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GESTÃO DE TRANSPORTE EM UMA
PEQUENA EMPRESA DO RAMO
GRÁFICO: UM ESTUDO DE CASO
bruna campanharo batista (UFES )
Marielce de Cassia Ribeiro Tosta (UFES )
A operação de transporte é de extrema relevância para a gerência de
logística uma vez que é responsável por aproximadamente 60% dos
custos logísticos da organização. Dessa forma, fazem-se necessárias
análises de arranjos de distribuição da empresa em função do custo.
Neste sentido, realizou-se este trabalho em uma organização de
pequeno porte do ramo gráfico com o objetivo de definir o melhor
conjunto de terceirizadas, além de inserir ao setor de expedição a
distribuição por frota própria. A pesquisa comparou a proposta de
entrega completamente terceirizada com a proposta com viagens
realizadas pela empresa e analisou a diferença obtida ao longo de
cinco anos. Contou com metodologia apropriada para custo de
transporte e apoio do Google Maps para determinação das rotas.
Como principal resultado obteve-se que a escolha ótima de
transportadora está no uso conjunto de transportadora e transporte
próprio considerando a quantidade de caixas que devam ser reunidas
para os municípios que mais concentram clientes; o arranjo proposto
previu economia de mais de R$180.000,00 ao longo dos cinco anos,
contando que a demanda da empresa aumente de acordo com o
esperado.
Palavras-chave: distribuição de mercadoria, frota própria,
terceirização de entregas
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1. Introdução
A competitividade do mercado atual, intensificada pelos avanços tecnológicos e pela
globalização, tem obrigado as empresas a enxugarem os custos, mantendo bom nível de
qualidade e de serviço. Um setor chave para alcançar essas metas é o de logística, responsável
por grande parte da composição final dos custos dos produtos e serviços (RODRIGUES;
SANTIN, 2004). As operações logísticas, independente do setor de atuação da empresa,
envolvem a movimentação, o transporte, a estocagem e a entrega de materiais e produtos
(FARIA; COSTA, 2014). Entre os custos logísticos, o de transporte merece destaque, pois
normalmente representa 60% do total (LIMA, 2006).
Em função da estratégica em transporte, faz-se necessário definir algumas características para
cada organização, como: configuração da rede de distribuição, localização de instalações,
escolha do modal, dimensionamento das frotas, políticas de estoque e sistema de comunicação
e controle (SOUZA; D‟AGOSTO, 2013).
Entre essas características, a escolha do tipo de frota pode ser classificada como decisão de
fazer (entregar por frota própria) ou comprar (utilizar terceirizadas). Para encontrar a
alternativa mais adequada precisa-se analisar fatores econômicos de médio e longo prazo.
Assim, é de fundamental importância que a análise considere fatores pouco mensuráveis
economicamente como a confiabilidade do fornecedor do serviço e sua flexibilidade no
tratamento de questões específicas do cliente (CAVENAGHI et al, 2011).
Portanto, para observar os efeitos da mudança do transporte terceirizado para o transporte
próprio, esta pesquisa fez um estudo de caso em uma empresa de pequeno porte do ramo
gráfico, localizada no norte do Espírito Santo, cuja principal característica consistia no uso de
transportadoras como única forma de entrega dos produtos finais. Assim sendo, tornou-se
necessário verificar se o conjunto de transportadoras contratadas seria mesmo a melhor opção
para empresa ou se o uso de veículo próprio poderia reduzir os custos de distribuição da
mesma.
2. Transporte de carga
O transporte de carga é primordial para o desenvolvimento de uma organização, apesar do
avanço tecnológico que permite troca de informações em tempo real, esta atividade continua
fundamental para alcançar o objetivo logístico, compreendido como o produto certo, na
quantidade certa, na hora certa e no lugar certo, ao menor custo possível (CALAZANS et al,
2014).
No Brasil, a maior parte do transporte de mercadorias é realizada pelo modal rodoviário, por
meio de carretas e caminhões (FREITAS, 2014). Entretanto, ao se tratar de entregas em
centros urbanos, sabe-se que a largura reduzida das vias e a disputa entre os veículos privados,
comerciais e de transporte coletivo que acontece na rede viária pode tornar até mesmo os
Veículos Urbanos de Carga (VUC) inapropriados para a distribuição (FACCHINI, 2006).
Os veículos motores mais comuns utilizados para transporte de carga urbana são: motocicleta,
carro de passeio adaptados, caminhonete, furgonete, furgão e caminhão (leve) (SILVA, 2012).
As dimensões bem como capacidade de carga deles dependem diretamente do modelo. Já a
escolha do modelo do veículo deve ser alinhada ao tipo de mercadoria, a quantidade a ser
transportada, a distância entre o local de armazenagem do produto e o cliente, e
principalmente, a definição de como realizar a expedição do produto: transporte próprio ou
terceirizado.
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2.1. Transporte Terceirizado de Carga
A terceirização de cargas é representada pela contratação de transportadora. As
transportadoras contam com a redução dos custos de transporte para oferecer preços
competitivos, pois geram economia de escala ao compartilhar sua capacidade e seus recursos
de movimentação com vários clientes (SANTOS et al, 2010). Em análise simples, quando
uma empresa possui muita solicitação para determinada região, o prazo que se oferta é curto
dado à facilidade de consolidação de carga. Entretanto, se a empresa não recebe muita carga,
escolherá entre estender o prazo de entrega, para não comprometer a formação de carga ou
estabelecer um preço que justifique a rota (PEREIRA, 2006).
Ballou (2001) cita como principais elementos para a precificação dos fretes rodoviários:
distância, volume, tipo de produto, demanda, prazo de entrega, roteiro e taxas. Estes subsídios
levam em consideração características da localização da entrega e ferramentas que darão base
para que a empresa cumpra com o que foi proposto inicialmente ao cliente.
Considerando esses elementos, as transportadoras definem sua tarifa de transferência de
transporte por meio de cinco parcelas, que são: Frete-peso, Frete-valor, Gerenciamento de
Risco (GRIS), Taxas e Pedágio (Quadro 1). A partir desses elementos é gerada proposta de
preço em forma de tabela. Quadro 1 - Parcelas da tarifa de transporte de carga terceirizado e sua respectiva descrição
Fonte: Adaptado de Gonçalves (2011)
2.2. Transporte Próprio de Carga Rodoviário
O transporte próprio pode agregar valor à empresa perante seus clientes e aumentar a receita
total quando diminui custo e tempo da rota, porém, ele gera para a organização despesas com
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motorista, necessidade de manutenção periódica dos veículos e necessidade de disponibilizar
base para a frota (FERNANDES; BERNARDO; MINGOTTI, 2007).
Existem dois princípios fundamentais que norteiam o gerenciamento do transporte: a
economia de escala e a economia de distância. A primeira é obtida através de viagens com
carga máxima ou próximas da capacidade total do veículo que culminam no menor custo por
unidade de peso. Enquanto a segunda é alcançada através da redução do custo de transporte
por unidade de medida de acordo com o aumento do percurso. Rotas maiores permitem que a
despesa fixa seja distribuída por mais quilômetros (BOWERSOX e CLOSS, 2007).
Faria e Costa (2014) calculam os itens de custo das rotas separando-os em custos fixos e
variáveis. Os custos fixos são associados ao fator tempo (R$/mês) enquanto os custos
variáveis estão relacionados ao fator distância (R$/km). As fórmulas usadas para obter os
itens de custos estão no Quatro 2, para então alcançar o custo da rota com a Equação (1). Quadro 2 - Equações para o custeio da rota própria
Fonte: Livato e Souza (2010)
(1)
Onde: Custo da rota; CF = Custo Fixo; e CV =Custo variáveis.
O cálculo do tempo considerado tem início com a saída do caminhão carregado até o retorno
do veículo completamente descarregado.
3. Metodologia
Este estudo é classificado como pesquisa científica por ser a realização concreta de uma
investigação planejada (RODRIGUES, 2007). De natureza empírica, investiga um caso
específico dentro de um contexto real, sendo classificado como estudo de caso (Gil, 1996). A
empresa analisada é do ramo gráfico e tem como principais produtos: bolsa de papel e
embalagens utilizadas para varejo. As bolsas levam a arte que o cliente desejar, portanto,
configuram tipos de produção puxada, em que a demanda gerada pelo cliente é o “start” da
produção.
A aplicação de alças e reforço de fundo das embalagens acontece no Programa de
Ressocialização do Estado do Espírito Santo, desenvolvido pela Secretaria do Estado da
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Justiça (Sejus), em que os detentos exercem, ainda no presídio, atividades remuneradas. O
translado entre a fábrica e o presídio acontece por meio do único caminhão que a empresa
possui. Ou seja, o caminhão é responsável por levar matéria prima e bolsas semi-acabadas e
buscar o produto pronto para expedição. O mesmo caminhão é utilizado durante o ano todo
para entregas na cidade de São Mateus.
Devido à ocupação do veículo, entregas para os clientes fora do município são realizadas
exclusivamente por transportadoras. Salienta-se que, caso seja necessário que o caminhão da
empresa realize uma viagem de mais de um dia, outro deve ser alugado para desempenhar a
movimentação para o presídio.
A fim de determinar a melhor forma de transporte partiu-se da demanda real do ano de 2014
da empresa em análise. Para os anos de 2015 a 2018 foi realizada uma previsão de demanda
pela opinião da força de venda. De posse destas informações desenvolveu-se a pesquisa em
três etapas, sendo:
a) Definição do melhor conjunto de transportadoras;
O frete-peso tem maior percentual no valor final do serviço, ele é organizado por faixas de
pesos em função da distância da entrega. Outros componentes como frete-valor, GRIS e
pedágio possuem pequena participação no valor de frete e pouca variação entre as tabelas das
terceirizadas. Nas propostas das terceirizadas contratadas pela empresa foco, esses
componentes têm variação máxima de 0,1% e dependem do valor da nota o que tornou a
utilização do Frete-peso a melhor forma de calcular os custos com transportadora.
Para definir a transportadora ótima, foram elaboradas funções que forneciam o valor do frete-
peso, para cada região de acordo com a tabela. Essas funções foram lançadas no software
Excel e tiveram como entradas quantidades em quilos. Foram criados gráficos por região que
compararam a curva do frete-peso de cada terceirizada. A partir dos gráficos foram eleitos os
melhores preços por quilo e a união dos melhores preços deu origem às funções ótimas para a
escolha de transportadora por região.
Com o objetivo de quantificar a economia proporcionada pelas funções ótimas de
transportadora foi comparado o valor real do frete-peso de 2014 com o calculado com auxílio
à tomada de decisão.
b) Estudo da forma de transporte próprio e do veículo mais indicado para cada região
de distribuição;
Para determinar os custos da viagem própria foram feitas comparações por meio de alguns
veículos diferentes. Como parâmetro de comparação utilizou-se a quantidade de caixas em
relação à carga também transportada pelas transportadoras. O ponto de partida foi às funções
descritas anteriormente para as transportadoras, que gerou a quantidade, em quilos, que seria
necessária para equivaler o valor da rota. Após este valor foi dividido pelo peso médio por
caixa para chegar à quantidade de caixas que deve ser transportado (Quadro 3). Quadro 3 - Forma de se atingir a equivalência do custo da rota em quantidade de caixa
Fonte: Elaborado pelo autor
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Considerou-se na análise o caminhão que a empresa possui para transporte de pequenas
cargas na própria cidade e modelos como: Fiorino, Kombi e Transit. Para indicar o melhor
veículo definiram-se as medidas de largura, altura e profundidade para encontrar a quantidade
máxima de caixa tamanho G em cada veículo. Ressalta-se que a empresa trabalha com caixas
em tamanhos P e M, porém, para efeito de estudo foi utilizado o caso mais extremo, com
cargas formadas por caixas G. Desta forma foram considerados a quantidade de caixa, bem
como, a capacidade de carga que os veículos suportam (Tabela 1). Tabela 1 - Características dos veículos cogitados para a distribuição própria
Fonte: Elaborado pelo autor
A empresa gráfica está vislumbrando a possibilidade de instalar um centro de distribuição
próximo ao principal mercado consumidor, na região metropolitana de Vitória. Assim, os
veículos analisados foram testados tanto para a demanda das cidades próximas à fábrica
quanto para a demanda da Grande Vitória. Para esses testes, foram considerados três fatores;
o primeiro, a capacidade do veículo, como descrito. O segundo, o tempo de espera para
consolidar a carga, deliberado pela empresa como de três em três dias. E por último, o tempo
de trabalho do motorista, onde foi considerado a legislação trabalhista e o horário de
recebimento de entrega pelos clientes.
c) Comparação dos valores encontrados
De posse dos valores projetados para o transporte terceirizado, determinados pelas funções
otimizadas, foi considerado ainda os ajustes de tarifas para as transportadoras por meio do
Índice Nacional do Custo do Transporte (INCT). De acordo com a Fundação Instituto de
Pesquisas da USP (FIPE), o ajuste das tarifas está previsto para aumento de 14% a cada dois
anos sob os preços das tabelas. Segundo o gestor responsável pela logística da empresa este
ajuste ocorreu no ano de 2015, portanto, os próximos aconteceram em 2017, 2019, etc.
Para os custos por transporte próprio, utilizaram-se os endereços dos clientes e as informações
de pedido médio de cada um. Foram determinadas rotas ponto a ponto calculando a
quilometragem das mesmas por meio do Google Maps que permite incluir dez endereços e
analisar a menor distância entre os clientes. Além disso, o programa assinala a existência de
pedágio nos percursos. O tempo despendido para cada rota foi calculado usando a velocidade
média de cada veículo.
4. Resultados
4.1. Definição do conjunto ótimo de transportadora
A empresa foco é atendida por três terceirizadas, chamadas neste trabalho de: Transp_1;
Transp_2 e Transp_3 que possuem características de entregas diferentes. A Transp_2 realiza
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entrega no Espírito Santo enquanto a Transp_1 e Transp_3 oferecem serviços para todo
Brasil. Cada empresa possui forma própria de separar as regiões e precificá-las como poder
ser visualizado no Quadro 4. Quadro 4 - Denominações das transportadoras em relação à região da pesquisa
Fonte: Elaborado pelo autor
Int.ES 1 = Norte do Espírito Santo
Cap. e região metrop. ES = Capital e região metropolitana do Espírito Santo
Int. ES 2 = Sul do Espírito Santo
Int. RJ 1 = Norte do Rio de Janeiro
Cap. e região metrop. RJ = Capital e região metropolitana do Rio de Janeiro.
Int.RJ 2 = Sul do Rio de Janeiro
Int.1 = municípios do interior do Espírito Santo
Cid. Polos = municípios polos do Espírito Santo
Int.2 = municípios do Espírito Santo fora de rota da Transp_2
Int.ES = municípios do Espírito Santo exceto a região metropolitana
Int.RJ = municípios do Rio de Janeiro exceto a região metropolitana
Essas variáveis fornecidas pelas três terceirizadas que atendem a empresa foco tiveram seus
valores de frete-peso organizados por região e apresentados nas Tabelas 2, 3 e 4 em que „x‟
representa o peso da mercadoria a ser expedida.
Tabela 2 - Valores, em Reais (R$), de frete-peso da Transp_1 por região
Fonte: dados obtidos da Transp_1 adaptados
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Tabela 3 - Valores, em reais (R$), de frete-peso da Transp_2 por região
Fonte: Dados obtidos da Transp_2 adaptados
Tabela 4 - Valores, em reais (R$), de frete-peso da Transp_3 por região
Fonte: dados obtidos da Transp_3 adaptados
Uma vez definidas as equações do frete peso por região e transportadora foram gerados doze
gráficos para comparar os valores do frete peso entre as transportadoras. O Gráfico 1 ilustra
esta comparação para as “Cidades Pólos” do Norte do Espírito Santo onde pode-se perceber
que Tranp_2 é a que possui menor valor para maior parte do volume de carga. A Transp_3 se
torna melhor opção em dois intervalos: de 60 a 84,53 kg e de 90 a 101,04 kg.
Gráfico 1 – Comparação do frete-peso das transportadoras para as cidades polos do norte do Espírito Santo
Fonte: Elaborado pelo autor
Da mesma forma que o Gráfico 1, todos os outros foram analisados. A fim de facilitar a
apresentação destes resultados foi feita a Tabela 5 com todas as decisões ótimas em função do
frete peso por transportadora e por região de análise. De posse destes valores fez-se uma
comparação com o valor do frete-peso real de 2014 (Tabela 6).
Tabela 5 - Intervalo de peso com a indicação de melhor opção de transportadora por região
Fonte: Elaborado pelo autor
T1 = Transp_1
T2 = Transp_2
T3 = Transp_3
ES = Espírito Santo
Tabela 6 - Comparação do custo em Reais (R$) de frete peso com transportadora em 2014: real x otimizado
Fonte: Elaborado pelo autor
A economia total gerada pelo cuidado ao solicitar a terceirizada foi de 14,20%, que
representou R$ 22.539,82. Nota-se que é preciso maior atenção na região metropolitana do
Rio de Janeiro, onde a mudança da escolha reduziu o frete peso em 21,29%. A região cuja
diferença foi menor entre o real e o otimizado foi o Norte do Rio de Janeiro, sendo menor que
4%. Destaca-se que a transportadora pode recusar a coletar o material, uma vez que suas rotas
são programadas, isto pode ter contribuído para a diferença entre os custos, pois por vezes é
preciso que o material seja expedido independente da transportadora.
4.2. Estudo da forma de transporte e do veículo mais indicado para cada região
Determinado as rotas e terceirizadas que minimizam os custos de distribuição partiu-se para a
análise de comparação entre estes valores com os veículos selecionados para a realização da
distribuição da empresa considerando como ponto de saída a fábrica na cidade de São Mateus
(Tabela 7). As viagens com o Fiorino e a Kombi não são viáveis para nenhuma das principais
localidades de clientes, já que os custos são superiores ao custo por transportadora. A pequena
capacidade de entrega destes veículos não justifica o esforço logístico da viagem.
Tabela 7 - Comparação custo por terceirizada e por transportadora partindo de São Mateus
Fonte: elaborado pelo autor
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Ainda de acordo com a Tabela 7 pode-se ver que o Transit se apresentou viável para o
transporte de São Mateus para Vitória, porém, é preciso que o furgão esteja completamente
carregado o que pode inviabilizar as viagens na maior parte do ano. Quanto ao caminhão da
empresa este apresentou custos menores que as transportadoras para todas as regiões
analisadas, sendo a melhor escolha para saída de São Mateus.
Ao se considerar como ponto de partida o CD na Grande Vitória, os resultados foram
semelhantes à saída em São Mateus. O uso do Fiorino não é viável para nenhuma rota. O
Transit e a Kombi apresentaram custos menores para distribuição em Vitória. No entanto, o
esforço logístico da Kombi é quase o dobro de viagens, em relação ao Transit. Além disso,
ressalta-se que o Transit também se apresentou viável para as rotas de Cachoeiro de
Itapemirim e Campos dos Goytacazes, sendo este preferível à Kombi para distribuição própria
a partir do CD (Tabela 8). Tabela 8 – Comparação partindo do CD: custo por terceirizada x transportadora
Fonte: elaborado pelo autor
Apesar do Transit ter apresentado melhores resultados quando a saída para a distribuição for
do CD em Vitória as viagens com uso do caminhão da empresa continuam a ser a melhor
opção de redução de custos (Tabela 8). Entretanto, existem pontos negativos em relação à sua
utilização para viagens curtas: o trânsito das cidades e as ruas de difícil acesso para veículos
de grande porte. Além disso, para baixa temporada não seria conveniente esperar formar a
carga tornando o Transit um veículo mais apropriado.
4.3. A escolha do transporte de acordo com o custo
Partindo-se da previsão de demanda e do conjunto ótimo de escolhas de transportadora foi
possível definir o custo com transportadora esperado para 2015, 2016, 2017 e 2018 para
distribuição da carga da empresa saindo de São Mateus (Tabela 9). Considerando que o
transporte continue sendo realizado pelas transportadoras a região da Grande Vitória será
responsável por 47,7% dos gastos, o Norte do Rio de Janeiro responderá por 19,78% e a
região Sul do Espírito Santo terá a menor participação nos custos (4,22%). Os maiores
aumentos do custo total aconteceram nos anos de 2014 para 2015 (30,48%) e de 2016 para
2017 (31,10%) influenciados pelo aumento das tarifas de transporte de carga rodoviária e pelo
próprio aumento da demanda. Se todas as previsões se realizarem, e o mesmo conjunto de
transportadora for utilizado no período o gasto com transporte terá aumento de 246,25% de
2014 para 2018.
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Tabela 9 - Reunião dos valores anuais com cada tipo de distribuição para os anos de 2014 a 2018 (R$)
Fonte: elaborado pelo autor
Quando considerado o transporte próprio como uma combinação ótima em relação ao número
de viagens com uso do caminhão da empresa e o uso de transportadoras, obteve-se custos
menores ao longo de período de análise. Pode-se notar a discrepância de custos no total dos
cinco anos com a mudança da forma de distribuição, alcançando total de R$188.100,91 de
diferença. Durante os anos, a porcentagem de redução tendeu a aumentar devido ao aumento
de demanda que proporcionou condensar carga. A maior economia aconteceu no ano de 2017,
proporcionado pelo aumento das taxas das terceirizadas enquanto a maioria das viagens havia
saído com carga quase completa (Tabela 9).
5. Conclusão
A decisão estratégica de transporte para a organização deve acompanhar um estudo detalhado
do tipo de frota e características da empresa, bem como, dos preços tabelados das
terceirizadas. Salienta-se que a redução dos custos de transporte pode ser proporcionada
principalmente pela combinação de distribuição própria e terceirizada, uma vez que a
aquisição de veículos incorre no aumento de custos e por vezes em ociosidade da frota.
Faz-se necessário auxílio à tomada de decisão, já que, decisões tomadas diariamente exigem
rapidez e podem resultar em gastos exacerbados ou em economia para a empresa. Qualquer
tipo de mudança nas características logísticas como a abertura do CD, como sugerido pela alta
administração, deve ser acompanhado por novo estudo para definir as melhores opções de
expedição.
Por fim, espera-se, a partir deste trabalho auxiliar a tomada de decisão da forma de transporte
para outras organizações. De forma que outras empresas que despendam valores exacerbados
com custo de transporte possam encontrar suas características ótimas de distribuição.
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