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TRANSCRIPT
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UNIVERSIDADE SO JUDAS TADEU
PROGRAMA DE PS-GRADUAO STRICTO SENSU
DOUTORADO EM EDUCAO FSICA
GILBERTO PIVETTA PIRES
PERIODIZAO ONDULATRIA: EFEITOS DE 14
SEMANAS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO
DE FORA EM NADADORES JOVENS
SO PAULO
2014
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GILBERTO PIVETTA PIRES
PERIODIZAO ONDULATRIA: EFEITOS DE 14
SEMANAS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO
DE FORA EM NADADORES JOVENS
Tese apresentada a banca
examinadora ao Programa de Ps-
Graduao Stricto Sensu em
Educao Fsica da Universidade
So Judas Tadeu como requisito
parcial obteno do ttulo de
Doutor em Educao Fsica.
Orientador: Prof. Dr. Aylton Jos Figueira Junior
SO PAULO
2014
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iv
Primeiramente agradeo Deus qu permitiu qu tudo isso acontecesse,
longo d minha vida, n somente nestes anos de estudo, ms m todos s momentos.
Agradeo a minha esposa Karina Coelho Pires, minha companheira de todas as
horas, meu ponto de equilbrio. Seu carinho, dedicao a famlia e sua forma positiva
de enfrentar as dificuldades da vida foram incentivos determinantes para chegar at
aqui.
A meus filhos Miguel e Helena. O tempo de nossa convivncia "roubado" pela
tese s fez fortalecer a vontade de estar junto de vocs.
Aos meus pais, pelo amor, incentivo apoio incondicional.
A meu pai Gilberto Toledo Pires, para mim, o melhor tcnico de natao do
mundo.
Ao meu orientado, Prof. Dr. Aylton Figueira Junior, pelo incentivo e pelo
exemplo de competncia e perseverana no apenas no campo cientfico como frente
s adversidades da vida. Muito obrigado por acreditar me mim.
Aos professores do Programa de Ps-Graduao em Educao Fsica da
Universidade So Judas Tadeu, por partilharem seus conhecimentos.
Ao Prof. Dr. dico Luiz Pelegrinotti, pela participao na banca de defesa e
pelos seus ricos ensinamentos durante todo a orientao no mestrado, que foram
decisivos em minha trajetria profissional.
Aos professores da banca de qualificao e defesa, Prof. Dr. Danilo Sales
Bocalini; Prof. Dr. Gerson Leite e Prof. Dr. rico Chagas Caperuto, agradeo as suas
preciosas consideraes ao presente trabalho e generosas sugestes de
aprimoramento.
CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pesquisa de Ensino Superior,
pela concesso de bolsa que otimizou o desenvolvimento deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
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muito melhor lanar-se em busca de conquistas
grandiosas, mesmo expondo-se ao fracasso, do que
alinhar-se com os pobres de esprito, que nem gozam
muito nem sofrem muito, porque vivem numa
penumbra cinzenta, onde no conhecem nem vitria,
nem derrota. (Theodore Roosevelt)
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vi
FIGURA 1 - Planejamento tpico de treinamento de uma temporada de 24
semanas de nadadores competitivos......................................................................... 47
FIGURA 2 - Aumento progressivo da fora muscular decorrente das adaptaes
fisiolgicas (neurais e hipertrofia muscular) ao treinamento de fora .................... 77
FIGURA 3 - Fases de uma sesso de treinamento ................................................ 109
FIGURA 4 - Modelo de Periodizao proposto por Leo Matveev ........................ 110
FIGURA 5 - Modelo de periodizao com aumento da intensidade e diminuio
do nmero de repeties a cada ciclo de treinamento ............................................. 113
FIGURA 6 Modelo de periodizao ondulatria diria. Variao do volume e
da intensidade durante a semana de treinamento .................................................... 120
FIGURA 7 - Modelo Tabela Individual de Intensidades do Programa SEPT ....... 148
FIGURA 8 - Descrio grfica e visual da posio da cmera e imagem das
marcaes de referncia feitas na piscina utilizadas na anlise de sada do bloco de
partida em 15 metros ........................................................................................................... 161
FIGURA 9 - Descrio grfica e visual da posio da cmera e imagem das
marcaes feitas na borda da piscina utilizadas na anlise do teste de virada em 15
metros ........................................................................................................................... 163
FIGURA 10 - Descrio grfica e visual da posio da cmera e das marcaes feitas
na borda da piscina utilizadas na anlise dos parmetros cinemticos do nado .................. 165
LISTA DE FIGURAS
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vii
TABELA 1 - Descrio dos sujeitos da amostra .................................................. 135
TABELA 2 Periodizao das sesses de treinamento de fora muscular ........... 136
TABELA 3 - Organizao sequencial dos testes nos microciclos de controle ....... 150
TABELA 4 - Nvel maturacional e raa conforme protocolo de avaliao da
porcentagem da gordura corporal segundo protocolo de Slaughter et al. (1988)
para indivduos do sexo masculino .......................................................................... 154
TABELA 5 - Distribuio de frequncia da caracterstica maturacional "Plos
Axilares" e da caracterstica maturacional "Genitlia + Plos Pubianos" dos
nadadores jovens do sexo masculino (n=9) ............................................................. 172
TABELA 6- Distribuio de frequncia da caracterstica maturacional
"Genitlia" e "Plos Pubianos" dos nadadores jovens do sexo masculino (n=9) .... 173
TABELA 7 - Distribuio de frequncia da caracterstica maturacional
"Menarca" e da caracterstica maturacional "Genitlia + Plos Pubianos" na
nadadoras jovens do sexo feminino (n=8) ............................................................... 174
TABELA 8 - Distribuio de frequncia da caracterstica maturacional
"Genitlia" e "Mamas" das nadadoras jovens do sexo feminino (n=9) ................... 174
LISTA DE TABELAS
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viii
GRFICO 1: Mdia do volume global, e de predominncia mdia de volume de
treinamento de potencial aerbio e anaerbio referente aos microciclos de
treinamento .............................................................................................................. 143
GRFICO 2 - Mdia do volume percentual, referente s micro-etapas de
mesma caracterstica, realizado nas distintas zonas de intensidade ........................ 147
GRFICO 3 - Massa Corporal ............................................................................. 176
GRFICO 4 - ndice de Massa Corporal ............................................................. 177
GRFICO 5 - Porcentagem de Gordura Corporal ................................................ 177
GRFICO 6 - Massa Magra ................................................................................ 178
GRFICO 7 - Massa Magra .................................................................................. 179
GRFICO 8 - Circunferncia de Brao Direito Contrado ................................... 180
GRFICO 9 - Circunferncia da Coxa Medial Direita ......................................... 181
GRFICO 10 - Mdia Fora Membros Superiores Regio do Brao .................. 182
GRFICO 11 - Mdia Fora Membros Superiores Regio do Peitoral ................ 183
GRFICO 12 - Mdia Fora Membros Superiores Regio Dorsal ...................... 184
GRFICO 13 - Mdia Fora Membros Inferiores ............................................... 185
GRFICO 14 - Tempo Passagem do 1 50 metros nado Crawl......................... 186
GRFICO 15 - Tempo Passagem do 2 50 metros nado Crawl ......................... 187
GRFICO 16 - Tempo Total do 100 metros nado Crawl ................................... 188
GRFICO 17 - Fase de Voo ................................................................................. 190
GRFICO 18 - Fase Submersa ............................................................................ 190
GRFICO 19 - Fase Complementar .................................................................... 191
GRFICO 20 - Tempo Total da Sada em 15 metros ........................................... 192
GRFICO 21 - Fase de Aproximao 5 metros ................................................... 193
GRFICO 22 - Fase de Afastamento 10 metros ................................................... 194
GRFICO 23 - Tempo Total de Virada 15 metros ................................................ 195
LISTA DE GRFICOS
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ix
GRFICO 24 - Velocidade Mdia da 1 passagem de 50 metros ......................... 196
GRFICO 25 - Velocidade Mdia da 2 passagem de 50 metros ......................... 197
GRFICO 26 - ndice de Braada da 1 passagem de 50 metros ......................... 198
GRFICO 27 - ndice de Braada da 2 passagem de 50 metros ......................... 199
GRFICO 28 - Comprimento de Braada da 1 passagem de 50 metros ............. 200
GRFICO 29 - Comprimento de Braada da 2 passagem de 50 metros ............. 200
GRFICO 30 - Frequncia de Braada da 1 passagem de 50 metros ................. 201
GRFICO 31 - Frequncia de Braada da 2 passagem de 50 metros ................. 202
GRFICO 32 - ndice Tcnico de Competio ..................................................... 203
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x
QUADRO 1 - Procedimentos para elaborao do programas de treinamento de
fora muscular tpico para a atletas de natao competitiva .................................... 53
QUADRO 2 - Principais grupos musculares empregados nas aes propulsivas
dos membros do corpo durante o nado ................................................................... 55
QUADRO 3 - Exerccios de treinamento de fora muscular tpicos de atletas de
natao competitiva ................................................................................................. 56
QUADRO 4 - O conceito de fora muscular por diferentes estudiodos do
treinamento .............................................................................................................. 74
QUADRO 5 - Modelo de Periodizao de Treinamento de Fora ........................ 111
QUADRO 6 Montagem dos treinos A e B e sequncia dos exerccios ............... 137
QUADRO 7 Periodizao linear semanal aplicada nos integrantes do grupo
com periodizao linear (GPL) ................................................................................ 139
QUADRO 8 Periodizao ondulatria semanal aplicada nos integrantes do
grupo com periodizao ondulatria (GPOn). ........................................................ 141
QUADRO 9 - Organizao do Programa de Treinamento de Piscina ................... 143
QUADRO 10 - Disposio das semanas de avaliao e controle do treinamento
(AV) no macrociclo de treinamento de fora muscular ........................................... 149
QUADRO 11 Os segmentos musculares priorizados para a avaliao da
evoluo da fora muscular na pesquisa e os exerccios avaliados ......................... 158
QUADRO 12: Escala de determinao da magnitude do efect size no
treinamento de fora muscular nos diferentes nveis de condicionamento fsico ... 170
LISTA DE QUADROS
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xi
ANEXO 1 - Estgio da Maturao Sexual Masculino - Pranchas de Tanner ..... 283
ANEXO 2 - Estgio da Maturao Sexual Feminino - Pranchas de Tanner ....... 284
ANEXO 3 - Autorizao da Federao de Desportos Aquticos de Roraima ..... 285
ANEXO 4 - Autorizao da Associao de Pais e Atletas de Boa Vista ............. 286
ANEXO 5 - Autorizao da ASSOPBPM ............................................................ 287
ANEXO 6 - Autorizao do Instituto Batista de Roraima ................................... 288
ANEXO 7 - Autorizao do Centro de Tradies Gachas ................................. 289
ANEXO 8 - Autorizao do Centro Educacional Integrada Colmia .................. 290
ANEXO 9 - Parecer do Comit de tica em Pesquisa ......................................... 291
ANEXO 10 - Autorizao do Instituto Federal de Roraima ................................ 293
LISTA DE ANEXOS
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xii
APNDICE 1 - Carta de Esclarecimento sobre o Projeto de Pesquisa .............. 294
APNDICE 2 - Questionrio Diagnstico ......................................................... 295
APNDICE 3 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................... 297
APNDICE 4 - Resultados das mdias e desvio padro dos participantes dos
dois grupos GPL e GPOn nas avaliaes do teste de 2x400 metros nado crawl .. 298
APNDICE 5 - Ficha de Auto-avaliao da Maturao Sexual - Sexo
Masculino .............................................................................................................. 299
APNDICE 6 - Ficha de Auto-avaliao da Maturao Sexual - Sexo
Feminino ............................................................................................................... 300
APNDICE 7 - Resultados de mdia e desvio padro das anlise de
antropomtricas e de composio corporal ........................................................... 301
APNDICE 8 - Resultados do delta percentual effect size com o grau da
magnitude do efeito do programa de treinamento de fora nas variveis
antropomtricas e de composio corporal ........................................................... 302
APNDICE 9 - Resultado da somatria das mdias estabelecidas em cada
exerccio pelo teste submximo segundo protocolo de Brzycki, agrupados por
segmentos musculares ........................................................................................... 303
APNDICE 10 - Resultado dos Teste de Tomada de Tempo do 100 metros
nado Crawl realizados ao final de cada ciclo de treinamento ............................... 304
APNDICE 11 - Resultado do Teste Cinemtico de Sada do Bloco de Partida
em 15 metros realizados ao final de cada ciclo de treinamento ........................... 305
APNDICE 12 - Resultado do Teste Cinemtico de Virada em 15 metros
realizados ao final de cada ciclo de treinamento .................................................. 306
APNDICE 13 - Resultado de Velocidade Mdia (VM), ndice de Braada
(IB) Comprimento de Braada (CB) e Frequncia de Braada (FB) do Teste
Cinemtico da prova de 100m nado Crawl realizados ao final de cada ciclo de
treinamento ............................................................................................................ 307
LISTA DE APNDICE
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xiii
APNDICE 14- Resultado do ndice Tcnico Competitivo realizados antes
do incio, durante, e aps do programa de treinamento de fora muscular ........... 308
-
xiv
A comparao entre mtodos de periodizao do treinamento de fora (TF) tem
sido nos ltimos anos foco de estudo das cincias do esporte. Tem sido sugerido que a
periodizao ondulatria (POn) com base na variao de repeties a cada sesso de
treinamento ao longo da semana, criando maiores variaes no estmulo de treinamento,
produza respostas morfofuncionais superiores nas adaptaes para o desempenho.
Embora documentado na literatura, este modelo no apresenta evidncias de
experimentos concretizados com nadadores de competio. Diante de tal situao, o
presente estudo teve como objetivo verificar o efeito de 14 semanas de um programa de
TF com dois modelos: periodizao linear (PL) e PO nas respostas morfofuncionais
(MF) e no desempenho de nadadores jovens de ambos os sexos. A amostra foi
constituda de 17 nadadores adolescentes que foram divididos em dois grupos: grupo
periodizao linear (GPL) (n=8, 4 homens e 4 mulheres) e grupo periodizao
ondulatria (GPOn) (n=9, 5 homens e 4 mulheres). Aps 2 semanas de adaptao ao TF
(15-20 repeties mximas (RM)), o GPL aumentou a intensidade do treinamento a
cada 4 semanas que comeou com 10-12RM, passou para 6-8RM e finalizou com 6 -
80% 1RM. GPO apresentou alternncia destas intensidades dentro da semana sendo:
segunda-feira,10-12RM; quarta-feira,6-8RM e sexta-feira,6 - 80% 1RM. As avaliaes
(AV) dos indicadores foram realizadas em 4 momentos (AV1=pr-interveno;
AV2=aps 6 semanas; AV3=aps 10 semanas; AV4=aps 14 semanas). Os testes de
controle aplicados foram divididos em duas categorias: testes de controle fora da piscina
(medidas antropomtrica e fora muscular) e testes de controle dentro da piscina
(tempo do 100 metros nado crawl, teste de sada, de virada, aspectos cinemticos e
ndice tcnico de competio). Para a anlise intragrupo foi utilizado o teste de varincia
ANOVA one way, e para a anlise intergrupo foi utilizado pelo Teste-t de Student para
amostras independentes. O Effect Size (ES) foi utilizado no tratamento estatstico para
melhor entendimento da magnitude do efeito do TF nas periodizaes. Podemos
concluir que a POn mais eficaz em proporcionar adaptaes morfofuncionais
relacionadas ao aumento de fora em regies musculares do peitoral, dorsal e membros
inferiores; provocando aumentos hipertrficos significantes na massa magra e
circunferncias de brao e coxa deste nadadores, alm de apresentar melhores resultados
nos desempenhos de sada, virada, nos aspectos cinemticos de velocidade mdia,
ndice e comprimento de braada em distncias curtas (at 50 metros), e no ndice
tcnico de competitivo. A PL foi mais eficiente no aumento de fora na regio muscular
do brao (trceps e bceps), sendo mais efetiva em promover adaptaes
morfofuncionais relacionadas a reduo da massa gorda e porcentagem de gordura
corporal; e na manuteno da resistncia muscular em variveis de tempo, velocidade
mdia e comprimento de braada em distncias maiores (acima de 50 metros). O TF,
independente do tipo de periodizao produz efeitos benficos na fora muscular e
desempenho em jovens nadadores.
Palavras-chave: natao, treinamento de fora, treinamento de resistncia,
periodizao linear, periodizao ondulatria
RESUMO
-
xv
A comparison of methods of periodization of strength training (ST) has in recent
years been the focus of study of sports science. It has been suggested that the undulating
periodization (UP) based on the variation of reps every training session throughout the
week, creating greater variations in the training stimulus, produces superior
morphological and functional adaptations in response to the performance. Although
documented in the literature, this model does not present evidence from experiments
realized with competitive swimmers. Faced with this situation, this study aimed to
verify the effect of 14 weeks of ST with a program of two models: linear periodization
(LP) and the morphological and functional responses PO (MF) and the performance of
young swimmers of both sexes. The sample consisted of 17 swimmers who were
divided into two groups: linear periodization group (LPG) (n = 8, 4 males and 4
females) and undulating periodization group (UPG) (n = 9, 5 men and 4 women) . After
two weeks of adaptation to ST (15-20 repetitions maximum (RM)), LPG increased the
intensity of training every 4 weeks that started with 10-12RM, went to 6-8RM and
finished with 6-80% 1RM. UPG showed alternation of these intensities within the week
as follows: Monday, 10-12RM; Wednesday, 6-8RM and Friday, 6-80% 1RM. The (AV)
ratings of the indicators were performed at 4 times (AV1 = pre-intervention; AV2 =
after 6 weeks; AV3 = after 10 weeks; AV4 = after 14 weeks). Control tests applied were
divided into two categories: control tests out of the pool (muscle strength and
anthropometric measures) and control tests in the pool (time 100 meters front crawl,
output test, turning, cinematic aspects and index technician competition). For intragroup
analysis testing of one way ANOVA was used, and to the intergroup analysis was used
by Student's t-test for independent samples. The Effect Size (ES) was used in the
statistical analysis for better understanding of the magnitude of the effect of TF in
periodization. Conclude that UP is more effective at providing morphofunctional
adaptations related to the increase of strength in the pectoral muscle regions, dorsal and
lower limbs; hypertrophic causing significant increases in lean mass and arm and thigh
circumferences this swimmers, and present better results in performance output, upset,
in the cinematic aspects of average speed, rate and stroke length over short distances (up
to 50 meters), and the technical index competitive. The LP was more effective in
increasing muscle strength in the region of the arm (triceps and biceps), being more
effective in promoting morphofunctional adaptations related to reduced fat mass and
percentage of body fat; and in maintaining muscle strength variables of time, average
speed and stroke length over greater distances (over 50 meters). The TF, regardless of
the type of periodization produces beneficial effects on muscle strength and
performance in young swimmers..
Key words: swimming, strength training, resistance training, linaer periodization,
undulating periodization
ABSTRACT
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xvi
undulating periodization
CAPTULO 1 - INTRODUO ......................................................................... 19
1.1. - O Caminho de uma Grande Aventura Aqutica ....................................... 19
1.2. - Traando o Caminho ................................................................................... 26
1.3. - Objeto, Objetivos do Estudo e Hipteses ................................................... 28
1.4. - Organizao do Estudo ................................................................................ 30
CAPTULO 2 - REVISO DA LITERATUTA ................................................ 31
2.1. - Crescimento, Maturao e Desenvolvimento Fsico do Adolescente ....... 32
2.1.1. - A Maturao Sexual .................................................................................... 34
2.1.2. - O Desenvolvimento Corporal do Jovem Atleta .......................................... 36
2.2. - Desportos Aquticos .................................................................................... 39
2.2.1. - Caracterizao do Treinamento de Natao ................................................ 40
2.2.2. - O Treinamento de Endurance Aerbia aplicado a Natao ....................... 42
2.2.3. - O Treinamento de Velocidade aplicado a Natao ..................................... 47
2.2.4. - O Treinamento de Fora aplicado a Natao .............................................. 50
2.2.5. - O Treinamento de Natao para o Atleta Jovem ........................................ 66
2.3. - Princpios do Treinamento de Fora .......................................................... 72
2.3.1. - Adaptaes Morfofuncionais ao Treinamento de Fora ............................ 72
2.3.1.1. - Definio de Fora ................................................................................... 73
2.3.1.2. - Formas de Manifestao da Fora Muscular .......................................... 75
2.3.1.3. - Adaptaes Neuromusculares ao Treinamento de Fora ........................ 77
2.3.1.4. - Adaptaes Morfolgicas ao Treinamento de Fora ............................... 79
2.3.1.5. - Adaptaes Metablicas e Hormonais ao Treinamento de Fora ........... 84
2.4. - O Treinamento de Fora em Adolescentes ................................................. 86
2.4.1. - Adaptaes Morfofuncionais do Adolescente ao Treinamento de Fora .... 90
2.5. - Prescrio do Treinamento de Fora ......................................................... 95
2.5.1. - Seleo de Exerccios .................................................................................. 95
2.5.2. - Aes Musculares e a Velocidade de Contrao ........................................ 96
2.5.3. - Ordem dos Exerccios ................................................................................. 98
2.5.4. - Volume de Treinamento .............................................................................. 99
2.5.5. - Frequncia, Intensidade e Descanso entre as Sries .................................... 101
2.6 - Prescrio do Treinamento de Fora para o Atleta Jovem ...................... 104
2.7. - A Organizao da Periodizao do Treinamento de Fora ..................... 107
SUMRIO
-
xvii
2.7.1. Modelo de Periodizao Tradicional ou Linear .......................................... 113
2.7.2. Modelo de Periodizao Ondulatrio ou No-linear .................................. 119
CAPTULO 3. - PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ........................... 132
3.1. - Delineamento do Estudo .............................................................................. 132
3.2. - Procedimentos para a Seleo dos Sujeitos da Amostra ........................... 132
3.3. - Critrios de Incluso e Excluso ................................................................. 133
3.4. - Randomizao dos Grupos Estudados ...................................................... 134
3.5. - Caracterizao da Amostra ......................................................................... 134
3.6. - Caracterizao da Periodizao do Treinamento ..................................... 135
3.6.1. Periodizao e Organizao do Treinamento de Fora Muscular .............. 135
3.6.2 Periodizao e Organizao do Treinamento em Piscina ............................ 142
3.8. - Procedimentos e Organizao das Avaliaes ........................................... 149
3.9. - Testes de Controle da Periodizao do Treinamento de Fora Fora da
Piscina ..................................................................................................................... 150
3.9.1 - Avaliao da Maturao Sexual ................................................................... 150
3.9.2. Avaliao Antropomtrica ......................................................................... 152
3.9.3. Avaliao da Fora Muscular ..................................................................... 154
3.10 Testes de Controle da Periodizao do Treinamento de Fora Dentro
da Piscina ............................................................................................................... 159
3.10.1. Avaliao do Tempo do 100m nado Crawl na Piscina ............................. 160
3.10.2. Avaliao da Sada no Bloco de Partida em 15 metros ............................ 160
3.10.3. Avaliao da Virada em 15 metros .......................................................... 162
3.10.4. Avaliao de Parmetros Cinemticos do Nado ....................................... 163
3.10.5. - Avaliao do Desempenho Competitivo ................................................... 167
3.11. Anlise Estatstica ...................................................................................... 168
CAPTULO 4. - DESCRIO DOS RESULTADOS ....................................... 171
4.1. - Resultado da Avaliao de Maturao Sexual ........................................... 172
4.1.1. - Caractersticas da Maturao Sexual no Sexo Masculino ........................... 172
4.1.2. - Caractersticas da Maturao Sexual no Sexo Feminino ............................ 173
4.2. - Resultados das Variveis Antropomtricas e de Composio Corporal
.............................................................................................................................. 175
4.3. - Resultados das Variveis de Fora Muscular do Membros Superiores e
Inferiores ................................................................................................................ 181
-
xviii
4.4. - Resultados da Varivel Tempo de 100m nado Crawl ................................ 185
4.5. - Resultados das Variveis Cinemticas do Desempenho ........................... 188
4.6. - Resultados da Varivel de Desempenho Competitivo ............................... 202
CAPTULO 5. - DISCUSSES E CONCLUSES .......................................... 204
5.1. - Discusso da Anlise 1 ................................................................................. 204
5.1.1. - Concluso da Anlise 1 ............................................................................... 214
5.2 - Discusso da Anlise 2 .................................................................................. 215
5.2.1 - Concluso da Anlise 2 ................................................................................ 224
5.3 - Discusso da Anlise 3 .................................................................................. 224
5.3.1 - Concluso da Anlise 3 ............................................................................... 229
5.4 - Discusso da Anlise 4 .................................................................................. 229
5.4.1 - Anlise da Sada do Bloco de Partida em 15 metros .................................... 230
5.4.2 - Anlise da Virada em 15 metros .................................................................. 233
5.4.3 - Anlise da Velocidade Mdia, ndice de Braada, Comprimento de
Braada e Frequncia de Braada no Teste de Tomada 100m nado Crawl ............ 236
5.4.4 - Concluso da Anlise 4 ................................................................................ 242
5.5 - Discusso da Anlise 5 .................................................................................. 243
5.5.1 - Concluso da Anlise 5 ............................................................................... 247
CAPTULO 6 - CONSIDERAES FINAIS ................................................... 248
CAPTULO 7 - REFLEXES METODOLGICAS ........................................ 249
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................ 251
ANEXOS E APNDICES ..................................................................................... 283
-
1.1. O Caminho de uma Grande Aventura Aqutica
O esporte em minha vida sempre esteve presente de forma marcante. A paixo
de meu pai pela natao foi sem sombra de dvidas, a razo pela minha identificao
por esta modalidade, alm de ter um tio e uma tia tcnicos de atletismo. Tanto meu pai
como meus tios foram funcionrios da Secretaria de Esportes e Turismo do Estado de
So Paulo, fato que fez de minha infncia, e a de meus primos, na capital paulista, uma
experincia, ora na beira da piscina, ora na beira da pista de atletismo, brincando no
Complexo Esportivo do Ibirapuera. Pode-se imaginar que os assuntos prediletos em
nossa famlia eram relacionados ao esporte.
Aos 5 anos de idade aprendi a nadar em uma das escolas de natao mais
tradicionais de So Paulo, a escola Mori Natao (1980), sendo o esporte praticado em
minha infncia e juventude. Ao mudarmos de So Paulo, onde morvamos, para
Catanduva em 1982, j com 7 anos de idade, iniciei meus treinamentos com a equipe de
natao competitiva que meu pai acabara de formar na cidade. Boa parte de meus
amigos vieram do convvio dos treinamentos e das viagens para as competies.
Praticando a natao, conheci vrias cidades e pessoas, obtive meu primeiro emprego,
encontrei minha esposa.
Apesar de no ter sido nenhum grande talento na modalidade, tive a
oportunidade de treinar e competir com vrios atletas campees paulistas, brasileiros,
sulamericanos e at medalhistas panamericanos; todos treinados por meu pai, o Prof.
Gilberto Toledo Pires. Em muitas oportunidades, mesmo no tendo ndice para competir
nos torneios, estava junto com a equipe, auxiliando meu pai nas competies. Foi com
muita naturalidade que escolhi fazer o curso de Educao Fsica, pois afinal, j
acompanhava nas aulas de natao e participava de arbitragens de competies. Na
verdade, tinha o sonho de seguir os passos de meu pai: ser um grande tcnico de
natao. Mas foi somente quando ingressei na Escola Superior de Educao Fsica e
Desportos de Catanduva - ESEFIC (1994) que percebi a dimenso das experincias que
CAPTULO 1 - INTRODUO
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-
20
eu havia vivido em toda minha vida esportiva, e quanto de conhecimento eu ainda
necessitaria para realmente ser um profissional qualificado.
J no primeiro ano da faculdade era professor de natao na Academia "Do Baby
ao Campeo" e na Prefeitura Municipal de Catanduva. No ano seguinte (1995), fui
contratado pelo Clube de Tnis de Catanduva (equipe pela qual havia nadado em toda
minha carreira como atleta) como professor e tcnico de natao, funo que exerci
durante 15 anos.
Desta maneira, trabalhando, percebi o conhecimento que meu pai havia
adquirido em sua vida profissional, fato que justificava os excelentes resultados com
seus atletas.
Em 1972, meu pai trabalhou como assistente do tcnico americano, Prof.
Richard Power, na Associao Atltica A Hebraica. O Prof. Richard foi um dos
pioneiros ao trazer para o Brasil as novas tendncias biomecnicas e de periodizao
desenvolvidas pelas pesquisas cientficas com os nadadores campees olmpicos norte-
americanos. Meu pai nada entendia sobre natao, pois havia praticante somente
atletismo. Conseguiu a vaga como assistente, quando, sendo entrevistado pelo Prof.
Richard, honestamente, revelou que nada entendia sobre natao e que gostaria de
aprender.
Desta passagem absorvi duas grandes lies para minha vida: primeiro que no
podemos desperdiar as oportunidades que a vida nos oferece para crescimento;
segundo que, acima de tudo, devemos ter humildade.
Em 1982, meu pai viajou para aos Estados Unidos, e mal imaginava ele que
seria um dos primeiros treinadores brasileiros a fazer as clnicas de formao tcnica em
natao em Fort Lauderdale. Em minha casa haviam as primeiras edies dos livros
clssicos dos pesquisadores da natao norte-americana, dos professores Dr. James
Counsilman (The Science of Swimming, 1968; The Complete Book of Swimming, 1977;
Swimming Manual for Coaches and Swimmers, 1977) e do Dr. Ernest Maglischo,
(Swimming faster: a comprehensive guide to the science of swimming, 1982). Acredito
que esse acervo seja histrico.
Ao me formar em 1998, intensifiquei meus estudos na rea tcnica da natao,
participando de vrios cursos promovidos pela Associao de Tcnicos de Natao do
Estado de So Paulo e Federao Aqutica Paulista. Neste mesmo ano comecei a treinar
a equipe petiz e infantil do Clube de Tnis Catanduva. Nesse perodo, alguns nadadores
foram campees paulistas e medalhistas em brasileiros nestas categorias. Foi nesse
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perodo que meu interesse cientfico pela natao nasceu. Porm foi no ano de 2000 que
tive a oportunidade de aprimorar acadmicamente, quando procurei no curso de Ps-
graduao Lato-sensu, de minha rea de interesse, e que no prejudicaria meu trabalho.
Foi na Universidade Norte do Paran (UNOPAR) que ofereceu o curso de
Especializao em Atividades Aquticas de forma intensiva no perodo de frias, em
janeiro de 2000. Tive a satisfao de ter aulas com vrios profissionais da rea do
treinamento desportivo como o Prof. Dr. Antnio Carlos Gomes, Prof. Dr. Srgio
Gregrio da Silva e Prof. Dr. Pedro Jos Winterstein que muito contriburam para o
aprimoramento de meus conhecimentos sobre preparao de atletas competitivos,
entretanto, dois professores em particular foram marcantes para aguar meu interesse
pela pesquisa e a vida acadmica.
O Prof. Willian Urizzi de Lima, amigo de beira de piscina de meu pai, com um
currculo invejvel como treinador do Esporte Clube Pinheiros, do Sport Club
Corinthians Paulista e Seleo Brasileira de Natao, dotado de um carisma e didtica
incomuns, servia-me de inspirao. Alm de excelente tcnico, era docente da FMU, de
vrios programas de ps-graduao lato-sensu pelo pas e autor de vrios livros da rea.
At hoje, tenho-o como modelo. O Prof. Dr. Oscar Amauri Erichsen, na poca, tcnico
da Londrina Country Clube e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL),
incentuvou-me a pesquisar na rea da natao. O Prof. Oscar tinha acabado de revisar e
publicar a primeira traduo em portugus do clebre livro do Dr. Ernest Maglischo,
Nadando Ainda Mais Rpido (1999). Um livro que praticamente uma "biblia" para
tcnicos de natao. Quase todos os treinadores que conheci usam ou usaram este livro
como base de seu planejamento.
A parte II do livro apresenta a mecnica da braada nos diferentes estilos de
nado. Durante as aulas da especializao, interessei-me pelos aspectos biomecnicos
relacionados frequncia e ao comprimento de braadas na natao. Habitualmente, eu
e meu pai, sempre filmvamos nossos atletas nos treinamentos e competies para
posterior anlise da tcnica do nado e estratgia de prova que seria utilizada.
Filmvamos, tambm, seus adversrios, com o objetivo de estudar a melhor estratgia
para conseguir super-los nas competies. Isso me levou a comear a pesquisar sobre o
tema.
Em minha monografia, na especializao, avaliei a velocidade mdia, frequncia
e comprimentos de braadas de nadadores participantes da prova de 100m nado Livre
dos Campeonatos Paulistas de Vero Petiz, Infantil e Juvenil do ano de 2000. Mesmo
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sem ter publicado o que havia pesquisado na poca, a experincia foi importante no
encorajamento para outras metas.
At aquele momento, o mestrado era ainda um sonho distante, mas com as
experincias vividas com a especializao e o estmulo e ajuda de minha esposa, Karina
Coelho Pires que foi imprescindvel, em todos os sentidos na realizao deste plano de
vida, que iniciei em 2002, no programa de Ps-Graduao Strictu Sensu em Educao
Fsica na Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP, como aluno especial.
Tive a grata satisfao logo na primeira disciplina cursada no programa de
mestrado conhecer o Prof. Dr. dico Luiz Pellegrinotti que futuramente seria meu
orientador. Tive uma identificao "a primeira vista" com este profissional, mas foi com
o convvio que passei a admir-lo. Conhecia o currculo do Prof. "Deco" (como
carinhosamente conhecido) como docente da UNICAMP, mas nunca poderia imaginar
que alm de professor havia sido atleta e tcnico de atletismo e conhecido de minha
famlia. Com sua orientao, transformamos a ideia inicial da anlise biomecnica da
braada, tema do trabalho, da especializao, num projeto de pesquisa com amplo
embasamento cientfico, muito alm daquela simples anlise com base na minha
experincia prtica. Foi com o Deco que aprendi a pesquisar peridicos, a redigir textos
cientficos e a organizar uma apresentao de seminrio. Senti-me acolhido pelo Prof.
Deco, que conhecendo minhas inseguranas e limitaes, incentivava-me e ensinava-me
o caminho para super-las.
No ano seguinte (2003), fui aprovado no programa de mestrado da UNIMEP, e
iniciei ento a aplicao do projeto de pesquisa de anlise cinemtica de provas de
natao em algumas provas dos campeonatos paulistas e brasileiros de natao, que
participava com minha equipe com o objetivo de testar a metodologia. A partir deste
momento, comecei a divulgar os resultados destes estudos publicando trabalhos em
congressos cientficos, como Congresso Cientfico Latino-americano de Educao
Fsica- UNIMEP, Simpsio Internacional de Cincias do Esporte - CELAFISCS,
Congresso Internacional de Educao Fsica e Motricidade Humana e Simpsio Paulista
de Educao Fsica - UNESP - Rio Claro, Encontro AAARL de Medicina Esportiva -
USP - Ribeiro Preto e ENAF - Poos de Caldas. Proferi palestras sobre o tema em
alguns cursos de graduao em Educao Fsica, como na prpria UNIMEP, Centro
Universitrio Moura Lacerda - Ribeiro Preto e Unio das Faculdades dos Grandes
Lagoa - UNILAGO - So Jos do Rio Preto. Mas, sem dvida, o mais gratificante foi
ministrar uma palestra na 11 Semana de Educao Fsica da ESEFIC - Catanduva,
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faculdade onde me formei, e no Encontro de Tcnicos de Natao do Estado de So
Paulo - Sorocaba (2004). Todas estas experincias foram enriquecedoras na minha
futura carreira. Com o ttulo de mestre "debaixo do brao" parti em busca da realizao
de um novo sonho: lecionar em uma faculdade de Educao Fsica. Em 2005, trs
meses aps ter defendido a dissertao de mestrado, surgiu oportunidade de trabalhar
no Centro Universitrio do Norte Paulista - UNORP, em So Jos do Rio Preto. No ano
seguinte (2006) comecei a ministrar aulas na Universidade Paulista - UNIP no campus
de So Jos do Rio Preto, e em 2007, iniciei, tambm, em outros campi da UNIP, na
cidade de So Paulo, como Chcara Santo Antnio, Marques de So Vicente, Alphaville
e Zona Norte.
No mesmo perodo passei, a trabalhar com a equipe principal de natao do
Clube de Tnis Catanduva, revelando campees paulistas e medalhistas brasileiros em
outras categorias (juvenil e jnior), e tendo atletas selecionados para a Seleo Paulista
de Natao. Na mesma ocasio, fui convidado a compor o Conselho Tcnico da
Federao Aqutica Paulista, onde fiquei de 2007 a 2009. Com tantos compromissos,
reduzi as produes de pesquisas e participaes em congressos cientficos.
Em 2009 fui aprovado no processo seletivo para docentes do Centro
Universitrio FAFIBE da cidade de Bebedouro - SP. Aquele momento foi importante na
minha carreira profissional e acadmica, entretanto comecei a sentir dificuldades em
conciliar tantos compromissos e minha vida familiar. Cheguei dormir mais noites em
nibus que na minha prpria casa. Persegui tanto algumas metas que no havia me dado
conta de que havia pessoas que necessitavam de mim, e que outros objetivos deveriam
ser alcanados. Mas fatos novos mudariam os rumos de minha vida.
Em 2010 ao mesmo tempo em que fui dispensado pelo Clube de Tnis da funo
da funo de tcnico de natao, sou convidado a trabalhar como docente na ESEFIC
em Catanduva. Diminuindo a quantidade de aulas nas faculdades "fora de casa", voltei-
me a dedicar aos estudos, e mais uma vez, com incentivo de minha esposa, inscrevi-me
no processo seletivo de doutorado em Educao Fsica do programa de ps-graduao
da Universidade So Judas Tadeu.
Necessitava, ento, elaborar um projeto para concorrer na seleo, mas estava
tanto tempo afastado da pesquisa, que no sabia bem o que fazer. Retornando s minhas
bases, lembrei-me de uma indagao que o Prof. Deco sempre fazia durante as
orientaes do mestrado: Como estas anlises cinemticas poderiam contribuir no
programa de treinamento do nadador? Com esse pensamento, elaborei uma proposta de
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pesquisa que envolvia a utilizao da avaliao cinemtica durante um macrociclo de
treinamento de uma equipe de natao competitiva. Mas, foi sob a superviso com a
tutoria de meu orientador o Prof. Dr. Aylton Figueira Junior, que a presente pesquisa se
configurou.
Percebendo minha experincia, o Prof. Aylton me fez refletir profundamente
sobre os mtodos de treinamento utilizados na natao. Observamos que muitos
treinadores ministram volumes elevados de treinamento em piscina em seus programas,
ainda influenciados pelas antigas metodologias provenientes dos estudos norte-
americanos da dcada de 60 e 70, que valorizavam a capitao mxima de oxignio
(VO2mx) para melhora do desempenho do nadador (COSTILL, et. al, 1991; MUJIKA
et. al, 1995; TERMIN e PENDERGAST, 2000). Assim como meu pai e eu, muitos
treinadores brasileiros foram influenciados por esta "escola norte-americana",
reproduzindo estas metodologias em seus treinamentos.
A avaliao cinemtica interessou-me, pois avalia a eficincia tcnica do nado
relacionado ao desempenho do atleta. Hoje, percebo que esse, foi um diferencial meu e
de meu pai. No ministrvamos "grandes" volumes de treino, mas nos preocupvamos
muito com execuo tcnica de nado e com a estratgia de prova dos atletas. Poucos
treinadores, ainda nos dias de hoje, tem essas preocupaes.
Porm, questes relacionadas ao treinamento de fora eram pouco trabalhadas
em nossos programas. As literaturas clssicas de "Doc Coulsilman" e Maglischo, no
enfatizavam esse tema em seus estudos. Apesar de mencionado como importante por
esses autores na formao do nadador, o treinamento de fora era visto mais como um
complemento de sua preparao fsica geral, principalmente nas etapas iniciais do
macrociclo. O que mais era evidenciado para esses autores, quanto ao treinamento da
fora muscular para nadadores, estava muito relacionado ao princpio da especificidade,
que determina que a atividade deva ser aplicada nas condies concretas de como esta
se manifesta, ou seja, no caso da natao, na gua.
Nos dias atuais, ainda muito comum a preocupao que o treinamento de fora
provoque uma diminuio na flexibilidade e elevao excessiva de massa muscular, o
que levaria o nadador a aumentar sua resistncia ao deslocamento, diminuindo a
flutuabilidade e consequentemente o desempenho. Devido a esta falta de conhecimento
muitos treinadores, ainda no aplicarem esta metodologia em seus programas de
treinamento.
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A viso sobre o treinamento de fora na natao s comeou a mudar no Brasil
nos ltimos anos. Destaco dois fatores que contriburam para esse novo olhar: 1) uma
formao mais cientfica de uma nova gerao de treinadores com acesso outras
literaturas e metodologias do treinamento e a divulgao de um nmero crescente de
pesquisas cientficas, que relatam os benefcios de diferentes metodologias do
treinamento de fora na performance em atletas de natao competitiva; culminando
com a observao dos recentes resultados de atletas velocistas nos ltimos Jogos
Olmpicos (Pequim 2008 e Londres 2012) e Mundiais de piscina longa (Roma, 2009 e
Barcelona 2013), particularmente com nadadores franceses e brasileiros (GIROLD et
al., 2012 ; GIROLD et al., 2007 e GIROLD et al., 2006); 2) a traduo para o
portugus do livro do autor russo Vladimir Platonov, sobre os Sistemas de Treinamento
dos Melhores Nadadores do Mundo, Volumes 1 e 2, (2004) que relatam os trabalhos
desenvolvidos com o treinamento de fora em nadadores do leste europeu, em especial
do nadador russo Bicampeo olmpico (Barcelona, 1992 e Atlanta, 1996) dos 50 e 100m
nado livre, Alexander Popov.
Hoje, estamos vivendo um momento muito especial da natao brasileira. Nunca
tivemos um nmero to elevado de nadadores em destaque internacional. Os resultados
obtidos nas ltimas Olimpadas e Mundiais por brasileiros como Gustavo Borges,
Fernando Scherer e mais recentemente com os atletas Cesar Cielo e Thiago Pereira,
entre outros, so reflexo da mudana da forma de treinamento entre os treinadores
brasileiros.
Neste sentido, o que determinou o desenvolvimento deste estudo, atrelado
apresentao anterior, foi o interesse de estudar novas metodologias relacionadas ao
treinamento de fora em atletas de natao, a aplicabilidade da anlise cinemtica num
programa de treinamento de natao. Desta forma surgiu uma nova questo: Para o
treinamento de fora qual o modelo de periodizao mais eficiente para jovens atletas
de natao?
Desenvolver a pesquisa com jovens nadadores da cidade de Boa Vista, no foi
por acaso. Devido a minha aprovao no concurso pblico para o provimento do cargo
de professor efetivo do curso superior em Educao Fsica do Instituto Federal de
Educao, Cincia e Tecnologia de Roraima - IFRR, em 2012, obrigou minha
transferncia de So Paulo para Roraima, fazendo com que realizasse toda a pesquisa
neste estado. Esse fato viabilizou a aplicao do projeto, pois alm de estar mais
prximo da minha famlia, consegui reunir em meu local de trabalho toda o estrutura
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necessria para desenvolvimento da pesquisa, como a piscina semiolmpica (25
metros), laboratrio com material para avaliao fsica e antropomtrica, e uma
academia de musculao.
1.2. Traando o Caminho
O programa de treinamento fsico um processo complexo, que exige
organizao em todas as suas etapas, em especial na fase inicial do programa para que
se conhea a capacidade do indivduo (FONTOURA, 2007). Esta organizao
essencial quando se trata de atletas de competio. Para os treinadores e pesquisadores,
o rendimento do atleta se associa de um conjunto de fatores de ordem estratgica
incluindo aspectos tticos, tcnicos, psicolgicos, dependentes das diferentes
capacidades fsicas especficas, de resistncia orgnica e muscular (BANGSBO, 1994;
MARTIN, CARL e LEHNETZ., 1997; WEINECK, 2003; BOMPA, 2002)
O treinamento de natao competitiva, tem como objetivo melhorar o
desempenho desportivo em provas com diferentes demandas metablicas. De modo
geral, treinadores de natao tm utilizado volumes semanais elevados de treinamento
na piscina no s com atletas experientes, mas tambm em categorias intermedirias
(COSTILL, et. al, 1991; MUJIKA et. al, 1995; TERMIN e PENDERGAST, 2000).
Sabe-se que excesso no volume de treinamentos pode resultar em fadiga crnica que por
sua vez conduz a um comprometimento do sistema imunolgico, estresse mental, dficit
calrico e consequente queda no desempenho em diferentes etapas do perodo
preparatrio levando os atletas ao estado de overtraining ou supertreinamento
(COSTILL et. al, 1988; COSTILL et. al, 1991; MACKINNON et. al, 1997; TRAPPE et.
al 1997; HOOPER, MACKINNON e HOWARD, 1999). Em alguns casos, estes fatores
esto relacionados ao abandono do atleta do programa de exerccio. Nesse sentido, a
aplicao de novas metodologias que minimizem os efeitos crnicos do estresse
fisiolgico e psicolgico em nadadores, provocados pelos possveis excessos no
treinamento tradicional em piscina torna-se necessrio.
Seguindo a tendncia dos estudos contemporneos da metodologia do
treinamento desportivo da natao, foi encontrado discusses sobre estratgias de
treinamento que visam equalizar os componentes de carga (volume, intensidade) em
funo da especificidade dos atletas (MARINHO e GOMES, 1999; MARINHO, 2002;
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BARBOSA e ANDRIES JUNIOR, 2006; PYNE, MUJIKA e REILLY 2009; FIG, 2010;
ISSURIN, 2010).
Nesta perspectiva, o treinamento de fora muscular tem sido considerado fator
primordial, visto que a potncia muscular decisiva no desenvolvimento de nadadores
(TRAPPE et al.,2000; BARBOSA e ANDRIES JNIOR, 2006; ZAMPAGNI et
al.,2008). Assim, o treinamento de fora muscular tem sido aplicado na natao, sendo
parte integrante da preparao de nadadores competitivos (COSTILL, MAGLISCHO e
RICHARDSON, 1994; MAGLISCHO, 2010 e PLATONOV e FESSENKO, 2004).
Conforme Fig (2010), o treinamento de fora importante nos nadadores em
diferentes situaes como na sada, viradas, pernada e braada. Observa-se
estatisticamente forte correlao entre potncia muscular e velocidade de nado
(MARINHO e GOMES, 1999; SWAINE, 2000; BARBOSA e ADRIES JUNIOR, 2006
e FIG, 2010).
Um dos pontos mais controversos na prtica do treinamento de fora muscular
para atletas de natao est relacionado influncia deste mtodo de treinamento e sua
transferncia no desempenho do nadador (MARINHO e GOMES, 1999). Segundo
Newton et al. (2002) e Antunes (2004) deve-se atentar para os nveis de hipertrofia
muscular, o que em determinadas situaes pode ser prejudicial ao rendimento do
nadador. Portanto, evitar tal ocorrncia um dos objetivos da periodizao que inclui a
maximizao do princpio da sobrecarga garantindo melhora na relao entre estmulo e
recuperao. Este princpio descrito pelo processo de aplicao de cargas ao sistema
neuromuscular (RHEA et al., 2002a). Quanto maior a demanda imposta ao sistema
neuromuscular, maior adaptao no nvel de fora (STONE, OBRYANT e
GARHAMMER, 1981).
Segundo Oliveira, Sequeiros e Dantas (2005) dentre os estudos de periodizao,
os modelos mais investigados so o linear ou tradicional, e o modelo de periodizao
no linear ou ondulatria. O primeiro designa-se por constantes incrementos da carga de
treinamento e concomitante reduo do volume, dispostos ao longo dos ciclos de
treinamento. O modelo no linear ou ondulatrio apresentado por RHEA et al.
(2002b) como alteraes frequentes no volume e intensidade dos treinamentos com
pesos tanto em semanas, como em ciclos ou at mesmo com variaes dirias.
Considerando as escassas evidncias desse modelo aplicado em nadadores o
presente estudo foi delineado com a inteno de acompanhar a relao das metodologias
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do treinamento de fora muscular fora da piscina, e as contribuies no desempenho de
nadadores jovens em ambos os sexos.
1.3. Objeto, Objetivos do Estudo e Hipteses
O desempenho na natao competitiva influenciado pela capacidade de gerar
fora propulsiva e minimizar o arrasto ao avano no meio lquido. Isso acontece com a
melhora da tcnica ou padro biomecnico, e pela da condio fsica do nadador,
incluindo a composio corporal e a fora.
Na natao, com o intuito da melhora do rendimento tcnico, atletas buscam a
evoluo no desempenho no s por meio de sesses de treinamento especficos na
gua, mas tambm nos treinamentos executados em sesses ordinrias da preparao
fsica.
Com essa perspectiva, o presente estudo visa o acompanhamento de jovens
nadadores submetido a dois mtodos de treinamento de fora por um perodo de 14
semanas.
O objetivo geral do estudo foi verificar o efeito do treinamento de fora com
periodizao linear e ondulatria nas respostas morfofuncionais e de desempenho de
nadadores jovens de ambos os sexos em um macrociclo de 14 semanas.
Imaginamos que aps o perodo de realizao do estudo, encontraremos que a
periodizao ondulatria promovera melhor adaptao morfofuncional comparado com
o modelo de periodizao linear no aumento da fora muscular e desempenho dos
nadadores submetidos a um macrociclo de 14 semanas de treinamento.
As anlises complementares delimitadas nos objetivos especficos com suas
respectivas hipteses, que segue:
Anlise 1 - Identificar o impacto de um macrociclo de 14 semanas de
treinamento de fora muscular com periodizao linear e ondulatria no perfil
antropomtrico e composio corporal (massa corporal, massa magra, massa gorda,
porcentagem de gordura corporal, circunferncias de brao contrado e coxa medial ) de
nadadores jovens de ambos os sexos.
Hiptese 1: O modelo de periodizao ondulatria promove melhora mais
acentuada no perfil antropomtricos e composio corporal (massa corporal, massa
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magra, massa gorda, porcentagem de gordura corporal, circunferncias de brao e
perna) que o modelo de periodizao linear aps 14 semanas de treinamento.
Anlise 2 - Comparar o efeito de um macrociclo de 14 semanas de treinamento
de fora pela periodizao linear e ondulatria no comportamento da fora muscular dos
membros superiores e inferiores de nadadores jovens de ambos os sexos.
Hiptese 2 - O modelo de periodizao ondulatrio promove melhor adaptao
que o modelo de periodizao linear na fora dos nos membros superiores e inferiores
dos nadadores aps 14 semanas de treinamento.
Anlise 3 - Analisar os efeitos de um macrociclo de 14 semanas de treinamento
de fora de periodizao linear e ondulatria no tempo obtido no teste de 100m nado
Crawl de nadadores jovens de ambos os sexos.
Hiptese 3 - O grupo que praticou treinamento de fora com periodizao
ondulatria ter melhores resultados na potncia anaerbia, devido a melhora mais
acentuada no tempo obtido no teste de 100m nado crawl, que o grupo que praticou a
periodizao linear apos 14 semanas de treinamento.
Anlise 4 - Determinar o efeito de um macrociclo de 14 semanas de treinamento
de fora com de periodizao linear e ondulatria no desempenho atravs das avaliaes
cinemticas de: sada do bloco de partida em 15 metros, virada em 15 metros,
frequncia e comprimento de braada, velocidade e ndice de braadas em nadadores
jovens de ambos os sexos.
Hiptese 4 - O treinamento com periodizao ondulatria apresenta melhores
resultados nas avaliaes cinemticas de sada do bloco de partida em 15 metros, virada
em 15 metros, frequncia e comprimento de braada, velocidade e ndice de braadas
que o grupo treinado com a periodizao linar aps 14 semanas de treinamento de fora.
Anlise 5 - Comparar o impacto de um macrociclo de 14 semanas de
treinamento de fora com periodizao linear e ondulatrio no ndice tcnico de
competio de nadadores jovens de ambos os sexos.
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Hiptese 5 - O grupo com periodizao ondulatria apresentaria melhores
resultados no indice tcnico de competio ao final do mesociclo de 14 semanas de
treinamento de fora muscular que o grupo com periodizao linear.
1.4. - Organizao do Estudo
O presente estudo foi organizado em captulos que sustentam o modelo
experimental desenvolvido no presente trabalho.
Desta forma, no Captulo 1 apresentamos: os pontos que justificam o
desenvolvimento do estudo, aspectos de relevncia profissional e cientfica , bem como
os pressupostos cientficos que orientaram a elaborao do trabalho, o objeto , objetivo
e hipteses principais.
O Captulo 2 apresenta a reviso da literatura dividida em: a) aspectos que
caracterizam a natao competitiva; b) as formas de treinamento utilizadas na
modalidade; c) as adaptaes morfofuncionais relacionadas ao treinamento de fora; d)
adaptao do treinamento de fora nos adolescentes; e) meios e mtodos de
periodizao do treinamento de fora e as evidncias comparando os mtodos.
No Captulo 3 apresentamos os procedimentos metodolgicos do estudo e seu
delineamento, as caractersticas da amostra, critrios de incluso e excluso, bem como
as caractersticas da periodizao do treinamento, organizao e avaliao do
treinamento de fora e desempenho esportivo na piscina, e todas as anlises estatsticas
empregadas.
No Captulo 4 seguem os resultados com a apresentao de tabelas e grficos,
com a descrio do comportamento dos dados, bem como as respectivas comparaes
demonstradas nos objetivos.
No Captulo 5 so discutidos os resultados das anlises do estudo, apresentando
concluses prvias, mediante ao referencial terico presente, buscando explicar as resposta
morfofuncionais das diferentes periodizaes do treinamento de fora e seu resultado no
desempenho no meio lquido.
As consideraes finais e as proposies futuras do estudo so apresentadas no
Captulo 6, bem como o delineamento dos prximos passos e perspectivas na anlise da
periodizao do treinamento de fora muscular para jovens atletas de natao.
Referencias bibliogrficas, bem como os apndices e anexos esto apresentados
nos Captulos 7 e 8 respectivamente.
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A reviso da literatura foi feita a partir de pesquisa bibliogrfica realizada em
livros, revistas especializadas indexadas; artigos cientficos, monografias, dissertaes e
teses, nacionais e internacionais, da rea de conhecimento da educao fsica e cincias
da sade, mais especificamente, as produes de conhecimento cientficas sobre o
treinamento desportivo, periodizao e treinamento de fora muscular, do treinamento
de natao competitiva; biomecnica e fisiologia do exerccio.
Foram consultados os bancos de dados dos acervos das bibliotecas da
Universidade So Judas Tadeu (USJT), Universidade de So Paulo (USP), Universidade
Paulista (UNIP); Faculdades Integradas Padre Albino (FIPA) e Instituto Federal de
Roraima (IFRR).
Pesquisas foram realizadas em acervos digitais de monografias, dissertaes e
teses de instituies como USP, Unicamp, UNESP, UFMG, UFRS, UEL, Unimep e
USJT.
A busca dos artigos cientficos indexados foi realizada nas bases de dados
eletrnicas da MEDLINE, PubMed, Sports Discus, Scopus e Scielo. A seleo dos
descritores utilizados no processo de reviso foi efetuada mediante consulta ao DeCS
(descritores de assuntos em cincias da sade da BIREME).
Nas buscas, os seguintes descritores/termos em ingls/portugus foram
considerados: resistance training/treinamento de resistncia; strength
training/treinamento de fora, swimming/natao; physical education and training/
educao fsica e treinamento; endurance training/treinamento de endurance; sprint
training/treinamento de velocidade; linaer periodization/periodizao linear; nonlinear
periodization/periodizao no-linear e undulating periodization/periodizao
ondulatria. Recorreu-se aos operadores lgicos "AND", "OR" e "AND NOT" para
combinao dos descritores utilizados para rastreamento das publicaes.
Dessa forma, foram utilizados para a reviso de literatura: 72 livros, 5 revistas
especializadas indexadas, 305 artigos cientficos encontrados nas bases de dados
descritas, 5 dissertaes de mestrado e 4 teses de doutorado.
CAPTULO 2 - REVISO DA LITERATURA
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2.1. - Crescimento, Maturao e Desenvolvimento Fsico do Adolescente
Segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS, 1989) a adolescncia uma
fase intermediria do desenvolvimento humano, que compreende a faixa etria entre 10
e 19 anos, dividida em 2 perodos: a pr-adolescncia (10 a 14 anos) e a adolescncia
(15 aos 19 anos). Porm, essa definio ocorre simplesmente por razes estatsticas,
pois varia de pessoa para pessoa.
Esta fase marcada por diversas transformaes corporais e comportamentais.
neste perodo que acontece o desenvolvimento das funes reprodutivas, incluindo o
aparecimento das caractersticas sexuais secundrias conhecida como puberdade. A
puberdade o perodo em que o adolescente exibe as maiores mudanas corporais,
sendo estas endcrinas, fisiolgicas e morfolgicas (GALLAHUE, 2013).
Essas transformaes so caracterizadas por mudanas de peso, estatura,
composio corporal, alm de alteraes fisiolgicas importantes em seus rgos e
sistemas, incluindo crescimento fsico geral. As modificaes ocorrem em ritmos e
propores diferentes entre indivduos de um mesmo sexo ou no, no entanto, a ordem
em que esses eventos ocorrem relativamente mesma (MARSHALL e TANNER,
1995).
Muitos fatores esto associados ao processo de crescimento e maturao sexual.
Os fatores genticos so, em grande parte, os responsveis pelas variaes individuais
dos eventos pubertrios. J os fatores externos: nutrio, atividade fsica, nvel
socioeconmico-cultural, dentre outros, so os que precisam ser favorveis para que o
adolescente possa alcanar a expresso mxima de seu potencial gentico (SIGULEM,
DEVINCENZ e LESSA, 2000).
O conceito de crescimento, segundo Malina (2003), est diretamente ligado ao
aumento do tamanho do corpo como um todo e de suas partes, ou seja, o aumento da
altura, peso, fora, volume, quantidade de produo de secrees, entre outros, isto ,
um aumento fixvel quantitativamente, atravs da associao de trs fenmenos
distintos: 1) fenmeno da hiperplasia, ou seja, o aumento do nmero das clulas que
compem os tecidos do organismo humano; 2) fenmeno da hipertrofia, aumento do
tamanho dessas clulas e 3) fenmeno da agregao celular, aumento da quantidade de
substncias intracelulares (MALINA, BOUCHARD E BAR-OR, 2004; GUEDES e
GUEDES, 1997a).
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Por sua vez, o termo maturao biolgica , para Malina, Bouchard e Bar-Or
(2004), o processo de tornar-se maduro, ou o progresso em direo ao estado maduro,
ou seja, maturao , ao mesmo tempo, um processo e um estado, que pode ser
mensurado a partir de alguns indicadores que representam em que momento do estgio
maturacional o indivduo se encontra.
Portanto, cada um dos tecidos, rgos ou sistemas do organismo humano
apresentam velocidades de crescimento e desenvolvimento diferenciadas, seguindo um
padro definido pelo estgio maturacional que o resultado da ao mtua entre os
fatores biolgicos e os fatores ambientais, entendidos aqui, respectivamente, como
fatores intrnsecos e extrnsecos (ARRUDA, 1997).
O processo maturacional at seu total complemento, de modo geral, leva cerca
de 20 anos e sistematicamente dividido em perodos distintos e relativamente
homogneos de acordo com as modificaes orgnicas ocorrentes, implicando em um
grau crescente de maturao (GUEDES e GUEDES, 1995; DUARTE, 1993).
Durante a puberdade, indicada como a terceira fase de crescimento e
desenvolvimento, as modificaes morfolgicas e fisiolgicas alcanam seus maiores
nveis, principalmente pelo aumento da produo dos hormnios sexuais. Como
conseqncia desse aumento, h uma acelerao do crescimento somtico, alm do
desenvolvimento das gnadas, das caractersticas sexuais secundrias e, ainda,
mudanas na composio corporal que, nos meninos, acarreta um aumento da massa
muscular e concomitante diminuio da gordura corporal (MALINA, BOUCHARD E
BAR-OR, 2004; GUEDES e GUEDES, 1995).
Essas modificaes que ocorrem na puberdade em direo ao estgio maduro, ou
seja, na aquisio final da maturao biolgica, acontecem de forma gradual, em ritmo
temporal prprio, fazendo com que cada indivduo complete um determinado estgio
maturacional em idades cronolgicas
diferentes, dificultando a sua determinao.
Em geral, a idade em que os eventos pubertrios ocorrem fica em torno dos 11
aos 14 anos, porm o processo maturacional no coincide necessariamente com a idade
cronolgica, fazendo com que a idade biolgica
seja considerada. Essa diferena entre a
idade cronolgica e a idade biolgica pode levar a erros de avaliao metodolgica, por
no garantir uma discriminao entre os indivduos de mesma idade cronolgica, mas
com desenvolvimento maturacional mais precoce ou tardio.
Dessa forma, a identificao da idade biolgica de fundamental importncia,
principalmente nos estudos com crianas e adolescentes relacionados ao desempenho
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motor, pois torna mais precisa a distino entre as adaptaes decorrentes de um
programa de exerccios fsicos e as modificaes fisiolgicas e estruturais decorrentes
do processo de maturao biolgica, principalmente na fase pubertria, onde essas
modificaes so mais evidenciadas (VILLAR, 2000).
Determinar a idade biolgica , portanto, uma necessidade para conhecer e
aceitar a variabilidade individual dentro de faixas etrias pr-determinadas e assim,
conduzir o processo de treinamento fsico de acordo com as possibilidades
biopsicolgicas de cada indivduo.
Para a determinao do estgio maturacional necessrio identificar o sistema a
ser analisado, pois cada um dos sistemas orgnicos tem variao temporal no processo
de maturao. Nesse sentido, os indicadores da maturao biolgica mais comumente
utilizados em estudos de crescimento so: 1) indicador da maturao esqueltica, 2)
indicador da maturao sexual secundria.
Malina, Bouchard e Bar-Or (2004) afirmam que a avaliao da maturao
esqueltica , talvez, o melhor indicativo da idade biolgica, pois seu desenvolvimento
perfaz todo o perodo de crescimento.
A avaliao da maturao sexual secundria, assim como a avaliao da
maturao somtica, como indicadores do status de maturao, tambm so
instrumentos importantes para a determinao do estgio maturacional, mas seu uso
limitado fase da pubescncia, embora mostrem uma fase de maturao muito
importante para o treinamento sistemtico de uma atividade fsica, visto que, nessa
fase que acontecem as maiores modificaes fisiolgicas relacionadas ao desempenho
motor.
2.1.1. - A Maturao Sexual
A maturao, conforme Malina e Bouchard (2002), refere-se ao tempo e
controle temporal do progresso pelo estado biolgico maduro.
Diz respeito s mudanas qualitativas que capacitam o organismo a progredir em
direo a nveis mais altos de funcionamento. Dessa forma, um processo inato,
geneticamente determinado e resistente influncia do meio ambiente, que se refere s
transformaes que ocorrem no corpo durante um determinado perodo de tempo. A
maturao diz respeito ao momento e evoluo para o desenvolvimento dos vrios
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sistemas, em direo ao estado biolgico maduro e s alteraes qualitativas que
capacitam o indivduo a progredir para nveis mais altos de atividade. Com isso, o
processo de maturao tem foco no avano ou nos indicadores para se alcanar esse
estado, bem como em suas decorrncias individuais (UNESCO, 2013).
Com isso, pode-se definir maturao como:
a) o processo que conduz o corpo humano forma e s funes normais adultas
(MALINA, BOUCHARD e BAR-OR, 2004);
b) o andamento, a sequncia e o progresso em direo ao estado biolgico
maduro (BAXTER-JONES, EISENMANN e SHERAR, 2005);
c) o processo que leva a um completo estado de desenvolvimento morfolgico,
fisiolgico e psicolgico e que, necessariamente, tem controle gentico e ambiental
(MATSUDO e MATSUDO, 1991).
As vrias etapas desse processo no ocorrem simultaneamente em todas as
crianas e jovens com a mesma idade cronolgica, ou seja, crianas e jovens de idade
biolgica igual podem apresentar diferenas significativas em relao ao nvel
maturacional (MALINA e BOUCHARD, 2002).
Baxter-Jones, Eisenmann e Sherar (2005) afirmam que o processo de maturao
apresenta duas fases distintas: o timing e o tempo. O timing refere-se idade em que os
eventos maturacionais especficos acontecem (menarca, espermarca, incio do
desenvolvimento das mamas, aparecimento de pelos pubianos e idade do pico de
crescimento, entre outros), enquanto o tempo diz respeito ao ndice e velocidade com
que a maturao avana e progride em direo ao estado maturacional adulto. Malina e
Bouchard (2002) afirmam que as diferenas maturacionais entre os sexos se destacam
entre os 9 e os 14 anos de idade, para o sexo feminino, e entre os 11 e os 16 anos, para o
sexo masculino. Maglischo (1999), por outro lado, traz uma referncia mais especfica,
ao apontar para as faixas de 11 a 13 anos no sexo feminino, e de 13 a 15 anos no sexo
masculino.
Portanto, infere-se que jovens em estado maturacional mais adiantado,
provavelmente sero mais altos, mais pesados, e tero maiores nveis de fora e maior
resistncia muscular, se comparados com aqueles de maturao tardia.
Segundo Malina e Bouchard (2002), so esses os fatores que auxiliam os jovens
a ter maior xito em determinados esportes, dentre eles, a natao e o atletismo.
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Todavia, essa vantagem maturacional tende a desaparecer aps a puberdade. Segundo
Malina, Bouchard e Bar-Or (2004), as medidas de maturao variam de acordo com o
sistema biolgico considerado. Geralmente, os indicadores mais utilizados so a
maturao esqueltica, a maturao sexual e a maturao somtica.
As caractersticas sexuais primrias so aquelas relacionadas diretamente com a
reproduo (DUARTE, 1993). No sexo feminino, dizem respeito ao desenvolvimento
dos ovrios, do tero e da vagina; no sexo masculino, refere-se ao desenvolvimento dos
testculos, da prstata e da produo de esperma. As caractersticas sexuais secundrias
esto relacionadas ao dimorfismo sexual externo, isto , o desenvolvimento dos seios,
do pnis, dos pelos faciais e pubianos, bem como a modificao da voz.
Os estudos sobre maturao tendem a se concentrar nas caractersticas sexuais
secundrias, de mais fcil avaliao, considerando-se a dificuldade ou mesmo a
impossibilidade de se determinar o desenvolvimento dos rgos sexuais internos. Em
1962, Tanner desenvolveu um sistema de fotos (ANEXO 1 e ANEXO 2) que permite
determinar: os estgios de desenvolvimento dos pelos pubianos em ambos os sexos, de
PP1 a PP5; de desenvolvimento mamrio para o sexo feminino, com os estgios de M1
a M5; e de desenvolvimento dos genitais do sexo masculino, com estgios de G1 a G5.
Malina, Bouchard e Bar-Or (2004) tambm citam as caractersticas sexuais secundrias
como elementos de avaliao.
Devido a questes ticas e legais, na atualidade pode-se contar com a
autoavaliao, que facilita a aplicao sistemtica da avaliao junto aos jovens que
praticam esportes de cunho competitivo. Esse procedimento, segundo Matsudo e
Matsudo (1991), para jovens brasileiros, apresenta um alto ndice de correlao (r =
0,80) entre a autoavaliao e a avaliao realizada por um profissional especializado
(mdico).
2.1.2. - O Desenvolvimento Corporal do Atleta Jovem.
Nas ltimas dcadas, em decorrncia da grande importncia e visualizao
adquirida pelo esporte competitivo na sociedade moderna, tem sido evidenciado um
crescente interesse por pesquisadores de inmeras reas do conhecimento, na tentativa
de melhor entender esse fenmeno. Nesse sentido, alguns estudos tm apontado um
aumento considervel na participao de crianas e adolescentes no desporto de alto
rendimento, em idades cada vez menores. Frequentemente verifica-se a participao de
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jovens em competies de carter regionais, nacionais e internacionais, exigindo um
alto desempenho fsico, tcnico e psicolgico (WESTERSTAHL, et al., 2003,
MARQUES, 1998)
Entre populaes adultas, as adaptaes fisiolgicas e morfolgicas decorrentes
do envolvimento com a prtica de atividades esportivas so bem conhecidas. Entretanto,
entre crianas e jovens, algumas evidncias tm indicado que o treinamento fsico pode
favorecer maiores taxas de crescimento fsico (BAXTER-JONES, THOMPSON e
MALINA, 2002) De outro lado, pesquisas tm indicado um pequeno ou nenhum efeito
do envolvimento sistematizado com atividades esportivas de alto rendimento, no
crescimento desses jovens atletas (DAMSGAARD et al.; 2001, BAXTER-JONES et al.;
1995, MALINA, 1994). Tal falta de clareza, no que se refere interao entre o
envolvimento com atividades esportivas e ndices de crescimento, alicera-se na
ausncia de estudos de delineamento longitudinal que tenham abordado o assunto.
A Fdration Internacionale de Mdicine Sportive (FIMS, 1997) indicou que
um nmero cada vez maior de leses por sobrecarga tem atingido populaes
peditricas que praticam esportes organizados de alta intensidade. Nesse sentido, o
envolvimento de crianas e adolescentes com atividades esportivas que visam o alto
rendimento, constitui motivo de preocupao para os profissionais que trabalham com
essas populaes, uma vez que inmeras modalidades esportivas, exigem cargas
pesadas de treinamento que precisam ser bem orientadas e tambm um rgido controle
alimentar por parte desses jovens atletas.
Alm disso, jovens atletas podem apresentar ndices de crescimento fsico
diferenciados dos seus pares no-atletas. No caso dos nadadores, algumas investigaes
como a de Westerstahl et al. (2003), demonstraram que esses atletas so mais altos que
a populao normal, na mesma faixa etria/sexo e o ndice de massa corporal maior que
de outras modalidades. Adicionalmente, a ausncia de estudos de corte longitudinal
limita as interpretaes dos efeitos do treinamento de alta intensidade no crescimento
fsico, bem como tambm, o impacto do crescimento no desempenho fsico (MALINA,
1994), uma vez que no se pode discernir com clareza se tais atletas apresentam tais
caractersticas decorrentes do treinamento a que so expostos, ou se so resultado do
processo de seleo que envolve o esporte, onde tais caractersticas favorecem na
escolha dos atletas.
Portanto, os efeitos do treinamento intensivo sobre o crescimento e maturao de
adolescentes ainda no esto bem estabelecidos (BAXTER-JONES e MAFFULLI;
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2002). Embora alguns estudos, como o de Baxter-Jones e Maffulli (2002) apontem que
o treinamento intensivo possa retardar o crescimento e atrasar a puberdade em meninas
atletas, outros trabalhos da literatura confirmam que o treinamento no parece afetar o
crescimento e a maturao nessas atletas jovens.
Com base no fato de que crianas e adolescentes no so adultos em
miniatura e que durante esta fase do desenvolvimento humano, o organismo jovem
passa por um processo constante de transformao fisiolgico, morfolgico e
comportamental, ocasionando respostas diferenciadas, em relao ao organismo do
adulto, ao estresse ocasionado por uma rotina de treinamento fsico, parece evidente que
qualquer excesso cometido durante esta fase da vida pode vir a desencadear um
comprometimento a sade do jovem e tambm posteriormente na idade adulta (FIMS,
1997; BERSON, 1990).
Muitas e importantes alteraes na composio corporal de atletas jovens podem
ocorrer: algumas de efeito positivo, melhorando aspectos da sade em geral, quando o
treinamento, a alimentao e os outros fatores externos so bem controlados
(WOLINSKY e HICKSON, 2002). Alguns trabalhos, por exemplo, indicam que a
massa magra em atletas de esportes de menor impacto, como a natao, semelhante
de outros esportes de maior impacto como ginastas, corredores, dentre outros, mas o
nvel de massa magra muito maior e estatisticamente significante, quando comparados
a outros jovens no ativos e de grupos controles. Tambm a porcentagem de gordura
corporal total bem menor em atletas de baixo impacto (como os nadadores) e de maior
impacto, comparados com grupos controles menos ativos ou sedentrios (LIMA et al;
2000).
Alm disso, outro componente da composio corporal, que um importante
indicador de sade, a densidade ssea, que entre atletas jovens praticantes de atividade
fsica intensa, sofre significativo incremento quando comparados aos seus pares no
atletas. Essas diferenas da magnitude das cargas dos diferentes esportes sobre o
sistema esqueltico mostram importante aumento da densidade ssea entre atletas
adolescentes do sexo feminino, mais especificamente da natao e futebol, dentre outros
(BELLEW e GEHRING, 2006).
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2.2. - Desportos Aquticos
A natao competitiva atual, internacionalmente caracterizada pelos quatro (4)
estilos de nado: borboleta, nado de costas, peito e o crawl. As competies de natao
obedecem s regras oficiais da Federao Internacional de Natao (FINA), que prev
movimentos de braos e pernas dos trs primeiros estilos citados. O quarto estilo
praticado em competies descrito pela literatura especializada como nado crawl,
sendo o mais utilizado nas provas de nado livre (MAGLISCHO, 1999). Nesta prova os
nadadores podem usar qualquer estilo, mas utiliza-se o nado crawl pela maior
velocidade e propulso de nado. Oficialmente as competies so realizadas em piscinas
de 25 e 50 metros e as distncias cobertas nos diferentes nados variam entre 50 e 1500
metros. Alm das provas mencionadas existe tambm uma combinada (medley) que
envolve a utilizao dos quatro nados na seguinte sequencia: borboleta, nado de costas,
peito e crawl, realizada nas distncias de 100, 200 e 400 metros em piscina curta (25
metros) e 200 e 400 (metros) em piscina longa (50 metros). Os revezamentos tambm
fazem parte do quadro competitivo e so disputados nas provas de 4x100 metros medley
e 4x100 e 4x200 metros nado livre, como mostra o anexo 12.
Em funo das diferentes distncias percorridas durante as provas, os nadadores
podem ser classificados como velocistas, fundistas e meio fundistas. Segundo
Maglischo (1999), as provas que caracterizam um velocista so realizadas
fundamentalmente em distncias de 50 e 100 metros, ao passo que os meio fundistas e
fundistas participam de provas que compreendem distncias entre 200, 400, 800 e 1500
metros.
Nos ltimos anos, estamos presenciamos uma retomada, com maior evidencia na
mdia, pela prtica das modalidades em guas abertas. Est prtica que remete s
origens da natao, quando ainda no havia piscinas, voltou a ficar em evidncia aps a
deciso do Comit Olmpico Internacional de integrar a natao de guas abertas no
programa dos Jogos Olmpicos. Nos campeonatos mundiais, so realizadas trs provas
da modalidade, nas distncias de 5 km, 10 km e 25 km, sempre para mulheres e
homens. J nos Jogos Olmpicos e Pan-americanos, esta modalidade disputada apenas
na distancia de 10 km para ambos os sexos.
Assim, os atletas nadadores necessitam de endurance e de velocidade para
conseguir o melhor desempenho. Porm, o fato de ser uma atividade aqutica, faz com
que haja uma preocupao com a fisiologia especfica das demandas energticas desses
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nata%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Piscinahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Comit%C3%A9_Ol%C3%ADmpico_Internacional -
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atletas. As alteraes de resistncia ao movimento, muito maiores na gua, dificultam a
propulso no meio lquido. Por causa desses fatores, a habilidade dos nadadores em
reduzir a resistncia da gua e a efetividade na aplicao da fora de propulso, pode ser
mais importante na determinao das demandas fisiolgicas na natao do que a simples
anlise do tempo de durao do exerccio (COSTILL e THOMAS, 1985; CRAIG et. al.,
1985; TOUSSAINT, 1991 e TOUSSAINT e BEEK, 1992).
2.2.1 - A Caracterizao do Treinamento de Natao
O treinamento uma das principais formas de aperfeioar o desempenho do
atleta melhorando suas capacidades motoras, cognitivas e psicolgicas. Quando
elaborada de forma adequada s caractersticas do indivduo, seja ele atleta ou no, as
sesses de treinamento levam ao mximo rendimento, ou seja, o organismo tende a
trabalhar de forma econmica, visando atender s necessidades do corpo submetido a
um certo tipo de estmulo.
Cargas de treinamento inadequadas podem influenciar o rendimento do jovem
nadador e tambm o seu estado de sade, por isso, devem ser dosadas em relao
etapa evolutiva do indivduo, a fim de favorecer seu desenvolvimento geral
(MAKARENKO, 2001; MAGLISCHO, 1999). As cargas so formadas por volume,
intensidade e frequncia do treinamento. As diferentes combinaes dessas variveis
tm o objetivo de causar adaptaes no organismo do atleta (FAUDE et. al, 2008).
O treinamento tpico dirio em nadadores consiste em treinamentos na gua,
sendo um pela manh e outro tarde, com durao aproximada de duas horas, variando
em funo do perodo especfico do treinamento. A maior parte desse treinamento
feita em velocidade submxima com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento de
adaptaes aerbias da mecnica da natao (COSTILL et al., 1991; MAGLISCHO,
2010; PLATONOV, 2005).
Em nadadores que no so de elite os modelos de treinamento preconiza volume
de treinamento menor com uma sesso diria, embora alguns princpios sejam os
mesmos adotados nos de elite.
Em geral o treinamento em piscina consiste em aquecimento (nados de
aquecimento), sries principais de treinamento concentradas em determinado estilo ou
aes motoras (batimento de pernas com ou sem auxlio de flutuadores ou trabalho de
rotao dos braos com pernas atadas), exerccios educativos e corretivos das tcnicas
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de nado e natao para volta calma. As sries principais so normalmente designadas
aquisio de resistncia aerbia, tolerncia ao lactato ou velocidade (MAGLISCHO,
2010; COSTILL, MAGLISCHO e RICHARDSON, 1992; NAVARRO e RIVAS, 2001;
PLATONOV, 2005)
Em estudo realizado com os melhores nadadores do mundo Platonov e Fessenko
(2004) revelou que durante a etapa em que apresentavam os melhores resultados na
carreira, a mdia semanal foi de 36 horas, sendo que 28 horas foram dedicados ao
treinamento em piscina, trabalhando 50 quilmetros em sete dias de treinamento.
Os valores apresentados por Maglischo (1999) corroboram com a metragem
citada anteriormente, onde o referido autor relata para a mesma classe de nadadores 40 a
55 km semanais. Da mesma forma Parra (2000) investigando o volume de treinamento
semanal de nadadores velocistas brasileiros de nvel olmpico encontrou valores
semelhantes aos delineados nos estudos anteriores numa mdia de 44 km oscilando
entre 30 a 60 km semanais.
Aparentemente existe uma similaridade nas informaes apresentadas sobre o
volume de treinamento semanal sugerido. Entretanto alguns estudos relataram volumes
por volta de 70 e 100 km semanais (COSTILL, et. al, 1988; MUJILA et. al, 1996;
TERMIN e PENDERGAST, 2000).
O equilbrio do volume total de treinamento realizado na piscina
frequentemente nadado em velocidades variadas que de um modo geral, so
caracterizadas por cinco zonas distintas classificadas em funo do metabolismo
energtico solicitado (MUJIKA et. al, 1996; PLATONOV, 1994; ZAKHAROV e
GOMES, 1992; VASCONCELOS, 2000).
Os valores de lactato sanguneo correspondentes s intensidades de treinamento
exercidos na natao e os respectivos efeitos fisiolgicos desejados so descritos por
Platonov (1994) com sendo da seguinte maneira:
a) Zona 1 (Z1), lactato sanguneo entre 1 e 3 mmol/l, correspondente a uma
intensidade de efeito fisiolgico de manuteno das funes do sistema vegetativo,
aumento na oxidao das gorduras e aumento na circulao perifrica;
b) Zona 2 (Z2), lactato sanguneo entre 3 e 4 mmol/l, correspondente ao aumento
da capacidade aerbia (limiar anaerbio);
c) Zona 3 (Z3), lactato sanguneo entre 4 e 8 mmol/l, que corr