gibiteca:ensino, criatividade e integração escolar

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GIBITECA: ENSINO, CRIATIVIDADE E INTEGRAÇÃO ESCOLAR NOGUEIRA, Natania A. S. [email protected] Resumo As histórias em quadrinhos têm conquistado um grande espaço dentro das escolas. Como um instrumento de ensino, elas estão se tornando instrumentos importantes de introdução dos alunos no mundo da leitura e do conhecimento. O Projeto Gibiteca Escolar, desenvolvido na Escola Municiapal Judith Lintz Guedes Machado, Leopoldina (MG), usa deste instrumento lúdico como uma ponte entre o estudante e o mundo das idéias, da criatividade e dos sonhos, abrindo caminho para a formação de pessoas conscientes do seu papel na sociedade. Palavras-chaves: Histórias em Quadrinhos; Leitura; Ensino Introdução Há algum tempo, o papel do professor das séries mais avançadas do ensino fundamental era limitado a desenvolver o conteúdo com o qual trabalhava na sala de aula – história, geografia, matemática, ciências, etc. –, sem se preocupar com algo fundamental: a leitura e a interpretação. Estas eram habilidades que deveriam se desenvolvidas tão somente nas aulas de português e literatura. No entanto, temos hoje uma realidade muito mais complexa: nossas crianças e jovens lêem pouco e geralmente são incapazes de compreender o que estão lendo. Entendemos que a leitura é a chave para o desenvolvimento do aluno na escola. Através da leitura ele aprende a interpretar melhor o mundo em que vive e a despertar a imaginação e a criatividade. Um aluno/leitor compreende melhor os conceitos abstratos com os quais tem que lidar na sala de aula. Esta habilidade deve ser desenvolvida já na Educação Infantil 1 e durante todo o Ensino Fundamental. Tendo em mente usar a leitura como uma ponte para o conhecimento, foi concebido o Projeto Gibiteca Escolar, na Escola Municipal Judith Lintz Guedes Machado, uma escola de periferia da cidade de Leopoldina (MG), que atende alunos oriundos de famílias de baixa renda. 1 Incluímos aqui a educação infantil pois, mesmo não estando alfabetizadas, as crianças fazem uma leitura do mundo através de imagens e da sua oralidade, sendo portanto a leitura à qual nos referimos um conceito bem mais amplo e abrangente.

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texto de comunicação apresentado em congresso de educação em 2007.

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Page 1: Gibiteca:ensino, criatividade e integração escolar

GIBITECA: ENSINO, CRIATIVIDADE E INTEGRAÇÃO ESCOLAR

NOGUEIRA, Natania A. S. [email protected]

Resumo As histórias em quadrinhos têm conquistado um grande espaço dentro das escolas. Como um instrumento de ensino, elas estão se tornando instrumentos importantes de introdução dos alunos no mundo da leitura e do conhecimento. O Projeto Gibiteca Escolar, desenvolvido na Escola Municiapal Judith Lintz Guedes Machado, Leopoldina (MG), usa deste instrumento lúdico como uma ponte entre o estudante e o mundo das idéias, da criatividade e dos sonhos, abrindo caminho para a formação de pessoas conscientes do seu papel na sociedade.

Palavras-chaves: Histórias em Quadrinhos; Leitura; Ensino

Introdução

Há algum tempo, o papel do professor das séries mais avançadas do ensino

fundamental era limitado a desenvolver o conteúdo com o qual trabalhava na sala de aula –

história, geografia, matemática, ciências, etc. –, sem se preocupar com algo fundamental: a

leitura e a interpretação. Estas eram habilidades que deveriam se desenvolvidas tão somente

nas aulas de português e literatura. No entanto, temos hoje uma realidade muito mais

complexa: nossas crianças e jovens lêem pouco e geralmente são incapazes de compreender o

que estão lendo.

Entendemos que a leitura é a chave para o desenvolvimento do aluno na escola.

Através da leitura ele aprende a interpretar melhor o mundo em que vive e a despertar a

imaginação e a criatividade. Um aluno/leitor compreende melhor os conceitos abstratos com

os quais tem que lidar na sala de aula. Esta habilidade deve ser desenvolvida já na Educação

Infantil1 e durante todo o Ensino Fundamental. Tendo em mente usar a leitura como uma

ponte para o conhecimento, foi concebido o Projeto Gibiteca Escolar, na Escola Municipal

Judith Lintz Guedes Machado, uma escola de periferia da cidade de Leopoldina (MG), que

atende alunos oriundos de famílias de baixa renda.

1 Incluímos aqui a educação infantil pois, mesmo não estando alfabetizadas, as crianças fazem uma leitura do mundo através de imagens e da sua oralidade, sendo portanto a leitura à qual nos referimos um conceito bem mais amplo e abrangente.

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Os objetivos do projeto são: criar um espaço de aprendizagem para professores e

alunos; formar leitores críticos e criativos; promover atividades onde os alunos – e mesmo os

professores - possam descobrir habilidades e desenvolver competências.

Na Gibiteca, alunos e professores têm acesso a um acervo diversificado de HQ’s

(como chamamos as revistas de Histórias em Quadrinhos) e podem usá-lo para leitura durante

os horários de funcionamento da escola. O Projeto Gibiteca Escolar também trabalha

positivamente a auto-estima de professores e alunos, mostrando que mesmo escolas com

poucos recursos podem oferecer grandes oportunidades e estimular todos a sonharem com um

futuro promissor.

A leitura de gibis é uma atividade prazerosa e que aparentemente está dissociada das

tarefas escolares. As HQ’s são capazes de promover a interdisciplinaridade entre os diversos

conteúdos curriculares, ajudam a promover a prática da leitura e aproximam as crianças de

outros tipos de arte, como as artes plásticas, o teatro e a música, além, é claro, de serem

importantes no processo de alfabetização. Os alunos aprendem que “estudar” pode ser

divertido e se tornam mais receptivos aos diversos conteúdos.

Nas próximas linhas vamos mostrar como uma gibiteca pode mudar a rotina de uma

escola, a forma como ela pode integrar alunos, professores e funcionários em torno de

atividades lúdicas que estimulam a criatividade e abrem as portas para novos horizontes,

novas perspectivas.

O papel das HQ’s no desenvolvimento da leitura

A escola pública nas palavras de GONÇALVES não exclui por incompetência

intelectual, mas porque faz parte da sua constituição2. Nossa escola foi concebida como um

instrumento de força, de poder pelas nossas elites. Talvez não possamos nunca romper

totalmente com esse paradigma, mas creio que podemos fazer da escola igualmente um

espaço de reação, através de um ensino voltado para o desenvolvimento e valorização do

indivíduo, do sujeito histórico. É possível transformar, mudar esse quadro de exclusão ou, na

pior das hipóteses, tentar minimizá-lo. Citando Cabrini:

2 GONÇALVES, Jussemar Weiss . O campo da história na Escola Pública. In: Qual história? Qual ensino? Qual cidadania? – Porto Alegre: ANPUH, Ed. Unisinos, 1997, p. 77

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Não temos uma fórmula mágica, uma solução pronta sobre o conteúdo a ensinar, mas sim uma proposta de como trabalhá-lo. O conteúdo que você irá desenvolver na sua classe, ou seja, o seu objetivo de estudo, só pode ser determinado por você, em sua atividade profissional concreta, a partir dos dados da realidade da sua escola, seu período letivo, seus alunos[...]3

O ensino no Brasil não vai bem. É um fato inegável. As novas gerações não estão

“letradas”. Nossos jovens não criaram o hábito da leitura e por isto possuem uma grande

dificuldade em fazer associações, em interpretar textos simples, em compreender o que pedem

os professores, o que está escrito nos livros. Desta forma a aprendizagem acaba ficando

comprometida e o fracasso se não se faz visível nos índices de retenção escolar, aparece

claramente nas avaliações globais realizadas pelo Estado, devido à incapacidade no ato de ler.

Saber ler e escrever não é simplesmente o ato mecânico de juntar sílabas e emitir sons.

A leitura é uma atividade complexa que exige do leitor a capacidade de interpretar o texto; de

identificar e compreender o contexto no qual ele está inserido; de identificar idéias e signos

nele contidos. Nas palavras de Platão e Fiorin:

Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o produziu. De uma forma ou de outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade. Até mesmo uma simples notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade, tem sempre uma intenção por trás.4

As Histórias em Quadrinhos possuem uma linguagem simples e de fácil compreensão

para os alunos, que em geral não oferecem resistência a seu uso, uma vez que são

relacionadas a uma forma de entretenimento e lazer. Segundo Flávio Calazans, os quadrinhos

quando são projetados em sala de aula, como recurso para complementar o ensino de

determinado conteúdo, prendem mais a atenção dos alunos do que outros recursos, como o

vídeo, por exemplo, porque permitem que ocorra uma leitura simultânea da página, podendo o

leitor captar a ação em todos os seus tempos.5

Alves também tem uma visão positiva a respeito do uso dos quadrinhos nas escolas,

com forma de incentivar o gosto pela leitura.

Segundo ele:

3 CABRINI, Conceição et. alii. O Ensino de História: revisão urgente.- 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994, p.32 4 FIORIN, José Luis, SAVIONI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. 2a edição – São Paulo: Editora Ática, 1991, p. 13. 5 CALAZANS, Flavio Mario de Alcântara. História em quadrinhos na escola. – São Paulo: Paulus, 2004. p. 11.

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A leitura de histórias em quadrinhos pode contribuir para a formação do “gosto pela leitura” porque ao ler histórias em quadrinhos a criança envolve-se numa atividade solitária e não movimentada por determinado período de tempo, que são características pouco freqüentes nas atividades de crianças pré-escolares ou no início da escolarização. Também porque, estando mais próximas da forma de raciocinar destas crianças, elas podem mais facilmente lê-las, no sentido de retirar delas significados, o que seria menos provável com outros tipos de leitura. Além disso, pode-se esperar que uma criança, para quem a leitura tenha se tornado uma atividade espontânea e divertida, esteja mais motivada a explorar outros tipos de textos (com poucas ilustrações), do que uma outra criança para quem esta atividade tenha sido imposta e se tornado enfadonha.”6

O hábito da leitura de quadrinhos, além de ser saudável, pode estimular o prazer pela

leitura. Em geral são os maus leitores que criticam as histórias em quadrinhos. Segundo DJota

Carvalho, várias pesquisas sobre a relação entre quadrinhos e educação já foram realizadas

Uma delas encomendada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação

(CNTE), em 2001, comprovou que:

[..]. alunos que lêem gibis têm melhor desempenho escolar do que aqueles que usam apenas o livro didático – entre os estudantes da 4ª série da rede pública, a HQ aumenta significativamente a performance do aluno: entre os que acompanham quadrinhos, o percentual das melhores notas nas provas aplicadas foi de 17,1%, contra 9,9% entre os que não lêem. Mais ainda, esta pesquisa mostra que professores que lêem revistas em quadrinhos obtêm melhor rendimento dos alunos, pois conhecem melhor o universo dos estudantes e se aproximam deles usando exemplos deste universo como paradigma para as aulas. A pesquisa mostra , entre outras coisas, que , entre os alunos da 4ª série cujos professores lêem HQs, a proficiência em leitura é mais alta do que entre aqueles cujos professores não têm o hábito de ler gibis. Na rede pública, 36% dos alunos de leitores de gibis têm proficiência média alta e alta, contra 31,5% dos que não lêem.7

Uma das vantagens de se trabalhar com histórias em quadrinhos é que elas não

possuem uma faixa etária exata: há quadrinhos para todas as idades, da educação infantil até a

universidade. Na Europa, por exemplo, ensina-se latim usando-se Asterix. Asterix e outras

HQ’s européias são publicadas em latim com esta finalidade e com uma tiragem relativamente

grande. O preconceito que existe com relação aos quadrinhos é construído em cima da idéia

de que eles são coisa de criança ou, em alguns casos, coisa de menino. Há HQ’s de todos os

gêneros e para todos os gostos. Algumas são adaptações de clássicos da literatura, outras

possuem um argumento tão complexo que são indicadas para adultos com um certo grau de

conhecimento literário.

6 ALVES, José Moysés. Histórias em quadrinhos e educação infantil. Psicol.cienc. prof. Brasília, vol..21, num.3, set. 2001. Disponível em: < http://scielo.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32001000300002&lng=pt&nrm=is>. Capturado em: 05/02/2006. 7 CARVALHO, DJota. A educação está no gibi. – Campinas, SP: Papirus, 2006. p. 38-39.

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As histórias em quadrinhos são, portanto, uma excelente fonte de trabalho e pesquisa

para todos os educadores. Começando pela educação infantil, as HQ’s abrem novos

horizontes de aprendizagem para as crianças, pois elas descobrem que, mesmo sem saber ler,

podem entender a história através dos desenhos. É bom lembrar que, embora as HQ’s tenham

elementos característicos, eles não precisam estar todos presentes ao mesmo tempo. HQ’s

que possuem apenas imagens cumprem seu papel se são capazes de passar a mensagem de seu

autor.

Reproduzindo contextos e valores culturais, as histórias em quadrinhos oferecem oportunidades para as crianças ampliarem seus conhecimentos sobre o mundo social. Porém, seja pelos assuntos veiculados, seja pela forma como os temas são tratados, as histórias em quadrinhos foram alvo de muitas críticas e, lê-las dentro das escolas, foi por muito tempo considerada uma atividade clandestina e sujeita a punições.8

Como professora de História, tenho feito algumas experiências com o uso de HQ’s

com meus alunos, tanto no Ensino Fundamental, quanto no Ensino Médio. O estudante deve

aprender a trabalhar as informações que adquire através da leitura. Uso os quadrinhos como

uma forma de expressão do aluno que, desafiado a exercitar sua capacidade criativa, acaba

por criar seu próprio conhecimento. As HQ’s ajudam os estudantes a compreender melhor o

conteúdo estudado em sala de aula.

Testes psicológicos aplicados em crianças demonstram que a informação quando transformada em História em quadrinhos é compreendida num tempo assustadoramente pequeno. Prova disso está nos próprios livros escolares de hoje que não passam de verdadeiros ‘gibis’ didáticos, tal o número de ilustrações que possuem.9

Os bons resultados obtidos com meus alunos foram a motivação para que um projeto

ainda mais ambicioso fosse então concebido: a criação de uma gibiteca10. Não apenas um

espaço dentro de uma biblioteca, mas um espaço exclusivo para armazenar e manusear HQ’s.

Propus, então, à diretoria da escola Municipal Judith Lintz Guedes Machado e aos colegas

professores da Educação Infantil e do Ensino Fundamental que aderissem ao projeto. Por

8 ALVES, José Moysés.Op. Cit. , 2001. 9 SILVA, Diamantino da . Quadrinhos para Quadrados. Porto Alegre; Bels, 1979. p. 106 10 Grosso modo, a gibiteca é um espaço destinado ao armazenamento e divulgação de Histórias em Quadrinhos, que pode ser público ou não. Nas gibitecas os leitores têm acesso a uma enorme variedade de quadrinhos (terror, ficção científica, humor, aventura, etc.) e nelas este tipo de material literário pode receber um tratamento apropriado, que inclui a conservação de exemplares, de publicação recente, ou aqueles considerados raros. A primeira gibiteca inaugurada no Brasil foi a Gibiteca de Curitiba, em 1982. A maior gibiteca do Brasil é mantida por um organismo do Estado: a Gibiteca Henfil. Órgão do Departamento de Bibliotecas Infanto-Juvenis da Secretaria de Cultura do município de São Paulo, ela foi inaugurada em 1991 e conta com o maior acervo do país, 100.000 exemplares.

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meio da gibiteca, desenvolveríamos atividades em todas as áreas, incentivando a leitura, a

produção de textos e arte por parte dos alunos. A idéia foi bem aceita e assim nasceu a

Gibiteca Escolar.

A Gibiteca como forma de integração escolar

Criar a Gibiteca foi, antes de mais nada, um exercício de integração. Toda a escola se

envolveu no projeto. Alunos, professores, direção, funcionários da limpeza, especialistas e

funcionários técnico-administrativos. O processo de instalação da gibiteca durou cerca de um

ano. Primeiro conseguimos o espaço físico, depois começamos a pedir e receber doações de

HQ’s. As doações foram feitas por colecionadores particulares, professores, alunos,

gibitecas11 e editoras. Por época da inauguração, em 11 de maio de 2007, tínhamos um acervo

aproximado de 1600 exemplares, em vários formatos e gêneros.

Mas não basta simplesmente criar o espaço na escola, é preciso também mostrar que

ele é funcional e que pode ajudar no trabalho de todos os professores. Por esta razão

organizamos o I Seminário sobre Quadrinhos, Leitura e Ensino12. O Seminário foi

organizado pela escola com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, tendo como

público-alvo professores da educação infantil e do ensino fundamental. O objetivo era

demonstrar que o uso das histórias em quadrinhos podia ser um caminho para o processo de

ensino/aprendizagem e que elas poderiam ser usadas em todos os conteúdos, não sendo

apenas prerrogativa das séries iniciais. O seminário atendeu a 230 professores das redes

municipal de ensino de Leopoldina, pública e privada de Leopoldina.

A Gibiteca é um apoio para o professor que deseja diversificar as suas aulas. Ela não

garante por si só o êxito do aluno, mas ela fornece a ele a possibilidade de ampliar seus

horizontes e de desenvolver sua capacidade de ler. Por outro lado, ela também age

diretamente na auto-estima dos professores. Eles passam a dar mais valor ao seu trabalho e a

se sentirem também valorizados. O professor redescobre o prazer da leitura e, também, o

prazer de ser um profissional do ensino, um educador.

O acervo diversificado permite que a gibiteca seja um grande laboratório de

ensino/pesquisa. Possui HQ’s de vários gêneros (humor, suspense, históricas, ficção

fantástica, etc.) e até raridades como o Gibi n. 01 e diversas HQ’s da EBAL, publicadas na

11 A Gibiteca da USP, através do professor Waldomiro Vergueiro fez importantes doações para a Gibiteca Escolar, ainda no ano de 2006. 12 O I Seminário sobre Quadrinhos, Leitura e Ensino foi realizado no dia 18 de maio de 2007 e teve a participação dos professores: Waldomiro Vergueiro (USP), Octavio Aragão (UFES), Arthur Soffiat (UFF) e Valéria Fernandes (Colégio Militar de Brasília).

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década de 1970. Os alunos, principalmente as crianças dos anos iniciais, sentem-se atraídos

pelo ambiente despojado e alegre da gibiteca, onde eles podem desenhar, deitar no tapete em

meio a almofadas e transformar a leitura numa forma prazerosa de lazer. Para os adolescentes,

ela se torna igualmente um lugar de descontração, principalmente para meninos e meninas

que gostam de desenhar e usam o desenho como uma forma de expressão de seus sentimentos

e suas idéias. As HQ’s estimulam esta habilidade e acabam transformando o desenhista em

leitor.

A gibiteca age como um canalizador de sonhos. Ela transporta os leitores a um mundo

de fantasia do qual ele estava até então alienado. Muitas de nossas crianças nunca tiveram em

sua casa uma HQ. Entre os adultos que estudam no EJA (Educação para Jovens e Adultos)

poder ler uma história em quadrinho na escola é muitas vezes vivenciar uma atividade da qual

foram excluídos durante sua infância, seja por motivos econômicos, seja pela cultura familiar

ou simplesmente por não saberem ler e escrever.

Em um artigo intitulado “Educar é fazer sonhar”13 Francisco CARUSO e Maria

Cristina Silveira de FREITAS afirmam que educar depende da capacidade de fazer o aluno

sonhar e afirmam que despertar nele a criatividade é a melhor forma de prepará-lo para os

desafios da vida, pois no mundo moderno ela é necessária para a sobrevivência. Atrevo-me a

acrescentar que, além de fazer o aluno sonhar, é preciso fazer o professor sonhar junto com

ele.

As Primeiras Experiências

Há na gibiteca um espaço reservado para o professor, onde ele pode dispor de

periódicos e livros que versam sobre o uso das HQ’s na sala de aula e, também, relatos de

experiências que já foram realizadas na escola. Além de material impresso, contamos com

textos digitalizados, produzidos por educadores e pesquisadores de todas as partes do país,

centenas de tirinhas e HQ’s digitalizadas. Os professores são estimulados a conhecerem cada

vez mais o universo dos quadrinhos para que, desta forma, eles possam compreender melhor o

próprio universo dos seus alunos leitores e, ao mesmo tempo, ter mais segurança para usar

este material na sala de aula.

Alguns destes recursos estão sendo ainda timidamente utilizados, pois os professores,

em sua esmagadora maioria, ainda estão participando de um lento processo de inclusão

digital. Entretanto, o simples fato da Gibiteca estar oferecendo meios ao professor de

13 CARUSO, Francisco, FREITAS, Maria Silveira de. Educar é fazer sonhar. Princípios, São Paulo, Vol. 83, p., 2006.

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ingressar no mundo da informática já é um grande estímulo para o trabalho. Além disto, neste

primeiro momento os professores também estão sendo apresentados aos quadrinhos. Para

trabalhar com este recurso é preciso entender como ele é produzido. Desta forma preparamos

para os professores da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental oficinas

de quadrinhos. Nestas oficinas – que também foram preparadas para alunos entre 11 e 15 anos

-, eles aprendem o processo de elaboração de uma HQ e a decifrar e usar os elementos que a

compõe, tais como balões, metáforas visuais, recordatórios, etc.

Segundo Nágila Caporlingua GIESTA, da Fundação Universidade Federal do Rio

Grande - FURG, que trabalha HQ’s e educação ambiental, vivemos em uma sociedade cada

vez mais escrita, onde a leitura é uma atividade de integração. Sendo assim, as HQ’s são um

recurso a mais na inserção das crianças no mundo das letras, dependendo do professor

encontrar o caminho para introduzir o aluno neste universo. Citando Giesta: “As

possibilidades das histórias em quadrinhos, como recurso no currículo escolar, são inúmeras,

dependendo do conhecimento e da habilidade profissional do professor para diversificar,

questionar e provocar a busca da informação destacada pelo leitor.”14

Aos poucos estão surgindo experiências que vão apresentando bons resultados no uso

dos quadrinhos na sala de aula, através da Gibiteca Escolar da Escola Municipal Judith Lintz

Guedes Machado. Vamos destacar, neste primeiro momento, três iniciativas. A primeira é a

da professora de série inicial Maria de Fátima Alves que desenvolveu uma pequena oficina

de HQ’s com alunos da escola, em diversos estágios de aprendizagem, que freqüentam dos

anos iniciais do Ensino Fundamental, para os quais ministra aulas de reforço. São meninos e

meninas de idades variadas com quem ela resolveu fazer um trabalho motivador: estudar

sobre folclore produzindo uma HQ.

Os alunos receberam todas as informações sobre o tema, necessárias para compor um

roteiro razoavelmente coerente e depois receberam noções básicas de como fazer uma HQ. A

professora participou de uma das oficinas que tivemos na escola, para professores, e resolveu

exercitar suas recém-adquiridas habilidades com estes alunos. Ela avaliou o trabalho levando

em conta o conteúdo e o uso correto de elementos que compõem uma HQ (como balões,

metáforas visuais, etc). Segundo a professora, o trabalho de produção de HQ’s foi estimulante

pois incentivou-os a usar da criatividade, transformando um trabalho escolar em uma

atividade lúdica, prazerosa.

14 GIESTA, Nágila Caporlíngua. Histórias em quadrinhos: recurso no ensino e na investigação educacional In: XIII Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, Recife/PE. Anais do XIII ENDIPE , 2006.

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Numa segunda experiência, a professora Roseane Peres Rocha decidiu tornar as

avaliações de matemática uma gostosa brincadeira para os alunos da 5ª série do Ensino

Fundamental. Ela está utilizando tirinhas da Turma da Mônica para montar problemas

matemáticos e desafiando os alunos a fazerem o mesmo. Esta experiência foi colocada em

prática nos meses de junho e julho e a professora dará continuidade ao trabalho durante o

resto do ano letivo, uma vez que os resultados têm sido positivos. Segundo a professora, os

alunos prestam muito mais atenção aos problemas quando eles são apresentados nas tirinhas.

Ela ainda destaca a preocupação dos alunos com pequenos detalhes quando preenchem os

balões: "Eles colocam a fala errada do Cebolinha e sublinham as palavras que estão

erradas”. Roseane dá uma dica: ela usa os quadrinhos com balões em branco que ela retira do

site http://www.4shared.com/. Ela vai em shearch files e digita a palavra quadrinhos. Lá ela

encontra diversos documentos em word e pdf sobre o assunto e seleciona o material que usa

em suas aulas. A própria professora se sente estimulada a montar suas atividades. O desafio

serve como estímulo para o trabalho.

A terceira experiência que iremos descrever é da professora de língua portuguesa,

Mary Ângela Carraro Dibo que, preocupada com os péssimos resultados que estava obtendo

com alunos da 6ª série, nas primeiras avaliações do 2º bimestre (muitos erros de ortografia,

interpretação, etc) resolveu mudar a rotina das suas aulas. Uma vez por semana divide os

alunos em dois grupos. Uma metade fica na biblioteca e a outra é encaminhada à gibiteca,

sendo que em cada semana os grupos se alternam. Lá os alunos fazem uma aula de leitura

livre. A experiência teve início em junho/2007 e também deve se estender até o final do ano

letivo. Os resultados estão sendo claramente visíveis. Além dos alunos terem melhorado seu

desempenho nas aulas e nas avaliações, até a disciplina da turma - que tem dado muitos

problemas desde o início do ano - está aos poucos melhorando.

A professora destaca que os alunos preferem as aulas na gibiteca pelo ambiente

agradável e despojado, diferente da biblioteca, onde eles ficam sentados em cadeiras e mesas.

A professora observa que na biblioteca os alunos folheiam livros e muitas vezes não os lêem.

Já na gibiteca a atenção com a leitura é bem maior. Ela assinala que o apelo visual das HQ’s é

um fator importante, pois o desenho prende a atenção e mesmo que o aluno "pule" algumas

falas, ele consegue entender a história graças à leitura das imagens. O interesse deles pela

leitura está levando-os, também, a ter novas perspectivas e arriscar novas experiências de

ensino.

Na oficina de quadrinhos que foi realizada na escola no dia 21 de junho de 2007, cerca

de metade dos alunos presentes eram desta turma. Meninos e meninas que normalmente não

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se sentem muito motivados a freqüentarem a escola vieram fora do seu turno de aula e

fizeram aproximadamente três horas de oficina de quadrinhos. Uma grande vitória para o

projeto, para os alunos e, principalmente, para a professora, que está apostando na leitura para

formar estudantes mais interessados e cidadãos mais informados. A professora já trabalhava

com quadrinhos em suas aulas, na forma de atividades. Usando tirinhas do Snoopy

(personagem de Charles Schulz) ela propõe exercícios que misturam desde questões

gramaticais (identificar locuções verbais, vocativos e onomatopéias) até interpretação.

Segundo Flávio Calazans15 o limite do uso dos quadrinhos está no limite da

criatividade do professor.

É ele que sabe avaliar a melhor forma de utilizar as HQ’s com seus alunos. Alguns

autores sugerem que os quadrinhos podem ser trabalhados de três formas básicas: a) através

da análise critica da história; b) incentivando a criação de histórias em quadrinhos pelos

próprios alunos; c) utilizando os quadrinhos como um meio de expressão e conscientização

política.

As parcerias

Faz parte deste projeto a busca de parcerias com membros da comunidade e com

organizações governamentais e não-governamentais. O Projeto Gibiteca tem sido divulgado

por meio eletrônico através de um blog16. Nele são registradas as experiências realizadas

pelos professores, as atividades promovidas pela gibiteca e disponibilizados textos sobre

HQ’s. Recebemos a colaboração de profissionais ligados à área, através de pequenos artigos

e, é claro, os comentários deixados pelos leitores e os resultados das enquetes que realizamos

ocasionalmente.

Alguns grupos já fizeram contatos conosco através do site e nos ofereceram, além de

doações, apoio para nossas atividades. Entre estas pessoas e instituições temos educadores,

ilustradores, editoras, quadrinistas, escritores, colecionadores, enfim, pessoas que se

interessam pela divulgação das HQ’s nas salas de aula e que acreditam na sua função

educativa. O uso da internet tem sido uma estratégia importante, seja como forma de divulgar

o trabalho realizado na Gibiteca, seja como canal de comunicação com outros profissionais,

possibilitando a troca de experiências e informações.

15 CALAZANS , Op. Cit. p. 17 16 www.gibitecacom.blogspot.com

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Em âmbito local, estamos firmando parcerias importantes com o Comitê de

Democratização da Informática (CDI) e com o Centro Federal de Educação Tecnológica

(CEFET/Uned-Leopoldina), para um trabalho de inclusão digital de nossos alunos e

professores. Conseguimos, através de uma campanha, a doação de diversos computadores

usados para a Gibiteca. Nestes aparelhos os alunos aprendem a usar os recursos básicos de

informática, podem ler HQ’s e participar de oficinas de quadrinhos através do uso do

programa HagaQuê17. Este pequeno laboratório ainda está em fase de instalação e seu uso

ainda é limitado. O CEFET e o CDI nos fornecem auxilio técnico através de estagiários e

ainda ajudam na manutenção dos aparelhos.

Além destas parcerias, temos também o apoio da Secretaria de Estado de Educação de

Minas Gerais (SEE/MG) através da 19ª Superintendência Regional de Ensino de

Leopoldina e da Secretaria Municipal de Educação, que são nossas parceiras na realização

de eventos voltados para professores. Para 2008 já estamos organizando o II Seminário sobre

Quadrinhos, Leitura e Ensino – ainda sem data prevista -, focado no ensino de ciências e

matemática através dos quadrinhos.

Conclusão

Para muitas pessoas que tomam conhecimento do projeto, usar as HQ’s nas escolas,

como instrumento de ensino pode parecer uma novidade. Mas não é bem assim. Já existem no

Brasil e mesmo no exterior várias iniciativas de aproximar o leitor – jovem ou adulto – das

histórias em quadrinhos.18 No Brasil há gibitecas espalhadas por várias cidades do país, mas

ainda são em número reduzido. Embora as HQ’s sejam uma mídia popular, ainda há quem

restrinja o espaço que elas ocupam como forma de leitura, ensino e comunicação.

Com o projeto “Gibiteca Escolar” estamos também combatendo este preconceito e

mostrando, na prática, que o ato de ler é livre, só pode fazer bem e que o leitor não tem idade.

Se à primeira vista o projeto parece um tanto ambicioso, posso afirmar com toda a segurança

17 HagáQuê é um software, um editor de histórias em quadrinhos com fins pedagógicos desenvolvido na Unicamp. O HagáQuê foi desenvolvido de modo a facilitar o processo de criação de uma história em quadrinhos por uma criança ainda inexperiente no uso do computador, mas com recursos suficientes para não limitar sua imaginação. E, como resultado do crescente uso por pessoas com necessidades especiais, o software vem passando por um processo de redesign visando melhorar sua acessibilidade. Para mais informações acesse o site http://www.nied.unicamp.br/~hagaque/ 18. Em Portugal, por exemplo, temos a Bededeteca de Lisboa (lá as HQ’s são chamadas de banda desenhada, nos países de língua francesa elas são as bande dessinées), na França há no Museu de Angoulème a Fanzinothèque de Pottiers Criada em 1989 por iniciativa do “Conseil Communal des Jeunes de Poitiers”, a Fanzinoteca desenvolve suas atividades em duas direções: a documentação e o patrimônio de um lado e organização de eventos de outra. Ela funciona como uma grande empresa e classifica e arquiva toda produção amadora (música, HQ’s, literatura, etc.) Ela possui a disposição do público um fundo de mais de 50.000 documentos e publicações. São organizadas de 2 a 3 exposições anuais deste material. E é a única fanzinoteca do mundo que mantém atividades constantes.

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que ele não está além da capacidade de qualquer educador verdadeiramente comprometido

com seu trabalho. Grandes projetos começam com pequenos passos. Se a escola não possui

uma sala para que se monte uma gibiteca, ela pode ocupar um pequeno espaço na biblioteca

ou mesmo num armário dentro da sala de aula. O acervo pode ser formado pelos próprios

alunos, que podem ler as HQ’s em sistema de rodízio. O professor pode dar aos alunos a

responsabilidade de reformar e conservar as HQ’s do grupo e apoiar, por exemplo, a produção

de fanzines19.

Com o tempo, os envolvidos no trabalho percebem que as aulas se tornaram

diferentes. Os alunos se sentem responsáveis e ganham mais confiança. Os professores

sentem-se motivados a trabalhar mesmo quando as condições não são boas, quando faltam

recursos e o salário é baixo. Encontram prazer em educar porque voltam a sonhar. Eles

começam a notar o interesse dos alunos, mesmo daqueles mais rebeldes em participar das

aulas.

Pode parecer que o uso de HQ’s e a criação de gibitecas nas escolas esteja aqui sendo

apresentado como um remédio milagroso para o ensino. Não é esta a nossa intenção. Colocar

uma gibiteca ou promover pequenos projetos e adaptar o uso dos quadrinhos nas salas de aula

é uma das várias propostas que a escola pode acolher a fim de valorizar o ensino, seus alunos

e seus professores. Esta é a experiência que tenho vivenciado com o projeto Gibiteca Escolar.

Em pouco tempo de funcionamento, ela tem despertado na escola o desejo de ser melhor, de ir

ao encontro de novos desafios e a ser cada vez mais autônoma. Nossos alunos são criados em

comunidades carentes onde a realidade é dura. Muitos vão à escola porque lá eles encontram

um prato de comida e um copo de leite. Agora eles estão encontrando também um espaço para

sonhar, para expressar suas idéias e para desenvolverem habilidades que nem mesmo sabiam

que existiam.

Nossas expectativas são as melhores possíveis, dado o interesse dos professores e a

ansiedade demonstrada pelos nossos alunos, dos mais jovens aos mais velhos. Mas sabemos

que existem muitos obstáculos que deverão ser vencidos. Estamos promovendo pequenos

cursos e eventos envolvendo toda a comunidade escolar e colegas de outras escolas tentando

divulgar a leitura e o uso das HQ’s nas salas de aula, assim como os benefícios de se ter uma

gibiteca.

Sabemos que há resistências entre professores e que há vícios e tabus a serem

superados, mas acredito que com o tempo e com esforço em equipe, estaremos mudando

19 Fanzines são HQ’s amadoras, produzidas muitas vezes de forma artesanal e que são vendidas ou distribuídas diretamente por seus autores.

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muito mais do que a forma de aprender, mas também de se relacionar com colegas e alunos na

escola. Mais do que um instrumento de ensino, a gibiteca é um instrumento de união,

agrupando em torno de si um corpo docente que pode crescer não apenas profissionalmente,

mas também em sua auto-estima, o que contribui para a qualidade do ensino e do ambiente

escolar.

REFERÊNCIAS

ALVES, José Moysés. Histórias em quadrinhos e educação infantil. Psicol.cienc. prof. Brasília, vol..21, num.3, set. 2001. Disponível em: < http://scielo.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32001000300002&lng=pt&nrm=is>. Acesso em: 05/02/2006. CABRINI, Conceição et. alii. O Ensino de História: revisão urgente.- 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. CALAZANS, Flavio Mario de Alcântara. História em quadrinhos na escola. São Paulo: Paulus, 2004. CARVALHO, DJota. A educação está no gibi. Campinas: Papirus, 2006. CARUSO, Francisco; FREITAS, Maria Silveira de. Educar é fazer sonhar. Princípios, São Paulo, Vol. 83, p., 2006. FIORIN, José Luis; SAVIONI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. 2. ed. São Paulo: Ática, 1991. GIESTA, Nágila Caporlíngua. Histórias em quadrinhos: recurso no ensino e na investigação educacional In: XIII Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, Recife/PE. Anais do XIII ENDIPE , 2006 GONÇALVES, Jussemar Weiss. O campo da história na Escola Pública. In: Qual história? Qual ensino? Qual cidadania? – Porto Alegre: ANPUH, Ed. Unisinos, 1997. SILVA, Diamantino da. Quadrinhos para Quadrados. Porto Alegre: Bels, 1979.