história da península ibérica
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História da Península Ibérica
Aula do dia 08 de Fevereiro de 2016
1. A questão cronológica da passagem do mundo antigo para o mundo
medieval.
Há uma larga fação que considera que 476 se constitui como a data chave que
veio provocar a transição do mundo antigo para o mundo medieval devido à queda do
Império Romano do ocidente porém na realidade esta alteração pol!tica foi apenas
isso mesmo não tendo provocado quaisquer mudanças profundas na sociedade" #or
outro lado podemos sim considerar o século $III como o momento de transição do
mundo antigo para o mundo medieval uma ve% que se verifica o fim da civili%ação
ur&ana na medida em que o mundo ur&ano desaparece depois de estar 'á muito
fragili%ado por conta da crise do século III e por causa de as cidades começarem a
estar cada ve% mais rodeadas de muralhas devido às primeiras invas(es"
)odavia não podemos ignorar o facto de o conte*to peninsular ser &astante
diferente porque a #en!nsula I&érica não vai acompanhar o que se vive no resto do
ocidente europeu a partir de 7++ devido à invasão ára&e portanto o conte*to
peninsular passa a ser muito espec!fico dando,se in!cio ao movimento de conquista
do territ-rio em direção ao .ul por parte dos Reinos cristãos" /stávamos perante a
e*ist0ncia de dois mundos na pen!nsula por um lado o mundo ur&ano so& o dom!nio
ára&e e por outro lado o mundo rural so& o dom!nio cristão"
1 século 2I vai ser um importante momento de viragem na #en!nsula I&érica na
medida em que emerge uma nova realidade pol!tica com o 3ondado #ortucalense
verificando,se igualmente uma reapro*imação e uma rea&ertura da #en!nsula ao
ocidente europeu"
Aula do dia 15 de Fevereiro de 2016
2. A transição do mundo antigo para o mundo medieval. A queda do Império
Romano do Ocidente e a queda do Império Romano do Oriente. A falência
do mundo urano! os povos germ"nicos e a import"ncia do fenómeno
religioso. As transformaç#es na educação. crise do século III vai então ser provocada essencialmente pelas primeiras
incurs(es dos povos germ5nicos sendo acompanhadas por um alargamento dos
serviços do alargamento do peso do funcionalismo p&lico pelo aumento da carga
fiscal e pela &urocrati%ação do Império" 3om a presença dos povos germ5nicos a
questão da segurança tornou,se important!ssima surgindo um vasto nmero de
muralhas para efeitos de proteção das cidades porém não são raras as ve%es em
que é necessário esta&elecer a muralha em per!metros que não a&arcavam alguns
dos edif!cios mais importantes e tam&ém vai ser poss!vel verificar o aproveitamento
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das muralhas naturais8 para facilitar o esta&elecimento da muralha e para reforçar a
mesma"
fal0ncia do mundo ur&ano vai resultar do seu amuralhamento e surge uma nova
unidade administrativa denominada por dioceses 9não tinham qualquer caráter
religioso: e sendo compostas por várias prov!ncias"
#ara compreender esta transição do mundo antigo para o mundo medieval é
necessário ter em consideração um con'unto de datas que correspondem a
acontecimentos importantes que para essa transição contri&u!ram" /m ;<= é levada a
ca&o a primeira divisão do Império Romano em Império Romano do 1cidente e
Império Romano do 1riente" /m 4+> regista,se o .aque de Roma pelo Rei dos
$isigodos larico I tem um enorme sim&olismo por se tratar de um ataque ao coração
do Império" /m 476 tem lugar a deposição de R-mulo ugusto Imperador do Império
Romano do 1cidente" #osteriormente o Imperador ?ustiniano vai levar a ca&o a
recuperação do Império Romano do 1cidente tendo tido mais efeitos negativos do
que positivos e apesar de ter recuperado parcialmente a #en!nsula I&érica o @orte de
Itália e a parte africana do Império não foi efetivamente capa% de recuperar o Império
sendo que as suas aç(es aca&aram por ter como resultado o fim de algumas
magistraturas e o desaparecimento dos cAnsules e do senado"
@o século 2$II o Império Romano do 1riente é posto em causa sofrendo
press(es tanto por parte do Império #ersa como por parte da e*pansão ára&e tendo
como consequ0ncia a sua drástica redução no segundo quartel do século ficando
redu%ido a 3onstantinopla à )urquia e a uma curta fai*a do Bediterr5neo mantendo,
se assim até ao século 2$" )odo este processo que se inicia logo no século $ tem
como consequ0ncias o final do mundo antigo o Bediterr5neo dei*a ser a principal via
de comunicação porque dei*a de ser romano e passa a constituir,se como uma
fronteira pol!tica dá,se o surgimento de novos poderes e há uma desta&ili%ação dos
povos germ5nicos" 1s v5ndalos estariam locali%ados no @orte de Cfrica os suevos e
os visigodos na #en!nsula I&érica os francos no territ-rio Dranco e os anglos e sa*(esnas ilhas &rit5nicas porém alguns destes povos vão desaparecer"
E ainda no século 2$II que a desagregação do legado antigo 9economia
arquitetura etc: tem lugar" s estruturas pol!ticas germ5nicas estão ameaçadas
dando,se mesmo a desagregação de alguns povo" / do ponto de vista religioso a
Igre'a enquanto tem de se reconstruir e de se adaptar à nova realidade que havia
agora sido esta&elecida"
a$ O peso do fen%meno religioso.
religião romana carateri%ada pelo seu caráter c!vico com Feuses familiarescomeça a alterar,se com a formaçãoGdefinição de importantes religi(es no oriente do
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Império como cultos esotéricos" /stas religi(es e estes cultos difundem,se a partir do
século III 'á não tinham um caráter c!vico tendo rituais pr-prios e 3lero precisavam
de espaços para o culto que não fossem a&ertos e e*igiam &astante mais dos crentes
do que a religião romana e*igia" $erificam,se então importantes transformaç(es
mentais com a desafeição à vida c!vica e com a crescente preocupação com a
questão da salvação"
/m ;+4 verifica,se a li&erdade de culto e em ;> o cristianismo passa a ser
considerado a religião do Império apesar de ter sido perseguido à semelhança do que
se terá sucedido com as outras religi(es e cultos que surgiram no mesmo per!odo" 1
cristianismo carateri%ou,se por se constituir como pequenas comunidades das quais o
ispo era o chefe e sendo uma religião essencialmente ur&ana" 1 ispo passou
então a estar ressente nas principais cidades do Império e transformou,se numa
figura pol!tica importante e eminente nas cidades associando,se mais tarde a escolas
e a hospitais"
Regista,se o surgimento de uma nova corrente8 que se preocupa com
caminhos mais radicais8 verificando,se desta forma o surgimento do monaquismo"
1s Bosteiros do 1cidente começam a imitar os Bonges do 1riente porém verificam,
se algumas alteraç(es na medida em que o fen-meno do monaquismo vai ter
evoluç(es diferentes no 1cidente"
.ão ento de @rcia vai ser uma importante figura para o monaquismo este
a&andona a cidade para um s!tio in-spito J o Bonte 3assino J e escreve a Regra de
.ão ento" /ste é um monaquismo moderado8 virado para a oração e para o
tra&alho não havendo uma preocupação com a cultura uma ve% que esta se
encontrava na cidade e estaria ligada ainda ao mundo laico" s suas preocupaç(es
eram então apenas religiosas e não culturais a este ponto e o Bosteiro seria o centro
da vida do pr-prio Bonge"
3assiodoro vai tam&ém esta&elecer um Bosteiro e comp(e uma série de o&ras
que dão a imagem do Bonge que pretende" @este caso espec!fico surge uma facetacultural ligada ao Bosteiro sendo uma e*ceção nesta altura porque a cultura e a
educação estavam ligadas ao mundo episcopal e não monástico" 3assiodoro vai
captar elementos laicos para o seu Bosteiro porém este é um fen-meno marginal
que s- muito lentamente se vai afirmar"
E leg!timo considerar que o monaquismo como que vem dar resposta às novas
necessidades no @orte da /uropa verificando,se a sucessiva fundação destes"
Igre'a começa a alterar,se e mesmo no .ul da /uropa começa a verificar,se que os
ispos se estariam a conscienciali%ar de que seria necessário e*pandir a Igre'a para o
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mundo rural e a'ustar o seu discurso às populaç(es e à realidade rural" Igre'a
erudita ur&ana e associada aos ispos começa desta forma a ser posta em causa"
$ As transformaç#es na educação.
componente laica do Império estaria a desaparecer e o que fica deste é a
Igre'a" E portanto a Igre'a que vai chamar para si a responsa&ilidade da educação
com a criação das escolas episcopais" Igre'a enquanto instituição necessitou de
criar estas escolas para garantir a sua pr-pria so&reviv0ncia uma ve% que a sua &ase
seriam os te*tos e esses mesmos te*tos estavam escritos em latim"
@o que di% respeito à educação é necessário ter em consideração as 7 rtes
Ki&erais J gramática ret-rica dialética aritmética geometria astronomia e msica J
que posteriormente vão ser agrupadas em trivium e quadrivium"
Aula do dia 22 de Fevereiro de 2016
&. A 'en(nsula Iérica aquando a c)egada dos povos germ"nicos. O Reino
*uevo e o Reino +isigodo.
#en!nsula Romana em 4>>G4> poderá ser carateri%ada pelo poder
hierárquico pelo facto de a componente militar ter a sua estrutura do ponto de vista
administrativo e fiscal havia um representante do Império em Bérida tendo tam&ém
funç(es de 'ui% 9de apelação:L o vigário e e*istiam ainda e*ércitos so&retudo nas
%onas mais romani%adas mas não tinham uma ação muito efectiva e vão ter o au*!lio
dos visigodos"
/ste é o panoramaGmapa pol!tico que os
povos germ5nicos encontram quando
chegam à #en!nsula I&érica" #aece ter havido
uma preocupação em acantonar os povos
germ5nicos nas %onas menos romani%adas"
partir de 4+= aparece um novo povo na
#en!nsula os visigodos"
Fá,se in!cio a uma série de campanhasmilitares que vão colocar em causa alguns destes
povos germ0nicos" /m 4;> a situação começa a esta&ili%ar com os visigodos a
imporem,se so&re os outros povos" Dicam na #en!nsula os suevos que vão aca&ar por
dar origem a um pequeno Reino" /ntre 4;> e 4=6 considera,se a primeira fase do
Reino .uevo com incurs(es a partir da Malécia até ao Fouro saqueando várias
cidades nesse processo e fa%endo com que a guerra su&stitu!,se a economia
formando,se então uma economia de guerra" 1s suevos tinham um e*ército
relativamente pequeno e dominam a parte mais 1cidental que havia sido a&andonadapelo Império"
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/m 4=6 começam a avançar para as prov!ncias mais romani%adas
alarmando,as e fa%endo com que os visigodos regressem à #en!nsula para agir
militarmente e para controlar a situação" 1 Reino entra em crise até ao final dos anos
6> tendo entrado em desagregação devido ao aparecimento de dois partidos que não
se entendiam em quest(es de poder situação que nos é dada a conhecer pela cr-nica
de Idácio" @a passagem do século $ para o século $I a faceta militar dos suevos teria
acalmando e a instituição /clesiástca começa a ter um papel importante e mais firme"
/m ==< dá,se a cristiani%ação dos suevos num momento em que se apro*ima
o fim do Reino e em =< tem lugar a integração do Reino .uevo no Reino $isigodo
constituindo,se um grande Reino na #en!nsula"
@o que di% respeito aos visigodos é importante ter em consideração que estes
não estavam propriamente esta&elecidos na #en!nsula no século $ mas sim na %ona
da Mália estando apenas a e*ercer funç(es de controlo so&re os ReinosGpovos que
estariam esta&elecidos na #en!nsula" 1s francos começam a afirmar,se tam&ém no
.ul da Mália processo que se vai acentuar e va provocar a deslocação da população
visigoda para o @orte da #en!nsula" /m =>7 os visigodos são derrotados pelos francos
e são definitivamente o&rigados a esta&elecerem,se na #en!nsula sendo que até
meados do século $I estiveram em risco de desaparecer mas )eodorico vai apoiar os
visigodos na sua transição de mundos e na sua adaptação ou se'a os visigodos
favoreceram da proteção dos ostrogodos"
1 grande factor desta&ili%ador destes Reinos seria o facto de as Bonarquias
serem electivas e não hereditárias provocando assim constantes lutas pelo poder que
se vão acentuando" 1 Reino $isigodo tem então um percurso inicial &astante
pro&lemático rece&endo apoio dos ostrogodos e alcançando o dom!nio quase
completo da #en!nsula 9e*ceptuando as %onas montanhosas e o .ul:" /m 6N4 tem
lugar a e*pulsão de i%5ncio da #en!nsula e em 67N esta&elece,se o final das
dificuldades para o Reino $isigodo"
/m meados do século $II a civili%ação ur&ana está em crise e a aristocraciagerm5nica adquire poder as lutas pelo poder são constantes e desta&ili%adoras
provocando a desagregação dos Reinos" $erificam,se fortes ameaças à centrali%ação
pol!tica por duas partesL a aristocracia visigoda uma ve% que o poder visigodo estava
disperso e não se conseguia afirmar permitindo os ára&es dominarem rapidamente a
#en!nsula nos finais do mundo antigo e com a desagregação do mundo ur&ano a
incapacidade de centrali%ação do poder pol!tico por conta da ação da aristocracia era
evidenteO e por outro lado a Igre'a" @os finais do século $II a #en!nsula teria todas as
condiç(es necessárias para ser tomada"
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a$ A figura do ,ispo. A Igre-a como instituição e como recuperadora do
pouco que fica do Império. A escrita e as escolas episcopais.
1 ispo torna,se num suced5neo das cidades e do poder das cidades
constituindo,se como sendo simultaneamente chefes religiosos e pol!ticos estando ao
seu encargo as negociaç(es com os chefes germ5nicos e o a&astecimento das
cidades &em como outras funç(es do mesmo género" igre'a é a grande instituição
do Império e no que di% respeito às fontes de que dispomos do per!odo compreendido
podemos concluir que espelham apenas um lado da realidade vivida uma ve% que a
igre'a tinha nas suas mãos a escrita"
igre'a vai ter a necessidade de criar escolas episcopais chamando a si a
função da educação função essa que não possu!a antes do fim do Império" .ão feitas
algumas cr!ticas às escolas episcopais pelo facto de ensinarem gramática e mais
precisamente por não terem feito uma mudança de programa apesar de terem
tentado depurar o processo ao n!vel do ensino"
/nquanto a igre'a chama para si a escrita por uma questão de garantir a sua
pr-pria so&reviv0ncia no mundo laico a escrita vai desaparecendo porém os
visigodos preocupam,se em manter a escrita para a legislação surgindo diversas
compilaç(es de leis" Há portanto a fusão de dois mundos na escritaL o indicador
'ur!dico e o indicador religioso"