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Grupos Comunitários e De Ajuda
Mútua em Saúde e Saúde Mental
Rodrigo Presotto
01 de setembro de 2016
Grupos Comunitários e De
Ajuda Mútua em Saúde e
Saúde Mental
Capacitação PIS – Campinas – setembro 2016
Tem por característica promover o apoio solidário, a
troca de experiências e o suporte entre pessoas que
convivem com situações semelhantes.
Buscam por meio da troca de conhecimentos e
experiências vividas entre os membros encontrar formas
e alternativas para enfrentamento de situações
cotidianas e de sofrimento mental.
Tem como pilar fundamental para seu
desenvolvimento a tomada de consciência e o
empoderamento dos sujeitos acerca de sua própia
condição e sofrimento dentro de um contexto mais
amplo que vai além somente de sua experiência
individual.
Empoderamento:
Se trata de um conceito de origem inglesa, que vem sendo
utilizado desde a década de 70, tema central na discussão
de políticas sociais e de saúde mental nos Estados Unidos,
em países da Europa, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Definição:
“aumento do poder e autonomia pessoal e coletiva de
indivíduos e grupos sociais nas relações interpessoais e
institucionais, principalmente daqueles submetidos a
relações de opressão, dominação e discriminação social.”
(Vasconcelos 2003, p. 20).
VASCONCELOS, E.M. – O Poder que Brota da Dor e da Opressão: Empowerment,
sua História, Teorias e Estratégias.
No Brasil
No Brasil:
O Uso do empoderamento, Internacionalmente e no
Brasil, vem sendo atrelado nos campos da saúde,
educação, assistência social e dos movimentos sociais a
processos de emancipação social, vividos por populações
historicamente submetidas à opressão e exclusão social, à
negação do acesso a bens e direitos sociais pela própria
maneira como nossa sociedade está estruturada.
Ex: analfabetos, mulheres, grupos de diferentes etnias, e
pessoas portadoras de transtornos mentais.
Alguns Expoentes:
Educação Popular:
Paulo Freire - crítica às formas de dominação e
exclusão sociais que a população pobre e alguns
grupos são submetidos em nossa sociedade.
“A nossa preocupação, neste trabalho, é apenas
apresentar alguns aspectos do que nos parece
constituir o que vimos chamando de Pedagogia
do Oprimido: aquela que tem de ser forjada
com ele e não para ele, enquanto homens ou
povos, na luta incessante pela recuperação de
sua humanidade. Pedagogia que faça da
opressão e de suas causas objeto da reflexão
dos oprimidos, de que resultará o seu
engajamento necessário na luta por sua
libertação, em que esta pedagogia se fará e se
refará.” (Freire, 1987, p.17)
FREIRE, P. - Pedagogia do Oprimido.
Promoção a Saúde: Sérgio Resende de Carvalho ao problematizar a promoção a saúde
no contexto da saúde pública analisa a importância do que ele
nomeia categoria/estratégia empoderamento para o ideário que
fundamenta a promoção a saúde (Carvalho, 2004).
Sobre o Empoderamento e a Promoção de Saúde:
“Um dos núcleos filosóficos dessa abordagem é o conceito de
“empowerment” presente, implícita ou explicitamente, no interior
das premissas e estratégias mencionadas. Esta categoria corporifica
a razão de ser da Promoção à Saúde enquanto um processo que
procura possibilitar que indivíduos e coletivos aumentem o controle
sobre os determinantes da saúde para, desta maneira, terem uma
melhor saúde.” (Carvalho, 2004, p. 1090) CARVALHO S.R. Os múltiplos sentidos da categoria “empowerment” no
projeto de Promoção à Saúde.
a) Cuidado de si
Refere-se a ações que principalmente buscam promover o
empoderamento pessoal através de atividades de caráter grupal e que,
apesar de seu plano coletivo, visam mobilizar:
“(...) dispositivos de cuidado de si no plano individual, com variadas
abordagens que enfatizem diversos aspectos, tais como sociais, políticos,
psicológicos e/ou espirituais de auto elaboração, crescimento pessoal,
desenvolvimento de auto-estima, e assertividade, bem como de defesa de
direitos individuais, por parte de cada indivíduo.” (Vasconcelos 2003,
p.262)
b) Estratégias de cuidado de si e
recuperação (recovery)
Referem-se à tradição dos grupos de ajuda-mútua como os
Alcoólicos Anônimos (AA) e práticas grupais derivadas, no
campo da reabilitação psicossocial em saúde mental e
dependência química. Decorrem principalmente de ações
lideradas pelos próprios usuários.
c) Biografia, histórias de vida e narrativas
pessoais
Referem-se ao processo vivenciado de construção e
reconstrução de biografia, histórico de vida, por parte dos
próprios usuários, que podem proporcionar novas percepções
e ressignificações possibilitando a produção de empowerment
e de novos sentidos para os sujeitos para compreensão de sua
própria experiência pessoal.
d) A Busca de suporte em estratégias
terapêuticas
Referem-se à importância de estratégias terapêuticas
profissionais e em serviços de saúde mental que tenham
como foco práticas emancipatórias direcionadas aos usuários.
Ex: Assembleias
Exemplos a partir de Práticas
desenvolvidas na Rede e em Campinas
Terapia Comunitária: Terapia Comunitária (TC) é uma modalidade de trabalho terapêutico criada pelo
médico psiquiatra brasileiro Adalberto de Paula Barreto, da Universidade
Federal do Ceará há cerca de 21 anos, e que neste momento (2009) expande-se
no Brasil e em outros países, pelos evidentes benefícios que aporta quando
adequadamente aplicada.
A TC trata de cuidar da saúde comunitária em espaços públicos, procurando
acolher o sofrimento pessoal e social, tanto no plano individual quanto através
do fomento às redes de apoio, convivência e solidariedade. Propõe-se a valorizar
a prevenção ao adoecimento, sobretudo estimulando o grupo a usar de sua
criatividade, re-significando o presente e futuro a partir de seus próprios
recursos.
In:
http://www.saude.campinas.sp.gov.br/programas/terapia_comunitaria/terap_comunit_
descr.htm
Grupo GAM
Gestão Autônoma da Medicação (GAM):
Estratégia Grupos desenvolvida a partir de guia
elaborado no Canadá e adaptado ao Brasil que busca
produzir reflexão sobre a experiência de vida com
medicação psiquiátrica.
Grupos de Ajuda e Suporte Mútuos em
Saúde Mental
Grupos que tem como característica a apoio mútuo entre usuários
de saúde mental a partir de suas experiências de vida, histórias de
recuperação e solidariedade.
Tem também como elemento fundamental o suporte mútuo que é
caracterizado por ações que acontecem além do grupo propriamente
dito como passeios, visitas e outras ações de lazer conjuntas.
Grupos Terapêuticos, Comunitários e de
Convivência e Práticas Integrativas
Grupos desenvolvidos nas unidades de saúde:
Centros de Saúde
Centros de Convivência
CAPS
Ambulatórios de Especialidades e Centros de Referência
– Poli, CRR, CEREST etc.
Tipos de grupos:
Grupos de Mulheres, Grupos de Pais, Grupos de Artesanato, Grupos
de Apoio a Usuários de Álcool e Outras Drogas, Lian Gong, Cirandas
de Ervas, Grupos de Adolescentes, Grupo de idosos, Grupos de
Convivência etc.