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TAISE BRISTOT INÁCIO HIPERTENSÃO E FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR DE UM GRUPO DE INDIVÍDUOS ADULTOS ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE ESPECIALIDADES MÉDICAS DA UNISUL Tubarão, 2006.

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TAISE BRISTOT INCIO

HIPERTENSO E FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR DE UM GRUPO DE INDIVDUOS ADULTOS ATENDIDOS NO AMBULATRIO DE ESPECIALIDADES

MDICAS DA UNISUL

Tubaro, 2006.

TAISE BRISTOT INCIO

HIPERTENSO E FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR DE UM GRUPO DE INDIVDUOS ADULTOS ATENDIDOS NO AMBULATRIO DE ESPECIALIDADES

MDICAS DA UNISUL

Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia, como requisito para obteno do ttulo de Bacharel em Fisioterapia.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Orientadora temtica: Michelle Cardoso Machado

Tubaro, 2006.

TAISE BRISTOT INCIO

HIPERTENSO E FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR DE UM GRUPO DE INDIVDUOS ADULTOS ATENDIDOS NO AMBULATRIO DE ESPECIALIDADES

MDICAS DA UNISUL

Monografia julgada adequada obteno do ttulo de Bacharel em Fisioterapia e aprovada em sua forma final pelo Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubaro, 6 de novembro de 2006.

Msc. Michelle Cardoso Machado

Esp. George Jung da Rosa

Esp. Dr. Armando Lemos M. da Silva

DEDICATRIA

Dedico este trabalho s pessoas mais importantes da minha vida: meus pais e meus irmos, pela fora e preocupao que sentem por mim. Obrigada por tudo.

AGRADECIMENTOS

Agradeo primeiramente a Deus, por ele ser um pai presente em todos os momentos

da minha vida.

Aos meus pais, Francisco e Mrcia, que sempre me apoiaram e me incentivaram

durante os momentos de minha vida e para a realizao deste trabalho.

minha tia, Maria Teresinha Incio, que sempre esteve ao meu lado durante a

caminhada na faculdade, tendo a disponibilidade de me levar aos lugares em que eu precisava ir.

Aos meus tios, Marcioli e Letcia, que me deixaram ficar em sua casa quando eu

precisasse para que eu pudesse terminar este trabalho.

Agradeo aos meus familiares que acreditaram e confiam na minha capacidade de

realizar os meus sonhos.

minha orientadora que sempre esteve presente durante esta fase, Michelle, sendo

uma pessoa fora de srie, ajudando-me muito na elaborao deste trabalho.

"O conhecimento orgulhoso por ter aprendido tanto; a sabedoria humilde por no saber mais." (William Cowper). Saber o que possvel, o comeo da felicidade.

Resumo

A hipertenso um dos fatores de risco cardiovascular mais importante e presente em diversos pases. Sua

patognese no completamente conhecida, mas sabido que depende da interao complexa entre fatores genticos

e ambientais. O VI Joint National Committee on Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure

destaca que um dos maiores desafios deste milnio ser o de modificar esta realidade. Calcula-se que pelo menos 50

milhes de norte-americanos so hipertensos e estudos brasileiros (incluindo esta pesquisa) tm mostrado uma

prevalncia entre 12% e 35% em diferentes regies.

Sabe-se que os indivduos portadores de hipertenso arterial tm maior risco para desenvolver doena arterial

coronariana, alm de freqentemente agregarem diversos fatores de risco cardiovascular.A associao entre a presso

arterial e o risco de doena cardiovascular forte, contnua e est presente mesmo quando as cifras pressrias ainda

so consideradas normais. Levado a termo no municpio de Tubaro, em 2006, o grupo de estudo foi formado por 31

indivduos, incluindo homens e mulheres. Nesta pesquisa, alguns fatores de risco foram significantemente

considerados: idade, sexo, hbitos alimentares, uso alcolico, obesidade, inatividade fsica e uso de medicamentos.

Tais fatores, quando combinados, demonstraram um efeito reduzido na anlise da pesquisa. O valor numrico da

presso arterial deve necessariamente ser contextualizado e individualizado, para permitir avaliar a real dimenso do

problema.

Estudos epidemiolgicos e clnicos tm demonstrado que valores de presso situados abaixo do timo (inferiores a

120/80 mmHg), mesmo em crianas e adultos jovens, j so capazes de se associar a eventos cardiovasculares,

notadamente em presena de fator de risco cardiovascular. Em grande parte dos casos, no existe etiologia conhecida

ou cura, sendo o controle da presso arterial obtido por meio de mudanas do estilo de vida e tratamento

farmacolgico. Polticas de sade voltadas para a deteco e abordagem precoce desses indivduos devem ser

priorizados, at que estudos clnicos bem conduzidos sejam realizados para avaliar o impacto dessas medidas na

morbidade e na mortalidade cardiovascular.

Palavras-chave: Hipertenso, epidemiologia, fatores de risco, fisiopatologia, problemas cardiovasculares, hbitos de

vida.

ABSTRACT

Hypertension is a major cardiovascular risk factor to heart disease and it is in several countries. Its pathogenesis

remains elusive but it is known that depends on the complex interplay between genetic and environmental factors.

The VI Joint National Commitee on Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure has pointed out

that one of the biggest challenges of the millenium is to change this reality. It's assumed that at least 50 million north

americans are Hypertensive. Brazilian studies (including this research) have shown a prevalence from 12% to 35%

among different regions.

Its known that hypertensive individuals also frequently aggregate several risk factors and are in gerat risk to develop

cardiovascular disease. The association of hypertension and cardiovascular disease is strong, continuous and seems

to be present even when blood pressure levels are considered normal. Carried out in Tubaro county, in 2006, the

group studies numbered 31 people, including men and women. In this research, some risk factors were mainly

considered: age, gender, food habits, alcoholic use, obesity, physical inactivity and use of medicines. Its factors,

when mixed, showed a very small effect to this research. Arterial blood pressure levels should necessarily be brought

into this context and individualized in order to allow the evaluation of the real dimension of the problem.

Clinical and epidemiological studies have demonstrated that blood pressure levels below normal (lower than 120/80

mmHg) even among children and young can be associated to cardiovascular events especially in presence of

cardiovascular risk factors.Into a large extent of the cases, doesn't exist an well known etiology or cure, being the

control of the arterial pressure gotten by lifestyles changes and pharmacological treatment. Heaklthcare politics

based on early detection of these individuals should be emphasized until well lead clinical studies be carried out in

order to evaluate their real impact on the cardiovascular morbidity and mortality.

Keywords: Hypertension, epidemiology, risk factors, pharmacology, cardiovascular problems and life habits.

LISTA DE SIGLAS

ATP adenosina trifosfato

AV - trio-ventricular

DAC doena arterial coronariana

DIC doena isqumica do corao

DM diabetes mellitus

FC freqncia cardaca

HAS hipertenso arterial sistmica

HDL-c lipoprotena de alta densidade - colesterol

IAM infarto agudo do miocrdio

IMC ndice de massa corporal

Kcal - quilocaloria

LDL-c lipoprotena de baixa densidade - colesterol

PA presso arterial

PAS presso arterial sistlica

PAD presso arterial diastlica

SRA sistema renina-angiotensina

O2 - oxignio

LISTA DE GRFICO

Grfico 1 - Percentual de tabagistas e no tabagistas.....................................................................52

Grfico 2 - Percentual de indivduos diabticos, no diabticos e que no fizeram exame para diabetes...........................................................................................................................................54

Grfico 3 - Percentual de indivduos com e sem colesterol, e que no fizeram exame de colesterol.........................................................................................................................................55

Grfico 4 - Percentual de indivduos com e sem doena renal crnica..........................................56

Grfico 5 - Percentual de indivduos etilistas e no etilistas..........................................................57

Grfico 6 - Percentual dos valores da presso arterial que os indivduos relataram durante a entrevista.........................................................................................................................................60

Grfico 7 - Percentual de indivduos hipertensos e no hipertensos..............................................60

Grfico 8 Atividades vigorosas...................................................................................................62

Grfico 9 Atividades moderadas.................................................................................................62

Grfico 10 Caminhada como forma de transporte para ir de um lugar para o outro...................63

Grfico 11 Tempo em que as pessoas ficam sentadas em um dia da semana.............................63

Grfico 12 Tempo em que as pessoas ficam sentadas por dia no final de semana......................64

SUMRIO

1 INTRODUO...................................................................................................................13

2 Doena Coronariana........................................................................................................15

2.1Conceito...........................................................................................................................15

2.2Epidemiologia..................................................................................................................16

2.3 Fisiopatologia..................................................................................................................18

2.4 Fatores associados doena coronariana...................................................................18

2.4.1Obesidade......................................................................................................................21

2.4.2 Climatrio.....................................................................................................................22

2.4.3 Sedentarismo................................................................................................................24

2.4.4 Tabagismo....................................................................................................................27

2.4.5 Dislipidemias................................................................................................................28

2.4.6 Alcoolismo...................................................................................................................29

2.4.7 Diabetes melito.............................................................................................................31

2.4.8 Gentica........................................................................................................................33

2.4.9 Doenas renais.............................................................................................................35

2.5 Atividade fsica..............................................................................................................35

2.5.1 Conceito.......................................................................................................................35

2.5.2 Exerccios anaerbicos x exerccios aerbicos............................................................39

2.5.3 Fisiologia do exerccio fsico (adaptaes circulatrias ao exerccio).........................47

2.5.5 A atividade fsica na preveno de doenas cardiovasculares.....................................47

3 DELINEAMENTO DE PESQUISA...............................................................................48

3.1 Tipo de pesquisa............................................................................................................48

3.2 Populao/ Amostra......................................................................................................48

3.3 Critrios de incluso.....................................................................................................49

3.4 Critrios de excluso.....................................................................................................49

3.5 Instrumentos utilizados na coleta de dados................................................................49

3.6 Procedimentos utilizados na coleta de dados..............................................................50

3.6.1 Perodo da coleta..........................................................................................................50

3.62 Entrevista.......................................................................................................................50

3.7 Aspectos ticos................................................................................................................52

3.8 Anlise dos dados............................................................................................................52

3.9 Limitaes do estudo.......................................................................................................53

4 Caractersticas da amostra..............................................................................................55

4.1 Fatores de risco..............................................................................................................56

4.1.2 Tabagismo....................................................................................................................57

4.1.3 Diabetes Melito............................................................................................................59

4.1.4 Dislipidemia.................................................................................................................66

4.1.5 Doena renal.................................................................................................................69

4.1.6 Etilismo........................................................................................................................78

4.1.7 Presso arterial.............................................................................................................80

4.1.8 Atividade Fsica...........................................................................................................62

5 CONSIDERAES FINAIS..........................................................................................68

REFERNCIAS..................................................................................................................71

ANEXO - Termo de consentimento.....................................................................................81

APNDICE - Questionrio.................................................................................................83

1 INTRODUO

O presente estudo caracteriza a hipertenso arterial como uma das principais doenas

que, associada aos vrios fatores de risco, causam as chamadas doenas cardiovasculares.

Tambm sero abordados temas relacionados atividade fsica como forma de preveno para a

reduo ou normalizao da presso arterial. A hipertenso arterial pode ser descrita de vrias

formas e por vrios autores, caracterizando-se por envolver aspectos genticos e ambientais.

A hipertenso arterial uma doena silenciosa, mas que acontece atravs do aumento

permanente da presso arterial, considerando-se como uma sndrome multifatorial, polignica,

resultante de anormalidades dos mecanismos de controle da presso arterial, envolvendo

alteraes estruturais das artrias e do miocrdio, associando-se disfuno endotelial, constrio

e remodelamento da musculatura lisa vascular.

No Brasil, esta doena, de carter multifatorial, a prevalncia atinge cerca de 22% a

44% de toda a populao urbana adulta. Dentre os fatores de risco que levam os indivduos

portadores de hipertenso arterial a desenvolverem doenas cardiovasculares, destacam-se:

obesidade, climatrio, sedentarismo, tabagismo, dislipidemias, alcoolismo, diabetes mellitus,

gentica, doenas renais, doena de Chagas, apnia do sono e anticoncepionais.

Para o controle de todos estes fatores de risco, precisa-se que todos os indivduos

faam conscientizao relacionada alimentao adequada, inatividade fsica, abandono ao

tabagismo e ao consumo de bebida alcolica, insuficincia renal, colesterol. Com isso, avaliaes

mdicas determinaram que a reduo destes fatores, pode ser amenizada ou normalizada atravs

da prtica de atividade fsica, evitando-se assim, o risco de bito.

A atividade fsica aquela realizada pelo corpo, com o objetivo de preservar e

recuperar a sade e melhorar o desempenho fsico e, conseqentemente, reduo nas taxas dos

fatores de risco para o desenvolvimento de doena arterial coronariana.

Dado o exposto, tem-se a seguinte problematizao: Qual a prevalncia dos fatores

de risco e padro de atividade fsica em indivduos adultos associados hipertenso

arterial?

Este tema foi escolhido por ser a hipertenso arterial uma das principais e mais

importantes das doenas que levam doena coronariana, associada aos fatores de risco

cardiovascular, incluindo-se nestes, a obesidade, climatrio, sedentarismo, tabagismo,

dislipidemias, alcoolismo, diabetes mellitus, gentica e doenas renais.

Sendo importante para sabermos a epidemiologia e prevalncia da hipertenso sobre

as doenas cardiovasculares, e observarmos os benefcios que so trazidos aos portadores de

hipertenso arterial associados aos fatores de risco citados anteriormente.

O objetivo geral deste trabalho estimar a prevalncia de fatores de risco para doena

coronariana e o padro de atividade fsica de um grupo de indivduos adultos atendidos no

ambulatrio de especialidades mdicas da Unisul em Tubaro - SC. Os objetivos especficos so

investigar a presena de fatores de risco para a doena coronariana na amostra pesquisada e

identificar padres de associao entre graus de atividade fsica regular e presena de fatores de

risco para a doena coronariana na populao pesquisada.

2. Doena Coronariana

2.1 Conceito

A expresso cardiopatia isqumica designa uma afeco cardaca que tem como

caracterstica principal isquemia miocrdica. Cerca de 90% dos casos so decorrentes de

aterosclerose coronria, justificando-se nestas condies a denominao de cardiopatia

aterosclertica ou doena arterial coronariana (PORTO, 2005).

As doenas cardiovasculares so as principais causas de mortalidade nos pases

desenvolvidos e em desenvolvimento, sendo que, cerca de 30% desses casos, ocorre no Brasil em

populaes de todas as faixas etrias (TRINDADE, 1998; SANTOS FILHO, 2002).

Estas doenas representam a principal causa de mortalidade no Brasil, principalmente

pela alta carga das doenas cerebrovasculares que so proporcionalmente mais freqentes nas

regies Norte e Nordeste (LOTUFO, 1998).

A doena arterial coronariana (DAC) associada a vrios fatores de risco, dentre eles

o tabagismo, diabetes melito, hipertenso arterial sistmica (HAS), dislipidemias, sedentarismo e

obesidade (BOTELHO, 2000).

2.2 Epidemiologia

As DACs so mais freqentes nos Estados Unidos e nos pases da Europa ocidental,

onde a insuficincia cardaca representa-se como a causa mais importante de internao

hospitalar, embora o custo maior das hospitalizaes no Brasil se relacione aos procedimentos de

alta complexidade em cardiologia com a revascularizao do miocrdio, angioplastia, o implante

de marcapasso e as cirurgias valvares. J nos pases em desenvolvimento, como o Brasil, esta

doena vem crescendo gradativamente, principalmente nos grandes centros e nas populaes de

todas as faixas etrias (OLIVEIRA, 1998; LOTUFO, 1998).

A cardiopatia coronariana considerada como uma doena comum e fatal, sendo a

etiologia com porcentagem de 50 a 75%, relacionada morte cardaca para bito e de um tero a

metade. A cada ano, cerca de 500.000 pessoas vo a bito devido a esta doena, acometendo

homens que, em meados de seus 50 anos ocorre incio de infarto do miocrdio, diferenciando-se

das mulheres, que possuem risco de 10 anos mais para serem acometidas por essa doena

(CHEITLIN, 1996).

Os mecanismos que podem acarretar o desenvolvimento de insuficincia cardaca

incluem complicao mecnica do infarto agudo do miocrdio; cardiopatia isqumica; aneurisma

do ventrculo esquerdo; disfuno ventricular ps-isquemia; disfuno ventricular por isquemia

crnica; disfuno do msculo papilar e insuficincia mitral (OLIVEIRA, 1998).

2.3 Fisiopatologia

Nos pacientes com angina de peito, clnica e eletrocardiograficamente comprovada

encontram-se leses aterosclerticas nas coronrias em 50 a 90% dos pacientes. Na maioria dos

casos, o miocrdio considerado normal, no sendo raro ser encontrado nas reas que esto

relacionadas ao territrio irrigado pelas coronrias, ocorrncia de foco fibrtico intersticial e

atrofia de fibras miocrdicas (PORTO, 2005).

Segundo Cheitlin, 1996, o fluxo sangneo coronrio aumentado atravs de

substncias vasoativas (potssio, lactato, adenosina e prostaglandinas) que, devido a hipxia,

aumentam o fluxo, levando a uma vasodilatao coronria. Com isto, ocorre reduo no ritmo de

relaxamento diastlico do msculo isqumico, em vista da isquemia cardaca decorrente da

perfuso coronariana reduzida ou demanda miocrdica elevada pelo oxignio, o que resulta no

enrijecimento do ventrculo esquerdo, reduo da contrao sistlica, metabolismo anaerbico

com produo de lactato, alterao nos potenciais transmembrana, resultando em alteraes de

ST e da onda T; arritmias e; angina do peito.

No entanto, Porto, 2005, em torno de 90 a 100% dos pacientes apresentam leses

aterosclerticas das coronrias, j sofreram infarto agudo do miocrdio e foram a bito.

Contudo Cheitlin, 1996, a auto-regulao um outro fator regulador do fluxo

sangneo coronrio a auto-regulao, relacionado presso intra-arterial com o tnus vascular.

Por exemplo, na hipertenso, pode ocorrer distenso dos vasos sangneos, levando a uma

contrao do msculo arteriolar. J na isquemia miocrdica, a vasodilatao pode ser causada

pela queda da presso vascular local, provavelmente atravs de um mecanismo endotelial como a

produo de adenosina, fator de relaxamento do endotlio, ou outras substncias. A ocluso

coronria breve resulta na queda da presso intracoronria induzindo vasodilatao.

A isquemia miocrdica resultante de uma reduo na perfuso na rea de uma dada

artria coronria estenosada, podendo ser decorrente de uma menor ou maior necessidade de

oferta de oxignio, quando ocorre uma inadequao do fluxo sangneo coronrio para o

preenchimento das necessidades musculares em qualquer momento. O espasmo coronrio

considerado como sendo responsvel por angina variante (de Prinzmetal); piora de alguns casos

de angina estvel ao esforo; infreqentemente, induo de infarto do miocrdio, em decorrncia

de adesividade e agregao plaquetria resultante de leso endotelial conseqente ao espasmo

(CHEITLIN, 1996).

2.4 Fatores associados doena coronariana

2.4.1 Obesidade

A obesidade entendida como um sinal ou sintoma ocasionado por um desequilbrio

entre uma adaptao metablica e desequilbrio energtico, sendo este distrbio definido como o

excesso de tecido adiposo ou excesso de peso que se atribui ao aumento da gordura corporal,

predominante na regio abdominal, sendo este acmulo de gordura associado intolerncia

glicose, alteraes do perfil lipdico do plasma e hipertenso arterial, hiperlipemia e doena

arterial coronria (PORTO, 1998; ZANELA; RIBEIRO, 2002; SANTOS, 2005).

Esta doena tambm pode ser definida como o acmulo excessivo de gordura

corporal, o que pe em risco a sade da populao. Nos indivduos normais, o tecido adiposo

constitudo de 10 a 20% do peso normal, enquanto nos obesos, pode atingir a porcentagem de

50%. O percentual de gordura no homem superior a 20% e na mulher, de 27%. A etiologia pode

ser de origem gentica, endcrina, ambiental, cultural, socioeconmica, psicossocial ou a

associao de dois ou mais desses fatores (BOTELHO, 2000; PORTO, 1998).

Pode-se classificar este distrbio tanto pelo aumento no tamanho de clulas adiposas

(hipertrfica) quanto ao aumento no nmero de clulas adiposas (hiperplsica) (BOTELHO,

2000).

Existem vrios fatores que influenciaro para que haja o acmulo de gordura, dentre

os quais esto os fatores genticos (tendncia familiar para aumento de peso), psicolgicos

(ansiedade), culturais (tipo, quantidade e freqncia do tipo de ingesta alimentar, hbitos de vida

em geral, prtica ou no de exerccio fsico e o tipo de trabalho) e, fatores endcrinos

(hipotiroidismo, sndrome de Cushing e sndrome de Laurence-Moon-Biedl) (MIRANDA,1998).

O excesso de peso considerado como fator de risco independente para a ocorrncia

de doena isqumica coronariana e morte sbita, principalmente em homens com idade abaixo de

50 anos e, vem aumentando em todo o mundo, tornando-se o maior problema de sade na

maioria dos pases desenvolvidos e em desenvolvimento e, os indivduos com sobrepeso,

comparados aos de peso normal, possuem maior risco de desenvolvimento de doenas

cardiovasculares como diabetes mellitus (DM), dislipidemias e hipertenso arterial sistmica

(CARNEIRO, 2003).

Segundo Cruz et al, 2004, em seu estudo com indivduos residentes da cidade de

Veranpolis RS, o percentual de obesidade foi de 23,3% enquanto o de sobrepeso e obesidade

do tipo I (IMC entre 25 e 39,9 Kg/m) foi de 59%, sendo igual a 55% nos homens e 62% nas

mulheres. Com relao cintura/quadril e aos nveis de triglicerdios, os valores elevaram nos

indivduos obesos de ambos os sexos. Nas mulheres obesas, ocorreu aumento na presso arterial

sistlica e nos nveis plasmticos de glicose. J nos homens obesos, os valores foram mais

elevados no que diz respeito presso arterial diastlica e nos nveis plasmticos de colesterol

total e LDL-c.

A associao da gordura abdominal com o aumento da prevalncia de hipertenso

arterial no totalmente muito clara. Com isto, h sugestes de autores em que o papel na gnese

da hipertenso arterial associada obesidade pode ser dado atravs da resistncia insulina e a

hiperinsulinemia, sendo que esta provoca aumento da atividade do sistema nervoso simptico e

da reabsoro tubular de sdio, contribuindo assim, para o aumento da presso arterial

(CARNEIRO, 2003).

A ao lipoltica das catecolaminas e os cidos graxos livres que resultam da liplise,

chegando ao fgado pelo sistema portal so os mecanismos que podem explicar a associao entre

o aumento de gordura visceral e hipertenso arterial, onde o tecido gorduroso se mostra sensvel

e, conseqentemente, ocorre reduo na captao e degradao a insulina, aumento na produo

heptica e maior produo heptica de glicose (CARNEIRO, 2003; FRANCISCHETTI, 2005).

Os cidos graxos livres e triglicrides, em maiores quantidades na circulao

sistmica, alcanam o msculo esqueltico e reduzem a captao de glicose induzida pela

insulina, favorecendo a elevao dos nveis glicmicos que estimulam a produo de insulina.

Atuando no sistema nervoso central, a hiperinsulinemia age aumentando a atividade do sistema

nervoso simptico gerando um estado hipoadrenrgico que promove vasoconstrio na

musculatura e contribui para a elevao dos nveis de presso arterial. Tanto a insulina quanto o

aumento da atividade simptica podem estimular a reabsoro renal de sdio, que tambm

contribui para a elevao da presso arterial (ZANELA; RIBEIRO, 2002).

Autores defendem a possibilidade de a gordura visceral mediar a elevao da presso

arterial atravs da natriurese. A maior reteno de sdio no seria dependente dos nveis sricos

elevados da insulina, mas seria provocada por ativao do sistema renina-angiotensina, por

ativao do sistema nervoso autnomo simptico e ainda por alteraes da hemodinmica intra-

renal, conseqente compresso da medula renal (CARNEIRO, 2003).

2.4.2 Climatrio

O climatrio o perodo de vida da mulher em que ocorre reduo significativa na

produo ovariana de esterides (estrognio e progesterona), porm pode provocar sinais e

sintomas, considerando-se como um estado metablico privativo, de instalao quase sempre

lenta e gradual a partir dos 35-40 anos de idade, prolongando-se at os 60-65 anos (MIRANDA,

1998).

De acordo com pesquisas realizadas por Favarato e Aldrighi, 2001, apenas 6% das

mulheres alcanavam a menopausa, projetando-se que, em 2025, 23% da populao dos pases de

primeiro mundo estaro com mais de 60 anos.

O climatrio se caracteriza por mudanas endcrinas devido ao declnio da atividade

ovariana, mudanas biolgicas em funo da diminuio da fertilidade e mudanas clnicas

conseqentes das alteraes do ciclo menstrual e de uma variedade de sintomas (PEDRO, 2003).

Essas mudanas vm sendo observadas ao longo dos anos, na fase climatrica

resultantes do ganho ponderal, do aumento da gordura corporal pela obesidade e de alteraes na

composio e distribuio do tecido adiposo, associando-se s anormalidades metablicas

implicadas na gnese e progresso da doena cardiovascular (RASKIN, 2000).

Segundo autor citado anteriormente, na fase climatrica, o acmulo da gordura

visceral com distribuio central ou abdominal predominante, caracterizado pelo perfil andride e

encontrado em mulheres climatricas e ps-menopusicas, metabolicamente diferente da

perifrica ou glteo-femural que define o padro ginecide, prevalente no perodo reprodutivo.

Com isto, ocorre aumento do fluxo portal de cidos graxos livres e concentraes sricas

elevadas de triglicrides e LDL-c e reduzidas de HDL-c, quando ausente ou no a

hipercolesterolemia pelo predomnio de adipcitos viscerais de natureza lipoltica e as altas taxas

de liplise abdominal. Ocorre menor sntese de protenas transportadoras de hormnios sexuais,

aumento de testosterona livre e reduo do clearance da insulina, intolerncia glicose,

hipercoagulabilidade e hipofibrinlise associadas hipersecreo de insulina desencadeada pelos

nveis de cidos graxos circulantes, apesar do estado de maior resistncia perifrica.

Vrios estudos evidenciaram, desde a dcada de 60, que a reduo dos nveis de

estrognio era acompanhada pelo aumento da incidncia de doenas cardiovasculares. Verificou-

se, tambm, aumento do risco relacionado s mulheres menopusicas precoces com aquelas ps-

menopusicas. Em contrapartida, as mulheres na ps-menopausa submetidas ao tratamento de

reposio hormonal, apresentam significativa diminuio no risco para doena cardiovascular

(MIRANDA, 1998).

A cada ano que se passa, 2.500.000 mulheres americanas so hospitalizadas por

conseqncia de doenas cardiovasculares, ocorrendo cerca de 500.000 bitos anualmente, sendo

metade desta proporo, atravs de doena arterial coronria (MIRANDA, 1998).

2.4.3 Sedentarismo

O sedentarismo, situao de gasto energtico inferior a 500 Kcal por semana, alm do

gasto calrico basal, um importante fator de risco cardiovascular, o principal em sade pblica,

com prevalncia de 58,8% (CARVALHO, 1998).

Segundo Castro et al, 2004, a ingesto de gordura total, a composio de cidos

graxos da dieta, o colesterol, a fonte de protenas animal e vegetal, fibras e compostos

fitoqumicos so os componentes nutricionais que possuem influncia importante no perfil

lipdico dos indivduos saudveis.

Considera-se este distrbio como um fator de risco de indiscutvel importncia na

maioria dos pacientes com cardiopatia isqumica, comprovando-se que a prtica regular de

exerccios, reduz o risco de doena arterial coronariana, relacionando-se ao aumento dos nveis

de HDL-colesterol, reduo diminuio da resistncia insulina, controle do peso corporal e da

presso arterial e ao alvio do estresse (PORTO, 2005).

Vrios estudos vm sendo evidenciados atravs de caractersticas qualitativas e

quantitativas da dieta e ocorrncia de doenas cardiovasculares, sendo um dos principais fatores

de risco para este distrbio, os hbitos alimentares, na medida em que h elevado consumo de

colesterol, lipdios e cidos graxos por todos os indivduos de todas as populaes do que pela

ingesto de fibras alimentares (CASTRO, 2004).

Os programas de combate s doenas crnicas, principalmente as cardiovasculares,

requer o incremento de atividade fsica, a adoo de hbitos alimentares e medidas para controle

do estresse, sendo imprescindvel conscientizao e motivao de todos os indivduos,

juntamente com apoio, interesse e competncia dos profissionais de sade. Concluindo-se que as

pessoas fisicamente ativas possuem menor incidncia para a hipertenso arterial e os hipertensos

podem diminuir os nveis tensionais atravs da prtica de exerccio fsico (CARVALHO, 1998).

A atividade fsica possui um efeito benfico sobre a expectativa de vida, sendo

responsvel por diversos fatores relacionados morbi-mortalidade, tais como as afeces do

sistema cardiovascular (CARVALHO FILHO, 1996).

importante ressaltar que a prtica de atividades fsicas aerbicas, realizadas trs

vezes por semana e durante trinta minutos benfica para a vida e organismo do paciente

(PORTO, 2005).

A partir de 1950, vrios estudos vm relacionando um maior nvel de atividade fsica

a uma menor incidncia em casos de infarto do miocrdio e morte sbita. Relata-se tambm, que

a prtica regular de exerccios fsicos, associados a um estilo de vida saudvel, pode levar

regresso da aterosclerose coronariana, provocando mudana na morfologia das leses

coronarianas, correlacionando-se negativamente com a progresso da doena aterosclertica e

promovendo a regresso de placas ateromatosas (CARVALHO, 1998).

2.4.4 Tabagismo

Atualmente, o tabagismo considerado como o maior problema de sade pblica

existente, de carter independente, com cerca de um bilho de tabagistas no mundo, responsveis

por um trilho de cigarros consumidos anualmente e sendo um dos fatores de risco principais

para a ocorrncia da aterosclerose (NETO, 1998).

Segundo Ciorlia e Godoy, 2005, este distrbio o fator de risco de fundamental

importncia para a ocorrncia de doenas cardiovasculares, fazendo inmeras vtimas devido a

sua alta prevalncia, principalmente pela aterosclerose.

No Brasil, segundo pesquisas realizadas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia,

2006, cerca de 200 mil pessoas morrem em decorrncia do consumo de cigarros. Em mdia, os

homens fumantes vivem 13 anos a menos que os no fumantes. J com as mulheres fumantes,

isto no acontece, pois o resultado ainda mais preocupante, vivendo 15 anos a menos que as no

fumantes.

Conforme Malbergier, 2001, comum a dependncia da nicotina, sendo que no

Brasil, cerca de um tero da populao adulta fumante.

A partir da Primeira Grande Guerra Mundial, ocorreu aumento de consumo de tabaco

na forma de cigarro, crescendo progressivamente durante a primeira metade deste sculo o

consumo por pessoa cresceu rapidamente durante a primeira metade deste sculo, taxa de 5 a

15% ao ano (RIBEIRO, 1999).

Nos Estados Unidos, h a ocorrncia de cerca de um milho de bitos por ano pela

doena cardiovascular, estimando-se em 600.000 causadas pela doena aterosclertica

coronariana, sendo que 200.000 relacionados ao tabagismo (NETO, 1998).

Com base nos dados citados por Cavalcante, 2005, o consumo global aumentou em

50% durante os anos de 1975 e 1996, embora em muitos pases este perfil venha caindo. Neste

mesmo perodo, o consumo de tabaco aumentou em 8% na China, 6,8% na Indonsia, 5,5% na

Sria e 4,7% em Bangladesh.

O tabagismo responsvel por mais de 20% dos bitos em homens com menos de 65

anos de idade e por 45% acima dessa idade. Calcula-se que seja responsvel por mais de 10% das

mortes por doena coronariana nas mulheres com menos de 65 anos de idade e por mais de 40%

nas com mais de 65 anos O nmero de cigarros consumidos, o tempo de consumo e a idade em

que se iniciou a utilizao do cigarro so danos proporcionais aos causados pelo tabagismo,

relacionados diretamente a 90% dos casos de cncer de pulmo, 80% de bronquite crnica, alm

das doenas do corao. Os fumantes possuem alto risco para desenvolver tanto a aterosclerose

quanto doena coronariana, tornando-se claro por ocorrer um desequilbrio pr-

oxidante/antioxidante, contribuindo relevantemente para estes processos aterognicos (NETO,

1998).

Segundo Americam Cardiology, 1997, houve 1% na reduo do hbito de fumar,

sendo que no primeiro ano, 924 casos de internao por infarto agudo do miocrdio, 538

hospitalizaes e economia de 44 milhes de dlares. Nos ltimos sete anos, houve internao

por infarto do miocrdio em 63.840 casos, 32.261 hospitalizaes e economia de 3,2 bilhes de

dlares.

Hbitos de vida mais saudveis devem ser incentivados por todos os profissionais da

rea de sade, devido alta morbi-mortalidade ocasionados pelo vcio de fumar. Pesquisas

indicam que, aps doze meses de cessao do fumo, os efeitos benficos para o aumento do risco

de ocorrerem doenas cardiovasculares passam a ser claramente percebidos e, entre trs a cinco

anos aps a interrupo do fumo, o risco de doena do corao similar ao dos indivduos que

nunca fumaram (BRAUNWALD, 1999).

O tratamento desta doena feito atravs do uso de medicamentos; hipnose para

eliminao do hbito de fumar; produo de averso do tabaco, mas de risco aos coronariopatas,

bronquticos, enfisematosos e hipxicos, com aumento da freqncia cardaca e presso arterial e

provoca broncoespasmo, prevalecendo alto ndice de fracasso. Acupuntura, provocando liberao

de endorfinas capazes de aliviar os sintomas de supresso do tabaco; o tratamento tambm consta

de clnicas e centros para se deixar de fumar e; modificao no comportamento, dado atravs de

aulas educativas em grupos ou individuais, programa de cinco dias, desenvolvido pela Igreja

Adventista do Stimo Dia, por deciso prpria ou autoconscientizao de abandonar o vcio,

aconselhamento mdico e programas nacionais de combate ao tabagismo (NETO, 1998).

2.4.5 Dislipidemias

Dislipidemia significa um desvio anormal no valor de uma ou mais fraes lipdicas

do plasma. Esses distrbios so capazes de causar doena aterosclertica, sendo a doena arterial

coronariana a principal delas (GUIMARES, 1998 apud PORTO, 1998, p.121).

Aceita-se a hiptese da ocorrncia de agresso endotelial, como fumo, lpides,

infeco, que provocariam maior reteno de LDL no espao subendotelial e adeso leucocitria

na superfcie endotelial. Por isso, quanto maior a concentrao de LDL na corrente sangnea,

maior a sua passagem para o espao subendotelial. Ocorre oxidao da LDL, sendo fagocitada

por macrfagos e dando origem a clulas espumosas. Com isto, h liberao de citocinas,

estimulando a migrao e proliferao de clulas musculares, como as plaquetas, que se agregam

e formam os trombos. Sendo que as leses passam por diversos estgios: clulas espumosas,

estria gordurosa, leso gelatinosa e ateroma propriamente dito (BOTELHO, 2000).

A hipertrigliceridemia o distrbio mais caracterstico nos indivduos que

apresentam nveis elevados de triglicerdios, sendo o excesso de bebida alcolica, a causa mais

comum de hiperlipidemia (VIEIRA, 1998).

Este distrbio pode ser classificado conforme os exames laboratoriais, tais como a

hipercolesterolemia isolada, hipertrigliceridemia isolada, hiperlipidemia mista e reduo isolada

do HDL-colesterol ou associada elevao dos triacilgliceris ou LDL-colesterol (CASTRO,

2004).

A etiologia desta doena pode estar relacionada resistncia insulnica, onde a

concentrao plasmtica se encontra elevada e o HDL-c est reduzida, devido a um menor

metabolismo de lipoprotena de muito baixa intensidade (PORTELLA, 2006).

O nvel de colesterol um fator potente no desenvolvimento de manifestaes

maiores de coronariopatia, angina pectoris e IAM. A cada 1% de aumento no colesterol, o risco

para DAC aumenta 1 a 2%. Por outro lado, os baixos nveis de HDL so uns fatores de risco para

DAC. Tem-se visto que para cada mg/dl de diminuio no HDL, o risco para DAC aumenta de 2

a 3% (BOTELHO, 2000).

2.4.6 Alcoolismo

O alcoolismo definido como uma doena crnica na qual o paciente consome

lcool sem limites, em quantidades crescentes, tornando-se progressivamente dependente dele e

tolerante aos seus efeitos txicos (VIEIRA; TRAJMAN; BRANCO, 1998, apud PORTO, 1998).

O consumo de lcool possui uma ao complexa sobre as doenas cardiovasculares e

o excesso de bebida alcolica aumenta o risco de mortalidade na populao de todo o mundo.

Contudo, o consumo espordico, possui efeitos protetores devidos, principalmente s alteraes

nos nveis de HDL-c e LDL-c no sangue e mecanismos endoteliais existentes (BRAUNWALD,

1999).

Segundo Almeida e Coutinho, 1993, a caracterstica do abuso e dependncia de

bebidas alcolicas considerada um problema de sade pblica de fundamental importncia para

a epidemiologia. O alcoolismo apontado como a segunda causa de internao psiquitrica e de

aposentadoria por invalidez, absentesmo, acidentes de trabalho e trnsito.

O uso excessivo de lcool possui efeito hipertensivo, reversvel aps uma semana de

abstinncia, considerando-se a hipertenso arterial primria como a mais freqente e, cerca de

30% dos alcolatras so hipertensos H incidncia alta de aterosclerose na populao das pessoas

que ingerem altas doses de lcool, decorrentes da hipertenso arterial e dos distrbios

metablicos, resultantes da ingesto de bebida alcolica (VIEIRA, 1998).

Estudos revelaram reduo do risco de bito por doena cardaca isqumica,

independente da quantidade consumida, podendo ser explicada pelo mecanismo de ao

antitrombtica, por inibio da funo plaquetria e, pela elevao dos nveis de cido rico,

verificada em indivduos com consumo prolongado de bebidas alcolicas. A manuteno destas,

como forma de hbitos, relaciona-se com o pior prognstico, com expectativa de vida de 10 a 12

anos menor que a da populao abstmia (VIEIRA, 1998).

A abordagem teraputica para o tratamento do alcoolismo deve ser multidisciplinar,

com especialistas, tais como, os clnicos, cardiologistas, gastrenterologistas, psiquiatras,

psiclogos e terapeutas ocupacionais. O tratamento mais importante a abstinncia, atravs de

terapia em grupos de auto-ajuda, ou internao em clnica de recuperao para desintoxicao,

eficazes apenas em 30% dos casos, apresentando altos ndices de recadas. Para normalizar os

nveis de hipertenso arterial, deve-se aderir supresso do consumo alcolico. Quanto

insuficincia cardaca, o tratamento deve ser a abstinncia, promovendo a melhora hemodinmica

(VIEIRA, 1998).

2.4.7 Diabetes melito

O diabete um importante problema de sade pblica no Brasil e atinge cerca de

4.500.000 de indivduos, com significativa morbidade e mortalidade (BRAGA; LABRUNIE;

GUIMARES, 1998).

Caracteriza-se este distrbio atravs de um grupo heterogneo determinado pelo

aumento dos nveis glicmicos (hiperglicemia), por deficincia na produo ou resistncia

insulina. Pode ser classificado em: diabetes tipo I ou insulino-dependente (freqente na infncia e

adolescncia) e diabetes tipo II ou no-insulino-dependente (freqente em indivduos mais velhos

e obesos) (BOTELHO, 2000; BRAGA; LABRUNIE, GUIMARES, 1998).

O sistema cardiovascular interferido pelo diabete mellitus, levando a

anormalidades metablicas e hemostticas que aceleram o desenvolvimento e a gravidade da

aterosclerose e suas complicaes, principalmente a cardiopatia isqumica e o acidente vascular

cerebral, alm de complicaes vasculares perifricas, incluindo-se os rgos atingidos, os rins,

olhos e o sistema nervoso autonmico (BRAGA, LABRUNIE, GUIMARES, 1998).

O perfil nosolgico das sociedades contemporneas, caracterizado por uma mudana

em direo s doenas crnico-degenerativas, faz-se sentir tambm na maioria dos pases de

terceiro mundo, conferindo-lhes uma tendncia de morbimortalidade semelhante a dos pases

desenvolvidos (MORAES; SOUZA, 1996).

Ao se diagnosticar o diabete em indivduos adultos, deve-se estar atento aos sintomas

clssicos desta doena como a polidipsia, poliria, polifagia e perda de peso e elevao da

concentrao plasmtica de glicose, pacientes com glicemia de jejum igual ou superior a 140

mg/dl, ou pacientes que tiverem glicemia de jejum menor a 140 mg/dl, mas que apresentaram

valores iguais ou superiores a 200 mg/dl no teste de tolerncia glicose oral, obesidade visceral,

dislipidemia, microalbuminria (BRAGA, LABRUNIE, GUIMARES, 1998; RIBEIRO

FILHO; ZANELLA, 2005).

Nos pases em desenvolvimento, o declnio verificado na mortalidade por doena

isqumica do corao, no pode ser explicado pelo aumento no nvel dos fatores para doenas do

corao. J no municpio de So Paulo, a prevalncia desta enfermidade, pde-se comparar 9,6%

relacionado s taxas dos pases desenvolvidos, atribuindo-se diabete como um problema de sade

pblica (MORAES; SOUZA, 1996).

comum ocorrer comprometimento ateroesclertico das artrias coronarianas, dos

membros inferiores e das cerebrais nos pacientes com diabetes melito (DM) do tipo 2,

constituindo a principal causa destes pacientes. Podem ocorrer em estgios precoces do DM,

apresentando-se difusa e gravemente do que em pessoas sem DM. Alm disso, pacientes com

DM podem apresentar problemas de viso, doena renal (nefropatia diabtica) e dano neuronal

(neuropatia sensitiva distal), denominadas de complicaes microangiopticas (SCHEFFEL,

2004).

Dentre os vrios fatores que podem causar DM do tipo 2, esto o carter hereditrio,

os fatores ambientais, a ao medicamentosa, as leses pancreticas, a hiperglicemia, a

hipertenso arterial sistmica, a dislipidemia e o tabagismo; incluindo-se tambm os fatores como

disfuno endotelial, estado pr-trombtico e inflamao (BOTELHO, 2000; SCHEFFEL, 2004).

O tratamento para essa enfermidade pode ser realizado atravs de modificaes

dietticas, perda de peso ou uso de drogas antidiabticas orais. Mas, a prtica de exerccios

fsicos a mais indicada na contribuio de uma melhor qualidade de vida aos portadores de

diabetes (CREPALDI, 2005).

2.4.8 Gentica

A hipertenso arterial um dos mais importantes fatores de risco cardiovascular,

considerada como uma doena multifatorial, na qual ocorrem interaes genticas ou ambientais

levando ao aumento da presso arterial. Este aumento da presso arterial pode ser dado atravs

de consumo elevado de sal, obesidade, resistncia insulina, sistema-renina-angiotensina-

aldosterona e sistema nervoso simptico, sendo que estes mecanismos no so compreendidos

por completo (AMODEO, 2003; BARRETO-FILHO, 2003).

O sistema renina-angiotensina pode ser definido como um sistema endcrino,

produzindo componentes enzimticos em locais bem delimitados, no qual sua substncia ativa ou

peptdeo efetor, denominado angiotensina II, exerce sua funo em rgos-alvo distantes do local

de sua produo (IRIGOYEN, 2003; NOBRE, 1998).

O sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRA) fato comprovado no

envolvimento da fisiopatognese da hipertenso arterial e das leses de rgo-alvo, associados

hipertenso, e pode ser caracterizado por um complexo sistema hormonal, com funo no

controle da presso arterial e homeostasia hidroeletroltica (BARRETO-FILHO, 2003;

OLIVEIRA, 2003).

Mecanismos de adaptao do ser humano tm sido demonstrados durante a evoluo

da espcie, conforme as suas necessidades de sobrevivncias nos mais variados tipos de

ambiente, mais encontrada na populao negra norte-americana, relacionada interao gene-

ambiente (AMODEO, 2003).

A hipertenso arterial envolve alteraes estruturais das artrias e do miocrdio,

associando-se disfuno endotelial e constrio e remodelamento da musculatura lisa vascular,

relacionadas com os fatores de risco e/ou leses de rgos-alvo (BRANDO, 2003).

O aumento da atividade simptica, conseqente a hiperinsulinemia e que induz

vasoconstrio, seria contrabalanada pela ao direta vasodilatadora da insulina. Em indivduos

com predisposio gentica hipertenso, nos quais a ao vasodilatadora da insulina estaria

prejudicada, o aumento da atividade simptica induzida pela hiperinsulinemia poderia ser

responsvel pela elevao dos nveis pressricos. Isto explicaria a elevao da presso arterial

nos pacientes, medida que se eleva o IMC (CARNEIRO, 2003).

2.4.9 Doenas renais

Nos ltimos 20 anos, nos Estados Unidos, tem havido reduo na taxa de mortalidade

cardiovascular, na populao em toda extenso de seu territrio. Porm, no se observou nos

indivduos portadores de doena renal crnica, onde as principais causas da mortalidade nestes

pacientes tm sido devido s complicaes cardiovasculares e infecciosas (AMODEO, 1998).

A hipertenso arterial, apresenta-se como fator causal da insuficincia renal, em cerca

de 25% dos indivduos, submetidos dilise crnica, necessitando de transplante renal, obtendo-

se tambm, maior importncia, quando existe a associao da hipertenso e diabetes mellitus.

Com isso, ocorre comprometimento das estruturas vasculares renais (ALMEIDA, 2003).

A hipertenso e funo renal esto intimamente relacionadas, podendo a hipertenso

ser tanto a causa como a conseqncia de uma doena renal. Hipertenso arterial, nas formas

maligna ou acelerada, sabidamente pode determinar um quadro grave de leso renal, de natureza

microvascular, caracterizada por proliferao miointimal ou necrose fibrinide, a nefrosclerose

maligna que pode levar, com grande freqncia, em pouco tempo, se no tratada, a um quadro de

insuficincia renal crnica terminal (BORTOLOTTO; PRAXEDES 2005).

Os fatores que podem levar alta incidncia de doena cardiovascular, compreendem

desde o nmero de pacientes idosos iniciantes de um programa dialtico at uma alta prevalncia

de diabetes e hipertenso arterial, afetando os rins, aumentando progressivamente desde meados

dos anos 60, onde pacientes com faixa etria acima dos 55 anos de idade e que apresentam

diabetes e hipertenso arterial, submetem-se ao incio de um programa de dilise (AMODEO,

1998).

Contudo, Bortolotto e Praxedes, 2005, declara a necessidade de investigao clnica

para diagnstico desta doena por indicadores renais e sistmicos, atravs de exame de urina,

proteinria quantitativa, avaliao da funcionalidade renal e imagens renais, determinando-se a

natureza da doena e o grau de comprometimento. O diagnstico tambm pode ser realizado pela

ultra-sonografia, a fim de avaliar as estruturas do rim, suas dimenses e espessura do crtex, a

rea de definio, potencial da recuperao renal, deteco de cistos, clculos, tumores e outras

alteraes.

A fisiopatologia da HAS, na grande maioria dos pacientes com insuficincia renal

aguda, relaciona-se com a sobrecarga de volume e/ou com o sistema renina-angiotensina-

aldosterona, sendo mais grave quando a atividade da renina plasmtica estiver elevada

(AMODEO, 1998).

Outro fator agravante e complicante para a hipertenso arterial so a instalao de

placa aterosclertica nas artrias renais, adquirindo carter renovascular, medida que a

obstruo seja capaz de causar isquemia renal. Mas, as conseqncias mais srias, ocorrem nas

arterolas e glomrulos. H espessamento das camadas muscular e elstica da parede das

arterolas, fazendo com que acontea reduo do fluxo efetivo para as estruturas a jusante,

promovendo liberao de renina, o que agrava cada vez mais a hipertenso, levando ao

comprometimento glomerular (ALMEIDA, 2003).

A insuficincia renal aguda definida como a perda rpida da funo renal associada

s alteraes da urina e reteno de escrias nitrogenadas e, de instalao em horas, dias ou

semanas. Pode ser oligrica ou no oligrica, subdividindo-se em pr-renal, renal e ps-renal

(AMODEO, 1998).

2.5 Atividade Fsica

2.5.1 Conceito

Atividade fsica a atividade realizada pelo corpo, dirigindo-se preservao e

recuperao da sade e/ou aprimoramento da aptido fsica, para um melhor desempenho

desportivo (ROBERGS, 2002; CARVALHO, 1998).

2.5.2 Exerccios anaerbicos x exerccios aerbicos

A prevalncia da hipertenso arterial no Brasil atinge cerca de 22% a 44% em toda a

populao urbana adulta, onde a maior incidncia ocorre em pessoas obesas, sedentrias e

consumidoras de sal e lcool (RONDON, 2003).

As clulas musculares armazenam quantidades limitadas de ATP e, com isto,

necessita-se que o exerccio muscular tenha suprimento constante de ATP para fornecimento de

energia, devendo existir vias metablicas capazes de produzirem rapidamente ATP. Dentre essas

vias metablicas, inclui-se a via anaerbica, responsvel pela formao de ATP atravs da

degradao de creatina fosfato e da gliclise sem o uso de oxignio e; a via aerbica, utilizando-

se o oxignio, responsvel pela formao oxidativa de ATP (POWERS; HOWLEY, 2000).

Segundo autor citado anteriormente, importante enfatizar a interao das vias

metablicas aerbicas e anaerbicas, capazes de gerarem energia suficiente para a maioria dos

mais variados tipos de exerccios que devem ser executados por todos os indivduos. Enquanto o

metabolismo anaerbico contribui na produo de adenosina trifosfato em exerccios curtos e de

alta intensidade, o aerbico predominante em exerccios longos. Sendo que os estoques de

adenosina trifosfato e creatina fosfato so limitados, necessitando-se de suprimento da gliclise

em boa parte dos ATPs nesse tipo de evento.

A funo cardiovascular imposta ao estresse crnico causado pela hipertenso

arterial, sendo que as presses sistlica e diastlica no repouso e durante o exerccio submximo

podem sofrer redues moderadas quando se realiza treinamento aerbico regular (MCARDLE,

1998).

A eficincia global da respirao aerbica de aproximadamente 40%, sendo os

60% restantes da energia liberados com o calor.

O exerccio fsico aerbico promove efeito hipotensor nos indivduos hipertensos e

provoca importantes adaptaes autonmicas e hemodinmicas, influenciando o sistema

cardiovascular (RONDON, 2003; FORJAZ, 2003).

Portanto, Pinto, 2003, o treinamento aerbio, nos indivduos hipertensos atua na

reduo das presses sistlica e diastlica e, quando ativos, a taxa da mortalidade menor em

relao aos indivduos sedentrios.

De acordo com autor citado anteriormente, os exerccios resistidos so caracterizados

pela ocorrncia de contraes voluntrias da musculatura esqueltica de um determinado

segmento corporal contra uma resistncia, determinada atravs da prpria massa muscular, ou por

elsticos, aparelhos de musculao, ou resistncia manual (FORJAZ, 2003).

Estes exerccios podem ser realizados com intensidade leve (40% a 60% de carga) e

de 20 a 30 repeties para aumento da resistncia muscular. J o exerccio de intensidades maior,

com carga acima de 70%, deve ser feito de 8 a 12 repeties, obtendo-se aumento da massa

muscular e da fora da musculatura envolvida no exerccio, podendo ser chamado de exerccio

fora/hipertrofia (FORJAZ, 2003).

2.5.3 Fisiologia do exerccio fsico (adaptaes circulatrias ao exerccio)

Cerca de mais de 7.570 litros de sangue fluem diariamente dentro das cmaras

cardacas, porm, dentro do miocrdio no passa nenhum percentual de sua nutrio, no

existindo canais circulatrios diretos que realizam conexo com a poro superior do corao e

formada por vasos visivelmente em rede anlogo a uma coroa (MCARDLE, 1998).

Segundo autor citado acima, as artrias coronrias direita e esquerda derivam da parte

superior da poro ascendente da aorta, localizando-se acima das vlvulas semilunares, formando

espirais ao redor da superfcie externa do corao; a coronria direita irriga o trio e ventrculo

direitos, enquanto o maior volume de sangue flui na artria coronria esquerda para dirigir-se ao

trio e ventrculo esquerdos e a uma pequena parte do ventrculo direito, dividindo-se e formando

uma densa rede capilar dentro do miocrdio. A seguir o sangue deixa os tecidos do ventrculo

esquerdo atravs do seio coronrio, o sangue proveniente do ventrculo direito sai atravs das

veias cardacas anteriores, que desguam diretamente no trio direito.

A captao de oxignio pelo miocrdio quase completa mesmo que o fluxo

sangneo coronariano seja normal, determinando-se atravs de fatores mecnicos, envolvendo o

desenvolvimento de tenso dentro do miocrdio e sua contratilidade, e a freqncia cardaca,

havendo pouca capacidade de reserva para aumentar a oferta de oxignio (CHEITLIN, 1996;

MCARDLE, 1998).

As alteraes da freqncia cardaca e da presso arterial que ocorrem durante o

exerccio refletem o tipo e a intensidade do exerccio realizado, de sua durao e das condies

ambientais sob as quais o trabalho foi executado. A presso sistlica aumenta em proporo

captao de oxignio e ao fluxo sangneo durante exerccio progressivo, enquanto a presso

diastlica se mantm relativamente inalterada ou aumenta ligeiramente. Por exemplo, a

freqncia cardaca e a presso arterial, numa determinada captao de oxignio, so maiores

durante o trabalho de brao em comparao com o trabalho de perna. Alm disso, o exerccio

numa condio quente/mida resulta em freqncias cardacas mais elevadas em comparao

com o mesmo exerccio num ambiente frio (POWERS; HOWLEY, 2000; MCARDLE, 1998).

O aumento da freqncia cardaca, da contratilidade e do desenvolvimento de tenso

dentro do miocrdio durante os exerccios, leva ao ajuste do fluxo sangneo miocrdico de modo

que haja equilbrio do suprimento com a demanda de oxignio (MCARDLE, 1998).

A freqncia cardaca e o dbito cardaco aumentam em proporo direta captao

de oxignio, sendo que no repouso o miocrdio extrai em torno de 80% do oxignio fluente

atravs das artrias coronrias, necessitando-se do aumento do fluxo sangneo coronariano e,

conseqentemente, sintetizao de adenosina-trifosfato para a supresso de energia na contrao

muscular, aumentando assim, o suprimento de oxignio que chega ao msculo. Contudo, tanto o

dbito cardaco quanto a freqncia cardaca atingem um plat a 100% do volume de oxignio

mximo, o que representa um teto mximo d transporte de O2 aos msculos esquelticos em

exerccio e ocorre quando atingindo a captao mxima de O2 (POWERS; HOWLEY, 2000;

MCARDLE, 1998).

No incio do exerccio ocorre um rpido aumento da freqncia cardaca, do volume

de ejeo e do dbito cardaco. O aumento da freqncia cardaca e do dbito cardaco se d no

primeiro segundo aps a contrao muscular. Se a taxa de trabalho for constante e abaixo do

limiar de lactato, um plat de estabilidade da freqncia cardaca, do volume de ejeo e do

dbito cardaco atingido em dois ou trs minutos, similarmente analisada durante a captao

de oxignio quando se inicia o exerccio (POWERS; HOWLEY, 2000).

O miocrdio dever ser irrigado com oxignio, pois se trata de um tecido aerbico e

os distrbios do fluxo sangneo provocam dor anginide e o bloqueio de uma artria coronariana

ocasiona dano irreversvel ao msculo cardaco (MCARDLE, 1998).

2.5.4 A atividade fsica na preveno de doenas cardiovasculares

Antes de se iniciar um programa de atividade fsica, necessita-se de uma cuidadosa

histria clnica e exame fsico, de modo a identificar alguma instabilidade clnica recente, nos

casos de arritmias, isquemia ou falncia cardaca e uma possvel obstruo grave do trato de sada

ventricular. Mas, o exame no deve se restringir somente ao aparelho cardiovascular. Exige-se

observar o paciente como um todo, na procura de algum distrbio, seja este ortopdico,

pulmonar, neurolgico ou vascular (RACHID, 2000).

Ao trmino da avaliao clnica, estudam-se os grupos indicados e no indicados para

a prtica de exerccios fsicos. Nos casos de indicaes, incluem-se os no cardiopatas sem risco

para a realizao de exerccios de mdia intensidade, cardiopatas estveis com baixo risco para

exerccios de mdia intensidade, cardiopatas graves estveis que apresentam risco de moderado a

alto para exerccios de mdia intensidade e, cardiopatia instvel de risco inaceitvel, este ltimo

dever ser estabilizado antes da realizao da atividade fsica (DARGAINS, 2000).

A importncia de modificar o estilo til devido ao baixo custo e risco mnimo;

reduo da presso arterial, levando ao controle de vrios outros fatores de risco, aumento da

eficcia do tratamento medicamentoso e diminuio do risco cardiovascular (CONSENSO

BRASILEIRO DE HIPERTENSO, 1998).

Essa mudana no estilo de vida realizada atravs de atividades fsicas regulares,

provoca reduo no risco para DAC, melhorando a capacidade cardiorrespiratria e diminuio

dos fatores de risco na incidncia dessas doenas como a hipertenso arterial, diabetes, obesidade

e anormalidade no perfil lipoprotico (TAKATSUJI, 2003).

Segundo DARGAINS, 2000, as contra-indicaes podem ser divididas em absolutas

e relativas para a prtica de exerccio fsico, sendo citadas a seguir.

Contra-indicaes absolutas:

Angina instvel

PAS >200mmHg ou PAD >120mmHg em repouso

Estenose artica severa

Doena sistmica aguda ou presena de febre

Arritmia atrial ou ventricular no controlada

Taquicardia sinusal no controlada (FC >120bpm)

Insuficincia cardaca descompensada

Bloqueio AV de 3 grau sem marcapasso

Miocardite ou pericardite ativa

Embolia recente

Tromboflebite

Infradesnvel de ST > 2mm de inicio recente

Diabetes no controlada

Problemas ortopdicos que possam se agravar com o exerccio

Tireoidite, hipovolemia, hipo ou hiperpotassemia

Contra-indicaes relativas:

Extra-sstoles ventriculares bigeminadas

Bloqueio AV 3 grau

Cardiomiopatia hipertrfica obstrutiva

Distrbios metablicos no compensados (diabete melito, anemia, distrbios

hidroeletrolticos, tireotoxicose, mixedema)

Distrbios neuromusculares e osteoarticulares incapacitantes

Estenose artica moderada

Aneurisma ventricular

Marcapasso de freqncia fixa

Taquiarritmias ou bradicardias

Insuficincia respiratria de moderada a grave

Distrbios psiconeurticos

A informao, nvel de escolaridade e acesso a bens e servios, tem sido insuficientes

para que a populao do mundo faa mudana em seu estilo de vida, a fim de evitar doena

cardiovascular. No entanto, a interveno para que todos tenham uma qualidade de vida melhor,

precisa-se de ambientes coletivos (escolas, ambientes de trabalho ou moradia, grupos religiosos

ou de outra natureza) com o objetivo de organizar, elaborar e implantar campanhas, divulgando a

importncia da atividade fsica na preveno de doenas cardiovasculares, principalmente na rea

da educao, onde todos possam trocar idias a respeito do assunto, as suas dvidas, temores em

relao sade e analisar essas idias frente vida e morte (CHOR, 1999).

O nus econmico das doenas cardiovasculares de grande preocupao devido ao

alto risco para a sociedade, famlias e indivduos, principalmente quando atinge o capital social e

humano a longo perodo de deficincia, mortalidade prematura, assistncia mdica e mtodos

diagnsticos caros (MATOS, 2003).

As desigualdades sociais so fatores determinantes para a obesidade, hipertenso

arterial, hipercolesterolemia, tolerncia reduzida glicose e diabetes, inatividade fsica,

tabagismo, alcoolismo e consumo de alimentos ricos em gordura animal e, se no forem

reduzidas, os controles de risco para as doenas cardiovasculares, obtero pouca influncia na

morbimortalidade (MATOS, 2003).

O exerccio fsico tem por objetivo reduzir a presso arterial, alm de aumentar ganho

energtico, auxiliando na ocorrncia de um dficit energtico para a perda de peso, necessitando-

se que o paciente realize programas de restrio alimentar associado atividade fsica,

aumentando assim, a perda de peso; traz benefcio no tratamento das dislipidemias, resistncia

insulina, abandono do tabagismo, controle do estresse, contribuindo para a diminuio do risco

de desenvolvimento da hipertenso em indivduos normotensos (BOTELHO, 2000; CONSENSO

BRASILEIRO DE HIPERTENSO, 1998).

A atividade fsica considerada como tratamento no-farmacolgico, auxiliar na

reduo das dosagens dos medicamentos utilizados pelos hipertensos. Mas, para que isso ocorra,

preciso mudanas no estilo de vida, como perda de peso, reduo na ingesto de sdio e lcool

e prtica de atividade fsica regular (RONDON, 2003; FORJAZ, 2003).

Segundo Silva, 2001, exerccios isomtricos, como levantamento de peso, no so

indicados aos indivduos hipertensos, sendo que os usurios de medicamentos anti-hipertensivos

interferem na freqncia cardaca, necessitando-se de uma avaliao mdica.

Atualmente, os exerccios fsicos regulares so recomendados na preveno e

tratamento no medicamentoso da hipertenso arterial, onde a prtica de atividades fsicas

moderadas auxilia na manuteno da presso arterial controlada, reduzindo os nveis de acar no

sangue, melhorando a circulao sangnea, controlando a obesidade, liberando uma sensao de

bem-estar geral a todos os indivduos que realizam esses tipos de exerccios (TAKATSUJI,

2003).

O exerccio submximo resultante da freqncia cardaca e presso arterial elevadas

devido a um aumento da atividade do sistema nervoso simptico, comparadas ao trabalho

realizado em um ambiente neutro. Se o exerccio for mximo (como na corrida de 400m), haver

aumento da freqncia cardaca e da presso arterial antes de iniciar o exerccio, no alterando

freqentemente os valores da FC ou da PA mximas durante a atividade (POWERS; HOWLEY,

2000).

Alteraes autonmicas e hemodinmicas so fatores provocados pelo treinamento

fsico aerbico, influenciando no sistema cardiovascular, exemplificando-se com a bradicardia de

repouso, reduo da atividade simptica renal e da atividade nervosa simptica muscular, assim

como o baixo dbito cardaco em ratos hipertensos. Logo, o treinamento fsico aumenta a

bradicardia e taquicardia reflexas em animais e homens (RONDON, 2003).

Contudo, Takatsuji, 2003, os exerccios aerbicos so os mais indicados, utilizando-

se grandes quantidades de oxignio, colocando em ao grandes grupos musculares, realizando-

se esses treinamentos pelo menos trs vezes semanais, com durao de quinze a sessenta minutos

e com intensidade moderada, por exemplo, correr, danar, caminhar, nadar e andar de bicicleta.

Exerccios de respirao lenta e profunda, tcnicas de relaxamento e alongamento auxiliam na

reduo da presso arterial no muito elevada.

Com o desenvolvimento do mundo, o homem veio ganhando tecnologias novas,

desenvolvendo hbitos sedentrios, no por falta de atividade fsica, mas as relacionadas com o

dia-a-dia, tais como subir escadas, levantar-se para atender ao telefone, ou qualquer outra

atividade que requer movimento, favorecendo ao acmulo de gordura (BOTELHO, 2000).

Modificaes dietticas, perda de peso ou uso de drogas antidiabticas orais so o

tratamento para diabetes mellitus. O exerccio fsico outro fator contribuinte para a preveno

de diabetes, melhorando assim, a qualidade de vida do diabtico (CREPALDI, 2005).

Desta forma, o exerccio reduz o nmero de clulas adiposas, os cidos graxos livres

e a glicose so deslocados para o tecido muscular, aumentando a incorporao e oxidao dos

substratos. Se o exerccio for prolongado, h reduo no uso de glicose, elevando a dependncia

dos cidos graxos (BOTELHO, 2000).

Em estudo realizado com 1728 homens e mulheres diabticos, durante perodo de um

ano, controlando a alimentao e praticando exerccios moderados regularmente, reduziu-se em

42% o risco dessa doena (CREPALDI, 2005).

Para que haja esse efeito, precisa-se que se faam orientaes quanto monitorizao

da glicemia, associado alimentao equilibrada e dieta adequada, ingesto hdrica apropriada e,

prtica de atividade fsica, tomando-se cuidado para evitar exerccio na regio onde foi aplicada a

insulina (BOTELHO, 2000).

A prevalncia da hipertenso arterial no Brasil atinge cerca de 22% a 44% em toda a

populao urbana adulta, onde a maior incidncia ocorre em pessoas obesas, sedentrias e

consumidoras de sal e lcool (RONDON, 2003).

Estudos recentes evidenciam que, nveis diminudos de lipoprotenas de densidade

alta (HDL-c) aumentam o risco de arteriosclerose coronariana, enquanto os nveis plasmticos

elevados de HDL-c diminuem a incidncia de arteriosclerose coronariana e aumentam a

expectativa de vida (BESTETTI, 1984).

O exerccio fsico considerado como tratamento no-farmacolgico, auxiliar na

reduo das dosagens dos medicamentos utilizados pelos hipertensos. Mas, para que isso ocorra,

preciso mudanas no estilo de vida, como perda de peso, reduo na ingesto de sdio e lcool

e prtica de atividade fsica regular (RONDON, 2003; FORJAZ, 2003).

Mas nas ltimas dcadas, vem-se tendo interesse cientfico quanto aos efeitos

cardiovasculares atravs de exerccio resistido para causar algum efeito sobre a hipertenso

arterial, o que um motivo de preocupao e discusso quanto indicao e contra-indicao

deste tipo de exerccio aos pacientes hipertensos (FORJAZ, 2003).

A prtica regular de exerccios, nos pacientes obesos, aumenta o gasto energtico,

criando dficit de energia necessrio para a reduo do peso, associada aos programas elaborados

de restrio alimentar e sendo importante para se manter o peso (BOTELHO, 2000).

O tratamento para o tabagismo determinado pelo mdico, desde o abandono do

tabagismo, reduzindo o risco de cncer e doenas pulmonares e, por apresentar riscos doena

arterial coronariana, doena neural perifrica e morte (CONSENSO BRASILEIRO DE

HIPERTENSO, 1998).

Assim sendo, Issa, 2005, afirma a interrupo desta doena, reduzindo em 50% os

eventos coronrios, quando realizado em preveno primria at dois anos depois do abandono

do fumo. Com relao preveno secundria, ocorre reduo em mais de 35% a morbidade e

mortalidade por doenas cardiovasculares.

Os benefcios dos exerccios nas dislipidemias abrangem desde a reduo do risco de

trombose, dos triglicrides, aumento do HDL pela elevao da atividade da lipase lipoprotica,

diminuio de LDL pequenas e densas, afetando efetivamente na distribuio e liplise no tecido

adiposo (BOTELHO, 2000).

O efeito da atividade fsica benfico na populao em geral, sendo importante

salientar a compreenso das respostas fisiolgicas ao exerccio em indivduos portadores de

diabetes melito insulino-dependente e em portadores de diabetes melito no insulino-dependente

(BOTELHO, 2000).

Para se prevenir o risco de doena cardiovascular nos alcolatras, o fator mais

importante a abstinncia. Mas, preciso tambm que se estimulem campanhas dirigidas ao

consumo excessivo do lcool para que os indivduos tenham conscientizao do que esta doena

pode lhe ocasionar (VIEIRA, 1998).

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Segundo Gil (1994), delineamento refere-se ao planejamento da pesquisa em sua

dimenso mais ampla, envolvendo tanto a sua diagramao quanto previso de anlise e

interpretao dos dados.

Os estudos transversais ou de prevalncia investigam a presena de doenas ou

aspectos positivos da sade em um grupo ou populao em um dado momento. Segundo Hulley

et al, 2001, os delineamentos transversais so teis quando se quer descrever variveis e seus

padres de distribuio. Neste tipo de estudo, todas as medidas so feitas em uma nica ocasio.

3.1 Tipo de pesquisa

A pesquisa realizada caracterizou-se como descritiva que conforme Rudio (1998, p.

56), [...] est interessada em descobrir e observar fenmenos, procurando descrev-los,

classific-los e interpret-los.

Com relao ao objetivo primordial deste tipo de pesquisa, Gil (1994, p. 46) destaca

[...] a descrio das caractersticas de determinada populao ou fenmeno, ou, ento, o

estabelecimento de relaes entre variveis.

3.2 Populao/ Amostra

Indivduos atendidos no ambulatrio de especialidades mdicas da Unisul na cidade

de Tubaro - SC, com idade entre 20 e 69 anos, presentes no local da coleta nos dias em que a h

atendimento de Clnica Mdica quando a pesquisadora estivesse presente.

3.3 Critrios de incluso

Indivduos atendidos no ambulatrio de especialidades mdicas da Unisul na cidade

de Tubaro - SC, com idade entre 20 e 69 anos, que tivessem condies fsicas e psquicas para

responder a entrevista e que aceitassem participar voluntariamente do estudo assinando o termo

de consentimento informado (Anexo A).

3.4 Critrios de excluso

Indivduos que apresentem :

Incapacidade de responder as questes;

Retardo mental.

3.5 Instrumentos utilizados na coleta de dados

Os dados foram coletados, aps a assinatura do termo de consentimento informado

(anexo), sob a forma de Entrevista, utilizando-se para isso um roteiro (apndice), visando

informaes acerca de fatores de risco para doena coronariana e padro de atividade fsica.

3.6 Procedimentos utilizados na coleta de dados

3.6.1 Perodo da coleta

A coleta de dados foi executada durante os meses de setembro e outubro do ano de

2006, no perodo matutino (quatro vezes por semana), sendo que o entrevistador dirigiu-se ao

ambulatrio de especialidades mdicas da Unisul. Em cada visita, todos os adultos de 20 a 69

anos de idade que estiveram presentes na sala de espera para atendimento mdico foram

entrevistados.

O procedimento inicial para a coleta dos dados foi a apresentao do entrevistador,

seguida pela explicao dos propsitos da pesquisa e solicitao da participao voluntria dos

indivduos, procedendo-se a seguir assinatura do termo de consentimento informado. Aps, a

entrevista foi realizada.

3.6.2 Entrevista

Os indivduos sero entrevistados pela pesquisadora, respondendo s perguntas diretas

que integram o roteiro proposto para a entrevista (apndice A). Caso o entrevistado no entenda a

questo, esta ser repetida pela entrevistadora at que o indivduo estivesse apto a respond-la.

A entrevista ser do tipo semiestruturada, contendo questes sobre: sexo, idade,

etnia, escolaridade, ocupao, histria familiar de doena cardiovascular; tabagismo; alcoolismo;

consumo de sal adicional mesa; padro de atividade fsica, histria de diabetes mellitus, histria

de dislipidemias, histria de doena renal, climatrio, presena de obesidade.

O padro de atividade de cada indivduo ser obtido atravs do questionrio

internacional de atividade fsica (IPAQ) proposto pela Organizao Mundial de Sade (1998).

Este documento pretende servir como um instrumento mundial para determinar o nvel de

atividade fsica em nvel populacional e foi validado no Brasil em 2001 por Matsudo et al.

3.7 Aspectos ticos

Todos os participantes do estudo receberam e assinaram um termo de consentimento livre

e esclarecido (Anexo A).

3.8 Anlise dos dados

A anlise dos dados obtidos foi dividida em duas etapas. A primeira composta por

uma anlise descritiva, atravs de distribuio simples de freqncias segundo as variveis de

interesse. E a segunda atravs de anlise de correspondncia, realizada atravs da metodologia do

qui-quadrado ( 2),a fim de verificar uma associao do tipo dose-resposta utilizando um nvel

de confiana de 95% (p

4 Caractersticas da amostra

A amostra foi realizada com 31 indivduos, presentes e atendidos no Ambulatrio de

Especialidades Mdicas da Unisul, com idade entre 20 e 69 anos.

4.1 Fatores de risco

4.1.2 Tabagismo

Quanto ao tabagismo relacionado ao grupo estudado, observou-se que 19,35% dos

indivduos so tabagistas, com mdia de consumo entre 5 e 20 cigarros por dia.

19,35%

80,65%

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Tabagistas No tabagistas

Grfico 1 Percentual de tabagistas e no tabagistas.

Em sentido anlogo, em pesquisa realizada por Moreira, 1995, demonstrou que a

prevalncia de fumantes entre brasileiros de uma mesma faixa etria alcanou 34,9%.

No entanto, Ribeiro, 1999, verificou que h uma grande carncia de estudos a

possibilitarem o conhecimento real da incidncia do tabagismo, relacionado aos indicadores

scio-epidemiolgicos e comportamentais, sobretudo no ambiente de trabalho.

Em um outro estudo, o hbito de fumar era de 44,6% entre os fumantes trabalhadores

de uma indstria de ao, sendo que no Brasil esta prevalncia encontra-se elevada (SABRY,

1999).

Piccini et al, 1994, o tabagismo determinou como fator de proteo para a hipertenso

em 35,3% dos 1.657 indivduos estudados, sendo 16,0% para a prevalncia de HAS.

Cerca de 1,1 bilho de pessoas so fumantes no mundo todo, entre os quais 800

milhes vivem nos pases em desenvolvimento, ocorrendo cinco milhes de bitos causados

pelas doenas que o uso do tabaco transmite, sendo 50% acontecendo nos pases em

desenvolvimento, aumentando em torno de 3% ao ano, enquanto nos pases desenvolvidos, a

utilizao do tabaco reduzir at o fim do sculo (CAVALCANTE, 2005).

4.1.3 Diabetes Melito

Quanto presena de diabetes, 9,68% dos indivduos so portadores de diabetes,

80,65% no possuem diabetes e, sendo que 9,68% deles nunca fizeram exame para deteco

desta doena.

9,68%

80,65%

9,68%0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Diabticos No diabticos Nunca fizeram exame

Grfico 2 Percentual de indivduos diabticos, no diabticos e que no fizeram exame para diabetes.

Neste estudo, observou-se valor menor nos portadores desta doena (9,68%) quando

comparado a outro estudo relatado por Souza et al, 2003, que teve valor de 20,4% de indivduos

diabticos.

O diabetes mellitus considerada uma doena mundial de sade, sendo que nos

Estados Unidos 16 milhes de pessoas so portadoras deste distrbio, correspondendo a 90 e 95%

dos portadores de diabetes do tipo II, tendo estes, mais propenso de duas a quatro vezes maior

para a ocorrncia de doena coronariana, relacionando-se aos no-diabticos e de quatro vezes

mais de terem acidente vascular cerebral e doena vascular perifrica (CREPALDI, 2005;

SCHEFFEL, 2004).

Segundo Gross et al, 2002, esta doena acomete cerca de 7,6% de toda a populao

adulta, obtendo-se alteraes intolerncia glicose em 12% das pessoas adultas e, onde 50%

dos portadores desconhecem o diagnstico, tambm obtendo maior valor, comparando-se ao

estudo realizado, encontrando-se apenas 9,68% daqueles que no sabem se possuem presena

deste distrbio.

Estima-se que em 2025, devam existir em torno de 11 milhes de diabticos no

Brasil. Um estudo multicntrico realizado pelo Ministrio da Sade, em 2002, demonstrou a falta

de conhecimento das pessoas em relao a esta doena, sendo que 46,5% dos pesquisados

desconheciam serem portadores de diabetes mellitus (CREPALDI, 2005).

Parte considervel das pesquisas realizadas recentemente, tem mostrado ser a diabete

um fator de risco independente para doena isqumica do corao. Alm do mais, demonstram

limitaes quanto aos resultados obtidos nesses estudos em virtude de diferenas metodolgicas e

de uma srie de variveis (faixa etria, sexo, hipertenso arterial, fatores socioeconmicos...) que

ocorrem entre elas.

Em pesquisa realizada por Moraes e Souza, 1996, na cidade de So Paulo, houve um

ndice de 9,6% de indivduos com essa doena, o que representa uma taxa similar a dos pases

desenvolvidos, corroborando com o resultado da presente pesquisa.

4.1.4 Dislipidemias

Com relao dislipidemia 25,81% apresentam esta doena e 61,29% no possuem

colesterol e 12,90% relataram no terem feito exame para detectar a presena ou ausncia de

colesterol.

25,81%

61,29%

12,90%

0,00%

10,00%20,00%

30,00%40,00%50,00%

60,00%70,00%

Colesterol No tem colesterol Norte

Grfico 3 Percentual de indivduos com e sem colesterol, e que no fizeram exame de colesterol.

Souto Filho, 2003, provou que a incidncia total de dislipidemias foi de 24,2%, o que

representou um dado elevado onde, um em cada quatro indivduos no municpio de Campos dos

Goytacazes apresentava este quadro clnico. Trata-se de dados importantes, pois provam a

relao direta entre dislipidemias e doena aterosclertica.

Tambm no municpio de Cotia, estado de So Paulo, foi comprovado ndices

percentuais de 53,4% (1989) e 21,3% (1996) (MARTINS, 1996).

Em suma, pode-se notar que as prevalncias de dislipidemias so geograficamente

variveis, dependendo dos hbitos dietticos culturais ou adquiridos e do estilo de vida (LESSA,

1997).

Mesmo que as pesquisas citadas acima tenham ido ao encontro de presente estudo, no

Brasil, raramente, os resultados se mostram fidedignos quanto prevalncia desta afeco de um

grupo social sob anlise.

4.1.5 Doenas renais

Com relao pergunta em que o mdico diagnostica ao indivduo se h ou no

presena de doena renal crnica, detectou-se 12,90% das pessoas com presena de doena

crnica nos rins e 87,10% sem alteraes renais.

12,90%

87,10%

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Com doenas renais Sem doenas renais

Grfico 4 - Percentual de indivduos com e sem doena renal crnica.

Quando a funo renal do indivduo declina, ficando entre 12% e 15%, indicada a

terapia de substituio renal. Entre as diversas abordagens de tratamento do estgio final de

doena renal, o transplante renal a terapia que oferece qualidade de vida e maior longevidade

um menor custo ao sistema de sade. A doena renal crnica uma patologia que pode acarretar

a perda progressiva (nefropatia) e permanente das funes dos rins (insuficincia renal crnica ou

estgio final de doena renal). Atualmente, no Brasil cerca de 56.500 pacientes recebem

tratamento para insuficincia renal crnica atravs da hemodilise ou dilise peritoneal, causada

pela hipertenso arterial sistmica e diabetes mellitus (PEDROZA, 2006).

4.1.6 Etilismo

Dos 31 indivduos entrevistados, 3,23% admitem serem etilistas e 96,77% no-

etilistas.

3,23%

96,77%

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

Etilista No etilista

Grfico 5 Percentual de indivduos etilistas e no etilistas.

Tambm em Salvador, Santana, 1982, obteve uma proporo de 3,4% de alcoolistas

na populao acima de 14 anos em um bairro de baixa renda, sendo 6% para os homens e 0,7%

para as mulheres.

Quanto ao consumo de bebidas alcolicas, afirma-se que 97% das pessoas consomem

bebidas alcolicas, o que no se observou no presente estudo que obteve 3,23% de indivduos

etilistas. Demonstra-se tambm, que 64,6% dos consumidores de lcool, sendo que 18,2%

bebiam excessivamente (SABRY, 1999).

Conforme, Almeida e Coutinho, 1993, no Brasil, a diversidade geogrfica,

socioeconmica e cultural no permite generalizaes., encontrando-se prevalncia de alcoolismo

entre 3 a 6%, onde a presente pesquisa encontrou valor semelhante (3,23%) ao estudo

comprovado por esses autores.

O excesso de lcool em quantidades exageradas pode acarretar cirrose, pancreatite,

gastrite, acidente vascular cerebral hemorrgico, doenas degenerativas do sistema nervoso

central e perifrico, alm de alteraes do sistema cardiovascular, estimando-se que, na

populao americana, 60% so usurios de bebidas alcolicas e com faixa etria acima dos 14

anos, os quais 10% consomem em quantidades excessivas (VIEIRA, 1998).

Em um outro estudo realizado com 1.459 pessoas, 52% delas relataram fazerem

consumo de bebida alcolica. Em relao a 759 pessoas consumidoras deste lquido, 6,1%

referiram ser criticadas por outras pessoas, o que no aconteceu neste estudo (Almeida, 1993).

Contudo, nem todos os estudos se inclinam favoravelmente aos dados acima citados.

Porm, Chaied, 1998, observou uma incidncia de 9,3% em indivduos etilistas,

sendo 84,44% homens e 25,6% mulheres, dentre um grupo de 1.387 pessoas analisadas. Desta

forma, houve uma clara e distinta associao entre o alcoolismo e tabagismo, sugerindo que

quanto maior a dependncia nicotina maior ser o consumo de lcool, exercendo uma

mudana comportamental, principalmente no tocante ao consumo (aumento) de cigarros.

4.1.7 Presso arterial e atividade fsica

A Sociedade Brasileira de Hipertenso conceitua a hipertenso arterial como uma

enfermidade crnica, de natureza multifatorial, no transmissvel, assintomtica que

compromete o equilbrio dos mecanismos vasoconstritores e vasodilatadores, propiciando um

aumento da tenso sangnea nos vasos, capaz de provocar danos aos rgos por eles irrigados

(MION, 2004).

O Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection,

Evaluation and Treatment of High Blood Pressure define como nveis de presso arterial

sistlica e diastlica normais aquelas menores do que 120/80mmHg, pr-hipertenso valores

entre 120/80mmHg e 139/89mmHg, hipertenso (estgio 1) entre 140/90mmHg e

159/99mmHg, hipertenso (estgio 2) com v