grupo ii classe i · 2018-06-27 · tribunal de contas da uniÃo tc 010.481/2016-8 1 grupo ii –...
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
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GRUPO II – CLASSE I – Plenário
TC 010.481/2016-8
Natureza: Relatório de Auditoria
Órgão/Entidade: Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
Responsáveis: SGS Enger Engenharia Ltda. (51.167.500/0001-53);
Gustavo Henrique Malaquias (766.221.186-04); Luiz Carlos
Oliveira Machado (222.706.987-20).
Interessado: Congresso Nacional (vinculador)
Representação legal: Adriano Augusto Torralbo (217175/OAB-
SP), Giuseppe Giamundo Neto (OAB 234412/OAB-SP) e outros,
representando SGS Enger Engenharia Ltda.; Silvia Regina Schmitt
(38.717/OAB-DF), representando Valec - Engenharia, Construções
e Ferrovias S.A.
SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. FISCOBRAS/2016.
CONTRATO DE SUPERVISÃO DO LOTE 5S DA EXTENSÃO
SUL DA FERROVIA NORTE SUL. SOBREPREÇO.
SUPERFATURAMENTO. DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO-
FINANCEIRO DO CONTRATO DE SUPERVISÃO ANTE O
DESCOMPASSO DESTE COM A EXECUÇÃO FÍSICO-
FINANCEIRA DO CONTRATO DA OBRA. LICITAÇÃO DE
TÉCNICA E PREÇO. ESTABELECIMENTO DE CRITÉRIOS
QUE TORNAM IRRISÓRIA A PROPOSTA DE PREÇO EM
FACE DA PONTUAÇÃO GLOBAL. FIXAÇÃO DE PREÇOS
MÍNIMOS NA LICITAÇÃO. EXTRAPOLAÇÃO DOS LIMITES
LEGAIS DE ADITAMENTO CONTRATUAL. REAJUSTE
IRREGULAR DO CONTRATO. INDÍCIO DE
IRREGULARIDADE GRAVE QUE RECOMENDA A
PARALISAÇÃO DO CONTRATO (IG-P). ADOÇÃO DE
MEDIDA CAUTELAR SUSPENDENDO A EXECUÇÃO DO
CONTRATO. DETERMINAÇÃO PARA A CONSTITUIÇÃO DE
PROCESSO APARTADO DE TOMADA DE CONTAS
ESPECIAL. AGRAVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
CONHECIMENTO DOS RECURSOS. NEGATIVA DE
PROVIMENTO DO AGRAVO. REJEIÇÃO DOS EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO. COMUNICAÇÃO. CONTINUIDADE DO
FEITO.
RELATÓRIO
Trata-se de auditoria realizada com vistas a verificar a execução do contrato de supervisão
de obras da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. relativas ao Lote 5S da Extensão Sul da
Ferrovia Norte Sul.
2. Nesta oportunidade são apreciados embargos de declaração e agravo apresentados pela
Valec em face do Acórdão 508/2018-Plenário.
3. O Contrato 90/2010, objeto desta fiscalização, foi celebrado entre a Valec e empresa SGS
Enger Engenharia Ltda., em 30/12/2010, pelo montante de R$ 18.175.221,67, com vigência de 2 anos.
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Atualmente, em seu décimo termo de aditamento, o contrato encontrava-se vigente até 30/3/2018, ao
valor total de R$ 64.369.093,61 (sem reajuste) ou R$ 74.688.757,95, a preços reajustados.
4. Na presente fiscalização, coordenada pela Secex-SP e supervisionada pela Secretaria de
Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária, foram identificados os seguintes
indícios de irregularidade:
a) superfaturamento decorrente de overhead excessivo;
b) superfaturamento decorrente de itens pagos em duplicidade;
c) desequilíbrio econômico-financeiro do contrato de supervisão ante o descompasso entre a
execução físico-financeira do contrato de construção e do contrato de supervisão;
d) execução de serviços sem respaldo contratual; e
e) superfaturamento decorrente de preços excessivos frente aos de mercado.
5. Além disso, o voto condutor do Acórdão 508/2018-Plenário, registrou outros indícios de
irregularidade que não foram apurados originalmente pela equipe de auditoria. Verificou-se que o
Termo Aditivo ao Contrato 90/2010 (peça 77, p. 1-3), firmado em 29/3/2017 e publicado no DOU em
8/5/2017 (peça 77, p. 4), prorrogou o prazo de vigência contratual por mais 12 (doze) meses (período
de 30/3/2017 a 30/3/2018) e acrescentou ao ajuste o valor de R$ 13.371.622,26, a título de aporte
financeiro e reajustamento contratual retroativo aos pagamentos efetuados a partir de setembro/2011.
6. Também foi apontada a utilização de critérios de ponderação das notas técnica e de preço
observados no edital da Concorrência 12/2010 – certame que originou o Contrato 90/2010 e outros
ajustes – com a preponderância da nota da proposta técnica (peso 80%) em relação à proposta de preço
(fator de ponderação de 20%).
7. Além disso, a nota da proposta de preço foi dada pela equação NP = 100 x X1/X2, sendo
X2 o preço proposto pela licitante e X1 a média entre o orçamento da Valec e a média dos preços
ofertados. Consoante disposto no subitem 5.6.10, alínea “k” do edital (fl. 39 da peça 13), o valor
máximo da relação X1/X2 foi limitado a 1. O resultado prático de tal critério é a fixação de preço
mínimo na licitação, o que infringiria o disposto no art. 40, inciso X, da Lei 8.666/1993.
8. Dessa forma, ao apreciar o feito, o TCU prolatou o Acórdão 508/2018-Plenário, contendo
as seguintes deliberações:
“ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar cautelarmente, nos termos do art. 276, caput, do Regimento Interno/TCU, à
Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que suspenda integralmente a execução do
Contrato 90/2010, celebrado com a empresa SGS Enger Engenharia Ltda., e que se abstenha
de efetuar qualquer pagamento relacionado ao referido ajuste, até que este Tribunal se
pronuncie quanto ao mérito das questões tratadas neste processo;
9.2. determinar, nos termos do art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva da Valec -
Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. e da empresa contratada, SGS Enger Engenharia
Ltda, para que, no prazo de até 15 dias, manifestem-se sobre os seguintes fatos, alertando-os
quanto à possibilidade de o Tribunal vir a confirmar em definitivo os efeitos da determinação
cautelar, com a consequente anulação do Contrato 90/2010:
9.2.1. previsão, no Edital da Concorrência 12/2010, de metodologia de cálculo da nota de
proposta de preços que desestimula a competição entre os licitantes no critério preço, tendo
como resultado prático a fixação de preço mínimo, o que infringe o disposto no art. 40, inciso
X, da Lei 8.666/1993;
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9.2.2. adoção de critérios de ponderação que tornam irrisória a proposta de preço em face
da pontuação global, em desacordo com o princípio da seleção da proposta mais vantajosa;
9.2.3. extrapolação do limite legal de aditamento contratual de 25% previsto no art. 65, § 1º,
da Lei 8.666/1993;
9.3. com fulcro no art. 19 da Resolução-TCU 280/2016, comunicar à Comissão Mista de
Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que foram detectados
indícios de irregularidades graves do tipo IG-P (inciso IV do §1º do art. 117 da LDO 2018) no
Contrato 90/2010, referente aos serviços de supervisão de obras da Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A. relativas ao lote 5S da extensão sul da Ferrovia Norte-Sul, com
elevado potencial dano ao erário, e que seu saneamento depende da adoção das seguintes
medidas pela entidade, além de outras providências que poderão ser identificadas após a
realização das oitivas determinadas no subitem 9.2 acima:
9.3.1. quanto ao achado III.1, “superfaturamento decorrente de overhead excessivo”, é
necessária a adoção de medidas administrativas por parte da Valec para a celebração de
termo aditivo ao Contrato 90/2010, com a finalidade de reduzir o percentual praticado de 40%
para 20%;
9.3.2. quanto ao achado III.2, “superfaturamento decorrente de itens pagos em duplicidade”,
cabe a adoção de medidas administrativas por parte da Valec visando glosar os pagamentos
relativos ao item orçamentário 7.1 da planilha contratual (relatórios de atividade);
9.3.3. a respeito do achado III.3, “desequilíbrio econômico-financeiro do contrato de
supervisão ante o descompasso entre a execução físico-financeira do contrato de execução e
do contrato de supervisão”, deve haver comprovação perante o TCU de que a Valec realizou
adequação dos profissionais e outros recursos mobilizados para execução do Contrato
90/2010, ajustando-os com o ritmo de andamento das obras do lote 5S da extensão sul da
Ferrovia Norte-Sul;
9.3.4. com relação ao achado III.5, “superfaturamento por preços excessivos frente ao
mercado”, deve haver a celebração de termo aditivo ao Contrato 90/2010 visando a
repactuação do preço dos itens 2 a 7 da planilha contratual, ajustando-os de acordo com os
valores referenciais apresentados na curva ABC elaborada pela equipe de auditoria;
9.4. determinar ao Siob/Coinfra que, em relação ao contrato de supervisão do Lote 5S da
Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul, classifique como IG-P, no sistema Fiscalis, os achados
relacionados acima;
9.5. determinar a instauração de processo apartado de tomada de contas especial, com fulcro
no art. 47 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 41 da Resolução TCU 259/2014, a partir da extração de
cópias das peças necessárias destes autos, com vistas à quantificação dos débitos e
identificação dos responsáveis pelos indícios de dano ao erário apurados no Contrato
90/2010;
9.6. determinar Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo que, no âmbito do
processo apartado de tomada de contas especial a ser constituído em atendimento ao subitem
anterior, adote as seguintes medidas, ficando desde já autorizada a realizar as diligências ou
inspeções que entender necessárias ao saneamento dos autos:
9.6.1. quantifique os débitos e respectivas datas de origem atinentes ao superfaturamento
constatado no Contrato 90/2010, adotando as seguintes premissas:
9.6.1.1. utilizar como paradigma a taxa de overhead de 20%;
9.6.1.2. empregar encargos sociais de referência no percentual de 84,04%, observando que
tal percentual já contempla despesas com café da manhã e vale alimentação, o que enseja a
glosa dos pagamentos realizados nos itens 2.1 e 2.2 da planilha contratual;
9.6.1.3. nas rubricas de despesas fiscais, adotar taxa de ISS compatível com base de cálculo e
com a alíquota incidente sobre a prestação de serviço, bem como alíquotas de PIS e Cofins de
1,32% e 6,08%, em virtude do direito de compensação dos créditos previstos no art. 3º das
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Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, de forma a garantir que os preços contratados pela
Administração Pública reflitam os benefícios tributários concedidos pela legislação tributária
(subitem 9.3.2.4 do Acórdão 2.622/2013-Plenário);
9.6.1.4. nos custos relativos aos itens 2 a 7 da planilha contratual, adotar como referência os
valores utilizados como parâmetro de mercado na curva ABC elaborada pela equipe de
auditoria (peça 37);
9.6.1.5. incluir no débito a ser quantificado o valor liquidado relativo ao serviço 1.7
(relatório de atividades técnicas), pago em duplicidade;
9.6.1.6. computar como prejuízo ao erário o valor total liquidado no âmbito Contrato
90/2010 que supere a razão de 4,19% inicialmente avençada entre os montantes contratados
para supervisão (R$ 18.175.221,67, no Contrato 90/2010) e para a execução da obra (R$
433.993.842,40, Contrato 68/2010), ou seja, todos os aditamentos e correspondentes medições
realizados no Contrato 90/2010 que superaram a referida proporção, calculada em relação ao
valor final ao Contrato 68/2010, devem ser incluídos no débito de responsabilidade exclusiva
dos gestores da Valec responsáveis pela fiscalização e gestão do contrato de supervisão;
9.6.2. identifique os responsáveis pelas irregularidades e submeta ao relator as propostas de
citação e audiências pertinentes;
9.6.3. realize exame conclusivo acerca da legalidade e da economicidade do décimo termo de
aditamento ao Contrato 90/2010 (peça 77, p. 1-3), firmado em 29/3/2017 e publicado no DOU
em 8/5/2017, abordando as questões levantadas no voto condutor deste acórdão, submetendo
ao relator propostas de audiência e/ou citação dos responsáveis no caso de apurar
irregularidades;
9.6.4. promova, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992 e no art. 250, inciso
IV, do Regimento Interno, a audiência do Sr. Daniel Ferreira Rodrigues, fiscal do contrato e
signatário das medições 19, 20 e 21, correspondentes aos meses de junho, julho e agosto de
2012, e das medições 26, 27 e 28, referentes a janeiro, fevereiro e março de 2013, em que
diversos itens foram medidos além da quantidade executada no período para compensar itens
executados e não medidos em meses anteriores, caracterizando liquidação irregular de
despesas, em violação aos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964 e ao artigo 60, parágrafo único,
da Lei 8.666/1993;
9.7. com base no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento
Interno/TCU, determinar à Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que adote as
seguintes providências:
9.7.1. abstenha-se de aditar contratos de supervisão de obras além do limite legal de 25%
estabelecido no art. 81, §1º, da Lei 13.303/2016, e no art. 65, §1º, da Lei 8.666/1993, no caso
de haver prorrogação de prazo na execução da obra supervisionada, adotando medidas
tempestivas com vistas a realizar nova contratação de supervisão, caso necessário;
9.7.2. em futuros certames para contratação de serviços de supervisão, fiscalização ou
gerenciamento de obras, faça inserir cláusula contratual ou elemento na matriz de riscos
prevista no inciso X do art. 42 da Lei 13.303/2016 que preveja a diminuição ou supressão da
remuneração da contratada, nos casos, ainda que imprevistos, de enfraquecimento do ritmo
das obras ou de paralisação total, de forma a se manter o equilíbrio econômico-financeiro dos
referidos contratos durante todo o período de execução do empreendimento;
9.7.3. nos contratos de supervisão de obras que estejam em vigor, celebrados à égide da Lei
8.666/1993, caso seja necessária a prorrogação dos ajustes e estes ainda se encontrem aquém
do limite legal de aditamento contratual, promova alteração unilateral quantitativa do objeto
com vistas a suprimir postos de trabalho, com base no art. 65, inciso I, alínea “b”, da Lei
8.666/1993 ou, ainda, repactue a forma de pagamento avençada (art. 65, inciso II, alínea “c”,
da mesma lei), de forma a manter o equilíbrio econômico-financeiro do ajuste para diminuir
ou suprimir a remuneração da contratada, de acordo com a mão de obra mínima necessária
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para prestação dos serviços;
9.7.4. nas futuras contratações de serviços de supervisão de obras, evite a previsão de
pagamentos por homem-mês ou relacionados à mera permanência de mão de obra ou
disponibilização de equipamentos, devendo haver previsão de pagamentos estritamente
atrelados a produtos entregues ou resultados alcançados, os quais devem ser previamente
definidos em bases compreensíveis, tangíveis, objetivamente observáveis e comprováveis, com
níveis esperados de qualidade da prestação do serviço e respectivas adequações de
pagamento;
9.7.5. em futuras licitações do tipo técnica e preço, se abstenha de adotar critérios de
ponderação que tornam irrisória a proposta de preço em face da pontuação global ou de
prever metodologia de cálculo da nota de proposta de preços que desestimule a competição
entre os licitantes no critério preço, tendo como resultado prático a fixação de preço mínimo, o
que infringe o princípio da seleção da proposta mais vantajosa e é incompatível com a diretriz
de evitar operações em que se caracterize sobrepreço ou superfaturamento, nos termos do art.
31 da Lei 13.303/2016;
9.7.6. na orçamentação de serviços de engenharia consultiva, limite a 20% o percentual
adotado para despesas administrativas (overhead) da empresa contratada;
9.8. dar ciência à Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., com vistas à adoção de
providências internas que previnam a ocorrência de outras semelhantes, de que a execução de
serviços sem respaldo contratual, identificada no Contrato 90/2010, firmado com a empresa
SGS Enger Engenharia Ltda., gera desorganização nas medições, distorce o cronograma
físico-financeiro do contrato, e dificulta o seu acompanhamento, o que ofende os artigos 62 e
63 da Lei 4.320/1964 e o artigo 60, parágrafo único, da Lei 8.666/1993;
9.9. determinar à SeinfraPortoFerrovia que monitore as determinações acima nas próximas
contas anuais da Valec;
9.10. encaminhar cópia da presente deliberação, bem como da íntegra dos autos, à
Procuradoria da República no Município de Jales/SP, ante a conexão deste feito como ação
civil pública 2016.03.00.021620-8/SP.
9.11. cientificar o Ministro de Estado dos Transportes, Portos e Aviação Civil acerca da
instauração de tomada de contas especial, na forma do parágrafo único do art. 198 do
Regimento Interno do TCU; e
9.12. após trânsito em julgado desta deliberação, apensar estes autos à tomada de contas
especial a ser autuada, na forma do art. 41 da Resolução TCU 259/2014.”
9. Em face dos itens 9.3, 9.4, 9.5, 9.7 e subitens 9.7.1, 9.7.2, 9.7.3 e 9.7.6 do referido
decisum, a Valec interpôs embargos de declaração (peça 96). Outrossim, a decisão cautelar objeto do
item 9.1 foi agravada pela Estatal (peça 98), a qual também apresentou resposta à oitiva determinada
pelo subitem 9.2 do mencionado acórdão (peça 129).
10. Com relação à determinação do subitem 9.7.4 do Acórdão 508/2018, a Valec opôs pedido
de reexame (peça 105), ainda pendente de exame de admissibilidade pela Secretaria de Recursos
(Serur).
11. A empresa SGS Enger Engenharia Ltda., por sua vez, apresentou sua resposta à oitiva
determinada pelo item 9.2 do Acórdão 508/2018-Plenário (peça 101), bem como pedido de reexame
contra a referida decisão (peça 104), o qual também se encontra pendente de análise de admissibilidade
pela Serur.
12. No agravo interposto pela Valec, a entidade informa que cumpriu integralmente a
determinação cautelar expedida pelo TCU, suspendendo a execução do Contrato 90/2010. No entanto
a representante legal da Valec aduziu que na decisão agravada não se verificou a presença dos
requisitos do perigo da demora e da fumaça do bom direito.
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13. A Valec alega que não houve o devido contraditório à irregularidade grave com
recomendação de paralisação – IGP, visto que o art. 117, §9º, da Lei de Diretrizes Orçamentárias de
2018 – LDO (Lei 13.473/2017) assim dispõe:
“§9º A classificação, pelo Tribunal de Contas da União, das constatações de fiscalização nas
modalidades previstas nos incisos IV e V do § 1º, ocorrerá por decisão monocrática ou
colegiada, que deve ser proferida no prazo máximo de quarenta dias corridos, contado da data
de conclusão da auditoria pela unidade técnica, dentro do qual deverá ser assegurada a
oportunidade de manifestação preliminar, em quinze dias corridos, aos órgãos e às entidades
aos quais foram atribuídas as supostas irregularidades.”
14. Nesse sentido, a Resolução – TCU nº 280/2016, dispõe:
“Art. 14. Após a conclusão da auditoria, a unidade técnica adotará as providências
necessárias à coleta da manifestação preliminar do órgão ou entidade responsável pela
realização de obra com pIGP, no prazo improrrogável de 15 (quinze) dias, contados da
notificação.
§ 1º A unidade técnica informará ao órgão ou entidade responsável que, na hipótese de a
manifestação preliminar apresentada não elidir a irregularidade, o Tribunal de Contas da
União, mediante decisão monocrática ou colegiada, poderá classificar o achado como IGP e
encaminhar as informações pertinentes ao Congresso Nacional, nos termos da Lei de
Diretrizes Orçamentárias.
(...)
§ 3º No caso de a unidade técnica não classificar um achado como pIGP e o relator ou o
Plenário entender que a irregularidade se enquadra nesse conceito, o gabinete tramitará o
processo à unidade técnica para colher a manifestação preliminar de que trata o caput, e
determinará à unidade coordenadora a reclassificação do achado para pIGP.”
15. Assim, no entender da agravante, somente após a providência de restituir o processo à
unidade técnica para que se colhesse a manifestação preliminar do jurisdicionado é que o TCU poderia
classificar o indício como IGP e encaminhar comunicação do fato ao Congresso Nacional.
16. A recorrente sustenta que não foi o que ocorreu no presente caso, visto que a parte
dispositiva do acórdão ora agravado, ao mesmo tempo que determina a colheita da manifestação da
entidade, encaminha o indício de irregularidade ao Congresso Nacional, sem dar chance, contudo, de
forma preliminar a manifestação sobre a classificação ora dada ao indício.
17. Finalmente a peça recursal aduz haver perigo de dano reverso, pois as obras de construção
do lote 5S da Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul não se encontram paralisadas. Ao contrário, estão em
execução com prazo estimado de conclusão de oito meses.
18. É informado que a paralisação do contrato de supervisão resultará também na interrupção
do contrato de construção, já que os serviços de supervisão são indispensáveis para a segurança
jurídica e técnica da Valec na fiscalização dos serviços. Para justificar suas alegações, a entidade
colacionou diversos elementos técnicos, tal como a necessidade de atendimento a condicionantes
ambientais do Ibama, o atual caminho crítico das obras relacionado a conclusão da Ponte do Rio
Grande, necessidade de conclusão dos serviços de drenagem, os quais teriam o condão de demonstrar
ser indispensável execução dos serviços de supervisão.
19. Suscita ainda que seria medida mais eficiente manter o contrato de supervisão com uma
equipe mínima necessária dimensionada, visando a garantir a fiscalização dos serviços que estão em
andamento.
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20. Com base em tais alegações, a agravante requer: a) o conhecimento do seu recurso; b) a
concessão de efeito suspensivo ao agravo, nos termos do art. 289, §4º, do RITCU; e o seu acolhimento,
revogando-se a determinação cautelar em exame.
21. No que tange aos embargos de declaração, a Valec entendeu estarem presentes
contradições e omissões na decisão embargada que necessitariam de aclaramento, porquanto não
teriam considerado marcos temporais e entendimentos jurisprudenciais anteriores desta Corte de
Contas.
22. Quanto ao item 9.3 da decisão embargada, relativo à classificação dos indícios de
irregularidade como IGP, a peça recursal da Valec repisou os argumentos já expostos em seu agravo,
em que a Estatal concluiu que a parte dispositiva do acórdão embargado, ao mesmo tempo que
determina a colheita da manifestação da entidade, encaminha o indício de irregularidade ao Congresso
Nacional, sem dar chance, porém, de forma preliminar, à manifestação sobre a classificação ora dada
ao indício pela Valec.
23. Os embargos declaratórios também se referem à suposta contradição na premissa de
superfaturamento de overhead excessivo, com as principais alegações sintetizadas a seguir:
a) que o contrato em exame foi firmado no ano de 2010 e qualquer julgado ou norma posterior
não poderia ser utilizado como parâmetro para estabelecer o percentual do overhead;
b) outros julgados citados, embora anteriores ao contrato, foram direcionados a órgãos e entidades
diversos;
c) não foi observado o Acórdão 2.839/2011-Plenário, em que esta Corte de Contas teria
supostamente admitido o percentual de 40% de overhead; e
d) que o próprio acórdão embargado deixou de aplicar penalidade aos responsáveis, contrariando
posicionamento da unidade técnica, pelo fato de a jurisprudência citada ter sido prolatada em
momento posterior à celebração do Contrato 90/2011.
24. Prosseguindo com sua manifestação, a embargante alegou haver obscuridade e contradição
na decisão embargada quanto aos efeitos da prorrogação do contrato de supervisão e na delimitação do
seu objeto.
25. Especificamente, aduziu que a decisão embargada inovou e criou nova tese, ao defender
que houve aumento do objeto contratual acima do limite de 25% estabelecido no art. 65 da Lei
8.666/1993, por conta de sucessivas prorrogações de prazo.
26. Argumenta que o paradigma trazido na Decisão 90/2001-1ª Câmara, de relatoria do
Eminente Ministro Marcos Vilaça, entendeu que o limite legal de 25% não se aplicaria aos contratos
de supervisão de obra enquanto durar o processo de execução da obra, uma vez que um é acessório do
outro, e eventual atraso do principal pode se dar por interesse e/ou necessidade da administração.
27. Cita trecho daquele julgado segundo o qual “há que se distinguir a modificação do valor
contratual decorrente de acréscimo de objeto daquela resultante de simples prorrogação. Somente a
primeira hipótese obriga o cumprimento do limite de 25%, de acordo com os dispositivos legais
(artigos 57, § 1º, inciso IV; e 65, inciso I, alínea 'b', da Lei nº 8.666/93), que nada dizem a respeito da
segunda situação”.
28. Portanto, a prorrogação dos contratos de supervisão de obra de infraestrutura de transporte
e logística, no caso de uma ferrovia, por exemplo, por necessidade e conveniência da administração,
mantendo suas condições originais, não alteraria quantitativamente seu objeto e escopo.
29. Assim, seria contraditório exigir da Valec que adotasse entendimento diverso do então
largamente difundido por esse Tribunal, o que induzira à insegurança jurídica e não observaria o
princípio da boa-fé objetiva e da presunção de legitimidade dos atos administrativos.
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30. Portanto, ao final dos seus embargos, a Valec requer o conhecimento e acolhimento dos
seus embargos de declaração, bem como a concessão de efeitos infringentes às determinações
efetuadas no acórdão embargado de modo a conferir os seguintes termos:
a) seja considerado sem efeito classificação dos achados como IG-P por ausência de manifestação
preliminar específica da unidade jurisdicionada;
b) seja considerado regular, no presente contrato, a utilização da parcela de despesas indiretas -
“overhead” na razão de 40%, por não ter havido orientação oficial em contrário dada à Valec
em momento anterior à contratação e, por ter sido dada orientação de conformidade no curso
do contrato em decisão análoga;
c) seja analisado em definitivo a observância do limite legal de 25% nos contratos de engenharia
consultiva pelo Plenário dessa Corte de modo a que a matéria seja sumulada e, em se mantendo
o entendimento ora trazido, que os efeitos da determinação contida no item 9.7.3, tenham
caráter “ex tunc” de modo a abarcar somente contratos firmados em data posterior ao trânsito
em julgado da decisão.
É o Relatório.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
9
VOTO
Os autos tratam de relatório de auditoria no Contrato 90/2010, cujo objeto é a supervisão
da implantação do lote 5S da extensão sul da Ferrovia Norte-Sul (FNS), celebrado entre a Valec
Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. e a empresa de engenharia consultiva SGS Enger
Engenharia Ltda., em 30/12/2010, pelo montante de R$ 18.175.221,67, com vigência de 2 anos.
Depois da celebração de dez termos de aditamento contratual, o ajuste foi prorrogado até 30/3/2018 e o
seu valor total foi elevado para R$ 64.369.093,61 (sem reajuste) ou R$ 74.688.757,95, a preços
reajustados.
31. Nesta etapa processual são apreciados agravo e embargos de declaração opostos pela Valec
contra o Acórdão 508/2018-Plenário, que julgou o mérito desta fiscalização.
32. A decisão ora combatida determinou cautelarmente à Valec que suspendesse a execução do
Contrato 90/2010, bem como comunicou ao Congresso Nacional que foram apurados indícios de
irregularidades graves que recomendam a paralisação (IG-P) do ajuste em apreciação (itens 9.1, 9.3 e
9.4) do Acórdão 508/2018-Plenário). Tais falhas, relacionadas a seguir, não foram esclarecidas após a
realização de oitivas da Valec e da empresa contratada:
a) superfaturamento decorrente de overhead excessivo;
b) superfaturamento decorrente de itens pagos em duplicidade;
c) desequilíbrio econômico-financeiro do contrato de supervisão ante o descompasso entre a
execução físico-financeira do contrato de construção e do contrato de supervisão; e
d) superfaturamento decorrente de preços excessivos frente aos de mercado.
33. Como o voto condutor da decisão recorrida apontou três novos indícios de irregularidade
que não compuseram o escopo inicial da fiscalização, as quais não haviam sido objeto de prévio
contraditório das partes, foi concedido prazo adicional de 15 (quinze) dias para que a Valec e a
empresa SGS Enger pudessem se manifestar sobre as seguintes impropriedades observadas na
execução do Contrato 90/2010 e no processo licitatório que o embasou (item 9.2 do Acórdão
508/2018-Plenário):
a) previsão, no Edital da Concorrência 12/2010, de metodologia de cálculo da nota de proposta
de preços que desestimula a competição entre os licitantes no critério preço, tendo como
resultado prático a fixação de preço mínimo, o que infringe o disposto no art. 40, inciso X, da
Lei 8.666/1993;
b) adoção de critérios de ponderação que tornam irrisória a proposta de preço em face da
pontuação global, em desacordo com o princípio da seleção da proposta mais vantajosa; e
c) extrapolação do limite legal de aditamento contratual de 25% previsto no art. 65, § 1º, da Lei
8.666/1993.
34. Ademais, o aludido acórdão determinou a instauração de processo apartado de tomada de
contas especial com vistas a apurar o débito no Contrato 90/2010, bem como determinou à Secex-SP
que adotasse diversas medidas, dentre as quais: (i) quantificar o débito; (ii) identificar os responsáveis
pelas irregularidades e submeter ao relator as propostas de audiência e/ou citação cabíveis; e (iii)
analisar a legalidade e a economicidade do reajuste concedido pelo décimo termo de aditamento ao
Contrato 90/2010 (itens 9.5 e 9.6 do Acórdão 508/2018-Plenário).
35. Por fim, foram expedidas diversas determinações com medidas corretivas à Valec com
vistas a evitar novas falhas como as que foram observadas na presente fiscalização (subitens 9.7.1 a
9.7.6 do Acórdão 508/2018-Plenário).
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
10
36. Irresignada com o desfecho processual, a Valec interpôs embargos de declaração contra os
itens 9.3, 9.4, 9.5, 9.7 e subitens 9.7.1, 9.7.2, 9.7.3 e 9.7.6 do referido decisum (peça 96). A decisão
cautelar objeto do item 9.1 foi também agravada pela estatal (peça 98), a qual ainda se manifestou
sobre a oitiva determinada pelo subitem 9.2 do mencionado acórdão (peça 129).
37. Com relação à determinação do subitem 9.7.4 do Acórdão 508/2018-Plenário, a Valec
opôs pedido de reexame (peça 105), ainda pendente de exame de admissibilidade pela Secretaria de
Recursos (Serur).
38. Por sua vez, a empresa SGS Enger Engenharia Ltda. apresentou sua resposta à oitiva
determinada pelo item 9.2 do Acórdão 508/2018-Plenário (peça 101), bem como pedido de reexame
contra a referida decisão (peça 104), o qual também se encontra pendente de análise de admissibilidade
pela Serur.
II
39. Feita essa breve síntese do feito, julgo preliminarmente que os presentes embargos de
declaração atendem aos requisitos objetivos dessa modalidade recursal, uma vez que fazem menção à
ocorrência de contradições e obscuridades na deliberação recorrida, bem como são tempestivos,
motivo pelo qual conheço dos recursos, com fulcro nos artigos 32, inciso II, e 34, caput e § 1º, da Lei
8.443/1992.
40. Igualmente, consigno que o agravo preenche os requisitos de admissibilidade previstos no
art. 289 do Regimento Interno/TCU, razão pela qual pode ser conhecido por este Tribunal.
41. Antes de adentrar no exame de mérito dos aludidos recursos, cabe deliberar sobre algumas
medidas de organização processual para a melhor tramitação dos autos.
42. Registro que as partes já apresentaram suas manifestações em respostas às oitivas
determinadas pelo item 9.2 do Acórdão 508/2018-Plenário, as quais, por versarem sobre novos
indícios de irregularidade grave com recomendação de paralisação, têm prazo legal para serem
comunicadas ao Congresso Nacional (art. 122, da Lei 13.473/2017). Ocorre que tanto a Valec quanto a
empresa SGS Enger apresentaram pedidos de reexame contra a mesma deliberação.
43. A rigor, após a apreciação do agravo e dos embargos declaratórios, os autos deveriam ser
instruídos pela Serur para análise de admissibilidade dos pedidos de reexame, sendo posteriormente
encaminhados para sorteio do relator. No entanto, considerando que o exame da manifestação das
partes acerca das novas irregularidades graves com indicação de paralisação seja matéria de elevada
urgência, proponho sobrestar o exame de admissibilidade dos pedidos de reexame até que a Secex-SP
conclua a análise das respostas às oitivas da Valec e da empresa SGS Enger Engenharia Ltda. (peças
129 e 101, respectivamente). Avalio que tal medida não traga prejuízos aos recorrentes, dado o efeito
suspensivo dos recursos.
44. De igual forma, considerando que algumas das irregularidades apontadas nos autos se
referem ao edital da Concorrência 12/2010, considero urgente a adoção das providências requeridas
pelos itens 9.5 e 9.6 do Acórdão 508/2018-Plenário, visando a quantificação do débito e a citação dos
responsáveis, haja vista a possibilidade de ocorrer a prescrição da pretensão punitiva antes da
apreciação dos pedidos de reexame. Por tal motivo, entendo que a Secex-SP deve constituir o processo
de tomada de contas especial (TCE) e dar início imediato aos levantamentos e diligências que serão
necessários para a quantificação do débito. Tais atividades podem seguir no processo apartado de TCE
em paralelo com a tramitação dos pedidos de reexame a serem apreciados neste feito. Somente após a
adoção dessas medidas, a unidade técnica poderá encaminhar os autos à Serur para exame de
admissibilidade.
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11
45. Por força do disposto no art. 279 do Regimento Interno do TCU, não cabe a interposição
de recurso contra decisão que determinar a constituição de processo de tomada de contas especial,
determinar a citação ou audiência dos responsáveis, bem como determinar a adoção de providências
visando o saneamento do processo, tais como diligências ou inspeções.
46. A deliberação que converte processo em tomada de contas especial, ou determina sua
instauração, não faz coisa julgada nem fixa definitivamente a matéria litigiosa a ser desenvolvida no
novo feito. As apurações desenvolvidas no âmbito da TCE poderão carrear aos autos evidências de
novos e diferentes danos ao erário, que deverão ser objeto do devido contraditório antes da decisão de
mérito a ser adotada. Dessa maneira, os subitens 9.5 e 9.6 do Acórdão 508/2018-Plenário não são
atingidos pelo efeito suspensivo dos pedidos de reexame opostos contra o referido julgado, justificando
a constituição imediata do processo de TCE.
47. A regra geral que confere efeito suspensivo ao recurso não pode sobrepor-se, de forma
absoluta, ao princípio da efetividade do processo, ou seja, não pode pôr em risco a eficácia do acórdão,
tal como a possibilidade de haver a prescrição da pretensão punitiva ou de comprometer o
ressarcimento dos prejuízos ao erário. Por essa razão, a regra geral do efeito suspensivo não obsta a
adoção de medidas pelas unidades técnicas do Tribunal com vistas a apurar as irregularidades, tais
como a realização de diligências, inspeções, levantamentos e instruções.
III
48. Passo a me manifestar sobre o agravo interposto pela Valec, em que a estatal argumenta
que na decisão recorrida não se verificou a presença dos requisitos do perigo da demora e da fumaça
do bom direito.
49. Não assiste razão à agravante, pois observei no voto da decisão recorrida que haveria um
prejuízo potencial elevado na avença, tanto em relação aos achados de auditoria que retratam o
superfaturamento decorrente de overhead excessivo, dos itens pagos em duplicidade e do pagamento
de serviços com preços acima dos de mercado, quanto ao achado que aborda o desequilíbrio
econômico-financeiro do contrato de supervisão ante o descompasso em relação à execução da obra.
Ainda pontuei três outras supostas impropriedades no Edital da Concorrência 12/2010 e na execução
do Contrato 90/2010, que teriam o condão de ensejar a anulação do referido ajuste e dos seus termos
de aditamento.
50. Considerei que o dano potencial se agravava a cada mês, visto que a obra permanecia com
ritmo de execução extremamente reduzido, ao passo que o contrato de supervisão aumentava de forma
indefinida, pois já houvera a celebração de 10 termos aditivos, aumentando o montante avençado de
R$ 18.175.221,67 para R$ 64.369.093,61, ou seja, com um elevado incremento de 254,16%, o que
representaria uma sucessão de atos antieconômicos.
51. Assim, entendi estar perfeitamente caracterizado o pressuposto da fumaça do bom direito.
52. No que tange ao perigo da demora, o Contrato 90/2010 venceria no dia 30/3/2018,
requerendo imediata medida com vistas a evitar novação de ajuste com elevado sobrepreço. Também
ponderei que os riscos de incremento do prejuízo ao erário existiriam enquanto o Congresso Nacional
deliberasse sobre a paralisação do fluxo orçamentário-financeiro da obra, o que justificou a expedição
de medida cautelar à Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. para que suspendesse a
execução do Contrato 90/2010, bem como que se abstivesse de efetuar qualquer pagamento
relacionado ao referido ajuste, até que este Tribunal se pronunciasse quanto ao mérito das questões
tratadas neste processo.
53. Nesta ocasião, a agravante também sustenta haver perigo de dano reverso, pois as obras de
construção do lote 5S da extensão sul da Ferrovia Norte-Sul não se encontrariam paralisadas. Ao
contrário, estariam em execução e o prazo de conclusão foi estimado em cerca de oito meses.
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12
54. Foi informado que a paralisação do contrato de supervisão resultaria também na
interrupção do contrato de construção, já que os serviços de supervisão seriam considerados
indispensáveis para a segurança jurídica e técnica da Valec na fiscalização dos serviços. Para justificar
suas alegações, a entidade colacionou diversos elementos técnicos, tal como a necessidade de
atendimento a condicionantes ambientais do Ibama, o atual caminho crítico das obras relacionado a
conclusão da Ponte do Rio Grande, necessidade de conclusão dos serviços de drenagem, os quais
teriam o condão de demonstrar ser indispensável execução dos serviços de supervisão.
55. A agravante suscitou ainda que seria medida mais eficiente manter o contrato de
supervisão com uma equipe mínima necessária dimensionada, visando a garantir a fiscalização dos
serviços que supostamente estariam em andamento.
56. Reconheço que a paralisação do contrato de supervisão pode trazer alguns riscos e
dificuldades administrativas à Valec. Todavia, avalio que a fiscalização das obras do lote 5S da
Ferrovia poderia, ao menos provisoriamente, ser realizada por equipe orgânica da estatal, enquanto não
se concluiu eventual procedimento licitatório para nova contratação de supervisão escoimada de vícios
existentes no Contrato 90/2010.
57. Minha assessoria realizou levantamento no Portal da Transparência com vistas a obter
informações sobre a realização de pagamentos no contrato de supervisão e no contrato de construção
do lote 5S (Contrato 68/2010, firmado com a empresa TIISA – Triunfo Iesa Infraestrutura S.A). A
tabela a seguir ilustra que o valor liquidado em ambos os ajustes foi praticamente o mesmo ao longo de
2017:
Pagamentos relativos ao Contrato 68/2010
Pagamentos relativos ao Contrato 90/2010
Data
Ordem
Bancária
Valor (R$)
Data Documento Valor (R$)
30/06/2017 2017OB805213 133.186,77
20/02/2017 2017OB800945 432.355,22
30/06/2017 2017DF801139 8.594,24
20/02/2017 2017DF800217 46.913,13
23/05/2017 2017OB803914 22.282,51
30/03/2017 2017OB802202 435.718,41
25/05/2017 2017OB804073 655.297,69
30/03/2017 2017DF800465 47.278,06
17/03/2017 2017DF800382 20.789,38
05/05/2017 2017OB803273 462.196,83
05/05/2017 2017DF800683 4.084,93
05/05/2017 2017DF800682 50.151,13
29/08/2017 2017OB806885 476.330,29
27/06/2017 2017DF801103 59.026,55
29/08/2017 2017DF801548 30.736,52
27/06/2017 2017OB805037 543.993,45
26/01/2017 2017OB800270 438.935,70
10/07/2017 2017DF801199 62.385,89
26/01/2017 2017DF800088 28.456,72
10/07/2017 2017OB805453 574.953,40
25/05/2017 2017DF800852 41.627,35
25/07/2017 2017OB805934 535.795,02
17/03/2017 2017OB801803 322.177,48
25/07/2017 2017DF801330 58.136,97
08/12/2017 2017DF802253 120.479,20
06/09/2017 2017DF801635 57.974,09
19/12/2017 2017DF802338 4.792,95
06/09/2017 2017OB807219 534.293,88
19/12/2017 2017OB810186 74.277,38
25/10/2017 2017DF801953 57.040,26
06/12/2017 2017OB809701 586.357,16
25/10/2017 2017OB808461 115.680,80
05/05/2017 2017OB803281 63.305,05
08/11/2017 2017OB808906 531.192,94
23/05/2017 2017DF800831 1.437,84
08/11/2017 2017DF802057 57.637,62
25/07/2017 2017OB805903 631.923,96
04/12/2017 2017DF802206 59.566,37
25/07/2017 2017DF801325 40.776,62
04/12/2017 2017OB809612 548.968,54
18/09/2017 2017DF801710 43.166,44
28/12/2017 2017OB810592 526.047,34
18/09/2017 2017OB807472 668.959,47
28/12/2017 2017DF802467 23.431,60
21/03/2017 2017OB801930 64.220,38
28/12/2017 2017OB810582 215.947,54
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06/12/2017 2017DF802245 37.836,30
28/12/2017 2017DF802468 57.079,28
21/03/2017 2017DF800403 4.144,00
Total em 2017 6.093.764,32
08/12/2017 2017OB809837 1.867.091,61
Total em 2017 6.391.267,94
58. Nos primeiros dois meses de 2018, a situação se agravou, visto que os dispêndios com a
supervisora são mais de seis vezes superiores ao que se gasta com a própria construção do trecho
supervisionado:
Pagamentos relativos ao Contrato 68/2010
Pagamentos relativos ao Contrato 90/2010
Data Documento Valor (R$)
Data Documento Valor (R$)
27/02/2018 2018OB800940 32.391,92
07/02/2018 2018DF800146 25.116,08
27/02/2018 2018DF800258 2.090,18
07/02/2018 2018OB800707 231.471,84
09/01/2018 2018OB800044 4.291,75
Total em 2018 256.587,92
09/01/2018 2018DF800015 276,94
Total em 2018 39.050,79
59. Uma das diretrizes a serem observadas no controle realizado pela Administração Pública é
que o seu custo não deve exceder os eventuais benefícios que ele possa proporcionar, de forma que não
é razoável dispender volume de recursos para supervisão da obra que supera o montante gasto para
consecução do próprio empreendimento.
60. Não se pode olvidar que o Contrato 68/2010, cujo valor atual está em R$ 600.325.814,85
(peça. 99, fl. 97), represente uma obra de grande magnitude e complexidade, mas a execução do
empreendimento está em ritmo extremamente lento, o que permite que uma empresa estatal
especializada em infraestrutura ferroviária realize acompanhamento do ajuste com equipe orgânica. O
avanço físico atual do contrato, de 96,2%, informado pela agravante, também me leva a concluir que o
valor remanescente do contrato a ser supervisionado não justifica a prorrogação de um contrato de
supervisão com vícios tão graves como os que foram detectados na presente auditoria.
61. Os pagamentos informados na tabela acima são coerentes com os avanços na execução
física da obra. Na vistoria da obra, realizada em 5/5/2016, a equipe de auditoria do TCU informou um
percentual de execução de 93,85% da obra (peça 38, fl. 46), ou seja, quase dois anos depois da
fiscalização pelo TCU, a evolução física da obra foi de apenas 2,35%.
62. A peça recursal da Valec manifestou grande preocupação com a conclusão da ponte sobre
o Rio Grande, apresentando relatório fotográfico do período de dezembro/2017 a fevereiro/2018 da
aludida obra de arte especial. O relatório de fiscalização, concluído em agosto/2016, demonstra a
referida ponte praticamente no mesmo estágio em que se encontra atualmente (peça 38, fl. 39), o que
mais uma vez reforça a possibilidade de haver acompanhamento do empreendimento pelos próprios
empregados da Valec.
63. Causa espécie a afirmação da Valec de que a obra terá que ser paralisada por conta da
suspensão cautelar do contrato de supervisão. Ora, a contratação de empresa para auxiliar a
Administração na fiscalização de contratos não retira desta a obrigação do acompanhamento,
porquanto a função do terceiro contratado é de assistência, não de substituição. De acordo com o art.
67 da Lei 8.666/1993, a execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um
representante da Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para
assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
14
64. Prosseguindo com o exame do agravo interposto pela Valec, a recorrente alega que não
houve o devido contraditório às irregularidades graves com recomendação de paralisação – IGP, visto
que o art. 117, §9º, da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2018 – LDO (Lei 13.473/2017) assim
dispõe:
“§9º A classificação, pelo Tribunal de Contas da União, das constatações de fiscalização nas
modalidades previstas nos incisos IV e V do § 1º, ocorrerá por decisão monocrática ou
colegiada, que deve ser proferida no prazo máximo de quarenta dias corridos, contado da data
de conclusão da auditoria pela unidade técnica, dentro do qual deverá ser assegurada a
oportunidade de manifestação preliminar, em quinze dias corridos, aos órgãos e às entidades
aos quais foram atribuídas as supostas irregularidades.”
65. Assim, no entender da recorrente, somente após a providência de restituir o processo à
unidade técnica para que se colhesse a manifestação preliminar do jurisdicionado é que o TCU poderia
classificar o indício como IGP e encaminhar comunicação do fato ao Congresso Nacional. A agravante
sustenta que não foi o que ocorreu no presente caso, visto que a parte dispositiva do acórdão ora
agravado, ao mesmo tempo que determina a colheita da manifestação da entidade, encaminha o indício
de irregularidade ao Congresso Nacional, sem dar oportunidade à manifestação sobre a classificação
conferida ao indício de irregularidade.
66. Não assiste razão à agravante. Embora o relatório de fiscalização tenha classificado os
achados como IG-C, houve o devido contraditório sobre os indícios de irregularidade detectados pela
equipe de auditoria, conforme foi consignado no seguinte trecho do relatório que fundamentou o
Acórdão 508/2018-Plenário:
“3. Autorizadas a realização das audiências e oitivas (peça 42), tais medidas se
materializaram conforme abaixo:
Medida Ofício (peça) Aviso de Recebimento –
AR (data e peça)
Audiência do Sr. Luiz
Carlos Oliveira Machado
2260/2016-TCU/SECEX-
SP (peça 47)
Recebido em 26/8/2016
(peça 54)
Audiência do Sr. Gustavo
Henrique Malaquias
2259/2016-TCU/SECEX-
SP (peça 49)
Recebido em 26/8/2016
(peça 52)
Oitiva da Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias
2261/2016-TCU/SECEX-
SP (peça 50)
Recebido em 26/8/2016
(peça 53)
Oitiva da SGS Enger
Engenharia Ltda.
2263/2016-TCU/SECEX-
SP (peça 48)
Recebido em 25/8/2016
(peça 51)
4. Após solicitações e respectivas concessões de prorrogação de prazo (peças 55-56, 61-63 e
66-69), os seguintes responsáveis apresentaram resposta:
Responsável Respostas (data apresentação e peça)
SGS Enger Engenharia Ltda. Resposta ao ofício 2263/2016-TCU/SECEX-SP
em 10/10/2016 (peça 64)
Sr. Luiz Carlos Oliveira Machado Resposta ao ofício 2260/2016-TCU/SECEX-SP
em 10/10/2016 (peça 65)
Valec Engenharia, Construções e Resposta ao ofício 2261/2016-TCU/SECEX-SP
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
15
Ferrovias em 25/10/2016 (peça 70) e em 31/3/2017 (peça
71)
5. O Sr. Gustavo Henrique Malaquias, a despeito de sua notificação em 26/8/2016 (peça 52),
não compareceu aos autos.”
67. Ao apreciar os apontamentos da equipe de auditoria, o TCU acolheu as conclusões da
unidade técnica e entendeu que os indícios de irregularidade não estavam saneados. Porém, conferiu
classificação dos achados como IG-P e realizou a seguinte comunicação ao Congresso Nacional (grifo
acrescido):
“9.3. com fulcro no art. 19 da Resolução-TCU 280/2016, comunicar à Comissão Mista de
Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que foram detectados
indícios de irregularidades graves do tipo IG-P (inciso IV do §1º do art. 117 da LDO 2018) no
Contrato 90/2010, referente aos serviços de supervisão de obras da Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A. relativas ao lote 5S da extensão sul da Ferrovia Norte-Sul, com
elevado potencial dano ao erário, e que seu saneamento depende da adoção das seguintes
medidas pela entidade, além de outras providências que poderão ser identificadas após a
realização das oitivas determinadas no subitem 9.2 acima:
9.3.1. quanto ao achado III.1, “superfaturamento decorrente de overhead excessivo”, é
necessária a adoção de medidas administrativas por parte da Valec para a celebração de
termo aditivo ao Contrato 90/2010, com a finalidade de reduzir o percentual praticado de 40%
para 20%;
9.3.2. quanto ao achado III.2, “superfaturamento decorrente de itens pagos em duplicidade”,
cabe a adoção de medidas administrativas por parte da Valec visando glosar os pagamentos
relativos ao item orçamentário 7.1 da planilha contratual (relatórios de atividade);
9.3.3. a respeito do achado III.3, “desequilíbrio econômico-financeiro do contrato de
supervisão ante o descompasso entre a execução físico-financeira do contrato de execução e
do contrato de supervisão”, deve haver comprovação perante o TCU de que a Valec realizou
adequação dos profissionais e outros recursos mobilizados para execução do Contrato
90/2010, ajustando-os com o ritmo de andamento das obras do lote 5S da extensão sul da
Ferrovia Norte-Sul;
9.3.4. com relação ao achado III.5, “superfaturamento por preços excessivos frente ao
mercado”, deve haver a celebração de termo aditivo ao Contrato 90/2010 visando a
repactuação do preço dos itens 2 a 7 da planilha contratual, ajustando-os de acordo com os
valores referenciais apresentados na curva ABC elaborada pela equipe de auditoria;”
68. Como se vê, apenas os achados de auditoria III.1, III.2, III.3 e III.5 – que foram objeto de
prévia manifestação da Valec e da empresa SGS Enger – foram classificados como irregularidade
grave que recomendam a paralisação da obra (IG-P), o que ensejou a determinação para que fossem
reclassificados no Sistema Fiscalis.
69. Por outro lado, as novas oitivas determinadas pelo item 9.2 do Acórdão 508/2018-Plenário,
reproduzidas no item 4 deste voto, versaram sobre fatos que não foram apontados no relatório de
auditoria nem foram objeto de prévia manifestação das partes. Portanto, não há nenhuma contradição
ou incorreção no procedimento adotado. Houve tão somente dois grupos distintos de irregularidade: as
que foram originalmente constatadas pela equipe de auditoria, que já haviam sido objeto de
contraditório, e as que foram apuradas posteriormente pelo relator, para as quais se abriu prazo
adicional para manifestação.
70. A parte dispositiva da decisão agravada também alertou à Comissão Mista de Planos,
Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que outras irregularidades do tipo IG-P
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
16
poderiam ser apuradas pelo TCU após a realização das oitivas determinadas no subitem 9.2 do
Acórdão 508/2018-Plenário.
71. Por todas essas considerações, proponho conhecer do agravo oposto pela Valec, mas, no
mérito, negar-lhe provimento.
IV
72. Inicio neste tópico a apreciação dos embargos de declaração da Valec contra o Acórdão
508/2018-Plenário.
73. A Valec apontou contradição na parte dispositiva do acórdão embargado, visto que, ao
mesmo tempo em que determinou a colheita da manifestação da embargante, encaminhou o indício de
irregularidade ao Congresso Nacional, sem que preliminarmente abrisse prazo para a manifestação da
Valec sobre a classificação dada ao achado de fiscalização.
74. Pelos motivos e fundamentos já explicitados no exame do agravo da Valec, não há
nenhuma contradição entre a realização de novas oitivas por outras irregularidades apontadas no voto
condutor da decisão embargada e a adoção de medida cautelar e de comunicação de IG-P ao
Congresso Nacional das irregularidades já previamente submetidas ao contraditório da entidade
jurisdicionada.
75. Os embargos declaratórios da Valec também arguem existir contradição na premissa de
superfaturamento decorrente overhead excessivo, com as principais alegações sintetizadas a seguir:
e) que o contrato em exame foi firmado no ano de 2010 e qualquer julgado ou norma posterior
não poderia ser utilizado como parâmetro para estabelecer o percentual do overhead;
f) outros julgados citados, embora anteriores ao contrato, foram direcionados a órgãos e entidades
diversos;
g) não foi observado o Acórdão 2.839/2011-Plenário, em que esta Corte de Contas teria
supostamente admitido o percentual de 40% de overhead; e
h) que o próprio acórdão embargado deixou de aplicar penalidade aos responsáveis, contrariando
posicionamento da unidade técnica, pelo fato de a jurisprudência citada ter sido prolatada em
momento posterior à celebração do Contrato 90/2011.
76. Não verifico nenhuma contradição nas questões aduzidas pela embargante. Com efeito, o
acórdão embargado não aplicou penalidade aos ex-gestores de Valec, mas tais responsáveis foram
ouvidos por irregularidade diversa, que não guarda absolutamente nenhuma relação com o percentual
de overhead excessivo, in casu, por aprovarem critério de medição de recursos humanos e materiais
alocados em detrimento de medição por produtos entregues, ou de forma mista que atendesse aos
princípios da economicidade e da razoabilidade.
77. Também é descabido o manejo de embargos de declaração para apontar contradição entre
o acórdão recorrido e outras deliberações do TCU. A contradição deve estar contida dentro dos termos
do inteiro teor da deliberação atacada, composta por relatório, voto e acórdão. Ainda assim, não
subsiste nenhuma contradição entre os Acórdãos Plenários 508/2018 e 2.839/2011, conforme o trecho
do voto condutor da decisão embargada adiante reproduzido:
“72. A Valec, por sua vez, para justificar a adoção de overhead de 40%, fez menção ao
Acórdão 2.839/2011-Plenário, versando sobre tema idêntico ao tratado nos presentes autos. A
análise da unidade técnica naquele julgado teria considerado razoável a presença da citada
rubrica no percentual de 40% em outra licitação relativa à contratação de empresa de
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
17
engenharia consultiva para a execução de serviços técnicos especializados de gerenciamento e
assessoria técnica do projeto de implantação da Ferrovia de Integração Centro-Oeste – FICO.
73. Tal argumento foi refutado pela análise da Secex-SP, que bem observou que tal conclusão
resultou da comparação entre o overhead adotado pela Valec e aquele constante da tabela de
preços de consultoria do Dnit à época. No entender da unidade instrutiva, tal fato, por si só,
não validaria percentual empregado pela estatal, tampouco invalidaria a análise que fora
empreendida, visto que seria preciso que os valores apresentados como referenciais fossem,
tanto quanto possível, corroborados pelas circunstâncias do caso concreto.
74. Acolho o entendimento da Secex-SP, adotando o exame efetuado como razões de decidir.
Com efeito, os parâmetros adotados na tabela de engenharia consultiva do Dnit nunca foram
convalidados pelo TCU. Ao contrário, sempre foram objeto de reiterados questionamentos
desta Corte de Contas (v. g. os Acórdãos Plenários 1.146/2004, 176/2008, 2.129/2010 e
629/2011, por exemplo). Cabe esclarecer que o Acórdão 629/2011-Plenário (DOU de
28/3/2011) determinou ao Dnit que se manifestasse sobre a conveniência e oportunidade de
manter a estrutura de sua tabela de engenharia consultiva, admitidos os percentuais máximos
de encargos sociais e de custos administrativos de 84,04% e 30%, respectivamente, em vez de
implementar a metodologia do BDI, com os percentuais máximos de 52,33% para aplicação
sobre os custos diretos e indiretos relacionados diretamente à parcela de mão de obra, de
24,40% para aplicação sobre o item "Despesas Gerais", e de 84,04% para encargos sociais.
75. Considero que a Secex-SP colacionou extensa relação de referências a justificar a adoção
de taxa de overhead de 20%, de forma que julgo caracterizada a ocorrência de uma
contratação antieconômica. Em adição aos exemplos apresentados pela unidade técnica
regional, vejo que o próprio TCU praticou, no âmbito do Contrato 4/2014-Segedam, taxa de
overhead de apenas 5% (documentação disponível para download no site do TCU). O referido
contrato foi resultante do Edital de Pregão eletrônico nº 06/2014 e teve como objeto a
“prestação dos serviços técnicos de apoio ao TCU na fiscalização da obra de construção da
Escola Superior de Controle, em Brasília/DF”, ou seja, objeto semelhante ao que ora se
examina nos autos.
76. Com vistas a evitar futuras contratações antieconômicas pela Valec, proponho expedir
determinação para que a entidade limite em 20% o percentual de despesas administrativas
(overhead) a ser empregado nas estimativas de custos de futuras contratações de serviços de
engenharia consultiva.”
78. Embora eu reconheça que não houve expedição de orientação oficial do TCU à Valec, tal
fato não autoriza a contratação de serviços com superestimativa de preços ou de seus componentes.
Tampouco tal percentual de 40% de overhead foi justificado pela entidade. Friso mais uma vez que
jamais esta Corte de Contas aceitou tal percentual de despesas indiretas em contratos de engenharia
consultiva, não havendo de se falar em qualquer ofensa ao princípio da segurança jurídica. Ao
contrário, os diversos julgados relacionados no relatório da decisão embargada questionaram
percentuais de overhead em patamares bem inferiores.
79. Finalmente, a embargante considerou que houve obscuridade e contradição no Acórdão
508/2018-Plenário quanto aos efeitos financeiros da prorrogação do contrato de supervisão para fins de
observância ao limite legal de aditamento contratual de 25% previsto no art. 65 da Lei 8.666/1993.
Argumentou que o paradigma trazido na Decisão 90/2001-1ª Câmara, de relatoria do Eminente
Ministro Marcos Vilaça, entendeu que o limite legal de 25% não se aplicaria aos contratos de
supervisão de obra enquanto durasse o processo de execução da obra, uma vez que um seria acessório
do outro, e eventual atraso do principal poderia se dar por interesse e/ou necessidade da administração.
80. Novamente, não há nenhuma obscuridade ou contradição na decisão embargada. Trata-se
de matéria examinada de forma exaustiva no voto condutor do Acórdão 508/2018-Plenário.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
18
81. Deixei expresso que não acolhi o entendimento da Decisão 90/2001-1ª Câmara no sentido
de que haveria de se distinguir a modificação do valor contratual decorrente de acréscimo de objeto
daquela resultante de simples prorrogação. Segundo restou entendido naquele julgado, somente a
primeira hipótese obrigaria o cumprimento do limite de 25%, de acordo com os dispositivos legais
(artigos 57, § 1º, inciso IV; e 65, inciso I, alínea "b", da Lei nº 8.666/93), que nada dizem a respeito da
segunda situação.
82. Preliminarmente, é de se observar que tal precedente não foi produzido pelo colegiado
pleno desta Corte de Contas e a ampla maioria dos Ministros do TCU atualmente em exercício sequer
participaram da aludida deliberação.
83. Dessa forma, considero que tal julgado não é um entendimento pacificado no âmbito desta
Corte de Contas. Aliás, naquela decisão jamais se legitimou o posicionamento de que qualquer
contrato de supervisão, gerenciamento ou fiscalização de obras poderia ser prorrogado indistintamente.
Na própria Decisão 90/2001-1ª Câmara, ficou claro que essa prorrogação deve ser a exceção e não a
regra.
84. Por isso, em contratos com irregularidades gravíssimas como o que ora se examina, foi
reiterado o entendimento acerca da indispensável observância do limite legal de aditamento contratual
nos contratos de supervisão de obras, inclusive em virtude de prorrogações de prazo ocasionadas pelo
atraso na execução do contrato de construção.
85. Em respostas às alegações da embargante, considero suficientemente esclarecedoras as
considerações que realizei no voto condutor do Acórdão 508/2018-Plenário:
“51. A paradigmática Decisão 90/2001-1ª Câmara corretamente observou que os contratos de
supervisão e gerenciamento de obras seriam contratos por escopo, que, em regra, poderiam
ser prorrogados com fundamento no art. 57, inciso I, da Lei 8.666/1993. No entanto, fazendo
analogia ao entendimento que se adota nos contratos relacionados aos serviços executados de
forma contínua (inciso II do mesmo artigo), entendeu que a mera prorrogação de prazo não
ensejaria a alteração quantitativa do seu objeto.
52. De pronto, considero que, em um contrato no qual a medição é realizada por homem-mês
ou homem-hora, é evidente que a prorrogação de prazo ocasiona indubitavelmente a alteração
quantitativa do seu principal objeto, que é a disponibilização de quantidades pré-definidas de
certos profissionais no prazo acordado.
53. Entender de forma contrária, em um caso extremo, poderia produzir enormes prejuízos ao
erário, bem como contratos com prazo de vigência indeterminado – situação expressamente
vedada pelo art. 57, §3º, da Lei 8.666/1993 – e, por consequência, com valor contratual
igualmente indeterminado, o que obviamente não se amolda ao atual ordenamento jurídico.
54. Não me parece consentâneo ao dever de licitar a que um contrato originalmente celebrado
por 24 meses para a supervisão da obra possa se alongar por cerca de oito anos e possuir um
incremento superior a 250%.
55. O prazo que foi inicialmente previsto era exigência uniforme a todas as licitantes, que
realizaram estimativas dos equipamentos e da mão de obra necessários para prestarem os
serviços de supervisão da obra. O relaxamento de tais parâmetros é, portanto, altamente anti-
isonômico. Dependendo da situação concreta, a prorrogação contratual pode significar a
execução de um objeto substancialmente distinto daquele que foi licitado.
56. Nesse sentido, por meio do Acórdão 292/2008-Plenário, o TCU entendeu que a
modificação substancial do prazo configura alteração do objeto licitado, já que a
caracterização deste último não se limita às especificações técnicas do produto desejado, mas
também ao período de prestação de serviços.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
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57. Faço ainda outras ponderações para demonstrar a inadequação do entendimento adotado
pela Decisão 90/2001-1ª Câmara ao conceder tratamento análogo às prorrogações de prazo
dos contratos de supervisão com os contratos de caráter continuado.
58. Ambos os tipos de ajuste têm notáveis diferenças. Nos chamados contratos por escopo, nos
quais o objeto consiste na obtenção de um bem ou na construção de uma obra, o prazo de
execução só seria extinto quando o objeto fosse definitivamente entregue à administração e as
demais obrigações fixadas no ajuste fossem plenamente satisfeitas, de modo que, inexistindo
motivos para rescisão ou anulação, a extinção desse tipo de ajuste somente se operaria com a
conclusão do objeto e com o seu recebimento definitivo pela administração, diferentemente do
que ocorreria nas avenças por tempo determinado, em que o objeto consistiria na prestação de
serviços contínuos, nos quais o prazo constituiria elemento essencial e imprescindível para a
consecução ou a eficácia do objeto avençado.
59. Assim, nos contratos de escopo, tal como o que se examina, o prazo é apenas limitativo do
cronograma físico, e, nas hipóteses da lei, poderia ser prorrogado (com ou sem mora das
partes) para a conclusão do seu objeto. Porém, tais prorrogações não podem ocasionar a
extrapolação do limite legal de aditamento no valor do contrato.
60. Nos contratos continuados, a prorrogação é limitada a até 60 meses (e, excepcionalmente
a mais 12 meses, no caso do art. 57, §4º, da Lei 8.666/93). Nos termos que me manifestei no
voto condutor do Acórdão 1.828/2008-Plenário, considero que nas hipóteses de serviços
continuados, cada prorrogação caracterizaria um novo contrato. Assim, o valor originalmente
avençado para um ano, poderia sofrer incremento de até seis vezes, caso o ajuste fosse
prorrogado por igual número de vezes, sem que isto de fato caracterize qualquer modificação
quantitativa do seu objeto.
61. Outra diferença fundamental é que cada prorrogação de serviço continuado exige, nos
termos o artigo 57, inciso II, da Lei 8.666/1993, a "obtenção de preços e condições mais
vantajosas para a administração". Ou seja, além de necessariamente persistir o interesse da
Administração na continuidade da prestação do serviço, deve existir comprovação objetiva de
que o valor do contrato permanece economicamente vantajoso para o contratante, o que exige
análise entre os preços contratados e aqueles praticados no mercado de modo a concluir que a
continuidade da contratação é mais vantajosa que a realização de uma nova licitação, sem
prejuízo de eventual negociação com a contratada para adequação dos valores àqueles
encontrados na pesquisa de mercado.
62. Tal procedimento não é aplicável aos contratos por escopo, o que ocasiona um risco
adicional ao Poder Público o entendimento de que os efeitos financeiros advindos da
prorrogação contratual não seriam computados para efeito de observância do limite de
aditamento contratual.
63. Finalmente, os limites legais de aditamento contratual nos contratos de supervisão têm
relação também com os direitos subjetivos do contratado, já que não se poderia impor à
empresa contratada para a supervisão um acréscimo superior a 25% do seu valor sob pena de
infringir o disposto no art. 65, §1º, da Lei 8.666/1993. Igual limite está presente no art. 81, §1º,
da Lei 13.303/2016, aplicável às licitações das empresas públicas e sociedades de economia
mista, que doravante deve reger as licitações da Valec. A única diferenciação relevante entre
os dois diplomas legais é que as alterações quantitativas e qualitativas no âmbito da Lei Geral
de Licitações e Contratos é unilateral, enquanto na Lei das Estatais tais modificações só
podem ser efetuadas por mútuo acordo entre as partes.”
86. Aprecio o pedido final da Valec de que “seja analisado em definitivo a observância do
limite legal de 25% nos contratos de engenharia consultiva pelo Plenário dessa Corte de modo a que
a matéria seja sumulada e, em se mantendo o entendimento ora trazido, que os efeitos da
determinação contida no item 9.7.3, tenham caráter “ex tunc” de modo a abarcar somente contratos
firmados em data posterior ao trânsito em julgado da decisão”.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
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87. O Regimento Interno do TCU não atribui aos órgãos jurisdicionados a prerrogativa de
solicitar a edição de súmulas. Ademais, a observância ao referido limite legal decorre de expressa
determinação legal, estatuída no art. 65, §1º, da Lei 8.666/1993, e não da jurisprudência desta Corte de
Contas.
88. Quanto à modulação temporal dos efeitos da decisão do TCU, a embargante fez menção ao
caso ocorrido por ocasião da prolação do Acórdão 749/2010-Plenário, que determinou ao Dnit que “em
futuras contratações, para efeito de observância dos limites de alterações contratuais previstos no art.
65 da Lei nº 8.666/1993, passe a considerar as reduções ou supressões de quantitativos de forma
isolada, ou seja, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos devem ser sempre calculados
sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos, individualmente e sem
nenhum tipo de compensação entre eles, os limites de alteração estabelecidos no dispositivo legal”.
89. Por intermédio do Acórdão 2.819/2011-Plenário, ao apreciar pedido de reexame formulado
pelo Dnit contra o referido Acórdão 749/2010-Plenário, o TCU sopesou que a aplicação do citado
entendimento provocaria a paralisação de cerca de 100 obras rodoviárias, de forma que adotou
modulação temporal dos efeitos da deliberação guerreada para alcançar futuros contratos que viessem
a ser celebrados pelo Dnit.
90. Com vistas a avaliar o impacto do acórdão embargado nos contratos de engenharia
consultiva da Valec, minha assessoria realizou o exame de uma amostra de contratos, obtida no sítio
eletrônico da estatal. Tal amostra, constituída por 23 contratos, é apresentada na tabela a seguir
(posição em junho/2017), em que se dessume que apenas nesses ajustes houve um montante de
aditamento contratual superior a R$ 1,2 bilhões:
Contrato Contratada Objeto Resumido Aditivos Valor inicial Valor Atualizado
17/2009
Contécnica Consultoria
Técnica Ltda.
Serviços de apoio técnico e
administrativo na Ferrovia
Oeste-Leste, trecho
Figueirópolis-Ilhéus 9 R$ 14.125.797,13 R$ 82.336.010,11
23/2009
Contécnica Consultoria
Técnica Ltda.
Projetos de desapropriação e
serviços de revisão,
complementação e
atualização de projetos já
iniciados, bem como apoio
necessário a efetivação de
processos de desapropriação. 11 R$ 10.057.742,77 R$ 89.704.736,07
24/2009 Strata Engenharia Ltda.
Projetos de desapropriação e
serviços de revisão,
complementação e
atualização de projetos já
iniciados, bem como apoio
necessário a efetivação de
processos de desapropriação. 11 R$ 10.308.100,05 R$ 70.626.981,62
28/2009
PACS Planejamento
Assessoria Consultoria
e Sistemas Ltda
Assessoria técnica do projeto
de implantação da Ferrovia
Norte-Sul 10 R$ 24.330.570,46 R$ 172.343.723,55
47/2009
OIKOS Pesquisa
Aplicada Ltda.
Serviços de apoio técnico ao
gerenciamento ambiental e a
execução, supervisão,
acompanhamento e controle
de atividades, e
compromissos associados aos
licenciamentos ambientais -
FIOL 6 R$ 11.729.105,16 R$ 71.438.972,93
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
21
53/2009
Alta Engenharia de
Consultoria ltda.
Elaboração de projetos de
desapropriação para obras
ferroviárias nos estados da
Bahia, Tocantins, Minas
Gerais, São Paulo e Pará -
Lote 3 10 R$ 12.410.198,62 R$ 123.870.170,79
54/2009
Ona S.A. Engenharia
Comércio e Indústria
Elaboração de projetos de
desapropriação para obras
ferroviárias nos estados da
Bahia, Tocantins, Minas
Gerais, São Paulo e Pará -
Lote 4 11 R$ 7.100.585,35 R$ 57.680.551,23
57/2009
Concremat Engenharia
e Tecnologia S.A.
Serviços de apoio técnico e
administrativo na Ferrovia
Norte-Sul, trecho Belém/PA-
Panorama/SP 7 R$ 21.155.329,94 R$ 66.169.799,01
19/2010
Enefer Consultoria,
Projetos Ltda.
Serviços de apoio técnico e
administrativo para
construção da Ferrovia
Transcontinental 4 R$ 17.089.937,54 R$ 42.892.854,73
84/2010
Consórcio Oikos-
Prosul
Serviços de apoio técnico ao
gerenciamento ambiental e a
execução, supervisão,
acompanhamento e controle
das atividades e
compromissos associados ao
licenciamento ambiental da
FNS 6 R$ 19.364.453,53 R$ 92.106.842,94
87/2010
Egis Engenharia e
Consultoria Ltda.
Supervisão das obras de
implantação da FNS - trecho
Ouro Verde de Goiás/GO a
Estrela do Oeste 9 R$ 18.774.741,00 R$ 66.549.809,30
89/2010
Contécnica Consultoria
Técnica Ltda.
Supervisão das obras de
implantação da FNS - trecho
Ouro Verde de Goiás/GO a
Estrela do Oeste 6 R$ 23.292.973,53 R$ 92.456.039,94
95/2010
Consórcio Maia Melo -
Evolução
Supervisão das obras da FIOL
- Ilhéus/BA a Barreiras/BA 7 R$ 26.090.829,99 R$ 67.838.894,84
96/2010
Concremat Engenharia
e Tecnologia S.A.
Supervisão das obras da FIOL
- Ilhéus/BA a Barreiras/BA 8 R$ 24.987.252,63 R$ 78.482.411,23
97/2010
Consórcio Falcão
Bauer - Ceppla -
Argeplan
Supervisão das obras da FIOL
- Ilhéus/BA a Barreiras/BA 5 R$ 26.512.605,19 R$ 74.607.732,93
98/2010
Consórcio Vetec -
Diefra - Focco
Supervisão das obras da FIOL
– Ilhéus/BA a Barreiras/BA 5 R$ 25.996.112,93 R$ 44.624.934,20
99/2010
Consórcio Strata - LBR
- Direção
Supervisão das obras da FIOL
- Ilhéus/BA a Barreiras/BA 3 R$ 11.003.276,01 R$ 19.953.489,49
100/2010
Consórcio Urbaniza -
Setepla - Engecorps
Supervisão das obras da FIOL
- Ilheus/BA a Barreiras/BA 5 R$ 22.651.479,14 R$ 45.283.913,06
101/2010
STE Serviços Técnicos
de Engenharia S.A.
Supervisão das obras da FIOL
- Ilhéus/BA a Barreiras/BA 6 R$ 22.781.913,06 R$ 44.855.284,73
012/2011
Planservi Engenharia
Ltda.
Supervisão das obras da FIOL
- Ilhéus/BA a Barreiras/BA 6 R$ 22.230.466,97 R$ 70.636.991,11
25/2011
Siscon Consultoria de
Sistemas
Contratação de empresa de
engenharia consultiva para
apoio e assessoramento à
Diretoria de Planejamento 6 R$ 14.311.545,58 R$ 85.869.273,48
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
22
002/2014 Consórcio STE e Vega
Supervisão de obras da
Ferrovia Norte Sul -
Palmas/TO ao Pátio do Porto
Seco de Anápolis/GO 5 R$ 38.183.409,25 R$ 85.631.135,31
45/2014 Prodec/Siscon/PACS
Gerenciamento da FIOL -
Ilhéus/BA a Barreiras/BA 2 R$ 33.538.272,78 R$ 50.708.230,09
Total R$ 458.026.698,61 R$ 1.696.668.782,69
91. Com base nessa evidência, pode-se afirmar que o percentual médio de aditamento
contratual é de 270%, mas há casos em que os valores incialmente contratados chegaram a se
multiplicar por um fator da ordem de 10 vezes, a exemplo do Contrato 53/2009.
92. Diante desse cenário, sem maiores digressões, creio que seja temerário e potencialmente
lesivo ao interesse público realizar a modulação temporal pleiteada pela embargante, visto que várias
dessas avenças surgiram de licitações contendo vícios semelhantes aos observados na Concorrência
12/2010.
93. Assim, rejeito os embargos de declaração da Valec, mantendo inalterado o Acórdão
508/2018-Plenário.
Ante todo o exposto, voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este
Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 2 de maio de 2018.
BENJAMIN ZYMLER
Relator
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
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ACÓRDÃO Nº 958/2018 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 010.481/2016-8.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Agravo (Relatório de Auditoria); I - Embargos de declaração
(Relatório de Auditoria).
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessado: Congresso Nacional (vinculador)
3.2. Responsáveis: SGS Enger Engenharia Ltda. (51.167.500/0001-53); Gustavo Henrique Malaquias
(766.221.186-04); Luiz Carlos Oliveira Machado (222.706.987-20).
3.3. Recorrente: Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (42.150.664/0007-72);
4. Órgão/Entidade: Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo (Secex-SP).
8. Representação legal:
8.1. Adriano Augusto Torralbo (217175/OAB-SP), Giuseppe Giamundo Neto (OAB 234412/OAB-SP)
e outros, representando SGS Enger Engenharia Ltda.
8.2. Silvia Regina Schmitt (38.717/OAB-DF), representando Valec - Engenharia, Construções e
Ferrovias S.A.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de agravo e de embargos de declaração opostos
pela Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. contra o Acórdão 508/2018-Plenário, que
apreciou relatório de auditoria realizada com o objetivo de verificar a execução do contrato de
supervisão de obras relativas ao Lote 5S da Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do
Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 289 do Regimento Interno do TCU, conhecer do Agravo da
Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. conhecer dos embargos de declaração opostos pela Valec - Engenharia, Construções e
Ferrovias S.A., uma vez preenchidos os requisitos de admissibilidade previstos nos artigos 32, inciso
II, e 34, caput e § 1º, da Lei 8.443/1992, para, no mérito, rejeitá-los;
9.3. sobrestar a apreciação dos pedidos de reexame interpostos pela Valec e pela empresa
SGS Enger Engenharia Ltda. contra o Acórdão 508/2018-Plenário (peças 104 e 105) até nova
apreciação do mérito desta auditoria;
9.4. restituir os autos à Secex-SP para análise das respostas às oitivas da Valec e da
empresa SGS Enger Engenharia Ltda. (peças 129 e 101, respectivamente), bem como para a adoção
das providências requeridas pelos itens 9.5 e 9.6 do Acórdão 508/2018-Plenário;
9.5. dar ciência desta deliberação à Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. e à
empresa SGS Enger Engenharia Ltda.
10. Ata n° 15/2018 – Plenário.
11. Data da Sessão: 2/5/2018 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0958-15/18-P.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 010.481/2016-8
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13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Benjamin Zymler (Relator), Augusto
Nardes, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa, André Luís de Carvalho e Weder de
Oliveira.
(Assinado Eletronicamente)
RAIMUNDO CARREIRO (Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER
Presidente Relator
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA
Procuradora-Geral