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GESTÃO EM LABORATÓRIOS E METODOLOGIAS DE AULAS
PRÁTICAS PARA A DISCIPLINA DE QUÍMICA GERAL APLICADA A
CURSOS DE ENGENHARIA
Letícia Cristina Moraes de Souza – [email protected]
Centro Universitário Padre Anchieta, Curso de Engenharia Química
Campus Prof. Pedro C. Fornari: Av. Dr. Adoniro Ladeira, 94, Via Anhanguera
Jundiaí - SP
Antonio César Teixeira de Toledo – [email protected]
Flávio Gramolelli Júnior – [email protected]
Aline Bertaglia dos Santos Migliorini – [email protected]
Dicesar Correia – [email protected]
Resumo: O ensino da Química, em qualquer tipo de curso só pode ser efetivo quando
permitir ao aluno a oportunidade de executar aulas práticas, pois a química é uma ciência
baseada em observações experimentais. Entende-se, portanto, que o trabalho experimental
desenvolvido no laboratório constitui parte essencial de qualquer curso de engenharia. O
presente trabalho é um relato da experiência da implantação de um sistema organizacional
nos laboratórios de Química para os cursos de Engenharia do Centro Universitário Padre
Anchieta – Jundiaí/SP. A disciplina de Química Geral foi utilizada como exemplo para
demonstração de simples procedimentos adotados e que resultaram numa melhoria
significativa no aprendizado dos alunos, na redução de gastos de reagentes e materiais e no
cuidado com o meio ambiente. Do ponto de vista de aprendizado, os alunos ao se depararem
com uma aula bem planejada e organizada, acabam passando de meros expectadores a
protagonistas do experimento, com um maior senso de responsabilidade e preocupados com
o sucesso do procedimento.
Palavras-chave: Gestão em Laboratórios; Disciplina de Química Geral; Cursos de
Engenharia.
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo foi realizado nas dependências do Centro Universitário Padre Anchieta –
Jundiaí-SP. A instituição conta com mais de 70 laboratórios didáticos específicos
administrados pela Gerência de Laboratórios, formada por uma equipe de professores
especializados em cada área que cuidam do gerenciamento, aquisição de materiais,
contratação de técnicos, atualização do inventário, manutenção preventiva e demais atividades
pertinentes ao regulamento e boas práticas nas rotinas laboratoriais. Os cursos de Engenharia
se destacam entre os cursos que mais utilizam os laboratórios na instituição.
As aulas ocorrem com planejamento e evita-se o desperdício de todos os itens solicitados nas
aulas, tais como, reagentes, alimentos, materiais e componentes eletrônicos em geral.
Os técnicos são responsáveis por preparar e organizar os materiais de cada aula com base na
Ficha de Programação e Controle de Resíduos de Aula Prática que é preenchida pelo
professor ministrante da aula.
A referida comissão realiza a gestão eficiente de todos e quaisquer resíduos, sejam eles
químicos, biológicos ou de outra natureza, gerados na instituição, visando um trabalho pleno
em conjunto com os cursos que utilizam ou não os laboratórios para atividades experimentais.
2 METODOLOGIA E ESTUDO DE CASO
A disciplina de Química Geral é a disciplina com maior demanda de uso dos laboratórios na
instituição, e é comum a todas as modalidades de engenharias nos primeiros semestres de
cada curso.
O foco principal é apresentar aos alunos as propriedades gerais e específicas dos compostos
químicos e familiarizá-los ao uso adequado dos materiais e equipamentos de laboratório.
Dentre as atividades realizadas no curso de Engenharia Química destacamos os
procedimentos de produção, e neste caso citamos o exemplo da produção de sabão, cujos
objetivos consistem em desenvolver um projeto sobre o sabão e suas propriedades, além de
enfatizar os aspectos econômicos, sociais e históricos. Essas aulas se destacam por mobilizar
os alunos em um projeto conhecido como “projeto integrador”, com envolvimento de todas as
disciplinas do curso numa abordagem sobre os conceitos relativos aos métodos de produção e
propriedades físico-químicas e de qualidade do produto final.
2.1 Aulas práticas de Química Geral para os Cursos de Engenharia
A aplicação de conceitos teóricos de química geral em experimentos de laboratório também
faz parte da ementa da disciplina, conforme quadro 1.
No curso de Engenharia a disciplina de Química Geral é dividida em Química Geral I (carga
horária 60 horas) e Química Geral II (carga horária 80 horas), com 50% de aulas práticas
(Laboratório de Química) e 50% de aulas teóricas, em 2 semestres, conforme “Tabela 1”.
Tabela 1 - Conteúdo de aulas práticas de Química Geral.
Química
Geral
I
Apresentação de materiais básicos de laboratório químico;
Técnica de aquecimento de materiais e manuseio de bico de Bunsen;
Medidas de massa, volume e temperatura;
Experimentos com fenômenos físicos e químicos;
Preparação de compostos por dupla troca e reatividade;
Estudo de Ácidos e Bases;
Técnica de determinação da solubilidade de alguns compostos
Química
Geral
II
Métodos usuais de separação em misturas;
Técnica geral de Preparação de soluções;
Técnica de padronização de soluções;
Determinação da concentração de soluções desconhecidas;
Reações de óxido-redução;
Produção de sabão alcalino reciclando óleo de fritura;
Testes básicos de qualidade para sabão produzido;
Velocidades das reações químicas;
Tratamento de resíduos químicos;
Para exemplificar os procedimentos adotados nas aulas práticas tomemos como exemplo o
experimento de produção de sabão, constante na programação da disciplina de Química Geral
II. Os alunos são orientados a trazer óleo de fritura de casa, e estes são estocados em
recipientes de 5 Litros para posterior filtração no momento da aula, conforme “Figura 1”.
Figura 1 - Óleos encaminhados pelos alunos e o sabão preparado.
O produto final resulta em um sabão de boa qualidade feito de acordo com o experimento
citado, apresenta alta formação de espuma, grande eficiência emulsificante, aspecto
homogêneo, boa consistência e alto rendimento. Para obter os resultados citados é de extrema
importância que haja um controle de todos os processos, respeitando a concentração de cada
reagente, a temperatura e o tempo de mistura. A filtragem correta do óleo garante ao sabão
uma maior homogeneidade. O sabão produzido pelos alunos é utilizado dentro da própria
instituição, reduzindo custos com produtos de limpeza em geral.
2.2 Organização em Laboratórios de Química
A instituição conta com o apoio de quatro colaboradores Técnicos que se dividem na
organização dos Laboratórios de Química, Eletrônica, Hidráulica, Física, Materiais/Geologia,
Materiais de Construção Civil, Automação, Mecânica e Fisioterapia.
Nos laboratórios são realizados inventários duas vezes ao ano e os técnicos tem a função de
conferir produtos, reagentes, vidrarias e a manutenção da ordem geral do local. O espaço
físico para elaboração das aulas práticas é amplo e os professores desenvolvem suas aulas
com excelente mobilidade.
As aulas ocorrem com planejamento e evita-se o desperdício de todos os itens solicitados nas
aulas, tais como, reagentes, alimentos, materiais e componentes eletrônicos em geral. Para
tanto é necessária uma comunicação efetiva entre a equipe técnica, o setor de compras e a
comissão gestora dos laboratórios. Nas “Figuras 2, 3 e 4” são apresentados os Laboratórios de
Química.
Figura 2 - Laboratório de Química IV.
Figura 3 - Laboratório de Química V.
Figura 4 - Laboratório de Química VI.
2.3 Planejamento das aulas práticas
Os técnicos são responsáveis por preparar e organizar os materiais de cada aula com base na
Ficha de Programação e Controle de Resíduos de Aula Prática que é preenchida pelo
professor ministrante da aula. É de responsabilidade do docente o encaminhamento prévio dos
procedimentos para separação, armazenamento, tratamento e descarte dos rejeitos gerados em
suas aulas experimentais, que devem ser discriminados nessas fichas. A “Figura 5” ilustra um
exemplo de aula já preparada para atender a solicitação do professor de Química Geral que
aplicou a aula de apresentação de materiais básicos de laboratório químico.
Figura 5 - Aula de Química Geral 1 “Apresentação de materiais básicos de laboratório
químico”.
Em média, o Professor trabalha com aproximadamente 40 alunos por aula, e os alunos são
distribuídos em 8 grupos com máximo de 5 integrantes. Os grupos são separados por
bancadas e o experimento é montado individualmente para cada equipe, que realiza o
procedimento de acordo com as orientações do professor. A partir do 1º semestre de 2014 foi
adotada uma identificação permanente para os grupos, ou seja, o Professor no primeiro dia de
aula já registra o nome de todos os integrantes dos grupos e a respectiva bancada utilizada,
que será então, cativa e com uma numeração padrão, conforme a “Tabela 2”.
Essa é uma forma prática e eficiente de controlar o uso dos materiais e reagentes utilizados
nas aulas, pois essa identificação possibilita ao docente e aos técnicos, atribuir
responsabilidades aos alunos pelo zelo no que se refere ao uso dos equipamentos fornecidos
pela Instituição. Além disso, é uma excelente oportunidade do Professor explicar conceitos
sobre boas práticas de laboratório e conduta responsável, que é facilmente entendida por todos
os grupos como um componente de avaliação na nota final da disciplina.
O técnico ao final da aula confere os materiais (sobretudo vidrarias) e verifica se estão em
perfeito estado e limpeza. Havendo divergências, o Professor é imediatamente comunicado e
convoca o grupo de alunos para um diálogo.
Tabela 2: Nomes dos alunos e grupo responsáveis por materiais/vidrarias de laboratório
GRUPO 1
João Paulo Jovelino de Jesus Rodrigo Gabriel Vinícius Ferreira Renato dos Santos Roberto de Souza
2.4 Metodologias de aulas práticas e Fichas de programação de aulas.
Nas fichas de programação de aula, “figura 6”, constam informações importantes para a
preparação correta dos experimentos, o que permite aos técnicos uma melhor organização dos
materiais e reagentes, bem como o controle do estoque e planejamento de aulas futuras. De
acordo com a ficha de programação de aula, o Professor solicita os materiais/equipamentos,
reagentes/soluções que necessita para realizar a aula, e cabe ao técnico verificar a
disponibilidade de cada item. As fichas de aula são impressas e entregues ao Professor no
início da aula e ao término da prática o docente assina e a devolve ao técnico.
Figura 6 - Ficha de programação de aula prática.
Os Professores também encaminham aos técnicos as metodologias de aulas práticas,
conforme “Figura 7”. É importante ressaltar que neste procedimento as soluções contendo os
metais chumbo, mercúrio e cobre são provenientes de recuperação de passivos de resíduos em
aulas práticas de química analítica qualitativa, e que a instituição busca evitar a compra de
alguns tipos de reagentes visando a minimização e geração de possíveis resíduos perigosos.
CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA
NORMAS DE SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS
FICHA DE PROGRAMAÇÃO DE AULA
CURSO: DOCENTE:
DISCIPLINA: SEMESTRE: TURMA:
LABORATÓRIO UTILIZADO:
DATA DA AULA: HORÁRIO:
TÍTULO DA AULA:
NÚMERO DE ALUNOS: NUMERO DE GRUPOS:
MATERIAIS
E EQUIPAMENTOS
*
B/G
Quant. total
solicitada
Quant.total
devolvida
REAGENTES E SOLUÇÕES B/G C/L Quantidade
Solicitada
Quantidade
Devolvida
*Montagem: B = na bancada de apoio; G = por grupo de trabalho
**Embal.: C = frasco conta-gotas; L = litro
RESÍDUO – COMPOSIÇÃO PROVÁVEL * D/S QUANTIDADE LOCAL
* D = descartado; S = Segregado
DATA DA SOLICITAÇÃO: VISTO DO TÉCNICO:
TÉCNICO RESP. PREPARAÇÃO DA AULA:
DATA DA DEVOLUÇÃO: VISTO DO TÉCNICO:
ASSINATURA DO PROFESSOR NA DEVOLUÇÃO:
Os resíduos desta aula são segregados, recuperados e identificados para uso em aulas futuras,
evitando assim, o descarte em rede coletora.
Figura 7 - Metodologia de aula prática.
CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA METODOLOGIA DE AULA PRÁTICA
DISCIPLINA: QUÍMICA GERAL II TÍTULO DA AULA: Reações de Oxido-Redução
EQ-QG2-A04
Rev. 0
29.05.2014
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REAÇÕES DE ÓXIDO-REDUÇÃO – Parte I
1) Objetivo
Observar reações de óxido-redução envolvendo metais e íons metálicos. Determinar o poder relativo dos metais como agentes redutores e o dos íons metálicos como agentes oxidantes. 2) Materiais e reagentes
- Tubos de ensaio; - Pipeta; - Zinco, cobre, magnésio, estanho e ferro metálicos; - Soluções 1M de Nitrato de Zinco, Cloreto de Ferro III, Nitrato de Cobre II, Nitrato de Chumbo II, Ácido Clorídrico e Nitrato de Mercúrio II 3) Procedimento
3.1. Obtenha amostras dos metais: Zinco, Cobre, Magnésio, Estanho e Ferro, e soluções 1M de: Zn(NO3)2, FeCI3,
Cu(NO3)2, Pb(NO3)2, HCI e Hg(NO3)2; 3.2. Identifique 6 tubos de ensaio com os nomes das soluções e coloque cerca de 1 mL de cada solução no tubo
respectivo; 3.3. Coloque uma porção limpa de cada um dos metais nos tubos e observe as possíveis reações. Anote o
resultado no caderno; 3.4. Repita as etapas 3.2 e 3.3 com cada um dos outros metais;
3.5. Faça um quadro relacionando os metais e soluções para ter uma visão geral das reações que ocorreram;
Demonstre TODAS as reações ocorridas com as respectivas observações em cada caso e descarte os resíduos nos recipientes indicados pelo professor para posterior tratamento. 4) Tópicos para Estudo
Reações químicas em solução e Potenciais de óxido-redução. 5) Bibliografia Brady, J. & Humiston, G. E. Química Geral vol 1, Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.,
1986. Costa, M.H. & Honda, n.k., “Apostila de Química Geral – Atividades de Laboratório”, Depto Química / UFMS,
2000.
CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA – METODOLOGIA DE AULA PRÁTICA
2.5 Tratamento de resíduos químicos gerados em aulas práticas
Em laboratórios de ensino há grande variedade de produtos químicos e as universidades
utilizam cerca de 1% dos resíduos perigosos (ALBERGUINI, 2006, p. 19). De acordo com
ABNT (1987), resíduos são restos da atividade humana. O ato de proteção ambiental de 1990
do Reino Unido destaca, na sessão 75, que resíduo significa qualquer substância que constitua
um efluente, sucata ou outra substância não desejável derivada da aplicação de algum projeto,
e também qualquer substância que necessite ser descartada devido às más condições ou
contaminação.
“Em maior ou menor grau pode vir a trazer riscos à saúde pública, provocando
mortalidade, doenças ou acentuar índices de enfermidade já existente, e também
riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado e descartado de forma
inadequada, devido às suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas.”
(LIPPEL, 2003, p. 12).
Resíduos químicos enquadram-se na classificação de resíduos sólidos pela NBR 10004,
classificados por seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, sendo possível
seu manuseio e destinação de forma adequada (ALBERGUINI, 2006, p. 19). O Centro
Universitário Padre Anchieta, dentro do curso de Engenharia Química, procura estimular
programas de reutilização dos resíduos químicos para que alunos interessados possam realizar
estágio dentro da própria Instituição, apresentando propostas de redução de resíduos,
reutilização e recuperação desses materiais. Os resíduos dos laboratórios são descartados de
acordo com a periculosidade dos referidos, obedecendo às normas e regulamentos,
estabelecidos pela legislação Brasileira, sendo o Centro Universitário Padre Anchieta,
docentes e alunos co-responsáveis pela geração e destinação final de forma segura.
Os métodos de tratamento e descarte dos rejeitos oriundos dos experimentos são fornecidos
pelos docentes responsáveis pelas disciplinas experimentais. Os rejeitos são estocados
provisoriamente nos laboratórios de forma organizada e com as respectivas identificações.
Frascos descartados em aula são colocados em tambores específicos e destinados à
reciclagem, para o controle de materiais quebrados e respectiva reposição. A figura 8
apresenta a Ficha de Controle de Resíduos Químicos.
Figura 8 - Ficha de controle de resíduos de aula prática.
CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA
NORMAS DE SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS
FICHA 2: CONTROLE DE RESÍDUOS
CURSO: DOCENTE:
DISCIPLINA: TURMA:
LABORATÓRIO UTILIZADO:
DATA DA AULA: HORÁRIO:
TÍTULO DA AULA:
NÚMERO DE ALUNOS: NUMERO DE GRUPOS:
RESÍDUO – COMPOSIÇÃO PROVÁVEL * D/S QUANTIDADE LOCAL
* D = descartado; S = Segregado
INFORMAÇÕES ADICIONAIS E SUGESTÕES PARA TRATAMENTO DOS RESÍDUOS
DATA DA DEVOLUÇÃO:
TÉCNICO:
ASSINATURA DO PROFESSOR:
Esta ficha permite ao docente planejar o que fazer com os eventuais resíduos formados nas
aulas práticas, e deve estar atrelada à ficha de programação de aulas e metodologias
propostas, com uma explicação completa sobre o resíduo, o laboratório utilizado, o
responsável pela geração, sua característica predominante e a quantidade.
Os resíduos são rotulados com a descrição de todas as substâncias presentes, mesmo as que
contenham concentrações muito baixas (traços de elementos) inclusive água. Informações
como o nome do responsável, procedência do material e data são de grande importância para
uma precisa caracterização do material. Desta forma uma etiqueta deve conter os campos de
acordo com a “Figura 9”.
Figura 9 - Modelo de rótulo preenchido e informações adicionais.
2.6 Planejamento do Consumo de Reagentes e Vidrarias para aulas práticas.
Visando evitar desperdícios de materiais e reagentes, os técnicos avaliam de forma muito
criteriosa as fichas e metodologias enviadas pelos Professores. É fundamental que haja uma
coerência entre os itens solicitados nas fichas e a descrição do procedimento nas metodologias
de aula, do contrário poderá ocorrer uma diferença entre as quantidades de materiais e
reagentes pedidos e que realmente serão utilizados no procedimento. Dessa forma os técnicos
executam previamente o procedimento fornecido pelo docente com intuito de identificar
possíveis problemas em tempo hábil de correção antes da data agendada da aula.
3 RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS
A quebra de vidrarias é um ponto crítico durante as aulas práticas, reduzindo o estoque de
itens importantes para o bom andamento das aulas e consequentemente gerando custos
significativos à instituição. Algumas razões corroboram para uma constante quebra de
materiais durante as aulas, entre elas estão: i) Falta de planejamento e organização das aulas
práticas; ii) Acúmulo de vidrarias nas bancadas e grupos com muitos integrantes; iii) Alunos
com pouca, ou nenhuma habilidade para manusear equipamentos de laboratório.
A perspectiva para os próximos semestre é reduzir, ou até mesmo eliminar por completo as
perdas de materiais por parte dos alunos.
Com a implantação desse novo modelo de organização dos laboratórios nota-se uma evidente
redução no número de vidrarias quebradas. Nos últimos 3 semestres houve diminuição no
número de vidrarias quebradas por alunos, conforme a “Tabela 3”.
Tabela 3 - Quebra de Vidrarias dos semestres 1° de 2013, 2° de 2013 e 1° de 2014.
1° semestre de 2013 2° semestre de 2013 1° semestre de 2014
Itens Qtds Itens Qtds Itens Qtds
Balões Volumétricos 5 Balão de Destilação 2 Bastão de Vidro 1 Bastão de Vidro 3 Balão Volumétrico 2 Béquer 5
Béqueres 23 Béqueres 21 Erlenmeyer 2 Buretas 11 Buretas 3 Pipeta Graduada 1 Erlenmeyer 8 Condensador 2 Pipetas Volumétricas 2 Funil Analítico 2 Erlenmeyer 5 Provetas 2 Pipetas Graduadas 17 Funil Analítico 2 Termômetro 1 Pipetas Volumétricas 24 Pipetas Graduadas 7 Vidro Relógio 1 Provetas 24 Pipeta Volumétrica 4 Termômetro 2 Provetas 22 Tubos de Ensaios 90 Termômetro 1 Vidro Relógio 5 Tubos de Ensaio 44 Vidro Relógio 3
Total 214 Total 118 Total 15
Nos 2 primeiros semestres letivos de 2013, sem a adoção dos procedimentos de nomeação de
grupos, foram registradas, respectivamente, 214 e 218 quebras de vidrarias. No primeiro
semestre de 2014 foram registrados apenas 15 itens quebrados, o que demonstra uma sensível
redução no número de perdas de vidrarias. A “Figura 10” destaca os percentuais de quebra de
materiais nos três últimos semestres letivos.
Figura 10 - Gráfico de redução de quebra de vidrarias.
62%
34%
4%
QUEBRA DE VIDRARIAS
Quebra de Vidrarias 1° 2013
Quebra de Vidrarias 2° 2013
Quebra de Vidrarias 1° 2014
A “Figura 11” ilustra os materiais que foram quebrados durante as aulas práticas nos últimos
três semestres.
Figura 11 - Fotos de Vidrarias Quebradas nos últimos 3 semestres durante as aulas práticas.
1° semestre de 2013 2° semestre de 2013 1° semestre de 2014
No que se refere ao aprendizado dos alunos, em comparação com os semestres anteriores,
houve uma grande diferença no nível de participação e compromisso com as atividades na
disciplina de Química Geral, embora fossem alunos diferentes, o perfil das turmas é muito
semelhante de um semestre para outro. Os procedimentos adotados para organização dos
grupos conferiu maior objetividade na aula com a nítida evolução das notas conforme “Tabela
4”.
Tabela 4 - Média das notas de avaliação dos relatórios de aulas práticas nos últimos 3
semestres.
1º sem. 2013 2º sem. 2013 1º sem. 2014
Notas: média dos relatórios 6,8 7,2 9,0
3.1 Conclusão
Com a realização deste trabalho observamos uma significativa melhoria no andamento das
aulas práticas, e o conteúdo ministrado foi desenvolvido de forma mais clara aos alunos. Essa
organização e planejamento também refletiram na redução do número de quebra de materiais
por parte dos alunos e houve um aumento considerável nas notas dos relatórios experimentais.
Com a implantação desta nova metodologia nas aulas de Química Geral percebeu-se um
melhor aproveitamento do tempo útil em aula sem a necessidade de separação dos grupos e
orientações referente à divisão das tarefas.
Do ponto de vista técnico, o gerenciamento dos resíduos ativos e passivos é fundamental para
um controle efetivo sobre os estoques de reagentes, pois essa preocupação gera uma maior
atenção por parte dos professores que elaboram as metodologias de aulas, minimizando o
consumo de reagentes e consequentemente gerando menos resíduos.
Ao abordar os conceitos sobre minimização do consumo de reagentes e tratamento de
resíduos químicos, o professor conferiu uma preocupação ambiental ao experimento em
coerência com os procedimentos adotados nos laboratórios das indústrias, estimulando e
despertando nos alunos o interesse em buscar procedimentos de engenharia para soluções
desses problemas reais no mercado de trabalho.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.004: Resíduos
Sólidos: classificação. Rio de Janeiro, 1987. 63 p.
ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11174:
Armazenamento de resíduos classes II - não inertes e III – inertes. Rio de janeiro, 1988. 2 p.
ALBERGUINI, Leny Borghesan, et al. Tratamento de resíduos químicos: Guia prático para
a solução dos resíduos químicos em instituições de ensino superior. São Carlos: RiMa, 2006.
19 p.
BRASIL. Decreto-Lei n. 178, de 5 de setembro de 2006. Revoga o anterior 239/97, e aplica-
se a operações de gestão de resíduos, compreendendo toda e qualquer operação de recolha,
transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorização e eliminação de resíduos, São
Paulo, p 1-4. 2006. Ideias Ambientais. Disponível em:<
http://www.ideiasambientais.com.pt/artigos/178_2006_residuos.pdf> Acesso em 29 maio
2014.
CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA. Normas para trabalhos com resíduos
químicos no Centro Universitário Padre Anchieta. Jundiaí, 2010. 14p.
LIPPEL, Marize. Modelo de gerenciamento de resíduos sólidos de saúde para pequenos
geradores. 2003. 120 f.. Dissertação (Mestrado em Ciências e Engenharia de Produção) – Pós
Graduação em Ciência e Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2003.
MANAGEMENT IN LABORATORIES AND METHODOLOGIES FOR
PRACTICAL DISCIPLINE OF GENERAL CHEMISTRY APPLIED TO
ENGINEERING COURSES - 2014
Abstract: The teaching of chemistry in any kind of course, can only be effective when it allows
the student the opportunity to perform practical classes, because chemistry is a science based
on experimental observations. It is understood, therefore, that the experimental work in the
laboratory is an essential part of any engineering course. This paper reports the experience
of the implementation of an organizational system in chemistry laboratories for courses in
Engineering, University Center Padre Anchieta - Jundiaí / SP. Discipline of General
Chemical was used as example for demonstration of simple procedures adopted and that
resulted in a significant improvement in student learning, reduce costs of reagents and
materials and care for the environment. From the point of view of learning, students when
faced with a well planned and organized, class end from mere spectators to protagonists of
the experiment, with a greater sense of responsibility and concerned about the success of the
procedure.
Key-words: Management in Laboratories; Discipline of General Chemistry; Engineering
courses.