guia de metodologia da pesquisa para jovens cientistas
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SEDUC
EDUCAMAIS
GUIA DE METODOLOGIA DAPESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
Antonio de Jesus dos Santos Fernandes JúniorMarcos Eduardo Miranda Santos
Flávio Dino Governador do Estado do Maranhão
Felipe Costa Camarão Secretário de Estado da Educação
André Bello Secretário Adjunto de Educação Profissional e Integral
Alex Oliveira de Souza Reitor do IEMA
Elinaldo Soares Silva Diretor de Ensino e Pesquisa do IEMA
Emanuel Denner Diretor de Planejamento e Administração do IEMA
Raquel Melo de Assis Supervisor dos Centros de Educação em Tempo Integral
Thiago Gomes Alves Coordenador de Inovação da Rede de Ensino em Tempo Integral
Antonio de Jesus dos Santos Fernandes Júnior Fábio Aurélio do Nascimento
Marcos Eduardo Miranda Santos Sidney Fernandes Mendonça
Equipe Técnica
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
Antonio de Jesus dos Santos Fernandes Júnior
Marcos Eduardo Miranda Santos
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
1ª edição
São Luís – MA
2021
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
F363g Fernandes Júnior, Antonio de Jesus dos Santos; Santos, Marcos Eduardo Miranda.
Guia de Metodologia da Pesquisa para Jovens Cientistas / Antonio de Jesus dos Santos Fernandes Júnior, Marcos Eduardo Miranda Santos. – 1. ed. – São Luís: Even3 Publicações, 2021.
93 p. : il. ; 14,8 cm x 21 cm
Bibliografia. ISBN: 978-65-5941-104-7
1. Ciência. 2. Metodologia. 3. Projetos. 4. Artigos.
I. Título.
CDD 001.42 CDU 001
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Even3 Publicações, PE, Brasil)
© Dos autores 2021 Ricardo Otávio Fernando de Sousa Projeto Gráfico e Diagramação
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
PREFÁCIO
Prezados(as) Professores(as) e Estudantes,
Ao considerar que a sociedade do conhecimento incidiu em várias
transformações sociais, faz-se necessário a formação de jovens e adultos
capazes de reproduzir e produzir novos conhecimentos básicos e complexos
que possam beneficiar a toda humanidade. Em razão disto, a reestruturação
no ensino médio estabelecida pela Lei nº 13.415/2017 traz em seu bojo
possibilidades de percursos formativos amparados pelos eixos estruturantes
concebidos como Investigação Científica, Empreendedorismo, Processos
Criativos e Mediação e Intervenção Sociocultural. Estes Eixos fundamentam
os aprofundamentos de aprendizagens proporcionados pelos cinco itinerários
formativos, que caracterizam a parte flexível do currículo do Novo Ensino
Médio.
Com base nessa reformulação curricular, que já está sendo
implementada em escolas públicas da Rede Estadual de Ensino desde o ano
letivo de 2020, a Secretaria de Estado da Educação (SEDUC/MA),
priorizando estratégias para ampliar os caminhos educacionais já percorridos
pelos estudantes do Ensino Médio, apresenta aos Professores e Estudantes
maranhenses este documento intitulado “Guia de Metodologia da Pesquisa
para Jovens Cientistas”, com intuito de traçar critérios e sistematização
para concretização de uma pesquisa científica e consequentemente o
desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao crescimento
pessoal e profissional.
Assim, concebendo a Pesquisa Científica como forte estratégia para
imersão ao mundo tecnológico e do trabalho, este Manual constitui
F363g Fernandes Júnior, Antonio de Jesus dos Santos; Santos, Marcos Eduardo Miranda.
Guia de Metodologia da Pesquisa para Jovens Cientistas / Antonio de Jesus dos Santos Fernandes Júnior, Marcos Eduardo Miranda Santos. – 1. ed. – São Luís: Even3 Publicações, 2021.
93 p. : il. ; 14,8 cm x 21 cm
Bibliografia. ISBN: 978-65-5941-104-7
1. Ciência. 2. Metodologia. 3. Projetos. 4. Artigos.
I. Título.
CDD 001.42 CDU 001
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Even3 Publicações, PE, Brasil)
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
documento fundamental para despertar o interesse pela produção científica
no âmbito do espaço escolar maranhense. Nesse sentido, almejo que vocês,
professores, o utilizem como um norte para fomentar o espírito investigador
e curioso dos nossos estudantes, favorecendo com isso o exercício do
protagonismo estudantil, por meio do caminhar pelo mundo da pesquisa
como fonte de colaboração para a produção cientifica no estado do
maranhão.
Bom trabalho e excelentes Produções Científicas!
Felipe Camarão
Secretário de Estado da Educação-SEDUC/MA
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
APRESENTAÇÃO
A pesquisa e a ciência constituem fenômenos dinâmicos e criativos
de fundamental relevância para o avanço da humanidade. No contexto
educacional, a pesquisa proporciona aos estudantes a busca contínua por
aprofundamentos em determinada área do conhecimento, o que amplia os
horizontes e os pensamentos, incorrendo no desenvolvimento de novos
saberes.
Caminhando nessa direção, este Guia de Metodologia da Pesquisa
para Jovens Cientistas objetiva orientar professores e estudantes sobre
critérios e sistematização de uma pesquisa científica, de forma a nortear
planejamentos de experimentos, manipulação de variáveis, bem como
tratamento de resultados. O texto está organizado para facilitar a
compreensão e aplicação do método científico, obedecendo a seguinte
estruturação: primeiramente, o manual trata sobre Concepções e
Pressupostos Teóricos da Iniciação Científica, dos Diversos Métodos
Científicos e da Classificação da Pesquisa Científica, como suporte e
fundamentos teóricos aos professores e estudantes.
Em seguida, este Guia aborda sobre os Princípios Éticos em uma
pesquisa científica, enfatizando a consciência e a responsabilidade do
pesquisador com o produto da pesquisa. No tópico a seguir, pontua a Relação
entre Orientando e Orientador, destacando os princípios de diálogo e respeito
mútuo entre os envolvidos para o avanço adequado de uma pesquisa.
Um dos itens de extrema importância constante neste Guia consiste
na apresentação detalhada da estruturação de um Projeto de Pesquisa, que
destaca os passos necessários para elaboração de um Projeto. E por último,
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
há a explanação de modalidades de produção científica, contemplando
orientações sobre elaboração de relatórios, resumos de pesquisa, artigos, bem
como modos de apresentação de um trabalho científico.
Dessa forma, convido a todos e todas a mergulharem na leitura e
apreensão dos escritos expressos neste Guia para que possam encontrar
canais norteadores de grandes trabalhos relativos à pesquisa científica no
âmbito do espaço escolar.
Bom estudo!
André Bello
Secretário Adjunto de Educação Profissional e Integral
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
SUMÁRIO 1 O QUE É INICIAÇÃO CIENTÍFICA? 13
1.1 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS DA INICIAÇÃO
CIENTÍFICA 14
1.1.1 Educar pela Pesquisa na Perspectiva da Iniciação Científica 16
2 O MÉTODO CIENTÍFICO 19
2.1 MÉTODOS GERAIS (ABORDAGEM) 19
2.2 MÉTODOS DE PROCEDIMENTO (DISCRETOS) 23
3 CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS 27
4 PRINCÍPIOS ÉTICOS NA PESQUISA CIENTÍFICA 33
4.1 PLÁGIO 34
5 RELAÇÃO ORIENTANDO-ORIENTADOR 37
5.1 ATRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR 38
5.2 ATRIBUIÇÕES DO ORIENTANDO 39
6 O PROJETO DE PESQUISA 41
6.1 TÍTULO 42
6.2 INTRODUÇÃO 42
6.3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 43
6.4 JUSTIFICATIVA 44
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
6.5 DEFINIÇÃO E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA 45
6.6 HIPÓTESE 45
6.6.1 Características da hipótese aplicável 47
6.7 OBJETIVOS 47
6.8 METODOLOGIA 50
6.8.1 Materiais e método(s) utilizados 50
6.8.2 Coleta de dados 51
6.8.3 Tabulação, apresentação, análise e interpretação dos dados 51
6.8.3.1 Triangulação dos dados 52
6.9 RESULTADOS ESPERADOS 52
6.10 CRONOGRAMA 53
6.11 ORÇAMENTO 54
6.12 REFERÊNCIAS 57
6.13 APÊNDICES E ANEXOS 57
7 MODALIDADES DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA 59
7.1 RELATÓRIO DE PESQUISA 59
7.2 RESUMOS 60
7.2.1 Resumo simples 61
7.2.2 Resumo expandido 63
7.2.3 Algumas dicas para elaborar um resumo acadêmico 64
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
7.3 PÔSTER 65
7.4 ARTIGO CIENTÍFICO 68
7.4.1 Título 70
7.4.2 Identificação do(s) autor(es) 71
7.4.3 Resumo 71
7.4.4 Resumo gráfico 73
7.4.5 Palavras-Chave 74
7.4.6 Introdução 74
7.4.6.1 Como fazer citações? 75
7.4.7 Metodologia 77
7.4.10 Resultados 78
7.4.11 Discussão 80
7.4.12 Conclusão 81
7.4.13 Referências 81
REFERÊNCIAS 83
SOBRE OS AUTORES 87
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
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GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
1 O QUE É INICIAÇÃO CIENTÍFICA?
A Iniciação Científica (IC) é uma modalidade de aprendizagem,
inserida no contexto da Educação Científica e Profissional, que proporciona
ao jovem pesquisador familiaridade com a sistematização de uma pesquisa,
planejamento de experimentos, manipulação de variáveis e tratamento de
resultados (COSTA; ZOMPERO, 2017). É, portanto, um instrumento de
formação de recursos humanos capaz de incentivar e despertar talentos
latentes para o campo de pesquisa e inovação (SCHIAVO, 2015).
Na IC, o aluno (orientando) é acompanhado por um professor
(orientador), e juntos, desenvolvem um projeto de pesquisa, a fim de
encontrar respostas para um determinado problema (ARRUDA, 2007). O
projeto pode ou não ser contemplado com uma bolsa – instrumento de
fomento à formação de recursos humanos, que consiste no financiamento
seletivo aos estudantes vinculados a projetos desenvolvidos pelo professor-
orientador e que são concedidas por agências de fomento a pesquisa1 por
meio de editais ou cotas destinadas às instituições de ensino e pesquisa.
Para aqueles alunos que desejam se dedicar ao desenvolvimento de
Ciência e Tecnologia (C&T), esta primeira imersão na práxis científica ajuda
a identificar habilidades e competências necessárias a um pesquisador.
Vivenciar as etapas necessárias à construção do conhecimento leva o
orientando a pensar de forma integrada, holística e inovadora, refletindo
sobre seu papel como agente social de mudanças em nível local e global.
1 Instituições financeiras, de caráter público ou privado, que financiam pesquisa científica e tecnológica e à formação de recursos humanos para a pesquisa em âmbito regional, nacional ou internacional.
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GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
Além disso, a IC é uma oportunidade para este aluno ter contato com técnicas
e métodos da área para a qual deseja seguir.
A aproximação com o método científico é vantajosa também para
aqueles alunos que não planejam seguir carreira acadêmica; afinal o
conhecimento obtido através de uma IC pode ser extremamente útil em sua
vida profissional, pois refinará sua capacidade de planejamento, análise de
dados e solução de problemas, além de desenvolver seu pensamento crítico,
visão inovadora e capacidade de decisão com base em evidências (MASSI;
QUEIROZ, 2010).
1.1 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS DA INICIAÇÃO
CIENTÍFICA
A Iniciação Científica constitui historicamente atividade acadêmica
ligada ao Ensino Superior, onde estudantes de graduação, mediante ou não
ao pagamento de bolsa, desenvolvem uma pesquisa sob orientação de um
docente. Entretanto, somente a partir de 2003, o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) instituiu o Programa
Nacional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (ICJ), voltado para
estudantes da Educação Básica com o objetivo de despertar a vocação
científica e incentivar talentos potenciais no Ensino Fundamental, Médio e
Profissionalizante da Rede Pública. Assim, em parceria com as Fundações
Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs)2, o CNPq passou a conceder bolsas
2 As Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs) são instituições públicas de fomento à pesquisa acadêmica, inovação tecnológica e empreendedorismo tecnológico por meio do financiamento de projetos de startups. Fazem parte do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) do país (CONFAP, 2021). No Maranhão, a Fundação de
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GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
pelo programa IC-Jr aos estudantes do Ensino Fundamental e Médio, com o
objetivo de propiciar opções de educação científica e tecnológica desde a
Educação Básica (BRASIL, 2006; OLIVEIRA; BIANCHETTI, 2018).
A Iniciação Científica na Educação Básica não possui filiação com
a proposta pensada para o Ensino Superior, pelo fato de não possuir critérios
seletivos para a participação dos estudantes, pois vincula-se organicamente
à dimensão formativo-curricular e além disso, visa proporcionar aos
estudantes a compreensão crítica do processo da pesquisa e seus limites no
enfrentamento dos mais variados problemas vivenciados pela sociedade
(SANTOS, 1996).
Pensar o desafio de educar pela pesquisa na Educação Básica a partir
da Iniciação Científica, justifica-se pela necessidade de uma educação que
contemple a relação teoria/prática voltada para a (re)construção de
conhecimentos e que vá além da instrução, já que o tipo de educação centrada
no mero repasse de conteúdos escolares parece não atender suficientemente
às necessidades do mundo atual (CASTELLS, 2003).
Dessa forma , a pesquisa na escola na perspectiva da Iniciação
Científica representa um meio de promover no sujeito aprendizados que
possibilitem o desenvolvimento da autonomia intelectual, da consciência
crítica (DEMO, 2015), criando medidas que promovam os avanços
necessários para uma educação mais formativa, oferecendo espaços e
condições para a (re)construção e apropriação significativa de
conhecimentos, habilidades, valores e princípios éticos, pelos próprios
Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) é a instituição responsável pelo fomento à pesquisa.
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GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
alunos, de modo que se tornem sujeitos ativos do seu próprio processo de
aprendizagem (FREIBERGER; BERBEL, 2009).
1.1.1 Educar pela Pesquisa na Perspectiva da Iniciação Científica
A educação, centrada na pesquisa, pressupõe um ato de
(des)construção permanente e deve ser entendida como processo de
formação da competência humana com qualidade formal e política,
encontrando-se no conhecimento inovador a alavanca principal da
intervenção da ética (DEMO, 1996). Nesse viés, entende-se que educar pela
pesquisa tem característica de movimento, o que sustenta a prática
profissional docente como forma de conceber a construção do professor em
um processo histórico sempre inacabado (GALIAZZI, 2003).
Nesse contexto, a proposta de educar pela pesquisa na perspectiva
da Iniciação Científica para a Educação Básica, tem pelo menos quatro
pressupostos cruciais de acordo com Demo (2015, p. 7):
● a convicção de que a educação pela pesquisa é a
especificidade mais própria da educação escolar e acadêmica;
● o reconhecimento de que o questionamento reconstrutivo com qualidade formal e política é o cerne do processo de pesquisa;
● a necessidade de fazer da pesquisa atitude cotidiana no professor e no aluno;
● e a definição de educação como processo de formação da competência histórica humana.
Em outras palavras, o diferencial da ciência é o questionamento
reconstrutivo, que apresenta várias características inerentes à pesquisa. A
primeira delas é a discutibilidade do questionamento. Se o questionamento é
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GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
fundamental para se fazer pesquisa, discuti-lo é essencial para a manutenção
do processo de pesquisa. Afinal, a qualidade política do conhecimento
científico faz-se por meio do diálogo aberto e irrestrito, assumindo-se o
caráter político e a subjetividade sempre presente na ciência, porque, se ela
fosse neutra e objetiva, não admitiria o questionamento sistemático,
perdendo assim a condição de discutibilidade. Outro requisito indispensável
ao questionamento reconstrutivo é que ele tenha qualidade formal e política,
ou seja, há de ser formalmente lógico, bem sistematizado, argumentado da
melhor maneira possível, elaborado rigorosamente (DEMO, 1997).
É certo que a pesquisa não é o único caminho para o
desenvolvimento profissional, mas é essencial para a construção da
competência em qualquer prática profissional. Logo, por meio dela, o
professor se profissionaliza porque desenvolve a capacidade de fazer
perguntas, de procurar respostas, de construir argumentos críticos e
coerentes, de se comunicar, de se entender sempre como sujeito incompleto,
e de reiniciar o processo, mas nunca do mesmo lugar. Em síntese, o sujeito
que usa a pesquisa na perspectiva da iniciação científica como processo de
formação permanente do seu fazer pedagógico, desenvolve em seu perfil
profissional e no estudante a capacidade investigativa, a autonomia e a
criatividade (GALIAZZI, 2014).
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
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GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
2 O MÉTODO CIENTÍFICO
O método científico se constitui no caminho de construção do
discurso científico. Ele é a trajetória que o pesquisador percorre para
conhecer o objeto (fenômeno/fato investigado) em busca de construir um
conhecimento racional (DINIZ, 2008).
Entretanto, confunde-se os conceitos usados para os termos método
e metodologia. Método é o caminho ou a maneira para chegar a determinado
fim (RICHARDSON, 2015). Metodologia, por sua vez, deriva de methodos
(do grego, meta = além de, após de + hodos = caminho) e logos
(conhecimento). Assim, metodologia são os procedimentos e regras
utilizadas por determinado método.
Dada a diversidade de métodos, alguns autores costumam classificá-
los em gerais, também denominados de abordagem, e específicos,
denominados discretos ou de procedimento.
2.1 MÉTODOS GERAIS (ABORDAGEM)
Os métodos gerais esclarecem os procedimentos lógicos a serem
seguidos no processo de investigação. Oferecem ao pesquisador normas
genéricas destinadas a estabelecer uma ruptura entre objetivos científicos e
não científicos (ou de senso comum). Podem ser incluídos neste grupo os
métodos dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e
fenomenológico.
● Método Dedutivo: é o método que parte do geral e, a seguir, desce
para o particular. A partir dos princípios, leis ou teorias consideradas
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GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
verdadeiras e indiscutíveis, prediz a ocorrência de casos particulares com
base na lógica. O exercício do pensamento pela razão cria uma operação na
qual são formuladas premissas e as regras de conclusão se denominam
demonstração. Exemplo:
“Todo homem é mortal – (premissa maior)
Pedro é homem – (premissa menor)
Logo, Pedro é mortal” – (conclusão)
● Método Indutivo: é um método responsável pela generalização, isto
é, partimos de algo particular para uma questão mais ampla. De acordo com
Lakatos e Marconi (2007), a indução é um processo mental por intermédio
do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-
se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas.
Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo
conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam.
Por exemplo:
"Todos os cães que foram observados tinham um coração.
Logo, todos os cães têm um coração.”
De acordo com Diniz (2008), o exercício do método indutivo requer
alguns procedimentos por parte do pesquisador, quais:
- Observação sistemática dos fenômenos;
- Elaboração de classificações;
- Construção de hipóteses;
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GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
- Verificação de hipóteses;
- Construção de generalizações;
- Confirmação das hipóteses.
● Método Hipotético-Dedutivo: a aplicação deste método inicia-se
com um problema ou uma lacuna no conhecimento científico, passando pela
formulação de hipóteses e por um processo de interferência dedutiva, o qual
testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela referida
hipótese (PRODANOV, 2013).
Gil (2008) apresenta o método hipotético-dedutivo a partir do
seguinte esquema:
Figura 1. Esquematização dos procedimentos utilizados pelo método hipotético-
dedutivo.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Karl Popper (apud FERREIRA, 1998) propõe que para o exercício
do método hipotético-dedutivo é necessário seguir as seguintes etapas:
- Expectativas e teorias existentes;
- Formulação de problemas em torno de questões teóricas e empíricas;
- Solução proposta, consistindo numa conjectura;
22
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
- Teste de falseamento: tentativa de refutação a partir da observação e
experimentação das hipóteses criadas sobre o(s) problema(s)
investigado(s).
● Método Dialético: empregado na pesquisa qualitativa, é um método
de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Assim, de acordo com
Lakatos e Marconi (2007), o método dialético propõe que o mundo não pode
ser entendido como um conjunto de “coisas”, mas como um conjunto de
processos, em que os fenômenos estão em constante mudança, sempre em
vias de se transformar. A dialética marxista propõe apresentar como se
constitui o empírico, o concreto, partindo de alguns pressupostos dados:
- Ação recíproca, unidade polar ou tudo se relaciona;
- Mudança dialética, negação da negação ou tudo se transforma;
- Passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa;
- Interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.
● Método Fenomenológico: o método fenomenológico não é
dedutivo nem empírico. Propõe-se estabelecer uma base segura, liberta de
proposições, para todas as ciências. Dessa forma, a fenomenologia não se
preocupa, pois, com algo desconhecido que se encontre atrás do fenômeno,
só visa o dado, sem querer decidir se esse dado é uma realidade ou uma
aparência.
23
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
2.2 MÉTODOS DE PROCEDIMENTO (DISCRETOS)
Os métodos de procedimento, também chamados de métodos
específicos ou discretos, estão relacionados com os procedimentos técnicos
a serem seguidos pelo pesquisador dentro de determinada área do
conhecimento. Dessa forma, o(s) método(s) escolhido(s) determinará(ão) os
procedimentos e técnicas a serem utilizados na coleta e análise de dados. Os
métodos de procedimentos mais adotados são: experimental, observacional,
estatístico, monográfico e clínico.
● Método Experimental: consiste em submeter os objetos de estudo
à influência de certas variáveis, em condições controladas e conhecidas pelo
investigador, observando-se os resultados que a variável produz no objeto
(GIL, 2008).
● Método Observacional: é um dos mais utilizados nas ciências
sociais. De acordo com Gil (2008) o método observacional pode ser
considerado como o mais impreciso. Entretanto, pode ser tido como um dos
mais modernos, visto que possibilita o mais elevado grau de precisão nas
ciências sociais.
A diferença entre o método observacional para o experimental se dá
na iniciativa do pesquisador na tomada de providências em relação ao objeto
de estudo. Enquanto no método experimental há interferências no objeto a
partir da interação com parâmetros e variáveis específicos, no método
observacional o pesquisador apenas observa o que acontece ou o que já
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GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
aconteceu. Nesse caso, podem ocorrer interferências dedutivas e indutivas
no estudo em questão, como esquematizado abaixo:
Figura 2. Esquematização dos procedimentos utilizados pelo método
observacional.
Fonte: Elaborado pelos autores.
● Método Estatístico: é o método que se aplica a todas as áreas do
conhecimento e possibilita uma descrição quantitativa do objeto de estudo.
Este método se fundamenta na aplicação da teoria estatística da
probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação científica.
Com base na utilização de testes estatísticos, possibilita-se, em termos
numéricos, a probabilidade de acerto de determinado resultado ou conclusão,
bem como sua margem de erro.
● Método Monográfico (Estudo de Caso): tem como princípio que o
estudo de um caso em profundidade pode ser considerado representativo de
muitos outros ou mesmo de todos os casos semelhantes (GIL, 2008;
PRODANOV, 2013). Esses casos (objetos de pesquisa) podem ser
indivíduos, instituições, grupos, comunidade, etc. Nesse caso, a pesquisa visa
analisar o tema selecionado observando-se os fatores que influenciam,
utilizando-se, preferencialmente, mais de um método de coleta e análise de
dados.
25
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
● Método Clínico: baseia-se numa relação profunda entre pesquisador
e o indivíduo pesquisado. É utilizado, principalmente, na pesquisa
psicológica, cujos pesquisadores são indivíduos que procuram o psicólogo
ou psiquiatra para obter ajuda. É um dos mais importantes na investigação
psicológica, em especial depois dos trabalhos de Freud (GIL, 2008;
PRODANOV, 2013).
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
27
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
3 CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS
A pesquisa científica visa conhecer cientificamente um ou mais
aspectos de determinado assunto. Para tanto, deve ser sistemática, metódica
e crítica. O produto da pesquisa científica deve contribuir para o avanço do
conhecimento humano. Na vida escolar, a pesquisa é um exercício que
permite despertar o espírito de investigação diante dos trabalhos e problemas
sugeridos ou propostos pelo professor orientador (PRODANOV, 2013).
De acordo com Koche (2007), o planejamento de uma pesquisa
depende de inúmeros fatores, tais como o problema a ser estudado, a natureza
e situação espaço-temporal em que se encontra e o nível de conhecimento do
pesquisador em relação ao objeto de estudo. Diante disso, podemos inferir
que existem vários tipos de pesquisa com procedimentos e técnicas de coleta
e análise de dados comuns e com especificidades próprias.
Demo (2000) costuma classificar as pesquisas de acordo com o
gênero que, segundo ele, podem ser:
a) Pesquisa Teórica: dedicada a estudar teorias;
b) Pesquisa Metodológica: ocupa-se dos modos de fazer ciência;
c) Pesquisa Empírica: codifica a face mensurável da realidade social;
d) Pesquisa Prática ou Pesquisa-ação: voltada para intervir na
realidade social.
Entretanto, nenhum tipo de pesquisa é autossuficiente. Na prática,
mesclamos todos, acentuando um ou outro tipo. As formas clássicas são
apresentadas abaixo, conforme descrito por Silva (2004).
28
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
● De acordo com a natureza:
a) Pesquisa Básica: objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o
avanço da ciência sem aplicação prática prevista;
b) Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação
prática dirigidos à solução de problemas específicos.
● De acordo com os objetivos:
a) Pesquisa Exploratória: tem como finalidade proporcionar mais
informações sobre o assunto que está sendo investigado,
possibilitando sua definição e delineamento, a partir do
planejamento flexível que envolve levantamento bibliográfico,
entrevistas e análise de exemplos e casos;
b) Pesquisa Descritiva: visa desenvolver as características de
determinada população ou fenômeno, ou ainda, o estabelecimento
de relações entre variáveis;
c) Pesquisa Explicativa: visa identificar os fatores que determinam ou
contribuem para a ocorrência dos fenômenos, explicando os porquês
das coisas e suas causas, por meio do registro, análise, classificação
e interpretação de fatos.
● De acordo com os procedimentos técnicos:
a) Pesquisa Bibliográfica: quando o levantamento dos dados é feito a
partir da busca em materiais já publicados, como livros, revistas,
29
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
artigos científicos, jornais, boletins, trabalhos de conclusão de curso
(monografias, dissertações e teses), material cartográfico, sites, etc;
b) Pesquisa Documental: baseia-se na coleta de dados acerca do
objeto de estudo em materiais que não receberam tratamento
analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos
da pesquisa;
c) Pesquisa Experimental: quando determinamos um objeto de
estudo, selecionamos as variáveis capazes de influenciá-los,
definimos as formas de controle e de observação dos efeitos que a
variável produz no objeto.
d) Pesquisa Levantamento (survey): ocorre quando envolve a
interrogação direta das pessoas cujo comportamento desejamos
conhecer. Neste caso, os entrevistados representam o próprio objeto
da pesquisa.
e) Pesquisa de Campo: consiste na observação de fatos e fenômenos
tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles
referentes e no registro de variáveis que presumimos relevantes para
analisá-los.
f) Estudo de Caso: consiste em coletar e analisar informações sobre
determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade, a fim de
estudar aspectos variados de sua vida, de acordo com o assunto da
pesquisa. Envolve o estudo profundo de um ou poucos objetos de
maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento. O
estudo de caso, também denominado de método monográfico, é um
tipo de pesquisa qualitativa e/ou quantitativa, onde são necessários
30
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
alguns requisitos básicos para sua realização, entre os quais,
severidade, objetivação, originalidade e coerência.
g) Pesquisa Ex-post-facto: quando o “experimento” se realiza depois
dos fatos. Esse tipo de pesquisa analisa situações que se
desenvolveram naturalmente após algum acontecimento. É muito
usada nas ciências sociais, pois permite investigação de
determinantes econômicos e sociais do comportamento da sociedade
em geral. De acordo com Gil (2008, p. 54), a pesquisa ex-post-facto
pode ser definida como uma investigação sistemática e empírica na
qual o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis
independentes, porque já ocorreram suas manifestações ou porque
são intrinsecamente não manipuláveis;
h) Pesquisa-ação: envolve a associação com uma ação ou com a
resolução de problemas coletivos. O pesquisador e os participantes
trabalham cooperativamente para resolução de um problema com
base em um plano de trabalho previamente definido.
i) Pesquisa Participante: envolve a interação entre pesquisadores e
membros da situação investigada. Intrinsecamente, este tipo de
pesquisa aceita a ideologia como parte das ciências sociais e a
controla via enfrentamento aberto.
● De acordo com a abordagem do problema:
a) Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável,
o que significa traduzir em números opiniões e informações para
31
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
classificá-los e analisá-las, a partir da utilização de técnicas
estatísticas;
b) Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre
o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o
mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser
traduzido em números. Na abordagem qualitativa, a investigação
mantém contato direto com o ambiente e o objeto de estudo em
questão, necessitando de um trabalho mais intensivo de campo.
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
33
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
4 PRINCÍPIOS ÉTICOS NA PESQUISA CIENTÍFICA
Ética na pesquisa tem como princípio único a busca do
conhecimento de forma sistemática, de modo a seguir um padrão ou conjunto
de procedimentos que envolve a observação, identificação, descrição,
investigação experimental, proporcionando replicabilidade de técnicas e
resultados de forma moralmente correta (PRODANOV, 2013; GUILHEM;
DINIZ, 2017). De maneira resumida, significa produzir para reproduzir.
Assim, faz-se necessário destacar alguns princípios que devem ser
observados na produção e na elaboração de uma pesquisa científica, tais
como:
● Pensar na responsabilidade do pesquisador no processo de suas
investigações e produtos;
● O pesquisador deve mostrar-se autor do seu estudo, sendo fiel às
fontes bibliográficas utilizadas no estudo;
● Para ter reconhecimento e mérito científico, o pesquisador brasileiro
deverá seguir as normatizações exigidas pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) ou pelo órgão, revista ou qualquer
outro meio de divulgação científica em que a pesquisa é submetida.
Além disso, é necessário cuidado especial com o plágio, sobre o qual
será discutido a seguir.
34
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
4.1 PLÁGIO
O plágio consiste na apropriação indevida de obras intelectuais de
terceiros sem a devida citação. Isso constitui ato antiético e qualificado como
crime de violação do direito autoral pela lei brasileira, assim como pela
legislação de outros países. Em síntese, é o processo de transcrição parcial
ou integral de obras (livros, artigos, trabalhos acadêmicos, imagens, fotos
etc.), inéditas ou já publicadas, apresentando-as como originais sem o devido
credenciamento.
Na literatura científica, vários autores propõem classificações para
os tipos plágio. Para Garschagen (2006 apud SILVA, 2008) pode ser do tipo:
● Integral (ou direto): copiar uma fonte palavra por palavra sem
indicar que é uma citação e sem fazer referência ao autor.
● Parcial (ou mosaico de plágios): quando o trabalho é um “mosaico”
formado por cópias de parágrafos e frases de autores diversos, sem
mencionar suas obras.
● Conceitual (ou indireto): utilização da ideia do autor escrevendo
de outra forma, porém, novamente, sem citar a fonte original.
Oliveira Araújo (2017, p. 102), além de citar dois tipos já elencados
por Garschagen (2006 apud SILVA, 2008), cita outros:
1. Plágio Direto: cópia literal do texto original. 2. Plágio Indireto: acontece quando o redator elabora uma paráfrase, isto é, apresenta informações de um documento consultado com as próprias palavras, mas não faz a indicação (citação) nem a identificação (referência) da obra original.
35
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
3. Plágio Consentido: são as situações envolvendo conluio, isto é, combinação entre duas ou mais pessoas com o objetivo de obter vantagem em alguma situação. 4. Plágio de Fontes: também acontece plágio quando as citações são imprecisas. Isto pode acontecer deliberadamente quando o redator utiliza as fontes do autor consultado como se tivessem sido consultadas em primeira mão. 5. Autoplágio: caso de trabalhos acadêmicos do mesmo autor que já foram apresentados para avaliação em uma determinada disciplina, curso, revista, etc. e são reapresentados para cumprir exigências acadêmicas ou obter nota como se fossem originais.
Existe ainda plágio de: dados de pesquisas (quantitativos e
qualitativos) sem mencionar a fonte, quando autores citam dados de
instituições ou apurados por outros pesquisadores e atribuem como próprios;
cópia de imagens, fotografias, gráficos, desenhos e outros conteúdos
visuais, quando utilizam material gráfico sem apresentar os créditos de
conteúdos visuais; e fontes inexistentes, quando são inventadas informações
para as quais são atribuídas a uma fonte qualquer, de influência na história
ou em uma área social específica (EVEN3, 2021).
O plágio, além de descredibilizar o autor ou a instituição que
publicou o texto plagiado, também possui implicações legais. A Constituição
Federal (BRASIL, 1988a) prevê, em seu artigo 5º, inciso XXVII, que aos
autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução
de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. Além
disso, o plágio é uma infração direta à Lei 9.610/88 dos Direitos Autorais
(BRASIL, 1988b) e ao Código Penal, nos artigos 7º (Define as obras
intelectuais: “criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas
em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no
futuro), 184º (Define a pena por plágio: “violar direitos de autor e os que lhe
36
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
são conexos: pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa”) e
299º (Define o plágio como crime de falsidade ideológica em documentos
particulares ou públicos) (BRASIL, 1940).
Portanto, para evitar o risco de cometer plágio, os autores devem se
habituar a redigir a partir de suas interpretações ao material consultado,
adicionando as citações indiretas, ou ainda citações diretas, sempre que
utilizar ipsis litteris um texto que não é de sua autoria ou é de sua autoria,
mas já foi publicado anteriormente. Além das citações no texto, é necessário
também incluir o material consultado nas listas de referências.
37
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
5 RELAÇÃO ORIENTANDO-ORIENTADOR
A Iniciação Científica é uma oportunidade para o estudante
vivenciar o dia a dia de um pesquisador, desde a redação de um projeto, a
submissão a editais de fomento, a obtenção de recursos para realização da
pesquisa, as dores e as alegrias do desenvolvimento do trabalho, até a
redação final dos resultados e discussão e apresentação dos dados em um
evento científico.
Para que o processo ocorra a contento, é necessário haver uma
relação de respeito mútuo e diálogo constante entre orientador (professor-
pesquisador) e orientando (aluno-pesquisador). Ferreira, Furtado e Silveira
(2009, p. 171) destacam que “para que este processo seja produtivo, é
necessário que os orientadores e os orientandos conheçam as suas
prerrogativas, constituindo por meio de um relacionamento construtivo o
espaço propício e efetivo para a geração de conhecimento”.
Algumas qualidades são indispensáveis a um orientador, além do
conhecimento e experiência apropriados: profissionalismo, interesse,
flexibilidade, paciência, comunicação, criatividade, respeito, honestidade,
responsabilidade, organização (FERREIRA; FURTADO; SILVEIRA,
2009). Por outro lado, cabe aos alunos orientandos: motivação, objetividade,
curiosidade, entusiasmo, ambição, respeito, autodisciplina e dedicação
(FERREIRA; FURTADO; SILVEIRA, 2009). Além disso, durante a
Iniciação Científica, o estudante deve aproveitar as oportunidades de
desenvolvimento das suas habilidades de pesquisador, que englobam paixão
pelo conhecimento, espírito crítico, inovação, persistência, trabalho em
equipe, estratégia, pró-atividade, comunicação, resiliência, dentre outras.
38
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
Além dos frutos científicos gerados, a relação entre esses dois atores
da pesquisa científica traz diversos outros benefícios. Para o orientando,
resulta em crescimento pessoal, profissional e acadêmico, encorajamento,
direção, desenvolvimento de senso crítico, independência e autoconfiança;
enquanto que para o orientador, há aumento da satisfação pessoal, estímulo,
oportunidade de manter-se atualizado em termos de técnicas e conhecimento
e aumento da habilidade para atrair novos colaboradores para projetos atuais
e futuros (FERREIRA; FURTADO; SILVEIRA, 2009). Abaixo destacamos
as principais atribuições de orientadores e orientandos durante o
desenvolvimento de um projeto de Iniciação Científica.
5.1 ATRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR
● Estar adimplente com a FAPEMA;
● Ter Currículo atualizado na Plataforma Lattes3;
● Submeter projeto de iniciação científica para órgãos de fomento e/ou
outras instituições de apoio a C&T;
● Orientar o aluno-pesquisador quanto ao embasamento teórico
necessário para desenvolver o projeto;
● Cumprir o cronograma de acompanhamento previsto no projeto
quanto à metodologia a ser utilizada na sua execução;
● Supervisionar e orientar o aluno-pesquisador na elaboração dos
relatórios parcial e final;
3 A Plataforma Lattes é um sistema de informação mantido pelo governo federal para gerenciar informações sobre Ciência, Tecnologia e Inovação relacionadas a pesquisadores individuais e Instituições de Ensino e Pesquisa no Brasil.
39
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
● Encaminhar os relatórios parciais e finais dos alunos juntamente com
parecer do orientador dentro do prazo estabelecido à agência de
fomento financiadora do projeto;
● Supervisionar e orientar o aluno-pesquisador na apresentação de
trabalhos de iniciação científica em seminários e congressos;
● Participar do Seminário de Iniciação Científica (SEMIC);
● Comunicar à agência de fomento e à Coordenação de Inovação da
Rede de Ensino em Tempo Integral qualquer alteração no projeto;
● Cumprir os prazos estabelecidos pela agência de fomento e
Coordenação de Inovação.
5.2 ATRIBUIÇÕES DO ORIENTANDO
● Criar um Currículo na Plataforma Lattes com o auxílio do
orientador;
● Estudar o projeto do orientador e seu plano de trabalho;
● Desenvolver o hábito da leitura científica;
● Realizar pesquisa bibliográfica em revistas científicas sobre o tema
de sua pesquisa;
● Participar de todos os encontros de orientação propostos pelo
orientador;
● Solicitar encontros presenciais ou virtuais com o orientador sempre
que tiver dúvidas ou dificuldades no desenvolvimento da pesquisa;
● Fazer bom uso dos recursos necessários para o desenvolvimento do
plano de trabalho disponibilizados pelo orientador e pela instituição;
40
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
● Discutir os resultados obtidos junto com o orientador, tirando
dúvidas e preparando-se para escrever a finalização do trabalho;
● Elaborar os relatórios parcial e final e a apresentação dos resultados;
● Cumprir o cronograma do plano;
● Informar ao orientador em caso de imprevistos ou atrasos;
● Cumprir os prazos estabelecidos pela agência de fomento;
● Entregar relatórios e apresentações com antecedência para o
orientador fazer as correções necessárias;
● Elaborar e apresentar, sob orientação do professor, trabalhos em
eventos técnico-científicos ou congressos;
● Participar do Seminário de Iniciação Científica (SEMIC)
apresentando os resultados da sua pesquisa, bem como assistindo
outras apresentações e participando de oficinas e palestras.
41
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
6 O PROJETO DE PESQUISA
A pesquisa científica, como já foi dito, é a construção de
conhecimento original de acordo com certos critérios e exigências
científicas, como a coerência, consistência, originalidade e objetivação.
Partindo-se disto, o projeto de pesquisa representa a estruturação e
organização de um trabalho de pesquisa que será executado para responder
a um problema específico e bem definido, respeitando-se o tempo para
execução e os recursos financeiros disponíveis (PRODANOV, 2013).
De acordo com Gil (2002), como as pesquisas diferem muito entre
si, não se pode falar num roteiro rígido para elaboração de projetos de
pesquisa. Assim, é desejável que uma pesquisa científica preencha os
seguintes requisitos: a existência de uma pergunta a que desejamos
responder, a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à
resposta e a indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida.
Em linhas gerais, os itens que compõem o texto de um projeto de
pesquisa dependem de suas finalidades, pois este pode referir-se a uma
pesquisa acadêmica ou profissional, pode destinar-se à qualificação de um
candidato em um seletivo e pode destinar-se também à solicitação de
financiamento para a pesquisa. Abaixo segue um modelo relativamente
flexível, mas que considera os itens essenciais e possibilita a observância das
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (GIL, 2002).
42
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
6.1 TÍTULO
O título é a delimitação do tema para torná-lo viável. A escolha do
tema é a primeira etapa da pesquisa e leva em consideração a capacidade e a
formação do pesquisador, as experiências e vivências profissionais, os
conhecimentos anteriores e a relevância da pesquisa.
Na sequência, delimita-se o tema da pesquisa, ou seja, o enfoque
específico do estudo. Delimitar o assunto significa selecionar um tópico ou
a parte dele que desperta maior interesse por parte do pesquisador, como
também da comunidade acadêmica e profissional, indicando assim sob que
ponto de vista o assunto será centralizado (PRODANOV, 2013).
6.2 INTRODUÇÃO
A introdução é a primeira seção do projeto e representa uma visão
global do problema e seu status dentro da área de estudo. Seu objetivo é situar
o leitor no contexto do tema pesquisado e esclarecer as delimitações
estabelecidas na abordagem do assunto.
De forma sucinta, os objetivos do trabalho, as razões de sua
realização, o enfoque dado ao assunto e sua relação com outros estudos
devem aparecer na introdução, que pode ser elaborada de forma corrente ou
apresentar subseções (GIL, 2002).
43
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
6.3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica, também chamada de revisão de literatura,
é a contextualização teórica do problema e seu relacionamento com o que
tem sido investigado a seu respeito. Deve esclarecer, portanto, os
pressupostos teóricos e as contribuições proporcionadas por pesquisas
anteriores. Essa fundamentação não pode ser constituída apenas por
referências ou sínteses, mas por discussão crítica sobre o estado atual do
estudo ou da tecnologia apresentada pela pesquisa, daí falar-se também em
Estado da Arte (GIL, 2002).
A fundamentação teórica deve responder as seguintes perguntas:
quem já escreveu e o que já foi publicado sobre o assunto, que aspectos já
foram abordados e quais as lacunas existentes na literatura. Para isto, deve-
se seguir os seguintes procedimentos bem específicos:
● Coleta de dados: de posse do tema, nesta etapa da fundamentação
teórica faz-se a busca de uma bibliografia sobre o assunto em fichários,
catálogos, livros, artigos, papers, etc.
● Localização das informações: tendo em mãos as obras identificadas
como fontes prováveis, procura-se localizar as informações úteis através
das leituras, que seguem a sequência:
a) Leitura Prévia: busca a partir de índices e sumários para uma
seleção de obras que serão examinadas mais detalhadamente;
44
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
b) Leitura Seletiva: objetiva verificar, mais atentamente, as obras que
contém informações úteis para o trabalho, a partir de títulos,
subtítulos, conteúdo das partes e dos capítulos;
c) Leitura Crítica/Analítica: objetiva a intelecção do texto e a
apreensão conteúdo;
d) Leitura Interpretativa: procura-se estabelecer relações, confrontar
ideias, refutar ou confirmar opiniões a partir da comparação com a
literatura conflitante e a literatura similar.
6.4 JUSTIFICATIVA
A justificativa do projeto objetiva convencer o leitor a comprar ou
aceitar a proposta. Assim, nesta etapa, refletimos sobre “o porquê” da
realização da pesquisa, procurando identificar as razões que levaram o
pesquisador a investigar o objeto em questão. Dessa forma, na escrita da
justificativa, devem constar:
a) Razões de ordem teórica e prática que tornam relevantes para a
execução da proposta, sua relação com a experiência profissional ou
acadêmica do autor e sua vinculação com área do conhecimento ou
linhas de pesquisa;
b) Apresentar argumentos que demonstram a originalidade da proposta
de execução;
c) Expor de forma clara e objetiva a importância da temática e da
pesquisa, fazendo referência a sua possível contribuição para o
conhecimento e alguma questão teórica e prática ainda não solucionada;
45
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
d) Demonstrar exequibilidade, aplicabilidade e otimização na execução
da pesquisa.
6.5 DEFINIÇÃO E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
Este item apresenta de forma clara o problema que se pretende
responder com a pesquisa, assim como sua delimitação espacial e temporal.
Cabe também esclarecer o significado dos principais termos envolvidos pelo
problema, sobretudo quando podem assumir significados diversos em
decorrência do contexto em que são estudados ou do quadro do referencial
adotado (GIL, 2002).
Definir o problema é, de acordo com Prodanov (2013), explicitar de
forma clara e objetiva, compreensível e operacional, a dúvida com a qual o
pesquisador defronta-se e tenta resolver. Uma vez identificado, estudado e
bem definido, o problema representa a mola propulsora da pesquisa e sua
projeção, pois significa de forma concreta a importância para a execução da
proposta.
O problema de pesquisa aparece algumas vezes como um item
destacado no projeto escrito. Entretanto, algumas vezes o edital/instituição
para o qual o projeto será submetido não o exige, porém faz-se necessário
sua apresentação na justificativa. Vale ressaltar, neste caso, a estrita atenção
do pesquisador na leitura do edital que pretende captação de recursos.
6.6 HIPÓTESE
Como foi dito, a pesquisa científica se inicia sempre com a
colocação de um problema solucionável. Posteriormente, mediante uma
46
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
proposição, pretende-se responder ao problema de pesquisa. A essa possível
resposta dá-se o nome de hipótese (GIL, 2002).
Para a elaboração de uma hipótese, o pesquisador utiliza a
criatividade e sua experiência na área. Entretanto, diversas outras fontes são
utilizadas para se chegar a este fim. Dentre elas, Gil (2009) e Prodanov
(2013), destacam:
● Observação: procedimento fundamental na construção de hipóteses.
Fornece indícios para a solução dos problemas propostos pela ciência a
partir do estabelecimento assistemático de relações entre os fatos do dia
a dia.
● Resultados de outras pesquisas: as hipóteses elaboradas com base nos
resultados de outras investigações geralmente conduzem a
conhecimentos mais amplos do que aos obtidos apenas por observação.
Daí a necessidade de uma boa fundamentação teórica, pois os resultados
dessas hipóteses passam a gozar de significativo grau de confiabilidade.
● Teorias: as hipóteses elaboradas a partir de teorias proporcionam ligação
clara com um conjunto mais amplo de conhecimentos das ciências.
● Intuição: assim como a história da ciência registra importantes
descobertas através da intuição, também podem ser elaboradas hipóteses
a partir de simples palpites intuitivos. Porém, por sua própria natureza,
este mecanismo não deixa claro as razões que o determinaram, tornando-
se, dessa forma, difícil de ser avaliado.
47
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
6.6.1 Características da hipótese aplicável
De acordo com Gil (2002), algumas características são
imprescindíveis para que a hipótese seja testada e aplicada na pesquisa,
dentre elas:
a) Ser conceitualmente clara;
b) Ser específica (identificar o que deve ser observado);
c) Ter referências empíricas (verificáveis);
d) Ser parcimoniosa (simples);
e) Relacionar-se com técnicas disponíveis (viáveis).
6.7 OBJETIVOS
O objetivo do projeto de pesquisa refere-se à própria significação da
tese proposta pela pesquisa e à colocação dos propósitos relacionados com o
problema de pesquisa.
A definição do objeto de estudo e os objetivos do trabalho definem
o tipo, a natureza do estudo e os métodos que serão utilizados para se chegar
à resolução do problema de pesquisa.
Assim, o objetivo geral é a síntese do que pretendemos alcançar com
o projeto, e os objetivos específicos explicitarão os detalhes e serão um
desdobramento do objetivo geral, ou seja, representam etapas únicas e
estreitamente interligadas, que juntas, alcançam o objetivo maior da
pesquisa.
Os enunciados dos objetivos devem começar com um verbo no
infinitivo e esse verbo deve indicar uma ação possível de mensuração. A
48
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
seguir, estão listados alguns verbos que podem ser usados para elaboração
dos objetivos de um projeto, de acordo com seus domínios cognitivos. No
quadro abaixo apresentamos uma lista de verbos que podem ser usados na
redação dos objetivos de um projeto de pesquisa, a partir dos níveis de
complexidade crescente dos processos mentais.
Quadro 1. Principais verbos para objetivos de acordo com os níveis de
complexidade crescente dos processos mentais.
Níveis de complexidade crescente dos processos
mentais
Objetivo Verbos
Conhecimento Identificar a informação
Apontar, definir, enunciar, inscrever, marcar,
sublinhar, etc.
Compreensão Compreender a informação
Descrever, discutir, esclarecer, examinar,
explicar, identificar, etc.
Aplicação Recolher e aplicar Aplicar, demonstrar, empregar, ilustrar,
interpretar, manipular
Análise Estruturar a informação
Analisar, diferenciar, calcular, classificar,
criticar, investigar, etc.
Síntese Recolher e relacionar Articular, coordenar, compor, criar, formular,
propor, etc.
Avaliação Realizar julgamentos Apreciar, eliminar,
49
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
de valor estimar, avaliar, validar, valorizar, etc.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Resumidamente, os objetivos:
● Relacionam-se com a visão global do tema (objetivo geral) e com os
procedimentos práticos (objetivos específicos).
● Indicam o que pretendemos conhecer, ou medir, ou provar no decorrer
da pesquisa, ou seja, as metas que desejamos alcançar.
● A formulação dos objetivos deve ser precisa, com uso dos verbos no
infinitivo.
No quadro abaixo, apresentamos as principais diferenças entre os
objetivos geral e específicos.
Quadro 2. Diferenças básicas entre os objetivos geral e específicos.
Objetivo Geral Objetivos Específicos
Remete à conclusão do trabalho de pesquisa
São mais simples e concretos
Enunciado mais amplo, que expressa uma filosofia de ação
São alcançáveis em menor tempo e apresentam desempenhos
observáveis
Deve ser buscado a partir do título/delimitação e/ou conclusão
São os passos desenvolvidos para alcançar o objetivo geral
50
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
Devem ser buscados na estrutura do trabalho (etapas e/ou capítulos)
Fonte: Elaborado pelos autores.
6.8 METODOLOGIA
O projeto de pesquisa depende de um conjunto de procedimentos e
técnicas para que seus objetivos sejam alcançados. Assim, a metodologia é a
seção que compreende todos esses procedimentos e técnicas, relacionados a
um ou vários métodos específicos de cada pesquisa, isto é, representa o
delineamento básico (design) da pesquisa.
Dessa forma, a metodologia deve apresentar os seguintes itens:
● Materiais e Método(s) utilizado (s) de acordo com a natureza da
pesquisa;
● Definição das técnicas para a aquisição dos dados de acordo com
o(s) método (s);
● Plano de coleta de dados;
● Plano de apresentação, análise e interpretação dos dados.
6.8.1 Materiais e método(s) utilizados
O pesquisador deverá descrever todos os recursos necessários para a
realização da pesquisa, o(s) laboratório(s) disponíveis, os recursos
necessários (reagentes e instrumentos), bem como o(s) método(s) que
será(ão) eficaz(es) para a sua execução, a partir das seguintes características
da investigação:
51
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
● natureza da pesquisa (básica ou aplicada);
● método científico (dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo,
dialético, fenomenológico, etc.);
● objeto de estudo (exploratória, descritiva ou explicativa);
● procedimento técnico (pesquisa bibliográfica, documental,
experimental, levantamento, estudo de caso, pesquisa ex-post-facto,
pesquisa-ação, pesquisa participante) e;
● tipo de abordagem (qualitativa ou quantitativa).
6.8.2 Coleta de dados
Chamamos de coleta de dados a fase do método de pesquisa cujo
objetivo é obter informações da realidade. Nessa seção da metodologia, o
pesquisador deverá informar ao leitor como pretende obter os dados de que
precisa para responder ao problema.
Deverá ser evidenciado o procedimento para coleta, a população
(universo da pesquisa), a amostragem e seus critérios, os instrumentos para
a coleta de dados e seu pré-teste, o plano para organização (tabulação),
análise e interpretação dos dados.
6.8.3 Tabulação, apresentação, análise e interpretação dos dados
Nesta etapa são utilizados recursos manuais e computacionais para
organizar os dados coletados na pesquisa. A partir do trabalho prévio de
tabulação, os dados poderão ser tratados com cálculos estatísticos, tabelas,
gráficos, e quadros para apresentação. Todo esse procedimento deve ser
52
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
descrito de forma minuciosa na metodologia da proposta, para que os
revisores do projeto identifiquem as técnicas que serão abordadas.
A análise e interpretação dos dados consistirá na etapa analítica e
descritiva. Deve ser feita e planejada a fim de atender aos objetivos da
pesquisa e para comparar e confrontar dados e provas com o objetivo de
confirmar ou rejeitar a(s) hipótese(s) ou os pressupostos da pesquisa.
6.8.3.1 Triangulação dos dados
A triangulação de dados, em sua acepção mais simples, consiste em
utilizar dois ou mais métodos para verificar se os resultados obtidos são
semelhantes, para confirmar a veracidade e confiabilidade dos resultados
(GIL, 2010).
De maneira simples, é um procedimento típico de análise e
interpretação de dados, ou seja, após o processo de coleta e tabulação,
recorre-se à triangulação de dados enquanto procedimento de comparação
entre os dados oriundos de diferentes fontes no intuito de tornar mais
convincentes e precisas as informações obtidas. As triangulações ainda
podem ser vistas através da utilização de diferentes métodos sobre um
mesmo objeto (PRODANOV, 2013).
6.9 RESULTADOS ESPERADOS
Este item dependerá do edital ao qual será submetido o projeto de
pesquisa. Em alguns casos ele é omitido, entretanto, alguns órgãos de
fomento o exigem, necessitando-se de atenção especial ao edital.
53
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
Em síntese, é a seção em que o pesquisador apresentará os resultados
que pretende alcançar com o término da proposta. Enquanto os objetivos
específicos situam resultados em etapas metodológicas e cronologicamente
definidas, os resultados esperados representam as respostas que o
pesquisador deseja obter ao término da execução da proposta. As
informações ditas serão corroboradas com o Relatório Final do projeto.
6.10 CRONOGRAMA
A pesquisa deve ser dividida em etapas, e deve-se fazer a previsão
do tempo necessário para a realização de cada uma delas, dentro do tempo
limite estabelecido previamente no Edital.
É necessário observar que determinadas partes podem ser
executadas simultaneamente, mas existem outras que dependem de etapas
anteriores, como é o caso da análise e interpretação, cuja realização depende
da coleta e tabulação dos dados.
Geralmente os cronogramas são divididos em meses. Mas há casos
em que o pesquisador deverá dividir por bimestres, trimestres, etc. O quadro
abaixo, apresenta uma sugestão para elaboração de um Cronograma de
Execução de seis meses.
Quadro 3. Modelo de Cronograma de Execução.
Etapa/Mês 01 02 03 04 05 06
Escolha do Tema X
Revisão de Literatura X
54
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
Coleta de Dados (Definir os procedimentos, por exemplo, entrevista, aplicação de questionários, visitas técnicas, testes laboratoriais, etc)
X X
Redação Final (Relatório Final, Dissertação ou Tese)
X
Apresentação do Trabalho Final (casos eja necessário apreciação por uma banca avaliativa)
X
Fonte: Elaborado pelos autores.
6.11 ORÇAMENTO
É o item do projeto que distribui os gastos previstos com a pesquisa
tanto com relação ao pessoal quanto com relação ao material.
a) pessoal: considerar todos os elementos que devem ser computados,
os seus gastos, quer globais, mensais, semanais ou por hora/atividade,
incluindo os programadores de computador;
b) material, subdivididos em:
● elementos consumidos no processo de realização da pesquisa, como
papel, canetas, lápis, cartões, hora/computador, datilografia, xerox,
impressão, encadernação, etc.;
● elementos permanentes, cuja posse pode retornar à entidade
financiadora, ou podem ser alugados, computadores, calculadoras,
etc.
55
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
Geralmente o orçamento é apresentado em tabela, com detalhamento
das despesas por valor unitário e valor total e, em moeda estabelecida
conforme o edital. Alguns exemplos de recursos financiáveis por agências
de fomento:
● Recursos materiais;
● Materiais de consumo;
● Revisão, formatação, artes gráficas, etc (caso seja necessário ou
contempladas pelo edital de fomento);
● Equipamentos;
● Outras especificidades de cada projeto de pesquisa.
Quadro 4. Modelo de Orçamento para um projeto de pesquisa.
MATERIAL PERMANENTE
Descrição Quantidade Valor unitário (R$) Total
Computador 2 2.500,00 5.000,00
Impressora 1 3.000,00 3.000,00
Projetor Data-Show 2 1.800,00 3.600,00
TOTAL 6.600,00
MATERIAL DE CONSUMO
Descrição Quantidade Valor unitário (R$) Total
Pen-drive 4 15,00 60,00
56
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Papel A4 5 20,00 100,00
Cartucho de Tinta 3 45,00 135,00
TOTAL 295,00
SERVIÇO DE TERCEIROS
Descrição Quantidade Valor unitário (R$) Total
Formatação 1 200,00 200,00
Revisão Textual 1 200,00 200,00
Xerox 300 0,50 150,00
TOTAL 550,00
CUSTO TOTAL 7.445,00
Fonte: Elaborado pelos autores.
Dependendo do edital, pode ser exigido uma justificativa para cada
um dos itens orçados. Nesse caso, faz-se necessário inserir uma coluna de
justificativa na tabela acima.
57
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
6.12 REFERÊNCIAS
Abrange livros, artigos, periódicos, jornais, monografias, CDs, sites,
etc., enfim, todas as publicações utilizadas para o desenvolvimento do
projeto e embasamento teórico da pesquisa.
As obras utilizadas/consultadas para a elaboração do projeto e as
fontes documentais previamente identificadas que serão necessárias à
pesquisa devem ser citadas no corpo do texto e referenciadas ao final, em
ordem alfabética e conforme a Norma Brasileira (NBR) 6023 da Associação
Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT, 2002a).
6.13 APÊNDICES E ANEXOS
Representam elementos opcionais em um projeto de pesquisa, porém
com algumas diferenças:
a) Anexo: constituem-se em suportes para a fundamentação,
comprovação, explicação e ilustração do texto. São elementos não
elaborados pelo autor e devem ser destacados no texto para evitar uma
ruptura em sua sequência.
b) Apêndice: trata-se de um documento, texto, artigo ou outro material,
elaborado pelo próprio autor, e que se destina apenas a contemplar as ideias
desenvolvidas no decorrer do trabalho.
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
59
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
7 MODALIDADES DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA
7.1 RELATÓRIO DE PESQUISA
O Relatório de Pesquisa é um documento que contém um relato de
experiências vivenciadas, ações desenvolvidas, resultados alcançados,
análise comparativa da teoria com a prática, sugestões de melhoria e outras
informações exigidas pela instituição de ensino, empresa ou órgão de
fomento (PRODANOV, 2013).
Além de está relacionado a um projeto de iniciação científica, de
pesquisa ou estágio, o Relatório de Pesquisa visa, pura e simplesmente,
documentar o desenvolvimento do projeto, no sentido de apresentar
metodologias utilizadas, descrever procedimentos técnicos, atividades
específicas e apreciar resultados (parciais ou finais) obtidos dentro do prazo
estabelecido.
Abaixo, são apresentados os principais elementos de um Relatório
de Pesquisa.
a) apresentação: capa e folha de rosto;
b) introdução: inclui objetivos, justificativas e hipóteses
trabalhadas;
c) metodologia: inclui técnicas utilizadas, universo (população) da
pesquisa e amostra;
d) embasamento teórico: teoria que sustenta o trabalho,
levantamento de estudos já realizados sobre o assunto e definição de
conceitos;
e) apresentação dos dados coletados e a respectiva análise;
60
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
f) interpretação dos dados coletados e analisados;
g) conclusão: decorrência natural da análise e interpretação dos
dados;
h) recomendações e sugestões: indicações práticas extraídas das
conclusões;
i) apêndice: materiais ilustrativos elaborados pelo autor do
relatório;
j) anexos: materiais ilustrativos não elaborados pelo autor do
relatório;
k) referências: relação das obras e dos documentos consultados,
de acordo com as normas atuais da ABNT (2002a).
7.2 RESUMOS
Dentre os tipos de produção científica, os resumos talvez sejam
aqueles mais conhecidos, tanto no contexto tradicional, quanto acadêmico. É
comum os professores pedirem aos seus alunos resumos de textos, aulas,
filmes, documentários, livros, etc. No contexto científico, o resumo é uma
modalidade de divulgação dos resultados de uma pesquisa em eventos
científicos ou ainda uma síntese de informações que acompanha outras
modalidades de produção científica (artigos, monografias, entre outros).
A Norma Brasileira (NBR) 6028 da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT, 2003) discorre sobre o último tipo de resumo
citado no parágrafo anterior. Nela, um resumo é definido como a
apresentação concisa dos pontos relevantes de um documento (ABNT,
2003). Segundo Xavier (2012, p. 88), um resumo é “um texto-derivado, [que]
61
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
só existe em função de um texto-fonte” e que deve ser, portanto, conciso,
direto e condensado.
Os resumos apresentados em eventos são uma importante estratégia
para o pesquisador divulgar seus dados parciais e/ou finais para a
comunidade acadêmica e sociedade em geral, sem correr perigo de ter seu
trabalho plagiado.
É importante destacar que resumos apresentados em eventos estão
sujeitos às normas de submissão do próprio evento. Por isso, antes de
submeter um resumo a qualquer evento, o autor deve ler cuidadosamente (e
quantas vezes for necessário) as normas de submissão do mesmo, de modo a
evitar uma possível rejeição do seu trabalho por falhas no escopo ou
formatação. Em geral, esse tipo de resumo pode ser encontrado em dois
formatos: resumo simples e resumo expandido.
7.2.1 Resumo simples
Os resumos simples são aqueles que os estudantes estão mais
habituados a produzir. No âmbito de uma publicação, ele é encontrado de
duas formas: como modalidade de submissão de trabalhos em eventos
científicos, ou como uma importante seção em trabalhos acadêmicos
convencionais. As explicações dadas a seguir consideram ambos os
formatos, pois embora tenham finalidades diferentes, os aspectos
relacionados à construção não diferem entre eles.
Em artigos, trabalhos de conclusão de curso, projetos e relatórios,
geralmente o resumo antecede o texto principal. Por isso, costumam ter, no
máximo, 300 palavras ou uma página. O texto deve ser escrito de forma clara
e objetiva, preferencialmente na terceira pessoa e em voz ativa.
62
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
Assim como já mencionado, um resumo deve compilar os pontos
mais relevantes de um texto. Nele devem constar as informações principais
dos itens básicos (introdução, metodologia, resultados, discussão e
conclusão) da estrutura de um texto científico. Devido ao limite de
caracteres, é comum alguns autores suprimirem no resumo itens como
introdução e discussão; no entanto, o objetivo, o método, os resultados e as
conclusões do texto resumido precisam obrigatoriamente estar no corpo do
resumo.
Acompanhando o texto de um resumo acadêmico encontram-se as
palavras-chave: expressões compostas por uma ou mais palavras que
facilitam a busca por materiais em sites de busca ou bancos de dados. Em
geral, eventos e revistas científicas exigem um mínimo de três e um máximo
de seis palavras-chave. É importante que elas sejam diferentes dos termos já
colocados no título do trabalho, pois isso aumenta suas chances de
visibilidade.
Além disso, revistas nacionais solicitam também um resumo (bem
como título e palavras-chave) em uma língua estrangeira. Os idiomas mais
recorrentes são inglês e espanhol. Caso o autor não tenha domínio na língua
estrangeira solicitada, deve buscar ajuda de tradutores. O uso de tradutores
online (Google Tradutor, por exemplo) só deve ser feito se o texto for
posteriormente revisado por profissionais. Não se deve utilizar o texto ipsis
litteris, pois as ferramentas online desconsideram normas gramaticais. O
resumo em língua estrangeira deve vir logo após o resumo em língua
vernácula, seguindo a mesma formatação.
63
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
7.2.2 Resumo expandido
Outra modalidade de trabalho acadêmico submetida em eventos
científicos é o resumo expandido. Apesar do que comumente se pensa, este
tipo de resumo não é apenas uma versão mais extensa do resumo simples,
mas um relato estruturado e sistemático do trabalho desenvolvido e com
conteúdo mais abrangente que um resumo simples, porém menos detalhado
que um artigo científico. Geralmente, possuem entre três a cinco páginas,
mas isso pode mudar de um evento científico para outro.
No resumo expandido, os conteúdos são divididos nas seções
clássicas de um trabalho acadêmico (Introdução, Metodologia, Resultados,
Discussão e Conclusão). Diferente do resumo simples, aqui é obrigatório
incluir a introdução e discussão do estudo que está sendo resumido,
fundamentadas na literatura científica, a qual deve ser devidamente incluída
na lista de referências. Uma seção de agradecimentos também pode ser
incluída nesse texto. É importante lembrar que um resumo expandido não é
um artigo científico, por isso cada item deve apresentar de forma concisa as
principais ideias, necessárias para a compreensão do estudo.
Outros elementos que podem ser inseridos no resumo expandido são
as figuras e tabelas. Consideram-se figuras os desenhos, mapas, esquemas,
gráficos, fórmulas, modelos, fotografias, diagramas, fluxogramas,
organogramas, entre outros (ABNT, 2011). Estes elementos ajudam o leitor
a entender o texto e não devem repetir informações já inseridas nele. Devem
seguir a formatação indicada pelo evento em suas normas de submissão e,
quando não especificado, as normas da ABNT e do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
64
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
7.2.3 Algumas dicas para elaborar um resumo acadêmico
● Em um resumo simples, é imprescindível apresentar o objetivo, o
método, os resultados e as conclusões do estudo.
● O texto do resumo simples e expandido deve ser corrido, formado
por frases concisas, afirmativas, simples e coerentes e, de
preferência, em parágrafo único.
● Utilize verbos na voz ativa e na 3ª pessoa do singular (ele).
● Escolha um tempo verbal para elaborar o resumo e permaneça nele.
Geralmente, resumos de textos acadêmicos são escritos no pretérito
do indicativo.
● Não aborde as informações do resumo simples em tópicos, a não ser
que seja exigido pela revista ou evento científico. Essa divisão é
mais apropriada para o resumo expandido.
● Inclua palavras-chave logo abaixo do resumo, antecedidas da
expressão: “Palavra-chave:” separadas entre si por ponto e
finalizadas também por ponto.
● O número de palavras-chave recomendado é de, no mínimo, três e
de, no máximo, seis. Porém o ideal é checar as normas do evento,
revista científica ou instituição onde irá aplicar o resumo.
● Evite apresentar citações bibliográficas, tabelas, quadros ou
esquemas no seu resumo simples. Resumos expandidos, entretanto,
aceitam estes elementos.
65
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
7.3 PÔSTER
O pôster científico é uma modalidade de apresentação de trabalhos
acadêmicos para divulgação científica que utiliza instrumento visual que, de
maneira sucinta, expõe os resultados completos ou parciais de uma pesquisa
para a sociedade por meio de eventos como congressos, workshops,
simpósios, etc. Através dele, é possível apresentar informações verbais por
meio de fotografias, tabelas e gráficos.
A apresentação de pôsteres é uma das formas de participação mais
comuns em eventos científicos, sendo a primeira experiência de jovens
pesquisadores na divulgação de sua pesquisa. Assim como acontece com os
resumos, eles devem ser elaborados seguindo as diretrizes do evento ou da
instituição de ensino onde serão expostos.
Normalmente os pesquisadores costumam dividir o pôster nas
seções tradicionais de um trabalho acadêmico (introdução, metodologia,
etc.); no entanto, os eventos costumam dar maior liberdade para os
participantes personalizarem seus pôsteres conforme sua vontade. Por isso,
criatividade e domínio de conhecimentos básicos de softwares de criação de
apresentações (como o Microsoft PowerPoint) e de edição de imagens são
essenciais para a criação de um bom pôster.
É importante parcimônia na escolha dos elementos que comporão o
pôster. Exageros na escolha de imagens, fontes de texto ou plano de fundo
podem deixar o pôster visualmente poluído. Além disso, por se tratar de um
trabalho acadêmico, deve-se utilizar linguagem formal nas seções textuais.
Um pôster não é um resumo, artigo ou relatório científico. Por isso,
não se deve apenas transcrever o texto submetido ao evento. O uso de textos
66
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
deve ser mínimo, somente quando necessário. A elaboração do pôster é um
exercício da capacidade de síntese. Recomenda-se no máximo 800 palavras.
A apresentação de um pôster deve durar em média cinco minutos.
Geralmente os pôsteres são impressos em lona ou em plástico, mas
como dificilmente são utilizados mais de uma vez (isso porque a
apresentação do mesmo trabalho em vários eventos científicos configura
autoplágio, sem contar que muitos eventos exigem layouts personalizados),
uma alternativa sustentável é a impressão em papel-cartão ou semelhantes.
É mais comum serem confeccionados na posição vertical, porém também
podem ser encontrados na posição horizontal (principalmente em congressos
internacionais). Em relação às medidas, geralmente se exige tamanho de 90
x 60 cm ou 90 x 120 cm.
Deve-se evitar fundos escuros e muitas combinações de cores, pois
eles tornam a leitura do pôster mais difícil. Fundos brancos são preferíveis.
O uso de muitas logomarcas no pôster também pode poluí-lo visualmente.
Portanto, deve-se colocar apenas as essenciais. Alguns eventos optam por
colocar os logos no topo do pôster e outros, no final. Por isso é importante
atenção às normas.
Recomenda-se fontes sem serifa (Ex.: Helvetica) para o título e
subtítulo e fontes com serifa (ex.: Palatino) para o corpo do texto. As fontes
com serifa são mais fáceis de ler em tamanhos pequenos. O espaçamento
entre linhas utilizado no corpo do texto também requer atenção.
Espaçamento simples (1,0) tende a deixar o texto alinhado demais, o que
dificulta a leitura. Por isso, espaçamentos de 1,5 ou duplos são preferíveis. É
imprescindível padronizar fontes e espaçamento; variações podem deixar o
pôster desorganizado.
67
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
Em um pôster, as figuras são os elementos que mais interessam os
leitores; por isso, devem ser dimensionadas de modo que possam ser vistas
a pelo menos 1 metro de distância. A qualidade da resolução também é fator
de atenção. Figuras borradas ou esticadas deixa a apresentação menos
interessante. Caso as figuras utilizadas não sejam de propriedade dos autores
do pôster, deve-se citar a fonte de onde foi retirada.
Quando gráficos forem utilizados, além das recomendações dadas
no parágrafo anterior, também é necessário atenção ao tipo de gráfico
utilizado e verificar se ele cumpre o objetivo para o qual foi escolhido. É
comum encontrar trabalhos onde o tipo de gráfico utilizado é ineficaz para
ilustrar os resultados obtidos. Deve-se evitar gráficos com fundo colorido.
Além disso, todas as figuras devem ser acompanhadas de títulos ou legendas
explicativas.
O título do pôster científico deve ser o mesmo do trabalho submetido
e deve ser escrito em, aproximadamente, uma ou duas linhas. Na introdução
e metodologia é recomendado utilizar imagens, fluxogramas e infográficos
que ilustram ou estejam relacionados ao problema, hipótese, objetivo e
métodos adotados na pesquisa desenvolvida. Nos resultados é recomendado
o uso de tabelas, quadros e gráficos para os resultados mais importantes. As
referências devem estar no formato exigido pelo evento ou instituição onde
será realizada a apresentação. Caso não haja instruções para essa seção, deve-
se seguir as orientações da NBR 6023 (ABNT, 2002a). Apenas referências
citadas no pôster devem ser apresentadas.
Antes da impressão do pôster, os autores devem fazer uma revisão
minuciosa do material a fim de evitar erros de digitação e/ou formatação.
Como mostrado, um pôster é também uma ferramenta para divulgação
68
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
científica. Por isso, ao elaborá-lo, deve-se ter sempre em mente o público
para o qual ele está sendo produzido, além de seguir criteriosamente as
orientações descritas pelo evento científico no qual será apresentado.
7.4 ARTIGO CIENTÍFICO
Um artigo científico é a mais importante modalidade de produção
científica. Sua finalidade é divulgar a síntese analítica de estudos e resultados
de pesquisas (PEREIRA, 2012). Nele, são apresentados os resultados de uma
pesquisa realizada de acordo com o método científico aceito por uma
comunidade de pesquisadores.
No contexto acadêmico, um artigo científico é um produto que
retorna à sociedade o investimento feito em Ciência e Tecnologia. Através
dele o conhecimento torna-se público, além de ser um importante
instrumento para a comunicação entre os pesquisadores.
Para um artigo receber o qualitativo de "científico", deve ser
submetido a avaliação por pesquisadores especialistas no tema sobre o qual
discorre (processo de revisão por pares), que verificam as informações, os
métodos e a precisão lógico-metodológica das conclusões ou resultados
obtidos. Portanto, os artigos são submetidos a conselhos editoriais de revistas
(também chamadas de periódicos) científicas, que avaliam sua qualidade e
decidem sobre sua relevância e adequação ao veículo.
Geralmente artigos divulgam resultados de uma pesquisa original
(chamados de artigos de pesquisa), mas existem revistas que aceitam artigos
que fazem uma síntese do conhecimento existente na literatura científica
sobre determinado tema (chamados de artigos de revisão). Qualquer que seja
a modalidade para a qual um pesquisador planeje submeter um texto, ele
69
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
deve atentar para cuidados especiais com a escrita. A escrita de um texto
científico é a última e mais importante etapa do processo de pesquisa. E para
aqueles que desejam se consolidar na carreira de pesquisador, deve ser um
exercício constante.
O primeiro passo para a elaboração de um artigo é o planejamento.
Isso envolve conhecer sua rotina e estabelecer para si mesmo objetivos e
prazos a cumprir. Em seguida, é necessária uma busca minuciosa por outros
artigos que discorrem sobre o mesmo objeto de estudo sobre o qual se
pretende escrever. Isso evita redigir sobre temas já saturados no meio
científico, além de ajudar o pesquisador a pensar para qual revista planeja
submeter seu trabalho e qual a linguagem técnica da área. Uma das mais
acessíveis bases de dados4 e a ideal para jovens pesquisadores é o Google
Scholar, uma ferramenta de pesquisas oferecida pelo Google para estudantes
e pesquisadores compartilharem suas produções.
Devido ao público a qual se destina, é essencial que o artigo
científico tenha uma linguagem formal e seja escrito de acordo com a
variedade do português formal. É uma convenção que a linguagem seja
sempre impessoal. As normas para formatação de artigos podem variar entre
as revistas científicas, por isso, é importante uma leitura atenta a elas antes
da submissão do texto. Muitos artigos são recusados antes do processo de
revisão por não seguirem as normas estabelecidas pelo periódico. Abaixo são
4 Bases de dados são repositórios onde se localizam revistas científicas e seus respectivos artigos. Desta forma, não é necessário pesquisar em vários sites, pois uma só interface interliga todas as revistas. Há um processo de seleção para a inclusão das revistas nas bases, o que garante a confiabilidade, a credibilidade e a qualidade nas publicações. As bases se diferenciam entre si, pois algumas delas disponibilizam o conteúdo dos artigos em texto completo, e outras apontam a existência do artigo com informações chave para acessar o texto completo, que são as chamadas bases de dados referenciais (COSTA, 2020).
70
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
apresentadas algumas instruções para a redação de cada item que compõem
um artigo.
7.4.1 Título
Em artigos, o título deve ser mais resumido e específico do que em
outros trabalhos acadêmicos. Deve resumir o conteúdo do trabalho e sua
ideia central e dizer ao leitor, de maneira sintética e fiel, do que se trata a
pesquisa. Portanto, deve ser direto, objetivo e chamativo (XAVIER, 2012).
O título é o primeiro contato do leitor com o texto. Títulos
complexos espantam leitores (se o título for rejeitado pelo leitor, a
probabilidade de ele rejeitar o restante do trabalho será maior ainda). Quando
um leitor lê o título de um artigo, ele está interessado em saber “porque”
ocorreu determinado fenômeno e não “o que” ocorreu, e irá decidir se
concorda ou não com suas conclusões. Por isso é necessário colocar a ideia
de conclusão do trabalho no título.
A ciência busca conclusões teóricas gerais, independentemente do
local de pesquisa ou objeto de estudo. Se um fenômeno ocorre em
determinado local, provavelmente ele se repete em outros lugares do mundo
onde as mesmas variáveis operam (exceto em estudos de caso). Por isso, ao
elaborar o título, o pesquisador deve evitar citar o local específico onde
realizou o estudo e focar no objeto estudado, por exemplo:
Aulas práticas para o ensino de biologia contribuições e limitações no
ensino médio
Luz et al. (2018)
71
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
Revista de Ensino de Biologia da SBEnBio, v.11, n. 1, p. 36-54
No exemplo acima, o título não informa que o trabalho foi realizado
no município de Moju (Pará). Por outro lado, destaca o objeto de estudo
(aulas práticas) e a problemática abordada (contribuições e limitações das
aulas práticas no ensino médio).
7.4.2 Identificação do(s) autor(es)
O título é seguido do nome completo dos autores, sua qualificação
profissional, vinculação institucional ou menção a instituição em que o
trabalho foi realizado. O endereço eletrônico (e-mail) do autor principal
(também chamado de “autor para correspondência”) completa a
identificação dos autores do trabalho.
Também pode ocorrer da revista proibir qualquer identificação aos
autores, com exceção dos dados informados na plataforma de submissão.
Mais uma vez, destaca-se a importância de uma leitura atenta às normas de
submissão da revista, para evitar a devolução do manuscrito.
7.4.3 Resumo
O resumo é de suma importância para a divulgação do trabalho.
Após o título, o resumo é, geralmente, a segunda estrutura textual que o leitor
terá contato em um trabalho científico. Esse contato pode definir se o leitor
terá interesse em aprofundar a leitura no corpo do trabalho e por isso o
resumo deve provocar curiosidade no leitor. Como a modalidade Resumo já
72
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
foi discutida anteriormente, a seguir serão destacados apenas aspectos
especificamente relacionados ao resumo de um artigo científico.
Como o próprio nome informa, o resumo é uma abordagem sintética
de um contexto maior e expressa em poucas palavras as informações mais
significativas do artigo. Sua finalidade é permitir aos leitores conhecer o teor
do trabalho sem precisar recorrer à sua leitura integral.
O resumo deve ser a última seção do artigo a ser escrita, pois irá
descrever de forma curta do que se trata o trabalho. Em um resumo não deve
haver citações (com raras exceções). As margens são justificadas e possuem,
normalmente, um máximo 250 palavras. O “tamanho” do resumo é definido
pela revista/periódico/evento científico a que se destina o trabalho. É comum
serem indicados o número máximo de palavras (ou de caracteres/de linhas),
o tipo e tamanho da fonte (p. ex., Arial 12) e o espacejamento (simples, duplo
etc.).
Quanto ao tempo verbal, de maneira geral, o resumo trata de eventos
já ocorridos no desenrolar do trabalho que está sendo apresentado ao leitor,
de forma que os verbos são via de regra conjugados no passado. No entanto,
quando se fala do assunto em pauta, no início do resumo, e quando da
apresentação das conclusões, ao final, podem ser usados verbos no tempo
presente. Dessa forma, diferentes tempos verbais podem ser utilizados nesta
seção, inclusive em uma mesma frase.
Para atrair a atenção do leitor, o resumo deve conter os principais
dados e conclusões do trabalho. O resumo serve também para classificar o
trabalho e disponibilizar o seu conteúdo pelas diversas publicações e
mecanismos indexadores. Para favorecer a mais ampla divulgação do
73
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
conteúdo do trabalho, os periódicos científicos nacionais solicitam que o
resumo também seja apresentado em inglês (Abstract).
7.4.4 Resumo gráfico
Um elemento que tem ganhado espaço em artigos científicos
publicados em revistas internacionais (e em algumas nacionais também) é o
resumo gráfico (em inglês Visual abstract ou Graphical abstract). É um
elemento opcional que acompanha o resumo tradicional. É uma ferramenta
importante para divulgação científica em redes sociais, em especial para o
público leigo. Abaixo um exemplo de resumo gráfico.
Figura 3. Exemplo de resumo gráfico.
Fonte: Palmeira-Nunes et al. (2021).
74
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
7.4.5 Palavras-Chave
Como já destacado em seções anteriores, sempre que possível, deve-
se incluir uma ou mais palavras-chave que não estejam presentes no texto.
Isso aumenta a chance de o artigo ser encontrado em bases de dados. As
palavras-chave prestam-se:
● a identificar, de forma rápida, o assunto do trabalho;
● à indexação de textos científicos, tanto em bibliotecas quanto em
bancos de dados digitais.
Em geral, as palavras-chave são em número de três a seis.
7.4.6 Introdução
Neste item apresenta-se o trabalho ao leitor. O texto deve iniciar por
conceitos generalizados do problema que será estudado (tema). Em seguida,
deve-se sair do contexto geral para o particular, até afunilar no objetivo do
trabalho. No entanto, o autor tem liberdade em iniciar pela problemática,
desde que siga a lógica científica.
A redação da introdução deve ser fluida, sem quebras de ideias,
objetiva e clara. Parágrafos longos não são recomendados. Informações da
literatura e respectivas citações devem ser inseridas para situar o assunto no
contexto científico nacional ou internacional. Deve ser também mencionado
o que ainda não se conhece sobre o tema. O trabalho deve ser justificado,
expondo-se brevemente sua importância.
No último parágrafo da introdução geralmente se abordam a hipótese
e os objetivos do estudo. É importante destacar que dependendo da natureza
75
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
do trabalho, não haverá possibilidade de gerar hipóteses; todavia, é
obrigatório citar o objetivo (aonde quer chegar com tal pesquisa?).
7.4.6.1 Como fazer citações?
As citações servem para dar ao leitor a base empírica daquilo que o
autor não registrou (a ideia não é dele, mas de outro pesquisador). Se um
autor cita outro autor é porque deve ter lido o trabalho deste último e
acreditado em suas observações/considerações. Citar é expressar a ideia do
autor em qual se baseia o argumento utilizado.
As citações podem ser indiretas ou diretas (curtas ou longas).
a) Indireta
É o texto escrito com base na ideia do autor sem transcrição literal.
Nesse caso, deve-se indicar somente a obra consultada, sem necessidade de
utilização de aspas e indicação de página.
b) Direta curta
É a transcrição literal do texto do autor consultado e tem a extensão
de até três linhas. Essa citação segue o fluxo do texto, ou seja, deve estar
disposta no parágrafo. O seu início e fim são indicados pelo uso das aspas
duplas. “Nas citações, as chamadas pelo sobrenome do autor, pela
instituição, responsável ou título incluído na sentença devem ser em letras
maiúsculas e minúsculas e, quando estiverem entre parênteses, devem ser
letras maiúsculas” (ABNT, 2002b, p. 2). Quando acontecer de no texto
76
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
original haver aspas, no momento da transcrição deve-se sinalizar esse trecho
com aspas simples.
c) Direta longa
Também é uma transcrição fiel do texto do autor consultado, mas
possui extensão maior do que três linhas. Deve ter recuo de 4 cm da margem,
espaço simples e fonte em tamanho 10. Para que o texto mantenha a
dialogicidade proposta, deve-se evitar o uso de citação direta com mais de
12 linhas. Quando deseja-se destacar algum trecho no texto citado, a
expressão “grifo nosso” deve vir ao final da citação. Se originalmente a
citação possuir algum grifo, deve ser colocado “grifo do autor”.
Especificar no texto a(s) páginas, volume(s), tomo(s) ou seção(ões) da fonte consultada, nas citações diretas. Este(s) deve(m) seguir a data, separado(s) por vírgula e precedido(s) pelo termo, que o(s) caracteriza, de forma abreviada. [...] Devem ser indicadas as supressões, interpolações, comentários, ênfase ou destaques, do seguinte modo: a) supressões [...]; b) interpolações, acréscimos ou comentários [...]; c) ênfase ou destaque: grifo ou negrito ou itálico. (ABNT, 2002b, p. 2-3, grifo nosso).
Sempre que possível, deve-se evitar o uso de “citações de citações”,
ou seja, citações indiretas que fazem uso do apud (do latim, significa “citado
por, conforme, segundo”). Este recurso só deve ser usado no caso de a fonte
original da citação ser de fato inacessível. O uso do apud em artigos
científicos pode desvalorizar o texto, pois enquanto citações lidas garantem
credibilidade e embasamento (argumentação forte), citações indiretas com
77
GUIA DE METODOLOGIA DA PESQUISA PARA JOVENS CIENTISTAS
uso de apud (não lidas) geram desconfiança e fragilidade na fundamentação
das ideias.
7.4.7 Metodologia
Na metodologia (ou Materiais e Métodos) o autor deve explicar
quais foram os caminhos e meios para chegar nas conclusões do trabalho.
Aqui é explicado o planejamento, materiais e técnicas que serão utilizados
para coleta e análise dos dados da pesquisa. Este item deve ser objetivo e
apresentar apenas o que foi utilizado no estudo (pois servirá de referência
para outros pesquisadores).
Nesta seção do artigo, os autores devem descrever o tipo e a
quantidade das observações feitas, bem como os métodos empregados para
a sua coleta, registro e avaliação. Mediante a descrição minuciosa dos
métodos usados, o autor informa os leitores sobre os detalhes da obtenção
dos dados em que se baseia o trabalho. Os detalhes devem restringir-se ao
que é relevante ao trabalho e estar de acordo com o método de análise
escolhido. Utilizar um método já provado é uma das formas de conferir
validade científica ao artigo.
Ao abordar o método utilizado deve-se citar o local e condição para
o experimento, bem como as variáveis estudadas e análise estatística
utilizada. Não é necessário se ater a explicações de métodos já padronizados
de pesquisa. Quanto ao tempo verbal, a redação da metodologia deve ser no
tempo passado (a pesquisa já foi realizada).
Algumas revistas científicas, em especial aquelas que tem como
público-alvo pesquisadores das áreas exatas e naturais, recomendam a
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divisão entre os materiais e métodos utilizados. Abaixo, estão discriminadas
as informações que devem conter nestes itens.
a) Materiais: amostras, elementos químicos, fotografias, mapas,
seres vivos, máquinas...
b) Métodos: fórmulas, análise de amostras, comparação de
variáveis, teste estatístico, aplicação de questionário…
É importante destacar que não existem regras específicas para a
redação da metodologia. O ideal é que o leitor entenda como o autor chegou
as conclusões do estudo através das técnicas utilizadas. Segue algumas
sugestões da redação:
Figura 4. Etapas para elaboração da Metodologia.
Fonte: Adaptado de Volpato (2011).
7.4.10 Resultados
A forma de apresentação dos resultados é fundamental para o
entendimento do leitor, que deve compreender claramente como os autores
pensaram e interpretaram seus resultados, incluindo a ênfase que deram a
cada um deles; dessa compreensão eles podem melhor avaliar se aceitam ou
Caracterize seu sujeito de estudo (condições, localização, objeto, material...)
Procedimentos utilizados (planejamento, quantidade de amostras, quando foi coletado, estações do ano, tratamento das amostras...)
Análise dos dados (como os dados foram analisados, fórmulas utilizadas, testes...)
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não o discurso final. Para isso, o uso conjunto e integrado de texto, tabela e
figuras ajuda a construir um texto mais dinâmico e fluído.
Os resultados devem ser relatados de forma organizada e
sistematizada. Quando se estuda um grupo de casos ou de observações, os
percentuais da ocorrência de cada observação também são relatados. A
importância e o significado de certos resultados podem ser melhor avaliados
pela análise estatística, mas não torna menos importante o uso das estatísticas
descritivas.
Tabelas são preferencialmente utilizadas em trabalhos descritivos,
quando os dados são valores absolutos, ou quando se quer quantificar certas
condições. Figuras, por sua vez, são mais utilizadas em trabalhos de
associação de variáveis (comparação). Deve-se usar as mesmas escalas em
gráficos diferentes, para fins de comparação. Se os gráficos e figuras
elaborador para o artigo ficarem muito poluídas (por conterem muitas
informações), uma opção é substituí-las por tabelas, ou seja, a forma mais
simples e fácil do leitor visualizar os dados.
As figuras devem ser autoexplicativas e não devem repetir dados
apresentados no texto, em tabelas, ou em outras figuras ao longo do artigo.
Nos gráficos, qualquer sinal tem uma função: ou ajuda, ou atrapalha; mas
nunca é inerte, por isso é necessário bom-senso na hora de escolher as
informações que devem ser apresentadas por este recurso, e cuidado na hora
de construí-lo.
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7.4.11 Discussão
A discussão representa a defesa que o autor faz de suas conclusões.
Nela, o autor deve usar todas as evidências (métodos e resultados), acrescidas
de informações da literatura, para defender suas conclusões. Na discussão
aparecerão todas as conclusões, pois é lá que o autor defenderá cada uma,
bem como mostrará a ligação delas com o contexto mais geral da ciência
atual.
Um erro muito comum no meio científico é fazer uma discussão que
apenas compara os dados obtidos com o de outros autores. É claro que as
observações de outros autores referentes ao tema do trabalho podem ser
descritas, para comparação, mas não se pode construir toda a discussão com
base nesse artificio. Discussão é argumentação e não contemplação. É na
discussão que os resultados encontrados são detalhadamente discutidos e o
seu significado é apontado. Em termos metafóricos, pode-se dizer que nela
o autor deve segurar a mão do leitor e conduzi-lo inequivocamente às
conclusões.
A discussão pode ser mais ou menos ampla, conforme o tema
estudado. É importante relacionar os resultados obtidos com a hipótese e
comparar o que era esperado com o que foi obtido. Por fim, três dicas para
redigir uma boa discussão:
● Torne-a uma etapa única, fale daquilo que ainda não foi dito;
● Use mais as suas palavras;
● Use citações, mas com moderação.
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7.4.12 Conclusão
A análise dos resultados encontrados e o seu significado no contexto
em que foram estudados levam às conclusões do trabalho. É escrita no
presente e deve ultrapassar os resultados. Se necessário, deve-se repetir, de
forma sintética e pontual, apenas as principais conclusões obtidas. A
conclusão deve ser teórica, bastante clara e concisa. Ela converge para o
objetivo do estudo, mas podem ultrapassá-lo (sem exceder a base empírica).
7.4.13 Referências
Em geral, esta seção deve obedecer à normatização NBR 6023,
segundo a qual as referências devem ser organizadas em ordem alfabética,
separadas entre si por um espaço simples, alinhadas à esquerda, com
espaçamento entrelinhas simples (ABNT, 2002a). Os títulos das obras
precisam ser apresentados em negrito ou em itálico. Todos os autores citados
no texto devem obrigatoriamente constar nas referências, e apenas as
referências de citações feitas no texto devem ser incluídas.
É importante destacar que as normas (ou estilo) de referências da
ABNT são aplicáveis apenas em território brasileiro. Revistas estrangeiras (e
um número crescente de revistas nacionais) exigem que as referências dos
artigos submetidos à elas estejam formatadas de acordo com normas
internacionais. Em geral, as normas da American Psychological Association
(Associação Americana de Psicologia) são as mais utilizadas.
O estilo de referência aceito pelo periódico científico é informado na
plataforma do mesmo em seções geralmente intituladas
“Diretrizes/Instruções para autores”. Por isso, conforme já foi destacado
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repetida e incansavelmente ao longo deste capítulo, antes da construção de
qualquer produção científica, é importante conhecer as normas do evento,
instituição ou periódico para o qual se deseja submeter.
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REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e documentação: citações em documentos – apresentação. Rio de Janeiro, 2002b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: informações e documentação: resumo: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Trabalhos Acadêmicos. Rio de Janeiro, 2011. ARRUDA, G. da S. Os desafios para a iniciação científica no ensino médio integrado ao técnico. REVISTA IGAPÓ - Revista de Educação Ciência e Tecnologia do IFAM, v. 1, p. 38-44, 2007. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm. Acesso em: 11 de janeiro de 2021. BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. 1988b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%209.610%2C%20DE%2019%20DE%20FEVEREIRO%20DE%201998.&text=Altera%2C%20atualiza%20e%20consolida%20a,autorais%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias.&text=Art.&text=lhes%20s%C3%A3o%20conexos.-,Art.,tratados%20em%20vigor%20no%20Brasil. Acesso em: 11 de janeiro de 2021. BRASIL. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Resolução Normativa nº 017/2006. Estabelece normas gerais e específicas para modalidades de bolsas por quota, que especifica, no País. 2006. Disponível em:
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SOBRE OS AUTORES
Antonio de Jesus dos Santos Fernandes Júnior
Mestre em Química com área de concentração em Química Analítica pela
Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Especialista em Docência do
Ensino Superior pelo Centro de Avaliação, Planejamento e Educação do
Maranhão/Faculdade Santa Fé (CAPEM). Graduado em Química
Licenciatura pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Professor
de Química na Rede Pública Estadual de Educação, através da Secretaria
Estadual de Educação do Estado do Maranhão (SEDUC) do ano letivo de
2012 a setembro de 2015. Atualmente desenvolve pesquisa no Laboratório
de Química de Interfaces e Materiais (LIM), Linha de Pesquisa em Materiais
Híbridos e Bionanocompósitos, na Universidade Federal do Maranhão,
sintetizando e aplicando novos materiais de natureza híbrida orgânica-
inorgânica como fotocatalisadores em processos oxidativos avançados
(POA) de degradação de contaminantes orgânicos em meio aquoso, como
ecoadsorventes para remediação ambiental e liberação controlada de
fármacos. Professor Formador da disciplina Química dos Polímeros no
Curso Técnico Subsequente em Vulcanização do Instituto de Educação,
Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA). Atualmente é membro suplente
da Rede Maranhense de Inovação Tecnológica (REMIT).
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Marcos Eduardo Miranda Santos
Mestre em Oceanografia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Especialista em Ciências Ambientais e Análises Ambientais pelo Instituto
Graduarte e em Gestão Ambiental pelo Centro Universitário Cidade Verde.
Graduado em Ciências Biológicas Licenciatura pela Universidade Estadual
do Maranhão (UEMA). Integrante do Laboratório de Pesca e Ecologia
Aquática (LABPEA) da Universidade Estadual do Maranhão. Professor-
orientador no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Ensino de Ciências –
Anos Finais do Ensino Fundamental (Ciência é 10) do Núcleo de
Tecnologias para Educação (UEMAnet) da UEMA. Assessor técnico na
Coordenação de Inovação da Rede de Ensino em Tempo Integral do
Maranhão. Membro da Rede Nordeste de Popularização da Ciência. Presta
serviços como consultor ambiental para empresas privadas e prefeituras
municipais do Maranhão. É revisor de periódicos científicos nas áreas de
Meio Ambiente e Educação. Tem experiência nas áreas de Bioestatística,
Biologia Marinha, Ciências Ambientais, Ensino de Ciências, Gerenciamento
de Projetos, Metodologia e Redação Científica, Recursos Pesqueiros e
Zoologia. Atua nos seguintes temas: Ensino de Ciências e Biologia,
Educação Científica, Educação Ambiental, Gestão Ambiental e Zoologia de
Invertebrados.
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ANOTAÇÕES
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ANOTAÇÕES
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SEDUC
EDUCAMAIS