gerenciamento de mudanças em projetos de sistemas de instrumentação e controle industrial
DESCRIPTION
O projeto de uma planta industrial é composto por subprojetos de diversas disciplinas da engenharia (civil, mecânica, processo, elétrica, instrumentação e controle e etc). Estes subprojetos se inter-relacionam e trocam informações que se tornarão seus requisitos. O projeto de sistemas de I&C (instrumentação e controle) realiza a integração dos demais subprojetos objetivando monitorar, controlar e operar o processo da planta industrial. Desta forma, alterações nos demais subprojetos constituirão uma das principais fontes de mudanças para projeto do sistema de I&C. O objetivo deste trabalho é desenvolver um plano de gerenciamento de mudanças especifico para projetos de I&C. Para atingir este objetivo, além da experiência do autor, foi realizado um estudo bibliográfico sobre sistemas de I&C, o ciclo de vida e gerenciamento do projeto, modalidades de contratação, melhores práticas, ferramentas, técnicas e desafiosTRANSCRIPT
BRUNO ALEXANDER FELIX BEZERRA
GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS EM PROJETOS DE
SISTEMAS DE INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE
INDUSTRIAL
Trabalho apresentado ao curso MBA em
Gerenciamento de Projetos, Pós-Graduação lato
sensu, Nível de Especialização, do Programa
FGV Management da Fundação Getúlio
Vargas, como pré-requisito para a obtenção do
Titulo de Especialista.
EDMARSON BACELAR MOTA
SÔNIA LOPES DA SILVA
RECIFE – PE
2015
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
PROGRAMA FGV MANAGEMENT
MBA EM GERÊNCIAMENTO DE PROJETOS
O Trabalho de Conclusão de Curso
Gerenciamento de mudanças em Projetos de sistemas de Instrumentação e Controle
Industrial
elaborado por Bruno Alexander Felix Bezerra e aprovado pela Coordenação Acadêmica, foi
aceito como pré-requisito para a obtenção do certificado do Curso de Pós-Graduação lato
sensu MBA em Gerenciamento de Projetos, Nível de Especialização, do Programa FGV
Management.
Data da Aprovação: Recife, 21/03/2014
Edmarson Bacelar Mota
Coordenador Acadêmico Executivo
SÔNIA LOPES DA SILVA
Orientador
TERMO DE COMPROMISSO
O aluno Bruno Alexander Felix Bezerra, abaixo assinado, do curso de MBA em
Gerenciamento de Projetos, Turma (PJ10) do Programa FGV Management, realizado nas
dependências da instituição conveniada Faculdade Nova Roma, no período de 01/04/2011
13/12/2014, declara que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado
Gerenciamento de mudanças em projetos sistemas de instrumentação e controle industrial, é
autêntico e original.
Recife, 21/03/2015
Bruno Alexander Felix Bezerra
DEDICATÓRIA
À minha esposa Suellen Bezerra que me deu apoio e teve paciência para entender os
momentos dedicados a realização deste trabalho.
Resumo
O projeto de uma planta industrial é composto por subprojetos de diversas disciplinas da
engenharia (civil, mecânica, processo, elétrica, instrumentação e controle e etc). Estes
subprojetos se inter-relacionam e trocam informações que se tornarão seus requisitos. O
projeto de sistemas de I&C (instrumentação e controle) realiza a integração dos demais
subprojetos objetivando monitorar, controlar e operar o processo da planta industrial. Desta
forma, alterações nos demais subprojetos constituirão uma das principais fontes de mudanças
para projeto do sistema de I&C. O objetivo deste trabalho é desenvolver um plano de
gerenciamento de mudanças especifico para projetos de I&C. Para atingir este objetivo, além
da experiência do autor, foi realizado um estudo bibliográfico sobre sistemas de I&C, o ciclo
de vida e gerenciamento do projeto, modalidades de contratação, melhores práticas,
ferramentas, técnicas e desafios de sistemas de controle integrado de mudanças. Como
resultado foi montado um cenário genérico para uma empresa de serviços de engenharia de
I&C com o objetivo de contextualizar como a mesma estará inserida no projeto, contrato,
fases do projeto, estrutura organizacional, integrantes da equipe, fatores ambientais, ativos de
processos organizacionais e entregáveis. Isto se fez necessária para propor um processo de
controle integrado de mudanças, elaborar formulários, identificar mudanças típicas e
exemplificar uma análise de impactos. É obtido como conclusões que o plano de
gerenciamento de mudanças deve ser especifico para o projeto, flexível com relação aos tipos
de mudanças, promover uma cultura e ser adaptável para as necessidades que surgirão durante
o projeto.
Palavras Chave: instrumentação e controle, projeto, controle de mudança, plano.
Abstract
The industrial plant project consists of several engineering subprojects (civil, mechanical,
process, electrical, instrumentation and control, etc.). These sub-projects are interrelated and
exchange information that will become their requirements. The I&C (instrumentation and
control) systems project performs the integration of others sub-projects to determine how to
monitor, control and operate the industrial plant process. Therefore, one of the main sources
of change to the I&C systems project will be the changes happened to the others sub-projects.
The goal of this work is to develop a specific change control plan for the I&C systems project.
To achieve this goal, in addition to the author's experience, a bibliographic study of the
following subjects was realized: I & C systems, project life cycle and project management,
contract modalities, best practices, tools, techniques and challenges of an integrated change
control systems. As a result a generic scenario of an I&C engineering company was made.
The goal of this scenario is to show how the company will participate in the project, modality
of contract, project phases, organizational structure, team members, environmental factors,
organizational process assets and project deliverables. This was necessary to propose an
integrated control changes process, elaborate forms, identify typical changes and exemplify an
impact analysis. The conclusions are that the change control plan must be specific to the
project, must be flexible to handle different types of changes, promote a culture and be
adaptable to the needs that arise during the project.
Key Words: instrumentation and control, project, control change, plan
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Exemplo de malha de controle .........................................................................14
Figura 2 – Tipos de instrumentos .......................................................................................15
Figura 3 – Imagens de instrumentos ...................................................................................16
Figura 4 – Controle manual ................................................................................................18
Figura 5 – Controle automático ..........................................................................................19
Figura 6 – Sistema de controle típico .................................................................................20
Figura 7 – Elementos de um sistema de automação de uma planta industrial ...................22
Figura 8 – Pirâmide da automação ......................................................................................23
Figura 9 – Modelo hierárquico da ISA-95 ...........................................................................24
Figura 10 – Ciclo de vida de um projeto de automação ......................................................26
Figura 11 – Fluxo típico de um projeto industrial ...............................................................27
Figura 12 – Fluxo do projeto de instrumentação e controle .................................................35
Figura 13 – Mapeamento de grupos de processos de gerenciamento de projetos e áreas do
conhecimento.........................................................................................................................37
Figura 14 – Impacto da variável com base no tempo decorrido do projeto ........................41
Figura 15 – Verificar o escopo: entrada, ferramentas e técnicas, saídas e diagrama de fluxo
...............................................................................................................................................44
Figura 16 – Controlar o escopo: entrada, ferramentas e técnicas, saídas e diagrama de
fluxo......................................................................................................................................45
Figura 17 – Realizar o controle integrado de mudanças: entrada, ferramentas, saídas e
diagrama de fluxo ...............................................................................................................46
Figura 18 – Diagrama de interdependência entre características do projeto, causas e efeitos de
mudanças ............................................................................................................................50
Figura 19 – Organograma da empresa de engenharia de Instrumentação e Controle .......55
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Funções dos instrumentos ...............................................................................13
Tabela 2 – Grupos de processos de Gerenciamento de projetos .......................................36
Tabela 3 – Relação das fases do projeto, documentos e grupo de processos ................... 38
Tabela 4 – Causa e Efeito de mudanças ........................................................................... 42
Tabela 5 – Gerenciamento de escopo ............................................................................... 43
Tabela 6 – Exemplos de mudanças e suas causas em projetos de I&C..............................57
Tabela 7 – Exemplo de análise de impactos de mudança...................................................63
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................... 5
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 10
1.1. OBJETIVOS ................................................................................................................... 10
1.2. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ...................................................................................... 11
1.3. RELEVÂNCIA DO ESTUDO ........................................................................................ 11
2. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 12
2.1. O QUE É UM SISTEMA DE I&C? ................................................................................ 12
2.2. PROJETO DO SISTEMA DE I&C ................................................................................. 24
2.3. CONTROLE DE MUDANÇAS NO PROJETO ............................................................. 40
3. GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS EM PROJETOS DE SISTEMAS DE I&C. ....... 54
3.1. CENÁRIO DA EMPRESA DE ENGENHARIA ............................................................ 55
3.2. MUDANÇAS TÍPICAS NO PROJETO DE I&C ........................................................... 57
3.3. PLANO DE GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS DO PROJETO DE I&C ............. 59
3.4. ANÁLISE DE IMPACTOS DE MUDANÇAS .............................................................. 61
4. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 63
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 65
6. APÊNDICES ........................................................................................................................ 68
6.1. APÊNDICE I – EAP DO PROJETO DE INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE .......... 68
6.2. APÊNDICE II – FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE CONTROLE DE MUDANÇAS
69
6.3. APÊNDICE III – FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO DE MUDANÇAS................... 71
6.4. APÊNDICE IV – FORMULÁRIO DE REGISTRO DE MUDANÇAS ......................... 72
6.5. APÊNDICE V – FORMULÁRIO DE ANÁLISE DE IMPACTOS DA MUDANÇA .... 73
6.6. APÊNDICE VI – FORMULÁRIO DE RELATÓRIO COMPARATIVO ENTRE O
CONTRATO E A MUDANÇA ................................................................................................ 75
10
1. INTRODUÇÃO
O projeto do sistema de I&C (instrumentação e controle) é um subprojeto componente do
projeto de plantas industriais como petroquímicas, refinarias, usinas termoelétricas e etc. A
instrumentação realiza medições e manipulações das variáveis de processo e envia
informações e recebe instruções do sistema de controle, também conhecido como sistema de
automação. Este sistema possui a responsabilidade de disponibilizar todas as informações da
planta, executar controle automático, enviar comandos, auxiliar e tomar decisões operacionais
principalmente envolvendo a segurança da planta.
Para que o sistema de instrumentação e controle atenda as necessidades da planta industrial é
necessário que o mesmo seja projetado de maneira a integrar os demais subprojetos (processo,
mecânica, elétrica e etc.). Este fato traz complexidade para execução e gerenciamento do
projeto de sistemas de I&C fazendo que sejam bastante suscetíveis a mudanças que podem ser
demandadas por qualquer uma das interfaces. “Essa complexidade é causada principalmente
pela característica multidisciplinar que os projetos de automação carregam aliado com o
rápido desenvolvimento das tecnologias e dificuldade de manter as equipes atualizadas”
(BARATEIRO, 2011, p. 29-30).
Portanto o questionamento a ser feito é: Como realizar o gerenciamento integrado de
mudanças em projetos de instrumentação e controle industrial considerando suas
características especificas?
1.1. OBJETIVOS
Este estudo tem como objetivo final:
Desenvolver um plano de gerenciamento de mudanças em projetos de sistemas de
instrumentação e controle industrial através da aplicação de ferramentas e boas
práticas de gestão de projetos.
Possui também como objetivos intermediários:
Identificar as principais causas que impactam em mudanças neste tipo de projeto;
Identificar quais são as ferramentas e boas práticas utilizadas em gestão de mudança
de projetos e os impactos nas demais áreas de conhecimento em gestão de projetos;
Identificar as ferramentas mais adequadas para o tratamento de mudanças em projetos
de sistemas de instrumentação industrial e controle.
11
1.2. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
A pesquisa limita-se a estudo bibliográfico sobre o gerenciamento de mudanças, sua relação
com as áreas de conhecimento de gestão de projetos (escopo, tempo, aquisições, riscos e etc.)
e projetos de sistemas instrumentação e controle industrial. A contribuição do autor se dará
através da pesquisa realizada e de sua experiência profissional em projetos de instrumentação
industrial. Porém não serão citados casos específicos das empresas onde o autor trabalhou.
1.3. RELEVÂNCIA DO ESTUDO
No projeto destas plantas industriais geralmente está envolvido grandes quantias de dinheiro.
O projeto do sistema de instrumentação e controle é apenas uma pequena parte deste
montante, o que às vezes faz com que durante a execução do projeto não seja notada a devida
importância deste projeto por alguns stakeholders e as necessidades de adequações podem ser
negligenciadas em detrimento a outras questões consideradas prioritárias.
Porém a importância que projeto sistema de I&C pode trazer depois de implantado para os
donos do negócio está muito mais relacionada às informações da planta industrial do que o
seu custo de execução. Muitas informações produtivas da planta podem ser obtidas e as
mesmas poderão ser vitais para a estratégia da empresa e para a segurança da planta. Além
disto, uma possível indisponibilidade do sistema pode ocasionar uma parada total da planta
industrial fazendo que a produção pare e prejuízo seja gerado. Estes fatos demostram a
relevância de que solicitações de mudanças corretivas ou de melhorias destes sistemas não
podem ser negligenciadas ou postergadas em demasia, pois podem ter consequências
catastróficas. Portanto a execução de um sistema de controle de mudanças adequado se faz
necessária.
12
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. O QUE É UM SISTEMA DE I&C?
Sistemas de instrumentação e controle são utilizados em diversos setores da indústria como
petroquímicas, refinarias, geração de energia, alimentos, papel e celulose, têxtil e etc. Cada
tipo de indústria possui um processo industrial especifico para a obtenção do seu produto
final.
Segundo Naveiro e Pará 1 (2000, apud Pereira, 2009, p. 18): “um processo industrial constitui-
se na aplicação do trabalho e do capital para transformar a matéria-prima em bens de
produção e consumo, por meio de técnicas de controle, obtendo valor agregado ao produto,
atingindo o objetivo de negócio".
Ribeiro (2005, p. 22) apresenta uma definição de processo que inclui a percepção da
existência de variáveis associadas ao mesmo que devem ser controladas:
Do ponto de vista de produção, o processo é geralmente tomado como o lugar onde
os materiais e a energia se juntam para fazer um produto desejado. Do ponto de vista
de controle, o processo é identificado como tendo uma ou mais variáveis associadas
a ele e que são importantes o suficiente para que seus valores sejam conhecidos e
controlados pelo processo. [...] O processo pode envolver uma operação mecânica,
um circuito elétrico, uma reação química ou uma combinação desses eventos.
As principais variáveis que são medidas e controladas na indústria são as seguintes: pressão,
nível, vazão, temperatura, Ph, condutividade, velocidade, umidade e etc. Para que isto seja
possível é necessário que a planta industrial possua um sistema de instrumentação e controle
de processo. Nos subitens seguintes são realizadas mais algumas definições para uma melhor
compreensão.
2.1.1. INSTRUMENTAÇÃO
De acordo com a organização The Instrumentation, Systems, and Automation Society (ISA),
Instrumentação pode ser definida como: “Uma coleção de instrumentos ou suas aplicações
1 NAVEIRO, R. M.; PARÁ, T. S. Tendências de Modernização da Indústria de Manufatura no Brasil. In: XIII
Congresso Brasileiro de Automática, 2000, Florianópolis, SC. Anais... Santa Catarina, 11-14 set. 2000.
13
para o proposito de observação, medição, controle e qualquer combinação destes". (norma
ANSI/ISA-5.1, 1992, p. 12, tradução nossa).
A ISA define instrumento como: “Um dispositivo usado diretamente ou indiretamente para
medir e/ou controlar uma variável. O termo inclui elementos primários, elementos finais de
controle, dispositivos computacionais e dispositivos elétricos como anunciadores, chaves e
botoeiras.” (norma ANSI/ISA-5.1, 1992, p. 12, tradução nossa).
Os instrumentos podem ser classificados por tipos de função que se relacionam de alguma
maneira com a variável de processo. Diferentes tipos de instrumentos podem ser interligados
entre si formando uma malha de controle. Na tabela 1 pode ser vista a classificação por
função do instrumento:
FUNÇÃO DO INSTRUMENTO DESCRIÇÃO
Indicadores São instrumentos que dispõem de indicador e escala graduada, na qual
se pode ler o valor da variável medida/controlada.
Registradores São instrumentos que registram a variável medida/controlada com um
traço continuo ou através de pontos.
Elementos primários São elementos que estão em contato direto com a variável
medida/controlada e que utilizam ou absorvem energia do próprio
meio, para fornecer ao sistema de medição uma resposta em função da
variação da variável medida/controlada.
Transmissores São instrumentos que detectam as variações na variável
medida/controlada através do elemento primário e transmitem-na à
distância. O elemento primário pode ou não fazer parte integrante do
transmissor.
Conversores São instrumentos que recebem um sinal de entrada pneumático ou
eletrônico, procedente de um outro instrumento, e convertem-no em um
sinal de saída padrão, que pode ser de dois tipos, 4 a 20 mAcc ou 0,2 a
1 kgf/cm².
Controladores São instrumentos que comparam o valor da variável medida/controlada
com o valor desejado (set-point ou ponto de ajuste) e exercem uma
ação de correção na variável manipulada, função da diferença entre
dois valores (erro ou offset) e de sua equação de controle.
Elementos Finais de controle São equipamentos que recebem o sinal de correção do controlador e,
em função deste sinal modificam / atuam sobre a variável manipulada
ou agente de controle (válvula de controle).
Tabela 1: Funções dos instrumentos
Fonte: BEGA et al (2006, p. 5).
14
Algumas das funções descritas na tabela 1 podem ser executadas por um mesmo instrumento,
por exemplo: um transmissor com um indicador local para exibir a variável medida.
Na figura 1 pode ser vista uma malha de controle simples constituída de um elemento
primário, um transmissor, um controlador e uma válvula de controle. Nesta malha a variável
de processo é a vazão de um fluído em uma tubulação. O elemento primário é instalado
diretamente no processo, por exemplo, uma placa de orifício instalada na tubulação com o
objetivo de gerar uma diferença de pressão antes e depois da mesma. O transmissor detecta
através de um sensor as variações do diferencial de pressão e associa com uma variação de
vazão através de uma equação matemática. Este valor de vazão é convertido em um sinal
elétrico para transmissão da informação.
O controlador recebe o sinal do transmissor e o compara com um valor desejado de vazão. A
diferença desta comparação (erro) gera um sinal de saída elétrico de acordo com um
algoritmo de controle. O sinal de controle é convertido em sinal pneumático que irá para o
atuador da válvula (elemento final de controle). O atuador irá manipular a abertura ou
fechamento da válvula para modificar a vazão da tubulação de maneira a reduzir o erro.
Figura 1: Exemplo de malha de controle
Fonte: Elaborada pelo autor
Os instrumentos também podem ser classificados de acordo com sua instalação em campo ou
em painel como pode ser visto na figura 2. A instrumentação de campo está relacionada com
15
os instrumentos que medem as variáveis de processo ou executam ação de controle no
processo. Os equipamentos instalados em painel geralmente recebem os dados do campo,
processam as informações e enviam comandos de volta ao campo para os elementos finais de
controle.
Os instrumentos utilizam algum princípio físico ou químico para realizar as medições das
variáveis do processo. Na figura 2 está detalhando alguns princípios de medição utilizados
pelos instrumentos para medir variáveis como: pressão, nível, temperatura, vazão e etc. Com
relação aos instrumentos que são elementos finais de controle podemos destacar as válvulas,
dumpers e inversores de frequência que atuam controlando bombas.
Figura 2: Tipos de Instrumentos
Fonte: Elaborado pelo autor
Na figura 3 podemos observar algumas imagens de instrumentos.
PRESSÃO
Manômetro Tipo U
Manômetro Bourdon
Pressostato
Transmissor de pressão
Transmissor de pressão diferencial
TEMPERATURA
Termômetros haste de vidro
Termômetro Bimetalico
Termopar
Termostato
Termistor
Termoresistência
VAZÃO
Medidores Pressão diferencial
Medidores Magnéticos
Medidores de área variável
Medidores ultrassônicos
Medidores Coriolis
Medidores Vortex
Medidores Tipo Turbina
Fluxostato
NÍVEL
Visores de Nível
Chave de Nível
Tipo pressão diferencial
Tipo flutuador
Tipo deslocador
Tipo Ultrasônico
Tipo Radar
Tipo Capacitivo
ANALÍTICA
Analisadores de Gases
Analisadores de pH
Analisadores de Condutividade
Cromatógrafo
Desnsidade
Viscosidade
Espectômetros de massa
Registradores
Controladores
Conversores
Anunciadores de Alarme
Sistema digital de controle distribuido (SDCD)
Interface Homem Máquina (IHM)
Controlador lógico programável (CLP)
ELEMENTOS FINAIS DE CONTROLE
Válvulas de Controle
Válvula On-Off
Inversores de Frequência
Atuadores Elétricos
DUMPER
CAMPO
PAINEL
CAMPO
16
Figura 3: Imagens de instrumentos
Fonte: Elaborado pelo autor
2.1.2. CONTROLE DE PROCESSO
Segundo Koon (1996, p. 5, tradução nossa), “controle de processo refere-se a alcançar a
execução de ações de controle necessárias para eliminar causas especiais de variações do
processo e atingir valores desejados ou set-points para as variáveis controladas deste
processo”.
Bega et al (2006, p. 435) descreve quais são os principais objetivos do controle do processo:
Manter os processos em seus pontos operacionais mais eficientes e econômicos;
Prevenir condições instáveis no processo que podem pôr em risco pessoas e/ou
equipamentos; Exibir dados sobre o processo aos operadores da planta, para que se
possa conservar o ritmo seguro e eficiente.
O controle está relacionado com o tipo de processo que se deseja controlar. Na indústria são
encontrados três tipos de processos:
Continuo: Segundo Ribeiro (2005, p. 28), “[...] a matéria prima entra num lado do sistema e
o produto final sai do outro lado continuamente. Nesta aplicação o termo continuamente
significa um período de tempo relativamente longo, medido em horas, em dias e até em
meses, dependendo do processo".
17
Este tipo de processo requer um controle regulatório “onde o ponto de operação (setpoint) é
fixo e se deseja manter o processo o mais próximo possível deste valor, apesar das
perturbações. [...] O objetivo destes controles é rejeitar ou minimizar os efeitos das
perturbações.” (CAMPOS; TEIXEIRA, 2010, p. 8). Como exemplo de processo contínuo
pode-se citar: indústrias químicas, siderúrgicas, refinarias, fabricação de cimento e etc.
Batelada (Batch): Segundo Ribeiro (2005, p. 29),
[...] uma dada quantidade de material é processada através de passos unitários, cada
passo sendo completado antes de passar para o passo seguinte. A alimentação do
processo batelada é feita por quantidades discretas, de modo descontínuo. O
processo é alimentado, a operação é executada, o produto é descarregado e reinicia-
se outro ciclo.
Este tipo de processo requer controle sequencial baseado em eventos, onde um evento só
iniciará após o termino do evento anterior. Como exemplo de processo em batelada pode-se
citar: indústria alimentícia, indústria de bebidas, farmacêuticas, produtos de limpeza e etc.
Discreto: Segundo Ribeiro (2005, p 31), “[...] envolve muitas operações de liga-desliga. O
seu controle se baseia no mundo binário (digital), onde os estados de um equipamento ou
instrumento só podem assumir as condições de ligado ou desligado [...]. O processo discreto
requer controle lógico.” Como exemplo de processo discreto pode-se citar: montadoras de
automóveis, fabricas de autopeças, indústrias de eletroeletrônicos, indústria aeronáutica e etc.
No início da industrialização o controle de processo era executado nas plantas industriais de
modo manual pelos operadores, o que deixava o controle totalmente dependente dos sentidos
do operador humano. Era necessário que o operador observasse situações e valores de
variáveis para se decidir por uma ação.
Como exemplo pode-se observar a figura 4 que ilustra um processo continuo de aquecimento
de água até uma temperatura desejada. Neste exemplo é utilizado um trocador de calor do tipo
casco e tubo para que o calor do vapor que entra pelos tubos se transfira para a água no casco.
Em um controle manual um operador observa a medição de temperatura da água na saída
através de um termômetro (indicação local). O operador compara o valor medido com o valor
desejado e toma a decisão de como atuará na válvula de entrada de vapor para alterar a vazão
do vapor com o objetivo de ajustar a temperatura da água. Este tipo de controle depende da
velocidade de processamento de informações e tomadas de decisões adequadas por parte do
operador, ou seja, está sujeito ao erro humano.
18
Figura 4: Controle Manual
Fonte: Elaborado pelo autor com base em BEGA (2006)
Com o avanço da tecnologia, sistemas computacionais foram introduzidos no controle de
processos de maneira a automatizar as tomadas de decisão tornando-as mais precisas, seguras
e confiáveis. Atualmente os sistemas modernos de instrumentação e controle possibilitam a
operação tanto em modo manual como em modo automático.
Na figura 5 é utilizado o mesmo exemplo da figura4, porém o operador é substituído por um
controlador microprocessado o que traz uma maior capacidade para processamento de dados e
tomada de decisão conforme algoritmos de controle projetados especificamente para este
processo. No lugar do termômetro é utilizado um sensor de temperatura em conjunto com um
transmissor de temperatura microprocessado, o que também traz mais precisão com relação ao
valor medido. A atuação da válvula não será dada mais pela mão do operador e sim por um
conjunto posicionador/atuador que irá converter o sinal elétrico recebido pelo controlador em
uma ação de abertura e fechamento da válvula de maneira que a temperatura da água atinja e
se mantenha no valor desejado.
Água a ser
aquecida
Vapor
CondensadoÁgua aquecida
Termômetro
Válvula Manual
Operador
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Figura 5: Controle Automático
Fonte: Elaborado pelo autor com base em BEGA (2006)
Este tipo de configuração ainda permite o controle manual pelo operador. Basta que no
controlador exista uma seleção de modo de controle automático ou manual. O operador possui
acesso às informações da planta através de uma rede de comunicação e as mesmas são
exibidas na tela de uma IHM ou uma tela de operação em uma sala de controle distante do
campo. Através destas telas o operador poderá modificar o modo de operação do controle
entre automático e manual. Caso seja selecionado o modo manual, o operador terá acesso ao
valor da temperatura e poderá escrever valores para abertura da válvula que serão enviados
para o campo.
A operação automática do processo é possível devido à implementação de um sistema de
automação que envolve a utilização de tecnologias de hardware, software e redes de
comunicação. No próximo item será detalhado este sistema que contribuiu para o avanço do
controle de processos.
2.1.3. SISTEMA DE AUTOMAÇÃO
Sistema de automação pode ser definido como: “[...] qualquer sistema, apoiado em
computadores, que substitua o trabalho humano e que vise soluções rápidas e econômicas
para atingir complexos objetivos das indústrias e dos serviços.” (MORAES; CASTRUCCI,
2001, p. 15).
Como visto na definição acima, a automação não se aplica apenas ao controle de processo e a
área industrial, mas sim a qualquer atividade que utilize a computação para substituir a ação
do homem ou aperfeiçoa-la. É importante ressaltar que a automação não exclui totalmente o
20
homem, pois é necessário que os sistemas computacionais sejam configurados e programados
para que as tarefas sejam realizadas conforme o desejado. Também é importante ressaltar a
importância do homem na monitoração do sistema para que seja analisado o seu
funcionamento e que sejam realizadas intervenções quando necessárias.
Neste trabalho será dado o foco em sistemas para realizar a automação do controle de
processo. Na figura 6 abaixo observa-se um sistema típico de controle baseado em um
processamento computacional. Basicamente este sistema trata-se de uma unidade de
processamento central (CPU) que possui interfaces com o meio externo através de sinais
elétricos provenientes dos dispositivos de campo e redes de comunicação. Como são
recebidos sinais de diferentes tipos, a função da interface é converter estes sinais em sinais
digitais que poderão ser entendidos pela CPU.
Figura 6: Sistema de controle típico
Fonte: Whitt (2006, p. 99)
A CPU é o cérebro do sistema e a responsável pelo processamento dos dados recebidos pelas
interfaces de acordo com uma determinada programação. Esta programação define instruções
que deverão ser realizadas de acordo com as entradas recebidas. Os resultados deste
processamento são enviados através de interfaces para que as ações requeridas sejam
realizadas. Nos sistemas de automação de processos geralmente o principal dispositivo de
processamento pode ser um CLP ou um SDCD. Estes controladores eletrônicos, conforme
Whitt (2006, p. 121, tradução nossa), “consistem de interfaces de entra/saída, uma CPU e um
grupo de interfaces de comunicação de dados chamados de drivers de comunicação”.
A interface com o operador pode ser uma IHM em um painel ou um computador na sala de
controle que serve de estação de supervisão com uma interface gráfica através de um conjunto
de softwares. Através desta interface, o operador irá monitorar as variáveis do processo e
enviará comandos para serem processados pela CPU. Geralmente a comunicação desta
interface com a CPU se da através de rede de comunicação ETHERNET.
21
A CPU também pode fazer interface de comunicação com outros computadores na rede
ETHERNET como, por exemplo, servidores de histórico, servidores de gerenciamento de
ativos, servidores de alarmes, sistemas de informação de gerenciamento da planta e outras
estações de trabalho existentes na sala de controle.
As interfaces de entrada e saída são as responsáveis pelo fluxo de informação dos
instrumentos e equipamentos do campo com a CPU. As entradas geralmente são sinais
elétricos proveniente dos equipamentos de campo como, por exemplo, uma medição de vazão,
um sinal indicando que um motor esta em falha, um sinal indicando que uma válvula está
aberta e etc. Estas interfaces são cartões de um CLP ou SDCD que possui a função de
converter o sinal elétrico para um sinal digital que possa ser processado pela CPU.
A interface de saída envia sinais elétricos que são comandos para os dispositivos de campo,
por exemplo, abrir um disjuntor, posicionar a abertura de uma válvula de controle em
determinado valor, partir uma bomba e etc. Estas interfaces são de cartões de um CLP ou
SDCD que recebem os comandos processados por estes e convertem em sinal elétrico que
será enviado para o campo.
Os SDCDs e CLPs modernos também possuem uma interface de comunicação com
instrumentos e dispositivos de campo inteligentes. Tais dispositivos se comunicam com a
CPU através de redes de comunicação industriais tais como os protocolos Foundation
Fieldbus, HART, MODBUS, PROFIBUS e etc. Estes dispositivos conseguem enviar
informações através da rede que vão além de medições de variáveis de processo ou execução
de ações de controle. Os dispositivos também enviam informações de diagnósticos e estados
de seu funcionamento o que facilita a manutenção dos mesmos. Além disso, os dispositivos
também podem executar processamentos e interagir uns com os outros para tomar decisões de
controle através da rede de comunicação.
Whitt (2006, p. 120) demostra uma generalização de estrutura básica do sistema de automação
para controle de processos relacionando com o processo de produção realizado em uma planta
industrial. Na Figura 7 abaixo visualiza-se esta estrutura básica:
22
Figura 7: Elementos de um sistema de automação de uma planta industrial
Fonte: Whitt (2006, p. 120)
O sistema de automação também pode ser representado de maneira hierárquica abrangendo
uma estrutura que divide em níveis as funções realizadas em uma indústria. “Esta estrutura foi
inicialmente proposta nos anos 80 na Purdue University através da modelagem de uma
empresa manufatureira integrada por computadores” (BOYES, 2010, p. 36, tradução nossa).
Moraes e Castrucci (2001, p. 12) representam a hierarquia do sistema de automação através
de uma pirâmide. Goeking (2010) enriqueceu a figura proposta pelos referidos autores
incluindo os protocolos de comunicação aplicáveis a cada nível da pirâmide como pode ser
visto na figura 8 abaixo:
23
Figura 8: Pirâmide da automação
Fonte: Goeking (2010)
Os protocolos das redes de comunicação são responsáveis pela transferência de dados dentro
do mesmo nível (comunicação horizontal) e a transferência de dados com os níveis adjacentes
(comunicação vertical). Antes do desenvolvimento das redes de comunicação não havia esta
facilidade de troca de dados conforme relatado por Goeking (2010, p. 3):
A principal diferença entre a pirâmide atual e a utilizada nos anos 1980 é que os
níveis 1 e 2 não estavam integrados aos níveis 4 e 5 através do nível 3. Assim, as
informações técnicas sobre a produção obtidas nos níveis 1 e 2 precisavam ser
explanadas para os níveis administrativos por meio de relatórios. [...] Do mesmo
modo, os controladores do mesmo nível da pirâmide não trocavam qualquer tipo de
informação, o que limitava os benefícios da automação, pois os computadores só
existiam no nível 4 da tecnologia. [...] apenas os equipamentos de uma mesma marca
conseguiam se comunicar, pois cada fabricante tinha seu próprio sistema.
Estes problemas foram resolvidos com a padronização das linguagens de programação dos
controladores através da norma IEC 61131-3 e com o desenvolvimento da ISA-95 que é o
padrão para integração da empresa com o sistema de controle. Emerson et al (2007, p. 18,
tradução nossa) relata o seguinte sobre a ISA-95:
24
O padrão ISA-95 foi desenvolvido em consenso Standards & Pratices Commitee
Number 95 (SP95). O objetivo do comitê SP95 é desenvolver um padrão que reduza
o risco, custos e erros associados com a implementação de interfaces entre os
negócios, operações de manufatura e funções de controle. Isto permitirá que o
sistema da empresa e o sistema de controle sejam interoperáveis e facilmente
integrados.
Figura 9: Modelo hierárquico da ISA-95
Fonte: ANSI/ISA–95.00.01–2000 (2000, p.19).
Neste capitulo foram apresentados os principais conceitos para o entendimento do que é um
sistema de instrumentação e controle e como esse sistema é suportado pela automação.
Percebe-se que se trata de um sistema complexo e que o projeto do mesmo deve ser realizado
considerando vários fatores e observando-se os mínimos detalhes. No próximo capitulo o
projeto do sistema de instrumentação e controle será exposto.
2.2.PROJETO DO SISTEMA DE I&C
O Project Management Body of Knowledge (PMBOK) do Project Management Institute
(PMI) define projeto da seguinte forma: “Um projeto é um esforço temporário empreendido
para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A sua natureza temporária indica um
início e término definidos” (PMBOK, 2008 p.5).
O Projeto de engenharia pode ser entendido da seguinte forma: “1. Atividades de engenharia
associadas com projeto e construção de instalações fabris ou de processo. 2. Atividades de
25
engenharia relacionadas com um objetivo específico como o de resolver um problema ou
desenvolver um produto” ISA COMPREHENSIVE DICTIONARY OF MEASUREMENT &
CONTROL2 (1995, apud Whitt, 2006, p. 5, tradução nossa).
Uma das primeiras informações que uma empresa prestadora de serviços de engenharia deve
conhecer antes de iniciar o projeto de uma planta industrial é se o mesmo trata-se da
construção de uma nova planta (greenfield) ou trata-se de uma reforma/modernização de uma
planta existente, ou seja, um retrofit. Esta informação será importante para definir como será a
abordagem inicial do projeto. Também é necessário o conhecimento do ciclo de vida do
projeto, os principais entregáveis e como gerenciar o mesmo. Nos próximos subitens estes
assuntos serão mostrados do ponto de vista do projeto de instrumentação e controle.
2.2.1. CICLO DE VIDA DO PROJETO
“O ciclo de vida de um projeto consiste nas fases do mesmo que geralmente são sequenciais e
que às vezes se sobrepõem, cujo nome e número são determinados pelas necessidades de
gerenciamento e controle das organizações envolvidas, a natureza do projeto e sua aplicação”
(PMBOK, 2008, p.15).
Cada organização pode definir o seu ciclo de vida do projeto da maneira que for mais
conveniente para manter o entendimento de cada fase do projeto, atividades e seus
entregáveis. Contudo, o PMBOK (2008, p.16) relata que independente do tamanho e
complexidade do projeto o mesmo pode ser mapeado para seguinte estrutura de ciclo de vida:
Início do projeto, organização e preparação, execução do trabalho do projeto e encerramento
do projeto.
Para um bom entendimento do que se trata um projeto de sistemas instrumentação e controle é
importante compreender o ciclo de vida de uma planta industrial. A maioria destes projetos
possuem bastantes similaridades na sequência de etapas de execução. “Primeiramente deverá
haver uma etapa de investigação, seguido por um período de execução do projeto e depois
seguido por um período de construção” (WHITT 2006, p.10, tradução nossa). BERGEN3
(1986 apud Boydjian, 2007, p. 24) “cita o ciclo de vida dos projetos de desenvolvimento
2 ISA Comprehensive Dictionary of Measurement & Control, 3d ed. (Research Triangle Park, NC: ISA – The
Instrumentation, Systems, and Automation Society, 1995), p. 275.
3BERGEN, S. A. Project Management, An Introduction Issues in Industrial Research and Development, New
York, Basil Blackwell, 1986, p. 194.
26
industrial, caracterizando 8 fases: necessidades de mercado, definição de proposta, estudo de
viabilidade, planejamento estimado, experimento, desenvolvimento dos desenhos,
prototipação e testes e produção”.
Barros (2002) elaborou um desenho esquemático do ciclo de vida de um projeto de
automação. Pode-se verificar que apesar de se tratar de uma sequencia de eventos, algumas
etapas da fase de desenvolvimento podem ser executadas em paralelo desde que estejam de
acordo com regras básicas como, por exemplo, a de não comprar antes de uma especificação.
(BARROS, 2003, p. 29).
Figura 10: Ciclo de vida de um projeto de automação
Fonte: Barros4 (2002, apud Barros, 2003, p. 29).
Whitt (2006, p. 31) elaborou um fluxo típico de um projeto industrial mostrando as atividades
realizadas pelos principais atores deste projeto que são o proprietário, a empresa de
engenharia e o empreiteiro. Este fluxo pode ser verificado na figura 11 abaixo e o mesmo será
detalhado a seguir.
4 BARROS, Ruy C. Curso de Gerenciamento de Projetos de Automação. 1 a . ed – Salvador: Ufba, Escola de
Administração, 2002.
27
Figura 11: Fluxo típico de um projeto industrial
Fonte: Whitt (2006, p. 11)
2.2.1.1.Fase Preliminar
Esta fase se inicia com o proprietário identificando uma necessidade da organização com
relação ao negócio ao qual faz parte. Geralmente esta identificação é realizada pelo grupo
responsável pela produção. Poderá ser uma necessidade de melhoria nos processos
produtivos, aumento da capacidade da produção ou passar a realizar a fabricação de um novo
produto.
Após esta identificação é realizado um trabalho para identificar possíveis soluções para a
necessidade apontada. Estas soluções podem ser apenas a ampliação ou modernização de uma
planta industrial existente ou até mesmo a construção de uma nova planta. É nesta etapa que a
empresa proprietária desenvolve um projeto de engenharia conceitual, faz uma estimativa
inicial de custos envolvidos e realiza um estudo de viabilidade do projeto.
“Frequentemente fornecedores podem dar uma grande ajuda neste esforço se tornando
disponíveis para avaliar a situação e recomendar soluções possíveis. Entretanto, tais sugestões
deverão ser utilizadas com cuidado já que nem sempre são objetivas” (WHITT, 2006, p. 12,
tradução nossa). Os problemas e a possível solução devem ser apresentados a alta
28
administração da empresa para conseguir o apoio de um “Sponsor” para o projeto e obtenção
fundos financeiros para iniciar um projeto básico de engenharia. É necessário que fique claro
para a alta administração que o projeto proposto estará alinhado com a estratégia
organizacional da empresa.
Uma vez aprovado os fundos para realização do projeto básico, será necessário contratar uma
empresa de engenharia caso a empresa proprietária verifique a necessidade de terceirizar este
serviço. Se este for o caso, será necessário solicitar propostas de serviços para empresas de
engenharia e selecionar quem será contratado. A empresa proprietária deverá fornecer os
seguintes documentos para que as empresas de engenharia elaborem suas propostas:
especificações técnicas, desenhos ou esboços existentes, especificação de desempenho de
equipamentos, lista de fornecedores (“Vendor list”) aprovados e informações de segurança.
A empresa de engenharia vencedora da licitação ficará responsável por realizar estudos
referentes ao projeto básico e elaboração de documentos e especificações preliminares. A
empresa proprietária também irá realizar o estudo da viabilidade econômica do projeto básico
e irá decidir pela realização do detalhamento do projeto e construção da planta industrial.
2.2.1.2.Fase Um (Projeto Básico)
Conforme relatado na fase anterior, o projeto básico pode ser realizado pela própria empresa
proprietária ou por uma empresa de engenharia contratada. A empresa de engenharia
geralmente é o principal ator desta fase já que geralmente as empresas proprietárias não
possuem conhecimento técnico suficiente ou tempo hábil para desenvolver o projeto.
Se possível a empresa de engenharia deverá preparar de maneira preliminar um termo de
abertura de projeto, declaração de escopo, definir o escopo, identificar riscos e elaborar um
cronograma ainda durante a fase de elaboração da proposta mesmo com a documentação do
proprietário apresentando muitas incertezas sobre o projeto. Muitas vezes não há tempo hábil
para realizar todo este estudo durante a fase de proposta devido a pressão do proprietário para
apresentação das propostas em um prazo determinado.
Especificamente para um projeto de automação industrial, Moraes e Castrucci (2001, p. 254)
destacam as seguintes atividades que deverão ser realizadas nesta etapa de pré-venda:
Apresentação de soluções técnicas para atender aos objetivos do cliente ou
de seus integradores participantes.
Escolha e dimensionamento dos equipamentos, hardware e software dos
sistemas a serem utilizados.
29
Análise das possíveis topologias a serem aplicadas para as redes, interfaces
e controladores programáveis.
Quantificação dos recursos humanos de engenharia e de administração a
serem alocados.
Elaboração da proposta técnica e comercial.
Uma vez que a empresa de engenharia é selecionada iniciam-se as atividades relativas ao
projeto básico. Segundo Whitt (2006, p. 14, tradução nossa) a empresa de engenharia deverá
abordar esta fase da seguinte maneira:
O proposito principal da fase um não é a produção de documentos, embora alguma
documentação seja elaborada, esta fase do projeto é dedicada a uma investigação
que irá revelar os números de itens que serão gerenciados, quantidade de tempo para
produção dos pacotes do projeto, o custo dos recursos humanos e o custo total de
instalação do projeto. Tabulações, narrativas e esboços são os mais frequentes
entregáveis desta fase. Muitos documentos são iniciados nesta fase e completados na
fase dois.
Uma maneira de reduzir as incertezas do projeto e iniciar a investigação é realizar uma visita
ao local onde será construída a planta industrial, ou seja, deverá ser realizada uma avaliação in
loco. “Esta atividade permitirá que a equipe de projeto se familiarize com o local, interaja
com as equipes de manutenção e operação do proprietário e obtenha informações visuais e
táteis que geralmente não estão disponíveis em outros meios” (Whitt, 2006, p.14, tradução
nossa). Este tipo de avaliação faz mais sentido em projetos de reforma ou expansão de uma
planta industrial. Para uma construção nova a necessidade de realizar este tipo de avaliação é
mínima. Ao finalizar esta atividade muitas das incertezas podem ter sido esclarecidas e uma
melhor definição do escopo, estimativa de custos e programação do cronograma podem ser
realizados.
Os documentos referentes aos grupos de processo de iniciação e planejamento do projeto que
foram iniciados durante a fase de propostas podem ser revisados baseados nas informações
que foram adquiridas durante a visita no local e especificações gerais fornecidas pelo
proprietário. A empresa de engenharia possuirá mais tempo e informações para se dedicar as
estas atividades.
Estes documentos continuarão sendo considerados preliminares já que esta ainda é uma fase
de projeto básico. Porém já será possível estabelecer um plano de execução do projeto e uma
linha de base para o mesmo. Feito isto, alguns documentos de engenharia já podem ser
elaborados. Whitt (2006, p.15, tradução nossa) cita alguns documentos preliminares que são
30
gerados no projeto básico que estão relacionados com a disciplina de instrumentação e
controle:
Balanços de material e energia.
Fluxogramas de processo.
Diagramas de instrumentação e tubulação / Piping and instrumentation diagram
(P&ID).
Topologia de comunicação de redes
Lista de materiais preliminares
Estudos de distribuição de energia, capacidade de ar de instrumento e serviços de
processo.
Lista de instrumentos e lista de entradas/saídas dos controladores.
Outro estudo que também deve ser feito durante esta fase é o de operabilidade e perigo que é
uma tradução do inglês para Hazard and Operability (HazOp). Este estudo deverá ser feito
em conjunto entre a equipe de projeto da empresa de engenharia e as equipes de operação e de
segurança do proprietário e/ou demais equipes que sejam diretamente afetadas pelo projeto.
Geralmente este estudo se dá por meio de um processo de brainstorming com a participação
de um mediador/facilitador e onde todas as sugestões são ouvidas e registradas. O produto
final deverá ser uma lista de verificação onde serão registradas as possíveis situações do
processo industrial e ações de operação e segurança que deverão ser tomadas em caso de
ocorrência de cada uma delas. É importante que todas as sugestões aprovadas sejam
incorporadas no projeto para que todo este esforço não seja desperdiçado.
Dependo do planejamento da empresa proprietária ou das condições do mercado, a empresa
que desenvolveu o projeto básico poderá ser ou não a mesma que desenvolverá o projeto de
detalhamento. Para os casos onde a mesma empresa participará das duas fases é importante
que já seja iniciada a aquisição de itens que possuem longo prazo de entrega para que estejam
disponíveis quando forem necessários.
Geralmente estes itens que possuem especificações complexas e requerem customização por
parte dos fornecedores. Como exemplo pode-se citar os analisadores de gases e líquidos.
2.2.1.3.Fase Dois (Projeto de Detalhamento)
Como relatado acima, existe a possibilidade da empresa de engenharia que desenvolverá o
projeto de detalhamento seja diferente da que desenvolveu o projeto básico. Caso seja este o
caso, a empresa proprietária deverá promover um novo processo de licitação e solicitar
31
propostas de serviços de engenharia no mercado. O projeto básico deverá ser o pacote a ser
entregue para as empresas que participarão da licitação. É importante que exista uma fase de
esclarecimentos onde cada um dos participantes possa tirar suas dúvidas. Todas as respostas
deverão ser divulgadas para todos os participantes.
O projeto de detalhamento é iniciado depois da definição da empresa de engenharia. As
primeiras atividades do projeto deverão estar relacionadas com estudos de toda a
documentação existente e disponibilizada pelo proprietário. Novas visitas ao local da planta
industrial podem ser realizadas para coletar mais informações. Após a realização destes
estudos existirão mais subsídios para realizar o planejamento do projeto com relação as nove
áreas do conhecimento definidas pelo PMBOK (2008): escopo, tempo, custo, qualidade,
recursos humanos, aquisições, comunicações, riscos e integração. O plano do projeto
elaborado durante o projeto básico pode ser apenas revisado caso a empresa de engenharia
responsável pelo detalhamento também tenha feito o projeto básico.
Depois da conclusão do plano poderá ser realizada a alocação da equipe do projeto e iniciar o
desenvolvimento do mesmo. Geralmente para o projeto de sistemas de instrumentação e
controle são executadas as seguintes atividades:
Elaborar documentos para especificação de equipamentos.
Elaborar documentos para montagem dos instrumentos
Elaborar documentos de arranjo mecânico e elétrico de painéis de controle.
Elaborar documentos para montagem de redes industriais
Realizar Aquisição de hardware, softwares e instrumentos.
Programar e desenvolver os aplicativos de automação (CLP, SDCD, IHM e sistemas
supervisórios).
Realizar testes de aceitação de fabrica (TAF) dos aplicativos desenvolvidos e dos
hardwares utilizados.
Elaborar manuais para os aplicativos.
Elaborar documentos para manutenção e treinamento
Enviar documentação elaborada para aprovação pelo cliente
Cada documentação gerada passa por um processo de aprovação pela empresa proprietária.
Em caso de aprovação a documentação será emitida para construção. Whitt (2006, p.18,
tradução nossa) relata o seguinte sobre este processo de emissão:
A atividade de engenharia final da fase dois é a emissão dos documentos para
construção. [..] A equipe do projeto deve sempre saber a revisão do desenho que foi
emitido para construção de maneira que seja possível dar um suporte durante a fase
32
três. É quase certo que as atividades da fase três irão forçar revisões no pacote de
documentos. Deve ser previsto tempo na programação da fase dois para acomodar
estas mudanças. Um controle adequado da documentação é essencial.
No caso dos aplicativos o cliente pode participar dos testes em fabrica para solicitar ajustes
necessários e/ou modificações e finalmente aprova-los. Diniz (2009, p. 3) cita o seguinte
sobre os testes de aceitação:
Atenção especial deve ser dada a esta fase. O controle do escopo e da qualidade
deve ser rigoroso. O Relatório de Testes deve evidenciar que os requisitos do
sistema foram verificados e testados. O sistema somente poderá ser liberado para
implantação após resolução de pendências. Todas as partes interessadas devem ser
comunicadas e se dedicarem para sanar quaisquer pendências.
2.2.1.4.Fase Três (Construção e Comissionamento)
Nesta fase o projeto é implantado através das atividades de construção e comissionamento da
planta industrial. As atividades principais desta fase serão executadas pela empresa
construtora, porém receberá o apoio da empresa de engenharia responsável pelo projeto de
detalhamento. A forma de apoio da empresa de engenharia dependerá do contrato que será
realizado com a mesma. Este apoio pode estar incluso no contrato entre a empresa de
engenharia e o proprietário ou a empresa construtora pode contratar a empresa de engenharia
durante esta fase.
O tipo de apoio da empresa de engenharia também pode variar, em alguns casos será apenas
uma consultoria e em outros casos pode participar efetivamente das atividades.
Principalmente nas atividades que envolvem os testes envolvendo o sistema de
instrumentação e controle projetado. As atividades da empresa construtora podem ser
agrupadas conforme indicado abaixo:
Recebimento, inspeção, preservação e armazenamento.
Geralmente todos os equipamentos que foram comprados pela empresa de engenharia são
entregues a construtora para realização da montagem dos mesmos em campo. Um termo de
transferência de custodia é assinado e a responsabilidade pelos equipamentos passa a ser da
empresa construtora. É necessário que cada equipamento seja inspecionado durante o
recebimento para verificar se os mesmos estão conforme o projeto de detalhamento.
Durante a fase de Engenharia deve-se avaliar a necessidade da preservação de
equipamentos e instrumentos até sua instalação e Comissionamento a fim de que a
33
integridade dos mesmos seja garantida. A especificação destes itens deve considerar
ações de preservação pelos fornecedores que permitam seu armazenamento e
conservação de forma apropriada. (JUNIOR, 2012, p.10).
Construção
Nesta fase são executadas as atividades referentes a montagem de equipamentos e a
construção civil, mecânica, elétrica da planta industrial. As atividades de construção já podem
ser iniciadas durante o projeto de detalhamento à medida que cada documento referente a uma
determinada disciplina seja liberado para construção.
Durante esta fase, as necessidades do construtor sobem de importância com relação
as necessidades do projeto. Paralização dos serviços devem ser evitados a qualquer
custo, até mesmo ao ponto de paralisar serviços restantes na fase dois para se
concentrar num problema da fase três (WHITT, 2006, p.18).
Verificação, comissionamento e Start-up
Após o termino da montagem dos equipamentos, marco conhecido como completação
mecânica conforme norma IEC623375 (2006, apud JUNIOR, 2012, p. 8), se inicia uma fase
de verificação da montagem e realização de testes de aceitação de campo (TAC). A instalação
mecânica, elétrica e de suporte deverá ser verificada para todos os instrumentos com relação
aos desenhos de montagem elaborados no projeto. Todo o hardware de automação, painéis e
equipamentos de redes também deverão ser verificados com relação a montagem e realização
de testes funcionais. Durante esta fase de verificação são gerados relatórios baseados em listas
de verificação, onde itens que deverão estar pré-definidos no plano de qualidade deverão ser
verificados durante as atividades.
A verificação deverá testar cada item para demostrar sua operação adequada. Se o
item é controlado através de um CLP ou SDCD, então as ações deverão ser iniciadas
nos controladores, e os retornos esperados da instrumentação de campo deverão ser
verificados através de animações na interface do operador. Alarmes deverão ser
atuados, e sequencias de segurança deverão ser avaliadas para uma operação
adequada (WHITT, 2006, p.19, tradução nossa).
5 Norma IEC 62337. Commissioning of electrical, instrumentation and control systems in the process industry –
Specific phases and milestones – First edition. The International Electrotechnical Commission: Geneva, Suiça:
2006
34
Conforme a IEC 623375 (2006, apud JUNIOR, 2012, p. 8) esta fase de verificação é definida
como uma fase de pré-comissionamento. Para a IEC 623375 (2006 apud JUNIOR, 2012, p. 8)
o comissionamento se define como:
[..] fase durante a qual as atividades associadas com o teste e a operação de
equipamentos e/ou sistemas de uma planta industrial são executadas, com a
“energização” e utilização de um fluído de teste ou fluído de processo, antes do
início da produção de fato, a fim de avaliar o desemprenho destes equipamentos e/ou
sistemas.
A próxima etapa será a realização da partida (Start-up) da planta industrial. A partida deverá
ser executada numa sequencia organizada de atividades e de preferência deverá ser seguido
um procedimento formal. Cada um dos sistemas e unidades da planta industrial deverão ser
postos em funcionamento numa sequencia lógica de maneira que se inicie a produção, mesmo
que inicialmente não atingindo todas as especificações do projeto. Geralmente durante um
período de operação assistida, ocorre a verificação do atingimento das especificações do
projeto para aceitação do cliente.
Finalização da documentação
É normal que durante toda a fase três ocorram modificações que surgiram devido a
necessidade de adaptação do projeto as situações encontradas durante as fases de construção,
montagem, verificação, comissionamento e partida. Todos os documentos deverão ser
comentados indicando as modificações que deverão ser realizadas e na sequencia deverão ser
enviados para empresa de engenharia. Isto pode refletir numa grande quantidade de trabalho
para a empresa de engenharia que deverá reemitir os documentos como uma revisão As-Built
(conforme construído). Estas modificações serão importantes para o cliente final, pois
facilitará a manutenção. Tais modificações também serão úteis para a equipe de projeto da
empresa de engenharia, pois servirão de base de dados de lições aprendidas para os próximos
projetos.
2.2.2. Entregáveis do projeto
Whitt (2006) detalhou o fluxo apresentado na figura 10 do ponto de vista dos entregáveis do
projeto de sistemas de instrumentação e controle conforme pode ser visto na figura 12 abaixo:
35
Figura 12: Fluxo do projeto de instrumentação e controle
Fonte: Whitt (2006, p. 20)
Através do fluxo acima é possível observar que para elaborar os documentos do projeto de
instrumentação e controle é necessário o recebimento dos documentos elaborados por outras
equipes de engenharia responsáveis pelos projetos civil, mecânico, tubulação e elétrico.
Destacam-se as especificações elétrica e mecânica das bombas, especificações dos
equipamentos mecânicos, o arranjo civil e mecânico dos equipamentos e os desenhos
ortogonais das tubulações. Este fato traz algumas implicações para o projeto de
instrumentação já que quaisquer alterações no projeto das demais disciplinas de engenharia
podem causar retrabalho e causar impactos em escopo, custo tempo e etc. Neste fluxo também
pode se observar que um retrabalho em uma determinada atividade pode causar um retrabalho
em grande quantidade de atividades devido ao alto grau de interdependência entre as mesmas.
36
2.2.3. GERENCIAMENTO DO PROJETO DE SISTEMAS DE I&C
O gerenciamento do projeto de instrumentação e controle poderá ser realizado de maneira
semelhante à de qualquer outro projeto de natureza diferente, ou seja, poderá ser escolhida
uma metodologia como, por exemplo, as melhores práticas em gerenciamento de projetos
sugeridas no PMBOK do PMI.
O PMBOK (2008, p. 6) define gerenciamento de projetos como: “a aplicação de
conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas as atividades do projeto a fim de atender
aos seus requisitos”. Segundo o PMBOK (2008) o gerenciamento de projetos é realizado
através da aplicação integrada de 42 processos que podem ser reunidos em 5 grupos conforme
tabela 2 abaixo:
Grupos de Processo Descrição
Iniciação Processos responsáveis pela definição e autorização do início de um projeto ou fase;
Planejamento Processos realizados para definir o escopo, refinar objetivos e desenvolver o curso de
ação para alcançar os objetivos do projeto.
Execução Processos realizados para executar o trabalho definido no plano de gerenciamento do
projeto para satisfazer as especificações do mesmo.
Monitoramento e
Controle
Os processos necessários para acompanhar, revisar e regular o progresso e o
desempenho do projeto, identificar todas as áreas nas quais serão necessárias
mudanças no plano e iniciar as mudanças correspondentes;
Encerramento Os processos executados para finalizar todas as atividades de todos os grupos de
processos, visando encerrar formalmente o projeto ou a fase.
Tabela 2: Grupos de processos de Gerenciamento de projetos
Fonte: PMBOK (2008, P. 39)
O PMBOK (2008) também organiza as atividades de gerenciamento de projeto em nove áreas
do conhecimento que descrevem as práticas dos processos como pode ser verificado na figura
13 abaixo:
37
Figura 13: Mapeamento de grupos de processos de gerenciamento de projetos e áreas de conhecimento
Fonte: PMBOK (2008, p. 43)
Cada uma das fases do ciclo de vida do projeto do sistema de instrumentação e controle
descritas no item 2.2.1 podem ser gerenciadas conforme este modelo de gerenciamento de
projeto. Lembrando que cada organização envolvida no projeto (cliente, empresa de
engenharia e empresa construtora) possuirão as suas próprias particularidades. Diniz (2009, p.
2) elaborou uma tabela que relaciona as fases do projeto de automação, os principais
documentos gerenciais e os grupos de processo do PMBOK como podem ver abaixo:
38
Fase ou ciclo de vida Principal Documento Gerencial Grupos de processos do PMBOK
Definição do Escopo Termo de Abertura Iniciação
Especificação Funcional Plano do Projeto Planejamento
Desenvolvimento Controle de Mudança de Escopo Execução / Monitoramento e Controle
Testes Relatórios de Verificação do Escopo e
da Qualidade Monitoramento e Controle
Implantação Relatório de Desempenho e Validação
do Sistema Monitoramento e Controle
Entrega e Aceite Final Termo de Encerramento Encerramento
Tabela 3: Relação das fases do projeto, documentos e grupo de processos.
Fonte: DINIZ (2009, p. 2)
Os documentos gerenciais sugeridos por Diniz (2009) podem ser aplicáveis para a empresa de
engenharia e para construtora para as fases dois e três do projeto de instrumentação e controle
apresentadas no item 2.2.1 deste trabalho.
Diniz (2009, p.4) relata que “[..] em nível gerencial o projeto de automação se comporta com
qualquer outro, porém requer um maior esforço para controle do escopo e da qualidade,
devido ao risco inerente dos processos industriais, alteração de tecnologia, dentre outros”. De
fato, verificamos que principalmente para empresa de engenharia responsável pelo projeto de
sistemas de instrumentação e controle existe uma grande quantidade de interfaces com
stakeholders que podem em algum momento do projeto demandar modificações que podem
impactar no escopo contratado e na qualidade do projeto.
O projeto do sistema instrumentação e controle recebe produtos dos demais projetos da planta
industrial (civil, mecânica, tubulação e elétrica) que se forem elaborados por empresas de
engenharia diferentes faz a quantidade de interfaces aumentarem. Além disso, podem ser
citados mais alguns stakeholders: o cliente final, a empresa construtora, fornecedores de
equipamentos e etc.
O controle de mudanças de escopo e o plano de comunicação devem ser
suficientemente adequados e serem seguidos com rigor, para garantir a informação e
o entendimento das partes interessadas com relação aos impactos das mudanças. A
cada mudança o plano da qualidade deverá ser revisto, principalmente se for alterada
uma tecnologia ou algum item de segurança operacional da planta (DINIZ, 2009,p.
2).
Verifica-se que para este tipo de projeto é necessário um gerenciamento de informação muito
eficiente. Além disto, a informação deve ser acessada de maneira rápida e o tempo de procura
da mesma dentro do pacote de documentos do projeto deverá ser minimizado. Na figura 10 do
39
item 2.2.1 pode-se verificar um entregável chamado instrument database (base de dados de
instrumentação). Como pode ser visto trata-se de um dos primeiros entregáveis do projeto e
muitos documentos são realizados após a criação da mesma.
A base de dados pode ser um programa de computador que realiza operações de
armazenamento e recuperação de informações. Para projetos pequenos podem ser utilizadas
planilhas desenvolvidas, por exemplo, pelo Microsoft Excel®. Porém para projetos de grande
porte fica impraticável utiliza-las. Nestes casos as empresas deverão fazer um estudo de
“make or buy” para utilizar uma solução mais sofisticada.
Programas de bancos de dados como Microsoft Access®, Microsoft Visual Foxpro® e
Borland dBase® podem ser utilizados para um desenvolvimento interno da base de dados.
Conforme Whitt (2009, p. 237), a base de dados deverá ser alimentada de informações no
início do projeto e deverá ser mantida uma atualização continua durante todo o seu ciclo de
vida através de acesso multiusuário.
Whitt (2009, p. 237) também relata que “as principais informações que deverão ser
armazenadas são referentes ao controle da documentação e de todas as informações referentes
aos instrumentos e equipamentos do projeto”. A base de dados deverá possibilitar a entrada de
informações através de formulários e permitir que sejam gerados relatórios de maneira
customizada. Certamente a base de dados servirá de fonte de informações para os relatórios
técnicos e gerenciais e desta forma facilita tanto a execução do projeto como o seu
gerenciamento.
Atualmente, existem soluções disponíveis no mercado que englobam todas estas
funcionalidades e ainda permitem a elaboração de documentos a partir de outros e revisão e
verificação integrada de documentos relacionados. Como por exemplo, gerar listas de
instrumentos e listas de materiais a partir do PI&D. Exemplos destes programas são o
COMOS da SIEMENS®, AVEVA Instrumentation® e o INTERGRAPH® SmartPlant
Instrumentation.
Alguns fabricantes de sistemas de automação desenvolveram programas que além das funções
citadas acima também fazem interface com o sistema de automação, o que permite a coleta de
dados on-line da planta. Desta forma, o programa amplia o seu ciclo de vida além do projeto e
será utilizado durante a operação e manutenção da planta.
40
É bom ressaltar que nenhum software pode ser tratado como solução para todas as questões de
gerenciamento de projetos deste tipo e sim como uma ferramenta para auxilio. Conforme o
PMBOK (2008, p.13) o gerenciamento de projeto eficaz requer que o gerente de projetos
possua habilidades interpessoais, conhecimento em gerenciamento geral, conhecimentos em
gerenciamento de projetos e capacidade de trazer resultados aplicando estes conhecimentos,
ferramentas e técnicas reconhecidas como boas práticas.
2.3.CONTROLE DE MUDANÇAS NO PROJETO
No início de um projeto existem muitas incertezas referentes aos seus requisitos e é necessário
fazer algumas suposições para se iniciar o mesmo. Em projetos de engenharia, geralmente os
requisitos são fornecidos pelo cliente através de especificações e memoriais descritivos
anexos ao contrato estabelecido entre as partes. O projeto deverá ser planejado com todas as
informações disponíveis criando-se uma linha de base.
O projeto deverá ser executado conforme o planejado e deverá ser monitorado e controlado
fazendo-se uma comparação entre o planejado e o executado. É neste momento que diferenças
podem ser encontradas e ações serão necessárias para adequar o projeto. Geralmente é neste
ponto que as partes interessadas identificam as necessidades de mudanças no projeto. Tais
mudanças podem ser desde apenas uma correção do que foi executado para atender ao que foi
planejado ou até mesmo uma mudança do planejamento para readequar a execução do projeto
a uma situação não prevista inicialmente.
A influência das partes interessadas, os riscos e as incertezas [..] são maiores durante
o início do projeto. Estes fatores caem ao longo da vida do mesmo. A capacidade de
influenciar as características finais do produto do projeto, sem impacto significativo
sobre os custos, é mais alta no início e torna-se cada vez menor conforme o projeto
progride para o seu término. [..] os custos das mudanças e correções de erros
geralmente aumentam significativamente conforme o projeto se aproxima do
término (PMBOK, 2008, p. 17).
A figura 14 abaixo representa graficamente o impacto das variáveis citados acima com o
avanço do tempo do projeto.
41
Figura 14: Impacto da variável com base no tempo decorrido do projeto
Fonte: PMBOK, 2008, p. 17
“Todos os processos de monitoramento e controle, e vários processos de execução, produzem
solicitações de mudança como saída PMBOK (2008, p. 97)”. As solicitações de mudanças
podem incluir segundo o PMBOK (2008, p. 87):
Ação corretiva: Orientação documentada para que o trabalho do projeto
seja executado de modo que seu desempenho futuro esperado fique de
acordo com o plano de gerenciamento do projeto.
Ação preventiva: Uma orientação documentada para realização de uma
atividade que pode reduzir a probabilidade de consequências negativas
associadas aos riscos do projeto
Reparo de defeito: A identificação formalmente documentada de um
defeito em um componente do projeto com a recomendação para reparar o
defeito ou substituir completamente o componente.
Atualizações: Mudanças em documentações formalmente controladas,
planos, etc., para refletir ideias ou conteúdos modificados ou adicionais.
Sun et al (2004, p. 8) classificou as causas e efeitos de mudanças em projetos de construção
conforme a tabela 4 abaixo:
Mudanças
Causas Efeitos
Externas Internas Projeto Diretos Indiretos
Questões
tecnológicas
Mudanças na
politica de
gerenciamento
Melhorias do projeto Adição de trabalho Necessidade de
comunicar a mudança
para todos os membros
do projeto.
Mudanças de
expectativas do
cliente
Mudanças nos
objetivos da
organização
Conhecimento e
habilidades
inadequadas da equipe
de projeto
Redução de trabalho Disputa e culpa entre
parceiros do projeto
Questões
econômicas
Mudanças na
estratégia da
organização
Mudanças tardias de
informações do cliente
Demolição do trabalho
já realizado
Perda de produtividade
e de ritmo devido à
reprogramação.
Questões
mercadológicas
Mudanças da maneira
de pensar do projetista
Retrabalho Mudanças no fluxo de
caixa, custos
42
financeiros e no lucro.
Mudanças de
governo e
políticas
Erros de projeto Mudança de
especificação
Aumento de riscos de
falhas e erros de
coordenação.
Questões
regulatórias
Conhecimento
inadequado das
condições do local da
obra
Tempo perdido
parando e reiniciando
tarefas correntes para
realizar a mudança.
Baixa moral da força
de trabalho.
Revisões dos
parâmetros do projeto
Revisão dos relatórios
e documentos do
projeto
Aumenta sensibilidade
para mais atrasos.
Mudanças originadas
do campo.
Reorganização da
programação e
métodos de trabalho
para compensar o
tempo perdido
Disputas contratuais
Ambiguidade nos
objetivos do projeto,
escopo e recursos.
Tabela 4: Causa e Efeito de mudanças
Fonte: Sun et al (2004, p.8, tradução nossa).
“Como as mudanças no projeto são comuns, é crítico entender que os gerentes devem
confrontar, abraçar, adaptar e utilizar as mudanças para impactar positivamente as situações
encontradas e reconhecer as mudanças como crescimento” (HUNTOON6, 1998, apud IBBS et
al, 2001, p. 159, tradução nossa). “O gerente de projeto deverá deixar claro os perigos e
potenciais custos das mudanças, porém, deverá encorajar igualmente as mudanças que trarão
benefícios para o projeto” (WALLACE, 2014, p. 4). Um gerenciamento de mudanças
adequado é necessário para atingir estes objetivos.
“O gerenciamento de mudanças deve ser encarado como uma balança entre as novas
expectativas dos stakeholders e os objetivos pré-estabelecidos do projeto” (FONSECA, 2010,
p. 27). Deverá ser estabelecido um sistema de controle de mudanças que conforme PMBOK
(2008, p. 443) trata-se de “um conjunto de procedimentos formais e documentados que define
como as entregas e a documentação do projeto serão controladas, alteradas e aprovadas”.
“O foco principal desse controle é a integração do projeto, pois uma alteração em uma
determinada área de conhecimento pode alterar as demais áreas envolvidas. Por isso o nome
6 Huntoon, C. Managing change. Proj. Mgmt. J. EUA, 1998. Pag. 5–6
43
do processo que possui tal responsabilidade é controle integrado de mudanças” (FONSECA,
2010, p.14).
O escopo é área que mais requer atenção, pois é a mais afetada com as constantes
solicitações de mudança. Por mais que seja feito todo tipo de esforço no
levantamento de requisitos, sempre surgirão novos requisitos ao longo do projeto. E
novos requisitos significam alterações no cronograma, no orçamento e
provavelmente nas demais áreas de conhecimento, pois o escopo é a base do plano
do projeto. (FONSECA, 2010, p. 21).
Também é importante deixar claro que o controle das mudanças depende do tipo de contrato
estabelecido entre as partes, já que algumas mudanças poderão alterar requisitos contratuais e
deverão ser aprovadas pelo cliente final. Nos próximos subitens serão detalhados o controle
de mudança de escopo devido a maior atenção necessária no mesmo, o controle integrado de
mudanças e as modalidades de contratação dos projetos.
2.3.1. MUDANÇAS DE ESCOPO
Mudanças de escopo estão relacionadas com a necessidade de modificar, incluir ou excluir
estregáveis do projeto de maneira que poderão gerar diferenças quando comparados com a
linha de base de escopo planejada anteriormente. O gerenciamento do escopo deverá dar
suporte para identificar quando estas mudanças serão necessárias.
“O gerenciamento do escopo do projeto está relacionado com a definição e controle do que
está e do que não está incluso no projeto” (PMBOK, 2008, p. 103). Os processos que fazem
parte deste gerenciamento estão descritos na tabela 5 abaixo:
Processo Descrição
5.1 Coletar os requisitos Realiza a definição e documentação das necessidades das partes interessadas para
alcançar os objetivos do projeto.
5.2 Definir o escopo Realiza o desenvolvimento de uma descrição detalhada do projeto e do produto.
5.3 Criar a EAP Realiza a subdivisão das entregas e do trabalho do projeto em componentes menores e
mais facilmente gerenciáveis
5.4 Verificar o escopo Realiza a formalização da aceitação das entregas terminadas do projeto
5.5 Controlar o escopo Realiza o monitoramento do progresso do escopo do projeto e escopo do produto e
gerenciamento das mudanças feitas na linha de base do escopo.
Tabela 5: Gerenciamento de escopo
Fonte: PMBOK, 2008, p. 103
44
Os processos de planejamento de escopo (5.1, 5.2 e 5.3) são os responsáveis por estabelecer
as linhas de base do escopo que são a declaração de escopo, a estrutura analítica do projeto
(EAP) e o dicionário da EAP. Como os demais processos de monitoramento e controle, a
verificação do escopo e o controle de escopo irão gerar como saídas solicitações de mudanças.
“A verificação do escopo é um processo que pode ser realizado após ou em paralelo com
processo de verificação da qualidade” (PMBOK, 2008, p. 123). Na figura 15 abaixo verifica-
se as entradas, ferramentas e técnicas, saídas e o diagrama de fluxo deste processo.
Figura 15: Verificar o escopo: entrada, ferramentas e técnicas, saídas e diagrama de fluxo.
Fonte: PMBOK, 2008, p. 123
“Este processo utiliza como ferramenta de verificação a realização de inspeções que inclui
atividades tais como medição, exame e verificação para determinar se o trabalho e as entregas
atendem aos requisitos e aos critérios de aceitação do produto” (PMBOK, 2008, p. 124). No
projeto de engenharia têm-se os seguintes exemplos de verificação de escopo: aprovação de
desenhos, inspeção de equipamentos adquiridos, testes de aceitação de sistemas e etc. “As
entregas finalizadas que não foram formalmente aceitas são documentas, juntamente com as
razões para sua rejeição. Essas podem exigir uma solicitação de mudança visando o reparo de
defeitos” (PMBOK, 2008, p. 125).
“O controle do escopo, como toda atividade de controle, necessita de informações que se
refiram ao planejado e de informações que demonstrem o que foi realizado no projeto”
(SOTILLE et al, 2010, p.126). As informações do trabalho realizado são obtidas a partir de
relatórios de desempenho e as informações de planejamento estão na linha de base do escopo.
45
“Este processo utiliza como ferramenta a análise de variação para identificar Gaps entre estas
informações e determinar causa e grau de divergência e a decisão se ações corretivas ou
preventivas são necessárias” (PMBOK, 2008, p. 127). Esta análise poderá gerar solicitações
de mudanças que podem implicar tanto em mudanças na linha de base, mudanças do trabalho
realizado ou em ambos. Na figura 16 abaixo se verifica as entradas, ferramentas e técnicas,
saídas e o diagrama de fluxo do processo controlar o escopo.
Figura 16: Controlar o escopo: entrada, ferramentas e técnicas, saídas e diagrama de fluxo.
Fonte: PMBOK, 2008, p. 125
As solicitações de mudança geradas nos processos de verificar escopo e controlar escopo
certamente terão impactos em outras áreas do conhecimento como tempo, custo e qualidade
por exemplo. Também é necessário evitar que ocorreram mudanças não registradas que são
conhecidas como scope creep. Por isso é necessário que estas solicitações de mudanças sejam
formalizadas e encaminhadas para o processo de controle integrado de mudanças que será
discutido no próximo item.
2.3.2. CONTROLE INTEGRADO DE MUDANÇAS
“Realizar o controle integrado de mudanças é o processo de revisão de todas as solicitações,
aprovação e gerenciamento de mudanças em entregas, ativos de processos organizacionais,
documentos de projeto e plano de gerenciamento do projeto” (PMBOK, 2008, p. 93).
O controle integrado de mudanças abrange todos os controles das áreas de
conhecimento do gerenciamento. E o processo responsável por manter a integridade
46
das linhas básicas de desempenho do plano do empreendimento, e pela garantia da
conformidade do escopo obtido com as definições no plano do escopo, coordenando
todas as alterações nas outras áreas de conhecimento do empreendimento, como a
gerência da comunicação, qualidade e riscos. Isto inclui verificações do plano do
empreendimento e ações corretivas, análise de riscos e a administração de contratos
(VALERIANO7, 2001; VARGAS
8, 2000, apud BRUEL, 2003, p.63).
Na figura 17 abaixo verifica-se as entradas, ferramentas e técnicas, saídas e o diagrama de
fluxo do processo Realizar o controle integrado de mudanças.
Figura 17: Realizar o controle integrado de mudanças: entrada, ferramentas, saídas e diagrama de fluxo.
Fonte: PMBOK, 2008, p. 96
7 VALERIANO, D. L. Gerência em Projetos - Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia. São Paulo:
Makron Books, 1998.
8 VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos - Estabelecendo Diferenciais Competitivos, Rio de Janeiro:
Brasport, 2000.
47
Conforme Bruel (2003, p.63), “o controle de mudanças tem como objetivo principal a
garantia da realização do empreendimento conforme o plano elaborado, e a garantia de que
eventuais mudanças sejam benéficas para o todo do empreendimento”. Segundo Ibbs (2001,
p. 164, tradução nossa) “a ideia central de qualquer sistema de gerenciamento de mudanças é
antecipar, reconhecer, avaliar, resolver, documentar e aprender com os conflitos de maneira a
suportar a viabilidade do projeto”.
O sistema de controle de mudanças está relacionado com o sistema de gerenciamento de
configuração. Segundo o PMBOK (2008, p. 443), na maior parte das áreas de aplicação, o
sistema de controle de mudanças é um subconjunto do sistema de gerenciamento de
configuração. “O controle de mudanças é focado na identificação, documentação e controle
de mudanças e as linhas de base do produto” (PMBOK, 2008, p. 94).
“A configuração é a soma das características físicas e funcionais de um produto, determinadas
na documentação técnica e obtidas no produto. É identificada nos documentos técnicos de
empreendimento e de produção: desenhos, especificações e listas diversas” (VALERIANO7,
1998, apud BRUEL, p. 66). “O gerenciamento da configuração é o controle técnico e
administrativo das múltiplas versões ou edições de um entregável especifico” (WALLACE,
2014, p. 1).
2.3.2.1.Implantação, procedimento, ferramentas e técnicas de um sistema de controle de
mudanças.
Segundo o PMBOK (2008, p.64), a aplicação do sistema de gerenciamento em todo projeto,
incluindo processos de controle de mudanças, alcança três objetivos principais:
Estabelece um método evolutivo para consistentemente identificar e
solicitar mudanças nas linhas de base estabelecidas e avaliar o valor e
efetividade dessas mudanças;
Proporciona oportunidades de validar e aprimorar o projeto continuamente
considerando o impacto de cada mudança e
Fornece a equipe de gerenciamento do projeto o mecanismo para que se
comunique, consistentemente, todas as mudanças aprovadas e rejeitadas as
partes interessadas.
“O primeiro passo para implantar um sistema de controle de mudança é promover uma cultura
de mudança na equipe de projeto. Deverão ser apresentados os conceitos de mudanças
benéficas, que deverão ser encorajadas, e mudanças prejudiciais que deverão ser evitadas”
(IBBS et al, 2001, p. 161).
48
Este fato ajuda a quebrar a resistência das pessoas que tendem normalmente a se opor as
mudanças, já que possivelmente terão trabalho a mais do que previsto. Porém deverá ser
demostrado que algumas mudanças, entre outros benefícios, poderão até reduzir o grau de
dificuldade do trabalho. Ibbs et al (2001, p.162) também relata que:
[..] a equipe de projeto poderá analisar de maneira proativa no inicio do projeto
quais são os impactos de possíveis mudanças para já ir planejando possíveis reações.
Entretanto ressalta que a determinação se uma mudança é benéfica ou prejudicial
pode variar com o tempo do andamento do projeto.
Neste momento de promoção da cultura também é interessante deixar claro para os
stakeholders que as solicitações de mudança deverão ser registradas e tratadas conforme um
procedimento de controle de mudanças. Segundo Bruel (2003, p.81), “os sistemas de controle
geralmente possuem uma forma automática de aprovação de categorias específicas de
mudanças”. Wallace (2014, p.4) relata o seguinte sobre este assunto:
É necessário que exista um balanço entre flexibilidade e controle, pois se o processo
for muito oneroso poderá ocasionar perda de mudanças valiosas ou os participantes
irão ignorar as regras. Se o processo for muito simples, então muitas mudanças
podem ser realizadas sem uma análise adequada dos seus méritos e consequências.
Segundo a Collegiate Project Service (2008, p.1), os seguintes itens deverão estar inclusos no
processo de controle de mudanças: Proposito do plano de gerenciamento de mudanças,
procedimentos de controle, papéis e responsabilidades no gerenciamento, formulário de
solicitação de mudanças e formulário de registro de mudanças. Para Wallace (2014, p.4), o
processo deverá definir e acordar os seguintes itens:
Em que base as mudanças deverão ser aprovadas;
Quem faz o que;
Membros do comitê de controle de mudanças;
Protocolos para níveis de autoridade, por exemplo, que tipo de mudança
pode ser realizada sem precisar da aprovação do cliente final;
Link com outros procedimentos de gerenciamento, exemplos,
gerenciamento de questões e gerenciamento de configuração;
Quais ferramentas serão utilizadas para dar suporte ao processo de
gerenciamento;
Como comunicar e promover o processo e sua importância para todos os
participantes.
“Num sistema integrado de mudanças, as alterações devem ser documentadas, com um pedido
formalizado, através de um processo definido e preestabelecido” (VALERIANO7, 2001, apud
49
BRUEL, 2003, p. 63). Este processo deverá ser definido através de um procedimento que
inclui as seguintes atividades, porém não estando limitadas as mesmas:
Formalizar e registrar todas as mudanças solicitadas das diversas fontes;
Avaliar as mudanças encontrando os desvios para a linha de base;
Avaliar os impactos em todas as áreas do conhecimento causados pela mudança;
Dar suporte a decisão, negociar, aprovar e comunicar as mudanças com os
Stakeholders;
Atualizar a linha de base, efetuando replanejamentos e/ou planos interinos para
atender a execução da mudança caso a mesma seja aprovada;
Executar, monitorar e controlar a mudança;
Reavaliar mudanças mal sucedidas;
Registrar e divulgar as lições aprendidas com as mudanças;
Avaliar e efetuar mudanças no procedimento de controle de mudanças caso
necessário.
As atividades de avaliação dos desvios das mudanças e avaliação dos impactos muitas vezes
poderão necessitar que a equipe de gerenciamento do projeto receba o apoio de especialistas
de determinadas áreas técnicas do projeto. O PMBOK (2008, p. 98) cita que tal opinião
especializada pode ser provida por várias fontes, por exemplo:
Consultores;
Partes interessadas, inclusive clientes ou patrocinadores;
Associações profissionais e técnicas;
Setores econômicos;
Especialistas no assunto e
Escritório de projetos.
O procedimento de controle de mudanças também pode prever a utilização de um comitê de
controle de mudanças (CCM) para auxiliar nas avaliações necessárias e tomar a decisão de
aprovar ou rejeitar a mudança. Este comitê poderá realizar reuniões que servirão para
negociar com o cliente final principalmente para os casos onde as mudanças gerem aditivos
contratuais. Segundo o PMBOK (2008, P. 98), “todas as decisões do comitê de controle de
mudanças são documentadas e comunicadas às partes interessadas, a título de informação e
para ações de acompanhamento posterior”.
Este comitê pode ter representantes de vários segmentos: a) da equipe do
empreendimento, que detêm conhecimento da mudança e seu impacto; b) do cliente,
que vai aprovar as alterações dos custos e do cronograma e entender o modo como a
alteração afeta a utilidade do produto; c) de grupos com produtos relacionados para
observar aspectos pertinentes à integração; d) da gerência funcional para representar
50
a política da empresa. Quanto maior for o empreendimento, mais categorias de
alterações e comitês de mudanças existirão. Isto aumenta a complexidade, mas trata-
se de uma estratégia indicada para controlar as decisões do empreendimento e impor
a autoridade sobre a tomada das decisões em todas as áreas possíveis (VERZUH9,
2000, apud BRUEL, 2003, p. 73).
Sun et al (2004, p. 13) sugeriu uma ferramenta de predição para que a equipe do projeto
analise de forma proativa as possíveis mudanças ou faça a análise de impactos de mudanças
que já foram solicitadas baseando-se na relação de interdependência entre as características do
projeto, causas da mudança e efeitos da mudança. Na figura 18 pode-se observar um diagrama
que representa a interdependência entre estas variáveis:
Figura 18: Diagrama de interdependência entre características do projeto, causas e efeitos de mudanças.
Fonte: Sun et al (2004, p. 13)
A abordagem de Sun et al se aproxima muito da técnica de diagramas de causa e efeito de
Ishikawa utilizada no processo para identificar as causas dos riscos. De fato, quando um risco
vem a ocorrer ele pode se tornar uma causa para mudança , portando estas ferramentas podem
se complementar. Segundo o PMBOK (2008, p. 312), “o processo de monitorar e controlar os
riscos pode gerar como saída uma solicitação de mudança devido a planos de contingência ou
soluções de contorno”.
2.3.2.2.Desafios e problemas enfrentados na utilização de sistemas de controle de
mudanças
Um dos principais problemas do gerenciamento de mudanças é a realização de mudanças sem
o registro das mesmas ou sem a aprovação do cliente final. Isto pode ocorrer muitas vezes
pela falta de conhecimento do procedimento de controle de mudanças por todos os
9 VERZUH, E. Gestão de Projetos. MBA Compacto. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
51
stakeholders envolvidos ou devido a pressões que a equipe do projeto poderá receber para
executar alguma alteração sem aguardar as demais etapas do processo como: analise de
impactos, negociação e aprovação.
Para os casos onde a mudança impacta em custos financeiros devido a alterações contratuais o
problema é ainda maior porque a empresa prestadora de serviço ficará totalmente a mercê se o
cliente irá acatar ou não o pagamento pelas mudanças já realizadas. Além de promover a
cultura de gerenciamento de mudanças para todos os stakeholders, o gerente de projetos
também deverá blindar a equipe para que pressões externas não afetem o andamento do
projeto conforme o planejamento.
Geralmente as pressões ocorrem devido a prazos apertados para dar alguma solução para um
problema. A equipe de gerenciamento de projeto pode reduzir esta pressão através da
antecipação de analises de impactos para possíveis mudanças fazendo que a resposta seja mais
rápida quando as mudanças forem necessárias. Wideman (2001, p. 8) sugere “monitorar o
cronograma e se o cliente ou seus representantes causarem atrasos, notificá-los
imediatamente, de forma educada, mas firme e por escrito”. Fonseca (2010, p.22) sugere
utilizar um índice de atraso causado por mudanças, pois pode definir qual o real impacto que
o cronograma está sofrendo.
O ideal nas reivindicações é ter o cliente ao lado da empresa e assumindo suas
causas, mas como isto raramente acontece, algumas regras devem ser observadas:
[..] cobrar as mudanças na ocasião do pedido por parte do cliente. As reivindicações
postergadas para o final da obra, jamais são pagas, documentadas ou não; destacar
uma pessoa capacitada para acompanhar o contrato e uma pessoa capacitada para
negociar com o cliente; [..] ser técnico antes que político, detectar o serviço que
realmente justifique a reivindicação (SILVA,2002 , p. 1).
Fonseca (2010, p. 23) destaca que “a rigidez no processo, problemas de análise da mudança e
principalmente a falta de integração são fatores que colaboram com o fracasso do plano
integrado de mudanças”. A rigidez do processo como já mencionado neste trabalho, fará com
que mudanças importantes tenham dificuldades de serem realizadas. Os problemas de analise
ocorrem devido a considerar apenas o impacto nas áreas do conhecimento sem realizar uma
priorização devido ao momento atual de cada área. A falha de integração ocasiona
inconsistências no plano quando, por exemplo, uma nova entrega é inclusa, porém o
cronograma ou o orçamento não são atualizados.
52
“O plano de controle de mudanças deverá ser revisado caso as mudanças: não sejam aplicadas
a tempo, não sejam processadas suficientemente, sejam mal sucedidas, afetem a
disponibilidade do sistema e nem todas sejam cobertas pelo plano” (KERN-LIFE, 2009, p. 2).
Para se obter um controle integrado de mudanças bem sucedido não basta apenas
montar um bom plano, pois a montagem é a apenas a primeira etapa. A grande
maioria dos controles de mudança utiliza os pesos para classificarem o grau de
impacto da mudança, porém os pesos são definidos uma única vez, na fase
formulação do plano de mudanças. As necessidades irão mudar ao longo do projeto
e plano de mudanças deve ser capaz de se adaptar a essas mudanças. Essa
flexibilidade é o verdadeiro desafio no gerenciamento de mudanças em projetos
(FONSECA, 2010, p. 24).
2.3.3. MODALIDADES DE CONTRATAÇÃO DO PROJETO
De acordo com Ferrari (2011, p. 69), “Modalidade de contratação é o mecanismo que
estabelece a integração entre a abrangência do fornecimento, a divisão dos riscos e a forma de
remuneração num compromisso de aquisição e fornecimento de bens e serviços”.
Em seu trabalho Ferrari (2011) mostrou que entre as diferentes referências sobre o assunto,
existem muitos desalinhamentos na terminologia utilizada para as modalidades de contratação
de projetos devido a diferentes áreas de aplicação, variações etimológicas entre os países da
Europa e América do Norte e diferentes legislações entre os países.
O PMBOK (2008, p 423-424) cita os seguintes tipos de modalidades de contratação:
Contrato de custo mais remuneração de incentivo (CMRI)/Cost-Plus-
Incentive-Fee (CPIF) Contract.
Contrato de custo mais remuneração fixa (CMRF) / Cost-plus-Fixed-Fee
CPFF Contract,
Contrato de custos reembolsáveis / Cost-Reimbursable Contract.
Contrato de preço fixo com remuneração de incentivo (PFRI) / Fixed-
Price-Incentive-Fee (FPIF) Contract.
Contrato de preço fixo garantido (PFG) / Firm-Fixed-Price (FFP)
Contract.
Contrato por tempo e material / Time and Material (T&M) Contract.
Em seu trabalho Whitt (2006) passa uma visão geral das modalidades de contratos mais
comumente utilizadas entre as empresas de engenharia e os proprietários do negócio. Whitt
(2006, p.7, tradução nossa) relata que “alguns anos atrás os contratos do tipo Cost-plus eram
os mais comuns. Neste formato, a empresa de engenharia assume um risco financeiro mínimo.
Caso seja necessário algum retrabalho o cliente é obrigado a pagar uma taxa por hora de
53
retrabalho”. Com relação ao exposto acima, observa-se que o tipo de contrato Cost-plus
beneficia mais a empresa de engenharia, portanto é necessário que o cliente tenha um maior
monitoramento e controle do projeto para avaliar quais retrabalhos e mudanças são realmente
necessários para implementação.
Whitt (2006, p.8, tradução nossa) também cita que “com o passar do tempo, a competição das
empresas para ganhar os projetos de engenharia, deu maior poder para o cliente. Outras
estruturas que eram menos vantajosas para a empresa de engenharia surgiram como fixed-
cost, turney key e Engineering Procurement and Construction (EPC)”.
Custo fixo (Fixed-Cost): “É um tipo de contrato no qual o cliente concorda em pagar uma
quantia fixa para um determinado conjunto de produtos e serviços” (Whitt 2006, p. 9).
Geralmente neste tipo de projeto ocorrem licitações e será declarada vencedora a empresa de
engenharia que apresentar o menor preço com a melhor solução técnica para o projeto
proposto. Para isso é necessário que o cliente disponibilize um pacote com especificações
técnicas, desenhos e informações necessárias para que a empresa de engenharia faça um
estudo e monte sua proposta.
Com este tipo de processo, o cliente é beneficiado por já possuir os custos pré-
definidos facilitando o seu planejamento financeiro. [..] Por outro lado, o cliente terá
o seu poder de controlar o projeto reduzido durante a execução, uma vez que, na
composição do preço do projeto, a empresa de engenharia já define os seus métodos
e entregáveis que melhor atenderiam ao escopo informado pelo cliente na fase de
licitação” (Whitt, 2006, p. 9, tradução nossa).
Nota-se também que o cliente ainda corre o risco de entregar um pacote de informações
técnicas que ainda possuam incertezas e que as mesmas não sejam cobertas pelo escopo da
proposta da empresa de engenharia vencedora. Neste caso durante a execução do projeto pode
aparecer necessidade de mudanças no projeto, conforme Whitt (2006, p.9) as mesmas deverão
ser tratadas da seguinte maneira:
“Uma vez que o cliente aceita a proposta, a empresa de engenharia não tem a
obrigação de ajustar os seus entregáveis e métodos caso seja capaz de demostrar que
se fizer isto irá afetar negativamente a obtenção de lucro. Caso o cliente faça uma
requisição que esteja fora da declaração de escopo, a empresa de engenharia possui
o direito de negar a requisição até que o cliente aprove uma ordem de mudança de
engenharia”.
Empreitada Integral Chave na Mão (Turn Key):
54
“modalidade em que o contratante remunera a contratada pelo fornecimento de uma
solução completa, podendo envolver bens, produtos e serviços, cuja concepção fica
a cargo do contratado, a ser provida num prazo definido, com preço total pré-
estabelecido e com a garantia do funcionamento, segundo especificações
previamente definidas” (FERRARI, 2011, p. 113).
Whitt (2006, p. 10, tradução nossa) acrescenta que um projeto turn key é muito similar a um
projeto Fixed-Cost com exceção que o cliente não tem poder de questionar como o projeto é
realizado.
EPC – Projeto, fornecimento e construção (Engineering Procurement and
Construction):
Modalidade em que o contratante remunera o contratado pelo fornecimento de uma
solução, podendo envolver bens, produtos e serviços, cuja concepção já foi feita,
mas todo o detalhamento (engineering), aquisição de componentes, conjuntos e
sistemas (procurement), construção, fabricação, integração, montagem e instalação
(construction) ficam a cargo do contratado, num prazo definido, a um preço total
pré-estabelecido (FERRARI, 2011, p. 113).
Tanto Whitt (2006) como Ferrari (2011) relatam em seus trabalhos que podem haver modelos
de contratação híbridos que possuam características de mais de um dos modelos apresentados.
De acordo com a experiência e observação do autor deste trabalho, verificou-se que na
maioria dos casos os contratos das empresas de engenharia de instrumentação e controle
industrial são da modalidade de Fixed-Cost. Já para as empresas empreiteiras, que podem
incluir o projeto de instrumentação e controle nos seus serviços, foi observada a presença dos
modelos de contrato Turn-key, EPC ou uma combinação destes dois.
3. GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS EM PROJETOS DE SISTEMAS DE I&C.
Neste capitulo os conceitos apresentados no referencial teórico serão utilizados para elaborar
um plano de controle de mudanças em projetos de instrumentação e controle. Para que isto
seja possível será apresentado um cenário genérico para empresa de engenharia responsável
pelo projeto. Também serão exemplificadas mudanças típicas para o projeto de sistemas de
instrumentação e controle e uma análise de impactos de mudança.
55
3.1.CENÁRIO DA EMPRESA DE ENGENHARIA
Para este estudo será considerado uma empresa de engenharia responsável apenas pelo projeto
de instrumentação e controle. Os demais subprojetos da planta industrial serão realizados por
outras empresas. A empresa de engenharia terá um contrato da modalidade Fixed-Cost com o
cliente final que é o proprietário da planta industrial em questão.
O projeto será a construção de uma nova planta (greenfield). A empresa de engenharia
participará das fases dois (projeto de detalhamento) e dará apoio com informações e
realização de testes no sistema projetado na fase três (construção e comissionamento). Nos
itens abaixo serão complementadas as seguintes informações da empresa: organograma,
fatores ambientais, ativos de processos organizacionais e EAP.
3.1.1. Organograma
A empresa de engenharia possuirá uma estrutura organizacional matriz forte e será divida em
departamentos com um deles sendo especifico para o gerenciamento de projetos. O gerente de
projetos terá autoridade moderada e terá que competir pelos recursos com os demais projetos
e com os gerentes funcionais. O departamento de gerenciamento de projetos possuirá uma
equipe especifica para gerenciar as mudanças do projeto. Na figura 19 abaixo está exibido o
organograma da empresa de engenharia.
Figura 19: Organograma da empresa de engenharia de Instrumentação e Controle.
Fonte: Elaborada pelo autor
56
No organograma estão representadas apenas as funções dos recursos e não a quantidade de
cada recurso. Também estão representados apenas os departamentos da empresa que terão
seus recursos utilizados pelo projeto. É importante lembrar haverá necessidade de utilizar
especialistas técnicos para participar das analises de mudanças e reuniões do comitê de
controle de mudanças. Este especialista já pode estar incorporado na equipe de gerenciamento
de mudanças na figura de um consultor ou poderá ser um dos membros dos outros
departamentos que deverá ser compartilhado quando houver necessidade.
3.1.2. Estrutura Analítica do Projeto
A EAP do projeto do sistema de instrumentação e controle pode ser verificada no apêndice I
deste trabalho.
3.1.3. Fatores Ambientais
Entre os fatores ambientais possíveis, o sistema de informações do gerenciamento de projetos
(SIGP) será considerado o mais importante para o processo de controle integrado de
mudanças. Será considerada a existência:
Software para elaboração de cronograma
Sistema de gerenciamento de configuração
Base de dados de informações do projeto de instrumentação e controle compartilhada
na rede coorporativa possibilitando o acesso, atualização e emissão de relatórios pela
equipe do projeto. Como pode ser visto na EAP a base de dados é um dos entregáveis
do projeto.
3.1.4. Ativos de processos organizacionais
Entre os ativos de processos organizacionais serão considerados os seguintes como mais
importante para o processo de controle integrado de mudanças:
Rede coorporativa acessível à equipe do projeto para armazenamento e recuperação de
documentos, formulários, procedimentos, instruções e base de conhecimentos da
organização com informações históricas do projeto.
Sistema de armazenamento e atualização de lições aprendidas
Sistemas de coleta e disponibilização de dados de medição de processos. Como por
exemplo, um sistema integrado de gestão empresarial SAP/R3.
57
3.2.MUDANÇAS TÍPICAS NO PROJETO DE I&C
Na tabela 7 abaixo estão representados alguns exemplos de mudanças típicas e suas causas
para o projeto de sistemas de instrumentação e controle. Esta lista pode ser elaborada durante
o planejamento do projeto e servir de apoio para identificação e analise de impactos de
mudanças.
ITEM DESCRIÇÃO DA MUDANÇA POSSÍVEIS CAUSAS
1 Aumento ou diminuição da quantidade de
instrumentos.
Modificações no projeto mecânico/processo
2
Mudança de tecnologia de medição dos
instrumentos inicialmente prevista para
atender a aplicação.
1) Fornecedor sugere tecnologia que atende
melhor a aplicação.
2) Verificação de ineficiente de medição da
tecnologia atual depois da instalação do
instrumento.
3
Mudança protocolo de comunicação do
instrumento.
1) Não disponibilidade do mercado para o
protocolo solicitado.
2) Modificação do projeto de encaminhamento
elétrico.
4 Melhoria, correção ou substituição dos
instrumentos e seus acessórios.
1) Defeitos encontrados na inspeção.
2) Defeitos encontrados na montagem.
3) Defeitos encontrados durante testes e operação.
4) alteração das condições de processo (vazão,
temperatura, pressão e etc.) inicialmente previstas
no projeto do processo.
5) Melhorias solicitadas pelo cliente.
6) Modificações dos projetos de outras disciplinas
de engenharia.
5
Modificação da conexão ao processo do
instrumento.
1) Modificação no projeto mecânico da conexão
da tubulação ou do equipamento que instrumento
fará a conexão.
6 Modificação da alimentação elétrica do
instrumento.
1) Modificação do projeto elétrico
7 Revisão da planta de alocação de
instrumentos.
1) Modificação dos arranjos das tubulações e
equipamentos no projeto mecânico.
8 Revisão de desenhos, listas, especificações
e demais documentação do projeto.
1) Atender comentários devido a não
conformidades encontradas no processo de
verificação dos documentos.
2) Modificações dos projetos de outras disciplinas
de engenharia.
3) Modificações realizadas durante a construção e
comissionamento.
4) Atender sugestões de melhorias do projeto.
9 Revisão dos padrões de programação e
padrões de testes.
1) Atender comentários devido a não
conformidades encontradas no processo de
verificação dos documentos.
2) Adequação dos padrões as necessidades
encontradas na execução do projeto.
58
10 Aumento ou diminuição da quantidade de
pontos de entradas e saídas.
1) Aumento ou diminuição na quantidade de
instrumentos inicialmente previstos.
2) Inclusão ou exclusão de equipamentos
monitorados/controlados inicialmente previstos.
3) Inclusão ou exclusão de sistemas ou
subsistemas da planta industrial.
4) Modificações dos projetos de outras disciplinas
de engenharia.
11 Modificação na programação dos
aplicativos (SDCD, CLP, IHM).
1) Inconsistências ou defeitos encontrados durante
as seguintes atividades: validação do projeto,
realização do TAF, realização do TAC e operação.
2) Melhorias solicitadas pelo cliente durante as
seguintes atividades: validação do projeto,
realização do TAF, realização do TAC e operação.
12
Inclusão ou exclusão de automatismos e/ou
lógicas de controle não previstas
inicialmente
1) Aumento ou diminuição da quantidade de
pontos de entradas e saídas.
2) Modificações dos projetos de outras disciplinas
de engenharia.
13 Inclusão de cartões de módulos de
comunicações no Hardware do SDCD ou
CLP.
1) Inclusão ou exclusão de redes de comunicação
não previstas inicialmente.
2) Modificação de protocolos de comunicação de
instrumentos ou equipamentos.
14
Inclusão de conversores de meio físicos.
1) Instrumento ou equipamento não possui o
protocolo de comunicação ou meio físico
inicialmente previsto.
15 Necessidade de modificações na arquitetura
de redes.
1) Melhorar o desempenho das redes
2) Mudanças de tecnologia
3) Inclusão ou exclusão de equipamentos de rede.
16 Modificação nos painéis de automação.
1) Inconsistências ou defeitos encontrados durante
as seguintes atividades: validação do projeto,
realização do TAF, realização do TAC e operação.
2) Melhorias solicitadas pelo cliente durante as
seguintes atividades: validação do projeto,
realização do TAF, realização do TAC e operação.
3) Aumento ou diminuição da quantidade de
pontos de entradas e saídas que ultrapassem as
reservas dos cartões.
4) Inclusão de cartões de módulos de
comunicações no Hardware do SDCD ou CLP.
5) Inclusão de conversores de meio físicos.
17 Acréscimo de HH (homens-hora) para os
serviços de apoio ao comissionamento.
1) Solicitação do cliente devido a horas de
paralisação ocasionadas por terceiros.
18 Alterações de custos e prazos para compra
de equipamentos comparados com os
custos e prazos previstos no planejamento
1) Erros na estimativa dos preços e prazos
considerados no planejamento.
2) Modificações nas especificações dos
equipamentos conforme o item 9.
Tabela 6: Exemplos de mudanças e suas causas em projetos de I&C.
Fonte: Elaborado pelo autor
59
3.3.PLANO DE GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS DO PROJETO DE I&C
3.3.1. Proposito
O plano de gerenciamento de mudanças tem como proposito estabelecer um processo
padronizado para controle integrado de mudanças no projeto de sistemas I&C garantindo o
registro, análise, controle, comunicação e tratamento adequado aos diferentes tipos de
mudanças originadas das diversas interfaces existentes do projeto.
3.3.2. Objetivos
Os objetivos principais do plano de gerenciamento de mudança são os seguintes:
Formalizar as solicitações de mudanças, registros de mudanças, avaliação de impactos
e relatórios através do preenchimento adequado de formulários.
Garantir a análise dos impactos das mudanças nos aspectos técnicos de engenharia e
nos aspectos das áreas de conhecimento de gerenciamento de projetos.
Garantir flexibilidade para execução de mudanças classificadas como urgentes pelo
cliente.
Gerenciar e controlar a execução do projeto conforme a linha de base.
Dar tratativa adequada para desvios e correções de erros do projeto.
Modificar a linha de base caso seja necessário e benéfico para o projeto.
Garantir que mudanças que alterem itens contratuais sejam tratadas adequadamente
com o cliente.
Comunicar e divulgar o processo de controle de mudanças para os stakeholders.
3.3.3. Documentos de referência
Contrato com o cliente do projeto.
Plano de gerenciamento do projeto.
Plano de gerenciamento de configuração.
3.3.4. Papéis e responsabilidades
Equipe de gerenciamento do projeto: Composta pelo gerente de projetos, planejadores,
project contollers e a equipe de gerenciamento de mudanças. Esta equipe é responsável por
solicitar mudanças, receber e registrar as solicitações de mudanças das diferentes fontes,
monitorar e controlar as mudanças, atualizar a linha de base do projeto, realizar planos de
ação interinos para mudanças corretivas que não alteram a linha de base ou para mudanças
urgentes, solicitar autorização do cliente para execução de mudanças urgentes, comunicar de
maneira formalizada a aprovação e rejeição de mudanças para os stakeholders, registrar e
60
divulgar as lições aprendidas com as mudanças e avaliar a necessidade de modificações no
plano de gerenciamento de mudanças.
Equipe técnica do projeto: Composta pelos profissionais do departamento de I&C.
Responsável por identificar, solicitar e executar a mudança.
Comitê interno de controle de mudança: Composta por representantes da equipe de
gerenciamento de projeto, equipe técnica, suprimentos e qualidade. Este comitê é reunido
quando as mudanças alteram a linha de base. O objetivo deste comitê é avaliar os impactos
das mudanças em conjunto de maneira a integrar todos os departamentos envolvidos. A
equipe técnica analisará os impactos técnicos da mudança, a equipe de gerenciamento
analisará os impactos na linha de base, o representante do suprimentos levantará custos
envolvidos caso a mudança demande alguma aquisição e a qualidade levantará impactos que
afetam seus padrões. Deverá ser preenchido um formulário único com a análise de impactos.
Também são responsabilidades deste comitê: verificar as mudanças que podem ser aprovadas
sem a participação do cliente, verificar quais mudanças alteram itens contratuais e precisam
da participação do cliente, elaborar relatório comparativo entre o contrato e a mudança,
submeter o relatório e os impactos para o cliente, realizar reunião de acompanhamento e
avaliação de mudanças, avaliar impacto para mudanças já executadas com autorização do
cliente que as classificou como urgentes e foram executadas sem análise prévia.
Comitê externo de controle de mudanças: Composto pelos membros do comitê interno de
controle de mudanças mais os representantes técnicos e gerenciais do cliente. Este comitê
recebe a análise de impactos e relatório comparativo entre o contrato e a mudança com o
objetivo de realizar a reunião para verificação e análise destes documentos e negociação
técnica e comercial da mudança. Neste comitê também é negociado o preço para as mudanças
já executadas com autorização do cliente sem a análise prévia. O comitê não toma decisões,
apenas encaminha os resultados da reunião para aprovação da pessoa autorizada a tomar
decisões dentro da organização do cliente.
Cliente: Tem como responsabilidade tomar a decisão de aprovação ou não de mudanças,
autorizar a execução de mudanças urgentes sem analise prévia de impactos e posteriormente
aceitar ou não o preço negociado para estes casos.
61
3.3.5. Procedimento de controle de mudança
O procedimento de controle de mudança será conforme o fluxograma de processo exibido no
Apêndice II.
3.3.6. Documentos e formulários do procedimento de controle de mudanças
Os seguintes formulários deverão ser utilizados neste procedimento:
Formulário de solicitação de mudança – Apêndice III.
Formulário de registro de mudanças – Apêndice IV.
Formulário de avaliação de impactos da mudança – Apêndice V.
Formulário de relatório comparativo entre o contrato e a mudança – Anexo VI.
3.3.7. Ferramentas de suporte ao plano
As seguintes ferramentas darão suporte ao plano de controle de mudanças:
Base de dados de Instrumentação e Controle.
Sistema de configuração.
Sistema integrado de gestão empresarial.
Software de desenvolvimento de cronogramas.
3.3.8. Comunicação e divulgação do plano
O plano de controle de mudança será apresentado a todos os stakeholders no início do projeto.
Também serão realizadas auditorias mensais na empresa com objetivo de verificar a correta
aplicação do plano, divulgar o mesmo e receber sugestões de melhorias.
3.4.ANÁLISE DE IMPACTOS DE MUDANÇAS
O autor verificou que a melhor ferramenta para análise de impactos de mudanças nos projetos
de I&C é a realização de reuniões através de comitês de controle de mudanças conforme
indicado no plano de gerenciamento de mudanças mostrado no item anterior. Os impactos de
determinada mudança certamente atingem diversas disciplinas e será necessário o apoio de
diferentes especialistas para obter todas as informações e realizar uma analise completa.
Também foi verificado que a consulta de mudanças típicas e suas causas ajudam nesta análise.
Abaixo temos um exemplo do formulário de análise de impactos preenchido para uma
solicitação de mudança de inclusão de novos instrumentos no projeto.
62
Nº DA MUDANÇA 1
MUDANÇA SOLICITADA: Inclusão de mais 300 instrumentos no projeto.
CAUSA DA MUDANÇA:
Modificações no projeto do processo e no projeto mecânico incluindo novos pontos de medição e controle para
novos tanques e linhas de tubulações de uma determinada área da planta.
SITUAÇÃO ATUAL PARA ANÁLISE DA MUDANÇA:
Os cartões de entradas e saídas previstos no projeto para este área da planta não possuem pontos de reserva
suficientes para fazer a interligação de todos os novos instrumentos.
Os painéis de automação desta área da planta já se encontram construídos, porém ainda não em entregues e os
testes de aceitação de fabrica ainda não foram realizados.
A MUDANÇA ALTERA ALGUM ITEM
CONTRATUAL? SIM X NÃO
INFORMAR ITEM CONTRATUAL
ALTERADO:
O memorial descritivo anexo ao contrato não prévia estes novos
300 instrumentos.
AÇÕES NECESSÁRIAS PARA
REALIZAR A MUDANÇA: Impactos de custos
Valor
R$ Impacto em prazo
Prazo
(horas)
Especificar, comprar e inspecionar os novos
instrumentos.
Custo do HH de
engenharia.
10000 Adição de prazo da
tarefa.
160
Custo do HH do
comprador.
2000 Adição de prazo da
tarefa.
40
Custo do HH do
inspetor.
10000 Adição de prazo da
tarefa.
160
Custo dos
instrumentos
600000 Adição de prazo
para entrega dos
instrumentos
320
Comprar mais cartões de entradas e saídas
para garantir quantidade suficiente para
interligar os novos instrumentos e manter
uma quantidade de pontos de reserva.
Custo do HH do
comprador
2000 Adição de prazo
para execução da
tarefa.
40
Custos dos cartões 25000 Adição de prazo
para entrega dos
equipamentos
120
Instalar os novos cartões nos painéis de
automação.
HH do montador de
painéis.
1000 Adição de prazo
para executar as
tarefas
80
Modificar a programação dos aplicativos
(SDCD, CLP e IHM) para incluir as novas
medições e controles que foram inclusos.
HH de projetista de
automação.
4500 Adição de prazo
para executar as
tarefas.
120
Modificação na linha de base do projeto para
considerar a mudança
HH de planejador 2000 Adição de prazo
para executar as
tarefas
40
TOTAL R$ 656500 TOTAL (horas) 1080
PRAZO CONSIDERANDO PARALELISMO DE ATIVIDADES (HORAS/DIAS) (680/85)
IMPACTOS NA LINHA DE BASE DO PROJETO
ESCOPO Inclusão quantitativa de instrumentos no escopo do projeto
Inclusão quantitativa de cartões no escopo do projeto
TEMPO Revisão do cronograma considerando os prazos de execução dos
serviços e prazos na entrega dos equipamentos
CUSTO Inclusão dos custos do HH e dos custos dos equipamentos no
orçamento
AQUISIÇÕES Planejar as aquisições dos instrumentos e dos cartões.
RISCOS Incluir os riscos associados as atividades e as aquisições que
serão realizadas.
QUALIDADE Incluir listas de verificação para inspeção dos novos
instrumentos e cartões.
63
RH Será necessário incluir mais um projetista de automação ao
projeto para absorver as atividades extras devido a mudança.
INTEGRAÇÃO Atualizar registro de solicitação de mudanças.
COMUNICAÇÕES Incluir os contatos dos fornecedores na matriz de comunicação
do projeto.
Tabela 7: Exemplo de análise de impactos de mudança
Fonte: Elaborado pelo autor
Um detalhe importante é que a análise de impactos deve levar em consideração a situação
atual do projeto, pois os impactos podem ser bem distintos caso uma determinada tarefa já
tenha sido realizada ou o projeto está em uma determinada condição. No exemplo da análise
acima os impactos seriam diferentes se: os cartões de entrada e saída possuíssem reservas
suficientes para incluir as interligações dos novos instrumentos, se os painéis de automação
não estivessem construídos ou os painéis já estivessem construídos e já entregues na planta
industrial.
4. CONCLUSÕES
Os estudos realizados neste trabalho foram fundamentais para se construir uma base para
realizar um plano adequado de gerenciamento integrado de mudanças em projetos de sistemas
de instrumentação e controle industrial. Foi necessário conhecer características bem
especificas de sistemas de I&C e de seu projeto com relação às fases, atores e gerenciamento.
Também foram importantes os estudos referentes às mudanças em projetos, como gerencia-
las de maneira integrada, como implantar um procedimento de controle de mudanças,
ferramentas e técnicas e como enfrentar os desafios e problemas que poderão ocorrer. Com
isto, um cenário foi criado possibilitando a elaboração de um plano de gerenciamento de
mudanças em questão.
O conhecimento dos diferentes stakeholders que fazem interface com o projeto de I&C foi
importante para determinar as possíveis mudanças típicas e suas causas. Este fato também
contribuiu bastante no formato proposto para o plano de controle de mudanças. Também foi
mostrado que a criação de uma tabela com mudanças e suas causas durante o planejamento do
projeto se tornará muito útil para auxiliar a análise dos impactos das mudanças. Isto porque
em muitos casos algumas mudanças se tornam causas para outras mudanças o que facilita
observar o impacto total da mudança solicitada.
64
Com relação à análise de impactos a ferramenta que melhor se adequou para esta tarefa foi a
realização de reunião de comitês de controle de mudanças onde é possível analisar todos os
impactos de maneira multidisciplinar contanto com o apoio dos especialistas de cada área
afetada pela mudança. Outro ponto observado foi que a situação atual do projeto deve ser
considerada na análise de impactos já que a variação da situação pode gerar impactos
diferentes o que dificulta a análise prévia de impactos já que se encontraria um cenário onde
se trabalharia com probabilidade de impactos se aproximando mais da análise de riscos, o que
não é o foco do plano de gerenciamento de mudanças. Porém o autor entende que estas duas
análises podem se complementar para realizar o planejamento do projeto.
O plano de gerenciamento de mudanças proposto se mostrou flexível para tratar diferentes
tipos de mudanças conforme WALLACE (2014) e FONSECA (2010) sugerem em seus
trabalhos. Também existiu a preocupação de evitar que as mudanças sejam realizadas sem o
devido registo (scope creep), já que todas as mudanças devem obedecer ao processo e as mais
simples sem impactos na linha de base são planejadas e executadas sem muita burocracia,
assim como as mudanças urgentes seguem seu próprio fluxo facilitando sua rápida execução.
O procedimento também se preocupou em promover a cultura de gerenciamento de mudanças
e de divulgação do mesmo durante todo o projeto conforme alertado na seção do trabalho que
fala dos desafios e problemas da implementação do sistema de gerenciamento de mudanças.
Para o sucesso do plano também é necessário destacar as ferramentas para auxiliar o processo
de controle de mudanças como, por exemplo, a base de dados de I&C para armazenamento e
recuperação de informações técnicas sobre o projeto, o sistema de integrado de gerenciamento
de empresarial para coletar informações de medições de processos do projeto e o sistema de
configuração para sempre consultar as ultimas versões das características físicas e funcionais
dos produtos do projeto, softwares de desenvolvimento de cronogramas para verificar
impactos de prazos para execução de mudanças e possíveis atrasos.O plano de gerenciamento
de mudanças apresentado é bastante especifico para o cenário apresentado, considerando
inclusive a modalidade de contração da empresa de engenharia. Mas é assim que deve ser um
plano de gerenciamento de mudança especifico para cada organização, para cada tipo de
projeto e realidade de contrato. Porém o plano de gerenciamento de mudanças deve estar
sempre constante avalição e aberto para possibilidades de revisão com o objetivo de se
adaptar as necessidades que surgem durante a execução do projeto.
65
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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66
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68
6. APÊNDICES
6.1.APÊNDICE I – EAP DO PROJETO DE INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE
69
6.2.APÊNDICE II – FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE CONTROLE DE
MUDANÇAS
70
71
6.3.APÊNDICE III – FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO DE MUDANÇAS
SOLICITAÇÃO DE MUDANÇAS
REVISÃO R0
DATA
ELABORADOR
APROVADOR
Nº DA SOLICITAÇÃO
NOME DO SOLICITANTE
TELEFONE E-MAIL:
MUDANÇA SOLICITADA:
JUSTIFICATIVA DA MUDANÇA:
O CLIENTE CLASSIFICA A
MUDANÇA COMO URGENTE? SIM NÃO
A MUDANÇA ALTERA A
LINHA DE BASE?
(PREENCHIDO PELA EQUIPE
DE GERENCIAMENTO DO
PROJETO)
SIM NÃO
A MUDANÇA É BENEFICA
PARA O PROJETO? SIM NÃO
1. Assinatura do Solicitante ______________________
Assinatura
Obs: Caso a solicitação tenha sido feita através de ata de reunião ou e-mail favor anexar a
evidência a este documento.
2. Aprovação do Cliente para mudanças classificadas como urgente Aprovação ( ) Rejeição ( ) Não aplicável
______________________
Assinatura
72
6.4.APÊNDICE IV – FORMULÁRIO DE REGISTRO DE MUDANÇAS
73
6.5.APÊNDICE V – FORMULÁRIO DE ANÁLISE DE IMPACTOS DA MUDANÇA
ANÁLISE DE IMPACTOS DE MUDANÇAS NO PROJETO
REVISÃO R0
DATA
ELABORADOR
APROVADOR
Nº DA MUDANÇA
MUDANÇA SOLICITADA:
CAUSA DA MUDANÇA:
SITUAÇÃO ATUAL PARA ANÁLISE DA MUDANÇA:
A MUDANÇA ALTERA ALGUM ITEM
CONTRATUAL? SIM NÃO
INFORMAR ITEM CONTRATUAL
ALTERADO:
AÇÕES NECESSÁRIAS PARA
REALIZAR A MUDANÇA:
IMPACTOS DE
CUSTOS
VALOR
R$
IMPACTO
EM PRAZO
PRAZO
(HORAS)
TOTAL R$
TOTAL
(horas)
PRAZO CONSIDERANDO PARALELISMO DE ATIVIDADES (HORAS/DIAS)
IMPACTOS NA LINHA DE BASE DO PROJETO
ESCOPO
TEMPO
CUSTO
AQUISIÇÕES
RISCOS
QUALIDADE
74
RH
INTEGRAÇÃO
COMUNICAÇÕES
Obs: O relatório comparativo entre o contrato e a mudança deverá ser anexado a este
documento caso algum item contratual seja impactado com a mudança.
3. Aprovação do Gerente de Projeto
Aprovação ( ) Rejeição ( )
______________________
Assinatura
4. Aprovação do Diretor Projeto
Aprovação ( ) Rejeição ( ) Não aplicável
______________________
Assinatura
5. Aprovação do Cliente do Projeto
Aprovação ( ) Rejeição ( ) Não aplicável
______________________
Assinatura
75
6.6.APÊNDICE VI – FORMULÁRIO DE RELATÓRIO COMPARATIVO ENTRE O
CONTRATO E A MUDANÇA
RELATÓRIO COMPARATIVO ENTRE O CONTRATO E A MUDANÇA
REVISÃO R0
DATA
ELABORADOR
APROVADOR
Nº DA SOLICITAÇÃO NOME DO
SOLICITANTE MUDANÇA
SOLICITADA
TIPO DE MUDANÇA QUANTITATIVA QUALITATIVA
ITEM CONTRATUAL
DESCREVER A MUDANÇA
DESCREVER O QUE ESTÁ PREVISTO NO CONTRATO
REALIZAR COMPARATIVO COM A MUDAÇA DESCREVENDO O QUE NÃO ESTAVA PREVISTO NO CONTRATO
CONSEGUÊNCIAS DE REALIZAR A MUDANÇA (DESCREVER MELHORIAS E/OU SOLUÇÕES OBTIDAS)
76
Obs: Tabelas comparativas e desenhos ilustrativos podem ser anexados a este documento para
uma melhor compreensão.
CONSEGUÊNCIAS DE NÃO REALIZAR A MUDANÇA