gestão da informação
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A percepção de estudantes acadêmicos sobre o portal da transparência
Rodrigo Carvalho Galdino1
Clóvis Wanzinack2
RESUMO
O presente artigo tem o objetivo de identificar o entendimento e acessibilidade dos
acadêmicos da UFPR, sobre as informações que estão disponíveis no portal da
transparência, evidenciar dificuldades de acesso, e o conhecimento da Lei
Complementar nº131, de 27/05/2009, que determina que informações orçamentarias
das entidades públicas fossem publicadas por meio eletrônico. O estudo buscou
compreender por meio de um questionário eletrônico, como os acadêmicos da UFPR
em geral se relacionam com o portal da transparência e qual o grau de dificuldades
no acesso ao portal, se obtiveram êxito ao procurar as informações e qual o se grau
de importância para o acesso eletrônico, levantando a discussão das principais
dificuldades de acessibilidade do portal da transparência. Tratando-se de um estudo
exploratório transversal de caráter qualitativo e quantitativo, realizado no segundo
semestre de 2015, a amostragem constituída por (n=40) acadêmicos/as da UFPR. O
resultado do estudo propôs identificar a baixa popularização da Lei de
Responsabilidade Fiscal, dificuldades com a linguagem utilizada no portal da
transparência, e o índice de interesse dos acadêmicos/as com as informações no
postadas no portal da transparência.
Palavras-chave: Transparência, Responsabilidade fiscal, Gestão pública, Portal da
transparência.
1 Acadêmico do curso de gestão publica 2 Orientador do TCC do curso de gestão publica
1
Introdução
Como forma de incentivar a participação popular a fiscalizar o destino do
dinheiro público, foi criado o Portal da transparência do Governo Federal em 2004
pelo Tribunal de Contas e pela Procuradoria Geral da União ,que publica informações
da execução orçamentaria e financeira dos ministérios, servindo mais tarde como
referência aos demais portais das entidades públicas, mas sem regulamentação não
havia obrigatoriedade por parte das entidades públicas de publicar as informações por
meio eletrônico. Porem em 2009 foi promulgada a Lei Complementar n° 131, de
27/05/2009, que altera a Lei Complementar n°101, de 04/05/2000 – Lei de
Responsabilidade Fiscal, sendo o marco legal para a criação dos portais da
transparência em todos os entes da União (governo Federal, Estadual e Municipal) a
alteração determina que as informações orçamentarias das entidades públicas fossem
publicadas por meio eletrônico inclusive em “tempo real3” , visando promover o acesso
a ações da administração direta e indireta e a gestão das finanças públicas ,permitindo
que qualquer cidadão acompanhe como o dinheiro público é utilizado, e também ajude
a fiscalizar os gastos das entidades públicas.
A participação popular prevista na Constituição Federal não se restringe
apenas ao voto, permite opinar sobre as prioridades, participar, e fiscalizar a aplicação
dos recursos públicos.
O ART. 5º, INCISO LXXIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Portanto, o portal da transparência permite que qualquer cidadão, exerça o seu
direito de fiscalizar os gastos dos órgãos integrantes da estrutura do Poder Público.
No entanto surgem diversas perguntas, será que basta apenas disponibilizar as
informações no portal da transparência? Os cidadãos têm acesso à internet? 4 A
3 A disponibilização das informações, em meio eletrônico que possibilite amplo acesso ao público, até o primeiro dia útil subsequente à data do registro contábil no respectivo SISTEMA, sem prejuízo do desempenho e da preservação das rotinas de segurança operacional necessários ao seu pleno funcionamento. (BRASIL, 2010, online) 4 De acordo com o IBGE estimou-se em 2013 85,6 milhões (49,4% da população) com 10 anos ou mais de idade utilizaram a Internet, e segundo a consultoria de tecnologia eMarketer no fim de 2014 o Brasil assumiu 4º maior população de usuários na internet com 107,7 milhões de internautas ultrapassando o Japão
2
divulgação da informação pública é de fácil acesso e entendimento? A Ferramenta
pode ampliar a participação da sociedade no controle social? 5
Tendo como grande temática o conhecimento da Lei de Responsabilidade
Fiscal e transparecia das informações. Diante dessas indagações o estudo tem o
propósito de identificar como os acadêmicos da UFPR utilizam o portal da
transparência. Proporcionando entender a visão das informações postadas e a atual
realidade do conhecimento Fiscal dos acadêmicos da UFPR. Além de proporcionar
entender o nível de acesso dos acadêmicos ao portal da transparecia e interesse com
o destino final do dinheiro público. A realização desta pesquisa parte a partir de um
questionário realizado com 9 perguntas com respostas abertas e fechadas, disponível
em formulário via web e divulgado a partir de grupos de e-mails e redes sociais dos
universitários da UFPR.
Lei da responsabilidade fiscal e Transparência
A Lei da Responsabilidade Fiscal 2000, foi o marco no processo de
transparência publica se tornando um mecanismo de controle dos gastos públicos,
vista como um dos primeiros passos de aproximar o Estado da Sociedade, ampliando
o acesso as informações públicas através da divulgação de relatórios e
demonstrativos da execução orçamentaria como forma de controlar o endividamento
público. Conforme MATKIEVICZ (2011, pg. 5):
A Lei de Responsabilidade Fiscal foi criada com o objetivo de estabelecer normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, proporcionando aos entes estatais, União, Estados e Municípios uma ação controlada e transparente em que se possam prevenir riscos e corrigir desvos capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas.
Segundo Pires (2010) a Lei 4.320/64 não deve ser desconsidera apesar da sua
idade avançada, pois representou um avanço expressivo na gestão de finanças
públicas no Brasil, seja pela sua síntese de um movimento tecnicizante de décadas
antecedes, quanto pela sua série de procedimentos, especialmente relacionadas à
orçamentação por programas e à padronização da contabilidade pública.
5 Segundo dados divulgados no Portal da Controladoria Geral da União em 2014 o site recebeu 14,6 milhões de visitas recorde anual de acessos desde sua criação, sendo que em 2004 o ano de sua criação, a quantidade de acessos foi de 64,3 mil. Por mês, a média ficou em 1,2 milhão, maior número já registrado. http://www.cgu.gov.br/noticias/2015/01/portal-da-transparencia-registra-numero-de-visitas-recorde-em-2014
3
Conforme Pires (2010) mudanças na constituição de 1988 são consideradas
um dos momentos históricos da direção da transparência fiscal, pôs estabeleceu os
orçamentos fiscais, a seguridade social dos investimentos das estatais, delimitou o
papel de cada um isolando o contagio nocivo, antes existente, da atuação do Banco
Central como financiador das atividades governamentais. Desenvolvendo um sistema
orçamentário constituído por um Plano Plurianual, uma Lei de Diretrizes e uma Lei
Orçamentária Anual interligadas entre si e com ampliada possibilidade de deliberação
legislativa.
Segundo Araújo; Santos Filho; Gomes; Fábio (2015) a Lei de Responsabilidade
Fiscal foi desenvolvida como um programa de estabilização fiscal, seguindo os
princípios de planejamento, transparência, controle e responsabilidade. Pois o
contexto econômico que antecede a Lei de Responsabilidade Fiscal, está ligado ao
Fundo Monetário Internacional (FMI) e seus códigos de boas práticas de gestão, que
depois de uma grave crise cambial entre 1998-99 incluiu exigências para a concessão
de novos empréstimos ao país.
A Lei de Responsabilidade Fiscal aliado a outras medidas constitui um passo
importante, para alcançar um equilíbrio das contas públicas proporcionando uma
mudança cultural e institucional na administração dos recursos da sociedade. Sendo
que os gestores públicos passam a ficar subordinados aos deveres estabelecidas pela
lei Complementar Nº 101/20006, aonde a violação desses deveres acarreta a
prestação consubstanciada em sanções institucionais e contra os próprios sujeitos
que servem ao poder público. (ANDRADE) (2008).
Segundo Matkievicz (2011) contempla que a Lei de Responsabilidade Fiscal
protagonizou uma mudança cultural, pois devido o apoio popular, os municípios
sentiram o peso da população e se viram obrigados a obedecer às regras de controle
e transparências dos gastos públicos.
De acordo com Campos; Paiva; Gomes, (2012) a Lei de Responsabilidade
fiscal foi promulgada e baseia em quatro pilares: o planejamento prevendo o plano
plurianual (PPA) as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais (art. 165, I, II e
III), a transparência dispondo do incentivo a participação sociedade através de
audiências públicas, inclusive a divulgação eletrônica de atos e fatos ligados à
arrecadação de receitas e à realização de despesas, o controle estabelecendo um
mecanismo na forma de conselho de gestão fiscal constituído por representantes de
todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério Público e de entidades técnicas
4
representativas da sociedade” (art. 67) , e a responsabilidade sendo exigida do gestor
público cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal sob pena de responder por seus
atos e sofrer as sanções
Segundo Oliveira (2010) a disponibilização de informações públicas da
execução orçamentaria dos governos e entidades públicas, contribuem com o avanço
do processo democrático brasileiro, sendo justo afirmar que a Lei da transparência foi
um dos maiores exemplos democracia nacional.
Segundo Linhares; Humenhuk (2012) a Lei 12.527/2011 a que regula a
informação, e outra ação importante no sentido da disponibilização da informação. Na
medida em que facilita e promove a informação pública, esta Lei vem a somar no
controle social.
De acordo com o analise devolvido por Cruz; Platt Neto; Rolim Ensslin; Ensslin,
(2007) pressupõe que transparência caracteriza por três elementos ou dimensões; a
publicidade, a compreensibilidade e a utilidade para decisões. Sendo que cada
elemento complementa e se interage com o outro, proporcionando uma transparência
plenamente propiciada.
Segundo Guadagnin (2011) a transparência e considerada um dos alicerces
para uma gestão pública responsável, além de estar ligada ao princípio constitucional
da publicidade, sendo um dos principais objetivos da Administração Pública moderna.
Metodologia
Para desenvolvimento do referencial teórico foi utilizado como fonte artigos e
revistas eletrônicas considerando os temas responsabilidade fiscal, governo
eletrônico, portal da transparência e transparência pública. A pesquisa documental foi
realizada por meio do analise da legislação tendo como foco a Lei Complementar 101,
de 04/05/2000 (LRF) e a mais recente Lei Complementar 131/2009 (Lei da
Transparência)6 que altera a redação da Lei Complementar 101/2000(LRF) no que se
refere à transparência da gestão fiscal.
Trata-se de um estudo exploratório transversal Cezar (2011) um estudo que
extrai informações de uma certa população somente uma vez, de caráter qualitativo e
quantitativo, realizado no segundo semestre de 2015. A amostragem se estabeleceu
por (n=40) acadêmicos, tendo como critério de seleção ser Acadêmico da UFPR.
6Lei complementar 131/2009 (Lei da Transparência) disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp131.htm
5
Participaram do estudo alunos dos cursos de gestão pública, gestão de políticas
públicas, gestão e empreendedorismo, informática e cidadania, linguagem e
comunicação, serviço social, saúde coletiva. A idades dos/as participantes variaram
entre 17 a 58 anos de gênero masculino e feminino, que responderam de forma
anônima e voluntariamente a um formulário de pesquisa, disponibilizado através do
docs.google.com, contendo 09 questões objetivas e discursivas, quanto a sua
divulgação foi realizada a partir de grupo de e-mail dos cursos, e grupos de redes
sócias dos universitários da UFPR. Quanto as questões, foi interrogado sobre o
conhecimento do/a acadêmico/a perante o acesso a Lei de responsabilidade Fiscal,
se já utilizou das funcionalidades do portal da transparência e se tinha conhecimento
de informações presentes, levantando a discussão das principais dificuldades de
acessibilidade do portal da transparência, levantado o grau de interesse pelo uso
dinheiro público. A respostas objetivas foram convertidas em planilha e gerado
gráficos, que por fim foram analisados e confrontados junto com as respostas
discursivas.
Resultados e discussões
Um objetivo importante da Lei de Responsabilidade Fiscal é a responsabilidade
social, que prevê disponibilizar contas dos administradores durante todo o seu
exercício, para consulta e apreciação pelos cidadãos, e o cenário tecnológico atual
vem refletindo na maneira com que essa informação chegue ao cidadão, a fim de
facilitar o acesso e exercer a Lei de Responsabilidade Fiscal o governo criou o portal
da transparência, mas será que esta ferramenta e realmente eficiente.
A análise utilizou como base os dados obtidos através do questionário realizado
entre junho e julho de 2015 através de um link disponibilizado no docs.google.com
aos acadêmicos da UFPR, no total foram 40 repostas sendo 19 acadêmicos do gênero
feminino e 21 masculinos com a média de idade de 28 anos.
O primeiro gráfico, abordado se o acadêmico conhece a Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Lei que contempla o autor Dropa (2003, pg 01)
Nascida mediante grande pressão da sociedade para moralizar o setor público financeiro, esta lei trouxe melhoras significativas nos gastos públicos de todo o país, melhoras no sentido de responsabilidade e moralidade no trato com a coisa pública, dentro dos princípios de razoabilidade, eficiência, moralidade e probidade administrativa
6
De acordo com as respostas constatou-se que de um (n= 40) 50% dos
acadêmicos conhecia ou já ouviu falar sobre a Lei da Responsabilidade Fiscal.
Gráfico 01: Conhecimento sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal
Na segunda questão (Gráfico 02) ao perguntar se o/a acadêmico/a conhecia
do que se tratava a Lei de Responsabilidade Fiscal, alguns que responderam sim na
questão anterior quando questionado se conhece a Lei de Responsabilidade Fiscal
não souberam responder sobre o que ela se tratava, (n=14) 35% souberam responder
à pergunta (Gráfico 02) desde respostas com conceito básico até respostas mais
elaboradas como destaque o entrevistado 22 que cita:
” Regulamenta a Constituição Federal no que diz respeito à Tributação e Orçamento e no atendimento ao artigo 163 da Constituição Federal. Sendo, em poucas palavras, um mecanismo de fiscalização e transparência. ”,
Outro exemplo é o do entrevistado 24 que cita:
“Se trata de manter o orçamento de acordo com um limite que não extrapole o orçamento e não prejudique a gestão pública”.
A mesma fala se contempla na citação de Andrade (2008)
A regulamentação das finanças públicas, através da Lei de Responsabilidade Fiscal, teve como mandamento o disposto no art. 163 da Constituição Federal, que teve a preocupação de estabelecer mecanismos de equilíbrio das contas públicas, dando-lhes maior clareza, prevendo meios e até ajuda financeira por parte da União para com os Estados e municípios para a modernização da máquina arrecadadora das receitas públicas.
Percebe-se que LRF que é de fundamental importância para o controle e a
transparência da gestão pública, tem um baixo nível de conhecimento por parte dos
FONTE: autores (2015).
7
acadêmicos entrevistados, levando a entender a carência da educação fiscal no ensino.
Gráfico 02: Sabe do que se trata a Lei de Responsabilidade Fiscal
Na terceira questão (gráfico 03) foi abordado se o acadêmico já utilizou o portal
da transparência? Nessa pergunta (n=31) 78% dos participantes responderam
positivamente (Gráfico 03) que já utilizaram, o portal que foi criado para garantir o
direito ao cidadão de monitorar a utilização das verbas pública através de meios
eletrônicos prevista na Lei complementar nº 131/09 7. Com base no gráfico (02) e (03),
percebe-se que mesmo com o baixo nível de conhecimento fiscal (n=26) 65%, a uma
grande procura pelas informações fiscais no portal da transparência, cerca de 78%
dos acadêmicos.
Gráfico 03: já utilizou o portal da transparência?
7 Lei da transparência: disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp131.htm
FONTE: autores (2015).
FONTE: autores (2015).
8
Na quarta e quinta pergunta, (Gráfico 05 e 06) respectivamente foi abordado
ao acadêmico se sabe o atual salário do prefeito de sua cidade e da atual presidenta,
visto que as informações estão presente no portal da transparência do município e do
governo federal sendo possível ser consultado por qualquer cidadão com acesso à
internet. Vale lembrar que o questionário foi realizado através da internet percebendo-
se, então, que qualquer um dos entrevistados pode ter acesso às informações. No
entanto, segundo dados divulgados em 2015 pelo IBGE em 2013 85,6 milhões de
brasileiros, o equivalente a 49,4% da população, utilizam a internet. Ou seja, menos da
metade da população brasileira tem acesso à internet.
Quando questionado qual o atual salário do prefeito de sua cidade apenas
(n=7) 18% souberam responder (Gráfico 04) e o mesmo resultado se obteve na quinta
pergunta qual o atual salario da presidenta (Gráfico 05) (n=7) 18% souberam
responder o valor exato ou aproximado. Percebe-se que não houve o interesse, em
buscar o conhecimento dos vencimentos dos nossos atuais gestores.
Gráfico 04: Grafico05:
Na sexta pergunta, foi questionado se o acadêmico ao utilizar o portal
encontrou dificuldade para encontrar informações (Gráfico 06) (n=24) 60%
responderam que sim que já encontraram dificuldade (n=8) 20% não encontraram e
(n=8) 20% nunca utilizaram (Gráfico 06). Segundo analise Nazário, Silva; Rover;
(2012, p.196) há uma certa dificuldade inicial ao acessar o portal da transparência,
para o público leigo em assuntos da administração pública. Já o estudo de Campos;
Paiva; Gomes, (2012 pg,443) contempla que há uma certa dificuldade de acesso e
compreensão, pois a informação postada não está na linguagem do cidadão comum.
FONTE: autores (2015). FONTE: autores (2015).
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Percebe-se que, de acordo com os estudos já realizados, a dificuldade em acessar as
informações dá-se por conta da falta de conhecimento fiscal.
Gráfico 06: Se já utilizou encontrou dificuldades para encontrar informações?
Na sétima pergunta foi indagado quais foram os problemas encontrados ao
utilizar o portal, cerca (n=14) 35% destacaram a navegabilidade como principal
problema das páginas, (n=10) 25% encontraram o problema de página não
encontrada e (n=2) 5% não obtiveram problemas, outros (n=5) 13% como o
entrevistado 21 destacou problemas como:
“Mascaramento nas informações”.
Já o entrevistado 22 declarou
“Não entender as informações disponíveis e não encontrar dados de interesse”.
O entrevistado 5 citou
“Clareza no acionamento”
Entende-se uma certa duvida do entrevistado 21 quanto há veracidade das
informações disponíveis no portal, algo que pode ser explorado em outros e estudos.
Já o entrevistado 22 e o 5 revela novamente a falta de conhecimento fiscal, sendo que
ao acionar as informações causou um certo desinteresse por parte dos acadêmicos.
Contempla Pinho (2008, pg 287) que a maioria dos portais analisados, está
longe da implantação da cultura de comunicação digital, e que em geral os portais não
fazem o uso da tecnologia da informação para promover a interatividade com a
FONTE: autores (2015).
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sociedade, nem a presença na consciência de nossos políticos a ideia e necessidade
de prestar contas à sociedade.
A Associação Contas Abertas composta por especialistas em finanças e contas
públicas, desenvolve um Índice de Transparência capaz de avaliar o conteúdo e o
grau de transparência ativa das informações disponibilizadas pelas administrações
públicas, e em um de seus indicadores cita que a facilidade de navegação é o principal
ponto fraco dos portais de transparência ABERTAS (2014).
Gráfico 07: Se houve dificuldades quais foram?
Os dados demostram que mesmo o entrevistado/a que respondeu que não
encontrou dificuldades na página, informa que ao acessar a página se depara com
algum problema durante o acesso às informações, navegabilidade e clareza nas
informações são um dos pontos fracos do portal citado pelos entrevistados, visto que
estes pontos deviria ser um dos pontos fortes já que o governo cita no próprio portal
que a transparência é o melhor antídoto contra corrupção.
Quando indagado ao entrevistado qual seu grau de utilidade para o portal da
transparência (Gráfico 08); se obteve o seguinte resultado (n=9) 23% responderam
nenhum grau utilidade, (n=12) 30% pouco grau utilidade, (n=9) 23% relativo grau de
utilidade, (n=6) 15% bom grau de utilidade, (n=4) 10% muito utilidade.
FONTE: autores (2015).
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Gráfico 08: Qual seu grau de utilidade para o portal da transparência?
A demais ao questionar sobe qual era o seu grau de interesse com o destino
do dinheiro público (Gráfico 09), se obteve os seguintes números, (n=5) 5% nenhum
interesse, (n=1) 3% pouco, (n=10) 25% interesse relativo, (n=7) 18% bom interesse,
(n=20) 50% muito interesse.
Reis (2006) em sua pesquisa destaca a importância de conhecer o destino do
dinheiro para combater a corrupção.
É preciso conhecer, compreender e exercitar o controle popular do dinheiro público, para que haja uma maior vigilância sobre a ação estatal e, por consequência, uma potencial redução dos níveis de corrupção.
Considerando que a participação e controle social não e apenas um direto do cidadão, mas também um dever.
Gráfico 09: Qual seu grau de interesse com o destino do dinheiro público?
FONTE: autores (2015).
FONTE: autores (2015).
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Levando em consideração que (n=31) 78% dos acadêmicos já utilizaram o
portal da transparência, e os mesmos classificaram o portal da transparência com
nenhum 23% ou pouco 30% nível de utilidade, uma das explicações para que 53%
dos acadêmicos estejam insatisfeitos com o portal da transparência, pode estar nos
números demonstrados no (Gráfico 07) que somados navegabilidade, outros e pagina
não encontrada são ao todo 73% dos acadêmicos que encontraram dificuldades para
acessar as informações dentro do portal.
Considerações finais
Em 2000 a Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceu normas a gestão fiscal,
implementou uma mudança cultural a gestão pública, tornou transparente os gastos
públicos e incentivou a participação popular na gestão pública. No entanto em 2009 a
Lei de Responsabilidade Fiscal acrescentou a Lei 131 que estabeleceu normas afim
de promover ainda mais as finanças públicas, e determinou que as informações
fossem públicas em “tempo real” por meio eletrônico, que figurou o portal da
transparência que passou a ser obrigatório.
No entanto o resultado da atual pesquisa revelou que 50% dos acadêmicos
nunca ouviu falar da Lei de Responsabilidade Fiscal, e 65% não sabe do que se trata,
Lei que é de fundamental importância para o controle e a transparência da gestão
pública, gestão pública brasileira que vem tomando o noticiário nacional e
internacional, por conta de recentes escândalos de desvios de verbas públicas e
pedaladas fiscais. Portanto com base no trabalho realizado percebeu-se uma procura
por informações no portal da transparência de 78% dos acadêmicos, acreditando não
haver a falta de interesse por parte dos acadêmicos com o destino do dinheiro público,
e sim falta incentivo à participação popular prevista na LRF. Apesar do grau elevado
de interesse dos acadêmicos, a falta de conhecimento da Lei de Responsabilidade
Fiscal torna o portal da transparência restrito a acadêmicos/as com um maior
conhecimento técnico, além da sua navegabilidade e diversos problemas encontrado
por 60% dos entrevistados/as. Percebe-se que o portal da transparência “abusa da
tecnologia” com excesso de ferramentas, mas peca na qualidade da informação, com
sua linguagem complicada e certo “mascaramento de informações” mencionado pelos
próprios entrevistados. E certo que o portal cumpri o papel em publicar as
informações, mas peca na qualidade da informação, deixando de incentivar a
participação popular.
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O presente estudo proporcionou identificar o alto nível interesse dos
acadêmicos pelo destino final do dinheiro público, mas a falta de conhecimento da Lei
de Responsabilidade somados a dificuldades encontradas no portal da transparência,
acaba tornando um empecilho para identificar possíveis irregularidades nas contas
públicas. Torna-se evidente a necessidade de incentivo ao conhecimento das normas
prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal, sugere-se promover o conhecimento da
Lei de Responsabilidade Fiscal pelo próprio portal, a base vídeos explicativos de
professores estudiosos da área, além página leve com uma linguagem simples.
Concluindo-se que os princípios da transparecia e da simplicidade são uma
carência na atual estrutura das constas públicas brasileiras. Considerando-se que os
acadêmicos/as tem conhecimento do portal da transparência, mas o pouco
conhecimento da legislação orçamentaria, o torna a proposta inicial do portal da
transparência nula quanto a participação popular.
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REFERÊNCIAS
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