grupo de estudos anarquistas josé oiticica
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Caderno de formao #4
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Caderno de formao #4
REDEFININDO O ANARQUISMO:
Este caderno de formao como os anteriores est baseado teoricamente na dissertao
de mestrado do militante anarquista Felipe Corra intitulada: Rediscutindo o
anarquismo, onde o autor far uma anlise das vertentes tericas anarquistas, o
surgimento delas e a presena desta em fatos histricos importantes da humanidade.
Partindo da definio bsica do anarquismo:
O anarquismo uma ideologia socialista e revolucionria que se
fundamenta em princpios determinados, cujas bases se definem a partir
de uma crtica da dominao e de uma defesa da autogesto; em
termos estruturais, o anarquismo defende uma transformao social
fundamentada em estratgias, que devem permitir a substituio de um
sistema de dominao por um sistema de autogesto. (Corra, F. 2012,
p.79)
Percebemos que surgem categorias essncias para a construo desta definio que se
encontram em negrito na citao, e tambm um pilar que seria a defesa da autogesto
contra a dominao, entendida aqui dominao como a relao hierrquica tpico das
sociedades de classe e/ou institucionalizadas burocraticamente.
O mtodo para se chegar autogesto a revoluo, onde os atores deste processo so
os agentes sociais das classes dominadas transformando sua capacidade de realizao
em fora social e por meio de um conflito destas classes dominadas contra as classes
dominantes que usaro seus aparatos estatais de um modo geral para impedirem que a
transformao se efetue.
A fora social construda a partir de um processo de conscincia de classe e
construo da autogesto em microesferas sociais como, por exemplo, em locais de
trabalho, movimentos sociais, escolas populares etc. estimulando a participao, a
horizontalidade entre os indivduos, ou seja, a igualdade para todos, e construir as lutas
de baixo para cima. A sociedade de classes no pode ser um empecilho para
construirmos aquilo que almejamos, pois os nossos fins devem ser fiis aos meios que
utilizamos para tal, isto , s se chega a autogesto a partir da prpria autogesto dentro
do processo revolucionrio.
Antes de darmos continuidade na definio, deixemos claro o que so trs esferas
sociais que o autor usa para demonstrar onde se manifestam a dominao, classes
sociais, poder etc. estas esferas so: poltico/jurdico/militar, econmica e
cultural/ideolgica/miditica. Vale ressaltar que a realidade no bem dividida com
estes termos e um afastado do outro, porm estas divises so importantes teoricamente
para entendermos o contexto que estamos inclusos ou analisar fatos histricos.
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Caderno de formao #4
Categorias centrais e conceitos acessrios:
Ideologia:
Entende-se como ideologia como o conjunto ideias, aspiraes, sentimentos e
motivaes que interagem com as intervenes polticas. (FAU, 2009a/b) Por este
motivo o anarquismo uma ideologia socialista revolucionria, pois est pautada em
uma estratgia e um ideal produto do movimento de massas, e jamais dissocivel da
prtica. A ideologia tambm pode ser entendida de um modo mais sinttico como a
relao da teoria e da prtica, e por este motivo no h indivduo aideolgico que se
apoie somente no pensamento ou somente na ao.
A ideologia anarquista est embasada numa leitura da realidade denominada teoria que
explicaremos a seguir, e a partir destas montar uma estratgia coerente com seus
objetivos revolucionrios. No confundir o conceito de ideologia com o que Stoppino
(2004a, p.585-587) denominado significado forte de ideologia como uma crena
falsa, ou seja, uma falsa conscincia de uma crena poltica.
Ideologia e teoria:
A ideologia est relacionada com aspectos no-cientficos como valores, motivaes,
aspiraes, enquanto a teoria busca fazer uma anlise racional e profunda da realidade
aproximando ao mximo da cincia. Estes so conceitos totalmente distintos, a
ideologia seria uma prtica poltica de interveno da realidade, enquanto a teoria um
modo de compreenso.
Estas duas podem fazer uma ponte de relao, mas mantendo a distino de ambas. O
anarquismo constitui uma ideologia baseada em vrios mtodos de anlise e teorias
distintas sejam elas materialistas, idealistas, estruturalistas, indutivo-dedutivos que
consideram muitas vezes algumas esferas de maior relevncia uma sobre a outra.
Os diversos modos tericos-metodolgicos usados pelo anarquismo durante sua histria
no torna uns menos anarquistas que outros, mas na verdade isso fortalece o
antidogmatismo e a colaborao que um mtodo pode oferecer aos outros, e como cada
mtodo pode ser mais eficiente dependendo do contexto histrico a ser discutido.
O que estas abordagens tm em comum, que a sociedade est dividida em classes
sociais e que isto negativo para o processo de evoluo social e emancipao humana
para uma sociedade justa no sentido de igualdade, sem a necessidade de autoridades e
de indivduos que possuam mais poder do que outros.
Mesmo por possuir teorias minuciosas e cientficas da realidade social, o anarquismo
no pode ser considerado uma teoria, e sim uma ideologia, pois est baseada em um
conjunto de valores ticos, sentimentos, prticas, aspiraes que so elementos
subjetivos que extrapolam a cincia. No h ento como construir um socialismo
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Caderno de formao #4
cientfico como se o socialismo fosse um determinismo social, pois para chegarmos
neste fim vai depender das nossas aes no mundo de intervir politicamente. De um
modo geral, a cincia estuda os fatos: Aquilo que aconteceu, o que est acontecendo e o
que necessariamente deve acontecer. Enquanto a ideologia depende da ao do
indivduo para que se torne realidade.
Os embates tericos entre os anarquistas no foi somente entre anlises idealistas ou
materialistas, mas tambm em qual das trs esferas predomina sobre as outras, para
Bakunin a predominncia da economia (infraestrutura) diante as outras, mas isso no
significa um determinismo, pois as outras esferas podem intervir na economia. Isto , a
relao entre ambas se d de forma dialtica, mesmo que a economia seja fundamental e
mais importante a esfera ideolgica/miditica/cultural e a esfera poltico/jurdica/militar.
Kropotkin ao fazer sua teoria do Direito pe no mesmo patamar a esfera econmica e a
poltica que caminham de mos dadas, pois o Direito serviu para garantir a propriedade
privada e os privilgios de classe dos dominantes e que impede a revolta dos miserveis.
Estas duas abordagens podem ser consideradas materialistas, onde h a primazia dos
fatos diante as ideias (Bakunin 2000, p. 14). Mas para entendermos o motivo de serem
materialistas devemos entender o contexto histrico desses dois cones do anarquismo.
O contexto de surgimento do socialismo de um modo geral no sculo XIX foi marcado
por uma produo do conhecimento que superasse a vigente: metafsica e idealista.
Ento houve a necessidade de se entender a Realidade a partir dos fatos, e no mais a
partir do ideal, surgindo assim tanto o materialismo, como o positivismo
posteriormente. No entanto, o sculo XX demonstrou que os fatores objetivos tambm
possuem uma influencia sobre os fatos, e que a esfera ideolgica no to passiva como
se imaginava.
Estratgia:
A estratgia pode ser entendida como a compreenso terica da atual situao em que
nos encontramos, quais so os fins que almejamos e quais os mtodos usados para
chegar a estes fins. No caso dos anarquistas a condio atual da sociedade a
dominao e o objetivo a autogesto, cabe a estratgia buscar os meios mais eficazes
para chegar a ela.
Os anarquistas ao longo da histria tambm divergiram das formas estratgicas, mas
sempre mantendo o aspecto da coerncia entre objetivos, tticas e fins.
Fora Social:
Como foi dito anteriormente, a fora social a fora motriz para a realizao de nossos
objetivos, e ela vem do agrupamento de indivduos (agentes sociais) que compartilham
da mesma condio de explorados, ou seja, da mesma classe social visando mudanas.
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A fora social no significa somente violncia no sentido poltico, mas que ela participe
das trs esferas sociais. O papel da fora social pode ser tanto para reforar o status-quo
como para modific-lo como no caso das teorias socialistas de maneira geral.
Poder:
Entendesse como poder aqui como a assimetria nas relaes de fora (TOMS
IBEZ, 2007a, p.43-44) envolvendo todos os indivduos e as relaes sociais, sendo
dinmica e conflituosa, onde uma fora ir preponderar sobre a outra.
O Anarquismo no a extino do poder, mas sim a diviso do poder, onde ampliasse a
participao dos indivduos nos problemas do coletivo, sem a interveno de um
indivduo ou instituio soberana que anule o poder poltico de cada agente social,
construindo assim a autogesto que contrape a dominao na qual fundamentada na
hierarquia.
A hierarquia uma ferramenta essencial para o mantimento da sociedade de classes, por
onde uma minoria ir dominar e alienar as massas. E por isso que o Anarquismo trs a
autogesto como alternativa de superao desta verticalidade social mantida pelo Estado
que faz o papel de comit executivo da classe dominante e usa de meios coercivos para
tal.
A autogesto ento a ampliao da participao dos agentes sociais nas decises que
afetam tanto o agente, como o coletivo.
Classes sociais:
As classes sociais existem por decorrncia da dominao e no s existem nas relaes
econmicas que geram mais-valia como tambm nas outras duas esferas sociais.
De um modo mais geral a sociedade est dividida em dois tipos de classes: As
dominantes e as dominadas. As dominantes expropriam o subproduto produzido pelas
classes dominadas denominada mais-valia, esta relao econmica denominada
explorao, mas ela no explica totalmente a dominao classista.
Os interesses dessas duas classes so contraditrios, os dominadores querem ampliar o
seu domnio, enquanto os dominados querem ampliar sua participao gerando assim o
conflito social, ou seja, a luta de classes. Para que se chegar ao socialismo libertrio, as
classes dominadas devem compreender e manifestas os seus interesses (conscincia de
classe) e atravs da fora social gerar a transformao social e modificar toda a
conjuntura.
REFERNCIAS:
CORRA, Felipe. REDISCUTINDO O ANARQUISMO: Uma abordagem terica.
2012. 275f. (Dissertao de mestrado) Universidade de So Paulo, So Paulo, 2012.
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