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História da teoria educacional – oposição entre a ideia de que a educação é um desenvolvimento de dentro para fora e a de que é uma formação de fora para dentro. As ideias básicas da teoria tradicional: conteúdo da educação - um conjunto de informação e habilidades elaboradas no passado; a principal tarefa da educação – transmissão às novas gerações; no passado, desenvolvimento de modelos e regras de conduta ... educação – formar hábitos de ação em conformidade com essas regras e modelos; plano de org. da escola (horários, esquemas de avaliação, regras de disciplina etc.) ... escola como instituição radicalmente distinta das demais instituições sociais (ex. família) Experiência (exp.) e Educação (ed.) (DEWEY, 1938) Educação tradicional versus educação progressiva (cap. 1)

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Page 1: História da teoria educacional – oposição entre a ideia de que a educação é um desenvolvimento de dentro para fora e a de que é uma formação de fora para

História da teoria educacional – oposição entre a ideia de que a educação é um desenvolvimento de dentro para fora e a de que é uma formação de fora para dentro.

As ideias básicas da teoria tradicional: conteúdo da educação - um conjunto de informação e habilidades elaboradas no passado; a principal tarefa da educação – transmissão às novas gerações; no passado, desenvolvimento de modelos e regras de conduta ... educação – formar hábitos de ação em conformidade com essas regras e modelos; plano de org. da escola (horários, esquemas de avaliação, regras de disciplina etc.) ... escola como instituição radicalmente distinta das demais instituições sociais (ex. família)

Experiência (exp.) e Educação (ed.) (DEWEY, 1938)

Educação tradicional versus educação progressiva (cap. 1)

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Principal objetivo da ed. tradicional – preparar o jovem para futuras responsabilidades e p/ o sucesso na vida, por meio da aquisição de um conjunto organizado de informações e de formas preestabelecidas de habilidades que constituem o material de instrução.

Transmissão de geração a geração; a atitude dos alunos deve ser de docilidade, receptividade e obediência; livros – representantes do conhecimento e da sabedoria do passado; habilidades são transmitidas e regras de conduta são reforçadas.

Surgimento da ed. progressiva – descontentamento com a ed. tradicional (imposição de cima p/ baixo e de fora p/ dentro)

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Aprender aqui significa adquirir o que já está incorporado aos livros e à cabeça das gerações anteriores; o que é ensinado é considerado como essencialmente estático.

Princípios comuns em meio a variedade de escolas progressivas: cultivo e expressão da individualidade se opõem à imposição de cima para baixo; atividade livre X disciplina externa; aprender por experiência X aprendizagem através de textos e professores; aquisição de habilidades e técnicas como meio para atingir fins que correspondem às necessidades diretas e vitais do aluno X aquisição através de exercício e treino; aproveitar ao máximo as oportunidades do presente X preparação para um futuro mais ou menos remoto; contato com um mundo em constante processo de mudança X objetivos e materiais estáticos

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Todos os princípios são abstratos. Eles se tornam concretos apenas nas consequências que resultam de sua aplicação. Princípios mencionados – de imenso alcance – tudo depende da interpretação que se dá a eles quando são colocados em prática

Em um novo movimento: ao rejeitar os objetivos e métodos daquilo que quer suplantar, tal movimento pode desenvolver seus princípios negativamente.

Nova filosofia da educação: há uma relação íntima e necessária entre os processos da experiência real com a educação. Quando a autoridade externa é rejeitada, não significa que toda autoridade deva ser rejeitada. Basear a educação na experiência pessoal pode significar contatos mais numerosos e íntimos entre adultos e pessoas mais jovens. Problema: como estabelecer esses contatos sem violar o princípio da aprendizagem através da experiência individual?

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Solução p o problema: filosofia bem elaborada dos fatores sociais que operam na constituição da experiência individual.

Os princípios gerais da nova educação não resolvem quaisquer dos problemas da condução real e gerenciamento das escolas progressivas.

Teoria e práticas dogmáticas – não se baseiam no exame crítico de seus próprios princípios fundamentais

Todos os princípios são abstratos. Eles se tornam concretos apenas nas consequências que resultam de sua aplicação. Princípios mencionados – de imenso alcance – tudo depende da interpretação que se dá a eles quando são colocados em prática

Temos que investigar como o fato de conhecer o passado pode ser traduzido em um instrumental poderoso para lidar com o futuro. Conhecimento do passado como um fim ou como um meio?

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Dentre todas as incertezas, existe um quadro de referência permanente – há uma conexão orgânica entre educação e experiência pessoal

Experiências deseducativas – qualquer experiência que tenha o efeito de impedir ou distorcer o amadurecimento para futuras experiências; produzir indiferença, insensibilidade e incapacidade de reação, limitando as possibilidades de experiências mais ricas no futuro.

Uma experiência – imediatamente prazerosa e, mesmo assim, contribuir para a formação de uma atitude negligente e preguiçosa

Experiências desconectadas – embora agradáveis e interessantes, não se articulam cumulativamente; hábitos dispersivos e desintegrados

A Necessidade de uma Teoria da Experiência (DEWEY, 1938, Cap. 2)

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Problemas na educação – quantos alunos tornaram-se insensíveis a certas ideias e quantos perderam a motivação p/ aprender? Associar aprendizagem como algo entediante e maçante.

Tudo depende da qualidade da experiência que se tem. Dois aspectos: a) o aspecto imediato de ser agradável ou desagradável; b) sua influência sobre experiências posteriores.

Nenhuma experiência vive e morre p/ si mesma Princípio da continuidade da experiência ou

continuum experiencial Filosofia da educação – plano que deve ser

construído c/ base no q/ deve ser feito e como deve ser feito

Agravamento das dificuldades na condução das escolas progressivas – suposição de que a nova educação é mais fácil do que a tradicional

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A nova educação é mais simples em princípio do q/ a tradicional; ed. tradicional – artificialidade (q/ leva a uma complexidade) na seleção e no arranjo das matérias e dos métodos

Porém, o fácil e o simples não são idênticos. Descobrir o que é realmente simples e agir de acordo com essa descoberta é uma tarefa extremamente difícil das matérias e dos métodos

É essencial uma teoria coerente da experiência que indique uma direção positiva p/ a seleção e organização de conteúdos e métodos educacionais

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Apresentar os princípios p/ a formulação da teoria Movimento progressivo: de acordo c/ o ideal

democrático, natureza mais humana dos métodos X Escola tradicional: métodos autocráticos e rígidos

Por que preferimos os métodos mais humanos e democráticos ao invés dos métodos rígidos e autocráticos? Razão: as orgs. sociodemocráticas proporcionam uma melhor qualidade de experiência humana

Princípio da continuidade da experiência – hábito: toda ação praticada ou sofrida em uma experiência modifica quem a pratica e quem a sofre; essa modificação afeta a qualidade das experiências subsequentes

Critérios de experiência (DEWEY, 1938, Cap. 3)

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O princípio do hábito se torna mais amplo do que a concepção comum de um hábito como o modo mais ou menos fixo de fazer as coisas.A concepção ampla de hábito envolve a formação de atitudes emocionais e intelectuais; envolve nossas sensibilidades básicas e nossos modos de receber e responder a todas as condições c/ as quais nos deparamos na vida.O princípio da continuidade da experiência significa q/ toda experiência tanto toma algo das experiências passadas quanto modifica de algum modo a qualidade das experiências q/ virãoProcesso educativo = crescimento ou crescendoEx.: um homem q/ comece a roubar pode crescer nessa direção. Assim, o “crescimento” não é suficiente; devemos especificar também a sua direção.

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A questão é se o crescimento nessa direção promove ou atrasa o crescimento em geral. Essa forma de crescimento cria condições p/ crescimentos subsequentes ou estabelecem condições q/ impedem a pessoa q/ cresceu nessa direções específica de ter acesso a situações, estímulos e oportunidades p/ continuar crescendo em outras direções?Quando o crescimento em uma direção particular conduz ao crescimento contínuo, ele satisfaz ao critério de educação como crescimento.Continuidade como um critério p/ fazer a discriminação entre experiências educativas e deseducativas.Toda experiência exerce, em algum grau, influência sobre as condições objetivas sob as quais novas experiências ocorrem. Ex. criança aprendendo a falar (ou a ler) tem novas facilidades e novos desejos

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Pondo em prática a intenção de ser um professor, um advogado, um médico – necessariamente limita o ambiente em q/ irá atuar no futuro; pessoa se torna mais sensível e responsiva a certas condições e relativamente imune a outras coisas A qualidade da experiência presente influencia o modo como o princípio da continuidade se aplica Excesso de indulgência p/ c/ uma criança – cria uma atitude q/ exige q/ pessoas e objetos atendam aos seus desejos e caprichos no futuro – criança mostra-se adversa a situações q/ requeiram esforço e perseverançaO princípio da continuidade pode operar isolando a pessoa em um baixo nível de desenvolvimento, de forma a limitar posteriormente sua capacidade de crescimento.

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Uma experiência pode despertar a curiosidade, fortalecer a iniciativa e dar origem a desejos e propósitos suficientemente intensos – pessoa supera seus limitesO valor da experiência só pode ser julgado c/ base em p/ que e p/ onde a experiência se moveMaturidade da experiência de um adulto – possibilidade de avaliar aspectos das experiências dos mais jovensTarefa do adulto como educador – em que direção caminha uma experiênciaEm termos morais, a pessoa madura, em certas ocasiões, não tem o direito de sonegar aos mais jovens a capacidade de compreensão compatível c/ o q/ sua própria experiência lhe proporcionou

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É tarefa do adulto (educador) estar alerta p/ ver quais atitudes e tendências de hábito estão sendo criadas ... ser capaz de avaliar quais atitudes realmente conduzem ao crescimento contínuo e quais lhe são prejudiciais ... ele deve conhecer as perspectivas dos aprendizes.A necessidade dessa habilidade em pais e professores faz c/ q/ um sistema educacional baseado em experiências de vida seja mais difícil de ser bem conduzido Outro aspecto: a experiência não se processa simplesmente no interior da pessoa. É certo q/ lá se processa, pois influencia na formação de atitudes, de desejos e de propósitos. Toda experiência genuína muda as condições objetivas em q/ se passam as experiências. Civilização X Estado selvagem – experiências prévias mudaram as condições objetivas; estradas, ferramentas, móveis, luz etc.

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Se fossem destruídas as condições externas da exp. civilizada - nossa exp. regrediria A exp. não ocorre em um vácuo. Há elementos fora do indivíduo que guiam (comandam) a exp.. Exp. de uma criança q/ mora em uma favela X Criança de um lar culto; criança da zona rural X criança da zona urbanaEducador - reconhecer no concreto quais arredores são conducentes para ter exp. q/ levem ao crescimento; devem saber como utilizar os arredores, físico e social, p/ extrair deles tudo o q/ possa contribuir p/ a edificação de exp. válidas. Ed. tradicional - não havia exigência de q/ o professor conhecesse intimamente as condições (físicas, históricas, econômicas, ocupacionais etc.) da comunidade local a fim de utilizá-las como recursos educacionais.Conexão necessária da educação c/ a exp. - outra razão por que a ed. progressiva é mais difícil de ser conduzida

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O caso de uma criança – necessidade de comida, descanso e atividades; é possível estabelecer uma programação de horas regulares p/ a alimentação, sono etc.; responsabilidade (da mãe) de regular as condições objetivas c/ base nas quais as necessidades são satisfeitas; mãe esclarecida buscará nas exp. passadas de especialistas, bem como em suas próprias exp., a luz q/ a orientará; as condições objetivas interagem c/ os estados internos do bebê e não são subordinadas a eles“Interação” – expressa o segundo princípio fundamental para interpretar uma exp.; fatores da exp.: condições objetivas e internas; exp. normal é um intercâmbio entre esses dois grupos de condições; consideradas em conjunto ou em interação formam a situação; o problema da ed. tradicional não foi enfatizar as condições externas, mas dar pouca atenção aos fatores internos

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Ilustração da necessidade de regular as condições objetivas do desenvolvimento de um bebê indica q/ (a) os pais têm a responsabilidade de organizar as condições sob as quais ocorre a exp. de uma criança c/ alimentação...; (b) cumpre-se tal responsabilidade utilizando-se a exp. fundada no passado (orientação de médico competente e de outros)A liberdade da mãe é limitada quando ela usa o corpo de conhecimento disponível p/ regular as condições objetivas de alimentação e sono? Ou a ampliação da inteligência no cumprimento de sua função maternal aumenta sua liberdade?Em q/ aspecto a regulação das condições objetivas limita a liberdade do bebê? Ocorrem limitações quando: ele é posto no berço X continuar brincando, não recebe o alimento no momento em q/ o quer ou quando não é carregado e mimado no momento q/ pede atenção

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A liberdade deve ser pensada e julgada c/ base em incidentes momentâneos ou seu significado se encontra na continuidade da experiência em desenvolvimento?A afirmação “os indivíduos vivem em um mundo” significa, concretamente, q/ eles vivem em uma série de situações; o significado de “em” é ≠ a tinta está “em” uma lata; significa q/ está ocorrendo interação entre um indivíduo, objetos e outras pessoas; os conceitos de situação e interação são inseparáveis; em uma experiência sempre existe uma transação acontecendo entre um indivíduo e o seu ambiente (no momento); o ambiente consiste em pessoas, o assunto da prova, brinquedos, um livro ... quaisquer condições q/ interagem c/ necessidades pessoais p/ criar a experiência; quando uma pessoa constrói um castelo no ar, ela está interagindo c/ os objetos de sua fantasia

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Os dois princípios de continuidade e interação não se separam ... eles se interceptam e se unem ... são os aspectos longitudinal e lateral da experiência; diferentes situações sucedem umas as outras; o que ele aprendeu no processo de aquisição de um conhecimento ou habilidade em uma determinada situação torna-se um instrumento p/ compreender e lidar c/ a situação posterior; um mundo dividido ... cujas partes e aspectos não se unem é, ao mesmo tempo, sintoma e causa de uma personalidade dividida. Quando a divisão atinge determinado ponto, chamamos a pessoa de insana. Uma personalidade completamente integrada só existe quando sucessivas experiências são integradas umas as outras, podendo ser construída apenas como um mundo de objetos relacionados.

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Um educador preocupa-se c/ as situações nas quais a interação acontece. São as condições objetivas q/, até certo ponto, podem ser reguladas pelo educador. O termo “condições objetivas” inclui o que é feito e como é feito pelo educador: não só as palavras, mas o tom de voz em q/ são faladas. Inclui equipamentos, livros, aparelhos, brinquedos, jogos, materiais e, acima de tudo, a ampla organização social na qual uma pessoa está envolvida. Educadores responsáveis pela determinação do ambiente q/ em interação c/ as necessidades e capacidades de seus alunos, criará uma exp. educativa; problema da ed. tradicional – não levar em consideração a capacidade e os propósitos dos alunos.

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Princípio da continuidade – o futuro tem q/ ser considerado em cada estágio do processo educativo; essa ideia é distorcida na ed. tradicional – aquisição de habilidades e certas matérias ... os alunos estarão sendo preparados p/ o futuro. “Preparação” é uma ideia traiçoeira; em certo sentido, toda experiência deveria fazer algo p/ preparar uma pessoa p/ experiências posteriores ... este é o sentido de crescimento, continuidade, reconstrução da experiência. Porém, é um erro supor q/ a aquisição de conhecimento de aritmética ou geografia tem esse efeito. Outro erro: supor q/ a aquisição de habilidades p/ ler e desenhar constituirá automaticamente preparação p/ seu uso correto (em condições bem diferentes).

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Falácia pedagógica – noção de q/ uma pessoa aprenda especificamente apenas o que está estudando em determinado momento. Aprendizagem paralela no caminho da formação de atitudes permanentes, como as de gostar e não gostar de alguma coisa, podem ser muito mais importantes do q/ a lição “X”, pois são essas atitudes q/ fundamentalmente contarão no futuroA mais importante atitude – desejo de continuar aprendendo. Se o impulso nessa direção for enfraquecido ... é tirada do aluno a sua capacidade de aprender q/ o torna capaz de enfrentar as circunstâncias naturais no curso de sua vida. Aspecto positivo de pessoas c/ pouca escolaridade: foram capazes de manter seu senso comum ... seu poder de julgamento ... exercitá-los ... desenvolveram a habilidade de aprender c/ suas próprias exp.; certa quantidade prescrita de informação X perda da própria alma (perder a habilidade de dar sentido as suas próprias exp.)

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Qual é o verdadeiro significado de preparação no esquema educacional? Resp. – sempre vivemos no tempo em q/ estamos e é só extraindo de cada tempo presente o significado completo de cada experiência q/ estaremos preparados p/ fazer a mesma coisa no futuro. Essa é a preparação q/ realmente conta ao longo da vida.Assim é preciso dedicar um cuidado especial às condições q/ dão um sentido válido às exp. presentes; o presente sempre afeta o futuro; as pessoas q/ deveriam ter alguma ideia dessa conexão entre o presente e o futuro são as q/ já alcançaram a maturidade ... recai sobre essas pessoas a responsabilidade de estabelecer as condições adequadas ao tipo de exp. presentes q/ produza um efeito favorável sobre o futuro. A educação, como crescimento ou amadurecimento, deve ser um processo contínuo e sempre presente.

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Dois princípios fundamentais na constituição da experiência: interação e continuidade

Por que investir bastante na exposição de uma filosofia abstrata? Resp. – desenvolver escolas c/ base na ideia de q/ a educação se encontra na experiência de vida estão fadadas a apresentar inconsistências; é preciso saber distinguir a experiência educativa da não educativa e até mesmo da deseducativa

Espero proporcionar tópicos e materiais mais concretos; começarei c/ a questão da liberdade individual e do controle social

O cidadão comum ... sujeito a uma grande quantidade de controle social ... considerável parte desse controle parece não limitar sua liberdade pessoal

Controle social (DEWEY, 1938, Cap. 4)

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Crianças brincam c/ jogos (pega-pega, futebol); jogos envolvem regras ... regras organizam o comportamento ... os jogos não se processam ao acaso ... sem regras, não há jogo. Se surge uma disputa, há um juiz p/ quem se apelar, uma discussão ou uma arbitragem ... se a decisão não é encontrada, o jogo é interrompido e finalizadoAspectos óbvios de controle: 1) as regras são parte do jogo; se as regras mudam, muda o jogo; jogo se processando c/ respeito às regras, os jogadores não se sentirão submetidos a uma imposição externa ... sentirão q/ estão jogando; 2) um indivíduo pode achar q/ certa decisão não é justa; sua objeção não é à regra, mas ao q/ julga ter sido uma violação à regra ou alguma injustiça; 3) as regras e a condução do jogo são bastante padronizadas (métodos de contagem de pontos, posições a serem tomadas); essas regras e métodos são sancionadas pela tradição e precedência

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Aqueles q/ participam do jogo já viram, talvez, partidas profissionais e querem imitar os jogadores mais experientes; só se muda as regras ... quando o grupo mais experiente que é tomado como modelo já mudou ... supostamente as mudanças feitas pelos mais experientes aprimorarão o jogo...Conclusão: o controle das ações individuais é afetado por todas a situação em q/ os indivíduos estão envolvidos e da qual são partes cooperativas ou em interação; aqueles q/ participam de um jogo não se sentem sob um comando (ou sujeitos aos desejos) de uma pessoa em particular ... quando surgem disputas geralmente baseiam-se em alegações de q/ o juiz ou alguém do time adversário está sendo injusto ... ou está tentando impor sua vontade.

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Parece q/ estamos dando importância demasiada a um caso específico ... o jogo ilustra o princípio geral do controle social de indivíduos sem a violação da liberdade ... o caso de uma vida familiar bem organizada na qual existe confiança mútua ... Em todos esses casos, não é a vontade ou o desejo de uma única pessoa q/ estabelece a ordem, mas sim o espírito dominante em todo o grupoTodavia, em determinadas ocasiões, a autoridade, por ex., dos pais deve intervir e exercer um controle direto ... essas situações são raras quando comparadas àquelas em q/ o controle é exercido por situações em q/ todos participam. A autoridade quando exercida não é uma manifestação de um simples desejo pessoal; pais e professores exercem sua autoridade como representantes e agentes dos interesses de um grupo ... reduzir ao mínimo as ocasiões p/ exercer a autoridade de modo pessoal; ação arbitrária ≠ ação justa e necessária

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Nas chamadas escolas novas o principal recurso de controle social reside na própria natureza do trabalho q/ é feito como uma org. social na qual todos os indivíduos têm a oportunidade de contribuir e pelo qual todos se sentem responsáveis. Uma vida comunitária verdadeira toma como base a “sociabilidade” natural ... a vida comunitária não se organiza por si mesma ... ela requer reflexão e planejamento prévio. Educador – responsável pelo conhecimento de indivíduos e matérias ... seleção de atividades ... em q/ todos têm a oportunidade de participar ... sendo as próprias atividades compartilhadas o principal elemento de controle Existem alunos q/ chegam à escola como vítimas de condições de injustiça ... tornaram-se mais passivos ... não contribuem; outros são indisciplinados e rebeldes ... é certo q/ o princípio geral do controle social não pode se basear em tais casos

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Em certas situações, talvez a exclusão seja a única medida possível, mas não é a solução ... a necessidade chamar atenção e o exibicionismo são as causas de atitudes antissociaisQualquer planejamento deve ser rejeitado? Resp.: o educador deve instituir um planejamento inteligente ... estudar as capacidades e necessidades do grupo ... organizar as condições q/ disponibilizem os conteúdos de forma a proporcionar experiências q/ satisfaçam às necessidades e desenvolvam as capacidadesO princípio de que o desenvolvimento da experiência é fruto da interação significa q/ a educação é um processo essencialmente socialQuando a educação tem como base a experiência ... o professor perde a posição de chefe externo ou ditador para ocupar a posição de líder das atividades do grupo

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O importante é a liberdade de inteligência, ou seja, a liberdade de observação e de julgamento exercida a partir de propósitos. O erro mais comum acerca da liberdade é identificá-la com liberdade de movimento ou c/ o lado externo da atividade ... esse lado externo não pode ser separado do lado interno; da liberdade de pensamento, do desejo e do propósito. A limitação q/ foi imposta sobre as ações externas pelos arranjos rígidos da típica sala de aula tradicional ... fileiras de carteiras fixas e arregimentação militar.

Liberdade de movimento – meio de manutenção de saúde física e mental ... aprender c/ os gregos q/ viam a relação entre um corpo são e uma mente sã.

A Natureza da Liberdade (DEWEY, 1938, Cap. 5)

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Em qualquer situação, impulsos e desejos constituem o ponto de partida. Porém, não há crescimento intelectual sem a reconstrução deles. Essa reconstrução envolve a inibição do impulso em seu primeiro estado. A alternativa p/ uma inibição externamente imposta é a inibição através de uma reflexão e julgamento por parte do próprio indivíduo. “Pare e pense” é psicologicamente saudável. Para pensar, paralisamos a manifestação imediata do impulso até q/ esse impulso tenha se conectado c/ possíveis tendências de ação a fim de q/ um plano mais amplo e coerente seja elaborado ... algumas tendências de ação levam ao uso do olho, do ouvido e da mão p/ a observação das condições objetivas; outras resultam em recordar o passado

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Pensar é um adiamento da ação imediata q/ tem como efeito o controle interno do impulso através da união da observação c/ a memória, sendo essa união o coração da reflexão ... isso explica o significado de “autocontrole”. O principal objetivo da educação é criar o poder de autocontrole. A simples abolição do controle externo não garante a produção de autocontrole. É fácil pular da frigideira p/ o fogo ... Quando impulsos e desejos não são organizados pela inteligência, ficam sob o controle de circunstâncias acidentais. Escapar do controle de outra pessoa p/ ter sua conduta determinada por extravagâncias e caprichos imediatos pode significar mais perda do q/ ganho ... Uma pessoa q/ fica a mercê de impulsos q/ não se formaram a partir de julgamentos inteligentes ... possui uma ilusão de liberdade ... ela é direcionada por forças sobre as quais ela não possui nenhum comando

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Liberdade – poder de executar propósitos e executá-los; é idêntica ao autocontrole

A formação de propósitos e a organização dos meios p/ executá-los são trabalhos da inteligência; Platão definiu um escravo como uma pessoa q/ executa os propósitos de outro

Ed. Progressiva – ênfase na importância da participação do aluno na formulação dos propósitos q/ direcionam suas atividades no processo de aprendizagem

Um propósito não é um impulso nem um desejo. Um propósito é uma visão final ... envolve previsão das consequências q/ resultaram da ação por impulso. A previsão de consequências envolve inteligência ... isso demanda a observação das condições objetivas

O Significado do Propósito (DEWEY, 1938, Cap. 6)

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Sob circunstâncias comuns, não precisamos prestar muita atenção ao chão quando caminhamos ... temos q/ observar, com muita atenção, quando escalamos uma montanha íngreme. O exercício da observação é uma condição p/ a transformação de um impulso em um propósitoSomente a observação não é suficiente. Temos q/ compreender o significado daquilo q/ vemos, ouvimos e tocamos. Um bebê pode ver o brilho de uma chama e ... o significado dessa chama não o seu brilho, mas o seu poder de queimar ... Só podemos estar cientes das consequências através de experiências prévias ... em situações pouco familiares, não podemos dizer quais serão as consequências das condições observadas a menos q/ recordemos experiências passadas, refletindo sobre elas e vendo o q/ há de similar entre elas e a experiência presente a fim de formar um juízo

Page 35: História da teoria educacional – oposição entre a ideia de que a educação é um desenvolvimento de dentro para fora e a de que é uma formação de fora para

A formulação de propósitos envolve (1) observação das condições q/ a cercam; (2) o conhecimento do q/ aconteceu em situações similares no passado ... obtido por recordação, informações de outros; (3) o julgamento q/ coloca juntos o que observamos c/ o que recordamos p/ compreender o q/ significa a situaçãoUm propósito se traduz em um plano e um método de ação q/ tem como base a previsão das consequências de agir ... Um desejo por alguma coisa pode ser intenso ... não há propósito a menos q/ a ação concreta seja adiada até q/ seja feita uma previsão das consequências da realização de um impulso – uma previsão q/ é impossível sem observação, informação e julgamento ... A antecipação intelectual e a ideia das consequencias devem se misturar ao desejo e ao impulso ... Suponhamos o desejo de um homem construir uma casa nova

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Os desejos serão apenas castelos vazios no ar a menos q/ sejam traduzidos em meios através dos quais possam ser realizados. “Como” e “quando” ... meios ... devem ser compreendidos p/ q/ um verdadeiro propósito seja formulado ... A educação tradicional tende a ignorar a importância do impulso e do desejo pessoal como forças de ação.Considerando-se q/ a liberdade reside nas operações inteligentes de observação e no julgamento adequado p/ o desenvolvimento de um propósito, a orientação dada pelo professor p/ o exercício da inteligência de seus alunos é um incentivo à liberdade e não uma restrição ... O plano é resultado de um esforço de cooperação e não de imposição