalhistas, maior abertura do mercado nacional para produtos, capitais e serviços internacionais, além da redução de investimentos em setores sociais e criação de agências reguladoras.

A onda de desconcentração espacial das indústrias que já vinha sendo registrada desde a década de 1970 sofre um efeito catalisador a partir desse período, por meio da chamada Guerra Fiscal, em que cidades em vários pontos do Brasil oferecem incentivos, e até mesmo renúncias fiscais e financiamento do parque industrial de empresas, no intuito de hospedar empreendimentos.

FONTE: PORTAL GLOBO-EDUCAÇÃO. Industrialização brasileira: de Vargas a FHC. Disponível em: <http://educacao.globo.com/geografia/assunto/industrializacao/industrializacao-brasileira-

de-vargas-ao-periodo-neoliberal.html>. Acesso em: 30 ago. 2018.

3 A DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS INDÚSTRIAS

As atividades industriais são bastante relevantes no contexto da economia do país, conforme nos mostra o quadro a seguir:

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TÓPICO 3 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

181

FIGURA 21 – IMPORTÂNCIA INDUSTRIAL

A Importância da Indústria no Brasil

A indústria, como um todo, representa 21% do PIB do Brasil, mas responde por 51% das exportações, por 68% da pesquisa e desenvolvimento do setor privado e por 32% dos tributos federais (exceto receitas previdenciárias). Para cada R$ 1,00 produzido na indústria, são gerados R$ 2,32 na economia como um todo. Nos demais setores, o valor gerado é menor: R$ 1,67 na agricultura e R$ 1,51 no comércio e serviços.

maio/2018

A indústria contribui com 1,2 trilhão para a economia brasileira, e responde por:

A indústria de transformação contribui com 666 bilhões para a economia brasileira, e responde por:

da arrecadação de tributos federais (exceto receitas previdenciárias)

da arrecadação de tributos federais (exceto receitas previdenciárias)

da arrecadação previdenciária

da arrecadação previdenciária

FONTE: <http://www.portaldaindustria.com.br/estatisticas/importancia-da-industria/>. Acesso em: 30 ago. 2018.

No mapa exposto, observa-se a distribuição espacial das indústrias no Brasil.

FIGURA 22 – DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE EMPRESAS INDUSTRIAIS EXTRATIVAS E DA TRANSFORMAÇÃO

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>. Acesso em: 27 ago. 2018.

menos de 1 000

Número de empresas industriais extrativas e de transformação, por município

1 001 a 5 000

mais de 10 001

5 001 a 10 000

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

182

O mapa nos revela como ocorre a distribuição das empresas industriais extrativas e de transformação no Brasil, mas qual é a diferença entre indústria extrativa e de transformação?

UNI

UNI - Tipos de indústrias

Podemos dividir as indústrias em: 1) Indústrias extrativas É o tipo de indústria que extrai produtos da natureza, não provocando alterações em suas características. 

2) Indústrias de transformação É o tipo de indústria que transforma as matérias-primas, obtidas na natureza, em utensílios para o homem. 

Estão divididas em: Bens de produção ou indústria de base: é o tipo de indústria que transformam matéria-prima bruta para outras indústrias. Exemplo: siderúrgica, metalúrgica, naval, petroquímica, mecânica etc. 

Bens de consumo: é o tipo de indústria que destina a sua produção para o mercado consumidor, ou seja, para o consumo da população.

FONTE: <https://www.colegioweb.com.br/industria-de-transformacao/tipos-de-industrias.html>. Acesso em: 27 ago. 2018.

O mapa nos revela que a maior concentração de indústrias ocorre na Região Sudeste, sendo São Paulo o Estado que reúne o maior número de indústrias. Para examinarmos com mais detalhes qual é a participação da atividade industrial de cada estado na composição do PIB brasileiro, selecionamos os percentuais de participação dos dez Estados que ocupam as primeiras colocações desse ranking.

QUADRO 1 – PARTICIPAÇÃO DA ATIVIDADE INDUSTRIAL DAS UNIDADES FEDERATIVAS NA COMPOSIÇÃO DO PIB

Unidade Federativa Participação no PIB brasileiro (2015)1. São Paulo 31,5%2. Rio de Janeiro 10,8%3. Minas Gerais 8,9%4. Rio Grande do Sul 6,5%5. Paraná 6,3%6. Bahia 4,2%7. Santa Catarina 4,1%8. Distrito Federal 3,6%

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TÓPICO 3 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

183

FONTE: <http://perfildaindustria.portaldaindustria.com.br/ranking?cat=9&id=1754>. Acesso em: 30 out. 2018.

No mapa a seguir verifica-se a distribuição espacial de alguns setores relevantes da indústria brasileira.

9. Goiás 3,0%10. Pernambuco 2,6%

FIGURA 23 – MAPA COLEÇÃO: DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS SETORES INDUSTRIAIS NO BRASIL

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>. Acesso em: 27 ago. 2018.

• município com mais de 10 indústrias metalúrgicas

• município com mais de 1 indústrias de fabricação de produtos químicos

• município com mais de 10 indústrias de fabricação de produtos de madeira

• município com mais de 10 indústrias de fabricação de produtos têxteis

• município com mais de 10 indústrias de fabricação de máquinas e equipamentos

• município com mais de 10 indústrias de fabricação de produtos de minerais não metálicos

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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Note que, com exceção da indústria madeireira e de minerais não metálicos, é discreta a participação da Região Norte na concentração de atividades industriais. No caso da indústria química, perceba como este ramo industrial se concentra nas regiões Sul e Sudeste.

autoatividade

Quais são as atividades industriais típicas da região onde você mora? E do seu estado? Procure se informar e levantar informações sobre o panorama industrial da área em que você reside. Procure, também, descobrir quais transformações este ou estes setores têm sofrido na atualidade.

Como começamos este tópico levantando a trajetória histórica da industrialização no Brasil, analisaremos em seguida alguns cenários, análises e prospecções no que diz respeito ao futuro da indústria, de modo geral. O atual debate sobre quais serão os impactos das novas tecnologias no segmento industrial é abrangente e demanda reflexões. Por isso, selecionamos alguns aspectos para estimular a reflexão sobre o assunto.

UNI

Estudo mostra como os diferentes setores da economia serão afetados pela nova revolução tecnológica – e o que fazer para tirar proveito das inovações como inteligência artificial, drones e internet das coisas[...]

Como as principais indústrias estão se preparando:

AutomotivaA popularização do carro autônomo está tornando obsoleta a posse do carro, que passará a ser compartilhado. As empresas automotivas estão olhando para um futuro no qual não serão apenas fabricantes e vendedoras de carros – mas vão atuar com mobilidade sob demanda. As montadoras tradicionais estão vendo a entrada de competidores de outros setores (como empresas de tecnologia) investindo fortemente em serviços conectados, novos serviços de transporte e outros serviços.

Saúde e FarmáciaDispositivos de estilo de vida estão evoluindo, permitindo aos provedores de saúde e empresas farmacêuticas o acesso e compartilhamento de informações. No futuro, as pessoas poderão implantar chips de monitoramento da saúde. As informações coletadas são compartilhadas com um médico particular, por exemplo.

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TÓPICO 3 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

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EnergiaA indústria de energia está inserida em um ecossistema em desenvolvimento que passa por residências inteligentes e chega até uma gama diversificada de infraestrutura urbana. A popularização dos veículos elétricos, por exemplo, criará a necessidade de investimentos substanciais em infraestrutura e a oportunidade de usar veículos como uma fonte de armazenamento de energia em massa. Para avançar nesse mercado, as redes de serviços locais precisarão adotar modelos de negócios compartilhados. As empresas de energia têm potencial para capturar várias fontes de valor, mas enfrentarão a concorrência de vários outros players.

ManufaturaAs empresas que anteriormente fabricavam produtos com pouca tecnologia agora são capazes de adicionar sensores que permitem a manutenção preditiva em tempo real. Dessa maneira, fabricantes de máquinas, por exemplo, estão aptas a oferecer serviços de monitoramento, manutenção e renovação completa de equipamentos. Tais soluções integradas caracterizam-se por benefícios significativamente maiores para os clientes e revolucionarão as carteiras de produtos existentes e as relações de desempenho – e essas empresas deixam de serem apenas “vendedoras” de produtos para oferecerem serviços de maior valor agregado.

VarejoO setor de varejo estava na vanguarda das disrupções provocadas pelas novas tecnologias  digitais. Hoje, vê o desenvolvimento da internet das coisas revolucionar o relacionamento com os fabricantes de produtos e consumidores, agilizando os processos de produção, venda e entrega de um produto.

Petróleo e gásHá expectativa que os sistemas tecnológicos habilitados para digital reduzam significativamente o custo por barril da exploração futura de recursos de hidrocarbonetos. A tecnologia pode ajudar as companhias a controlar os processos em tempo real, aumentando a segurança, confiabilidade e rendimento de milhares de poços petrolíferos. 

MineraçãoNem mesmo uma indústria tradicional, como é o caso da Mineração, está imune às mudanças. Uma série de desenvolvimentos, como a bioengenharia de micro-organismos, estão apontando para um futuro tecnológico transformador. O impacto das novas tecnologias

Inteligência artificialAté pouco tempo atrás, habilidades como percepção visual, reconhecimento de vozes e tradução simultânea eram exclusivas do ser humano. Hoje, não é mais assim. Softwares sofisticados, baseados na análise de parâmetros e algoritmos, são capazes de exercer essas funções. A inteligência artificial é focada no desenvolvimento de programas voltados para que máquinas possam realizar determinadas tarefas, desde o agendamento de consultas e exames em laboratórios e clínicas até a concepção do carro autônomo.

Internet das coisasTrata-se de uma tecnologia que cresce rapidamente e está presente em objetos conectados digitalmente, como eletroeletrônicos e carros, por meio de sensores e outros recursos tecnológicos. No setor industrial, a internet das coisas permite que diversos dispositivos e máquinas conversem entre si – com isso, eles podem ser acessados remotamente e há maior agilidade nas linhas de montagem. Existe também uma maior integração em toda a cadeia de suprimentos.

BlockchainO blockchain registra e autentica todas as etapas de transações monetárias, típicas dos meios de pagamento como cartão de crédito e transferência de valores, inclusive entre bancos e empresas. Como pode ser utilizado para assegurar e checar vários tipos de operações financeiras, tem se tornado útil para diversos setores industriais.

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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LEITURA COMPLEMENTAR

A IMPORTÂNCIA DO SETOR TERCIÁRIO

O setor terciário, conhecido por abranger as atividades de comércio bens e prestação de serviços, demonstra crescente relevância na economia brasileira, sendo que, nos últimos anos, a evolução do PIB foi influenciada significativamente pelo setor. Vale ressaltar que o desempenho do setor terciário e a variação do PIB aparecem fortemente relacionados. É possível afirmar que, mesmo com a recente desaceleração econômica, esse setor continuará sendo fundamental para a economia brasileira e também para a expansão das atividades empresariais.

De 2003 a 2016, a representatividade do setor terciário, passou de 65,8% para 73,3% do valor adicionado ao Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. O comércio contribuiu significativamente para este avanço, elevando-se de 9,5% para 12,8%, no valor adicionado do PIB nesse período, havendo atingido o pico em 2013, quando o setor alcançou uma participação de 13,5%. Já o setor de serviços (excluído o comércio) saltou de 53,3% em 2003 para 60,8% em 2016.

DronesDiversos setores, como o de logística, transportes, engenharia e a indústria extrativa têm feito uso cada vez maior dos drones. Um estudo recente da PwC aponta que o mercado do uso comercial de drones deve chegar a US$ 127 bilhões nos próximos anos.

Robótica e realidade virtualParte fundamental de uma nova gama de avanços tecnológicos apresenta diversas aplicações na indústria, especialmente em setores como a construção civil, manufatura e extração. Na área de petróleo e gás, já foram criados robôs para monitorar equipamentos e realizar verificações de segurança. A realidade virtual, por sua vez, tem como objetivo recriar um cenário real, por meio da sobreposição de áudio e imagens, a fim de aprimorar desde produtos até o modus operandi de unidades fabris.

FONTE: PWC Brasil. Disponível em: <https://www.pwc.com.br/pt/sala-de-imprensa/noticias/pwc-aponta-os-principais-desafios-da-industria.html>. Acesso em: 30 ago. 2018.

E por fim, para encerrar esta unidade, selecionamos uma leitura complementar a respeito da importância do setor terciário. Boa leitura!

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TÓPICO 3 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

187

Estudos presentes no Atlas Nacional de Comércio e Serviços – 1ª edição, publicado pela Secretaria de Comércio e Serviços (SCS) em conjunto com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), revelam a dinâmica corrente da economia brasileira com participação expressiva do setor terciário também na geração de emprego e da renda.

O comércio, por sua vez, acompanhou a conjuntura de expansão da demanda verificada nos últimos anos. A evolução mensal do índice de volume de vendas no varejo, com ajuste sazonal, medida pela Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, sinalizou significativa expansão entre os anos de 2000 e 2014, período de altas consecutivas. Entretanto, o cenário de desempenho inverteu-se desde então. Em 2015, o volume de vendas do varejo acompanhou a redução da atividade econômica e registrou queda de 4,3 pontos percentuais (em 2014, o crescimento tinha sido 2,2%). Já em 2016, a queda apontada foi de 6,2 pontos percentuais.

Participação percentual do setor terciário (comércio e serviços) no valor adicionado – 2003 a 2016

Serviços (comércio incluído)

Fonte: Contas Nacionais Trimestrais/IBGE. Elaboração: CGMD/SCS/MDIC

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

65,8%

64,7%

66,0%

67,2%67,7%

67,3%

69,2%

67,8% 67,7%

69,1%69,9%

71,2%

72,7%73,3%

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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Volume de vendas no comércio varejista(Número índice) – Índice base fixa com ajuste sazonal (2011=100)

Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal de Comércio. Elaboração: CGMD/SCS/MDICDisponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br

A queda do volume de vendas do comércio em 2016 é explicada em grande parte pela alta da taxa de desemprego, que atingiu 12% no trimestre encerrado em dezembro (PNAD Contínua/IBGE). Por sua vez, o IBGE informou que o “rendimento médio real habitual” no Brasil ficou R$ 2.064,00 no trimestre encerrando em dezembro de 2016 (out-nov-dez), praticamente estável em relação ao trimestre anterior.

Em dezembro de 2016, de acordo com o IBGE, o Brasil possuía uma população ocupada de 90,2 milhões de pessoas. Contudo, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED/MTb), o estoque de empregos formais (com carteira assinada) situava-se em aproximadamente 38,3 milhões (-3,3% do que valor registrado em dezembro 2015). Desse total, 67,1% das carteiras assinadas estavam vinculadas ao setor terciário (CAGED/MTb). Visto de outra perspectiva, o setor de serviços foi responsável por 43,6% do emprego formal e o comércio por 23,5% das carteiras assinadas.

Outra ferramenta importante que tem contribuído para melhor conhecimento do setor terciário é a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada desde 2012 pelo IBGE. Com a pesquisa, foi revelada a heterogeneidade do setor de serviços no País, sua relevância e o peso das micro e pequenas empresas no segmento.

A PMS/IBGE permitiu monitorar o crescimento significativo da receita nominal de serviços até o ano de 2012, bem como demonstrou a desaceleração do crescimento dos serviços desde então (também impactado pela redução da atividade econômica). Em 2012, este indicador registrou crescimento de 10%; em 2013, 8,5%; em 2014, 6,0%; em 2015, 1,3% e, por fim, no acumulado de 2016, teve crescimento negativo de 0,1% (considerando-se a comparação com o ano imediatamente anterior).

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TÓPICO 3 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

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No que concerne ao comércio exterior, os serviços tornaram-se centrais no novo paradigma do comércio internacional, sendo, por exemplo, pauta fundamental nas negociações internacionais em curso. Estimativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicam que o comércio de serviços diretos (serviços finalísticos) e serviços indiretos (serviços insumos) representam entre 50% e 60% do valor total do comércio exterior nos países desenvolvidos. Em 2015, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), a corrente de comércio de serviços no mundo atingiu o patamar de US$ 9,36 trilhões. A participação do setor deverá continuar a crescer no comércio internacional, sendo premente que o Brasil atue de modo contundente para ampliar a competividade das empresas que atuam no setor, uma vez que o setor de serviços possui capacidade para prover agregação de valor ao setor industrial, agropecuário e mineral, sendo fundamental para ampliar a participação do país no comércio internacional de modo virtuoso, colhendo os benefícios de uma inserção qualificada na economia global.

Ao analisarmos a evolução do comércio exterior de serviços brasileiros, observamos um decréscimo acumulado da corrente de comércio no quadriênio 2013-2016 de 20,7%. Observa-se que o déficit brasileiro na conta de serviços do Balanço de Pagamentos (BACEN, 2017) recrudesceu para o patamar de US$ 30,4 bilhões em 2016, nível sensivelmente inferior aos US$ 46,3 bilhões de déficit observados em 2013. As importações, no mesmo período, apresentaram redução de 24,5% enquanto as exportações encolheram 12,4%. Como consequência, em 2016, as importações de serviços ao totalizarem US$ 63,7 bilhões representaram 65,6% da corrente de comércio brasileira em serviços.

Importante destacar que, no período em tela, as importações de serviços sofreram uma queda mais acentuada do que as exportações. Esse fato é explicado por uma elevada correlação positiva entre as importações de serviços e o desempenho da atividade econômica interna (crescimento ou redução do Produto Interno Bruto-PIB). O país sofreu com uma forte recessão no período, fator este que explica a redução da escala de operação internacional do Brasil no comércio internacional de serviços.

Ao analisar o peso das exportações de serviços em relação ao perfil exportador de bens do país, é notável o potencial de crescimento da inserção internacional do setor terciário brasileiro. Em 2016, as exportações de serviços alcançaram US$ 33,3 bilhões (BACEN, 2017). Tal montante representou apenas 18,0% do total das exportações de bens para o mesmo ano. Os dados dos países da OCDE (contemplam as principais economias do mundo) indicam que as exportações em serviços correspondem, em média, a cerca de 32% das exportações em bens; conclui-se, portanto, que há bastante espaço para o crescimento das exportações de serviços no Brasil.

Para explorar o potencial de crescimento das exportações brasileiras de serviços, será fundamental o apoio e fomento à internacionalização das empresas brasileiras, em virtude da existência de forte correlação entre investimentos

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UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

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e exportações. Os fluxos de investimento estrangeiro direto são comumente acompanhados de exportações de bens e serviços dos países de origem do capital para o país recebedor deste investimento, o que induz a criação de um ciclo dinâmico de intercâmbio comercial que tende a aprofundar a integração econômica com o parceiro comercial recebedor do investimento estrangeiro.

Deste modo, a magnitude e importância do setor terciário incorporam de modo inexorável elementos de elevada complexidade para a formulação de políticas públicas de fomento ao setor.

Em virtude da relevância econômica crescente no Brasil e no mundo os serviços estão no centro do debate sobre competitividade e inovação. Os serviços são insumos cada vez mais determinantes para acelerar o crescimento de empresas, ao proporcionar que soluções mais sofisticadas sejam oferecidas no mercado. O setor irradia externalidades positivas no que tange ao aumento da produtividade do trabalho por meio dos melhoramentos sistêmicos na intermediação financeira, crescimento do acesso e uso das tecnologias da informação, aprimoramento das ferramentas de capacitação da força de trabalho, entre outros vetores que acarretam na ampliação da competitividade de modo transversal tendo efeito na economia como um todo.

O encadeamento produtivo dos serviços na economia exemplifica a importância fundamental do setor para a indústria e a agricultura. As empresas dos setores primário e secundário utilizam-se de serviços especializados para a produção e, portanto, dependem também da eficiência das empresas do setor terciário, que agregam valor às cadeias de produção, distribuição e vendas. Assim sendo, dispor de um setor de serviços moderno, competitivo, inovador e com potencial de internacionalização é fundamental para qualquer economia sustentar sua capacidade de geração de emprego e renda no século XXI.

FONTE: MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS. A importância do setor terciário. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-servicos/a-secretaria-de-comercio-e-servicos-scs/402-a-importancia-do-setor-terciario>. Acesso em: 30 ago. 2018.

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Neste tópico, você aprendeu que:

• Até o início da década de 1930, o espaço geográfico brasileiro foi estruturado exclusivamente ao redor do modelo primário-exportador, fazendo com que a configuração das atividades econômicas fosse dispersa e com rara ou ausente interdependência.

• O governo de Getúlio Vargas foi caracterizado pela nacionalização da economia, em que foi adotado o modelo de Substituição das Importações, criando as chamadas indústrias de base necessárias para o impulso de outros ramos industriais.

• Juscelino Kubitschek participa da organização do espaço industrial brasileiro por meio da internacionalização da economia.

• Os diversos presidentes que compunham o período militar, entre 1964 e 1985, apresentaram duas características marcantes: modernização da economia e autoritarismo político.

• A década de 1990 foi marcada pela implementação do modelo político-econômico neoliberal na administração pública federal, em que surgem as ondas de privatizações de nossas estatais.

• Indústria extrativa é o tipo de indústria que extrai produtos da natureza, não provocando alterações em suas características.

• Indústria de transformação é o tipo de indústria que transforma as matérias-primas, obtidas na natureza, em utensílios para o homem.

• A maior concentração de indústrias ocorre na Região Sudeste, sendo São Paulo o Estado que reúne o maior número de indústrias.

• O setor terciário, conhecido por abranger as atividades de comércio, bens e prestação de serviços, demonstra crescente relevância na economia brasileira.

RESUMO DO TÓPICO 3

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AUTOATIVIDADE

1 ENADE 2005 – Considere os dados a seguir:

A situação retratada na tabela pode ser explicada:

a) ( ) Pelo processo de transnacionalização das atividades econômicas que permitiu aos países periféricos executar projetos industriais promotores do desenvolvimento autossustentado.

b) ( ) Pela crise do atual sistema mundial produtor de mercadorias que leva à relativa “desindustrialização” nas regiões centrais, assim como a conversão das regiões periféricas pobres em novos centros de produção, na tentativa de manter os níveis de rentabilidade do capital.

c) ( ) Pelas políticas de investimento das antigas regiões centrais altamente industrializadas voltadas para a diversificação de seus parques industriais, devido à grande competividade do mundo globalizado.

d) ( ) Pelos acordos feitos entre os países periféricos para diminuir custos e participar competitivamente do mercado global transnacionalizado, dominado pelas grandes empresas.

e) ( ) Pelo desenvolvimento econômico desigual e combinado que tende a reduzir as diferenças entre os blocos de países mais ricos e mais pobres, na busca do desenvolvimento sustentável.

2 (Adaptado UFPE – 2003) São consideradas indústrias de transformação, pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, as seguintes atividades:

I- A extração de minerais radioativos. II- As indústrias de madeira.III- As indústrias químicas.IV- As indústrias de perfumaria. V- A indústria da construção civil.VI- A extração de carvão de pedra.

Países 1999 2004Estados Unidos 13,025 11,989

México 1,550 1,565Brasil 1,346 2,210

Reino Unido 1,976 1,856Itália 1,701 1,142

Alemanha 5,688 5,570Rússia 1,184 1,385Índia 0,728 1,511China 1,805 5,071

Coreia do Sul 2,843 3,469Japão 9,895 10,512

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Assinale a alternativa CORRETA:

( ) As sentenças I e V estão corretas.( ) As sentenças III e VI estão corretas.( ) Somente a sentença I está correta.( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.

3 A industrialização, no Brasil, provocou profundas transformações na organização do espaço. Com relação às transformações ocorridas na década de 1990, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Foi marcada pela implementação do modelo político-econômico neoliberal na administração pública federal.

b) ( ) O período do "milagre econômico" caracterizou-se pela concentração industrial e pela produção de bens de consumo duráveis.

c) ( ) Foi uma década marcada pela intensificação dos fluxos informacionais e pelos fluxos financeiros.

d) ( ) O período foi marcado pela implementação do modelo de produção industrial híbrida.

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