guia pratico de alquimia - frater-albertu-para-epub

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Outras obras de interesse:

A C H A V E D O S G R A N D E S M I S T Ë R I O S , Eli-

p h a s L e v i — N e s t e l i v r o o A u t o r esta-

b e l e c e a cer teza s o b r e b a s e s i n a b a l â v e i s ,

e x p l i c a o e n i g m a da E s f i n g e e dâ aos leito-

res a c h a v e das c o i s a s o c u l t a s d e s d e o

c o m e ç o d o m u n d o .

I N I C I A Ç Â O E S O T E R I C A , Cinira R . Figuei-

r e d o — E s t e v o l u m e a p r e s e n t a as n o ç ô e s

p r e l i m i n a r e s d o E s o t c r i s m o a o a l c a n c e d a

in te l igênc ia e da v o n t a d e da g r a n d e maio-

rta dos s i n c e r o s i n v e s t i g a d o r e s das l e i s

s u p e r i o r e s d a v i d a .

O C A I B A L I O N , T r è s I n i c i a d o s — Este l i v r o

reune o s f r a g m e n t e s d e c o n h e c i m e n t o s

ocu l tos , a t r ibu idos a o i m o r t a l Ins trutor

e g î p c i o c o n h e c i d o entre o s gregos c o m o

H e r m e s T r i s m e g i s t o .

P R E P A R A Ç A O E T R A B A L H O D O I N I C I A -

D O , D i o n F o r t u n e — U m rote iro s e g u r o

e fâc i l a t o d o s os a sp i rante s a u m a v i d a

m e l h o r e m a i s sâb ia , t a n t o no lar c o m o

f o r a d e l e . E essa v i d a p o d e r â l evâ- los a

s i t u a ç ô e s m a i s f e l i z e s e h a r m o n i o s a s pe-

rante D e u s e o s h o m e n s .

N O S T R A D A M U S : e o I n q u i e t a n t e F u t u r o ,

E t t o r e C h e y n c t — R e u n i n d o , p o r f i m , o

t e x t o or ig ina l d a s c e n t u r i a s d o m o d o

c o m o f o r a m p r i m e i r a m e n t e e s t a m p a d a s

p o r N o s t r a d a m u s . a b e m f u n d a m e n t a d a

i n t e r p r e t a ç â o d e Et tore C h e y n e t s erve d e

o r i e n t a ç â o a o le i tor para q u e n â o s e p e r ç a

n a o b s c u r a l i n g u a g e m d o grande v i d e n t e .

Page 3: Guia Pratico de Alquimia - Frater-Albertu-Para-epub

O G R A N D E A R C A N O . E l i p h a s U v i — O

G r a n d e A r c a n o é u m a c i ê n e i a a b s o l u t a

d o b e m e d o m a l . S e g u n d o a s p a l a v r a s

d o p r ô p r i o A u t o r : 4 , A q u e l e s q u e n â o d e -

v e m c o m p r e e n d e r e s t a s p a g i n a s n â o a s

c o m p r c e n d c r â o , p o r q u e p a r a o s o l h o s

m u i i o f r a c o s a v e r d a d e q u e m o s t r a m o s

f a z u n i v é u c o m a s u a e se e s c o n d e

n o b r i l h o d o s e u p r à p r i o e s p l c n d o r ! "

G E O M E T R 1 A S A G R A D A , NigeJ P e n n i c k —

Este p r e c i o s o v o l u m e d e l i n e i a a a s c e n s â o

e a q u e d a da arte da g e o m e t r i a s a g r a d a ,

r e v e l a n d o - n o s a m a n e i r a p o r q u e a s c o n s -

t r u ç ô e s , s e m p r e q u e a p o i a d a s c m p r i n c i -

p e s a t e m p o r a i s , a c a b a m p o r re f l e t i r a

g e o m e t r i a c<5smica.

C A B A L A , F r a n c i s c o W a l d o m i r o L o r e n z —

N u m a l i n g u a g e m s i m p l e s e c l a r a , o A u t o r

e x p l i c a o s f u n d a m c n t o s d a C a b a l a , per -

m i : i n d o a o s e s t u d a m e s d e E s o t e r i s m o

a p r e c i a r e s t e r a m o d a C i ê n e i a O c u l t a

e c o m p a r a r s u a s d o u t r i n a s c o m o s ens i -

n a m e n t o s d a T c o s o f i a e d o E s p î r i t i s m o .

P c ç a c a t â l o g o g r a t u i t o à

EDITORA PENSAMENTO LTDA. R u a D r . M â r i o V i c c n l e , Î 7 4

GUIA PRÀTICO DE ALQU1MÏA

F rater Albert us

O Guia Prâtico de Alquimta constitui uma das maiorcs contribuiçôes ja oferecidas sobre a matéria, para cuja importâneia no desenvolvimemo do processo de desdobramento da consciên-cia indivïdual (o que ele denominou de processo de individua-çâo) o grande psiquia:ra suiço Cari Gustav Jung intimeras vezes chamou a nossa atençâo, Em vis ta disso, numa linguagem rr.uito colorida, aqui se revelam, para os leitores interessados, ensina-mentos que noutras épocas foram mantidos sob o sinete do mais bem guardado dos segredos. Pela primeira vez pode-se oferecer ao estudioso das eoisas ocultas um manuaJ redigtdo em lingua-gem claja, concisa e de sentido eminentemente prâtico, tanto é verdade que nele se discuterai os prindpios fundamentais da Alquimia, seguidos de instruçôes para a montagem de um labo-ratério caseiro de cmto açesstvel à economia do lcitor medio, bem como de figuras que ilustram o equipamento requerido.

Para o Autor, a Alquimia constitui o ponto de "elevaçâo das vibraçôes", O apresentador da obra, Israël Regardie, afirma ser o alquîmista nâo apenas pessoa interessada na purificaçâo dos metais e na climinaçlo dos maies e doenças da raça humana, como também aquele que sustentava ser a Alquimia, afora tratar-se de Ciêneia e Arte, um ramo do conhecimento capaz de pro-porcionar meîos para se alcançar a sîntese das demais ciências,. além de contribuir com substdios para o treinamento das facul dades espirituais e intelectuais. Àqueles que acreditam ser a Al-quimia tâo-somente a Qulmîca em seu mais precario estâgio, adverte Helena Petrovna Blavatsky:

"Num aspecto superior, [a Alquimia] professa a regcnc-raçâo do homem espintual, a purificaçio da mente e da vontade, o enobrecimento de todas as faculdades da aima. Em seu mais batxo aspecto, trata das substânrias fîsîcas e, em pondo de lado a reino da aima vivente para descer até à matéria morta, desa-gua na ciência quîmica dos nossos dias. A verdadeira Alquimia é um exerricio do mâgîco poder do livre-arbitrio de natureza es-piritual do homem. Por isso é que a Alquimia nâo pode ser praticada a nao ser por aquele que renasceu em espirito."

EDITORA PENSAMENTO

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F rater Albertus

GUIA PRATICO DE ALQUIMIA

Traduçâo de

MÀRIO MUNIZ. FERREIRA

s EDITORA PENSAMENTO

S Â o PAULO

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T î t u l o d o or ig inal :

T h e A l c b e m i s t ' s H a n d b o o k

© 1974 bv the Paracelsus Research Society

Edl(io AAC

D l r c l t o s d e L r a d u ç â o p a r a a Ï Ï n g u a p o r t u g u e s a

a d q u l r l d o s c o m e x c l u s ) v i d a ( le p e l a

E D I T O R A P E N S A M E N T O L T D A

R u a Dr. M â r l o V l c e n t e . 3 7 4 — 0 4 2 7 0 - 0 0 0 — S à o P a u l o , S P

F o n e 2 7 2 - Î 3 Ô 9

q u e s e r r s ^ r v a a p r o p r l c d a r i c l l l e r â r i a d e s l a t r î ïd iK .âo

Impresso em nvssas ofictnas grâjicas

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ENDICE Preâmbulo 9 Prefâcio

À Primeira E d i ç à o l î

Prefâcio À Scgunda Edtçâo Revisada 16

Capitulo I I N T R O D U Ç Â O À A L Q U I M I A 17

Capitulo II A C I R C U L A Ç Â O M E N O R 27

Capitulo III O E L I X I R H E R B À C E O 35

Capitulo IV U S O S M E D I C I N A I S 4 7

Capitulo V E R V A S E A S T R O S 51

Capitulo VI OS SÎMBOLOS DA ALQUIMIA 60

Capitulo VU A S A B E D O R I A D O S S A B I O S 6 9 Conclusâo 98 Apêndice 115 Manifesto Alquimico 118

Î L U S T R A Ç Ô E S

A C a m i n h o do T e m p l o O Extrator Soxhle t 57 Um Laboratôr io de Porâo 45 O E q u i p a m e n i o Essencial 4*> A Arvore Cabal is t ica da Vida 59 Sinais A lqu îmicos fil

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Pintura a ô l e o or ig ina l da S o c i e d a d e de P e s q u i s a s P a r a c e l s o

. . das ncvoas da dûvida e do desespero emergem os doze tipos humanos simbâ-

licos. Em seu caminho ao templo da sabedoria, onde receberdo a iniciaçâo nos

mlstérios, eles meditam sobre as novas responsabilidades que os espérant. E o inicio

de uma nova fase da vida elerna, é a entrada no Sanctum Sanelorum Spiritii dos

Alquimistas.. .

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Preâmbulo

Vivemos a era dos manuais. Dispomos de um para quase todos os assuntos que possamos imaginar, Visto que preenchem diversas necessidades, eles revelaram ser uma dâdiva. Com eles, podemos aprender a pintar, a cosïurar, a fazer um jardim, a construir uma grelha de tijolos no quintal, a decorar interiores e a renovar a ins-talaçâo eiétrica de nossa pràpria casa. Quase todos os topicos ima-ginâveis foram cobertos por esses livros. Porlanto, se você supôs que este Manua! cai nessa categoria. estaria certo — a nâo ser pelo fato de que ele é muito mais do que isso.

A Alquimia tem exeTcido uma estranha e secular fascinaçâo so-bre a humanidade. O teorema Eilosofico bâsico propugnava que, se a Vontade Divina agiu originalmente sobre a prima materia para produzir metais preciosos e tudo o mais, nada impediria o alquimista — puro de mente e corpo, e especia lista nas técnicas de laboratôrio entâo conhecidas — de procurar imitar o mesmo processo natural num espaço de tempo menor. Precisamos apenas 1er uma boa his-îôria da qui'mica, ou estudar com atençâo um pouco da vasta literatura alquimica para compreendermos a sua terrfvel seduçâo. Homens abandonaram lares e famflias, desperdiçaram fortunas, con-trairam doenças, perderam o prestigio e a posiçâo social, em busca dos objetivos entrevîstos no sonho alqufmico — longevidade. saude perfeita e habilidade de transmutar metais ordinârios em ouro.

Nâo devemos aqui nos iludir com superficialidades. Os adeptos alquimistas eram homens reconhecidamentc dedicados e tementes a Deus que mantinham todos os ideais espirituais superiores que se podem conceber. É uma pena que muitos praticantes nâo tenham compreeodîdo esses ideais,

Recentemente. um jornalista escreveu que a Sociedadc de Pes-quisas Paracelso, que patrocina este Manual. prometia ensinar al-

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quimia em duas semanas. Como pode alguém scr tâo miope? Ou lâo ignorante?

No século XIV, Bonus de Ferrara falou da Alquimia como "a chave das coisas boas, a Arte da Arte, a Ciência das Ciências". Afir-mava eîe que o alquimista nâo se intéressa apenas pela purificaçâo dos metais e pela eliminaçâo das enfermidades da raça humana, mas que a Alquimia. como Ciência e Arte, fornece os meios de sintetizar todas as outras ciências e de adestrar as faculdades intelectuais e espirituais.

A fascinaçào que a Alquimia sempre exerceu sobre a humani-dade foi, decerto, corrompida porque raramente houve instituiçôes superiores de ensino em que os estudantes promissores pudessem aprender a Arte antiga. Ou em que as técnicas e os métodos ade-quados pudessem ser estudados juntamente com outras artes e ciên-cias. Nâo hâ duvida de que discipulos individuais foram selecionados e treinados por um mestre alquimista, à maneira dos mirteriosos Rosa-Cruzes do século XVII. Sabemos que eles tinham assistentes e aprendizes — pois quem teria mantido os fogos alimentados nas fornalhas, e lavado os interminâveis tubos de vidro e utensilios de barro empregados na calcinaçâo, na separaçâo e na destilaçâo? Ou quem teria executado as mil e uma coisas servis que hoje sâo reali-zadas com tanta facilidade que raramente temos que nos ocupar delas? Mas se esses assistentes foram encorajados ou nâo a estudar ou a conquistar as disciplinas e os procedimentos necessârios — eis uma questâo problemâtica.

Na vasta literatura sobre o assunto, nunca descobri nada que pretendesse demonstrar os princîpios fundamentais. A alquimia tra-dicional, com a sua ènfase na piedade, no segredo e na alegoria, é sabidamente obscura. No correr dos anos, encontrei muitos homens que podiam escrever uma boa linha sobre a alquimia, mas nada de prâtico jamais lhes saiu da pena. Nenhum voluntârio se apresentou para demonstrar as suas verdades bâsicas num laboratorio ou sobre o forao de cozinha. Nenhum — até que encontrei o autor de s te Manual, alguns anos atrâs. Nenhum — até que li a primeira ediçào limitada deste Manual, que literalmente vale o seu peso em ouro.

A propôsito, poucos anos atrâs escrevi algo em recomendaçâo a este manual. mas expressei algumas criticas ao seu estilo literârio, à sua forma de expressào e aos seus inumeros erros tipogrâficos. Minha atitude foi tola e arrogante. Pois mesmo se. teoricamente, o livro estivesse escrito no pior estilo possîvel, ele ainda assim séria

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uma obra-prima unica e genuîna. Se esta obra nâo tjvesse sido escrita e publicada, seriamos nos os perdedores. Ela ensina com clareza, simplicidade e precisâo os mcios técnicos pelos quais a circulaçào menor pode ser alcançada. E constitui uma revelaçâo para aqueles que ainda nâo foram apresentados a esse método de manipular ervas, A Grande Obra é essencialmente uma extensâo do mesmo processo, das mesmas técnicas, com a mesma filosofia universal. Muitos alqui-mistas dos tempos antigos teriam dado os dentes caninos — ou cer-tamente uma pequena fortuna -— por essa informaçâo. Muitos po-deriam ter-se esquivado do desastre e da destruiçâo se tivessem tido conhecimento dos dados contidos neste Manual.

As descriçÔes dos processos alquimicos nâo sâo facilmente com-preendidas nos termos da qui'mica modema. Isso nâo quer dizer que algum treinamento formai na escola superior ou no primeiro ano da universidade nâo séria util. Esse treinamento forneceria, pelo menos, a destreza no uso do equipamento utilizado também na al-quimia. Mas, mesmo se fosse possivei iraduzir um sistema na ter-minologia do outro, os alquimistas temem revelar demais, com mutta facilidade ou muito rapidamente — abrindo assim o caminho para abusos. O homem moderno mostrou ser um adepto da arte de abusar da natureza. como toda a nossa ênfase atual na ecologia e na po-luiçâo ambiental o lem indicado. Portante, os alquimistas têm jus-tificativas considerâveis para as suas duvidas e para o modo alegorico de expressâo que deliberadamente escolheram.

Mas nâo se iluda. Por mais simples que seja este livro, a al-quimia é um duro feitor. Ela demanda paciência e laboriosa devoçâo. Nâo existe nenhum atalho simples ou fâcil para a Grande Obra. Grande dedicaçào aos propôsitos. sinceridade e boa vontade, esses sâo os requisitos necessârios para trilhar sem trégua este caminho — custe o que custar.

Um dos mais antigos alquimistas afirmava que o processo fon-damental é tâo simples que mesmo mulheres e crianças poderiam realizâ-lo. Talvez! Somente depois que alguém chega à outra mar-gem. por assim dizer, é que pode compreender que "a nâo ser que vos torneis como crianças nâo podereis entrar no reino do céu". En-tretanto. esforço, trabalho e oraçôes — ou seus équivalentes — sâo necessârios para alcançaT o estado de inoeêneia çapaz de atingir os objetivos da alquimia. Nem todos foram abençoados com uma estru-tura genética ou psicolôgica especial, ou com perseverança, ou com a graça de Deus para descohri-los.

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Mas, se voce deseja reatmente aprender os principios bâsicos da alquimia prâtica. aqui estâo eles neste maravilhoso Manual. Em todos os meus iongos anos neste movimento, jamais encontrei um outro livro que fosse lâo claro ou tâo util. Quarenta anos atrâs, eu o teria achado muito mais intrigante e iluminador do que o pesado e maçudo livro do Sr. Arwood sobre o quai exercitei os meus dentes do siso. Estude-o —- e trabalhe nos processos descritos. A prâtica é muito mais gratificante e iluminadora do que as elocubraçôes esté-reis. Ora et labore. Ore e trabalhe — mas trabalhe. Sem isso você jamais poderâ começar. E este livro descreve como se pôr a trabalho, e com que.

ISRAËL REGARDIE

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Prefâcio

À Primeira Ediçao

Este pequeno volume foi preparado sob grandes dificuldades, em virtude da imensa extensâo do assunto e da conséquente necessi-dade de abreviar rnaterial de muito valor. E no entanto ê quase im-possïvel condensar esta apresentaçâo do conhecimento arcano sem correr o risco de causar grande confusâo na mente do leitor.

Para o neôfito do caminho, a Alquimia representa indubitavel-mente uma grande busca. Para auxiliar um pouco o começo de seu estudo, o conteudo deste livro — na opiniâo do autor — representa uma ajuda sob a forma de um essencial, posto que simples, esboço para a prossecuçao da prâtica alquimica em laboratorio.

Quem nâo conseguir compreender o que se segue nâo tem outra alternatîva senâo esquecer o assunto por ora.

Posso sentir a repuisa que me aguarda provinda dos estudantes das ciências abstratas. e sua acusaçâo de empirismo, por apresentar este manual. Contudo, isso nào justifies uma apologia de nimba parte para o que é exposto nestas paginas, Esta obra representa uma sin-cera convicçâo baseada na experimentaçâo prâtica num laboratorio de universidade. assim como em testes e pesquisas extensos em meu laboratorio panicular. montado originalmente com a firme crença na verdade a descobrir nos ensinamentos secretos dos Alquimista-s — especialmente os de Paracelso e Basilio Valentino e dos autores da Collectanea Chemica.

As descobertas da Era Atômica deveriam ter facilitado em parte a rejeiçâo de alguns dos preconceitos que foram sustentados no passado, mas esses mesmos preconceitos sâo ainda parcialmente man-tidos por um critério incongruente.

Por que é tâo desarrazoado pretender — deixando de lado a percentagem esmagadora dos charlatôes e impostores que se cha-

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maram a si mesmos de Alquimistas — que homens como Paracelso e Valemino falaram a verdade sobre suas descobertas? Sera taîvez devido ao que pode parecer uma absurda terminologia entremistu-rada com simbolismo metafîsieo?

Suponbamos, entâo, que isso representa um dos argumentos principais. Um "Leâo Vermelho^ ou uma "Cauda de Pavâo7' tor-na-se, por conseguinte, um imposstvel absurdo infantil, pela simples razâo de que, na terminologia técnica corrente, uma combinaçâo de palavras como "'bicïoreto tetrafeniletileno" 1 é uma expressâo padro-nizada no mundo da ciência. Tais combinaçôes de letras e numéros nâo constituent nenhum enigma para um iniciado nas maravilhas da qulmica. Quando um termo como "bicloreto tetrafeniletileno" é ex-presse por meio de seus simbolos quimicos como;

2(C«Hs) 2CC1, ~2Zn-(CBHK)2 CCI — CC1(C6HS)3 — 2HgCl

tal termo faz sentido para o quimico. Contudo, para o leigo, a for-mula representa apenas um amontoado sem sentido de letras e nu-méros. A terminologia quimiea, da mesma maneira, nâo faz nenhum sentido para ele.

Valentino, que, como Paracelso. partilha a fama como Pai da Quraiica e da Medicîna Moderna, escreve a proposito de si mesmo: "Embora eu tenha um estilo peculiar de escrever, que parecerâ es-tranho a muitos, produzindo bizarros pensamentos e fantasias em seus cérebros, mesmo assim tenho razoes para fazê-lo; digo apenas o que posso sustentar por minha prôpria experiência, nâo me fiando na tagarelice alheia, porque ela é encoberta pelo conhecimento, e o ver prédomina sempre sobre o ouvir, e a razâo tem a palma diante da loucura".

Para o cientista, isso talvez rescenda demais a empirismo e sera desdenhosamente rejeitado por ele.

Sera realmente tâo desarrazoado aceitar o simbolismo e as com-binaçôes de palavras dos Alquimistas da Idade Média à mesma luz com que agora nos fiamos nas asserçôes da ciência?

O que précédé merece sem duvida uma resposta honesta. Nas paginas seguintes, se as minhas hipoteses se tornarem évi-

dentes ao leitor, possam elas representar uma tentativa de manter a

1 , Um dos derivados halo gêne os aromât icos .

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tocha cintilando nestes tempos de trevas estigias. Séculos atrâs essa chama foi acesa pelos Alquimistas, cujos nomes serâo eventualmente honrados pelos filhos daqueles que hoje fazem vâos esforços para ridicularizâ-los.

Jâ se prevê que este guia nâo verâ uma ediçâo de grande ti-ragem, pois apenas uns poucos quererâo possuir uma obra sobre um assunto que caiu em tào mâ reputaçâo. No entanto, aqueles que ten-taram alguma vez dar inicio às experiências em seus laboratôrios, no proposito de descobrir se hâ de fato alguma verdade a ser revelada na Alquimia, encontrarâo uma ajuda bem-vinda e talvez valiosa em seu conteûdo. Nâo hâ nenhuma dûvida na mente do autor de que os estudantes sérios e preparados podem realizar o que foi esboçado nestas paginas.

Muitos anos se passaram desde a elaboraçào do présente ma-nuscrito. Apôs a dévida deliberaçâo, considerou-se oportuno enviâ-lo agora ao impressor, para que outros possam dele beneficiar-se.

Que ele se tome o que o tîtulo indica, ou seja: um guia prâtico para os noviços alquimistas.

Com profunda Paz, FRATER ALBERTUS

Sait Lake City, Utah, EUA

6 de maio de 1960.

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Prefâcio

À Segunda Ediçâo Revisada

É com gratidâo que agradecemos a Stanley Hurbert e Percy Robert Bremer, ambos estudantes da Sociedade de Pesquisas Para-celso, por seu empenho em revisar a primeira ediçâo do Guia Prâ-tico de Alquimia, Foi de grande valia o auxiïio por eles prcstado a esta segunda ediçâo, pois a primeira saiu repleta de erros tipogrâ-ficos e gramaticais. Embora as provas finais tivessem sido lidas, as correçôes nâo foram executadas. Esses erros foram agora corrigidos.

Espera-se que, seguindo-se cuidadosamente as instruçôes, os re-sultados prâticos a serem obtidos ajudem os estudantes sérios de Alquimia com manifestaçôes visiveis em seus laboratôrios. Que esses resultados podem ser obtidos esta fora de questâo, como muitos dos aprendizes que estudaram a alquimia prâtica na Sociedade de Pes-quisas Paracelso poderâo testemunhar. Isso se aplica nâo apenas à Obra Menor com plantas, mas também aos minerais e os metais.

Mais de uma década de trabalho prâtico em laboratorio ensi-nado abertamente sem nenhum manto de segredo ou qualquer jura-mento de silêncio deverâ representar a evidência da validade desta obra.

FRATER ALBERTUS

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Capitula I

INTRODUÇÂO À ALQUIMIA

O que é a Alquimia? Esta é a primeira e mais vital questâo a ser respondida antes que o estudo das paginas seguintes seja em-preendido. Essa questâo pode ser respondida para a satisfaçâo da mente indagadora, mas o folhear négligente deste livro sera em vâo. Se o leitor nào tem nenhum conhecimento prçvîo da Alquimia e, atém disso, nenhum conhecimento oriundo do estudo consciendoso a respeito do misticismo, do ocultismo ou dos assuntos correlaciona-dos, a resposta à questâo acima terâ pouco sentido. O que é, entao, a Alquimia? É L'o aumento das vibraçoes".

Por essa razâo, nâo séria sensato tentar experimentos com as mdicaçôes de laboratôrio que se seguera. Essas experiêndas desti-nam-se apenas àqueles que dispenderam um tempo considerâvel na pesquisa espagirista e que provaram a si mesmos que o esforço sin-cero triunfou e que esse mesmo esforço ainda motiva a sua verda-deira busca do maior dos arcanos, o tapis philosophorum. Como to-dos os estudantes da 1 itéra tura alquimica jâ puderam perceber que o processo exato para alcançar o opus magnum jamais foi comple-tamente revelado em linguagem simples, ou publicado, apreciarâo e]es o fato de que aqui é oferecida uma descriçâo detalhada da circulaçào menor.

Na Alquimia. existem a circulaçào menor e a maior. A pri-meira diz respeito ao reino herbâceo e a segunda ao mais cobiçado de todos eles, o reino minerai (metâlico). Uma correta compreensâo, e nâo apenas um mero conhecimento, do processo heTbâceo abrira a porta ao grande Arcano. Meses e anos de experiências no labo-ratôrio alquimico démonstrarâo a verdade dessa afirmativa. O fato de que a Alquimia é obra de uma vida sera aceito por aqueles que dispenderam meses e anos atrâs de îivros e retortas. É esse fato sig-

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nificativo que provê nossa arte espagirista com tal armadura que nenhum materialista pode perfurar. Se nâo se destinasse à purificaçâo, à purgaçâo e ao amadurecimento do futuro alquimista durante um grande lapso de tempo, tal como à do sujeito com que esta traba-ihando, como poderia a Alquimia ser mantida longe do profano e do indigno? Apenas aquilo que suporta a prova do fogo sai purificado. O fato de que ainda hâ um manto de segredo cobrindo os processos alquîmicos e de que tal situaçâo ainda précisa permanecer assim terâ que ser aceito pelos alquimistas aspirantes. A cobiça pessoal nâo tem lugar na Alquimia. O objetivo de todos os Adeptos verdadeiros é trazer alivio à humanidade sofredora em sua miséria fîsica e espi-ritual. A nâo-aceitaçâo desse princîpio exclui automaticamente o aspirante do circulo de Adeptos.

Meus colegas médicos, assim como os quimicos farmacêuticos, nâo concordarâo comigo quando lerem o que segue. Isso deve ser dado como certo e, de fato, assim tem sido, porque o que aqui apre-sentamos é muito estranho aos ensinamentos padronizados das atuais faculdades de medicina. Como eu concordo com eles, em seus ter-mos, é justo perguntar o que eles pensam do conteudo deste livro nos termos de um alquimista. Se isso é impossîvel, entâo o livro deve ser posto de lado por enquanto e deixado em esquecimento até poder ser examinado por uma mente aberta e livre de preconceitos.

Nâo se faz aqui nenhuma tentativa de escrever sobre terapéutica alopâtica, Deixamo-lo aos especialistas versados nesse ramo parti-cular de cura. Escrevo aqui sobre Alquimia, mercê dos anos de es-tudos e experiências que precederam a redaçâo deste livro, e mercê da obra que com toda probabilidade continuarâ a ser executada. Como o escopo da Alquimia é imenso demais, uma encarnaçâo terrestre em muîtos, se nâo em todos os casos, é um tempo insufi-ciente para a realizaçâo plena da obra. Trilhando o caminho do al-quimista, deparamo-nos com muitas atribulaçôes que envolvem tem-po, dinheiro, sofrimentos — para mencionar apenas alguns dos passos difîceis. O aspirante deveria portanto refletir bastante antes de em-preender essa penosa experiência, pois se ele nâo estiver preparado tudo resultarâ em fracasso.

O processo em ambas as circulaçôes, a menor e a maior, nâo é basicamente dispendioso. Na verdade, é relativamente insignificante. Mas antes que esse estado possa ser atingido, muito tempo, dinheiro e esforço poderâ e muito provavelmente serâ dispendido. É por essas razôes que fazemos um veemente apelo ao aspirante para que nâo

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se aventure precipitadamente na Alquimia, para que nâo se imagine sentado em perfeita saude pessoal. no fim de um arco-iris, com o mundo aos pés e com potes cheios de ouro reluzente. Tsso nâo passa de ilusâo e constitui apenas uma sensacional e encantadora fada morgana; tal ilusâo nâo satisfarâ a aima- Hâ mais a ser obtido na Alquimia do que vanglôria. Isto, de fato, ela nâo poderâ oferecer-nos, A vanglôria esta tâo îonge dos seus verdadeiros objetivos quanto o dia da noite. Assim, estamos de vol ta à afirmaçâo simples apresen-tada no im'cio deste capitule: "A Alquimia é o aumento das vibra-çoes". Aquele que nâo vê nenhum sentido nés ta sentença aparente-mente insignificante nâo tem nenhum direito de tentar a experimen-taçào alquimica. Ta! pessoa assemelhar-se-ia àquela que afirma que. por conhecer todas as ïetras do alfabeto, pode, por conseguinte. 1er qualquer idioma, visto que todos eles se escrevem com as mesmas letras. Mas poderâ ela 1er com compreensâo quando as ietras estâo em ordem diversa, formando palavras de idiomas diferentes? Um quimico pode conhecer todas as formulas e todas as abreviaçôes da terminologia quïmica, mas compreenderâ ele também o que elas sâo realmente? A sua origem real? O seu estado primeiro? Deixaremos a quem de direito a tarefa de respondê-lo. Se todas as afirmaçoes pré-cédentes nâo desencorajam o aspirante, t'azendo-o fechar o livTo e pô-lo de lado com desagrado, taîvez entâo a nossa obra o ajude a descobrir-se neste universo, propiciando-lhe paz e alegria à aima. A filosofia hermética, com o seu arcano pratico, repete-se outra e outra vez no anttgo axioma: "'Como em cima. tal é embaixo. Como em-baixo, tal é em cima."

Perguntar-se-â se as referências historicas aos Alquimistas do passado têm um lugar nestas paginas. Existem muitos livras jâ pu-blicados que se encarregaram de elaborar a histôria e o romance da Alquimia. Por essa razâo, nenhuma tentativa se faz aqui para acres-centar algo ao imenso material biogrâfico que tais livras subminis-tram. Nossa ènfase incide, antes, na experimentaçâo alquimica de hoje. conduzida de acordo com as prâticas seculares. Nosso objetivo nestas paginas é tentar demonstrar e revelar a verdade da Alquimia em linguagem moderna. permanecendo no entanto em harmonia com as regras e rituais antigos, de acordo com o Juramento do Alquimista. A prâtica da Alquimia, nâo apenas nos tempos antigos. mas também em nossos pràprios dias, so pode ser empreendida com grande sole-nidade. Uustra-o perfeitamente o seguinte juramento extrafdo do Theatrum Chemicum Briiatmicum (Londres, 1652), Esse juramento, com algumas pequenas modificaçôes de forma, é ainda utilizado pelos Adeptos de hoje:

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"Regoz i jarâs , s e receberes d e m i m , a m a n h â , O S a c r a m e n t o a b e n ç o a d o , neste l u r a m e n t o , E v i t a n d o reve lar o s e g r e d o q u e te ens inare i . P o r o u r o ou prata , durante t o d a a v ida , P e l o a m o r à f a m f l i a o u p o r d e v e r a o n o b r e , Seja pela escrita ou pe la f a l a e f ê m e r a , Cotnun icando-D a p e n a s à q u e l e q u e J a m a i s b u s c o u o s s e g r e d o s d a N a t u r e z a ? A e l e p o d e s revelar os s e g r e d o s da A r t e , S o b o M a n l o da F i l o s o f i a . an te s de rua m o r t e . "

Mais cedo ou mais tarde, muitos estudantes experimentam o desejo de descobrir um Adepto para dele tornarem-se pupilos ou disctpuios. Mas por mais sincero que seja esse desejo. é fûtil para o estudante tentar localizar um professor versado no Grande Ar-cano, "Quando o pupilo estiver pronto, o Mestre aparecerâ." Esse antigo preceito ainda é verdadeiro. Pode-se buscar, pode-se aspirar, pode-se trabalhar e estudar com afinco até altas horas da madrugada, e no entanto nâo hâ nenhuma evidência de que o adepto jamais atingirâ essa jôia sem preço: o Grande Arcano. Para alcançà-lo. requer-se mais do que mero estudo. Um coraçâo honesto, um cora-çâo puro, um coraçâo verdadeiro, um coraçâo benévolo e contrito realiza mais do que todos os livros de ensino poderiam oferecer. No entanto, bastante estranhamente, o estudo deve acompanhar as virtudes acima citadas. Sem um conhecimento e uma compreensâo das leis naturais e seus correspondentes paralelos espirituais, nin-guém poderâ jamais ser verdadeiramente chamado de Alquimista ou Sâbio.

Nâo estou tentando vindicar a Alquimia. Ela nâo précisa de vindicaçâo. Estou advogando a verdade da Alquimia, pois essa é uma experiência maravilhosa de se realizar. Experimentar! Com-preender! Descobrir "a luz que brilha na escuridâo,\

Tudo o que précédé pode parecer desencorajador. Talvez uma duvida opressiva esteja pesando sobre o coraçâo do amante da Pes-quisa Alqutmica. Qualquer que seja a causa ou quaisquer que sejam os seus efeitos, uma tremenda responsabilidade esta vinculada a tal Pesquisa. Aquele que leu sobre as vidas dos Alquimistas terâ des-coberto que muito amiûde vârios anos se passaram antes que o seu objetivo fosse alcançado. Nem todos foram tâo afortunados quanto [rineu Filaletes, que, como ele prôprio escreveu, atingiu a grande bènçâo em seu vigésimo terceiro ano na forma do lapis philosopho-rum. Muitos tiveram que esperar outra encarnaçâo antes de mos-trarem-se dignos e prontos para recebê-la. Mas, se todas as duvidas

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forem rejeitadas e se uma firme Crença transformar-se em poderosa Fé. entâo esse momento râpido que produz o conhecimento ajudarâ eventualmente alguém a chegar a "Entender", a "Compreender" a unidade do universo. o segredo que se oculta atras da Criaçào e a expansâo da consciência Côsmica.

Isso nos leva às questôes naturais: "Quai é o segredo da cria-çào? Em que consiste a força da vida?" Essas questôes devem ser respondidas antes que o futuro Alquimista possa realizar o que quer que seja em seu laboratôrio.

Como tudo que cresce provém de uma semente, o fruto deve estar contido em sua semente. Tenha isso em mente, pois aqui re-pousa o segredo da criaçâo. O crescimento do espécime, como se disse antes, consiste no aumento das vibraçôes. Ervas, animais, mi-nerais e metais, tudo cresce a partir da semente. Compreender este segredo da natureza, que é geralmente apenas parcialmente revelado a humanidade, constitui o principal tema teôrico da Alquimia. Uma vez isso entendido, cumpre-nos apenas atingir a compreensâo ade-quada para obtermos resultados quanto ao crescimento ou aumento do espécime, o que nâo é outra coisa senâo transmutaçào. Se po-demos auxiiiar a natureza em seu objetivo ultimo, o de levar seus produtos à perfeiçâo, entâo estamos em harmonia com suas leis. A natureza nâo se ofende com um esforço artificia!. ou com um atalho para chegar à perfeiçâo. Exemplifiquemos; a semente de um tomate pode ser semeada ao final do outono. A neve e o gelo po-dem cobri-la durante o inverno, Mas nenhum tomateiro cresceré durante esse tempo, ao ar livre, em temperaturas gélidas. Contudo. se a mesma semente é semeada onde hâ suficiente calor e umidade, e se é colocada na matriz adequada, ela entâo se transformarâ numa planta e darâ frutos. Isso nâo contraria a natureza. Esta em har-monia com as leis naturais. Pois fogo (calor). âgua. ar e terra é tudo de que necessitamos para fazer uma semente crescer e dar o seu fruto predestinado. A força da vida nâo se origina do fogo, da terra, do ar ou da âgua. Essa força da vida é uma essência à parte que preenche o universo. Essa essência, ou quinta essência (quintes-sència), é o objetivo verdadeiramente importante que o alquimista procura. Ela é a quinta das quatro; fogo, âgua, ar e terra, e é a mais importante que o alquimista procura descobrir e entâo separar. Ocorrida a separaçâo, a resposta âquilo que repousa atrâs do segredo da criaçâo manifestar-se-â parcialmente na forma de um vapor denso como fumaça que se transforma, apôs passar por um tubo conden-sador, numa substância aquosa de cor amarelada que tem em si algo

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oleoso que colore a âgua extraida, Essa substância oleosa, ou Sûlfur alqutmico, é tâo essencial aos preparados alquimicos quanto o Sal e a Essência. Nâo quero aprofundar esse ponto, pois ele sera tratado mais explidtamente noutra parte,

Certas frases e sentenças serâo diversas vezes repetidas neste livro. Tal repetiçâo nâo ë arbitrâria; as frases foram propositada-mente inseridas a fim de enfatizar mais foriemente certos pontos importantes, Muito do que esta escrito aqui deve seT relido muitas vezes para que se possa levantar o véu. Isso so pode ser alcançado individualmente pelos diversos estudantes. O que segue sera desco-berto quando a experimentaçâo prâtica ocorrer no laboratorio.

Vejamos agora o laboratorio do alquimista. Ele toma freqiien-temente um sinistro colorido quando a imaginaçâo dos homens corre à solta. Mesmo hoje, as pessoas pretensamente religiosas estâo in-ciinadas a comentar a Alquimia em voz baixa, porque, como afir-mam. ela é obra do demônio. A ignorância é uma bênçâo para alguns, e ninguém tem o direito de arrancar o proximo de sua bem-aventurança. Devemos ignorar aqueles que têm escrûpulos religiosos contra a Alquimia, pois nâo tencionamos converter ninguém. Nosso objetivo aqui é ajudar o alquimista aspirante em sua laboriosa ca-minhada. Essa caminhada começa no laboratorio. Tudo no labora-torio gira em torno do fogo ou de sua emanaçâo; o calor. O resto consiste em uns poucos balôes de vidro, um condensador, e alguma engenhosidade. Isso parece muito simples e de fato o é. Mas, e os outros instrumentes que se amontoam num laboratorio alqui'mico, como as pinturas nos fazem acreditar? Assim como um artista pré-cisa apenas de tela, tinta e pincéis para pintar um retrato, mas pode acrescentar um numéro indefinido de outros objetos ao seu estudio, da mesma maneira pode o alquimista lançar mâo de outros equipa-mentos que considerar apropriados. Nâo hâ dû vida de que ele pro-cura experimentar e investigar em profundidade os mistérios, a fim ae reveld-los um apôs o outro. Quando a aima anseia pela verdade e pela descoberta das leis da natureza, a sua pesquisa nâo termina senâo depois de atingida a ultima revelaçâo.

Onde se deve localizar o laboratorio? Como pode alguém pra-ticar a Alquimia numa cidade superpovoada? Essas questôes deverâo ser respondidas individualmente pelos diversos estudantes. Um canto no sotâo ou um espaço no porâo sera snficiente. desde que haja uma fonte continua de calor disponfvel. Aquele que deseja praticar a nos sa obra espagirista deverâ fazer todo o trabalho por si mesmo. Que afortunado! De que outra forma poderia ser? Como poderia

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alguém apreciar a experiência, se nâo chega ao ponto crucial do conhecimento por seus prôprios esforços? Jâ se falou bastante a respeito das fadigas e dos desapontamentos que o estudante sem du-vida encontrarâ. Se eîe, a despeito dessas dificuldades, ainda deseja penetrar os portais do templo sagrado do espagirista, encontrarâ um guia bem-vindo nas paginas seguintes. Elas revelam, em lingua-gem simples, o processo da circulaçào menor.

Aqueles que desejam uma descriçâo compléta, em linguagem semelhante, do Grande Arcano, esperarâo em vâo. Tal descriçâo nâo pode ser dada. Nâo é permitido. Mas — e isso é da maior signifi-caçào —, aquele que pode realizar em seu laboratôrio o que as paginas a seguir apresentam por meio de instruçôes, esse poderâ seguramente realizar o Grande Arcano, se estiver pronto. A prepa-raçâo pode levar anos e mesmo décadas. Nâo se pode fixar nenhum limite de tempo. Alguns têm uma tendência natural ou herdada, ou um dom, para sondar os mistérios. Outros jamais conseguem pene-trâ-los. O "porquê" disso nâo é aqui explicado. Mas para aqueles que estâo prontos para viajar pela estrada reai da Alquimia, eu digo: "Paciência! Paciência! Paciência! Pensem e vivam correta e carido-samente e permaneçam sempre na verdade — naquilo que vocês honestamente acreditam ser a verdade". Tal neofito nâo poderâ fa-Ihar. Lembre-se, "Busca e acharâs; bate e ela se abrirâ para ti".

A sabedoria dos sabios representa uma culminaçâo de tudo em que é essencial os homens acreditarem. conhecerem e compreende-rem. Aquele que atingiu tal estado de iluminaçào esta na verdade em harmonia com o universo e em paz com o mundo. Para atingir este objetivo de iluminaçào, a batalha neste invôlucro mortal nâo précisa ser de natureza violenta, como pretendem alguns; deveria ser, antes, uma atençâo constante às possibilidades com que nos defrontamos em nossas vidas cotidianas, no propôsito de elevar nosso mundo de pensamentos acima da labuta dessa vida de todos os dias e eventualmente descobrir a paz em nos. Se o indivlduo nâo passou pela Alquimia do eu interior, ou Alquimia transcendental, como tem sido chamada, descobrirâ que é extremamente dificil obter resultados em sua experiência prâtica de laboratôrio. Ele pode produzir coisas de que nada sabe, deixando-as passar, conseqiientemente, como sem valor. Nâo basta apenas saber; é a compreensâo que coroa nossa obra. E aqui que a sabedoria dos Sabios e Adeptos auxilia o indi-viduo a compreender o que sabe mas nâo compreende.

Na Alquimia hâ apenas um caminho que leva aos resultados. O aspirante deve mostrar seu valor e a sua preparaçâo adequada.

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Essa preparaçào estende-se por muitos e variados aspectos, mas a maioria delas diz respeito à pesquisa da verdade. O estado mentaJ vivo, desperto ou consciente deve estar imerso na honestidade que se révéla em tnda palavra e açao. Cumpre haver um amor para com a humanidade que nâo conheça nenhuma paixâo, uma presteza para partilhar de bom grado com os outros as posses materiais e uma disposiçâo para pôr as necessidades da humanidade acima dos de-sejos pessoajs. Todas essas virtudes o indivfduo deve adquiri-Ias em primeiro lugar. Sô eniâo a sabedoria dos Sâbios e Adeptos começaré a fazer sentido. A Natureza tomar-se-â, entâo, uma companheira voluntâria a servir-nos, O mundo, tal como passaremos a compreen-dê-lo, começarâ a tomar forma e figura, ao passo que anteriormente ele nos encobria com uma névoa que nossa visâo nâo podia penetrar. Chegaremos a conhecer Deus. A iluminaçâo espargirâ luz por toda a nossa vida, e esta deixarâ de ser mera luta pela sobrevivència, pois o Divino terâ penetrado nossos coraçôes. A paz profunda residirâ em nos e nos cercarâ no meio do alvoroço e da luta. A sabedoria dos Sâbios nos ajudarâ a atingi-la. Mas apenas a nossa prôpria pre-paraçào e uma vida adequada nos darâo os meios de obtê-la. De-vemos nôs mesmos fazer a obra, pois ninguém poderia fazè-lo para nos, Começaremos a compreender que nada é tâo individual quanto parecia ser antes, Nôs é o termo no quai pensaremos. Nôs, Dcus e eu, a humanidade e eu nos tomamos um so. O "eu" perde seu sen-tido; ele suhmerge no Tudo Côsmico. O "eu" torna-se muitos, como parte de muitos que têm seu fim em um. A individualidade, embora existindo ainda, torna-se "individualidade de todos'1. Começamos en-tâo a compreender que o "eu" é apenas um segmento do Divino, uma entidade em si, mas nâo o si-mesmo verdadeiro, aquele que é Tudo, o Divino. Os homens iluminados, Sâbios, Adeptos, ou qual-quer nome que dermos àqueles que se tomaram iluminados, encon-tram-se no mesmo piano. Eles subiram ao topo da montanha. Deles é o dommio sobre o mundo embaixo, Eles podem ver o que ai acontece e o que açontecerâ, graças à sua poderosa visâo. Aqueles que estào no vale, confusos. agitados, perdidos entre os obstâculos, encontram-se perto demais do padrao dos eventos para percebê-!o. Os Sâbios lêem a Natureza como um livro aberto impresso em tipo claro, cujas sentenças compreendem perfeitamente.

Os escritos que os Sâbios nos deixaram sâo tipicos para a cor-r e s p o n d e n t de seus pensamentos e explicaçôes. Todos concordam entre si. Apenas o nâo-iniciado acredita que pode detectar inconsis-tências e contradiçôes aparentes, talvez por sua falta de compreensâo. Exemplares pela precisâo e profundîdade sâo os sete pontos que tra-

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tara dos conceitos rosa-cruzes emitidos durante uma palestra curri-cular extraordinârio aos estudantes da Universidade Rosa-Cruz pelo eminente Soberano Grande Mestre daquela Ordem, Thor Kiimale-tho jâ falecido. O que segue é citado de sua conferência, "Os Conceitos Rosa-Cruzes Bâsicos":

"1. A Origem do Universo é Divina. O Universo é uma ma-nifestaçâo e uma emanaçào do Ser Côsmico Absoluto. Todas as manifestaçôes da vida sâo centros de consciência e expressôes da Vida Côsmica na estrutura de suas limitaçôes materiais. Hâ apenas uma Vida Onica no Universo — a Vida Universal. Ela satura e preenche todas as formas, figuras e manifestaçôes da vida.

"2. A aima é uma centelha da consciência divina no Universo. Assim como uma gota de âgua é uma parte do oceano e de toda a âgua. assim é a aima que se manifesta na expressâo material uma parte da Aima unica no Universo. No ser humano, ela desenvolve a personalidade e a expressâo individual.

"3. A força da aima possui potencialmente todos os poderes do princîpio divino em açâo no universo. A funçâo da vida sobre a Terra é proporcionar a oportunidade de desenvoiver essas poten-cialidades na personalidade. Como uma encarnaçâo sobre a Terra pode nâo ser suficiente, a personalidade deve retornar uma e outra vez para alcançar o desenvolvimento mâximo.

"4. A lei moral é uma das leis bâsicas do universo. Podemos chamâ-la também de princîpio do Karma, o resuliado da causa e do efeito, ou açâo e reaçâo. Nada hâ de vindicativo nesse princîpio. Ele âge impessoalmente como qualquer lei da natureza. Assim como o fruto esta contido na semente, também as conseqiiências sâo ine-rentes ao ato. Esse princîpio guia os destinos dos homens e das naçôes. O homem que adquire tal compreensâo tem o poder de controlar seu prôprio destino.

"5. A vida tem um propôsito. A vida nâo é desprovida de significaçâo. A felicidade é uma coisa real e é um subproduto do conhecimento, da açâo e da vida.

"6. O homem pode escolher livremente. Ele tem poderes tre-mendos para o bem e para o mal. que dependem de suas realizaçôes conscientes.

1. T h o r K i i m a l e t h o c o n c e d e u ao autor a permissâo para t r a n s c r e v e r " O s Conce i to s Rosa-Cruzes Bâsicos".

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"7. Como a aima individual é parte da aima universal, o homem tem acesso a poderes que nâo conhece, mas que o tempo, o conheçimento e a experiência gradualmcnte Ihe revelarào."

Os filôsofos herméticos ensinaram os mesmos fundamentos, e assim o farâo os filôsofos do futuro, pois aquilo que constitui a verdade permanecerâ verdade. Nâo se pode modificar tal funda-mento. Mas as teorias dos homens e as suas opiniôes, que alguns têm erroneamente como verdade, estâo sujeitas a modificaçôes. Por-que alguém se chama a si prôprio de filôsofo riâo se transforma necessariamente em um. Sô é filôsofo aquele que tem um amor sincero pela sabedoria manifesta universalmente. e que se esforça de boa-fé para aplicâ-la no dia-a-dia. Adquire-se a sabedoria por meio do viver virluoso. A sabedoria é compreensâo apiicada. A aquisiçâo de um grau de Doutor em Filosofia, tal como o conferido aos gra-duados em instituiçôes de ensino superior, nâo torna alguém um filôsofo, como muitos dos que tem a posse desse grau acreditam em seu direito a tal titulo,

Estar familiarizado com a histôria da filosofia, as vidas e ensina-mentos dos chamados filôsofos é apenas um estudo e um conheçi-mento de seus conceitos universais e do que eles criaram. Ser um filôsofo significa compreender e viver de acordo com essa compreen-sâo, sabendo bem que apenas quando sem hesitaçâo e sem apego a nossa fé na humanidade sera justificada. Quando isso for compreen-dido, a Alquimia se tornarâ entâo algo real. A transmutaçâo sempre ocorre num piano superior, e no mundo ffsïco as leis nâo podem ser seguidas ou violadas sem produzir manifestaçôes côsmicas. O Karma benéfico, se é justo usar esse termo, uma vez que o Karma é imparcial. é produzido pela aplicaçâo harmoniosa das leis naturais. Essas leis naturais devem ser seguidas se, de acordo com resultados predestinados, desejamos obter o que a natureza decretou.

Se o que précédé mesmo em sua forma condensada fez algum sentido ao estudante da Alquimia, entâo deve ficar claro por que a gema alquimica. que todos os alquimistas desejam produzir, foi chamada de Pedra Filosofai. Quâo freqîiente é utilizarmos palavras e nâo lhe darmos nenhuma significaçâo apenas porque somos inca-pazes de compreendê-las!

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Capitulo II

A CIRCULAÇAO MENOR

É diffcil entender a terminologia alquimica. O noviço sem pre-paraçâo mental e espiritual adequada interpréta normalmente os simbolos espagiristas à sua propria maneira, iniciando assim uma penosa trilha de interpretaçôes errôneas que apenas anos de labo-riosa experiência podem remediar. É certo dizer, e a experiência jâ o demonstrou, que todos os principiantes na Alquimia se empenham em obter a Pedra Filosofal. Ainda que esse objetivo possa ser jus-tificado, nâo obstante, sem a preparaçâo adequada, ele é normal-mente abandonado quando apôs um espaço de tempo relativamente pequeno de experimentaçâo nenhum resultado se torna manifesto. Entâo a Alquimia é condenada, cbamada de fraude, ou de nomes semelhantes, e estudantes outrora sérios, por falta de preparaçâo adequada. desmerecem o valor daquilo que nâo entendem.

Neste capitulo de experimentaçâo laboratorial prâtica, o ini-ciante sera parientemente instruido sobre como obter as verdadeiras tinturas, extratos e sais herbâceos alquimicos. Como percebeu o lei-tor, a expressâo "pacientemente instruido'1 foi enfatizada. É conve-niente iniciar esta instruçâo pondo diante do Neofito o primeiro requisito da prâtica laboratoriai alquimica. a saber, a PACIÊNCIA. Essa palavra deveria ser pintada em grandes letras e dependurada sobre o Athanor ® do alquimista. E incompreensîvel que alguém possa realizar alguma coisa num laboratorio alquimico sem a mâxima paciência. Mais tarde, a experiência pessoal possibilitarâ ao iniciante uma plena compreens o desse importante vocâbulo. Se. portanto, o Neôfito se acredita suficientemente dotado dessa virtude, abrkei de

I . Esta palavra foi util izada por Parace lso para des ignar o f o r n o no quai o f o g o se m a n t i n h a aceso-

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muito bom grado a porta de meu laboratorio e guiarei o estudante sério em seu olho mental pelos varios processos que sâo necessârios para obier os resultados desejados.

Como Apanhar e Préparer as Plantas

As diferentes partes das plantas devem ser eolhidas quando os seus sucos peculiares forem mais abundantes.

Cascas As cascas de tronco, ramos ou raîzes devem ser peladas de âr-vores jovens no outono ou no inicio da primavera. Apôs ter raspado a porçâo exterior da casca, corte-a em pequenos pe-daços e coloque-a à sombra para secar.

Raizes Devem ser desenterradas apôs a queda das folhas, que e a época em que toda a força refluiu para a raiz. Mas, melhor ainda, desenterre-as no inicio da primavera, antes que a seiva suba.

Se ment es e Flores Apenas depois de estarem completamente maduras e em plena florescência as sementes e as flores, respectivamente, devem ser eolhidas. Seque-as entâo imediatamente à sombra.

Plantas Medicinais Para melhores resultados, devem ser apanhadas quando em flo-rescência, mas podem ser eolhidas em qualquer tempo antes do inicio do inverno. Seque-as imediatamente à sombra.

Folhas As folhas devem ser apanhadas enquanto a planta estâ em flor. Seque-as imediatamente.

F rut as e Frutas Silvestres Devem ser apanhadas quando plenamente maduras. Seque-as imediatamente.2

2. O es tudante adiantado aprenderâ mais tarde em que tempos planetârios as ervas devem ser apanhadas.

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Um dos melhores métodos para secar as ervas é espalhâ-las cm pequenos pedaços sobre papel limpo, preferivelmente no châo, e por onde passe uma constante corrente de ar fresco.

As ervas, ou todos os medicamentos végétais, devem ser man-tidos em lugar seco e escuro. Para guardar os pos, as latas de es-tanho sâo preferiveis a outros recipientes. As raizcs conservam-se melhor em garrafas de vidro escuro, pois estas as protegem da açâo da luz.

Suponhamos entâo que a erva conhecida como Erva Cidreira ou Melissa (Métissa cfficinalis) tenha sido escolhida. Apôs a seleçào da erva desejada, da quai os poderes medicinais alqmmtcos serào exlraidos, devemos considerar os meios principais para a obtençào do exiraio. Tais meios sâo os seguintes:

1. Maceraçào A erva fresca ou seca é colocada em âgua e deixada em repouso na temperatura ambiente.

2. Circulaçào A erva fresca ou seca é circulada (filtrada), Isso é feito colocando-se um condensador sobre um balâo de vidro que £az a mistura condensar-se e gotejar no recipiente inferior. Repete-se entâo esse processo, que é conhecido também como refluxo.

3. Extraçâo A erva fresca ou seca é posta num dedal e ambos sâo co-locados num Extralor Soxhlet para extraçâo.

Qualquer dos très procedimentos pode ser utilizado para se obter um extrato. Agua. Alcool ou Eter podem ser utilizados como meio de extraçâo (mênstruo).

Os très meios citados sâo empregados sobretudo na obtençào do extrato ou da tintura. Uma tintura derivada de uma destilaçâo com âgua nâo contém tanta essência essencial da erva quanto o ex-trato herbâceo macerado, oblido peîa imersâo em alcool ou éter, Para obter toda a essência possivel, inchiindo a subsîância oleosa inerente à erva. o ûltimo méiodo, o de extrai-la num aparelho de extraçâo (Soxhlet ou outro) é preferivel.3

V A b o r d a r e m o s « s e assunto n u m capitulo posterior.

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Apôs a extraçâo da essência, a erva permanecerâ quai residuo morto do quai a vida foi retirada sob a forma de essência liquida, por meio de um dos métodos mencionados acima. Essas fezes, como sào chamadas, ou, em iinguagem alquimica, Capui Mortum, isto é, "cabeça morta", sâo recolhidas e queimadas até se transformarem em cinzas. Isso é realizado tomando-se o residuo e depondo-o num prato de ceràmica ou argila que é colocado sobre o fogo. O conteudo do prato é queimado até atingir a cor negra, apôs o que ele assume gradualmente uma cor cinzenta e brilhante. Apôs as cinzas se terem tornado brilhantes, elas sâo colocadas num almofariz e trituradas até se reduzirem a um pô fino, utilizando-se para isso um pilào.

É aqui que as diferenças entre os procedimentos medicinais alo-pâticos, homeopâticos e bioquimicos se tornam évidentes. A tera-pêutica alopâtica utiliza geralmente tinturas ou sais (alcaloïdes), ao passo que as terapêuticas homeopâtica e bioquimica utilizam sais (minerais triturados). O triângulo ajuda a explicar a necessidade de uma conjunçâo da essência e do sal para se obter uma genaina ma-ri ifestaçâo que sô a Alquimia pode produzir. Para ilustrar:

Se uma erva, imersa ou posta em infusâo em âgua fervente, produz um châ que ajuda a remediar as desordens fisicas, muito mais efetivas devem ser as manifestaçôes de um extrato, ou ainda da conjunçâo de extrato e sal, no corpo humano. Convém apresentar aqui, para posterior demonstraçâo, os très reinos principais da na-tureza em seu relacionamento caracteristico. quais sejam. reinos vé-gétal, animal e minerai. Um erro comum que se cometeu e ainda é cometido consiste cm misturar essência végétal com sais animais ou minerais. Com cada essência constitui uma esfera separada ou grupo vibratôrio, a mistura desses recipientes nâo adequadamente harmo-nizados nâo produzirâ nenhuma manifestaçâo. Esse fato é importante

M A N I F E S T A Ç A O

( M e d i c a m e n t o P e r f e i t o )

F O R Ç A P O S I T I V A ( E s s ê n c i a )

R E C I P I E N T E N E G A T I V O O U T O R N A D O

A D E Q U A D A M E N T E P A S S I V O

( S a l )

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especialmente quando se produzem elixires derivados do reino animal ou mesmo do reino minerai. Ê, sem duvida, devido à concepçào errônea desses principios vitais da Alquimia que o furor estala entre os pseudo-alquimistas no momento em que nâo conseguem produzir nenhuma manifestaçào alquimica, embora em seus câlculos tais ma-nifestaçôes devessem ocorrer, £ aparentemente impossivel comunicar os principios fundamentais aos recem-chegados à Alquimia sem a utilizaçào da analogia. Por meio da concentraçao, pode-se produzir um veneno a partir de uma substância normalmente inofensiva. Por conseguinte, é também possivel produzir. tendo como base a mesma substância, algo que é igualmente nào-venenoso,4

Se o leitor seguir pacientemente pelo labirinto de tal contra-diçao. ao final de seu caminho tortuoso ele sairâ verdadeiramente triunfante; evitando cuidadosamente o preconceito e a interpretaçâo errônea. ele sera capaz de ver a luz. Naturalmeme, a Alquimia é um processo lento. É evoluçâo — aumento de vibraçôes. Nâo s um assunto que pode ser dominado apenas por meio de faculdades in-telectuais.

Os dois principios da Essência e do Sal foram. portanto, apre-sentados. Contudo, antes de empreender o prôximo e diffcil passo, o de juntar a Essência ao Sal (e assim produzir uma manifestaçào alquimica), umas poucas palavras a respeito do que a Essência e o Sal representam deveriam ser cuidadosamente analisadas pelo leitor.

(1) A Essência (Quintessência) ou força ativa no reino vé-gétal é a mesma em todas as plantas vivas.

(2) O Sal ou cinzas a que toda planta pode ser reduzida di-fere de uma planta a outra.

Esta essência, ou "Mercurio", como os alquimistas a chamam, é a energia doadora de vida que se manifesta em toda maiéria. O mesmo Mercurio existe em toda pane do reino animal, e o mesmo Mercurio por todo o reino minerai. No entanto, e o leitor anotarâ este dado, por favor, embora o Mercurio seja da mesma origem, no reino végétal eie tem uma certa vibraçâo, no reino animai, um grau vibratôrio mais elevado, e no reino minerai um grau ainda mais elevado. Ë por essa razâo que o Mercurio do reino végétal nâo deve

4. A sabedoria é u m a f lor c o m a quai a abelha f a z mel e a araaha, v e n e n o . cada uma de acordo c o m a sua propria natureza. ( A u t o r d e s c o n h e c i d o . )

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ser misturado com os sais de nenhum dos dois reinos. Cada um representa uma unidade autônoma. O animal corne ervas e contrai ou cura doenças da mesma fonte. Quando a cura falha, apenas as curas de grau superior terâo resuitado. Contudo. é preciso observar que o Elixir superior nâo funcionarâ indefmidamente se a mente nâo for mantida num estado condtzente. Os humanos, que pertencem ao grupo animal, comem végétais e carne. Portanto, eles podem ser curados com ambas, j, e., com essèncias végétais em seu primeiro estado, e mais adequadamente com o seu prôprio Sal e Essência animais (arcano do sangue). Contudo, a forma mais potente de ma-nifestaçâo terrestre se produz a partir dos sais e essèncias provindas dos minerais e dos metais. Em sua forma superior (e levado à per-feiçâo apenas pelo homem), tal poder é conhecido como Pedra Fiîosofal. A Natureza, em sua açâo, nâo produz o elixir de nenhum dos très principados. Qualquer que seja o elixir, herbâceo, animal ou minerai, ele sô pode ser produzido pela arte. A Natureza nâo produz a Pedra Filosofal no mesmo sentido em que forma os cmtais da terra.

Do que précédé, o leitor deve ter bem claro em mente que existent :

1 . Très reinos ou principados, a saber: a. Végétal b. Animal c. Minerai

2. Cada reino tem o seu prôprio Mercûrio, Todos os très Mercurios derivam da mesma fonte original, mas se ma-nifestant sob diferentes vibraçôes em cada reino.

3. O Sal de cada manifestaçâo végétai difere de uma planta a outra. Isso também é vâlido para todos os Sais dos pro-dutos animais e minerais.

4. As substâncias (Essência e Sal) nâo se devem misturar quando os elixires ou medicamentos alquimicos sâo prepa-rados.

5. Os elixires alquimicos nâo sâo produtos de formaçâo na-turel. mas de produçâo artificial.

Uma iiustraçào analôgica adicional clarificarâ talvez um equi-voco comum — por que o ser humano, pertencendo ao reino animal, nâo esta acima também do reino minerai? O leitor terâ em mente

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que estamos iratando aqui dos aspectos ftsicos da Alquimia, Explicar por que os seres humanos sâo dotados de poderes de raciocinio que nâo se manifestam nos végétais, minerais e metais levar-nos-ia à Al-quimia transcendental. Estamos tratando aqui dos fenômenos fisicos.

Se, pela sabedoria divina, o homem, como espécime mais ele-vado do reino animal, foi colocado no meio dos très reinos, ele o foi por necessidade, dado que nada na natureza se baseia no acaso. O homem segura a balança dos très reinos e pode partilhar de qual-quer um deles, de acordo com a sua preferência, pois tem um labo-ratôrio alqui'mico em seu prôprio corpo para transmutar maléria morgânica em orgânica, e orgànica em matéria espiritual.D Como essas sâo realidades com as quais nos defrontamos, devemos lidar com elas e tentar compreendè-las. Apenas as leis que sâo bâsicas e de valor côsmico verdadeiro entram na Alquimia. Nâo pode haver especulaçâo na Alquimia. A Alquimia baseia-se em fatos, e com paciência, experimentaçâo e perseverança o estudante sincero obterâ esses fatos. Nâo hâ nenhum outro caminho além daquele que todos os Alquimistas trilharam, e esse é o caminho da experiência.

Os principios fundamentais sâo os mesmos em toda a Alquimia. Eles se aplieam aos très reinos. Jâ que mencionamos o numéro très, pode-se adfirmar agora que este numéro de manifestaçào sera encon-trado repetidas vezes na Alquimia. Quando , no que précédé, apenas duas substâncias, o Mercurio e o Sal, foram mencionadas, isso foi feito propositadamente. para nâo confundir o iniciante. Como hâ très principados ou reinos, hâ também très substâncias com as quais um Alquimista trabalha continuamente. Sem elas, nada se pode realizar na Alquimia. Sâo o Mercurio, o Sal e o Sûlfur. Eles sâo represen-tados pelos seguintes stmbolos:

Sûlfur A

Sal e

Mercûrio ^

(Este é o mesmo simbolo utilizado para o planeta Mercûrio.)

5. O corpo huxnajio c o n t é m alguns minerais inorgânicos em quant îdades m i n i m a s d o s quais recebe nutriçâo de natureza al tamente vibrat6ria.

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Como se explicou anteriormente, o Mercurio alquimico nâo é o azougue comum. Tampouco é o Sulfur sûlfur ou enxofre comum. Ou é o Sal sal de cozinha ou cloreto de sôdio comum.

O Sulfur. isto é, o Sûlfur alquimico, encontra-se normalmente em sua forma oleosa que adere ao Mercurio. Ele pode ser separado através da destilaçâo. Esta substância amarela é o Sûlfur que a ex-traçâo do alcool comum nâo libertou suficientemente. (No Sûlfur metâlico a diferença se tornarâ ainda mais évidente.)

No processo herbâceo, a separaçâo do Sûlfur do Mercurio (Es-sência) nâo é tâo essencial quanto na obra minerai. Por conseguinte. o iniciante nâo utiiizarâ as très substâncias alquimicas separadamente, mas utiiizarâ o Mercurio e o Sûlfur combinados e o Sal em sepa-rado. Os dois primeiros (que formam um liquido na extraçâo her-bâcea) sâo acrescentados ao Sal, e dessa combinaçâo résulta o re-médio ou o elixir alquimico. Assim, por meio da arte, pode-se fazer um elixir a partir de qualquer erva, e o elixir sera mais petente do que a tintura, o extrato ou o Sal tomados em separado, como o prescreve normalmente a terapèutica atual.

O que précédé é uma tentativa de apresentar uma sinopse dos fundamentos da Alquimia. a teoria bâsica que sustenta todo o tra-balho alquimico. O que segue é um exemplo de prâtica, ou melhor. uma apresentaçâo do procedimento com o quai se obtêm elixires alquimicos de ervas. O processo utilizado na obra herbâcea difere muito pouco do empregado com substâncias animais e minerais. Uma das diferenças consiste na nâo-separaçâo do Sûlfur do Mercûrio no processo herbâceo.

Nas instruçôes que seguem, presume-se que o noviço espagirista jâ possua um claro conhecimento do que as ervas sâo e que pro-priedades medicinais elas contêm. Apenas os estudantes equipados com esse conhecimento deveriam entregar-se ao trabalho prâtico de laboratorio descrito nas paginas a seguir.

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Capitulo III

O ELIX1R HERBÂCEO

No preparo do elixir herbâceo, utilizaremos as partes das ervas que contêm valor médicinal. Essas partes podem ser as folhas, as hast es, as raizes ou as flores, dependendo da erva parttcular utilizada. Isso pressupôe, naturalmente. algum conhecimento, pelos estudantes. das propriedades curativas das ervas. As ervas frescas devem em primeiro lugar ser secadas num local quente em que haja circulaçào adequada de ar. Se ervas frescas e nâo secas sâo utilizadas em nosso trabalho, descobrir-se-â que elas contêm muita âgua, e que essa âgua nâo tem valor para nos. Quando uma erva é secada. a essência e o sûlfur permanecem nela e podem ser facilmente extraidos. A âgua contida nas ervas frescas misturar-se-â com alcool e servira apenas para aumentar-lhe o volume. Portanto. cumpre ao esîudante observar o seguinte procedimento:

I. Uma quantidade suficiente de alcool 1 deverâ ser retifi-cada.®

| . O a lcool dériva de varias fontes . Ele pode ser o b t i d o da cana-de-açu-car, de cereais, do miltao, de batatas, de uvas, da madeira, para indicar apenas as f on te s mais c o m u n s , Portanto, nem t o d o i os â l c o o i s sao iguais. I sso é espe-c ia lmente s ign i f i ca t ive q u a n d o se trata da Alquimia . Q u a n d o nos r e f e r i m o s aos espîr i tos de cereais, f a i a m o s daqui lo que é a essênc ia do cereal . A s s i m , v e r - s e - i que o a lcool é, portanto, o espiri to ou essência que l iber tamos das var ias f o n -tes de que pode ser obtido, O a lcool der ivado da made ira é c o n h e c i d o c o m o metanof e é v e n e n o s o se ingerido. O â lcoot . ou espiri to do v inho , é a m e l h o r e s sênc ia e a mais amadurec ida do re ino végétal . É sabido que e l e tem um grau vibratorio mais e levado do que qualquer outra essência do re ino végétal, sendo, por isso, u t î l i zado c o m o m ê n s t r u o nas extraçdes de ervas.

2, Para retif icar o a lcoo l , procéda da seguinte mane ira : T o m e qualquer a l coo l puro n â o v e n e n o s o ( 1 9 0 espîritos de g r a d u a ç â o ) e dest i le a 7 8 ° C. T u d o que é des t i lado numa temperatur» superior a 7 8 ° C n â o pode ser ut i l izado.

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2. A erva selecionada para o uso deverâ ser muito berr tri-turada num almofariz, até reduzir-se a um po fino, para o que se utiliza um pilâo.

3. A erva triturada 3 é entâo colocada num dedal de um apa-relho de extraçào. Junte a esse aparelho um frasco cheio pela metade com alcool retificado. Acenda entâo o fogo sob o frasco para iniciar a extraçào,

Um aparelho de extraçào Soxhlet consiste de très partes: 1. Frasco 2. Extrator e dedal 3. Condensador

O frasco fica na parte inferior. A seçâo média é o extrator. que contém o dedal (um cilindro de pape! filtrante no quai colo-camos a erva com que trabalharemos). O condensador é a seçâo superior. que repousa no extrator. Esse aparelho é ilustrado no de-senho da pagina 37.

T o m e tudo que fo i dest i lado a nâo m a i s de 7 8 ° C e c o ! o q u e - o n o v a m e n t e n u m frasco l impo. Redest i le a 7 6 ° C. O produto deverâ ser dest i lado novamente . D e v e - s e repetir a operaçâo por sete vezes a partir da primeira dest i laçâo. O que resta t o m a r - s e - â cada vez mais escuro a cada redesti laçâo. Final mente, o p r o d u t o da ûl t ima dest i laçâo sera um a lcool c laro c o m o cristal. ( N â o use m e t a n o l ) ,

Hâ um outro m é t o d o pe lo quai o a lcoo l pode ser ret if icado. Dest i le nova-mente a lcoo l n à o - v e n e n o s o de graduaçâo 190 a 7 8 ° C. A cada 1000 ml de a lcool dest i lado, acrescente 25 gr de carbonato de potâss io anidro. D e i x e - o em r e p o u s o por 48 horas. Ag i l e ocas iona lmente . Des t i l e o a l coo l mais u m a vez a 7 6 ° C. O dest i lado serâ um a lcoo l re f inado .

O pr imeiro m é t o d o ac ima m e n c i o n a d o é a maneira antiga de ret i f icaçâo. O s e g u n d o é t i t i l izado hojc na quimica moderna . A experiência ensinarâ que m é t o d o o a lquimista deverâ esco lher .

3 . N o s s o â l coo l re t i f i cado que é suf ic iente para ex traçôes h e r b é c e a s deve ainda so frer outra preparaçâo antes de ser e m p r e g a d o nas extraçôes minerais . Os espir i tos r e f i n a d o s do v inho dos sâb ios d i f e r e m daque le descr i to aqui para a e x t r a ç à o herbâcea .

Dever - se - ia m e n c i o n a r t a m b é m que no preparo de espiritos ret i f icados de v inho . é prefertve! utilizar um v inho tinto, que sera tanto m e l h o r quanto m a i s ve lho. O v inho deveria ser um v inho puro nâo- fort i f i cado . T o d o v inho que c o n t é m m a i s de 17% de â lcool por v o l u m e pode ser for t i f i cado c o m âlcool der ivado de outros frutos a l ém da uva. Q u a n d o esse é o caso e q u a n d o o v inho ass im a l terado é dest i lado, o des t i lado n â o apresenta espiritos puros de v inho. Por essa razâo. os espiritos de v i n h o dever iam ser obt idos apenas do v inho que c o n t é m m e n o s de 17% de â lcool por v o l u m e , ou o b t i d o apenas de aguardente de uva. Essa observnçâo é de grande importância na Alqu imia .

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4. Apos très ou quatre extraçôes, perceber-se-â que hâ uma alteraçâo definida de cor no conteûdo do frasco. Se uma orla escura se formar no frasco, sera necessârio baixar o fogo, pois do contrario o Sûlfur (ôleo) se crestarâ e per-derâ sua eficâcia. Ê preferivel utilizar um banho-maria a uma chama direta, pois o banho-maria previnirâ a crestaçâo ou queima do ôleo delicado (Sûlfur) contido no extrato (Essência).

5 Quando o alcool que passa pelo tubo de sifâo se torna eventualmente claro, esse é um indicio de que a extraçâo foi completada. O dedal deverâ entâo ser removido e o seu conteûdo, colocado num prato de ceràmica ou porcelana. Coloque uma tela de arame sobre o prato e ponha fogo nesse residuo. que se incandescerâ imediatamente, devido ao fato de estar saturado de alcool, Deve-se tomar cuidado para que nâo haja outras substâncias inflamâveis por perto. Esse material deve ser calcinado até se transformar numa cinza negra. Triture-o e calcine-o novamente até obter uma cor cinza claro.4

(Este aparelho pode ser obtido a preços môdicos numa casa de equipamentos quimicos.)

4. U m a ca lc inaçâo pro longada pode transformar a cor cinza n u m a cor avermelhnda, a quai é naturalmente preferivel . e m b o r a a sua o b t e n ç à o requeira um l o n g o tempo.

«- EXTRATOR

- FRASCO

*- CONDENSADOR

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6. As cinzas calcinadas (Sal) sâo entâo colocadas no frasco inferior. Uma quantia suficiente de extrato é despejada so-bre esse Sal. O frasco é recolocado no aparelho de extraçào e a circulaçâo é iniciada. Esse processo deve continuar até que o Sal tenha absorvido a Essência e o Sûlfur. O extrato no frasco inferior deverâ tornar-se mais claro. Quando nâo houver mais nenhuma alteraçâo na cor, o Sal terâ absor-vido tudo o que é possivel. Se o extrato se tornar claro, retire-o do frasco e acrescente a Essência até que o Sal nada mais absorva.

7. Retire o frasco e remova o seu conteûdo. Este serâ entâo o elixir alquimico em seu primeiro estado. Quando quente. ele se transforma numa substância oleosa e liquefeita. Quando frio, ele se solidifica novamente.

8. O poder desse elixir pode ser aumentado se o calcinarmos num prato de calcinaçâo. O elixir deverâ entâo ser reposto no frasco do aparelho de extraçào, repetindo-se a circula-çâo com a adiçao de mais um pouco da essência extraida. A cada vez que o processo for repetido, a potência do elixir aumentarâ.

O processo pode ser desenvolvido juntando-se as très substân-cias num frasco de vidro, o c ual deverâ ser hermeticamente selado e submetido a calor moderado com vistas à digestâo. Pode-se pro-duzir, dessa maneira, uma "pedra" do reino végétal. (Nâo se deve confundir essa pedra com a Pedra Filosofal.) Embora nâo seja abso-lutamente necessârio produzir uma pedra végétal, ela serâ no entanto de grande ajuda nas investigaçôes alquimicas posteriores, especial-mente se nâo estivermos familiarizados com a aparência de uma substância sublimada. A potência de tal "pedra" é muito maior do que a de qualquer medicamento na forma de um elixir. como o descrito anteriormente. Essa "pedra" herbâcea atrairâ, apenas por imersâo, a Essência, o Sûlfur e o Sal de outras ervas. Contudo, a produçâo dessa "pedra" nâo é necessâria. Um potente medicamento pode ser preparado pelo processo jâ mencionado. Quando o primeiro resultado for alcançado e compreendido, as investigaçôes subséquen-tes continuarâo a revelar mais e mais os segredos da Alquimia. Tais segredos podem ser experimentados pessoalmente e individualmente por todos os estudantes.

Aqueles que nâo têm meios de obter um aparelho de extraçào podem utilizar outro método que é muito mais simples no que diz

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respeito ao equipamento necessârio. Esse método foi originalmente descrito no Alchemical Laboratory Bulletin, n.° 1, 1960, e é repro-duzido no material a seguir.

O que segue foi preparado para aqueles que estudaram ou leram sobre a Alquimia e estâo agora se preparando para começar o tra-balho no laboratôrio, Como esse trabalho se revelarâ uma tarefa muito intéressante e iluminadora, nâo se deve empreendê-lo descui-dadamente. Em primeiro lugar, a escolha de um local adequado para trabalhar é de grande importância. O espaço requerido nâo é grande. Um canto no porâo ou no sôtâo, ou mesmo na garagem, servira, desde que haja uma fonte constante de calor. O local deverâ contar também com uma fonte de âgua fria, para o resfriamento do tubo condensador. Umas poucas garrafas, alguns frascos, um almofariz e um pilâo sâo desejâveis, senao necessârios.

Uma mesa e uma cadeira completam a mobïlia. A mesa ou banco devem ser Iocalizados de modo que a fonte de calor e âgua estejam muito prôximas, pois a chama de gâs ou elétrica (qualquer uma das duas pode ser utilizada) é de grande necessidade. Para a chama de gâs, recomenda-se um queimador Bunsen, ou, melhor ain-da, um queimador Fisher. Os frascos Erlenmeyer, que têm as bases chatas, sâo os que melhor se ajustam aos nossos propôsitos. Quanto às rolhas, empregam-se as de borracha ou cortiça. Uma pequena quantidade de ambas durarâ por um longo tempo, Necessitamos também de uma base para sustentar o frasco sobre a chama e man-tê-lo bem firme durante o processo de destilaçào. A base pode ser adquirida ou construida pelo estudante, na medida de suas neces-sidades.

Como o iniciante jâ conhece os utensilios mais importantes, examinemos agora a substância com que iremos trabalhar alquimi-camente. Escolhamos uma erva que se pode obter com facilidade — por exemple, a Melissa (Melissa officinalis — erva-cidreira). Visto que essa é uma erva importante e qualquer loja pode fomecê-la, utilizâ-la-emos como exemplo de nossa primeira experiência.

Como mencionamos anteriormente, é preferivel no começo uti-lizar a erva seca. Devemos portanto nos certificat de que selecio-namos realmente a erva desejada. Isso pode parecer desnecessârio, mas é muito importante. Em nosso trabalho. existe uma grande di-ferença, por exemplo, entre a sâlvia selvagem e a sâlvia doméstica. As flores da sâlvia selvagem, além disso, produzirâo um medica-mento diferente do das folhas da mesma planta. Por conseguinte, o

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estudante deve sempre estar certo de que a substância herbâcea en-volvida é a desejada.

O passo seguinte no procedimento é a trituraçâo da erva. Isso se faz amassando-se a erva com as mâos ou triturando-a num almo-fariz com um pilâo. Ouanto menores forem as partîculas mais fâcil serâ a extraçào. A erva da terra é entâo colocada num frasco, numa garrafa ou num recipiente (preferencialmente de vidro) que se pode fechar hermeticamente. Sobre a erva da terra, despeja-se entâo o mênstruo, produzindo-se assim a extraçào. O meio mais fâcil é des-pejar um pouco de âlcool forte (JAMAIS utilize âlcool desnaturado ou Metanol), ou preferivelmente aguardente de frutas, sobre a erva da terra no frasco ou garrafa. O recipiente serâ entâo fechado her-meticamente e colocado sobre a fornalha, ou prôximo delà, durante o invemo. Se o calor c obtido por outro método, a temperatura nâo deverâ exceder a temperatura requerida pela incubaçào dos ovos de galinha. O mênstruo deverâ ocupar apenas metade ou très quartos do recipiente, de modo a ter espaço para expandir-se e aliviar um pouco a pressâo que se pode criar no interior do frasco.

Apôs vârios dias, o mênstruo tomarâ a cor verde. A tonalidade do verde dependerâ do tipo de melissa utilizado e da força e da pureza do âlcool. Quando suficientemente macerado (esse processo chama-se maceraçâo), o liquido deve ser derramado num recipiente limpo de vidro. A substância herbâcea remanescente deve ser colo-cada num prato de calcinaçâo e reduzida a cinzas. O âlcool que saturou a erva queimarâ imediatamente, calcinando também os restos da erva, que agora chamamos de "fezes", até estas se reduzirem a cinzas negras. Como isso produzirâ fumaça e um forte odor, tenha cuidado em nâo realizar a experiência num quarto fechado,

Apôs a queima das fezes, como as chamaremos agora, elas po-dem ser incineradas em qualquer prato à prova de fogo, até tomarem uma cor cinzenta. Uma ocasional trituraçâo no almofariz. seguida por uma queima adicïonal, que chamaremos agora de "calcinaçâo", produzirâ gradualmente uma cor mais brilhante. Quando esse estado foi atingido, as fezes deverâo ser removidas do fogo e, ainda quen-tes, colocadas num frasco que tenha sido pré-aquecido, para que nâo rache devido à sûbita mudança de temperatura. Nesse frasco, derra-ma-se a essência que foi previamente extraida da erva macerada e posta de lado. O frasco deve ser hermeticamente fechado para que nenhum vapor de âlcool possa escapar. O frasco é entâo submetido a calor moderado para digestâo, Digira-o dessa maneira durante um intervalo de duas semanas, pois assim o Sal absorverâ a Essência

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necessâria para a formaçâo da força requerida. A medicaçao estâ entâo pronta para ser utilizada. Ela é absolutamente inofensiva, mas de elevada potência e deverâ ser tomada em pequenas quantidades. Alguns poucos miligramas do Sal juntamente com uma colher de châ da Essência liquida num copo de âgua destilada produzirâo resulta-dos animadores. O elixir jamais deverâ ser consumido se nâo estiver dilufdo. Essa é a forma mais simples e pnmitiva de preparar uma substância herbâcea de acordo com os preceitos da Alquimia.

O tempo que se gasta na maceraçâo pode ser aproveitado para a produçâo de um mênstruo puro a partir do alcool ou dos espiritos do vinho. Embora haja vârias espécies de alcool, apenas uma nos interessa no inicio de nossa obra. Trata-se do espirito do vinho. Como o vinho geralmente contêm menos de 20% de âlcool devido à fermentaçâo natural, esse âlcool (espirito do vinho) deve ser ex-traido. Como estamos interessados apenas no âlcool extraîdo do vinho de uvas, devemos excluir todos os outras tipos de vinho — vinho de maçâ. vinho de framboesa, etc.

Nosso prôximo passo, entâo, é tomar o vinho puro de uva nâo adulterado, ou brandy, e despejar uma quantidade suficiente num frasco para destilaçào. A quantidade depende do frasco que se tenha em mâos. Ela jamais deverâ exceder a metade do recipiente. Dois furos devem ser entâo executados numa rolha de borracha ou cor-tiça. Nesses furos. inserem-se, num um termômetro e no outra um tubo curvo de vidro, ambos hermeticamente ajustados. O termômetro nâo deve tocar o vinho e o tubo de vidro curvo avança até pouco abaixo da rolha. Precisamos entâo de um condensador, que pode ser adquirido numa loja de material quimico. O tubo de virdro curvo oriundo do frasco deve ser inserido na tampa que fecha a abertura do condensador.

O que assim se formou é conhecido como aparelho de desti-laçào. Para se manter o condensador frio, este deve ser ligado através de um tubo de borracha numa torneira de âgua. É provâvel que um adaptador seja necessârio para esse propôsito. A âgua fluirâ à ja-queta do condensador e sairâ pela abertura de cima através de outra tubo de borracha. fluindo em seguida para um escoadouro. Dessa maneira. o vapor que se eleva do frasco aquecido serâ resfriado e goteiarâ do terminal inferior do condensador depondo-se num re-ceptâculo,

Ouando a fonte de calor sob o frasco for acesa, o vinho come-çarâ a ferver e o vapor se elevarâ, passando pelo tubo de vidro curvo e entrando no condensador. Neste. a âgua refrigerante em

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torno do tubo inîerno o farâ condensar-se e emergir ao fim como um destilado. gotejando num colçtor, O calor deverâ ser regulado de modo que a primeira destilaçâo nâo exceda a 80°C. O termô-metro indicarâ se o calor deve ser aumentado ou diminuido. a fim de manier essa temperatura.

Quando cerca de quinze gotas tiverem sido destiladas e quando a temperatura estiver regulada de modo que o termômetro mostre o mesmo grau de calor. o coletor deverâ ser adaptado ao terminal do condensador. Isso se faz a fim de evitar a evaporaçâo desnecessâria do âlcool ou qualquer possivel igniçào de seus vapores. Tal adap-taçâo. contudo, deverâ ser feita apenas depois de a pressâo no apa-relho de destilaçâo ter sido equaiizada. Isso ocorrerâ quando uma parte do Itquido tîver evaporado, Quando a temperatura exceder a 85° C e todo o âlcool tiver evaporado, haverâ ainda alguns traços de âgua no âlcool. Quando a chama se extinguir e os vasos estîverem frios o bastante para permitirem o manuseio, o aparelho poderâ ser desmontado.

O residuo do vinho poderâ entâo ser lançado fora, pois nâo tem mais utilidade para n6s no momento. O destilado, contudo, deve ser conservado, Como esse espirito de vinho destilado ainda nâo é puro, ele deve sofrer varias destilaçôcs adicionais, a fim de tornar o âlcool absoluto. Neste ponto deveremos estar seguros de que a quan-tidade com que trabalhamos excede 100 ml. Cada redestilaçâo é rea-lizada exatamente como o foi a primeira. Toda vez que a nova desti-laçâo tiver sido completada, o destilado deverâ ser despejado num frasco de destilaçâo seco. Durante essas redestilaçôes, a temperatura deverâ manter-se em torno de 78° C. Ao ftm de cada destilaçâo. res-tarâ sempre uma pequena quantidade de resîduos nebulosos que deverâo ser retirados, vîsto que contém âgua. Apenas durante a ulti-ma destilaçâo (aproximadamente seEe destilaçôes sâo suficientes) a temperatura deverâ manter-se em torno de 76° C. Como esse mêns-truo final nâo contém mais nenhum traço de âgua, ele atinge a essên-cia espiritua! de uma erva num pequeno espaço de tempo e mais eficazmente do que antes de ter sido completamente retificado.

Ouiro método para purificar os espiritos do vinho consiste em utilizar carbonato de potâssio anidro, Nâo devemos, contudo, utilizar esse processo no inicio do aprendizado.

Os espiritos purificados do vinho nos permitem obter resultados superiores para a extraçào herbâcea. Por isso, devemos sempre utili-zâ-lo em nossa obra herbâcea.

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Num livro alemâo, o processo é descrito como segue. numa ver-sào condensada.*

Cinqiienta libras de uma planta fresca e florescente, incluindo raiz, caule, folhas e sementes, sâo separadas das folhas mortas e ou-Lras impurezas. e entâo, lavadas. Depois de cortar a planta em pe-quenos pedaços, derrama-se âgua sobre ela, e essa mesma âgua é entâo lentamente destilada. Todo o ôleo que surgir deverâ ser sepa-rado da âgua, e a âgua assim obtida sem o ôleo, que é por enquanto mantido à parte, sera derramada sobre a planta, à quai se adiciona uma ou duas colheres de fermento. Todo o material é entâo colocado num recipiente de madeira e ligeiramente coberto a fim de fermen-tar. £ preciso cuidar para que, cessada a fermentaçâo, o material seja bem agitado, colocado num frasco de destilaçào e destilado até que nada mais possa ser destilado. A destilaçào a vapor é preferivel às outras. O que permanece no frasco é calcinado, lixiviado com âgua e filtrado, e o material da filtragem é lentamente evaporado. O resi-duo é conservado. O destilado inicial é reduzido por destilaçào até as duas partes do mesmo, reunidas. integrarem metade do sal lixi-viado. Ambas sâo destiladas mais uma vez, e o ôleo, que fora sepa-rado durante a primeira destilaçào, é Ihes entâo acrescentado.

Plantas secas e nâo-venenosas devem ser cuidadosamente pul-verizadas e digeridas com seis partes de âgua durante très ou quatro dias num lugar quente. depois do que todo o processo acima men-cionado deverâ ser repetido.

Diz o bem conhecido médico e doutor em Filosofia, Zimpel, em seu Taschenrezeptierbuch fuer Spagyriker ("Pequeno livro de pres-criçoes para Espagiristas") : "Depois de coletadas as ervas medicinais florescentes e selvagens ou as suas respectivas partes medicinais, e cortadas em pequenos pedaços, acrescenta-se fermento especial, e todo o material é submetido à fermentaçâo. Essa fermentaçâo con-serva as peculiaridades da planta e liberta os ôleos etéreos. Apôs a fermentaçâo, o âlcool recém-formado é cuidadosamente destilado. O resfduo seco e calcinado e o sal calcinado sâo lixiviados com o desti-lado. O licor assim obtido é filtrado — retendo, dessa maneira, os minerais solûveis da planta médicinal, inclusive a sua essência e ôleo volâtil. Quanto mais ele ficar em repouso antes de ser utilizado, me-lhor — assim como o vinho que, quando "envelhecido" na garrafa, aumenta supostamente de eficâcia.

* G r o s s m a n , Die PflanZe im Zauberglauben und in der spa/ryrischen (okkuU

len) Heilkunsi B e r l i m , V e r l a g Karl S i g i s m u n d , 1922.

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Como se pode observar pelos dois exemplos cîtados, hâ poucas diferenças entre eles exceto que o Dr. Zimpel lixivia o sal junta-mente com o primeiro destilado.

Diferenças mcnores aqui e ali serâo encontradas em toda a lite-ratura alquimica. Cabe ao praticante descobrir o seu prôprio cami-nho, mas esse apenas a experiência lhe ensinarâ quai é.

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Um Laboratorio de Porào — Escondidos dos curiosps, marido e mulher par-

ùlham as maravilhas da divina revetaçâo crtadora, nas quietas horas da tarde

e. às vezes, da madrugada. Montado no decorrer de vârios anos, ele repre-

senta um modelo de laboratorio alquimico. Cobertos pelos frascos, o banho-

maria. Nâo se vêem aqui, na sala da fornalha, os frascos colocados em

digestâo.

Um Aparelho de Destilaçâo — Embairo, esta o queimador; acima dele, o frasco

desiilador e o condensador conectado a um braço latéral. A mangueira de bor-

racha fornece a âgua para as paredes do condensador. A âgua deixa o con-

densador pela mangueira superior. Dois suportes, cada um sustentando um

instrumenta, complétant o aparelho necessdrio para a destilaçâo.

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Equipamento Essencial —

Da esquerda para a direita:

Bequer, Frascos Erlenmeyer,

Cilindro (para mensuraçào)

e Funil. Esses frascos sâo

utilizados constantemente no

laboratôrio.

•I llusiraçào ucimu mostru uni aparelho de deslilaçâo antes do acréscimo do

condensador ao frasco de destilaçào. Observe o termômetro inserido no buraco

da rolha no topo do frasco. O funil no frasco Erlenmeyer funciona como

um receptâculo para o destilado.

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Capitula IV

USOS MEDICINAIS

Em todas as nossas investigaçôes da natureza, devemos obser-

var que quantidades ou doses do corpo sâo necessdrias para um

dado efeito, e devemos nos precaver de superesrimé-las ou de

subestimd-las.

FRANCIS BACON

As doenças sâo tâo diferentes quanto os indivlduos que delas padecem, Dificiïmente uma desordem fisica poderâ ser padronizada, e, por conseguinte, devemos ser muito cuidadosos em prescrever as doses exatas de uma tintura, um extrato ou um sal da medicaçao combinada. Como estamos tratando aqui sobretudo dos elixires alqui-micos (a combinaçâo da Essência, do Enxofre ou do Sal), cabe mencionar novamente que obtemos uma medicaçao mais potente todas as vezes que, cumprido o primeiro estâgio, repetimos o pro-cesso de calcinaçâo e coagulaçâo.

A âgua destîlada e os espiritos do vinho sâo os dois meios mais comuns para a dissoluçâo do elixir herbâceo. Se o elixir foi adequa-damente preparado, ele se dissolverâ, sem problemas. num h'quido qualquer. Jamais deverâ ser ingerido em grandes quantidades. tais como uma colherada, etc. Devido ao poder condensado e ao grau vibratorio acelerado do elixir herbâceo, devemos ingeri-lo fortemen-te diluîdo. Uns poucos miligramas podem ser dissolvidos oum copo de âgua ou vinho vermelho puro nâo adulterado. Duas ou très co-lheres de sopa cheias, tomadas em intervalos de uma hora. produzi-râo normalmente os resultados desejados, desde que a doença tenha sido adequadamente diagnosticada e o estado do paciente seja co-nhecido. Se tal reconhecimento nâo puder ser feito pessoalmente, cumprirâ recorrer à experiência de um médico. Se sua prescriçâo contém uma substância herbâcea como ingrediente principal, ela

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deve ser utilizada. Em outras palavras, deve-se produzir um prepa-rado alquimico com essa erva. Contudo, é preciso ter muito cuidado para que a medicaçao bâsica nâo seja venenosa. Um sedativo, por exemplo, âge como um opiato e nâo como um agente curetivo. Se um paciente pede ao seu médico para recomendar uma medica-çâo herbâcea, o verdadeiro médico certamente concordarâ, se o caso o justificar. Do mesmo modo, nenhum médico verdadeiro negarâ informaçâo ao seu paciente. se essa lhe é conhecida, naturalmente.

Tratamos sobretudo de ervas neste livro; por isso, apenas pres-criçôes contendo ervas como ingredientes bâsicos foram menciona-das. As medicaçôes de natureza minerai ou metâlica nâo foram mencionadas em detalhe. Deverâ ter-se tornado ôbvio ao leitor que os preparados alquimicos devem ser preparados individualmente. visto que nâo se pode adquiri-los nas farmâcias. Esses preparados herbâceos alquimicos devem ser ingeridos até que se constate um alîvio na enfermidade para a quai se supôs que a erva pudesse trazer a cura. Se por qualquer razâo o elixir herbâceo nâc cura a enfermidade, nem pelo menos traz alîvio da dor, entâo é évidente que prevalece um estado de desordem no quai os preparados herbâ-ceos nâo lêm vibraçôes suficientemente poderosas para eliminar a desordem e restabelecer um balanço harmônico. Nesse caso, séria necessârio utilizar a prôxima medicaçao superior, mas essa se encon-tre fora do reino herbâceo.

É insensato esperar que um elixir herbâceo proporcione um resultado imediato em todos os casos, A manifestaçâo de qualquer cura dependerâ da extensâo de tempo em que a enfermidade se tem manifestado e do estâgio de seu progresso na disrupçâo das funçôes orgânicas. Muito importante, também. é o estado mental do paciente. Embora um elixir herbâceo nâo seja uma panacéia, ele apresenta indubitavelmente um poder cuTativo mais forte do que o da tintura e o dos sais tomados em separado. Por meio da Alquimia, o que foi violado é restaurado, auxiliando-se. assim. a natureza a atingir o estado de perfeiçâo que é o objetivo ultimo de todas as suas mani-festaçôes. Um corpo doente nâo apresenta um estado normal ou perfeito. Contudo, forçar uma cura é tâo contrârio à natureza como contrair uma enfermidade. A Alquimia fornece um meio perfeito pelo quai esse estado de perfeiçâo ou equilibrio harmonioso pode ser reconquistado. A natureza requer um certo periodo de tempo para a produçâo de seu espécime, Isso é também verdade para o alquimista em seu laboratôrio, mas aqui os intervalos de tempo sâo relativamente mais curtos. Por conseguinte, o tempo requerido para curar uma enfermidade e nâo apenas para trazer um alîvio tempo-

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rùrio da dor depende da seriedade das condiçôes individuais. Uma enfermidade recente, contraida num pequeno periodo de tempo, ren-der-se-â mais rapidamente aos nossos preparados alquimicos do que uma que se desenvolveu num estado crônico. Contudo, ar fresco. exercicio fisico normal, alimentos adequados, vestes prôprias, assim como condiçôes de higiene e de trabalho satisfatôrios sào igualmen-te essenciais para os propôsitos curativos.

Os espagiristas iniciantes perguntam invariavelmente por que é necessârio lidar com a Alquimia herbâcea quando é bem sabido a todos que as medicaçôes preparadas com ervas sâo menos potentes do que as preparadas com minerais e metais. É necessârio, contudo, que o futuro alquimista compreenda que as leis da natureza so se revelam gradualmente. Que o que foi aprendido no trabalho com o processo herbâceo poderâ ser aplicado mais tarde ao trabalho com metais. Mas o arcano superior nâo deverâ ser tentado senào depois de o processo herbâceo ter sido dominado. Hà muito a aprender e apenas a experiência pessoal no laboratôrio e a sabedoria dos Sabios e Adeptos nos ajudarâo a revelar os arcanos. Eventualmente. apenas o tempo o farâ.

Embora o processo de obter elixires herbâceos alquimicos, aqui apresentado. pareça extremamente simples, muitas experiências sâo ainda necessârias antes que os primeiros resultados corretos se apre-sentem aos olhos do alquimista iniciante. Mesmo entâo, a quantia mintiscula do preparado alquimico que é finalmente produzido pode parecer tâo insignifiante ao neôfito que ele poderâ ser assaltado pelas dûvidas e perguntar-se se todo o trabalho e todos os cuidados valeram realmente a pena. E apenas depois de a primeira manifes-taçào se ter revelado, apôs a primeira cura se ter tornado indubita-velmente obvia, que começa a crescer a convieçâo intima de que hâ muito mais a descobrir no reino da Alquimia do que pode ver o olho num primeiro relance.

Antes de administrer qualquer medicaçào alquimica a animais ou indivîduos doentes. deve-se realizar um teste para determinar se o remédio foi adequadamente preparado. Isso se faz colocando-se uma pequena quantidade da substâneia herbâcea preparada sobre uma fina folha de cobre aquecida. Se a medicaçào derreter-se como cera e nâo produzir nenhuma fumaça, e solidificar-se quando nova-mente fria. essa é uma indicaçào de que a medicaçào foi preparada corretamente e que esta pronta para o uso. A dosagem correta difere de um caso para outro, mas se a medicaçào for administrada em doses pequenas nâo poderâ causar o menor dano, em nenhuma cir-cunstância. O poder da medicaçào alquimica séria também um fatot

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a determinar a dosagem adequada que se deve administrai-. As medi-caçôes herbâceas alquimicas sâo essência e sal em sua forma mais pura, pois toda matéria irrelevante e estranha foi removida durante o processo de calcinaçâo. O que é essencial nâo pode ser destruido pelo fogo. apenas purificado e conduzido ao seu estado preordenado. As medicaçôes herbâceas adequada mente preparadas. em doses corre-tas, mercê de suas vibraçôes elevadas, ajudam a corrigir as desor-dens ffsicas. Essa força vital mais o seu sal purificado, ou substância minerai, sâo os agentes curativos.

Que o sistema alquimico trabalha de modo diverso e mais efi-ciente do que os outros. prova-o o seguinte incidente. O autor conhece por experiência pessoal o caso de um bebé que sofria de graves côlicas. A constante atençâo de um médico e cirurgiâo alopa-ta nâo trouxe nenhum alfvio. Contudo, apôs administrer um prepa-rado alquimico feito de flores de camomila, a criança curou-se em poucas horas e assim permaneceu sem nenhuma reincidência da enfermidade, Os criticos podem objetar respondendo que se es cuida-dos adequados tivessem sido ministrados à criança desde a época em que o disturbio começou a aparecer, a atençâo médica original também teria produzido a cura. Neste caso, no entanto, deve-se observar que todo o conselho médico foi cuidadosamente seguido em todos os detalhes, e o preparado herbâceo foi aceito apenas como ûnico recurso para que a mâe e a criança pudessem dormir um pouco apôs varias noites agitadas e sem sono. Esse caso é aqui mencionado apenas para demonstrar a natureza mofensiva desses preparados no corpo humano. mesmo no de criança, quando adequa-damente administrados. Séria bastante oportuno também a profissâo médica estudar e procurer descobrir a verdade da Alquimia.

Quem nâo tiver instruçâo suficiente ou nâo for dotado do pro-fundo desejo de estudar a anatomia humana e o seu funcionamento fisico correlato, dificilmente acharâ digno de mérito fazer experiên-cias com a Alquimia herbâcea. e ainda menos tentar curer quando seu conhecimento c insuficiente, devido ao longo estudo e ao tedioso trabalho por meio dos quais esse conhecimento pode ser adquirido.

Que a afirmaçâo de Bacon feche este capitulo assim como o iniciou: "Em todas as nossas investigaçôes da natureza, devemos observar que quantidades ou doses do corpo sâo necessârias para um dado efeito. e devemos nos precavet de superestimâ-las ou de subestimâ-las."

SO

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Capitulo V

ERVAS E ASTROS

Como esîâo as ervas relacionadas com os astros? Pode tal coisa ser verdade? Os cientistas balançarào a cabeça em desaprovaçâo. "Absurdo. Superstiçâo. Charlatanisme". sera sua resposta. Mas, por que nâo? Como podem os cientistas aceitar a possibilidade de algo quando ao mesmo tempo nào considérant digno de seus esforços investigar o assunto? Julgarâo eles nâo caber à sua dignidade o "exame de tolas superstiçôes"? O autor pode parecer temerârio em seu julgamento a respeito da atitude que a ciêneia tem mostrado para com este ramo de pesquisa. mas a experiência tem revelado que hâ uma conexào entre as ervas e os corpos ceîestes que adornam o firmamento. A ciência pode refutar esta afirmaçào, se puder. A observaçâo também revelou que certos paises sâo influenciados por planetas particulares, como a astrologia tem declarado hâ muito. Além disso, certas plantas s6 se encontram em certos lugares. Assim que essas plantas sâo transplantadas em solo estranho à sua natureza, elas perdem todas ou algumas de suas virtudes curativas.

Na vida végétal e minerai, os minerais orgânicos e inorgânicos existem como grupos separados. Na vida végétal e minerai, todo crescimento evidencia uma alteraçâo invisîvel mas mensurâvel em relaçâo à sua estrutura, O que causa esse crescimento? Os minerais inorgânicos sâo absorvidos na vida végétal e transformados em mine-rais orgânicos. O que ocasiona essa alteraçâo? O radio é capaz de causar uma deterioraçâo dos tecidos. É o radio uma substância ou a emanaçâo invisîvel mas mensurâvel de uma misteriosa força que provém dele? A ciência pede-nos para acreditar que a estrutura do âtomo radio é como um cosmo em miniatura. Um sistema solar no Microcosmo. Um leigo que é incapaz de verificar as teorias cîentîficas deve acreditar ou nâo nelas. Se se aceita como lei natu-tal o que a ciência propôe, nào é difîcil acreditar que o Macrocos-

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mo tem a mesma influência sobre a superficie da Terra como sob a sua superficie (tecido). Sera isso tâo desarrazoado? Nâo terâ novamente aqui o velho axioma hermético. "Como em cima, taî é embaixo, como embaixo, tal é em cima", a sua contraparte?

Talvez a ciência algum dia tenha tempo para investigar essas àreas nâo cartografadas e fazer çxperiências em bases mais amplas do que foi o caso até agora. Embora seja verdade que alguns cientis-tas conseguiram resultados notâveis trabalhando nessas âreas, esses mesmos cientistas — em pequeno numéro, aliâs — foram evitados por seus coîegas. Eles tentaram aventurar-se pelo desconhecido, pelas esferas ridicularizadas, e foram chamados de misticos, heréticos, ovelhas negras. Eles o foram, de fato, mas se nâo tivessem deixado o caminho batido e se arriscado a explorar em outras direçôes, seu trabalho jamais teria produzido resultados de importância alquimica.

O que segue é uma tabulaçâo 1 condensada de ervas listadas de acordo com a influência planetâria que afeta cada uma delas, segun-do afirma a tradiçâo antiga. Para que esta lista tenha alguma utili-dade, cada estudante deve descobrir individualmente quâo verdadei-ras sâo essas atribuiçôes planetârias para as varias ervas. Um estudo mais profundo se faz necessârio para descobrirmos as causas subja-centes das diferentes maneiras pelas quais as virtudes medicinais operam. Aqueles que deram alguma atençâo a esse assunto descobrï-râo aqui uma pista significativa.

SOL erva-de-sao-joao erva-de-sâo-pedro

angélica d résera freixo lormentila loureiro tornassol pimpinela viperina-da-vinha camoinila nogueira celidôtiia centâurea escrofulâria LUA junipero ligustica lingua-de-serpente cravo-de-defunto branca-ursina alecriio coîza arruda trfbulo aquâtico açafrâo alsina

1. V e r o Apêndice para m a j o r e s d e t a l h e s .

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esclaréia aparitia agriào pepino tris cardamina al face lisimâquia lingua-de-vibora miosôtis erva-dos-calos pi rétro saxifraga saiâo acre goivo salgueiro

MERCDRIO

dulcamara calaminta cenoura selvagem alcaravia endro ênula-campana samambaia erva-doce erva-carvalhinha avelâ marroio li'ngua-de-câo alfazema convalâria alcaçuz arruda-dos-muros avenca manjerona amoreira aveia salsa pastinaga parietâria

segurelha escabiosa abrôtano madressilva valeriana

VÉNUS

alcana hera terrestre alcachofra amieiro amoreira silvestre bugula bardana cerejeira castanheiro aquilégia tussilagem cotonâria primavera margarida escabiosa filipendula escrofulâria dedaleira groselha tasneira erva-roberta vulnerâria alquemila altéia mercurial menta mumulâria agripalma orquidea salsa pastinaga poejo pereira pervinca

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tanchagem ameixeira papoula beîdroega alfena rainha-dos-prados centeio sanicula erva-férrea saponâria labaça serralha morango tanâsia cardo penteador verbena trigo rai]-fo]has

MARTE

panacéia prunella vulgaris bérberis manjericâo ranunculo bico-de-pomba-menor alho genciana pilriteiro grariola lupulo garança urtiga cebola pimenta iva-menor raiz-forte ruibarbo sabina cardo estrelado tabaco absinto

JCPITER

agrimônia sal sa selvagem aspargo bâlsamo beterraba branca arando borragem cere folio castanheiro potentila hortelâ francesa dente-de-leâo labaça escarola figueira cravo-da-îndia escolopêndrio hissopo alcachofra-dos-telhados hepâtica pulmonâria-das-boticas bordo meliloto carvalho rosas salicôrnia coclearia

SATURNO

amaranto cevada milho beterTaba faia quilanto centâurea azul tanchagem sinfito agriâo-ciâtica joio

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v u s e n t a o l m o samambaia aquâtica inula fumaria amor-perfeito pilosela deuta meimendro negro heléboro negro cavalinha congonha hera centâurea sanguinâria nespereira

musgo verbasco erva-moura feto-de-carvalho choupo marmeleiro bolsa-de-pastor asplênio tamargueira cardo abrunheiro isatis selo-de-salomâo epilôbio gaultéria teixo

Concluindo essa tâbua condensada de ervas e as correspondes tes influências planetârias, sera intéressante acrescentar algumas pou-cas observaçoes. Estas podem ser corroboradas por aqueles que estâo dispostos a faze-lo e que podem assim chegar às suas proprias conclusses pessoais.

Haverâ alguém capaz de responder por que as flores alsinas se abrem e se endireitam das nove da manhâ ao meio-dia? Contudo, se chove. elas permanecem fechadas e, apos as chuvas. ficam pensas. A maravilha abre suas flores por vol ta das quatro horas da tarde. O dente-de-leào (um verdadeiro relôgio do sol) abre às sete da manhâ e fecha às cinco da tarde, A pïmpinela (o barômetro dos pobres) fecha suas pequeninas flores muito antes de a chu va cair ou quando a noite se aproxima. A flor da arenaria purpura se expande apenas quando o sol brilha. Se o trifôlio contrai suas folhas, podem-se esperar trovôes e pesadas chuvas. Muitos exemplos similares poderiam ser citados. O que causa tal variaçâo de compor-tamento? Todas tem rafzes no chào e retiram alimento do solo e do ar. No entanto, comportam-se de modo notavelmente diferente. É tâo desarrazoado pretender que elas. assim como os âtomos mi-nûsculos, sejam governados de acordo com leis semelhantes?

Nâo é necessârio insistir aqui sobre esse assunto. pois material suficiente pode ser encontrado nas paginas seguintes, o quai auxilîa-râ a assimilaçâo da essência espiritual para posterioT transmutaçâo. Contudo, um assunto relacionado com as influências planetârias sobre as plantas e ervas merece atençâo. Esse ponto envolve as

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influências planetârias sobre as varias partes do corpo humano. Ê costume representar o zodîaco como governante do corpo, com as diversas partes deste distribuidas pelas doze casas. Estas, por sua vez. sâo govemadas por certos planetas. Um vinculo entre todos esses elementos pode, por conseguinte, ser facilmente determinado com um mînimo de perspicâcia pelo estudante espagirista.

A seguinte tabulaçâo, de acordo com Paracelso, dos ôrgâos do corpo e dos planetas respectivos que os governam fomecerâ uma contribuiçâo para posteriores anâlises:

O Sol g o v e r n a o c o r a ç â o . A Lua g o v e r n a o c é r e b r o . V é n u s g o v e r n a a s ve ias . S a t u r n o g o v e r n a o b a ç o . M e r c u r i o g o v e r n a o f i g a d o . -Jdpiter g o v e r n a o s p u l m ô e s ( p e i t o ) . M a r t e g o v e r n a a v e s î c u l a bi l iar .

Como os escritos desse grande sâbio, Paracelso, sâo de muita impor-tância, é essencial que os estudantes da literatura alquimica estudem cuidadosamente as suas obras.

Paracelso concorda com os seus métrés anteriores no que respei-ta ao fato de que os astros influenciam todas as coisas que crescem. Essas coisas que crescem correspondent, portanto, exatamente ao numéro das influências e dos astros. Mas assim como algumas ârvo-res produzem peras e outras produzem maçâs. do mesmo modo alguns astros fornecem chuva, outros, neve, granizo, etc. É assim que o que cai do céu é gerado

Paracelso fala da natureza quente e fria dos alimentos e tam-bém dos remédies que se enquadram nestas duas classificaçôes/1

Nesses casos. o princîpio homeopâtico similia similibus curantur — o igual cura o igual — pode ser empregado. Esse princîpio poderâ talvez ser mais bem explicado se tomarmos um ovo congelado e o colocarmos em âgua quente. O calor expulsarâ o gelo e o ovo tornar-se-â novamente saudâvel. Como o igual repele o igual nos fenômenos fisicos, o processo homeopâtico de curar, por exemplo, um envene-namento por arsênico, é usar a mesma substância, a saber, arsênico. Portanto, se uma dose fisiologica de arsênico causar um envenena-

2 . C u l p e p e r a f i r m a que Jupi ter g o v e r n a o f i g a d o e M e r c û r i o , os p u l m ô e s 3. P i m e n t a n e g r a [piperniger), m o s t a r d a (sinapis), n o z - m o s c a d a (nux

moschata). p o r e x e m p l o . s â o m e d i c a m e n t o s d e n a t u r e z a q u e n t e . A s ervas d a f a m Û i a da meniha ( m e n t a ) s â o m e d i c a m e n t o s de n a t u r e z a f r ia .

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mento por arsênico, o praticante, homeopata utilizarâ essa mesma substância. arsênico, numa forma extremamente minûscula ou alta-mente triturada para efetuar a cura. Aqui a alla trituraçâo faz as particulas do arsênico tornarem-se tào pequenas que nâo podem mais ser percebidas Devido à alla trituraçâo. o grau vibratôrio é grandemente aumemado, alingindo assim uma alta potência que expeje a dose fisiolôgica de arsênico. Por conseguinte, na homeo-patia. a substância idêntica é utilizada para repclir uma enfermidade cuja substância numa dose fisiolôgica causou inicialmente tal enfer-midade. Talvez a expressâo "dose curaliva" seja inadequada, mas ela esta sendo utilizada para nomear tal processo. Contudo, utilizan-do-se agentes homeopâticos altamente iriturados. nào se pode falar realmente de uma dose, jâ que a substância curativa é inconcebivel-mente pequena — 1:100.000.000. ou ainda menor.4

A homeopatia esta mais prôxima da Alquimia do que as outras terapias, mas ainda esta longe de produzir açôes alquimicas, visto que ela nâo liberta a quintessência, que é tâo essencial como agente curador. Como a homeopatia. ensinada por Hahnemann, é apenas um segmento das terapèuticas paracélsicas, sendo ainda relativa-mente pouco utilizada. o que se pode esperar quanto à aceitaçào da Alquimia Herbâcea?

Alquimicamente. obtém-se uma cura utilizando-se as forças opostas do negativo contra o positivo. Uma enfermidade apresenta o aspecto negativo, ao passo que os agentes curadores representam forças positivas. As manifestaçôes ocorrem onde essas forças opostas se encontram. O objetivo dos remédios alquimicos é suplementar as forças positivas em falta ou déficientes no corpo humano, que repré-senta a parte negativa em contraposiçâo à força vital positiva (que em sânscrito se chama prana).* Essa força vital, ou quintessência, sô a Alquimia a pode separar. É essa diferença, a separaçâo da quintessência. que coloca a Alquimia num nlvel mais elevado, acima de todos os outros sistemas terapêuticos.

4. D î z o Prof . Liebîg em suas cartas q u i m i c a s : "Quanto m e n o r e s sâo as participas de um r e m é d i o prescrite , m e n o s resistêntia fisica e las e n c o n t r a m em sua d i fusâo pe lo tecido1 ' .

5 . O s i s tema b i o q u î m i c o do Dr , SchuesMer prescreve os d o z e remédios do t ec ido para desenvo lver os minerais em f a l t a no sangue. A h o m e o p a t i a di fere da b ioquimîea , a primeira porque cura o îgual c o m o igual . e a bio-quîmica porque sup iementa o u desenvo lve o s minerais e m fal ta r o sangue . A h o m e o p a t i a e a b i o q u î m i c a rêm uma re laçâo mais estreita c o m as tera-pèuticas a lqu imicas do que a adminis traçao de doses f i s io log icas do s istema a lopâùco . Contudo , m e s m o o s m é d i c o s a lopatas e s tâo a t e n u a n d o suas doses naqui lo que é c o n h e c i d o c o m o terapia do soro. Essa é apenas u m a indicaçào

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Se é verdade, como se afirmou, que os corpos celestes radiam um poder invisîvel que se manifesta de diversas maneiras entre os vârios espécimes do reino herbâceo, cumpre apenas ao estudante sincero e sem preconceitos investigar o assunto. no propôsito de substanciar estas observaçôes.

de um p a s s o à frentc d a d o pela medic ina m o d e r n a no sent ido de se apro-ximar do û n i c o s i s tema natural e perfe i to de cura, que s6 se pode encontrar na A l q u i m i a .

Se qua lquer um d o s remédios do tec ido do Dr. Schuess ler , c o m o câlc io , siltca. potâss io , etc . , f o s s e m se par ado s em suas très essênc ias ( d e acordo c o m a prâtica a l q u i m i c a ) , a saber, sulfur, sal e mercûrio . e nova inente coagu lados , n â o séria d i f î c i l imaginar os r e m é d i o s potenciais que poder iam ser obt idos dessa maneLra. Ta i s remédios supririam e c o m p l e m e n i a r i a m o corpo dev ido às suas v i b r a ç ô e s e levadas . Isso é verdade t a m b é m para qualquer d o s pre-parados h o m e o p â t i c o s . ou seja, a substância bâsica antes da tr i turaçâo c o m lactose ou espîr i tos do vinho. C o n t u d o , nenhum s is tema liberta a quintes-sência, o material mais importante d o s preparados a lqu imicos .

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Pif l iura a ô l e o or ig ina l da S o c i e d a d e de P e s q u i s a s P a r a c e l s o

O que é essenciat nâo pode ser destruido pelo fogo, Da retorta côsmlca eleva-se

a força vital que permire o crescimento da Arvore Cabalistica da l ida, para que

O Alquimista passa partilhar de seu fruto e dessa forma obter vida, luz e amor eterno.

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Capitulo VI

OS SlMBOLOS DA ALQUIMIA

Simbolos misteriosos têm intrigado a mente do homem desde tempos imemoriais. Em todas as épocas, a religiâo, a magia e a alquimia fizeram largo uso de simbolos. Significados de diversos lipos e interpretaçôes que confinam com alucinatôrio e o fantâstico foram atribuîdos a esses estranhos sinais. Podemos entender, entâo, por que expressôes como "sinais do demônio", "marcas do demô* nio", ainda hoje se encontram em vârios povos. Na Alquimia, nada de dcmoniaco ou împio se esconde atrâs desses simbolos. Ao con-trario, para aqueles que podem compreendê-los, tais simbolos pos-suem um significado honorâvel e sagrado. Mas a compreensâo desses simbolos é considerada sagrada e valiosa demais para ser oferecida ao indigno. Os alquimistas, e especialmente os irmâos Rosa-Cruzes, utilizaram esses simbolos sagrados entre eles para impedir que os segredos alquimicos, misticos ou ocultos caîssem nas mâos daqueles que fariam mau uso deles. Os adeptos Rosa-Cruzes eram conhecidos por seus poderes e métodos secretos, com os quais realizavam o que parecia miraculoso a outros, conforme se registra hâ séculos. Por exemplo, a maravilhosa obra (em alemào) de W. G. Surya, Der Stein der Weisen {"A Pedra do Sâbio"), apresenta um relato quase inacreditâvel, mas autêntico, desses sâbios dos séculos passados. Mesmo hoje, os mesmos simbolos sâo empregados pelos irmâos alqui-mistas. sempre que tal uso é necessârio.

O futuro alquimista. que agora lê estas paginas, poderâ ocasio-nalmente entrar em contato com livros e manuscritos que contém esses simbolos alquimicos. Por essa razâo, as pâginas seguintes apresentam os sinais importantes, juntamente com seus nomes lati-nos e portugueses. Para alguns. tais simbolos sâo de pouca importân-cia hoje, mas eles revelarâo o seu imenso valor quando, na ocasiâo mcnos esperada, se apresentar um vinculo unificador. Os membros da secular fraternidade dos Kosa-Cruzes ainda se empenham ativa-

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mente na Alquimia como parte de seu trabalho oculto e mtstico. E preciso, contudo, discriminar entre os pseudo-Rosa-Cruzes que podem uparcnlemente pertencer a uma das varias organizaçôes que fazem uso desse nome, e os adeptos reais que compreendem o coraçâo interior do circulo da Ordem, a quai ainda existe em todo o Ocidente e em todo o Oriente. Como se afirmou anteriormente, séria inûtil tentar localizar ou mesmo contacter esse circulo interior. É verdade que os simbolos alquimicos rosa-cruzes foram publicados antes de sua aprcsentaçào aqui, e nâo hâ dûvida de que vïrâo a lunie nova-mente no futuro. Tais simbolos sâo sempre de interesse aos estudan-tes de ocultismo e misticismo. Eles foram incluîdos nesta pequena obra apenas para ajudar os estudantes a atingirem uma compreensâo fundamental de seus significados bâsicos. Por essa razâo, foram eles compilados de maneira condensada. mas compreensiva.

Nâo se pretende afirmar que os simbolos aqui reproduzidos sâo os unicos utilizados na Alquimia. Basilio Valentino empregou alguns desenhos sîmiîares de sua prdpria autoria. Alguns alquimistas criaram seus prôprios grupos de simbolos quando se tornou éviden-te que os signos utilizados anteriormente haviam caido nas mâos de charlatôes que os utilizaram apenas para fraudar e onganar o publico.

Ouanto à interpretaçào individuul dos simbolos alquimicos, po-de-sc apenas dizer que uma revelaçâo interior ajudarâ o estudante alquimista a chegar aos seus significados corretos. A profunda men-sagem que eles contém jamais serâ plenameme explicada numa obra impressa, nem nas esforçadas traduçôes dos "eruditos intelectuais".

Os simbolos utilizados pelos irmâos Rosa-Cruzes sâo dados aqui de modo que a sua interpretaçào seja superflus. Apresentamo-los da mesma maneira pela quai um dicionârio define certas palavras e frases.

ALOUIM1A ROSA-CRUZ

I SINAIS DOS ELEMENTOS

A Ignis — Fogo

À Aer — Ar

V Aqua — Âgua

V Terra — Terra

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II SINAIS DE METAIS E PLANETAS

^ Argentum vivum — Mercurio

ÎL Slannum (Jupiter) — Estanho

^^ Cupruin (Vénus) — Cobre

} Argentum (Lua) — Prata

O Sot — Ouro

C T Ferrum (Marte) — Ferro

^^ Plumbum (Saturno) — Chumbo

III SINAIS DE MINERAIS

Q Antimonium — Antimônio

^ Sulphur — Sûlfur

3 3 Cinabris — Cinâbrio

K Lithargirium — Monôxido de Chumbo

X Talcum — Talco

Mi Marcasit — Marcassito

c S b Magnet — Magnéto, Magnetita

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0 0 Arsenicum — Arsênico

O D Aurum pigmentum — Pigmento d e Ouro

O Alumen — Aluminio

O Nitrum — Soda

0 Sal — Sal

0 Salprapuratum — Salitre

Vitriolum — Vitriolo

C Calx — Cal, Giz

Viride Aeris — Lamina de Cobre

Calcowiva — Cal Viva

Arena —Areia

© Y

TV PRODUTOS DE MINERAIS

^ Aurichalcum — Bronze

sQt Specular — Vidro de Talco ou Hematita ( Ardosia ou W Mirai

Mercurius Sublimatus — Mercurio Refinado

^ Mercurius Praecipitatus — Amalgama ou Mercurio Solido

Regulus — Métal Puro

Limatura Martis — Limalha de Ferro

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Page 66: Guia Pratico de Alquimia - Frater-Albertu-Para-epub

BC Tutia — Carbonato ou Ôxido de Zinco

Miny — Ôxido de Chumbo Vermelho

•"t"1 Cerussa — Acelaio de Chumbo

^ Flores — Ôxido de um Métal

ZI Attramentum — Tinta Negra

Mercurius Vita — Mercurio Puro, Prata

V SINAIS DE VEGETAIS

9 ?

C V *

Tartarus — Bitartarato de Potâssio

Saltartari — Carbonato de Potâssio

Cinis — Cinzas

Cinceres Clavellati — Potâssio Cru, Carbonato

Lixivium — Licor

Acetum — Vinagre

^ Acetum Distillatum — Vinagre Destilado

"r>m Spiritus — Soluçâo de Alcool

s**-Y Spiritus Vini — Espiritos do Vinho

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Spiritus Vini — Espirito do Vinho Retificados

Cera — Cera

| | Sacharum — Açucar

222» Camphor — Cânfora

3"B Herba — Erva

Radices — Raîzes

0 Gumi — Goma

VI SINAIS DE ANIMAIS

^ Urina — Urina

Cornua Cervi — Corno de Cervo — Carbonato de Amônio

Cancer — Caranguejo

Léo — Leâo

m Virgo — Virgem

Simia, Libra — Macaco

m Scorpio — Escorpiào

Sagittarius — Sagitârio

Caper — Cabra, Capricôrnio

Anfora — Jarro, Vaso — Medida

X Pisces — Peixe

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H 6 Y

Gemini — Gêmeos

Taums — Touro

Aries — Carneiro

Vit SINAIS DE TEMPO

"TT Annus — Ano

S Mensis — Mes

X Hora — Hora

Dies — Dia

£ Nox — Noite

VIII SINAIS DE PESO

t t

Libra — Balança. Libra

Uncia — Onça

Uncia Semis —- Meia Onça

J Drachma — 1/8 Onça 3 / j f

Drachma 1/2 — 1/16 Onça

^ Scrupulus — 1/24 Onça (20 gramas)

Scrupulus 1/2 — 1/48 Onça

Grana — Grâo

Gutta — Gota 66

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Ana — Em Partes lguais

Quantum Satis — Em Quantidade Suficiente

. Manipulus — Punhado

IX SINAIS DE INSTRUMENTOS

Alembicum Vttrum — Recipiente de Vidro

Retorta — Retorta 6 Vas Recipiens — Recipiente

^ Crucibulus — Cadinho

r s Balneum Mariae — Banho-Maria

\B Balneum Vaporis — Banho de Vapor

@ lgnis Circulator — Fornalha

X SINAIS DE OPERAÇÔES

— Sublimare — Sublimar

x r Precipitare — Précipitât

Filtrare — Filtrar V 00Û, Amalgamare — Amalgamar

A Digestio — Aquecer em âgua ou digerir em calor

moderado « ^ Luto. Lutrine — Lama de Lontra

Solvere — Dissolver

Stratum Super Stratum — Camada sobre Camada

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JJf

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Extrahere — Extrair

Distillare — Destilar

^ j * Evaporare — Evaporar

XI SINAIS DE PRODUTOS DIVERSOS

QQ Oleum — Ôleo

J^ Volatile — Nào Parado. Ativo

Fixum — Fixo

Caput Mortum — Cabeça Morta

Ammoniatum — Amonia

^^ Salpo — Sulfato de Potàssia

Borax — Borato de Sddio

G? Crystalli — Cristais

Q ! ^ ^ Pulvis — P6

XII NDMEROS ALQUIMICOS

+ i — i n u T i - t ^v a > < » < Y / k x

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

12 3 4 5 6 7 8 9 1011 121314 151617 18 19 20 21 22 23 24

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Capitulo VU

A SABEDORIA DOS SÂBIOS

(A obra sobre os Metais)

SUMARIO DE UMA CONVENÇÂO ROSA-CRUZ. 1777

O seguinte material alquimico foi obtido de um raro manuscrito vazado em latim e alemâo, e em algarismos rosa-cruzes, As quatre seçôes do documento original dispôem-se da seguinte maneira: A — Introduçao; I — Primeiro Degrau; II — Segundo Degrau: III — Terceiro Degrau. Essa obra. juntamente com a primeira ediçâo de The Secret Symbol s of the Rosier uciarts, foi levada aos Estados Unidos pela viûva do Sr. Ernest Klatscher, natural de Praga. Checos-lovàquia. O Sr. Klatscher era um Maçon de elevado grau que estu-dara o rosa-cruzismo por vârios anos, A invasâo de seu pais du-rante a Segunda Guerra Mundial forçou o Sr. Klatscher e familia a exilar-se. Eles fugiram com tal rapidez que apenas os seus bens mais estimados puderam ser levados. Entre eles estavam The Secret Symbols of the Rosicrucians e o documento aqui sumarizado.

Naturalmente. este manuscrito nâo tem preço. O original pro-veio de um mosteiro de Praga (da regiâo antigamente conhecida como Boêmia), centro, por muitos anos, de atividade alquimica. Até onde somos capazes de determinar, o original deste documento nâo existe mais. Talvez so estas copias fotostâticas tenham sobrevi-vido, A. E. Waite, em seu livro The Brotherhood of the Rosy Cross (p. 457), mencîona que sabia da existèneia desse documento através de um registro da Convençâo Rosa-Cruz realizada na Alemanha em 1777. As cdpias fotostâticas em nosso poder incluem um esboço de todos os estudos e rituaîs e, especialmente, de toda a obra alqui-mica empreendida pelos Rosa-Cruzes de entâo.

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A Ordem Rosa-Cruz. AMORC, obteve essas copias fotostâti-cas e a primeira ediçâo de The Secret Symbols of the Rosicrucians do testamenteiro do Estado de Ernest Klatscher. O Sr. Klatscher fa-leceu a caminho da America ou imediatamente apôs a sua chegada. Sua viuva entregou esses documentes a "Frenkel and Company", uma antiga firma estabelecida com escriîorios em Londres, Paris. Amsterdam e Hamburgo.

A Introduçâo divide-se em très partes de très relatôrios cada. O numéro total de paginas da introduçâo é 35. O primeiro relatô-rio cobre as paginas 1 a 22, o segundo as paginas 23 a 28 e o terceiro, que parece ocupar-se mais ou menos de notas alquimicas, as paginas 29 a 35. O relato do Primeiro Crau, Grau Junior, ou dos Zeladores, como eram chamados, contém 9 paginas. Além disso, hâ quatre grandes tabelas, duas de quatro paginas cada uma e duas de duas paginas cada. Uma dessas tabelas, a de Numéro 4, é extre-mamente valiosa do ponto de vista alquimico, pois contém todos os simbolos utilizados pelos Rosa-Cruzes de todos os tempos em seu trabalho alquimico,

O Primeiro Grau dé instruçoes a respeito dos quatro elementos alquimicos e dos simbolos peîos quais eles sâo representados. Ele subministra também um material cabalistico relativo à Alquimia, o quai data de antes do tempo de Salomâo. O relacionamento do triângulo, que significa o inicio, o meio e fim, e as suas outras correspondências com os nomes divinos é a razâo por que o triângulo foi adotado, com poucas exceçoes, para representar os quatro elemen-tos. Aquele que compreender pfenamente esses principios dos quatro elementos poderâ derivar deles o Sal. o Sûlfur e o Mercurio alqui-mico. Em seguida, ensina-se ao estudante como unir o Sal, o Sûlfur e o Mercurio em grau elevado. A lei fundamental da Ordem dada neste grau consiste em antes buscar a sabedoria e a virtude, do que habitar o reino de Mammon por ocasiâo da descoberta da pedra filosofaL Esse preceito é cuidadosamente inculcado em cada mem-bre desse grau. A instruçào dos membros superiores, a prôpria inicia-tiva e a energia dos membros e a graça de Dcus determinarâo se eles terâo ou nâo a capacîdade de realizar uma transmutaçâo.

A propôsito, menciona-se também que o custo das experiéneias empreendidas deve ser controlado e restringido de modo a que os bens materiais dos membros nâo sejam dilapidados. Espera-se que os membres trabalhem juntos em grupos e que se auxiliem mutua-menle, reduzindo dessa maneira o custo das experiéneias. A desobe-diêncîa a essa regra séria punida por penalidades como a suspensâo ou expulsâo da Ordem.

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O Segundo Grau, ou grau dos Fratres Theoricus, tem 5 paginas. A quinta pâgina tem o numéro do grau. (Nesse manuscrito, em vez de serem chamados de Primeiro, Segundo e Terceiro Graus, os di-ferentes estâgios sâo chamados de Primeira. Segunda e Terceira Classes, ou Zeladores, Fratres Theoricus, etc. ) Os Fratres desse grau ou classe ocupavam-se com a teoria da instruçâo. em preparaçâo di-reta para o proximo grau. Eles podiam formular suas proprias teorias e alterar ligeiramente o fraseado da instruçâo, a fim de melhor entendê-la, mas nâo tinham autorizaçâo para utilizar qualquer aparelho.

As obras de Basilio Valentino, Paracelso, Henry Madathanas, Arnold de Villanova, Raymund Lully e vârios autores anônimos eram recomendadas aos membros desse grau, para cuidadoso estudo. Os membros se reuniam e discutiam os autores lidos. O cerne filo-sôfico da teoria alquimica ensinada aplicava-se ao mundo espiritual dessa maneira: Era o fogo do amor que preparava a quintessência celeste e a tintura eterna de todas as aimas. A instruçâo précisa rcsa-cruz a respeito dos sete planetas e do métal particular sob a respectiva influência de cada planeta era dada em detalhes. Dessa maneira, eram os membros desse grau preparados para o proximo, o quai era um grau prâtico de experimentaçâo, compreendendo ple-namente os principios da Alquimia no que diz respeito à teoria. Neste grau, os adepcos eram também, provavelmente, instruidos no conhe-cimento dos diferentes processos e manipulaçôes pelos quais se extrai a essência dos reinos minerai, végétal e animal. Eles deviam familiarizar-se também com diversos minerais, rochas. minérios e metais, e ser capazes de obter métal virgem puro dos minérios, tendo, além disso conhecimento dos diferentes tipos de receptâculos à mào e dos usos para os quais foram projetados.

O Terceiro Grau, ou o grau de Practicus, contêm 16 paginas. Divide-se em duas partes. A primeira irata das instruçôes, ou "Processos Preparatôrios Necessârios para a Obra Filosôfica". Hâ quatro capitulos a respeito dos materiais a obter, da sala, do tipo de equipamento e dos outros preparativos do laboratôrio. O capitulo 5 começa com a obra real. Intitula-se "Como o Resolventia Menstruum Radical ou Universal Pode Ser Preparado a partir de Materiais Mi-nerais, Végétais e Animais".

O Processo I trata do mênstruo radical minerai, ou metais puros e pedras preciosas. Em resumo, o processo é o seguinte: Deve-se tomar partes iguais de salitre e vitriolo e purificâ-las com âgua. A âgua é entâo retirada e evaporada, calcinando-se os sais remanescentes.

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Ê indispensâvel que o vitriolo provenha de algum lugar fora da Europa, preferivelmeme as tndias Orientais, o Japâo ou o México, Isso se deve provavelmente ao fato de que o sulfato de cobre desses paises é muito mais forte do que o eneontrado na Europa. Uni pro-cesso complicado de sublimaçâo e destilaçâo, similar àquele des-crito na obra de Cockren, é aplicado em seguida a esses sais. A essência assim obtida tem a propriedade e o poder, quando mis-turada com outros metais ou seus sais, de extrair-lhes a essência.

O Processo 11 é o de preparar o mênstruo végétal radical. Toma-se a melhor espécie do végétal ou da erva a ser utilizada. Coloca-se a erva em âcido acético fraco e espfrito de vinho retificado. Usain-se partes iguais de ambos os Uquidos. A mistura. a seguir, é colocada num alambique e destilada, e depois digerida, repetindo-se o processo completo de mistura e destilaçâo por duas vezes, num total de très. Ao final, como resultado dessas queimas constantes, um espi'rito penitente farâ a sua apariçâo. No alambique. poderâ restar uma pequena quantidade de terra morta e nitrum (salitre), Sera entâo necessârio fazer duas ou très coobaçôes — isto é, com-binar a terra morta com o espi'rito ou essência. Assim se prépara portanto o mênstruo radicai végétal. Colocando-se outras ervas neste mênstruo, obtèm-se facilmente seus ôleos essenciais, com os quais se podem preparar elixires e medicamentos valiosissimos.

O Processo III, que trata da preparaçâo do mênstruo radical animal, inicia-se com o teste da urina de uma pessoa saudâvel. Se a aniostra é perfeitamente normal, ela é colocada num frasco ou alambique e destilada. Esse processo é repetido sete vezes. Os restos que permanecem no alambique sâo misturados com a ultima me-tade do Iîquido obtido na ultima destilaçâo. Supoe-se que essa substância tenha um efeito especialmente poderoso quando aplicada nos pontos doloridos do corpo humano. O manuscrito acrescenta. talvez humoristicamcnte, que ela é forte o bastante para ressuscitar as mumias. (Esse preparado pode parecer-nos repugnante hoje, mas muitos antigos îivros farmaceuticos, herbâceos ou medicinais contém prâticas similares. De fato, Paracelso, uma vez, confundiu e des-gostou a faculdade médica na quai estava conferenciando por ter feito experiéneias com o excremento do corpo humano.)

O Processo IV, ou a preparaçâo do mênstruo universal, começa com a mistura de âlcool e salitre, que sâo entâo destilados. Tomando-se o resultado da combinaçâo, mistura-se-lhe meia libra de sal nitro, frîccionando-se e destilando-se novamente o composto. Mistura-se em seguida a combinaçâo résultante a porçôes iguais dos très re-sultados acima. Estas porçôes, por sua vez, sâo destiladas e subli-

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raadas sete vezes, O resultado final sera a essência universal, mênstruo, ou elixir.

A segunda parte do Terceiro Grau, que começa na pâgina 9, contêm instruçôes e detalhes adicionais desses quatro processos. Hssas instruçôes terminam com a advertência de que todos esses elixires, ôleos, essências, alkahestes filosofais e mesmo a prôpria Pedra devem ser utilizados exclusivamente a serviço da humanidade e para a glôria de Deus. Naturalmente, aqueles que receberiam em primeiro lugar os seus beneficios seriam eles prôprios e os outros membros da Ordem Rosa-Cruz. Eles se interessavam principalmente pelos valores medicinais desses preparados, mas eram capazes de criar pedras e metais preciosos em quantidade suficiente para manter as finanças da Ordem. O texto enfatiza também o fato de que todos os numéros e simbolos deveriam ser plenamente conhecidos para que nâo se cometesse nenhum erro. Além disso, ministravam-se instruçôes alqui'micas adicionais aqueles que dominassem comple-tamente a Alquimia fisica. Podemos imagtnar. por conseguinte, que aqueles que atingiram a perfeita saude e a independência financeira do mundo eram brindados com um novo grupo de instruçôes para estudar e praticar em algum local afastado. Neste local, eles pro-vavelmente atingiriam o grau mais elevado de desenvolvimento ffsico e de instruçâo regular.

As formulas fornecidas no manuscrito nâo devem naturalmente ser tomadas ao pé da letra. visto que sâo necessariamente veladas em sua fraseologia. O texto nos dâ, contudo, um intéressante vis-lumbre desses grupos de estudantes sinceros e de adeptos que con-sideravam seu tempo e esforço bem gastos quando se tratava de penetrar o reino mistico das experiências alquîmicas.

O texto reproduzido a seguir provém da sabedoria de um Sâbio registrada na Collectanea Chemica. Seu propôsito é auxiliar a pre-paraçâo dos estudantes alquimicos para a obra maior. O leitor deverâ recordar a afirmaçâo de que todo aquele que dominar o processo herbâceo irabalharâ muito mais facilmente com minerais ou mesmo metais. O estudo cuidadoso do que segue e a meditaçào prolongada revelarao também esse mistério aquele que estâ pronto para recebê-lo.

"Os verdadeiros f i l ô s o f o s concorda m em que a primeira Matéria d o s meta i s é um vapor u m i d o que se e l e v a pe la açâo do f o g o central nas entranhas da terra e que, c i rcu lando por sobre os p o r o s desta, se enconlra c o m o ar cru. s e n d o por e l e c o a g u l a d o n u m a â g u a untuosa que, ader indo à terra, a quai lhe serve de receptâculo e na quai se junta a um sulfur m a i s ou m e n o s puro, e a um sal de qua l idades m a i s ou m e n o s f ixantes , que e le atrai do ar, e , r e c e b e n d o um certa grau

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de mistura provinda do calor central e solar. toma a f o r m a de pedras e rochas . minerais e mêlais , T o d o s esses e l e m e n t o s formaram-se do m e s m o vapor û m i d o original, m a s assutniram caracterist icas diversas em virlude das di ferentes impregnaçôes de esperma. da qual idade do sal e do sû l fur c o m que sâo f i xados e da pureza da terra que lhes serve de matriz pois qualquer porçâo desse vapor û m i d o q u e é rapî-damente subl imada na superf ic ie da terra, a s s u m i n d o as suas impure-zas, é rap idamenle privada de suas partes mais puras pela a ç â o cons-tante do ca lor central e solar, e as partes mais grosseiras, f o r m a n d o u m a substância muci lag inosa . f o r n e c e m a matéria d a s r o c h a s e pedras comuns . M a s quando esse vapcr û m i d o é subl imado, mui to lentamente , através de uma terra f ina que n â o parti lha da untuos idade sul fûrica , f o r m a m - s e cristais de rocha, pois o e sperma dessas pedras bêlas e variegadas , a saber, mârmores , alabastros. etc. . sépara esse vapor depu-rado, d e v i d o à sua f o r m a ç â o primeira e ao seu cre sc imento cont inuo . As g c m a s f o r m a m - s e igualmente desse vapor û m i d o q u a n d o este s e e n c o n t r a c o m pura âgua salgada, c o m a quai é f i x a d o n u m local frio. M a s se o vapor é s u b l i m a d o lentamente pe los Iocais quentes e puros, em que a gordura do sûl fur se Ihe adere, esse vapor. que os f i l ô s o f o s c h a m a m de Mercurio , junla-se àquela gordura e torna-se uma matéria untuosa que, a t ing indo em seguida outros lugares, e s endo puri f icada pe los vapores ac ima menc ionados , n u m local em que a terra é sutil , pura e umida , preenche os poros delà, produzindo-se ass im o ouro , M a s se a matéria untuosa chega a lugares fr ios e impuros , produz-se c h u m b o , ou Saturno; se a terra for fria e pura, misturada c o m sûl fur , o resul tado é o cobre . A prata t a m b é m se f o r m a desse vapor, q u a n d o este abunda em pureza. mas misturado c o m um grau m e n o r de sûlfur e nâo suf i c i entemente di luido. No es tanho . ou Jupiter, c o m o é c h a m a d o , e le abunda, mas c o m m e n o r pureza. Em Marte , ou ferro, e le se apre-senta m i m a p r o p o r ç â o m e n o s impura e mis turado c o m um sûlfur adusto .

"Portanto, parece que a Matér ia -Pr ima dos meta is é uma coisa sô, n â o mult ipla , h o m o g ê n e a , mas al terada pela divers idade d o s luga-res e pe los sul fures c o m que é c o m b i n a d a . Os f i l ô s o f o s descrevem fre-q u e m e m e n t e essa matéria. Sendivogius c h a m a - a de âgua celeste. que nâo m o l h a as mâos; nâo vulgar. m a s quase c o m o âgua da chuva . Q u a n d o H e r m e s a c h a m a de pâssaro sem asas. f i gurando dessa mane ira a sua natureza vaporosa , a descr içâo lhe cai m u i t o b e m . Q u a n d o cha-ma 0 sol de seu pai e a !ua de sua m â e . e le quer dizer que e la é produz ida p e l a açâo do calor sobre a umidade . Q u a n d o d iz que o v e n l o a carrega em seu ventre, apenas pretende af irmar c o m isso que o ar é o seu receptâculo . Q u a n d o a f i rma que o que é infer ior é c o m o o que é superior. ensina que o m e s m o vapor na superf ic ie da terra for -nece a matéria da c h u v a e do orvalho . c o m a quai todas as coisas s â o a l imentadas nos reinos végétal e animal . Esse vapor é o que os f i l ô -s o f o s c h a m a m de Mercurio . a f i r m a n d o encontrar-se e le em iodas as coisas . o que é um fa to . Tal c ircunstància f a z uns imagînarem que ele exis ta no corpo h u m a n o , outros, na esterqueira, o suposto depos i -târio das suti lezas f i losôf icas . v o a n d o assim de u m a co isa a outra, s e m qualquer teoria f ixa sobre o que procurant, e s p e r a n d o descobrir no R e i n o Végétal ou An imal a per fe içâo suprema do Minerai . Os f i l ô -s o f o s , d e v i d o à sua intencâo de ocultar a Matér ia -Pr ima do indigno, contr ibuiram bastante para esse erro, e nisso eles f o r a m , talvez, mais

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caute losos do que séria necessârio . pois Sendivog ius déclara que, oca-s iona lmente , em franca conversaçâo , insinuou c laramente a arte, pala-vra por palavra. a alguns que se çons ideravam c o m o f i l o s o f o s m u i t o perspicazes: mas estes ac aient a va m n o ç ô e s tâo sutis, t âo d is tantes da s impl ic idade da N a t u r e z a , que nâo pod iam c o m prove ï to compreender o s ign i f i cado de suas palavras . Por i sso . e le nâo professa grande rece îo de que o segredo seja révéla do àquelcs q u e es tâo predispostos a com-preendè- lo , seja por vootade prôpria ou pela providência do S u p r e m o .

"Essa d i spos î çâo b e n é v o l a o indu au a declarar m a i s a b e r t a m e m e a Matéria-Prima, e f ixar o artista em sua busca des sa Matér ia no r e i n o minerai: pois, c i tando Alberto M a g n o . que escreveu que em seu t e m p o grâos d e o u r o f o r a m e n c o a t r a d a s entre o s dentés d e u m h o m e m m o n o em sua sepultura, e le observa que Alberto nâo podia expl icar esse mïlagre. m a s que o jutgava ser c a u s a d o pela virtude minerai no ho-m e m , c o m o o c o n f i r m a o adag io de Mor ien : 'E essa matér ia , o Rei . é extraida de tî'. M a s i sso é crrôneo , pois Mor ien e n t e n d e u e s s a s co i sas f i l o s o f i c a m e n t e . residindo a virtude minerai em seu proprio reino, dis-l intu no an imai . É verdade, aliâs. que no re ino animal o mercur io . ou a umidade, é c o m o a matéria, e que o sûlfur, ou n i tano d o s ossos , é c o m o a virtude; mas o animal nâo é minerai , e vice-versa. Se a virtude do sûlfur animal n â o exist isse no h o m e m , o sangue, ou mercûr io , nâo poderia coagular-se na carne e n o s ossos; portanto, se n â o houvesse um sûlfur végétal no reino végétal , ele n â o poderia c o a g u l a r a âgua, ou o mercûrio végétal , nas ervas, etc. O m e s m o d e v e ser e n t e n d î d o quanto ao re ino minerai .

"Esses très reinos n â o d i f e r e m na verdade em sua virtude, n e m os Irês sulfures, po i s t o d o sûlfur t em um poder para coagu lar o seu pro-prio mercûrio; e todo mercûrio tem o poder de ser c o a g u l a d o por seu prôprio sûl fur condizente e por n e n h u m outro que Ihe é e s t ranho .

"Ora, a razâo por que o o u r o fo i encontrado entre os dentes de um h o m e m m o n o é esta: porque em sua exist&ncia o mercûr io lhe fora administrado. seja por ungûento , lurbito ou a lguma outra maneira; e é da nature2a desse métal subii1 à boca , a f i m de encontrar ai u m a saida para si e ser e v a c u a d o c o m a saliva. Se, entâo , na h o r a de tal tratamento . o h o m e m d o e n t e morreu . o mercûr io . n â o d e s c o b r i n d o uma saida. p e r m a n e c e u em sua boca, entre os dentes. e . t o m a n d o - s e a car-caça uma malr iz natural para a maturaçâo do mercûrio , este f i c o u encerrado por um l o n g o tempo, até ter c o n g e l a d o em o u r o pe lo seu prôprio sûl fur condizente sendo pur i f i cado pelo calor natural da pu-tre façâo causada pela f l e u m a corros iva do c o r p o h u m a n o ; m a s isso jamais teria a c o n t e c i d o se o mercûr io minerai n â o lhe t ivesse s ido ad-ministrado.

' T o d o s o s f i l o s o f o s a f i r m a m . e m unissono, que o s meta i s t êm u m a semente que Ihes propicia o cresc imento e que essa qual idade séminal é a m e s m a em todos eles; m a s ela a m a d u r e c e c o m per fe i çâo apenas no ouro , em q u e o e l o de twiào é tâo estreito q u e é mui to dïficil d e c o m p o r o sujeito e assegurâ- lo para a Obra F i l o s o f a l . Mas alguns, que eram adeptos da arte, nbtîverans o u r o do m a c h o por pe-n o s o processo , e mercûrio, que eles sabiam c o m o extraîr dos meta i s menos compactos , de u m a f ê m e a ; nâo c o m o processo mais fâci l , m a s para descobrir a poss ibi l idade de fazer a pedra dessa maneira; e t i v t -

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ram sucesso, d ivu lgando abertamente esse m é t o d o a f i m de esconder a verdadeira c o n f e c ç â o . que é mais fâcil e s imples . D e v e r i a m o s , por-tanto, c o l o c a r diante do leitor um ponto de referência , para impedi - lo de fragmentar-se contra essa d i f iculdade , c o n s i d e r a n d o o que é a se-mente que propicia o cresc imento d o s metais , para que o artista nâo f ique c o n f u s o ao buscâ-la . m a n t e n d o diante de s i os escritos de nossos sâbios predecessores pertinentes a esse assunto.

"A semente d o s meta i s é o que os F i l h o s da Sabedor ia c h a m a r a m de mercur io , para dist ingui- lo da prata, c o m a quai ele se a s seme lha bastante, s e n d o ele a umidade radical d o s metais . Esta, q u a n d o judi-c io samente extraîda, s e m corros ivos ou fundentes , c o n t é m em s i u m a qual idade séminal cuja m a t u r a ç â o perfe i ta sô ocorre no ouro ; n o s ou-tros meta i s e la é crua, c o m o frutos que ainda sâo verdes, nâo sendo su f i c i en temente digerida pelo calor do sol e pela a ç â o dos e l ementos . O b s e r v a m o s que a umidade radical c o n t é m a semente , o que é ver-dade; mas ela n â o é a semente , e s im o esperma, no quai Qutua o princîpio vital, que é mvisîvel ao o lbo . Mas a m e n t e d o s verdadeiros artistas o percebe c o m o o p o r t o central do ar condensado , em que a Natureza , de a c o r d o c o m a vontade de D e u s , incluiu por toda a parte os primeiros princîpios da vida, tanto animal e végétal c o m o minerai , pois nos an imais o e sperma pode ser visto, m a s n â o o pr incîpio de i m p r e g n a ç â o inc luso; e s s e é um ponto concentrado , para o quai o es-perma serve apenas c o m o um veîculo , até que, pela açâo e pe lo fer-m e n t o da matriz , o ponto em que a N a t u r e z a incluiu um princîpio vital se expande , s e n d o en tâo perceptivel nos rudimentos de um ani-mal . E i s p o r que em qualquer fruto comest ive l ( c o m o , por e x e m p l o , numa m a ç â ) , a po lpa ou e sperma se apresenta n u m a p r o p o r ç â o mui to maior do que a semente inclusa; e m e s m o aqu i lo que parece ser apenas s emente é , na verdade, um preparo mais f i n o do esperma, que inclui o vigor const i tuc ional ; ass im também, num grâo de tr igo a far inha é apenas o esperma, o p o n t o da vegetaçâo é um ar inc luso mant ido por seu e s p e r m a nos ex tremos de fr io e ca lor até ele encontrar u m a matr iz adequada. na quai, sendo a casca amolec ida pe la umidade e aquec ida p e l o calor, o e sperma circundante se putrefaz , f a z e n d o a se-mente , ou ar concentrado , expandir e que imar a casca que traz em seu m o v i m e n t o u m a substância leitosa, ass imi lada desde o e sperma putrefato . A qual idade condensante do ar encerra a semente n u m a pel icula e a endurece n u m germe, tudo de acordo c o m o propôs i to da Natureza .

"Se t o d o esse proces so da Natureza , m a r a v i l h o s o em suas opera-çôes, nâo se repetisse cons tantemente diante de n o s s o s o lhos , o proces so s imples da v e g e t a ç â o séria igualmente tâo prob lemât ico quanto o dos f i l ô so fos ; n o entanto , c o m o podem o s meta i s crescer, o u melhor , c o m o pode qualquer co i sa multipl icar-se desprovida de s e m e n t e ? Os verda-deiros; artistas nunca pretenderam mult ipl icar os meta i s s e m ela, e po-de-se negar que a Natureza ainda segue a sua o r d e m primordia l? A N a t u r e z a sempre frut i f ica a semente q u a n d o esta é deposta n u m a ma-triz adequada . N â o obedecerâ ela a um e n g e n h o s o artista que conhece as suas o p e r a ç ô e s e as suas poss ib i l idades e nada tenta a l é m disso? Um agricultor m e l h o r a o seu s o l o c o m adubo , q u e i m a as ervas dani-nhas, e f a z uso de suas operaçôes , Ele e m b e b e sua s emente em vârios preparados, t o m a n d o apenas o cu idado de n â o destruir-lhe o princîpio

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vital; na verdade , j a m a i s l h e passa pela c a b e ç a t o r r â - l a ou f e r v ê - I a , n o que m o s t r a ter m a i s c o n h e c i m e n t o d a N a t u r e z a d o que a l g u n s pseu-d o f i l ô s o f o s . A N a t u r e z a , tal c o m o m a e l ibéral , r e c o m p e n s a - o c o m u m a a b o n d a n t e co the i ta , proporc ïû i ia l as m e l h o r i a s q u e c o a c e d ç u à s e m e n t e e à matr iz a d e q u a d a q u e f o r n e c e u para o seu c r e s c i m e n t o .

f i O jardine iro in t e t i geme vai m a i s l o n g e ; e l e sabe c o m o encurtar o p r o c e s s o da v e g e t a ç â o , ou re tardâ- lo . E l e c o l h e rosas , c o r t a verduras e arranca erv i lhas ^erdes . no i n v e m o . E s t â o os c u r i o s o s p r o p e u s o s a admirar p lantas e f rutas de o u t r o s c t i m a s ? Ele p o d e p r o d u z i - l a s à per-f e i ç â o e m s u a s e s tu fas . A N a t u r e z a s e g u e seu ç o m a n d o s e m c o n s t r a n -g i m e n t o s , s e m p r e d e s e j a n d o o b t e r o s e u f î m , a saber , a p e r f e i ç â o da pro ie .

"Abr i v o 5 s o s a l h os , o p e s q u i s a d o r e s da N a t u r e z a ! S e n d o e la t â o l ibéral e m s u a s p r o d u ç ô e s perec ive i s , q u a n t o m a i s n â o o s e r a n a q u e l a s que s â o p e r m a n e n t e s e q u e p o d e m résist if ao f o g o ? A t e n d e i , po i s , à s s u a s o p e r a ç ô e s ; se o b t i v e r d e s a s e m e n t e m e t à l i c a e a m a d u r e c e r d e s p e l a arte a q u i l o q u e a N a l u r e z a leva m u i t o s s é c u l o s para a p e r f e i ç o a r . e la n â o f a l h a r a e r e c o m p e n s a r - v o s - â c o m um a u m e n t o p r o p o r c i o n a l à e x c e -l énc ia de v o s s o suje i to .

" O le i tor p o d e r â e x c l a m a r neste p a s s o : ' E x c e l e n t e ! T u d o isso e s t a m u i t o bem, m a s o n d e se1 a c h a a s e m e n t e d o s m e t a i s e de o n d e p r o v é m a q u i l o que t â o p o u c a s p e s s o a s s a b e m c o m o c o n s e g u i r ? ' P o d e m o s res-p o n d e r que o s f i l ô s o f o s g u a r d a r a m até a g o r a i n d u s t r i o s a m e n t e esse pro-f u n d o s egredo; a l g u n s p o r c a u s a d e u m a d ï s p o s i ç â o e g o î s t a , e m b o r a s o b o u t r o s a s p e c t o s t e n h a m r e v e l a d o s e r e m b o n s h o m e n s . O u t r o s , q u e d e s e j a r a m e n c o n t r a r a p e n a s p e s s o a s d i g n a s a q u e m p u d e s s e m cornu-nicar o s egredo , n â o p u d e r a m e s c r e v e r a b e n a m e n t e sobre e l e , p o r q u e a c o b i ç a e a v a i d a d e t è m s i d o os pr inc ip ios g o v e r n a n t e s do m u n d o , e , s e n d o h o m e n s d e g r a n d e s a p i ê n c i a , p e r c e b e r a m q u e n â o era dese jo d o M a i s A l t o i n f l a m a r e a l i m e n t a r tais o d i o s o s t e m p e r a m e n t o s , p r o i e ge-n u m a d o o r g u l h o e d o e g o i s m o , m a s b a n i - l a s d a terra, r a z à o p o r q u e e l e s s e t ê m r e f r e a d o até agora . M a s n o s , n â o d e s c o b r i n d o n e n h u m a res tr içâo em nossa m e n t e a e s s e re spe i to , d i v u l g a r e m o s o q u e é de n o s s o c o n h e c i m e n t o , e a i n d a mais , p o r q u e j u l g a m o s que c h e g a d a é a h o r a de d é m o l i r o b e z e r r o de o u r o , v e n e r a d o hâ s é c u l o s p o r t o d a s a s c las ses de h o m e n s , a tal p o n t o q u e a d tgn idade é e s t i m a d a p e l o di -n h e i r o q u e um h o m e m p o s s u i ; e tal é a d e s i g u a l d a d e d a s p e s s o a s q u e a h u m a n i d a d e quase se redi iz a o s r i cos , q u e se c o m p r a z e m em ex tra -v a g â n c i a s , e os pobres , q u e e s tâo em e x t r e m a p e n u r i a , s o f r e n d o sofc a m â o de f e r r o da o p r e s s â o . O p e s o da in iqi i idade entre os r icos at in-g iu a g o r a ao seu l imi te , e o grito do p o b r e c h e g o u d i a n t e do S e n h o r : 'Quem Ihes data de corner até que estejam satisfeitos?' D o r a v a n t e , o r ico v e r â a v a i d a d e de s u a s p o s s e s s ô e s q u a n d o c o m p a r â d a s c o m os te-s o u r o s c o m u n i c a d o s por es te s e g r e d o , p o i s a s r ïquezas q u e e t e c o n c é d é s â o u m a b ê n ç â o de Devis, e n â o o r o u b o da o p r e s s â o . A l é m d i s so , a sua pr inc ipal e x c e l ê n c i a c o n s i s t e n a p r o d u ç i o d e u m r e m é d i o e a p a z d e curar todas as d o e n ç a s a q u e o c o r p o h u m a n o e s t â suje i to e de pro-longar a vida até os s eus l imi t e s derrade i ros o r d e n a d o s p e l o C r i a d o r de t o d a s as c o i s a s .

"•Nâo f a l t a m razôes para a d i v u l g a ç â o do p r o c e s s o , p o i s o ce t i -c i s m o se a l i ou de m â o s d a d a s c o m a luxûr ia e a o p r e s s â o , a tal p o n t o

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que a s v e r d a d e s f u n d a m e n t a i s d e t o d a s a s r e l i g i ô e s r e v e l a d a s t ê m s i d o re futadas . E s s a s s e m p r e f o r a m t idas e m v e n e r a ç â o p e l o s c o n h e c e d o r e s d a arte, c o m o s e p o d e d e p r e e n d e r d a q u i l o q u e e l e s d e i x a r a m reg i s t rado e m seus l ivros; e . n a verdade , o s p r i n c î p i o s f u n d a m e n t a i s d a re l i g iâo r e v e l a d a s â o c o r r o b o r a d o s por t o d o o p r o c e s s o , p o i s a s e m e n t e d o s m e t a i s é s e m e a d a na c o r r u p ç â o e t r a n s f o r m a d a em n â c K o r r u p ç â o ; s e m e i a - s e um c o r p o esp ir i lua l e e l e v a - s e um c o r p o espir i tual ; sabe- se q u e e la part i lha da m a l d i ç â o q u e reca iu s o b r e a T e r r a por c a u s a do h o m e m . t e n d o e m s u a c o m p o s i ç â o u m v e n e n o morta l que s ô p o d e ser s e p a r a d o por m e i o d e u m a r e g e n e r a ç â o e m âgua e f o g o ; e la p o d e , q u a n d o c o m p l e t a m e n t e e x a l t a d a e pur i f i cada , î m p r e g n a r os m ê l a i s im-p e r f e i t o s e l e v â - l o s a um e s t a d o de p e r f e i ç â o , s e n d o a esse re spe i to u m e m b l e m a v i v o d a s e m e n t e d a m u l h e r , o M a t a d o r d e Serpentes , que , p o r S e u s s o f r i m e n t o s c por S u a m o r t e , e n c o n t r o u a g lôr ia , t e n d o d o r a v a n t e p o d e r e a u t o r i d a d e para red imir , pur i f i car e g lor i f i car t o d o s o s que s e a p r o x i m a m D e l e e n q u a n t o m e d i a d o r entre D e u s e a h u m a -n idade .

" S e n d o tais o s n o s s o s m o t i v o s , n â o p o d e m o s n o s ca lar m a i s a res -p e i to da s e m e n t e d o s meta i s , e d e c l a r a m o s que e la se e n c o n t r a n o s m i n é r i o s d o s meta i s , c o m o o tr igo no g r â o ; e a ébr ia l o u e u r s d o s al -q u i m i s t a s o s i m p e d i u d e perçeber e s s e f a t o , d e m o d o q u e e l e s s e m p r e a p r o c u r a r a m n o s m e t a i s vu lgares , que s â o ar t i f i c îa i s e n â o u m a pro-d u ç â o natural , a g i n d o tâo l o u c a m e n t e q u a n t o u m h o m e m q u e s e m e a s s e p â o e e sperasse c o l h e r m i l h o , ou que f en.-esse um ovo e espérasse pro-

duzir uma galinha. E m b o r a os f i l ô s o f o s t e n h a m a f i r m a d o m u i t a s v e z e s que o s m e t a i s v u l g a r e s s â o m o r t o s , n â o i s e n t a n d o o o u r o , que v e n c e o f o g o , e l e s j a m a i s i m a g i n a r a m e s s a c o i s a tâo s imples , a saber , que a s e m e n t e d o s m e t a i s se a c h a n o s m i n é r i o s des t e s , q u e é o u n i c o loca l o n d e e l a deverja ser p r o c u r a d a ; c o n f u s a é a e n g e n h o s i d a d e h u m a n a , q u a n d o d e i x a a tr i lha bat ida da v e r d a d e e da N a t u r e z a para se e n r e d a r n u m a m u l t i p l i c i d a d e d e f râge i s i n v e n ç ô e s .

" O p e s q u i s a d o r d a N a t u r e z a r e g o z i j a r - s e - â i n t e n s a m e n t e c o m e s s a d e s c o b e r t a , f i r m a d a n a r a z â o e e m s ô l i d a f i l o s o f i a , m a s a o s t o l o s e l a serâ inûti l , p o i s a S a b e d o r i a j a m a i s se p r o c l a m a r â nas ruas. Por isso, d e i x a n d o tais p e s s o a s nutr irem-se d e s u a p r ô p r i a i m a g i n â r i a i m p o r t â n -c ia , d e v e r i a m o s o b s e r v a r que o s m i n é r i o s d o s m e t a i s sâo a n o s s a M a -t é r i a - P r i m a , ou e s p e r m a , em q u e a s e m e n t e es ta c o n t i d a , e a c h a v e d e s s a arte c o n s i s t e n u m a corre ta d i s s o l u ç â o d o s m i n é r i o s n u m a âgua que o s f i l ô s o f o s c h a m a m d e m e r c u r i o . o u â g u a d a v ida , e n u m a subs-tânc ia terrestre, q u e e l e s d e n o m i n a m s û l f u r . A p r i m e i r a c h a m a - s e m u -lher, e s p o s a , Lua . e o u t r o s n o m e s s i g n i f i c a n d o que e la é a q u a l i d a d e f e m i n i n a em s u a s e m e n t e ; e a outra e l e s d e n o m i n a m de h o m e m , es-p o s o . Sol , e t c . . para as s ina lar a sua q u a l i d a d e m a s c u l i n a . Na s e p a r a ç â o e d é v i d a c o n j u g a ç â o de a m b a s c o m o c a l o r . p o r m e i o de c u i d a d o s c m a n e j o , gera-se u m a n o b r e pro ie , q u e e l e s c h a m a m p o r sua e x c e l ê n c i a de q u i n t e s s ê n c i a ou suje i to . em q u e o^ q u a t r o e l e m e n t o s e s t â o de tal m o d o h a r m o n i z a d o s q u e p r o d u z e m u m q u i n t o e l e m e n t o , q u e résisté a o f o g o s e m p e r d a d e subs tânc ia o u d i m i n u i ç â o d e sua v irtude , r a z â o pela qua i Ihe d e r a m os n o m e s de S a l a m a n d r a , F ê n i x e F i l h o do So l .

"Os^ v e r d a d e i r o s F i l h o s da C i ê n c i a s e m p r e c o n s i d e r a r a m a d i s so -l u ç â o d o s m ê l a i s a c h a v e mes tra de sua arte, m a s f o r a m c a u t e l o s o s

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q u a n t p a dar i n d i c a ç ô e s a e s s e respei to , m a n t e n d o os lei t o r e s na e s -c u r i d â o sobre o a s s u n t o , n â o i n f o r m a n d o s e e r a m o s m i n é r i o s o u o s m e t a i s art i f ic ia i s q u e d e v i a m ser e s c o l h i d o s ; e mais , q u a n d o f a z e m m e n ç â o a e s se p o n t o , r e f e r e m - s e a n t e s a o s m e t a i s d o que a o s m i n é r i o s . c o m a i n t e n ç â o de c o n f u n d i r a q u e l e s a q u e m c o n s i d é r a i » i n d i g n o s da arte . Dit o autor do Duelo Filosofico, ou d i à l o g o entre a pedra , o o u r o e o m e r c u r i o :

" 'Pe lo D e u s o n i p o t e n t e , e para a s a l v a ç à o de m i n h a a i m a , eu aqui v o s e n u n c i o . p o r p i e d a d e de v o s s a s s â b i a s p e s q u i s a s , a O b r a F i l o -s ô f i c a , que dér iva de um uf l i co su je i to t a t inge a p e r f e i ç â o n u m a t in ica co i sa . P o i s t o m a m o s o c o b r e e d e s t r m m o s o s e u c o r p o c r u e g r o s s e i r o , r e t i ramos o seu e sp ir i to p u r o e , d e p o i s de t e r m o s p u r i f i c a d o a s p a n e s terrestres, a s r e u n i m o s , f a z e n d o as s im u m r e m é d i o d e u m v e n e n o ' .

"É n o t â v e l q u e e l e é v i t a m e n c i o n a r o m i n é r i o , m a s c h a m a s e u suje i to de c o b r e . q u e é o q u e e les c h a m a m de m é t a l v u l g a r , p o r ser deveras a n i f i c i a l e i n a d e q u a d o à c o n f e c ç â o de n o s s a Pedra, t e n d o per -d i d o a sua q u a l i d a d e no f o g o : m a s em o u t r o s a s p e c t o s e s s a é a m a i s s i m p l e s d a s d e s c o b e r t a s , s e n d o c o s t u m e cred i tâ - la a S e n d i v o g i u s .

" N o e n t a n t o . o le i tor n â o d e v e s u p o r que o m i n é r i o d e c o b r e , e m r a z â o d e s s a a f i r m a t i v a , d e v e ser e s c o l h i d o de p r e f e r ê n e i a a o u t r o s . N â o , o m e r c u r i o . q u e é a s e m e n t e m e t â l i c a , é o m a i s a d e q u a d o e o m a i s fâc i l de extrair do c h u m b o , o q u e é conf i rmado pelos verdadeiros adeptos,

que n o s a c o n s e l h a m a buscar a n o b r e c r i a n ç a o n d e e l e r e p o u s a n u m a f o r m a m e n o s p r e z a d a , a p r i s i o n a d a s o b o s e l o de S a l o m â o ; e , de f a t o , s u p o n h a m o s , para i lustrar e s se p o n t o . que s e dese jas se a l g u é m fabr icar cerve ja p o d e r i a ele rea l izar seu p r o p ô s i t o r e c o r r e n d o a d i v e r s o s graos , m a s a c e v a d a é g e r a l m e n t e e s c o l h i d a p o r q u e o seu g e r m e g e r m i n a por um p r o c e s s o m e n o s d e m o r a d o , q u e é em t o d o s o s p r o p ô s i t o s e i n t e n t o s o que d e s e j a m o s na e x t r a ç â o de n o s s o m e r c u r i o , e os p r o c e d i m e n t o s n â o s â o d e s i g u a i s e m a m b o s o s c a s o s . s e p r e s t a r m o s a t e n ç â o à f i x i d e z d o s m i n é r i o s e à f a c i l i d a d e c o m que a c e v a d a e x p ô e a sua v ir tude s é m i n a l d e v i d o à f r a c a c o e s â o de s u a s partes .

"Que o artista o b s e r v e a g o r a c o m o um p r ç p a r a d o r de m a l t e m a -n i p u l a o seu grâo . u m e d e c e n d o - o para f a z é - l o perder a c o e s â o d a s partes e d e i x a n d o o res to à N a t u r e z a , s a b e n d o q u e ela f o r n e c e r â em breve o ca lor n e c e s s â r i o para seu p r o p o s i t o , d e s d e q u e n â o c o m e t a o erro de f a z e r u m a pi lha m u i t o e s c a s s a ou de e l e v a r d e m a i s a f er -m e n t a ç â o p o r um p r o c e d i m e n t o c o n t r a r i o , pots é b e m s a b i d o q u e o f o g o real p o d e ser a t e a d o pe la f e r m e n t a ç â o d e s u c o s v é g é t a i s q u a n d o crus : e o g r â o m a d u r o , s o b tal î r a t a m e n t o . de n a d a serv ir ia , a n â o seT para a l i m e n t a r os p o r c o s ou e n r i q u e c e r a e s terque ira . Ora , a i n t e n ç â o é e l e v a r tal f e r m e n t a ç â o a p e n a s q u a n d o se procura extrair o m e r c û r i o végé ta l s e m e s t r a g â - l o . seja pe la teiTa, se a> fo i p o s t o p a r a frut i f i car . ou pela f o m a l h a . t e d e v e ser f i x a d o n u m p o n t o prec iso , e x a l a n d o a u m i d a d e advent te ta e , a s s i m , p r e s e r v a n d o toda a f o r ç a de sua q u a l i d a d e s é m i n a l para o s p r o p ô s i t o s d e preparar i n f u s é e s o u p r o d u z i r e sp î r i to s d o m a l t e .

" S u p o n d e . e n t â o , q u e um artista que i ra extra ir o m e r c u r i o minera i d o s m i n é r i o s , e e s c o l h a m i n é r i o d e c h u m b o para e s s e p r o p ô s i t o . E l e s ô p o d e r â auxi l iar a N a t u r e z a no p r o c e s s o , d e s p e r t a n d o o c a l o r centra l , que e la c o m u n i c a a t o d a s as c o i s a s a inda n â o putre fa tas , q u a i raiz de

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s u a s v i d a s , p o r m e i o d o quai e s sas m e s m a s co i sas s e d e s e n v o l v e m . O m e i o p e l o quai esse f o g o central é d e s p e r t a d o é c o n h e c i d o p e l o n o m e de p u t r e f a ç â o ; m a s os m i n é r i o s de toda e s p é c i e r e s i s t e m à p u t r e f a ç â o e m t o d o s o s p r o c e s s o s c o n h e c i d o s . E le s p o d e m , d e f a t o , q u a n d o f u n -d i d o s n o f o g o , contra i r u m a f e r r u g e m d o ar t q u e é u m a d e c o m p o s i ç â o g r a d u a i de sua subs tânc ia m a s i s s o é a p e n a s a d e c o m p o s i ç â o natural de um c o r p o m o r t o . n â o a p u t r e f a ç â o de s e u e s p e r m a para o p r o p ô s i t o da p r o p a g a ç â o ; e s a b e m o t , d e v i d o ao ca lor d a s f o r n a l h a s n e c e s s â r i o para f u n d i r m i n é r i o s e à l e n t i d â o da d e c o m p o s i ç â o q u a n d o p r i v a d o s d e s u a s q u a l i d a d e s s e m i n a i s pela f u s â o , q u e u m ca lor q u e destruir ia a s e m e n t e n o s v é g é t a i s p o d e ser n e c e s s â r i o n o s p r i m e i r o s e s t â g i o s da p u t r e f a ç â o d o s m i n é r i o s , po i s e les m a n t e r à o u m f o g o v e r m e l h o s e m se fund ir ou n a d a perder a n â o ser as s u a s i m p u r e z a s su l f t î r i cas e arsê-n icas; e m s u m a , u m a m a t é r i a m u i t o e s t ranha p a r a a s s e m e n t e s d o s m e t a i s , c o m o a p a l h a para o tr igo: por isso , u m a s e p a r a ç â o c u i d a d o s a d e s s e s , se ja torrando , seja p o r o u t r a proces so , é j u s t a m e n t e i n d i c a d a entre as p r i m e i r a s o p e r a ç ô e s para a p u t r e f a ç â o d o s minera i s , e a m e -Ihor, p o r q u e o mater ia l que fo i c a l c i n a d o , p o r ter os sens p o r o s aber-tos, ex tra i o ar e o u t r o s m ê n s t r u o s p r ô p r i o s para a s u a d e c o m p o s i ç â o .

" Q u e o artista, por c o n s e g u i n t e , p e l o f o g o e pe la o p e r a ç â o m a -nual , s éparé a s q u a l i d a d e s î m p u r a s de s e u sujeito , tr i turando, l a v a n d o e c a l c i n a n d o , a i e que n e n h u m a negrura seja c o m u n i c a d a ao s e u m ê n s -truo, para o q u e â g u a pura da c h u v a é s u f i c i e n t e . V e r - s e - â em t o d a s as r e p e t i ç ô e s d e s s e p r o c e s s o q u e o que suja a â g u a é e s t r a n b o , e q u e o m i n c r i o a i n d a subsis te em sua n a t u r e z a m e t â l i c a ind iv idua l , e x c e t o s e é f u n d i d o p o r um c a l o r m u i t o in tenso , c a s o em q u e e l e n â o é m a i s util para o n o s s o p r o p ô s i t o ; p o r t a n t o , d e v e - s e ut i l izar m i n é r i o f resco .

" P r e p a r a n d o - s e o mater ia l dessa m a n e i r a , o s e u f o g o centra l serâ d e s p e r t a d o , se é t ra tado a d e q u a d a m e n t e , de a c o r d o c o m o p r o c e s s o para extra ir prata d e s e u s minér ios , m a n t e n d o - s e n u m c a l o r c o n s t a n t e c o n s e r v a d o s e m a a d m i s s â o de ar cru, a té que a u m i d a d e radica l seja e l e v a d a na f o r m a de um vapor , e c o n d e n s a d a n u m a â g u a m e t â l i c a , a n â l o g a à praïa . E s s e é o v e r d a d e i r o m e r c u r i o d o s F i l ô s o f o s , a d e q u a d o a tod as as o p e r a ç ô e s da A r t e H e r m é t i c a .

" T e n d o a p u t r e f a ç â o de n o s s o suje i to s i d o c o m p l e t a d a , e l e sub-siste cm d u a s f o r m a s : a u m i d a d e q u e fo i e x t r a î d a e o res iduo , a T e r r a e a À g u a F i l o s o f a i s . A â g u a c o n t é m a sua v ir tude s é m i n a l , e a terra é um r e c e p t â c u l o a d e q u a d o . em q u e e l a p o d e f rut i f i car - se Q u e a âgua seja s e p a r a d a e n i â o e c o n s e r v a d a para u s o ; c a l c i n a - s e a terra, po i s as i m p u r e z a s q u e s e Ihe a d e r e m s ô p o d e m ser re t i radas p e l o f o g o , de-v e n d o este ser d o grau m a i s f o r t e : p o i s aqui n â o h â p e r i g o d e des -trutr a q u a l i d a d e s é m i n a l , e n o s s a terra d e v e ser a l t a m e n t e p u r i f i c a d a para q u e a s e m e n t e a m a d u r e ç a , Isso d o que S e n d i v o g i u s t e m em m e n t e q u a n d o d i z : Queimai o sulfur até que ele se tome sûlfur incombuitivel.

Muitos perdem na preparaçâo o que é de muito valor na arte; nosso

mercurio deve ser aciculado pelo sûlfur, pois, do contrdrio, nâo terâ

nenhuma utilidade. Por c o n s e g u i n t e , ca lc ina i b e m a parte terrestre e r t s p o n d e o m e r c u r i o na terra ca l c inada; em segu ida , ret irai -o por des-Lilaçâo; dcpo i s , ca lc ina i , faze i a c o o b a ç â o e dest i la i , r e p e t i n d o o pro-c e s s o até o m e r c û r i o ser b e m a c i c u l a d o p e l o sû l fur , d e v e n d o es te ser p u r i f i c a d o a t é se o b t e r a c o r branca e d e p o i s a v e r m e l h a , o q u e é um

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i n d i c i o de c o m p l é t a p u r i f î c a ç â û , N e s s c p o n t o , o M a c h o e a F Ê m e a F i l o s o f a i s e s t a r â o p r o n t o s para a c o n j u n ç â o . Esta d e v e ser m a n e j a d a c o m d i s c e m i m e n t o , p o i s a n o b r e c r i a n ç a p o d e ser su f o c ad a po n a s c e -d o u r o : m a s t o d a s as co i sas s â o fâce i s para o artista e n g e i t h o s o , q u e c o n h e c e a p r o p o r ç â o da m i s t u r a necessâr ia e h a r m o n i z a suas o p e r a ç ô e s à s i n t e n ç ô e s d a N a t u r e z a , para c u j o p r o p é s i t o d e v e m o s a t i l ada m e n t e c o n d u z i - l a s de a c o r d o c o m a n o s s a hab i l idade .

Da Umao ou Casa me nto Mistico no Processo Filosâftco

" P r e p a r a n d o - s e a s s i m a s e m e n t e e a sua terra, n a d a res ta a n â o ser u m a jud ic iosa c o n j u n ç â o d e a m b a s i po i s , h a v e n d o m u i t a u m i d a d e . o o v o f i l o s ô f i c o p o d e q u e i m a r - s e antes de supor tar o c a l o r n e c e s s â r i o para a sua i n c u b a ç â o . Para f a l a r s e m rodeios , n o s s o suje i to d e v e e s t â o ser e n c e r r a d o n u m f r a s c o de v i d r o p e q u e n o . f o r t e o b a s t a n t e p a r a su-portar o ca lor n e c e s s â r i o , que d e v e ser g r a d u a l m e n t e e l e v a d o ao s e u nive l m a i s e l e v a d o , e m e l h o r f o r m a t o para tal v a s o séria o de um f r a s c o d e ô l e o , c o m g a r g a l o i o n g o , o qua i , entre tanto , é m u i t o f i n o para s e m e l h a n t e o p e r a ç â o . N e s s e vaso . a mis tura d e v e ser h e r m e t i c a -m e n t e s e l a d a e d i g e r i d a até f ixar - se n u m a c o n c r e ç â o seca* m a s se , c o m o o b s e r v a m o s , a u m i d a d e p r e d o m i n a r , haverâ o grande per igo de o f r a s c o q u e i m a r - s e , c o m um v a p o r que n â o p o d e ser c o n c e n t r a d o pe la q u a l i d a d e f i x a d o r a na m a t é r i a . O obje t ivo é . n â o o b s t a n t e , f i x a r o n o s s o suje i to no ca lor , e a s s im tornar a sua futura d e s t r u i ç â o i m -poss ive l .

"Por o u t r o l a d o , se a q u a l i d a d e f i x a d o r a c seca do s û l f u r f o r tanta a p o n t o d e n â o so frer u m a r e s o l u ç â o a l t e r n a d a d e sua s u b s t â n c i a e m v a p o r e s e u m a r e - m a n î f e s t a ç â o de sua q u a l i d a d e f i x a d o r a , f a z e n d o o t o d o depos i tar - se no f u n d o do v a s o até que a m a t é r i a n o v a m e n t e se l i q u e f a ç a e s u b l i m e ( p r o c e s s o que Ripley m u i t o b e m d e s c r e v e u ) , hâ o p e r i g o de o c o n j u n t o v i tr i f i car-se : e a s s i m tereis a p e n a s v i d r o em v e z da n o b r e t intura . Para é v i t a i e s se s d o i s e x t r e m o s , é n e c e s s â r i o q u e a terra p u r i f i c a d a seja r e d u z i d a p o r Operaçâo m a n u a l a u m a f inura i m -pa lpâve l , a p ô s o q u e se p o d e acrescentar o m e r c û r i o a c i c u l a d o , reu-n indo a a m b o s a t é a terra n a d a m a i s p o d e r e m b e b e r . E s s a o p e r a ç â o requerera t e m p o , e a l g u m grau de p a c i ê n c i a do art ista; p o i s , e m b o r a a u m i d a d e p o s s a p a r e c e r d e s p r o p o r c i o n a d a , q u a n d o se d e i x a a terra des-cansar um ins tante , a s ecura na s u p e r f i c i e da m a t é r i a m o s t r a r a q u e e la é c a p a z d e e m b e b e r mai s , d e m o d o que a o p e r a ç â o d e v e « r repe t ida a t é q u e a matér ia seja f i n a i m e n t e s a l u r a d a , o que p o d e s er v e r i f i c a d a p o r sua c a p a c i d a d e de supor tar o ar s e m q u a l q u e r a t i e r a ç â o n o t â v e l da s u p e r f i c i e do s e c o para o û m î d o ; ou , ao çontrâr io , se a c o n j u n ç â o é b e m rea l izada . o que se c o n f i r m a e s p a r r a m a n d o u m a p e q u e i t a por -ç â o d a m a t é r i a s o b r e u m a f i n a c h a p a d e f e r r o q u e s e a q u e c e até e la corrçr f a c i l m e n t e c o m o cera , e x a l a n d o a u m i d a d e c o m o c a l o r e absor -v e n d o - a n o v a m e n t e q u a n d o q u e n t e . de m o d o a re tornar à sua cons is -té nci a anterior; mas , se o r e s u l t a d o é v i s c o s o , esse é um s i n a l de q u e e x c e d e n t e s a u m i d a d e . a qua i p o d e ser extra ida d e s t i l a n d o - s e n o v a -m e n t e e r e p e t i n d o - s e o p r o c e s s o até e l e ser e x e c u t a d o c o r r e t a m e n t e .

" T e n d o uni do o sû l fur e o m e r c û r i o , eû loi: a i - o s n u m p e q u e n o fras -c o d e v idro. a c i m a descr i to . e m q u a n t i d a d e m f i c i e n t e p a r a p r e e n c h e r

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um t e r ç o de sua capac idade , ' d e i x a n d o d o i s l e r ç o s , i n e l u i n d o o g a r g a l o , p a r a a c i r c u l a ç â o da matér ia . Protege i o g a r g a i o do f r a s c o v e d a n d o - o t e m p o r a r i a m e n t e Qo inic io , e g o l o c a i - o em ca lor m o d e r a d o , o b s e r v a n d o se e la s u b l i m a ou se f i x a a l t ernadamenre , C a s o s u b l i m e f a c i i m e n t e e inos tre d i s p o s i ç à û , a intervalos . para d e p o s i t a r - s e no f u n d o do reci-p i e n t e , t u d o e s ta b e m c o n d u z i d o até aqui: p o i s a u m i d a d e predominarâ . no in ic io , e o s û l f u r sô p o d e a b s o r v ê - l a p e r f e i t a m e n t e a u m e n t a n d o - s e o c a l o r para a per fe i ta m a t u r a ç â o de n o s s o F r u t o P a r a d i s i a c o . P o r o u t r o l a d o , c a s o m a n i f e s t e u m a d i s p o s i ç â o p r e c o c e para f i x a r - s e . acres-centa i m a i s m e r c u r i o a c i c u l a d o até que a L u a se erga r e s p l a n d e s c e n t e em sua estaçào-, e la dara lugar ao Sol . p o r sua v e z . E s s a s s e r i a m as p a l a v r a s de um a d e p t o nessa o c a s i â o , s u g e r i n d o a p e n a s que a quant i -d a d e f e m i n i n a em n o s s a s e m e n t e preparada é at iva no inic io , ao p a s s o q u e a m a s c u l i n a é pass iva , e q u e e ia é d e p o i s pass iva , ao p a s s o q u e a m a s c u l i n a é a t iva , s e n d o esse o c a s o em toda v e g e t a ç â o , p o i s t o d o g e r m e que é o p r i m e i r o r u d i m e n t o de u m a e r v a ou ârvore p r é d o -m i n a n a u m i d a d e , f i x a n d o - s e a p e n a s q u a n d o é p l e n a m e n t e m i s t u r a d o n a s e m e n t e .

Do Processo de Tratatnento e de Amadureçimento do Semente

"Esse p r o c e s s o c h a m a - s e a G r a n d e O b r a d o s F i l ô s o f o s ; e , l e n d o o artista f e i t o a sua parte até aqui . d e v e e l e se lar o seu v i d r o h e r m e -t i c a m e n t e . u m a o p e r a ç â o que t o d o cons trutor d e b a r ô m e t r o s sabe c o m o rea l i zar .

" O v i d r o deve e n t â o ser c o l o c a d a n u m a f o r n a l h a c o m u m n i n h o a d e q u a d o p l a n c j a d o para a sua r e c e p ç â o , de m o d o a dar um c a î o r c o n -t i n u o do p r i m e i r o ao q u a r t o grau, e permit i r ao artista a oportunida.de , d e t e m p o s e m t e m p o s , d e i n s p e c i o n a r t o d a m o d i f i c a ç â o q u e sua m a -téria a p r e s e n t e d u r a n t e o p r o c e s s o , s e m o per igo de apagar o ca lor e c o l o c a r u m t e r m o à sua per fe i ta c i r c u l a ç â o . U m ca lor d o p r i m e i r o grau é suf ic ienEe n o c o m e ç o , p o r a l g u n s m e s e s . E m b o r a e s s e m é t o d o f a ç a o j o v e m pra t i cante perder m u i t o t e m p o , f o r ç a n d o - o a a p r e n d e r a m a -n i p u l a i a m a t é r i a pela e x p e r i ê n c i a , e le n â o es tarâ tâo p r o p e n s o a de sa-p e n t a r-se pe la q u e i m a do rec ip iente ou pela v i t r i f i c a ç â c do seu c o n t e û d o .

" C h e g a s t e s , p o r t a n t o , a o d e s e j a d o t e m p o d a s e m e n t e e m n o s s a Obra F i l o s ô f i c a , a qua i , e m b o r a p a r e ç a d e p e u d e r do p o d e r do artista para a m a d u r e c e r , es ta n â o m e n o s suje i ta à b ê n ç â o D i v i n a , a s s i m c o m o a c o l h e i t a , q u e o a g r i c u l t o r l a b o r i o s o n â o t e m a p r e s u n ç â o de e sperar se-n â o p e l o b e n e p l i c i t o d e D e u s .

" H â m u i t o s requis i tos para a a t r i b u i ç â o a a l g u é m da p o s s e de n o s s a c o l h e i t a f i l o s ô f i c a , e os v e r d a d e i r o s trabal h a d o r e s t ê m p r o c u r a d o as p e s s o a s a q u e m p o s s a m c o m u n i c â - I a , por é v i d e n t e t e s t e m u n h o d o s s e m i d o s , de a c o r d o c o m os q u a i s c o n s i d é r a n t a c o n f e c ç a o de nossa Pe-dra um p r o c e s s o s imples , f a c t i v e l por m u l h e r e s e cr ianças ; m a s s e m u m a tal c o m u n i c a ç à o , hâ a neces s idade de q u e a q u e l e s que a e m p r e e n -d e m s e j a m d o t a d o s pe la N a t u r e z a d e m e n t e e n g e n h o s a , p a c i ê n c i a para o b s e r v a r e s a g a c i d a d e para i t ivest igar- lhe as a p a r i ç ô e s ordinâr ias , as qua i s , p o r s e u carâter c o m u m . s â o m e n o s d i g n a s d e no ta d o que o s f e n ô f f i e n o s que , e m b o r a m a i s cur iosos T s â o m e n o s i m p o r t a n t e s , o c n p a n d o

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o p r e c i o s o t e m p o d e s s e s e g r é g i o s l ev ianos , os m o d e m o s virtuosi. E s s e s c o n h e c e d o r e s s u p e r f i c i a i s d a f i l o s o f i a entra in e m e x t a s e d i a n t e d a des -c o b e r t a d e u m a c o n c h a o u d e u m a b o r b o l e t a c o m l is tras d i f e r e n t e s : e e n q u a n t o i s so a â g u a , o ar, a terra e o f o g o , corn suas c o n t i n u a s e m u t u a s a l t e r a ç ô e s e r e so luçôes . c a u s a d a s pe la a t m o s f e r a e p e l a e f î c â -c ia do c a l o r centra l e so lar , rtâo s â o e s t u d a d o s por e s s e s p s e u d o f i l é -so fos ; a s s i m , um c a m p o n ê s s e n s a t o t e m m a i s c o n h e c i m e n t o rea l , a esse respeito , d o que u m c o l e c i o n a d o r d e raridades naturais . f a z e n d o u m uso m a ï s s â b i o d a e x p e r i ê n c i a a d q u i n d a .

Do Processo de Maturaçùo da Nobre SemeiUe

' ' S u p o n d o q u e o art is ta teriha as d i s p o s i ç ô e s a n t e r i o r m e n t e m e n -c i o n a d a s . e que o s e u t r a b a l h o tçnha s ido b e m r e a l i z a d o até aqui , des -c r e v e r e m o s a g o r a , para s u a i n s l r u ç â o , a s a l t e r a ç à e s Que n o s s a suje i to s o f r e d u r a n t e a s e g u u d a p a n e d o p r o c e s s o c o m u m e n t e c h a m a d o d e G r a n d e O b r a p e l o s F i l o s o f o s .

" A q u e c e n d o - s e c u i d a d o s a m e n t e o rec ipiente de m o d o a ev i tar- lhe a quebra , a matér ia ne le c o r t i d a entrara em e b u l i ç â o , f a z e n d o c o m que a mis tura c ircule a l t e m a d a m e n t e em vapores b r a n c o s na parte s u p e r i o r e se c o n d e n s e na parte in fer ior . a l ternânc ia que p o d e persis-tir por um m e s ou dois , ou p o r m a i s t e m p o , a u m e n t a n d o - s e gradual -m e n t e o ca lor de um grau ao o u t r o q u a n d o a matér ia a p r e s e n t a a dis-p o s i ç â o de f ixar - se , e o v a p o i p e r m a n e c e c o n d e n s a d o p o r î n i e r v a l o s m a i o r e s , o u s e é l e v a n u m a q u a n t i d a d e m e n o r , n u m a c o r c i n z e n t a o u e m o u t r o s tons e s c u r o s , q u e s â o o s tons q u e d a a s s u m i r â a t é at ingir a a ivura perfe i ta , e s t a g i o p r i m e i r o e d e s e j â v e l de n o s s a c o l l i e i t a , O u -tras c o r e s p o d e m revelar-se nesse p a s s o d e n o s s a obra , n â o h a v e n d o per igo c a s o s e m a n i f e s t e m m o m e n t a n e a m e n t e ; m a s , s e u m a v e r m e l h i -d â o pâl ida . c o m o a d e u m a p a p o u l a d e m i l h o , pers is te p o r m a i s t e m p o , a matér ia corre o p e r i g o de v i tr i f icar-se , seja p o r c a u s a de um Empeto i m p a c i e n t e d o f o g o , o u p o r q u e a u m i d a d e n â o e s tâ s e n d o s e f i c i e n t e , O artista e n g e n h o s o p o d e r e m e d i a r esse perigo, a b r i n d o 0 rec ip i en te e a c r e s c e n t a n d o m a i s m e r c û r i o a c i c u l a d o e s e l a n d o - o c o m o antes ; m a s o n o v i g o far ia meihor g o v e r n a n d o o f o g o de a c o r d o c o m a c o l o r a ç a o da matér ia , c o m j u l g a m e n t o e p a c i ê n c i a , a u m e n t a n d o - o se a u m i d a d e m a n i f e s t a seu p r e d o m i n i o por m u i t o t e m p o , e d î m i n u i n d o - o se a s ecura preva lece , até o s v a p o r e s s e t o m a r e m negros . A p o s p e r m a n ç c e r e m al-g u m t e m p o em d e s c a n s o , u m a pe l î cu ia ou f i l m e sobre a m a t é r i a indî -c a r â se hâ t e n d ê n c i a em se f i x a r , r e t e n d o o v a p o r c a t i v o p o r a l g u m t e m p o - até que e l e se r o m p a em d i f e r e n t e s l u g a r e s sobre a s u p e r f i c i e (ta! c o m o a subs tânc ia b e t u m m o s a d o c a r v â o n u m f o g o e m b r a s a ) , c o m n u v e n s m a i s «scuras , q u e s e d i s s ipam r a p i d a m e n t e e p o u c o a u m e n -t a m em q u a n t i d a d e , até q u e t o d a a subs tânc ia se a s s e m e l h e a breu dcrret ido , ou à m e n c i o n a d a s u b s t â n c i a b e t u m i n o s a , b o r b u l h a u d o c a d a v e z m e n o s , r e p o u s a n d o c o m o u m a subs tânc ia negra por in te i ro n o f u n d o d o rec ip iente . E s s a subs tânc ia c h a m a - s e negrura d o negro , c a b e ç a do c o r v o , e tc . , e c c o n s i d e r a d a c o m o um e s t a g i o d e s e j â v e l de n o s s a g e r a ç â o fi l o s é f i e a . c o n s t i t u i n d o a p u t r e f a ç â o per fe i ta de n o s s a s e m e n -te, a qua i , d e n t r o em brève , rçve larâ o seu principio v i ta l p o r u m a g lor iosa m a n i f e s t a ç â o da Vir tude S é m i n a l .

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Uma Descriçdo Adicional do Processo

" A t i n g i n d u a s s i m a p u t r e f a ç â o de n o s s a s e m e n t e o seu f in i , o f o g u p o d e ser a u m e n i a d o a té q u e c o r e s g l o r i o s a s f a ç a m a sua a p a r i ç â o , as q u a i s os Fil ho* da A n e c h a m a r a m de Cauda Pavonis, ou C a u d a do P a v â p . Essas c o r e s v â o e v ê m , p o i s o c a l o r a d m i n i s t r a d o se a p r o x i m a d o t e r c e i r o grau, a l é q u e t u d o s e t r a n s f o r m a n u m b e l o verde , e q u a n d o a m a d u r e c e a s s u m e u m a b r a n c u r a perfe i ta , c h a m a d a T i n t u r a Branca , a quat t r a n s m u t a os m e t a i s i n f e r i o r e s em prata , e ê m u i t o p o d e r o s a c o m o r e m é d i o . M a s c o m o o a t l i s t a s a b e m u i t o b e m q u e é c a p a z d e u m a m i s t u r a s u p s r i o r . c o n t i n u a a a u m e n t a r o f o g o , a i é a subs tâne ia adquir ir u m a c o r a m a r e l a e d e p u i s u m a t o n a l l d a d e laranja o u c idra. D a n d o p r o s s e g u i m e n t o , e l e a u m e n t a a u d a c i o s a m e n t e o ca lor até o quar-to grau, q u a n d o a matér îa adquire u m a v e r m e l h i d â o c o m o o s a n g u e t o m a d o de u m a p e s s o a s a u d â v e l , o q u e ë um s i g n o m a n i f e s t o de u m a mistura per fe i ta e apropr iada para os us os pre tend idos .

Da Pedra e dûs se us Usos

" T e n d o a s s i m c o m p l e t a d o a o p e r a ç â o , de ixai o r e c i p i d u e esfr iar . e , q u a n d o o abrirdes , perceberc i s a v o s s a m a t é r i a f i s a r - a e nu ma m a s s a p e s a d a . de u m a a b s o l u t a c o r e scar la t e , q u e é f a c i l m e n t e reduttvel a pô p o r r a s p a g e m ou qua lquer o u i r o p r o c e s s o , e que . ao ser a q u e c i d a no f o e o . derre te - se c o m o cera, s e m produz ir f u m a ç a o u c h a m a , o u causai -

perda de subs tâne ia , r e t o r n a n d o q u a n d o fr ia à f i x i d e z inicial . m a i s p e s a d a d o q u e o ouro , p e s o p o r peso , e m b o r a fâc i l d e d î s so lver e m q u a l q u e r Liqutdo, e cuja a ç â o p r o d i g i o s a , q u a n d o d e l à se i n g e r e m u n s p o u c o s m i l i g r a m a s , invade t o d o o c o r p o h u m a n o . e x t i r p a n d o - l h e todas as d o e n ç a s e p r o l o n g a n d o - l h e a v i d a à sua d u r a ç â o m â x i m a ; é p o r essa r a z â o q u e e la o b t e v e a d e n o m i n a ç â o d e " P a n a c é i a " , o u r e m é d i e uni -versa l . P o r isso, s e d e g r a t o ao M a i s A l t o pe la p o s s e s s a o de tal jôia i i i e s t imâve l , e cons idéra i tal p o s s e s s â o n a o c o m o o r e s u l t a d o de v o s s o prôpr io e n g e n h o , m a s c o m o u m d o m c o n c e d i d o , por m e r a graça d e D e u s , para o a u x i l i o das e n f e r m i d a d e s h u m a n a s , da quai o v o s s o viz i -n h o d e v e part i lhar j u n t a m e n t e c o n v o s c o , s e m q u a l q u e r ïnveja o u pro-p ô s i t o s s inis tros , d e a c o r d o c o m o e n c a r g o c o n f i a d o a o s A p ô s t o l o s . " R e c e b e s t e s l i v r e m e o t e , c o m u n i c a i l i v r e m e a t e " , Sembrando a o m e s m o t e m p o d e n â o jogar a s v o s s a s p é r o l a s a o s p o r c o s : n u m a palavra . o c u l -lai a s m a n i f e s t a ç ô e s q u e s o i s c a p a z c s d e exibir , pe la p o s s e d e nossa Pedra , d o s v i c i o s o s e d o s i n d i g n o s .

"É bas tante l a m e n t â v e l q u e os q u e b u s c a m o c o n h e c i m e u t o na-tural n e s t a arte apresenram m o n n e m e a C i ê n c i a da T r a n s m u t a ç â o c o m o weu f i m ûlt imi) , d e s c o n s i d e r a n d o a c x c e l ê n c i a pr inc ipal de n o s s a Pedra c o m o m e d i c a m e n t o . S e m e m b a r g o desse à n i m o abjeto , d e v e m o s c o n -f i a r o p r o b l e m a à P r o v i d ê n c i a . e e x p o r a T r a n s m u t a ç â o (o que , de fa to . os f i l ô s o f o s f a z e m ) a b e r t a m e n t e . a p ô s o q u e d e s c r e v e r e m o s a cir-c u i a ç â o ad ic iona l de a o s s a Pedra v i s a n d o o a u m e n t o de suas virtudes> e e n t a o p o r e m o s f i m a o n o s s o Ira lado .

" Q u a n d o o artista i ransmi i tur q u a l q u e r méta l — ctaumbo. p o r e x e m p l e — , derre ta - lhe u m a c e n a q u a n t i d a d e n u m c a d i n h o l i m p o , jun-t a m e n t e c o m uns p o u c o s m i l i g r a m a s d e o u r o e m l i m a l h a ; ç q u a n d o

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tudo estiver derretido, que t o m e um p o u c o do po raspado de sua "pe-dra". n u m a quantia mini ma, e o junte ao méta l durante a f u s â o . Ime-diatamente , uma grossa f u m a ç a se e ievarâ, carregando c o n s i g o as im-purezas cont idas no c h u m b o , c o m um r u i d o crepitante. e t ransmutando a substância do c h u m b o n u m o u r o puriss imo, sem qualquer e spéc ie de fa ls i f icaçâo; a pequena quant idade de o u r o acrescentada antes da t ransmutaçâo serve apenas c o m o um m e i o para faci l i tar o processo , e sô a vossa exper iênc ia deterni înarâ a quant idade da tintura, porquanto a virtude desta é proporc ional ao n u m é r o de c ircu laçoes q u e lhe des-tes depo i s de comple tada a primeira.

"Por e x e m p l o : obt ida a pedra, dissolvci -a n o v a m e n t e em n o s s o mercurio, em que dissolvestes anter iormente uns m i l i g r a m a s de o u r o puro. Essa o p e r a ç â o nâo apresenta problemas. pois a m b a s as substân-cias se i iquefazem c o m rapidez. Coloca i -a n u m recipîente, c o m o antes, e prosseguî o processo . N â o hâ nenhum perigo na m a n i p u l a ç â o , a nâo ser o de quebrar o recipiente; e t oda vez que o p r o c e s s o é a s s i m repe-tido. a u m e m a m as virtudes do preparado, na r a ï â o de dez por cem, por mil , por dez mil , etc., e tanto nas suas qual idades m e d i c i n a i s quanto nas de transmutaçâo; de m o d o que u m a pequena quant idade p o d e ser suf ic iente para os propôs i tos de um artista durante o res to de sua vida."

Basilio Valentino. o monge beneditino alemào, cujo nome é digno de grande respeilo na Alquimia. legou preciosas pérolas de sabedoria à posteridade, afirmando, em sua famosa obra Currus Triumphaiis Antimonu (Carro Triunfal do Antimônio):

"Deve i s saber q u e todas as coisas c o n t ê m espir i tos o p e r a t i v o s e vi iais que extraem sua substância e a l i m e n t e d o s prôprios c o r p o s ; os e l e m e m o s em s i sem esses espir i tos nâo s â o n e m bons n e m maus. Os h o m e n s c os animais tèm em si um espirito operat îvo e vital izante, e, se este os abandona , resta apenas um corpo m o n o . Ervas e ârvores têm espir i tos de saûde, pois , do contrario, n e n h u m a arte poder ia uti-i izà-los para f ins medicinais . Da m e s m a maneira. os minerais e metais pos suem espiritos vital izantes que const i tuent toda a sua f o r ç a e vir-tude; pois o que n â o tem espir i to nào tem vida ou p o ë e r v i ta l izante ."

Além disso, afirma ele daramente o que os estudantes deveriam ter em mente quando trabalham em seus laboratôrios, tentando fixar esse esquivo Mercûrio dos minerais:

" N e n h u m animal ou végétal contêm em s i algo que p o s s a servir para f ixar o Mercurio: toda temat ïva neste sent ido redunda em fa lha . porque n e n h u m a dessas substâncias tem u m a natureza metâ l i ca . 0 Mer-cûrio é , interna e e x t e r n a m e n t e , f o g o puro: portante , n e n h u m f o g o pode destruî-lo, n e n h u m f o g o pode modï f i car - lhe a essência; e le e scapa do f o g o e se t rans forma espir i tualmente num ô leo i n c o m b u s t î v e i ; mas , assim que e l e se f ixa , n e n h u m a astûcia h u m a n a p o d e f a z ê - l o volat i l izar novamente . T u d o que pode ser produzido do o u r o pode t a m b é m ser fe i to c o m o mercûr io por m e i o da arte, pois apôs a sua c o a g u l a ç â o

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d e s e assemeLha p e r f e i t a m e n t c a o o u r o , p a r e c e n d o ter c r e s c i d o d a m e s -m a ra iz e b r o t a d o e x a l a m s n t e d o m e s m o r a m o desse m é t a l p r e c i o s o . "

( " A g r a n d e q u e s l â o que v e x a t o d o s o s e s t u d a n t e s d e n o s s a A r t e , a saber . O q u e é n o s s o M e r c u r i o ? ' , é a q u i c lara e l u c î d a m e n t e res-p o n d î d a . Prestai c u i d a d o s a a t e n ç â o a t u d o q u e B a s i l i o d iz . Q u a l q u e r l u z q u e eu a c r e s c e n t a s s e ao seu b r i l h o séria na v e r d a d e treva ." — Essa a n o t a ç â o p r o v é m d o c o m e m à r i o d e T h é o d o r e K e r k r i n g i u s e m sua ver-s â o la t ina d e 1 6 8 5 . publ i cada e m A m s t e r d a m . )

" A f i r m o - v o s q u e t o d o s Os m e t a i s e m i n e r a i s c r e s c e m da m e s m a m a n e i r a o r i u n d o s da m e s m a ra iz e que , por tanto . t o d o s o s m e t a i s t êm u m a o r i g e m c o m u m . Esse p r i n c î p i o p r i m e i r o é um m e r o v a p o r extrat-do da terra e l e m e n t a r através d o s p lanetas ce l e s t e s e , p o r as s im dizer , d i v i d i d o pe la d e n t l a ç â o sidéral d o M a c r o c o s m o , E s s a q u e n t e i n f u s â o s idéral , d e s c e n d o d o a l t o nas c o i s a s q u e e s t â o e m b a i x o , c o m a pro-p r i e d a d e a e r o s u l f û r i c a , t a n t o â g e e o p é r a q u e , de a l g u m a m a n e i r a e sp i -rîtual e inv i s ive l , c o m u n i c a - l h c s u m a certa f o r ç a e v i r tude . Esse v a p o r t r a n s f o r m a - s e em s e g u i d a . na terra, em u m a e s p é c i e de â g u a , e é es ta âgua m i n e r a i que géra t o d o s os m e t a i s e que os a p e r f e i ç o a O v a p o r minera i t o m a - s e esse o u a q u e l e m é t a l , d e a c o r d o c o m o p r e d o m î n i o d e u m o u d e o u t r e d o s très p r i n c î p i o s f u n d a m e n t a i s , i .e , , d e a e rdo c o m a c i r c u n s t â n d a d e a p r e s e n t a r e m m u i t o o u p o u c o m e r c u r i o , sû l fur o u sal , o u u m a m i s t u r a dcs igua l des te s . Por essa r a z â o . a l g u n s m e t a i s s â o f i x o s , o u t r o s s â o p e r m a n e n t e s e imutâve i s , e o u t r o s a i n d a s â o v o l â t e i s e var iâve î s , c o m o p o d e i s o b s e r v a r no o u r o , na prata, no f erro , no es-t a n h o e no c h u m b o .

" A l c m d e s s e s meta i s , o u t r o s m i n e r a i s s â o g e r a d o s a partir d e s s e s très pr incîpios; de a c o r d o c o m a p r o p o r ç â o d o s ingred ientes , t e m o s v i t r io io , a n t i m ô n i o . m a r c a s s i l o , e le tro , e m u i t o s o u t r o s minera i s ."

Num volume de tratados extremamente raro, The Hermetic Muséum, publicado em Frankfurt em 1678. descobrimos em The Open Entrance îo the Closed Palace of the Kinç (Entrada Aberta para o Palâcio Fechado do Rei) (por "Um Anônimo Sâbio e Amante da Verdade", que sabemos ser lreneu Filaletes) o que segue. sob o cabeçalho "Da Dificuldade e Extensào da Primeira Operaçâo'1.

"Alguns alquimistas imaginant que a obra é, do começo ao fim, uni mero entretenimento inutil, mas aqueles que assim acreditam co-Iherâo o que semearam — ou seja, nada. Sabemos que, ao lado da Bénçâo Divina e da descoberta do fundamento adequado, nada é lào importante quanto a infatigâvel indtistria e perseverança nesta Primeira Operaçâo. Nâo surpreende. entâo, que tantos estudantes desta Arte sejam reduzidos â mendteidade; eles têm medo do tra-balho, e encaram a nossa Arte como um mero esporte para seus momentos livres. Pois nenhum irabalho é mais tedioso do que aquele solicitado pela parte preparatôria de nosso empreendimento. Morienus suplica sinceramente ao Rei para considerar este fato, e diz que muitos Sâbios se lamentant do tédio de nossa obra, 'Ordenar uma

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massa caotica', diz o Poeta. 'é assunto de muito tempo e trabalho' — e o nobre autor do Arcano Hermético descreve-a como uma ta-refa hercûiea. Hâ impurezas déniais aderidas à nossa primeira subsiância, sendo necessârio um ageme intermediârio para extrair de nosso mênstruo poluido o Diadema Real, Mas quando logrardes preparar o vosso Mercurio \ a parte mais formidâvel de vossa ta-refa terâ sido realizada. e podereis comprazer-vos com a parte mais doce. como diz o Sâbio.

"Hâ aqueles que pensam que essa Arte foi descoberta outrora por Salomao, ou, antes. comunicada a ele pela Revelaçào Divina. Mas embora nâo haja razâo para duvidar que um soberano tâo sâbio e profundamente instruido estivesse a par de nossa Arte, sabemos que ele nâo foi o primeiro a adquirir o conhecimento, Hermes, o Egipcto. e alguns outros sâbios o possuîram antes, e podemos supor que eles buscavam em primeiro lugar uma simples exaltaçâo de metais imperfeitos na perfeiçâo real, e que era seu propôsito inicial transformar o Mercurio — que é muito semelhante ao ouro quanto ao peso e às propriedades — em ouro perfeito, Nenhuma engenho-sidade, contudo, poderia realizar tal tarefa por meio do fogo, e veio-lhes à mente a verdade de que, para tanto, um calor interno

I. Oo Sûlfur que existe no Mercûrio dos Sâbios. Ê um f a t o m a r a v t l h o s o 0 n o s s o M e r c û r i o c o n t e r S û l f u r ativo e no e n t a n t o preservar a f o r m a e todas as propr iedades do M e r c û r i o . É por isso q u e è n e c e s s â r i o a c r e s c e n t a r - l h e u m a f o r m a de nossa p r e p a r a ç â o . ou sc ia , um s û l f u r m e t â l i c o . E s s e S û l f u r é o f o g o inter ior q u e c a u s a a p u t r e f a ç â o do S o l c o m p o s t o . O f o g o s u l f û r i c o é a s e m e n t e espir i tual q u e n o s s a V i r é e m ( p e r m a n e c e n d o i m a c u l a d a > c o n c e b e u . Po i s u m a v irg indade i n c o r r o m p i d a admrte u m a m o r esp ir i iua l , c o m o o afir-m a m a e x p e r i e n c i a e a autor idadç . A a m b o s ( o s p r i n c î p i o s p a s s i v o e a t i v o ) , c o m b i n a d o s , c h a m a m o s n o s s o H e r m a f r o d i t a . Q u a n d o a s s o c i a d o s a o S o l . es te e s a m o l e c e , l i q u e f a z e d i s s o l v e c o m u m c a l o r m o d e r a d o , A i r a v é s d o m e s m o i o g o . e l e s s e c o a g u l a m . e . p o r m e i o dessa c o a g u l a ç a o , p r o d u z e m o S o l . T e n d o o nosso p u r o e h o m o g ê n e o M e r c û r i o c o n c e b i d o o S û l f u r interior ( a i r a v é s de nossa A r t e ) , c o a g u i a - s e e l e s o b a i n f l u ê n c i a d e u m ca lor e x t e r n o m o d e r a d o , c o m o o c r è m e de leite — u m a terra MJtil que f l u t u a sobre a â g u a . Q u a n d o se une ao So l . e l e n â o a p e n a s se c o a g u l a , m a s a subs tânc ia c o m p o s t a se torna m a i s m o l e dia a p ô s dia: o s c o r p o s e s t â o quase d i s s o l v i d o s , e o s e sp ir i tos c o m c ç a m a s e c o a g u î a r , c o m u m a c o r n e g r a e u m o d o r m u i t o f é t i d o . Essa é a r a z â o p o r q u e o S û l f u r m e t â l i c o espir i tual é na v e r d a d e o princîpio rnâvel

de nossa Arte: e l e é r e a l m e n t e o u r o v o l a i i ! ou n â o - m a d u r o , e a t r a v é s da d i -g e s t â o a d r q u a d a e l e s e t r a n s f o r m a nesse m ê l a i . S e r e u n i d o a o o u r o per fe i to , e l e n â o se c o a g u l a , m a s d i s s o l v e o o u r o c o r p o r a l e p e r m a n e c e c o m e l e , dis-s o l v e n d o - s e s o b u m a outra f o r m a , e m b o r a antes d a per fe i ta u n i a o a m o r t e d e v a preceder , para q u e as s im e l e s p o s s a m unir-se a p ô s a m o r t e , n â o s i m -p l e s m e n l e n u m a u n i d a d e p e r f e i l a , m a s mil v e z e s m a i s perfe i ta do q u e a per-f e i ç â o per fe i ta ."

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era tâo necessârio quanto o externo. Portanto, rejeitaram a aqua fortis e todos os solventes corrosivos, apôs utilizâ-los em longas expe-riências — e também todos os sais, exceto a espécie que é a substância primordial de todos eles, que dissolve todos os metais e coagula o Mercûrio, mas nâo sem violêneia, do quai essa espécie de agente é novamente separada por completo. no peso e na virtude, das coisas a que foi aplicada. Etes perceberam que a digestâo do Mercûrio é impe-dida por certas cruezas aquosas e por refugos terrestres; e que a natureza radical dessas impurezas tornou a sua eliminaçâo imposstvel, exceto pela inversào compléta de todo o composto. Sabiam que o Mercûrio se tornaria fixo se pudesse ser libertado de suas impu-rezas — pois contêm sûlfur fermentador, que nâo coagula o corpo mercurial apenas por causa dessas impurezas. Descobriram final-mente que o Mercûrio, nas entranhas da terra, tende a tornar-se um métal, e que o processo de desenvolvimento cessa apenas por causa das impurezas com que foi maculado. Descobriram que o que de-veria ser ativo no Mercûrio é passivo, e que sua debilidade nâo poderia ser remediada de forma alguma. exceto pela introduçâo de algum princîpio anâlogo oriundo do exterior. Esse princîpio eles o descobriram no sûlfur metâlico, que agita o sûlfur passivo no Mercûrio e, aliando-se a ele, expele as impurezas mencionadas. Mas procurando realizar praticamente esse processo, viram-se em outra grande dificuldade. Para que esse sûlfur pudesse ser efetivo, no sentido de purificar o Mercûrio, era indispensâvel que fosse puro.

"Todos os seus esforços para purificâ-lo, contudo, estavam fa-dados ao fracasso. Finalmente, consideraram que esse sûlfur deveria encontrar-se em estado puro em algum lugar da natureza — e a pes-quisa foi coroada de sucesso. Procuraram sûlfur ativo em estado puro, e o descobriram engenhosamente oculto na Casa do Carneiro.2

Esse sûlfur mistura-se mais rapidamente com a proie de Saturno, e o efeito desejado produziu-se imediatamente — apôs o maligno ve-neno do "ar" de Mercûrio ter sido temperado (como jâ expusemos com alguma extensâo) pelos pombos de Vénus. Entâo a vida foi juntada à vida por meio do lîquido; o seco foi umedecido; o passivo foi estimulado à açâo pelo ativo; o morto foi revivido pelo vivo. Os céus ficaram temporariamente enevoados. mas apôs um copioso agua-ceiro a serenidade foi restaurada. O Mercûrio emergiu num estado hermafrodita. Entâo eles o colocaram no fogo; em pouco tempo conseguiram coagulâ-lo, e nessa coagulaçâo descobriram o Sol e

2. Aqui esta a chave . Que planeta rege Âr ies? Q u e métal esse planeta rege? Saturno governa q u e méta l? Onde pode o sûlfur ser ex tra îdo do Mer-cûrio "nâo-maduro"? T e n s agora o segredo revelado.

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a Lua em seu estado mais puro. Consideraram entâo que, antes de coagular-se, esse Mercûrio nâo era um métal, uma vez que, ao volatilizar-se, nâo deixou nenhum resîduo no fundo do destilador; e por essa razâo chamaram-no de ouro nâo-maduro e de prata viva (ou sutil). Ocorreu-lhes também que se o ouro fosse semeado, por assim dizer, no solo de sua primeira substâneia, a sua excelência séria provavelmente aumentada. e quando ai depuseram o ouro, o fixo se volatiiizou, o pesado tornou-se leve, o coagulado dissolveu-se. para espanto da propria Natureza. Por essa razâo, reuniram a ambos, colocaram-nos num alambique sobre o fogo, e por muitos dias re-gularam o calor de acordo com as exigêneias da Natureza. Assim, o morto reviveu, o corpo se decompôs, e um glorioso espîrito se ergueu do tûmulo, e a aima se exaltou na quintessência — o Remédio Uni-versal para animais, végétais e minerais."

À primeira vista, parecerâ que a citaçâo acima provém de um livro selado sete vezes sete. Mas, como em toda a literatura alquïmica, uma proîongada meditaçâo revelarâ eventualmente o seu verdadeiro sentido da maneira mais clara que se possa imaginar. O que pa-recia ser inicialmente um jargâo inarticulado e absurdo revelar-lhe-â o sentido de forma muito simpies.

Se avançarmos mais, chegaremos a conhecer um dos valentes defensores da Irmandade Hermética. Trata-se nada mais nada menos do que essa misteriosa figura, Michael Sendivogius.

O nome, Michael Sendivogius, que provém de um anagrama, "Divi Leschi genus amo" (Amo a divina raça de Leschi), terâ sur-gido com frequêneia ao leitor da literatura alqui'mica. Em seu livro A Nova Luz Quimica, que ele diz ter sido "extrai'do da fonte da na-tureza e da experiência manualencontramos a seguinte afirmaçâo:

"Para todos os Pesquisadores genui'nos da grande Arte Quimica ou Filhos de Hermes, o Autor implora a Bènçào e a Salvaçâo Divina.

"Quando considerei em minha mente o grande numéro de livros fraudulentos e de "receitas" alquîmicas forjadas, divulgadas por impostores desaîmados, embora tais textos nâo contenham uma cen-telha minima da verdade — e como muitas pessoas foram e ainda sâo diariamente desencaminhadas por eles —, ocorreu-me que nada melhor teria eu a fazer do que comunicar o Talento que me foi con-cedido pelo Pai das Luzes aos Filhos e Herdeiros do Conhecimento. Desejo permitir também que a posteridade veja que em nossa prépria época, assim como nos tempos antigos, essa Bênçâo filosofica sin-gularmente graciosa nâo foi negada a alguns poucos escolhidos. Por certas razôes, nâo penso que seja aconselhàvel publicar tneu nome;

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principalmente porque nâo busco elogio para mim, mas desejo apenas assistir aos amantes da filosofia. O vanglôrio desejo por fama, eu o deixo àqueles que se contentam em parecer o que, na realidade, nâo sâo. Os fatos e deduçôes que expus brevemente aqui sâo trans-critas da experiência manual graciosamente derramada sobre mim pelo Superior; e meu objetivo é capacitar aqudcs que enterraram uma sôlida fundaçâo na parte elementar dessa Ane muito nobre a atingirem uma plenitude mais satisfatôria de conhecimento, e co-locâ-los em guarda contra os depravados 'vendedores de fumaça' que se deleitam com a fraude e a impostura. Nossa ciência nâo é um sonho, como imagina a massa ignara, ou a invençâo vazia dos homens fûteis. como supôem os tolos. Ela é a verdade perfeita da prôpria filosofia, que a voz da consciência e do amor me ordenam a nâo ocultar por mais tempo.

"Nestes dias depravados, quando a virtude e o vîcio sâo tidos ccmo iguais, a ingratidâo e a descrença dos homens impedem nossa Arte de aparecer abertamcnLe diante do olhar publico. No entanto, esta gloriosa verdade é ainda agora capaz de ser compreendida pelas pessoas sâbias e nâo sâbias de vida virtuosa, e hâ muitas pessoas ainda vivas, de todas as naçces, que contemplaram a Diana des-velada. Mas como muitos. por ignorâneia ou pelo desejo de esconder seu conhecimento, ensinam diariamente e induzem os outros a acre-ditar que a aima do ouro pode ser extrai'da, e ser entâo comunicada a outras substâneias, e por essa razâo induzem muitas pessoas a gran-de desperdicio de tempo, trabalho e dinheiro. que os filhos de Hermes saibam com certeza que a extraçâo da essèneia de Deus é um mero apaixonado engano, pois aqueles que nela insistem conhecerâo o seu custo por experiência prôpria, o unico tribunal para o quai nâo hâ apelo. Se, por outro lado. uma pessoa é capaz de transmutar a menor peça de métal (com ou sern ganho) em ouro ou prata genuina que résisté a todos os testes comuns, pode-se dizer justamente que ela abriu as portas da Natureza, e iluminou o caminho para um estudo mais profundo e mais avançado.

"Ê com este objetivo que dedico as paginas seguintes. que enfeixam os resultados de minha experiência, aos filhos do conhe-cimento, para que, por um cuidadoso estudo do modo pelo quai trabalha a Natureza. eles possam capacitar-se a erguer o véu, e a penetrar-lhe o santuârio mais secreto. Por esse objetivo final de nossa sagrada lilosofia, eles devem trabalhar trilhando a estrada real que a Natureza Ihes assinalou. Seja-me permitido advertir o gentil leitor que a minha intençào é ser compreendido nâo tanto pela casca esterna de minhas palavras, mas a partir do espirito interno

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da Natureza. Se esse aviso for negligenciado, o leitor poderâ dis-pender tempo, trabalho e dinheiro em vào. Que ele considéré que esse mistério se destina aos homens sâbios, e nào aos tolos. O sen-tido interior de nossa filosofia sera ininteligivel a fanfarrôes pre-sunçosos, a zombadores orgulhosos e a homens que sufocam a clamorosa voz da consciência com a insolência de uma vida de-pravada; e também às pessoas ignorantes que credulamente arriscaram a sua felicidade na alvaçâo e na rubefaçào ou em outros métodos igualmente insensatos. A correta compreensâo de nossa Arte dériva do dom de Deus ou da demonstraçâo ocular de um mestre, e sô pode ser obtida pela busca diligente e humilde e pela devota depen-dência ao Dador de todas as boas coisas; ora, Deus rejeita aqueles que O odeiam e desprezam o conhecimento. Em conclusâo, eu pe-diria sinceramente aos filhos do conhecimento que aceitem este livro no espirito pelo quai ele foi escrito; e quando o SECRETO se tornar MANIFESTO para eles, e as portas interiores do conhecimento se-creto estiverem escancaradas, que nâo revelem esse mistério a nenhuma pessoa indigna: e também que lembrem sua divida para com os seus vizinhos sofredores e aflitos e evitem qualquer demons-traçâo ostensiva de poder; e, acima de tudo, que rendant a Deus, o Très em Um, agradecimentos sinceros e reconhecidos com seus lâbios, no silêncio de seus coraçôes. e abstendo-se de qualquer abuso do dom.

"Como, apôs a conclusâo do prefâcio, se constatou que ele nâo cobria todo o espaço que lhe fora destinado, eu, a pedido do editor, publiquei "a ultima vontade e testamento de Arnold Vaillanovanus', que eu outrora traduzira em versos latinos. Estou ciente de que o estilo de minha interpretaçào carece de esmero e elegância, mas essa deficiéncia foi parcialmente causada pela necessidade de aderir es-tritamente e fielmente ao sentido do autor.

"Corre que Arnold de Villanova, um homem que era o orgulho de sua raça, expressou sua ultima vontade nas seguintes palavras: 'o seu nascimento deu-se na terra, a sua força ela a adquiriu no fogo, e ai se tornou a verdadeira Pedra dos Sâbios antigos. Que ela seja alimeniada por duas vezes seis horas com um Uquido claro, até que os seus membros comecem a expandir e a crescer a passo acelerado. Entâo, que ela seja colocada num local seco e moderadamente aque-cido por outro periodo de doze horas, até que se tenha purgado ex-pulsando uma densa névoa ou vapor, e se tome sôlida e interna-mente dura. O Leite da Virgem, que é exiraido da melhor parte da Pedra, é entâo preservado num recipiente destiiador de vidro em forma oval. cuidadosamente fechado, e a cada dia ela se transforma

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extraordinariamente devido ao fogo estimulante, até todas as dife-rentes cores se resolverem num esplendor fixo e gracioso de radiân-cia branca que, em pouco tempo, sob a influência continua e génial do fogo. transforma-se num purpura glorioso — que é o signo ex-terior e visîvel da perfeiçâo final de vossa obra'.

"Muitos Sâbios, eruditos e homens ilustrados, em todas as épo-cas e (de acordo com Hermès) mesmo em tempos tâo antigos como nos dias anteriores ao Diluvio, escreveram bastante a respeito da preparaçâo da Pedra Filosofal: e se seus livros pudessem ser enten-didos com um conhecimento do processo vivo da Natureza, poder-se-ia quase dizer terem sido projetados para desbancar o estudo do mundo real que nos cerca. Mas embora nunca se tenham distanciado dos meios simples da Natureza, eles tém algo a nos ensinar, algo que nés, nestes tempos mais sofisticados, ainda precisamos aprender, porque nos aplicamos àquilo que encaramos como os ramos mais avançados de conhecimento. e menosprezamos o estudo de uma coisa tâo "simples" como a Geraçâo natural. Por essa razâo, prestamos mais atençào às coisas impossîveis do que aos objetos que sâo am-plamente exibidos diante de nossos prôprios olhos, sobressatmos mais nas especulaçôes sutis do que num estudo sobrio da Natureza, e da revelaçâo dos Sâbios. É uma das caractertsticas mais marcantes da natureza humana a negligência das coisas que parecem ser familiares e o desejo âvido de informaçôes novas e estranhas. O trabalhador que atingiu o grau mais elevado de excelência em sua Arte a negli-gência. e se aplica a qualquer outra coisa, ou antes, abusa de seu conhecimento. O desejo de ampliar mais conhecimentos nos impele para a frente, para algum objetivo final, no quai imaginamos que poderemcâ descobrir repouso e satisfaçâo pîena. como a formiga, que nâo dispôe de asas senâo nos ultimos dias de sua vida, Em nosso tempo, a Arte Filosofica tornou-se uma matéria muito sutil; é a ha-bilidade de um ourives comparada à de um humilde trabalhador que exercita sua profissâo na forja. Fizemos tâo poderosos avanços que se os antigos Mestres de nossa ciência. Hermes e Geber e Ray-mond Lulius voltassem dos mortos, seriam tratados por nossos AI-quimistas modernos, nâo como Sâbios, mas apenas como humildes aprendizes. Eles pareceriam pobres eruditos em nossa moderna tra-diçâo de destilaçôes, circulaçdes e calcinaçôes futeis, e em todas as outras incontâveis operaçôes com que a pesquisa moderna tâo afa-madamente enriqueceu a nossa Arte, Em todos esses assuntos, nosso saber é verdadeiramente superior ao deles. Apenas uma coisa nos falta que eles possuiam, a saber, a habilidade de realmente preparar a Pedra Filosofal. Talvez. entao. os seus métodos simples

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fossem afinal de conta raelhores; e é com base nesta suposiçâo que desejo, neste volume, ensinar-vos a compreender a Natureza, de mo-do que a nossa vâ imaginaçâo nâo nos possa desviar do caminho ver-dadeiro e simples. A Natureza, portanto, é una, verdadeira. simples, contida em si, criada por Deus e dotada de um certo espîrito uni-versal. O seu fim e origem é Deus. Sua unidade encontra-se também em Deus, porque Deus fez todas as coisas: nâo hâ nada no mundo fora da Natureza ou contrario à Natureza. A Natureza divide-se em quatro Mocais1 em que ela traz à luz todas as coisas que podemos ver e todas as que estâo na sombra; e de acordo com a boa ou mà qua-lidade do 'local', ela produz coisas boas ou mas. Hâ apenas quatro qualidades que estâo em todas as coisas e que nâo obstante nâo con-cordant entre si, pois uma esta sempre lutando por obter o dorainio sobre as demais. A Natureza nâo é visîvel, embora aja visiveimente; ela é um espîrito volatil que se manifesta em formas materiais, e sua existência réside na Vontade de Deus. É muito importante para nos conhecermos esses 'locais' e aqueles que sâo mais harmônicos, e mais estreitamente aliados, para que possamos reunir as coisas de acordo com a Natureza, e nâo tentar confundir os végétais com animais, ou animais com metais. Tudo deveria ser feito visando a agir sobre aquilo que é como ela — e entâo a Natureza cumprirâ seu dever.

"Os estudantes da Natureza deveriam ser como o é a propria Natureza — verdadeira, simples, paciente, constante, e assim por diante; acima de rudo, eles deveriam temer a Deus e amar o prô-ximo. Deveriam sempre estar prontos para aprender da Natureza, e serem guiados por seus métodos, verificando por exemplos visîveis e sensatos se o que pretendem realizar esta de acordo com as pos-sibilidades dessa mesma Natureza. Se quisermos reproduzir algo jâ realizado por ela, deveremos segui-la, mas, se quisermos nos aperfei-çoar em seu desempenho, deveremos conhecer em que e pelo que ela ehega à perfeiçâo. Por exemplo, se desejamos comunicar a um métal uma excelência maior do que a Natureza Ihe deu, devemos tomar a substâneia metâlica em suas variedades masculina e femi-nina. pois, do contrario, todos os nossos esforços serâo inuteis. É impossivel produzir um métal de uma planta, assim como fazer uma ârvore de um cachorro ou qualquer outro animal.

"Jâ se disse que a Natureza é una, verdadeira e consistente. e que podemos conhecê-la por seus produtos. tais como ârvores. er-vas, etc. Jâ descrevi também as qualtficaçôes dos estudantes da Na-tureza. Direi agora umas poucas palavras sobre a operaçâo da Na-tureza.

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"Assim como a Natureza tem a sua origem na Vontade de Deus, assim a sua vontade ou semente esta nos Elementos. Ela é una e produz coisas diferentes, mas apenas pela instrumentalidade mediata da semente. Pois a Natureza realiza tudo que o esperma requer delà e é, por assim dizer, apenas o instrumento de algum artesâo. A se-mente é mais util ao artista do que a prôpria Natureza, pois a Na-tureza sem semente é o mesmo que um ourives sem prata e nem ouro, ou um agricultor sem milho para semear. Onde quer que haja semente, a Natureza trabalharâ através delà, seja ela boa ou mâ. A Natureza trabalha sobre a 'semente' assim como Deus trabalha sobre a vontade livre do homem. De fato, constitui grande mara-vitha o contemplar a Natureza, a quai obedece à semente, nâo por-que c forçada a fazê-lo, mas por sua prôpria vontade. Da mesma ma-neira, Deus permite ao homem fazer o que lhe apraz. nâo porque Ele é constrangido, mas por Sua livre bondade. A semente, entâo. é o elixir de algo ou sua quintessência, ou sua digestâo ou decocçâo perfeita, ou, ainda, o Bâlsamo do Sûlfur, que é idêntico à umidade radical dos metais. Poderïamos falar muito mais sobre esta semente, mas devemos apenas mencionar os fatos que sâo importantes para a nossa Arte: Os quatro elementos produzem semente, através da vontade de Deus e da imaginaçâo da Natureza; e como a semente do animal macho tem seu centro ou local de reserva nos rins, assim os quatro elementos, por sua açâo continua, projetam uma constante provisâo de sementes no centro da terra, onde estas sâo digeridas e de onde procedem novamente em movimentos gerativos. Ora, o centro da terra c um certo lugar vazio em que nada estâ em repouso; e os quatro elementos projetam as suas qualidades na margem ou circunferência desse centro. E assim como a semente masculina é emitida no ûtero da fêmea, em que apenas o que é necessârio é re-tido, sendo o resto novamente expulso, assim a força magnética de nosso centro da terra atrai a si tudo de que necessita da substância séminal cognata, ao passo que o que nâo pode ser utilizado para a geraçâo vital é expulso na forma de pedras e outros refugos. Essa é a origem de todas as coisas terrestres.

"Ilustremos o assunto supondo que um copo de âgua é colocado no centro de uma mesa, e em torno dele sâo dispostos pequenos montes de sal e de pôs de cores diferentes. Se entornarmos o copo, a âgua correrâ pela mesa em filetés divergentes, e se tornarâ sal quando tocar o sal, vermelha quando dissolver o pô vermelho, e assim por diante. A âgua nâo altéra os "locais', mas os diversos lo-cais diferenciam a âgua. Da mesma maneira. a semente, que é o

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produto dos quatro ele m en to s, projeta-se em todas as direçoes, a partir do centro da terra, e produz coisas diferentes de acordo com a qualidade dos diferentes iocais. Portante. embora a semente de todas as coisas seja uma, ela foi feita para gerar uma grande varie-dade de coisas. assim como a semente do homem poderia produzir um homem se lançada no utero de uma fêmea de sua prôpria espécie, ou uma variedade monstruosa de abortos, se lançada nos uteros de diferentes fêmeas de animais. Enquanto a semente da Natureza per-manece no centro, eia pode produzir indiferentemente uma ârvore ou um métal, uma erva ou uma pedra. e. de igual maneira. de acor-do com a pureza do lugar, ela produzira o que é mais on menos puro. Mas como os elementos geram o esperma ou a semente? Hâ quatro elementos. dois pesados e dois luminosos, dois secos e dois cmidos, mas um mais seco e um mais urnido do que todos; e esses sâo o macho e a fêmea. Pela vontade de Deus. cada um desses ele-mentos se esforça constantemente por produzir coisas iguais a si prôprio em sua prôpria esfera. Além disso. eles agem constante-mente uns sobre os outros, e as essências sutis de todos eles sâo com-binados no centro, onde sâo misturadas e emitidas novamente por Archeus, o servo da Natureza, como é mais plenamente exposto no Epilogo destes doze Tratados.

"A matéria-prima dos meîais é dupla. e uma sem a outra nâo pode criar um métal. Essa substâneia os Sâbios a chamaram de Mer-curio, e no mar filosôfico ela é governada pelos raios do Sol e da Lua. A segunda substâneia é o calor seco da terra, chamado Sul-fur. Mas como essa substâneia tem sido sempre mantida em grande segredo, falaremos delà mai^ abertamente. e especialmente de seu peso, a ignorâneia do quai pôe a perder todo o trabalho. A subs-tâneia correta. na quantidade errada, nada pode produzir, a nâo ser um aborto. Hâ alguns que tomam o corpo inteiro por sua matéria, ou seja. por sua semente ou esperma; outras tomam apenas uma parte delà: todos estâo na trilha errada. Se alguém, por exemplo, fosse tentar a criaçâo de um homem a partir da mâo de um homem e do pé de uma mulher, ele falharia. Pois existe em todo corpo um âtomo central, ou ponto vital da semente (sua 1/8200 parte), mes-mo num grâo de trigo. Nem o corpo nem o grâo constituem toda a semente, mas todo corpo tem uma pequena centelha séminal, que as outras partes protegem de todo excesso de calor e frio.

"Se tendes ouvidos e olhos, apreciai esse fato, e acautelai-vos contra aqueles que utilizam qualquer grâo como semente e aqueles

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que se esforçam por produzir uma substância metâlica aitamente ra-refeita por meio da soluçâo e mistura inutil de metais diferentes, pois mesmo os mais puros contêm um certo elemento de impureza, tmbora nos inferiores a proporçào seja maior. Tereis tudo que de-sejardes se descobrirdes o ponto da Natureza, o quai, contudo, nâo deveis buscar nos metais vulgares; esse ponto nâo deve ser ai pro-curado, pois todos eles e o ouro comum, em particular, estâo mor-tos. Mas os metais que vos aconselhamos a recoïher estào vivos e têm espîritos vitais. O fogo é a vida dos metais enquanto eles ainda estâo em seus minérios, e o fogo de fundir é a sua morta. Mas a matéria-prima dos metais é uma certa umidade misturada com ar quente. Sem a aparência da âgua oleosa que adere a todas as coisas puras e impuras; mas em alguns lugares ela se encontra mais abun-dantemente do que em outros, porque a terra é mais aberta e porosa em um lugar do que em outro e tem uma grande força magnética.

"Quando se torna manifesta, reveste-se de uma certa vestidura, especialmente nos lugares em que ela nada tem a que aderir. Ê co-nhecida pelo fato de ser composta de très princrpios, mas, como uma substância metâlica, ela é apenas un a, sem qualquer sinal visivel de conjunçâo, exceto aquilo que se Ihe pode chamar de vestidura, ou sombra, a saber. sulfur, etc."

Agora, para citar Paracelso, esse gènio do século XVI, que, muito antes de Hahnemann, o suposto fundador da homeopatia, e do Prof. Liebig, o famoso qutmico alemâo (ambos jâ citados em outro capituïo), explicou por que a trituraçào é essencial na administraçâo dos medicamentos. Como se verâ pelo que segue, nâo apenas Hahne-mann, mas Paracelso antes dele. ensinou os princîpios da homeo-patia às massas:

" F a l a m o s ( a m b é m de igual m a n e i r a a respe ï to d o s m a g i s t é r i o s d a s ervas , que , de fa to , s â o t â o e f i c a z e s q u e metade de i/rru) onça de l e s opéra m a i s e f i c a z m e n t e do que u m a cetirena de onças de s e u c o r p o , p o r q u e a p e n a s a c e n t é s i m a parte é Q u i n t e s s ê n c i a . P o r t a n t o , s e n d o a s u a q u a i n ï d a d e t â o p c q u e n a . u m a m a s s a m a i o r d e v e ser utiSîiada, e a d m i -nis trada. o q u e n â o é n e c e s s â r i o no c a s o d o s m a g i s t é r i o s : po i s , nes tes , t oda a q u a n t i d a d e d a s ervas é r e d u z i d a a um m a g î s t é r i o , q u e n â o se d e v e ju lgar în fer ior . em v ïr tude do s e u cara ter artif iciaJ, à prôpria Q u i n -t e s s ê n c i a ex tra ida . Ex ib îr u m a par te d e s s a é m a i s ut i l do q u e u m a çen* t ena de par te s de um c o r p o . pois os m a g i s t é r i o s s â o p r e p a r a d e s e agu-d i z a d o s em seu n ia i s a l t o grau e r e d u z i d o s a u m a q u a l i d a d e igual à Q u i n t e s s ê n c i a , em c u j o m a g i s t é r i c (odns as v ir tudes e p o d e r e s do c o r p o e s t â o p r e c e n t e s , p r o p i c i a n d c - l h e t o d o s o s s eus p o d e r e s aux i l iares . Po i s ne les a p e n e t r a b i l i d a d e e o poder de i o d o o c o r p o dér iva da mis tura q u e s e f a z c o m e le" {The Arçhidoxies, L i v r o V I ) .

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Em conclusâo, possa a sabedoria advinda de Paracelso lembrar-nos sempre que "a Alquimia traz à luz arcanos excelentes e sublimes, que foram antes acidentalmente descobertos do que procurados. Por essa razâo, que a Alquimia seja grande e venerâvel aos olhos de todos, pois muitos arcanos estâo no târtaro, no junipero, na melissa, na tintura, no vitrîolo, no sal, no alume, na Lua e no Sol" (De Caducis, Pars IV).

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Conclusâo

A curiosa e extraordinâria aura que cerca os alquimistas misti-cos domina até mesmo o leitor casual de suas obras, Compreender essas mentes humanas imensamente grandes impele a consciência in-dividual a alturas tâo tremendas que, com frequência, ainda que inconscientemente, os limites da ciência profana sâo uhrapassados. Mesmo hoje. em nossos tempos pretensamente modernos. que pro-gridem com tanta rapidez, quando sistemas mais novos de natureza fisica e psicolôgîca estâo se apresentando continuamente as mentes inquisidoras dos que pesquisam em busca de compreensâo côsmica, é surpreendente descobrir que esses grandes filôsofos, doutores em me-dicina e alquimistas ainda estâo bem mais avançados, mesmo para a nossa época "iluminada". Mesmo os indivi'duos que foram apenas parcialmente iniciados em certos segredos côsmicos e que — apôs a dévida preparaçâo — encontraram a chave para descobrir as for-mulas propositadamente estranhas e alegoricamente ocultas dos gran-des alquimistas ficaram aterrorizados com as imensas possibilidades que se abriram diante de si. Antes disso, tais potencialidades teriam sido consideradas como impossibilidades absolutas.

Se os alquimistas, entâo, sâo de fato grandes cientîstas e se os seus ensinamentos sâo de tâo grande beneficio à humanidade, por que, queixar-se-â o leitor, esconderam eles tanta sabedoria atrâs de simbolos alegôricos que apenas confundem e desencaminham a mente inquisitiva? Formular tal questâo nâo é apenas natural, é mes-mo justificâvel. Hâ uma resposta a ser dada, e muito simples: "Assim teve que ser". "Mas por que?", protestarâ o leitor. "Por que todo esse segredo? Por que os alquimistas nâo escreveram claramente, de modo que todo aquele que lé essas obras possa compreendê-Jas e delas beneficîar-se?"

O que segue é uma débil tentativa de vindicar as obras desses grandes personagens aos olhos do estudante que pesquisa, por en-quanto sem sucesso. Na realidade, eles nâo précisant de nenhuma

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vindicaçâo, pois seus nomes merecem ser pronunciados com a mais profunda reverência, como embaixadores côsmicos divinamente or-denados, Para sermos especificos, Paraceiso, por exemplo. nào en-si nou novas leis. Ele simplesmente promulgou mais abertamente e numa versâo mais nova o que outros antes dele conheciam e man-tinham em segredo. Acrescentou e aperfeiçoou métodos diferentes para obter de formas mais simples e de maneira diversa resultados que a ciência profana, como a entendemos, nâo pode realizar no présente.

É aqui que devemos encontrar um dos segredos. No présente a ciência profana nào pode realizâ-los, embora a ciência profana seja de berço arcano. Ela représenta a permissâo eosmica para seg-mentos do arcano se tornarem profanos. De tempos em tempos, permite-se que um pouco maïs da sabedoria arcana, mantida oculta do profano, atinja a consciência dos indmduos em proporçôes maiores. No futuro. como no passado, esse processo de revelaçâo se farâ através de cauais preestabelecidos. A evidéneia desse fato é obvia ao estudante da histôria registrada. Muitas descobertas que hoje sâo conhecimento comum foram outrora segredos bem guarda-dos dos alquimistas medievais. Em certa época, as âguas corrosivas como o âcido mtrico (NHOq) representavam conhecimento secreto. Hoje podemos adquiri-la por algum dinheiro e utilizâ-la para muitos usos comuns. Contudo, podemos também encontrar leis divinas em-pregadas por homens para propôsitos egoistas. e devemos ter em mente que essas leis operam igualmente bem nas màos daquelas ai-mas desafortunadas que colocam seu egoîsmo acîma do bem-estar da humanidade. As leis nào operam com sucesso apenas nas màos do boni ou do virtuoso, como podemos ver nos anais da histôria re-gistrada. Por essa razào, muitas leis conhecidas dos grandes alqui-mistas foram — e ainda sâo — mantidas em segredo. O progresse individuaî nâo pode ser medido numa escala comum. Os poderes inerentes podem ser ativados para vârios usos, produzindo resultados de diferentes proporçôes, e no entanto eles emanam da mesma fonte fundamental ou da mesma lei idêntica. A força arcana que cria o calor num fogo terrestre e visivel é uma manifestaçào da mesma lei que produz calor num arco elétrico quente o bastante para derreter metais. Assim que os trabalhos dessa lei sâo reveiados e se tornam propriedade dos individuos, eles podem ser utilizados para propôsitos construit vos ou destrutivos. A evoluçâo do intelecto humano depende da permissâo côsmica para que a consciência côs-mica pénétré e ative as funçôes do cérebro, deixando sempre espaço para o livre arbitrio do indivîduo e disposîçâo para funcionar como

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agente dessa consciência. Se Paracelso e outros alquimistas, pela permissâo cosmica e pelo karma, foram autorizados a revelar as leis côsmicas profundas ainda desconhecidas das massas, entâo, em vez de ridicularizar esses homens, deveriamos tentar revelar os mistérios de sua obra, e incorporâ-los para utilizaçâo benéfica em prol da hu-manidade. Podemos fazê-lo. Ai repousa outro aparente segredo.

Aqueles que demonstraram alguns ensinamentos e formulas de Paracelso sabiam disso, mas mantiveram profundo silêncio sobre suas descobertas, pois elas têm um profundo alcance. Se disponîveis como conhecimento comum, elas produziriam mais bem do que muitas pessoas poderiam aceitar sem também causarem um mal in-devido. Essa afirmaçâo pode soar como o produto de uma mente sinistra. Mas é por essa razâo que os alquimistas ocuîtaram suas descobertas. A transmutaçâo dos metais bâsicos em metais preciosos pode ser citada como um caso exemplar. Por meio de processos fîsicos complicados, a ciência profana produziu resultados muito pe-quenos, mas encorajadores. Contudo, o seu custo é tâo grande que o processo se tomou inaproveitâvel no présente. Alquimicamente, ele pode ser realizado por meio de um processo relativamente simples, que apresenta possibilidades ilimitadas. Como é isso possivel? 1 Sim-plesmente conhecendo o segredo.

Quai séria o resultado natural se uma criartça tivesse fâcii acesso ao âcido rutrico, mesmo tendo ela as informaçôes relativas às suas inerentes qualidades venenosas? Ela poderia ficar com medo e evi-tâ-lo por completo, tendo diante de seus olhos um retrato mental de agonia fisica ou mesmo de morte; ou a curiosidade poderia ven-cê-la a ponto de fazê-la descobrir se a substâneia é realmente capaz de fazer o que afirmam delà. Os resultados, naturalmente, depende-riam da inteligêneia inata, mesmo numa criança. E os resultados poderiam eventualmente tornar-se manifestos. Contudo, a imaturi-dade nâo se limita apenas às crianças. Mesmo hoje, nem todas as coisas se destinam ao uso de todos, embora tenham sido criadas para

I . Se permit i ' s semos q u e o ra to c o m u m n o r u e g u ê s se mu!tiplica"Sse l ivre-m e n t e , e l e c o b r i r i a a T e r r a n u m e s p a ç o d e t e m p o r e l a t i v a m e n t e p e q u e n o , t o r n a n d o t e o r i c a m e n t e i m p o s s i v e l a v ida d o s h o m e n s . A m a i o r i a d o s h o m e n s n â o s a b e c o m o essa lei f u n c i o n a . N â o o b s t a n t e . e la f u n c i o n a , a d e s p e i t o d e o h o m e m ignorar por q u e essa lei i m p e d e a d i f u s â o d o s r o e d o r e s em tal p r o p o r ç â o , m e s m o s e n d o e l a teoricamente poss ive l . É a o p e r a ç â o da m e s m a lei q u e reserva a A l q u i m ï a aj>enas a uns p o u c o s . O i n d i v î d u o , e v e n t u a l m e n t e , d o m i n a r â a s le i s que s â o a g o r a sécrétas , M a s p r i m e i r o o h o m e m préc i sa atin-gir as a l turas esp ir i tua is m a i s e l e v a d a s para c o m p r e e n d e r , e n t e n d e r e f i n a l -m e n t e d o m i n a r a s i m e s m o .

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o beneflcio de todos. £ por essa razâo que os alquimistas riverain que esconder o conhecimento arcano. É por essa razâo também que os seus discipulos se abstém de revelar esse conhecimento a qual-quer um. É porqne o pai ama a criança que ele Ihe nega certos co-nhecimentos antes de estar ela preparada para recebê-los. Assim também, é porque os guardiâes da sabedoria sem idade amam a hu-manidade que précisant negar certas porçôes de seu conhecimento até o estudante estar preparado para recebê-las.

A humanidade como um todo nâo esta pronta, no présente, para receber tal conhecimento de modo absoluto. A despeito do grau relativamente alto de civiliz.açâo que alcançamos, a humanida-de, como um todo, nâo avançou bastante. Possui forças educativas que estâo sendo deliberadamente utilizadas para propositos destru-tivos, nâo construtivos. Massacre e aniquiiaçâo estào sendo perpe-trados até mesmo por homens que acreditam nas leis divinas e que têm algum conhecimento delas. Embora clamem por aprender leis maiores e mais sublimes, eles demonstram nâo obstante, tragicamen-te, a sua inabilidade para obedecer às leis menores e para dommâ-las. Que ignorância de valor! Quando recapitulamos o registro dos abusos impensados que o homem tem cometîdo com o conhecimen-to que a lei cosmica Ihe forneceu, começamos a compreender o olho seletivo e os meios secretos dos antigos alquimistas. Podemos apre-ciar mais do que nunca a sabedoria de sua antiga mâxima, ainda valida, de que apenas quando o pupilo estiver pronto o mestre apa-recerâ. De fato, Paracelso é um daqueies mestres que ajudam o es-tudante no caminho por meio de seus ensinamentos e postulados extremamente avançados. Felizmente. contudo, apenas os iniciados serâo capazes de compreendê-los.

A ênfase incide sobre o iniciado. Aqueles que estâo fora do reino da Alquimia, é impossivel comunicar qualquer prova. É por essa razâo que os verdadeiros alquimistas, dos tempos mars remotos aos dias de hoje, trabalharam em segredo, ocultos, às vezes, de suas prôpnas familias. Se se compreende que — na superficie, pelo menos — a prâtica do laboratorio alquimico nâo parece diferir da experimentaçâo qutmica convencional, nâo é difïcii compreender como os alquimistas no passado e no présente foram capazes de passar despercebidos, embora alcançando realizaçôes alquimicas validas.

Os alquimistas trabalham em primeiro îugar em beneffcio da humanidade. PrepaTar remédios poderosos de ervas e metais para curar as enfermidades e restaurar as funçôes normais do corpo é

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uma de suas atividades fundamentais. A Natureza, com as suas ervas. raîzes, cascas, minerais e metais diversos, é o seu verdadeiro médico. Os alquimistas agem apenas como um instrumento. Ê con-trario ao seu caràter oferecer sacrift'cios esculâpios no altar da igno-rància, e nâo consideram eles sâbio adornar-se propositadamente com conhecimento côsmico divinamente revelado. Se compreendem a prôpria impotência neste grande universo, é porque exercitam es-crupulosamente a modéstia e a benevolência no mais alto grau. Mui-tas pessoas pensam nos alquimistas como indivîduos estranhos e misteriosos, meio loucos, senâo completamente insanos, que perten-cem mais propriamente às Épocas Negras. Mencionar que alquimis-tas verdadeiros ainda vivem e trabalham soa, hoje a muitas pessoas, como uma fabula das Mil e Uma Noites. Mas persiste o fato notâvel de que mesmo hoje, desconhecidos do mundo em gérai, eles conti-nuam a praticar sua arte e ciência, fiéis a uma tradiçâo secular. Mais fréquentes do que nunca, esses aparentes milagres que ocorrem aqui e ali sâo os resultados dos feitos desses homens e mulheres Jespren-didos. Em muitos casos, a identidade do benfeitor permanece desco-nhecida mesmo daqueles a quem beneficiou. Enigmâticas como possam parecer estas afirmaçoes, a evidência dos fatos nâo pode ser ignorada pela profissâo médica. Afinal, os zombadores terminaram explicando o que nâo compreendem, pois a evidência desses mila-gres, como estes foram chamados, ainda permanece. Muitos dos grandes praticantes da Alquimia. seguindo uma tradiçâo de serviço à humanidade. esconderam-se atrâs de misteriosos pseudônimos ou escolheram o manto do total anonimato. A poeira da histôria, por sua prôpria escolha, cobriu suas personalidades individuais, Mas o sôlido registro de suas realizaçôes permanece, para desconcertar — e desafiar — a moderna mente cientifica.

A Dijerença entre Quimica e Alquimia

Como se pode traçar uma linha divisora entre a quimica e a Alquimia? Essa questâo tem sido levantada com freqiiéncia. Se a quimica é um desenvolvimento da Alquimia médiéval, como pode algo benéfico ainda restar na Alquimia? Quando a tintura de uma erva é extraida, restam apenas folhas impotentes. A força Ihe foi retirada. Se isso é vâlido para a Alquimia, resta entâo apenas uma crua casca histôrica, tendo a quimica moderna, nestes séculos in-termediârios, Ihe extrafdo a essência. Mas isso nâo é verdade. Po-demos comparâ-la a um professor que comunica seu conhecimento

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aos alunos. e estes novamente a outros. Embora esse conhecimento possa ser utilizado, o professor nada perdeu comunicando-o livre-mente a terceiros. Nâo apenas ele retém o conhecimento que despen-deu, mas um outro imenso, permanece consigo, o quai poderâ co-municar a outrem quanto julgar conveniente. Muitos conhecimentos dos antigos alquimistas que eram no inicio secretos tornaram-se pro-priedade publica, e outros, apoderando-se deles, continuaram a cons-rruir vérias hipoteses a partir dai e, consecutivamente, foram surgin-do novos resultados. Mas nem todos os conhecimentos alqui'miços se tornaram propriedade publica. Muito mais ainda aguarda uma explicaçâo nos laboratôrios das universidades. É aqui que a verda-deira controvérsia tem inicio. Para sumariar a diferença entre a Al-quimia e a qui'mica moderna:

1. Ninguém pode realizar coisa alguma alquimicamente no laboratôrio sem o chamado Mercurio Filosofal. Mas este nâo é o mercûrio metâlico ou a prata comum.

2. A tintura (Mercurio Filosofal), incluindo o seu Sulfur e as fezes, devem ser primeiramente separadas e depois novamente reu-nidas pelos processos adequados.

Parece ser uma tendência a de passar por cima das afirmaçôes acima de forma muito ligeira, nâo reconhecendo a importância do Mercûrio, Esse Mercurio Filosofal tem, por séculos, causado muita confusâo. Os cientistas, e de longe a maioria esmagadora deles, con-cordant em que o Mercûrio nâo existe. Ele ainda nâo foi descoberto, e nâo o sera. E assim deixam o assunto de lado. O trato com o mer-cûrio metâlico produziu alguns resultados. Desenvolveram-se o bi-cloreto de mercûrio e medicaçôes mercuriais similares, mas, por cau-sa das propriedades altamente venenosas do mercûrio, alcançou-se apenas um sucesso limitado. Outra diferença notâvel é que todo o veneno pode ser removido alquimicamente de qualquer erva ou mé-tal, libertando-se as suas propriedades curativas. Isso representa ou-tro obstâculo no caminho da quimica e da ciência médica. Se apenas os venenos pudessem ser eliminados! É muito raro descobrir um agente curativo que nâo tenha também algumas substâncias venenosas. Remover as qualidades venenosas e libertar os agentes curativos re-presenta uma batalha herôica que a ciência. até agora, nâo venceu.

"Em beneficio da humanidade", exclamarâ o pûblico, "e de todas as misérias que atualmente existem no mundo, por que os al-quimistas nâo revelam seus segredos? Por que sofrem e morrem as pessoas em agonia se tanto se poderia fazer por elas?" É esse grito

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da humanidade que mais aflige o verdadeiro alquimista, Aqui a ten-taçâo de transgredir o juramento alqut'mico é de fato grande. Os sofrimentos da humanidade parecem de fato conceder boas e bem fundadas razôes humanitârias para se ultrapassarem os limites do segredo. E no entanto, como afirmamos nas paginas anteriores, o bem que tais revelaçôes poderiam fazer pode também ser utilizado para o oposto, para o chamado mal. ou antes. para manifestaçôes negativas das mesmas leis. Isso apresenta um perigo tào grande, nos termos das leis envolvidas, que o bem gérai poderia, pela ignoràn-cia, ser completamente aniquilado.

"De que serve entâo a Alquimia, se nâo pode ser utilizada para o bem gérai? A Quimica é uma porta aberta em que toda a huma-nidade pode entrar para delà beneficiar-se." Aqui. de fato, os criti-cos tém sua razâo. A unica escusa, se hâ alguma para esse difîcil problema, consistirâ em repetir, como o fizemos antes: "Nem todas as coisas se destinam ao uso de todos, embora tenham sido criadas em beneficio de todos." Se o autor teve que cunhar a frase acima, foi apenas com o objetivo de ilustrar a sabedoria côsmica. e nâo com a intençâo de exclu ir quem quer que seja dos benefîcios do conhecimento alqulmico, Nâo é preciso ter um grande intelecto para compreender o raciocinio que subjaz à nossa afirmaçào. Ninguém em seu juizo normal alimentaria um bebê com couve crua. Mesmo os criticos reconhecerâo que os assuntos que pertencem à psicologia e representam o limiar para regiôes transcendentais devem ser levados em conta. A questâo diz respeito a tudo e nâo pode ser simplificada. Eis por que o conhecimento insuficiente sobre tais assuntos imen-samente importantes résulta em frustraçâo e conclusôes falhas. Hi-pôteses de longo alcance como a lei do Karma podem, no entanto, servir para fechar o circulo aberto que ainda desafia a perplexa mente cientifica de hoje.

Alquimia e Terapêutica

Os estudantes de medicina balançarâo a cabeça aos esforços para unir a Alquimia e a terapêutica. No entanto, quem ainda nâo quedou pasmo diante do primeiro cadàver que revelou a sua maravi-Ihosa anatomia ao olho inquisitivo do estudante? O organismo fîsico estava présente — mas a força vital —- a prôpria vida — esse mis-tério dos mistérios — desapareceu. Se o poder da organizaçâo côs-mica é tâo évidente no corpo humano, por que desprezar a força primâria que dâ vida ao nosso funcionamento fîsico total? Força

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on maria! Aqui esta o portai dos grandes vestibulos da ciência arca-na, do Templo da Sabedoria C6smica em que résidé o segredo da criaçâo. O Hyle da Alquimia. Em que melhor lugar podemos obser-var os procedimentos alquimicos demonstrados? A ciência deve, necessariamente, ser passivel de demonstraçâo. Ela pode ser demons-trada, visto que é um processo fisico que depende do esecutante. Suponha, entâo, que um cirurgiâo realiza uma operaçâo. O sucesso com o paciente o encoraja a repetir o mesmo método em outro paciente e ainda em outro, apenas para deparar-se, por fim, com uma falha de procedimento ou da técnica operatôria num paciente que nâo mais reage. E quanto à sua demonstraçâo clinica? Demons-trou ele a infalibilidade de seu procedimento? Os pacientes podem. e na verdade devem, responder de modo diferente a tratamentos idênticos. O que os faz terem respostas diferentes? Excluindo as anormalidades, todos somos dotados do mesmo organismo bâsico, desde que nâo esteja ele alterado. O sucesso do cirurgiâo depende do funcionamento normal ou anormal do corpo. Mas, podemos per-guntar por nossa vez, o que détermina se um corpo funciona normal ou anormalmente? Posso ser acusado de utilizar sofismas, mas como pode um médico ser util se nâo for um filôsofo, quando o funcio-namento normal ou anormal produz respostas diferentes em pa-cientes diferentes e uma multidâo de fatores filosôficos e psicolôgi-cos influencia o carâter dessas respostas?

Perguntemos, entâo, "Como pode um médico pretender a posse do conhecimento do funcionamento fisico se ignora a *coisa-em-si\ que sô pode ser encontrada no reino da psicologia?" Ele nâo pode fazer face à prâtica como um verdadeiro filho da arte hipocrâtica, a nâo ser que compreenda as leis inexpugnâveis da psicologia da mesma maneira pela quai compreende as técnicas do manejo do escalpelo ou da dosagem dos frascos de remédios. Ê da combinaçâo de sua compreensâo do psicolôgico assim como do fisico que resul-tarâ o terceiro ponto de perfeiçâo, de acordo com a lei côsmica do iriângulo: a restauraçâo do funcionamento normal cosmicamente or-denado para o individuo.

É importante notar que enfatizamos o individuo. Como assina-lamos nas paginas anteriores, os poderes inerentes a ele podem ser ativados para vârios usos, produzindo resultados de diferentes pro-porçôes. Uma vez que isso se tenha tornado parte da consciência do verdadeiro buscador dos segredos alquimicos, o caminho para um horizonte novo e maior estarâ aberto. Na busca continua de mais conhecimento e verdade, os médicos de nossos dias sâo ainda ma-

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terîalistas nitidamente idealistas. Provam-no os seus procedimentos na mesa cirurgica. O objeio doente atrai sua primeira atençâo. Em muitos casos, eles consideram que a remoçao desse ohjeto resultarâ na cura. Mas como pode isso ser verdade? Aquilo que nâo existe mais, como pode ser curado? Removamos a glânduïa tireôide de uma criança, e quai sera o resultado? Estarâ esse imbecil ananicado "curado"? Podemos alimentar oralmente a criança com as glânduîas tireoides, e o seu crescimento prosseguirâ. Mas estarâ a sua glânduïa tireôide '"curada"? Nâo! A glânduïa tireôide nâo esta présenté, e a pequena carcaça dura nâo foi curada, devido simplesmente à falta dessa glânduïa, e o mixedema se torna évidente. Os hormônios glan-dulares podem ser ingeridos, acumulando-se diretamente na corrente sangîifnea, mas o que agira internamente para produzir mais hormô-nios tireoides? A glânduïa pituitâria? Nâo exatamente. Essa endô-crina é de uma consciência diferente. E aqui que nos chocamos con-tra o portai trancado dos fenômenos psicolôgicos.

O que dâ a cada glânduïa uma consciência diferente, de modo que cada uma produza um hormônio diferente? Por que uma célula de uma consciência diferente cria um tumor se mal colocada no corpo? A habilidade cirurgica cura realmente aquilo que foi remo-vido? Terâ a profissâo médica começado a compreender a sua ina-dequaçâo em empregar apenas a terapia ftsica? Se jâ. entâo chegou o tempo de sondar os mistérios alquimicos. Aqui. com honesto es-forço, a profissâo médica poderâ descobrir com sucesso maravilhas nâo sonhadas, para louvor e glôria de uma inteligência côsmica que reserva tais prodîgios para a mente bonesta que pesquisa e nâo ape-nas para os servos do altac esculâpio. Alguns, dentre a geralmente honrada profissâo médica e cirurgica, podem. como o deus grego mistificado, tentar cortar a cabeça do paciente. sangrâ-lo e recolo-car-lhe o cérebro — e considerâ-lo curadoî

A ciência médica progrediu tremendamente. Mas Galeno nâo esperou por mais de 1.400 anos apenas para encontrar um sucessor? A ciência médica ainda nâo pesquisa o corpo humano para localizar o que. em sua opiniâo, é supérfluo e pode ser removido por nâo ser essencial? Mas é a natureza que produz; os homens podem apenas ïmitâ-la. Nenhum simulacTo jamais substituiu o original. Ele pode ser semelhante mas jamais poderâ restitui-lo. Se, por meio de uma tentativa de imitaçâo, um novo resultado é produzido, entâo este é original, visto que se manifesta numa forma nova e diferente, Por-tanto, se os ôrgâos humanos se modificam em virtude do ambiente natural, eles prôprios se ajustarâo naturalmente. Em muitos casos, as

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alteraçôes sào unilaterais e sâo produzidas artificial e muito rapida-mente, obstando o ajustamento natural e progressivo dos outros ôrgàos. Instigar uma melhora imediata a uma dada ârea exigirâ lo-gicamente demais dos outros ôrgàos, que, estimulados por força insuficiente mas acelerada, começarâo a trabalhar em excesso e en-trarâo eventualmente em colapso, criando desordem e doença. Con-tinuar a injetar estimulantes nessas circunstâncias sera prejudicial e destrutivo, fazendo a força vital buscar ambientes mais harmônicos, forçando-a, em casos extremos, a deixar o corpo fisico, e a-ssim pro-duzir estagnaçâo e morte,

A obra do médico, por conseguinte, deveria consistir, em pri-meiro lugar, em ajudar a impedir as desordens e doenças orgânicas. Em segundo, em ajudar a restaurar os ôrgàos doentes ao funciona-mento normal, nâo removendo, mas curando-os. Apenas se é inca-paz de curâ-los, pode o médico remover os ôrgàos, a fim de impedir que se expanda a doença em outras âreas do corpo. Isso definitiva-mente nâo Ihes permite usar o escalpelo cirurgico em todos os casos. Toda vez que faz uso do bisturi, ele busca refûgio na permissâo da emergência cirurgica. Se, depois de conquistar a permissâo para pra-ticar o que aprendeu durante os anos de facuidade, o médico nâo se esforça para ganhar mais conhecimento, antes como médico do que como especialista na remoçâo cirurgica de certos ôrgàos ou âreas do corpo, podemos considerâ-lo em falta com o seu juramento de servir a humanidade. lendo em mente a exceçâo apontada acima, seu objetivo ultimo sera déscartar quase inteiramente a cirurgia. O fato de esse estâgio nâo ter sido atingido no présente pela profissio médica nâo implica que ela nâo possa atingi-lo no futuro. Nâo negamos ou desmerecemos a grande habilidade dos médicos de hoje. Apenas reivindicamos que alguns deles tenham a coragem de ultrapassar a sua atual ortodoxia, por mais rica em realizaçôes que ela seja, a fim de ousar estudar com mente aberta as obras de Paracelso e ou-tros que expuseram os ensinamentos da Alquimia. Sâo homens como esses, da profissâo médica ou nâo, que ajudarâo, no grande ciclo côsmico de evoluçâo, a elevar a humanidade e reconduzir o corpo humano ao seu estado pré-ordenado de perfeiçâo.

Alquimia e Filosojia

Afirmava Platâo que as idéias sâo a realizaçâo de tudo o que a matéria nâo é. Essa concepçâo tornou-se tâo corrente que muitos esqueceram a afirmaçào de seu discîpulo, Aristôteles, de que as

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idéias estâo na matéria, nâo separadas delà. Os ensinamentos moder-nos tornaram-se tâo confusos que, por exemplo, em nossa moderna ta-bulaçâo de mais de cem elementos, hâ, de acordo com os postulados cientîficos, substâncias que se reduzem à sua natureza primeira e nâo podem ser alteradas. A "infalibilidade" dessa afirmaçâo foi de-monstrada pela prôpria ciéncia em sua exitosa reduçâo de certos elementos em outros absolutamente diversos. Os antigos declararam que havia apenas quatro elementos que nâo podiam ser alterados, ou seja, fogo, âgua, ar e terra. A ciéncia exotérica e os teôricos profissionais trabalharam durante 2.400 anos para desacreditar essa idéia, construindo Torres de Babel que declararam serem sôlidas e duradouras.

Essas estruturas estâo começando agora a ruir-lhes sobre as cabeças. A volta à trilha da verdadeira ciéncia, lamentavelmente ne-gligenciada, précisa ser novamente considerada, se se procurant re-sultados vâlidos e duradouros. Muitas "leis" no passado foram aceitas como irrefutâveis e eternas, apenas para serem substituidas por novos progressos na pesquisa, como exemplificamos acima com a bem-sucedida alteraçâo dos pretensos elementos "imutâveis".

Desde os remotos dias de Taies de Anaxâgoras (a quem se cré-dita a hipôtese de que deve haver mais de quatro elementos, a quai causou o desvio de algumas das leis fundamentais de Aristôteles), a ciéncia e a filosofia seguiram por mais de 2,000 anos uma teoria aparentemente enganosa. Antes de prosseguir,' dPv^ o estudante im-partial da ciéncia e da filosofia admitir que os alomistas dos antigos gregos (como Leucipo e Demôcrito) estavam certgs. Demôcrito, por exemplo, insistia em que hâ vârios elementos — o que vale dizer que ele acreditava na existéncia de muitas estruturas atômicas — de fato, que todo o universo é composto de estruturas atômicas. Podemos dizer que é aqui que a nossa atual teoria atômica teve a sua origem, na medida em que a pesquisa positiva do homem se iniciou. Como pode alguém transformar os quatro elementos dos filôsofos antigos em elementos diferentes? Pode-se tentar escapar fa-cilmente dizendo-se que a âgua (lîquido) pode ser transformada em hidrogénio e oxigênio, visto que ela representa a ambos, H>0 é âgua (lîquido). Podemos separâ-la e analisâ-la. mas ela nâo pode ser modificada. Por conseguinte, é improvâvel que um elemento seja o que a ciéncia abstrata postulou que é. O que chamamos agora de elementos sâo componentes atômicos. Os âtomos sâo entidades ma-terializadas e segmentârias da consciéncia côsmica, que se manifestam em um dos très elementos dos fenômenos fîsicos, i.e., sôlido. lîquido

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e gasoso. As estruturas atômicas podem ser reordenadas, mas os resultados manifestar-se-âo em um dos très elementos mencionados, realizando-se as modificaçôes por meio do calor (o quarto). Todo movimento se deve à força e toda força émana do calor (energia), tendo sua origem no plasma universal, que é uma coagulaçâo da substância gasosa, liquida e sôlida.

O calor. ou fogo, como foi confusamente (embora compreen-sivelmente) denominado nos tempos antigos, é outro elemento. Con-tudo, o fogo visîvel é combustâo, uma reordenaçâo das estruturas atômicas sôlidas. liquidas ou gasosas combustiveis. Mas os sôlidos (a matéria é um termo utilizado para descrever qualquer das ma-nifestaçoes eletrônicas) podem ser liquefeitos e os Hquidos podem tornar-se gases, e os gases condensarem-se em liquidos, replicarâ a ciência. Ê verdade, mas até onde ira esse ciclo? Ê preciso encontrar um fim ûltimo no reino desses elementos. Eles sô podem ser um dos très numa dada ocasiâo, pois os très estâo em um, a saber, calor. energia e plasma universal, Tudo que se manifesta aos nossos sentidos deve fazé-lo nos très elementos através do quarto. Ele so pode ser um dos très numa dada ocasiâo, jamais os très no mesmo instante, exceto na forma pristina. Hidrogênio e oxigênio sâo gases quando separados; na combinaçâo H ; 0 eles formam um lîquido. Nossos modernos e mal denominados elementos sâo, portanto, ape-nas combinaçôes eletrônicas em configuraçôes atômicas, essas ma-nifestaçôes montam a^ora, aproximadamente, a mais de 100. Se entâo qualquer substâneia (erroneamente chamada de elemento) re-présenta os très elemewos reais que sâo na realidade apenas um (as sementes filosôficas, dl Mercûrio Filosofal), essa substância hipo-tética pode ser encontrada, pois ai résidé o segredo de toda matéria, seja sôlida, liquida ou gasosa. Ela nâo pode ser calor comum, pois este representa força ativada para manifestar os très outros. Por exemplo, uma peça comum de métal, a saber, ferro, pode ser batida, tornando-se tâo quente que se pode acender o fogo com ela. Essa substância (ferro) representa um sôlido, tem calor inerente (fogo), pode ser fundida num li'quido que expele gases (ar), resfriada no-vamente, sem fogo ativado, num sôlido (ou. se incandescida o bas-tante, em ôxido de ferro, etc). O mesmo se pode fazer com gases. O gâs sob compressâo pode liquefazer-se ou solidificar-se. Como esses constituera fatos, e a verdade nâo poder ser alterada (o co-nhecimento pode ser alterado"), nenhum autor pode tirar crédito disso porque a idêia esta incorporada na matéria (substância) e na enti-dade côsmica. Ela nâo tem nenhuma "origem'', apenas uma entidade. Essa entidade existe em si, assim como a mente é entidade conscien-

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te. Essa entidade consciente é a IDEIA de Aristoteles, inerente na quinta essência, ou quintessència dos quatro elementos dos alquimis-tas (eles consideravam o fogo como um elemento), para represen-tâ-la em sua unidade ou substância primeira. a prima matéria.

Ora. todos os alquimistas afirmam que essa quintessentia deve ser obtida antes de se lentar realizar qualquer coisa na Alquimia, Pode ela ser obtida? A resposta é — sim. Pois o que existe como "idéia" também existe na matéria, incorporada como calor. Por-tanto, o calor sensivel existe, assim como a "idéia" da quintessentia deve ineorporar-se-lhe. Um sem a outra nâo pode existir. é aproxi-mando o leitor do ponto de vista anterior que podemos tentar de-monstrar a validade dos escritos dos alquimistas. A sua fraseologia alegôrica é empregada apenas como um método de ocultamento. Leâo vennelho*', "dragâo verde", "sangue de dragâo" — esses ter-

mos nâo devem ser tomados literalmente, assim como o Mercûrio, o Sûlfur e o Sal Filosofais nâo sâo as substâncias comuns que co-nhecemos por esses nomes. A experimentaçâo baseada na leitura literal das obras alquimistas esta fadada ao fracasso.

Torna-se évidente, pelo exposto, que médian te estudo cons-ciente um novo caminho précisa ser aberto para a ciência de modo a mostrar-se digna do destino do homem, que é unificar-se com o absoluto. Compreender que é a "idéia" inata que é real, nâo a ma-nifestaçâo sensivel, ajudarâ a tornar o trabalho preparatôrio mais fâcil. Mas, antes de mais nada. os individuos precisam aprender a examinar mais cuidadosamente os conceitos que Ihe sâo apresenta-dos, e nâo simplesmente aceitâ-los cegamentt sem investigar-lhes a radonalidade.

Uma nova revelaçâo surgira para a humanidade quando os por-tais da Alquimia forem abertos mais largamente, admitindo o pesquisador honesto que busca a verdade côsmica. Mas nâo nos esqueçamos de que mesmo portas pequenas como Paracelso e outros autores sâo no momento grandes o bastante para admitirem na corte externa da criaçào os estudantes diligentes capazes de buscar as chaves de sua obra.

fnfelizmente, os compiladores e expositores acrescentaram tanto de suas prôprias opiniôes e idéias aos escritos dos filôsofos e alqui-mistas que podemos ter, por exemplo, très versôes, por très diferen-tes autores, da vida de Paracelso, o que apenas nos deixa mais con-fusos do que quando iniciamos.

Cada autor explica a vida desse grande sâbio de acordo com a sua prôpria interpretaçâo individual. Em que, entâo, se deve acredi-

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tar? Se alguém é afortunado o bastante para adquirir uma côpia abreviada autêntica de uma obra original de um autor alquimico, essa copia, em qualquer forma que se apresente, pode validamente ser considerada como autêntica. É sempre melhor obter informaçâo da fonte original do que através de vârios canais interpretativos. Assim, apôs sério e intenso estudo do original, o estudante pode formar as suas prôprias conclusôes. Se as conclusôes a que se chega sào corretas. descobrir-se-â que elas correspondent a outras descobertas, também adquiridas independentemente. e, com base nessas, é possivel desen-volver formulaçoes adicionais, e assim por diante, indefinidamente. Assim como nâo hâ fim para os reagrupamentos atômicos, também nâo existem limites para a formulaçào de conclusôes baseadas em premissas corretas. O estabelecimento de uma conclusâo é o inicio de uma hipôtese mais elevada e mais avançada. Esse processo nâo esta limitado ao tempo. Ele é uma entidade em si. Tal entidade està traçando uma linha hipotética apenas de sua prôpria entidade. e o tempo fica, por conseguinte, incorporado nela.

Para formular leis, é necessârio ter uma norma a seguir. O tempo, ou seu équivalente em simbolos numéricos, segundo Pitâ-goras, constitui a norma na formulaçào de todas as leis feitas por homens. Contudo, as leis côsmicas nâo se limitant ao nosso tempo e a conceitos numerais; sua atividade vibratôria constitui uma enti-dade substitutiva das leis dos numéros pitagôricos. Embora certas vibraçôes possam ser registradas e medidas pelo homem, tornando-se compreensîveis para ele, esses graus vibratôrios sâo apenas reali-dades fisicas, nâo realidades absolutas. Por exemplo, se o vermelho, como afirma a ciência, vibra a uma velocidade entre 47.000.000.000 e 52.000.000.000 por segundo (ou um comprimento de onda de aproximadamente 7.000 unidades angstrom), produzindo estados cromâticos especificos na retina, isso constitui uma concepçâo hu-mana da realidade fisica descrita.

A postulaçâo das sete cores prismâticas, très primârias e très secundârias, deixa uma (o indigo) fora da classificaçào. Essa classi-ficaçâo é puramente fisica, pois as ondas de Iuz podem ser medidas e mesmo a sua origem fisica pode ser determinada pela anâlise es-pectral. No entanto, todas as sete cores analisadas sâo o produto de um ûnico raio chamado luz branca que pénétra o pristna.

Ora, os alquimistas têm uma resposta para um problema si-milar concernente aos metais, explicando que existem também sete metais primârios, a saber: ouro, prata, cobre, estanho, ferro, chumbo e mercurio. Paracetso descobriu o zinco, um métal sôlido

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comparâvel ao instâvel mercûrio, O mercûrio, embora seja um métal, nâo tem a mesma natureza maleâvel dos seis primeiros. Da mesma maneira. o indigo, no esquema das cores primâsticas, nâo é uma das très cores primûrias ou très secundârias, mas représenta um sétimo fator, à parte dos demais. O indigo tem uma cor azulada, assim como o mercûrio tem uma aparência prateada, embora nenhum dos dois seja o que sua cor aparente indique. O indigo nâo é azul, nem é o mercûrio prata. Se todas as cores podem ser produzidas da cor branca. entâo é possivel reduzi-las novamente à luz branca. Quai possa ser o lugar do indigo nessa disposiçâo esquemâtica, essa ques-tâo nâo foi ainda satisfatoriamente respondida. mas é minha hi-pôtese a de ser ele o agente que dispersa e reorganiza as diferentes vibraçôes da cor, desempenhando papel similar ao da prata entre os metais. Os metais têm origem similar. Todos os sete metais pri-mârios têm uma unica natureza, assim como as sete cores prismâticas derivam de um unico raio de luz branca. Se a questâo da origem dos metais primârios ainda nâo foi resolvida, isso se deve à relutância da ciéncia em aceitar as descobertas dos alquimistas. Newton tentou sem sucesso impor a sua teoria da luz. Paracelso e outros também tentaram em vâo interessar a ciéncia em suas descobertas. mas logo se chocaram com a barreira do preconceito.

Em cuidadoso estudo voltado para os textos dos antigos, ousei avenrurar-me além dos caminhos familiares da ortodoxia cientifica e do saber convencional — mesmo viajando às vezes na direçâo oposta, para verificar se algum ponto descurado ou menosprezado nâo me-rece uma redescoberta e um exame mais cuidadoso. No curso desses estudos, cheguei à compreensâo de que o Mercûrio Filosofal é a fonte de todos os sete metais primârios, assim como, da mesma maneira, a luz branca é a fonte das sete cores prismâticas. Ao fazer esta afir-maçâo. estou plenamente consciente de que muitos zombarâo, e perguntarâo — "Muito bem, onde esta o teu Mercûrio Filosofal? Mostra-nos e prova tua teoria, e acreditaremos em li". Mas, pelas razoes citadas anteriormente, esta questâo deve, por enquanto, ficar sem resposta.

Todos os fenômenos sâo triplos; nâo existe uma unidade fîsica. Todas as manifestaçôes fisicas. mesmo as de natureza aparentemente simples e individual. têm uma origem tripla; do contrario, a ma-nifestaçâo nâo poderia ocorrer, Essa trindade bâsica é representada peto Sulfur. pelo Sa! e pelo Mercûrio Filosofais, que sempre cons-tituern uma unidade aparente. A dualidade, negativa e positiva, é simplesmente um conceito individual para descrever a manifestaçâo ffsica. A partir de conceitos como esse, baseados em fenômenos fisicos. estabelecem-se as conclusôes. Como as realidades fisicas nâo

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sâo realidades absolutas, mas alteraçôes molivadas por constante reordenaçào atômica, as conclusses estabelecidas constituem apenas uma hipôtese baseada na experiência fisica. nâo representando uma realidade absoluta. Portanto, o que É existe por causa de sua prôpria consciência. O que E abarca tudo que podemos experimentar cons-ciente ou subconscientemente. Pensar no que E como sendo dual é apenas um conceito subjetivo baseado na manifestaçào fisica. Uma coisa que É pode ser interpretada como perfeitamente boa por uma pessoa e horrivelmente ma por outra, ambas as interpretaçôes sendo aplicâveis à mesma entidade que É. Na realidade, ela nao pode ser ambas as coisas, mas apenas uma. Esse absoluto, ou, como Kant o chamava, a "coisa-em-si" (Das Dinç an Sich), constitui a consciência de si mesmo em toda célula ou onde quer que a consciência se torne manifesta. Toda dualidade tem sua origem numa consciência côsmica. Aqui novamente é o alquimista que advoga diligentemente esse prin-cîpio vital da unidade de todas as coisas,

O que é que diferencia e distingue os conceitos individuais? De que fonte devemos derivar nosso poder para formar conceitos (se continuamos na maneira socrâtica de procurar por respostas)? A base é a consciência. Conceber sem ser consciente é imposstvel. Po-demos, contudo, receber e registrar impressôes subconscientemente. porque estamos conscientes de nossa prôpria individualidade. O homem se dépara continuamente com uma vasta série de matéria de graus variâveis de individualidade, toda ela estando no proccsso de tornar-se aparente como E. Tudo que tem individualidade é cons-ciente, e tudo que é consciente é individual. embora emanando de uma unica fonte. Essa fonte linica é a consciência côsmica absoluta, a unica realidade absoluta, da quai a consciência individual é um segmento. Essa realidade unica É em si. Por causa delà, a consciência individual é prima intelligentia, e assim ela descobre estar sujeita à lei recorrente dos ciclos; isso nào é, contudo, a mera repetiçâo de um cîrculo comum que se fecha repetidamente sobre si, mas uma espiral ascendente progressiva de realizaçào que finalmente conduz o individuo à plena consciência côsmica. O passo seguinte esta além de nosso entendimento atual. pois a entidade fisica mais elevada que se possa conceber ainda nâo foi alcançada, e quando o for, outra linha hipotética poderâ ser traçada. formulando-se uma nova série de teorias.

Pensar é ser consciente, e nosso pensar terrestre se manifesta no tempo. Quando Aristôteles explica que a caracteristica distintiva do homem é a sua razâo, isso significa apenas evoluçâo desde o instinto animal até um grau de consciência superior. Um animal.

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embora nâo seja "autoconsciente" da mesma forma que o homem, é tâo consciente de seu prôprio ser como o é de uma ârvore ou uma erva. O instinto animal consciente difere do pensar consciente do homem e do poder de raciocinio que ele desenvolveu, assim como sua prôpria habilidade de raciocinar é pouco desenvolvida se com-parada à consciência côsmica. A consciência côsmica nâo précisa raciocinar. pois ela é a fonte de tudo que É. É a mais alta norma concebîve! pela quai o homem pode raciocinar. A vasta consciência raciocinante précisa eventualmente chegar a uma hipotética linha divisôria de sua prôprta consciência. Em alguns casos. isso se fez. A linha hipotética foi traçada a partir desse limite, e a nova enti-dade côsmica baseou-se em tal linha.

O atingir o cume do conhecimento alquimico. em que a cons-ciência côsmica é sentida como sujeito e a quintessentia como objeto. tem culminado desde tempos imemoriais a nobre busca dos sâbios. Consegui-lo representa o zênite do homem, seu dominio sobre a matéria e a eventual fusâo com o Absoluto, a realizaçâo da consciência côsmica.

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Apêndice

A fim de encorajar os neofitos em sua nobre busca alquimica da desejada obtençâo da Pedra Filosofal. pode nâo ser inoportuno mencionar algumas das variadas experiéneias do autor em sens muitos anos de pesquisa mental, espiritual e prâtica.

Nem todos terâo a boa sorte de ter acesso aos inûmeros livros publicados sobre a Alquimia, pois muitos deîes se tornaram extre-mamente raros e dificeis de obier. Muitas dessas obras estâo agora esgotadas, e aqueles que as possuem e as entesouram nâo estâo dis-postos a desfazer-se delas. Por essa razâo, os livreiros pedem preços elevados por essas raras ediçôes. Contudo, nâo podemos superestimar o verdadeiro valor de algumas, tais como The Herrnetical and A Ichemical Wriûngs of Paracelsus, em dois volumes, editada por A. E. Waite; a Triumphant Chariot of Antimony, de Basilio Valentino; a Colléetanea Chemka\ a Turba Philosophorum\ a The New Pearl of Great Price, de Bonus de Ferrara, e outras obras que serâo de grande valor ao estudante. Os escritos de Franz Hartmann também sào va-liosos para os estudantes que conseguem investigar o mundo de pen-samentos que penneia seus livros. Outra monumental publicaçâo é o famoso Secret Symbols of the Rosicrucians of the Sixteenth and Seventeenth Centuries (Geheime Figuren der Rosenkreuzer, aus dem îôten und 17ten Jahrhundert, Altona, Alemanha, 1785-1788, 2 vols.). O Dr. Franz Hartmann trouxe uma copia dessa obra extremamente rara à América e a traduziu parcialmente ao inglês. (A versâo pu-blicada do Dr. Hartmann omite cerca de um terço das gravuras ori-ginais e parte do texto alemâo. ) Foi boa sorte do autor obter uma câpia da obra compléta. Ela exigiu uma viagem à Europa. onde o seu amanuense, ao mesmo tempo, obteve também outra copia, É notâvel como a Vontade Divina opéra para abrir caminhos e con-céder os meios para que o pesquisador sincero obtenha um pouco da sabedoria arcana assim como a bagagem intelectual neeessâria à sua obra, Das infelizmente poucas obras contemporâneas sobre Alquimia, podemos citar Alquemy Rediscovered and Restored, de

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Archibald Cockren. A despeito da ôbvia omissâo de certas frases, essa obra revelar-se-â valiosa ao fornecer respostas aos problemas em questâo.

Embora nào possamos mencionar em detalhes os mimerosos sucessos que tîvemos a boa sorte de alcançar 110 laboratôrio, muitos pontos de referência se destacam em nossa memôria: quando, apôs um longo e fatigante processo, extraimos pela primeira vez a essência do ouro; quando produzimos igualmente o vinagre do antimônio a partir dum recipiente Spiessglas de antimônio, de acordo com a formula de Valentino, obtendo uma tintura vermelha. Ouando lem-bramos essas experiências, nâo importa em absoluto o que dizem os céticos, ou que os zombadores ridicularizem as afirmaçôes de Valentino de que esse bâlsamo de antimônio curaria a lepra e as ulcéras que estavam cheias de vermes ou o cancer. Theodore Kerckringius, comentador de Valentino e eîe prôprio um médico, demonstrou a verdade das afirmaçôes de Valentino quando outros cirurgiôes solicitaram a amputaçâo de um seio de uma oaciente que tinha o dobro do tamanho do outro e repleto de matéria cancerosa.

Bem nos lembramos também de quando, hâ mais de vinte e cinco anos> obtivemos pela primeira vez a essência (ou o ôleo, como preferimos chamâ-la) do cobre. Era uma quantidade muito pequena, Mas como nos sentimos gratificados apôs provar diante de nossos prôprios olhos o que os estudos anteriores indicavam ser possivel! O tubo de teste que o contînha amda esta em nosso poder e permanece como um testemunho encorajador quando ocorre oca-sional mente uma falha nas experiências com diferentes substâncias. Extraimos. da mesma maneira, o ôleo de chumbo. Que glorioso rao-mento foi esse, quando a fé resoluta finaimente se consubstanciou!

Ouando abro a porta do incubador, e olho através da porta de vidro interna, e vejo os f ras eus Erlenmayer com a essência do ouro exîbindo uma riqa cor dourada onde antes um mênstruo nâo-acético, claro e puro como âgua nâo mostrava nenhuma cor; ou quando vejo os extratos herbâceos em sua elevada potêncîa, misturados aos seus prôprios sais purificados. repousando entre outros frascos em calor moderado. além de outros recipientes de importâneia igual ou maior — o que desejo para aqueles que ridicularizam a Alquimia? O tempo vira, e nâo esta distante, como os mestres de nossa arte afirmaram, em que mais e mais de nossa arte sécréta se tomarâ conhecida dos pesquisadores dignos. Mais e mais pessoas estào deixando os li-mites estreitos de seus credos religiosos. nâo para denunciâ-los — nào! —, mas agradecidas àquefes que as ajudaram a receber a

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luz superior, lembrandose sempre com gratidào das prodigiosas instruçôes que receberam e que tornaram possivel a aventura no grande vazio aparente que começa agora a tomar forma em dimensôes reconheciveis.

As aimas que buscam terâo, da mesma maneira, experiências similares. Elas descobrirâo também a verdade oculta além dos prin-cipios e das leis mais simples da natureza. Pois a natureza é a expressâo exterior de Deus.

Qualquer que seja o custo em tempo, trabalho ou dinheiro, é cerio que ela se mostrarâ digna de teu empenho; e se fores incapaz de obter a Pedra Filosofal nesta vida, lembra-te de que deixaste a fundaçâo para outra vida, mais afortunada, em que seras capaz de alcançar teu objetivo, apôs cumprires o teu aprendizado. Sabe, porém. que sô a Vontade Divina, através de sua sabedoria côsmica, poderâ conceder-te a habilidade para obter essa gema inestimâvel.

Minha obra nâo visa a revolucionar o mundo cientffico, Como humilde servo de um mundo ainda maior por vir, que, como nos tempos antigos, teve um grande trabalho para realizar e que ainda continuarâ a desenvolvê-lo — em seu serviço encontrei felicidade e alcgria. DesCobrir-se digno de ser iniciado em tal profunda sabedoria constitui uma grande bênçâo.

Com os Mestres Herméticos, desde tempos imemoriais, através da ldade Média e nos présentes dias, posso proclamar, NÀO num vâo caminho religioso, mas com devoçâo e piedade. do fundo de um coraçâo agxadecido:

Deus seja louvado, pois Ele é bom para nos, crianças.

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Manifesta Aïquimico

Visto que o termo Alquimia é associado por muitas pessoas apenas à Pedra Filosofa] e à confecçâo de ouro, é essencial corrigir essa falsa noçào. A Alquimia, como tal, cobre uma ârea énorme e esta relacionada, em primeiro lugar, com o aumento das vibraçôes. Suas mûltiplas e variadas manifestaçoes resultam do estudo e da contemplaçâo profunda, Como apenas umas poucas pessoas. entre os biLhôes de seres que habitam este planeta, estâo ativamente empetihadas na obra alquimica, é vitaimente importante que nos interessemos por uma correta apreensâo desse assunto.

O imenso objetivo das investigaçôes alquimicas torna diftcil compreender por que tâo poucos estâo ativamente empenhados nesta obra, pois suas manifestaçoes sâo de tâo tremenda importância que transeendem a crença comum do observador casual.

Nos tempos antigos, os Alquimistas se escondiam em porôes umidos e mansardas sufocantes. Seus refugios eram dificeis de detectar. Sua maneira de comunicar-se com os irmâos e irmâs adeptos era de natureza simbôlica e sécréta. Todas essas e ainda outras di-ficuldades e restriçôes foram impostas pelas circunstâncias prédo-minantes nos periodos histôricos do passado.

Mesmo neste novo ciclo de despertar aïquimico, ainda existe uma certa necessidade de iniciar cautelosamente a nossa obra, A despeito das liberdades nâo desfrutadas nos tempos antigos, pre-cisamos exercitar um devido grau de cuidado quando começamos a fazer contato com os adeptos de mente igual e aspiraçôes simiiares — aspiraçôes que podem pernlanecer adormecidas por muitos anos, e interesses que, na verdade, precedem a présente encamaçâo.

Para prévenir qualquer equivoco, espera-se que os parâgrafos seguintes ajudem a esclarecer nossa posiçâo. Neîes, tentaremos res-ponder às questôes mais fréquentes:

Por que os Alquimistas da Sociedade de Pesquisas Paracelso nâo dào nenhum endereço. apenas um numéro de caixa postal?

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Por que os nomes dos que representam ou governam a socie-dade nâo sâo fomecidos ao publico?

Por que nâo hâ quadro de associados?

Por que sâo os Boletins recebidos por individuos que, em termos de trabalho de laboratério, nada fizeram de natureza alquimica?

Podemos responder às questôes acima da seguinte maneira: As sedes a tuais da Soçiçdade de Pesquîsa Paracelso sâo mo-

destas e, assim como nos tempos antigos, nâo visam a tornar-se conhe-cidas do pûblico. As razôes para isso sâo tâo vâlidas hoje como o eram nos tempos passades, Como afirmamos claramente no primeiro Boletim publicado nesta adrainistraçâo, nâo se deseja nenhuma publicidade. Buscâ-la nâo faria nenhum bem, e afinal de contas re-sultaria apenas numa interpretaçâo errônea da Sociedade.

Como se afirmou também no mesmo Boletim, os nomes dos atuais colaboradores nâo serâo publicados ou divulgados. Essa par-ticipaçâo baseou-se na secular tradiçâo de que todos os que se empenham ativamente no trabalho hermético nâo o fazem em busca de lama.

Como nenhum Aiquimista deseja louvor e glôria, nâo serâ di-fi'cil compreender que nâo hâ nenhuma necessidade de conhecimento pessoal. Além disso, isso poderia ensejar. em algumas pessoas, o culto da personaiidade, e esse é inteiramente irrelevante, A propria obra é a coisa importante, jamais as personalidades.

Nâo hâ necessidade alguma de os individuos se tornarem membros afiliados que pagam contribuiçôes ou sâo manietados com toda sorte de restriçôes que se descobrem em qualquer grupo ou sociedade organizada. Os aspirantes alquimistas devem ser livres — livres em pensamento e livres em açôes. Hâ um tempo e um lugar adequado para as obrigaçôes do grupo relativas às aùvidades e à disciplina, e muitos dos que estâo emergindo na consciência da obra alquimica jâ sâo membros de outras organizaçôes fraternas de-votadas a um tipo especifico de aùvidades. Essas pessoas descobrirâa que se tornarSo adeptos mais autênticos e mais devotos de suas res-pectivas sociedades, auferindo delas uma compreensâo mais abran-gente da beleza e do valor dos rituais executados corretamente.

Sugeriram alguns que os Alquimistas deveriam agrupar-se em coiônias e devotar tempo e esforços exclusivamente na busca da obra alquîmtca, sem a presença de intrusos. Por mais sincera que essa sugeslâo possa ser, ela contrasta inteiramente com a obra a

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ser realizada pela Sociedade de Pesquisas Paracelso. Aqueles que reclamam "cornunas" alquîmicas restritas nâo estâo bastante avan-çados para compreender que tal procedimento nada produziria de util. Nossa obra é aqui, entre a humanidade, No meio da azâfama da vida cotidiana, esse é o lugar em que devemos ultrapassar os defeitos que ainda aderem a nos como humanos. O tempo para o isolamento pessoal do indivîduo vira apenas depois de um pro-longado — e bem sucedido — periodo de trabalho preliminar. Apenas entâo receberâ ele instruçôes mais elevadas a fim de rea-lizar uma obra espectfica. Mas essa missâo nâo é oferecida ao estudante médio de Alquimia, e apenas raramente aos avançados. Certo, os estudantes avançados do trabalho hermético terâo a opor-tunidade de esconder-se por um periodo de sete semanas, no mâximo, num refugio em local montanhoso. Mas esse sera o caso apenas em exemplos limitados e apenas apôs uma preparaçâo compléta e ade-quada. Apôs esse periodo de estudo e meditaçâo, mesmo esses aspirantes avançados retornarâo aos caminhos rotineiros par?, aplicar o que Ihes foi transmitido. A escolha de tais individuos basear-se-â apenas em seus méritos e nunca visando qualquer remuneraçâo, eontribuiçao ou remessa de natureza pecuniâria. Como jamais haverâ mais do que doze aspirantes reunidos ao mesmo tempo, pode-se muito bem imaginar quâo limitadas sâo essas oportunidades, Nenhuma restriçâo, ademais, se faz à posiçâo individual, social, racial, reli-giosa, gnipal, financeira ou educacional do estudante. O desenvol-vimento espiritual sera o fator decisivo. Essa afirmaçâo deveria bastar para esclarecer que ninguém que satisfaz os requisitos é escolhido por deferência.

Boletins foram recebidos por individuos que nunca realizaram nenhum trabalho de laboratôrio alquimico. Alguns, aliâs, talvez tenham apenas vagas idéias sobre o assunto. A razâo é que ou um prévio contato com o trabalho jâ havia sido estabelecido ou o indivîduo em questâo poderâ fazer contato com outra pessoa, que esta pronta para iniciâ-lo. Os contatos sâo feitos às vezes de ma-neira muito estranha e somente depois, apôs um considerâvel lapso de tempo, o seu propôsito sera plenamente compreendido.

Todos os que suspeitam ser esse trabalho um empreendimento comercial, utilizado para ganho ou proveito pessoal de qualquer indi-vîduo relacionado com a administraçâo, nâo estâo, em primeiro lugar, qualificados simplesmente por abrigar tais pensamentos e, em se-gundo, precisam apenas usar uma simples aritmética para aquietar suas suspeitas. Ficarâ évidente a quem quer que esteja familiarizado com os custos atuais, astronomicamente elevados, da imptessao, da

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postagem e da correspondéncia, que nossa modesta taxa de subscriçâo dificilmente poderia cobrir sequer essas despesas,

Nâo pretendemos ser um empreendimento comercialmente ren-doso. Os meios e os recursos para executar a obra destinados à So-ciedade de Pesquisas Paracelso estarâo disponiveis quando se fizerem necessârios. Os recursos serâo encontrados, e nâo se précisa dizer mais, Como esse trabalho é de natureza altruista. Fica évidente que nossos Boletins, limitados a uma tiragem de 500 cdpias. sâo às vezes tnviados a subscritores que nào respondem, e que, em alguns casos. nào se faz nenhum contato significativo. Mas isso nâo chega a cons-tituir um problema. Alguns de nossos Boletins, nâo plenamente subscritos, estâo sendo devolvidos por outros com quem o contato sera feito mais tarde. Nossos Alchemical Laboratory Bulletins, embora numerados. sâo eternos. Daqui a um século eles serâo tâo atuais como o sâo hoje.

Quem quer que îeia este Manifesto esta, pelo présente, con-vidado a considerar o assunto com relevante atençâo. Nem tudo que se apresenta aos nossos sentidos é visto com plena compreensâo ao primeiro contato. Os psicôlogos compararam a nossa mente cons-ciente àquela porçâo visivel de um iceberg que representa apenas uma fraçào de suas dimensoes reais. Para alguns de nos, fazer con-tado com a Sociedade de Pesquisas Paracelso é como contemplar esse iceberg. A meditaçâo reveîarâ o que foi, e para alguns ainda é, oculto à nossa compreensâo. Essa é a chave que abrirâ o portai do novo mundo dos Alquimistas, um mundo de que jâ estas consciente e com o quai foste familiarizado -através do karma, das encarnaçôes anteriores, ou quaisquer que sejam os termos que se lhe possam aplicar,

Possa a Luz Côsmica guiar-te e dirigir-te em teus sinceros esfor-ços, e possas tu sercs um daqueles que glorificam os trabalhos do Divino tornando-te um administrador dos favores celestes entre a humanidade.

E certamente muito melhor ser um dos adeptos ativamente empenhados no trabalho hermélico. deixando para a posteridade o registro de suas realizaçôes, do que permanecer um estranho que apenas lê sobre os outros e sobre o que eles foram capazes de realizar.

Possa uma profunda e permanente PAZ impregnar todo o teu ser, e possas tu seres imerso nas radiaçôes do Amor infinito do Deus de teu Coraçâo,

Publicado no sexto dia de Maio, A.D. 1960.

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Leia também

O O V O C Ô S M I C O

O Simbolismo da Gênese Universal

FRANÇOIS RIBADEAU DUMAS

O roundo nasce de um ovo. Esse Ovo Côsmico ou Ovo Primordial, origem de rodas as coisas, mas também lugar para onde retornarâo as coisas, em todos os tempos tem-se constitut'do num desafio à argucia das civilizaçôes. Além disso, a força uni-versal que dele émana tem sido um propulsor da pesquisa humana.

A forma desse Ovo — um volume espacial de linha curva e flexîve! — résulta num desafio à pesquisa para a sua espiritua-lidade, ao mesmo tempo em que constitui um repto à atençâo do artista e ponto focal da arquitetura. O Ovo do Mundo, car-regado do mistério da funçâo germinativa, encanta quem o con-templa. Nele, o naturalista procura a origem; o filôsofo busca o conhecimento e o religioso, o mistério da criaçao. O Ovo é fun-damento e conhecimento, ponto de encontro do céu com a terra. No interior do Ovo, desenrola-se o mais surpreendente dos fenô-menos: um gesto amoroso a Ligar o que até agora temos tido na conta de mundos opostos.

Em sua casca muito fragil, o Ovo contém a Vida, a Rege neraçâo e o germe da imortalidade, constituindo, desse modo, um transcendental absoluto congregador de todas as religiôes, de todos os grupos que demandant um idéal ou uma espirirualidade. Em sendo ele o emblema da ressurreiçâo no Cristianismo nem por isso descura de ser o Grande Ovo alquimico. Ponto de che-gada e de partida, germe universal, graças à sua forma, o Ovo é o cosmo por inteiro, terra e céu a um sô tempo, athanor, ca-verna onde as inîciaçôes se cumprem nas entranhas de um mundo sempre fecundado e sempiternamente virgem.

De incalculivel riqueza simbôlica, o Ovo, fonte de verdade, nos révéla o oculto. Da substância à coisa imaterial, do valor nâo decantado ao devir promissor, o Ovo esta sempre présente com sua força fecundante. François Ribadeau Dumas, respeitado especialista tia matéria, achando-se muito bem amparado em do-cuments , leva-nos a perceber os aspectos mais intimos e como-ventes do simbolismo da gênese universal.

E D 1 T O R A P E N S A M E N T O

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A BlBLlA DOS ROSA-CRUZES

Bernard Gorceix

Compôe-se esta obra notàvel de uma longa e esclarece-dora introduçào do seu autor e de très pequenos opùsculos sobre a Meritoria Ordem Rosa-Cruz original, publicados pela primeira vez na Europa, em ciruo linguas, nos anos de 1614. 1615 e 1616, e sucessivamente traduzidos pelo Au(or em 1970 do alemâo para o francês, donde saem agora a lutne em nosso vernâculo. O primeiro opûsculo, Écos da Fralernidade ou Confraria da Mui Louvâvel Ordem da Rosa-Cruz, è dirigido aos "Eruditos em Gérai e Governantes da Europa"; o segundo, Confessio Fraternitatis R. C., é dirigido aos "Eruditos da Europa"; e o terceiro, As Nupcias Quîmicas de Cristiano Rosa-Cruz no Ano de 1459, traz a seguinte advertência: "Os segredos publicados se desvalorizam, e as coisas profanadas perdem sua graça; portanto, tiâo deites pêrolas aos porcos ne m espalhes rosas ao asno". Este ultimo é uma descriçâo criptica. em estilo algo humoristico, da iniciaçâo do iundador da Ordem. Desde a divulgaçâo dos opùsculos, o espirito e envinos dos autènticos rosa-cruzes, que tèm influenciado a mentalidade culta ocidental, foram gradativamente introduzi-dos em antigas instituiçôes como a Maçonaria (Elias Ashmole, seu real reformulador no ftm do século XV//, era rosa-cruz); muitas associaçôes rosa-cruzes se fortnaram, e o jamoso psicô-logo C. G. Jung Ihe consagrou um longo capitula de sua Psychologie und Alehemie. Todos os leitores de nossa lingua tèm, pois, de agora em diante, à sua disposiçâo, uma fonte universal de ensinos misticos, filosôficos, religiosos e até alqui-micos em seu légitima sentido.

EDITORA PENSAMENTO