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Grupo de Pesquisa Dinâmica Agrária e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia
Danilo Araújo Fernandes
Programa de Pós-graduação em Economia (PPGE/ICSA/UFPA) e NAEA/UFPA
1
Belém Janeiro, 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
Fundamentos da Dinâmica Espacial na Amazônia: trajetórias tecnológicas, arranjos
produtivos e economias locais
2
Produção e “natureza”
• Dinâmica industrial: natureza vista como matéria prima e insumo básico - input (natureza morta, matéria genérica);
• Dinâmica Agrária: natureza vista como matéria viva, específica (bioma, ecossistema);
– natureza como capital produtivo ou “capital natural”
– influência do contexto ecológico no processo produtivo;
3
A dinâmica agrária se faz pela evolução de estruturas que, do nível micro para o macro,
se configuram em:
“Agentes e razões específicas” → [que, acionando recursos do ambiente natural e institucional, organizam →]
“Sistemas Produtivos Rurais” → [que convergem para →] “Trajetórias Tecnológicas” → [que se articulam, por
antagonismo ou cooperação, em →] “Sistemas Agrários” → [que se projetam em sistemas urbanos
conformados por →] “Arranjos produtivos locais” → [cujas redes constituem as →] “Economias Locais” → “Economias regionais” → “Economia
Nacional” [No contexto de uma divisão social do trabalho estruturada
nacional e mundialmente] 4
A dimensão rural é baseada em duas formas de produção e seis bem diferentes trajetórias tecnológicas, com atributos marcantes para o desenvolvimento:
Trajetórias/
Características
Trajetórias
Valores
Absolutos
em
1995
Sistemas camponeses que convergem
para:
Sistemas patronais que convergem
para:
Pecuária
de Leite e
perma-
nentes
(T1)
Sistemas
agroflo-
restais
(T2)
Pecuária
de corte
(T3)
Pecuária
de Corte
(T4)
Plantation
s
(T5)
Silvicul-
tura
(T6)
Número Estabelecimentos 171.292 130.593 109.405 27.831 4.444 3 443.568
Tamanho médio 54,47 23,04 62,23 1.196,00 472,62 413.681,7 125,74
VBP (R$1.000.000) 27% 21% 19% 25% 6% 2% 100%
Pessoal Ocupado 38,2% 26,6% 22,7% 10,5% 1,7% 0,2% 100%
Total de Terras Apropriadas 16,7% 5,4% 12,2% 59,7% 3,8% 2,2% 100%
Total de áreas degradadas 10,2% 3,5% 14,3% 70,4% 1,6% 0,0% 100%
Índice de Densidade
Institucional - IDR 1 0,73 0,38 0,67 1,63 2,67 0,83
Emissão líquida de CO2 11,8% 2,6% 12,5% 70,5% 2,6% 0,0% 100%
Crescimento da renda líquida
– 1995 e 2006 2,5% a.a. 7,9% a.a. 7,8% a.a. 8,4% a.a. 7,2% a.a. -11,0% a.a. 6,4% a.a.
Taxa de crescimento do
VBPR - 1995 e 2006 5% a.a 12% a.a. 7,0%a.a. 5,1%a.a. 2,5% a.a. -2,9% 5%
Incorporação de terras 13% 8% 7% 64% 5% 2% 100% 5
6
ECONOMIA DO AÇAI
Pesquisas realizadas pelo GP-DADESA (economia do açai)
• 2003/2004 – Pesquisa em Cametá (Contas Alfa), Pesquisa Arranjo Produtivo Local Açai Nordeste Paraense;
• 2007/2008 e 2010 – Nova Pesquisa Arranjo Produtivo Local do Açai;
• 2012/2013 – Pesquisa de campo com os batedores de açai e estudo sobre a dinâmica dos circuitos de comercialização do açai na RMB.
• 2015/2016 – Pesquisa para estimar os valores econômicos da mesoeconomia do açai no Nordeste Paraense e RMB.
• 2017 – Inicio de nova rodada de pesquisa com as indústrias do polpa de fruta e para a compreensão da cadeia de comercialização e logística de distribuição (parcerias internacionais)
7
Mesorregiões Homogêneas do Estado do Pará
• Segundo o IBGE, as regiões que, no Pará, compreendem as mesorregiões homogêneas do Nordeste Paraense, Marajó e Metropolitana de Belém, tiveram a produção de frutas do açai multiplicada por 6,6 vezes entre 1995 e 2011;
8
Evolução do Valor Adicionado Total da Economia Alfa do Açaí da Região NePa, médias trianuais, R$ constante de 2012, 1995-2011
9
R$ 865.623,7
R$ 1.378.046,8
R$ 890.716,5
R$ 1.121.264,4 R$ 1.289.867,1
R$ 1.721.871,3
R$ 2.125.760,7
R$ 2.454.630,9
R$ 3.103.471,4
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Taxa de crescimento médio 7,4% a.a.
Fonte: DADESA
Evolução do Emprego Total da Economia do Açaí, médias trianuais – Região NePa, 1995-2011
10
43.994
64.221
51.725 46.341
59.464
68.739
92.145 99.307
118.396
149.872
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Taxa de crescimento médio 7,3% a.a.
Fonte: DADESA
EcoAlfa-Açaí-NePa
• A Economia Local da Economia Alfa do Açaí da Região NePa (EcoL-Açaí-NePa) atingiu a dimensão de R$ 2,1 bilhões em 2011 – cresceu, pois, a uma taxa superior a EcoAlfa-Açaí-NePa, de 9,6% a.a., desde 1995, quando somava pouco menos de R$ 500 milhões de reais;
• A EcoL em questão saiu de uma participação de 57% da EcoAlfa-Açaí-NePa naquele início de período, para, após perder posição na segunda metade dos anos noventa, galgar, gradativamente, novos patamares, atingindo o ápice em torno de 74,5% entre 2005 e 2007 para, no final do período se situar em 67%;
• Em movimento inverso, a Economia Extralocal (EcoEL-Açaí-NePa) participava com 43% em 1995. Em 2011 representava apenas 32%.
11
Evolução Absoluta (em R$ 1.000,00 constantes de 2012) e Relativa (% do Total da EcoAlfa-Açaí-NePa) do Valor Adicionado Total da EcoL-Açaí-NePa e EcoEL-Açaí-NePa,
médias trianuais, em R$ 1.000,00 constantes de 2012 - Região NePa, 1995-2011
12
R$ 494.146,82
R$ 725.557,33
R$ 534.011,57
R$ 739.529,19
R$ 1.099.735,78
R$ 1.439.661,95 R$ 1.521.556,44
R$ 2.099.397,82
R$ 371.476,93
R$ 652.489,50
R$ 356.704,96 R$ 391.155,24 R$ 438.267,86 R$ 531.679,41
R$ 767.292,38
R$ 1.004.073,57
57%
53%
60%
75%
42% 43%
34%
28%
32%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.0001
99
5
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
Economia Local (EcoL: 9,6% a.a.) Economia Extra-Local (EcoEL 3,7% a.a.)
EcoL/EcoAlfa EcoEL/EcoAlfa
Fonte: DADESA
Evolução Absoluta e Relativa (% do Total da EcoAlfa-Açaí-NePa) do Emprego Total da EcoL-Açaí-NePa e da EcoEL-Açaí-NePa, médias
trianuais, 1995-2011
13
38.731
55.454
41.446
54.565
75.853
90.444 89.671
133.730
5.263 8.767
4.895 4.821 5.165 7.501 12.656
16.142
88% 86% 89%
94%
11% 12% 8% 10% 11%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
Economia Local (EcoL: 7,6% a.a.) Economia Extra-Local (EcoEL 4,7% a.a.)
EcoL/EcoAlfa EcoEL/EcoAlfa
Fonte: DADESA
Evolução Absoluta (em R$ 1.000,00 constantes de 2012) e Relativa (% do Total da EcoAlfa-Açaí-NePa) do Valor Adicionado Total das
EcoAlfa-ASPILPolpa-NePa e EcoAlfa-ASPILPalmito-NePa, 1995-2011
14
R$ 508.785,55
R$ 951.688,29
R$ 387.283,93 R$ 318.914,64
R$ 511.744,04 R$ 487.686,12
R$ 356.838,20 R$ 426.358,54
R$ 1.401.713,83 R$ 1.560.056,94
R$ 2.033.991,84
R$ 2.615.785,26
59%
69%
50%
23%
45% 43%
65%
76%
84%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
3.000.000
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
EcoAlfa-ASPILPalmito (-3,3% a.a.) EcoAlfa-ASPILPolpa (14,8% a.a.)
EcoAlfa-ASPILPalmito/EcoAlfa EcoAlfaASPILPolpa/EcoAlfa
Fonte: DADESA
Arranjo Produtivo Local do Açai do
Nordeste Paraense e Região Metropolitana
de Belém
15
APLFrutasNePa como configuração urbano-rural determinada pela interação entre:
• Trajetórias rurais;
• Trajetórias industriais e de serviços.
16
Formação da base rural do APL: Evolução no período inter-censitário das “trajetórias rurais” associadas ao
APLFrutasNePa (% do total, Fonte: IBGE)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
T1 1995 T1 2006 T2 1995 T2 2006 T5 1995 T5 2006
VBP Pessoal Ocupado
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Há no Nordeste Paraense o ASPIL-FrutasNePa, que emerge das seguintes relações:
Traj
etó
rias
Co
nst
itu
inte
s Alimentos industrializados
α1
β1
ASPIL-FrutasNePa
T1, T2 e T5
Centrífugação mecânica, liofilização
0
1
2
3
4
5
6
7
19
49
...
19
77
...
19
93
19
94
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
A n o
0
5
1 0
1 5
2 0
2 5
3 0
E m p re s a s Im p la n ta d a s n o a n o T o ta l d e e m p re s a s
18
Representação esquemática de uma Economia Local como momento territorial de interação de trajetórias, cadeias e APLs
v1
v2
Traj
etó
rias
C
on
stit
uin
tes
Trajetória Constituída (produto i=1 na variante
tecnológica z)
α1
β1
ASPIL de i=1 no lugar j
Economia Local (j) Economias Extra-Locais
vn
vn-1
Traj
etó
rias
C
on
stit
uin
tes
Trajetória Constituída
(produto i=m na variante
tecnológica z)
αa
βb
ASPIL de i=p no lugar j
Cadeias de valor (v1...vn)
ASPIL de i=p-1 no lugar j
vn-2
19
20
CONEXÃO URBANO-RURAL E A PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO FRUTO AÇAI NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
• Forte interação entre a dinâmica e
fluxo de mercadorias e pessoas das regiões ribeirinhas do entorno e o centro da RMB; • Forte interação entre a produção agroextrativista da região das Ilhas e do Marajó e mercado de “batedores” de açai na RMB; •Forte interação entre os hábitos de consumo de grande parte da população que vive na RMB e os habitantes do interior da mesorregião do Nordeste Paraense
Região Metropolitana de Belém
21
Distribuição Percentual da escolha do local de compra na safra segundo batedores entrevistados da RMB – 2013
Fonte: Dados da pesquisa, 2013.
Distribuição Percentual da escolha do local de compra na entre safra segundo batedores entrevistados da RMB – 2013
Fonte: Dados da pesquisa, 2013.
Produção Per capita por Bairro de Belém - 2013
Produção comprada por Bairro de Belém -2013
Produção per Capita por bairro de Belém - 2013
É possível estimar as variáveis principais da economia dos batedores de açai de Belém: • Enfatizamos 1449 microempresas que consomem 72,2 mil toneladas de frutos de açai (8,5% da produção total de açai em 2011); • 3.438 ocupações (30,3% das ocupações do epicentro do ASPILPolpa); • Um valor bruto de R$ 295,8 milhões e R$ 142, 4 milhões de renda líquida dos envolvidos.
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MERCADO DE “BATEDORES” DE AÇAI NA RMB
FEIRA DO AÇAI (COMPLEXO DO VER-O-PESO)
Mercado de Batedores de Açai
27
• No ano de 2012, o Grupo de Pesquisa Dinâmica Agrária e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia (GPDadesaNAEA) conduziu um survey com 164 batedores de açaí, numa amostra distribuída pelos diferentes bairros da cidade; • Segundo o que foi apurado, as unidades produtivas da amostra consumiram, em 2011, 8.166.187 kg de frutos de açaí, dos quais 693.077 kg, 8% do total, e 68.408, 1% do total, vieram, respectivamente, de fornecedores que não passaram pelos portos controlados pela prefeitura e de plantações integradas, de propriedade dos informantes.; • Aplicadas essas proporções para o volume conhecido do abastecimento de Belém, já mencionado, chega-se a um total de fornecimento de 72.176.086 kg de frutos de açaí
Entrada anual de fruto de açaí em Belém, total e por portos, em kg (1995 a 2011)
28
31.552.054 33.788.419
26.358.733
58.552.024
49.310.213
42.311.564
53.137.843
71.450.636
52.081.801
71.309.160
86.233.333
59.952.388
66.761.217
50.364.025
34.713.432
65.446.596
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
FeiraDoAçaí PortoDoAçai PortoDaPalha PortoDeIcoaraci QuantidadeTotal
Fonte: PMB
Máquinas, equipamentos e utensílios artesanais
utilizados pelos Batedores de Açai
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Tanque de Branqueamento
Tanque de Lavagem Peneira de Catação ou Peneiramento
Medidor de frutos
Batedor
Estimativas do número de estabelecimentos de “batedores” de açai atuando na RMB
30
• De acordo com a Associação dos vendedores artesanais de Açai da RMB (AVABEL), o número total de batedores na capital paraense ultrapassam os 3.000;
• Segundo dados da AVABEL, e Governo do Estado do Pará, já foram qualificados 2.382 batedores pelo Programa Estadual de Qualidade do Açai;
• No entanto, com base em dados fornecidos sobre o fluxo de açai nas feiras controladas pela prefeitura de Belém; e mais, baseado nas informações sobre o volume médio de produção coletado em amostra de 167 batedores, (realizada em 2013). Consegue-se respaldar a existência de pelo menos 1500 a 2000 empreendimentos.
31
OBRIGADO!!