hipercortisolismo
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Aula de hipercortisolismo voltada a alunos de graduaçãoTRANSCRIPT
HipercortisolismoDario PalharesMédico Pediatra do Hospital Universitário de Brasí[email protected]
ObjetivosConhecer a histologia funcional da
glândula adrenal
Relacionar a histologia da adrenal com as principais síndromes adrenais
Reconhecer sinais e sintomas de hipercortisolismo
Conhecer os principais fármacos glucocorticoides
RoteiroAnatomia e histologia da glândula adrenal
Regulação da secreção de esteroides
Painel bioquímico da síntese de hormônios esteroides
Efeitos fisiológicos dos glucocorticoides
Quadro clínico do hipercortisolismo
Tratamento
Anatomia São retroperitoniais Localizam-se sobre os pólos renais
Pesam aproximadamente 4g
Vascularização: artéria frênica, aorta, artéria renal. Drenagem: veia cava, veia renal
Formada por um córtex (90% do volume) e uma medula
Inervação: fibras simpáticas pré-ganglionares dos segmentos torácicos e lombares. Fibras parassimpáticas provenientes do plexo celíaco. Entram como feixes, não inervam o córtex e se ramificam na medula.
A remoção experimental das glândulas leva à morte em 3 a 4 dias, por distúrbios hidroeletrolíticos severos.
HistologiaO córtex deriva do
mesoderma celômico; a medula, da crista neural
O córtex: três camadas
Zona glomerulosa Zona fasciculada Zona reticular
Histologia: funcionalidade A medula reage a estímulos independentemente
do córtex
No córtex: A zona glomerulosa produz aldosterona.
Síndrome de Conn: hiperaldosteronismo primário
A zona fasciculada produz cortisol.
Síndrome de Addison: insuficiência adrenal primária. Síndrome de Cushing: hipercortisolismo primário
A zona reticular produz cortisol e também deidroepiandosterona (DHEA e DHEA-S) e androstenediona.
Distúrbios da diferenciação e maturação sexual.
Em seu conjunto, mais comuns que as outras três ‘síndromes adrenais primárias’
Produção hormonalAs adrenais produzem dezenas de
esteróides. A maioria é metabolizada nos tecidos periféricos.
Regulação dos mineralocorticóides: (aldosterona e outros que são produzidos em pequenas quantidades)
Renina-AngiotensinaPotássio e sódio séricosPeptídio natriurético atrialACTH: efeito apenas marginal
Regulação dos esteroides sexuais adrenaisNo adulto: respondem ao ACTH, mas
parece que são naturalmente programados para a produção pequena e contínua
Conceito importante: ADRENARCA.
Ao redor dos 8 anos de idade E precedendo em 2 anos a puberdade A adrenal inicia a secreção dos esteroides
sexuais Mas o papel fisiológico não é muito claro
Regulação da secreção dos glucocorticoidesEixo hipotálamo-hipófise-adrenal
Hipotálamo: CRH (corticotropin-release hormone)
ADH (antidiuretic hormone)
São liberados no sistema porta hipofisário. Circulação periférica mínima
Hipófise: secreção de ACTH (corticotropina)
ACTH estimula a secreção de cortisol pela zona fasciculada e reticuladaEstimula também o crescimento (trofismo) da adrenal. Excesso de ACTH leva a hipertrofia da adrenal. Falta de ACTH leva a atrofia da adrenal.
Corticoides: inibem tanto a hipófise como o hipotálamo em secretarem ACTH e CRH
Parêntese: o ACTHÉ produzido na hipófise anterior, mas
também no cérebro, placenta e testículos
Na verdade, inicialmente, a hipófise produz o precursor do ACTH: a pró-ópio-melanocortina (POMC)
A POMC pode ser clivada em: ACTH, endorfinas e MSH (melanocyte stimulating hormone)
O MSH estimula melanócitos, mas mais intensamente em face, mamilos, lábios, genitais. Também interfere no mecanismo cerebral de apetite.
Os glucocorticoides São secretados de forma
pulsátil.
Após 3 minutos de infusão de ACTH, a adrenal libera cortisol.
A adrenal não estoca cortisol
Padrão circadiano típico: praticamente não há cortisol durante a madrugada.
Ocorre pico de secreção ao despertar
Comportamento individual muito variado.
Os glucocorticoides 97% circula ligado a proteínas
séricas: CBG (cortisol binding globulin) e albumina.
A meia-vida é de 80 a 120 minutos
São filtrados e reabsorvidos nos rins
São inativados principalmente no fígado, mas todos os tecidos periféricos os metabolizam (a própria adrenal degrada parte do cortisol sérico).
Há vários metabólitos excretados na urina (tabela ao lado).
Por isso que prednisona é doping: os metabólitos são indistintos de esteroides anabolizantes.
Painel bioquímicoDerivam do colesterol
As fórmulas químicas são muito semelhantes
Porém, pequenas modificações na molécula modificam a conformação estrutural, gerando efeitos distintos
Curiosidade: a obtenção sintética do esterol ainda é um desafio à química orgânica!
Painel bioquímico
As vias de síntese dos glucocorticoides, dos mineralocorticoides e dos esteroides apresentam vários precursores em comum.Defeitos enzimáticos em uma das etapas desvia o metabolismo, por exemplo, para a produção excessiva de mineralocorticoides.
Efeitos fisiológicosDependem da concentração e do
tempo de duração. Ex: uma megadose de cortisona de uma vez só praticamente não apresenta efeitos detectáveis, mas uma dose moderada por longos períodos apresenta efeitos colaterais.
Efeitos mineralocorticoides. O cortisol apresenta efeito mineralocorticoide intrínseco; porém, os túbulos renais o degradam antes que ele atinja os receptores-alvo.
De todo modo, no hipercortisolismo há também sinais de excesso de mineralocorticoide.
Efeitos glucocorticoides
Efeitos glucocorticoides É um regulador fisiológico
de praticamente todos os sistemas.
É um hormônio de resposta ao estresse.
No metabolismo: principais efeitos:
É um hormônio hiperglicemiante
Reduz a captação periférica de glucose
Estimula a neoglicogênese.Adrenalectomia experimental: redução da
excreção nitrogenada. Depleção de glucogênio hepático e muscular.
Glucocorticoides Nos músculos: modulam o acúmulo proteico. Em excesso:
promovem atrofia.
Na manutenção da pressão arterial: o défice de cortisol cursa com hipotensão, rapidamente revertida com a reposição.
Nos ossos: favorecem os osteoclastos Modulam o crescimento da placa epifisária. Em excesso:
promovem parada de crescimento
No sistema nervoso: atuam no humor e em processos específicos.
No estômago: aumentam a secreção gástrica, mas inibem a cicatrização
Na pele: modulam a cicatrização. Em excesso, retardam-na.
GlucocorticoidesE, principalmente, MODULAM A RESPOSTA
IMUNE. Ampla classe de fármacos para doenças
alérgicas e autoimunes.
Promovem apoptose de leucócitos hiperativados Depletam linfócitos T. Depletam eosinófilos Inibem a a migração de leucócitos e a secreção
de imunomediadores (citocinas, histamina, anticorpos, etc.)
Recrutam neutrófilos dos tecidos para o sangue: leucocitose com neutrofilia ocorre logo após meia hora de uma dose de corticoides.
GlucocorticóidesOu seja, atuam, nas doses
fisiológicas, como MODULADORES de todos esses eventos.
O efeito biológico das doses fisiológicas é DISTINTO do efeito do tratamento com corticóides exógenos.
Hipercortisolismo primário: doença de CushingPrincipal causa: Microadenoma
hipofisário hipersecretante de ACTH
Outras causas: Macroadenoma hipofisárioAdenomas ou carcinomas da adrenalSecreção ectópica: carcinoma
pulmonar de pequenas células, carcinoide brônquico
Síndrome de Cushing Histórico: Harvey William Cushing, neurocirurgião norte-
americano, nasceu em 1869. Estudou em Harvard, se formando em 1895.
Começando em 1905, o Dr. Cushing começou a desenvolver muitas das técnicas cirúrgicas básicas para operar o cérebro, tendo melhorado consideravemente a sobrevivência dos pacientes depois de difíceis operações de tumores intracraniais. Ele também foi o primeiro a usar radiografias para diagnosticar tumores de cérebro e a estimular eletricamente o córtex sensorial de um ser humano. Cushing estabeleceu uma reputação internacional como professor de neurocirurgiões.
O nome dele também foi imortalizado na história de medicina, pela sua descoberta, em 1912, da doença de Cushing, uma síndrome endocrinológica causada pelo mau funcionamento da glândula hipófise. Esta descoberta foi descrita em detalhes em "The Pituitary Body and Its Disorders".
Síndrome de CushingObesidade
centrípetaFácies de Lua cheiaHirsutismoHipertensãoHiperglicemiaEstriasAcneInfertilidadeFraqueza muscularOsteoporose
Síndrome de CushingLetalidade de 50% em 5 anos,
devido a:InfecçõesTromboembolismo: infarto, AVCHipertensão arterial
Síndrome de Cushing: avaliação laboratorial1) Dosagem sérica de cortisol.
Imprecisa. Porém, é específica.
2) Dosagem salivar de cortisol. Apresenta correlação com os níveis séricos.
3) Dosagem sérica de ACTH. Deve ser avaliada em conjunto com outros testes.
4) Dosagem de cortisol em urina de 24 horas. Reflete a produção diária de cortisol.
5) Supressão com dexametasona. Há vários protocolos. Uma (ou mais) dose de dexametasona é feita e verifica-se se há inibição da produção de cortisol e de ACTH.
Síndrome de Cushing: avaliação radiológica
Tomografia e ressonância magnética
Síndrome de Cushing: tratamento farmacológicoApenas paliativo. Fármacos usados: cetoconazol (antifúngico, inibe a
síntese de esteroides), metirapona, glutetimida,
mitotano (inibem a adrenal).
Tratamento cirúrgicoRemoção de adenoma hipofisárioRemoção das adrenais (e posterior
reposição de mineralocorticoide e glucocorticoide via oral, continuamente)
Remoção do tumor secretante
Síndrome de Nelson (há um erro no texto do medcurso!): após remoção bilateral das adrenais, descobre-se posteriormente um adenoma hipofisário secretante de ACTH.
Cushing iatrogênicoCondição de difícil manejo;
geralmente a doença de base é mais grave que os efeitos dos glucocorticoides
Não há tratamento eficaz para a acne decorrente de glucocorticoides.
Referências Bibliográficas
Endocrinology and Metabolism. Philip Felig e Lawrence Frohman. USA: McGrawHill, 2001.
Medcurso. Doenças da Suprarrenal, da Paratireoide, da Hipófise e do Hipotálamo. Rio de Janeiro: Medcurso, 2009.
Tratado de Endocrinologia. Jean Wilson e Daniel Foster. São Paulo: Editora Manole, 1986.
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http://www.ouhsc.edu/histology/Glass%20slides/39_03.jpg