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Guilherme L. GuimarãesGerente Técnico e de Regulamentação Federal - ANDEFCuritiba, 18 de Junho de 2012
Ingestão Diária Aceitável (IDA) e Limite Máximo de Resíduos (LMR)
“10º Encontro Fiscalização e Seminário Nacional sobre Agrotóxicos - ENFISA”
Definição de Resíduos de Agrotóxicos e LMR
Um resíduo é qualquer substância específica em alimentos, “commodities” agrícolas ou em rações animais resultantes do uso de um defensivo agrícola. O termo inclui qualquer derivado de agrotóxicos, como produtos de conversões , metabólitos, produtos de reação e impurezas com significado toxicológico relevante. (CODEX)
O Limite Maximo de Resíduos (LMR) é a concentração máxima de um agrotóxico (expressa em mg/kg), recomendada pelo Codex Alimentarius que é legalmente permitida em alimentos e rações. Os LMR´s são baseados em dados de Boas Práticas Agrícolas (BPA) e os alimentos derivados de “commodities” que cumpram os respectivos LMR´s, são considerados por serem toxicologicamente aceitáveis.
Princípios Básicos
• Identificação do produto e suas propriedades físico-químicas;
• Estudos de metabolismo em plantas e animais;
• Dados de estudos ambientais;
• Amostragem e preparação das amostras;
• Definição para monitoramento e avaliação de risco;
• Definição em matrizes diversas: leite, carne, ovos, tecidos e gordura.
Expressão do LMR
A estimativa do Limite Máximo de Resíduos e a recomendação dos limites de resíduo são expressas em mg do produto por kg de alimento. A porção do alimento a que se aplicam os LMR´s do Codex Alimentarius é dada no Codex Alimentarius Vol. 2.
Os resíduos são expressos em relação ao peso fresco que entra no comércio internacional (tal como foi recebido pelo laboratório) na maioria das” commodities”, com exceção de rações para animais.
Alguns Exemplos
• Thiabendazole: Soma de thiabendazole e 5-hidroxi-thiabendazole
• Pirimicarb: Soma de pirimicarb, demetil-primicarbe e análogo N-formil (metilamino)
• Cipermetrina: Soma dos isômeros
• Aldicarb: Soma de aldicarb, sulfóxido de aldicarb e aldicarb sulfona, expressos como aldicarb
• Endossulfan: Soma de α-endossulfan, β-endossulfan e sulfato de endossulfan
Como se desenvolve um produto?
Quando se analisam os resíduos?
DescobertaLançamento
Comercial
Registro
VendasPesquisa e Desenvolvimento
Mais de 140.000 moléculas1 produto
por ano
Processo de Pesquisa e Desenvolvimento
DescobertaLançamento
Comercial
Registro
VendasPesquisa e Desenvolvimento
Mais de 140.000 moléculas1 produto
por ano
Processo de Pesquisa e Desenvolvimento
Buscar um produto …
… para oferecer uma solução.
•10 anos•250 milhões de US$
Descoberta
Atividade Biológica (laboratorio, casa de vegetação): espectro de controle, dose, seletividade, condições de uso, forma de aplicação, desempenho.
Mercado Potencial: cultivos, países, comparação com outros produtos.
Caracterização inicial: propriedades físico-químicas, estudos iniciais toxicologiaestudos iniciais ecotoxicología e destino ambiental.
Processo Produção: avaliação preliminar.
Vendas
2 anos
Processo de Pesquisa e Desenvolvimento
Pre-Desenvolv
Atividade Biológica (Estações Experimentais): confirmação de eficácia e seletividade, definição curvas dose-resposta, primeiros ensaios oficiais e de resíduos, comparação de formulações.
Mercado Potencial: avaliação e oportunidades (cultivos, posicionamento).
Caracterização do Ingrediente Ativo e os Produtos Formulados: propriedades físico-químicas, estudos toxicología (agudos e subcronicos), ecotoxicología (aves, aquáticos, degradação ambiental), sob protocolos globais validados
Processo Produção: planejamento, custos, materias primas, fábricas, composição, perfil de impurezas.
Vendas3 anos
Processo de Pesquisa e Desenvolvimento
Desenvolvimento
Vendas
Atividade Biológica (Estações Experimentais, ensaios a campo): adaptação de recomendações a condições locais, ensaios oficiales, ensaios de residuos.
Caracterização final do produto: estudos toxicologia (crônicos, teratogênese, reprodução) , ecotoxicologia (crônicos), sob protocolos globais, para caracterização e manejo de risco.
Produção: otimização processo, produção de amostras, inicio produção em pequena escala e composição.
Registro: avaliação dos estudos e requisitos para países de destino, preparação “dossiê”.
3 anos
Processo de Pesquisa e Desenvolvimento
Aplicação no ambiente / cultivo / praga
DosesForma de aplicaçãoMomento de aplicaçãoTipo de formulação
Os dados definem os estudos para avaliação do risco...
Exposição do aplicadorEstudos toxicidade aguda
e subcronica
Exposição ambientalOnde? Quanto? Destino ambiental
Estudos ecotoxicológicos Especies diversas
Exposição do consumidorResiduos em alimentos
Toxicidade cronica
Vendas
Registro
Preparação “dossiês” para países de destino.
Apresentação as Autoridades de Registro.
Resposta as perguntas adicionais dos governos.
Aprovação nos países de destino Resposta a perguntas adicionais dos
governos.
2-4 anos conforme país
Processo de Pesquisa e Desenvolvimento
Limite Máximo de Resíduos no Brasil
BPABoas Práticas Agrícolas
BPLBoas Práticas de Laboratório
Estudos de
Resíduos
RDC nº 04
Relação Limite Máximo de Resíduos / Resíduos / Parâmetros Toxicológicos
1) A quantidade de resíduo de um agroquímico permitida pelo Min. Saúde é de 0,1 mg/kg. Se a DL50 de um produto para arroz é de 100 mg/kg quanto de arroz essa pessoa deveria ingerir para atingir a DL50?
a. Cálculo da quantidade necessária para se atingir a DL50 :
Q = 100 mg / kg x 60 kg
Q = 6.000 mg / pessoa
b. Cálculo da quantidade de arroz necessária:
1 kg de arroz ---------------> 0,1 mg do produtoX kg de arroz ---------------> 6.000 mg
X = 6.000 / 0,1
X = 60.000 kg arroz
Relação resíduos vs DL50
2. A DL50 oral aguda de um produto é 500 mg/kg e o LMR desse produto em maçã é de 0,05mg / kg. Quantos quilos de maçã devem ser ingeridos, por uma pessoa pesando 60 kg, para se atingir a DL50 ?
a. Cálculo da quantidade necessária para se atingir a DL50 :
Q = 500 mg / kg x 60 kg
Q = 30.000 mg / pessoa
b. Cálculo da quantidade de maçãs necessárias:
1 kg de maçã -------------> 0,05 mg do produtox kg de maçã ------- -----> 30.000 mg
x = 30.000 / 0,05
X = 600.000 kg maçãs
Relação resíduos vs DL50
Relação LMR vs Ingestão Crônica
0.01 0.1 1 10 100 1000
10UF
LOAEL
NOAEL
Efeito tóxico
Especies testadas
Ser humano media
Ser humanosensivel
100
80
60
40
20
0
Resp
osta
Dose
10
IDA/ARfD
Avaliação Toxicológica
Identificação do “endpoint” crítico e do estudo críticoEstudo 1
Identificação do Nivel Sem Efeito Adverso Observavel (NOAEL)10 mg/kg
Identificação dos fatores de segurança10 x 10 = 100
Derivação do valor de referencia dividindo o NOAEL pelo fator de segurança
10 mg/kg / 100 = 0,1 mg / kg / diaIDA = Ingestão Diaria Aceitável
Avaliação Toxicológica
Resultado:
IDA Ingestão Diária Aceitável:
valor de referência para ingestão crônica
Definição: " É a dose diária de um produto químico que, administrada por toda vida, aparenta não causar risco apreciável com base em toda a informação conhecida até este momento.
“Não causar risco apreciável”, significa a quase segurança de que não se produzirão lesões mesmo após uma exposição por toda a vida.
A ingestão diária aceitável se expressa em miligramas de produto químico - como aparece no alimento-, por kilograma de peso corporal (mg/kg/día) “FAO/WHO JMPR (1962)
Avaliação Toxicológica
Resultado:
ARfD Dose de Referência Aguda:
valor de referência para ingestão aguda (de curta duração)
Definição: “A Dose de Referencia Aguda de um produto químico é uma estimativa da quantidade dessa sustancia presente no alimento e/ou na água potável, normalmente expresso na base do peso corporal, que pode ingerir-se num período de 24 horas ou menos sem risco apreciavel para a saúde do consumidor, com base em toda a informação conhecida até este momento da evaluação. “
FAO/WHO JMPR (2002)
Avaliação Toxicológica
Avaliação Toxicológica
NOAEL (Nivel Sem Efeito Adverso Observável)
Fatores de segurança
NOAEL / 100 = IDA
Ingestão Diaria
Aceitável
Avaliação da Exposição Alimentar
Conteúdo de residuos
Consumo de alimentos
Ingestão Real
Exposição
Quanto posso
comer?
Quanto como?
Decisão
Avaliação de Risco
Exposição ≥ IDA
Exposição < IDA
Toxicidade Crônica: IDA x LMR x ResíduosTeste com animaisalimentação 2 anos
Dose sem efeito adverso
¸ por 100 para fazer a extrapolação para
Ingestão Diária Aceitável
Aplicação na Cultura
Local/Cultura- Época de aplicação
- Dose/nº de aplicações- Intervalo de Segurança
Análise de resíduos
Resíduos encontrados
Toxi
colo
gia
Boas Práticas Agrícolas
Resíduos nos Alimentos (m
g/kg)Inge
tão
Diá
ria A
ceitá
vel (
IDA)
Contribuição Teórica Máxima de Resíduos
• São calculados para cada alimento através da multiplicação da quantidade consumida pelo resíduo determinado. O resultado deve ser menor ou igual a IDA.
Pesquisa de Orçamento Familiar - POFX Resíduo ≤ CTMR ≤ IDA
Exemplo:Nos estudos crônicos foram obtidos os seguintes Níveis Sem Efeito
Adverso Observável - NOAEL (ppm ou mg de i.a / kg de ração por dia)
a) rato = 500 ppm = 25 mg/kg de peso corpóreo
b) camundongo= 500 ppm = 65 mg/kg de peso corpóreo
c) cães = 1000ppm = 250mg/kg de peso corpóreo (Será adotado o menor valor - 25 mg/kg de p.c. - para maior segurança)
Cálculo da Ingestão Diária Aceitável - IDA
Para cálculo da IDA - homem, adota-se um fator de segurança igual a 100, visto que as características do produto e os dados toxicológicos assim o permitem:
- IDA = 25 100 = 0,25 mg i.a. / kg de peso corpóreo (homem) / dia
- IDA para o homem (60kg): 0,25 mg i.a./kg p.c./dia x 60kg = 15 mg i.a./dia para o homem
Cálculo da Ingestão Diária Aceitável - IDA
Cultura Consumo Consumo Resíduo Resíduo
(g/dia) (kg/dia) (ppm) x Consumo (mg
i.a./dia) Algodão 9 0,009 0,01 0,00009 Amendoim 14 0,014 0,01 0,00014 Arroz 214 0,214 0,01
0,00214 Café 16 0,016 0,01 0,00016 Feijão 105 0,105 0,01 0,00105 Milho 81 0,081 0,01 0,00081 Soja 36 0,036 0,01 0,00036 Tomate 27 0,027 0,02 0,00054 Trigo 161 0,161 0,01 0,00161
0,00690
cont.Verificar se o LMR ( Limite Máximo de Residuo) não ultrapassa a IDA
Cálculo da “Dieta Total”
Como a IDA para o homem é 15 mg i.a./dia, e o totalde resíduos encontrados nos alimentos foi de 0,0069 mg i.a/dia, observamos que somente 0,046% o valor da IDA está sendo “preenchida”.
Conclusão
Perguntas e Respostas
• Os resíduos de agrotóxicos são permitidos em alimentos?
R: Os resíduos de agrotóxicos são permitidos de acordo com os níveis estabelecidos nos Limites Máximos de Resíduos. Não existem efeitos adversos a saúde dos seres humanos nestes níveis.
Fonte: Bundesinstitut für Risikobewertung, 2010
Perguntas e Respostas
• O que acontece quando um resíduo excede o Limite Máximo de Resíduos?
R: Ao exceder o Limite Máximo de Resíduos é caracterizada uma violação da lei. O produto não é comercializável, porém não significa, necessariamente, que o resíduo constitui um risco para os consumidores. Normalmente altas concentrações de resíduos são necessárias para atingir os valores da IDA. Quando este valor é atingido, a avaliação de risco é executada. Na maioria dos casos identificados no passado os resíduos não eram perigosos para os consumidores.
Fonte: Bundesinstitut für Risikobewertung, 2010
Limite Máximo de Resíduos - LMR
• É a quantidade máxima de resíduos legalmente permitida no alimento;
• São padrões de mercado e não limites de segurança;
• Estão dentro dos limites de segurança aceitáveis;
• São baseados em rigorosos estudos e demonstrados serem seguros para o consumidor;
• Atuam como um indicador de uso correto do produto; e
• Permitem o trânsito de alimentos no mercado internacional.
Obrigado pela atenção!
Preocupação com consumo de vários resíduos
• Raramente consumimos mais do que uma fração do LMR ou da IDA;
• Consumidores sempre perguntam: “ Qual é o nível seguro ao consumir 1% da IDA para 100 ou mais agrotóxicos?”;
• Henindel et al., 1994, conduziram um estudo em que ratos foram expostos, durante toada a vida, a combinações de agrotóxicos e fertilizantes encontrados nos lençóis freáticos de Iowa e Califórnia, em doses 0,1; 10 e 100 vezes os resíduos médios. Não foram observados efeitos reprodutivos, toxicidade ou no desenvolvimento dos ratos mesmo com 100 vezes a dose desses combinações.
• Nobuyukie et al., 1998, expuseram ratos a uma combinação de 40 agrotóxicos diferentes, adicionados nas concentrações propostas de IDA na dieta. Não foi observada evidência de efeitos carcinogênicos.
Limite de Detecção (LOD) e Limite de Quantificação (LOQ)
• Limite de Detecção (LOD): Limite de Detecção pode ser definido como a menor concentração que pode ser determinada, que é estatisticamente diferente do “branco”. Essa concentração é recomendada que seja três desvios-padrões acima da diferença média medida entre a amostra os brancos o qual corresponde ao nível de confiança de 99%.
• Limite de Quantificação (LOQ): Limite de Quantificação pode ser definido como o nível acima do qual os resultados quantitativos podem ser obtidos. A diferença correspondente a amostra/branco é recomendada por ser 10 desvios-padrões acima do branco o que corresponde ao nível de confiança de 99%.