gestão de risco na construção - desenvolvimento de modelos ... · modelo a este caso de estudo...
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Gestão de Risco na Construção
Gestão de Risco na Construção
modelos de gestão de risco para atividades
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Presidente:Orientador:Vogal: Professor Doutor Fernando
Gestão de Risco na Construção
modelos de gestão de risco para atividades
desenvolvidas em obra
Romeu Patrocínio Miguéis Rosa
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Presidente: Professor Doutor Luís Alves DiasOrientador: Professor Doutor
Professor Doutor Fernando
Gestão de Risco na Construção
modelos de gestão de risco para atividades
desenvolvidas em obra
Romeu Patrocínio Miguéis Rosa
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Professor Doutor Luís Alves DiasProfessor Doutor
Professor Doutor Fernando
Janeiro de 2013
Gestão de Risco na Construção
modelos de gestão de risco para atividades
desenvolvidas em obra
Romeu Patrocínio Miguéis Rosa
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Júri
Professor Doutor Luís Alves DiasProfessor Doutor Pedro Miguel Dias
Professor Doutor Fernando António Baptista
Janeiro de 2013
Gestão de Risco na Construção - Desenvolvimento de
modelos de gestão de risco para atividades
desenvolvidas em obra
Romeu Patrocínio Miguéis Rosa
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Professor Doutor Luís Alves Dias Pedro Miguel Dias
António Baptista
Janeiro de 2013
Desenvolvimento de
modelos de gestão de risco para atividades
desenvolvidas em obra
Romeu Patrocínio Miguéis Rosa
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Pedro Miguel Dias Vaz PauloAntónio Baptista Branco
Desenvolvimento de
modelos de gestão de risco para atividades
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Paulo Branco
Desenvolvimento de
i
Agradecimentos
O documento apresentado simboliza mais do que o findar de um ciclo, o presente documento simboliza
que o acreditar não tem limites, que o esforço compensa, que o sacrifício é reconhecido e que é o
momento de começar uma carreira profissional.
Desejo expressar em primeiro lugar o meu agradecimento ao orientador Professor Pedro Vaz Paulo que
aceitou o desafio que lhe propus, que viabilizou as minhas ideias e me incentivou até à entrega do
presente documento.
Agradeço aos meus pais que suportaram incondicionalmente todos os encargos inerentes à minha
realização pessoal e me apoiaram nos momentos em que mais precisei deles.
Agradeço à minha irmã Engenheira Ludmila Miguéis, que incansavelmente me apoiou na execução
deste documento.
Agradeço também ao representante da empresa do empreiteiro geral, Tecnisan SA, o Engenheiro Carlos
Silva por todo o apoio fornecido durante o acompanhamento do empreendimento.
Agradeço ao subempreiteiro do aço José Camará que me guiou nos primeiros dias em obra e me
ofereceu trabalho na Guiné Conacri quando entregasse este documento.
Agradeço a todas as empresas de empreiteiros, fiscais e projetistas que pacientemente deram o seu
contributo para este estudo, despendendo o seu tempo para responder aos questionários.
Por fim mas não menos importante, agradeço aos meus amigos que ajudaram, apoiaram e criticaram as
minhas ideias.
A todos um Muito Obrigado.
ii
iii
Resumo
O presente documento refere-se a um estudo elaborado no âmbito da gestão do risco aplicada à
indústria da construção em Portugal. O documento foi delineado e suportado em estudos realizados por
diferentes autores estrangeiros com vista ao complemento e consolidação de métodos de abordagem
de gestão de risco a empreendimentos de construção. O documento apresenta uma breve descrição de
métodos e abordagens correntemente utilizados em processos de gestão do risco e é composto por um
capítulo de recolha de dados relativos à realidade nacional, um capítulo referente a um modelo
conceptual para a gestão de risco em atividades de construção e por um último capítulo referente a um
caso de aplicação do respetivo modelo. Encontram-se assim analisados no presente documento,
resultados relativos a inquéritos realizados a uma amostra populacional de empresas Portuguesas. Estes
inquéritos foram realizados com o intuito de alocar, hierarquizar e categorizar tipologias de risco com
maior aplicabilidade à realidade nacional. Este estudo passa então por percecionar o reconhecimento de
riscos e ferramentas mais utilizadas nos processos de gestão do risco por parte de empresas de
Empreiteiros, Fiscais e Projetistas. Os inquéritos incluem também um grupo de resposta alusivo à
perceção das empresas, quanto ao conceito de partilha de riscos com outras entidades. É também
apresentado um modelo constituído por submodelos com o objetivo de identificar, classificar e avaliar
riscos em diferentes atividades de construção, de modo a permitir o seu tratamento, controlo e
monitorização por parte das entidades competentes. Este modelo é assim composto por indicadores
classificativos de risco, critérios de tolerabilidade que são definidos através de matrizes de risco e
polígonos classificativos, e por metodologias de tratamento e controlo. É também realizado o
acompanhamento de um empreendimento de construção, durante um período de 4 meses, o
condomínio “The Keys”, localizado na Quinta do Lago no Algarve. Trata-se de um complexo de luxo
constituído por 74 fogos distribuídos segundo moradias e blocos de apartamentos. A aplicação do
modelo a este caso de estudo tem por objetivo a viabilização, análise, correção, adaptação e delimitação
do domínio de aplicação do mesmo. O estudo pressupõe assim a aplicação do modelo desenvolvido, a
um conjunto de atividades do referido empreendimento. No final do documento são apresentadas as
conclusões relativas à viabilidade, limitações e domínio de aplicação do modelo e são apresentadas
sugestões para estudos futuros nesta área.
Palavras-Chave
Gestão de Risco, Atividade de Construção, Custos, Prazos, Ambiente, Segurança e Qualidade.
iv
v
Abstract
This document refers to a study prepared in the framework of risk management applied to construction
industry in Portugal. The document was created and developed in line with studies made by different
foreign authors, in order to complement and consolidate risk management approach methods to
construction projects. The document presents a brief description of methods and approaches currently
used in risk management processes and it is also composed by a chapter of data collect, a chapter with a
conceptual model for risk management in construction activities and by a final chapter concerning a
case study of the respective model. The results of surveys to a sample of Portuguese companies are
analyzed in this thesis. These surveys were conducted in order to allocate, prioritize and categorize
types of risk with the best application to the national reality. The study concerns in recognition of key
risks process and it also mention the main tools of risk treatment used at risk management by
companies of contractors, designers and supervisors. The surveys also include a group of questions
related with the perception of companies about the sharing risk concept with other entities. It is also
presented a model composed by sub-models with the objective of identifying, classifying and evaluating
risks in different construction activities, in order to allow their treatment, control and monitoring by the
responsible entities. Therefore, the model is composed by risk indicators and tolerance criteria that are
defined by risk arrays and classification polygons, as well, by methods of treatment and control. There is
also a case study concerning in an attendance of a building project during a 4 months period, the condo
"The Keys", located in Quinta do Lago in Algarve. The complex have 74 luxury dwellings distributed
according villas and apartment blocks. The application of the model in this case study aims to validate,
review, correct and define the application domain. The study thus presupposes the application of the
developed model to a set of activities belonging to the specified enterprise. At the end of the document
conclusions regarding the feasibility, limitations and scope of the model are presented and suggestions
for future studies in this area are proposed.
Keywords
Risk Management, Construction Activity, Costs, Time, Environment, Safety and Quality.
vi
vii
Índice Remissivo
Agradecimentos .............................................................................................................................................i
Resumo ........................................................................................................................................................ iii
Abstract ......................................................................................................................................................... v
Índice de Figuras .......................................................................................................................................... xi
Índice de Tabelas ....................................................................................................................................... xiii
Equações ..................................................................................................................................................... xv
Acrónimos ................................................................................................................................................. xvii
I. Introdução ........................................................................................................................................... 1
1.1. Enquadramento do tema ................................................................................................................. 1
1.2. Objetivos ........................................................................................................................................... 2
1.3. Metodologia ..................................................................................................................................... 4
II. Estado da Arte ..................................................................................................................................... 5
2.1. O conceito de Risco e Incerteza ........................................................................................................ 5
2.2. O conceito de Previsibilidade ........................................................................................................... 5
2.3. O Risco enquanto Ameaça e Oportunidade ..................................................................................... 6
2.4. A Aceitabilidade de um Risco ........................................................................................................... 7
2.4.1. Nível de Risco ............................................................................................................................ 8
2.4.2. Curvas Equipotenciais de Risco ................................................................................................. 9
2.5. O Risco na Indústria da Construção ................................................................................................ 10
2.5.1. Estudos Realizados no Âmbito da Identificação e Gestão de Riscos na Indústria da
Construção ........................................................................................................................................ 10
2.6. Os Sistemas de Gestão em Portugal e contextualização da Gestão do Risco ................................ 15
2.7. O conceito de Gestão de Risco ....................................................................................................... 16
2.7.1 A Gestão de Risco em Projetos ................................................................................................ 18
2.8. Síntese do capítulo ......................................................................................................................... 29
III. Questionários................................................................................................................................ 31
3.1. Âmbito ............................................................................................................................................ 31
3.2. Objetivos do Inquérito .................................................................................................................... 31
3.3. A metodologia e a população em análise ....................................................................................... 32
viii
3.4. A estrutura do inquérito ................................................................................................................. 33
3.5. Análise dos resultados dos inquéritos ............................................................................................ 34
3.5.1. Principais Resultados no Processo de Reconhecimento de Riscos ......................................... 36
3.5.2. Principais Resultados no Processo de Alocação de Riscos ...................................................... 39
3.5.3. Principais Resultados no Processo de Reconhecimento de Ferramentas de Prevenção e
Mitigação .......................................................................................................................................... 42
3.5.4. Estatística das empresas presentes na amostra com Sistemas de Gestão Risco .................... 45
3.6. Conclusões do Capítulo .................................................................................................................. 46
IV. O Modelo de Estudo ..................................................................................................................... 49
4.1. Âmbito ............................................................................................................................................ 49
4.2. Objetivo do Modelo ........................................................................................................................ 49
4.3. Metodologia do Modelo ................................................................................................................. 49
4.4. Modelo: Contextualização e Noções Básicas.................................................................................. 50
4.5. Modelo: O Conceito de Constituir Risco para uma Atividade ........................................................ 51
4.6. Modelo: A Identificação de Riscos .................................................................................................. 51
4.6.1. Riscos Relacionados com Custos ............................................................................................. 56
4.6.2. Riscos Relacionados com Prazos ............................................................................................. 56
4.6.3. Riscos Relacionados com Qualidade ....................................................................................... 57
4.6.4. Riscos Relacionados com Segurança ....................................................................................... 57
4.6.5. Riscos Relacionados com o Ambiente ..................................................................................... 57
4.7. A Classificação e Análise de Riscos ................................................................................................. 58
4.7.1. O Indicador de Risco ............................................................................................................... 58
4.7.2. O Processamento dos Dados ................................................................................................... 63
4.7.3. As Matrizes de Risco Conjugado ............................................................................................. 66
4.7.4. Os Polígonos Classificativos ..................................................................................................... 67
4.8. O Tratamento de Riscos ................................................................................................................. 72
4.8.1. Os Envolvidos no Processo de Tratamento do Risco............................................................... 74
4.8.2. As Ferramentas de Prevenção e Mitigação de Riscos ............................................................. 75
4.8.3. A Transferência de Riscos ........................................................................................................ 76
4.9. O Controlo e Monitorização ........................................................................................................... 77
4.9.1. Objetivos do Controlo e Monitorização .................................................................................. 77
ix
4.9.2. Metodologia e Ferramentas de Controlo e Monitorização ..................................................... 78
4.10. Conclusões do Capítulo ................................................................................................................ 78
V. O Empreendimento em Estudo ......................................................................................................... 81
5.1. Introdução ao Empreendimento em Estudo .................................................................................. 81
5.2. Os Intervenientes e a Fase de Execução do Empreendimento ...................................................... 83
5.3. Objetivos do Estudo ....................................................................................................................... 85
5.4. Metodologia da Abordagem ao Caso de Estudo ............................................................................ 85
5.5. Principais Previsões ........................................................................................................................ 85
5.6. Aplicação do Modelo ao Caso de Estudo ........................................................................................ 86
5.6.1. A Lista de Atividades ............................................................................................................... 86
5.6.2. Descrição das Atividades Selecionadas ................................................................................... 87
5.6.3. Os Polígonos Classificativos das Atividades ............................................................................ 89
5.6.4. A Identificação de Riscos ......................................................................................................... 92
5.6.5. A Análise e Classificação de Riscos .......................................................................................... 93
5.6.6. O Tratamento de Riscos ........................................................................................................ 100
5.6.7. O Controlo e Monitorização de Riscos .................................................................................. 103
5.7. Conclusões do Capítulo ................................................................................................................ 103
5.7.1. Comparação das Simulações com o Cenário Real ................................................................. 103
5.7.2. Considerações Sobre o Modelo ............................................................................................ 104
VI. Conclusão .................................................................................................................................... 107
6.1. Conclusão Geral ............................................................................................................................ 107
6.2. Desenvolvimentos Futuros ........................................................................................................... 109
Referências Bibliográficas ........................................................................................................................ 111
Normas e Documentos de Apoio ............................................................................................................. 113
Endereços na Internet ............................................................................................................................. 114
Anexo I .......................................................................................................................................................... I
Anexo II ........................................................................................................................................................ V
Anexo III ................................................................................................................................................... XVII
Anexo IV .................................................................................................................................................... XXI
x
xi
Índice de Figuras
Figura 1- Região ALARP (As Low As Reasonable Practicable) adaptado de AS/NZS 4360:2004 .................. 8
Figura 2 - Curvas equipotenciais de risco..................................................................................................... 9
Figura 3 - Consolidação de riscos chave, stakeholders e ciclo de vida do projeto ..................................... 11
Figura 4 - Ciclo PDCA .................................................................................................................................. 15
Figura 5 - Modelo de gestão do risco (Guedes Soares,2005) .................................................................... 17
Figura 6 - Processo de gestão do risco (ISO 31000) ................................................................................... 18
Figura 7 - Ciclo de gestão do risco (Identificação de Riscos), adaptado do guia PMBOK 2004 ................. 19
Figura 8 - Ciclo de gestão de riscos (Análise de Riscos) ............................................................................. 20
Figura 9 - Matriz de graduação de risco (BSI,2004) ................................................................................... 22
Figura 10 - Ciclo de gestão de riscos (Tratamento de Riscos) .................................................................... 26
Figura 11 - Ciclo de gestão de riscos (Controlo e Monitorização) ............................................................. 28
Figura 12 - Dispersão da Classificação Média ............................................................................................ 38
Figura 13 - Dispersão da Classificação Modal ............................................................................................ 38
Figura 14 - Gráfico de percentagem de empresas com SGR (Empreiteiros) .............................................. 45
Figura 15 - Gráfico de percentagem de empresas com SGR (Fiscalização)................................................ 45
Figura 16 - Gráfico de percentagem de empresas com SGR (Projetistas) ................................................. 46
Figura 17 - Enquadramento Cronológico do Modelo ................................................................................ 50
Figura 18 - Relações entre riscos e atividades (abordagem conceptual) ................................................... 52
Figura 19 - Esquema de origem de riscos em atividades de construção ................................................... 53
Figura 20 - Quadro de Origem de Riscos ................................................................................................... 53
Figura 21 - Escala de Classificação do Indicador ........................................................................................ 58
Figura 22 – Método Classificativo do Indicador Custos ............................................................................. 59
Figura 23 - Método Classificativo do Indicador Prazos .............................................................................. 60
Figura 25 - Método Classificativo do Indicador Segurança ........................................................................ 62
Figura 24 - Método Classificativo do Indicador Qualidade ........................................................................ 62
Figura 26 – Método Classificativo do Indicador Ambiente ........................................................................ 63
Figura 27 - Esquema de alocação de riscos a atividades de construção .................................................... 63
Figura 28 - Esquema de alocação de riscos às respetivas tipologias ......................................................... 64
Figura 29 - Atribuição da classificação do indicador a cada risco .............................................................. 64
Figura 30 - Classificação do grau de risco através do critério do máximo indicador ................................. 65
Figura 31 - Exemplo de matriz de riscos conjugados ................................................................................. 66
Figura 32 - Distribuição de coeficientes de peso (Exemplo) ...................................................................... 67
Figura 33 – Polígonos Classificativos com delimitação da região ALARP ................................................... 68
Figura 34 – Esquema de distribuição de polígonos ................................................................................... 69
Figura 35 - Exemplo de Polígono de Superestrutura ................................................................................. 69
Figura 36 – Ciclo de tratamento de risco (Modelo de gestão técnica de edifícios baseado no desempenho
e no risco, Almeida, 2011) ......................................................................................................................... 74
xii
Figura 37 - Identificação do lote AL3, Quinta do Lago, Almancil, Loulé ..................................................... 81
Figura 38 - Disposição do Empreendimento em Planta ............................................................................. 82
Figura 39 - Elemento construtivo tipo ....................................................................................................... 82
Figura 40 - Elementos construtivos tipo .................................................................................................... 82
Figura 41 - Planeamento do Empreendimento .......................................................................................... 83
Figura 42 – Blocos de Apartamentos ......................................................................................................... 84
Figura 43 – Moradia tipo............................................................................................................................ 84
Figura 44 – Moradia Tipo ........................................................................................................................... 84
Figura 45 - Quadro de atividades selecionadas ......................................................................................... 87
Figura 46 – Polígono Classificativo Relativo a Redes de Infraestruturas ................................................... 90
Figura 47 - Polígono da rede de drenagem de águas pluviais ................................................................... 91
Figura 48 - Polígono do nivelamento dos terrenos exteriores .................................................................. 91
Figura 49 – Método classificativo do indicador custos (Esgotos Pluviais) ................................................. 94
Figura 50 - Método classificativo do indicador prazos (Esgotos Pluviais) .................................................. 94
Figura 51 - Processamento do Indicador Custos (atividade 1) .................................................................. 98
Figura 52 - Processamento do Indicador Prazos (atividade 1) ................................................................... 98
Figura 53 - Processamento do Indicador Qualidade (atividade 1) ............................................................. 99
Figura 54 - Processamento do Indicador Segurança (atividade 1) ............................................................. 99
Figura 55 - Sobreposição do polígono obtido com o polígono referência da organização ...................... 100
Figura 56 - Ciclo de tratamento de riscos ................................................................................................ 101
Figura 57 - Sobreposição de polígonos após tratamento ........................................................................ 102
Figura A.IV. 1 – Processamento do indicador Custos ............................................................................ XXVII
Figura A.IV. 2 – Processamento do indicador Prazos ............................................................................. XXVII
Figura A.IV. 3 – Processamento do indicador Qualidade ...................................................................... XXVIII
Figura A.IV. 4 – Processamento do indicador Segurança ...................................................................... XXVIII
Figura A.IV. 5 – Sobreposição de polígonos referentes à Atividade 2 (o polígono resultante do método de
análise está a traço cheio) ...................................................................................................................... XXIX
Figura A.IV. 6 – Sobreposição de polígonos após tratamento ................................................................. XXX
Figura A.IV. 7 – Processamento do Indicador Custos ............................................................................. XXXI
Figura A.IV. 8 - Processamento do Indicador Prazos ............................................................................. XXXII
Figura A.IV. 9 - Processamento do Indicador Qualidade ....................................................................... XXXII
Figura A.IV. 10 - Processamento do Indicador Segurança ..................................................................... XXXII
Figura A.IV. 11 - Sobreposição dos polígonos ....................................................................................... XXXIII
xiii
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Risco enquanto Ameaça e Oportunidade ................................................................................... 6
Tabela 2 - Os 20 Riscos chave identificados do referido estudo ................................................................ 11
Tabela 3 - Os 20 riscos chave agrupados por tipologias e hierarquizados por ordem decrescente .......... 12
Tabela 4 - Riscos chave identificados no estudo ........................................................................................ 13
Tabela 5 - Ferramentas e métodos de tratamento de risco ...................................................................... 14
Tabela 6 - Medidas de tratamento de riscos (ISO 31000) .......................................................................... 27
Tabela 7 – Descrição e aplicabilidade dos riscos apresentados no inquérito ............................................ 34
Tabela 8 – Classificação média atribuída pelas 3 entidades alvo .............................................................. 36
Tabela 9 – Comparação da classificação média e a moda ......................................................................... 37
Tabela 10 – Percentagens referentes ao processo de alocação de riscos ................................................. 39
Tabela 11 - Síntese do processo de alocação (Empreiteiro) ...................................................................... 40
Tabela 12 - Síntese do processo de alocação (Fiscalização) ...................................................................... 41
Tabela 13 - Classificação média de ferramentas e métodos de prevenção ............................................... 42
Tabela 14 - Hierarquização de ferramentas e métodos de prevenção ..................................................... 43
Tabela 15 – Classificação média de ferramentas e métodos de mitigação ............................................... 44
Tabela 16 - Hierarquização de ferramentas e métodos de mitigaçãoade ................................................. 44
Tabela 17 – Fases de Construção de um Edifício ....................................................................................... 68
Tabela 18 – Escalas de classificação dos referenciais Custos, Prazos, Segurança e Ambiente .................. 70
Tabela 19 – Escalas de classificação do referencial qualidade .................................................................. 71
Tabela 20 - Métodos de tratamento de riscos (adaptado da ISO 31000) .................................................. 73
Tabela 21 - Níveis de tratamento de riscos ............................................................................................... 75
Tabela 22 - Alocação de ferramentas e métodos de tratamento .............................................................. 76
Tabela 23 - Estatísticas do Empreendimento ............................................................................................ 83
Tabela 24 - Atividades Relativas a Infra Estruturas Exteriores................................................................... 86
Tabela 25 – Características das atividades selecionadas ........................................................................... 89
Tabela 26 - Coeficientes para as diferentes redes de infraestruturas ....................................................... 90
Tabela 27 - Lista de riscos da atividade 1 ................................................................................................... 92
Tabela 28 - Riscos e os referenciais impactados (atividade 1) ................................................................... 93
Tabela 29 - Método classificativo do indicador qualidade, Conformidade com Req. (Esgotos Pluviais) ... 95
Tabela 30 - Método classificativo do indicador qualidade, Satisfação do Cliente (Esgotos Pluviais) ........ 96
Tabela 31 - Método classificativo do indicador qualidade, Defeitos (Esgotos Pluviais) ............................ 96
Tabela 32 - Método classificativo do indicador segurança (Esgotos Pluviais) ........................................... 97
Tabela 33 – Método classificativo do indicador ambiente (Esgotos Pluviais) ........................................... 97
Tabela 34 - Incremento dos custos previstos através do fator cumulativo ............................................. 101
Tabela A.I. 1 – Riscos alocados ao Empreiteiro ........................................................................................... III
Tabela A.I. 2 – Riscos alocados ao Dono de Obra ....................................................................................... III
Tabela A.I. 3 – Riscos Partilhados ................................................................................................................ III
xiv
Tabela A.II. 1 – Empresas de Projeto e Fiscalização ................................................................................... VII
Tabela A.II. 2 – Empresas de Construção ................................................................................................... VII
Tabela A.IV. 1 – Empresas de empreiteiros e subempreiteiros .............................................................. XXIII
Tabela A.IV. 2 – Lista de Riscos ............................................................................................................... XXIV
Tabela A.IV. 3 – Riscos Identificados enquanto possíveis à atividade 2 ................................................. XXVI
Tabela A.IV. 4 - Riscos agrupados por referencial ................................................................................... XXVI
Tabela A.IV. 5 - Riscos Identificados enquanto possíveis à atividade 3 ................................................... XXX
Tabela A.IV. 6 – Riscos agrupados por referencial .................................................................................. XXXI
xv
Equações
Equação 1 – Nível de Risco.………………………………………………………………………………………………………………….....8
Equação 2 – Nível de Risco (RPN).……………………………………………………………………………………………………………9
Equação 3 – Classificação do Indicador Qualidade (Pesos).……………………………………………………………………61
Equação 4 – Matrizes de Risco Conjugado…..…………..……………………………………………………………………………66
Equação 5 – Atribuição de coeficientes do polígono por categoria ……………………………………………………….69
Equação 6 – Condição genérica relativa à atribuição de coeficientes…………………………………………………….95
Equação 7 – Atribuição de valores específicos a cada coeficiente………………………………………………………….95
Equação 8 – Cálculo da classificação do indicador qualidade………………………………………………………………...99
Equação 9 – Cálculo da classificação do indicador qualidade…………………………………………………………………99
Equação 10 – Cálculo da classificação do indicador qualidade………………………………………………………….XXVIII
Equação 11 – Cálculo da classificação do indicador qualidade………………………………………………………....XXVIII
Equação 12 – Cálculo da classificação do indicador qualidade………………………………………………………….XXVIII
Equação 13 – Cálculo da classificação do indicador qualidade………………………………………………………….XXVIII
xvi
xvii
Acrónimos
APOGERIS – Associação Portuguesa de Gestão de Riscos e Seguros
BSI – British Standard Institute
CICCOPN – Centro de formação profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas do Norte
CPM – Critical Path Method
EAP – Estrutura Analítica de Projetos
EAR – Estrutura Analítica de Riscos
EPI – Equipamentos de Proteção Individual
FERMA – Federation of European Risk Management
FMEA – Failure Modes and Effect Analysis
IPQ – Instituto Português da Qualidade
IRM – Institute of Risk Management
ISO – International Organization for Standardization
KPI – Key Performance Indicators
N/A – Não tem Aplicabilidade
PDCA – Plan, Do, Check e Act
PERT – Program Evaluation and Review Technique
PMBOK – Project Management Body Of Knowledge
PMI – Project Management Institute
PRAM – Project Risk Analysis and Management
PUMA – Project Uncertain Management
RPN – Risk Priority Number
SGR – Sistema de Gestão do Risco
SWOT – Strengths, Wickeness, Opportunities and Threats
xviii
1
I. Introdução
1.1. Enquadramento do tema
Nos dias que correm as organizações são cada vez mais obrigadas a assumir riscos, as suas ações e
inações refletem-se todos os dias em perdas ou ganhos, em postos de trabalho, na satisfação dos
clientes, em segurança dos trabalhadores entre outros. O risco organizacional está assim associado a
conceitos como incerteza, complexidade, crise, conflito e decisão. Conseguir gerir o risco, é construir
uma base sólida para a fundamentação de cada um destes conceitos.
“Organizações de todos os tamanhos e tipos enfrentam fatores internos, externos e influências que
tornam incerto quando e se vão ou não estas empresas alcançar os seus objetivos. O efeito que esta
incerteza tem sobre os objetivos da organização chama-se Risco” (ISO 31000, 2009).
A citação apresentada contextualiza-se com o desenvolvimento de procedimentos normativos para a
gestão de risco nas organizações. Refira-se que o conceito de gestão de risco não é somente aplicável a
estruturas organizacionais, este tem uma extensão apreciável. Extensão esta, que começa por exemplo,
pela capacidade de gerir ações e gerir consequências. Risco está assim relacionado com a ideia de que
cada ação traz consequências. No domínio da gestão pessoal esta é realizada empiricamente, mas no
seio organizacional, em que conjuntos de pessoas se propõem a metas, esta gestão exige maior
estruturação e cada vez mais as empresas reconhecem que a estruturação da gestão de risco é um
procedimento crucial ao bom desempenho do sistema organizacional. O conceito de gestão do risco não
é novo, a gestão do risco passa então por um conjunto de processos coordenadas constituindo uma
metodologia sistemática com vista à direção, controlo e monitorização do risco dentro de uma
organização. Esta gestão já se encontra desenvolvido para certas áreas como a indústria, a saúde, a
segurança e até mesmo acidentes de causas naturais (incêndios florestais, sismos) entre outras.
O “Risco na Indústria da Construção” justifica também o desenvolvimento de uma estrutura de gestão
de risco. Na literatura vários autores hão já refletido sobre o conceito de “Risco” contextualizado à
indústria da construção, procurando uma definição abrangente que o consiga traduzir, são disso
exemplo Perry (1985), Hayes (1985) e Porter (1981) que o definiram como sendo “uma exposição a uma
perda ou a um ganho económico decorrentes do envolvimento num processo de construção”, no
entanto, Moavenzadeh (1994) e Rosow (1994) alertaram para o facto de que “Risco está somente
associado a uma perda”.
Como se verifica o conceito de “Risco na Construção” é extenso, e difícil de definir, gerando por vezes
um conjunto de posições antagónicas. Difícil será também a implementação de processos globais que
permitam a sua identificação, avaliação, controlo e monitorização a todo o tipo de organizações (sector
da construção), uma vez que parte deste sector pode não estar ainda desperta para este tipo de gestão.
O risco tal como será abordado no documento, surge da consciência da existência de fatores internos e
externos ao projeto, cujo desencadeamento, ao longo do ciclo de vida, podem modificar o objetivo do
2
mesmo. A identificação, avaliação, controlo e monitorização desses fatores e das suas causas,
constituem as etapas fundamentais de qualquer metodologia de gestão dos riscos.
É de referir, por fim, que existe um diversificado número de organismos ligados à Gestão e Análise de
Risco, a título de exemplo, destaque-se a FERMA – Federation of European Risk Management
Associations que representa associações de 17 países. Nesta federação, Portugal é representado pela
APOGERIS – Associação Portuguesa de Gestão de Riscos e Seguros. A FERMA publicou pela primeira vez
em 2003 a versão portuguesa de uma norma sobre gestão do risco originalmente publicada no ano 2002
pelo Institute of Risk Management (IRM).
1.2. Objetivos
Esta dissertação visa a análise de processos e fenómenos que têm influência direta no desenvolvimento
de um modelo de gestão do risco para um empreendimento construção. O documento contempla,
deste modo, a discretização e desenvolvimento de métodos de identificação, análise, classificação,
controlo e monitorização de riscos aquando da realização de uma atividade de construção. O estudo
tem também em vista a validação do modelo desenvolvido através da respetiva aplicação a um dado
caso de estudo.
Numa primeira fase, o documento irá apresentar os conceitos aplicáveis ao domínio da gestão do risco,
este começa então por apresentar conceitos básicos de contextualização, evoluindo depois para outros
mais complexos (sistemas de gestão). Serão também expostos alguns procedimentos sistemáticos de
gestão de risco que atualmente é realizada para fase de projeto. Depois serão apresentadas conclusões
de alguns estudos de risco aplicado à indústria da construção que permitirão enquadrar e contextualizar
a abordagem do documento.
Na literatura o desenvolvimento de modelos de gestão de risco para empreendimentos de construção é
um conceito de vasta extensão. O objetivo passa então pela realização de inquéritos a uma amostra de
empresas portuguesas com o intuito de iniciar a construção de uma estrutura de dados referentes à
perceção do conceito gestão de risco em Portugal, para que daí possam advir mais estudos e progressos
no desenvolvimento desta área. Deste modo serão realizados inquéritos a empresas de empreiteiros,
fiscais e projetistas. Estes inquéritos são semelhantes aos presentes num estudo realizado a
empreiteiros do Kuwait por Nabil A. Kartam e Saied A. Kartam (2000), mas desta feita a população não
será composta apenas por empreiteiros mas também por empresas projetistas e de fiscalização. Tendo
em conta que se trata de uma realidade populacional diferente, num país diferente, os inquéritos serão
alvo de alterações.
O documento procede também ao desenvolvimento de um modelo conceptual de um sistema de gestão
de risco em atividades de construção. O modelo tem em vista o desenvolvimento de processos
sistemáticos que permitam gerir riscos em atividades de construção. O modelo define também que uma
atividade de construção poderá ser afetada por risco num ou em vários dos seguintes referenciais:
custos, prazos, qualidade, segurança e ambiente. O modelo conceptual apresentado sugere assim um
3
conjunto de métodos de abordagem ao processo de identificação, análise, avaliação, tratamento,
controlo e monitorização de riscos, aquando da realização de uma atividade de construção. No processo
de identificação serão apresentadas as principais fontes de risco afetas às atividades de construção, e
sugeridos procedimentos para a sistematização do método identificativo. Será desenvolvido um sistema
de análise e classificação dos mesmos riscos, baseado em polígonos classificativos e matrizes de risco
conjugado (ambas ferramentas concebidas no documento). Na fase de tratamento será definido um
ciclo progressivo de tratamento de riscos, acompanhado por documentos tipo concebidos para o
controlo e monitorização de risco. Em termos práticos cada organização poderá adotar o modelo e
adaptá-lo aos métodos, procedimentos e necessidades do seu próprio sistema interno.
É também de relevar que o modelo desenvolvido poderá ser decomposto em submodelos mais simples,
uma vez que o utilizador poderá optar pela sua aplicação em atividades específicas ou em categorias de
atividades. Esta dinâmica de adaptação permite ao modelo restruturar-se para cada situação. O
conceito de atividade será também aprofundado, uma vez que o modelo será construído com base em
atividades de construção. O estudo definirá então que tipos de atividades são e quais as características
que as fazem pertencer ao domínio de aplicação do modelo.
Será também proposta a validação do modelo através da aplicação a um caso de estudo. O caso de
estudo é um empreendimento de construção. O empreendimento é um complexo de luxo constituído
por 74 fogos distribuídos segundo blocos de apartamentos e moradias. O empreendimento teve início
em 2011 e tem conclusão prevista para 2013. O modelo será aplicado ao caso de estudo tendo em conta
as oportunidades e limitações de um período de acompanhamento de 4 meses ao empreendimento.
Este acompanhamento visa o contacto com as atividades de construção, com os procedimentos de
gestão realizados em obra assim como, com os diversos intervenientes em processos construtivos.
Neste capítulo o modelo desenvolvido será adaptado às necessidades da organização responsável pelo
empreendimento e simular-se-á a sua aplicação a três atividades específicas, definindo para isso
critérios de aceitabilidade e de tolerância ao risco. O objetivo será então, conhecer as condições de
aplicabilidade, o domínio, as limitações, a dinâmica e a viabilidade do modelo.
Em termos genéricos o objetivo será então: permitir a uma organização (da área da construção), que
pretenda desenvolver e implementar um sistema de gestão do risco para atividades de construção,
desenvolva conceitos como ciclo de gestão, extensão de aplicação, limitações e âmbito. Pretende-se
também que as organizações tomem contacto com os procedimentos que devem ser adotados, pela
equipa de gestão em obra, com vista a uma gestão minimizadora de riscos nestas mesmas atividades.
Este estudo permitirá às empresas avaliar certos processos e rotinas de gestão, e tomar consciência do
impacto das ações da gestão do risco nos objetivos da organização permitindo que as mesmas
desenvolvam métodos eficazes de tratamento, controlo e monitorização para uma verdadeira redução
do nível de risco.
4
1.3. Metodologia
O estado da arte apresentado no documento será desenvolvido com base em casos de gestão do risco
correntemente praticados em algumas indústrias. O documento começará por fazer uso das normas e
guias usualmente utilizados para introduzir os conceitos de contextualização no tema, evoluindo depois
para a fase de descrição dos modelos de gestão de risco propriamente ditos. Proceder-se-á então à
análise dos diversos processos gestão durante a fase de projeto e execução de um empreendimento que
podem estar sujeitos a risco.
A construção do modelo passará primeiramente por uma recolha de dados, através da realização de
inquéritos a uma população de empresas portuguesas. O espaço amostral procurará demonstrar a
atitude de empreiteiros, fiscais e projetistas portugueses face ao risco, uma vez que o modelo de gestão
de risco para atividades é desenvolvido com vista à sua aplicabilidade por parte destes profissionais. Em
termos conceptuais o modelo será desenvolvido em linha com os princípios presentes nas normas ISO
31000, ISO 31010, ISO Guide 73, HSE Britain e com as metodologias de abordagem do PMBOK (Project
Management Body of Knowledge) e do PRAM (Project Risk Analysis and Management). Relativamente à
abordagem ao caso de estudo, será realizada uma análise de todos os registos e controlos realizados em
obra e através do contacto com os intervenientes procurar-se-á delinear um modelo conceptual que
tenha aplicabilidade na realidade do empreendimento. A abordagem exigirá uma estrutura de recolha e
análise de dados previamente planeada devido a um grande número de atividades de construção que se
realizam durante a fase de execução de um empreendimento. Esta análise de atividades, relativa às suas
características intrínsecas e aos fatores que as influenciam, será alvo de restrições de domínio uma vez
que, esta poderia ir desde o assentamento de um simples tijolo até a uma derrapagem de milhões de
euros por má execução ou excedência do tempo contratual.
O acompanhamento realizado terá assim o intuito de dar a conhecer as características específicas das
atividades de construção e a influência entre elas. Efetuar-se-á um levantamento das atividades e
situações que envolvem maiores fluxos de dinheiro, procurando desenvolver metodologias
contextualizadas ao caso em estudo, para uma diminuição progressiva do risco. Como ferramentas a ter
em conta neste processo tem-se: o caderno de encargos, as especificações técnicas, as condições
técnicas especiais e o mapa de calendarização das atividades com as respetivas atualizações semanais.
5
II. Estado da Arte
2.1. O conceito de Risco e Incerteza
Risco é o efeito da incerteza nos objetivos, efeito este que poderá ser definido como um desvio ou
afastamento do expectável. “Risco existe sempre que uma decisão é expressa como tendo um leque de
possíveis resultados e quando probabilidades conhecidas podem ser anexadas a esses resultados”
(Smith, 2003). Os efeitos em causa poderão ser positivos ou negativos. Os objetivos podem ser de
diferentes tipos (financeiros, saúde, segurança, ambientais, outros) e podem ser aplicados a diferentes
níveis (estratégico, organização, projeto, produto, processo e atividade). O conceito de Risco é
usualmente caracterizado com referência a outros dois conceitos: potenciais eventos e respetivas
consequências ou uma combinação dos dois. Risco encontra-se deste modo associado aos termos
probabilidade de ocorrência e impacto de ações (ISO Guide 73-2009).
O risco deverá ser distinguido do conceito de incerteza. Apesar destes dois conceitos serem usados
diversas vezes como sinónimos, não são iguais. O conceito de risco tem sido desenvolvido ao longo do
tempo e complementado por diversos autores, não só os anteriormente referidos como também por
muitos outros: “Risco é uma estimativa do grau de incerteza que se tem com respeito à realização de
resultados futuros desejados” (Andrade, 2000) ou “não existe risco se não existiu incerteza, porém
poderá existir incerteza sem existir risco” (Morgan e Henrion, 1990). A incerteza é o estado, ainda que
parcial de falta de informação relacionada com a compreensão ou conhecimento de um acontecimento,
as suas consequências ou a sua probabilidade (ISO Guide 73-2009).
Desta feita risco está associado à probabilidade de ocorrência de um dado cenário com um dado grau de
impacto, enquanto a incerteza diz respeito a lado imprevisível daquilo sobre o qual não se pode elaborar
previsões nem definir probabilidades. “Incerteza existe sempre que exista mais do que um resultado
possível de uma ação em curso mas a probabilidade de cada resultado não é conhecida” (Smith, 2003).
Assim, a incerteza representada quantitativamente deixa de ser considerada incerteza para passar a ser
utilizada como risco (Ahmet Oztas, Onder Okmen, 2005).
2.2. O conceito de Previsibilidade
O conceito de previsibilidade inclui estimativas e prognósticos de condições e resultados referentes a
eventos futuros, com base em informações e conhecimentos detidos no momento da sua elaboração
(PMBOK, 2004). É assim um conceito que tem associado parâmetros estatísticos que na maior parte das
vezes revelam-se difíceis ou impossíveis de estimar. A complexidade deste conceito é facilmente
corroborável, veja-se o exemplo de uma atividade de construção e a quantidade de fatores que a
influenciam (inflação, competência dos envolvidos, qualidade…). A complexidade está em definir e
atribuir a esta atividade parâmetros probabilísticos que reproduzam o comportamento de cada uma das
variáveis que permitam elaborar uma previsão fiável. As previsões devem ser constantemente
atualizadas, estas também podem ser alteradas consoante os cenários vão evoluindo.
6
A previsibilidade é assim um conceito que permite avaliações qualitativas. Importa ainda referir que
apesar de não ser baseada em parâmetros estatísticos, existem múltiplos fatores que melhoram a
qualidade desta avaliação, são estes: a idade, a experiência anterior, a maior ou menor proximidade as
fatores de risco entre outros. Deste modo definem-se os fatores que tendem a melhorar a qualidade de
uma previsão (PMBOK, 2004):
• Tempo de exposição ao risco;
• Quantidade e vulnerabilidade da população e bens expostos;
• Medidas de prevenção e contenção existentes;
• Formação, treino, experiência e outros;
• Uma equipa de gestão composta por várias pessoas com sensibilidades diferentes;
• Elaboração de estudos de aferição a cenários similares;
• Obtenção de informação junto de bases de dados existentes.
2.3. O Risco enquanto Ameaça e Oportunidade
Diversos autores sugerem diversos tipos de visão para identificar e analisar riscos. Conforme é sugerido
na literatura, releve-se PMBOK (Project Management Body of Knowledge), ISO31000 e PRAM (Project
Risk Analysis and Management) existem cenários em que o risco deve ser tido em conta enquanto
ameaça e outros em que pode ser considerado uma oportunidade. Segundo o PRM (Project Risk
Management) o Risco é a combinação de probabilidade de ocorrência de um certo evento, sendo que
uma consequência positiva denomina-se de oportunidade enquanto uma consequência negativa chama-
se ameaça.
Em termos gerais, uma gestão de risco ineficaz traduz-se em oportunidades perdidas e na
materialização de ameaças. Apresenta-se na Tabela 1 alguns métodos e técnicas de tratamento de risco
enquanto ameaça e oportunidade:
Tabela 1 - Risco enquanto Ameaça e Oportunidade
Ameaças Oportunidades
Opções
Evitar Explorar
Transferir Partilhar
Mitigar Aumentar
Cada um dos conceitos apresentados na Tabela 1 será alvo de descrição detalhada mais à frente no
capítulo 1.7. referente à gestão de risco na fase de projeto.
As organizações têm assim de procurar definir sistemas de identificação, análise e tratamento de riscos
e desenvolverem uma estrutura de gestão organizacional que permita tirar o maior proveito possível de
cada uma das referidas situações. A empresa deverá assim procurar definir qual é a sua zona de
7
conforto em termos de tolerabilidade ao risco, assim como, definir critérios de aceitabilidade e rejeição
de risco.
2.4. A Aceitabilidade de um Risco
De indústria para indústria, o conceito risco aceitável não é um conceito consensual, ou seja é
fundamental que cada organização defina o seu conceito de risco aceitável. Segundo Guedes Soares
(2005), Entende-se por risco aceitável, um nível de risco que pode ser aceite pelos indivíduos ou pela
sociedade eventualmente em atividade. Não se encontra definido um critério universal que estabeleça o
nível de risco admissível a utilizar no processo de avaliação dos riscos. Fatores intrínsecos a cada
organização são fundamentais para a definição de critérios de aceitabilidade ou rejeição, enumere-se:
Política da empresa, Experiência em gestão de riscos, Montantes envolvidos entre outros. Sobre a
aceitabilidade de riscos, Rowley (1989) afirmou: Organizações que não aceitam riscos desaparecem.
Organizações que aceitam riscos inaceitáveis claramente também desaparecem.
Existem várias formas distintas de definir critérios de admissibilidade do risco, a título exemplificativo
veja-se, sobre a aceitabilidade de risco, os 3 princípios base para a gestão de riscos de interesse público
segundo Nathwani e Naverson (1995): “Riscos devem ser geridos para maximizar o benefício esperado
para toda a sociedade”, “O benefício de segurança a ser promovido é a expectativa de vida da
população” e “Decisões para o público em relação à saúde e segurança devem ser suficientemente
abrangentes, de modo a serem aplicáveis a toda a gama de riscos à vida e à saúde”. Os referidos
princípios, foram os escolhidos segundo a visão dos autores, como sendo os que melhor definiam a
região admissível de riscos para o interesse público. Para outros âmbitos, um método que é bastante
utilizado com vista à definição da região de riscos admissível é o método da região ALARP (As Low As
Reasonable Practicable).
O método da região ALARP define três patamares de risco, a zona I, a zona II e a zona III conforme se
apresenta na Figura 1. A zona I é referente à região de riscos designada como globalmente aceitável, é
uma região onde os riscos só são tratados se os recursos não forem desproporcionados relativamente
aos proveitos obtidos. A zona II é também definida por zona ALARP. Nesta zona os custos e os benefícios
do tratamento do risco são tidos em conta. Desta feita, o risco poderá estar mais próximo da zona I ou
da zona III. Quando o risco está próximo da zona III que define a região não admissível, o risco só não é
tratado caso a implementação de medidas mitigadoras for inexequível, ou seja, caso o custo de reduzir
o risco seja superior aos benefícios que poderão advir do processo. Quando o risco está próximo da zona
I, a zona que define a região admissível, o risco é tratado se os custos de redução do risco forem
inferiores aos benefícios proporcionados. A zona ALARP encontra-se assim dividida em duas sub-zonas:
uma zona de risco tolerável e uma outra de risco não tolerável. A fronteira entre estas zonas não é fixa,
veja-se o exemplo de dois riscos com o mesmo valor poderem pertencer a zonas diferentes, consoante a
relevância dos parâmetros (probabilidade ou gravidade das consequências) para a organização. Na zona
III os riscos são intoleráveis e justificam tratamento. O guia da norma Australiana e Neozelandesa,
AS/NZS 4360:2004, refere que apesar dos resultados apresentados pelo método ALARP parecerem
8
bastante atrativos devido à simplicidade de representação, este método não reflete a incerteza da
estimação do risco e da definição das fronteiras entre as três zonas.
Muitos dos critérios referidos, são definidos com base em análises qualitativas, fazendo corresponder
escalas discretas de ordenação numérica com vista à descrição de grandezas a conceitos como
Consequência e Possibilidade de Ocorrência. Este tipo de critérios são usualmente expressos sob a
forma de matrizes de graduação de risco que relacionam consequências com a probabilidade de
ocorrência de acontecimentos.
Em termos genéricos, riscos de nível baixo (baixo impacto conjugado com probabilidade de ocorrência
muito baixa) são considerados aceitáveis, e riscos de nível alto (impactos profundos conjugados com
probabilidade de ocorrência elevada) são considerados inaceitáveis, cabe então a cada organização
definir todos os patamares intermédios. A norma BS 8800 especifica que, riscos baixos, médios e altos
deverão ser reduzidos para que consigam ser considerados riscos aceitáveis.
Figura 1- Região ALARP (As Low As Reasonable Practicable) adaptado de AS/NZS 4360:2004
Riscos que à partida se possam revelar intoleráveis ou inaceitáveis não deverão inviabilizar a realização
de dado processo ou atividade, este tipo de risco vai apenas exigir medidas de redução alinhadas com
procedimentos corretivos e um controlo e monitorização eficaz.
2.4.1. Nível de Risco
O nível de risco determina-se através da combinação de causas com consequências (Veak,1992). As
causas e as consequências devem ser estimadas utilizando dados estatísticos, sempre que estes estejam
disponíveis. Os dados estatísticos ajudam a calcular médias, desvios-padrão e variáveis, mas alguns
riscos exigem uma análise de carater qualitativo, não só por uma possível inexistência de dados, como
também por possíveis dificuldades na modelação de comportamento de fenómenos. De um modo geral
o nível de risco pode ser determinado através da equação 1:
�� = � × � (1)
9
Onde �� simboliza o nível de risco, P a probabilidade de ocorrência de um dado risco e C a consequência
desse mesmo risco.
Um outro método que permite também a determinação do nível de risco, é o método RPN (Risk Priority
Number). Neste método o nível de risco é obtido através da combinação de 3 fatores distintos. Os
fatores neste método são a probabilidade de ocorrência, a severidade e a deteção (ver equação 2). É
importante referir que grandezas que quantificam consequências, severidades e deteção são
quantificadas através de escalas de quantificação discretas que a organização em causa considere
adequada.
�� = � × � × � (2)
Onde �� simboliza o nível de risco, P a probabilidade de ocorrência de um dado risco e S o grau de
severidade desse mesmo risco e D o fator deteção.
2.4.2. Curvas Equipotenciais de Risco
Curvas equipotenciais de risco são linhas que unem pontos com igual potencial de risco, por outras
palavras, uma curva equipotencial representa o lugar geométrico ao qual corresponde todos os pontos
cujo produto da sua previsibilidade pela sua consequência tem igual valor (João Manuel Coelho, 2007).
As curvas equipotenciais formam assim um conjunto de patamares de risco, mas há que ter em atenção
um fenómeno inerente ao risco, a sua imprevisibilidade, ou seja muitas vezes, estas linhas podem
induzir o seu utilizador em erro uma vez que a quantificação de risco apresentada surge como um valor
preciso, e na realidade o plano de risco é resultado de infinitas funções continuas que procuram
reproduzir comportamentos.
Figura 2 - Curvas equipotenciais de risco
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2.5. O Risco na Indústria da Construção
A área da indústria da construção possui diversas particularidades que impedem que seja possível
estabelecer exatidão no desenvolvimento de projetos e empreendimentos. Os processos inerentes à
indústria da construção assim como o número de variáveis associadas a esses processos dão relevância
à gestão de risco nesta área, “A indústria da construção, mais do que qualquer outra indústria, encontra-
se sujeita ao risco” (Mladen Radujkovic, 1997). Na construção existem sempre situações que não foram
previstas e sobre as quais é necessário atuar, para que os objetivos finais da organização, do projeto ou
do empreendimento não sejam alterados. Deste modo, com o objetivo de minimizar a ocorrência deste
tipo de situações, deverá optar-se por considerar o estudo de riscos e respetivas medidas de tratamento
logo numa fase embrionária do projeto ou do empreendimento. Esta premissa permitirá assim a
identificação de riscos no devido tempo para que se torne possível estudar, definir e desenvolver
estratégias de tratamento dos mesmos. Importa referir que, para a gestão de projetos de construção as
consequências de riscos mais alarmantes são: o não cumprimento do orçamento estipulado, o não
cumprimento do tempo de projeto designado, a falha na manutenção da qualidade acordada (Mladen
Radujkovic, 1997).
A abordagem seguida nesta dissertação será em tudo similar a abordagens já realizadas ao tema na
medida em que para uma gestão de risco eficaz a primeira fase passa pela identificação de riscos,
procedente avaliação, seguindo-se-lhe o respetivo tratamento, acabando então, na sua monitorização.
Autores como Perry e Hayes (1985), Fisk (1992), Akintola e Malcolm (1997), desenvolveram teorias
aplicáveis à indústria da construção, segundo estes, e contextualizando à abordagem comum dos
empreiteiros, é possível definir os seguintes tipos de risco: Físicos, Ambientais, Projeto, Financeiro,
Legal, Político, Construção e Operacionais.
2.5.1. Estudos Realizados no Âmbito da Identificação e Gestão de Riscos
na Indústria da Construção
Um estudo com o título “Identifying Key Risks in Construction Projects: Life cycle and Stakeholder
perspectives” desenvolvido por Dr. Patrick X. W. Zou, Dr. Guomin Zhang e pelo Professor Jia-Yuan Wang
(2009), foi realizado com o objetivo de identificar e analisar riscos relacionados com o desenvolvimento
de projetos de construção pelas perspetivas dos stakeholders e do ciclo de vida do projeto. O referido
estudo sugere que os riscos alocados à construção podem ser divididos nos seguintes tipos: Riscos
relacionados com custos, Riscos relacionados com prazos, Riscos relacionados com a qualidade, Riscos
relacionados com o meio ambiente, e os Riscos relacionados com a segurança. O referido estudo
discretizou os riscos apresentados na Tabela 2 e agrupou-os de acordo com a Tabela 3, como os mais
relevantes na indústria da construção. Importa referir que em ambas as tabelas, os riscos encontram-se
apresentados por ordem de relevância consoante os índices de significância atribuídos pela população
dos questionários.
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Tabela 2 - Os 20 Riscos chave identificados no estudo Identifying Key Risks in Construction Projects: Life
cycle and Stakeholder perspectives (2009)
20 Riscos Chave Abreviaturas
Calendário de atividades apertado TPS
Alterações no Projeto DV
Excesso de procedimentos de aprovação nos departamentos de administração do governo EAP
Parâmetros demasiado exigentes HPQE
Calendarização de atividades inadequada IPS
Mau planeamento de atividades UCPP
Alterações nos trabalhos de construção VCP
Baixas competências de gestão dos subempreiteiros LMCS
Alterações impostas pelo cliente VCP
Aprovações de documentos incompletas IAD
Estimação de custo pouco rigorosa ou incompleta ICE
Falta de coordenação entre os participantes no projeto LCP
Indisponibilidade de profissionais e gestores UPM
Indisponibilidade de trabalhadores qualificados USL
Burocracia governamental BG
Segurança relativa à ocorrência de acidentes de trabalho GSAO
As condições dos locais não correspondem às do projeto ISI
Disputas de trabalho OD
Inflação PICM
Poluição sonora SNP
A Figura 3 sintetiza a conjugação de riscos entre os vários stakeholders e as diferentes fases do ciclo de
vida do projeto. Através da referida representação o estudo localiza em que fases os 20 riscos chave
identificados devem ser geridos. As abreviaturas apresentadas na figura podem ser consultadas na
Tabela 2.
Figura 3 - Consolidação de riscos chave, stakeholders e ciclo de vida do projeto (Identifying Key Risks in
Construction Projects: Life cycle and Stakeholder perspectives, 2009)
12
Tabela 3 - Os 20 riscos chave agrupados por tipologias e hierarquizados por ordem decrescente
(Identifying Key Risks in Construction Projects: Life cycle and Stakeholder perspectives, 2009)
Riscos
relacionados
com custos
Riscos
relacionados
com prazos
Riscos relacionados
com a qualidade
Riscos relacionados
com o meio
ambiente
Riscos relacionados
com a segurança
Calendário de atividades apertado
Calendário de atividades apertado
Calendário de atividades apertado
Calendário de atividades apertado
Calendário de atividades apertado
Alterações no Projeto
Alterações no Projeto
Calendarização de atividades
inadequada
Alterações nos trabalhos de construção
Mau planeamento de atividades
Alterações impostas pelo
cliente
Excesso de procedimentos de
aprovação nos departamentos de administração do
governo
Alterações impostas pelo cliente
Indisponibilidade de profissionais e
gestores
Alterações nos trabalhos de construção
Mau planeamento de
atividades
Alterações impostas pelo
cliente
Estimação de custo pouco rigorosa ou
incompleta
Excesso de procedimentos de
aprovação nos departamentos de administração do
governo
Segurança relativa à ocorrência de
acidentes de trabalho
Disputas de trabalho
Aprovações de documentos incompletas
Baixas competências de gestão dos
subempreiteiros
Alterações impostas pelo cliente
Parâmetros demasiado
exigentes/Expetativas de qualidade
Inflação Mau planeamento de atividades
Parâmetros demasiado
exigentes/Expetativas de qualidade
As condições dos locais não
correspondem às do projeto
Alterações no Projeto
Excesso de procedimentos
de aprovação nos departamentos
de administração do governo
Calendarização de atividades
inadequada
Alterações nos trabalhos de construção
Baixas competências de gestão dos
subempreiteiros (ambiental)
Falta de coordenação entre os participantes
no projeto
Aprovações de documentos incompletas
Burocracia governamental
Indisponibilidade de trabalhadores qualificados
Parâmetros demasiado
exigentes/Expetativas de qualidade
Excesso de procedimentos de
aprovação nos departamentos de administração do
governo
Estimação de custo pouco rigorosa ou incompleta
Parâmetros demasiado
exigentes/Expetativas de qualidade
Alterações no Projeto Calendarização de atividades
inadequada
Indisponibilidade de trabalhadores qualificados
Calendarização de atividades inadequada
Alterações nos trabalhos de construção
Falta de coordenação entre os participantes
no projeto
Poluição sonora Indisponibilidade de profissionais e
gestores
As principais conclusões deste estudo passaram pela definição de 20 riscos, enquanto riscos cuja
probabilidade de ocorrência e os respetivos impactos são vistos como os mais significativos em termos
de impacto nos objetivos do projeto. O risco “ calendário de atividades apertado” tem grande impacto
nas 5 categorias de risco definidas pelo estudo. O estudo concluiu também que clientes, projetistas
organismos do governo devem cooperar, desde a fase de estudo prévio, para a deteção de riscos em
tempo útil e que empreiteiros e subempreiteiros deverão ser integrados no ciclo de vida do projeto com
13
a antecedência necessária à preparação de condições de segurança, eficiência e qualidade das
atividades de construção do projeto.
Um outro estudo realizado no âmbito da identificação e gestão do risco na indústria da construção e
que deverá ser realçado no presente documento é o “Risk and its management in the Kuwaiti
construction industry: a contractor’s perspective” (Nabil A Kartam e Said Kartam, 2000). O referido
estudo procedeu de modo análogo ao estudo anteriormente referido, mas desta feita, com vista à
identificação de riscos chave, alocação desses mesmos riscos a diferentes entidades e identificação das
principais ferramentas de tratamento. Na Tabela 4 apresenta-se a discretização de 26 riscos, riscos estes
que se apresentam como sendo os mais relevantes no sector da construção segundo este estudo:
Tabela 4 - Riscos chave identificados no estudo Risk and its management in the Kuwaiti construction
industry: a contractor’s perspective (2000)
Riscos chave na indústria da construção
Licenças e Regulamentos Produtividade
Alterações aos trabalhos Situações incontroláveis/inesperadas
Disputas de trabalho Condições climatéricas adversas
Ameaças de guerra Políticas Governamentais
Atrasos de Terceira Parte Acidentes de trabalho
Quantidades de trabalho Competência do empreiteiro
Rigor na definição de trabalho Inflação
Diferentes condições dos locais Qualidade de trabalho
Precisão dos programas do projeto Atrasos na resolução de conflitos
Coordenação com os subempreiteiros Incapacidade Financeira
Falhas de projeto Materiais defeituosos
Acessibilidade do local Alterações nas Negociações
Disponibilidade de mão-de-obra equipamento e recursos Atrasos de pagamento
Em ambas as tabelas são visíveis semelhanças nomeadamente, no que diz respeito à aferição dos riscos
chave, com a diferença de que o estudo “Identifying Key Risks in Construction Projects: Life cycle and
Stakeholder perspectives” procedeu à divisão e agrupamento dos respetivos riscos em categorias
diferenciadas, refira-se custos, prazos, qualidade, ambiente e segurança.
O estudo desenvolvido no Kuwait procedeu também a uma recolha de dados relativa à alocação de
riscos por parte dos empreiteiros. Dados relativos ao referido processo poderão ser encontrados no
Anexo I. Em termos globais os empreiteiros têm consciência dos riscos que podem ou não partilhar. O
risco pode ser partilhado desde que a parte que o assuma seja devidamente compensada, é errada a
ideia de que o risco associado a um dado processo, e por conseguinte associada a uma dada entidade
não possa ser inimputável. A linha principal de decisão segundo a qual o risco deve ser ou não
partilhado, reside no facto de a entidade para a qual o risco é transferido ter ou não a capacidade de
avaliar o risco e o potencial necessário para o controlar, minimizar e monitorar (PMBOK, 2004).
14
O mesmo estudo procedeu também à identificação e análise das principais ferramentas e métodos de
tratamento de risco utilizadas na indústria de construção. Existem quatro métodos de gerir riscos:
métodos de retenção, prevenção, mitigação e transferência (Fisk, 1992). O referido estudo incidiu
apenas sobre os métodos de prevenção e mitigação. No contexto apresentado, ações de prevenção são
definidas enquanto ações tomadas com vista a evitar ou reduzir riscos numa fase prévia do
empreendimento de construção (Thompson e Perry, 1992), já ações de mitigação são definidas
enquanto ações de remediação e redução de riscos aquando da sua ocorrência. Na Tabela 5 encontram-
se apresentadas as principais ferramentas e métodos de prevenção e mitigação de riscos, identificados
pelo estudo.
Tabela 5 - Ferramentas e métodos de tratamento de risco (Risk and its management in the Kuwaiti
construction industry: a contractor’s perspective, 2000)
Ferramentas e Métodos Tipo
Utilizar métodos de análise quantitativos de gestão de risco para estimar com rigor a duração das atividades
Prevenção
Produzir um calendário de atividades através da atualização progressiva da informação do empreendimento
Prevenção
Planear opções ou métodos alternativos para determinados processos Prevenção
Transferir ou partilhar riscos com outras partes Prevenção
Acrescentar prémios de risco no período de estimação de prazos Prevenção
Utilizar informação sobre projetos e empreendimentos do mesmo tipo já executados ou em execução
Prevenção
Aumentar a disponibilidade de mão-de-obra, equipamentos e outros recursos.
Prevenção e Mitigação
Aumentar o número de horas de trabalho Prevenção e Mitigação
Alterar o método construtivo Prevenção e Mitigação
Alterar a sequência de atividades e sobrepor algumas se for necessário Prevenção e Mitigação
Coordenar os subempreiteiros mais de perto Prevenção e Mitigação
Coordenar mais de perto os subordinados para garantir a melhor gestão de tempo possível
Prevenção e Mitigação
O estudo concluiu assim que os 26 riscos identificados têm aplicabilidade à realidade do Kuwait e que os
empreiteiros não são alheios ao conceito de risco partilhado, mas em termos genéricos têm tendência a
assumir a maior parte dos riscos, mesmo aqueles de índole externa ou ambiental. Segundo o estudo, o
risco “ incapacidade financeira” foi considerado o mais relevante devido à conjetura económica que o
país atravessava à data da sua realização. O estudo indicou também que ferramentas como
“coordenação com subempreiteiros” e “aumento de mão-de-obra e equipamento” são as mais
utilizadas na indústria da construção.
15
2.6. Os Sistemas de Gestão em Portugal e contextualização da
Gestão do Risco
A implementação de um sistema de gestão, seja de qualidade, ambiente, saúde, segurança ou risco
deverá ser assumida como uma opção estratégica da empresa e terá certamente o intuito de otimizar e
dinamizar meios para atingir determinados objetivos. Os objetivos a que uma empresa se propõe
poderão ser dos mais diversos tipos: rentabilidade, satisfação dos interessados, lucros, imagem entre
outros.
Correntemente existem mais de 18 mil normas ISO (Internacional Organization for Standartization), que
abrangem diversas especificações de produtos, serviços, métodos de inspeção, vocabulário, requisitos
entre outros. As normas mais utilizadas na construção são: a ISO 9001 (sistemas de gestão da qualidade)
e a ISO 14001 (sistemas de gestão ambiental). Também muito aplicada à construção mas já fora da
família das ISO tem-se a ILO OSH 2001 que dá diretrizes sobre sistemas de gestão da segurança e saúde
no trabalho, mas atualmente este tipo de sistema de gestão não pode ser certificado. As organizações
poderão ainda optar pela certificação de um dado sistema de gestão de acordo com uma dada norma
ISO. Ainda que não seja obrigatório, dá as empresas um selo de qualidade em determinado processo,
certificação esta que a nível nacional é fornecida pelos organismos acreditados pelo Instituto Português
da Qualidade (IPQ). Atualmente os sistemas de Gestão de Risco não são certificáveis. É importante frisar
que a “certificação traduz-se num conceito: confiança”(Croft,2011), por outras palavras, a certificação
de um sistema gestão acaba por ser um ícone de credibilidade não só para o processo como para toda a
organização. Mas o ponto-chave nos sistemas de gestão, não é a certificação mas sim a implementação
da política e dos métodos e processos inerentes a eles. Comum a todos os sistemas de gestão deste tipo
(a gestão de risco não foge à regra) surge neste contexto o ciclo de melhoria contínua, usualmente
denominados por Ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Act), ver Figura 4.
Figura 4 - Ciclo PDCA
16
Os ciclos PDCA podem ser aplicados a quaisquer níveis das empresas, seja a um conjunto de diretores de
topo ou a um simples colaborador. Os responsáveis pela gestão de uma organização e pela
implementação e difusão de sistemas de gestão devem desenvolver um planeamento estratégico
apropriado ao seu ramo de atividade que lhes permita divulgar no seio organizacional este tipo de
política até aos colaboradores menores e acompanhar de perto e periodicamente os avanços relativos a
objetivos e metas desejadas. Uma ferramenta à qual boa parte da nova geração de gestores não é alheia
é os Indicadores de Performance (KPI’s - Key Performance Indicators), que permitem avaliar a evolução
de determinado processo face a prazos, custos, segurança, impactes ambientais, qualidade entre
outros.
Relativamente a Gestão de Risco encontram-se presentemente lançados dois documentos
fundamentais:
• ISO Guide 73:2009 – “Risk management – Vocabulary”
• ISO 31000:2009 – “Risk management – Principles and guidelines”
Analogamente ao sucedido na qualidade a ISO desenvolveu para a Gestão de Risco um documento de
fundamentos e vocabulário com vista à contextualização e desenvolvimento de conceitos específicos
sobre este tipo de gestão (ISO Guide 73:2009).
A ISO 31000:2009 tem por principal objetivo a integração da gestão do risco na gestão global das
organizações, através da implementação de um conjunto de orientações e metodologias. É um
referencial de princípios e diretrizes que não tem em vista a certificação. Nesta norma o enquadramento
é dado por onze princípios que destacam a criação e proteção de valores, a integração da gestão de
risco na gestão global, a tomada de decisões, a modelação e adaptação a cada tipo de organização, e a
consideração de fatores humanos e culturais entre outros.
2.7. O conceito de Gestão de Risco
Nos últimos anos tem-se observado uma crescente utilização de metodologias de análise e gestão de
riscos em diferentes atividades (Guedes Soares et al.,2003). O conceito de gestão de risco pode ser
descrito como “um modo sistemático de analisar áreas de risco e determinar racionalmente como cada
um deverá ser tratado. É uma ferramenta de gestão que visa identificar fontes de risco e incerteza,
determinando os respetivos impactos, e desenvolvendo respostas de gestão apropriadas” (Uher,2003).
A gestão de risco é um processo sistemático que pode ser dividido no processo de identificação de
riscos, classificação de riscos, análise de riscos e reposta a riscos, respostas estas que podem ser de
retenção, redução, transferência ou aversão (Berkeley et al.,1991). O risco e a incerteza não são os
únicos conceitos a ter em conta na gestão de risco do projeto, existem conceitos como complexidade,
velocidade de construção e localização do empreendimento que também influenciam o nível de risco
intrínseco ao projeto (Perry e Hayes,2000).
17
De um modo geral, o processo de análise e gestão de risco engloba o conjunto de políticas,
procedimentos e práticas que se tomam de forma a manter os níveis de risco dentro de limites que
sejam considerados aceitáveis, ver Figura 5 Guedes Soares (2005).
Figura 5 - Modelo de gestão do risco (Guedes Soares,2005)
Autores como Flanagan, R. e Norman, G. (1993) defendem a existência de algumas regras chave na
gestão do risco: os riscos devem ser corretamente identificados, classificados e analisados antes de ser
considerada qualquer resposta para os mesmos; os riscos identificados deixam de ser riscos, passando a
ser problemas de gestão; os riscos devem ser geridos evitando uma atitude intuitiva ou sentimental; os
riscos devem ser geridos de forma contínua desde o início do projeto até ao seu final; os riscos e os seus
relatórios devem fluir de forma eficaz ao longo da estrutura de gestão; uma estrutura de risco mal
definida produzirá mais riscos; atitude crítica e visão aberta são os ingredientes chave para prever o que
poderá acontecer no futuro; um plano de contingência é essencial para lidar com a pior eventualidade; a
gestão do risco não deve ser demasiado complicada nem excessivamente simplista, esta deve ajustar-se
às operações diárias da organização; problemas e potenciais falhas no projeto devem ser sinalizadas o
mais cedo possível.
Importa referir que as práticas de gestão do risco não estão pensadas para a remoção de todos os riscos
dos projetos, o principal objetivo destas práticas é assegurar que os riscos são geridos da forma mais
eficiente possível. O cliente e a equipa de gestão de projetos devem reconhecer que existem certos
riscos que têm que ser assumidos pelo cliente e que obviamente deverão ser tidos em conta nas
estimativas de tempo e custos do projeto.
18
2.7.1 A Gestão de Risco em Projetos
Atualmente as organizações estão cada vez mais despertas para o facto da elaboração de um plano de
gestão de riscos se traduzir em diversos benefícios, nomeadamente num melhor cumprimento de
objetivos, resultando em termos genéricos em menores perdas ou maiores ganhos. É fundamental a
uma organização compreender o ciclo de uma gestão de risco eficaz ao desempenho da sua atividade e
que o insira num ciclo de melhoria contínua, ver Figura 6.
Figura 6 - Processo de gestão do risco (ISO 31000)
O modelo de gestão a analisar no presente capítulo enquadra o ciclo de gestão sugerido pela norma ISO
31000, será o modelo de gestão de risco para projetos sugerido pelo guia PMBOK (2004). Segundo o
Guia PMBOK, o processo de gestão do risco inclui:
• Plano de gestão do risco;
• Identificação dos riscos;
• Análise qualitativa dos riscos;
• Análise quantitativa dos riscos;
• Plano de resposta aos riscos;
• Monitorização e controlo dos riscos.
Estes itens do processo devem interagir entre si e entre as restantes áreas do conhecimento conforme
apresentado na Figura 6.
19
2.7.1.1. O Plano de Gestão e Identificação de Riscos
Em termos genéricos o Plano de Gestão de Risco caracteriza-se como um plano que estabelece a forma
de condução das atividades de gestão de risco. A construção deste plano deverá ter início no momento
da conceção do projeto e deve ficar concluída no início do planeamento do mesmo. Esta fase é crucial
para garantir que a importância e a visibilidade atribuída à gestão do risco se encontram em
conformidade com os riscos em causa, bem como com a relevância do projeto junto da organização.
Também é fundamental que, nesta etapa, fiquem definidos quais os principais recursos necessários ao
desenvolvimento destas atividades de gestão.
Segundo a orientação da norma ISO 31000, uma organização, seja ela de que tipo for, para proceder a
um processo de gestão de risco eficaz, tem de ser capaz de identificar fontes de risco, centros de
impacto, acontecimentos e respetivas causas e consequências. A identificação de riscos marca o
arranque do ciclo de gestão de risco (ver Figura 7), sendo que o principal objetivo passa por desenvolver
uma lista de riscos baseada em cenários que podem gerar aumento, prevenção, degradação, aceleração
ou atraso no cumprimento dos objetivos.
Figura 7 - Ciclo de gestão do risco (Identificação de Riscos), adaptado do guia PMBOK 2004
A identificação dos riscos é um processo iterativo, uma vez que ao longo do projeto podem surgir novos
riscos que exigem análise e tratamento. Os recursos humanos alocados a esta fase, assim como a
frequência de iterações dependem do tipo de projeto e dos objetivos da organização. O formato
escolhido para a caracterização dos riscos deve ser uniforme, para assim ser possível comparar os vários
riscos do mesmo projeto. É importante identificar os riscos associados a oportunidades. A não
consideração de alguns riscos pode se tornar crítica, uma vez que um risco que não é considerado na
fase inicial, também não será considerado em análises futuras. Esta listagem deverá também incluir
riscos cuja fonte esteja ou não sob o controlo da organização.
O conceito de Identificação de Riscos deverá pressupor a consideração das consequências de cada risco,
tendo em atenção possíveis efeitos cumulativos ou efeitos de reações em cadeia. Uma organização
deverá então desenvolver um conjunto de ferramentas e técnicas que considere mais adequadas de
acordo com a sua política e os seus interesses.
Como ferramentas e técnicas de identificação, destaquem-se as mais relevantes (PMBOK, 2004):
• Revisões da documentação
• Técnicas de coleta de informação
• Análise da lista de verificação
• Análise de cenários
• Técnicas com diagramas
20
A revisão da documentação é um procedimento muito comum nos diferentes tipos de organização, esta
revisão poderá incluir o plano de gestão de projetos de empreendimentos anteriores, assim como
planos de gestão de riscos, planos com requisitos de qualidade entre outros.
Entre as Técnicas de Coleta mais usuais enumere-se Brainstorming (construção de lista que contenha os
riscos mais correntes no âmbito da atividade realizada pela organização), Técnica Delphi (técnica que
permite obter uma listagem de riscos realmente relevantes através da opinião vários especialistas que
participam anonimamente em questionários), Entrevistas, Identificação da Fonte de cada risco e Análise
SWOT (Strenghs – Pontos Fortes, Wicknesses – Pontos Fracos, Oportunities – Oportunidades and
Threats – Ameaças).
Relativamente à Análise da Lista de Verificação e Análise de Cenários, é de salientar que deverá ser
elaborada uma revisão completa aos riscos identificados e os seus respetivos impactos, de modo a
evitar erros grosseiros.
As Técnicas com Recurso a Diagramas são bastante utilizadas e podem ser de diversos tipos: Diagramas
Causa – Efeito, Fluxogramas ou Diagramas Causa – Efeito.
O produto final resultante do processo de Identificação de Riscos, é apresentado sob a forma de
registos.
2.7.1.2 Análise de Riscos
A análise de riscos surge no ciclo de gestão do risco entre a fase de identificação e a fase de tratamento
de riscos com vista à minimização dos seus impactos conforme havia sido sugerido no capítulo anterior
deste documento. Nesta fase o risco é analisado pela combinação das causas e das consequências. A
probabilidade de um determinado evento e a gravidade das consequências são analisadas no contexto
da eficácia das estratégias e das seguranças existentes. A título de revisão veja-se o ciclo de gestão de
riscos apresentado na Figura 8:
Figura 8 - Ciclo de gestão de riscos (Análise de Riscos)
2.7.2.2.1. Análise Qualitativa de Riscos
À partida, para se proceder a uma análise, seja ela de que tipo for, é necessário elaborar uma leitura
cautelosa de todas as informações disponíveis, nomeadamente no que diz respeito à meta que se
pretende atingir. Todas estas informações que permitem efetuar uma leitura de um dado cenário e por
consequência prever um dado acontecimento designam-se de entradas (inputs). Para a análise
qualitativa de riscos e conforme sugerido pelo PMBOK (2004) são definidas as seguintes entradas
(inputs):
21
• Informações sobre projetos anteriores;
• Informações sobre a complexidade do projeto;
• Plano de gestão de riscos;
• Registo de riscos.
A informação sobre projetos anteriores é um dos inputs mais utilizados e avaliados, ainda que
empiricamente. A experiência acumulada conjugada com o “Know-how” dos profissionais, são
elementos sólidos para o desenvolvimento de empreendimentos, neste caso, no que toca à gestão de
risco destes mesmos empreendimentos.
Informações sobre a complexidade do projeto também são fundamentais, projetos mais arrojados ou
menos comuns elevam o grau de risco, a análise dos métodos e de todos os recursos envolvidos
permitem minimizar riscos.
Consoante a dimensão do projeto, deverá existir um plano de gestão de risco devidamente elaborado.
Este plano de gestão entra na classe das entradas (inputs) não como ferramenta que realmente é, mas
como um conjunto de informação adicional. Este tipo de informação poderá advir de cronogramas
financeiros, orçamentos, calendários de atividades e matrizes de risco especialmente desenvolvidas
para o efeito.
O registo de riscos não deixa de ser importante, a lista de riscos que contém os riscos mais comuns ou
mesmo até os mais complexos poderá evitar alguns erros.
Numa fase em que já se encontram identificadas as entradas para a análise qualitativa, segue-se a
aplicação de ferramentas e técnicas de avaliação:
• Avaliação da probabilidade e impacto de riscos;
• Matrizes de risco;
• Avaliação da qualidade dos dados sobre os riscos;
• Categorização de riscos;
• Avaliação da urgência dos riscos.
A avaliação de probabilidade e impacto de riscos é uma avaliação que deve ser elaborada pelo
intervenientes no empreendimento junto de elementos de cada equipa que estejam diretamente
relacionados com o risco em causa, podendo recorrer-se a elementos de equipas exteriores ao projeto
se tal for necessário. A avaliação de probabilidade trata-se, como já foi referido em capítulos anteriores,
de uma análise ao risco relativo á sua probabilidade de ocorrência enquanto a análise de impacto
refere-se às consequências dessa ocorrência. Os riscos devem ser então, deste modo, hierarquizados ou
excluídos se for caso disso, indo de encontro com o plano de gestão de riscos.
As matrizes de risco, também conhecidas por matrizes de impacto, são matrizes que permitem
hierarquizar riscos compatibilizando-os com o seu impacto. São ferramentas bastante úteis e de fácil
interpretação uma vez que se tratam de representações gráficas. Matrizes com mais ou menos
22
entradas, com maior ou menor rigor, são matrizes construídas para responder às necessidades
específicas das organizações no sentido de permitir avalizar procedimentos para as quais são
concebidas. Estas matrizes são bastante flexíveis, não existem limitações em termos de parâmetros daí a
possibilidade das organizações as moldarem e adaptarem às suas maiores demandas. A título de
exemplo veja-se a matriz de graduação de risco apresentada na Figura 9.
Figura 9 - Matriz de graduação de risco (BSI,2004)
As matrizes são instrumentos, capazes de hierarquizar, quantificar e classificar risco no seio
organizacional, relacionando a probabilidade de ocorrência P de um dado cenário com o respectivo
impacto ou consequência C. De acordo com a os principais fundamentos destas matrizes o nível de risco
NR de um dado cenário é dado por NR = P x C (ver tópico 1.4.1.). O conceito de probabilidade remete o
leitor para um processo quantitativo induzindo por vezes o leitor em erro uma vez que este pode
pressupor que para cada ação ou processo existe sempre um valor de cálculo associado, é então de
salientar que nem sempre é possível calcular um valor que expresse uma probabilidade recorrendo-se e
então a análises empíricas de fundamento qualitativo que traduzam uma probabilidade de ocorrência.
Relativamente ao conceito avaliação da qualidade de dados sobre os riscos, na análise qualitativa de
riscos é fundamental que os dados sobre riscos sejam de boa qualidade, de outro modo a análise
qualitativa de nada servirá. É essencial que os riscos identificados sejam do conhecimento de todos os
intervenientes da equipa de gestão e que todos eles reconheçam a sua importância e peso em cada
contexto específico. É de salientar que a experiência associada a cada membro da equipa de gestão do
risco é preponderante nesta fase de avaliação e validação de dados sobre riscos.
É também possível categorizar riscos, por outras palavras, enquadrar um dado risco numa categoria
específica. São correntemente utilizados dois processos o EAR (estrutura analítica de riscos) e o EAP
(estrutura analítica de projeto). O primeiro é composto geralmente por um organograma que setoriza os
riscos (por exemplo: se são externos, internos, técnicos…), já o segundo segmenta o projeto permitindo
23
ao gestor a análise de procedimentos de menor dimensão, este método permite assim uma melhor
avaliação do trabalho realizado e do trabalho por realizar. Ambos os métodos não serão objeto de
estudo deste documento.
A avaliação da urgência dos riscos baseia-se no facto de se poder criar indicadores de prioridade para
riscos que sejam considerados mais urgentes, ou seja riscos cuja uma não intervenção imediata coloque
em risco a viabilidade de um dado processo.
Para concluir o ciclo da análise qualitativa, surgem então as saídas (outputs), são estas o produto final
deste processo. É de realçar que apesar de aparecerem na fase final no ciclo de análise, não deverão ser
tratadas como fase final mas sim como um resultado que deve ser progressivamente conseguido desde
a fase de identificação até à fase de controlo e monitorização.
As saídas neste processo são registos, e estes registos devem incluir: a classificação relativa ou a lista de
prioridades do projeto, assim como o agrupamento do risco por categorias, a lista de riscos que exigem
respostas a curto prazo, a lista de registo para análise e resposta a curto prazo, a lista de risco para
análise e resposta adicional, a lista de risco de baixa prioridade e a tendência dos resultados da análise
qualitativa. Pode à primeira vista parecer um vasto número de listas, mas o objetivo dos registos é
conseguido no momento em que o gestor é capaz de segmentar os processos e hierarquizar os riscos,
para em seguida observar tendências.
A análise elaborada para o caso de estudo não segue restritivamente, o ciclo convencional da análise
qualitativa, este é de carater mais genérico permitindo uma aplicabilidade mais genérica, fazendo se
sentir também a presença de análises de carater mais quantitativo.
2.7.2.2.2. Análise Quantitativa de Riscos
A análise quantitativa de riscos pode ser definida, de um modo geral, como a continuação do processo
de análise, uma vez já elaborada a análise qualitativa de riscos, procede-se então à uma nova análise
mas desta vez sobre os riscos que foram hierarquizados como relevantes para o projeto na alínea
anterior.
A análise que se elabora sobre os referidos riscos designa-se por análise quantitativa, uma vez que esta
tem por objetivo a atribuição de valores numéricos que permitam quantificar possíveis resultados do
projeto e suas respetivas probabilidades. Avaliar as probabilidades de cumprimento do objetivo,
hierarquizar com maior rigor determinados riscos, para o fim último da melhor tomada de decisão para
o projeto quer seja em termos de custos, prazos, qualidade, ambiente ou segurança, são também
objetivos deste processo de análise. Deve-se ainda explicitar que não existe nenhuma ordem específica
na realização destas análises sendo que é perfeitamente coerente um gestor efetuar a análise
quantitativa logo a seguir da identificação do risco.
24
Em termos genéricos o ciclo da análise quantitativa é em tudo semelhante à análise qualitativa sendo
que detêm os mesmos componentes: Inputs – Ferramentas e técnicas – Outputs, divergindo somente
em alguns dos respetivos constituintes (Guia PMBOK, 2004).
Apresentem-se então as componentes de entrada do processo:
• Informações sobre projetos anteriores;
• Informações sobre a complexidade do projeto;
• Plano de gestão de riscos;
• Registo de riscos;
• Plano de gestão do projeto.
A descrição das informações sobre projetos anteriores e sobre a complexidade do projeto é análoga à
da análise qualitativa sendo que já se encontram descritas no ponto 1.7.2.2.1.
Relativamente ao plano de gestão de riscos, é de salientar que para além ser composto por orçamentos
e cronogramas, este inclui também informações sobre as categorias de risco, a estrutura analítica de
risco e critérios de aceitabilidade e rejeição do risco pelos intervenientes no processo.
O plano de gestão de projeto constitui um dos inputs mais importantes do ciclo de análise quantitativa,
uma vez que, este inclui informações fundamentais referentes ao calendário do projeto como também
dados referentes aos custos envolvidos. O plano de gestão de projeto é assim constituído por o plano de
gestão do calendário que contém dados estruturantes relativos à calendarização das diversas atividades
e pelo plano de gestão de custos que inclui informação sobre custos, orçamentações, revisões,
estimativas entre outros.
Examinem-se agora as técnicas e ferramentas mais utilizadas para uma análise quantitativa. No presente
documento apresentam-se então em primeiro lugar as técnicas correntes de representação e coleta de
dados e em segundo lugar algumas das técnicas de modelação de risco mais correntes. Algumas das
técnicas de representação e coleta de dados mais usuais na elaboração de projetos são::
• Entrevistas;
• Opiniões especializadas;
• Distribuições de probabilidades.
As entrevistas e as opiniões especializadas de engenheiros e matemáticos são de bastante utilidade
neste âmbito, uma vez que ambas têm o objetivo de aprofundar conhecimentos sobre um dado tema
com vista à minimização de possíveis impactos. Com aprofundar conhecimentos, entenda-se que se
trata de um meio para atingir uma melhor gestão de riscos. Estas técnicas têm assim o intuito de
conceder informações ao gestor que lhe permitem estimar o melhor possível probabilidades e impactos.
Leia-se que o tipo de informação recolhida está dependente do tipo de distribuição de probabilidades
utilizada, sendo necessário por vezes recorrer a amostras mais ou menos abrangentes.
25
A utilização de distribuições de probabilidades com vista à modelação de um fenómeno é um processo
complexo que exige uma interpretação inequívoca dos dados adquiridos uma vez que uma má leitura
poderá traduzir-se numa má escolha de distribuição e uma má escolha de distribuição é uma má
representação da realidade. As distribuições beta e triangular são as distribuições de probabilidades
contínuas mais utilizadas, ambas são distribuições assimétricas que usualmente são as mais compatíveis
com a gestão de risco. As distribuições normal e uniforme também são usadas na gestão de risco, mas
com menor frequência uma vez que elas se destinam a reproduzir graus de incerteza em que não existe
nenhum valor mais evidente ou com uma maior probabilidade de suceder.
Identifique-se então as técnicas de modelação de risco mais correntes aplicáveis à análise quantitativa
de riscos.
• Análise de sensibilidade;
• Análise do valor monetário esperado;
• Análise da árvore de decisão;
• Simulações de Monte Carlo;
• Failure Modes and Effect Analysis (FMEA).
A análise de sensibilidade deve incidir sobre as variáveis chave do projeto, ou seja as que têm maior
impacto sobre o mesmo: custos, prazos e resultados de atividades de particular interesse para o projeto
(Wideman, 1992). Este tipo de análise permite evidenciar intervalos de valores para cada uma das
variáveis, mas não permite a aferição da probabilidade de ocorrência de cada valor dentro do intervalo,
o que se traduz numa utilidade relativamente pequena para os fins de gestão de risco aplicada a este
tipo de atividade, uma vez que remete o gestor para elevados graus de incerteza.
A técnica de análise do Valor Monetário Esperado (VME) ou Earned Monetary Value (EMV) permite
calcular o resultado médio, ou seja quando o resultado final de uma atividade tem vários cenários
possíveis este processo identifica o valor médio desses, não representado situações de pico de sucesso
ou de insucesso. Em termos de cálculo, o procedimento deste método é bastante simples, consiste
apenas em multiplicar o valor de cada resultado possível pela respetiva probabilidade e somá-los. É
corrente em processos complexos de gestão utilizar-se este método combinado com o método da
árvore de decisão que irá ser descrito no parágrafo abaixo.
O método da árvore de decisão é um método que tem um vasto leque de aplicação, uma vez que tanto
se destina a processos bastante simples, como a conjuntos de processos encadeados uns nos outros
formando uma teia bem mais complexa. A árvore de decisão dá informação sobre o peso de cada
escolha e sobre a respetiva probabilidade de ocorrência, assim como de todo o encadeamento que lhe
precede. A representação da árvore de decisão é de formato gráfico e de bastante acessível
interpretação.
Nas simulações de Monte Carlo, o modelo é iterado inúmeras vezes. Segundo Heldman (2003), as
simulações de Monte Carlo são modelos de simulação que ajudam a quantificar os riscos inerentes ao
26
projeto como um todo, identificando riscos e os cenários de impactos possíveis sobre os objetivos do
projeto analisando ao pormenor as diversas relações de dependência e de precedência entre as
diferentes atividades. Neste tipo de análise o gestor em vez de estimar cenários, considera um
comportamento estocástico para as variáveis. Deste modo os dados não são conhecidos, nem têm
valores fixos, similarmente aos modelos determinísticos, sendo as suas variáveis de entrada arbitradas
de acordo com a distribuição probabilística contínua que melhor se adeque. Ao contrário dos métodos
de programação linear, as simulações de Monte Carlo não fornecem a solução ótima, elas apenas
demonstram como as atividades se relacionam e se influenciam entre si, possibilitando ao gestor avaliar
impactos de possíveis alterações no projeto.
A Failure Modes and Effect Analysis (FMEA) (Análise de Modos de Falha e Efeitos) é uma metodologia
desenvolvida com vista à identificação de possíveis modos de falha de produtos ou processos antes de
ocorrerem os problemas. Este método permite avaliar riscos associados a modos de falha e identificar e
aplicar medidas que minimizem consequências de modos de falha (Marta Alves e Jorge Costa, 2004). O
processo FMEA consiste no preenchimento de um quadro, a partir do qual se pode avaliar várias
características dos riscos, como objetivos, modos de falha, efeitos, causas, controlo, severidade,
ocorrência e deteção.
Este tipo de análise permite obter uma análise probabilística do projeto, avaliando-se diversos cenários,
e determinando-se probabilidades de se cumprirem as metas às quais a organização se propôs.
Analogamente à análise qualitativa, a análise quantitativa tem as respetivas saídas (outputs) sob a forma
de registos, este conjunto de registos mais ou menos complexos, devem incluir a lista de prioridades dos
riscos de projeto, os respetivos agrupamentos por categorias, a lista de riscos que necessitam de
resposta no curto e no longo prazo, assim como uma lista de riscos que exijam uma melhor análise. É
ainda de relevar que estes registos devem conter observações e comentários às tendências de alguns
resultados, de modo a evitar análises grosseiras.
2.7.1.3. Tratamento de riscos
A fase de tratamento de riscos, vem no seguimento do processo de análise de riscos, em que o gestor já
é detentor de registos detalhados sobre o tipo, a urgência e o impacto de diversos riscos quer seja numa
pequena atividade, quer seja na organização propriamente dita. Para o leitor se situar observe-se a
Figura 10:
Figura 10 - Ciclo de gestão de riscos (Tratamento de Riscos)
Para se poder proceder ao tratamento dos diversos riscos, é necessário que, o gestor detenha
informação adequada para delinear uma estratégia de atuação sobre os mesmos. Esta informação
27
advém dos processos de Identificação e Análise de Riscos sob a forma de registos e do plano de gestão
de riscos propriamente dito, são estas as entradas (inputs) do novo processo.
O objetivo desta etapa consiste em atribuir medidas que alterem os riscos e em avaliar a eficácia e
eficiência de cada uma dessas medidas (guia PMBOK, 2004). O tratamento dos riscos pode ser
sintetizado através do seguinte processo cíclico: escolha da medida de tratamento do risco; decidir até
que ponto é que o nível de risco residual é tolerável; se não for tolerável, adotar uma nova medida de
tratamento; avaliar a eficácia desse tratamento (ISO 31000). Existem várias opções de tratamento dos
riscos. A escolha da forma de tratamento mais adequada envolve o estabelecimento de um equilíbrio
entre os custos associados à aplicação da medida de tratamento e o benefício retirado da medida
implementada (ver ponto 1.4.). Na Tabela 6 podem ser consultados os métodos de tratamento de riscos
correntes, definidos na norma ISO 31000.
Tabela 6 - Medidas de tratamento de riscos (ISO 31000)
Medidas de tratamento de riscos
Evitar o risco, decidindo parar o projeto ou a atividade que origina esse risco
Aceitar o risco ou aumentá-lo sempre que este for considerado uma oportunidade
Manter o risco enquanto decisão informada
Transferir / Partilhar o risco com outros através de alterações contratuais, incentivos à produtividade, seguros, garantias, obrigações
Alterar a probabilidade e / ou as consequências dos riscos
Como explicitado na Tabela 6 e referido no ponto 1.3. do presente capítulo, os riscos sujeitos a
tratamento, nesta fase, poderão ser vistos enquanto oportunidades e ameaças para a organização. No
tratamento dos riscos é fundamental entender em que categoria se insere o risco em causa e quais os
riscos tratados que acrescentam novos riscos.
Uma ameaça está assim associada ao potencial de uma situação de risco de um processo levar a uma
perda para os objetivos da organização. Conforme já mencionado neste documento, existem três
processos de tratamento de riscos enquanto ameaças, leiam-se:
• Prevenção – é um processo que envolve mudanças no plano de gestão do projeto, no contexto
em que este é alterado com o intuito de eliminar, minimizar ou evitar dados riscos. Alterar a
probabilidade de ocorrência e/ou consequências e evitar riscos são dois processos
correntemente utilizados no âmbito da prevenção.
• Mitigação – processo que consiste na extinção total ou parcial das consequências de um dado
risco. Difere do conceito de prevenção devido ao fator cronológico, no sentido em que estas
medidas são tomadas aquando da concretização de certo risco. Algumas ferramentas de
mitigação encontram-se apresentadas na Tabela 6 leia-se alteração da probabilidade de
ocorrência e/ou das consequências.
28
• Transferência – é o processo através do qual o risco passa ser responsabilidade de terceiros,
juntamente com todas as necessidades de tratamento inerente ao mesmo. Algumas
ferramentas de transferência estão apresentadas na Tabela 6.
Dados riscos poderão ser vistos enquanto oportunidades, hipóteses de um risco poder maximizar
ganhos para a organização (AS/NZS,2004). No referido caso tem-se as seguintes hipóteses:
• Explorar – este processo procura eliminar a incerteza derivada de um dado risco fazendo com
que a oportunidade ocorra de facto
• Compartilhar – é o método pelo qual terceiros passam a ter propriedade sobre oportunidades
de dados processos com dadas valias para a organização ou para o próprio projeto.
• Melhorar - método através do qual se acentua o nível de risco de um dado processo com vista à
maximização de benefícios resultantes do mesmo. Neste processo procura-se “aumentar” a
oportunidade fomentando com recursos que o gestor considere adequados a sua probabilidade
de ocorrência (PMBOK, 2004).
As saídas (outputs) do processo de tratamento, são sob a forma de registos, registos estes, que podem
conter informações sobre riscos identificados, ações adotadas, planos de contingências, entre outros. O
plano de gestão do projeto deverá também ser atualizado, assim como acordos e relações contratuais
com terceiros.
2.7.1.4. Controlo e monitorização
O controlo e monitorização constituem a última fase do processo de gestão de riscos, como é possível
verificar na Figura 11.
Figura 11 - Ciclo de gestão de riscos (Controlo e Monitorização)
O controlo e monitorização deverão ser vistos pelas organizações enquanto um processo progressivo,
na medida em que este vai evoluindo e desenvolvendo outras fases do ciclo de gestão no decorrer de
rotinas do projeto. As entradas (inputs) do processo de controlo e monitorização são as saídas (outputs)
do processo anterior, leiam-se registos e atualizações do plano de gestão do projeto. Na fase de
controlo e monitorização de riscos as ferramentas e técnicas correntemente utilizadas são:
• Reavaliação de riscos;
• Auditorias;
• Análise de tendências;
• Medição do desempenho técnico e Reuniões de progressão.
29
Em termos genéricos a reavaliação de riscos passa por uma apreciação global do nível de risco residual
dos riscos sujeitos a tratamento, assim como pela identificação de possíveis riscos que possam ter
advindo do mesmo processo. Poderão também ser realizadas auditorias com vista à avaliação dos
processos de tratamento de risco. Deverão também ser analisadas tendências no contexto da gestão de
riscos com o intuito de avaliar impactos em termos de prazos e custos sobre os objetivos finais do
projeto. A mediação do desempenho técnico deverá ser executada através da comparação assídua dos
processos em execução com o planeamento previamente executado, com vista à determinação de
desvios. O controlo e monitorização deverá também tornar-se num ponto de discussão, aquando das
reuniões periódicas agendadas para discutir os avanços e recuos do projeto.
As saídas do processo de controlo e monitorização passam pela execução das mudanças solicitadas,
correções recomendadas, ações preventivas, atualizações dos ativos de processos organizacionais e
pelas atualizações do plano de gestão de projeto.
2.8. Síntese do capítulo
No capítulo que se seguiu, conceitos como risco, incerteza, previsibilidade, matrizes de risco, nível de
risco e gestão de risco foram explicitados, segundo abordagens de diversos autores e metodologias
presentes em determinado guias de gestão. Destaque-se principalmente o ciclo de gestão de risco, que
foi criteriosamente apresentado e constitui uma metodologia adequada ao modelo apresentado no
capítulo IV. A exposição de conceitos elaborada foi devidamente estruturada com vista à
contextualização do estudo a desenvolver nesta dissertação. As teorias apresentadas servirão de
suporte a toda a abordagem realizada tendo em linha a aplicação de um modelo um caso de estudo.
Importa referir que o modelo desenvolvido contará não só com as ferramentas e métodos
apresentados, como também com técnicas e métodos especialmente concebidos para a gestão de
atividades de construção.
30
31
III. Questionários
3.1. Âmbito
A análise e gestão do risco é um processo extremamente relevante na tomada de decisões das
organizações, as empresas de construção não são exceção. Tornou-se imprescindível, para o
desenvolvimento de modelos aplicáveis à gestão e controlo de atividades com vista à minimização de
riscos, a tomada de conhecimento sobre a realidade atual em Portugal.
A indústria da construção tem sido alvo de atenções devido às derrapagens de prazos e custos dos
empreendimentos de construção (Nabil A. Kartam e Saied A. Kartam, 2000), torna-se assim relevante
conhecer os comportamentos de diversos tipos de empresas, pois não é possível desenvolver modelos
globais apenas com base em comportamentos de uma minoria ou de um conjunto de empresas com
uma posição similar no mercado. Os fatores relevantes referem-se à tomada de conhecimento dos
fenómenos que geram tolerância ou aversão às situações de risco.
O inquérito foi construído com base num estudo desenvolvido no Kuwait “Risk and its management in
the Kuwaiti construction industry: a contractor’s perspective”, em português “O risco e a sua gestão na
indústria de construção do Kuwait: a perspetiva do empreiteiro”, abordado no ponto 1.5.1. do capítulo
II. O referido estudo foi desenvolvido por Nabil A. Kartam e Saied A. Kartam (2000). Mais tarde, Patrick
X.W.Zou (2007) desenvolveu um estudo similar, mas desta feita aplicado a empreiteiros chineses num
estudo com o nome “Identifying Key Risks in Construction Projects: Life Cycle and Stakeholder
Perspectives”. O estudo desenvolvido no presente documento não se fixa apenas na perspetiva do
empreiteiro. No presente estudo a opinião de empresas de fiscalização e projetistas é também
considerada.
3.2. Objetivos do Inquérito
A realidade nacional, em termos literários, é ainda uma incógnita. Conceitos relativos a processos de
Gestão de Risco realizados por empresas portuguesas são ainda desconhecidos. Desconhece-se inclusive
a posição dos intervenientes no processo de reconhecimento de riscos, o tipo de ferramentas utilizadas
para o seu controlo e monitorização e a própria noção da sua atribuição e partilha.
Com a realização deste inquérito procura-se perceber quais os principais riscos que influenciam a
tomada de decisão de empresas de empreiteiros, projetistas e fiscalização. O inquérito terá também o
intuito de revelar as posições dos diversos intervenientes no empreendimento, relativamente à partilha
de riscos e à importância de um conjunto de ferramentas de prevenção e mitigação de risco.
Este inquérito tem em vista a viabilização do estudo desenvolvido com esta dissertação, demonstrando
que os pressupostos e os pontos de incidência são os verdadeiramente relevantes, de outro modo este
estudo seria baseado em outras realidades que não a portuguesa. Este estudo poderá ainda
transformar-se num ponto de partida para diversas teorias acerca deste tema, uma vez que dispõe de
32
um conjunto de riscos que daqui em diante poderão ser facilmente classificados como adequados, ou
não, à gestão das empresas nacionais.
É ainda importante salientar que os inquéritos em causa não terão somente enfoque nas empresas de
empreiteiros, mas também sobre as empresas de fiscalização e projetistas de modo que existirão três
estruturas de inquérito diferentes entre si que serão abordadas no próximo tópico.
3.3. A metodologia e a população em análise
As principais questões que surgem aquando da realização deste inquérito são: “Que tipo de amostra
empresarial da construção faz mais sentido abordar?”, “Que tipos de empresas oferecem mais
viabilidade a este estudo?”, “Terá sentido abordar micro empresas que façam pequenos trabalhos?”
(pequenos empreiteiros), “Conseguirão estas empresas dissociar-se do conceito de que risco não é
apenas segurança no trabalho?”. Tudo isto são perguntas que se espera superar com os “targets”
escolhidos. Este estudo irá incidir nos três tipos de empresas: pequenas, médias e grandes empresas
com trabalhos em desenvolvimento em Portugal.
A previsão, baseada em estudos similares no estrangeiro, aponta para que as grandes empresas terão
um maior conjunto de departamentos e equipas habilitadas para diversos tipos de função, que
permitirão um conjunto de respostas mais fundamentadas, enquanto as pequenas e micro, farão uma
gestão mais empírica. Abordar-se-á também pequenas e médias empresas, sendo que algumas destas
estão voltadas para nichos de mercado que exigem rigorosos controlos de risco, podendo-se então
prever-se um conjunto de respostas bastante interessantes por esta via. Associado ao facto de que
pequenos volumes de negócios não exigirão à partida processos documentados de utilização
sistemática, surge cada vez mais, um conjunto de pessoas altamente qualificadas que gerem estas
empresas e sobrevivem em mercados altamente competitivos, exigindo deste modo muita destreza
nesta matéria. Deste modo, todos os tipos de empresa de projeto, fiscalização, construção e reabilitação
constituem uma amostra válida.
Os inquéritos têm como população alvo os responsáveis pelas empresas de construção, fiscalização e
projeto com experiência comprovada na execução de empreendimentos de construção e cujas funções
laborais incluam contacto direto com gestão de custos, prazos, qualidade, ambiente e segurança,
referentes a atividades desenvolvidas em obra. Preferencialmente os envolvidos terão formação
superior, ocuparão cargos de direção e fiscalização de obra e contarão com 3 ou mais empreendimentos
no seu currículo.
No Anexo II segue a lista de empresas que responderam aos inquéritos, contabilizam-se no total 22
empresas de construção, 7 empresas projetistas e 8 empresas de fiscalização. Contabiliza-se no total
uma amostra de 37 envolvidos. Apesar de ser um número pequeno, já permitirá inferir a cerca da
realidade nacional, uma vez que existem parâmetros comuns aos 37 inquéritos. Dentro desta população
identificam-se 4 grandes empresas de construção, 5 médias e 13 pequenas empresas na área da
33
construção, uma grande empresa em projeto e 6 pequenas empresas, e na fiscalização 3 médias
empresas e 5 pequenas.
3.4. A estrutura do inquérito
O inquérito começou por ser idealizado como uma estrutura online cuja população alvo poderia
responder com relativa facilidade através de um sistema de cruzinhas e encaminhamento por correio
eletrónico. Este método originava problemas de otimização, uma vez que existiam alguns que nunca
chegariam a ser respondidos e problemas de credibilidade, uma vez que não se sabia se a pessoa que o
preenchia teria verdadeiras competências para tal. Daí que o método adotado passou por um estudo
realizado porta-à-porta às empresas em causa.
O inquérito em causa divide-se em três tipos específicos consoante o tipo de entidade a que se destina,
destaca-se então “o empreiteiro” (equipa de direção de obra), “a fiscalização” e o “projetista”. A estas
três entidades são apresentadas uma lista de riscos cujos conceitos se adequam a cada tipo de entidade,
ou seja as listas apresentadas a cada entidade são diferentes entre si, isto porque existiam riscos que
não fazia sentido a sua avaliação junto de dada entidade. Esta “distribuição de riscos” foi feita com base
em estudos já realizados e em opiniões de profissionais do setor.
Cada entidade começa por atribuir um grau de relevância a cada risco apresentado, consoante a sua
influência no bom desenvolvimento de um empreendimento (ver grupo I das fichas do Anexo II). A
escala de classificação dos grupos 1 e 3 dos inquéritos varia entre 1 e 5, sendo que um risco ou uma
ferramenta que receba classificação 1 não apresenta relevância enquanto um risco ou ferramenta que
receba classificação 5 é denominada de extremamente relevante. É de frisar que o inquérito não
pressupõe a apresentação de todos os riscos inerentes à indústria da construção, mas sim um conjunto
de riscos que já foram objeto de estudo e definidos como os principais, afetos a uma dada realidade
populacional. No segundo grupo os inquiridos indicam como devem ser atribuídos os riscos que
classificaram na alínea anterior (ver grupo II das fichas do Anexo II). No terceiro grupo é apresentado aos
inquiridos um conjunto de métodos e ferramentas que visam a prevenção de riscos, também estas
ferramentas são diferentes consoante a entidade alvo. As entidades terão então de classificá-las
subjetivamente quanto ao seu grau de relevância. As ferramentas e os métodos apresentados são
resultado de uma análise aprofundada da bibliografia disponível e de estudos elaborados com vista ao
controlo do risco, ainda que para outras áreas (ver grupo III das fichas do Anexo II). O quarto grupo é em
tudo semelhante ao terceiro, mas desta feita, os métodos e ferramentas a classificar são de mitigação,
ou seja, a ação ou a consequência indesejada já aconteceu e as ferramentas e métodos apresentados
têm em vista a minimização, controlo ou extinção dos respetivos impactos (ver grupo IV das fichas no
Anexo II). O quinto grupo é composto por uma pergunta de carácter global que visa perceber se a
empresa em causa tem um conjunto de processos documentados para a gestão de risco ou se a faz só
empiricamente (ver grupo V Anexo II). Algumas questões, também elas interessantes, tiveram de ser
excluídas do inquérito, uma vez que este corria o risco de se tornar demasiado extenso e massivo, não
conduzindo a respostas verdadeiras.
34
3.5. Análise dos resultados dos inquéritos
Apresentou-se, por via de inquéritos às diferentes populações em causa, uma listagem de riscos,
listagem esta, como já referido, adaptada à respetiva população, ou seja, excluíram-se riscos que não
faziam sentido alocarem-se a dada entidade, e por vezes apresentou-se o mesmo risco a entidades
diferentes. Na Tabela 7 apresenta-se a listagem de riscos, que detém todos os riscos em causa, com o
respetivo enquadramento, definição e aplicabilidade.
Tabela 7 – Descrição e aplicabilidade dos riscos apresentados no inquérito
Risco Definição Aplicabilidade
1 Alterações aos
trabalhos
Caso associado à hipótese de que possíveis alterações aos trabalhos, face ao
que havia sido previamente definido constitui risco para o empreendimento
(seja este do tipo Financeiro, Temporal, Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro,
Projetista e
Fiscalização
2 Quantidades de
trabalho
Caso associado à hipótese de que a quantidade de trabalho envolvida
constitui risco ao desenvolvimento do empreendimento (seja este do tipo
Financeiro, Temporal, Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Fiscalização
3 Rigor na definição
de trabalho
Caso associado à hipótese de que uma possível falta de rigor na definição de
trabalhos, seja esta resultante do projeto ou resultante da transferência de
informação entre os vários intervenientes, constitui risco para o
empreendimento (seja este Financeiro, Temporal, Qualidade, Ambiente ou
Segurança).
Empreiteiro,
Projetista e
Fiscalização
4 Qualidade de
Trabalho
Caso associado à hipótese de que as falhas de qualidade inerentes à
realização de uma atividade, constitui risco para o empreendimento (seja este
do tipo Financeiro, Temporal, Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Fiscalização
5 Materiais
Defeituosos
Caso associado à hipótese de que materiais defeituosos possam gerar risco ao
empreendimento (seja este do tipo Financeiro, Temporal, Qualidade,
Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Fiscalização
6 Falhas de Projeto
Caso associado à hipótese do projeto conter falhas e essas falhas constituírem
risco ao empreendimento (seja este do tipo Financeiro, Temporal, Qualidade,
Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro,
Projetista e
Fiscalização
7 Atrasos de
Terceira Parte
Caso associado à hipótese de que atrasos de terceira parte (atrasos de
fornecedores ou outros envolvidos ainda que de forma indireta) constitui uma
ameaça para o empreendimento (seja este do tipo Financeiro, Temporal,
Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Projetista
8 Atrasos de
Pagamento
Caso associado à hipótese de que possíveis atrasos de pagamento, face ao
que havia sido previamente definido constitui risco para o empreendimento
(seja este do tipo Financeiro, Temporal, Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro,
Projetista e
Fiscalização
9
Atrasos na
Resolução de
Conflitos
Caso associado à hipótese de que possíveis atrasos na resolução de conflitos
(conflitos que envolvam Empreiteiro, Dono de Obra, Projetista), constitui risco
para o empreendimento (seja este do tipo Financeiro, Temporal, Qualidade,
Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Projetista
10 Competitividade
do Mercado
Caso associado à hipótese de que uma acesa competitividade de mercado
constitui risco para a entidade em causa (seja este do tipo Financeiro,
Temporal, Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Projetista
11 Alterações nas
negociações
Caso associado à hipótese de que possíveis alterações nas negociações,
envolvam risco para uma dada entidade (seja este do tipo Financeiro,
Temporal, Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Projetista
12 Falha na
Produtividade
Caso associado à hipótese de que uma falha na produtividade constitui risco
para o empreendimento (seja este do tipo Financeiro, Temporal, Qualidade,
Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Fiscalização
35
Risco Definição Aplicabilidade
13
Condições dos
Locais não
Correspondem às
Previstas em
Projeto
Caso específico do Risco "Falhas de projeto", encontra-se destacado uma vez
que não se trata de uma falha intrínseca ao projeto mas sim referente a
pressupostos errados.
Empreiteiro,
Projetista e
Fiscalização
14 Acessibilidade do
Local
Caso associado à hipótese de que possíveis dificuldades de acesso ao
empreendimento constituem risco (seja este do tipo Financeiro, Temporal,
Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Projetista
15
Condições
Climatéricas
Adversas
Caso associado à hipótese de que Condições Climatéricas Adversas constitui
risco para o empreendimento (seja este do tipo Financeiro, Temporal,
Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro,
Projetista e
Fiscalização
16 Acidentes de
Trabalho
Caso associado à hipótese de que possíveis Acidentes de Trabalho constituem
risco para o empreendimento (seja este do tipo Financeiro, Temporal,
Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Fiscalização
17 Trabalhadores não
Qualificados
Caso associado à hipótese de que a presença de trabalhadores não
qualificados no empreendimento, constitui risco (seja este do tipo Financeiro,
Temporal, Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Fiscalização
18
Calendário de
Atividades
Apertado
Caso associado à hipótese de que um Calendário de Atividades Apertado risco
para o empreendimento (seja este do tipo Financeiro, Temporal, Qualidade,
Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Fiscalização
19 Disponibilidade de
Recursos
Caso associado à hipótese de que a Disponibilidade de Recursos influencia o
desenvolvimento do empreendimento gerando risco (seja este do tipo
Financeiro, Temporal, Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Fiscalização
20 Competência do
Empreiteiro
Caso associado à hipótese de que a Competência do Empreiteiro é um ponto
preponderante no desenvolvimento do empreendimento e que pode implicar
risco (seja este do tipo Financeiro, Temporal, Qualidade, Ambiente ou
Segurança).
Empreiteiro,
Projetista e
Fiscalização
21 Coordenação de
subempreiteiros
Caso associado à hipótese de que uma coordenação de subempreiteiros
desadequada constitui risco para o empreendimento (seja este do tipo
Financeiro, Temporal, Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro
22 Burocracia
Caso associado à hipótese de que elevados graus de Burocracia constitui risco
para o empreendimento (seja este do tipo Financeiro, Temporal, Qualidade,
Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Projetista
23 Inflação
Caso associado à hipótese de que a Inflação (inflação esta fortemente
dependente de diversos fatores inerentes ao mercado em causa) aplicada a
materiais e prestação de serviços constitui risco para o empreendimento ou
para dada entidade envolvida no mesmo(seja este do tipo Financeiro,
Temporal, Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro e
Projetista
24 Incapacidade
Financeira
Caso associado à hipótese de que a falência de uma das entidades envolvidas
no empreendimento constitui risco para o empreendimento (seja este do tipo
Financeiro, Temporal, Qualidade, Ambiente ou Segurança).
Empreiteiro
25
Situações
incontroláveis ou
totalmente
inesperadas
Caso associado à hipótese de que possam surgir Situações Incontroláveis ou
Totalmente Inesperadas que tenham repercussões no empreendimento
(sejam estas do tipo Financeiro, Temporal, Qualidade, Ambiente ou
Segurança).
Empreiteiro,
Projetista e
Fiscalização
26 Licenças Caso associado à hipótese de que a aquisição de Licenças possa constituir
entraves ao empreendimento.
Empreiteiro,
Projetista
27 Regulamentos Caso associado à hipótese de que a utilização de certos Regulamentos possa-
se revelar desadequada ao empreendimento.
Projetista e
Fiscalização
28
Precisão dos
Programas de
Projeto
Caso associado à hipótese de que a Precisão dos Programas de Projeto se
possa revelar desadequada ao empreendimento. Projetista
36
A Tabela 7 apresenta a contextualização dos diferentes riscos a classificar pelos diferentes
intervenientes no processo, apesar de não se encontrar incluída no formulário do inquérito foi
facilmente superada uma vez que foi fornecido pessoalmente todo o apoio necessário ao
preenchimento do formulário, deste modo qualquer dúvida que surgisse seria solucionada de imediato.
3.5.1. Principais Resultados no Processo de Reconhecimento de Riscos
Na Tabela 8 estão apresentadas as classificações médias do processo de classificação dos diferentes
riscos quanto à sua relevância. Importa referir que na referida tabela algumas entidades recebem as
iniciais N/A, que significa que dado risco não tem aplicabilidade a dada entidade.
Tabela 8 – Classificação média atribuída pelas 3 entidades alvo
Os 28 riscos em avaliação detêm classificações no intervalo [2,8; 5,0]. Tendo em conta a escala
classificativa considerada, todos os riscos em avaliação são reconhecidos pelos intervenientes como
riscos médios e riscos grandes. Por outras palavras, se observarmos a Tabela 8, com vista à validação de
riscos por parte das 3 entidades, facilmente verificamos que todos os riscos se enquadram bem na
realidade nacional, vendo a sua importância reconhecida por empreiteiros, fiscais e projetistas.
Classificação média na escala (Décimas)
Risco Empreiteiro Fiscalização Projetista
1 Alterações aos trabalhos 3,7 3,8 3,6
2 Quantidades de trabalho 2,8 3,0 N/A
3 Rigor na definição de trabalho 3,5 3,8 4,2
4 Qualidade de trabalho 3,7 3,8 N/A
5 Materiais defeituosos 3,5 4,3 N/A
6 Falhas de projeto 4,2 4,8 4,7
7 Atrasos de terceira parte 3,6 N/A 3,9
8 Atrasos de pagamento 3,9 N/A N/A
9 Atrasos na resolução de conflitos 3,6 N/A 3,3
10 Competitividade do mercado 3,6 N/A 4
11 Alterações nas negociações 3,5 N/A 3,5
12 Falha na produtividade 3,7 3,7 N/A
13 Condições dos locais não correspondem 3,5 4,0 3,5
14 Acessibilidade do local 3,0 N/A 3
15 Condições climatéricas adversas 3,3 2,8 2,6
16 Acidentes de Trabalho 4,0 5,0 N/A
17 Trabalhadores não qualificados 3,3 3,5 N/A
18 Calendário de atividades apertado 3,4 3,8 N/A
19 Disponibilidade de recursos 3,4 3,2 N/A
20 Competência do empreiteiro 3,8 4,2 4,4
21 Coordenação de subempreiteiros 3,7 N/A N/A
22 Burocracia 3,2 3,2 2,9
23 Inflação 2,8 N/A 3,2
24 Incapacidade Financeira 3,7 N/A N/A
25 Situações incontroláveis/inesperadas 3,7 4,2 3,7
26 Licenças 3,7 N/A 4,3
27 Regulamentos N/A 3,2 4,0
28 Precisão dos programas de projeto N/A N/A 4,2
37
As classificações obtidas permitem hierarquizar riscos e estes resultados fazem transparecer a existência
de um conjunto de medidas intrínsecas a cada empresa tomadas pelos gestores das próprias, visto que
todas elas se encontram bastante despertas para todos os riscos em causa. Numa análise mais profunda
verifica-se a existência particularidades das amostras que valem a pena ser relembradas: a amostra de
empreiteiros é substancialmente maior que as outras duas, o que se traduz num maior número de
empresas com características diferentes todas avaliadas homogeneamente. Em termos práticos, este
processo deu origem a médias mais baixas. Os projetistas por sua vez, em termos globais, detêm
maiores médias, e respetivamente a menor amostra.
Proceda-se então à análise das modas, na Tabela 9 é possível comparar as médias ponderadas com as
modas.
Tabela 9 – Comparação da classificação média e a moda
Empreiteiro Fiscalização Projetista
Risco Média Moda Média Moda Média Moda
1 3,7 4 3,8 4 3,6 3 2 2,8 2 3,0 2 N/A N/A
3 3,5 4 3,8 4 4,2 5
4 3,7 3 3,8 4 N/A N/A
5 3,5 3 4,3 5 N/A N/A
6 4,2 4 4,8 5 4,7 5
7 3,6 4 N/A N/A 3,9 4
8 3,9 5 N/A N/A N/A N/A
9 3,6 3 N/A N/A 3,3 4
10 3,6 4 N/A N/A 4,0 3
11 3,5 3 N/A N/A 3,5 4
12 3,7 3 3,7 4 N/A N/A
13 3,5 4 4,0 4 3,5 4
14 3,0 3 N/A N/A 3,0 4
15 3,3 3 2,8 3 2,6 1
16 4,0 5 5,0 5,0 N/A N/A
17 3,3 4 3,5 3 N/A N/A
18 3,4 4 3,8 4 N/A N/A
19 3,4 4 3,2 3 N/A N/A
20 3,8 4 4,2 5 4,4 4
21 3,7 4 N/A N/A N/A N/A
22 3,2 3 3,2 3 2,9 3
23 2,8 2 N/A N/A 3,2 4
24 3,7 4 N/A N/A N/A N/A
25 3,7 4 4,2 4 3,6 4
26 3,7 4 N/A N/A 4,3 5
27 N/A N/A 3,2 3 4,0 5
28 N/A N/A N/A N/A 4,2 5
A título simplificativo considerou-se que todos os riscos que tivessem mais do que uma moda, a moda a
considerar seria a mais próxima da média. Tal como se poderia esperar as médias tenderiam para as
38
modas nomeadamente nas amostras de fiscais e projetistas. Relativamente aos empreiteiros a aposta
em homogeneizar foi bem-sucedida, uma vez que as médias tendem para a moda e existem números
consideráveis de empresas que escolheram a classificação modal. Na Figura 12 e na Figura 13
apresentam-se duas dispersões que comparam as médias e modas de todos os riscos das 3 entidades,
respetivamente.
Figura 12 - Dispersão da Classificação Média
Figura 13 - Dispersão da Classificação Modal
Após a observação das dispersões apresentadas é possível concluir que apesar da heterogeneidade das
entidades, na globalidade todas elas reconhecem as propostas de risco apresentadas como um
verdadeiro risco a considerar no empreendimento.
00
01
02
03
04
05
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28
Cla
ssif
ica
ção
Mé
dia
Riscos
Dispersão da Classificação Média
Empreiteiro Fiscalização Projetista
0
1
2
3
4
5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28
Cla
ssif
ica
ção
Mo
da
l
Riscos
Dispersão da Classificação Modal
Empreiteiro Fiscalização
39
3.5.2. Principais Resultados no Processo de Alocação de Riscos
O processo de alocação de riscos foi pensado e concebido tendo em conta o desenvolvimento do
empreendimento no período correspondente ao da sua execução, o que justifica o facto de os
projetistas não fazerem parte do referido processo. Na Tabela 10 apresentam-se as duas entidades em
causa no processo de alocação de riscos com as respetivas percentagens atribuídas a cada risco sujeito a
análise.
Tabela 10 – Percentagens referentes ao processo de alocação de riscos
Empreiteiro Fiscalização
Risco Empreiteiro Dono de Obra Partilhado Empreiteiro Dono de Obra Partilhado
1 13% 55% 32% 0% 83% 17%
2 45% 32% 23% 33% 67% 0%
3 36% 41% 23% 50% 17% 33%
4 86% 0% 14% 100% 0% 0%
5 72% 14% 14% 67% 0% 33%
6 0% 91% 9% 0% 83% 17%
7 41% 23% 36% N/A N/A N/A
8 5% 68% 27% N/A N/A N/A
9 5% 27% 68% N/A N/A N/A
10 50% 23% 27% N/A N/A N/A
11 0% 36% 64% N/A N/A N/A
12 91% 0% 9% 83% 0% 17%
13 0% 64% 36% 0% 83% 17%
14 23% 45% 32% N/A N/A N/A
15 5% 0% 95% 0% 17% 83%
16 73% 4% 23% 50% 0% 50%
17 91% 9% 0% 67% 17% 16%
18 23% 27% 50% 17% 33% 50%
19 82% 4% 14% 50% 0% 50%
20 82% 18% 0% 83% 17% 0%
21 86% 5% 9% N/A N/A N/A
22 0% 36% 64% 17% 33% 50%
23 23% 23% 54% N/A N/A N/A
24 23% 32% 45% N/A N/A N/A
25 5% 0% 95% 17% 0% 83%
26 25% 35% 40% N/A N/A N/A
27 N/A N/A N/A 50% 17% 33%
28 N/A N/A N/A N/A N/A N/A
O método utilizado permite-nos discernir um pouco acerca de como a construção se processa em
Portugal, e conhecer muitos dos pressupostos que muitas empresas e os seus profissionais assumem na
gestão intrínseca das mesmas. Analise-se então os resultados obtidos na Tabela 11.
Nesta análise foram alocados riscos que foram alvo de uma percentagem maior ou igual a 50%, ou seja
todos os riscos aplicáveis a empreiteiros que não receberam uma percentagem igual a ou superior a
50% numa entidade (empreiteiro, dono de obra ou partilhado), foram considerados inconclusivos.
40
Nesta primeira análise, pode parecer precipitado alocar riscos a partir de 50% das escolhas dos
empreiteiros, mas tendo em conta a dimensão da amostra, considerando que os restantes 50% são
divididos, em média, uniformemente pelas restantes duas entidades, é razoável considerar que numa
amostra superior o valor tenderá a crescer numa escala superior a uma escala proporcional.
Tabela 11 - Síntese do processo de alocação (Empreiteiro)
Alocação de riscos:
Visão do
Empreiteiro
Constam deste quadro apenas os riscos que fazem sentido à contextualização
das funções do empreiteiro
Empreiteiro {4- Qualidade de Trabalho,5- Materiais Defeituosos, 10- Competitividade do Mercado, 12-
Falha na Produtividade,16- Acidentes de Trabalho, 17- Trabalhadores não Qualificados,
19- Disponibilidade de Recursos, 20- Competência do Empreiteiro, 22- Coordenação de
Subempreiteiros}
Dono de Obra {1- Alterações aos trabalhos, 6- Falhas de Projeto, 8- Atrasos de Pagamento, 13- Condições
dos Locais não Correspondem às Previstas em Projeto}
Partilhado {9- Atrasos na Resolução de Conflitos, 11- Alterações nas negociações, 15- Condições
Climatéricas Adversas, 18- Calendário de Atividades Apertado, 22- Burocracia, 23-
Inflação, 25- Situações incontroláveis ou totalmente inesperadas}
Inconclusivo {2- Quantidades de trabalho (45% Empreiteiro), 3- Rigor na definição de trabalho (31%
D.O.), 7- Atrasos de Terceira Parte (41% Empreiteiro), 14- Acessibilidade do Local (45%
D.O.), 24- Incapacidade Financeira (45% D.O.), 26- Licenças (40%D.O.)}
Em termos globais, as escolhas feitas pelos empreiteiros estão dentro do que se poderia prever. Estes
consideram-se responsáveis pela qualidade do seu trabalho, pelos materiais que adquirem, pela
competitividade do mercado em que estão inseridos, por falhas na produtividade do seu trabalho, pelos
acidentes de trabalho dentro da sua empresa, pela contratação de trabalhadores não qualificados, pela
disponibilidade de recursos, pela sua própria competência e pela gestão de subempreiteiros.
Os empreiteiros atribuem ao Dono de Obra as responsabilidades de riscos associados a alterações aos
trabalhos, a falhas de projeto, a atrasos de pagamento e a condições dos locais não corresponderem às
previstas em projeto. Estas escolhas foram feitas pela experiência adquirida de cada empreiteiro, que os
fez pressupor um conjunto de conceitos, leia-se, alterações aos trabalhos, foi pressuposto pelos
inquiridos que estas alterações haviam sido sugeridas pelo Dono de Obra porque possivelmente, ao
longo da experiência acumulada de cada um, sucedeu sempre dessa forma e não o empreiteiro a sugerir
alterações. É de salientar que esta indefinição foi propositada, era importante tomar conhecimento das
situações mais comuns. Pressupostos foram também considerados nas outras escolhas.
Em termos de riscos partilhados incluem-se, os atrasos na resolução de conflitos, alterações nas
negociações, a adversidade das condições climatéricas, o calendário de atividades apertado, a
burocracia, a inflação e as situações incontroláveis ou totalmente inesperadas. Podem-se definir como
escolhas sensatas, uma vez que não estão simplesmente dependentes de parâmetros intrínsecos a uma
dada entidade, mas deve-se salientar que o risco de “inflação” deverá ser reconsiderado, dado que,
41
aquando da data da consignação de uma obra o empreiteiro compromete-se a executar um
empreendimento por um dado valor, e existindo ou não inflação do preço de materiais e serviços ele
terá de executar o empreendimento pelo valor acordado, assumindo então esse risco por completo.
Por fim, incluem-se nos riscos inconclusivos todos os riscos que não obtiveram uma cotação igual ou
superior a 50%, leia-se, quantidades de trabalho (45% Empreiteiro), rigor na definição de trabalho (31%
D.O.), atrasos de terceira parte (41% Empreiteiro), acessibilidade do local (45% D.O.), incapacidade
financeira (45% D.O.) e licenças (40%D.O.). Estes são dados como inconclusivos, por serem conceitos
demasiado abrangentes (à exceção das quantidades de trabalho), em que a indefinição de cada conceito
gerava maior disparidade de valores, note-se a título de exemplo o conceito de incapacidade financeira
pode ter vários contextos, desde a possibilidade do empreiteiro não conseguir executar a obra pelo
preço acordado, até à hipótese do Dono de Obra não ter condições financeiras para levar o
empreendimento até ao fim. Neste caso específico, tendo em conta a amostra em causa, a atribuição
deste risco ao Dono de Obra dever-se-á ao facto de que a maior parte das pequenas e micro empresas
que realizam usualmente obras de pequena dimensão considerarem diretamente o pressuposto de que
“incapacidade financeira” refere-se ao Dono de Obra, ao não ter capacidade financeira para levar o
empreendimento até ao fim. Então de forma análoga para a fiscalização, observe-se a Tabela 12:
Tabela 12 - Síntese do processo de alocação (Fiscalização)
Alocação de riscos:
Visão da Fiscalização
Constam deste quadro apenas os riscos que fazem sentido à contextualização
das funções da fiscalização
Empreiteiro {3- Rigor na definição de trabalho, 4- Qualidade de Trabalho, 5- Materiais Defeituosos,
12- Falha na Produtividade,16- Acidentes de Trabalho, 17- Trabalhadores não
Qualificados, 20- Competência do Empreiteiro, 27-Regulamentos}
Dono de Obra {1- Alterações aos trabalhos, 6- Falhas de Projeto, 13- Condições dos Locais não
Correspondem às Previstas em Projeto}
Partilhado {15- Condições Climatéricas Adversas, 18- Calendário de Atividades Apertado, 22-
Burocracia, 25- Situações incontroláveis ou totalmente inesperadas}
Inconclusivo 2- Quantidades de trabalho (31%), 16- Acidentes de Trabalho (50% Empreiteiro/50%
Dono D’Obra), 19- Disponibilidade de Recursos (50% Empreiteiro/50% Dono D’Obra)
No estudo referente à fiscalização, cujos resultados se apresentam na tabela em cima, a lista de riscos é
um pouco menos extensa e os resultados são bastante similares aos obtidos com os empreiteiros. É
apenas de se ressalvar que mais uma vez as quantidades de trabalho surgem mais uma vez com
alocação inconclusiva e surge também neste segmento os acidentes de trabalho e a disponibilidade de
recursos com taxas alocação de 50% empreiteiro e 50% Dono D’Obra, o que nos permite concluir que
para ambos os riscos o tamanho da amostra não foi suficiente.
42
3.5.3. Principais Resultados no Processo de Reconhecimento de
Ferramentas de Prevenção e Mitigação
Perceber como atuar no empreendimento e no projeto é fundamental para a gestão de risco. É
importante salientar que existem dois momentos chave no emprego de métodos e ferramentas de
prevenção e mitigação de risco, antes da ocorrência de consequências associadas a um dado risco, daí o
nome ferramentas de prevenção, e durante ou depois da ocorrência das consequências, ferramentas de
mitigação. Vale a pena perceber se Empreiteiros, Fiscais e Projetistas, têm consciência da existência
destas ferramentas e se lhe reconhecem relevância na gestão de risco em empreendimentos.
Apresentam-se na Tabela 13 os principais resultados do processo de reconhecimento e classificação de
ferramentas e métodos de prevenção:
Tabela 13 - Classificação média de ferramentas e métodos de prevenção
Classificação Média
Ferramentas e Métodos de Prevenção Ferramenta Empreiteiro Fiscalização Projetista
Utilizar métodos de análise quantitativos de gestão de risco para estimar com rigor a duração das
atividades
A 3,5 3,8 3,6
Produzir um calendário de atividades através da atualização progressiva da informação do
empreendimento
B 3,9 4,2 3,7
Planear opções ou métodos alternativos para determinados processos
C 3,8 3,8 3,2
Transferir ou partilhar riscos com outras partes D 3,5 3,0 3,3
Acrescentar prémios de risco no período de estimação de prazos
E 3,0 4,2 3,6
Utilizar informação sobre projetos e empreendimentos do mesmo tipo já executados ou
em execução
F 3,8 4,0 3,7
Aumentar a disponibilidade de mão-de-obra, equipamentos e outros recursos
G 3,3 3,3 N/A
Aumentar o número de horas de trabalho H 3,0 2,8 2,7
Alterar o método construtivo I 3,2 3,0 N/A
Alterar a sequência de atividades e sobrepor algumas se for necessário
J 3,6 3,7 3,6
Coordenar os subempreiteiros mais de perto K 4,2 4,5 N/A
Coordenar mais de perto os subordinados para garantir a melhor gestão de tempo possível
L 4,0 4,0 3,9
43
Tabela 14 - Hierarquização de ferramentas e métodos de prevenção por classificação média (C.M.) e por
entidade
Como se pode verificar, a maior parte das ferramentas de prevenção foram reconhecidas pelas 3
entidades, mas a sua relevância varia consoante a sua empregabilidade em cada fase do processo, daí a
maior semelhança de valores entre empreiteiro e fiscalização, pois ambos referem-se ao período de
execução do empreendimento, enquanto o projetista reconhece o emprego e a relevância para a fase
de projeto. Na Tabela 13, aumentar a disponibilidade de recursos, alterar o método construtivo e
coordenar os subempreiteiros mais de perto, foram considerados métodos e ferramentas não aplicáveis
a projetistas, uma vez que se referem a uma realidade que só é coerente alocar a empreiteiros.
Considere-se o exemplo da coordenação de subempreiteiros, que é completamente desapropriada a
projetistas, uma vez que são os empreiteiros que fazem toda a gestão das subcontratações. Poderia
também, numa primeira impressão, ser considerada desapropriada a inclusão destas ferramentas para a
Fiscalização, mas não se tratou de um procedimento aleatório, já que faz pleno sentido tomar em conta
toda a experiência acumulada da fiscalização, que acompanha o empreendimento do início ao fim e
Hierarquização
Empreiteiro
C.M
.
Hierarquização
Fiscalização
C.M
.
Hierarquização
Projetista
C.M
.
Coordenar os subempreiteiros mais de perto
4,2 Coordenar os subempreiteiros mais de perto
4,5 Coordenar mais de perto os subordinados para garantir a
melhor gestão de tempo possível
3,9
Coordenar mais de perto os subordinados para garantir a
melhor gestão de tempo possível
4,0 Produzir um calendário de atividades através da atualização
progressiva da informação do empreendimento
4,2 Produzir um calendário de atividades através da
atualização progressiva da informação do
empreendimento
3,7
Produzir um calendário de atividades através da atualização
progressiva da informação do empreendimento
3,9 Acrescentar prémios de risco no período de estimação de prazos
4,2 Utilizar informação sobre projetos e empreendimentos do mesmo tipo já executados
ou em execução
3,7
Planear opções ou métodos alternativos para determinados
processos
3,8 Utilizar informação sobre projetos e empreendimentos do
mesmo tipo já executados ou em execução
4,0 Utilizar métodos de análise quantitativos de gestão de
risco para estimar com rigor a duração das atividades
3,6
Utilizar informação sobre projetos e empreendimentos do mesmo tipo já executados ou em
execução
3,8 Coordenar mais de perto os subordinados para garantir a
melhor gestão de tempo possível
4,0 Alterar a sequência de atividades e sobrepor algumas
se for necessário
3,6
Alterar a sequência de atividades e sobrepor algumas se for
necessário
3,6 Utilizar métodos de análise quantitativos de gestão de risco
para estimar com rigor a duração das atividades
3,8 Transferir ou partilhar riscos com outras partes
3,3
Transferir ou partilhar riscos com outras partes
3,5 Planear opções ou métodos alternativos para determinados
processos
3,8 Planear opções ou métodos alternativos para
determinados processos
3,2
Utilizar métodos de análise quantitativos de gestão de risco
para estimar com rigor a duração das atividades
3,5 Alterar a sequência de atividades e sobrepor algumas
se for necessário
3,7 Aumentar o número de horas de trabalho
2,7
Aumentar a disponibilidade de mão-de-obra, equipamentos e
outros recursos.
3,3 Aumentar a disponibilidade de mão-de-obra, equipamentos e
outros recursos.
3,3 Aumentar a disponibilidade de mão-de-obra, equipamentos e
outros recursos
2,4
Alterar o método construtivo 3,2 Transferir ou partilhar riscos com outras partes
3,0
Acrescentar prémios de risco no período de estimação de prazos
3,0 Alterar o método construtivo 3,0
Aumentar o número de horas de trabalho
3,0 Aumentar o número de horas de trabalho
2,8
44
detém um vasto conhecimento das consequências da utilização de métodos e ferramentas. Deste modo,
de acordo com os resultados obtidos, para as funções realizadas por Empreiteiros, Fiscais, e Projetistas,
as ferramentas e métodos podem ser hierarquizados da forma apresentada na Tabela 14.
Analisem-se agora as ferramentas e métodos de mitigação. Nesta fase recorreu-se a um procedimento
análogo ao utilizado nas ferramentas e métodos de prevenção. Apresenta-se na Tabela 15 as
classificações médias obtidas:
Tabela 15 – Classificação média de ferramentas e métodos de mitigação
Mais uma vez, obtiveram-se classificações de relevância acentuada para cada uma das ferramentas, com
uma média global de aproximadamente 4. O valor mais baixo foi o atribuído pelos projetistas a um
possível aumento de mão-de-obra, equipamento e recursos, o que se torna percetível se pensarmos
que, aquando da realização de projetos, um possível atraso não é resolvido com aquisição de mais
colaboradores nem com a utilização de novos programas mas sim com um possível aumento das horas
de trabalho. Apresenta-se a Tabela 16 que contém a hierarquização das respetivas ferramentas e
métodos.
Tabela 16 - Hierarquização de ferramentas e métodos de mitigação por classificação média (C.M.) e por
entidade
Hierarquização Empreiteiro C.M. Hierarquização Fiscalização C.M. Hierarquização Projetista C.M.
Coordenar os subempreiteiros
mais de perto 4,4
Coordenar os subempreiteiros
mais de perto 4,5
Alterar a sequência de
atividades e sobrepor algumas
se for necessário
3,6
Coordenar mais de perto os
subordinados 4,3 Coordenar mais de perto os
subordinados 4,2 Coordenar mais de perto os
subordinados 3,4
Alterar a sequência de atividades
e sobrepor algumas se for
necessário
3,8 Alterar o método construtivo 3,9 Aumentar o número de horas
de trabalho 3,3
Aumentar a disponibilidade de
mão-de-obra, equipamentos e
outros recursos.
3,5
Aumentar a disponibilidade de
mão-de-obra, equipamentos e
outros recursos
3,8
Aumentar a disponibilidade de
mão-de-obra, equipamentos e
outros recursos
2,6
Aumentar o número de horas de
trabalho 3,4
Alterar a sequência de atividades
e sobrepor algumas se for
necessário
3,8
Alterar o método construtivo 3,1 Aumentar o número de horas de
trabalho 3,5
Classificação Média
Ferramentas e Métodos de Mitigação Ferramenta Empreiteiro Fiscalização Projetista
Aumentar a disponibilidade de mão-de-obra, equipamentos e outros recursos.
A 3,5 3,8 2,6
Aumentar o número de horas de trabalho B 3,4 3,5 3,3
Alterar o método construtivo C 3,1 3,9 N/A
Alterar a sequência de atividades e sobrepor algumas se for necessário
D 3,8 3,8 3,6
Coordenar os subempreiteiros mais de perto E 4,4 4,5 N/A
Coordenar mais de perto os subordinados F 4,3 4,2 3,4
3.5.4. Estatística das empresas presentes na amostra com Sistemas de
Gestão
A última fase do inquérito é composta por uma pergunta de escolha múltipla. Esta pergunta está
presente nos três tipos de inquérito e é igual em todos eles. Após todas as classificações atribuídas nas
alíneas anteriores,
reconhecimento de riscos,
Obtiveram
.5.4. Estatística das empresas presentes na amostra com Sistemas de
estão Risco
A última fase do inquérito é composta por uma pergunta de escolha múltipla. Esta pergunta está
presente nos três tipos de inquérito e é igual em todos eles. Após todas as classificações atribuídas nas
alíneas anteriores,
reconhecimento de riscos,
Obtiveram-se os resultados
Figura
Figura
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório a alguns processos
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório a alguns processos
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
.5.4. Estatística das empresas presentes na amostra com Sistemas de
A última fase do inquérito é composta por uma pergunta de escolha múltipla. Esta pergunta está
presente nos três tipos de inquérito e é igual em todos eles. Após todas as classificações atribuídas nas
alíneas anteriores, seria relevante
reconhecimento de riscos, ferramentas e métodos realizavam algum tipo de gestão nesta ótica.
resultados apresentados nas
Figura 14 - Gráfico de percentagem de empresas com
Figura 15 - Gráfico de percentagem de empresas com
Empresas de Empreiteiros
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório a alguns processos
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
Empresas de Fiscalização
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório a alguns processos
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
.5.4. Estatística das empresas presentes na amostra com Sistemas de
A última fase do inquérito é composta por uma pergunta de escolha múltipla. Esta pergunta está
presente nos três tipos de inquérito e é igual em todos eles. Após todas as classificações atribuídas nas
seria relevante perceber se as empr
ferramentas e métodos realizavam algum tipo de gestão nesta ótica.
apresentados nas
Gráfico de percentagem de empresas com
Gráfico de percentagem de empresas com
Empresas de Empreiteiros
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
33%
Empresas de Fiscalização
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório a alguns processos
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
45
.5.4. Estatística das empresas presentes na amostra com Sistemas de
A última fase do inquérito é composta por uma pergunta de escolha múltipla. Esta pergunta está
presente nos três tipos de inquérito e é igual em todos eles. Após todas as classificações atribuídas nas
perceber se as empr
ferramentas e métodos realizavam algum tipo de gestão nesta ótica.
apresentados nas Figura 14, Figura
Gráfico de percentagem de empresas com
Gráfico de percentagem de empresas com
18%
41%
41%
Empresas de Empreiteiros
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
67%33%
Empresas de Fiscalização
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
.5.4. Estatística das empresas presentes na amostra com Sistemas de
A última fase do inquérito é composta por uma pergunta de escolha múltipla. Esta pergunta está
presente nos três tipos de inquérito e é igual em todos eles. Após todas as classificações atribuídas nas
perceber se as empresas que responderam às questões de
ferramentas e métodos realizavam algum tipo de gestão nesta ótica.
Figura 15 e na Figura
Gráfico de percentagem de empresas com SGR
Gráfico de percentagem de empresas com SGR
Empresas de Empreiteiros
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
Empresas de Fiscalização
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
.5.4. Estatística das empresas presentes na amostra com Sistemas de
A última fase do inquérito é composta por uma pergunta de escolha múltipla. Esta pergunta está
presente nos três tipos de inquérito e é igual em todos eles. Após todas as classificações atribuídas nas
esas que responderam às questões de
ferramentas e métodos realizavam algum tipo de gestão nesta ótica.
Figura 16:
SGR (Empreiteiros)
SGR (Fiscalização)
Empresas de Empreiteiros
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo
Empresas de Fiscalização
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
.5.4. Estatística das empresas presentes na amostra com Sistemas de
A última fase do inquérito é composta por uma pergunta de escolha múltipla. Esta pergunta está
presente nos três tipos de inquérito e é igual em todos eles. Após todas as classificações atribuídas nas
esas que responderam às questões de
ferramentas e métodos realizavam algum tipo de gestão nesta ótica.
iteiros)
ão)
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão
.5.4. Estatística das empresas presentes na amostra com Sistemas de
A última fase do inquérito é composta por uma pergunta de escolha múltipla. Esta pergunta está
presente nos três tipos de inquérito e é igual em todos eles. Após todas as classificações atribuídas nas
esas que responderam às questões de
ferramentas e métodos realizavam algum tipo de gestão nesta ótica.
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão
Os gráficos apresentados em cima são bastante conclusivos, as empresas de fiscalização destacam
por terem sistemas de gestão de risco aplicáveis a
projetistas, e em último lugar as empresas de empreiteiros. Existem no entanto fatores que não se
podem desprezar, enumere
o carater
sistemas de gestão de risco, perdem dimensão devido a uma modesta amostra de 8 participantes.
3.6.
Em termos gerais, através da questão 1 do questionário, tomou
Fiscais e Projetista não são alheios aos riscos mai
relevantes e até bastante
inconclusivo
No processo de reconhecimento de riscos é importante referir
um pouc
nomeadamente o caso de risco associado a “Incapacidade Financeira”, que
qual seria a entidade que sofreria as consequências desse risco. Importa aind
levado a cabo por Nabil
bastante elevada enquanto no inquérito realizado este obteve uma classificação de 3,7 possivelmente
relacionado com a ambiguidade d
elevada, refiram
“Acidentes de trabalho
que refletem a experienciação das empresas portugueses em relação ao risco. A classificação atribuída a
Os gráficos apresentados em cima são bastante conclusivos, as empresas de fiscalização destacam
por terem sistemas de gestão de risco aplicáveis a
projetistas, e em último lugar as empresas de empreiteiros. Existem no entanto fatores que não se
podem desprezar, enumere
o carater analítico das funções. Deste modo verifica
sistemas de gestão de risco, perdem dimensão devido a uma modesta amostra de 8 participantes.
.6. Conclusões
Em termos gerais, através da questão 1 do questionário, tomou
Fiscais e Projetista não são alheios aos riscos mai
relevantes e até bastante
inconclusivo, a maioria das respostas constitui informação válida tendo em conta a amostra em causa.
No processo de reconhecimento de riscos é importante referir
um pouco mais de informação, para obter
nomeadamente o caso de risco associado a “Incapacidade Financeira”, que
qual seria a entidade que sofreria as consequências desse risco. Importa aind
levado a cabo por Nabil
bastante elevada enquanto no inquérito realizado este obteve uma classificação de 3,7 possivelmente
relacionado com a ambiguidade d
elevada, refiram-se “
Acidentes de trabalho
que refletem a experienciação das empresas portugueses em relação ao risco. A classificação atribuída a
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório a alguns processos
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
Figura
Os gráficos apresentados em cima são bastante conclusivos, as empresas de fiscalização destacam
por terem sistemas de gestão de risco aplicáveis a
projetistas, e em último lugar as empresas de empreiteiros. Existem no entanto fatores que não se
podem desprezar, enumere-se: diferentes tamanhos de amostra, diferentes dimensões das empresas e
analítico das funções. Deste modo verifica
sistemas de gestão de risco, perdem dimensão devido a uma modesta amostra de 8 participantes.
Conclusões do Capítulo
Em termos gerais, através da questão 1 do questionário, tomou
Fiscais e Projetista não são alheios aos riscos mai
relevantes e até bastante similares.
, a maioria das respostas constitui informação válida tendo em conta a amostra em causa.
No processo de reconhecimento de riscos é importante referir
o mais de informação, para obter
nomeadamente o caso de risco associado a “Incapacidade Financeira”, que
qual seria a entidade que sofreria as consequências desse risco. Importa aind
levado a cabo por Nabil. A Kart
bastante elevada enquanto no inquérito realizado este obteve uma classificação de 3,7 possivelmente
relacionado com a ambiguidade d
se “Falhas de p
Acidentes de trabalho”, “Coordenação de subempreiteiros
que refletem a experienciação das empresas portugueses em relação ao risco. A classificação atribuída a
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório a alguns processos
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
Figura 16 - Gráfico de percentagem de empresas com
Os gráficos apresentados em cima são bastante conclusivos, as empresas de fiscalização destacam
por terem sistemas de gestão de risco aplicáveis a
projetistas, e em último lugar as empresas de empreiteiros. Existem no entanto fatores que não se
se: diferentes tamanhos de amostra, diferentes dimensões das empresas e
analítico das funções. Deste modo verifica
sistemas de gestão de risco, perdem dimensão devido a uma modesta amostra de 8 participantes.
do Capítulo
Em termos gerais, através da questão 1 do questionário, tomou
Fiscais e Projetista não são alheios aos riscos mai
similares. É de salientar q
, a maioria das respostas constitui informação válida tendo em conta a amostra em causa.
No processo de reconhecimento de riscos é importante referir
o mais de informação, para obter
nomeadamente o caso de risco associado a “Incapacidade Financeira”, que
qual seria a entidade que sofreria as consequências desse risco. Importa aind
A Kartam e Saied A. Kartam (2000) este risco foi alvo de uma classificação
bastante elevada enquanto no inquérito realizado este obteve uma classificação de 3,7 possivelmente
relacionado com a ambiguidade da questão. De entre o conjunto de riscos que receberam classificação
Falhas de projeto”, “Atrasos d
Coordenação de subempreiteiros
que refletem a experienciação das empresas portugueses em relação ao risco. A classificação atribuída a
14%
Empresas Projetistas
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo satisfatório a alguns processos
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
Gráfico de percentagem de empresas com
46
Os gráficos apresentados em cima são bastante conclusivos, as empresas de fiscalização destacam
por terem sistemas de gestão de risco aplicáveis a algumas tarefas, em segundo lugar surge as empresas
projetistas, e em último lugar as empresas de empreiteiros. Existem no entanto fatores que não se
se: diferentes tamanhos de amostra, diferentes dimensões das empresas e
analítico das funções. Deste modo verifica-se que os 67% de empresas de fiscalização, com
sistemas de gestão de risco, perdem dimensão devido a uma modesta amostra de 8 participantes.
Em termos gerais, através da questão 1 do questionário, tomou
Fiscais e Projetista não são alheios aos riscos mais usuais, e até lhes atribuem
É de salientar que apesar do reconhecimento de alguns riscos ser
, a maioria das respostas constitui informação válida tendo em conta a amostra em causa.
No processo de reconhecimento de riscos é importante referir
o mais de informação, para obter um con
nomeadamente o caso de risco associado a “Incapacidade Financeira”, que
qual seria a entidade que sofreria as consequências desse risco. Importa aind
e Saied A. Kartam (2000) este risco foi alvo de uma classificação
bastante elevada enquanto no inquérito realizado este obteve uma classificação de 3,7 possivelmente
De entre o conjunto de riscos que receberam classificação
Atrasos de p
Coordenação de subempreiteiros
que refletem a experienciação das empresas portugueses em relação ao risco. A classificação atribuída a
29%
43%
14%
14%
Empresas Projetistas
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
Gráfico de percentagem de empresas com
Os gráficos apresentados em cima são bastante conclusivos, as empresas de fiscalização destacam
algumas tarefas, em segundo lugar surge as empresas
projetistas, e em último lugar as empresas de empreiteiros. Existem no entanto fatores que não se
se: diferentes tamanhos de amostra, diferentes dimensões das empresas e
se que os 67% de empresas de fiscalização, com
sistemas de gestão de risco, perdem dimensão devido a uma modesta amostra de 8 participantes.
Em termos gerais, através da questão 1 do questionário, tomou-se consciência
s usuais, e até lhes atribuem
ue apesar do reconhecimento de alguns riscos ser
, a maioria das respostas constitui informação válida tendo em conta a amostra em causa.
No processo de reconhecimento de riscos é importante referir que em alguns pontos seria necessário
um conjunto de respostas inequívocas,
nomeadamente o caso de risco associado a “Incapacidade Financeira”, que
qual seria a entidade que sofreria as consequências desse risco. Importa aind
e Saied A. Kartam (2000) este risco foi alvo de uma classificação
bastante elevada enquanto no inquérito realizado este obteve uma classificação de 3,7 possivelmente
De entre o conjunto de riscos que receberam classificação
e pagamento”
Coordenação de subempreiteiros” e “Situações incontroláveis
que refletem a experienciação das empresas portugueses em relação ao risco. A classificação atribuída a
Empresas Projetistas
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente desenvolvidos para o efeito para a gestão e controlo de risco
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão sendo controlados e mitigados à medida que ocorrem
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
Gráfico de percentagem de empresas com SGR (Projetistas)
Os gráficos apresentados em cima são bastante conclusivos, as empresas de fiscalização destacam
algumas tarefas, em segundo lugar surge as empresas
projetistas, e em último lugar as empresas de empreiteiros. Existem no entanto fatores que não se
se: diferentes tamanhos de amostra, diferentes dimensões das empresas e
se que os 67% de empresas de fiscalização, com
sistemas de gestão de risco, perdem dimensão devido a uma modesta amostra de 8 participantes.
consciência de que Empreiteiros,
s usuais, e até lhes atribuem classificações bastante
ue apesar do reconhecimento de alguns riscos ser
, a maioria das respostas constitui informação válida tendo em conta a amostra em causa.
em alguns pontos seria necessário
junto de respostas inequívocas,
nomeadamente o caso de risco associado a “Incapacidade Financeira”, que gerou dúvidas relativas a
qual seria a entidade que sofreria as consequências desse risco. Importa ainda referir que
e Saied A. Kartam (2000) este risco foi alvo de uma classificação
bastante elevada enquanto no inquérito realizado este obteve uma classificação de 3,7 possivelmente
De entre o conjunto de riscos que receberam classificação
“Competência do e
Situações incontroláveis
que refletem a experienciação das empresas portugueses em relação ao risco. A classificação atribuída a
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão
Não, a empresa empresa não tem qualquer interesse por esta área
SGR (Projetistas)
Os gráficos apresentados em cima são bastante conclusivos, as empresas de fiscalização destacam
algumas tarefas, em segundo lugar surge as empresas
projetistas, e em último lugar as empresas de empreiteiros. Existem no entanto fatores que não se
se: diferentes tamanhos de amostra, diferentes dimensões das empresas e
se que os 67% de empresas de fiscalização, com
sistemas de gestão de risco, perdem dimensão devido a uma modesta amostra de 8 participantes.
de que Empreiteiros,
classificações bastante
ue apesar do reconhecimento de alguns riscos ser
, a maioria das respostas constitui informação válida tendo em conta a amostra em causa.
em alguns pontos seria necessário
junto de respostas inequívocas, refira
gerou dúvidas relativas a
a referir que num estudo
e Saied A. Kartam (2000) este risco foi alvo de uma classificação
bastante elevada enquanto no inquérito realizado este obteve uma classificação de 3,7 possivelmente
De entre o conjunto de riscos que receberam classificação
Competência do empreiteiro
Situações incontroláveis/inesperadas”,
que refletem a experienciação das empresas portugueses em relação ao risco. A classificação atribuída a
Sim, a empresa em causa tem um conjunto de processos documentados e especialmente
Não, a empresa tem apenas um sistema de gestão de qualidade que confere um controlo
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão
SGR (Projetistas)
Os gráficos apresentados em cima são bastante conclusivos, as empresas de fiscalização destacam-se
algumas tarefas, em segundo lugar surge as empresas
projetistas, e em último lugar as empresas de empreiteiros. Existem no entanto fatores que não se
se: diferentes tamanhos de amostra, diferentes dimensões das empresas e
se que os 67% de empresas de fiscalização, com
de que Empreiteiros,
classificações bastante
ue apesar do reconhecimento de alguns riscos ser
, a maioria das respostas constitui informação válida tendo em conta a amostra em causa.
em alguns pontos seria necessário
refira-se
gerou dúvidas relativas a
num estudo
e Saied A. Kartam (2000) este risco foi alvo de uma classificação
bastante elevada enquanto no inquérito realizado este obteve uma classificação de 3,7 possivelmente
De entre o conjunto de riscos que receberam classificação
mpreiteiro”
/inesperadas”,
que refletem a experienciação das empresas portugueses em relação ao risco. A classificação atribuída a
Não, a empresa não tem um sistema especialmente concebido para o efeito, os riscos vão
47
estes riscos permite concluir que existe uma preocupação acrescida das diferentes entidades com
questões de pagamentos, qualidade de trabalho e segurança.
Relativamente ao processo de alocação de riscos, foi possível concluir que, todos os representantes das
empresas, independentemente do tipo (Empreiteiros e Fiscais), têm bem presente o conceito de
partilha de risco. A partilha de riscos é uma resposta possível para a Gestão de Risco e os representantes
das empresas, ainda que a maioria deles não tenham processos sistemáticos e especialmente
desenvolvidos, realizam gestão de risco. Ressalta também o facto do processo de alocação de risco ter
sido respondido pelos inquiridos, através de uma idealização hipotética de como este deveria ser
realizado, e não como este é feito na realidade. Veja-se o exemplo da designação atribuída pelos
empreiteiros: “Risco Partilhado” ao risco “Calendário de Atividades Apertado”, que se revela
desapropriado face à regulamentação, uma vez que o empreiteiro quando se propõe à realização de um
empreendimento pressupõe a aceitação de prazos e calendários estipulados, assumindo deste modo, o
risco por inteiro. O mesmo sucedeu com o risco “Inflação” conforme comentado em 1.5.2.
Na fase do processo relativo ao reconhecimento de ferramentas e métodos de prevenção e mitigação, a
hierarquização desenvolvida é esclarecedora, as empresas de projetistas atribuíram classificações
elevadas a métodos mais analíticos e à coordenação de subordinados. A coerência de resultados nesta
questão é bastante elevada, as três entidades sujeitas a inquérito destacam com pontuações
consideráveis a gestão de pessoas, sejam estas subordinadas ou empreiteiros, a gestão do risco é
realizada através do processo de comunicação. Neste exercício existe um possível erro associado ao
carater semelhante de ambas as questões (mitigação e prevenção), levando possivelmente o inquirido
ao sentimento de que estava a responder duas vezes à mesma coisa (aplica-se aos inquéritos que foram
respondidos por correio eletrónico).
No último grupo, as conclusões vão ao encontro do expetável, se bem que para além dos fatores
mencionados no comentário aos resultados existe um possível erro associado ao facto de algumas
empresas poderem confundir, realização de registos com processos de gestão (aplica-se aos inquéritos
que foram respondidos por correio eletrónico).
48
49
IV. O Modelo de Estudo
4.1. Âmbito
A construção de um modelo advém da necessidade de gerir diversas atividades em obra com vista à
prevenção, mitigação, controlo e monitorização de Risco. Dada a grande variedade de tarefas e
processos que se desenvolvem em cada empreendimento, é importante discernir acerca de quais serão
as características verdadeiramente relevantes para a gestão de risco no empreendimento. O
desenvolvimento do modelo de gestão de atividades que será apresentado não vem no âmbito da
gestão técnica de cada atividade, mas sim num âmbito de gestão global integrada, cuja aplicação
engloba a boa prática relativa à execução técnica da atividade.
4.2. Objetivo do Modelo
Pretende-se com este estudo a apresentação de um modelo que permita a um gestor em obra
identificar, quantificar, controlar e monitorar riscos num conjunto de atividades. Esta gestão passa
principalmente por uma abordagem e classificação inequívoca dos diversos estágios do risco.
Inequívoca, não por não ser suscetível a erros, mas por ser realizável por vários gestores em qualquer
parte do globo, e todos eles a realizarem da mesma forma.
Dado o carater simplista que se exige a um modelo deste tipo, propõe-se uma utilização empírica do
modelo, visto que um aumento da sua complexidade poderá traduzir-se na sua própria inviabilidade.
Não será objetivo a criação de um processo que burocratize ainda mais as tomadas de decisão em obra
e que condicione ainda mais custos e prazos. Em termos gerais este modelo de gestão poderá ser
utilizado como uma ferramenta que permita a uma organização delinear formas de abordagem a
diversas atividades. Este estudo é baseado em parâmetros de carater qualitativo, uma vez que o
número de variáveis envolvidas tornaria o modelo objeto de estudo não de uma dissertação, mas sim de
muitas outras que avaliariam, em diferentes cenários, cada um dos parâmetros.
O modelo está pensado para que num futuro próximo ou num possível objeto de estudo de outra
dissertação seja elaborado um algoritmo especialmente desenvolvido para o processo, que sintetize e
dinamize todo o modelo. É também por esta razão que o próprio modelo vai ser apresentado através de
entradas (inputs), modelação e saídas (outputs).
4.3. Metodologia do Modelo
O modelo é então elaborado com base em procedimentos utilizados na gestão de projeto sugerido por
bibliografia como PMBOK (2004), Mubarack, S. (2010), ISO 31000 e ISO 31010. Deste modo procura-se
alhear metodologias de identificação, análise, tratamento e monitorização de riscos a atividades e
processos desenvolvidos em obra. A identificação de riscos neste modelo será feita através duma
listagem riscos sugerida pelo próprio modelo, esta listagem foi realizada através de uma consulta
exaustiva à bibliografia corrente, e validada através dos inquéritos realizados à população empresarial
presente no capítulo anterior. Quanto à metodologia sugerida para classificação e análise de risco, esta
50
foi construída de base, segundo princípios pressupostos aplicáveis à gestão de risco elaborada por
outras indústrias (destaque-se o contributo das indústrias de software), recorrendo às principais
ferramentas e métodos cuja viabilidade havia sido validada com os inquéritos realizados a diferentes
entidades no referido capítulo.
4.4. Modelo: Contextualização e Noções Básicas
A modelação sugerida deve ser vista, conforme sugerido anteriormente, como uma ferramenta
composta por outras ferramentas com vista à gestão de atividades. É de salientar, que não é objetivo
deste estudo fazer estimativas e iterações usando métodos como o C.P.M. (Critical Path Method) ou o
PERT (Program Evaluation and Review Technique), para estimar a duração de atividades ou do próprio
empreendimento em si, isto porque, são ambos métodos que já realizaram o seu papel na fase de
projeto. Não existe qualquer interesse em repetir a utilização destes métodos.
No contexto temporal, este modelo vai ser utilizado em dois períodos muito bem definidos no
cronograma do empreendimento. Na fase de preparação do empreendimento antes da realização de
qualquer atividade e durante a realização da atividade em si. Por outras palavras, ambos os períodos de
intervenção remetem para uma fase de prevenção e mitigação, ver Figura 17.
Relativamente às atividades em que o modelo deve ser aplicado, devem ser destacadas as atividades
críticas (atividades que se encontram no caminho crítico), são essas as principais, mas é importante não
esquecer que uma atividade mal gerida facilmente evolui para atividade critica daí a recomendação de
se realizar nas atividades que envolvam fatores de risco associados a custos elevados, prazos extensos
ou que tenham impactos significativos na estrutura de gestão global do empreendimento.
O modelo deverá funcionar como uma estrutura cujo produto final são dados que permitirão o controlo
de risco, ou seja, os outputs desta modelação não são métodos de resolução de problemas associados
às atividades, mas sim, um conjunto de informações que permitirá ao gestor avaliar e classificar risco, e
mediante as políticas intrínsecas da empresa, atuar sobre ele com as ferramentas que este considere
necessárias. Ainda a relevar existe o facto do modelo apenas contemplar risco enquanto ameaça, cabe
Figura 17 - Enquadramento Cronológico do Modelo
51
assim ao gestor a tarefa de criterização das suas próprias intervenções aquando da aceitação de um
risco que o modelo classificou de ameaça.
4.5. Modelo: O Conceito de Constituir Risco para uma Atividade
O conceito de constituir risco para uma dada atividade, é contemplada pelo modelo como existindo um
acontecimento, com uma dada probabilidade de ocorrência, com o respetivo impacto que provoque um
tipo específico de dano. Este dano é considerado no modelo de duas formas: Inviabilidade Parcial e
Inviabilidade Total da Atividade. Por outras palavras, quando se menciona que um dado acontecimento
constitui risco para uma dada atividade simboliza que esse acontecimento trará como consequência a
Inviabilidade Total ou Parcial da atividade. A Inviabilidade poderá ser do tipo “financeiro”, do tipo
“económico”, do tipo “prazos”, do tipo “segurança” ou do tipo “ambiental”.
4.6. Modelo: A Identificação de Riscos
O modelo proposto começa então por sintetizar os riscos mais usuais, que são intrínsecos à execução de
qualquer atividade em empreendimentos de construção (Dr. Patrick. X.W. Zou. et al,2007). Estes riscos
começam por ser introduzidos como tipologias estruturantes do modelo. Definem-se em seguida os
principais tipos de risco que serão alvo de estudo:
• Riscos Relacionados com Custos
• Riscos Relacionados com Prazos
• Riscos Relacionados com Qualidade
• Riscos Relacionados com Segurança
• Riscos Relacionados com o Ambiente
Torna-se então necessário perceber o porquê da aplicabilidade destes riscos aos empreendimentos de
construção e discernir um pouco acerca da sua abrangência relativamente aos diferentes tipos de
atividades enquanto tipologias estruturantes do modelo. A melhor forma encontrada para fragmentar e
quantificar a existência e impacto dos diferentes riscos nas diversas atividades realizáveis no
empreendimento, é associar a cada uma das tipologias o impacto direto mais provável. Sugere-se então
o modo de associação qualitativa apresentado na Figura 18.
De um modo geral, estão referidos os principais tipos de risco aplicáveis a um empreendimento de
construção. E em última instância a ocorrência de um risco dos tipos referidos acima, caso não sejam
tratados nem monitorados, poderão trazer consequências:
• Insuficiência/Inviabilidade financeira
• Má imagem da organização
.
52
Figura 18 - Relações entre riscos e atividades (abordagem conceptual)
Face aos resultados dos inquéritos presentes no capítulo anterior é possível definir subtipos de risco
como os mais usuais em Portugal mais concretamente no âmbito de riscos relacionados com custos, nos
riscos relacionados com prazos e nos riscos relacionados com a qualidade. A segmentação dos riscos
relacionados com a segurança e com o ambiente não foram objeto de estudo dos inquéritos, sendo que
os principais riscos em estudo desta tipologia resultam de uma consulta exaustiva da bibliografia
existente. Estudos como “Identifying Key Risks in Construction Projects: Life Cycle and Stakeholder
Perspectives” (Dr Patrick. X.W. Zou.et all,2007) e “Understanding the key risks in construction projects in
China” também do mesmo autor, são extremamente relevantes no balizamento dos riscos relativos à
definição das tipologias definidas no modelo. A diretriz ILO-OSH de 2001 e a ISO 14001 ajudaram na
discretização dos subtipos de risco associados a ambas as tipologias.
O processo de Identificação de Riscos que foi realizado no capítulo anterior revelou-se preponderante
na construção das subcategorias de risco, uma vez que a identificação de riscos de índole mais específica
permitiu generalizar as subcategorias de risco, visto que seria contraproducente proceder à
identificação de todos o riscos inerentes à realização de um empreendimento (El-Sayegh, 2008). A
listagem das categorias de risco que afetam uma atividade são então especificadas de acordo com a sua
origem. Os subtipos de risco são então: Riscos que advém da Organização, Riscos que advêm do Projeto,
Riscos que advêm do Empreendimento, Riscos que advêm dos Interesses do Cliente e Riscos que advêm
de Fatores Externos conforme apresentado no esquema da Figura 19.
As categorias definidas incluem subcategorias de carater genérico nas quais se inserem os riscos
identificados no capítulo anterior, estas subcategorias estão suscetíveis de serem complementadas por
outras nomeadamente na categoria de riscos que advêm de fatores externos. As categorias deverão ser
analisadas como foco causador de risco na realização de uma atividade, não deverão por isso, ser vistas
como focos de risco à estrutura organizacional visto que o sistema de análise de riscos é concebido para
avaliar e classificar a severidade de cada risco numa dada atividade de construção. Observe-se a Figura
20.
53
Riscos que advêm da Organização
•Riscos relativos a Diretrizes Organizacionais
•Riscos relativos a Gestão Financeira
•Riscos relativos a Gestão Contratual
•Riscos relativos a Gestão de Empreendimentos
Riscos que advêm do Projeto
•Dualidade Projeto-Empreendimento
Riscos que advêm do Empreendimento
•Riscos associados à Gestão de Empreendimentos
•Riscos de Planeamento
•Riscos de Subcontratação
•Riscos de Orçamentação
•Riscos de Estaleiro
•Riscos Intrínsecos à Natureza das Atividades
•Riscos Associados a Questões Ambientais
•Riscos Associados a Questões Humanas
Riscos que advêm dos Interesses do Cliente
Riscos que advêm de Fatores Externos
•Causas Naturais
•Questões Governamentais
•Guerras
•Mercado
•Fornecedores
Figura 19 - Esquema de origem de riscos em atividades de construção
Atividade de
Construção
Riscos que Advêm da Organização
Riscos que Advêm do Projeto
Riscos que Advêm do
Empreendimento
Riscos que advêm do Cliente
Riscos que advêm de Fatores
Extenos
Figura 20 - Quadro de Origem de Riscos
54
Riscos que advêm da Organização – São todos os riscos que sejam resultantes da estrutura
organizacional, nomeadamente no que diga respeito a procedimentos de gestão dos mais diversos
âmbitos. É inerente a esta origem de riscos os conceitos associados a diretrizes organizacionais, que
muitas vezes se podem revelar paradoxais relativamente a gestão de custos, prazos, qualidade,
ambiente e segurança. É neste âmbito da gestão organizacional de topo, que se inserem, sistemas de
gestão que têm influência direta na gestão de Risco. Encontram –se identificados alguns subtipos de
risco com origem na organização, estes subtipos não são os únicos, mas tendo em conta os estudos
realizados por alguns autores (Nabil A. Kartam e Saied A. Kartam, 2000) no âmbito da identificação de
riscos e a sua aplicabilidade à realidade nacional, as seguintes subcategorias são definidas no modelo
enquanto principais:
Riscos relativos a Diretrizes Organizacionais – Encontram-se associados a esta categoria, riscos
que advêm da estrutura organizacional. Estes riscos dizem respeito a políticas e métodos de gestão que
se poderão revelar focos de risco para a realização de uma atividade.
Riscos relativos a Gestão Financeira, a Gestão Contratual, a Gestão de Empreendimentos,
Gestão de Recursos entre outros – Todas estas categorias inserem-se na gestão da organização, muitas
vezes os princípios de gestão destas, revelam-se proveitosos para modelos globais de gestão de
organização, mas poderão ter menor aplicabilidade em casos concretos, leia-se, uma atividade de
construção. É então neste âmbito que o gestor deverá proceder ao reconhecimento das causas de
gestão organizacional, que detêm reflexos na gestão de risco da atividade.
Riscos que advêm do Projeto – Nesta categoria inserem-se todos os riscos que resultam da
concretização prática do projeto. Em termos cronológicos esta categoria inicia-se na fase de conclusão
do projeto e acompanha toda a realização do empreendimento. A título exemplificativo, riscos como
“Falhas de Projeto” ou “Alterações ao Projeto ou aos Trabalhos” inserem –se nesta categoria.
Dualidade Projeto-Empreendimento - A subcategoria discretizada, remete o gestor para o
conceito de que o projeto apresenta por vezes soluções que não são aplicadas no empreendimento.
Pelas mais diversas razões: não exequível, interesse do cliente, melhor solução encontrada, as condições
dos locais não correspondem às de projeto entre outros. É então possível concluir que a Dualidade
Projeto-Empreendimento é uma subcategoria que detém um bom peso na gestão de risco das
atividades de construção.
Riscos que advêm do Empreendimento – Os Riscos que advêm do Empreendimento são dos mais
diversos tipos e remetem para o conceito de que o empreendimento é constituído por diversos focos de
risco. Tendo em consideração os resultados do capítulo III do presente documento é possível definir
algumas subcategorias enquanto as mais comuns à realidade nacional: Riscos de Planeamento, Riscos
de Subcontratação, Riscos de Orçamentação, Riscos de Estaleiro, Riscos Intrínsecos à Natureza das
Atividades, Riscos Associados a Questões Ambientais e Riscos Associados a Questões Humanas.
55
Riscos associados à Gestão de Empreendimentos – A inclusão de riscos associados à gestão de
empreendimentos, na categoria de “riscos que advêm do empreendimento”, deve-se ao facto desta
gestão não ser realizada meramente por uma estrutura organizacional fixa, mas sim por conjuntos
variáveis de pessoas que dirigem outros conjuntos de pessoas e desenvolvem o empreendimento. Estes
riscos estão assim relacionados com a direção de obra nomeadamente no que diz respeito à gestão de
trabalhos, equipas, recursos, finanças entre outros. Riscos associados a competências do empreiteiro,
inserem-se nesta categoria.
Riscos de Planeamento – Alocada a esta subcategoria encontram-se todos os riscos intrínsecos
ao planeamento realizado para o empreendimento. Conceitos como calendário, sequenciação de
atividades, metodologias de trabalho entre outros, estão incluídos nesta categoria. Estes riscos estão
principalmente relacionados com a influência e com as repercussões da realização de dadas atividades
noutras atividades.
Riscos de Subcontratação – A gestão da subcontratação é cada vez mais, um procedimento
chave para sucesso das atividades. Conceitos como coordenação de subempreiteiros, competências de
gestão e execução dos subempreiteiros, qualidade do produto entre outros, estão incluídos nesta
categoria.
Riscos de Orçamentação – Encontram-se nesta subcategoria riscos da tipologia custos, mas que
poderão ter reflexos em referenciais como a qualidade e os prazos. Esta subcategoria tem implícita,
conceitos como flutuações de mercado e renegociações que se traduzam em risco na altura da execução
da atividade.
Riscos de Estaleiro – Os riscos de estaleiro, são sobretudo riscos da tipologia custos e
segurança, nomeadamente no que concerne a encargos fixos e variáveis de estaleiro e a métodos e
medidas de prevenção de segurança.
Riscos Intrínsecos à Natureza das Atividades – Os riscos intrínsecos à natureza da atividade,
englobam um conjunto bastante vasto de conceitos no âmbito da gestão de atividades. Abrange
conceitos referentes aos métodos técnicos de realização das atividades, à alocação de recursos, à
segurança dos trabalhadores e terceiros, à qualidade do processo e do produto final, a impactes
ambientais, segurança entre outros.
Riscos Associados a Questões Ambientais – Como o próprio nome indica, esta subcategoria
sintetiza todos os riscos que tenham impactes ambientais ou uma política anti sustentável que advenha
da realização de uma dada atividade.
Riscos Associados a Questões Humanas – Nesta subcategoria, encontram-se riscos relativos à
falta de formação de trabalhadores, não só em termos técnicos, como em termos de segurança. Neste
âmbito, os riscos poderão ter impactes profundos em referenciais como custos, qualidade, segurança,
prazos e ambiente.
56
Riscos que advêm dos Interesses do Cliente – A categoria riscos que advêm dos interesses do cliente,
abrange riscos do foro intrínseco ao cliente, destaquem-se as suas expetativas, as suas necessidades, os
seus objetivos e tudo aquilo em que a vontade do cliente influencie a atividade em causa.
Riscos que advêm de Fatores Externos – Os riscos que advêm de fatores externos, são todos aqueles
que resultam de influências exteriores à organização e aos empreendimentos. Em termos literários, os
principais foram os identificados, leia-se causa naturais (sismos, vulcões, condições atmosféricas
adversas…), questões governamentais (medidas, burocracia…), guerras, mercado (competição,
flutuações…), fornecedores entre outros. Esta categoria será assim, a categoria com maior
suscetibilidade de ser complementada.
A organização terá então de construir o seu método de identificação de riscos de acordo as categorias
acima referidas. O processo adotado pelas organizações deverá assim contemplar, uma equipa de
gestão de risco composta por elementos de diferentes backgrounds e com objetivos distintos, destaque-
se parte técnica e humana. Esta equipa deverá então elaborar uma listagem de riscos, de preferência os
mais comuns e que já tenham sido utilizados noutros processos. Seguindo-se-lhe uma análise através de
um sistema check-list com vista à verificação dos riscos que ocorrem. A equipa deverá também procurar
informação adicional sobre os riscos menos usuais.
4.6.1. Riscos Relacionados com Custos
O método encontrado para pensar os subtipos de risco aplicáveis à atividade foi através da
racionalização do significado do custo numa atividade de construção a realizar, ou seja, é importante
discernir acerca das razões que levariam uma atividade a exceder o seu custo, daí que todos os subtipos
desta tipologia respondem à questão: O porquê da atividade exceder o custo. Deve ainda salientar-se
que o modelo é concebido para a hipótese negativa do risco. A hipótese da atividade custar menos que
o previsto não é classificada. Nesta etapa de identificação de Riscos Relacionados com Custos, o gestor
deverá tomar em conta a Figura 20 - Quadro de Origem de Riscos referente à origem dos riscos e
identificar através do mesmo, os riscos que envolvam um possível aumento de custos, associando a
cada um deles os focos de origem.
4.6.2. Riscos Relacionados com Prazos
Analogamente ao processo realizado com a tipologia “Riscos Relacionados com Custos”, a definição dos
riscos relacionados com prazos segue o mesmo processo, desta feita o procedimento procura responder
ao “porquê da atividade exceder o prazo”. Novamente o gestor deverá proceder à utilização do quadro
da Figura 20 e identificar focos de risco mediante a sua origem. Alguns dos focos poderão ser similares
aos outros tipos de risco, visto que um risco relacionado com prazo poderá estar também relacionado
com qualidade, custos ou qualquer outra tipologia. Neste processo de identificação de riscos
relacionados com prazos os riscos que advém do empreendimento, nomeadamente nos subtipos
planeamento, subcontratação, orçamentação e riscos intrínsecos à natureza da atividade ganham
especial importância.
57
4.6.3. Riscos Relacionados com Qualidade
Tendo em consideração as exigências da indústria de construção de hoje o conceito de qualidade não
pode ser desprezado, este, toma especial importância quando aplicado a um processo de avaliação e
classificação de atividades de construção. Deste modo, a tipologia referente a riscos relacionados com
qualidade, a discretização foi elaborada de forma similar aos previamente descritos, procurando desta
feita, responder ao “Porquê da atividade não ter a Qualidade desejada”. Num processo análogo ao
idealizado nos riscos relacionados com custos e prazo, o gestor deverá guiar-se pela Figura 20 - Quadro
de Origem de Riscos identificando as principais fontes de focos de risco com reflexos na qualidade da
atividade. A repetição de alguns riscos nesta tipologia está relacionado com o facto de alguns riscos se
tratarem de conteúdos transversais às várias áreas em causa. Apesar de se tratar de riscos semelhantes,
inserem-se num contexto diferente.
4.6.4. Riscos Relacionados com Segurança
Na abordagem prevista no modelo, riscos relacionados com segurança, são todos os riscos ou más
práticas que levam ao surgimento de riscos que colocam em causa a segurança dos envolvidos numa
dada atividade assim como a segurança de terceiros. A descrição pormenorizada dos principais riscos
relacionados com segurança não foi objeto de estudo na fase de inquéritos, daí que esta tipologia exigiu
um esforço de pesquisa adicional. Esta pesquisa passou então pela Diretiva Estaleiros de 2003 (Decreto
Lei 273/2003 de 29 de Outubro), pelo Regulamento de Segurança no Trabalho da Construção Civil
(Decretos-Lei nº 41820/41821) e por conteúdos desenvolvidos pelo CICCOPN (Centro de formação
profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas do Norte), que contêm um conjunto de
descrições detalhadas dos mais diversos riscos de segurança, cada um deles com as possíveis causas.
Deste modo, nesta fase procurou-se então responder ao “porquê da falta de segurança na realização da
atividade”. A bibliografia utilizada poderá ajudar a equipa de gestão de risco na identificação dos
principais riscos de segurança presentes numa dada atividade, na medida em que podem auxiliar no
desenvolvimento de listagens dos principais riscos de segurança. Na identificação de risco da tipologia
“riscos relacionados com segurança”, o gestor deverá distanciar-se por vezes da categoria de “riscos que
advêm da natureza da atividade”, pois em muitas das vezes o problema poderá não estar na atividade
mas sim na organização (ver Figura 20 - Quadro de Origem de Riscos). Há ainda a realçar que, a maior
parte dos riscos de segurança apresentados em cima, encontram-se alocados a pessoas pelo
pressuposto de que uma qualquer consequência sofrida por uma pessoa derivada de um risco de
segurança inviabiliza a atividade.
4.6.5. Riscos Relacionados com o Ambiente
Os riscos do âmbito ambiental utilizados no modelo referem-se a más práticas laborais ou
organizacionais que poderão ter repercussões ambientais. A questão a que se procura responder neste
caso é ao “porquê da existência de repercussões Ambientais”. Mais uma vez a Figura 20 - Quadro de
Origem de Riscos deverá ajudar equipa de gestão de riscos a desenvolver listagens de riscos, aplicáveis a
dada atividade. Analogamente ao sucedido em 1.6.4., nesta fase do modelo, apesar de pretender
58
classificar a atividade, a classificação de riscos é realizada em relação ao impacto no ambiente e não na
atividade em si. Assim sendo, o pressuposto é similar ao sucedido na segurança, impactar o ambiente
neste contexto significa inviabilizar a atividade.
4.7. A Classificação e Análise de Riscos
O modelo proposto começa por permitir ao utilizador a identificação dos riscos que serão alvo de
estudo durante a fase de análise. O processamento do modelo é composto por cada uma das tipologias
discretizadas no ponto anterior, desta feita existem 5 tipos de ficha de processamento distintos, uma de
custos, outra de prazos, outra de qualidade, outra de segurança e uma última de ambiente. Estas fichas
deverão ser preenchidas com os riscos resultantes do processo de identificação de riscos apresentado
em 1.6., evidentemente riscos relacionados com custos figurarão nas fichas de análise de custos, riscos
relacionados com prazos figurarão nas fichas de análise de prazos e assim sucessivamente.
4.7.1. O Indicador de Risco
O processamento é feito por meio de diagramas de árvore e escalas cujo objetivo é atribuir um valor
numérico que classifique um dado risco. Surge então o conceito de Indicador de Risco. Este indicador é
baseado numa análise de caráter qualitativo, realizada pelo próprio utilizador. Esta análise aprofunda os
inputs do processo e é composta por uma metodologia de verificação simples: sim ou não. O indicador
definido pretende assim atribuir um valor que quantifique o risco numa escala de severidade que vai
desde 0 até 5 (a escala de LIKERT).
Dado que o indicador será utilizado para classificar o risco de uma dada atividade, o referencial de
quantificação será essa mesma atividade, ou seja, o indicador não classifica o grau de risco de uma
atividade em relação ao seu impacto na organização mas sim em relação à própria atividade ou em
relação ao impacto dessa atividade noutras atividades, como sucede no referencial prazos que será
apresentado adiante. O intervalo de classificação do indicador compreende o limite em que a atividade
não apresenta qualquer tipo de risco e o limite em que o risco é tão elevado, que a atividade é
classificada de totalmente inviável para o empreendimento. Apresenta-se então a respetiva escala na
Figura 21:
Figura 21 - Escala de Classificação do Indicador
O índice 0 corresponde então a um risco que não se verifica. O índice 5 corresponde a um nível de
impacto tão elevado que torna a realização da atividade totalmente inviável. Logo após a fase de
identificação de riscos, que é feita automaticamente após a entrada no ciclo de classificação, o modelo
classifica logo o risco como sendo de nível 1. Todos os outros índices de risco (2,3,4) correspondem a
59
valores de classificação intermédios cuja respetiva aceitação ou rejeição dependem de princípios
intrínsecos a cada organização. Todos os valores compreendidos no intervalo mencionado definem a
região ALARP (As Low As Reasonable Praticable). Região esta, que apresenta os limites em que as
variações de custos envolvidos são superadas pelos benefícios obtidos. Estes valores referentes á
aceitação e rejeição estarão tabelados para cada estrutura organizacional, ou para cada categoria de
atividades ou até mesmo para uma atividade específica como será demonstrado mais à frente.
4.7.1.1. O Referencial Custos
O conceito “Custo”, aquando da sua utilização neste modelo, pode ser definido enquanto gasto
económico com vista à fabricação de um produto ou a prestação de um serviço. O Referencial Custos foi
então desenvolvido através de um intervalo de custos acrescidos a valor final previsto da atividade. O
intervalo escolhido prevê aumentos de 0% a X2%, sendo que aumentos iguais ou superiores a X2%
obtêm a classificação máxima de risco. Este referencial poderá ser restringindo ou expandido consoante
a atividade em causa, e consoante as diretrizes internas de cada organização (ver Figura 22). A
organização define assim quais os valores percentuais que deverão ser atribuídos a X, X1 e X2, sendo
que X <X1 <X2.
Figura 22 – Método Classificativo do Indicador Custos
4.7.1.2. O Referencial Prazos
O Referencial Prazos tem o objetivo de classificar atrasos. Este referencial tem como princípio chave: o
atraso de uma atividade crítica traduz-se numa classificação de risco máximo (Classificação 5). Todo o
referencial é concebido em função de riscos que, aquando da sua ocorrência, gerem atraso de uma dada
atividade. Se a atividade afetada não for crítica e não existirem repercussões em atividades críticas, leia-
se alocação de recursos, ou influência noutros referenciais, o grau de risco é baixo. Importa ainda
salientar que uma atividade crítica é uma atividade cuja duração irá afetar diretamente a duração do
empreendimento, ou seja é uma atividade que não tem margem para atrasos. A definição analítica de
atividade crítica traduz-se na atividade cujo tempo mais cedo é igual ao tempo mais tarde. Métodos
como o CPM (Critical Path Method) permitem conhecer caminhos críticos, dando a conhecer as
60
atividades e as fases do projeto que se encontram mais suscetíveis de serem flexibilizadas. O referencial
classifica também as atividades em função das repercussões noutras atividades, estas repercussões
podem ser “locais” ou “globais” consoante a dimensão das consequências nas atividades ou nos
referenciais Custo, Qualidade, Ambiente e Segurança. Uma repercussão local poderá ser definida
enquanto uma consequência de um atraso de uma atividade que poderá ser devidamente ajustada, de
modo a não atrasar nem influenciar outros referenciais da atividade subsequente. No caso das
repercussões globais, estas são entendidas pelo modelo enquanto consequências incontornáveis que
terão impactes em algum referencial da atividade subsequente seja este o referencial prazo ou qualquer
outro (ver Figura 23). No modelo o intervalo de atrasos que divide as repercussões locais das globais,
variam entre valores de duração adicional ≤ X% e valores de duração adicional > X% da duração prevista,
respetivamente. É de salientar que analogamente ao sucedido no referencial custo estes valores
poderão ser flexibilizados consoante os interesses da organização.
Figura 23 - Método Classificativo do Indicador Prazos
4.7.1.3. O Referencial Qualidade
O referencial Qualidade revelou-se um referencial cuja definição é demasiado ampla para ser sintetizada
numa só escala. Segundo Crosby (1979), Qualidade poderá ser definida pelo conjunto dos seguintes
princípios: Conformidade com requisitos (requisitos tanto do produto como do cliente), Qualidade é
prevenção, a Performance Padrão da Qualidade é a de zero defeitos e a Unidade de Medida da
Qualidade é o preço da não conformidade. Segundo Deming (1993) "Qualidade é tudo aquilo que
melhora o produto do ponto de vista do cliente". Dada a extensão do conceito Qualidade, não foi
possível desenvolver um referencial que respondesse às necessidades do modelo, desta feita optou-se
por desenvolver um referencial constituído por três escalas: uma Escala de Conformidade com
Requisitos, uma Escala de Satisfação do Cliente e uma outra, a Escala de Defeitos. Com a existência
61
destas 3 escalas, o gestor pode atribuir pesos para cada uma delas, definindo quais as escalas que
devem ter maior importância na realização de uma atividade.
A Escala de Conformidade com Requisitos adveio da necessidade de compatibilização de diferentes
sistemas de gestão, neste caso específico, para as empresas que possuem um sistema de gestão de
qualidade poderem compatibilizá-lo com o modelo. Nesta escala, conformidade define o grau em que o
projeto e as características operacionais de um produto estão de acordo com padrões preestabelecidos
(Garvin, 1992). Este princípio aplicado ao modelo traduz-se na classificação de uma atividade e na
classificação do produto final resultante dessa mesma atividade. Apesar de um sistema de gestão da
qualidade, não garantir a qualidade do produto final, é importante garantir que o produto final cumpra
os requisitos, para os quais foi concebido. É também de salientar que o uso desta escala também está
prevista para organizações sem sistema de qualidade definidos, sendo que a conformidade dos
requisitos será para com a boa prática dos processos. A Escala de Conformidade com Requisitos é pode
ser consultada na Figura 24.
A Escala de Satisfação do Cliente foi também desenvolvida com vista ao complemento da definição de
qualidade, sendo que em termos teóricos a satisfação do cliente poderá tomar um peso superior à
Escala de Conformidade com Requisitos. Nesta a escala a satisfação do cliente está dependente das suas
expetativas para o desenvolvimento da atividade e da qualidade do produto final. Esta escala pode ser
consultada na Figura 24.
A Escala de Defeitos pressupõe que os defeitos poderão ser percetíveis ou impercetíveis, com ou sem
consequências na atividade e/ou no produto final, e essas consequências poderão ser mais ou menos
graves. Esta escala tem a particularidade de atribuir classificação 2 a defeitos impercetíveis sem
repercussões estruturais na atividade ou no produto final, o que poderá contrastar com diretrizes de
algumas organizações, que tenham um sistema de gestão de qualidade bastante exigente, neste caso
esta escala deverá receber um peso menor. Esta escala pode ser observada na Figura 24 - Método
Classificativo do Indicador Qualidade.
O indicador final de cada risco, no que respeita à classificação de uma atividade quanto à qualidade
deverá ser dado pela equação (3):
= � × �� ����������������������� + � × �������çã��������� �� + × �������� (3)
Onde I é o indicador de qualidade de um risco, X, Y e Z são coeficientes que traduzem o peso de cada
escala na classificação do referencial qualidade.
62
4.7.1.4. O Referencial Segurança
O referencial segurança tem em vista a classificação dos riscos identificados em 1.6.4. e ao contrário do
referencial custos em que o risco é classificado em função de um aumento de custos dado como muito
provável, o referencial segurança não tem em conta este fator previsibilidade, sendo que os riscos são
classificados aquando da sua ocorrência, consoante coloquem em causa a integridade física dos
trabalhadores ou não. Por outras palavras, neste referencial as relações causa efeito são mais bem
definidas. A escala definida para classificar segurança é em função do impacto direto duma causa na
integridade física do trabalhador ou de terceiros. Na classificação definida neste referencial, os riscos
deverão ser classificados não do ponto de vista da ocorrência, mas sim do ponto de vista da ocorrência
de uma dada situação e não tenham sido tomadas medidas adequadas ao seu controlo. Veja-se a título
de exemplo a situação em que trabalhadores de um empreendimento laboram num andaime ao nível
de um décimo andar, esta atividade à primeira vista poderá situar o gestor num nível de classificação 5
na medida em que uma queda se poderia traduzir na morte de um operário. O modelo prevê então a
classificação deste risco em função das medidas anti - quedas em altura tomadas pela entidade
responsável. Desta forma esta atividade poderia obter classificação 1 neste referencial. A escala
encontra-se apresentada na Figura 25:
Figura 25 - Método Classificativo do Indicador Segurança
Figura 24 - Método Classificativo do Indicador Qualidade
63
4.7.1.5. O Referencial Ambiente
O modo de classificação escolhido para o referencial ambiente, mais concretamente Referencial de
Impactes Ambientais, foi em função dos tempos de recuperação do ambiente, resultante da ocorrência
de um dado risco com repercussões ambientais. Apesar de não ter sido elaborada uma escala de
conformidade com requisitos, o referencial é compatível com os sistemas de gestão de qualidade,
atuando como método classificativo para o mesmo. Poderá, caso o utilizador considere necessário,
desenvolver-se uma escala de conformidade com requisitos analogamente ao sucedido na qualidade. A
escala encontra-se apresentada na Figura 26:
Figura 26 – Método Classificativo do Indicador Ambiente
4.7.2. O Processamento dos Dados O processamento dos dados, surge depois da fase de identificação de riscos e outros inputs. A título
exemplificativo veja-se o processo dividido por fases:
(Nota: Todos os riscos identificados apresentados no processamento de dados são de caráter
meramente exemplificativo).
Fase 1
A fase consiste na identificação das tipologias de risco, veja-se o exemplo da Figura 27 - Esquema de
alocação de riscos a atividades de construção:
Figura 27 - Esquema de alocação de riscos a atividades de construção
No exemplo acima o utilizador do modelo começa por escolher as tipologias de risco que se adequam à
Atividade X no caso exemplificativo, só se adequam Riscos Relacionados com Custos e Riscos
Relacionados com Segurança.
64
Fase 2
A fase 2 é composta pelo processo de identificação dos diversos subtipos de risco contidos nas
tipologias indicadas na Figura 28:
Figura 28 - Esquema de alocação de riscos às respetivas tipologias
Fase 3
Nesta fase o utilizador segue o processo de avaliação de cada um dos subtipos de risco, através do ciclo
do processo de análise que se concluirá com um dado valor numérico conforme se apresenta na Figura
29 (para consultar as premissas do processo classificativo consultar Figura 22 e Figura 25):
Figura 29 - Atribuição da classificação do indicador a cada risco
65
Fase 4
Segue-se então na Figura 30 classificação do grau de risco através do critério do máximo indicador:
Figura 30 - Classificação do grau de risco através do critério do máximo indicador
Na presente situação o valor do indicador é igual para a segurança e para os custos sendo que o valor
final da classificação total da atividade é igual a 3. Bastava assim, comparar com os valores tabelados
pela própria organização.
Caso este valor não fosse igual, o utilizador consideraria os dois indicadores em separado recorrendo-se
das matrizes de risco e dos polígonos classificativos que estão representados mais à frente. Estes
elementos definem graus de tolerabilidade de tipologias de riscos conjugados uns com os outros. Estas
matrizes e polígonos são construídos pelo núcleo de gestão de risco de cada organização, visto que o
conceito de aceitabilidade e tolerabilidade de risco varia de pessoa para pessoa e de organização para
organização, assim cada organização terá os seus próprios elementos.
Existem três princípios fundamentais que deverão ser respeitados para uma correta perceção do
modelo:
• Risco Não Reduz Risco
• Classificação do grau de risco através do critério do máximo indicador
• Os indicadores Custos e Prazos têm carater cumulativo, os seus efeitos deverão ser
somados
Risco Não Reduz Risco, ou seja, apesar de existirem indicadores de menor valor que outros, não atenua
o peso relativo de cada risco na atividade;
A Classificação de uma Tipologia de Risco corresponde ao Maior Indicador de um Subtipo de Risco, ou
seja, a máxima classificação atribuída a um risco classifica a tipologia.
Importa relevar o carater cumulativo do indicador custos e do indicador prazos, uma vez que riscos que
possam aumentar o custo ou o prazo, os seus efeitos deverão ser somados, tendo a organização de
estabelecer um teto máximo de tolerabilidade. Este conceito estará exemplificado no capítulo V.
Os princípios chave apresentados em cima conduzem a algumas simplificações que exigem especial
atenção, veja-se o caso de uma atividade cujos riscos relacionados com custos (categoria Riscos
Relacionados com Custos) obtenham classificação 5 em diversos subtipos de risco nessa mesma
categoria. Seguindo o segundo princípio, uma atividade que tenha um subtipo de risco com uma dada
66
classificação, neste caso 5, é equivalente a uma que obtenha classificação 5 em todos os subtipos de
risco dessa mesma categoria. Em termos classificativos, esta simplificação não trás qualquer problema,
mas na fase de tratamento de riscos, surge a questão relativa à tratabilidade de um risco que detém
classificação 5 num só subtipo, e o risco que detém classificação 5 em vários subtipos. Desta feita, o
gestor antes de proceder ao tratamento de um risco deverá verificar em quantas subcategorias o risco
tem uma classificação inaceitável.
4.7.3. As Matrizes de Risco Conjugado
As matrizes de risco conjugado são matrizes são matrizes propostas pelo presente documento,
construídas com base nos princípios, diretrizes e ambições da organização, são elas que dão informação
ao gestor, durante a utilização do modelo, se pode ou não aceitar os riscos inerentes à realização de
uma atividade.
Estas matrizes têm o objetivo de definir uma região ALARP (As Low as Reasonable Practicable) não para
um só risco, como tem vindo a ser usual, mas para 2 ou mais. As matrizes de risco conjugado foram
concebidas de propósito para o efeito, uma vez que as tradicionais matrizes de risco (ver capitulo 1.9.)
não conseguiam responder às exigências do modelo. As matrizes de risco conjugado não têm o objetivo
de conjugar probabilidades de ocorrência com impactos, mas sim conjugar impactos de duas tipologias
de risco diferentes, risco estes com a respetiva probabilidade de ocorrência definida. As matrizes de
risco conjugado admitem cada um dos riscos com probabilidade de ocorrência igual a um. A título
exemplificativo veja-se a matriz da Figura 31.
Este tipo de abordagem é limitativa, uma vez que só permite comparar tipologias de risco duas a duas,
sendo que, para se poder comparar todas as tipologias num só ciclo seriam necessárias 10 matrizes:
10�#����$�� = 5�& (4)
Na equação (4) 5�& simboliza 5 combinações 2 a 2, perfazendo um total de 10 matrizes uma vez que não
se repetem comparações de indicadores (ex.: Custos com Custos).
Figura 31 - Exemplo de matriz de riscos conjugados
67
Esta metodologia poderá ser utilizada, aquando de uma definição global de todas as diretrizes da
organização, ou seja, a organização constrói as 10 matrizes e utiliza-as como base para a caracterização
global. Esta abordagem poderia vir a revelar-se limitativa devido a um elevado conjunto de atividades
que são realizadas em obra e pelo facto do processo não considerar a interação dos 5 referenciais em
simultâneo (Custos, Prazos, Qualidade, Segurança e Ambiente).
Poderá ainda recorrer-se a coeficientes de peso. Neste procedimento a organização, elabora as 10
Matrizes de Risco conjugado, de carater genérico para o empreendimento e depois por meio da
aplicação coeficientes de “peso” define os critérios de tolerabilidade para categorias de atividades ou
para as próprias atividades conforme se apresenta na Figura 32.
Figura 32 - Distribuição de coeficientes de peso (Exemplo)
A título exemplificativo, as categorias poderiam ser: Estaleiro, Fundações, Escavação, Superestrutura,
Infraestruturas entre outros. Deste modo a organização poderia desenvolver os seus próprios
coeficientes tabelando-os para a execução de categorias de atividades.
Tomando em consideração que a caracterização de atividades poderá exigir um método classificativo
mais específico para cada uma, foi especialmente desenvolvido para o modelo, o conceito de Polígono
Classificativo, que permite uma maior setorização no seio organizacional e permite uma comparação
muito mais direta visto que relaciona não só numericamente, mas também graficamente os 5
referenciais principais do modelo.
4.7.4. Os Polígonos Classificativos
Os polígonos classificativos foram concebidos especialmente para o modelo, e são ferramentas que
permitem sintetizar as diretrizes da organização relativas à tolerabilidade do risco. Este tipo de
ferramenta é composto por um conjunto de 5 referenciais graduados de 0 a 5. Cada referencial
representa uma tipologia de risco leia-se, Custo, Prazo, Qualidade, Ambiente e Segurança. Na Figura 33
pode observar-se os limites de classificação do modelo, assim como toda a região ALARP (As Low As
Reasonable Praticable).
68
O modelo prevê assim a definição por parte da organização de vários polígonos, para a orientação de
conjuntos de atividades. Veja-se a título de exemplo as etapas chave na construção de um edifício
presente na Tabela 17:
Tabela 17 – Fases de Construção de um Edifício
Fases de Construção de um Edifício
Estaleiro
Preparação do Terreno
Movimento de Terras
Infraestruturas
Fundações
Superestrutura
Toscos
Acabamentos
Para o exemplo apresentado poderiam ser construídos dois tipos de polígonos, consoante as diretrizes
organizacionais, o primeiro tipo corresponderia a um conjunto de polígonos que representasse
categorias de atividades e o segundo tipo corresponderia a polígonos que apenas representariam uma
Figura 33 – Polígonos Classificativos com delimitação da região ALARP
69
atividade cada um. Uma hipótese que também está prevista no modelo será então considerar um
polígono global para toda a estrutura organizacional, e considerar a aplicação de diversos coeficientes
aquando de um subsetor, podendo este ser uma área de atividade ou uma atividade em si. Observe a
Figura 34:
Figura 34 – Esquema de distribuição de polígonos
A equação do modelo genérico com especificações concebidas para atividades realizadas em obra será
então:
�� = � × ������ + ' × ���$�� + ( × )�������� + � × ��*��� ç� + � × +�'�� �� (5)
onde a, b, c, d, e são coeficientes de peso.
Veja-se o exemplo de um polígono desenvolvido para a categoria Construção da Superestrutura na
Figura 35.
Figura 35 - Exemplo de Polígono de Superestrutura
70
O polígono apresenta-se com a classificação 3 nos referenciais Custos e Prazos, 3 no referencial
ambiente, 1 no referencial segurança e 2 no referencial qualidade. Estas classificações são apresentadas
enquanto diretrizes da organização para a categoria superestrutura, mas anexo a isto, existe o facto de a
Categoria Construção da Superestrutura ser composta por dezenas a centenas de atividades e o gestor
deverá questionar-se “Será correto classificar todas as atividades que compõem a categoria pela mesma
bitola?”. Estas diretrizes de carater global deverão ser mais ou menos flexibilizadas consoante as
atividades em causa, utilizado para isso, coeficientes de flexibilização (pesos). Desta forma a categoria
superestrutura poderia ramificar-se em polígonos mais específicos, por exemplo betonagem de pilares,
betonagem de lajes, armação de aço entre outros, com margens de tolerabilidade maiores ou mais
pequenas, consoante os interesses da organização.
4.7.4.1 Os Princípios para a Elaboração de Polígonos
Os polígonos de risco deverão refletir as posições da organização relativamente à tolerabilidade e
aversão ao risco. Estas decisões deverão partir de um núcleo de gestão de risco da estrutura
organizacional, que conheça os objetivos, carências, limitações e raios de ação da organização. Os
indicadores definidos para as categorias de atividades, ou para as próprias atividades em si, não deverão
ter um carater rígido, ou seja, os polígonos encontram-se suscetíveis de ser flexibilizados consoante o
empreendimento ou consoante fatores externos que influenciem as decisões organizacionais.
Tabela 18 – Escalas de classificação dos referenciais Custos, Prazos, Segurança e Ambiente
Referencial
Indicador Custos Prazos Segurança Ambiente
0 Não se aplica Não se aplica Não se aplica Não se aplica
1 Não implica
aumento de custos Não atrasa a atividade
Sem perigo de lesões físicas a cuidados básicos
de primeiros socorros
De sem impacte ambiental a recuperação no prazo de
poucos meses
2
Aumento de custo inferior a X% (C <X%) do valor
previsto da atividade
A duração adicional da atividade não tem
repercussões noutras atividades nem noutros
referenciais
Perigo de lesões com necessidade de cuidados
de enfermagem
Recuperação no prazo de alguns meses a poucos
anos
3
Aumento de custo de X% a X1% (X% ≤ C
<X1%) do valor previsto da atividade
A duração adicional da atividade vai ter repercussões
locais (P ≤X%) noutras atividades ou em algum dos
outros referenciais
Perigo de lesões leves com necessidade de cuidados
médicos, mas sem internamento hospitalar
Recuperação no prazo de alguns anos a poucas
décadas
4
Aumento de custo de X1% a X2% (X1% ≤ C < X2%) do valor
previsto da atividade
A duração adicional da atividade tem repercussões
globais (P >X%) noutras atividades e/ou noutros
referenciais
Perigo de lesões graves a incapacidade permanente para trabalhadores e/ou
terceiros
Recuperação ambiental possível no prazo de
muitas décadas
5
Aumento de custo Superior a X2%
(C≥X2%) do valor previsto da atividade
Atrasos de atividades críticas
Perigo de morte ou incapacidade permanente para trabalhadores e/ou
terceiros
Grandes partes do ambiente destruídas, ou
irreversivelmente modificadas
71
A escolha do indicador deverá ser feita com recurso aos referenciais elaborados para a classificação de
atividades (1.7.1.1., 1.7.1.2., 1.7.1.3., 1.7.1.4., 1.7.1.5.). Os respetivos valores do indicador poderão ser
consultados na Tabela 18 e na Tabela 19. As escalas de Custos, Prazos e Qualidade foram especialmente
pensadas e concebidas, com o propósito de responder às necessidades do modelo, já a escala de
segurança e ambiente foi desenvolvido com base na norma DBH 2007, e adaptada às necessidades do
modelo. Relembre-se que nos referenciais, a classificação é atribuída de 0 a 5 consoante os valores de
Custo, Prazo, Qualidade, Segurança e Ambiente em equação,
Tabela 19 – Escalas de classificação do referencial qualidade
A organização, tendo em consideração, as premissas de cada classificação, deverá elaborar um polígono
classificativo para as categorias de atividade chave, e depois por meio de coeficientes de peso definir
novos polígonos para subgrupos de atividades. Deste modo, após a classificação das atividades, poderá
ser comparado de forma direta a classificação obtida com a classificação tolerável pelas diretrizes
organizacionais. É de relembrar que, as diretrizes organizacionais não terão a obrigatoriedade de ser
iguais para empreendimentos diferentes realizados pela mesma organização.
Referencial
Indicador Qualidade
Conformidade com Requisitos Qualidade
Satisfação do Cliente Qualidade
Escala de Defeitos
0 Não se aplica Não se aplica Não se aplica
1 O risco em causa não tem efeitos na
conformidade de Requisitos O risco em causa não tem efeitos na
satisfação do cliente O risco em causa não provoca no produto final da atividade
2 O risco interfere com a conformidade de
Requisitos de Carater Facultativo Grau de satisfação aceitável por
parte do cliente
Defeitos impercetíveis e sem repercussões estruturais no produto final da atividade
3
O risco interfere com a conformidade de requisitos de carater intrínseco à
organização mas aceitável nos padrões comuns
A possibilidade de insatisfação do cliente é real, não só referente ao
produto final, mas também à atividade
Defeitos percetíveis sem repercussões estruturais no
produto final
4 O risco traduz-se no incumprimento de requisitos fundamentais à execução da
atividade
Cliente insatisfeito, a atividade e/ou o produto final não vão ao encontro
das expetativas do cliente
Defeitos percetíveis e com repercussões parciais no
produto final
5 O risco traduz-se no incumprimento de
requisitos fundamentais à atividade e ao produto final
Insatisfação total do cliente relativo à atividade e/ou o produto final
Defeitos percetíveis ou impercetíveis e com
repercussões estruturais no produto final
Peso a b c
a+b+c=1
72
4.8. O Tratamento de Riscos Após a fase de classificação e avaliação de riscos, segue-se a fase de tratamento dos riscos que não
passaram nos critérios de aceitabilidade da organização. Os critérios de aceitabilidade do risco que
foram delineados pelos polígonos classificativos da organização deverão ser comparados com os
polígonos resultantes do processo de classificação de atividades. O tratamento de um risco é um
processo de modificação do risco (Guia ISO 73).
Na escolha da solução de tratamento de risco deverá ser tomado em consideração o equilíbrio entre o
custo, o esforço e os benefícios tendo em conta as exigências contratuais.
Num processo semelhante, ao tratamento de riscos para projetos sugerido pelo PMBOK (2004), a
metodologia de tratamento de risco em Empreendimentos de Construção, passa por soluções de
Prevenção, Mitigação e Transferência de riscos. Importa referir que, as referidas ferramentas e métodos
de tratamento de risco, nem sempre deverão ser aplicadas diretamente sobre os riscos, mas sobre os
fatores de agravamento destes mesmos riscos. Em certos processos tratar os fatores de agravamento de
um risco é controlar um risco. A título de revisão, recorde-se que o modelo proposto não prevê a
abordagem do risco enquanto oportunidade, mas ao mesmo tempo não descarta a hipótese de dados
riscos fazerem parte de um processo progressivo de melhoria contínua dos processos e procedimentos
da organização. Aquando da ocorrência de uma situação de oportunidade, poderá ser agregado ao
modelo um sistema de exploração, partilha e melhoria progressiva, aos processos. No presente
documento, o modelo classifica o risco tendo em consideração os impactos negativos que terá para uma
dada atividade.
Dado o procedimento proposto pelo modelo, deverá ser sujeito a tratamento todo e qualquer risco
identificado e classificado, cujo um ou mais indicadores do polígono classificativo se encontrem fora do
polígono definido pela organização, para dada atividade. A escolha de uma solução de tratamento de
risco deverá prever o equilíbrio entre o custo, o esforço e os benefícios não esquecendo exigências
contratuais e legais.
As entradas (inputs) do sistema de tratamento do modelo são os registos resultantes do processo de
análise e classificação de riscos. Estes registos contêm na sua estrutura uma listagem detalhada de
riscos, conjugada com os respetivos fatores de agravamento, e as classificações dos referenciais Custos,
Prazos, Qualidade, Ambiente e Segurança das atividades em causa. Estas classificações deverão
encontrar-se apresentadas por formato gráfico através de polígonos, para facilitar a análise de dados.
A proposta de tratamento de riscos do modelo é baseada na Norma ISO 31000, conforme descrito no
capítulo Estado da Arte do presente documento. Deste modo o modelo contempla as seguintes 7
opções de tratamento apresentadas na Tabela 20:
73
Tabela 20 - Métodos de tratamento de riscos (adaptado da ISO 31000)
Medidas de tratamento de riscos
Evitar o risco optando por não começar ou continuar a atividade fonte de risco
Aceitar ou incrementar o risco com o intuito de desenvolver uma oportunidade
Remover a fonte de risco
Alterar a probabilidade de ocorrência
Alterar as consequências
Partilhar o risco com outras partes
Manter o risco enquanto decisão informada
Evitar o risco optando por não começar ou continuar a atividade fonte de risco – Esta opção, aquando
da sua aplicação a uma atividade de construção, poderá revelar-se uma decisão contraproducente na
medida em que a realização de um empreendimento de construção compreende um conjunto de
tarefas bem definido a maior parte delas de realização indispensável. Travar a realização de uma
atividade não será na maioria das vezes opção de tratamento de risco.
Aceitar ou incrementar o risco com o intuito de desenvolver uma oportunidade – Este opção de
tratamento poderá ser considerada num modelo complementar ao desenvolvido neste documento. O
processo de classificação de risco não contempla a hipótese de risco enquanto oportunidade, daí que
esta opção terá de ser agregada ao modelo.
Remover a fonte de risco – Remover a fonte de risco, é uma hipótese com uma validade apreciável, é
sem dúvida a opção que mais garantia assegura no processo de tratamento. A remoção da fonte de
risco deverá ser criteriosamente ponderada, devido à necessidade de balancear os custos e benefícios
da solução.
Alterar a probabilidade de ocorrência – A probabilidade de ocorrência de um dado evento conjugado
com as respetivas consequências traduz o nível de risco, alterar a probabilidade de ocorrência é alterar
o nível de risco. Tal como na remoção da fonte de risco, a relação custos benefícios deverá ser
criteriosamente ponderada.
Alterar as consequências – Trata-se de uma opção análoga à alteração da probabilidade de ocorrência.
Também as relações custo benefício terão de ser criteriosamente avaliadas.
Partilhar o risco com outras partes – A partilha de riscos, conforme foi corroborado através dos
inquéritos do capítulo III, é uma opção viável. Dada a extensão do conceito, esta solução de tratamento
de risco será alvo de especial atenção no ponto 1.8.3.
Manter o risco enquanto decisão informada – Optar por manter o risco poderá ser uma decisão
acertada em situações em que as opções de tratamento de risco não apresentam as características
desejadas para a situação em causa. O risco poderá também ser mantido na medida em que os
benefícios compensem as perdas e os custos associados.
74
Importa referir que, independentemente da opção de tratamento O tratamento de riscos poderá
introduzir novos riscos. Sendo que estes riscos poderão ser riscos associados ao insucesso das medidas
de tratamento, ou ao desenvolvimento de outros riscos de cariz secundário que exijam tratamento. O
modelo prevê assim um ciclo progressivo de tratamento de riscos, em que os procedimentos estão
constantemente sujeitos a apreciações de viabilidade e eficácia. O ciclo de tratamento de risco adotado
pelo modelo é baseado num procedimento já desenvolvido num outro documento e apresenta-se na
Figura 36:
Figura 36 – Ciclo de tratamento de risco (Modelo de gestão técnica de edifícios baseado no desempenho
e no risco, Almeida, 2011)
O processo de tratamento de risco compreende assim dois pontos-chave, a seleção do tratamento e a
implementação do mesmo. O processo de tratamento do modelo será racionalizado do modo
apresentado na Figura 36, por meio das fichas de tratamento de riscos apresentadas no Anexo III. Este
tipo de ficha permite ao gestor registar o tipo de riscos identificados, e explicitar a medida de
tratamento, com informações relativas ao tipo de medida, e às consequências esperadas da mesma.
Estas fichas permitem também o acompanhamento das medidas de tratamento, incorpora assim, desta
forma parte do procedimento de controlo e monitorização.
4.8.1. Os Envolvidos no Processo de Tratamento do Risco Os inquéritos realizados no capítulo III permitiram definir, a diversos níveis operacionais e de gestão, a
importância dos diversos tipos de ferramentas de tratamento de riscos. Conhecer a posição de
empreiteiros projetistas e fiscais face ao uso de ferramentas de prevenção e mitigação de risco é crucial
para entender quais os níveis organizacionais mais aptos a aplicar processos de tratamento de risco. Os
resultados obtidos permitiram definir três níveis distintos de tratamento de risco, que se podem ser
consultados na Tabela 21:
75
Tabela 21 - Níveis de tratamento de riscos
Níveis de tratamento de riscos
Nível da Gestão de Topo
Nível da Gestão Operacional
Nível Operacional
A Gestão de Topo, composta por elementos da administração da organização e pelos departamentos de
gestão dos diversos núcleos, terá especial importância aquando da tomada de decisões de tratamento
de risco que tenham de ter origem no seio organizacional. Tratamentos de riscos que exijam alterações
às diretrizes internas ou à própria estrutura da organização terão necessariamente de advir de decisões
tomadas pela gestão de topo. A equipa de gestão de risco deverá incluir na sua estrutura, um ou mais
elementos que pertençam à gestão de topo da organização e que conheçam, os seus objetivos,
carências e limitações.
A Gestão Operacional, composta pelas equipas de engenheiros, fiscais e elementos pertencentes à
gestão do empreendimento e pela direção de obra, tem a seu cargo o conjunto de decisões de
tratamento de risco de índole mais operacional. As decisões destes elementos são tomadas num curto
espaço de tempo, e têm as respetivas consequências num prazo também bastante curto. Em termos
genéricos, é por este nível de gestão que passarão a maior parte das decisões referentes ao tratamento
de riscos de atividades de construção, visto que estas são atividades de caráter operacional. Os
inquéritos realizados no capítulo III revelaram que a maioria das ferramentas de tratamento de riscos
insere-se neste nível de gestão.
O nível operacional, composta pelos subempreiteiros e pelos operários têm a seu cargo decisões de
gestão e tratamento de risco de índole mais operacional, nomeadamente na gestão de trabalhos e
recursos com vista ao alcance de metas bem definidas, leiam-se prazos, custos e qualidade. Este nível de
gestão tem a autonomia necessária para tomar decisões de tratamento de risco, quando este não põe
em causa a viabilidade de outras atividades ou do próprio empreendimento.
4.8.2. As Ferramentas de Prevenção e Mitigação de Riscos
Tendo em conta as etapas cronológicas de aplicação do modelo, na gestão de risco de atividades, torna-
se fundamental definir dois momentos chave de atuação no tratamento de risco. Um primeiro
momento em que a atividade ainda não teve início, e um segundo momento em que a atividade está em
curso. No primeiro momento as ferramentas a considera são as de prevenção, já no segundo momento
as ferramentas são as de mitigação. Como foi explicitado no ponto anterior, os inquéritos permitiram
tirar conclusões acerca das entidades que podem atuar no tratamento de risco e em que fases o devem
fazer. Em termos globais os diferentes tipos de ferramentas poderão ser atribuídos da seguinte forma às
seguintes departamentos organizacionais apresentadas na Tabela 22.
76
Tabela 22 - Alocação de ferramentas e métodos de tratamento
Alocação de ferramentas e métodos de tratamento
Nível da Gestão de Topo Ferramentas e Métodos de Prevenção
Nível da Gestão Operacional Ferramentas e Métodos de Prevenção e Mitigação
Nível Operacional Ferramentas e Métodos Mitigação
Importa referir que a Tabela 22, não deverá ser aplicada de um modo restritivo, quer isto dizer, que a
organização não deverá limitar níveis de gestão a um dado tipo de ferramentas. Se a organização
considerar relevante a utilização de ferramentas e métodos de mitigação por parte da gestão de topo,
ou a utilização de ferramentas e métodos de prevenção pela parte mais operacional, também deverão
ser aceites. A referida tabela apenas sugere um processo de alocação, que tendo em conta alguns
estudos já realizados (ver capítulo II, ponto 1.5.1.), se prevê adequada.
As ferramentas e métodos deverão ser escolhidas de acordo com as necessidades da atividade em causa
e do risco inerente à própria atividade para o qual se desenvolve o tratamento. As ferramentas e
métodos de tratamento deverão ser desenvolvidos progressivamente com o evoluir da gestão do risco
no seio organizacional, de modo a que numa primeira fase a organização tenha uma base de dados e a
possa aumentar e melhorar com a experiência de gestão, melhorando a qualidade das respostas no
tratamento de riscos. Ferramentas e métodos foram já apresentados e a sua utilização validada no
capítulo III, a estes a organização deve adicionar outros que reconheça a sua utilidade. O exemplo de
uma aplicação de uma lista de opções de tratamento de risco poderá também ser consultado no
capítulo V e no anexo IV.
4.8.3. A Transferência de Riscos
A transferência de riscos simplesmente confere a uma outra parte a responsabilidade pela sua gestão,
ela não elimina os riscos. A transferência da responsabilidade pelo risco é mais eficaz quando está
relacionada à exposição a riscos financeiros (PMBOK, 2004). O processo de transferência de riscos pode
incluir também o processo de partilha de riscos. A partilha de risco é um conceito ao qual donos de
obra, projetistas, empreiteiros, fiscais e outras entidades externas aos empreendimentos são cada vez
menos alheios. A consciência de que certos riscos não devem ser assumidos por uma só entidade, tem
vindo a ser difundida em áreas como seguros e banca. A partilha de riscos poderá também, deste modo,
ser realizada na indústria da construção através de prémios no cumprimento de prazos, seguros,
obrigações, incentivos à produtividade entre outros. A transferência de riscos poderá ser realizada entre
a entidade adjudicante e o adjudicatário refiram-se dono de obra e empreiteiro geral, os inquéritos
demonstraram a necessidade deste procedimento, e com as premissas relevantes a cada
empreendimento os benefícios poderão ser mútuos. Importa referir ainda que a transferência poderá
ser realizada por meio de contratos.
77
4.9. O Controlo e Monitorização
Os procedimentos de controlo e monitorização são para o modelo fases essenciais para uma
performance coerente com os objetivos. O controlo e monitorização deverão ser realizados a partir do
momento em que se parte para a fase de identificação de riscos. No conjunto de ações sugerido pela
norma ISO 31010 os princípios fundamentais são:
• Assegurar que os controlos são eficientes e eficazes;
• Obter informações adicionais para melhorar o processo de tratamento de riscos;
• Aprender com os erros;
• Atualizar contextos externos e internos assim como critérios de aceitabilidade do risco;
• Identificar riscos emergentes.
Deverão ser desenvolvidas listagens e procedimentos sistemáticos para o controlo de cada atividade, de
modo a que, caso a situação de risco se repita o procedimento de controlo já se encontre definido.
Assegurar que os controlos são eficientes e eficazes é uma etapa chave no modelo de gestão do risco
em atividades de construção. Os controlos deverão ser avaliados mediante a realização de auditorias
específicas por parte da equipa competente para tal e através de reuniões periódicas de
acompanhamento num intervalo de tempo que organização considere adequado. A obtenção de
informação adicional para melhorar o processo de tratamento de riscos, advém da necessidade de
contextualização interna (dentro da organização) e externa (fatores extrínsecos) do risco em causa.
Aprender com os erros, tem especial relevância, visto que, conforme referido por diversas vezes a
gestão do risco é desenvolvida através de um ciclo progressivo de experienciação e de procura dos
métodos adequados aos objetivos organizacionais, por parte da equipa de gestão de risco. Atualizar
contextos externos e internos é uma medida que deverá ser adotada frequentemente, uma vez que as
necessidades da organização hoje não são certamente as mesmas de amanha, importa definir aquilo
que é riscos aceitáveis hoje e o que é riscos aceitáveis no futuro. Por fim refira-se a identificação de
riscos emergentes, uma vez que o tratamento de riscos pode introduzir novos riscos que também
possam estar suscetíveis a tratamento devido aos seus impactos.
4.9.1. Objetivos do Controlo e Monitorização
O controlo e monitorização de riscos têm o principal objetivo de assegurar que a gestão de risco
realizada na atividade de construção é de facto eficiente e eficaz. O controlo e monitorização é também
uma fase do ciclo de gestão que deverá ser desenvolvida progressivamente, dada a existência de um
extenso conjunto de atividades de construção. O controlo e monitorização não incidirão somente no
ciclo de tratamento apresentado, mas também na fase de identificação e análise de riscos, visto que a
ineficiência de um ciclo de gestão pode não resultar apenas da ineficácia dos processos de tratamento.
O objetivo do controlo passa também pelo registo escrito do desempenho de cada fase do ciclo de
gestão, com vista ao desenvolvimento de uma base de dados devidamente fundamentada que permita
a melhoria progressiva do sistema.
78
4.9.2. Metodologia e Ferramentas de Controlo e Monitorização
O controlo e monitorização, conforme referido no ponto anterior começam por ser realizados na fase de
identificação de riscos e acompanham todo o desenvolvimento do processo. O controlo e monitorização
são assim realizados através da leitura dos registos documentais das outras fases e pela elaboração de
novos registos referentes à eficiência e eficácia dos ciclos. Como entradas no sistema de controlo têm-se
documentos como os apresentados (adaptado das considerações da ISO 31010):
• Documentos que reportem informações sobre conclusões de evidências constatadas em
atividades de construção;
• Registos referentes ao processo de identificação, análise e tratamento de riscos efetuada;
• Relatórios finais e documentos que reportem conclusões finais relativas à performance do
controlo e monitorização;
• Relatórios de vigilância constatam modificações e documentos que reportem não
conformidades específicas.
Genericamente, a metodologia e as ferramentas de controlo e monitorização, são designadamente: o
aprendizado com a rotina e com a implementação dos processos de gestão de risco, e a realização de
registos que acompanhem e contextualizem o desenvolvimento dos processos de gestão. No anexo III
poderá ser consultada uma ficha tipo do registo das ações de controlo e monitorização.
4.10. Conclusões do Capítulo
O modelo proposto neste capítulo tem o objetivo de ser aplicado a atividades de construção daí que as
repercussões que advenham dos riscos inerentes à realização de cada atividade verão os seus impactos
somente na atividade e não na estrutura organizacional. Numa abordagem às diferentes fases do
modelo, importa referir que todos os processos deverão ser absorvidos e adaptados aos objetivos das
organizações com vista à definição dos critérios dos referenciais que deverão ser aplicados a atividades
ou categorias de atividades. O ciclo de gestão apresentado é também, ele próprio, um ciclo de melhoria
contínua, na medida em que processos de identificação, análise, classificação, tratamento, controlo e
monitorização só irão ficar alinhados com os interesses organizacionais com a experienciação dos
métodos em causa. O modelo deverá ser aplicado em dois períodos distintos, um primeiro, que
cronologicamente antecede o seguinte remetendo toda a gestão realizada para o conceito de
prevenção, leia-se a data de preparação e início da execução do empreendimento, e um outro momento
situado durante a execução das atividades remetendo a gestão para o conceito de mitigação.
Importa referir, que no que respeita à extensão de aplicação, o modelo não contempla o risco enquanto
oportunidade, mas ao mesmo tempo não descarta a hipótese de lhe ser anexada uma metodologia de
gestão destas tipologias de risco que permita a inclusão dos seus benefícios nos objetivos da
organização. É de relevar também que o ciclo de análise proposto pelo modelo atribui igual classificação
a uma situação de risco (atividade) que tenha uma dada classificação num determinado tipo de risco e a
uma situação que tenha a mesma classificação em vários tipos de risco (isto no mesmo referencial). Este
79
processo não levanta qualquer tipo de inconveniente, uma vez que os processos de análise e
tratamento de riscos, são acompanhados de intervenções iterativas, que são realizadas até os riscos
poderem ser considerados como aceitáveis e nos referenciais custos e prazos existe ainda o fator
cumulativo que prevê a análise de impactos de combinações de riscos.
Gerir riscos em atividades de construção é um processo que exige um leque de informação vasto e
fidedigno, conjugado com uma equipa de gestão experiente e com diferentes formações e backgrounds.
Algumas destas premissas só são conseguidas através de rotinas adquiridas e com toda aprendizagem
desenvolvida com as características das atividades. Os conceitos fundamentais à aplicação do modelo
passam assim por: identificar, dividir, hierarquizar, agrupar, classificar, tratar, controlar, monitorizar,
registar e comunicar.
80
81
V. O Empreendimento em Estudo
5.1. Introdução ao Empreendimento em Estudo
A Quinta do Lago é um local residencial e de lazer, que confina a sul com o Oceano Atlântico e está
inserido na área do Parque Natural da Ria Formosa, abrangendo uma área total de 645 ha de campos e
pinhais. Situada no centro/sul do Algarve, encontra-se apenas a 15 minutos do Aeroporto Internacional
de Faro. Esta localidade contém grandes áreas de espaços verdes tratados conjugados com diversos
empreendimentos turísticos, sendo distribuídos ao longo da via principal de distribuição Av. André
Jordan. Existem também polos de grande atração são disso exemplo os vários lagos de água doce e
salgada, quer englobados nos percursos de golfe, quer servindo de enquadramento às áreas
residenciais. O lago principal, com profundidade média de 2m, é utilizado exclusivamente para a prática
de desportos não poluentes.
O caso de estudo é condomínio de luxo localizado na quinta do lago, o empreendimento chama-se “The
Keys”. O empreendimento The Keys está localizado num terreno de 8.15ha que faz fronteira a Norte
com os centros comerciais, Buganvilia Plaza e Quinta Shopping (parcela AL3), a Sul com Rua Nabão e
Campo de Golfe Ria Formosa, conforme apresentado na Figura 37.
Figura 37 - Identificação do lote AL3, Quinta do Lago, Almancil, Loulé
O empreendimento The Keys é composto por um conjunto de apartamentos e moradias isoladas com
piscinas individuais, perfazendo um total de 72 fogos de tipologias T3 e T4 aos quais acresce dois
edifícios públicos: o Edifício da Segurança e o Edifício da Administração.
O The Keys é composto por um novo lago artificial, com uma ilha na área de intervenção, cujo acesso
automóvel é feito exclusivamente através de um acesso subterrâneo. É nesta ilha que se situam todos
os apartamentos, dispostos em pequenos blocos de 4, seguindo a disposição indicada na figura abaixo.
As unidades situadas no anel em redor da ilha usufruem em primeira instância dos espaços verdes
internos adjacentes, sendo que os seus terraços de cobertura possibilitam ainda vistas sobre o lago. O
posicionamento das unidades maximiza os espaços verdes possíveis, libertando-se intervalos de maior
82
dimensão, tanto na primeira como na segunda linha, de forma a possibilitar alternância de espaços
físicos e visuais aos utilizadores do local (ver Figura 38 - Disposição do Empreendimento em Planta).
Figura 38 - Disposição do Empreendimento em Planta
Resumidamente o complexo residencial “Key Lago” é assim constituído por:
• 24 Apartamentos de tipologia T3;
• 28 Moradias isoladas de tipologia T4
• 20 Moradias isoladas de tipologia T3,
• 1 Edifício de uso comum do Condomínio;
• 1 Edifício da Administração.
O empreendimento “The Keys” encontra-se no momento a ser concretizado com elevados padrões de
qualidade, traduzindo-se não só em equipamentos de alta qualidade, mas também num estilo
arquitetónico moderno fazendo-se destacar a qualidade das construções, o seu mobiliário, decoração e
enquadramento natural e paisagístico. A título ilustrativo, apresenta-se a Figura 39 e a Figura 40.
Com o objetivo de minimizar o impacto do construído no solo natural, os espaços exteriores envolventes
de estar/circulação, bem como os pátios ajardinados nas caves das tipologias, são pavimentados com
Figura 40 - Elementos construtivos tipo Figura 39 - Elemento construtivo tipo
83
sistemas/materiais totalmente permeáveis. No sentido de se respeitar o índice total de
impermeabilização regulamentado, para além das grandes superfícies de relva recorreu-se a soluções de
aplicação dos materiais em suspenso e com a junta aberta (deck de madeira/lajeta de pedra). É ainda de
relevar que todo o conjunto residencial configura-se em conformidade com as normas técnicas de
Acessibilidade de Pessoas com Mobilidade Condicionada, previstas no Decreto-Lei n.º 163/2006.
5.2. Os Intervenientes e a Fase de Execução do Empreendimento
O empreendimento “The Keys” é um empreendimento que foi proposto por um grupo Inglês, a
Birchview Llc. e viu o seu projeto elaborado pela Plan Associated Architects. A execução do
empreendimento coube à Tecnisan SA. e a fiscalização foi assegurada pela empresa Landway.
Informações relativas a montantes envolvidos na construção e preços por m2 apresentam-se na Tabela
23.
Tabela 23 - Estatísticas do Empreendimento
Empreendimento
Duração (meses) 24
Valor (€) €93.050.786,00€ (noventa e três milhões e cinquenta mil setecentos e oitenta e seis euros)
Ao longo de toda a fase de construção o empreendimento contou com mais de 40 empresas de
subempreiteiros, sendo que à data da comunicação prévia já se encontravam adjudicadas funções ao
empreiteiro geral e a 25 empresas de subempreiteiros (ver Anexo IV). Esta assiduidade de empresas em
obra facilitou bastante a realização dos inquéritos do capítulo III.
A execução do empreendimento começou em Janeiro de 2011 e tem a data prevista para o seu término
em Março de 2013. A título genérico, apresenta-se na Figura 41 o calendário sintetizado referente ao
planeamento do empreendimento.
O empreendimento foi acompanhado, com vista à viabilização deste estudo, num período que se
estendeu desde 2 de Julho de 2012 até 30 de Outubro de 2012, em períodos que compreenderam a
formação do modelo, a consequente adaptação até à sua aplicação enquanto produto final. Na data em
Figura 41 - Planeamento do Empreendimento
84
que se iniciou o acompanhamento do empreendimento, este já se encontrava na fase de acabamentos
visto que toda a fase estrutural já havia sido concluída. Para ilustrar o estado do empreendimento na
data do estudo, recorreu-se ao arquivo fotográfico disponibilizado pela fiscalização, ver Figura 42, Figura
43 e Figura 44.
Figura 42 – Blocos de Apartamentos
Figura 43 – Moradia tipo
Figura 44 – Moradia Tipo
85
5.3. Objetivos do Estudo
Numa primeira abordagem, o estudo tem o intuito de desenvolver uma estratégia de contacto com as
atividades e processos realizados em obra. Existe pleno conhecimento que a implementação e
desenvolvimento de um modelo global de gestão de risco exige contacto direto com empreendimentos
de construção de vários tipos face à amplitude de todos os conceitos envolvidos. Este estudo enquadra-
se assim na área de desenvolvimento de ferramentas e métodos de gestão com o fim último de auxiliar
a gestão de risco de atividades de um dado empreendimento.
Os objetivos deste estudo compreendem a tomada de conhecimento relativo a processos e atividades
realizadas em obra, e a viabilização da aplicação do modelo concebido com vista ao desenvolvimento de
processos de identificação, análise, classificação e tratamento de risco enquanto ferramenta auxiliar na
tomada de decisões na realização de atividades. O modelo em causa, não será usado na prática neste
empreendimento, apenas será simulada a sua utilização, para que no final se tracem cenários relativos a
um possível uso.
O estudo terá também um objetivo que poderá ser definido como crucial, a determinação de falhas,
visto que através dele poderemos ver a extensão da aplicabilidade do modelo, mas mais importante do
que isso, será a tomada de conhecimento de variáveis e situações que o modelo não contempla.
5.4. Metodologia da Abordagem ao Caso de Estudo
O caso de estudo foi analisado através da comparência presencial em obra, durante os 4 meses
referidos em 1.2., em que se procedeu ao reconhecimento de todos os intervenientes envolvidos no
empreendimento e as atividades desenvolvidas pelos mesmos.
Com o auxílio dos relatórios de trabalho semanal conheceram-se as atividades que se encontravam em
execução e foi possível delinear estratégias e traçar um conjunto de passos que permitissem analisar e
aplicar o modelo da melhor forma, evitando deste modo um possível aumento da burocratização de
todo o sistema.
Procedeu-se também a uma recolha criteriosa de opiniões dos envolvidos, destaquem-se: Empreiteiro,
Subempreiteiros e Fiscalização, com o intuito de se perceber que tipo de impacto no empreendimento
teriam as atividades a serem avaliadas, e se teríamos à nossa disposição toda a informação necessária
para os inputs do modelo.
5.5. Principais Previsões
Como principais previsões, não se espera à partida que a utilização e aplicabilidade do modelo em causa
seja realizada com muita dinâmica, visto que se trata de um aumento de registos sob a forma de papel,
que usualmente os intervenientes em obra evitam usar. Como desenvolvimento em estudos futuros,
será proposto a criação de um algoritmo que dada a simplicidade do processo poderá ser realizado com
recurso às linguagens de programação mais elementares.
86
Após toda a investigação realizada, prevê-se uma boa aplicabilidade do modelo face às atividades em
causa, não queira isto dizer que o modelo não esteja sujeito a possíveis adaptações ao longo do ciclo de
análise. Não se prevê uma validação total do modelo, uma vez que para isso seria necessário, não
apenas um empreendimento, mas sim um conjunto deles dos mais variados tipos, e não apenas 4 meses
de acompanhamento, mas sim um acompanhamento total que se estendesse desde a data da
consignação até à data da entrega.
5.6. Aplicação do Modelo ao Caso de Estudo
À data de início do acompanhamento do empreendimento, como referido anteriormente, o modelo não
se encontrava totalmente concluído, existiam ainda alguns inquéritos por realizar, ou seja os conceitos
necessários a identificação de riscos não se encontravam ainda cimentados, nem se dispunha inclusive
de conhecimento acerca de quem realizava o quê. Desta forma, as primeiras semanas foram destinadas
à conclusão dos inquéritos, e à recolha de informação relativa às atividades. A empresa Landway, de
fiscalização, teve um papel preponderante. Com o auxílio dos Engenheiros da referida empresa,
efetuou-se o acompanhamento de diversas atividades de construção e acedeu-se a relatórios
atualizados e detalhados dos processos em curso.
5.6.1. A Lista de Atividades
Após a realização de todas as recolhas de informação que se considerou necessárias, à data de 30 de
Julho de 2012, foi fornecida uma lista de todas as atividades que se encontravam a ser executadas nesse
momento. Deve salientar-se que as atividades apresentadas em baixo não eram únicas, ou seja,
atividades similares eram desenvolvidas por subempreiteiros diferentes em simultâneo (ver Tabela 24).
Tabela 24 - Atividades Relativas a Infra Estruturas Exteriores
Atividades Relativas a Infra Estruturas Exteriores
Rede elétrica - Iluminação exterior
Montagem dos globos de Iluminação exterior
Rede de esgotos pluviais - execução de caixas de drenagem
Execução de descarregadores de superfície
Rede de abastecimento de águas - ligação à rede exterior
Rede de segurança contra incêndios
Rede de CCTV
Ligação das caixas de drenagem ao coletor pluvial
Rede de rega - execução do ramal principal
Rede de gás - execução do fosso para instalação dos depósitos e gás
Assentamento de grelhas de sumidouros e tampas das caixas dos esgotos domésticos e pluviais
Nivelamento de terrenos das zonas ajardinadas
Abertura de caixa e execução da camada de base da plataforma dos arruamentos
Por questões logísticas e de recursos humanos, não foi realizado o acompanhamento das 13 atividades
apresentadas na Tabela 24, com vista à aplicação do modelo. Deste modo, foram selecionadas 3
atividades para a aplicação do modelo. Na escolha das atividades pesaram os seguintes critérios:
87
• Impacto Financeiro no Empreendimento;
• Impacto no Calendário do Empreendimento;
• Acompanhamento fornecido por empreiteiros e fiscais;
• Questões Logísticas;
• Questões de Segurança.
5.6.2. Descrição das Atividades Selecionadas
As atividades selecionadas, tendo em conta alguns dos critérios mencionados no ponto anterior
encontram-se apresentados no quadro de atividades presente na Figura 45.
Figura 45 - Quadro de atividades selecionadas
Rede de esgotos pluviais - Execução de caixas de drenagem e assentamento de tampas – Esta atividade
consiste no embutimento no solo de câmaras de visita do tipo anel pré-fabricado em betão. Esta
atividade compreende um conjunto de subactividades, defina-se: abertura de valas, compactação do
fundo, aplicação camada de regularização, embutimento das câmaras de visita, aterro, assentamento de
tampas (baseado na especificação técnica disponibilizada em obra).
• Identificação de marcos topográficos – Processo essencial à abertura de valas, permite ao
executante definir o local exato da abertura de uma vala.
• Abertura de valas – Operação de escavação realizada com recurso a retroescavadora nos locais
em que o espaço o permita e com recurso a escavação manual em todas as outras situações.
• Entivação e escoramento das paredes laterais – Conforme explicitado na especificação técnica,
os escoramentos e entivações deverão ser realizados ao critério do empreiteiro geral, sendo
este totalmente responsável pelas consequências que possam advir.
• Aplicação de camada de regularização – Prevê-se aplicação de uma camada de regularização
em saibro ou terra cirandada numa espessura superior a 0,15m.
• Compactação do fundo - A escavação será aprofundada num mínimo de 0,15m, por forma a
ganhar-se espaço para a interposição de uma almofada contínua de saibro ou terra cirandada
com as características e grau de compactação indicados no projeto e efetuados a maço manual
ou pneumático.
• Embutimento das câmaras de visita – As câmaras de visita referentes à atividade em causa, são
pré-fabricadas e têm 1,4m de diâmetro.
Execução da Rede de Esgotos Pluviais
•1 - Execução de caixas de drenagem e assentamento de tampas
Execução da Rede de Esgotos Pluviais
•2 - Ligação das caixas de drenagem ao coletor pluvial
Arranjos nos Logradouros
• 3 - Nivelamento de terrenos das zonas ajardinadas
88
• Aterro – O aterro deverá ser realizado de acordo com os graus de compactação previstos no
projeto.
• Assentamento de tampas – As tampas das caixas deverão respeitar as especificações previstas
pelo caderno de encargos.
Rede de esgotos pluviais - Ligação das caixas de drenagem ao coletor pluvial – Esta atividade pressupõe
a realização de um conjunto de subactividades, num processo algo semelhante com a atividade anterior.
As referidas atividades são: identificação de marcos topográficos, abertura de valas, compactação do
fundo, aplicação de camada de regularização, execução da ligação do coletor à caixa e aterro da
tubagem. As seguintes informações técnicas referentes a processos de execução e tipologias de
materiais foram consultados na especificação técnica disponibilizada.
• Identificação de marcos topográficos – Conforme explicitado na atividade anterior, trata-se de
um processo essencial à abertura de valas, permite ao executante definir o local exato da
abertura de uma vala.
• Abertura de valas – Análogo ao processo da atividade anterior, mas desta feita, será escavado
um maior cumprimento de troço. As medidas referentes a larguras encontram-se na
especificação técnica.
• Entivação e Escoramento das paredes laterais - Análogo ao processo da atividade anterior.
• Aplicação de camada de regularização – A camada é similar à da atividade anterior.
• Compactação do fundo – A compactação desenvolve-se segundo uma metodologia similar à da
atividade anterior e o grau de compactação será controlado através do ensaio PROCTOR.
• Execução da ligação ao coletor – Esta atividade deverá ir ao encontro das especificações
técnicas previstas, nomeadamente em termos da tipologia dos coletores aplicados, da ligação
do coletor à caixa, do método de execução de juntas, assim como das inclinações mínimas
exigidas aos mesmos para garantir o escoamento.
• Aterro – O aterro deverá ser realizado de acordo com os graus de compactação previstos no
projeto.
Nivelamento de terrenos das zonas ajardinadas – Esta atividade compreende um conjunto de processos
bem definidos, leiam-se, desmatação, movimentos de terras, compactação de terrenos e adição de
solos vegetais apropriados. Os movimentos de terra e a compactação deverão ser realizados de acordo
que o método que o empreiteiro geral considere adequado. Encontram-se definidos alguns requisitos
relativos à qualidade da terra vegetal a ser utilizada, assim como dos procedimentos de execução da
atividade. Entre estes procedimentos destacam-se as seguintes:
• Desmatação – Inclui todas as operações necessárias para eliminar a vegetação, nomeadamente
a carga, transporte, descarga em vazadouro e pagamento da respetiva taxa de descarga em
vazadouro.
• Movimentos de terras – Os movimentos de terras compreendem tarefas de escavação e aterro.
A movimentação de terras é realizada com recurso a retro - escavadora, giratória e trabalho de
escavação manual.
89
• Compactação do terreno - A compactação do terreno é feita com recurso a cilindro, e é
controlado através do ensaio PROCTOR. E após a realização da adição da terra vegetal, caso
exista assentamento de terras, o empreiteiro terá de adicionar o volume em causa até às cotas
definidas pelo nivelamento topográfico.
As características das atividades selecionadas relativas a quantidades de trabalho, custos e recursos
encontram-se apresentadas na Tabela 25:
Tabela 25 – Características das atividades selecionadas
Categoria Atividade Nº Quantidades
de trabalho
Custo
Previsto
(€)
Duração
prevista
Semanas
Recursos alocados Observações
Esgotos Pluviais
Execução de caixas de drenagem e
assentamento de tampas de sumidouros
(Inclui as atividades preparatórias)
1 88 Un. 7468,6 3
1 Retroescavadora, 3 Serventes, 1 Pedreiro, 1
Manobrador
As caixas não se encontravam
adquiridas à data da realização da
análise
Esgotos Pluviais
Ligação das caixas de drenagem ao coletor
pluvial (inclui as atividades
preparatórias)
2 300 m 20398,7 4
1 Retroescavadora, 1 Cilindro, 2 Pedreiros,
2 Serventes, 1 Encarregado e 1
Manobrador
A tubagem ainda não se encontrava
adquirida, troço com alterações face ao projeto
inicial
Zonas Verdes
Nivelamento dos terrenos das zonas exteriores (inclui as
atividades preparatórias
3 9865m2 63811,8 4
1 Giratória com balde retro, 1 Bobcat, 1
Camião, 1 Cilindro, 1 encarregado, 1
servente, 1 manobrador e 1
motorista
Outros trabalhos de escavação a
decorrer em simultâneo
Como é possível constatar pela análise da Tabela 25, as atividades selecionadas serão apenas avaliadas
em determinados troços em durante um determinado período de tempo, sendo que, os valores
apresentados não correspondem às quantidades de trabalho totais de cada atividade no
empreendimento. Importa salientar que de acordo com os documentos disponibilizados, leia-se autos
de medição e especificações técnicas por vezes existem valores associados a materiais, outras vezes
valores associados a atividades e outras vezes valores associados a conjuntos de atividades. Desta feita
os valores relativos a cada atividade foram ponderados através dos custos unitários previstos no auto
para cada atividade adicionando a cada custo os valores relativos às atividades preparatórias. As colunas
com o nome “Recursos” e “Observações”, contêm informações relevantes relativamente as premissas
de realização de cada atividade, sendo que, conjugadas com o acompanhamento presencial da execução
constituirão os inputs do sistema de análise.
5.6.3. Os Polígonos Classificativos das Atividades
A aplicação do modelo ao caso de estudo é uma simulação desenvolvida com vista à tomada de
conhecimento, relativo à sua aplicabilidade, à sua dinâmica, ao seu domínio e às suas limitações.
Tomando em consideração que o empreendimento em causa não tem à sua disposição uma equipa
especialmente concebida para a gestão de risco, a realização desta simulação é feita com base num
90
conjunto de pressupostos, que procuram reproduzir a atitude da principal organização ao risco
(Empreiteiro Geral, Tecnisan S.A.).
Figura 46 – Polígono Classificativo Relativo a Redes de Infraestruturas
A título de revisão refira-se que as premissas de construção dos polígonos poderão ser consultadas na
Tabela 18 e Tabela 19, presentes no capítulo IV. A sua aplicabilidade para a categoria Esgotos Pluviais
encontra-se especificada no ponto 1.6.2. do presente capítulo, referente à fase de Análise e
Classificação.
Pressupondo a definição do polígono apresentado na Figura 46, considerou-se que a organização teria
também coeficientes tabelados (pesos), que definiriam as margens de flexibilização dos referenciais
Custos, Prazos, Qualidade, Ambiente e Segurança para cada rede de infraestrutura específica.
Apresenta-se na Tabela 26 os valores destes coeficientes para as diferentes redes de infraestruturas do
empreendimento.
Tabela 26 - Coeficientes para as diferentes redes de infraestruturas
Coeficientes
Redes de Infraestruturas Custos Prazos Qualidade Segurança Ambiente
Rede de abastecimento de águas 1,5 0,8 1 1 1
Rede de drenagem de águas domésticas 1,5 1 1 1 1
Rede de drenagem de águas pluviais 1,5 1 1,3 1 1,5
Rede de incêndios 1 1 1,3 1 1
Rede de abastecimento de gás 1 0,8 1 1 1
Rede de eletricidade 0,5 0,8 1 1 1,5
Rede de rega 0,5 0,8 1 1 1,5
91
Desta feita, visto que duas das atividades selecionadas referem-se à rede de drenagem de águas pluviais
e uma terceira refere-se à rede elétrica define-se apenas o polígono apresentado na Figura 47. Os
valores decimais deverão ser arredondados à unidade.
Figura 47 - Polígono da rede de drenagem de águas pluviais
Com vista à simplificação do modelo considerou-se que todas as subactividades pertencentes ao grupo
de cada polígono deverão ser realizadas segundo os indicadores dessa categoria. Apesar desta
simplificação, poderão ser definidos mais polígonos para as subactividades de cada categoria caso seja
do interesse da organização.
Quanto à atividade “Nivelamento de terrenos de zonas ajardinadas” considera-se que esta pertence a
uma categoria “Zonas Verdes” (de acordo com a especificação técnica disponibilizada), e o seus
respetivos pesos têm o valor 1. Apresenta-se na Figura 48 o respetivo polígono.
Figura 48 - Polígono do nivelamento dos terrenos exteriores
A elaboração dos polígonos apresentados para as atividades em estudo, contou com a participação de
alguns intervenientes da equipa de direção de obra do empreiteiro geral que validaram, e consideraram
os pressupostos aplicáveis à realidade organizacional.
92
5.6.4. A Identificação de Riscos
Para a se proceder à identificação dos principais riscos presentes em cada uma das atividades de
construção, recorreu-se a informações sobre projetos do mesmo tipo, a opiniões dos técnicos
especializados na realização de cada uma das tarefas, assim como da opinião de elementos
pertencentes à equipa de direção de obra e fiscalização do empreendimento.
Uma ferramenta crucial, que auxilia ativamente na identificação de riscos são o conjunto de
especificações técnicas presentes no caderno de encargos e condições técnicas especiais referentes à
atividade em causa.
Através do estudo elaborado no capítulo III e de estudos realizados no âmbito da identificação de riscos
chave, optou-se então por desenvolver uma listagem de riscos genéricos na indústria da construção que
servisse de base de dados para a identificação de riscos nas atividades em causa (ver Anexo IV). Esta
listagem de verificação de riscos tem por objetivo delinear um procedimento dinâmico para a
constatação de riscos numa dada atividade ou categoria de atividades. Esta listagem deverá ser
complementada ao longo do período de utilização.
Para a atividade 1 “Rede de esgotos pluviais - Execução de caixas de drenagem e assentamento de
grelhas de sumidouros e tampas das caixas dos esgotos pluviais”, tomou-se em consideração a listagem
de riscos desenvolvida anteriormente, a realidade dos processos inerentes à atividade e a opinião de
engenheiros e outros envolvidos no processo de execução. Desta feita, foi possível desenvolver a lista
de riscos apresentada na Tabela 27.
Tabela 27 - Lista de riscos da atividade 1
Riscos que advêm do projeto
Dualidade projeto -
empreendimento
Existem alterações face ao projeto base
Rigor das especificações do projeto
Riscos que advêm do empreendimento
Risco associados à
gestão do
empreendimento
Competências de gestão do empreiteiro
Competências de execução do empreiteiro
Riscos de Planeamento Calendário de atividades
muito congestionado Disponibilidade de
recursos insuficiente
Riscos de
Orçamentação
Pouco rigor na orçamentação
Riscos de Estaleiro
Risco de alocação do mesmo equipamento a
atividades diferentes em simultâneo
Riscos associados à ausência de delimitação
e sinalética
Riscos Intrínsecos à
Natureza das Atividades Risco de esmagamento Risco de soterramento
Riscos do processo e o produto final não terem
a qualidade desejada
Risco associado a quantidades de
trabalho
Riscos Associados a
Questões Humanas Baixa produtividade
Falta de coordenação entre os participantes
Trabalhadores não qualificados
Riscos que advêm de fatores externos
Mercado Inflação do preço dos
materiais
Fornecedores Materiais defeituosos
93
Como se pode constatar a atividade em análise tem riscos de diferentes origens e de diferentes
referenciais. Tendo em consideração a listagem de riscos elaborada para esta atividade apresentam-se
na Tabela 28 os riscos com os respetivos referenciais em que estes têm repercussões:
Tabela 28 - Riscos e os referenciais impactados (atividade 1)
Custos Prazos Qualidade Segurança Ambiente
Existem alterações face ao projeto base
Existem alterações face ao projeto base
Materiais defeituosos Riscos associados à
ausência de delimitação e sinalética
Rigor das especificações do projeto
Rigor das especificações do projeto
Trabalhadores não qualificados
Risco de esmagamento
Baixas competências de gestão do empreiteiro
Baixas competências de gestão do empreiteiro
Baixas competências de execução do empreiteiro
Risco de soterramento
Baixas competências de execução do empreiteiro
Baixas competências de execução do empreiteiro
Disponibilidade de recursos insuficiente
Trabalhadores não qualificados
Pouco rigor na orçamentação
Calendário de atividades muito congestionado
Pouco rigor na orçamentação
Inflação do preço dos materiais
Disponibilidade de recursos insuficiente
Baixa produtividade Risco de alocação do mesmo
equipamento a atividades diferentes em simultâneo
Falta de coordenação entre os participantes
Baixa produtividade
Risco associado a quantidades de trabalho
Falta de coordenação entre os participantes
Para a atividade 2 “Rede de esgotos pluviais - Ligação das caixas de drenagem ao coletor pluvial”,
procedeu-se de modo análogo à atividade precedente, com o benefício de se tratar de uma atividade
pertencente à mesma categoria da anterior, que já viu a sua listagem de riscos executada. Deste modo,
complementou-se a listagem de riscos tipo apresentada na Tabela A.IV. 2 do Anexo IV. Para esta
atividade, encontram-se também apresentados a listagem de riscos com os respetivos referenciais
impactados (ver Tabela A.IV. 3 e Tabela A.IV. 4 do Anexo IV)
A listagem de riscos da atividade 3 “Nivelamento de terrenos das zonas ajardinadas” pode ser
consultada na Tabela A.IV. 5 no Anexo IV. Os referenciais impactados e as fontes de risco encontram-se
também sintetizados na Tabela A.IV. 6 do mesmo anexo.
5.6.5. A Análise e Classificação de Riscos
O modelo apresentado no capítulo IV estabelece as linhas conceptuais para a delineação de princípios
classificativos (ver ponto 1.7.1.1., 1.7.1.2., 1.7.1.3., 1.7.1.4., 1.7.1.5. do referido capítulo). Dada a
referida situação, para se proceder à análise e classificação de riscos contextualizados a dada atividade,
é necessário construir as premissas classificativas de cada um dos indicadores, leiam-se custos, prazos,
qualidade, segurança e ambiente. Estas premissas deverão ser construídas para cada atividade ou para
cada categoria de atividades. No presente caso será apenas construída um tipo de premissas, as
referentes à rede de esgotos pluviais, que será apresentada em seguida. As premissas referentes aos
espaços verdes poderão ser consultadas no Anexo IV. Deste modo para a categoria Esgotos Pluviais
referente à atividade 1 e 2 definem-se as seguintes premissas:
94
O Referencial Custos:
O referencial custos foi alinhado consoante a opinião da equipa de direção de obra face aos montantes
envolvidos na categoria Esgotos Pluviais. Tendo em atenção as variáveis do modelo X, X1 e X2, estes
valores toma então os valores de 2%, 5% e 10% respetivamente (ver Figura 49).
Figura 49 – Método classificativo do indicador custos (Esgotos Pluviais)
O Referencial Prazos:
O referencial prazos encontra-se apresentado na Figura 50 e foi construído em função da duração
prevista para a atividade e das folgas em relação a outras atividades. Definiu-se assim X = 5%, como o
valor que separa o que são repercussões locais de globais.
Figura 50 - Método classificativo do indicador prazos (Esgotos Pluviais)
95
O Referencial Qualidade:
O referencial qualidade apresenta-se como sendo o mais complexo dos cinco referenciais, uma vez que
é composto por três escalas: a escala de conformidade com requisitos, a escala de satisfação do cliente
e a escala de ausência de defeitos. Atendo à relevância da categoria Esgotos Pluviais no
empreendimento definiram-se as premissas apresentadas na Tabela 29, na Tabela 30 e na Tabela 31.
Importa também recordar o leitor para o facto da última linha de cada uma das referidas tabelas se
referir ao coeficiente de importância (peso X, Y e Z) de cada escala, leia-se, escala de conformidade com
requisitos, escala de satisfação do cliente a escala de ausência de defeitos. Sendo que:
� + � + = 1 (6)
Para o caso da Categoria Esgotos Pluviais, considerando requisitos funcionais, estéticos e desempenho
atribuíram-se os valores apresentados na Equação (7).
����� = ,� = 0,6� = 0,2 = 0,20 (7)
Tabela 29 - Método classificativo do indicador qualidade, Conformidade com Requisitos (Esgotos
Pluviais)
Indicador Conformidade com Requisitos Categoria Esgotos Pluviais
0 Não se aplica Não se aplica
1 O risco em causa não tem efeitos na
conformidade de Requisitos
Incluem-se neste nível, todos ou quaisquer riscos cuja ocorrência não interfira com requisitos técnicos, em conformidade com o projeto,
especificações técnicas, caderno de encargos e qualquer outro documento com relevância técnica comprovada para o empreendimento
2 O risco interfere com a conformidade de Requisitos de Carater Facultativo
Incluem-se neste nível, todos ou quaisquer riscos cuja ocorrência não interfira com requisitos técnicos, no que toca à qualidade do processo e do produto final, mas que interfira com o carater extra da realização de uma
atividade.
3
O risco interfere com a não conformidade de requisitos de carater intrínseco à organização mas aceitável
nos padrões comuns
Incluem-se neste nível, todos ou quaisquer riscos cuja ocorrência não interfira com requisitos técnicos, no que toca à qualidade do processo e do
produto final, mas que interfira com a boa prática, e os padrões de execução da organização
4 O risco traduz-se no incumprimento
de requisitos fundamentais à execução da atividade
Incluem-se neste nível, todos ou quaisquer riscos cuja ocorrência interfira com requisitos técnicos especificados, no que toca à boa pratica e aos
padrões de execução da atividade. (Elevada probabilidade do produto final não ser aceitável, tendo em conta o desempenho e outros fatores
expectáveis).
5 O risco traduz-se no incumprimento
de requisitos fundamentais à atividade e ao produto final
Incluem-se neste nível, todos ou quaisquer riscos cuja ocorrência interfira com requisitos técnicos especificados, no que toca à boa pratica e aos
padrões de execução da atividade e no produto final expectado. (Elevada probabilidade do produto final não ser aceitável nos padrões comuns).
Peso X = 0,6
96
Tabela 30 - Método classificativo do indicador qualidade, Satisfação do Cliente (Esgotos Pluviais)
Indicador Satisfação do Cliente Categoria Esgotos Pluviais
0 Não se aplica Não se aplica
1 O risco em causa não tem efeitos na satisfação
do cliente O risco em causa não afeta o processo de execução nem o produto
final expectável em nenhum nível
2 Grau de satisfação aceitável por parte do
cliente
O risco em causa afeta o processo de execução ou o produto final no seu carater extra mas continua a ser aceitável aos padrões
expectáveis cliente
3 A possibilidade de insatisfação do cliente é real, não só referente ao produto final, mas
também à atividade
O risco em causa afeta poderá comprometer o processo de execução e o produto final no que respeita aos padrões de
aceitabilidade do cliente
4 Cliente insatisfeito, a atividade e/ou o produto final não vão ao encontro das expetativas do
cliente
O risco em causa afeta diretamente o processo de execução ou o produto final não indo ao encontro aos padrões expectáveis do
cliente
5 Insatisfação total do cliente relativo à
atividade e/ou o produto final
O risco em causa compromete o processo de execução e/ou o produto final na maioria dos padrões expectáveis pelo cliente
(sejam estes, desempenho, garantia, estética).
Peso Y = 0,2
Tabela 31 - Método classificativo do indicador qualidade, Defeitos (Esgotos Pluviais)
Indicador Escala de Defeitos Categoria Esgotos Pluviais
0 Não se aplica Não se aplica
1 O risco em causa não provoca defeitos no
produto final O risco em causa não afeta o processo de execução nem o produto
final expectável em nenhum nível
2 Defeitos impercetíveis e sem repercussões no
produto final
O produto final respeita os padrões previstos e as expetativas funcionais para as quais foi concebido, mas apresenta defeitos
impercetíveis de algum tipo (funcional, operacional, estético, outro)
3 Defeitos percetíveis sem repercussões no
produto final
O produto final não respeita os padrões previstos mas respeita as expetativas funcionais para os quais foi concebido, mas apresenta
defeitos de algum tipo (estético, funcional, outro)
4 Defeitos percetíveis e com repercussões
parciais no produto final O produto final não respeita os padrões previstos mas respeita as
expetativas funcionais para os quais foi concebido
5 Defeitos percetíveis ou impercetíveis e com
repercussões estruturais produto final O produto final não respeita os padrões e as expetativas funcionais
para os quais foi concebido
Peso Z = 0,2
O Referencial Segurança:
A construção deste referencial foi realizada em linha com o carater rigoroso e inflexível da organização
nesta matéria. A organização não permite margens neste âmbito e em paralelo com a empresa de
fiscalização não permitem qualquer tipo de deslize. Desta feita as premissas encontram-se apresentadas
na Tabela 32.
97
Tabela 32 - Método classificativo do indicador segurança (Esgotos Pluviais)
Indicador Segurança Categoria Esgotos Pluviais
0 Não se aplica Não se aplica
1 Sem perigo de lesões físicas a cuidados básicos de primeiros
socorros
Incluem-se neste nível situações de trabalho correntes que envolvam de forma direta o contacto entre operários ou outros envolvidos com uma atividade de construção,
atividade esta que não justifique medidas preventivas. Incluem-se também neste nível atividades de nível de risco superior mas que detenham os métodos e as
medidas preventivas adequadas.
2 Perigo de lesões com
necessidade de cuidados de enfermagem
Incluem -se neste nível todos ou quaisquer trabalhos na categoria da atividade que envolvam riscos de segurança com repercussões muito leves nos envolvidos devido
às insuficientes ou ineficazes medidas preventivas.
3
Perigo de lesões leves com necessidade de cuidados
médicos, mas sem internamento hospitalar
Incluem -se neste nível todos ou quaisquer trabalhos na categoria da atividade que envolvam riscos de segurança com repercussões leves nos envolvidos devido às
insuficientes ou ineficazes medidas preventivas.
4
Perigo de lesões graves a incapacidade permanente para trabalhadores e/ou
terceiros
Incluem -se neste nível todos ou quaisquer trabalhos na categoria da atividade que envolvam riscos de segurança com repercussões graves a permanentes nos
envolvidos, devido às insuficientes ou ineficazes medidas preventivas.
5
Perigo de morte ou incapacidade permanente para trabalhadores e/ou
terceiros
Incluem -se neste nível todos ou quaisquer trabalhos na categoria da atividade que envolvam riscos de vida para os envolvidos e terceiros e cujas medidas preventivas
sejam consideradas ineficazes ou insuficientes à proteção da vida.
O Referencial Ambiente:
O referencial ambiente foi definido de, à partida, não se apresentarem riscos relevantes nesta área para
o caso das atividades selecionadas. O referencial encontra-se apresentado na Tabela 33:
Tabela 33 – Método classificativo do indicador ambiente (Esgotos Pluviais)
Indicador Ambiente Categoria Esgotos Pluviais
0 Não se aplica Não se aplica
1 De sem impacte ambiental a
recuperação no prazo de poucos meses
Incluem-se neste nível todas as atividades pertencentes à categoria de atividades em causa, que não tenham impactes ambientais, ou cujas medidas preventivas eficazes
tenham sido tomadas.
2 Recuperação no prazo de
alguns meses a poucos anos
Inserem-se neste nível atividades construção cujos impactes ambientais são inevitáveis e cuja recuperação poderá ir de alguns meses até vários anos (Exemplo:
grandes áreas de desmatação, grandes volumes de movimentos de terra…)
3 Recuperação no prazo de
alguns anos a poucas décadas Inserem-se neste nível atividades construção cujos impactes ambientais são inevitáveis e cuja recuperação poderá ir de alguns anos até várias décadas
4 Recuperação ambiental
possível no prazo de muitas décadas
Não tolerável segundo os princípios da organização
5
Grandes partes do ambiente destruído, ou
irreversivelmente modificadas
Não tolerável segundo os princípios da organização
98
Apresenta-se em seguida a síntese do processamento de dados com os respetivos indicadores
classificativos referentes à atividade 1. Recorde-se que os riscos e os respetivos referenciais já se
encontram identificados.
Figura 51 - Processamento do Indicador Custos (atividade 1)
Ao proceder-se à classificação segundo as premissas definidas, concluiu-se que apesar de nenhum dos
riscos ultrapassar a classificação definida pelo polígono da organização (Figura 47), pelo menos um dos
riscos deverá ser levado a tratamento devido ao carater cumulativo deste indicador (Ex: um risco A pode
aumentar o custo em X% e um risco B pode aumentar em Y%, logo o aumento total de custo pode ir até
X + Y). No ponto seguinte proceder-se-á ao tratamento dos riscos “Inflação do preço dos materiais” e
“Risco associado a quantidades de trabalho. Através da observação da Figura 51, pode concluir-se que
as classificações variam entre 0 e 3 sendo que o fator cumulativo justifica tratamento de algum dos
riscos.
Figura 52 - Processamento do Indicador Prazos (atividade 1)
Na Figura 52, referente ao indicador prazos, os riscos encontram-se dentro da área definida pelo
polígono da organização para a atividade em causa. Para a situação apresentada, o carater cumulativo
do indicador não interfere, porque apenas um dos riscos apresentados “Risco de alocação do mesmo
equipamento a atividades diferentes em simultâneo” interfere com o fator tempo definido. O fator
tempo definido foi de 5% em relação ao prazo definido como se pode observar na Figura 50. Alguns dos
99
riscos são repetidos com os riscos apresentados noutros referenciais, deve-se isto ao facto de dados
riscos terem impactos múltiplos.
Figura 53 - Processamento do Indicador Qualidade (atividade 1)
Na Figura 53 encontram-se apresentados os resultados da classificação do indicador qualidade em linha comas
premissas definidas. Importa realçar que os valores classificativos apresentados na referida figura, são resultado de
ponderações visto que cada escala tem o sue peso. Nas equações (8) e (9) é apresentado o cálculo da classificação
de cada risco:
Risco – Trabalhadores não qualificados
1 × 0,6 + 1 × 0,2 + 1 × 0,2 = 1� (8)
Risco – Pouco rigor na Orçamentação
2 × 0,6 + 2 × 0,2 + 1 × 0,2 = 1,8 ≅ 2 (9)
Os riscos classificados pelo indicador qualidade, também se situam dentro do polígono organizacional
definido para a atividade, sendo que nenhum deles justifica especial atenção. Neste indicador o fator
cumulativo não existe.
Figura 54 - Processamento do Indicador Segurança (atividade 1)
Os riscos classificados pelo indicador segurança (ver Figura 54), também se situam dentro do polígono
organizacional definido para a atividade, sendo que nenhum deles justifica especial atenção. Neste
indicador, à semelhança do indicador qualidade e ambiente, o fator cumulativo não existe.
As classificações atribuídas pela fase de processamento de dados, relativos à atividade 1, leia-se, Rede
de esgotos pluviais - Execução de caixas de drenagem e assentamento de grelhas de sumidouros e
tampas das caixas dos esgotos pluviais, resulta num polígono classificativo que deverá nesta fase ser
comparado ao das diretrizes organizacionais para esta categoria de atividades. Deste modo, apresenta-
100
se na Figura 55 a sobreposição dos dois polígonos sendo que a traço cheio encontra-se o polígono
obtido pelo método de análise sugerido.
Figura 55 - Sobreposição do polígono obtido com o polígono referência da organização
A construção dos referenciais classificativos para a atividade 3, leia-se, Nivelamento de terrenos das
zonas ajardinadas, assim como o respetivo processamento de dados poderão ser consultados no Anexo
IV. O processamento de dados relativo à atividade 2, também poderá ser encontrado no Anexo IV.
5.6.6. O Tratamento de Riscos
Concluída a fase de análise e classificação de riscos das atividades, é chegada a altura de se proceder ao
tratamento dos referenciais das atividades que não obtiveram aprovação face aos polígonos definidos
pela organização. Recorde-se que na Figura 55 apresenta-se a sobreposição dos polígonos referentes à
atividade 1. Todo e qualquer polígono que detenha uma ou mais extremidades fora da delimitação do
polígono definido pela organização passa imediatamente para a fase de tratamento, enquanto todos os
polígonos que se circunscrevam no polígono definido pela organização passam para os controlo e
monitorização periódicos.
A título de revisão do modelo conceptual do capítulo anterior, apresenta-se na Figura 56 o ciclo de
tratamento de riscos, fundamental a esta etapa. Nesta fase deverá selecionar-se uma ou várias medidas
de tratamento, apreciar a qualidade do tratamento e ter em atenção o facto do tratamento poder
introduzir ou não novos riscos.
Analise-se então o polígono da atividade 1 Rede de esgotos pluviais - Execução de caixas de drenagem e
assentamento de grelhas de sumidouros que detém uma das extremidades fora do limite. Essa
extremidade refere-se ao referencial custos. Importa recordar que tipo de riscos contribuem para essa
extremidade não estar circunscrita, observe-se novamente a Figura 51.
101
Figura 56 - Ciclo de tratamento de riscos
O referencial não passou nas restrições do polígono, não devido ao facto de existir um só risco com uma
classificação superior à admissível, mas por existir vários riscos de classificação inferior mas cujos efeitos
conjugados remetem o gestor para uma classificação superior. Para uma melhor explicitação do
problema veja-se a Tabela 34:
Tabela 34 - Incremento dos custos previstos através do fator cumulativo
Risco (Referencial Custo) Incremento do custo (%) Valores exatos (%)
Existem alterações face ao projeto base <2 0,5
Rigor das especificações do projeto 0 0
Competências de gestão do empreiteiro 0 0
Competências de execução do empreiteiro 0 0
Pouco rigor na orçamentação <2 1
Inflação do preço dos materiais 2 <X <5 3
Baixa produtividade 0 0
Falta de coordenação entre os participantes 0 0
Risco associado a quantidades de trabalho <2 0,5
Total 7 (ponderado) 5
Classificação do indicador 4 4
Pelo impacto no referencial de custos, opta-se neste caso pelo tratamento de dois riscos, a inflação do
preço dos materiais e os riscos associados a quantidades de trabalho, visto que ambos detêm
classificações consideráveis, 3 e 2 respetivamente. Este seria um procedimento a ser realizado ao nível
da gestão operacional, uma vez que os riscos não são resultantes dos princípios organizacionais da
empresa, nem são de foro operacional.
Após a fase de identificação de riscos que deverão ser sujeitos a tratamento, deverá procurar
identificar-se as suas fontes e um processo de tratamento viável. Os métodos de tratamento
encontram-se referidos no capítulo anterior e poderão ser consultados no Anexo IV.
102
Tratamento do Risco “Inflação do preço dos materiais”
Opções de tratamento admissíveis:
• Remoção da fonte de risco – Renegociação com fornecedores, ou procura de novos
fornecedores;
• Partilha de risco com outras partes – Renegociação com fornecedores tendo em conta material
que ainda falta adquirir obriga fornecedores a assumir certos riscos.
Tratamento do Risco associado a “Quantidades de trabalho”
Opções de tratamento admissíveis
• Alterar consequências – Renegociação com o dono de obra, baixar o preço de materiais e mão
de obra;
• Partilha de risco com outras partes - Renegociação com o dono de obra.
Deverá então aplicar-se o tratamento selecionado, e proceder-se ao preenchimento da ficha tipo de
tratamento de riscos presente no Anexo IV que identifica explicitamente o tratamento adotado e
permite anotar resultados do tratamento assim como o registo de modificações ao mesmo.
Os tratamentos adotados não introduzem novos riscos e não exigem controlo e monitorização
alongados, visto que são ações com consequências imediatas que não deverão ter repercussões futuras.
O acompanhamento realizado à atividade não deverá ser dispensado. As atualizações dos registos
deverão ser realizadas periodicamente num intervalo de tempo que se considere adequado.
O processo de tratamento é então concluído com uma nova comparação de polígonos que poderá ser
observada na Figura 57:
Figura 57 - Sobreposição de polígonos após tratamento
Informações relativas ao processo de tratamento dos riscos 2 e 3 poderão ser consultadas no Anexo IV,
do presente documento.
103
5.6.7. O Controlo e Monitorização de Riscos
O controlo e monitorização deverão ser executados, não só sobre as atividades que foram sujeitas a
tratamento, como também às atividades que não apresentaram riscos de maior, no momento em
estiveram sujeitas ao processo classificativo sugerido pelo modelo.
Desta feita, a anexar aos procedimentos de controlo que possam existir para dados processos, quer
sejam estes da autoria do diretor de obra, quer sejam da fiscalização, deverão ser incluídos os
documentos referidos em 1.9.2. leiam-se, relatórios iniciais sobre risco e documentos que contenham
informações referentes a apreciações iniciais, documentos que reportem informações sobre conclusões
de evidências constatadas em atividades de construção, relatórios finais e documentos que reportem
conclusões finais relativas à performance do controlo técnico e relatórios de vigilância que constatem
modificações assim como documentos que reportem não conformidades específicas.
5.7. Conclusões do Capítulo
5.7.1. Comparação das Simulações com o Cenário Real
A realidade do empreendimento, no que toca à preparação de atividades de construção, é um processo
muitas vezes de gestão empírica e de caráter não sistemático, uma vez que diversos fatores
relacionados com o cumprimento de objetivos organizacionais influenciam o processo.
Em termos genéricos foi possível concluir que relativamente à atividade 1 “Execução de caixas de
drenagem e assentamento de tampas de sumidouros”, o processo de gestão de risco simulado através
da aplicação do modelo definido foi bem-sucedido. Tratou-se de uma atividade na qual foi possível
identificar diversos riscos, com diferentes graus de relevância e através do acompanhamento do
empreendimento, foi possível ter acesso aos inputs do sistema de análise do processo de gestão. Numa
análise técnica das atividades, o facto de o material não estar ainda adquirido à data da preparação da
atividade incorreu no risco de inflacionar o seu valor. Outro risco de especial importância foi o “pouco
rigor na orçamentação” uma vez que o projeto tinha sofrido alterações e existiam dúvidas quanto aos
valores das novas quantidades de trabalho. Estes riscos foram classificados pelo modelo com valores 3 e
2 respetivamente, que à partida não seriam preocupantes, mas o seu impacto conjugado iria extrapolar
os limites definidos pelo polígono. No cenário real não existiu discretização de riscos, mas existiu
consciência de que o material deveria ser renegociado com o fornecedor e que cuidados deveriam ser
tomados caso o rigor da orçamentação se revelasse extremamente desfavorável. Os materiais foram
renegociados e o baixo rigor da orçamentação revelou-se favorável ao empreiteiro. Concluiu-se então
que, relativamente à atividade 1 os procedimentos de tratamento sugeridos pelo modelo coincidiram
com os procedimentos adotados na realidade, este facto aumenta a credibilidade da simulação.
Quanto à atividade 2 “Ligação das caixas de drenagem ao coletor pluvial”, os riscos identificados foram
similares aos identificados na atividade 1, o que se justifica com o facto de serem da mesma categoria
de trabalhos e pelo facto de uma atividade ser complementar da outra. Os riscos sujeitos a tratamento
104
pertenciam ambos ao referencial custos e no cenário real os procedimentos de tratamento dos mesmos
revelaram-se similares.
No que toca à atividade 3 (Nivelamento de terrenos exteriores), atividade esta, que se enquadra na
categoria cujo modelo definiu de “Zonas Verdes”, revelou-se uma atividade de risco controlado uma vez
que todas as classificações dos diferentes referenciais se circunscreveram no polígono. Este fenómeno
poderá estar associado ao facto de se tratar de uma atividade realizada pelo empreiteiro geral que
detém todos os recursos necessários à sua realização, tendo ainda em seu benefício o facto de não se
tratar de uma atividade crítica. Os riscos mais influentes nesta atividade estão relacionados com o fator
produtividade devido à não criticidade da mesma.
5.7.2. Considerações Sobre o Modelo
Globalmente o modelo demonstrou uma boa aplicabilidade ao caso de estudo, conseguindo
reestruturar-se devidamente para cada uma das atividades selecionadas. Importa referir que a seleção
das atividades não se prendeu com a relevância de custos, prazos ou recursos para o empreendimento,
como desejável, mas sim com as limitações referentes ao período de acompanhamento.
Sobre as características do modelo, este revelou-se exigente do ponto de vista dos parâmetros de
entrada, quer na fase de identificação, quer na fase de classificação, visto que, certos riscos não são
fáceis de identificar, assim como todos os dados necessários à sua análise e classificação nem sempre se
encontram predispostos a este tipo de abordagem. Foi assim possível concluir que a utilização deste
tipo de modelo de gestão de risco iria incrementar substancialmente a transparência dos processos
construtivos e paralelamente, promoveria o desenvolvimento de documentos técnicos, como cadernos
de encargos, especificações técnicas, condições técnicas especiais e autos de medição. A listagem de
riscos é um processo de domínio alargado, na medida em que, nem sempre é possível identificar todos
os riscos inerentes a dados processos, e apesar de serem identificados os principais, outros riscos
poderão escapar à identificação. Este processo deverá assim, ser refinado ao longo do período de
aplicação e desenvolvimento do modelo. Importa salientar que, a devida absorção dos processos de
gestão, e o desenvolvimento de uma estrutura organizacional neste âmbito tornará o modelo mais
dinâmico.
Sobre a aplicação do modelo, apesar de se tratar de uma amostra de apenas 3 atividades, é possível
inferir sobre algumas premissas deste tipo de gestão, leiam-se, atividades pertencentes a uma mesma
categoria incorrem numa maior probabilidade de serem impactadas por riscos semelhantes, uma
atividade por mais simples que seja, é sempre composta por outras atividades e a subdivisão até à
“microatividade” é contraproducente, do ponto de vista da gestão de risco, visto que estas últimas não
têm valores quantitativos para os referenciais do empreendimento. Nesta abordagem foi difícil definir
até que ponto as diretivas organizacionais afetavam os riscos inerentes a uma atividade de construção.
Devido ao breve contacto com o empreendimento para a análise elaborada considerou-se que não
existiam riscos de índole organizacional.
105
As atividades sujeitas ao processo de gestão de riscos proposto, revelaram-se de baixo risco, visto que
não apresentavam classificações de indicadores muito desfasados dos pressupostos assumidos
representados nos polígonos classificativos. É ainda de referir que as soluções de tratamento de riscos
apresentaram a eficácia desejada, e apesar do processo ter sido apenas simulado, estas soluções foram
aplicadas na realidade ainda que de modo empírico.
106
107
VI. Conclusão
6.1. Conclusão Geral
A indústria da construção, à semelhança de outras áreas profissionais, está em constante mudança. O
aumento da complexidade dos projetos, a ambição de construir cada vez mais rápido, mais barato,
melhor, a utilização de novos materiais, a constante busca pela inovação e a tentativa, cada vez maior,
de reduzir os impactos sobre o ambiente são fatores que muito têm contribuído para o progresso da
construção e, consequentemente dos profissionais envolvidos. Conclui-se deste modo que cada vez
mais as organizações são obrigadas a assumir riscos, as suas ações e inações refletem-se todos os dias
em progressos ou perdas. A gestão de risco é o caminho destas organizações e tal como Uher (2003) a
definiu, trata-se da elaboração de um modo sistemático de analisar áreas de risco e determinar
racionalmente como cada um deverá ser tratado. Os guias de gestão de risco analisados são sobretudo
vocacionados para a gestão de custos e prazos, e os resultados dos estudos apresentados no capítulo
Estado da Arte demonstraram que os principais riscos identificados pelas empresas de construção e
pelos stakeholders do projeto contextualizam-se nesse âmbito.
A primeira fase do estudo teve o objetivo de conhecer quais os principais riscos que influenciam as
tomadas de decisão de empresas de construção, projeto e fiscalização, visto que os dados
disponibilizados até à data neste âmbito pertencem a estudos realizados em países estrangeiros. Numa
abordagem similar à de estudos internacionais, foram validados 28 riscos, reconhecidos enquanto
relevantes à realidade nacional. De entre o conjunto de riscos que receberam classificação elevada,
refiram-se “Falhas de projeto”, “Atrasos de pagamento” “Competência do empreiteiro” “Acidentes de
trabalho”, “Coordenação de subempreiteiros” e “Situações incontroláveis/inesperadas” que obtiveram,
todos eles, classificações médias e modas superiores a 3,5. A relevância atribuída a estes riscos, reflete a
experienciação das empresas portugueses no que diz respeito ao contacto com riscos e permite concluir
que existe uma preocupação acrescida das diferentes entidades com questões de pagamentos,
qualidade de trabalho, segurança e com a coordenação dos diversos intervenientes no
empreendimento. A par deste processo pretendia-se também conhecer a posição das organizações face
ao conceito de partilha de risco, ao que se concluiu que as organizações têm presente o conceito de
partilha de risco com outras entidades, mas que as empresas de construção têm uma maior tendência
para assumir a maioria dos riscos inerentes a um empreendimento de construção. Importa também
mencionar que os resultados revelaram que apesar de existir conhecimento quanto à hipótese de
partilha de risco, não existe ainda uma predisposição natural à sua realização. Ainda neste âmbito foi
possível conhecer e hierarquizar ferramentas e métodos de tratamento de riscos, métodos estes, que
também viram a sua relevância validada perante a realidade nacional. Refira-se que, relativamente ao
processo de reconhecimento e hierarquização de ferramentas e métodos, as empresas projetistas
revelaram maior proximidade com ferramentas e métodos preventivos, enquanto empresas de
construção deram maior relevância a ferramentas e métodos de mitigação, o que se justifica dado o
carater intrínseco das atividades realizadas por cada uma das empresas. De entre as ferramentas e
108
métodos alvo de classificações elevadas, distinguem-se todas as relacionadas com coordenação de
pessoas, o que evidencia que a gestão de risco passa pelo desenvolvimento da proximidade e fomento
da comunicação entre os intervenientes no empreendimento.
A segunda fase do estudo passou pela elaboração de uma estrutura conceptual para a gestão de risco
em atividades de construção. Atendendo às necessidades das organizações, e com base nos resultados
dos inquéritos realizados na primeira fase do estudo, tornou-se possível conhecer as áreas da
construção com maior impacto nas organizações e mais sensíveis de serem geridas. Concluiu-se, deste
modo, que o modelo iria incidir sobre cinco referenciais chave, leiam-se, custos, prazos, qualidade,
ambiente e segurança. O modelo revela à partida uma forte relação de interdependência com os
objetivos e premissas organizacionais, sendo que a sua eficácia estará dependente dos critérios
adotados. O modelo deverá ser aplicado em dois períodos distintos, um primeiro, que remete toda a
gestão realizada para o conceito de prevenção, leia-se a data de preparação e início da execução das
atividades, e um segundo momento situado no período de execução das atividades, que remete a
gestão para o conceito de mitigação. O princípio chave do modelo assenta no conceito de que uma dada
atividade encontra-se sujeita à ação de diferentes riscos, sendo que os riscos principais devem ser
identificados e categorizados consoante tenham impactos nos referenciais custo, prazo, qualidade,
ambiente e segurança, depois, cada um deles deverá ser analisado e classificado segundo o seu contexto
e, após comparação com as diretrizes organizacionais no que respeita à tolerabilidade do risco, deverão
ser ou não sujeitos a tratamento. O modelo prevê ainda que sejam realizados processos de controlo e
monitorização não só aos riscos sujeitos a tratamento, mas também a todo o ciclo de gestão. Foi então
possível concluir que o sucesso do processo de identificação proposto está diretamente ligado com a
base de dados disponível, com a experiência da equipa de gestão e com a qualidade da informação. O
processo de análise depende da qualidade e da abundância de informações respeitantes à organização,
à conjetura e à atividade. Este processo apresenta duas inovações, leiam-se, polígonos classificativos e
matrizes de risco conjugado que foram idealizados e construídos pelo autor e dinamizam todo o
processo. Importa referir que face às vantagens de leitura e conjugação de informação dos polígonos, a
solução de matrizes proposta, perde dimensão. Quanto ao tratamento, controlo e monitorização de
riscos, concluiu-se que a execução de registos periódicos relativos aos ciclos do processo promove
ativamente a melhoria contínua de todo o ciclo de gestão, daí o desenvolvimento das fichas
apresentadas no Anexo III.
Finalmente, concluiu-se o documento apresentado através da aplicação do modelo desenvolvido a um
caso de estudo, o empreendimento “The Keys” na Quinta do Lago no Algarve. Da análise das três
atividades de construção selecionadas, concluiu-se que o modelo apresentou boa capacidade de
modelação a cada uma delas, isto levando em consideração os resultados reais de cada uma delas.
Concluiu-se analogamente que o modelo desenvolvido tem uma estrutura aplicável a empreendimentos
de construção e que o seu sucesso está dependente de fatores como: as diretrizes da organização, a
comunicação intraempresa e interempresas, a abundância de dados, a qualidade desses mesmos dados
e a experiência e visão da equipa de gestão. Concluiu-se que uma atividade de construção por mais
109
simples e pequena que seja é sempre constituída por subactividades que a constituem. As atividades
selecionadas não foram exceção, daí que o modelo apesar de pensado para uma atividade enquanto
elemento indivisível, acaba por ser aplicado a sequências de atividades, o que não levanta qualquer
inconveniente, visto que seria inviável em termos de encargos e recursos gerir os riscos de todas as
“microactividades” executadas no empreendimento. Importa ainda salientar que o modelo proposto
revelou-se um modelo exigente do ponto de vista dos parâmetros de entrada, quer na fase de
identificação, quer na fase de classificação, visto que certos riscos não são fáceis de identificar por
equipas com pouca experiência, assim como todos os dados necessários à análise e classificação de dada
atividade nem sempre estão disponíveis. Foi assim possível concluir que a utilização deste tipo de
modelo de gestão de risco iria incrementar substancialmente a transparência dos processos construtivos
e paralelamente, promoveria o desenvolvimento de documentos técnicos, como cadernos de encargos,
especificações técnicas, condições técnicas especiais e autos de medição. Desta feita concluiu-se que
algumas das premissas do modelo só são atingidas através de rotinas adquiridas e através da
aprendizagem contínua desenvolvida pelo contacto com as atividades e com o processo de gestão de
risco em si. A título conclusivo, a dinamização do modelo a uma estrutura organizacional de construção
só é conseguida com a sistematização do ciclo de gestão por parte da equipa de gestão de risco e dos
responsáveis por cada atividade de construção, de modo a alcançar a otimização desejada, e evitando a
burocratização do sistema.
6.2. Desenvolvimentos Futuros
Enquanto desenvolvimentos futuros, sugere-se em primeiro lugar a continuação da linha de
investigação dos fatores que geram aceitabilidade ou rejeição ao risco, por parte das organizações de
construção, uma vez que conhecer estes fatores contribui para o desenvolvimento dos sistemas de
gestão de risco.
Sugere-se também a construção de uma estrutura de dados digital com interface também digital com
capacidade de processamento de dados, que permita ao utilizador realizar as diversas etapas do ciclo de
gestão de risco do modelo proposto. Os objetivos deste estudo passam por dinamizar toda a aplicação
prática do modelo a empreendimentos de construção.
Um outro estudo interessante seria o acompanhamento de um novo empreendimento de construção.
Este estudo teria em vista a aplicação do modelo proposto a um leque representativo de atividades que
permitisse uma abordagem mais abrangente relativamente ao domínio de aplicação do modelo. Seria
desejável que o referido acompanhamento começasse na fase de preparação da construção do
empreendimento, e se estendesse até à fase da entrega. Caso a estrutura digital já se encontrasse
realizada, este segundo estudo revelar-se-ia ainda mais proveitoso.
Por fim, sugerem-se estudos relativos ao desenvolvimento de um modelo integrado gestão que
procurasse conjugar os princípios de gestão de uma organização no que diga respeito a políticas de
qualidade, ambiente, segurança e risco.
110
111
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http://www.negocios.maiadigital.pt/hst/sectoractividade/construcaocivil/riscosmedidaspreventivas
I
Anexo I
II
III
Estudo “Risk and Its management in the Kuwait Construction Industry: a
contractor’s perspective” por Nabil A. Kartam e Saied A. Kartam
Resultados relativos ao processo de alocação de riscos do referido estudo:
Tabela A.I. 1 – Riscos alocados ao Empreiteiro
Riscos Alocados ao Empreiteiro
Disponibilidade de mão-de-obra equipamento e recursos
Acidentes
Rigor na definição de trabalho
Disputas de trabalho
Inflação
Condições climatéricas adversas
Qualidade de trabalho
Produtividade
Diferentes condições dos locais
Coordenação com os subempreiteiros
Materiais defeituosos
Quantidades de trabalho
Competência do empreiteiro
Incapacidade Financeira
Precisão dos programas do projeto
Tabela A.I. 2 – Riscos alocados ao Dono de Obra
Riscos Alocados ao Dono de Obra
Alterações nas Negociações
Licenças e Regulamentos
Rigor na definição de trabalho
Alterações aos trabalhos
Incapacidade Financeira
Tabela A.I. 3 – Riscos Partilhados
Riscos Partilhados
Alterações nas Negociações
Situações incontroláveis/ inesperadas
Incapacidade Financeira
Atrasos de Terceira Parte
Acessibilidade do local
Atrasos na resolução de conflitos
Falhas de projeto
Alterações aos trabalhos
Políticas Governamentais
Rigor na definição de trabalho
IV
V
Anexo II
VI
VII
Empresas de Projeto e Fiscalização
As empresas de projeto e fiscalização sujeitas a inquérito encontram-se apresentadas na Tabela A.II. 1
Tabela A.II. 1 – Empresas de Projeto e Fiscalização
As empresas de empreiteiros sujeitas a inquérito encontram-se apresentadas na Tabela A.II. 2
Tabela A.II. 2 – Empresas de Construção
Projetistas Fiscalização
Certilegre Ficope
Estudo Prévio - Projectos de Engenharia, SA Tecnoplano SA
Arquisol Cinclus
Pedro Tavares Lda. Ripórtico
VHM Fassa Lusa
Odebrecht Pedro Tavares Lda.
Engimodus Engenharia Fagipt ACE
Construção
Tecnisan S.A CleanConstruction, S.A
Betão e Taipa Spoveigas A.C.E
Lena Construções Jaime Técnico de Águas, LDA
Mota-Engil Futureficaz, Lda
OPWAY Igor Severino, Lda.
Rodium Cruzamétodo - Canalizações Unipessoal Lda.
A.C. Almeida Pavieste - Execução Técnica de Pavimentos SA
Engiarte Olizela Construção Civil, Lda
BonusBarometro Moderpratica
Ferbritas Microprisma,lda
José de Sousa Barra e Filhos Gregório da Silva Vistas e Filhos Lda.
VIII
Ficha de inquérito Empreiteiros
Grupo I – Reconhecimento e relevância de riscos (Empreiteiros):
IX
Grupo II – Alocação de Riscos (Empreiteiros):
Grupo III – Ferramentas e métodos de prevenção de Risco (Empreiteiros):
X
Grupo IV – Ferramentas e métodos de Prevenção (Empreiteiros):
Grupo V – Informação geral (Empreiteiros):
XI
Ficha de inquérito Projetistas
Grupo I – Reconhecimento e relevância de riscos (Projetistas):
Grupo II – Alocação de Riscos (Projetistas):
Este grupo não faz parte das fichas de inquérito das empresas projetistas
XII
Grupo III – Ferramentas e métodos de prevenção (Projetistas):
XIII
Grupo IV – Ferramentas e métodos de mitigação de riscos (Projetistas):
Grupo V – Informação geral (Projetistas):
XIV
Ficha de inquérito Fiscalização
Grupo I – Reconhecimento e relevância de riscos (Fiscalização):
Grupo II – Alocação de Riscos (Fiscalização):
XV
Grupo III – Ferramentas e métodos de prevenção (Fiscalização):
Grupo IV – Ferramentas e métodos de mitigação de riscos (Fiscalização):
Grupo V – Informação geral (Projetistas):
XVI
XVII
Anexo III
XVIII
XIX
Fichas de tratamento de Risco
XX
Ficha de Controlo e Monitorização do Ciclo de Gestão de Riscos
XXI
Anexo IV
XXII
XXIII
A Lista de Subempreiteiros à data da comunicação prévia do empreendimento
“The Keys”
Tabela A.IV. 1 – Empresas de empreiteiros e subempreiteiros
Empreiteiro Geral
Tecnisan S.A.
Lista de subempreteiros presentes na comunicação prévia
Jorge Afonso - Topografia, Estudos e Planeamento
Darkglobe - Construção e Electricidade
Isoalgarve - Companhia de Isolamentos do Algarve
BonusBalanço - Construção Civil e Obras Públicas
S. Lebedev - Unipessoal, Lda.
Consórcio - Construção Civil Unipessoal Lda.
Sidney, Júlio e Marcos - Construções Lda.
Spoveigas A.C.E
Furicortbet - Furação e Corte de Betão
Magnioferta - Empresa de Trabalho Temporário Lda
Agar - Sociedade Termodinâmica e Electrotecnia, Lda.
Grigore Pantea Unipessoal
Releve - Recursos Energéticos Lda.
Novo & Novo - Construção e Revestimentos Lda.
Nível Mágico Lda.
Montal - Montagem, Aluguer e Venda de Estruturas Metálicas
Cruzamétodo - Canalizações Unipessoal Lda.
Jaime Técnico de Águas, Lda.
SIEMCE - Sistemas Integrados de Engenharia e Modelação na Construção de Edifícios, Lda.
Sinsadef Unipessoal Lda.
SamiCofra - Equipamentos para Construção Civil Lda.
Pavieste - Execução Técnica de Pavimentos S.A
Gonçalves Dias Lda.
Olizela Construção Civil, Lda
Otis - Elevadores Lda
XXIV
A Listagem de Riscos
A listagem dos riscos de carater genérico a utilizar como base de dados (inicial) para a aplicação do
modelo ao caso de estudo encontra-se apresentada na Tabela A.IV. 2.
Tabela A.IV. 2 – Lista de Riscos
Riscos que advêm da organização
Riscos relativos a
Diretrizes
Organizacionais
Política organizacional de
Segurança
Política Organizacional de Ambiente
Política Organizacional de Gestão de Custos
Política Organizacional de Qualidade
Política Organizacional
de Prazos
Riscos relativos a
Gestão Financeira
Flutuação da Inflação e da Taxa
de Juro Impostos
Dificuldade no Acesso a Seguros
Dificuldade no Acesso so
Crédito Corrupção
Riscos relativos a
Gestão Contratual Tipo de Contrato Preço Base Reduzido Prazo Reduzido
Riscos relativos a
Gestão de
Empreendimentos
Burocracia Excessiva Questões Legais Alterações nas Negociações
Riscos relativos a
Gestão de
Recursos
Alocação de Recursos
Inadequada Disponibilidade de Recursos
Riscos que advêm do projeto
Dualidade projeto
-
empreendimento
Pouca Experiência da Equipa Projetista
Fraca e/ou Falta de Comunicação Entre as Partes
Atrasos na Aprovação dos Projectos e da
Regulamentação
Informação Incompleta
Falhas de Projeto
Dualidade projeto
-
empreendimento
Condições dos Locais Não
Correspondem às Previstas em Projeto
Existem Alterações Face ao Projeto Base
Precisão dos Programas de Projeto
Rigor das Especificações
do Projeto
Riscos que advêm do empreendimento
Risco associados à
gestão do
empreendimento
Incapacidade Financeira do Empreiteiro
Atrasos de Pagamento Rigor na Definição de Trabalho Acessibilidade
do Local
Reduzida Capacidade
Financeira do Dono de Obra
Riscos de
Planeamento
Calendário de Atividades muito congestionado
Disponibilidade de Recursos Insuficiente
Alterações aos Trabalhos Quantidades de
Trabalho
Riscos de
Subcontratação
Reduzida Capacidade
Financeira dos Subempreiteiros
Baixas competências de execução dos
subempreiteiros
Baixas competências de gestão e coordenação dos
subempreiteiros
Indisponibilidade de
Subempreiteiros
Inflação do preço dos
subempreiteiros
Riscos de
Orçamentação
Pouco rigor na orçamentação
Riscos de
Estaleiro
Risco de alocação do mesmo
equipamento a atividades
diferentes em simultâneo
Riscos associados à ausência de delimitação e sinalética
Riscos Intrínsecos
à Natureza das
Atividades
Risco de Esmagamento
Risco de Soterramento Riscos do Processo e o
Produto Final não terem a Qualidade Desejada
Metodologia de trabalho
inadequada
Risco associado a quantidades
de trabalho
Riscos Intrínsecos
à Natureza das
Atividades
Licenças Riscos Técnicos
Riscos Associados
a Questões
Humanas
Baixa produtividade Falta de coordenação entre
os participantes Trabalhadores não
qualificados
Atrasos na Resolução de
Conflitos
XXV
Riscos que advêm dos interesses do cliente
Riscos que advêm
dos interesses do
cliente
Produto aplicado não corresponder
ao expectado
Riscos que advêm de fatores externos
Causas Naturais Clima Adverso Condições do Solo Imprevistas Cheias Incêndios Sismos
Questões
Governamentais Instabilidade Política Incentivos do Governo Estrutura Política Fragmentada Eleições
Guerras
Conflitos Intrapessoais (mentalidade,
educação, civismo, comunicação,
cultura, religião, …)
Mercado Competitividade do
Mercado Reduzida Capacidade de
Inovação Tecnológica Reduzida qualidade da Mão de
Obra Elevado custo da
Mão de Obra
Inflação dos preços da Mão
de Obra
Mercado Inflação do Preço
dos Materiais
Fornecedores
Reduzida qualidade dos Materiais de
Construção
Reduzida qualidade dos equipamentos de construção
Materiais Defeituosos Atrasos de
Terceira Parte
XXVI
Modelo Aplicado à Atividade 2 (Ligação das caixas de visita ao ramal principal)
Identificação de Riscos
Tomando em consideração a base de dados em desenvolvimento para o modelo, e as características da
atividade e dos envolvidos na mesma, foi possível identificar os riscos apresentados na Tabela A.IV. 3:
Tabela A.IV. 3 – Riscos Identificados enquanto possíveis à atividade 2
Riscos que advêm do projeto
Dualidade projeto -
empreendimento
Rigor das especificações do projeto
Riscos que advêm do empreendimento
Risco associados à gestão do
empreendimento
Competências de gestão do empreiteiro
Competências de execução do empreiteiro
Riscos de Planeamento Calendário de atividades
muito congestionado Disponibilidade de
recursos insuficiente
Riscos de Orçamentação Pouco rigor na orçamentação
Riscos de Estaleiro
Risco de alocação do mesmo equipamento a atividades diferentes em simultâneo
Riscos associados à ausência de delimitação
e sinalética
Riscos Intrínsecos à Natureza
das Atividades Risco de soterramento Risco de esmagamento
Metodologia de trabalho inadequada
Risco associado a quantidades de
trabalho
Riscos Associados a Questões
Humanas Baixa produtividade
Falta de coordenação entre os participantes
Trabalhadores não qualificados
Riscos que advêm de fatores externos
Mercado Inflação do Preço dos
Materiais
Fornecedores Atrasos de terceira parte Materiais defeituosos
Os mesmos riscos apresentam-se agrupados por referenciais impactados na Tabela A.IV. 4:
Tabela A.IV. 4 - Riscos agrupados por referencial
Custos Prazos Qualidade Segurança Ambiente
Rigor das especificações do
projeto
Rigor das especificações do projeto
Materiais defeituosos
Riscos associados à ausência de
delimitação e sinalética
Competências de gestão do
empreiteiro
Competências de gestão do empreiteiro
Trabalhadores não qualificados
Risco de esmagamento
Competências de execução do empreiteiro
Competências de execução do empreiteiro
Disponibilidade de recursos insuficiente
Risco de soterramento
Pouco rigor na orçamentação
Calendário de atividades muito congestionado
Pouco rigor na orçamentação
Trabalhadores não qualificados
Inflação do preço dos materiais
Disponibilidade de recursos insuficiente
Baixa produtividade Risco de alocação do mesmo
equipamento a atividades diferentes em simultâneo
Falta de coordenação entre
os participantes Baixa produtividade
Risco associado a quantidades de
trabalho
Falta de coordenação entre os participantes
XXVII
Análise Classificativa de Riscos (Atividade 2)
Conforme explicitado no capítulo V, no ponto 5.6.5. referente à análise de riscos das atividades
selecionadas, as premissas referentes a esta atividade, são as mesmas da atividade 1 (estas premissas
poderão ser consultadas na Figura 49, na Figura 50, nas Tabelas 28,29,30,31,32 do capítulo V). Deste
modo apresentam-se em seguida o processamento de dados referente à atividade 2.
Riscos Relacionados com Custos:
Figura A.IV. 1 – Processamento do indicador Custos
Ao proceder-se à classificação segundo as premissas definidas, concluiu-se que apesar de nenhum dos
riscos ultrapassar a classificação definida pelo polígono da organização (ver Figura A.IV. 1), pelo menos
um dos riscos deverá ser levado a tratamento devido ao carater cumulativo deste indicador (Ex: um
risco A pode aumentar o custo em X% e um risco B pode aumentar em Y%, logo o aumento total de
custo pode ir até X + Y). Deste modo o nível de risco deste referencial aumenta para classificação 4.
Riscos Relacionados com Prazos:
Figura A.IV. 2 – Processamento do indicador Prazos
Na Figura A.IV. 2 referente ao indicador prazos, os riscos encontram-se dentro da área definida pelo
polígono da organização para a atividade em causa. Sendo que nenhum dos riscos identificados justifica
tratamento imediato.
XXVIII
Riscos Relacionados com Qualidade:
Figura A.IV. 3 – Processamento do indicador Qualidade
Os pesos de cada uma das escalas de qualidade para a atividade 2 são similares aos pesos considerados
para a atividade 1, visto que, se tratam de duas atividades que se complementam uma à outra. Desta
feita tem-se:
����� = ,� = 0,6� = 0,2 = 0,20 (10)
Sendo X o coeficiente referente à escala de conformidade com requisitos, Y o coeficiente referente à
escala da satisfação do cliente e Z o coeficiente referente à escala de ausência de defeitos.
Risco – Trabalhadores não qualificados
1 × 0,6 + 1 × 0,2 + 1 × 0,2 = 1� (11)
Risco – Pouco rigor na Orçamentação
2 × 0,6 + 2 × 0,2 + 1 × 0,2 = 1,8 ≅ 2 (12)
Riscos Relacionados com Segurança:
Figura A.IV. 4 – Processamento do indicador Segurança
Todas as medidas preventivas necessárias foram acauteladas pela empresa, sendo que todos estes
riscos recebem classificação 1.
Uma vez concluída a fase de processamento de dados, é necessário comparar o polígono obtido com o
polígono tolerável, deste modo apresenta-se na Figura A.IV. 5 a sobreposição de polígonos referente à
atividade 2:
XXIX
Figura A.IV. 5 – Sobreposição de polígonos referentes à Atividade 2 (o polígono resultante do método de
análise está a traço cheio)
Tratamento de Riscos (Atividade 2)
Dadas as semelhanças com o processo de análise da atividade 1, optou-se por tratar os mesmos riscos,
utilizando os mesmos métodos de tratamento:
Tratamento do Risco “Inflação do preço dos materiais”
Opções de tratamento admissíveis:
• Remoção da fonte de risco – Renegociação com fornecedores, ou procura de novos
fornecedores;
• Partilha de risco com outras partes – Renegociação com fornecedores tendo em conta material
que ainda falta adquirir obriga fornecedores a assumir certos riscos.
Tratamento do Risco associado a “Quantidades de trabalho”
Opções de tratamento admissíveis
• Alterar consequências – Renegociação com o dono de obra, baixar o preço de materiais e mão
de obra.
• Partilha de risco com outras partes - Renegociação com o dono de obra.
A sobreposição de polígonos após fase de tratamento encontra-se apresentada na Figura A.IV. 6, sendo
que as medidas de tratamento apresentam-se com potencial promissor, visto que se trata de um
processo simulado. As restantes fases do ciclo de gestão do risco, leia-se, controlo e monitorização, são
análogos aos realizados para a atividade 1., sendo que não se registaram novos riscos.
XXX
Figura A.IV. 6 – Sobreposição de polígonos após tratamento
Modelo Aplicado à Atividade 3 (Nivelamento de terrenos das zona ajardinadas)
Identificação de riscos
Tabela A.IV. 5 - Riscos Identificados enquanto possíveis à atividade 3
Riscos que advêm do projeto
Dualidade
projeto -
empreendimento
Rigor das especificações do projeto
Riscos que advêm do empreendimento
Risco associados
à gestão do
empreendimento
Competências de gestão do empreiteiro
Competências de execução do empreiteiro
Riscos de
Planeamento
Calendário de atividades muito congestionado
Riscos de
Orçamentação
Pouco rigor na orçamentação
Riscos de
Estaleiro
Risco de alocação do mesmo equipamento a
atividades diferentes em simultâneo
Riscos associados à ausência de delimitação e
sinalética
Riscos
Intrínsecos à
Natureza das
Atividades
Risco de esmagamento Risco de lesões devido ao ruído
Risco de lesões
devido a movimento repetitivo
Riscos do processo e o produto final
não terem a qualidade desejada
Metodologia de trabalho inadequada
Risco associado a quantidades de
trabalho
Riscos
Associados a
Questões
Humanas
Baixa produtividade
Falta de coordenação
entre os participantes
Riscos que advêm de fatores externos
Mercado Inflação do preço dos
materiais
XXXI
Tabela A.IV. 6 – Riscos agrupados por referencial
Custos Prazos Qualidade Segurança Ambiente
Rigor das especificações do
projeto
Rigor das especificações do projeto
Riscos do processo e o produto final não terem
a qualidade desejada
Riscos associados à ausência de delimitação
e sinalética
Competências de gestão do empreiteiro
Competências de gestão do empreiteiro
Metodologia de trabalho inadequada
Risco de esmagamento
Pouco rigor na orçamentação
Calendário de atividades muito congestionado
Risco de lesões devido ao ruído
Metodologia de trabalho inadequada
Risco de alocação do mesmo equipamento a
atividades diferentes em simultâneo
Risco de lesões devido a movimento repetitivo
Risco associado a quantidades de
trabalho
Metodologia de trabalho inadequada
Metodologia de trabalho inadequada
Baixa produtividade Falta de coordenação entre os participantes
Falta de coordenação entre os participantes
Inflação do preço dos materiais
Baixa produtividade
Análise e Classificação de Riscos (Atividade 3)
Em termos de premissas classificativas, para a categoria “zonas verdes”, optou-se por considerar que as
premissas definidas para as atividades 1 e 2 iriam ao encontro do expectável em relação aos objetivos
da empresa, às condições de trabalho dos intervenientes na atividade, às expetativas do cliente e aos
impactes ambientais. Sendo que estas premissas poderão ser consultadas na Figura 49 e 50 do cap. V.
Processamento de dados:
Riscos relacionados com Custos
Figura A.IV. 7 – Processamento do Indicador Custos
A atividade 3 não apresenta classificações com impacto significativo no referencial custos, sendo que
dadas as premissas associadas à classificação 1, o fator cumulativo não intervém (ver ponto 5.6.5. do
capítulo V). A Tabela 25 apresentada no capítulo V fundamenta a atribuição das respetivas
classificações.
XXXII
Riscos relacionados com Prazos
Figura A.IV. 8 - Processamento do Indicador Prazos
O principal risco impactante do referencial prazos é o “Risco de alocação do mesmo equipamento a
atividades diferentes em simultâneo”, uma vez esta atividade é realizada com recurso a
retroescavadoras e a par desta atividade decorriam atividades de escavação de vales e movimentos de
terra referentes à atividade esgotos pluviais. A classificação 2 justifica-se com o carater não crítico da
atividade.
Riscos Relacionados com Qualidade
Figura A.IV. 9 - Processamento do Indicador Qualidade
����� = ,� = 0,2� = 0,6 = 0,20 (13)
A ausência de rigor nas especificações do projeto sobre esta atividade incorre no risco da atividade não
atingir o nível de excelência que se considere alocável a uma atividade com este tipo de especificações
técnicas.
Riscos Relacionados com Segurança
Figura A.IV. 10 - Processamento do Indicador Segurança
XXXIII
Todas as medidas preventivas necessárias foram acauteladas pela empresa, sendo que todos os riscos
em análise no âmbito da segurança recebem classificação 1.
Sobreposição de polígonos (Atividade 3)
Figura A.IV. 11 - Sobreposição dos polígonos (o polígono resultante do método de análise está a traço
cheio)
Tratamento de riscos (Atividade 3)
Como se pode verificar na Figura A.IV. 11, o polígono obtido da análise classificativa circunscreve-se no
polígono do risco tolerável para a categoria “zonas verdes”. Deste modo, conclui-se que os riscos
identificados não exigem medidas de tratamento, mas ainda assim não dispensam um controlo e
monitorização atento.
Controlo e Monitorização (Atividade 3)
A atividade foi monitorizada durante toda a sua duração, sendo que, não foram identificados novos
riscos.