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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM GESTÃO AMBIENTAL
GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
EM EMPRESAS DE CELULOSE
RAFAEL CRUZ LIMA
RIO DE JANEIRO - RJ
2011
i
RAFAEL CRUZ LIMA
GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL EM
EMPRESAS DE CELULOSE
Artigo apresentado à Universidade Cândido
Mendes como requisito para obtenção do
grau de Pós-graduado “lato sensu” em
Gestão Ambiental sob a orientação da
Professora Maria Esther de Araujo Oliveira.
RIO DE JANEIRO – RJ
2011
FOLHA DE APROVAÇÃO DA MONOGRAFIA
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM GESTÃO AMBIENTAL
RAFAEL CRUZ LIMA
GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL EM
EMPRESAS DE CELULOSE
Esta monografia será examinada e aprovada para a obtenção do título de pós-graduação
em Gestão Ambiental do Programa de Pós-Graduação “lato sensu” da Universidade
Cândido Mendes
____________________________________________
Maria Esther de Araujo Oliveira
____________________________________________
Examinador
____________________________________________
Examinador
RIO DE JANEIRO/RJ 2011
ii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho as pessoas que acreditam que
ainda existe muitas barreiras, mas nenhuma é
intransponível quando se quer salvar o meio
ambiente, para que tenhamos um mundo cada vez
melhor.
iii
AGRADECIMENTOS
Ruth Le Senechal
Maria do Carmo Pereira da Cruz
Felipe Cruz Lima
Jorge Augusto Guimarães Lima
Alice Clarete Tuler
Antônio Moutinho Saraiva
Bruna Fonseca Saraiva
Francisco Carlos da Costa Barros
Aline Rosa
Rafael Batalha Xavier
Professora Alessandra Chacon Pereira
Professora Rodrigo Andrade
Professor Francisco Carreira
Professor Marcio Concentino
Professor Vilson Sérgio Carvalho
Professora Maria Esther de Araujo Oliveira
iv
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz o coração.
Sergio Britto
v
RESUMO
O estudo sobre as condições em que a sociedade trata de assuntos
relacionados aos aspectos ambientais e as influências das empresas vem
demonstrando que essas tem aumentado seu espectro sobre suas
responsabilidades e direcionado cada vez mais suas verbas para a diminuição do
impacto ambiental causado. Através de incentivos sociais, tais como a criação de
parques e centros culturais com funções de socializar as informações sobre a
biodiversidade, as empresas de celulose, alvo desse trabalho, tem demonstrado
grande preocupação e interesse em aproximar a sociedade de seus resultados e
formas de produção, criando vínculos como o marketing verde. A utilização de
maneiras alternativas como ECF e a certificação das fazendas verdes com o PEFC
tem contribuído incrivelmente na geração de produtos sustentáveis. Como resultado,
as empresas aqui pesquisadas possuem uma ampla capacidade de prover recursos
dos mais diversos possíveis para a comunidade do entorno, facilitando e
desenvolvendo o bem estar social. Logo, como consequência disso, a pressão social
e política sobre elas fazem com que haja uma maior cobrança para esses resultados
apareçam e que a implementação de um regime de gestão ambiental mais plausível.
Palavras chave: Empresas, Celulose, Sustentabilidade.
vi
ABSTRACT
The study on the conditions in which society deals with issues related to
environmental and influences enterprises has shown that these have increased its
range of responsibilities and increasingly directed their funds to decrease
the environmental impact. Through incentives social, such as the creation of parks
and cultural centers functions to socialize with information about biodiversity, the pulp
companies, this target work has shown great concern and interest to approximate the
results of their society and ways of production by creating links such as green
marketing. The use of alternative ways such as ECF and the certifications of green
farms with PEFC has contributed remarkably in the generation of sustainable
products. As a result, the companies surveyed here have ample
capacity toprovide resources as different as possible to the surrounding
community by facilitating and developing the welfare state. So, as a
consequence, the social and political pressure on them cause there to
be a greater recovery for these results appear and that
implementation of an environmental management system more plausible.
Keywords: Enterprise, Pulp, Sustainable.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO___________________________________________________ 01
OBJETIVO ______________________________________________________ 06
METODOLOGIA __________________________________________________ 07
1. MEIO AMBIENTE, SOCIEDADE E EMPRESA ________________________ 08
1.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL _____________________ 09
1.2 RESPONSABILIDADE EMPRESARIAL E MEIO AMBIENTE ____________ 11
2. SELOS VERDES ________________________________________________ 16
2.1 CERFLOR ____________________________________________________ 17
2.2 Conselho de Manejo Florestal (Forest Stewardship Council – FSC)
_________________________________________________________________ 22
3. Livre de Cloro Elementar (ECF) E Program for Endorsement Forestry
Certification (PEFC)
_________________________________________________________________ 22
3.1 TÉCNICAS DE IMPLEMENTAÇÃO DE ECF __________________________ 23
3.2 PROMOÇÃO DO Programa de Reconhecimente de Florestas Certificadas
(Programme for the Endorsement of Forest Certification -
PEFC)___________________________________________________________ 24
RESULTADOS ____________________________________________________ 28
CONCLUSÃO _____________________________________________________ 30
REFERÊNCIAS ___________________________________________________ 31
1
INTRODUÇÃO
A utilização de recursos naturais tem ganhado a cada dia importância não
apenas dos veículos de informação, mas também na forma de comportamento
social. Temos a formação de cidadãos conscientes de seus usos. Pesquisas
recentes apontam que no Brasil, 56% dos jovens em fase de aprendizagem se
preocupam com a forma de uso correto dos bens que a natureza tem a oferecer.
claro que o oferecer não significa usar de forma inesgotável como se fora aplicado
tal pensamento desde a época da Idade Média, quando observamos o triste
deteriorar de florestas e habitats de espécies hoje extintas.
Assim, começamos a participar de um novo movimento em prol do que
conhecemos como sustentabilidade que, traduzindo para um português amplo, vem
a ser a utilização de recursos naturais de uma forma a não esgota-los.
Exemplos disso são encontrados nos ruminantes que, como os bovinos,
alimentam-se do capim sem comer a raiz, fazendo-o entrar em processo de
crescimento novamente, não esgotando seus recursos alimentares. Bem, claro que
os seres humanos são mais inteligentes, por fatores fisiológicos e evolutivos, mas
esquecemos de não comer a raiz.
Diversos são os recursos naturais, mas em se tratando de Brasil, um dos
que mais sofrem desde o período pré-Cabral até os dias atuais está voltado para um
dos seres que, cientificamente, contribuem para a nossa existência: As plantas.
A extração de madeira para diversas aplicações mostra que tal processo
não apenas diminui a presença desses seres vivos, mas causa impacto diretamente
no solo, pois estamos tratando de meios de obtenção de nutrientes, os quais são
absorvidos das camadas primeiras do solo.
Uma abordagem ampla incluiria as relações de esgotamento do solo,
escassez de nutrientes, utilização adequada dos recursos do solo e outras mais,
como são os outros ciclos biogeoquímicos envolvidos, como o da água, do gás
oxigênio e carbônico. Porém, o presente trabalho vem a pesquisar uma das
utilizações da madeira após sua extração que é a produção de celulose para uso
comercial, com foco na produção de papel.
2
De acordo com a Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel):
O menor ou maior impacto socioambiental está relacionado ao modo
como as florestas são plantadas, manejadas, colhidas e
gerenciadas. Ao reduzirem os efeitos negativos e maximizarem os
positivos, atendendo a princípios e critérios de cada certificação, as
empresas brasileiras de celulose e papel recebem certificações em
suas florestas e em seus sistemas de gestão ambiental.
Ao entrar nesse aspecto, um levantamento sobre as questões da gestão
dos recursos oriundos da extração madeireira e da preparação da mesma para gerar
produto para comercialização e a responsabilidade socioambiental que envolvem as
principais empresas brasileiras nesse ramo faz jus a essa pesquisa.
A produção do papel nos dias atuais são condizentes com a extração
madeireira em escalas astronômicas, forçando a criação de projetos de proteção e
análise de impacto, como é o caso do selo verde e os programas de
reflorestamento.
Mesmo assim, processos como branqueamento do papel ou a venda de
papel reciclado ainda são tópicos escondidos por trás dessa trama que incluem
promessas e dívidas desde com a sociedade até com a natureza. Existe, claro, a
necessidade da utilização de papel, mas a forma como se é feita é criminosa.
Passamos por pequenos detalhes, as vezes esquecidos por serem pontuais, como
são os panfletos durante a época de eleição, mas os livros que são retirados das
prateleiras por serem edições anteriores e postos nas chamas devem chamar a
atenção para a forma correta de destinação deles.
De acordo com a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, os preceitos publicados durante o lançamento do relatório “Nosso
Futuro Comum” justificam que no mundo atual é preciso adequar a produção e o
consumo a padrões que garantam às gerações futuras recursos naturais, fontes de
energia, clima equilibrado e alimento, entre outras necessidades essenciais à
sobrevivência.
3
Historicamente, a extração de madeira estava apenas voltada para a
geração de matéria prima na construção de moradias e demais produtos de apoio a
essa finalidade. A construção muros de proteção durante a era egípcia, de cais e
píeres para atracação de frotas e mais frotas mercantes durante a Europa medieval
e palafitas como platôs nas ilhas da Oceania foram os primeiros destinos das
madeiras extraídos diversos ecossistemas florestais de todo o mundo. Segundo
pesquisas como a de Britt (1971):
Oficialmente, foi fabricado pela primeira vez na China, no ano de
105, por Ts'Ai Lun que fragmentou em uma tina com água, cascas
de amoreira, pedaços de bambu, rami, redes de pescar, roupas
usadas e cal para ajudar no desfibramento. Na pasta formada,
submergiu uma forma de madeira revestida por um fino tecido de
seda - a forma manual - como seria conhecida. Esta forma coberta
de pasta era retirada da tina e com a água escorrendo, deixava
sobre a tela uma fina folha que era removida e estendida sobre uma
mesa.
Esta operação era repetida e as novas folhas eram colocadas sobre
as anteriores, separadas por algum material; as folhas então eram
prensadas para perder mais água e posteriormente colocadas uma a
uma, em muros aquecidos para a secagem. A idéia de Ts'Ai Lun, "A
desintegração de fibras vegetais por fracionamento, a formação da
folha retirando a pasta da tina por meio de forma manual,
procedendo-se ao deságüe e posterior aquecimento para secagem",
continua válida até hoje.
Porém, junto veio a necessidade de documentar os feitos que a
humanidade gerou e, consequentemente, temos o início da produção de papel,
como os papiros egípcios e gregos e nos séculos seguintes as criações do que
conhecemos como cédulas, sacolas de papel e folhas ofício.
Na história brasileira o papel tem o início do seu reinado antes mesmo do
Brasil ser domínio da coroa portuguesa. Em sua chegada, Pero Vaz de Caminha já
documentara seus pré-conceitos sobre a “terra brazilis” em sua famosa carta ao rei
de Portugal Dom João, relatando o que vira antes, durante e logo depois do atracar
4
da nau capitânia na formosa terra nova. Porém essa não foi a primeira produção
100% brasileira. Segundo historiadores como Keim (1951):
Mas a primeira referência à produção nacional consta em um
documento escrito em 1809 por Frei José Mariano da Conceição
Velozo ao Ministro do Príncipe Regente D. João, Conde de Linhares:
"... lhe remeto uma amostra do papel, bem que não alvejado, feito
em primeira experiência, da nossa embira. A segunda que já está
em obra se dará alvo, e em conclusão pode V.Exa. contar com esta
fábrica...". Este documento cujo trecho extraímos do livro: O Papel -
Problemas de Conservação e Restauração de Edson Motta e Maria
L.G. Salgado, encontra-se no Museu Imperial.
Este é chamado de “o primeiro papel do Brasil”, produzido em 16 de
novembro de 1809. Após isso, temos o que conhecemos como ciclo do papel. É
também em 1809 que tem início a construção de uma fábrica no Rio de Janeiro cuja
produção, provavelmente iniciou-se entre 1810 e 1811. Ainda no Rio de Janeiro
temos notícias de mais três fábricas em 1837, 1841 e, em 1852, nas proximidades
de Petrópolis, foi construída pelo Barão de Capanema a Fábrica de Orianda que
produziu papel de ótima qualidade para os padrões da época até a decretação de
sua falência em 1874.
Ainda em 1850, o desenvolvimento da cultura do café, traz grande
progresso para a então Província de São Paulo e, com a chegada dos imigrantes
europeus, passa a vivenciar um grande desenvolvimento industrial gerador de vários
empreendimentos.
Devido a grande demanda e a idealização da produção em larga escala
do papel, tendo como seu principal intermediário o Barão de Piracicaba, temos a
utilização das sobras dos resultados da hidrelétrica da já existente cachoeira no rio
Tietê e, em 1889, o início da construção da Fábrica de Papel de Salto pela empresa
Melchert & Cia, ativa até os dias atuais, devidamente modernizada e tendo como
principal produto papéis especiais, sendo considerada uma das poucas fábricas do
mundo fabricante papéis para a produção de cédula.
5
Atualmente, o Brasil possui 5 principais empresas no ramo de produção
de papel. Uma análise sobre suas atuações no ramo e as questões voltadas para
quesitos como a relação do seu funcionamento e impacto causado no ciclo da
produção, bem como seus compromissos firmados através de produtos como suas
cartas de princípios e demais questões como a utilização e o ponto de vista sobre os
recursos renováveis (chamados a grosso modo de madeira de reflorestamento)
serão analisados e discutidos ao longo do trabalho.
Tais empresas do ramo são social e economicamente equiparadas, não
havendo distinções claras nas suas responsabilidades para com o ambiente natural
e social. Serão levantadas informações trazidas dos meios de domínio público
popular e conflitadas com outras de meio acadêmico-científico, que por diversas
razões não são consideradas de acesso tão fácil pelo seu grau de entendimento
sobre o assunto. As empresas são: Aracruz Celulose, International Paper do Brasil,
Klabin Celulose, Votorantim Celulose e Papel e CENIBRA.
6
OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo:
• Analisar as formas com que as citadas empresas produzem a celulose
para produção de papel;
• Verificar a real correlação entre os termos de compromisso e princípios
vinculados com as Cartas de Princípios e as demais formas públicas de
disseminação das suas responsabilidades socioambientais;
• Analisar as formas atuais empregadas no Brasil para a produção de
derivados de celulose, principalmente o papel e confronta-las com as demais
empregadas pelas demais empresas no mundo, incluindo as de tratamento de seus
efluentes;
• Discutir a significância dos Selos Verdes;
• Investigar as relações na produção de celulose com a técnica de ECF
(Livre de Cloro Elementar) e a coerência na promoção do PEFC (Program for
Endorsement Forestry Certification).
7
METODOLOGIA
A partir das premissas que as empresas de celulose estão se tornando
mais responsáveis por conta da pressão social e da mídia quanto a cobrança por
meios mais ecológicos e menos degradantes do ambiente, uma análise
investigativas sobre os objetivos supracitados será realizada.
Para tanto, a realização da pesquisa de forma procedimental será feita
com base em análises obtidas por visitações a essas empresas bem como a seus
endereços na internet (websites), análise dos produtos oferecidos com vínculos
informativos de domínio público e demais cartilhas de princípios e ética empresarial.
Sendo assim, a discrepância, a validade das informações e qualidade da
produção será observada e conflitada com as demais das outras empresas a fim de
determinar um possível apontamento norteador no processo de gestão ambiental e
empresarial dessas empresas, tornando nítida e de suma importância uma possível
compreensão sobre seus resultados de impactos e sustentabilidade nos processos
das mesmas.
8
1. MEIO AMBIENTE, SOCIEDADE E EMPRESA
Para entendermos as relações participativas e colaborativas entre as
parcelas da sociedade e empresas no quesito desenvolvimento e sustentabilidade,
temos que fragmentar essas formas de acordo com o seu potencial de impacto,
conhecido também como pegada ecológica.
Para tanto, usemos a definição que quanto o tocante é a questão
ambiental, muitas podem ser as vertentes para se tratar desse assunto. A
responsabilidade social é compactada em suas premissas, porém possui largo
espectro quando levamos ao conjunto completo do tratamento dos produtos
oferecidos a ela.
Há diversos conceitos, fundamentos e percepções que embasam as
opiniões pessoais sobre o assunto. A correlação da ética e cidadania, bem como a
empregabilidade dos atos trazidos pelas concepções que norteiam a sociedade são
demonstrações importantes para a aplicabilidade da tal responsabilidade
socioambiental, sócio-empresarial e empresarial-ambiental.
Quando entramos no segmento da economia, que por sua vez cria base
para tais relações, temos que considerar a separação dos chamados setores
econômicos, onde encontramos o investimento privado fazendo parte do segundo
setor (empresas privadas, consideradas como tais as organizações de direito
privado que atuem para fins lucrativos.
Além disso, temos o conceito de terceiro setor, que é formado pelas
organizações de direito privado sem fins lucrativos, realizando atividades em prol do
bem comum, tais como as organizações não governamentais (ONG) e as
organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP), sendo de forma geral
ainda podem acessar e utilizar recursos públicos específicos, porém em geral os
utilizam de fontes privadas.
9
Figura 01 – Pressões exercidas pela sociedade e seus representantes na indústria
de forma geral ( http://www-gen.fmrp.usp.br/manual2001/gestao_ambiental.html )
1.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
Para fins de entendimento, esse tópico versa sobre a conduta ética e
responsável adotada pelas empresas na plenitude das suas redes de relações, o
que inclui o universo de seus consumidores,fornecedores, funcionários, acionistas,
comunidade em que se inserem ou sobre a qual exercem algum tipo de influência,
além do governo e do meio ambiente.
Conforme o entendimento acima, o adequado cumprimento e emprego
das legislações vigentes nas esferas do poder (legislativa, civil e judiciária), desde as
trabalhistas até as de direitos do consumidor, e a postura ética que influenciam
todas as relações para com o governo e a sociedade fazem parte de tal
responsabilidade.
A integração de mercado e a queda de barreiras comerciais, decorrentes
daquele processo, acirrou a competição entre as empresas mundialmente. Sendo
assim, o cumprimento das regras ditadas pelas legislações se tornam eficazes
quando estamos tratando de conhecimentos mercadológicos.
10
De acordo com Milton Friedman, renomado prêmio Nobel em economia
(1970), a real tradução nessa época de responsabilidade social das empresas
estava voltada para a utilização de recursos e no engajamento em atividades que
garantam seus lucros. Segundo seu parecer:
Foi apenas na segunda metade do século passado, com o
surgimento de movimentos ambientalistas, que cresceu a percepção
entre os consumidores dos efeitos negativos sobre o meio ambiente
e a saúde humana decorrentes de certas atividades empresariais.
Além disso, a crescente concentração de renda e o agravamento de
outros problemas sociais produzidos ao longo do século
sensibilizaram os consumidores, que passaram a exigir, cada dia
mais, a adoção de padrões de conduta ética que valorizem o ser
humano, a sociedade e o meio ambiente. Conseqüentemente, as
empresas passam a se preocupar com a legitimidade social de sua
atuação.
Esse novo paradigma da atividade empresarial está profundamente
relacionado com o princípio que norteia o denominado
“desenvolvimento sustentável”, de que o crescimento econômico
deve favorecer o progresso social e o respeito ao meio ambiente.
Em busca de um breve histórico sobre responsabilidade social
corporativa, Teixeira (2004) apresenta um panorama baseado nas relações entre a
busca de um porque quando o tratado é a relação da busca por um maior
aproveitamento e qualidade, porém observa-se um maior direcionamento para a
diminuição nos impactos causados no meio ambiente e o levar de informações a
sociedade sob forma de obrigações para com ela. Tracejando historicamente, temos
segundo a autora, temos a partir de 1992 devido as implicações da ECO – 92, uma
mudança no paradigma socioeconômico atual, onde:
Em 1992, a publicação da Agenda 21, durante a 2ª Conferência
Mundial do Meio Ambiente - a ECO 92 - realizada no Rio de Janeiro,
deu novo impulso às ações de empresas nos campos social e
ambiental ao integrar o princípio do desenvolvimento sustentável –
11
isto é, a definição de que desenvolvimento econômico, coesão social
e proteção ao meio ambiente 7 são interdependentes e
indissociáveis - à gestão de empresas. A esse respeito,
posteriormente, foi dado mais um passo com a criação da
ISO14000, certificado que atesta a gestão ambiental de empresas.
Em 1997 é criado outro padrão de certificação: o SA8000, que visa
aprimorar as condições de trabalho. O SA8000 foi fruto do
movimento internacional pela adoção e uniformização dos relatórios
sócio-ambientais publicados pelas empresas – o Global Reporting
Initiative (GRI) – em parceria com o Programa Ambiental das
Nações Unidas (UNEP). Baseia-se em normas internacionais de
direitos humanos e nas convenções da Organização Internacional
do Trabalho (OIT).
Em 1999, é criada, pelo Institute of Social and Ethical Accountability,
nova norma, a AA1000, que engloba o processo de levantamento de
informações, auditoria e relato social e ético, com enfoque nas
partes interessadas. Essa norma passou a ser a ferramenta mais
abrangente para a gestão da responsabilidade social corporativa.
Essas flutuações na qualidade e na importância da presença da
população, bem como a valoração dessa presença na andar das empresas e no
recriar os conceitos e condições a que essas empresas são expostas faz com que
tenhamos o panorama econômico mundial, onde as empresas são mais
corporativistas e a sociedade mais presente e dignamente representada, tendo voz e
voto, deixando de ser aquela apenas passiva. Isso refletiu, no final de 1999, na
criação do Dow Jones Sustainability Index (DJSI). Com esse índice, existe a
participação de ações de 315 empresas em todo o mundo, cujo patrimônio líquido
corresponde a aproximadamente 5,6 trilhões de dólares. Ainda seguindo os
comentários de Teixeira:
Em 2001, a Comissão Européia lançou o “Livro Verde” e, um ano
depois, o chamado “Livro Branco” - ambos sobre o tema da
responsabilidade social – e incentivou as empresas cotadas em
12
Bolsa a publicarem os seus relatórios anuais. Também estimulou
que, em todos os Estados membros, sejam desenvolvidos critérios
comuns para a elaboração, pelas empresas, de balanços sociais.
1.2 RESPONSABILIDADE EMPRESARIAL E MEIO AMBIENTE
Para se entender esse tópico temos que levar em consideração o
comentado anteriormente e perceber que a relação entre a empresa e o meio
ambiente não é mais como antes, quando a sociedade não fazia pressão sobre a
qualidade dos serviços e demais formas de obtenção da matéria prima.
As empresas no ramo de celulose, como as citadas como foco dessa
pesquisa, sofrem de várias formas pressões onde a melhor maneira é condizer a
forma da produção da celulose para a continuidade no ramo.
Empresas como a Klabin tem realizado constantemente investimento na
criação de parques ecológicos, bem como museus onde podem ser feitas
observações sobre a fauna e flora silvestre, além da produção de fazendas de onde
são removidas as matérias primas utilizadas, diminuindo assim a degradação
ambiental por conta da utilização de novas áreas para plantio.
Uma das formas de melhor aproveitamento da área plantada é o sistema
de reaproveitamento da água e solo, bem como o de nutrientes e adubos orgânicos
do entorno. Outro ponto interessante é a forma como ocorre o manejo do solo e o
controle das épocas para a melhor forma de uso sustentável da área utilizada na
fazenda de eucalipto. De acordo com o Relatório de Brundtland (1987):
O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da
geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras
de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar
que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de
desenvolvimento social e econômico e de realização humana e
cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos
da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.
13
Logo, quando vinculada a relação existente entre a forma como a matéria
prima é obtida, tratada e como são produzidos os produtos oriundos delas, não mais
se é pensado apenas no quão barato ele é. Devido a promoção de bons resultados
e circulação dos vínculos com as certificações, as empresas de celulose estão cada
vez mais sofrendo pressões sociais e judiciais em prol da manutenção adequada de
suas fazendas e o tratamento dos resíduos resultantes da produção de seus
produtos, evitando assim a poluição indesejada.
Uma outra empresa que direciona parte de sua arrecadação para seus
votos de responsabilidade ambiental é a International Paper, detentora das
conhecidas resmas de sulfite Chamex e Chamequinho. Podemos encontrar em seu
edital sobre sustentabilidade. Dentre eles, podemos encontrar os seguintes tópicos:
Uma parte essencial da nossa estratégia empresarial é fabricar
produtos em um ambiente de trabalho seguro e saudável para
podermos gerenciar os recursos naturais de maneira consciente e
continuar a melhorar o nosso bom gerenciamento ambiental.
Comprometemo-nos a erradicar as condições e comportamentos
que possam causar danos pessoais ou impactos ambientais.
A International Paper adota um compromisso fundamental:
• Cumprir todas as leis e normas aplicáveis no tocante ao meio
ambiente, segurança e saúde, além de todas as políticas e
normas relativas ao meio ambiente, higiene e segurança
industriais da própria empresa, da “Sustainable Forestry
Initiative® - SFI” (Iniciativa para a Gestão Recursos Florestais
Sustentáveis), dos padrões aplicáveis à Cadeia de Custódia, e
das normas aplicáveis ao Meio Ambiente, Saúde e Segurança da
“American Forest and Paper Association” (Associação dos EUA
em Florestas e Papéis).
• Envidar nossos melhores esforços para criar e manter um
ambiente de trabalho sem acidentes, sempre com a colaboração
dos nossos profissionais.
• Enfatizar a prevenção à poluição, a eliminação dos desvios de
processo e o aperfeiçoamento contínuo através do esforço dos
14
nossos profissionais, como a maneira mais eficiente e prática de
melhorar a qualidade ambiental das nossas operações.
Os Gerentes comerciais têm a responsabilidade de assegurar que o
seu local de trabalho:
• Cumpra as leis, normas e políticas corporativas relativas a meio
ambiente, saúde e segurança, e obtenha as certificações
necessárias.
• Desenvolva, implemente e mantenha sistemas, procedimentos e
treinamentos eficazes para assegurar um ambiente de trabalho
saudável e sem de acidentes.
• Integre continuamente melhorias ambientais, de saúde e
segurança às medidas de prevenção à poluição e à diligência dos
profissionais nas operações diárias.
• Desenvolva objetivos anuais específicos para o seu local de
trabalho sobre melhorias de meio ambiente, higiene industrial,
segurança e acidentes de trabalho que sustentem tais metas,
políticas e declarações.
Programas ambientais voluntários são códigos de uma conduta ambiental
progressista que as empresas se comprometem a adotar. A norma ISO 14001 é
bem vista pelos ambientalistas e gestores por se tratar de um programa voluntário A
ISO 14001 é a norma mais amplamente adotada no mundo. Especialistas
argumentam que a globalização do comércio internacional estimula uma corrida para
a utulização das normas ambientais.
Fazendo uma observação, percebe-se que um número crescente de
empresas ao redor do mundo estão certificando seus sistemas de gestão ambiental
com base na ISO 14000 e suas demais séries. Os defensores da norma ISO 14001
baseiam suas alegações substanciais mostrando os benefícios operacionais,
gerenciais e competitivo para as empresas que adotam as normas internacionais.
Teoricamente, a pressão social e política pode servir como um quadro global
para melhorar significativamente o desempenho em uma empresa com capacidade
de gestão ambiental mínima ou como um conjunto de orientações do senso comum
15
para melhorar o desempenho em uma empresa com práticas regulatórias
compatível.
Em geral as discussões são tratadas por conta das plantas ou instalações
para as que já se encontram em conformidade com as normas ambientais, a
certificações que implicam podem ser simplesmente uma imagem de edifícios ou de
esforço para a melhoria das relações públicas para com a sociedade.
16
2. SELOS VERDES
Os programas trazidos após vários problemas relacionados com a
produção de derivados de celulose e, em grande escala o papel, trouxe a
necessidade de termos alguns órgãos que controlam e/ou incentivam a produção
desses produtos causando o mínimo de impacto ao ambiente.
Para tal, temos nos dias atuais o Selo Verde e o CERFLOR, ambos
programas que intencionam a produção de celulose com o mínimo de impacto ao
ambiente. Para melhor entendimento, separaremos esses dois. Para a sociedade,
essas certificações aparecem como selos de qualidade na contracapa de blocos,
cadernos e resmas de todos os tipos. Atualmente, encontramos esses selos até em
caixas de leite ou de produtos eletroeletrônicos ou domésticos.
Para as empresas, estamos falando do marketing verde, onde o produto
agora é o quão responsáveis essas empresas são quando estamos falando de meio
ambiente. Estamos em um momento na humanidade em que mudanças de atitudes
em prol da natureza, chamadas de pró-ativas, fazem parte até do modismo. Sendo
assim, o melhor momento, aquele que passou a se tornar um marco referencial de
tempo para se pensar no começo ou na retomada de um projeto, para se dedicar a
mudanças de atitudes ou se lutar por renovações, em todos os sentidos, tanto na
vida quanto na profissão, é o agora, sendo chamado por especialistas de onda
verde. Pode ser encarada como uma excelente ferramenta estratégica de apoio para
inúmeras empresas mostrarem aos seus clientes, aos seus fornecedores, aos
governos, aos seus funcionários e a sociedade em geral. Logo, o que estão fazendo
em prol do Meio Ambiente, explorado como Marketing Ambiental.
Essas certificações que atestam á preocupação do fornecedor com a
preservação do meio ambiente são expedidas por órgãos de prestigio, possuem a
missão de analisar os níveis de condição e características da gestão ambiental dos
organismos solicitantes.
Figura 02 – Selo Verde da
(extraído de http://ve
emissao-co2.html )
Figura 03 – Marketi
http://compare.buscape.co
2.1 CERFLOR
O Programa Na
para certificar o manejo
INMETRO:
rde da campanha nos transportes públicos do R
ttp://verdefato.blogspot.com/2008/09/selo-verd
arketing verde da International Pape
pe.com.br/procura?id=3555&eid=1090977 )
ma Nacional de Certificação Florestal (Cerflo
anejo florestal e a cadeia de custodia.
17
s do Rio de Janeiro.
verde-onibus-poluicao-
Paper. (extraído de
Cerflor) surgiu em 1996
ia. De acordo com o
18
No Brasil, desde 1996 a Sociedade Brasileira de Silvicultura – SBS,
em parceria com algumas associações do setor, instituições de
ensino e pesquisa, organizações não-governamentais e com apoio
de alguns órgãos do governo, vem trabalhando com um programa
voluntário denominado Cerflor - Programa Brasileiro de Certificação
Florestal. O Cerflor surgiu para atender uma demanda do setor
produtivo florestal do país. Desde 1996, a Sociedade Brasileira de
Silvicultura - SBS estabeleceu acordo de cooperação com a ABNT
para desenvolver os princípios e critérios para o setor. ...
Programa Brasileiro de Certificação Florestal foi lançado em reunião
do Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva de Madeira e
Móveis, no dia 22 de agosto de 2002, com a presença dos Exmo.
Srs. Ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
Sérgio Amaral, representantes dos Ministros do Meio Ambiente,
José Carlos Carvalho e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Marcus Vinícius Pratini de Moraes.
Esse certificado necessita seguir os indicadores elaborados pelo conjunto
de três órgãos regulamentadores: A já citada Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade e o Inmetro.
As regras foram elaboradas pela Comissão de Estudos Especial Temporária de
Manejo Florestal (CEET). Alguns princípios norteiam a respectiva certificação. Entre
eles, destaca-se a racionalidade no uso de recursos florestais e zelo pela
diversidade biológica, bem como o respeito ás águas, ao solo e ao ar.
Para ser melhor entendido, foi criado um fluxograma com base nos dados
explicitados pelas agências regulamentadoras do CERFLOR. O mesmo pode ser
visualizado abaixo, de acordo com o site do INMETRO
19
Figura 04 – Fluxograma do CERFLOR
(http://www.inmetro.gov.br/qualidade/cerflor.asp)
O Cerflor necessita de atender os critérios e indicadores nacionais
prescritos nas normas elaboradas pela ABNT que são também integradas ao
Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade e ao Inmetro, como mencionado
no fluxograma.
De acordo com o INMETRO, para a elaboração do CERFLOR foram
realizados estudos e criadas normas, ambos pela CEE - Comissão de Estudos
Especial de Manejo Florestal, no âmbito da ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas. Tais projetos e normas de manejo e de cadeia de custódia são
submetidos a testes, chamados de Testes de Campo. Após essa etapa, tais projetos
são expostas de forma pública para fins de consulta, por um prazo de noventa dias.
Depois de todo o processo realizado, com seus ensaios e acertos, garantindo a
aplicabilidade das mesmas, os projetos são legitimados e tornam-se uma Norma
Brasileira.
20
A união de um conjunto de normas deu origem ao Cerflor, onde
encontramos cinco publicações são datadas de fevereiro de 2002 pela ABNT, e uma
em março de 2004. Em abril de 2007, continuando o procedimento de normalização
segundo conceitos e diretrizes internacionais de Boas Práticas de Normalização,
iniciou-se o processo de revisão das normas cuja experiência de aplicação
completava 05 anos. Esse processo incluiu a realização de novas reuniões da
Comissão de Estudo da ABNT, consulta pública por 90 dias, dentre outras práticas.
A Comissão Especial de Estudo da ABNT’ desenvolveu também, em
2009/2010 as normas NBR 16789 e NBR 15753 para prover uma orientação e
facilitar o entendimento e aplicação das normas ABNT NBR 14789 e ABNT NBR
15789, respectivamente
Hoje, o Cerflor conta com o seguinte acervo normativo, além de utilizar
normas internacionalmente aceitas como as Diretrizes para auditorias de sistema de
gestão da qualidade e/ou ambiental (NBR ISO 19011):
• NBR 14789:2007 - Manejo Florestal - Princípios, critérios e
indicadores para plantações florestais.
• NBR 14790:2007 (tradução do Documento Técnico do PEFC
- Anexo 4) - Cadeia de custódia.
• NBR 14791:2001 - Diretrizes para auditoria florestal -
Princípios gerais está cancelada. Substuída por: ABNT NBR
ISO 19011:2002 Versão Corrigida:2003.
• NBR 14792:2001 - Diretrizes para auditoria florestal -
Procedimentos de auditoria - Auditoria de manejo florestal
está cancelada. Substuída por: ABNT NBR ISO 19011:2002
Versão Corrigida:2003.
• NBR 14793: 2008 - Procedimentos de auditoria - Critérios de
qualificação para auditores florestais.
• NBR 15789:2008 - Manejo Florestal - Princípios, Critérios e
Indicadores para florestas nativas.
21
• NBR 16789:2010 - Manejo Florestal – Diretrizes para
implementação da ABNT NBR 14789.
• NBR 15753:2009 - Manejo Florestal – Diretrizes para
implementação da ABNT NBR 15789.
2.2 Conselho de Manejo Florestal (Forest Stewardship Council – FSC)
É encontrado em diversos produtos, principalmente os importados, pois é
um Conselho de Manejo Florestal (Forest Stewardship Council – FSC).
Internacionalmente reconhecido, é presença marcante em 75 países de todos os
continentes e foi criado com o propósito de melhorar e qualificar as áreas de
manejos florestais priorizando a preservação das áreas ainda intactas, chamadas de
áreas naturais de floresta ou mata. A conservação e o desenvolvimento sustentável
das florestas são seus principais norteadores, sendo que para a sua obtenção, a
empresa precisa aderir a princípios e critérios universais.
O FSC Internacional (FSC IC) estabelece regras para que as
organizações credenciadas liberem o selo. Sua missão é difundir e facilitar o bom
manejo das florestas brasileiras conforme Princípios e Critérios que conciliam as
salvaguardas ecológicas com os benefícios sociais e a viabilidade econômica. O
website do FSC Brasil é bastante rico em informações e literaturas, como normas,
cartilhas, situação de consultas públicas, etc.
23
3. Livre de Cloro Elementar (ECF) E Program for Endorsement Forestry
Certification (PEFC)
Para a produção de papéis e derivados de celulose, as fibras para sua
fabricação requerem algumas propriedades especiais. Isso se deve as condições
satisfatórias, tais como o alto conteúdo de celulose, baixo custo e fácil obtenção.
Tais razões fazem com que as fibras sejam de origem vegetal.
Os vegetais mais usados são principalmente os pinheiros e os eucaliptos.
Isso devido pelo preço e resistência devido ao maior comprimento da fibra dos
pinheiros e pelo crescimento acelerado dos eucaliptos.
A extração da polpa de madeira de árvores é realizada, por se tratar do
material mais usado. Antes da utilização da celulose em 1840, por um alemão
chamado Keller, outros materiais como o algodão, o linho e o cânhamo eram
utilizados na confecção do papel.
3.1 TÉCNICAS DE IMPLEMENTAÇÃO DE ECF
O branqueamento da polpa de papel por cloro é potencialmente poluente.
Fazia-se a utilização do cloro e seu posterior descarte gerava a liberação de
compostos orgânicos, tais como os clorados tóxicos e cancerígenos. Atualmente o
processo de branqueamento é feito por processos sem cloro elementar, chamados
de ECF, do inglês Elemental Chlorine Free, sendo o cloro substituído por dióxido de
cloro.
Ainda existe uma outra forma de produção de papéis e derivados
brancos, sendo nesses utilizado o processo de total não utilização de cloro, sendo
esse processo chamado de TCF, do inglês Total Chlorine Free, onde, nesse caso,
são usados os peróxidos de ozônio e demais derivados dessas substâncias.
Estudos apontam que o efluente que sai de ambos os processos quando
tratado não possui diferença significativa quanto ao teor tóxico, sendo ambos de
24
baixíssimo impacto ambiental. Aplicações industriais têm apontado para uma
redução na emissão de óxidos de nitrogênio (dióxido de nitrogênio e monóxido de
nitrogênio) na mudança do processo TCF para o processo ECF. Essas duas
evidências em conjunto têm começado a fazer o setor repensar quanto a qual
processo dentre os dois é efetivamente menos poluente e quebra um grande
paradigma no setor que acreditava como dogma que o processo totalmente livre de
cloro (TCF) era o mais adequado ambientalmente.
3.2 PROMOÇÃO DO Programa de Reconhecimente de Florestas Certificadas
(Programme for the Endorsement of Forest Certification - PEFC)
O PEFC é um programa internacional de certificação de origem da
madeira, sendo sua sigla a abreviação de Programme for the Endorsement of Forest
Certification ou Programa de Reconhecimente de Florestas Certificadas, tem como
objetivo tornar as empresas que utilizam de recursos florestais, mesmo que sejam
madeiras não silvestres, a procurarem suas matérias primas em empresas que
tenham uma gestão responsável, fazendo com que tenhamos um marco na gestão
empresarial.
Tal marco refere-se a busca pela qualidade desde a matéria prima, como
falado durante o decorrer dos tópicos anteriores. Porém, com o PEFC as empresas
passam a saberem desde a busca pelos produtos que tais fazendas verdes estão
trabalhando de forma sustentável, sem ter a necessidade de realizar processos de
qualidade, perdendo assim tempo.
A fim de fornecer garantias de que a madeira e produtos de madeira
provenientes de florestas geridas de forma sustentável, PEFC promove certificação de
Cadeia de Custódia (CoC). Tal certificação descreve os requisitos para controlar o material
certificado desde a floresta até o produto final. Com isso, os investidores tem a garantia de
que a madeira comprada é proveniente de uma linha de processo de florestas certificadas,
tendo como garantir também aos compradores futuros que sua linha de produtos é
ecologicamente correta.
Entende-se que para uma empresa de produção de madeira e seus derivados
possuir o certificado PEFC de Cadeia de Custódia é essencial, pois para as empresas
25
tal implementação demonstra uma conduta ética de seus atos dentro das
negociações e os consumidores podem tomar decisões da compra responsável.
Para um produto para ser qualificado, todas as entidades da cadeia de
abastecimento devem possuir uma cadeia de custódia do PEFC. Só então essas
empresas se tornam elegíveis para usar o selo PEFC em seus produtos. Além disso,
existe uma outra compensação que é a liberação desse selo certificador para o
marketing verde empresarial de seus produtos, destacando a responsabilidade
desde abastecimento da matéria-prima até o produto final.
De acordo com a ONG responsável pelo PEFC, para a indústria de
processamento de madeira, ter um CoC ajuda a melhorar cada vez mais a eficiência e a
sistematização na produção sustentável, pois com isso a capacidade de rastrear os
produtos de acordo com a sua qualidade certificada. No site da PEFC temos a seguintes
colocações:
Venda materiais certificados através de um sistema de Cadeia de
Custódia também melhora a imagem do sector e pode promover os
produtos aos consumidores, especialmente como uma alternativa a
outros menos sustentável ou mais materiais de alta intensidade
energética.
PEFC certificação de Cadeia de Custódia oferece importantes
vantagens para os varejistas e comerciantes(que compra da
indústria de processamento de madeira), o que pode melhorar a sua
licença para operar e melhorar a sua imagem através da promoção
de madeira e produtos florestais não-madeireiros provenientes de
fontes sustentáveis.
Além disso, ele pode abrir novos mercados e aumentar a base de
clientes como mais e mais consumidores de madeira a procura de
fontes certificadas. públicos e políticas de contratos privados exigem
cada vez mais baseado em madeira e produtos de madeira
provenientes de florestas geridas de forma sustentável, e muitas
vezes especificar a certificação PEFC como prova. A certificação é
provável que se torne parte de uma carteira de empresas para
operar em vários países.
26
Floresta gestão é um processo a longo prazo.Os resultados das
boas práticas podem muitas vezes só se manifestam depois de
décadas.
Florestal Sustentável PEFC certificação Management fornece
proprietários e gestores com o reconhecimento independente de
suas práticas de gestão responsável.
Como consumidores, empresas e governos tornam-se mais
preocupados com suas pegadas ambientais, os mercados de papel
e produtos de madeira certificada continuar a crescer.
Figura 06 – Embalagem de madeiras com o selo de certificação PEFC (extraído de http://www.pefc.org/ )
Figura 07 – Selo do PEFC (extraído de http://www.pefc.org/ )
27
Atualmente metade de toda a madeira da Europa Ocidental é certificada
pelo PEFC, onde isso traz a vantagem ao mercado, mostrando a realidade do
mercado de madeira e celulose atualmente. Sendo assim, os proprietários e
gestores de florestas com certificação PEFC são capazes de controlar e auxiliar na
diminuição do impacto causado pelo plantio, principalmente a silvicultura.
O PEFC estabelece altos padrões para a certificação florestal eo manejo
florestal sustentável em sintonia com a sociedade do conhecimento em constante
evolução e expectativas.
Fazendo isso, as empresas que atuam durante todo o processo estarão
influenciando positivamente na gestão e na prática da formatação de uma floresta
sustentável, onde podemos citar exemplos como a preservação da biodiversidade, a
promoção de serviços ambientais naturais (como a produção de alimentos naturais
vindos dessas florestas) e a não interrupção ou envolvimento negativo nos demais
ciclos biogeoquímicos dos quais as florestas já participam naturalmente.
28
RESULTADOS
Como são base para a economia e importante meio de comunicação
entre as esferas dos setores da economia mundial, as empresas são importantes na
promoção de novos modelos econômicos e, por conseguinte, sociais. Trabalham
como agentes modeladores, trazendo desenvolvimento econômico para os países e
avanços tecnológicos. A saúde social é de grande valia para as empresas,
respeitando desde seus empregados até a integração dessas empresas com a
sociedade de forma mais ampla, através do envolvimento com as informações dos
produtos que estão sendo gerados.
Tais empresas possuem grande capacidade de geração de recursos,
produzindo um contexto onde o bem estar do entorno (desde seus funcionários até
seus clientes diretos e indiretos) depende cada vez mais de uma ação cooperativa e
integrada de todos os setores da economia.
O conceito de responsabilidade socioambiental é bem amplo, como
discutimos aqui e dentre diversos fatores temos a ética como principal base
norteadora das ações e das relações com os diversos segmentos com os quais as
empresas interagem. Assim, a questão da responsabilidade social empresarial ou
responsabilidade socioambiental tem suas fronteiras quebradas,não havendo mais
fragmentação ou limites entre elas. Isso diz respeito à postura legal da empresa, a
prática filantrópica por ela exercida ou ao apoio dado a e pela comunidade em um
sistema de troca, promovendo, dessa forma, uma mudança de atitude. Tal mudança
está voltada para uma perspectiva de gestão empresarial com foco na qualidade
dessas relações e na geração de valor para todos, gerando o marketing verde.
Um dos traços mais marcantes da recente evolução da economia mundial
tem sido a integração dos mercados e a queda das barreiras comerciais. Para
grande parte das empresas, isso significou a inserção, muitas vezes forçada, na
competição em escala global. Em curto espaço de tempo, elas viram- se compelidas
a mudar radicalmente suas estratégias de negócio e padrões gerenciais para
enfrentar desafios e aproveitar as oportunidades decorrentes da ampliação de seus
mercados potenciais, do surgimento de novos concorrentes e novas demandas da
sociedade.
29
Esse novo contexto apresentou como desafio para as empresas a busca
por níveis progressivamente maiores de competitividade e produtividade e introduziu
nestas a preocupação com a legitimidade social de suas atuações. Com a
diminuição do intervencionismo estatal na economia, a iniciativa privada adquiriu
grande importância no alcançar das metas do crescimento econômico de uma
nação. Com isso, as empresas cresceram e se desenvolveram, formando grandes
conglomerados com atuação em diversos países. E desta forma, a responsabilidade
da iniciativa privada para com a sociedade adquiriu um papel de grande relevância.
Em vista disso, constata - se que as empresas buscam investir em
programas de melhoria em comunidades carentes, respeitar seus empregados, não
agredir o meio ambiente, enfim, tentam enquadrar - se dentro do modelo de
responsabilidade social.
30
CONCLUSÃO
Estudar as formas de prevenir e controlar a geração de poluição inerente
a toda atividade antropogênica como a transformação de matérias-primas em
diversos processos ajuda na conservação dos ambientes naturais. O ser humano
necessita do meio para viver, para adquirir matérias-primas e transforma-las em
bens de consumo. Pois bem, tudo isso é muito natural, porém, conforme será visto
ao longo do trabalho, a humanidade está destruindo esses recursos de que tanto
depende.
O caráter exploratório desta pesquisa revelou que existem grandes
diferenças entre a sustentabilidade, que tornou-se uma preocupação não só dos
estudiosos como também dos empresários a nível mundial, e os vínculos e demanda
de informações com a sociedade.
O grande desafio é compatibilizar o crescimento econômico com a
preservação da natureza. As novas formas de valoração dos bens naturais junto
com os gastos das empresas criam uma relação contábil que pode dar grande
contribuição a célula social e a comunidade, criando modelos contábeis
competentes para que o empresário venha a tomar decisões eficazes em sua gestão
patrimonial e ambiental. Com a economia globalizada a empresa é forçada
aprimorar continuamente o nível de qualidade de seus meios patrimoniais (capital) e
ter cuidado com o meio ambiente natural, satisfazendo o consumidor cada vez mais
exigente e consciente. O cliente moderno observa e prefere a célula social que
adota cuidado com o entorno ecológico e social e adquire os produtos dessa
organização. Ele prefere a empresa que respeita o meio ambiente e contribui para a
qualidade de vida da comunidade. O aspecto ambiental natural é uma variável a ser
considerada no planejamento estratégico competitivo.
31
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